Ein deutscher Valentinstag

Finalizada em: 12/06/2021

Único

Londres, abril 2018

correu para o lado direito do campo, com a mão erguida, gritando para chamar a atenção de sua companheira de time. Winter fez o passe assim que viu a morena aproximar-se da grande área, a amiga desviou-se com certa facilidade da marcação, dominando a bola e chutando para gol instantes depois, não dando chances para a goleira defender.
O juiz apitou minutos depois, anunciando o final do jogo:
Woodside High School 3x1 St. Marylebone School.
correu na direção das companheiras de time, pulando no meio do montinho que haviam feito para comemorar a vitória. Pelo segundo ano consecutivo haviam conquistado o primeiro lugar do Campeonato Feminino de Futebol Interescolar.
Aproveitaram os quase quarenta minutos que se seguiram entre comemorações e a premiação, para finalmente saírem de campo, andando na direção do vestiário.

Peter esperava pelas filhas e esposa para saírem para jantar, já um tanto preocupado com o horário da reserva, até ouvir o telefone tocar. Andou até a sala, tirando o aparelho do gancho, logo escutando o homem do outro lado da linha desculpar-se por ligar aquele horário, antes de dizer o que precisava.
desceu as escadas, terminando de vestir seu casaco, enquanto a irmã mais velha vinha logo atrás, colocando um par de brincos. Margarete vinha por último, apressando as filhas por saber que o marido já deveria estar nervoso com o pequeno atraso.
— Podemos ir? — A mais nova perguntou ao entrar na sala — Estamos prontas! — Avisou, só então notando o pai ao telefone. O homem apenas estendeu o dedo, pedido por silêncio enquanto concordava com a pessoa no telefone.
Menos de dois minutos depois Peter desligou o aparelho, respirando fundo antes de virar-se para encarar as três mulheres.
— Quem era?
— Vão saber daqui a pouco, primeiro, vamos ao restaurante, já estamos atrasados para a reserva!

Dortmund, maio 2018

A pequena família olhava animada para os lados, aproveitando o tour pela cidade com menos de 600 mil habitantes. Ao aproximarem-se do estádio, puderam ver a multidão com as cores amarelo e preto predominando, os gritos animados e o cheiro de comida que vinha das tendas espalhadas pelo local.
Não entendiam o que diziam, nenhum deles falava mais do que duas ou três frases em alemão, mas sabiam que estavam todos empolgados com o jogo que começaria em menos de uma hora. Os aproximaram-se da entrada minutos depois, dizendo seus nomes para o segurança, e tendo seus passes liberados para dentro da arena.
Era a primeira vez que assistiria um jogo de futebol que não fosse de seu time e, também, a primeira vez que pisava em Dortmund, era tudo novidade.
A perspectiva de, talvez, assinar um contrato para jogar no time feminino dos alemães já estava tirando seu sono há várias semanas, era um sentimento indescritível, uma sorte imensa, mas, mesmo que não desse certo, afinal seus pais estavam bem resistentes a ideia de deixar a filha de 16 anos morando em outro país sozinha, só por estar naquele estádio, presenciando tudo aquilo, já parecia valer à pena.
Inclinou-se para frente quando o juiz apitou o início da última partida da temporada, se deixando contagiar pela atmosfera do estádio, vibrando com os gols que o time fez ao longo da partida.

Borussia Dortmund vs Eintracht Frankfurt, junho 2019.

Raika lançou a bola mais uma vez, fazendo a garota dar alguns passos para trás antes de conseguir dominar, passando de volta para a alemã. Estavam há alguns minutos no aquecimento antes da partida, quando Heidi aproximou-se, parando ao lado de ;
— Você não vai mesmo sair com a gente depois do jogo?
Ela fez careta, negando tristemente;
— Tenho prova na segunda, preciso estudar. — Resmungou, cansada da rotina de treinos e estudo — Mas não é como se eu pudesse beber mesmo — deu de ombros, escutando a mais velha rir, colocando a mão sobre seu ombro.
— Acostume-se, ainda tem mais quatro longos anos para você chegar a isso!
Distraiu-se com a conversa por alguns instantes, errando o passe quando Raika tornou a lançar a bola, que acabou rolando para perto da área de escanteio, ao lado da torcida que já chegava para o jogo de logo mais.
— Ei, ! — A garota ouviu o grito ao aproximar-se da arquibancada, decidindo-se em segundos se deveria ou não olhar para a torcida: nunca havia escutado nada ruim vindo deles, mas sempre que diziam seu nome acabava ficando nervosa, sem saber o que esperar. Olhou por um breve momento na direção do grito, vendo um torcedor de uns vinte e poucos anos acenando em sua direção. — O dia dos namorados tá chegando, não quer sair com o meu irmão? — Apontou para o lado, pode ver um rapaz não muito mais velho do que ela, cobrir o rosto com a mão e empurrar o outro pelo ombro, completamente sem graça com a brincadeira. — Vamos lá, ele não é tão ruim, precisa de uma namorada!
A garota tornou a baixar a cabeça, segurando a vontade de rir com o comentário ao abaixar-se para pegar a bola.
— O que me diz? Quer sair com meu irmão?
tornou a andar em direção ao gramado, virando-se por poucos segundos para responder a primeira coisa que veio à cabeça:
— Cara, eu tenho 17.
O rapaz gargalhou, voltando a gritar segundos depois:
— Que tal daqui uns anos?
— Claro, por que não? — Respondeu rindo, negando com a cabeça antes de voltar para o aquecimento.
Comentou a respeito com as colegas, mas a cena sumiu de sua cabeça minutos depois, quando a partida começou. A partir dali, só o que importava para a jogadora era fazer uma boa partida e ajudar seu time conquistar a vitória.

Globo Esporte, maio 2020

“Agora vamos contar uma história que começou no Brasil, em ; Filha de mãe brasileira e pai inglês, passou os quatro primeiros anos no Brasil, antes de mudar-se para Londres, quando sua família resolveu voltar para a Inglaterra, com uma oportunidade de emprego que seu pai teve.
Aos 11 anos, entrou para o time de futebol da sua escola, continuando após concluir o ensino fundamental e iniciar o médio. Em 2018, durante a final de um torneio entre escolas de Londres, por sorte, um dos olheiros do Borussia Dortmund estava no local, e ele não demorou a ver o potencial da jovem jogadora. Semanas depois, com apenas 16 anos, mudou-se para a Alemanha, assinando contrato com o time de Dortmund. Tornou-se assim a jogadora mais jovem a entrar no time principal da Bundesliga Feminina, e a torcida aurinegra descobriu a pressa em colocá-la para jogar em sua primeira partida:
Entrando no final do segundo tempo em uma partida que estava empatada em zero a zero, deu o passe que garantiu o gol da vitória. No segundo jogo? Sofreu um pênalti e deu outra assistência.
E foi assim, que entrando no segundo tempo de quase todos os jogos - por ainda não ter o condicionamento físico necessário para partidas inteiras - que o sobrenome ficou tão conhecido na Alemanha.
É claro que sempre tivemos o incentivo da torcida, mesmo que em menor proporção do que o time masculino, mas foi evidente o aumento de público em todos os jogos e na venda de material relacionado ao time feminino… É só uma adolescente, mas ela chamou a atenção por estar sempre tão focada nos treinos, tentando sempre melhorar seu desempenho em campo! — Disse Klaus, um dos responsáveis pelo treinamento de e das outras jogadoras.
A vontade da treinadora Abigail Diehl é de colocá-la para jogar o maior tempo possível nas partidas, mas uma das cláusulas do contrato assinado pelos pais da adolescente, era que ela teria algumas horas dedicadas ao estudo todos os dias, pois precisa terminar o ensino médio antes de focar-se integralmente no futebol;
Nós não sabemos se ela vai querer continuar jogando daqui há alguns anos, ainda é tudo novidade, adolescentes mudam de ideia muito rápido. Preferimos garantir que ela terminaria os estudos antes de focar em uma carreira que nem sabemos se continuará por muito tempo. Sabemos que não é fácil para ela conciliar os treinos e os estudos, ter notas boas para fazer seu S.A.T no próximo ano, mas achamos importante que ela conclua essa parte de seus estudos. Se quiser esperar para entrar na faculdade, não tem problema, mas o mínimo é terminar com boas notas no ensino médio. — Margarete nos contou em vídeo-chamada, garantindo que, embora não fosse fácil para a família, estavam sempre em contato e tentavam passar o maior tempo possível em Dortmund, junto da mais nova.
Já em Dortmund, continua sob responsabilidade do Borussia Dortmund até completar seus dezoito anos, idade mínima requisitada para ser considerada independente. O time tem uma equipe voltada apenas para cuidar da alimentação, horas de estudo e treinamento, não só de , mas de todos os adolescentes que fazem parte das categorias de base do time, e os pais estão em outras cidades.
Temos um condomínio a apenas algumas quadras do Signal, parte dos nossos adolescentes estudam em escolas em Dortmund, por serem alemães isso não é um problema. é a única que precisa fazer aulas particulares por não ter um alemão fluente, o que também tentamos melhorar com algumas horas de aula por semana. É claro que é complicado para eles ficarem longe dos pais e se adaptarem a uma nova rotina, é muita responsabilidade para adolescentes, mas gostamos do resultado que temos em campo e na escola. Às vezes temos alguns problemas, afinal são adolescentes, seria estranho se fosse sempre tudo bem, mas de forma geral não podemos reclamar, todos são muito dedicados! — Falou a Dra. Rushel, responsável pela alimentação — É difícil manter todos eles longe de doces e outras besteiras, também não podemos cortar tudo, por isso temos alguns dias por semana no qual chocolates e salgadinhos estão liberados, moderadamente, é claro. Felizmente não temos problemas com bebidas alcóolicas, até mesmo por ser ilegal venderem para menores de 21 anos. Só precisamos nos preocupar com refrigerante em excesso! — A mulher finaliza rindo.

Habilidade em campo, concentração nos estudos e um sorriso fácil em entrevistas, vem conquistando não apenas os alemães, mas também os brasileiros;
Fluente no idioma, não são raros em seu Instagram os vídeos em português, respondendo a perguntas de fãs ou mesmo fotos de férias que passou anteriormente no Brasil.
A mais recente conquista junto ao Borussia Dortmund foi o título da Bundesliga Feminina há alguns dias e a vaga na final da Champions League da próxima semana.
Além, é claro, de um boletim com notas altas, o qual a adolescente fez questão de postar em seu Instagram comemorando o final do ano letivo.
Com quase 1 milhão de seguidores na rede social, segue sendo apenas uma adolescente realizando um sonho, mas consciente de suas responsabilidades com os estudos e com o futebol.”

Strobelallee, setembro 2020

— Atenção, por favor! — Hoff pediu ao subir em uma cadeira de plástico no meio do refeitório, fazendo todas as conversas pararem e os olhares dos jogadores e jogadoras virarem em sua direção. — Vocês lembram da promoção que fizemos para alguns fãs virem até aqui, não é? Pois bem, eles estarão chegando em alguns minutos. Se comportem, sejam legais e tirem as fotos que pedirem, mas de forma organizada, porque daqui a pouco voltamos para o treino!
— Puff, se tiver dois que parem por aqui vai ser muito — Raika disse ao lado de , negando com um aceno antes de tomar outro gole de seu suco —, com eles ali ninguém nem lembra de olhar pro lado.
riu baixo, embora concordasse. Não diria que existia uma competição com o time principal do BVB, até porque era claro que eles sempre seriam os preferidos dos fãs, mas algumas vezes era visível o desconforto das mulheres ao serem ignoradas por causa dos homens, mesmo que tivessem uma campanha melhor.
— Pelo menos o salário aumentou — Megan rebateu, dando de ombros — além do mais, sabemos que o ego deles é frágil, já ficaram preocupados com os fãs enchendo o estádio temporada passada…
— E com a venda das camisetas! — acrescentou, antes de voltar sua atenção para o prato, terminando seu almoço.
— Exato! Homens não suportam perder espaço para mulheres, deixa eles tirando foto com os fãs, no final a gente ganha mais um título enquanto eles estão caídos no chão, chorando por uma falta!

O grupo de dez torcedores parou na entrada do refeitório, esperando Hoff chamar a atenção dos jogadores, logo voltando a apontar para os fãs mais ao canto, sorrindo tímidos para aquele grupo.
Os jogadores que terminavam de almoçar foram levantando e aproximando-se deles, cumprimentando-os e já parando para alguma foto ou conversa rápida antes de terminarem de se arrumar para o treino aberto que fariam.
olhou sorridente para a foto que havia tirado com Matts Hummels, agradecendo segundos depois, logo olhando ao redor. Viu a mesa com as jogadoras mais ao canto, na maioria ainda sentadas conversando e comendo, embora sorrissem na direção dos fãs e até acenassem para eles. O alemão sabia o motivo daquilo, já havia reparado outras vezes ao final de treinos abertos que havia assistido; o foco era sempre no time principal.
Procurou com o olhar a camisa 12 do time, encontrando-a mais ao canto da mesa, ao lado de Raika, que tinha acabado de levantar com seu prato e copo. espreguiçou-se, ainda sentada, antes de rir de algo que Megan havia dito, negou com a cabeça e levantou-se, seguindo os passos da colega e deixando o prato, talheres e copo numa bancada lateral para limpeza.
desviou o olhar rapidamente quando viu as duas mulheres começando a andar na direção do grupo, já que estavam de frente para a saída. Sorriu para Marco Reus, que estava parado ao seu lado, tirando uma foto com outra torcedora, aproveitando para pedir ele mesmo uma selfie com o loiro.
Agradeceu no momento seguinte, logo escutando um gritinho agudo de uma das fãs, quando as duas jogadoras se aproximaram o suficiente.
Naquele instante o alemão sentiu como se estivesse em algum filme da Disney: a câmera lenta, o silêncio ao redor, faltou apenas alguns passarinhos voando ou algo tão clichê quanto. Foi apenas uma fração de segundos nos quais sorriu para a fã, aceitando uma foto e então virou-se levemente na direção de . Sorrindo de canto para ele ao notar o olhar sobre si.
não soube como reagir de imediato, lembrou-se de quando tinha 12 anos e chamou uma garotinha de quem gostava para a festa da escola: as mãos suadas e a garganta seca.
tornou a virar para o lado, respondendo alguma coisa que outro torcedor perguntou, antes do homem passar o braço por seus ombros, aproximando-se para uma selfie.
viu Raika acenar para o grupo, sorrindo também para ele quando se aproximou para poder sair, virando-se apenas para esperar pela mais nova, para seguirem juntas.
Foi só quando viu despedir-se rindo, que percebeu a chance que estava perdendo. Se virou apressado quando as duas jogadoras já estavam há alguns passos de distância, pigarreando e chamando-a com a voz estranha;
! — Sentiu o rosto esquentar ao vê-la olhá-lo com o cenho franzido, confusa. — Eu, ahm… — Apontou para o celular em mãos, parecendo incapaz de completar a frase. Respirou fundo, passando a mão pelos cabelos antes de continuar — Será que você poderia tirar uma foto comigo?
A inglesa sorriu, voltando alguns passos para ficarem lado a lado.
— Quer que eu tire? — Raika se ofereceu, segurando a risada ao notar o rapaz envergonhado ao lado da outra.
estava prestes a negar, mas então considerou que poderia tirar uma foto horrível e não teria coragem de pedir por outra, aceitando e agradecendo. Ficou constrangido de aproximar-se tanto, lembrando de uma entrevista na qual a inglesa comentou achar estranho quando algum desconhecido a agarrava sem ela esperar, por isso preferiu apenas ficar ao seu lado, sem encostá-la. não pareceu se incomodar com a aproximação, ficando na ponta dos pés e passando o braço como pode sobre seus ombros, já que o rapaz era alguns centímetros mais alto do que ela. Mais confiante, aproximou-se um passo, passando o braço por suas costas, sorrindo para a foto quando notou que a jogadora fazia o mesmo.
— Um… Dois... Três! — Raika disse, sorrindo de lado ao entregar o celular para o torcedor.
— Obrigado! — Agradeceu, e então olhou mais uma vez para , hesitante. — Obrigado pela foto!
— Imagina! — Sorriu para ele, então franzindo o cenho por alguns segundos, parecendo reconhecê-lo de algum lugar, embora não soubesse. Talvez já tivessem tirado alguma foto juntos ou algo do tipo.
— Vamos? O treino já vai começar! — Raika chamou, vendo-a concordar.
— Até depois! — Sorriu, acenando com a mão antes de seguir a amiga.

jogou-se na cama após terminar a chamada em vídeo com a família, bocejando cansada. Ainda estava um tanto cedo para dormir, por isso tornou a pegar o celular, abrindo seu Instagram para passar o tempo. Deu like em algumas postagens, assistiu alguns vídeos e então entrou nas fotos em que foi marcada. Algumas do BVB sobre treinos e promocionais, algumas montagens de fãs ou vídeos de jogos passados, e, por fim, encontrou duas fotos do dia anterior, que havia tirado com fãs. A primeira estava com a torcedora e Raika, as três sorrindo para a foto, embora um pouco tremida. Curtiu a imagem e foi para a próxima: @cedricodiggory “hanging out with the champions league winner”.
Riu baixo, curtindo a postagem e então passou o olho por um dos comentários da foto “Será que agora que ela não tem mais 17 vai sair com você? lol”
abriu o perfil do rapaz, vendo várias fotos no Signal Iduna Park, sempre no mesmo canto, próximo à linha de escanteio.
Fez um barulho com a boca ao lembrar-se do porque o achou tão familiar: o rapaz estava presente em quase todos os jogos que faziam em Dortmund. E então lembrou da cena em um dos jogos, no qual um torcedor a chamava para sair com o irmão. Riu sozinha, negando com um aceno ao perceber o tamanho da coincidência.

Signal Iduna Park, 2021
Valentinstag


A última partida da temporada antes de todos serem liberados para as férias, era um jogo beneficente no qual todo o valor arrecadado com merch e ingressos seria revertido para ajudar ONGS e hospitais em Dortmund e outras cidades próximas.
O clima entre torcida e jogadores estava tranquilo e animado. As bandeiras e canções da torcida seguiam como se fosse uma partida oficial, e todos os jogadores do time estavam no estádio para os dois jogos que aconteceriam: primeiro o time feminino entraria em campo contra o Borussia Mönchengladbach e o masculino contra o Bayern Leverkusen.
A primeira partida iniciou com festa, não demorando mais de dez minutos para o time da casa marcar seu primeiro gol, num passe de Megan para Raika.
aquecia ao lado do gramado, junto com mais algumas colegas, para entrar no segundo tempo do jogo, acompanhando a partida e fazendo comentários e vibrando sempre que o time se aproximava de marcar, afinal, era uma partida amistosa, mas era sempre bom sair com a vitória.
Olhou ao redor enquanto conversava, deixando o olhar cair em um ponto da torcida atrás da linha de escanteio, sorrindo pequeno ao perceber um torcedor em específico por ali, usando a camiseta do time e um óculos de sol, a barba rala cobrindo seu maxilar. Distraiu-se um instante ao olhá-lo, mas logo voltou sua atenção para o jogo, preparando-se para entrar em campo em alguns minutos.

foi um dos que gritou animado ao ver a troca de jogadoras, não que o time estivesse ruim, mas sempre gostava de ver a inglesa em campo; mesmo que fosse por alguns poucos segundos, ela sempre se aproximava o suficiente da área em que ele estava para bater escanteio ou lateral. Cruzou os braços, ansioso, sentia-se ridículo por realmente considerar fazer aquilo, sabia que passaria a maior vergonha do mundo e, possivelmente, estaria com a cara estampada na internet inteira.
Qual era a chance real daquilo dar certo? Zero. Mas, em último caso, alegaria estar muito bêbado, mesmo que só tivesse tomado um único copo de cerveja. Então pensou que a desculpa era horrível de qualquer forma, porque ele tinha um cartaz com ele.
Respirou fundo, olhando para a cartolina próxima a seus pés, negando com um aceno.
— Vai desistir? — Ouviu a voz risonha do irmão, parado ao seu lado. — Aproveita que ela está vindo pra cá — apontou para a jogadora, que corria na direção em que estavam para cobrar um escanteio.
— Não posso fazer agora, tem que ser no final do jogo! — Respondeu, embora pensasse seriamente em dizer que estava indo ao banheiro e sumir dali, evitando que seu irmão fizesse algo.
Ainda achava a coisa mais aleatória do universo ter se interessado tanto por , eles nem se conheciam. Tudo o que sabia sobre ela era por entrevistas ou postagens que ela mesma fazia, mas a inglesa não sabia nada sobre ele, nem mesmo seu nome. Era claro para ele que aquilo não daria certo e só resultaria em uma troca de seu programa de torcedor, para evitar sentar-se ali e correr o risco dela vê-lo em outros jogos. Sentia o estômago embrulhar conforme o tempo passava, nem mais sabia o que estava acontecendo no jogo, perdido nos próprios pensamentos.
Inclinou-se sobre a grade de separação entre a arquibancada e o gramado, cruzando os braços sobre a mesma e abaixando a cabeça, respirando fundo.
— Não vai vomitar! — Hens disse ao seu lado, dando-lhe tapinhas nas costas, divertido com a situação — Tudo bem, não vou contar pra ninguém que você amarelou. Podemos ir num bar após o jogo e você encontra alguém para sair!
Encarou o irmão por alguns instantes, fazendo careta. O problema não era chamar alguém para sair, era quem chamar. Já estava considerando fazer terapia, não poderia ser normal estar tão interessado em uma garota que nunca havia conversado e, pior ainda, não fazia ideia de quem ele era.
Tornou a olhar para o relógio, faltavam apenas dois minutos para o final da partida. Suspirou, passando a mão pelos cabelos antes de voltar sua atenção para o gramado, procurando com o olhar a inglesa. Pouco depois, por sorte ou azar, não saberia definir, correu junto de uma jogadora adversária para a linha de fundo, tentando recuperar a bola, conseguindo um escanteio para o time da casa.
— Vamos, ! — ouvia os gritos ao redor, conforme ela aproximou-se para bater o escanteio, esperando pelo apito do juiz.
— Agora é a hora de você chamá-la pra sair! Mostra o cartaz! — Hens gritou ao seu lado, chacoalhando o irmão pelo ombro.
— Não vou mostrar nada! — Respondeu no mesmo tom, para se fazer ouvir sobre os gritos ao redor. — Ela não vai querer. Deve ter quinhentos caras a convidando pra sair todos os dias!
— Chama a pra sair! , quer sair com meu irmão? — O moreno gritou, já visivelmente alcoolizado. o empurrou para o lado, negando com a cabeça antes de voltar a prestar atenção no jogo, quando o juiz apitou autorizando o escanteio.
A inglesa respirou fundo, passando a língua pelos lábios antes de dar dois passos em direção a bola, chutando-a em direção ao gol; Verena pulou, cabeceando para o gol, não dando chances para a goleira defender.
A torcida aurinegra explodiu em gritos, comemorando mais um gol e a vitória para encerrar a temporada. virou-se sorridente para a torcida, comemorando junto deles, notando pouco depois estar de frente para , o qual também sorria, comemorando.
Não pensou duas vezes quando notou o olhar do alemão sobre si, pendurando-se sobre a grade de separação e tascando-lhe um beijo na boca, correspondido com entusiasmo pelo mesmo. Pode ouvir os gritos aumentarem ao redor, ao tempo que o juiz apitava para encerrar a partida, separando-se do rapaz pouco depois;
— Eu aceito o convite pra sair, sim! — Piscou, rindo da cara surpresa dele ao notar que ela havia escutado o que dizia junto do irmão, antes da inglesa voltar para perto das companheiras de time, comemorando a vitória.
— É, parece que não foram só as abelhas que ganharam hoje! — Ouviu o irmão dizer, passando o braço por seu ombro.
riu sem graça, passando a mão pelos cabelos ao olhar a inglesa saindo de campo, então arregalou os olhos, virando-se assustado para o irmão:
— O que eu faço agora? Não tenho nada planejado para o dia dos Namorados?
Hens sorriu de canto, piscando em sua direção;
— Você tá livre de marcação, agora é só fazer o gol!
— E como exatamente isso me ajuda?
— Na hora certa você vai descobrir!




FIM.



Nota da autora: OLÁ!
Espero que tenham gostado dessa short, FOI BEM CURTINHA MESMO, mas eu estava com a ideia na cabeça há várias semanas e não queria desperdiçar! No mais é isso, FELIZ DIA DOS NAMORADOS PRA QUEM NAMORA, feliz sábado pra quem tá solteira ou longe do/a @ devido ao covid. Bora aproveitar o dia fanficando!

PS: O Borussia Dortmund AINDA não possui um time feminino, mas eu amo esse time e não poderia usar algum adversário para a fanfic, rsrs. Por sorte, dependendo de quando você ler essa fic, talvez o time já tenha iniciado a campanha (prevista para a temporada 2021/22).
Segundamente, por que sempre são OS pp’s que vão jogar futebol e encontram a @? Tem que ter o contrário também, não é? Por um mundo no qual as pp’s joguem melhor que os crush!
TERCEIRO: Vale lembrar que na Europa o Dia dos Namorados é em fevereiro, MAS AQUI A GENTE FAZ COMO QUISER, PORQUE SIM. E FINGE QUE NÃO TEM COVID, NÉ? Estádios lotados, todo mundo junto e sem máscara (saudades).
Então é isso, beijão e até a próxima!

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