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Última atualização: Abril/2024

Tradução das palavras:

Ptichka – Passarinho.
Zasranets – Idiota.


Capítulo 1


I'm gonna fight them all
A seven nation army couldn't hold me back
They're gonna rip it off
Taking their time right behind my back
And I'm talking to myself at night
Because I can't forget
Back and forth through my mind

Seven Nation Army – White Stripers




Observo-a quando ela estremece diante do meu toque em sua cintura acentuada, o olhar confuso rapidamente se recompõe quando suas mãos passam pelos meus ombros e, olhando para o homem que dançava com ela anteriormente, ela oferece um sinal de que tudo bem me deixar dançar com ela. Uma demonstração clara de que ninguém podia tocá-la sem sua permissão. O que imagino ser o seu capanga se afasta, encostando-se ao bar sem tirar os olhos da mulher.
Sua beleza era tão estonteante quanto tinham me alertado. Os longos cabelos negros como a noite caem de forma suave pelos seus ombros e sua mão encontra a minha com certa rapidez. Encaro os olhos penetrantes de cor cinza-azulados, em seu rosto era estampado a expressão fria e impassível, ainda que houvesse uma mistura de curiosidade no sorriso que se formava em sua boca. Os lábios carnudos completando a magnitude de sua beleza quase conseguem disfarçar a crueldade que se impregnava no intrínseco de .
— Nos conhecemos? — Ouço, pela primeira vez, a voz profunda e hipnotizante da mulher em minha frente. Meus olhos não se desviam dos dela, mantenho-os firmes ali.
— Para a sua sorte, ainda não. — Destaco a palavra ainda, porque queria deixar claro que, a partir de hoje, o seu mundo perfeito e intocável iria começar a desabar aos poucos. Aproximo o meu rosto no seu, os passos se seguiam rápidos e envolventes ao som da música moderna, numa dança sexy onde jogávamos o jogo de quem descobriria o outro primeiro. Aproximo minha boca de seu ouvido, acariciando de forma suave o seu quadril enquanto a puxo para mim antes de sussurrar: — Cunhada.
Estou tão perto que consigo ver a sua pele arrepiar, demonstrando que agora ela sabia exatamente quem eu era. Ou, ao menos, imaginava quem eu fosse. Um sorriso vitorioso ocupa meus lábios, embora não dure muito, já que ela passa a entrar em meu jogo assim como tinha entrado naquela dança.
— Lamento, eu não sou comprometida. Deve estar me confundindo com alguém. — A voz não vacila e há uma nota de desafio e ousadia em sua entonação, evidenciando sua natureza criminosa e sua habilidade de manipular e controlar aqueles ao seu redor, mas ela não me manipularia.
Petrov. — A minha voz corta a dela, impedindo-a de fugir ou de se esquivar. A mulher agora se afasta de mim, me olhando com um sorriso amargo, embora tente muito esconder a surpresa. — Lembra agora, cunhada?
— Você não é irmão dele. — O seu tom se mantém, me desafiando e logo a puxo, girando-a em meus braços e fazendo-a quase cair no chão, sustentando o peso de seu corpo com as mãos e apoiando-a em minha perna. — É impossível.
— Sim, eu sou. O irmão mais novo que você sequer se importou em buscar a existência quando o matou.
— Ele não esconderia um irmão de mim.
Sua voz é vacilante e ela tenta convencer a si própria disso, o olhar ainda mantém um padrão sombrio, desconfiado e inteiramente desafiador. Havíamos entrado em uma competição e eu não costumava perder em nenhum dos jogos que entrava.
— Vocês tinham muitos segredos um do outro, Ptichka. — A puxo com firmeza, enquanto ela se mostra altiva e imponente, nossos corpos se movem em uma perfeita sincronia.
À medida que a música avança, a atmosfera em nosso entorno se intensifica. Nos movemos de forma harmônica, mostrando que somos dois adversários em uma batalha de vontades. Quero deixar claro, para que ela fique ciente que, assim como faço com a dança, eu iria dominá-la lentamente. Iria controlar as peças do seu jogo porque eu sei fazer isso com uma maestria enraizada. A cada giro, a cada olhar intenso, a cada vez que o cheiro de seu perfume amadeirado e intenso, com toques sutis de especiarias exóticas invadem o meu nariz, abalando cada senso nervoso meu, percebo que sua essência é na verdade uma mistura de perigo e mistério.
— Não me chame assim. — O tom sai em uma mistura de dor e irritação e sei naquele exato momento que toquei na ferida certa. A música chega ao fim, mas não a solto. Seguro-a mais firmemente a mim, passando os fios soltos do cabelo negro para trás de sua orelha.
— Eu conheço todos os segredos sombrios das nossas famílias, incluindo aqueles que você nem sequer sonha que seu marido tinha e definitivamente não os herdou dele. Estou determinado a fazer justiça pelo que você fez a , não pense que pode escapar impune porque você não pode, . Seus crimes não passarão despercebidos por mim, nenhum deles. Você pagou caro por um negócio e agora eu estou aqui para te cobrar o preço.
Sua aparência não se intimida, mas vejo a inquietação em seus olhos. A mulher leva a mão até a minha, acariciando-a em um gesto lento, enquanto observa os detalhes de meus dedos. Quem olhasse a cena, sequer cogitaria as ameaças que proferíamos um ao outro. Seus olhos buscam os meus, buscando a veracidade de minhas palavras.
— Você acha que pode me amedrontar com palavras vazias? — mantém a sua postura altiva, o corpo firme como uma pedra inabalável. — Eu sou filha de Dmitri , enfrentei inimigos bem mais pesados do que alguém que eu sequer sei o nome. Não me subestime, “irmão”.
A palavra que ela usa me faz rir. O seu tom de voz indiferente ligando-nos por um laço familiar o qual ela tinha negado a existência até poucos minutos atrás. Sua postura se mantém desafiadora e controlada, busco qualquer emoção que me diga os verdadeiros sentimentos dela, no entanto, não encontro traços de nada nela que seja quente. Era tudo incrivelmente frio.
Meu olhar permanece fixo ao dela, conforme ela solta minha mão, e, por uma fração de segundos, consigo ver em seu olhar uma faísca de incerteza. Ela se afasta lentamente, desviando o olhar, mas mantém a compostura.
— Maximus Mitchell. Lembre deste nome.
É a última coisa que murmuro, vendo-a se afastar mais uma vez. Observo o seu corpo sumir de minha visão em meio a outros convidados. O seu perfume permanece impregnado em mim tanto quanto a vontade de destruí-la.
Enfio as mãos no bolso, me afastando do olhar desconfiado do homem que ainda permanecia no bar. Eu estava ciente de que essa troca de palavras seria apenas um começo de um jogo perigoso entre nós dois. O desafio havia sido lançado e nenhum dos dois iria recuar agora.


Capítulo 2


I don't give a damn 'bout my bad reputation
You're living in the past
It's a new generation
An' I only feel good
When I got no pain
An' that's how I'm gonna stay

Bad Reputation – Joan Jett & The Blackhearts




Consigo sentir meu coração bater disparado, mas me recuso a demonstrar isso para quem quer que seja. Maldito que até no inferno conseguia perturbar a minha sanidade mental. Uma turbulência interna surge dentro de mim, apenas preciso sair daquela multidão porque mesmo o prédio sendo imenso e luxuoso, me sinto desconfortavelmente sufocada.
Sinto o olhar dele em minhas costas enquanto me coloco entre algumas pessoas e meus sentimentos oscilam. De uma única vez, fico intrigada, curiosa e incomodada. A situação não faz sentido, meu marido não teria escondido um irmão, teria? Os pensamentos rapidamente correm em direção às memórias do falecido.
Céus! É claro que ele teria!
Parte minha reconhece a coragem e a determinação do loiro, a forma que ele se meteu entre mim e Viktor de maneira destemida em um lugar tão público e onde eu própria me sinto tão confortável desperta um certo respeito em meio ao turbilhão de emoções que me envolvem agora. Ao mesmo tempo, a forma que fiquei exposta me deixa com o sabor amargo da vulnerabilidade que tanto desprezo.
Percebo Viktor se aproximar e tento suprimir todo e qualquer sinal de fraqueza que ainda possa estar em meu rosto. Saio andando e ele me acompanha em direção ao quarto supreme que tem no prédio. Apesar de não ser minha casa, o hotel pertence à minha família e temos alguns quartos especiais reservados para situações como estas, onde precisamos sumir do público e cuidar de coisas com maior discrição.
— Quem era? — O corpo que se aproxima do meu, fechando a porta atrás de si, é reconhecido de imediato pelo tom de voz. Viktor Kuznetsov é meu braço direito, uma das pessoas que mais têm a minha confiança e responsável por metade de minhas operações.
— Maximus Mitchell. — O olhar confuso mostra que o nome também não é nada familiar para o maior. — Aparentemente é irmão de .
O olhar do homem se transforma em preocupação enquanto me olha. Agradecia todos os dias pela sua preocupação, mas ele sabia que eu não era inocente de nenhuma das acusações feitas contra mim.
— O que vamos fazer?
— Por enquanto, só nos resta pedir para que Natalia encontre algo sobre ele e valide a sua história absurda.
O homem de meia idade tem cabelos grisalhos curtos e uma expressão sempre séria. Sua estatura é média e ele possui uma constituição física robusta, a sensação que qualquer um teria dele é a de alguém com autoridade. Os nossos olhares cúmplices se encontram enquanto o homem pega o celular para fazer um telefonema.
Ambos sabíamos que eu era culpada. Tinha matado a sangue frio e ficado não apenas com todo o seu dinheiro, mas com seu nome e seus negócios. Ainda atendia pelo sobrenome dado pelo meu pai antes do meu casamento, mas assinava como Petrov.
Eu não era ingênua, minha inocência havia se perdido muitos anos atrás. Sabia que na Russia não havia um padrão onde o certo era considerado como um plano familiar que todos deveriam seguir, lá o destino de cada indivíduo era formado e definido dependendo do sobrenome que sua família carregava. Por ser filha do magnata Dmitri, meu destino seria casar com quem ele escolhesse e quando ele escolhesse, foi assim que acabei sendo esposa de Petrov. Um casamento arranjado que trouxe benefícios mútuos para as duas famílias.
Meu falecido marido havia sido o meio para um fim, sua família nunca foi um empecilho. Sua mãe havia morrido pouco meses depois da minha e meu pai cuidou de meu sogro logo depois que o casamento foi consumado. Fora esses integrantes, sabia apenas do seu irmão mais velho, no entanto, Vincent tinha tido o corpo inteiro jogado nas chamas do inferno. Eu também era culpada disso. Eu tinha pensado em tudo, em cada ponta solta, nos advogados do meu marido, no seu testamento, cada detalhe. Como drogas havia um irmão agora para estragar tudo que conquistei?
— Você não podia simplesmente ter dado um golpe no homem com um filho? Yebat’ . — Seguro a risada quando vejo Natalia entrar em meu quarto, após Viktor permitir.
— Eu jamais tive o dom para a maternidade, já homicídios... — Embora o tom seja de brincadeira, há verdade em cada palavra. — Além disso, um filho demoraria demais. Seriam nove meses turbulentos de mudanças em cada pedaço de minha rotina para, no fim, ele crescer e poder tomar conta de tudo. Eu queria liberdade imediata.
Natalia era mais nova que eu. Ela possuía vinte e oito anos, sendo a mais nova do pequeno time que eu possuía, cada um com suas próprias tarefas. Nós não éramos uma máfia e não tínhamos o mesmo desejo, no entanto, não era tão incomum que nós nos envolvêssemos em algumas, principalmente pelo fato do meu pai estar à frente da BRATVA. Ela retira o notebook da bolsa, sentando-se no chão e colocando o eletrônico em cima da mesa de centro do meu quarto. Ela é muito bonita, os cabelos são escuros ondulados e combinam perfeitamente bem com o estilo punk e as muitas tatuagens que ela tem pelo corpo, por cima da pele branca.
— Sergei pediu pra avisar que a conversa com os italianos foi muito boa e que ele não brigou com ninguém.
Eu gostava da voz de Natalia, mas quando ela me trazia essas notícias eu passava a amar o tom rouco vindo dos cigarros que ela fumava com frequência. Os italianos eram uma peça chave para um dos meus negócios e eu precisava do apoio de Matteo Rossi. Ele é atraente, possui uma lealdade feroz e uma inteligência afiada. Tem poucas palavras, mas suas ações são impactantes e isso não tem nada a ver com as vezes que dormimos juntos.
— Maximus Mitchell, 35 anos, tipo sanguíneo O+. Ele cresceu em New York, veio de uma família de classe média-alta. Sua infância foi aparentemente feliz, teve educação privilegiada e acesso a recursos financeiros. Seguiu na carreira de engenharia eletrônica, uh. — A empolgação de Natalia aumenta quando ela vê as informações que gosta. — Possui facebook, instagram e Linkedln. Nas redes sociais, Max compartilha conteúdo de trabalho e viagens, o low profile é frustrante quando se busca informações.
— Algo dele com o ?
— Ele tirou uma foto dele para o facebook, no fundo aparece alguns porta-retratos. Você reconhece?
Me aproximo da morena, observando com maior atenção os detalhes atrás de Max, mas não consigo evitar os olhos de avaliarem também a sua aparência. Até pelas fotos ele possuía uma aura de mistério. Lembro da forma que ele se aproximou, segurando-me contra si. Max tinha uma altura imponente, a estrutura física era sólida e atlética, os ombros largos apareciam destacados nas fotos, no entanto, eram os cabelos curtos e desgrenhados que chamavam atenção, o toque de rebeldia era notável. Deslizo o olhar para a mandíbula firme e o olhar intenso, sinto meu rosto queimar porque, mesmo na foto, a sensação é a mesma que tive enquanto ele me olhava no meio da dança. Ele parecia um predador, cheio de armadilhas e segredos. A barba desde sempre parecia ser bem aparada, lhe dando um toque rústico. Balanço a cabeça para tirar o homem da mente e foco nas molduras atrás de si, reconhecendo uma das fotos de em sua infância.
— Ele falou a verdade.


Capítulo 3


First things first
I'ma say all the words inside my head
I'm fired up and tired of
the way that things have been

Believer – Imagine Dragons




Após o nosso encontro, passei o restante da noite buscando mais informações sobre . Descobri que ela possuía um clube noturno, comprado com o dinheiro de pouco antes dele falecer.
The Black Raven era um estabelecimento exclusivo, localizado nos subterrâneos de Krasnovka, cidade em que estávamos. Não era difícil acompanhar o seu estilo de vida, alguns dias era uma mulher da sociedade com festas beneficentes e em outros administrava uma boate clandestina.
Em todas as personalidades adotadas, nenhuma era confiável.
A dificuldade maior seria o acesso ao tal clube. Pelas pesquisas feitas online, o lugar era restrito e altamente controlado para garantir que apenas as pessoas convidadas fossem permitidas. Na segurança, estavam inclusas câmeras, sensores de movimento e portas blindadas. Continuei as minhas pesquisas até achar o nome tão temido por muitos: Dmitri . Um plano logo foi se construindo. Eu não era burro, não chegaria diretamente ao pai dela, principalmente após já ter feito a minha jogada com o homem, mas o quão acessível seria o seu tio?
Após a graduação, segui carreira na área de segurança cibernética, trabalhando em empresas de renomes em Boston. Minha especialização era proteção de dados e prevenção de crimes cibernéticos, o que me tornou altamente procurado na área. Com as habilidades certas, era possível entrar e mexer no mundo dela. Passei anos me preparando para esse momento, não perderia isso por nada.
Um caminho ia levando ao outro. Primeiro me conectei ao celular do russo sem que ele percebesse, depois o seu endereço estava exposto em minha tela. Saí do apartamento que tinha alugado com pressa, qualquer demora poderia me atrapalhar em meus planos.
Ao chegar, me deparo com o homem entretido em uma mesa de bar, diversos outros o rodeavam. Tento pensar rápido em como faria para conseguir o acesso ao clube da russa. Olho para o balcão e vejo o homem, que aparenta ser o dono do local. Como uma luz, a ideia surge em minha mente.
— Te dou cinco mil rublos para derramar bebida no russo e me deixar fingir que sou o dono daqui por trinta minutos.
O homem pareceu pensar, ele não conhecia o irmão de Dmitri, se conhecesse provavelmente não aceitaria, no entanto, a resposta que obtive foi um “foda-se” em tom baixo. Como solicitado, ele fez.
— VOCÊ É UM IDIOTA, ZASRANETS? — Me aproximo, empurrando o dono do bar com a bebida. — Por favor, nos desculpe. Como recompensa, te daremos uma garrafa da bebida mais cara, deixe-me ajudar.
Inconformado, o homem se levanta, enxugando-se e permitindo que eu pegue o seu sobretudo para enxugar. Caminho em direção ao que suponho ser o banheiro e, acertando a porta, vasculho os bolsos internos.
Não demoro até encontrar a minha galinha de ovos de ouro, um cartão de acesso preto, lapidado em diamante com as letras A.M.
Saio do lugar, devolvendo o sobretudo para o homem, que pouco se importou com a situação inteira, e pago a conta ao dono do bar.


08:00 PM – The Black Raven


Entrego o cartão para o segurança, desviando-me das câmeras. Ele verifica, liberando a entrada logo em seguida.
O interior do clube é elegante e sombrio, com uma decoração luxuosa e uma atmosfera intimidadora. As luzes são baixas, com cortinas pesadas e mobiliário sofisticado que contribuem para a sensação de exclusividade e sigilo. As cores predominantes são preto e vermelho, embora haja o prateado em alguns lugares. Isolo-me da multidão, observando o espaço conforme consigo. É bastante movimentado pra uma proposta tão secreta. O local é dividido em várias áreas privadas, o que me faz deduzir que e sua equipe se reúnem aqui para discutir estratégias, compartilhar informações e planejar os seus próximos passos. As áreas privadas são fechadas, me aproximo de uma delas, entrando despercebido.
As áreas privadas são equipadas com tecnologia avançada de comunicação e segurança, não me estendo muito em uma dessas salas, observo o bar. É elegante e oferece uma vasta seleção e bebidas finas e coquetéis exclusivos, proporcionando um ambiente descontraído.
— Como entrou aqui? — Fecho os olhos ao escutar aquela voz novamente, todo o meu corpo reage a isso quando o cheiro sedutor ocupa o espaço ao meu lado. Ela não me expulsa, em vez disso me oferece uma bebida. Pego com educação, avaliando o seu corpo e a forma que se veste.
O vestido é colado em seu corpo, desenhando cada maldita curva, consegue ser deslumbrante e elegante na mesma medida que provocante, se tornando ideal para o lugar. A cor é sempre intensa e em sua paleta, de imediato, já posso perceber que os tons que mais gosta são preto, azul-marinho e vermelho. Tudo isso lhe dá uma dose a mais de mistério.
— Eu te fiz uma pergunta, Maximus.
— Eu ainda não terminei de te olhar.
Volto a encarar sua aparência. Além do acentuamento perfeito de seu corpo, o vestido ainda possui detalhes ousados, fendas estratégicas e decotes sensuais. Não é apenas o corpo ou a beleza de que a fazem ser uma sedutora implacável, é a forma que ela segura a taça, o seu tom de voz, os sapatos de salto alto clássico com acabamento em metálico e os acessórios marcantes, como joias sofisticadas e colares statement. É também a maquiagem impecável e sedutora. Os olhos esfumados com sombras intensas, os cílios alongados que aprofundam o olhar e os lábios perfeitamente marcantes, realçando sensualidade e poder.
— Sabe, olhando assim, eu até entendo por que meu irmão era tão viciado em você.
Ofereço o copo que ela havia trazido com bebida para que ela mesma tome e assim ela faz. Sabíamos que as chances de um envenenamento eram grandes em nossos meios de conflito de interesse.
— É ofensiva a forma que acha que eu o envenenaria entre tantas testemunhas — resmunga, voltando a beber a sua própria bebida e ignorando por completo o meu comentário.
— São pessoas de sua confiança.
— Nem todos. — O olhar direcionado até mim me lembra que eu sou o invasor.
Touché. — Reconheço, a fazendo sorrir vitoriosa, mas, acima de tudo, divertida. Desvio meus olhos dela, seria fácil se perder nas curvas daqueles lábios. — Respondendo à sua pergunta... Estou aqui para te mostrar, mais uma vez, que estou disposto a mergulhar nas profundezas da sua alma. Quero desvendar os segredos que você guarda e não existe nenhuma medida de segurança que possa vir a me impedir.
sai do meu lado, colocando-se à minha frente. Seus olhos buscam os meus e a encaro, me perdendo na profundidade do seu olhar. Sua mão retira o copo da minha e ela deixa na mesa ao nosso lado. Ela entrelaça os dedos aos meus, passando em minha frente e me levando em direção ao inferno.


Capítulo 4


So call out my name (call out my name)
Call out my name when I kiss you so gently
I want you to stay (want you to stay)
I want you to stay even though you don't want me

Call Out My Name – The Weeknd




O arrasto em direção ao espaço reservado da área VIP em que eu ficava. Era bom para dançar e, por algum motivo estranho, eu gostava quando suas mãos estavam em mim. Talvez fosse o controle de saber que apenas assim eu conseguia controlar aquela situação.
Ao chegar ao espaço, junto meu corpo ao dele ao som de Call Out My Name. Suas mãos são firmes ao pressionar meu quadril, encaixando-se ali com tanta facilidade que me surpreende. Meu corpo queima conforme o seu rosto fica próximo ao meu, sua boca a centímetros da minha, nossas respirações quentes misturando-se e tornando-se uma só.
— Não se engane, Maximus. Eu sou um quebra-cabeças complexo demais para se desvendar. — A batida da música fica mais distante a cada toque dele, tento evitar demonstrar sinais do quanto aquilo me desnorteia, mas não consigo conter o meu corpo. Os arrepios tomam conta de mim e ele percebe isso. Por mais assustador que seja, a sensação do desconhecido também consegue ser infinitamente excitante.
— Você é habilidosa em manter seu jogo sujo escondido, devo admitir, mas eu sou ótimo em decifrar enigmas. Eu vou tirar a sua máscara assistindo a sua expressão quando ela cair.
De forma involuntária, as minhas mãos param no ombro do homem, ele me joga para trás, segurando-me para que não caia e seu rosto fica a centímetros de meus seios expostos, causando excitação a ambos. As mãos grandes do loiro vão para as minhas coxas, onde ele arrastou os dedos suavemente. A tensão entre nós é palpável, em especial a tensão sexual.
— No meu mundo, todos usam máscaras para sobreviver, Max. — Meus olhos são acentuados, o desejo que ultrapassava a medida sã que minha mente tem. O cheiro dele me embriaga. As notas amadeiradas do seu perfume traziam consigo especiarias e um toque sutil de couro, era uma sensação estranha de sofisticação e masculinidade. A forma duradoura que seu cheiro tinha era avassaladora. Fecho os olhos quando sua mão puxa a minha perna para cima, o fazendo apertar a minha coxa. A dança ficando mais sexy do que deveria. — Você que pensa que sabe tanto sobre mim, mas cuidado com todas as verdades que você acha que descobriu. Nem tudo é o que parece e algumas verdades são dolorosas demais para lidar.
— Quando eu entro no fogo, eu estou disposto a deixá-lo me queimar.
Meus lábios se comprimem em uma linha fina.
Os nossos olhares se encontram, carregados de desejo e desafio. A proximidade é intensa e cada movimento carregado de subtexto e provocação. Ele me conduz com firmeza, guiando-me com destreza por seu corpo, colando-se a mim até que eu fique tonta com a força que meu corpo reage ao dele. Há uma faísca elétrica que comanda a sedução e o controle. Controlo cada movimento meu, cada gesto repleto de significado oculto. Os sorrisos são repletos de malícia.
Minha mão alcança sua nuca e puxo seu rosto, deixando muito próximo ao meu enquanto recupero um pouco do meu controle, tirando o dele para isto. Deixo que minhas unhas o arranhem com sutileza na nuca, vendo-o se arrepiar. Essa dança é um prelúdio do que está por vir e eu deixaria claro que isso não me intimidaria.
Minhas mãos permanecem arranhando a sua nuca, descendo as mãos até a gravata do homem, tirando o nó que ali tinha. Ele me olha confuso e sorrio.
— Quero ver uma coisa — murmuro, de forma simples. Ele não se move, permite que eu continue brincando com as mãos. Tiro três dos botões de sua camiseta e a puxo de forma discreta, é possível ver algumas tatuagens marcando a pele branca. — Você tem tatuagens.
— Algumas. — A resposta é rouca e eu percebo que ele se controla tanto quanto eu.
— Por que veio atrás de mim depois de sete anos? — A minha pergunta é franca e eu saberia se a resposta era verdadeira quando ele a proferisse. Os longos anos ao lado do seu irmão haviam me dado uma forte habilidade em reconhecer mentiras.
— Eu não estava pronto antes. Não tinha informações suas. — A música é alterada, agora o que toca é Crazy In Love, minha respiração ofega no mesmo tom da cantora. — Não sabia onde você estava, com quem estava.
— E acha que algo mudou? Que sabe agora? — Começo a cantarolar um pouco da música contra seu ouvido, nossos rostos estão tão perto que ninguém conseguiria escutar nada que falássemos, nem se entrassem na sala reservada e houvesse muito esforço para isso.
, você é uma adversária formidável, mas não acho que consegue lidar com a fúria que arde dentro de mim.
Eu sorrio com o desvio explícito de sua pergunta.
Os móveis sofisticados e de couro trazem um conforto maior. O empurro em uma das cadeiras e sento em seu colo, virada de frente para ele. Ele puxa a minha poltrona para perto da sua, até ficarmos face a face.
— Cada passo que você dá em minha direção vai te levar direto pra destruição.
A ameaça não é vedada. Eu queria que ele soubesse e queria que reagisse porque, por algum motivo, é divertido não saber o que esperar de Maximus.
Suas mãos sobem um pouco mais do meu vestido, passeando pelas laterais das minhas coxas. Desde o início havia sido assim, nos tocávamos a cada pergunta. A cada vez que os corpos se aproximavam, como se tivéssemos descoberto ímãs para isso. Talvez a raiva fosse magnética como o ferro.
— Me sirva.
Ele me tira de seu colo, se levantando. O mais velho caminha ao meu lado, abrindo a pequena adega que tinha no cômodo. O observo pegar duas taças e as servir com vinho. Desvio meu olhar enquanto ele traz a bebida, sem degustar dela.
O olho e, entendendo, ele toma um pouco da minha bebida antes de me entregar com um sorriso provocante nos lábios. Sinto eletricidade percorrer do seu corpo, passando de suas mãos até a taça, antes de me incendiar.
Ele coloca a taça no lado e alcança minha mão livre com as suas. Beijos são distribuídos dos dedos até o torso. O olhar se mantém fixo a mim e não desvio.
— Eu vou trabalhar com você.
Gargalho pela primeira vez no dia. Alto, firme, me divertindo com a alucinação do homem à minha frente. Os olhos esverdeados dele não mudam o foco anterior.
— É verdade, Zvezda moya. — Meu coração palpita com o apelido. O sorriso aos poucos vai diminuindo quando a expressão de seus olhos não muda. — Meu querido irmão me deixou escrituras. Metade de tudo que ele tinha agora é meu. — Fico estática o observando se aproximar, sua boca fica próxima de meu ouvido e ele passeia os dedos pelos meus joelhos. — Inclusive você própria.


Capítulo 5


Insane, inside the danger gets me high
Can't help myself got secrets I can’t tell
I love the smell of gasoline
I light the match to taste the heat
I've always liked to play with fire

Play With Fire – Sam Tinnesz feat. Yacht Money




— Eu não sou um objeto, não vou passar de mão em mão. — Sua voz agora tinha raiva. Ela se afasta de meus toques, jogando-se na poltrona. Parte de si me olha com desdém e a outra parte tem dúvida de cada palavra.
— Uh, talvez devesse ver o contrato que o seu pai fez comigo e com meu irmão então.
Ela me olha, sinto cada poro emanar em seu corpo do ódio que ela sente.
— Do que você está falando, Maximus? — O olhar agora é mortal, vacilante. Sinto vontade de sorrir com isso.
— Você fica irresistível brava. — Ela me ignora, virando de vez a taça em sua boca e cruza as pernas, assumindo uma postura fechada. — não era idiota, . Na cláusula do contrato que ele fez com o seu pai, ele colocou que os bens dele não ficariam completamente para você. Metade dos bens dele são meus e metade dos seus também, por não ter dado uma de viúva negra.
A risada irônica que ela solta me diverte. Legalmente falando, o contrato tinhas várias divergências, situações que iam contra vários dos direitos humanos, mas era assim que funcionava no mundo de Dmitri e . Todos sabiam das regras e o que acontecia quando isso não era cumprido.
— Meu pai não faria isso comigo.
A resposta atravessada me faz pensar se ela realmente acredita naquilo.
— Ele não é conhecido por ter tanto poder tendo trabalhado limpo. — A resposta a cala. Por cima do vestido, vejo seus peitos subirem e descerem com a respiração ofegante.
— O que tem no contrato? — Não me surpreendo por ela não saber do contrato. Ela sabia que tinha um casamento arranjado, sabia que o acordo era assinado por ambas as partes, mas não tinha ideia do que estava escrito, porque, em alguns negócios, as mulheres simplesmente não deviam se meter.
— Se ele morresse de causas não naturais, você e Dmitri perdiam metade dos bens e a única forma de reaver seria formando uma outra aliança com a família. Você passaria a ser do irmão mais velho.
— Vicent está morto.
— Eu estou vivo. Ser o único vivo me torna o mais velho.
— Meu pai não vai aceitar isso.
— Tinha negócios importantes naqueles papeis, . Coisas maiores que você, seu pai não tem alternativa. Ele não perderia o poder que possui porque você não soube pensar em todas as hipóteses. — Ela me olha com cada vez mais raiva, a repulsa em seu olhar acusa quão decepcionada ela está com a ideia de, mais uma vez, perder o domínio da própria vida. — Nós já assinamos o contrato, zhena.
— Você não pode ser tão idiota assim. — O seu olhar é repleto de desdém, a olho com divertimento. — Você vai casar comigo simplesmente porque o meu pai quer o dinheiro do seu irmão morto? Ele vai tirar tudo de você. Não tem como você ganhar algo nesse jogo doente.
Ela se levanta, balançando a cabeça negativamente sem parar. A olho se perder em meio aos seus sentimentos conflitantes.
— Os bens de não importam para mim, muito menos os seus negócios sujos. Eu fiz questão de deixar os meus fora da lista do seu pai. A única coisa que me interessa... — Me aproximo dela, passando a mão direita pela lateral do seu rosto. Acaricio a pele macia, mexendo os fios do seu cabelo que descem pela mão dela. — É você.
A mulher me olha irritada, encosto o meu corpo ao dela para que tenhamos proximidade o suficiente.
— Eu não vou me casar com você. — A voz decidida me faz encostar a minha testa na sua.
— Você não tem escolha.
Ela se cala, sabendo que não tem mesmo. O principal vilão da vida dela sempre seria o pai e, por mais que ela crescesse em idade, bens, estratégia e aliados, ela nunca seria grande o suficiente para bater de frente com ele.
— Por quê? — A pergunta é baixa, mas o seu tom desafiador não some.
— Eu quero que você sinta o que causou a . Quero que grite, implorando, para que o mesmo fogo que consumiu Vicent te consuma. Você os matou de forma rápida para não lidar com a bagunça, mas eu... — Sorrio, não conseguindo disfarçar a satisfação de vê-la sem palavras pela primeira vez desde que nos conhecemos. — Eu vou te matar vagarosamente. Dia após dia. Vou te fazer implorar pela sua vida como imagino que ele implorou pela dele e, no fim, se você tiver muita sorte, eu vou te matar. — Aproximo minha boca da dela, deixando um selinho em seus lábios.
Me afasto, observando-a uma última vez e saio do lugar, a deixando sozinha e em choque.


Capítulo 6


Your words up on the wall as you'rе praying for my fall
And the laughter in thе halls
And the names that I've been called
I stack it in my mind and I'm waiting for the time
When I show you what it's like to be words spit in a mic

Enemy – Imagine Dragons



Sinto o meu peito arder enquanto observo Maximus sair da sala. As palavras parecem não existirem mais em minha boca e tudo que penso é em como eu vou fazer para sair dessa merda. Podia ser mentira, mas, conhecendo o meu pai da forma que conhecia, se esse contrato for real, só pode ser verdade.
Consigo ver minha vida escorrendo pelos dedos novamente, não podia voltar a uma existência onde eu não possuía escolhas. Meu pai não me controlava mais, nenhum homem o faria.
A realidade cai como um fardo pesado demais para segurar.
Eu conhecia meu pai o suficientemente bem para saber que ele não me daria escolhas. Lembro do meu primeiro casamento. Aos dezessete, meu pai me casou com de, na época, vinte e quatro anos. O fato de nós nos conhecermos tornou o casamento arranjado menos pior, no entanto, o desfecho ainda foi inteiramente desastroso.
Procuro minha bolsa e seguro o telefone com força, discando o número do meu pai. Alguns segundos depois, o homem me atende, ouço a sua voz fria do outro lado, a forma manipuladora que ele atende me chamando de princesa é outro ponto que eu não iria suportar bem hoje.
Respiro fundo, me concentrando para não deixar a minha voz transparecer tão fortemente enquanto confronto o homem que se considera dono do meu destino.
— Você não pode me controlar, pai. — A resposta sai direta, antes mesmo do cumprimento. — Eu não sou uma marionete em suas mãos, eu decido o meu próprio destino agora.
, não seja histérica e me escute. — A voz fria e arrogante do outro lado da linha me faz revirar os olhos. — Esse casamento vai ser uma oportunidade única para recuperar as coisas que você perdeu. Você não devia ter matado o seu marido!
— Pai, se isso aconteceu, foi porque eu não sabia que o meu casamento tinha uma droga de contrato com cláusulas minuciosas. Por que não me disse?
— Tudo que eu faço é tentar proteger você. Suas atitudes impensáveis sempre nos deixam em saias justas.
Reviro os olhos, em parte sabia que o que ele falava era verdade.
A voz agora é firme e dura.
— Case-se com ele e mudo o código.
Sinto meus lábios estremecerem, respiro fundo, mordendo o meu lábio inferior. Por anos, tudo que eu sempre pedi ao meu pai era a mudança da forma que alguns negócios eram levados, mas principalmente o tráfico. Era o negócio mais lucrativo e o que eu jamais o ouvi falar que iria abrir mão, até hoje.
Sinto meu peito apertar. De repente, a ideia de ser usada não se tornava tão difícil se fosse para um bem maior. O tráfico era a única coisa que eu jamais me permitiria estar envolvida, a série de abusos que mulheres e crianças passavam eram torturantes e saber que eu podia mudar isso, ainda que abrisse mão de um pouco de mim, era o melhor que eu poderia esperar em meio à comunidade machista que vivíamos.
— Você promete? — Por mais que meu pai fosse cruel e possivelmente não confiável, ele cumpria cada uma de suas promessas.
— Prometo, mas não posso mais salvar Irina. — Sua voz é dura e eu não consigo decifrar quais camadas havia ali. — Ela entrou nos negócios dele e você sabe que tipo de negócios são os dele.
Respiro fundo, lembrando da mulher que sempre havia cuidado de mim desde a morte da minha mãe e que, agora, era casada com meu tio, sentindo a frustração invadir o meu peito. Ela estava viciada em drogas e ninguém faria nada para salvá-la, apenas a deixariam se afundar nas próprias mãos.
— Tudo bem, mas ela precisa de detox completo. Mesmo que a mídia descubra, ela tem que ir pra reabilitação. — Meu pai concorda. — E eu não vou largar as minhas operações, nenhuma delas.
— Não quero que largue printsessa, é a sua diversão. — Sorrio com a forma que ele sabia bem que nossos genes tinham semelhança. — , eu tenho apenas uma regra. — Meu corpo inteiro se arrepia, sabia que as regras dos meus pais não eram regras comuns, na verdade, suas regras eram o limite máximo entre vida e morte. — Você não pode engravidar. Se você engravidar, eu mato você e o bebê.
Um frio dos mais intensos percorre a minha espinha. Eu não tinha a menor intenção de engravidar e não havia nascido para ser mãe, no entanto, ainda era dolorido saber que meu pai teria coragem de me matar e de matar o próprio neto. Talvez o que doesse fosse justamente saber que ele faria isso sem nenhuma dose de piedade e ainda faria com as próprias mãos.
— Eu não vou engravidar. — A afirmação o faz suspirar em um alívio. O pedido me deixa com uma pequena suspeita e a mente assombrada por dúvidas que tentei esclarecer. — É um pedido específico. Por quê?
está morto, mas a sua história, não. — A voz rouca é assustadora quando ele fala devagar. — Ainda existem pessoas que o apoiam, do nosso lado e do deles. Se um herdeiro do mesmo sangue aparecer, tudo vai ser colocado em jogo. Vai ser difícil manipular o grupo a respeito de Maximus, que não possui nenhuma ligação com os negócios escuros de , mas um filho criado e descendente das duas pontes mais poderosas da Rússia? Isso seria impossível. Quem não o quisesse no poder, com certeza iria querer ele morto.
Lembro da conversa que tive com Natalia mais cedo, sobre eu ter matado o meu ex-marido em vez de simplesmente engravidado. Eu não era boba, era jovem, mas nunca fui estúpida. Engravidar de um homem no mundo em que vivíamos era dar poder a ele, foi o que aconteceu com meus pais. A forma que Dmitri conseguiu construir o seu império foi justamente arrancando o de Elena com o meu nascimento. Tudo que era dela passou a ser meu e, consequentemente, tudo que é meu é dele agora. Talvez fosse um pensamento sombrio, no entanto, tudo que envolvia o mundo que estávamos era sombrio.
A ligação encerrou após mais alguns minutos. Contei ao meu pai o que tinha descoberto do meu cunhado misterioso e ele me enviou o contrato para que eu tivesse ciência dos termos em que minha vida estava sendo vendida. Lembro das palavras de Max, falando que eu seria morta aos poucos, a mera lembrança me faz sorrir agora. Se ele me queria para me destruir, nós dois iríamos descer ao inferno juntos.
Na família e no comércio de crime que nos enfiávamos, eu era responsável pelas seguintes coisas:
1. Roubo de arte: eu era diretamente ligada a obras valiosas e coleções particulares, por isso planejava meticulosamente cada roubo, usando a segurança e expertise de Natalia em tecnologia e segurança para superar os programas avançados e o apoio de Sergei diretamente dentro da operação. O homem tinha uma habilidade nata de se transformar em quem quisesse.
2. Contrabando de diamantes: nossa rede era internacional e quem ficava responsável por essa parte era Ekaterina. Ela utilizava suas conexões e conhecimentos no mercado negro para adquirir e transportar diamantes de forma ilegal, evitando a detecção das autoridades.
3. Fraude financeira: essa era a especialidade de Viktor, o homem era um mestre em manipular investimentos e fundos para obter lucro pessoal. A inteligência e astúcia dele eram inexplicáveis e sempre enganava investidores.
4. Tráfico de informações: esse, sem dúvidas, era o mais lucrativo. Pessoas pagavam caro para manter seus segredinhos sujos. Natalia era a principal responsável, ela hackeava sistemas de segurança e redes corporativas, roubando informações confidenciais e as vendendo para outros ou, até mesmo, para a própria pessoa.
Fora estes negócios próprios, tínhamos os acordos que fazíamos com as máfias, nunca utilizando as rivais. A italiana era comandada por Matteo, um homem de aparência marcante, com cabelos escuros e barba bem cuidados, os olhos em um tom profundo de marrom conseguiam atravessar até a alma de quem o olhasse e sua confiança, com certeza, incomodava. Ele se envolvia em uma troca quando eu precisava de favores mais específicos, como assassinato ou punições físicas extremas.
As almas de Viktor e Sergei eram, sem dúvidas, almas condenadas, mesmo assim, não queria os envolver em algo tão grande como assassinato a não ser que não houvesse mais nenhuma forma para fugir disso.


Capítulo 7


Got so much to lose
Got so much to prove
God, don't let me lose my mind
Trouble on my left, trouble on my right
I've been facing trouble almost all my life

Trouble – Cage The Elephant



— Deu tudo certo? — Ouço a voz de Emily quando ela se aproxima e mordo o meu lábio inferior com certa força.
— Não fiz do jeito que combinamos. — Consigo ver a decepção estampada em seu olhar, Emily era perfeccionista e odiava quando não seguiam suas ordens à risca. Sob seu olhar mortal, conto todos os contatos que tive com a russa.
— VOCÊ O QUÊ? — O grito sai em um tom alto e raivoso, assim como ela, que se levanta da cadeira, colocando a mão na cabeça. A loira de olhos verdes tinha um rosto demasiadamente expressivo e era conhecida por sua mente brilhante e analista, isso a fazia ser uma líder respeitada na equipe.
— Escuta... — chamo baixo, sabendo que minha situação não seria nem um pouco fácil de defesa. — é desconfiada demais, eu jamais entraria em sua equipe sem cometer vários crimes pra isso antes. Ela é fria, não me permitiria entrar até saber que mataria por ela. Esse foi o caminho mais fácil, acredite em mim.
, você sabe mais do que ninguém que a segurança e o sucesso da missão são nossa prioridade. Isso coloca tudo em perigo, olha, talvez seja melhor reavaliar a sua participação nesse caso.
— Eu não posso simplesmente sair agora. O pai dela confia em mim, assinamos um contrato de sangue.
— E eu achando que isso não ficava pior. Porra! — Ela anda rapidamente de um lado para o outro na sala. — Casamento? Fingir que é o irmão do marido dela? Onde você arrumou essas ideias de merda? Nós precisamos avaliar cuidadosamente as próximas etapas, você colocou todo mundo em perigo.
Além de uma ótima líder, ela também era exagerada para um santo cacete. Eu era o único agente que arriscaria a vida ali. Tento justificar que entendo os riscos e estou disposto a segui-los até o fim, ela pondera sobre as consequências com aflição.
— O casamento não vai ser válido. Maximus não existe.
— Você sabe que ela vai investigar tudo seu, não sabe? — Dou de ombros, a possibilidade existe desde o minuto que entrei na missão.
— É o que esperamos que ela faça, nós cuidamos de tudo. Ela pode ter uma hacker ótima, mas nós temos o melhor. Zyon é a porra de um santo mestre. — O olhar desconfiado da minha chefe ainda demonstra que ela não está nem um pouco à vontade com a posição que eu tinha tomado. — Olha, eu sei que essa foi uma decisão arriscada e que eu não deveria ter feito isso sozinho, mas, acredite em mim, foi uma sacada de mestre. Aprofundando o meu disfarce como futuro marido dela, vou ter acesso a informações privilegiadas e uma oportunidade única de investigar mais a fundo cada atividade criminosa dessa russa dos infernos.
Além disso — continuo falando —, ela não vai duvidar da minha capacidade de confiança e nem me colocar em testes porque sabe que eu não faria. Entrando pela desconfiança, é a melhor forma de conseguir acessar ela. Ela é paranoica, nós sabemos do perfil dela. Enquanto ela achar que quero me vingar dela e que sou irmão do seu marido morto, ela não vai se preocupar em me envolver em crimes e nós não teremos nenhuma prova corrompida. Nada que a advogada dela possa usar contra mim vai valer em tribunal. A gente vai derrubar essa mulher.
O olhar dela continua cético, por mais que meus argumentos fossem bons, ela era boa no que fazia justamente pelo cuidado que tinha.
— É uma jogada muito perigosa. Você está se colocando em uma posição vulnerável. Como podemos ter certeza de que você conseguirá lidar com as consequências disso?
— Eu tenho confiança nas minhas habilidades e em nossa equipe. Essa jogada vai nos permitir estar sempre a um passo dela, Emy. Com acesso direto à sua vida pessoal, estou em posição privilegiada.
— Como vão viver em casal? Puta que pariu, você não sabe nem mesmo lavar roupa. — A pergunta me pega de surpresa, embora o semblante da loira seja sério. Dou de ombros, não sabia exatamente que resposta dar para aquilo.
Direciono um olhar ofendido para ela, que sorri divertida.
— Eu vou casar com uma viúva negra, a última coisa que preciso é me preocupar com quem vai lavar as nossas roupas.
— Esteja preparado para qualquer reviravolta, as coisas podem dar muito errado.
— Estou ciente dos riscos e comprometido a proteger todos nós. Agora vem cá. — Puxo a loira para os meus braços. Quando não estávamos no escritório, tínhamos uma relação um pouco mais estreita do que o considerado normal. Era uma amizade confortante e colorida, onde nem um e nem o outro tinham o intuito de se apaixonar.
Emily se senta em meu colo e distribuo beijos pelo seu ombro. Ao contrário de , a mulher tinha um cheiro doce e floral, o que era uma ironia dada a forma quase masculina que ela se vestia normalmente e que em nada atrapalhava a sua beleza. Subo meus lábios para sua boca, passando as mãos em suas coxas e minha mente é arrastada para .
Merda de cheiro e de mulher que se impregnavam na pele e na mente. Afasto a loira dos meus braços, lhe roubando um selinho rápido e ela percebe a distância, não achava justo fazer isso com ela. Eu não era assim, não foderia com ela enquanto outra fodia com a minha mente.
Ela sai do meu colo, entendendo a situação e a frustração toma conta de mim quando ela se despede irritada. Embora não tivesse sentimentos românticos, nós éramos duas pessoas com cabeça quente e explosivas, que não precisava de muito para a irritação chegar.
— Apenas lembre que você não pode se envolver emocionalmente com ela. Não comprometa a objetividade e a segurança de nossa operação, por favor. — O pedido vem em forma de súplica e eu sei o quanto isso é importante pra Emily. — Esse trabalho é tudo que me restou. Por favor.
Aceno com a cabeça, em uma promessa silenciosa.


Capítulo 8


Scattered 'cross my family line
I'm so good at telling lies
That came from my mother's side
Told a million to survive

Famly Line – Conan Grey



— Será um casamento muito produtivo — sussurro, enquanto levo a taça de champanhe até a minha boca, olhando atentamente o meu pai enquanto ele conversa com o seu mais novo genro.
Meu pai sentiu urgência no casamento por algum motivo que não quis nos dizer e, em uma festa íntima, decidimos que faríamos isso acontecer. Meu ex cunhado e agora marido me olhava enquanto conversava com meu pai e eu sabia que a conversa não estava sendo nada agradável pelo sorriso forçado no rosto de ambos.
— Matteo virá em duas horas. — Viktor se aproxima de mim, envolvendo as mãos em minha cintura, em um abraço suave. Em um casamento normal, esse gesto significaria felicitações, mas, no caso do meu casamento, isso significava ele realçando a sua lealdade caso Maximus fosse um problema futuro.
— O quão puto Pierre está? — A pergunta direta arrancou um sorriso do russo em minha frente, todos detestávamos Pierre.
— Muito. — Viktor não era de muitas palavras e eu gostava disso.
Sabia que enfrentaria problemas demais para poucas cabeças pensantes, por isso a ajuda de Matteo cairia como uma luva. Ainda mais agora com um marido para elevar ao máximo todas as minhas preocupações atuais e futuras.
O juiz de paz nos espera com o livro e me aproximo do homem mais velho. Vejo Maximus assinar e, em seguida, retiro a caneta de sua mão direita para assinar a certidão.
— Espero que cumpra o combinado. — Meu pai se aproxima de Maximus, que sorri de maneira irônica ao olhar para mim.
— Não se preocupe, test. Todos os problemas gerados até aqui foram causados pela sua filha, espero que ela cumpra o combinado. — Um sorriso torto se forma em meus lábios com a resposta atravessada do meu marido.
Me afasto e caminho para a lateral do salão luxuoso em que estávamos, subo as escadas para ter uma visão do todo e me apoio no adorno de escada do segundo andar para o primeiro. No lugar provavelmente não havia mais do que doze pessoas, meu número da sorte. As paredes são adornadas com afrescos meticulosamente pintados, retratando cenas de grandeza e beleza. Um imponente lustre central domina o espaço, emitindo um brilho deslumbrante sobre os convidados e paro para avaliar cada um deles.
Meu pai, como sempre, estava vestido como o próprio líder da BRATVA, Viktor se mantinha em um jeito discreto, Natalia realçava o seu estilo punk com uma maquiagem forte que destaca seus belíssimos olhos, Irina estava ao canto, encarando feio o meu tio que, por sua vez, bebia todas as doses. Minha mãe, assim como no meu primeiro casamento, não estava, mas sabia que ela observava o caos que meu pai causava de onde quer que estivesse. Sergei não tinha vindo e Matteo chegaria em horas. Finjo que não vejo a amante do meu pai porque não confiava nela, Sofia me olha e devolvo com frieza, em um lembrete comum de que ela nunca seria a minha mãe.
— Imagino que esteja considerando suas opções de como fugir disso. — A voz de Maximus paira sobre o ar. Umedeço os lábios com a ponta da língua, enquanto permito que ele se encaixe atrás de mim, com as mãos na escada, ao lado das minhas. — Deixe que eu lhe ajude, você não tem nenhuma.
Minha pele se arrepia com a proximidade desnecessária que ele faz para dizer isso. Fecho os olhos, ignorando a presença irritante e o cheiro que volta a deslizar por minhas correntes sanguíneas como uma droga. Matteo, para minha surpresa, chega mais cedo do que o esperado e o vejo passar pelo salão com o chapéu tipicamente italiano e as mãos no bolso.
— Com licença, muzh — sussurro a palavra com o maior índice de ironia que meu cérebro consegue produzir. — Preciso receber os convidados.
O empurro, me afastando dele e ajusto o vestido em uma provocação. Desço as escadas, deslizando a mão sobre o corrimão e percebo todo o seu olhar queimando a minha pele.
Matteo era um homem charmoso e possuía um olhar extremamente sedutor. Ele vestia um terno sob medida que realçava sua figura imponente. Seus cabelos eram cobertos pelo chapéu na maioria do tempo e suas palavras eram sempre persuasivas. Embora eu apreciasse a admiração que Matteo sempre direcionou para mim, minha postura nunca tinha parado de ser cautelosa. Eu nunca me envolvia pelas ilusões de poder e romance, porque sabia que os dois não andavam juntos. Para ter um, era necessário abdicar do outro.
Olho para o segundo lugar, encontrando o olhar de Maximus e, de forma discreta, caminhamos para a biblioteca, um espaço reservado onde ninguém nos encontraria. O italiano deixa seus irmãos no salão, enquanto caminha atrás de mim.
— Não me disse que se casaria. — O comentário vem. Sorrio enquanto caminho até o frigobar, para minha sorte, tinha instalado lugares com bebidas em cada santo lugar desse prédio. Sirvo um copo de uísque para Matteo, colocando as pedras de gelo ali. Ele toma sem duvidar da minha lealdade, porque era assim que fazíamos nossos acordos, quando alguém confiava o suficientemente em você, ele parava de experimentar a bebida ou o medo de ser envenenado.
— Faz parte de um dos negócios do meu pai, mas vai nos trazer bons frutos. — Visto a personalidade mais sedutora que tinha e me aproximo do italiano, sentando-me na mesa de madeira, meu vestido sobe e o olhar profundo dele acompanha a pele que fica exposta. — Você sabe como funciona, mulheres russas normalmente não têm muitas vantagens. — Sabendo do acordo, o homem não se aproxima de mim, embora queira me devorar com o olhar. — Sergei te contou tudo?
Ainda numa tentativa de seduzi-lo, me coloco em sua frente, pegando do seu corpo e bebendo um pouco da bebida quente, que desce rasgando em minha garganta, apenas porque sabia que ele achava atraente quando eu tomava a sua bebida.
— O necessário. Qual o problema com Pierre?
— A existência dele é um problema — murmuro, de forma divertida, fazendo o homem à minha frente sorrir e descer os olhares para meu decote. Jogo as mãos para trás na mesa, deitando um pouco o meu corpo. — Roubei algo que ele gostava muito — admito, por fim.
Merda santa, não me diga que foi a Beatrice dele. — O tom divertido em sua voz me fez balançar a cabeça. — Ele vai revidar.
Balanço os ombros suavemente, levantando-me da mesa e me aproximando do italiano. Envolvo as mãos por seus ombros, circulando ao redor de seu corpo.
— Eu concordo, por isso quero saber o que vai fazer quanto a isso e se está disposto a fazer algo. — Ele pareceu pensar. Paro os movimentos em círculos em volta dele, mas não tiro a minha mão dos seus ombros largos. — Você quer Louis no poder há algum tempo e ele é o próximo da linha de sucessão. Todos ganhamos.
— A BRATVA vai entrar? — Mordo levemente meu lábio inferior com a pergunta. Eu não fazia parte de nenhuma máfia, mas era usada especialmente pela do meu pai.
— Meu pai não deixaria que me machucassem. — A resposta era evasiva, mas sincera.
— O que eu não faço por você, mia cara. — Gargalho, sabendo que, apesar do nosso acordo ser bom para todos, suas decisões eram tomadas por si próprio.
Meu marido entra na sala, assim que Matteo sai. O loiro se aproxima de mim, passando as mãos pelo meu quadril, em uma certa posse, e o olho com um sorriso no rosto.
— Não pôde esperar nem o juiz ir embora, Solnyshko? — Viro o meu corpo, observando bem o meu recém marido, envolvo as mãos pelo seu rosto, contornando o maxilar com a ponta dos dedos, memorizando cada feição do rosto dele.
— Eu não estava te traindo, kotik. — Deixo que minhas mãos passem por seus ombros e entrelaço os meus dedos atrás dele, pouco abaixo de sua nuca. — Se estivesse, eu não seria burra de ser pega.
— É muito bom que seja bem esperta mesmo. Porque você leu o contrato, certo? Sabe que traição se paga com sangue. — Suas mãos envolvem a minha cintura, uma em cada lado do meu quadril. Ele aperta até que os dedos fiquem brancos.
— Também sei que se você encostar em mim ou me agredir, posso ir embora a hora que eu quiser. Se bem que seria muito mais divertido te matar com as minhas próprias mãos. — Seus lábios se abrem em um sorriso cínico.
— Eu jamais bateria em uma mulher, Solnyshko. — A voz é firme e rouca. Seu rosto se aproxima perigosamente do meu, suas mãos descem até a minha bunda e me seguro para não gemer. — Tenho outras formas para te torturar.


Capítulo 9


So you're a tough guy
Like it really rough guy
Just can't get enough guy
Chest always so puffed guy
I'm that bad type

Bad guy – Billie Eilish



Um arrepio percorre a minha espinha quando suas mãos travam o meu maxilar e, de forma involuntária, aperto com mais força o seu quadril, não me importando se ficariam marcas ali. Há poucos minutos, ela estava nessa sala com outro homem e, por mais que eu tentasse ouvir a conversa, o fato de estarem próximos demais me deixou irritado. Não conseguia ouvir e tudo o que eu via apenas mostrava o quanto eu não podia confiar naquela mulher.
Deslizo as mãos por suas costas, sentindo a pele macia sob a ponta de meus dedos. Envolvo-a num abraço apertado, puxando-a mais para perto para pressionar o seu corpo ao meu. Meus olhos buscavam o dela com urgência, com prazer. Ela inclina a cabeça para trás, liberando a região do seu pescoço e distribuo beijos suaves por ali, enquanto minhas mãos exploram cada curva e contorno da mulher. Aperto com força suas coxas também, marcando-a.
Era surpreendente o quanto, apesar de querer fazer da sua vida um inferno, também reagia a ela como se ela fosse o meu próprio fogo em chama viva. Minha respiração fica pesada quando suas mãos começam a deslizar por dentro do meu paletó, o puxando para trás. O tempo parece diminuir a cada vez que a conexão dos nossos corpos aumenta. Cada toque e carícia aumentava o desejo. A química estava tão presente como a raiva, mas eu não queria machucá-la.
Ainda, pelo menos.
A mulher me puxa pelo grande espaço da biblioteca e abre uma porta enquanto me leva ali pela gravata. Tínhamos que consumar o casamento e queríamos isso, sua pele ardia pela minha tanto quanto a minha suplicava por ela.
— O que ele queria com você? — A pergunta sai rouca, colo o meu corpo no dela, para que ela sinta o quão duro eu já estou e a sigo com dificuldade, sem permitir que ela se afaste.
— Me felicitar pelo casamento.
— O que ele queria com você? — A minha voz agora é mais dura, mais rude e eu faço mais força contra o seu quadril.
— Tínhamos negócios a resolver. — A resposta simples me impede de prosseguir porque eu sei que ainda não posso insistir nos seus negócios, não sem levantar suspeitas.
Suas mãos me puxam para dentro de um cômodo, que, ao entrar, identifico como sendo o banheiro.
— Você não vai mentir pra mim. — O aviso é frio e impassível. Sinto ela estremecer em meus braços. Fecho a porta com mais força que o necessário e a seguro pelo quadril, erguendo-a e a sentando na pia. — Você não vai conseguir me manipular, eu não sou o seu pai, por isso, nem chegue a tentar.
Me enfio no meio das suas pernas e quando o vestido quase longo me afasta de ficar próximo, com raiva, enfio as mãos por dentro da peça e subo até a curva perfeita de sua cintura. Sua calcinha fica completamente exposta e não consigo ignorar o fato das cores que ela usa caírem tão bem em seu corpo, destacando cada curva. Percorro as pernas desnudas agora com um pouco mais de força, afundando os dedos e alternando entre leveza e brutalidade.
Minha testa cola a dela, os olhos azuis próximos demais para me hipnotizar. Fecho os olhos para não perder o controle, não podia fazer isso. Abro-os, sem perceber que minha sobrancelha estava franzida e olho o espelho atrás de nós. Encaro a minha alma, percebendo-a ficar mais preta a cada vez que encosto na pele de . Sendo invadido pela sua escuridão.
Não aguento mais, a beijo. Tomo seus lábios nos meus de forma bruta, dura e rápida. Ela corresponde com a mesma urgência, suas mãos afastam a minha camisa e ela puxa alguns botões, fazendo-os pularem em direção ao chão.
geme contra minha boca quando meu polegar roça de forma suave pela sua boceta. Procuro seus clitóris, fazendo pressão na região. O sorriso orgulhoso que dou a faz me olhar com ódio, com a raiva de quem sabe que está entregue. Ela geme contra a minha boca quando deslizo os dedos para dentro de sua calcinha. Quente como um inferno, era assim que ela era.
— Tão molhada, porra — sussurro, contra sua boca.
— Tão duro — ela devolve, enviando a mão por cima de minha calça.
A forma que ela se segura na pia e eleva um pouco o quadril, apenas para se remexer em meus dedos, rebolando contra eles, me faz arfar em sua boca. Ela me olha com aquela expressão safada de quem sabe o que causa em um homem e enfio um dos meus dedos dentro dela. A filha da puta rebola devagar, me fazendo gemer com as expressões que ela faz.
Mordisco o seu pescoço sem força, apenas para arranhar a sua pele e senti-la mais próxima ainda de mim. A rebolada que ela dá, esfregando-se em minha mão, me leva à loucura e meu pau pulsa, tão inchado que podia arrebentar aquela merda de calça apenas para enfiá-lo dentro dela.
— Eu quero que você grite tão alto que mesmo quem estiver no cômodo superior vai te ouvir gemer — sussurro rouco em sua garganta, mordiscando o seu ouvido. geme em resposta, mas faz isso de forma baixa, me provocando.
Os golpes de meu dedo em sua boceta se tornam frenéticos e, vendo a forma que ela se contorce controlada, adiciono mais um. A cada gemido que ela solta e cada tom mais alto que fica, me controlo para não me afundar de vez dentro dela. A falta de preservativo me impede de fazer isso, ela era manipuladora demais para confiar isso a ela. Mesmo que não fosse de sua vontade engravidar, ela faria isso como um jogo se o resultado fosse favorável. Das muitas coisas que eu tinha em jogo naquela missão, a principal dela era ter armas contra ela e não dar a ela as munições contra mim.
— Por que você sempre anda com essas merdas de decotes? — A pergunta retórica parece a divertir e, com a mão livre, puxo com força o tecido para baixo, fazendo seus peitos pularem.
Paro por alguns segundos, admirando os peitos dela. Minha mão diminui os movimentos, enquanto observo o quão fartos eram, os bicos rosados e a pele arrepiada evidente. Levo a mão espalmada até um deles, o tendo perfeitamente encaixado em minha mão. não é uma mulher baixa, mas perto de mim ela consegue ser tão pequena que tudo que eu consigo pensar era como seria rasgá-la por dentro.
Agora entendia porque era louco por essa mulher.
O seu cheiro, os seus peitos e a sua boceta são a combinação perfeita para tirar a sanidade de qualquer homem. Lembro que ele se deitou com ela e raiva toma conta de mim. Saio de dentro dela, vendo meus dedos escorrerem pelos seus líquidos. Ela reclama por ainda não ter gozado e eu a tiro da pia com rapidez. Volto as mãos até o quadril, deixando a calcinha de lado e a empurro de bruços na pia, sua barriga bate com certa força no mármore, mas ela não reclama da dor.
Minha mão agarra seus cabelos e a faço olhar para frente. Encosto meus lábios em seu ouvido e puxo seu cabelo com força, ela encara o espelho com o batom já borrado.
— Olhe para o espelho. — Ela obedece, me encarando atrás do reflexo. — Eu quero que você veja o seu rosto quando você implorar para que eu te foda. — Roço o pau duro em sua bunda, forçando meu quadril contra o seu e a pressionando mais contra a pia. Seus peitos balançam e belisco o mamilo com a mão livre, a fazendo gemer. — Eu quero que observe o desespero em seu rosto enquanto se torna minha, porque não vai ter volta. Cada homem que cruzar no seu caminho ou entrar em uma sala a sós com você não vai ousar te tocar, porque assim que mexerem no seu vestido, você vai estar marcada por mim. Porque em sua mente você só vai pensar em mim, te comendo, te fodendo como a puta que você é. Eu vou te corromper, , de uma forma que você nunca mais vai lembrar como é ser de alguém que não seja eu.
— Filho da... — O xingamento é interrompido por um barulho alto e estrondoso que parecia vir do lado de fora.
— Que porra? — O xingamento é involuntário porque meu pau ainda lateja, implorando para ser tocado, chupado.
Seu olhar encontra o meu pelo reflexo do espelho e ela sorri de maneira cínica, safada.
— Bem vindo ao meu mundo, muzh.


Capítulo 10


Extraordinarily nice
She's a Killer Queen
Gunpowder, gelatine
Dynamite with a laser beam
Guaranteed to blow your mind
Anytime

Killer queen – Queen



Embora tivesse a promessa do apoio de Matteo e a possibilidade do meu pai em me ajudar, não podia me convencer com isso. Pierre tinha que ser derrubado e eu não podia contar com a sorte, porque não era nem um pouco sortuda.
O barulho estrondoso interrompe a forma que Maximus me dominada e mordo levemente o meu lábio inferior com força. O sorriso em meu rosto estampa a minha felicidade porque, apesar de estar louca para transar com Max, a interrupção que veio também seria minha salvação. O homem se coloca em minha frente, pegando uma arma que eu sequer sabia que carregava e se posiciona em minha frente.
— Vista-se. Vou garantir que ninguém toque em você. — O tom firme é excitante e, para não sair do personagem, o obedeço. Envolvo as mãos em meus peitos, arrumando com dificuldade o vestido justo, ajusto a minha calcinha e desço o vestido de volta pelo meu corpo. O cabelo ainda está assanhado pela forma que Maximus o puxou, mas não seria minha preocupação agora.
A porta do banheiro se abre e Max se coloca em minha frente, me cobrindo quase que completamente. Matteo me olha arrumar a roupa no corpo e o meu marido interrompe a sua visão com um olhar profundo, impedindo o italiano de me olhar mais.
— Pierre está atacando. — A voz dele é grossa e suave, direcionada a mim. Solto um suspiro e concordo com a cabeça, sabendo que aquilo aconteceria mais cedo ou mais tarde.
— Eu cuido da minha mulher — o tom de voz de Maximus o corta e sinto minha barriga estremecer pela forma que ele fala. Nenhum dos apelidos até agora tinha causado tanto efeito quanto um simples “minha mulher” dito pela sua boca.
— Ele está aí? — pergunto, buscando o olhar do italiano. Ele nega com a cabeça.
— O conselheiro dele está.
Observo meticulosamente o caos que se desenrola aos poucos. O italiano olha meu marido de forma inexpressiva, que devolve o olhar de forma ameaçadora. Cada reação é observada, tudo precisa ser visto de maneira estratégica, como um jogo de tabuleiro. Saio do banheiro, observando o homem à minha frente, minha pele ainda tem a sensação dos seus toques. Ele é esperto demais em situações assim, a forma que caminha, a maneira que me dá sinais e até mesmo a forma que empunhe a arma me mostram que ele não é inexperiente em situações assim. Suas mãos se movem em sinais, me dizendo para onde ir ou me mandando ficar quieta. Obedeço porque preciso obedecer, naquela situação eu precisava ser a vítima.
Ouvimos outro barulho, dessa vez próximo demais à janela. Os vidros se estilhaçam, as portas são arrombadas e o som de tiros ecoa pelo lugar. Sou atingida por um dos cacos, na barriga, me encolho no intuito de não receber mais dos objetos e ignoro a dor. Maximus para de andar e, com o olhar preocupado, me segura, me guiando com pressa até o lado da parede, ele entra comigo atrás do grande móvel de madeira e olha para o machucado, vendo o sangue que aos poucos começa a se acumular ali.
— Você tá bem?
— Estou, foi só um caco de vidro.
Murmuro de forma simplória. O odor de fumaça e o ruído ensurdecedor dos disparos preenchem o ar, criando um ambiente de pânico.
— Me escuta — sussurro para ele, que me encara inexpressivo, sem tirar os olhos da porta e alternando-os entre o meu machucado e o espaço. — A gente precisa ir para o salão.
Aproveito que estamos perto da escrivaninha e abro a gaveta, pegando uma arma, verifico a munição. Conhecia cada detalhe do objeto, sua precisão e o poder que tinha, apesar de ser pequena, ela iria me garantir alguns tiros para o que eu precisava. A dor em minha barriga se torna mais intensa e consigo sentir o meu vestido manchado, mas não é grave ou insuportável.
Maximus não debate ou fala que eu não deveria ir, ele se levanta com a sua arma em mãos e vou atrás dele. Fico do lado esquerdo da parede e ele do lado direito, atiro algumas vezes nas pessoas que eu sabia a quem pertenciam, esperava que Pierre aparecesse logo. Matteo e meu pai também estão protegidos, mas três corpos ensanguentados dão a cor vermelha ao chão branco. Com a tranquilidade que nenhum deles pertencia à minha equipe, percebo quando Pierre entra, o ódio em seu rosto de quem iria pagar por um crime que não tinha sido cometido e o pânico de estar em um labirinto sem saída. O vejo levantar a mão, mas antes que ele solte a arma, o baleio de forma certeira na cabeça. Seu corpo cai de joelhos, antes dele ficar completamente sem vida no chão.
Solto a arma com a dor aguda em minha barriga se intensificando, Maximus corre até mim, me segurando antes que eu encontre o chão de vez. Minha visão escurece, mas sou confortada por meu objetivo já ter sido concluído. A partir de amanhã, Louis estaria na máfia francesa e eu tinha um novo aliado.
Acordo sentindo uma desconfortável dor aguda e latejante em minha barriga. Abro os olhos lentamente e me vejo deitada no ambiente já conhecido por mim, a luz fraca revelando que estou em meu quarto me tranquiliza. Ao lado, uma bandeja de metal com os estilhaços do ataque que eu tinha orquestrado.
Apesar da dor, não posso permitir que a fraqueza tome conta de mim, faço força para levantar um pouco e me sento em minha cama. No canto do quarto, vejo Maximus pensativo. O colchão macio afunda em mim e os lençóis de seda me aquecem da sensação fria que eu sentia. A cama era espaçosa e luxuosa, principalmente pelo elegante dossel que paira sobre a cama, adornado com cortinas de tecido leve, que parecem dançar suavemente. Repouso na cabeceira macia.
Olho para o homem pensativo, inerte em seus próprios pensamentos, e tento descobrir como ele tinha achado a minha casa. Ninguém entrava nela a não ser Natalia, Irina, Viktor e Sergei, nem mesmo meu pai tinha acesso ao meu santuário privado.
Sergei se aproxima, pela primeira vez, e o olho encantada. Sergei era alto e tinha uma presença marcante, o porte físico era atlético, bem definido e o cabelo desarrumado lhe passava um ar despojado. A pele era ligeiramente bronzeada, o que lhe dava um aspecto de saúde. Meu marido encara o homem, que se aproxima de mim, sentando-se ao meu lado em minha cama.
— Seu guarda costas não quis me deixar ficar sozinho com você.
Olho para Max, que encara a cena com desconfiança. Uma de suas sobrancelhas está arqueada, sorrio para Sergei, o abraçando com dificuldade e um gemido sai de minha boca quando a dor na barriga parece aumentar com os movimentos. As suas mãos envolvem o meu corpo, me acolhendo ali e fecho os olhos, sendo confortada pelo aroma de canela que seu perfume tem.
De todas as pessoas que eu conhecia e tinha contato, Sergei era sem dúvidas a que tinha o meu inteiro coração e a pessoa que eu não escondia nenhum dos meus segredos. Ele não era apenas alguém em quem eu confiava meus negócios, em Sergei eu confiava a minha própria vida e isso era facilmente perceptível pela forma que nós éramos carinhosos um com o outro.
— Você que o trouxe? — pergunto, ainda olhando o homem no canto do quarto.
— Era isso ou hospital.
Faço uma careta, negando com a cabeça. Sergei me conhecia bem, sabia de todos os meus medos e hospitais não eram bem o ícone de minhas afeições.
— Pierre está morto, graças a você. — A voz é orgulhosa e ele esconde o sorriso. — Louis assume os negócios do irmão amanhã, ele te mandou um presente para a sua melhora. — O homem tira uma pequena caixa de joias do seu paletó, me entregando e a abro, me deparando uma linda pulseira colorida, feita de vários cristais. — Ele disse que sua lealdade é sua e de Matteo e se desculpou pelos atos impensados do irmão. O conselheiro foi morto por seu pai. — A voz dele é baixa, para que apenas eu o escute.
— Eu senti falta de você no meu casamento.
O homem sorri, direcionando um olhar provocativo em direção ao meu marido, em seguida sua mão vai até a lateral do meu rosto e me apoio ali, de forma carinhosa, me aninhando entre os seus dedos e o seu carinho.
— Se eu fosse, não te deixaria casar com ninguém que não fosse eu, kukolka.
— Eu te amo, Sergei.
— Eu sei.
O nosso olhar era cúmplice, tínhamos uma conexão muito boa desde sempre. Sergei e eu tínhamos quase a mesma idade, ele tinha me conhecido ainda na infância, conhecendo meu lado sombrio antes de qualquer um e, após alguns anos do meu casamento com , ele reapareceu como um anjo, trabalhando em alguns negócios com o falecido. Quando o homem morreu de causas não naturais, fiz questão de manter a lealdade de Serg. Ele não só sabia dos meus planos, como participava de cada um deles, incluindo esse ataque falso que tínhamos feito.
Por mais exagerado que fosse dizer isso, Sergei não era um peão em meus jogos, como a maioria das pessoas pensava. Ele era o meu próprio rei e chegar próximo dele era um xeque-mate em mim, por isso não nos víamos com frequência e quem sempre me acompanhava era Viktor. Todos tinham importância para mim, mas Serg não conhecia muito de mim, ele conhecia tudo. E quando alguém conhece tudo de você, essa pessoa se torna a sua principal fraqueza.
Pierre não gostava de mim, ele tinha problemas com a forma que eu lidava com os meus negócios obscuros, por assim dizer, e eu não permitia que duvidassem de mim com frequência. Da última vez que nos vimos, ele havia me ameaçado e eu não gostava de ameaças infundadas. Louis, por sua vez, era o irmão mais novo que não podia tomar o controle das mãos do irmão porque seguiam uma idiota linha de sucessão.
De maneira calculada, fiz Louis me prometer lealdade e a coloquei em prova. Quando ele passou no teste, percebi que era uma opção melhor do que Pierre tinha se tornado. Combinamos de que ele causaria alguns... mal entendidos dentro da equipe do seu irmão. Alguns homens receberiam uma mensagem do celular de Pierre para me atacar pelo roubo da sua Beatrice. Natalia fez isso, hackeando o celular do homem. Para que tudo saísse bem, só precisávamos do momento certo e meu casamento seria perfeito, era a única forma de ter meu pai ali, descuidado, despreparado e sem a multidão de seguranças que o cercava.
Por último, apenas convidei Matteo para o evento. Me atacar no momento de matrimônio não apenas seria considerado traição aos laços de meu pai, mas ele também estaria diretamente atacando os italianos. Atacar todos reunidos soaria como uma emboscada e isso levaria a uma morte sem punição, exatamente como aconteceu.
Sergei montou as bombas, os homens franceses reagiram ao pânico e o caos se formou. Agora eu tinha ao meu lado russos, italianos e franceses.


Capítulo 11


Baby girl at home and she covered in blow
Daddy's penthouse in historic SoHo
She looked just like a star, she an OG Van Gogh
Think she wanna fuck, but what the fuck do I know

Tarantino – PLVTINUM



Me incomodo com a forma que o russo se aproxima tão facilmente dela. A maneira que ele conhece sua casa e sabe cada cômodo é perturbadora para mim e controlo a desconfiança que surge entre eles, imaginando o que tem ali além de amizade, porque é impossível que a forma que eles olham um pelo outro seja apenas negócios.
— Ela precisa descansar. — O homem a olha, de costas pra mim, e a vejo sorrir com algo que ele diz, mas não entendo o suficiente de russo para decifrar apenas com uma leitura parcial de lábios.
— Parabéns pelo casamento. — A felicitação vem com uma ironia petulante e sorrio o encarando.
— Obrigado, Sergei. — O tom é desafiador, assim como tinha sido com Matteo mais cedo. Talvez eu esteja levando essa porra toda a sério demais, mas sentia algo forte me possuir quando alguém ficava perto demais dela. Arriscando a química inexplicável ou todo trabalho por onde ela me levaria.
O homem sai e, por ele conhecer a casa da minha esposa melhor do que eu, não preciso o direcionar até a saída. Me aproximo de , observando os lábios sempre vermelhos um pouco mais pálidos. O machucado não tinha sido grave, mas o corte havia sido profundo.
Retiro o lençol do seu corpo, liberando a região da barriga e subo a sua blusa branca. Ela está apenas com uma camiseta e uma calcinha. Ela me olha com receio, em seus olhos percebo uma mistura de sentimentos praticamente iguais aos que se passam no meu próprio interior. Aplico um curativo limpo sobre o corte, certificando-me que está protegido e seguro. Meu olhar sobe ao dela, tentando procurar algum sinal de dor em seu rosto.
— Quem me vestiu? — A pergunta baixa não contém preocupação na voz, então imagino que sua curiosidade é apenas sobre eu ter visto o seu corpo.
— Natalia — devolvo, no mesmo tom baixo de voz. Agora sabia o nome de todos, mas ainda precisava saber onde cada um estava pontuado. — É normal? Esses ataques.
— Às vezes — ela fala, dando de ombros. – Nem todo mundo que faz negócios comigo gosta de mim. — O sorriso é divertido, quase como se ela não soubesse o motivo disso, e presto atenção na forma que ela fala de suas atividades como negócios.
— Estranho, você é adorável. — Ela gargalha, se ajeitando na cama.
— Você tem experiência, como conseguiu? — Não preciso perguntar do que ela fala porque tinha visto o seu olhar atento quando peguei a arma, na biblioteca.
por um tempo, exército em outro. — Ela parece ponderar a minha resposta. Arrumo a sua blusa, cobrindo o machucado.
Seu olhar parece se perder no meu e os olhos se desviam para os meus braços, me dando conta de que talvez seja a primeira vez que ela tenha visto muitos detalhes das tatuagens que ocupavam um deles.
— Vai morar comigo? — A pergunta não tem provocação, talvez seja o anestésico fazendo efeito em sua mente, mas não tem implicância.
— É o que pessoas casadas fazem, não é? — A minha, ao contrário, é carregada com um tom ácido. Ela sorri divertida. — Quando você melhorar, vamos para o meu apartamento.
— Não, que seja aqui.
Não debato porque não sabia o que dizer. Tinha escutado quando ela perguntou quem me trouxe até aqui a Sergei, o que podia significar que o lugar não era conhecido por muitos. Concordo, por fim, não queria tê-la próxima demais da minha vida e quanto mais eu ficasse da dela, melhor seria.
Sua casa é um exemplo de modernidade e elegância, localizada em um bairro nobre da cidade. A residência é uma estrutura imponente e contemporânea. Sua arquitetura é arrojada, combina linhas retas com formas geométricas e amplas janelas de vidros que fornecem uma vista panorâmica da cidade. Além desta casa, há apenas outras três no condomínio, mas eu não consegui imaginar a quem pertenciam.
volta a se mexer, ficando sentada e se aproxima de mim.
— Você precisa parar de se mexer. — Ela ignora o que eu falo.
A mulher se aproxima de mim, inclinando um pouco a espinha para se curvar até a altura de minha boca. Seu olhar se fixa ao meu, suas mãos passeiam pelas minhas e ela brinca com meus dedos.
— Tem uma coisa que não sai da minha cabeça. — Sua voz sai baixa e sedutora, de uma forma tão natural que a odeio por sequer se esforçar para ser tão sexy. — Quando estávamos no banheiro... — A lembrança faz meu corpo esquentar. A acolho em meu colo, envolvendo as mãos pelo seu quadril com cuidado. — Você enfatizou muito o fato que eu seria sua. Não tem medo que seja você a se tornar meu?
A pergunta me faz sorrir, embora a raiva da possibilidade me invada. De certa forma, a maneira que eu tinha rejeitado Emily e a forma que desde o primeiro momento nossos corpos fazem tanta questão de estarem juntos demonstravam que, talvez, eu já fosse mais dela do que pudesse me permitir a ser, mas a maneira que ela estremece em meu colo quando acaricio sua coxa, diz que estamos na mesma página.
monta em meu colo, se posicionando com uma perna em cada lado do meu quadril, sentando-se sobre o meu caralho, que logo começava a dar sinal de vida. Encaro os seus lábios inchados, mordendo com força o meu próprio para me conter e não a beijar, no entanto, ela não faz o mesmo. Sua boca rapidamente busca a minha.
Espalmo as mãos por sua bunda, apertando suas nádegas e as abrindo e fechando com firmeza, fazendo-a roçar em meu colo. Minha boca pega a sua com mais urgência, mordo o seu lábio inferior, chupando-o. Sua língua invade a minha boca com pressa e ela geme abafado por conta do beijo, não sei identificar se é pela dor do machucado em sua barriga ou por prazer.
— O que está fazendo? — A pergunta óbvia a faz sorrir, separando sua boca da minha. Os lábios habilidosos descem por meu pescoço e sua mão se enfia entre nós, amassando o meu pau por cima da calça que eu visto.
— Consumando o nosso casamento — responde baixo, a respiração quente contra a minha pele me arrepia por inteiro. — Para que seja válido.
Ignoro o fato de que o casamento nunca seria válido, porque, por alguns minutos, desejo tê-la assim em minha cama todos os dias. Minha mão busca a barra da blusa dela e puxo pra cima, fazendo os seios pularem. Decido que daria a atenção planejada quando fui interrompido mais cedo. Jogo meu corpo sobre o dela, ficando por cima do seu corpo e retiro a sua calcinha, deslizando a peça pelas suas pernas macias.
Por mais que ela fosse apenas um trabalho, estar com ela fazia parte da estratégia e do planejamento da missão, eu apenas faria isso com prazer. Tê-la, embora fosse corrompedor, não seria nenhum sacrifício.
— Quantas faces você possui? — A pergunta, embora seja retórica, é carregada do desejo que eu sinto em decifrar cada pedaço daquela mulher.
— Mais do que você poderia saber — ela devolve, no mesmo tom. Busco sua boca com raiva, beijando-a com fome.
Deslizo os beijos quentes por seu pescoço e passo a língua no vale entre os seus seios, antes de segurar um com as mãos e mordiscar o mamilo rijo entre os dentes. Chupo-a, mordo-a e lambo-a. é a pior droga que um homem podia imaginar e eu estou sendo amaldiçoado agora. Ou abençoado.
Ela estica as mãos no colchão, gemendo enquanto brinco com seus peitos. Beliscando um e chupando o outro, dando-lhe dor e prazer.
— Talvez eu te convença a me contar cada uma delas — sussurro, minha língua descendo por sua barriga, enquanto ela estremece com a respiração mais fraca. Deixo um beijo suave no curativo que cobre seu machucado e abro suas pernas, posicionando meu rosto ali. A encaro e ela fecha os olhos, agarrando os lençóis.
— Abra os olhos — ordeno, em um tom autoritário, e ela obedece a tempo de me ver abocanhando sua boceta.
Antes que ela responda, empurro mais das suas pernas, deixando os joelhos encostarem em sua barriga, a deixando aberta e exposta para acomodar mais de minha língua. Ela aperta com mais força os lençóis entre os dedos.
A minha língua passeia do seu clitóris até a outra extremidade, rodeio na parte superior, sentindo o maldito gosto do inferno que ela tem e desço até a entrada de sua boceta, entrando com a pontinha molhada. Ela abre mais as pernas, não conseguindo controlar as sensações que normalmente ela tentaria não demonstrar, os seus peitos sobem e descem com uma velocidade imensa e a forma que ela morde o lábio inferior me leva facilmente à loucura.
A morena ergue o quadril, tentando manter algum controle sobre minha boca, mas a seguro com um pouco mais de força contra o colchão.
Ela já estava controlando minha mente, eu não a deixaria controlar o nosso sexo.
Ela geme alto, gritando, seu corpo se contorce assim que os movimentos são frenéticos em seu clitóris. Chupo de forma suave, vendo-o dobrar de tamanho com o leve inchaço devido ao prazer. Não deixo que ela se recupere, não afasto a minha boca da sua boceta, não queria parar de sentir o seu gosto. A respiração dela se torna pesada, ela se contorce mais e tenta fechar as pernas de forma involuntária, mas as seguro abertas, sem parar de subir e descer a minha língua, sugando cada gota que escorria da minha mulher.
Ainda trêmula, ela se levanta disposta a retribuir o favor e sorrio quando suas mãos encontram o meu zíper. Enquanto ela desabotoa os botões da minha calça, me livro da camiseta que uso, jogando-a em algum lugar do quarto. Ela desce, junto com a cueca e a sinto estremecer pela segunda vez.
podia ser maldita como o demônio, mas era doce como pêssego.


Capítulo 12


You are the cold inescapable proof
You're the evil, the way in the life, and the truth
You're revival beginnin' and you're genocide
And I watch in wonder

Put It On Me – Matt Maeson



Observo seu corpo sem roupas e sinto o meu corpo estremecer aos poucos. O seu pau duro pula da cueca quando a puxo e o vejo se livrar das peças, ficando completamente nu. Ele não iria se negar a mim e eu agradeço aos céus por isso, porque preciso incansavelmente desse homem.
Ele se senta sobre a cama, chamando-me com uma das mãos e desço do colchão, ajoelhando-me no chão. A essa altura, nem mesmo a dor do corte consegue me causar algum sentimento que não fosse tesão por Maximus. Me aproximo do seu caralho, é grande, grosso e pesado. As veias saltadas me fazem salivar para tê-lo em minha boca e não me nego ao desejo que sinto.
Deslizo a mão pela base, masturbando-o vagarosamente para cima e para baixo, fazendo a pele dele se mover. O olho, apreciando a vista que tinha do seu rosto, suas têmporas saltando com o tesão que ele sente. Me curvo, levando a língua à cabeça rosada e inchada do seu caralho, o gemido dele é contido, mas suas mãos se envolvem em meu cabelo, deixando-me ciente que a qualquer momento seria dele os movimentos.
As veias pulsam contra a minha mão e me deleito ao sentir as texturas macias de sua pele em minha boca. Faço círculos com a língua, lambendo a extensão de sua glande e passando-a centralizada no meio do seu pau. Seu corpo se tensiona e relaxa em segundos. Levo a mão livre até as suas bolas, apertando suavemente em uma massagem e desço a minha língua lá, o lambendo.
Embora não haja terminações nervosas ali, a forma que ele estremece demonstra o quanto ele gosta do gesto e da atenção que dou. Subo a língua por toda a extensão do seu pau e volto a empunhá-lo em minha boca. Engulo, centímetro por centímetro até onde alcanço e onde não alcanço bato uma punheta.
— Cadela filha da puta — ele geme, segurando meu cabelo com mais força e me fazendo engolir tudo. Engasgo, o empurrando e ele se afasta, vendo um fio de baba escorrer pelo meu queixo, ligando-se à cabeça do seu pau. — Abre bem a boca que cabe.
Tento me arrumar para engolir o máximo que consigo e o obedeço, abrindo bem a boca enquanto deixo a pontinha de minha língua encostar no meu lábio inferior. A visão parece levá-lo ao céu com a forma que ele geme, urrando pelo tesão que sentia em me ver tão entregue para ele.
Sem aviso, Maximus levanta da cama, ficando em pé à minha frente e volta a se enfiar dentro de minha boca, dessa vez indo até o talo. Consigo sentir seu pau encostar no céu da boca e me alcançar a garganta, rasgando-a conforme entra. O engasgo vem forte e tento me afastar, mas ele me segura ali. Levo as mãos até suas bolas, apertando levemente e ele me solta com o aviso, sorrindo divertido.
Sua mão me puxa para cima, pelos cabelos, e solto um gemido ao sentir a dor no meu couro cabeludo. O homem me guia até a cama e se acomoda entre minhas coxas, abrindo as minhas pernas com a força e o peso das dele. O sentia duro como pedra roçando em minha coxa.
— Não — digo baixo, ele me olha em dúvida. Faço força para me virar, ficando por cima. — Eu fico por cima. — Ele parece pensar e mordo o lábio inferior dele para mim.
Ele concorda, deixando que suas mãos contornem cada pedaço do meu corpo, com força, marcando e memorizando.
Me estico, apenas o suficiente para alcançar o móvel pequeno ao lado da minha cama, abro a gaveta, tateando de forma desesperada enquanto os gemidos ficam mais altos quando Maximus volta a chupar meus peitos e, assim que encontro o embrulho pequeno do preservativo, o abro. Envolvo o pau dele com as mãos e o posiciono na entrada de minha boceta.
Sem esperar, o loiro segura meu quadril e o puxa para baixo com força, metendo-se dentro de mim em uma única vez. Busco o seu olhar assim que ele força meu quadril para que eu não me mova e me encara, os olhos grandes e azuis que brilham. Abro a boca, gemendo dolorida quando ele sobe meu quadril e volta a descer, indo fundo dentro de mim, até suas bolas estarem rentes à minha bunda.
Maximus se curva para frente, envolvendo a minha cintura em um abraço e eu rebolo, terminando de engolir ele por completo. Tomo o controle dos movimentos, subindo e descendo em seu colo, devorando-o assim como ele fazia comigo. Eu estava suada e ofegante, mas ele não estava assim tão distante do meu estado. Suas mãos largas e grandes envolvem o meu quadril e ele afunda os dedos ali com mais força do que já tinha colocado até agora, amassando a minha carne sem pudor algum. Os seus olhos passeiam pelas minhas tatuagens pequenas e escondidas e rezo para que ele não pergunte sobre nenhuma delas.
— Porra, . Você não devia ter uma boceta tão gostosa. — Sua respiração quente acaba com toda a minha sanidade e os gemidos começam a se misturar conforme ele me fode mais rápido.
Os sons dos nossos corpos colidindo ocupam o quarto como ecos, mordo seu ombro com força, aliviando um dos meus gemidos ali. Fecho os olhos, não suportando o vulcão que parecia querer entrar em erupção dentro de mim. Minha boceta se contrai, apertando-o mais dentro de mim, não querendo que aquela sensação acabe. Tudo me deixa perdida, os sons, o cheiro do nosso sexo, a forma que nossos corpos se grudam a cada estocada, a maneira que ele geme, urrando quando eu rebolo o quadril em círculos contra o seu caralho... Tudo é a fórmula perfeita para que eu gema implorando por mais dele.
Meu corpo amolece em cima do dele pelo segundo orgasmo oferecido e, antes que eu possa me recompor, ele também estremece, gozando sem sair de dentro de mim. Quando termina de gozar, ele me tira cuidadosamente de cima dele e me deita, ficando ao meu lado, tão destruído quanto eu estou.
Ignoro a sensação das minhas pernas trêmulas ou do colo do meu útero um pouco dolorido. Estou saciada, completa, feliz, satisfeita e completamente fodida.
Ele estava certo, depois de hoje, não tinha a menor possibilidade de eu querer outro sem ser ele me fodendo.


Capítulo 13


Baby, you’re bad for me, like drugs in my veins
You bring me up just to fall in deeper
Drifting into your voids
All time you’re making noise
You took the air that I breathe

Bad Drugs – King Kavalier



Percebo sua presença em passos lentos, sutis e silenciosos. Mordo levemente o lábio inferior porque mesmo que ela tentasse ser sutil, não tinha ideia de como o seu cheiro invadia por completo qualquer lugar que ela entrasse.
Dobroye utro — saúdo, com o tom de voz baixo.
Estava em sua cozinha e tinha preparado o café da manhã, já que percebi a ausência de funcionários.
— Não conseguiu dormir? — Sua pergunta é manhosa, típica de quem tinha recém acordado. Olho o corpo dela, não imaginando o quão mais linda ela podia ficar até vê-la com a camiseta que eu estava na noite passada. Em suas coxas tem algumas marcas e tento lembrar quando as causei.
— Eu acordo cedo. — A resposta é simples, e embora uma tensão estranha esteja entre nós dois, nossos olhares continuam intensos. — Gosto de ver o nascer do sol.
— Eu não acordo antes das nove. — Sua resposta veio com uma ponta de recriminação e sorri com aquilo.
— Tentando me ensinar as regras da casa? — pergunto, ainda a observando. , que leva as mãos até os olhos, esfregando os dedos ali como se forçasse ela própria a acordar.
Eram sete da manhã e ela não podia estar mais linda. Filha da puta.
Sirvo um copo do suco de maracujá que eu havia feito em um copo e, sabendo que mantínhamos nossas desconfianças um com o outro, bebo um pouco antes de entregar a ela. segura, vendo-me pegar uma das panquecas e segue o mesmo passo, sentando-se no banco da ilha imensa de mármore.
— Por que um lugar tão grande? Você não parece gostar de cozinhar.
A pergunta vem natural, antes de acordar, aproveitei para inspecionar um pouco da casa e mapear os cômodos e os possíveis segredos de minha esposa. A sala de estar era ampla e arejada, com mobiliário moderno e confortável, as grandes janelas iam do chão ao teto, havia uma lareira aconchegante, embutida em uma parede revestida a pedra e alguns porta retratos de uma menina, que julguei ser ela quando pequena. Ao seu lado tinha também um menino, mas esse não quis chutar de quem se tratava.
A cozinha era contemporânea e funcional, com eletrodomésticos de última geração, bancadas de mármore puro e armários elegantes. Uma ilha central com banquetas transformava o lugar perfeito para refeições rápidas e a forma intocada que tudo estava, me dava a entender que ela passava pouco tempo na própria casa.
— Às vezes eu gosto — ela fala, de forma simples, minha mente traiçoeira logo a imagina de costas para o fogão, com o rabo empinado enquanto cozinhava. — Eu vou tomar banho.
Seu aviso, que mais parece um convite, surge e me controlo para não a seguir porque não tinha conseguido investigar tanto da casa quando eu queria. Espero que ela suba as escadas e vejo se ela realmente fez isso. Aproveito o momento para conhecer o espaço.
O hall, para minha decepção, não tem nada importante além de grandes e modernos quadros que se espalham por toda a casa. A entrada é espaçosa e minimalista, com um lustre deslumbrante que reflete a luz em padrões intricados. O piso também é em mármore.
No primeiro andar, encontro mais três portas. Uma dá acesso ao banheiro social que mantém o mesmo padrão da casa, com cerâmica, porcelanato e mármore. A segunda é uma sala de cinema e a terceira, que mais me interessa, é o seu escritório, dividindo-se com uma biblioteca em conceito aberto. As paredes revestidas com painéis de madeira, grandes janelas que trazem a luz natural e uma ampla mesa de madeira, com um computador ali. Imagino se é daqui que ela comanda os seus crimes quando ela mesma não participa disso ou se outra pessoa tem acesso às suas façanhas. As estantes de livros são alinhadas nas paredes, exibindo uma coleção cuidadosamente selecionada de obras literárias e deixando explícito o seu gosto pela leitura. Toda a casa possui o seu cheiro e amaldiçoo a cada cômodo que entro, não conseguindo tirar o seu sabor de minha boca, ansiando por mais dela.
Há um sistema de som, uma mesa auxiliar com cafeteira e uma seleção de chás e cafés gourmet. Os chás típicos de sua cultura, demonstrando que ela é uma russa fiel às tradições.
No andar de cima, há três quartos e uma sala fechada que eu não consigo invadir. O maior de todos é o dela, o seu santuário de luxo, com cama king-size e roupas de cama de alta qualidade, um banheiro privativo revestido em mármore e um closet enorme com mesa de maquiagem e espaço no centro para a sua infinidade de joias.
Para uma casa daquele tamanho não ter funcionários, provavelmente algo ali causa pânico em . É seu paraíso e eu tenho a certeza de que se algo relevante pudesse ser encontrado para gerar provas contra a russa, aquele era o lugar.
Ao subir as escadas, passo pela sala do segundo andar e pelo corredor, abro a porta do quarto, ouvindo o barulho do chuveiro e me controlo para não ir até lá, uma batalha perdida.
Entro com cautela, o cômodo é enorme e embora haja uma banheira de hidromassagem, ela estava despida no box, com o corpo repleto de espuma. Não me importo com o fato de que ela toma banho ao dormir e ao acordar, porque no momento a única coisa que importa é estar dentro dela novamente.
Me aproximo, parando na porta do box. Ela nota a minha presença, mas da forma mais cínica possível, ela finge não me ver. A maneira que ela se abaixa, deslizando a espuma pelas coxas, passando pela perna até chegar aos pés, se empinando pra mim, me dando a visão daquele rabo gostoso, solto um gemido com uma ideia maliciosa. Tiro a calça moletom que uso, aproveitando o fato que dormia sem cueca e me aproximo dela por trás. Sinto a água quente no corpo, minhas mãos a trazem para baixo das gotas que descem e, com calma, faço cada espuma que me impede de vê-la com detalhes sair.
O curativo não está mais ali. Em vez disso, apenas o corte se faz presente. Contorno com os dedos e desço as mãos para a sua boceta, abrindo os lábios maiores enquanto espalho água por ali, molhando, sentindo. Meu pau roça em sua bunda e ela empina mais, se oferecendo para mim, esfregando a bunda no meu cacete, que se endurecia cada vez mais.
Ela rebola, fazendo meus toques ficarem mais à vontade, masturbo-a vagarosamente com a ponta dos dedos e ela geme. Seu corpo se aperta contra o box de vidro, fazendo os peitos se amassarem na divisória gelada. Me afasto apenas o suficiente para bater naquela bunda grande, marcando-a. Com ela de costas, consigo ver o desenho de uma tatuagem, um trecho de algo escrito em uma língua que eu não consigo ler, mas que, pelas letras, imagino ser grego. Sem delongas, enfio um dos meus dedos dentro dela, enquanto continuo estimulando o clitóris com o polegar, queria que ela gozasse antes de fazer o que eu queria.
A mulher espalma as mãos no vidro à sua frente e pressiono mais do meu corpo contra ela, o cacete duro no meio da sua bunda e a sua barriga encostada no vidro, seus peitos ainda mais brancos pela força que eu fazia a empurrando ali. Deixo os movimentos em minha mão mais fortes, queria chupá-la ali mesmo. Ela geme alto e grita quando goza, deixando meus dedos mais melados. O retiro de sua boceta e os levo até a boca, chupando.
Deixo que a água molhe mais e paro para observar o seu corpo. tem um corpo incrível, uma bunda deliciosa que parece pedir por mim. A boceta molhada pela água e pelo orgasmo, os lábios pequenos... Levo um dos meus dedos até a região do seu cuzinho apertado, pressionando ali. Ela geme, mas não me afasta, em vez disso, consigo apenas ver a careta que ela faz com o toque. Em uma ideia, desligo o chuveiro, a puxando até a pia, a coloco de bruços ali e ela se apoia, segurando o mármore com força, imaginando o que viria. Suas pernas ainda estão trêmulas e ergo uma delas até a pia, apoiando ali. A boceta arreganhada, o cu apertado, pulsando. Inclino meu corpo ao dela, mordendo o seu ombro e a olho pelo espelho.
— Se você não quiser, eu paro — sussurro, trilhando um longo caminho de beijos por suas costas. Me ajoelho, abrindo a sua bunda com as duas mãos e passo a língua, pressionando-o com a ponta, ele se contrai. Aproveito a posição para voltar a estimular sua boceta, enfiando dois dedos ali enquanto toco delicadamente o seu clitóris sensível. Arrasto o melado de sua boceta até o seu cu. Enfio um dedo ali e ela geme, manhosa, ainda não estava sentido dor.
— Me beije — ela pede, implorando e eu obedeço, subindo para ficar de sua altura, viro seu rosto para o lado com um puxão de cabelos e devoro a sua boca com a minha, com fome.
Sua língua desliza entre os meus lábios, tomando posse com tanta fúria e desejo quanto os que eu próprio sentia. Em metade do tempo, queria matá-la, na outra metade queria estar dentro dela. Como se a ira me dominasse e a única forma de acabar com isso era em seu corpo.
— Relaxe — peço, roçando a barba por fazer em suas costas, beijando a sua nuca. Seguro-a pelo quadril, tirando a mão de dentro dela e volto enfiar a mão em sua boceta, masturbando-a lentamente. — Eu quero que sinta prazer aqui, então respire e relaxe.
Embora o tom de voz seja autoritário, o timbre é suave. Encaixo a cabecinha do meu pau na entrada do seu cuzinho, imaginando a qual inferno aquilo me levaria.
— Vai doer um pouco, mas vai passar — prometo, beijando suas costas enquanto empurro.
A sensação de estar sendo esganado me toma por completo e jogo a cabeça para trás, gemendo enquanto faço força para continuar entrando. Não paro as minhas mãos, tocando-a com firmeza para que ela relasse. Ela geme, gritando com dor. Sua expressão fixa no espelho, onde ela alterna de si própria para mim. Abro mais a sua boceta, me enfiando por completo dentro dela e paro, dando tempo para que ela se acostume.
A expressão dolorosa deixa claro que essa era a sua primeira vez ali e me sinto vitorioso porque, mesmo que ela tentasse me tirar da mente agora, não tiraria o fato de que eu fui o seu primeiro.
Meus dedos a penetram pela frente enquanto meu caralho começa a avançar por trás, em movimentos lentos de vai e vem. Ela reclama, manhosa, desesperada. A expressão passa a dividir a dor com o prazer e percebo pelo seu rosto que ela começa a gostar.
— É bom — ela responde, ofegante.
Sim, bom pra um santo caralho. Mais do que eu queria que fosse.
Os dedos ágeis fazem com que o seu nervo duplique de tamanho, ela move as pernas com certa impulsividade e estremece embaixo dos meus toques, sua boceta pulsa e é quando vejo seu corpo ficar fraco que enterro com mais força.
gruda a unha na lateral de minha coxa, querendo devolver a dor e aliviar o prazer. Enquanto seu corpo trêmulo continua a fazendo respirar torto, volto a beijar suas costas de forma carinhosa. Sua boca volta a buscar a minha e abafo o gemido no beijo, sentindo o meu pau latejar dentro dela. Deixo um tapa forte em sua bunda, vendo minha mão se desenhar ali e sorrio safado. Afundo o nariz na curva de seu pescoço enquanto continuo os movimentos de vai e vem, os deixando mais rápidos e fundos. Sinto o cheiro do seu shampoo, do seu sabonete, se misturando ao suor que se acumula no seu corpo e a encho de porra.
Ela sorri para mim pelo espelho, cansada, exausta mais uma vez, e devolvo o olhar. Tiro o meu pau de sua bunda, espelhando minha porra por ali, marcando território como se ela fosse minha porque, na verdade, agora ela era.
Me recupero, arrumando a minha postura e a trago em colo para a cama. Olho o seu corpo, deitado sobre o colchão, marcado e suado. Admiro as tatuagens que tinha ali, nenhuma grande demais e todas devidamente guardadas como um lindo segredo. Passo os dedos pelo seu corpo, em especial por cada desenho em sua pele.
Ela tinha uma palavra tatuada em sua clavícula. Passo os dedos, cobrindo o nome “Nikolai” que tinha ali, estremeço apenas com a possibilidade de ser algum homem que a tocou.
Na vertical, desenhada na lateral do seu corpo, a frase misteriosa. Contorno-a também.
— O que significa essa? — Ela estremece, antes de falar.
— O destino é o que fazemos dele.
— Por que não em russo? — pergunto, sem ter certeza de que era essa mesma a linguagem da tintura.
— Por que é uma mensagem apenas para mim, muzh.
Aceno com a cabeça, percebendo que ela não queria entrar muito no assunto. Abaixo de seu quadril vejo a que, sem dúvidas, tinha me deixado mais louco.
A sua cintura levava um desenho de uma cobra envolta em flores, descendo direto para a sua boceta, mas não o suficiente para cobrir parte alguma da região. Ali não passo os dedos, ao invés disso me abaixo, beijando.


Capítulo 14


Pleased to meet you
Hope you guessed my name
But what's puzzling you
Is the nature of my game

Sympathy For The Devil – The Rolling Stones.



— Nikolai, eu não... Eu não aguento mais. — A respiração sai ofegante quando me curvo, me apoio entre os joelhos e tento recuperar o ar. Meu lábio inferior está machucado e sinto o gosto de ferro em minha boca.
— Você tem que aguentar. — A resposta veio firme e dura e me equilibro para não cair, sentindo a dor latejante em meu estômago. Com dificuldade, me apoio em pé, voltando a me posicionar. Ele passa os pés com força contra os meus, me derrubando com uma rasteira rápida. Sinto minha cabeça doer ao bater no chão, ainda que o lugar seja macio, devido ao gramado. — Você precisa ser mais forte do que isso se quiser que o papai te dê autonomia. Se você quer mandar no próprio destino, então seja forte o suficiente para conseguir guiá-lo, zvezdochka.
Não levanto, não consigo levantar.
Suas palavras me atingem com tanta força quanto seus golpes.
Paro por alguns segundos para absorver suas palavras e, enquanto isso, observo os detalhes físicos do meu irmão. Nikolai sempre fora muito bonito. Os cabelos eram tão negros quanto os meus e os olhos também possuíam a mesma tonalidade, mas seus traços eram mais firmes, mais definidos. Seu sorriso conseguia ser a obra de arte mais bonita de todo o mundo e não apenas porque ele tinha dentes brancos e alinhados de forma perfeita, mas porque o sorriso dele conseguia iluminar cada sombra obscura que nosso pai trazia para as nossas vidas. Ele me protegia diariamente, cuidava de mim e me treinava dia após dia, mesmo não precisando fazer. No fim, nós dois sabíamos que eu me casaria com alguém rico o bastante para agradar nosso pai. Eu me contentava com isso, mas não ele. Ele queria mais para mim.
Um barulho estrondoso é ouvido e encaro meu irmão de forma assustada. Sua feição sempre tranquila agora é carregada de preocupação. Rapidamente, Nikolai me tira do chão, me segurando para que eu não perca o equilíbrio.
— Vem — ele chama baixo, quando ouvimos vozes desconhecidas se aproximarem. — Rápido, zvezdochka.
O obedeço, passando por cima da minha dor e em estado de alerta. Corremos para dentro de casa e ele fecha a porta. Subimos as escadas até o quarto do nosso pai. Nikolai nos tranca no closet e faz um sinal para que eu fique em silêncio. Minha respiração é pesada, descontrolada. O medo toma conta do meu corpo quando os passos vão ficando mais próximos. Apoio o rosto entre minhas pernas, encolhida e acuada. Ele me abraça com força, como se dessa forma pudesse se transformar no meu escudo humano, e me aninho nos braços dele.
— Passarinhos... — Ouço a voz desconhecida cantarolar. — Onde estão vocês? — O timbre é baixo, ele canta como se fosse uma música e observo Nikolai tenso quando risadas ecoam do lado de fora.
Fecho os olhos e embora o medo aguçasse meus sentidos, sentir o cheiro do meu irmão me acalmava. Me escondo em seus braços, que não eram tão maiores que os meus, e ele me aperta com força, apoiando o rosto no topo de minha cabeça.
Por alguns minutos, breves minutos, me desconcentro de tudo que está acontecendo. Do medo iminente, das pessoas desconhecidas que nos procuram, da ausência repentina dos empregados da casa ou da segurança omissa que devia nos proteger naquele momento. Por alguns minutos, só existe Niko e eu, me sinto protegida. Me sinto em paz, me sinto completamente e inteiramente segura.
— Achei vocês — a voz que cantava agora fala. Me levanto por impulso e Nikolai se coloca como um escudo na minha frente. Ele está tenso e a forma que trava o maxilar com os dentes me faz ver a raiva que ele acumula dentro de si.
— O que você quer? — Não consigo falar, mantenho os olhares assustados atrás do meu irmão, me segurando a ele com medo de que algo o aconteça.
— Seu pai tomou alguém de mim, garoto. — A voz é tranquila, serena de um jeito perturbador. Ele brinca com o objeto de madeira que tinha em mãos. — Ele me deve algo e agora eu vim cobrar a dívida. Você sabe como funcionam as coisas, sangue se paga com sangue.
— A filha dele é uma boa opção. Podemos nos divertir com ela e depois... — a outra voz desconhecida fala, mais aguda que a primeira, mais eufórica também.
Tento falar, tento protestar, mas minha voz não sai. Fica presa, junto a todo o pavor que há em mim.
— Vai ficar tudo bem — Nikolai sussurra preocupado, sua voz sai trêmula como se ele não tivesse certeza disso, mas confio nele. Confio no que quer que ele tenha em mente.
— Ouvi dizer que você é um bom lutador, garoto. Por que não mostra do que é capaz?
Seguro sua mão, tentando impedir que ele caia nesse jogo imprudente, mas ele me olha com os olhos azuis profundos e sorri. Em seguida, ele se solta de mim e um dos homens avançam nele. Nikolai lutava bem, mas era impossível que ele tivesse chance contra cinco homens adultos quando ele era apenas um adolescente de dezesseis anos.
Vai ficar tudo bem.
Repito mentalmente, várias vezes.
Vai ficar tudo bem.
Não consigo mais pensar, três dos homens avançam em Nikolai e caio no chão impotente e horrorizada. Observo tudo sem conseguir esboçar reação e me engasgo no próprio choro. Ele tenta lutar, mas é imobilizado.
Vai ficar tudo bem.
— Eu não vou deixar que a levem — ele murmura, entre socos e chutes, lutando com sua vida pelo meu nome.
Vai ficar tudo bem.
— Então mataremos você. — Balanço a cabeça repetidamente, até me sentir tonta. Minhas mãos seguram meus cabelos, tapando os meus ouvidos e dois dos homens erguem o corpo machucado de Nikolai. Ele me olha, com o sorriso mágico que tinha. Sangue sai de sua boca quando ele tenta falar. Quero dizer para que ele não fale, para que deixe que me levem, mas não consigo. Estou imóvel.
... — ele chama baixo e me esforço para olhá-lo. Meu choro se transforma em soluços.
— Nikolai, por favor... — A voz presa em minha garganta sai em um fio, com desespero, com pesar, com medo de perdê-lo. — Eles vão te matar. Por favor, por favor...
— Não tenha medo, zvezdochka. Eu sempre estarei com você, onde quer que eu esteja.
Grito desesperadamente, mas ninguém me escuta. O choro se faz cada vez mais presente quando vejo aqueles homens levando o meu irmão. Algo em mim se quebra, algo líquido se torna duro e eu sei que nunca mais vou me sentir amolecida novamente.
Dor é tudo que tem dentro de mim agora.
Nada ficará bem.
Jamais.


Capítulo 15


Say it, spit it out, what is it exactly
You're payin'? Is the amount cleanin' you out?

Bury a Friend – Billie Eilish.



A observo se remexer inquieta na cama, sua respiração fica pesada, quase como se estivesse prestes a ter uma crise de asma. Me aproximo de seu corpo com certa pressa, numa tentativa de acordá-la e só então percebo que ela está chorando. Seus olhos se abrem de forma brusca quando tento a colocar sentada e ela se afasta de mim com pressa, engatinhando para o lado oposto da cama. De repente não há mais uma tristeza nos olhos azuis cinzentos, em vez disso há raiva.
— Nunca mais toque em mim sem a minha permissão. — Sua respiração continua descontrolada e tento imaginar o que tinha causado isso nela. De repente ela dormia serenamente e horas depois estava no mais completo desespero. Me pergunto se são pesadelos repentinos.
— Eu estava tentando te ajudar. — A impaciência toma conta de mim porque me recordo que ela merece os fardos que carrega, independente do peso deles. — Não me culpe por ser atormentada pelas almas que você destruiu.
Um silêncio tenso se instala no quarto, trazendo consigo uma pausa carregada com a energia de nossa raiva mútua. Nossos olhos se encontram com as faíscas da tensão refletindo o conflito que nos envolve. Cada palavra trocada parece ser um passo mais profundo em direção a um abismo que se abre entre nós.
respira fundo, suas narinas se dilatando enquanto ela luta para recuperar o controle de suas emoções. A raiva ardente que ardila em seus olhos dá lugar a um olhar de desespero e tristeza, como se a batalha interna que ela estava travando fosse tão intensa quanto a que está se desdobrando entre nós.
— Eu não quero a sua ajuda, Maximus. — Sua voz treme ligeiramente, revelando a vulnerabilidade que ela está tentando ocultar. — Você não é a solução para os meus problemas. Na verdade, você é só mais um problema.
Suas palavras perfuram minha determinação, alimentando a chama da minha própria raiva. Eu quero gritar com ela, quero dizer que eu não estou ali para ajudar, mas sim para fazer justiça. No entanto, a tensão entre nós é tão densa que as palavras parecem presas na minha garganta.
Eu estou começando a perceber que a relação entre nós é muito mais complexa do que eu havia imaginado que seria. Há um abismo entre nossos objetivos e motivações, e a cada troca de palavras, esse abismo parece se alargar ainda mais. As emoções que surgem em mim são conflitantes. Eu sinto raiva pela morte de meu irmão e pelo que representa, e, ao mesmo tempo, uma espécie de compreensão por trás da fachada que ela tenta manter.
Eu sei que não posso deixar a raiva me consumir, que preciso manter minha cabeça fria se quiser cumprir minha missão. Mas, nesse momento, a frustração e o ressentimento estão fervendo dentro de mim.
— Não se preocupe, zhena. Eu não possuo o menor interesse em ser a solução de algum de seus problemas.
Com um último olhar para , eu dou um passo para trás, me afastando da cama onde ela permanece. Eu desço pelo corredor, tendo toda a mente tumultuada pelas emoções conflitantes que me assaltam. O eco das palavras de ainda reverbera em meus ouvidos, e eu luto para dar sentido a tudo o que havia acontecido. A raiva que eu inicialmente senti está sendo desafiada por uma compreensão emergente, uma compreensão de que a situação é muito mais complicada do que eu havia pensado. O seu choro demonstrava sua fraqueza e, por mais baixo que fosse, também demonstrava que havia algum lugar dentro dela que podia ser atacado.
Minha determinação em trazer à justiça permanece inabalável.
Eu me encontro na sala de estar, olhando ao redor como se procurasse por respostas nas paredes que me cercam. Minha mente está a mil por hora, considerando qualquer coisa que possa ser uma pista, cada fragmento de informação que eu havia coletado sobre e sua vida. Eu sei que preciso entender melhor sua história e suas motivações, é a única forma para ter uma chance real de cumprir minha missão.
Vou até a estante de livros, olhando os volumes que estão alinhados ali. É um gesto automático, como uma distração para a tempestade que está acontecendo em minha mente. Meus dedos correm pelas lombadas, mas minha mente está longe dali, eu estou mergulhado nas sombras do passado de .
E então, meus olhos pousam em uma fotografia emoldurada, escondida discretamente entre os livros. A imagem mostra sorrindo, ao lado de um homem que eu reconheço instantaneamente como . A imagem é um lembrete doloroso do que havia causado e do que eu havia perdido. Meu irmão havia sido enganado por ela, arrastado para sua vida criminosa e, por fim, havia perdido a vida por isso. E agora, ela está casada comigo, enquanto ele não passa de uma lembrança distante.
Minha raiva ressurge e eu me sinto traído. Traído pelo meu irmão que caiu nos encantos da russa maldita e não percebeu a teia de maldades que se envolvia. Por causa das escolhas egoístas dele, eu estou aqui agora, fingindo ser alguém para a polícia apenas para chegar perto de . Apenas para ter a minha vingança.
Eu preciso de respostas, não apenas para minha missão, mas para minha própria paz de espírito. Coloco a fotografia de volta no lugar com um movimento brusco.
A noite avança, mas eu não sinto cansaço. Minha mente está focada, a sede de vingança me impulsionando adiante. Eu estou determinado a trazer justiça para as vidas que ela havia arruinado e para o irmão que ela havia tirado de mim.
havia despertado uma parte obscura de mim, uma parte que eu não conhecia totalmente. Eu não podia deixar que essa raiva me consumisse, mas também não podia ignorá-la. Era uma força que eu precisava canalizar, direcionando-a para meu objetivo final: fazer pagar por suas ações, não importava o que custasse. Eu estava ali para fazer justiça, e isso era o que eu faria.


Capítulo 16


You make me feel like a child, it's true
You make it seem like it is something brand new
I've never met as agile as you
You have a way with doing the things you do, yeah

Body – Rosenfeld.



Quando Nikolai morreu eu entendi que a vida não seria justa comigo. No dia seguinte, recebemos em casa uma caixa com o sangue dele. Era um dia cinzento e chuvoso quando recebemos a notícia de sua morte, como se o próprio céu chorasse a perda de meu irmão. Nikolai era estratégico, mas não era maldoso. Ele era tudo que eu tinha neste mundo.
O jovem de olhos azuis penetrantes sempre fora meu porto seguro, confidente e, acima de tudo, meu protetor. Ele fazia parte da Bratva, como o meu pai, mas sempre tentou me manter longe desse mundo. Talvez fosse por isso que a notícia de sua morte me atingiu como um soco no estômago. Onde quer que ele estivesse, esperava que ele me perdoasse pelos caminhos que escolhi. Esperava que não achasse que sua morte foi em vão.
Naquela época, eu não compreendia totalmente o que estava acontecendo, mas sabia que a vida como eu a conhecia tinha acabado. Perdendo o meu irmão, fui jogada de cabeça no mundo do qual ele tentara me proteger. Foi nesse momento que algo dentro de mim se fechou. Se a vida poderia ser tão cruel, então eu seria tão cruel quanto.
Descobri que as pessoas só conseguem machucar quando chegam perto o suficiente para isso. As chances de perder alguém que ama são mínimas quando a única pessoa que você pode confiar é você mesma.
Embora o sonho tenha trazido lembranças passadas, a dor ainda estava no presente.
Minha mente vagueia até Sergei, como costuma fazer nos momentos de desespero como este. Por mais que dissesse que não confiaria em ninguém, o russo conseguia me conhecer melhor do que eu mesma conseguia às vezes. Nos conhecemos quando eu era casada com e, desde então, ele nunca mais largou a minha mão. Mesmo sendo a esposa do seu chefe, por muito tempo o homem escolheu estar ao meu lado, sua índole era inabalável. Ele já havia mostrado e comprovado isso.
O tempo passa e, quando percebo que Maximus não havia retornado à cama, a desconfiança paira sobre mim. Ainda não confiava nele e no que quer que tinha em mente, talvez jamais confiaria no homem que se deitava comigo e me trazia, constantemente, as lembranças da alma do seu irmão. Ouvindo a minha intuição gritar, decido sair do quarto em passos lentos, procurando-o no cômodo que esteja.
O tempo curto parece se esticar à medida que eu me movo silenciosamente pelo corredor escuro da casa, com apenas a luz fraca da lua entrando pelas janelas. Cada passo que eu dou ecoa na minha mente, formando uma batida rítmica de incerteza. Meu coração bate com força e uma sensação incômoda me envolve.
Eu não confio nele e a presença constante da memória do seu irmão torna cada interação com Maximus uma tortura emocional. O encontro em um dos corredores, aparentemente distraído enquanto olho para algumas notas em suas mãos. Ele se vira quando nota a minha presença, tentando esconder o que estava fazendo.
— ele diz, mantendo uma expressão fria e indiferente. — O que está fazendo aqui? Cansou de ser atormentada pelo mal que te envolve?
Sorrio com a ironia em sua voz, aproximando-me em passos lentos, até que paro em frente a ele.
— Eu poderia fazer a mesma pergunta a você, muzh. O que está fazendo aqui? — Minha voz é calma e controlada, mas há um subtom de desconfiança.
Ele hesita por um momento, claramente desconfortável com a minha presença.
— Apenas cuidando de negócios. Você não precisa se preocupar com isso. — Minha paciência se esgota, o pesadelo tinha me deixado mais desconfiada e eu não estava disposta a aceitar suas desculpas evasivas, no entanto, me controlo para não o deixar em estado de alerta. Quanto mais burra ele achasse que eu era, mais relaxado ele ficaria.
— Por que tentou me acordar? — A mudança de assunto faz com que seus ombros relaxem um pouco mais, comprovando que a sua culpa estava em alguns dos papéis em sua mão.
— Fiquei preocupado. — Tento ver mentira em sua voz, mas não a encontro. — Se você morrer enquanto dorme, todos vão achar que fui eu. E por mais ansioso que eu esteja para ver sua respiração falhar enquanto você engasga nas vidas que arrancou... — Seu corpo se aproxima do meu, sua mão direita se ergue até meu rosto, onde ele acaricia, limpando o molhado de minhas bochechas. Engulo a seco com a proximidade, odiando que ele enxugue minhas lágrimas. — Eu ainda não posso me livrar de você, zhena.
Sua mão arruma os fios rebeldes do meu cabelo, assanhados pelo colchão, e só agora percebo o quão vulnerável eu estou a ele. Quase nua, recém acordada após um pesadelo.
Seu toque em meu cabelo era surpreendentemente gentil, contrastando com a frieza que envolve suas palavras. Meus dedos deslizam por sua nuca enquanto eu observo as nuances em seu rosto, tentando entender o que ele está pensando. Maximus era um enigma, alguém que eu não conseguia decifrar completamente mesmo me esforçando para isso.
Gargalho divertida com a sua resposta.
— Você acha que é invulnerável, não é? — ele sussurra, sua voz agora está próxima demais, fazendo minha pele inteira se arrepiar. — Acredita que pode sair impune de todas as suas ações.
Minhas mãos param de acariciar sua nuca, mas eu não afasto o meu corpo do dele. Nossos olhares permanecem trancados um no outro.
— Não se trata de invulnerabilidade. — Minha voz soa calma, mesmo que minha mente esteja um turbilhão. — Trata-se de sobrevivência.
Ele franze a testa, como se minhas palavras o perturbassem de alguma forma. Maximus não era alguém que gostava de ser desafiado, mas eu também não era do tipo que cedia facilmente.
— E você se considera forte? — ele pergunta, sua mão desliza pelo meu pescoço, deixando um rastro de calor em seu caminho.
— Mais do que você imagina. — Minha resposta é carregada de confiança, mesmo que no fundo eu saiba o quão frágil é a linha que nos separa.
Maximus se aproxima ainda mais, sua boca roça a minha quase me fazendo esquecer todo o jogo de poder que tinha entre nós, mas eu não podia permitir isso.
Não podia e não iria me entregar a ele.
— Se você acha que sua força vai ser capaz de te manter segura de mim... — Sua voz é um sussurro rouco quando ele fala, suas mãos seguram minha cintura com força, causando uma leve ardência na pele e ouço os papéis se amassarem entre o toque. — Você não me conhece tão bem quanto pensa, . — Após a fala rouca, ele finalmente une nossos lábios em um beijo cheio de tensão e desejo reprimido.
Eu o correspondo, percebendo que, por mais alta que eu tente manter minha guarda, o seu toque consegue permitir que ele entre um pouco. E odeio isso. Eu não permitiria que ele se tornasse minha fraqueza.
O beijo entre nós é intenso, uma mistura de desejo e hostilidade contida. Cada movimento de nossos lábios é carregado de tensão, como se estivéssemos lutando em uma batalha invisível, onde ninguém quer admitir a derrota.
Ele permanece me segurando com firmeza, sua mão desliza mais pela minha cintura enquanto seu corpo se pressiona contra o meu. Eu posso sentir o calor dele, a eletricidade que flui entre nós, mas também sinto a raiva subjacente que sempre existiu.
Nossos lábios se separam por um breve minuto e aproveito para respirar fundo, tentando recuperar a minha compostura facilmente perdida quando ele se apossa de minha cintura. Seus olhos estudam os meus, como se estivessem em busca de alguma fraqueza que ele pudesse explorar.
— Como uma pessoa tão maldita pode ser tão gostosa? — Sua voz é áspera quando ele fala, seus lábios roçam os meus enquanto ele se move para beijar meu pescoço, trilhando um caminho de calor entre mordidas e beijos famintos.
Meus dedos cravam em seus ombros e sinto uma mistura de prazer e frustração percorrendo o meu corpo. Eu não queria me entregar a ele sempre que ele me tocasse, mas era difícil resistir a isso quando todo o meu corpo reagia mais rápido que minha mente.
Ele ergue a cabeça para me encarar, seus olhos ardem em desejo e desafio. Era como se estivéssemos em uma dança perigosa, apenas esperando qual movimento nos levaria à queda.
Kukolka, temos um problema. — A voz de Sergei me interrompe, fazendo com que eu tente me afastar do meu marido. Maximus segura a minha cintura com mais força, impedindo que eu me distancie, e seu olhar paira sobre o russo em nossa frente, que sorri com sarcasmo e diversão. — Desculpe, interrompi o casal?
— Sergei, eu... — Não entendo porque minha voz sai um pouco trêmula enquanto tento me soltar do aperto de Maximus.
O loiro, por sua vez, mantém sua expressão impassível, mas posso sentir a tensão em seu corpo. Ele claramente não esperava que Sergei aparecesse naquele momento. Raiva parece se alastrar aos poucos pelo seu corpo.
Sergei avança um passo pelo corredor, cruzando os braços sobre o peito. Seu sorriso se alarga e ele parece se divertir com a situação.
— Não se preocupe, não estou aqui para julgar. — Ele lança um olhar provocador para o homem, que ainda me segura de forma firme. — Afinal, vocês dois são casados, certo?
Maximus finalmente me solta e dou um passo para trás, sentindo meu rosto corar.
— O que você está fazendo aqui, Sergei? — o loiro pergunta, mas Sergei apenas dá de ombros, ainda sorrindo. O moreno se aproxima de mim, beijando a minha testa com carinho sob o olhar atento de Maximus.
— Vim resolver negócios — fala, de forma simples, virando-se para mim. — A propósito, kukolka, você parece incrível esta noite. — A provocação é nítida e, por mais que, de alguma forma, me sentisse envergonhada, me divertia com a forma que Sergei sempre deixava Max desconfortável.
— Como você entrou aqui?
— Você devia se preocupar menos em como entrei aqui e mais em como vou tirar a sua esposa dos seus braços para resolver... negócios comigo. — Sergei parece desfrutar da situação enquanto me lança um olhar de cumplicidade.
Ainda em silêncio, observo o homem com quem eu estou casada. É perceptível a tensão de seu corpo, suas mãos estão fechadas em punhos ao lado do seu corpo, amassando ainda mais alguns dos papéis que segura. É evidente que a presença de Sergei o perturba, mas eu vejo o quanto ele tenta manter a compostura.
— Não acredito que tenha vindo aqui a essa hora da noite para resolver negócios.
Sergei dá de ombros e faz um gesto teatral. Preciso de todo o meu autocontrole para não gargalhar da cena.
— Às vezes, os negócios não têm hora marcada. — Seu sorriso malicioso não deixa dúvidas de que ele está se divertindo com a situação.
— Quais são os negócios?
O russo sorri de forma enigmática.
— Isso é algo que eu prefiro discutir em particular, Maximus. Com a sua esposa, é claro.
Em um gesto levemente possessivo, o loiro caminha até mim, se colocando entre Sergei e eu, deixando um beijo rápido em meus lábios.
— Tudo bem, mas não demore. — Me permito soltar a gargalhada que prendi em minha garganta.
— Não me espere, muzh.


Capítulo 17


Say it, spit it out, what is it exactly
You're payin'? Is the amount cleanin' you out?

Bury a Friend — Billie Eilish.



Quando e Sergei saíram, fiquei ali parado, com a sensação incômoda de que algo não estava certo. A presença de Sergei sempre mexia comigo de uma maneira que eu não gostava de admitir. E, mais uma vez, ele estava se intrometendo na minha vida, na minha missão. Não era exatamente ciúmes que eu sentia dele com , apenas não gostava da forma que ele tinha algo dela que eu não tinha. A maneira que ela confiava nele ou o jeito carinhoso que o olhava. Além disso, sabia que ele tinha traído pela russa. O sangue do meu irmão também estava nas mãos de Sergei.
Ao voltar para o quarto, sentei-me na cama, passando a mão pelo rosto enquanto tentava compreender o que estava acontecendo. Eu não confiava em Sergei e a ideia de que ele estava sozinho com me deixava desconfortável. A forma como ele enfatizou as palavras “sua esposa” não passou despercebida por mim, eu sabia que ele estava testando os meus limites, mas também sabia que isso havia sido uma referência direta ao meu irmão.
De repente, me senti culpado. foi morto pelas mesmas mãos que arranharam minha nuca no corredor, ele tinha sido casado com a mesma mulher que, agora, eu era. A culpabilidade pesou em meus ombros, me lembrando do porquê eu não devia ter ciúmes da maldita russa. Eu sabia que tinha vivido uma vida de segredos e mentiras com e eu também estava no meio disso agora. Não era apenas uma questão de identidade falsa ou missão, era a minha própria existência sendo moldada por circunstâncias que estavam muito além do meu controle.
Decidi ligar para Emily a fim de obter mais informações sobre Sergei. Eu precisava entender quem era esse homem e qual era a verdade por trás de sua relação com . Emily era a única que poderia me fornecer essas informações. Após algumas chamadas, finalmente consegui falar com ela. Sua voz era suave do outro lado da minha, trazendo-me de volta a mim mesmo.
— Emily, preciso saber mais sobre Sergei Ivanov. Quero todos os detalhes que você puder encontrar. Quero saber com quem ele está relacionado, seu histórico, qualquer informação que possa ser relevante.
Emily assentiu e pude ouvir o som de teclados digitados ao fundo enquanto ela começava a trabalhar.
— Vou reunir tudo e entro em contato assim que tiver algo relevante.
Enquanto esperava por mais informações, decidi ir para o único lugar que eu sabia que os dois estariam. A boate dela.


[...]


O segurança à porta não tinha uma expressão amigável, mas ele permitiu minha entrada, provavelmente por ordem de . Todos ali eram leais a ela e eu estava ciente de que estava pisando em território inimigo. Enquanto me movia através da multidão, pude sentir os olhares curiosos e hostis que eram direcionados a mim. Eles sabiam quem eu era, ou pelo menos quem eu alegava ser, e a notícia do nosso casamento tinha se espalhado rapidamente, como fogo, no círculo de lealdade em que ela vivia. Para eles, eu era o estranho em seu território, um intruso que precisava ser observado de perto, uma ameaça direta à imperatriz que os governava.
A atmosfera da boate de era uma mistura de decadência e luxúria. O ambiente estava repleto de pessoas dançando freneticamente, luzes piscantes, música alta e a sensação de que todos ali estavam vivendo intensamente o tempo inteiro, possivelmente movidos a alguma droga. Era um mundo à parte, um reino de prazeres e segredos.
Meus olhos encontraram a figura esguia de , dançando com graça no centro do palco improvisado. Seu olhar encontrou o meu, e, por um breve momento, parecia que o mundo ao nosso redor desapareceu. Ela sorriu de maneira provocante, deixando claro que estava ciente da minha presença. dominava o centro do palco, envolta em um vestido vermelho que realçava sua beleza mortal. Seus movimentos eram sensuais e provocativos, hipnotizando a todos ao redor. Era impossível não se deixar levar por sua presença magnética, mesmo que eu soubesse a verdade que estava escondida por trás de sua máscara. À medida que nossos olhares se cruzaram, seu sorriso provocante deixou claro que ela estava se divertindo com meu desconforto. Sabia que eu estava em seu território, que minha presença ali era um desafio. Mas eu não estava ali para me divertir, estava lá por um motivo, e não iria descansar até descobrir a verdade, por mais que escondesse-a tão bem.
Enquanto observava no palco, não demorou muito para eu sentir uma presença familiar se aproximando. Dmitri, seu pai, era uma figura imponente, com uma aura de poder que o precedia. Nossos olhares se encontraram, e, por um breve momento, tudo pareceu congelar.
— Maximus — Dmitri cumprimentou, com um sorriso sarcástico. — Vejo que decidiu se juntar à festa. Espero que o casamento não tenha sido um fardo muito grande para você. Sei que não é fácil lidar com e suas excentricidades.
Eu retribuí o sorriso com a mesma dose de sarcasmo, ciente de que Dmitri não era alguém para ser subestimado, no entanto, eu já estava no inferno de qualquer forma, uma dança com o Diabo não me queimaria.
— Pelo contrário, Dmitri — respondi, mantendo meu tom firme. — Meu casamento com tem sido uma experiência fascinante. Acho que somos feitos um para o outro.
Dmitri soltou uma risada cínica, como se estivesse apreciando algum tipo de piada interna.

— Ah, Maximus, sempre tão eloquente. — Ele deu um passo mais perto de mim. — Não precisa esconder a verdade de mim, eu sei que a minha filha é… complicada. Por mais que tenha a ensinado a ser uma boa esposa, nunca teve jeito com certas regras. Seu irmão que o diga. Oh, me desculpe. Seu irmão ainda é um assunto delicado?
A menção ao meu irmão trouxe uma onda de emoções que eu não conseguia controlar. Por fora, eu mantinha minha expressão fria, mas, por dentro, a lembrança da morte de queimava como uma ferida aberta. Dmitri sabia exatamente como cutucar minhas feridas, e eu não podia evitar a fúria que crescia dentro de mim.
— Você deveria ter cuidado com o que diz, Dmitri. — Minha voz era baixa e perigosa. — Eu não sei o que aguentava de vocês, mas eu não sou ele.
Ele deu de ombros, como se minha raiva fosse irrelevante.
— As coisas acontecem, Maximus. Você deveria se concentrar no futuro, não no passado. — Dmitri levantou o copo de uísque mais uma vez, como se brindasse à sua própria filosofia. — O casamento de vocês é o que importa agora, e eu espero que possamos encontrar uma maneira de conviver como uma família. As consequências vão ser devastadoras para todos nós caso não consigamos. O combinado foi que seus bens seriam dela em alguns meses, em troca você a teria em suas mãos. Eu cumpri com a minha parte, tornei minha filha a sua esposa, mas não vou deixá-la desprotegida. Se fizer algo com ela, eu vou te caçar. E você sabe, não há nada que um russo faça melhor do que caçar. Além de guerras, é claro.
Embora ele falasse de maneira civilizada, eu sabia que nada era simples quando se tratava da Bratva. Dmitri continuava a sorrir, mas havia algo sinistro em seus olhos. Ele não era um homem de meias palavras, e eu sabia que suas ameaças podiam ser tão afiadas quanto uma lâmina, mas havia verdade em cada palavra.
— Posso não ser o pai do ano, mas estou disposto a fazer o que for necessário para manter minha filha segura, Maximus — ele disse lentamente, deixando cada palavra ecoar no ar. — E você, como seu marido, tem a responsabilidade de garantir que isso aconteça.
Eu não sabia o que ele estava sugerindo, mas uma coisa era clara: ele não confiava em mim. E eu também não confiava nele. Dmitri era um homem perigoso, com muitos segredos e recursos à sua disposição.
— Não se preocupe. Vou fazer o que for preciso para proteger , Dmitri. — Minha voz saiu firme, mas havia um subtexto não dito: eu também faria o que fosse preciso para descobrir a verdade sobre o que realmente aconteceu com . E vingá-lo.
Dmitri assentiu, como se estivesse satisfeito com minha resposta.
— Espero que sim, Maximus. Para o bem de todos nós.
Dmitri não fazia ideia de como eu estava determinado a chegar ao fundo de tudo. No fim, o único bem que importava era o meu.
se aproximou de nós com um sorriso radiante no rosto, parecendo não perceber a tensão que pairava no ar. Seus olhos se moveram de mim para o pai e de volta para mim, e tenho certeza de que ela notou algo de estranho em nossa interação.
Muzh, achei que tinha o deixado em casa. O que você e meu pai estão tramando por aqui? — ela perguntou, com um toque de diversão.
Eu a olhei, lembrando-me do que Dmitri acabara de insinuar sobre a complexidade de sua personalidade, nisso ele não mentia. era uma mestra em esconder suas verdadeiras intenções e emoções.
— Apenas uma conversa educada entre família, Zvezda moya — respondi, tentando manter um tom leve, apesar da ansiedade que borbulhava sob a superfície. — Seu pai e eu estávamos apenas discutindo nossas opiniões sobre casamentos.
Dmitri fez um som de aprovação, como se estivesse concordando com o que eu acabara de dizer.
— Ah, casamentos, um assunto tão fascinante. — sorriu, mas seus olhos brilharam com malícia. — Espero que vocês tenham chegado a uma conclusão satisfatória.
Eu sabia que ela estava jogando, tentando nos testar. não era a mulher inocente nem mesmo quando ela tentava aparentar. Ela estava no controle, e eu tinha que admitir que era isso que me atraía nela. Sua mente afiada e sua astúcia eram como ímãs.
— Ainda estamos trabalhando nisso — respondi, mantendo a resposta vaga.
deu um passo ousado e inesperado, seus olhos encontrando os de Dmitri. Ele a encarou com uma chama desafiadora brilhando em seus olhos.
— Outra coisa me veio à mente agora. O que o seu marido acha de tê-la dançando para vários homens no palco de uma boate?
Dmitri soltou uma risada seca, desfrutando claramente da tensão que se formava entre nós.
— Papai, eu sempre gostei de dançar. Isso não deveria ser uma surpresa para você ou para o meu marido. Seja ele quem for.
— Ah, minha filha, você sempre foi teimosa. Mas as coisas mudaram, e agora você é uma esposa. Deve respeitar a vontade do seu marido.
— Minha mulher não precisa pedir permissão. — Minha voz soou inabalável e determinada.
Não importava o que o passado tivesse sido, agora eu estava determinado a moldar o presente de acordo com minhas próprias regras. Agora eu era o marido de , e ninguém, nem mesmo Dmitri, ditaria as regras do nosso relacionamento.


Capítulo 18


Tales of an endless heart
Cursed is the fool who’s willing
Can’t change the way we are
One kiss away from killing

River — Bishop Briggs.



— Muito bem, então. — Meu pai fez um gesto para que o garçom se aproximasse e pediu uma garrafa de champanhe. — Um brinde ao futuro, que ele seja próspero e cheio de alegrias. — Seu olhar era diretamente direcionado a mim. E eu sabia o motivo disso.
Dmitri se afastou com um aceno, deixando Maximus e eu sozinhos naquela boate que estava se tornando palco de nossas interações. Não demorou muito para que ele viesse em minha direção, seus olhos intensos em mim.
— O que você está fazendo aqui, Maximus? — provoquei, minha voz soando desinteressada.
Ele inclinou a cabeça e sorriu, como se soubesse exatamente o que estava fazendo comigo.
— Você sabe o que dizem, zhena. O fogo sempre encontra uma maneira de se acender. — A sua voz foi seguida com uma pontada de diversão, que logo sumiu quando seus olhos foram direcionados ao salão. — Merda. — Ouvi o meu marido xingar baixo e acompanhei o seu olhar até uma loira que havia acabado de entrar, acompanhada. Um gosto amargo parou em meus lábios quando o vi sair apressado.
A sensação de incômodo aumentou quando Maximus se aproximou daquela loira. Eu permaneci onde estava, observando discretamente, mas era impossível ignorar a tensão no meu peito. Ela era uma mulher atraente, não havia como negar. Seus cabelos loiros brilhavam na luz da boate, e sua postura confiante a destacava em meio à multidão. Ao vê-los conversando, algumas perguntas pairavam em minha mente, com uma se destacando. Por que ele estava tão interessado naquela mulher?
Eu não sabia quem ela era, mas a conexão entre os dois era evidente.
Sergei se aproximou de mim, notando o desconforto que eu mal conseguia esconder. A sensação de ciúmes queimava dentro de mim, mas eu não queria admiti-la. Em vez disso, dei de ombros, uma resposta vaga que não confirmava nem negava o que ele estava pensando.
Ele me observou atentamente, como um amigo que me conhecia melhor do que eu mesma. Não era preciso dizer em voz alta; ele entendia o que eu estava sentindo naquele momento.
— Você conhece aquela loira ou o homem com ela? — ele perguntou em voz baixa.

Olhei na direção de Maximus e da mulher, que agora pareciam ainda envolvidos em uma conversa. Meus olhos se estreitaram, avaliando-a de longe. Eu não a conhecia, mas havia algo nela que me incomodava. Maximus estava sorrindo, mas seu sorriso parecia forçado.
— Não conheço nenhum deles — respondi, finalmente, com um toque de irritação em minha voz. — Mas irei conhecê-los.
Aproximei-me de Maximus e da mulher loira ao seu lado com passos confiantes. A curiosidade me consumia aos poucos e a realidade de conhecer tão pouco de meu marido me bateu com realidade.
Inclinei-me ligeiramente, exibindo um sorriso cativante, mas meus olhos não escondiam o ar de desafio.
— Maximus, meu querido, quem é essa acompanhante adorável que você trouxe esta noite? — Minha voz soou doce, mas havia uma pitada de hostilidade em minhas palavras.
Maximus lançou um olhar preocupado na minha direção, como se estivesse me questionando sobre o motivo de estar ali. Retribuí com um olhar desafiador, deixando claro que não iria recuar tão facilmente. A mulher loira, por outro lado, manteve a compostura, sorrindo para mim, mas não revelou o seu nome. Cruzei os braços, mantendo meus olhos fixos nela.
A maneira como ela olhava para Maximus, como se conhecesse segredos que eu não sabia, me incomodava profundamente.
Ela sorriu de maneira maliciosa, como se estivesse se divertindo com a minha reação.
— Que mal educada eu sou. Prazer, me chamo Sofía. Maximus e eu temos uma… história engraçada. Um dia lhe contarei. — Ela se aproximou de Maximus e eles trocaram um olhar que me fez sentir deslocada. — Não sabia que ele havia se casado. Desculpe, você é?
Petrov — murmurei, enfatizando o sobrenome do meu marido com um toque de desafio. Eu não gostava nada do tom provocador da loira. Sofía inclinou a cabeça e me encarou nos olhos, sua expressão era indecifrável.
— Como você conhece o meu marido? — perguntei, minha voz firme, mas cheia de desconfiança. Olhei atentamente para a expressão de Maximus, que não parecia nada feliz com a situação.
— Você sabe, Maximus tem um passado interessante. — Ela sorriu, deixando claro que estava provocando. — Nós tivemos alguns negócios juntos. Mas parece que ele encontrou algo mais interessante agora.
Maximus permanecia em silêncio, o que só aumentava a minha irritação.
— Se me dão licença, gostaria de dedicar mais da minha atenção à minha esposa. — As mãos do loiro encontraram minhas costas e deixei que um sorriso de canto escapasse de meus lábios com a impossibilidade de continuar tecendo perguntas à visitante da noite.
Ela assentiu com um aceno de cabeça, aparentemente satisfeita com a desculpa, e Maximus me conduziu pela cintura através da multidão dançante. Senti o calor do seu toque e o som da música alta gradualmente se dissipando enquanto nos afastávamos da pista de dança.
Acompanhei Maximus até um quarto discreto que ele me guiou com confiança. Assim que fechou a porta atrás de nós, o silêncio envolveu-nos, criando um contraste notável com o barulho da festa lá fora.
— Sofia, hm? — A pergunta saiu mais rápido do que eu gostaria e tentei controlar o tom conforme me sentava sobre a grande cama que eu deixava reservada quando os negócios estavam mais longos no bar.
— Não sabia que você era ciumenta.
— Eu não sou.
— Espero que não. Você é a minha esposa. — Seu tom era suave, mas firme, enquanto seus passos seguiam até mim. Ele parou em minha frente, abaixando-se apenas o suficiente para alcançar a minha boca. Não me movi, não busquei seus lábios embora sentisse vontade disso. Queria que partisse dele.
Como se lesse meus pensamentos, sua boca encaixou na minha e seus lábios buscaram os meus com certa fome.
— O que estava fazendo com Sergei aqui? — A pergunta saiu abafada e ele afastou sua boca da minha, me encarando.
— Discutindo negócios. — Seus lábios então distribuíram um caminho de beijos pelo meu queixo, descendo até o meu pescoço. O contato quente com a minha pele me causava arrepios impossíveis de serem controlados. A química entre nós chegava a ser irresistível. Complexa, assim como nossa relação.
— Em uma boate? — Sua pergunta, embora carregada de incredulidade, me fez rir. Levantei vagarosamente da cama, voltando a ter o domínio da situação. Guiei o meu marido até a cama, fazendo com que ele sentasse ali e me posicionei em seu colo.
— Se eu quisesse traí-lo, Maximus, eu não faria isso em uma boate cujo acesso é livre para você. Não me subestime. — Mordisquei levemente o seu lábio inferior, percebendo sua falta de resposta àquela informação.
Ainda era possível ouvir a música que tocava lá fora, mas era o ritmo do meu coração que me assustava. A urgência que eu tinha dos lábios do loiro, a forma que meu corpo ardia em seus toques. Suas mãos se encaixaram em minhas coxas, onde ele apertou com força, arrancando-me um gemido rouco.
Movimentei os quadris de forma lenta, mas calma. Meu vestido subiu até a cintura enquanto o observei com um ar de desafio costumeiro.
— O que queria com meu pai? — Parei os movimentos, olhando-o com a respiração ofegante e segurando o desejo que tinha dos seus toques. Havia aprendido que homens com tesão eram vulneráveis, com respostas mais verdadeiras quando o seu sangue estava ligeiramente concentrado em outro local.
— O de sempre. — Sua resposta evasiva me incomodava. Rocei meus lábios contra os seus, mas antes que fizesse algum outro movimento, as suas mãos agarraram as minhas com certa força. — Ele me lembrou de Mikhail. Sobre sua morte e a raiva que sinto de quem o matou. — Nossos olhares se tornaram fixos um no outro, ele me encarou e a profundidade dos seus olhos me assustou por alguns segundos.
— Não é uma surpresa. Você só está comigo por isso, afinal — respondi, de forma simples, ouvindo-o sorrir com certo desdém.
— Por que o matou, ? — Era a primeira vez que essa pergunta era direcionada a mim de forma tão direta. O desconforto que ela me trazia fez com que eu me afastasse, saindo do colo de meu marido quase de forma imediata.
— Eu precisei. Ele era um meio para um fim.
, o que você fez... foi... — Ele parecia lutar para encontrar as palavras certas.
— Necessário — completei por ele.
Percebi seu olhar frio ser direcionado a mim e, de forma envergonhada, arrumei a alça do meu vestido e o seu comprimento. Então ele se afastou de mim, deixando-me sozinha no centro da pista de dança. O acompanhei com o olhar e em passos lentos, mas não intervi em nada no seu caminho. Ele estava indo em direção à loira que estava no salão, seus olhos encontraram os meus e senti algo arder dentro de mim quando ela o recebeu com um sorriso.


Capítulo 19


When it’s time, when it’s time
It won’t matter, it won’t matter
And it’s all because of you.

I was never there — The Weekned.



Eu caminhei através do mar de corpos na boate, me afastando de e da discussão que acabara de eclodir. As luzes piscantes e o som ensurdecedor da música se desvaneceram enquanto eu avançava na direção de Sofia, ou melhor, Emily. Ela estava no salão, como se estivesse esperando por mim, e nossos olhares se encontraram em meio à multidão. Uma troca de olhares foi o suficiente para comunicar que era hora de sair dali.
Sem dizer uma palavra, fiz um gesto com a cabeça, indicando que ela me seguisse. Virando as costas para a pista de dança, atravessei o salão e saí da boate. Emily continuou me seguindo de perto. O ar noturno era um alívio depois do calor e do barulho do interior. Assim que estivemos longe o suficiente, finalmente quebrei o silêncio.
— Você não deveria estar aqui, Emily.
Ela suspirou, seus olhos claros cansados encontrando os meus.
— Eu sei. Mas eu tinha que estar perto, precisava manter um olho em . Recebi o alerta de uma atividade suspeita e não sabia se você estaria aqui ou não. No fim pareceu ter sido um alarme falso.
Conduzi Emily para um beco próximo, longe de olhos curiosos. Não podia deixar que ninguém nos escutasse, menos ainda em um território tão familiar para minha esposa.
— E então, o que você descobriu sobre Sergei?
Ela ajeitou o cabelo loiro, visivelmente tensa, antes de começar a falar.
— Ele é um ex-militar russo altamente condecorado, mas abandonou as forças armadas há alguns anos. Desde então, ele se tornou uma espécie de mercenário, oferecendo suas habilidades a quem estiver disposto a pagar. Dizem que ele é um estrategista brilhante, um mestre no manuseio de armas e táticas de combate.
Eu ouvi atentamente, consciente de que Sergei era uma peça-chave em qualquer operação de . A confiança que ela tinha nele e a forma que andavam juntos a droga do tempo inteiro mostrava o vínculo que tinham.
— E quanto aos seus crimes? — perguntei a Emily.
Ela hesitou por um momento antes de continuar, escolhendo suas palavras com cuidado.
— Há rumores de que Sergei esteve envolvido em atividades ilegais, mas nada que a polícia possa provar. Há histórias de contrabando de armas, tráfico de drogas e extorsão, mas nenhuma evidência concreta. Ele sempre parece estar um passo à frente das autoridades, deixando poucas pistas para trás. — Isso explicava por que as autoridades não conseguiram pegá-lo até agora. Sergei era tão hábil em cobrir seus rastros que os crimes atribuídos a ele eram frequentemente baseados em fofocas e relatos de testemunhas, mas nada concreto que pudesse ser usado em um tribunal. — Parece que ele é bom em manter suas mãos limpas. Acreditamos que ele tenha uma rede de contatos influentes que o protegem.
Eu balancei a cabeça, absorvendo essa informação. Sergei era o que faltava para completar o quebra-cabeça. A relação entre ele e era uma pista crucial, e agora tínhamos a oportunidade de desvendar mais sobre suas operações.
— Isso é importante, Emily. Saber mais sobre Sergei pode ser a chave para derrubar . — Ela me olhou com determinação.
, eu quero ver na prisão tanto quanto você. E eu não vou recuar agora.
Eu sorri, admirando a coragem dela. Emily era uma agente corajosa e dedicada, e eu estava grato por tê-la ao meu lado. Emily soltou uma risada discreta, mesmo diante da gravidade da situação. Enquanto nos afastávamos do beco e caminhávamos pelas ruas escuras, seu comentário ecoou em meus ouvidos.
— Parece que sua esposa ficou enciumada em nos ver juntos — Emily murmurou, com certo divertimento.
Sacudi a cabeça com um suspiro.
não é capaz de sentir algo. Nem mesmo ciúmes.
Minha resposta soou amarga, como um lembrete constante da natureza fria e calculista de . Ela nunca se importou com os sentimentos de ninguém, apenas com seus próprios objetivos. Era isso o que a tornava tão perigosa.
Seguidos por alguns minutos em silêncio, caminhamos pelas ruas silenciosas enquanto Emily continuava a compartilhar as informações que coletara sobre Sergei. Sua voz era suave, mas sua expressão era séria.
— Além de suas atividades ilegais, também há relatos de que ele possui ligações com figuras políticas corruptas, o que o protege ainda mais. Parece que ele construiu uma rede de influência que vai muito além de nossas investigações com os russos.
Conforme Emily detalhava o alcance das conexões de Sergei, eu ponderava sobre os próximos passos a serem dados. Não podíamos simplesmente prender sem entender o papel dele em sua organização criminosa. E isso significava mergulhar ainda mais fundo no mundo das sombras que ela havia criado.
Enquanto continuávamos a explorar o labirinto de segredos, Emily e eu conversávamos, tentando aliviar a tensão que pairava sobre nós. Os minutos se transformaram em horas, e a madrugada estava próxima quando finalmente encontramos um café tranquilo, longe dos olhares indiscretos.

— Você não faz ideia de como é bom vê-lo de novo. — Emily sorriu, demonstrando ter um brilho afetuoso em seus olhos.
Olhei para ela e assenti com gratidão. Nossos caminhos haviam se cruzado no passado, e embora tenha sido uma conexão breve e intensa, era impossível esquecer a compatibilidade que nos uniu. Há vários anos, quando entrei para o corpo policial, era apenas um jovem determinado em fazer a diferença no mundo. Minha motivação era profunda, um desejo ardente de justiça que me impulsionou a seguir esse caminho. Destacando-me em minha formação, eu mostrava uma inteligência aguçada e uma habilidade excepcional para resolver casos complexos.
Foi durante meu primeiro ano no departamento que conheci Emily. Ela era uma agente experiente, conhecida por sua coragem e dedicação à missão. Reconheceu meu potencial e se tornou minha mentora, guiando-me através das complexidades do trabalho policial. Uma amizade profunda floresceu entre nós, uma cumplicidade que se tornou essencial no trabalho que fazíamos.
Com o passar dos anos, nossa amizade se transformou em algo mais. Nós nos envolvemos sexualmente, mas essa relação se provou complicada, obscurecida pela sombra do trabalho que enfrentávamos diariamente. No meu terceiro ano, recebi a notícia de que Mikhail havia sido morto, queimado vivo pela esposa. Após algumas pesquisas, cheguei ao nome de , desenvolvendo uma certa obsessão pela minha atual esposa. Como um marco do destino, o caso dos russos foi parar em nossa mesa e me impedi de ter algo que me ligasse emocionalmente a Emily. Ela entendia essa luta e respeitava minha decisão de manter uma certa distância.
Embora soubesse muito sobre mim, a loira não sabia sobre a minha verdadeira história de vida e sobre minha motivação neste caso, em particular. Mikhail era uma parte oculta da minha vida, um segredo que eu guardava zelosamente. A maioria das pessoas não sabia que éramos irmãos, separados apenas pela paternidade. Ele esteve presente durante a maior parte do meu crescimento, mas sua identidade permaneceu escondida por razões de segurança. Mesmo distante, ele foi quem cuidou de mim, me ensinando valores e o verdadeiro significado de família. Nossos laços familiares eram profundos, enraizados em nossa história compartilhada e nas lembranças que tínhamos do tempo juntos. Ele me ensinou a ser forte, corajoso e leal, mesmo quando estávamos separados. A saudade por sua ausência sempre foi uma sombra que pairou sobre mim, mas, ao mesmo tempo, foi também o que me deu uma razão para continuar lutando por justiça e pela verdade.
A raiva que eu sentia por era tão intensa porque se originava da sensação de que ela havia retirado de mim a única pessoa que realmente me ensinou o significado de família. A relação que compartilhávamos era um segredo guardado com carinho, uma parte da minha vida que não conseguia tocar.
Essa situação me trouxe a total falta de compromisso. Apesar do carinho e respeito mútuos, eu nunca consegui amar verdadeiramente Emily, porque sabia que estava comprometido em uma batalha pessoal com , a maldita russa que hoje conseguia me atrair e repelir ao mesmo tempo.
— O sentimento é mútuo, Emily. Você é uma das razões pelas quais estou determinado a pôr fim a tudo isso.

Ela abaixou os olhos, parecendo um pouco envergonhada.
— Desculpe não ter avisado sobre a visita inesperada na boate. Deveria ter conversado, somos uma equipe.
Eu sorri, tocando gentilmente sua mão.
— Você fez o que achou que era certo naquele momento. Não há ressentimentos.


Capítulo 20


Ty mne nuzhen kak vozdukh, Ty mne nuzhen, kak voda.
Potomu chto lyublyu ya, I ot tebya ne bezhat'.
Ty mne nuzhen kak tsvetok, Zapakh kotorogo na ladoni.
Mne s toboy vsegda khorosho. Mne s toboy vsegda khorosho.

Ty mne nuzhen — Alla Pugacheva.



A noite caía em um manto de escuridão enquanto eu contemplava o vazio da minha mansão. A irritação fervia dentro de mim, um fogo queimando em meu peito. Maximus havia saído com Sofia, a loira com a qual aparentava ter uma conexão mais profunda do que eu gostaria de admitir. Minha mente divagava entre a raiva e a mágoa, enquanto lutava para manter minha máscara de indiferença intacta.
Decidi que, por esta noite, esqueceria o homem que chamava de marido. Ele estava ocupado e eu não pretendia ser prisioneira de sua ausência. Meu coração era uma selva escura e intrincada, um lugar onde a lealdade e a traição dançavam em uma dança mortal.
A noite me pertencia, e eu planejava usá-la para obter algo de valor inestimável: uma pedra preciosa rara, um rubi conhecido como "O Sangue do Dragão", que estava exposto em um museu de renome. Eu não era e jamais seria a mulher que ficaria em casa, esperando os ânimos se acalmarem ou aguardando uma justificativa, eu era . E se Maximus pretendia se divertir, eu faria meu patrimônio aumentar.
O mundo do roubo de arte era um dos que mais me encantavam, não apenas pelos quadros, joias e estátuas, não apenas pela história que cada peça tinha, mas pelo respeito que você obtinha no meio disto. O mercado de assassinos de aluguel era visto como uma concentração de objetos descartáveis, uma raça desleal que forneceria apoio a quem pagasse mais caro. O tráfico de armas era bruto demais, exigia muitos contatos com a polícia e eu não confiava em ninguém que usasse uma farda, por isso a minha conexão era feita apenas com Matteo. Ele, como Don da máfia siciliana, me fornecia tudo que eu precisava, e em troca eu conseguia para ele o acordo que quisesse, com quem quisesse. As máfias possuíam interesses próprios, e, no meio disso, tínhamos nós, os apreciadores de arte. Apesar de não sermos tão… Unidos, há uma beleza reconhecida por todos que fazem este tipo de trabalho. Os riscos são grandes, hora ou outra, algum segurança morre, mas o faturamento consegue ser muito mais alto, com um risco relativamente pequeno em comparação aos demais.
Meus contatos me forneceram informações detalhadas sobre a segurança do museu e os procedimentos de alarme. Minha mente se moveu com precisão cirúrgica enquanto eu traçava o plano do roubo, cada passo meticulosamente coreografado. Vesti meu traje negro, que me fazia praticamente invisível na escuridão da noite. Com as ferramentas especializadas que eu adquiri ao longo dos anos, me preparei para invadir o museu e capturar o precioso rubi. A adrenalina bombeava em minhas veias, uma mistura de excitação e perigo, enquanto me aproximava do museu na calada da noite.

Eu não era apenas , a esposa de Maximus ou filha de Dmitri, mas também uma especialista em roubos de arte que deixava minha marca onde quer que passasse. A noite estava prestes a se tornar um palco para a minha próxima façanha, e ninguém estava preparado para a tempestade que eu estava prestes a desencadear.
A escuridão era minha aliada enquanto eu me movia silenciosamente pelos corredores do museu, minha mente focada na tarefa em mãos. Viktor, um dos meus parceiros de confiança, estava posicionado fora do museu, pronto para fornecer cobertura e garantir que tudo corresse sem problemas. A comunicação silenciosa por meio de dispositivos de ouvido era nossa conexão invisível, um elo entre a execução do roubo e nossa operação de segurança.
Nossos planos haviam sido elaborados com precisão e agora era a hora de colocá-los em prática. Viktor falou em meu ouvido, sua voz suave e calma, um contraponto à adrenalina que corria pelas minhas veias.
, conseguimos congelar as câmeras. Estou de olho nos movimentos. Tudo parece tranquilo por enquanto.
Mantive-me alerta, meu traje negro me camuflando nas sombras, enquanto me aproximava da vitrine que continha o cobiçado Sangue do Dragão. A pedra preciosa brilhava como uma gota de sangue cristalizada sob um anel dourado, seu valor inestimável era a razão pela qual eu estava disposta a arriscar tudo.
Viktor continuou a fornecer atualizações sobre a situação do lado de fora, informando sobre a movimentação dos guardas e as patrulhas de segurança. Eu sabia que tínhamos que ser rápidos e precisos. Meus dedos ágeis trabalhavam com as ferramentas de um ladrão experiente, enquanto eu desarmava os dispositivos de segurança e desbloqueava o vidro à prova de balas da vitrine.
Agora, com o caminho livre para a pedra preciosa, tomei um momento para apreciar sua beleza, apesar do frio queimando em meu coração. Aquela era a minha recompensa, o símbolo do meu sucesso. Cuidadosamente, peguei o rubi e o guardei com segurança, sabendo que nosso tempo estava se esgotando.
— Viktor, estou com a pedra. Como está a saída? — sussurrei, minha voz mal passando de um sopro.
Ele respondeu com confiança.
— A saída está limpa. A porta dos fundos está aberta. Você pode sair por lá sem ser vista. Temos cinco minutos.
Eu agradeci a Viktor silenciosamente enquanto me movia em direção à saída. Cada passo era calculado, cada movimento meticulosamente planejado. Nossa operação estava chegando ao seu clímax, e o sucesso estava ao alcance de nossas mãos.
No entanto, a sombra da amargura que me envolvia ainda persistia. Meu coração se dividia entre a euforia do roubo bem-sucedido e a dor de saber que o homem que eu chamava de marido estava ausente, envolto em segredos. O futuro continuava incerto, mas, por agora, a vitória era minha, e eu estava determinada a mantê-la a qualquer custo.
A noite estava envolta em silêncio, interrompido apenas pelo ronco do motor enquanto Sergei dirigia em alta velocidade pelas ruas da cidade. A pedra preciosa, O Sangue do Dragão, estava segura em um compartimento secreto do carro, e a euforia do roubo bem-sucedido contagiava o interior do veículo.
Eu não conseguia conter a risada, uma risada que refletia a adrenalina pulsando por minhas veias. Olhei para Sergei, de forma cúmplice, agradecida. Tínhamos uma relação carinhosa, uma conexão que, ao longo da vida, não senti com mais ninguém.
Ele esteve comigo desde o princípio. Ficou ao meu lado logo após o meu casamento com , quando eu ainda era uma jovem mulher recém saída da adolescência e forçada a me casar sob a constante influência de meu pai. A lealdade de Sergei era inabalável e a parceria entre nós era indestrutível.
Eu tinha pouco mais de dezoito anos quando me casei com Mikhail, um homem que era alguns anos mais velho do que eu. Naquela época, eu era jovem e inexperiente, e eu sabia que o casamento era a única saída para a vida que eu levava. Mikhail era rico, influente, e a promessa de riqueza e segurança que ele representava foi o que me atraiu a princípio, pelo menos foi no que eu busquei me atrair por ele. O casamento não foi uma escolha minha, mas usar as qualidades dele ao meu favor, sim.
Sergei era funcionário de Mikhail, um homem que servia como sua mão direita em seus empreendimentos criminosos. No início, ele era apenas um rosto entre os muitos que gravitavam ao redor do meu marido, mas logo notou as facetas cruéis de Mikhail, facetas que, com o tempo, eu havia aprendido a temer. Eu me lembro da primeira vez que Sergei me olhou com preocupação nos olhos, como se pudesse enxergar a prisão invisível em que eu me encontrava. Ele não era apenas um cúmplice nos crimes de Mikhail, mas também um homem que tinha seus próprios princípios. Conforme os anos passavam, nossa relação evoluiu. Sergei viu além da máscara de uma esposa jovem e ingênua que eu usava e reconheceu a prisão que era meu casamento. Ele me reconheceu enquanto pessoa e valorizou as minhas próprias escolhas. Sergei passou a ser meu refúgio, um ombro amigo em quem eu podia confiar, uma presença protetora que me permitia sonhar com uma vida além daquelas paredes douradas.
O que Sergei fez por mim mudou o curso da minha vida. Ele não apenas se tornou meu protetor, mas também minha âncora, alguém que me ajudou a ver o mundo além das garras cruéis de . Mas o que ele fez a seguir, pelo nosso bem-estar, foi o que selou nosso destino. Sergei percebeu a verdadeira extensão das crueldades que Mikhail e seu irmão impuseram a mim. A dor, o sofrimento e as humilhações que eu suportava nas mãos deles eram inaceitáveis e, não podendo mais suportar a visão do meu sofrimento, ele entendeu que a única maneira de nos libertarmos da tirania de Mikhail era traí-lo. E assim começou a agir nos bastidores, enfraquecendo as defesas de Mikhail e de seu irmão, minando suas operações e arrastando-os para a própria armadilha que haviam preparado para mim.
Nossa conspiração finalmente culminou em uma noite sombria, quando Mikhail e seu irmão se viram em uma situação em que não havia escapatória. Sergei me deu a oportunidade de finalmente enfrentar aqueles que me atormentaram por tanto tempo. Ele me deu a faca, o fogo, a gasolina e a coragem.
O que Sergei fez por mim, a traição que ele orquestrou, foi um ato de amor. Nikolai havia me ensinado a ser forte, Sergei havia me ensinado a ser livre. Quem eu era hoje se devia a vários fragmentos do que vivi, mas as partes boas eu dedicava a eles dois.
Enquanto Sergei estacionava o carro em frente à mansão, a emoção do roubo ainda corria em suas veias. Saiu do veículo ainda com um sorriso no rosto quando a porta da mansão se abriu para nos receber. O chamei para que entrasse comigo e ele seguisse o caminho, estacionando na porta da minha casa, caminhando comigo para dentro dela. O levei até meu escritório, ele me seguiu sem dificuldade em reconhecer o caminho. Eu confiava em todos com quem trabalhava, mas Sergei tinha algo meu que ia além da confiança.
Ali, em um espaço escondido do mundo, entreguei em suas mãos a joia roubada.
— Você pode guardar a nossa pequena vitória de hoje junto às outras?
Ele concordou com um aceno de cabeça, seus olhos refletindo a compreensão de que a joia precisava ser mantida em segurança até que decidíssemos o que fazer com ela. Mas então ele se virou para mim com uma expressão de preocupação.
, por que você voltou a campo?
Eu podia sentir a preocupação genuína em sua voz, uma demonstração de cuidado e carinho que ele sempre havia reservado para mim. Sergei era, e sempre seria, meu protetor.
— Às vezes a ação é necessária. Às vezes me esqueço rapidamente de quem eu sou ou da força que tenho, mas prometo que isso não se tornará um hábito.
Ele me puxou para um abraço reconfortante e fechei os olhos, me permitindo corresponder ao ato carinhoso que ele cedia.
Kulkoka, eu sei que você é capaz e se quiser eu te mostro e lembro disso todos os dias, mas o campo é perigoso. Não quero vê-la exposta a riscos desnecessários. Sua segurança é o que mais me importa.
— Eu amo quando me chama assim. — A confissão desajeitada o fez gargalhar.
— Que bom que ama, porque o seu marido parece querer me comer vivo. — Apesar do tom brincalhão, seu tom se manteve sério e eu sabia o que ele esperava que eu fizesse.
— Você tem razão. Eu entendo e agradeço pela sua preocupação e vou tomar cuidado. Não farei isso de forma irresponsável, prometo.
Os olhos de Sergei encontraram os meus e sua voz suave ecoou pelo nosso refúgio secreto.
— Você sabe, kulkoka… Eu não tenho ninguém e nunca tive medo de perdas, mas você é alguém que não estou disposto a arriscar. Eu daria minha vida por você se fosse necessário, então cuide de se manter segura para que eu me mantenha seguro.
Sorri com ternura, cativada pelo jeito que ele expressava seus sentimentos com um toque de humor. Suas palavras eram uma melodia que aquecia meu coração e eu podia sentir as ondas de carinho que emanavam dele.
— Eu amo você — respondi, de forma simples e em um tom baixo.
— Eu sei. — A resposta de Sergei foi simples, mas profunda, sua voz ecoando com a confiança que compartilhávamos. Não era necessário dizer mais. Nossa cumplicidade era inegável, forjada nas sombras da traição e da vingança, mas também alimentada pela amizade e lealdade que tínhamos um pelo outro.


Capítulo 21


I'm jealous of the rain
That falls upon your skin
It's closer than my hands have been.

Jealous — Labirinth.



Ao abrir a porta de casa, o choque foi imediato. Sergei estava saindo e eu o vi se despedir de com um beijo gentil na testa dela. Sem justificativa plausível, meu peito se apertou diante da cena. Eu sabia da relação complexa deles dois, não era surpresa as provocações, mas vê-lo ali, tão próximo de , mexeu com algo em mim que eu não sabia que existia. Estacionei o carro e entrei na casa, meu olhar direcionado diretamente para , que me observava com um olhar malicioso. Sarcástica como sempre.
— O que Sergei estava fazendo aqui? — perguntei, minha voz carregada de inquietação.
sorriu, mas havia um toque de desafio em seu olhar enquanto ela se aproximava de mim.
— Sergei estava apenas de passagem, muzh. Nada demais.
Minha respiração se tornou irregular e eu não podia evitar a sensação de que algo estava errado. Eu me aproximei dela, minhas mãos ansiosas por tocar sua pele, mas, ao mesmo tempo, meu coração se apertava com a ideia de que alguém mais pudesse se aproximar dela.
, ele estava te abraçando e a beijou na testa.
Ela riu, uma risada que era uma mistura de diversão e provocação.
— E daí, Maximus? Isso é só um gesto amigável.
Eu sabia que era tolo, mas não conseguia evitar a sensação de que aquilo era mais do que um gesto amigável. Eu estava lutando contra o ciúme, um sentimento maldito que parecia surgir a qualquer gesto da russa e que era completamente novo para mim. se aproximou mais, seus olhos encarando os meus de forma desafiadora. A tensão entre nós era quase palpável e nossas palavras se transformaram em uma troca de calor e desejo reprimido.
— Você está com ciúmes, Maximus?
Minha resposta veio em um sussurro rouco, um desabafo daquilo que eu estava sentindo, mesmo que não soubesse direito como lidar com o turbilhão de emoções que despertava em mim.
— Talvez um pouco. — se aproximou ainda mais e eu pude sentir a surpresa nos seus olhos. Ela não esperava que eu admitisse o sentimento confuso que surgia cada vez que alguém mais se aproximava dela, mas, no tempo que convivia com ela, havia percebido que a melhor arma contra alguém como era a verdade.
— Não deveria, tendo em vista que sua noite foi na companhia daquela loira — ela respondeu, uma faísca de provocação nos olhos.
A resposta foi afiada, mas eu não pude deixar de rir. era mestra em cutucar e eu sabia que seu objetivo era me tirar do sério. Aproximei nossos corpos, deixando que minhas mãos percorressem suas curvas com uma intensidade que queimava de desejo.
— Que loira?
— O papel de sonso não combina com você. — Sua voz soou com um toque de diversão, mas eu não estava disposto a dar a ela o prazer de me ver irritado. Minha mão subiu por seu quadril, enquanto a outra se enroscava em sua nuca, os dedos envolvendo os fios macios de seu cabelo entre meus dedos.
Nossos olhos se encontraram em uma batalha silenciosa de vontades, mas o desejo que sentíamos um pelo outro era mais forte do que qualquer provocação. Nossos lábios se uniram novamente em um beijo ardente, a paixão queimando entre nós com uma fome insaciável.
Foi quando a profundidade dos seus olhos azuis acinzentados afogou os meus que eu soube que, independentemente do que o mundo pudesse trazer, nada poderia apagar a intensidade dos nossos sentimentos. Voltei a buscar seus lábios com o mesmo desejo implacável que me assombrava sempre que estamos próximos demais um do outro. Ainda estavam unidos em um beijo ardente quando as palavras escaparam dos meus lábios, carregadas de uma intensidade que eu mal conseguia controlar.
— Eu não quero que nenhum outro homem toque você, . — Minha voz soou áspera, um grunhido rouco de desejo e possessividade. Eu estava deixando meu ciúme fluir livremente, admitindo o que eu não queria admitir, mas o desejo de tê-la só para mim era mais forte do que qualquer orgulho. Sua expressão se suavizou e ela olhou para mim com um brilho nos olhos. A provocação havia desaparecido, substituída por um entendimento mútuo.
— Maximus…
— Falei que minha mulher não precisa de permissão e quero que saiba que você realmente não precisa, mas se algum homem quiser te tocar, pedirá permissão para mim antes. — Não era uma demanda, era um pedido carregado de desejo e uma necessidade incontrolável de tê-la só para mim.
Ela se aproximou ainda mais, seus lábios roçavam nos meus enquanto seus olhos ardiam com a provocação iminente.
— Eu não sou muito boa obedecendo. E se eu não pedir permissão?
— Então eu vou ter que lembrar a você quem é o único que pode tocar o que é meu. — Minhas mãos a apertaram com firmeza, mantendo-a perto de mim, e minha voz soou intensa quando respondi. — Entenda uma coisa, . Eu não ligo para a forma que se veste, com quem sai, como dança ou o que bebe, mas me importo com quem a toca. Então seja boazinha, lyubov. Porque se eu ficar sabendo que alguém encostou em você com malícia, vou ser obrigado a matá-lo de uma forma lenta, tortuosa e prazerosa.
— Você é bom fingindo que se importa quando quer. — As palavras afiadas percorreram a minha mente, mas não permiti que ela se afastasse. Ainda podia sentir a aura de sua irritação.
— A verdade é que não tenho por que esconder o ciúme que sinto ou o sentimento que cresce a cada vez que minha boca encontra a sua. Quando entrei na sua boceta, fiquei viciado em você. — A confissão, por mais que eu quisesse ser falsa, era verdadeira. Distribuí beijos pelo seu rosto, principalmente em sua boca e queixo. — Você é uma filha da puta e eu odeio tudo que você representa, mas você mexe comigo. Você é a minha maldição e não dá para fugir de maldições. Elas sempre nos alcançam.
— Somos feitos de contradições, e é assim que a vida acontece. — Seu olhar ficou perdido e a surpresa de seus olhos acompanhavam seus gestos, ela não se afastou de mim apesar da nítida batalha interna que sentia para falar de sentimentos. — Acho que estamos em uma maldição mútua.
Nossos olhos continuavam travados em uma batalha de vontades, enquanto nossos corpos permaneciam próximos. Nos provocávamos tão bem porque éramos capazes de lidar com isso, havia diversão no tesão crescente.
— Você confia em mim? — Minha pergunta saiu como um desafio, enquanto minha testa tocava a dela, a proximidade entre nós era quase insuportável.
Ela respondeu com um toque de defensiva, mas não conseguiu esconder o brilho nos olhos, uma mistura de raiva e desejo.
— Não sou estúpida. Você ameaçou me matar.
Meu sorriso se alargou, revelando a dualidade dos meus sentimentos.
— Ameacei fazê-la sofrer, não matar. E eu ainda vou, mas há diversas formas de sofrimento.
A provocação estava clara em minhas palavras, um desafio direto. não recuou, seus olhos brilhando com uma paixão intensa.
— Você ainda acha que pode me fazer sofrer?
Nossos lábios estavam a centímetros de distância, a tensão sexual quase insuportável. Eu podia sentir a adrenalina correndo em minhas veias, enquanto a provocação se transformava em intensidade.
— Eu sei que posso, . E você gosta disso.
Nossas palavras eram como faíscas em um barril de pólvora, provocando uma explosão de emoções entre nós. me desafiou com um olhar ardente.
— Você acha que é tão poderoso assim? — murmurou, seus olhos estreitando-se enquanto sua voz adquiria um toque de desafio.
Eu a puxei para mais perto, nossos corpos colidindo em uma dança perigosa de desejo e provocação.
— A sua falta de fôlego confirma isso.
— Você tem um jeito irritante de achar que pode fazer tudo melhor que os outros, Maximus — ela começou, seus olhos faiscando com desafio.
Não consegui evitar um sorriso, sabendo que ela estava me desafiando.
— Bem, , alguém precisa fazer as coisas direito. — Ela riu, mostrando que não iria deixar minha resposta passar em branco.
— E é claro que você acha que é a pessoa certa para isso.
Inclinei a cabeça, meus olhos brilhando com diversão.
— Claro que sim. Alguém precisa ser, zhena.
Minhas mãos subiram a camisola de e passeeoi os dedos pela sua boceta de forma lenta, acariciando-a por cima da calcinha apenas para sentir quão molhada ela estava. Seus olhos se fecharam com o contato, causando-me certa irritação.
Levei a mão direita até seu queixo, agarrando-a com força e forçando seu rosto em minha direção.
— Olhe para mim enquanto te toco — ordenei, de uma forma dura, e vi os olhos profundos se direcionarem aos meus. A boca carnuda, entreaberta com a respiração quente que se mesclava à minha, trazia a provocação de sua fala seguinte.
— Então agora não posso mais fechar os olhos? Só tenho permissão para olhar você?
A forma que ela falava isso me causava um prazer imenso porque, por mais perturbador que parecesse, eu gostava disso.
— Você pode fazer isso, então sim — sussurrei de forma provocante, mordiscando seu lábio inferior enquanto meus dedos passeavam pela parte debaixo do tecido, deslizando as pontas dos meus dedos de cima para baixo. — Eu vou arruinar você, .
— Você já não está fazendo isso? — A pergunta era ofegante, mas ela se mantinha tentando não se entregar por completo ao prazer que sentia. Levei meu polegar até a sua boceta, iniciando movimentos circulares.
— Não. Eu ainda nem comecei.


Capítulo 22


Fucked and drank all night
Acted all alright
Had no need to fight
Tonight, tonight

Go fuck yourself — Two feet.



Apertei firme os meus dedos sobre os ombros largos e fortes de Maximus, ainda por cima de sua camisa. Em resposta, percebi as suas mãos apertarem minha cintura e soltei um gemido baixo de contestação por ter tirado os dedos da minha boceta. Não consegui esconder o sorriso assim que ele levou seus dedos à boca, sentindo o meu gosto.
As mãos firmes do loiro baixaram a alça do meu vestido de cetim, fazendo com que ele deslizasse pelo meu corpo até parar sobre o colchão. Levantei-me com cuidado, vendo-o descer até o chão e deixando meus seios livres à mostra. Maximus se aproximou, abocanhando um dos meus seios, mordendo levemente a pontinha do meu mamilo e senti minha boceta estremecer em resposta. Odiava o sexo ser tão bom.
Só percebi a janela aberta do quarto quando uma brisa gelada tocou o meu corpo, me deixando ainda mais arrepiada. Ele percebeu, soltando um sorriso baixo, mas não se aproximou mais. Ao invés disso o homem se afastou do meu corpo.
— Tire a calcinha — ele mandou, de forma autoritária, e eu não obedeci. Gostava de desafiá-lo. Maximus se aproximou, parando em minha frente e me olhou nos olhos. Suas mãos arrumaram uma mexa do meu cabelo de forma suave e até carinhosa. — Tire-a, porque se eu for tirá-la, eu vou fazer questão de deixar sua pele queimada com a força que vou arrancá-la de você.
A forma suave e quase doce que ele falava a ameaça sempre conseguia me causar os mais intensos arrepios. Quando inclinei suavemente o meu corpo, ele voltou a se afastar, caminhando até o pequeno bar que tinha em nosso quarto e retirando uma bebida quente dali.
Observei Maximus servindo-se com um copo de uísque com gelo, enquanto seu olhar permanecia fixo ao meu corpo, completamente despido em sua frente. Ele voltou para perto de mim, ainda vestindo a camisa de manga longa e a calça social que contornavam tão bem o seu corpo. O copo ainda estava em sua mão. Ele voltou a parar em minha frente, tomando um pouco da bebida.
— Se deite. — O tom autoritário ainda estava presente e a forma que ele se movia, combinada às peças de roupa e a bebida que ele tomava de forma tão sexy traziam a ele um tom de poder ainda maior do que o que ele normalmente emanava. Testando sua paciência e seus limites, eu não obedeci. A mão livre alcançou meu pescoço e ele envolveu os dedos ali, com força e um sorriso divertido. Sua língua umedeceu os lábios. — Eu não quero jogar hoje, zvezda moya. Eu quero que me obedeça. Então pare de me desafiar e faça o que eu mando, caralho. — Sua mão se apertou mais contra o meu pescoço e ele me empurrou sobre a cama. O jeito bruto me atiçou um pouco mais, mas também me fez obedecê-lo com maior facilidade. — Abra as penas.
Obedeci à sua ordem, levando uma de minhas mãos até meus seios enquanto a outra repousava em minha barriga. Para a minha sorte, eu tinha mamilos sensíveis que me proporcionavam prazer ali também.
— Só se mova quando eu mandar. — O olhei, esperando seu próximo passo.
Maximus caminhou lentamente até a cama, colocando-se em pé em minha frente, no meio de minhas pernas, até que o colchão encontrasse seus joelhos. Ele tomou mais um gole da bebida em seu copo, mas logo virou o líquido pela minha barriga, descendo-o em um caminho que alcançasse minha boceta. O cheiro do álcool ocupou fortemente o quarto, mas foi quando ele pegou uma das pedras de gelo com as mãos que meu corpo se arrepiou ainda mais.
O loiro então se ajoelhou sobre o colchão, deixando o copo no móvel ao lado. Sem pressa, ele começou a lamber lentamente o líquido, descendo a língua da minha barriga até minha boceta. A sua mão direita, segurando o gelo, começou a deslizar pelo meu corpo, brincando com meus mamilos um a um antes de acompanhar o caminho feito por sua boca, antes em minha barriga.
— Essa bebida fica tão mais gostosa servida na sua boceta, lyubov. — O murmúrio saiu baixo, rouco e tão prazeroso que não pude controlar os gemidos enquanto ele mordia os meus nervos, lambendo cada dobra da minha boceta e chupando o meu clitóris.
Ele se ajoelhou e me puxou para a beirada da cama, com uma perna apoiada em cada um dos seus ombros, deixando-me exposta. À sua completa disposição. Eu gemia alto a cada vez que o gelo se espremia em meu corpo e quando a umidade da água começou a escorrer, ele sorriu satisfeito. Um sorriso diabólico.
— Eu quero experimentar algo. Se doer, peça para eu parar. — O aviso me arrepiou, porque eu não sabia o que esperar dele. Não na vida, menos ainda no sexo. No entanto, deixei que continuasse. Eu podia não confiar a minha vida a Maximus, mas confiaria todos os orgasmos do mundo.
Seus dedos deslizaram com a pedra de gelo até a minha boceta, ele deslizou-a pelo meu clitóris. Eu sentia os espasmos tomando conta de meu corpo conforme a pedra descia mais. Fechei os meus olhos, mas lembrei de sua ordem de que o olhasse quando ele estivesse me tocando e me mantive a esta ordem.
Gritei quando ele enfiou o gelo dentro de mim, tirando-o com rapidez para que eu não me queimasse. O sorriso em seu rosto demonstrou sua diversão e o volume marcado em sua calça social não negava o prazer que ele sentia com a cena.
— Filho da puta — gemi alto o suficiente, sentindo o meu corpo se contorcer na cama à medida que sua boca continuava a tomar posse de mim.
Assim que falei isso, ele enfiou três dedos em minha boceta, estocando rápido em um movimento de vai e vem conforme me chupava, com força, roçando os dentes na sensibilidade do meu nervo, mas sem machucar ou forçar. Sua frequência fez com que eu reagisse cada vez mais rápido. A maneira que ele usava a boca e a língua fazia meu corpo convulsionar, gozando mais uma vez em sua boca. Mais uma vez em nossa cama.
Apesar do corpo amolecido, levantei com cuidado. Ele fez menção de falar algo, mas levei um dos meus dedos à sua boca, ainda sentindo-me trêmula. Comecei a desabotoar a sua camisa branca, removendo-a em seguida.
Enquanto minhas mãos desceram até a sua calça, as dele apertaram os meus seios, enquanto os polegares brincavam em pequenos círculos pelos meus mamilos, ainda frios pelo gelo de segundos atrás. Eu o beijei com força, com desejo, com fogo. Sua língua encontrou a minha com rapidez e logo comecei a chupá-la para mim, sentindo o gosto da sua saliva se misturar ao meu próprio gosto. Quando consegui despi-lo, voltei a deitar na cama com as pernas abertas. Enrosquei-as no quadril dele, sentindo o seu pau duro roçar entre minhas pernas. Outros gemidos escaparam de minha boca, fazendo-me ganhar um tapa forte nas coxas.
A pele ardeu em vermelhidão, causando-me ainda mais fome dele. Quando pensei em retribuir o oral, ele negou, voltando a me colocar deitada.
— Preciso me enterrar logo em você. — Sem demora, ele se debruçou sobre mim na cama. Os gemidos se tornaram maiores quando ele encaixou a cabecinha do seu pau em minha entrada. Arqueei o meu quadril, ansiando para que ele entrasse de uma vez e completo dentro de mim.
Ele começou os movimentos rápidos e fortes, jogando-me para frente a cada estocada. Minhas mãos arranhavam os seus ombros, indo até suas costas, buscando uma proximidade ainda maior. Minha boceta se contraiu, apertando o seu pau. Meus olhos buscaram os seus e vi a excitação flamejante na cor clara.
— Não pare — implorei, em um tom rouco e manhoso. Ele agarrou alguns fios do meu cabelo, fazendo-me encarar. Sua boca desceu até meus seios enquanto seu pau ainda me preenchia por inteiro.
— Eu não vou. — A promessa saiu silenciosa, causando-me uma excitação ainda maior. — Não até você dizer que não aguenta mais.
Um sorriso safado escapou de meus lábios com o complemento da frase. Maximus era bom em muitas coisas, mas me enlouquecer se demonstrava cada vez mais a sua especialidade.
O homem saiu de mim, observando-me por alguns segundos antes de voltar a se enterrar em mim em um movimento único e forte, como se estivesse reivindicando-me só para ele.
— Você gosta do meu pau te rasgando?
— Gosto de tudo com você.
Ele segurou as minhas pernas, as colocando entrelaçadas em seu quadril. Eu segurei sua bunda com certa força, puxando-o para mim e enterrando mais o seu pau dentro de mim. Parei apenas quando me senti dolorida por tê-lo tão fundo, sendo maior do que consegui suportar. O meu marido então devorou os meus seios com a boca, estocando forte e sem parar a minha boceta.
— Oh, meu Deus — implorei, já não aguentando mais.
— Olhe para mim — ordenou, depois de deixar um tapa estalado em meu rosto. A ardência se misturou com a excitação e o olhei em êxtase. — É o meu nome que você deve chamar. Deus não tem nada a ver com a forma que eu te como.
Quando senti meu orgasmo se aproximando e as pernas estremecerem, Maximus parou, saindo de dentro de mim. Senti o seu líquido escorrer entre minhas pernas enquanto parte de sua porra foi jogada em minha barriga.
Ele demorou alguns segundos, gemendo baixo, mas logo me virou de bruços, colocando um travesseiro em minha barriga para que eu tivesse certa elevação.
— O que… — Não consegui perguntar. Ele beijou minha nuca, descendo até minhas costas e se afastou por alguns segundos. Ouvi o barulho de gavetas abrindo distantes, imaginei ser no closet, mas me permiti fechar os olhos para tentar recuperar a minha respiração. — Maximus…
Soltei um gemido manhoso e ele se aproximou de mim, voltando a colocar o seu peso sobre o meu corpo.
— Estou aqui, lyubov. — Ainda de bruços, as mãos fortes do meu marido começaram a passear pelo meu corpo. Em uma reação imediata, senti o meu mamilo enrijecendo e formigando, fazendo meu corpo se deliciar com o prazer que se espalhava pelos meus músculos.
Maximus segurou o meu cabelo e minha cabeça levantou quando ele enrolou algumas mechas ao redor de seu punho. Ele puxou com força, curvando meu pescoço para trás de forma que meus olhos se focassem nele.
— Você é perfeita para um santo caralho — murmurou, deslizando a sua mão entre as minhas pernas. Sua boca aterrissou sobre a minha e gemi surpresa com a reação. O gemido se perdeu entre os lábios quentes do homem. — Ainda está molhada? — As mãos dele se afundaram em minha boceta, me fazendo gemer, e pude senti-los molhados a cada vez que o loiro os retirava. Minha mente podia estar turva, eu podia não saber o que exatamente gostava no loiro, mas meu corpo definitivamente sabia.
Não demorei a sentir o pau duro de Maximus roçar em minha perna novamente. Os beijos voltaram a ser distribuídos em minha nuca e ele posicionou minhas pernas, levantando um pouco o meu joelho e deixando meu pé posicionado quase próximo do joelho da outra perna. Tudo que pude fazer foi cravar as minhas mãos no colchão.
Senti algo me preencher, mas demorei um pouco para entender que não era Maximus. Olhei para trás e o vi forçar um consolo em minha boceta, era um pouco menos grosso que o pau do loiro, mas ainda assim foi o suficiente para eu sentir-me preenchida.
— Gostosa pra caralho — ele sussurrou satisfeito, começando a mover o brinquedo em um vai e vem, enfiando e tirando-o de dentro da minha boceta.
— Sua — admiti, por fim, sabendo que meu corpo não negava isso e que também não tinha porque eu fazê-lo.
— Minha — ele repetiu, com possessividade. O loiro levou os dedos até o meu clitóris, voltando a estimular o nervo com força e rapidez, sem parar os movimentos com o consolo que ele tinha em mãos. Meu coração palpitava loucamente com a sensibilidade do órgão, empurrei meu corpo para trás, oferecendo-me mais a ele. Havia uma certa luxúria, um poder e por fim havia muito prazer. O orgasmo deixou meu corpo amolecido, mas ele não parou. Não ainda.
— Erga mais o quadril.
Percebendo o que ele queria fazer, senti meu coração perder o ritmo, mas o obedeci. Nunca tinha feito isso antes, mas não era inocente. Sabia o que ele queria e sabia que estava prestes a acontecer.
Maximus então pressionou a cabeça do seu pau contra a minha entrada apertada. Mordi o lábio inferior com força, sentindo o meu corpo tensionar levemente.
— Shhh — pediu, em um tom rouco, voltando a beijar a minha nuca. — Você vai adorar isso, eu prometo. Relaxe.
Suspirei para que ele escutasse, obrigando o meu corpo a relaxar e ficando quieta quando ele se empurrou com mais força. Estremeci quando senti a ardência no instante em que ele se enfiou até metade para dentro de mim.
— Tá doendo… Acho que não… — Sua mão voltou até meu clitóris, acariciando a região extremamente sensível que eu tinha, no entanto não reclamei. O consolo ainda estava enfiado em mim.
— Seu cuzinho é tão apertado. Você acha mesmo que eu vou permitir que me faça parar agora que provei como é te ter completamente preenchida assim? Não hoje — respondeu, causando-me arrepios. Ele então segurou o meu cabelo em um punho, puxando a minha cabeça para trás. — Ninguém vai ouvir você gritar, zhena. Eu vou te foder de todas as formas possíveis e você vai adorar isso.
Meu coração disparou e pude ouvir as batidas rápidas, sufocando-me. Meu clitóris latejou dolorosamente por conta do medo que suas palavras me trouxeram, mas era bom.
Filho da puta.
O pavor de estar sendo preenchida duplamente me deixou com tesão e o filho da mãe do meu marido soube exatamente o que dizer para fazer meu corpo arder em desejo.
Devagar, bem devagar, ele se afundou mais. Ele retirou o pau um pouquinho e estocou contra mim. Acabei me mexendo no ritmo, me jogando contra o consolo atolado em minha boceta.
Eu estava completamente cheia, cansada e estirada. Meu corpo inteiro formigava com a fricção de nossas peles e dos meus seios, que roçavam deliciosamente contra o tecido suave dos lençóis. Meu cabelo já estava grudado em minhas costas.
— Mais forte — gemi, implorando mesmo que não soubesse se aguentaria. Ele se moveu mais rápido, encontrando um equilíbrio enquanto tirava e voltava a penetrar o brinquedo preto dentro de mim. Era como se meu orgasmo tivesse vindo de dez lugares, todos ao mesmo tempo, todos com o objetivo de explodir simultaneamente dentro de mim.
— Porra — Max reclamou, gemendo. — Caralho, é tão mais apertado quando tem dois paus dentro de você. — Sua mão livre segurou minha coxa com firmeza. Ele abaixou o corpo na direção do meu, tirando a mão da minha coxa e usando-a para se apoiar, e buscou a minha boca. Me apertei a ele, suplicando, mas tive que me obrigar a ficar firme porque seu beijo era tão devastador que eu podia senti-lo se espalhando pelo meu corpo inteiro, até a ponta dos dedos do meu pé.
Suor fazia nossos corpos brilharem. Ele continuava a me comer por trás, agora com ainda mais força. Mordi o lábio inferior, fechando os olhos ao sentir a adrenalina de seus movimentos tomarem conta dos meus sentidos. Minha boceta latejava ao redor do caralho de borracha, mas era Maximus que fazia o prazer se espalhar pelo meu corpo. O pau dele se chocava contra minha bunda, sua pele grudava na minha de uma forma gostosa e meu ventre começou a queimar.
O orgasmo se instalou e explodiu por todo meu interior. Fiquei parada, deixando-o se alastrar pelo exterior de meu corpo até que o loiro continuasse a se meter para dentro de mim, sem parar o movimento do dildo em minha boceta. A sensação de ter gozado, mas permanecer tão preenchida fez com que eu revirasse os olhos, exausta. Acabada. Como ele disse que me deixaria.
O loiro estocou o seu pau por mais algumas vezes, então curvou os dedos contra o meu quadril, me forçando ao colchão e impedindo que o pau de borracha saísse de dentro de mim de forma quase dolorosa, até que ele gozou.
Estremeci quando senti a queimação em minha bunda e arqueei o corpo inteiro, gemendo para que o objeto saísse de dentro de mim. A porra de Maximus escorria lentamente e ele deitou acima de mim, mas não parou de me preencher, colando o corpo ao meu e apoiando um braço acima da minha cabeça enquanto cobria minha boca com a sua. Senti o gemido dele em minha boca, enquanto metia mais uma vez, até que seu corpo contraiu. Eu o segurei, continuando a beijar sua boca tensa, agora em busca de ar.
— Você está bem? — A pergunta preocupada me fez rir, mas eu já não tinha fôlego para falar, então concordei com a cabeça, dobrando as pernas. Eu me sentia quente, completamente exausta e satisfeita. — Se quiser ser preenchida em dobro, eu faço isso quantas vezes for necessário, mas nenhum homem vai tocá-la. Espero que isso tenha ficado claro agora.


Capítulo 23


This is what you'll get
When you mess with us
For a minute there
I lost myself, I lost myself

Karma Police — Radiohead.



Eu estava deitado na cama, sentindo o calor da pele de ao meu lado. Seu olhar curioso estava fixo nas tatuagens espalhadas pelo meu peito e braços, um contraste entre a intensidade da paixão da noite anterior e a tranquilidade daquele momento.
— Agora é a minha vez de me afundar nos significados de sua pele — ela murmurou, mas, devido ao cansaço, sua voz era rouca, baixa e manhosa. Sorri em resposta, trazendo-a para mais perto.
Ela estava curiosa sobre as tatuagens, sua mão de forma suave procurou as minhas costas e permiti que ela o fizesse. Nós russos normalmente costumávamos ter tatuagens porque elas tinham um significado, a mancha na pele refletia o que tínhamos na alma. Era popular, cultural, por isso muitas pessoas tinham inúmeras tatuagens e por isso tínhamos uma curiosidade comum pelos desenhos do corpo um do outro. Talvez fosse uma forma inconsciente de querer conhecer e saber mais. Um sorriso brincou nos meus lábios quando ela quis saber o significado do desenho que contornava.
— Essa é uma águia — comecei, observando seus olhos enquanto eu explicava. — Representa força, coragem e liberdade. Fiz essa quando era mais jovem, como um lembrete de como queria ser..
Ela assentiu, seu toque suave explorando as tatuagens em busca de mais histórias. A curiosidade em seu olhar era encantadora.
— E essa, com as asas de anjo? O que significa? — perguntou, arrancando-me uma risada suave.
— Essa foi um desafio bobo com um amigo. Ele duvidou que eu faria uma tatuagem com asas de anjo, então eu provei que ele estava errado. Não tem um significado profundo, só mostra que gosto de aceitar desafios. — Meu olhar foi provocante e insinuador, porque ela era o meu maior desafio. Ela gargalhou divertida, puxando os lençóis para o seu corpo. Eu nunca iria entender como ela conseguia se transformar em uma mulher tímida após o sexo, que não gostava que eu olhasse o seu corpo. Ela era perfeita.
— Você está cansada — sussurrei, beijando sua testa. — Vai dormir um pouco, Zvezda moya. Estaremos aqui quando você acordar — sussurrei, beijando carinhosamente o topo de sua cabeça.
assentiu e seus olhos começaram a se fechar lentamente. Eu a abracei com mais força.
A respiração de começou a ficar mais lenta e rítmica, sinal de que ela estava adormecendo. Continuei acariciando seus cabelos, aproveitando o momento de tranquilidade que raramente experimentávamos.
Nossas histórias, cheias de segredos e intrigas, pareciam se dissipar naquele instante. Éramos apenas dois seres humanos, conectados pela intimidade e pelas tatuagens gravadas em minha pele.
A luz suave que entrava pela janela destacava os traços delicados de seu rosto, fazendo-a parecer vulnerável e serena. Passei a observá-la com carinho, absorvendo cada detalhe, como se estivesse tentando memorizar aquele momento.
Minha mente vagou pelos eventos que nos trouxeram até aqui. A morte do meu irmão, a missão policial, Dmitri com a Bratva e todas as reviravoltas imprevisíveis que o destino tinha reservado para nós. E, apesar de tudo, eu me encontrei grato por aquela noite.
Passei a mão pela curva de sua bochecha e me inclinei para beijar seus lábios suavemente, com a esperança de que, mesmo que por um breve momento, ela pudesse sentir a profundidade do que eu estava começando a sentir por ela.
Em seguida, deixei meus próprios olhos se fecharem, permitindo que o cansaço finalmente me alcançasse. Deitado ao lado dela, naquele quarto silencioso, eu sabia que o futuro nos reservava desafios inimagináveis. Mas, naquele momento, não havia lugar no mundo em que eu preferisse estar.
Pensamentos sobre o passado e o futuro se misturavam, e, por um instante, todo o peso de nossas vidas complicadas parecia mais leve. Eu não conseguia evitar a sensação de que algo estava mudando entre nós, algo que eu não conseguia definir completamente, mas que me intrigava.
Nossos corpos estavam entrelaçados, mas nossas mentes estavam em algum lugar entre o presente e o passado. Era como se estivéssemos explorando um território desconhecido, descobrindo cada pedaço um do outro. Enquanto a manhã avançava, eu sabia que não podíamos permanecer naquele quarto para sempre.
Eventualmente, o mundo exterior nos chamaria de volta, com suas responsabilidades e perigos. Mas, por enquanto, eu estava determinado a aproveitar cada momento de paz que compartilhávamos, e talvez, apenas talvez, encontrar um caminho para um futuro menos complicado.
A luz da manhã esgueirou-se pelas cortinas do quarto, iluminando suavemente o espaço. dormia serenamente em meu peito e eu não queria perturbá-la. Era raro que pudéssemos desfrutar de momentos de tranquilidade como aquele, e eu estava determinado a aproveitá-lo ao máximo. Com cuidado, me movi debaixo dela, deslizando meu braço com delicadeza para não a acordar até o móvel ao lado, pegando o controle remoto. Enquanto me ajeitava na cama, a televisão a poucos passos de distância chamou minha atenção.
Liguei a televisão em um volume baixo e me acomodei na cama, observando enquanto ela dormia profundamente. Ela parecia vulnerável e serena, muito diferente da mulher forte e confiante que todos viam. Naquele momento, ela era apenas , minha esposa, e não a poderosa herdeira da máfia russa.
Meus olhos se fixaram na tela da televisão e meu coração pareceu dar um salto. A notícia que estava sendo exibida era sobre o roubo no museu que ocorreu na noite anterior. A pedra conhecida como ‘O Sangue do Dragão’, um valioso anel, havia sido roubada. Enquanto a reportagem detalhava o ocorrido, uma sensação de apreensão se apoderou de mim.
A jornalista olhou para a câmera com seriedade, segurando algumas notas em sua mão.
— Boa tarde. Estamos trazendo uma notícia de última hora sobre o roubo ocorrido no Museu Nacional na noite passada. A peça roubada é uma das mais valiosas do museu, o anel conhecido como O Sangue do Dragão. — Ela pausou por um momento, deixando o suspense no ar antes de continuar. — As autoridades estão investigando o ocorrido e, até agora, não há pistas sólidas sobre os responsáveis pelo roubo. No entanto, as câmeras de segurança capturaram imagens de um indivíduo mascarado que aparentemente teria desativado o sistema de alarme. — A jornalista franziu o cenho e prosseguiu. — O museu ainda não divulgou o valor estimado da peça, mas especialistas acreditam que O Sangue do Dragão é inestimável, devido à sua história e ao seu valor histórico. O museu estava se preparando para uma exposição especial em que o anel seria o destaque.
Ela encerrou a reportagem, dando lugar a comentários de especialistas em arte e segurança que discutiam o impacto do roubo.
Virei meu olhar para , que ainda dormia serenamente ao meu lado. Sua expressão pacífica não deixava transparecer nenhum indício de culpa, mas a notícia me fez questionar a situação. Eu sabia muito bem com quem partilhava a cama. A coincidência era grande demais.
Uma série de pensamentos tumultuou minha mente enquanto eu ponderava sobre o que fazer a seguir. A investigação estava apenas começando e eu não tinha provas concretas que ligassem ao crime. No entanto, a dúvida estava lançada quase como uma certeza.
— Filha da puta.

A manhã se desenrolava lentamente e eu permanecia envolto pelos lençóis, acomodada nos meus braços. Seus olhos se abriram com suavidade, revelando que ela sentia os efeitos da noite anterior em seu corpo.
Eu não pude evitar um sorriso ao notar as expressões que passavam por seu rosto enquanto ela acordava aos poucos. A russa possuía uma combinação perfeita de prazer e sensibilidade.
Decidi beijá-la carinhosamente, como se pretendesse suavizar a sensação de dor em seu corpo. Ela correspondeu ao beijo com ternura, seus lábios encontrando os meus em um momento íntimo e carinhoso.
— Você dormiu bem? — perguntei, fingindo não saber nada sobre o roubo que ocorreu no museu e evitando demonstrar a minha percepção de que não importava quantas vezes fizesse minha, algumas partes suas jamais seriam de alguém além dela mesma.
Ela sorriu, seu olhar se encontrando com o meu.
— Sim, dormi como um anjo. E você?
— Melhor do que esperava — respondi, sorrindo.
A carência era uma coisa engraçada. Mesmo que soubesse dos riscos que nosso relacionamento trazia, eu não conseguia resistir a esses momentos íntimos e carinhosos, algumas vezes.
— Está com fome? — perguntei.
Ela assentiu, mas depois franziu a testa.
— Só depois de um banho. Meu corpo está reclamando de ontem à noite.
Sorri, entendendo a sensação. Quanto mais rápido eu aceitasse a verdade e a usasse ao meu favor, melhor. Nós tínhamos um poder estranho sobre o outro.
— Vou preparar o café da manhã enquanto você toma seu banho — sugeri.
Ela concordou, dando-me um beijo suave antes de sair da cama. Enquanto ela seguia para o banheiro, eu me levantei. Enquanto se encaminhava para o banheiro, eu senti o toque insistente do telefone ao meu lado. Observando o nome que piscava na tela, saí do quarto com cuidado, fechando a porta atrás de mim para que ela não escutasse a conversa.
No corredor, atendi o telefone e a voz animada de Emily ecoou no outro lado da linha. Ela estava completamente empolgada e sua excitação era evidente em cada palavra que proferia.
, você não vai acreditar no que acabamos de descobrir! É algo grande, algo que pode ser a peça que falta no quebra-cabeça.
Senti uma mistura de curiosidade e apreensão. As operações de Emily eram frequentemente repletas de surpresas.
— O que você encontrou? — perguntei, mantendo minha voz baixa para garantir que não escutasse.
Quem eu encontrei, você quer dizer. Deixe-me contar a história de Natália. Ela é uma especialista no mundo cibernético, uma hacker excepcional, com habilidades impressionantes, mas não mais que o Zyon, é claro. O ghost é um gênio — murmurou divertida e eufórica, mas minha concentração estava direcionada à porta e ao controle no acesso que precisava ter ali. — Ela desempenha um papel vital nas operações de , pelo que suspeitamos, e sua destreza no ciberespaço é notável. Sua especialidade é uma das principais razões pelas quais ela é tão valiosa para a equipe. Natália é uma figura enigmática. Ela tem o talento de esconder suas verdadeiras intenções por trás de uma máscara de normalidade. É uma característica que a torna ainda mais perigosa e difícil de decifrar. Foi a ficha criminal de Natália que nos permitiu identificá-la durante o evento de . Uma das câmeras capturou sua imagem, e, graças à essa ficha, conseguimos conectá-la à equipe. Agora estamos um passo mais perto de desvendar os segredos que ela guarda. Tudo que for digital relacionado aos crimes de é Natália que vai nos fornecer. — Ouvi-a beber algo do outro lado da linha que, a conhecendo bem, imaginava que fosse qualquer coisa com cafeína.
— Eu acho que sei como chegar a ela.
— Ótimo, porque é aqui que temos a chave que vai virar tudo. Natália tem um filho que ninguém sabe da existência. Suas contas, as visitas do GPS, o trajeto da câmera do carro e as últimas passagens mostraram um destino que ela costuma ir. Foi em uma visita armada de um encanador que encontramos uma criança.
— Alguém sabe quem é o pai?
— Não, ainda não, mas algo me diz que você pode ter um sobrinho fictício — ela brincou, sem saber que não havia nada de ficção entre mim e . — Eu aposto todas as minhas fichas que o menino é filho de Mikhail. Talvez Natália não fosse tão amiga assim da sua russa, hm? Nós vamos pegá-la! Falta pouco!


Capítulo 24


I'm fist-fighting with fire
Just to get close to you
Can we burn something, babe?
And I'd run for miles just to get a taste
Must be love on the brain

Love in the brain — Rihana (cover Renek).



A água quente do chuveiro caía suavemente sobre minha pele, criando um refúgio temporário onde eu podia refletir sem as distrações do mundo exterior. A noite que havia compartilhado com Maximus ocupava meus pensamentos de maneira persistente. Tentei resistir à correnteza de emoções que estava começando a me arrastar para um lugar desconhecido, mas, assim como a água, era inútil. Ela percorria a minha mente da mesma forma que o líquido permanecia pelo meu corpo.
Enquanto fechava os olhos, permiti que a sensação da água quente relaxasse cada músculo do meu corpo. Eram momentos como esses em que eu me via forçada a admitir, mesmo que apenas para mim mesma, que o que eu sentia por ele era muito mais do que apenas uma química arrebatadora. Era divertido provocá-lo, mas havia uma dimensão mais profunda que estava emergindo. Mesmo que relutasse em reconhecê-lo, eu sabia que a atenção que Maximus me dedicava ia além de qualquer coisa que já experimentara. Era uma conexão que transcendia o mero desejo físico. Seus olhos perspicazes e seu intelecto aguçado eram como um desafio constante que eu não podia ignorar. Ele me desafiava, não apenas fisicamente, mas também emocionalmente, algo que eu raramente permitia que alguém fizesse.
Enquanto a água continuava a escorrer, meus pensamentos se misturavam ao vapor do banho e às espumas. , meu ex-marido, havia sido uma figura constante em minha vida, mas a relação que eu estava começando a desenvolver com Maximus era completamente diferente. Era uma parceria que eu não sabia que desejava, mas que, de alguma forma, estava começando a buscar.
A noite com Maximus e as emoções que ele despertara agora se misturavam em um turbilhão dentro de mim. A sensação de conexão que começava a surgir era tentadora, mas também perigosa.
Sabia que tinha muito a perder se permitisse que Maximus entrasse mais profundamente em minha vida. Minha mente estava inundada de dilemas e incertezas, pois suas ameaças passadas ainda ecoavam em meus ouvidos. Ele havia prometido fazer-me sofrer, havia jurado me destruir em vingança ao seu irmão, mas, ironicamente, ele estava começando a abrir fissuras nas muralhas que eu construía em torno de mim.
O dilema que eu enfrentava era ainda mais complexo, pois não podia ignorar o fato de que, independentemente dos meus sentimentos, meu pai também representava uma ameaça constante. A relação com Maximus, ou qualquer homem, era um território perigoso que eu não poderia ousar explorar, mesmo que meu coração anelasse por isso.
Após sair do banho, envolta em uma toalha, retornei ao quarto para encontrar Maximus em um estado de reflexão incomum.
— Tive uma ideia melhor — ele murmurou, puxando-me para o seu colo e selando meus lábios. — Quero levá-la para tomar café em outro lugar. Não tivemos uma lua de mel e eu preciso de um pouco mais desse corpo.
— O que está sugerindo? — indaguei, surpresa por sua súbita proposta.
Maximus, olhando em meus olhos, sorriu de forma sedutora.
— Que possamos ir alguns dias para o hotel. Termos uma lua de mel adequada, já que consumamos nosso casamento com sua barriga quase aberta por ferimentos de um ataque. Merecemos alguns dias de trégua, depois você volta a me odiar e eu volto a planejar minha vingança com você.
O convite inesperado de Maximus despertou um misto de surpresa e tentação em mim. Era uma sugestão ousada, que me deixou momentaneamente sem palavras. Eu podia sentir a atração mútua que ardia entre nós, e a ideia de passar um tempo a sós com ele era tentadora, mesmo que contraditória.
— Maximus, você está agindo de forma impulsiva — tentei argumentar, embora meu autocontrole estivesse desmoronando diante da tentação. — Não podemos simplesmente deixar para trás tudo o que está acontecendo e...
Ele me interrompeu, iniciando um beijo repentino e intenso. Sua boca buscou a minha com fome e eu pude sentir não apenas a urgência, mas certa dor que havia escondida ali. Estar com ele não podia ser uma boa opção, nós éramos ruins um para o outro. Nós arruinávamos um ao outro sempre que tínhamos a chance e não confiávamos suficientemente no que quer que fosse nossa relação. No entanto, o desejo, a química e o relance do sentimento entre nós eram mais fortes do que qualquer raciocínio lógico.
Depois do beijo apaixonado, Maximus segurou meu rosto com as mãos, seu olhar transmitindo uma intensidade que deixou meu coração acelerado.
— Por favor. — O tom de voz com que ele implorou me deixou surpresa, um pouco abalada. — Você é irritante, teimosa, sente prazer em desafiar o tempo inteiro, mas eu sei que isso tudo tá muito perto de acabar. Logo não teremos mais acesso a essa porcaria de sentimento que você sabe que temos. … Nossa realidade é complicada e cheia de conflitos, e não vamos ficar casados nesse jogo de gato e rato para sempre. É inevitável. Quero estar com você de uma forma que nunca estivemos antes. Não apenas porque eu quero, como um capricho, mas porque preciso disso, preciso de você. Não podemos fugir de quem somos e do que enfrentamos, não podemos fugir das nossas motivações para estarmos nesse casamento, mas podemos nos permitir um breve momento de paz antes que a tempestade nos envolva novamente. Então eu vou te pedir mais uma vez, lyubov — ele prosseguiu, com uma voz cheia de emoção e determinação. — Prometo fazer cada instante valer a pena, mesmo que seja só por um breve momento. Não quero que se arrependa de não ter vivido intensamente o que sentimos. Deixe-me amá-la, agora, como jamais amei alguém, e deixe-me fazer você sentir o mesmo.
Ele apertou minhas mãos com firmeza, sua voz carregada de determinação.
— Alguns dias é tudo que eu peço, mas não me negue isso. Não quando você quer tanto quanto eu.
— Para onde vamos, muzh? — perguntei, cedendo à determinação dele, sentindo meu coração acelerar com a decisão. — Não me decepcione, Maximus. Estou entregando tudo que ainda tenho a você, mesmo que aos poucos, mesmo do meu jeito torto. Eu não sei se posso chamar o que sinto de amor, porque às vezes acho que nem ao menos sei o que isso significa, mas o que sinto é grande e intenso como um.
Maximus não fez promessas, em vez disso ele me envolveu com força, como se quisesse que aquele momento fosse eterno. Seu rosto repousou no meu cabelo e pude sentir sua respiração lenta e profunda, inalando o suave aroma do meu shampoo.
Ele sussurrou com uma voz suave e grave, como se tentasse capturar toda a profundidade de seus sentimentos em poucas palavras.
— Somos como dois planetas em órbita, destinados a colidir. As colisões podem ser catastróficas, mas também podem criar algo novo e incrível. Mesmo nas catástrofes, há beleza.
Minha risada borbulhou, preenchendo o quarto com uma sensação de leveza. Então o beijei novamente, esperando que aquele não fosse um aviso de que tudo iria se transformar em ruína quando voltássemos. Eu odiava ter esperanças, mas às vezes elas eram necessárias. Eu precisava acreditar em algo, às vezes, e no momento estava acreditando em Maximus.
— Faça suas malas e vista uma roupa. E, pelo amor de Deus, que seja uma roupa que eu não precise surtar a cada olhar que derem para seu corpo — sussurrou, após alguns minutos em silêncio, deixando outro selinho em meus lábios. — Eu já volto.


Capítulo 25

Maximus

And I'll use you as a warning sign
That if you talk enough sense, then you'll lose your mind
Oh, and I found love where it wasn't supposed to be

I found - Amber Run.



Após deixar concentrada em suas malas, decidi que era hora de tomar um rápido banho para refrescar minha mente e me preparar para os desafios que estavam por vir. Entrei no banheiro e liguei o chuveiro, sentindo a água quente relaxar meus músculos tensos. Meus pensamentos vagueavam entre todas as possibilidades que tinha e entre tantas outras que havia criado. Essa viagem era um passo arriscado porque estava além do meu controle. Eu podia controlar os lugares que ele ia, conseguia ver seu círculo à medida que seus negócios subiam, mas não conseguia segurar o que eu sentia cada vez que meu corpo encontrava o dela. Eu admirava a mente de e era completamente dominado pelo seu corpo.
Depois de um banho revigorante, me enrolei em uma toalha e saí do banheiro. Encontrei sentada à beira da cama, finalizando suas malas. Ela me olhou com curiosidade quando me aproximei e me inclinei para lhe dar um beijo na testa.
— Preciso cuidar de alguns detalhes da viagem antes de partirmos. Não vou demorar — eu expliquei, tentando parecer casual, embora soubesse que ela poderia estar desconfiada.
Ela me lançou um olhar perspicaz e sorriu levemente.
— Tudo bem, também preciso resolver algumas coisas antes.
Assenti e me afastei, indo em direção à porta. Antes de sair do quarto, me virei para olhá-la. A beleza da morena era um contraste perfeito para a manipulação escondida em cada curva de seu rosto. Ela estava concentrada em suas malas, sua expressão firme em uma mistura de determinação e confusão. Seus olhos profundos e penetrantes encontraram os meus por um breve momento e algo indefinível passou entre nós. Nós éramos inevitáveis.
Ela era um belo traço obscuro, uma amostra do quão belo o mal podia ser às vezes. Enquanto observava a mulher que me atraía e ao mesmo tempo me desafiava, não pude deixar de me perguntar sobre o que estava por vir. Eu conseguia sentir quase uma melancolia de que os nossos dias estavam contados, eu estava perto. Muito perto. E já não havia mais como voltar atrás, seria vingado.
Segui pelo corredor até a sala de estar. Peguei minhas chaves e saí da casa, entrando no meu carro. O motor ronronou à vida e eu dirigi pelas ruas da cidade em direção à casa de Dmitri.
Enquanto dirigia, minha mente estava repleta de pensamentos sobre o que estava por vir. Sabia que Dmitri era um homem astuto, sempre em busca de vantagens para a Bratva. Ele cuidava de seus próprios interesses e estava disposto a jogar sujo quando necessário. Era por isso que nossos encontros eram sempre tensos, marcados por desafios velados e trocas de farpas.
Eu estava indo até lá para finalizar alguns detalhes de negócios relacionados ao casamento com , um casamento que, para Dmitri, era um acordo vantajoso para a Bratva. No entanto, ele não estava ciente das mudanças sutis que estavam acontecendo entre mim e sua filha. Eu sabia que, em breve, teria que escolher entre meus deveres como agente duplo e os sentimentos crescentes que estava desenvolvendo por e, assim como sabia que esse momento chegaria, também já tinha em mente a minha escolha. Nunca houve uma segunda alternativa para mim, não importava o quão envolvido eu estivesse ou ficasse. Eu aproveitaria esses momentos como se fossem os últimos com , porque seriam.
Enquanto a cidade passava rapidamente pela janela do carro, eu me perguntava como as coisas se desenrolariam nesse encontro com Dmitri. Sabia que ele tinha suas próprias agendas e expectativas, e eu tinha que estar preparado para qualquer coisa. Tudo era uma teia de mistérios quando seu sogro era o líder da porra da Bratva.
Enquanto dirigia pelas ruas da cidade, com meu destino sendo a casa de Dmitri, meu telefone tocou, interrompendo meus pensamentos. O nome de Emily brilhou na tela do carro e olhei pela janela, frustrado. Cansado de traí-la. Atendi o telefone no viva-voz do carro e pude perceber a irritação em sua voz desde o primeiro momento.
— O que diabos está acontecendo, ? Você ficou o dia inteiro sem dar notícias — ela reclamou.
Suspirei, mantendo a atenção na estrada enquanto respondia.
— Estive ocupado, Emily. Com .
Pude perceber o leve desconforto na voz dela do outro lado da linha. Ela sabia que o envolvimento com era perigoso e podia afetar a operação. Quando o silêncio se instaurou, decidi interromper falando de uma vez sobre a viagem com a russa, mas não dei detalhes. Eu tinha minhas razões para manter essa informação oculta, por enquanto.
— Viajar? O que você está planejando?
— Ganhar tempo. Precisamos de mais informações e não podemos levantar suspeitas. Ficar fora por alguns dias vai nos dar a oportunidade de fazer progressos na investigação. Mantenha as coisas sob controle na minha ausência.
O silêncio de Emily do outro lado da linha falou muito sobre sua frustração, mas ela acabou concordando.
— Tudo bem, mas você precisa manter contato e informar o que estiver acontecendo. ? — Emily parecia hesitante, como se tivesse algo importante a dizer.
— Sim, loira? — respondi, aguardando o que ela tinha em mente.
— Não se apaixone por ela. Por favor.
A preocupação em sua voz estava evidente, e aquelas palavras me atingiram como um alerta. Eu já sentia algo por , mas não podia permitir que esse sentimento se transformasse em algo mais profundo. Sabia que a investigação era minha prioridade, minha vingança era o meu norte e meus sentimentos pessoais não deveriam interferir.
— Eu estou aqui para cumprir a missão, Emily. Não vou me deixar levar por sentimentos. Confie em mim. — Minha voz soou firme, mas minha mente duvidou de cada palavra.
Emily não respondeu de imediato, mas eu sabia que ela entendia o meu esforço. Talvez ela apenas não acreditasse nele, como eu próprio duvidava. Nossa conversa foi encerrada com um breve adeus quando cheguei aos portões da casa do meu sogro.
Os portões se abriram, permitindo minha entrada, e eu notei a presença dos seguranças de Dmitri em vários pontos da propriedade. O velho era cuidadoso com sua segurança, o que não me surpreendia, sua posição era desejada e odiada o suficiente para isso.
Ao entrar na casa, fui direto para o bar, onde Dmitri estava sentado. Ele estava examinando alguns documentos, mas ergueu o olhar para mim enquanto eu me aproximava. Nossos olhares se encontraram, carregados de desconfiança mútua. Dmitri ofereceu uma bebida e eu aceitei, não esperei que ele tomasse a bebida antes. Ao contrário de , Dmitri tinha menos motivos para me querer morto. Por enquanto eu o servia vivo.
Enquanto servia as bebidas, Dmitri quebrou o silêncio.
— Você está atrasado. Gosto de pontualidade.
— Tive alguns assuntos pessoais para resolver.
— Eu sinto o cheiro da minha filha em você — a forma que ele falou era uma mistura de asco com diversão. — E isso me faz pensar… Você pensa em ser pai, Mitchell? — A pergunta carregava um tom sombrio, fúnebre e desafiador. Dei de ombros, não era um cenário que eu imaginava, menos ainda com a minha atual ‘família’.
— Não é algo que eu planeje. — Fui sincero, ainda que tivesse cautela em minhas palavras. O velho russo soltou uma risada amarga.
— Ser pai pode ser uma bênção ou uma maldição. Depende do mundo em que se vive, dos inimigos que se faz. A verdade é que em nosso mundo a proteção é uma ilusão sagaz. Quando minha filha nasceu, senti uma alegria que nunca tinha experimentado antes. Era como se uma pequena luz tivesse entrado em minha vida escura. Eu a segurei em meus braços, e tudo pareceu possível naquele momento. — Ele fez uma pausa, a expressão mais sombria. — No entanto, essa luz logo se tornou uma sombra. Conforme ela crescia, eu percebia que cada sorriso inocente dela poderia ser usado contra mim. Cada demonstração de carinho que eu dava podia se tornar uma fraqueza. Eu me tornei mais duro, mais distante, para protegê-la, mas ao fazer isso, também me distanciei dela. já foi uma mulher pura um dia, por mais que pareça distante a ideia. Eu sei como você a vê, sei que a acha incapaz de sentir algo, mas ela já sentiu muito. Eu a moldei, porque ser pai é isto. Ser pai é aceitar a responsabilidade de moldar seu filho em um mundo brutal, é ensiná-lo a ser forte, a não mostrar fraquezas, a não confiar. É ver a inocência se perder gradualmente enquanto o ser que criamos se torna uma criatura do nosso próprio mundo. É saber que, mesmo que você faça tudo para proteger seu filho, ele pode acabar sendo puxado para o mesmo vórtice de escuridão que nós. — Ele fechou os olhos por um momento, como se estivesse revivendo suas próprias memórias sombrias. — No final, ela escolheu esse caminho por conta própria, e eu não pude impedi-la.
— Eu não entendo o porquê de tudo isso agora.
— Ela engravidou uma vez. Do seu sobrinho, filho de . — O impacto da revelação me atingiu como um soco no estômago. Uma série de pensamentos se atropelou em minha mente, enquanto eu tentava entender o que isso significava. O que era evidente, porém, era que Dmitri via a situação com uma perspectiva única, complexa e talvez doentia. — Ela não sabe. era muito jovem, recém forçada a se casar com porque eu precisava das armas que ele capturava tão bem no tráfico. Eu fiz negócios com ele, assim como fiz com você. Eu a vendi para ele, assim como a vendi para você. Sob quase os mesmos termos. Era a única forma de tê-la perto de mim, de protegê-la, de evitar que seu fim fosse ainda mais trágico que o de Nikolai. — O nome familiar me vem à mente. Penso onde já vi o nome, em que momento o conheci e de forma imediata minha mente passeia pelo corpo de . O nome estava tatuado nela. — No entanto, também não confiava no seu irmão. Vocês têm algo muito ruim no sangue, eu sinto isso. — Seu tom era desdenhoso, mas ignorei curioso no restante da história. — Coloquei alguém para cuidar dela, na casa dele. Essa pessoa foi quem percebeu a gravidez de . Ela tinha acabado de completar dezoito anos, não estava pronta para a maternidade e ouso dizer que nunca estará. Minha filha é quebrada como eu, ela não nasceu para ser mãe.
— Por isso escolheu por ela? — A pergunta saiu automática, não precisei ouvir os detalhes para saber o fim daquela história. Se a gravidez tivesse tido continuidade, então ela saberia que engravidou. Se ela não sabia, ela não teve a opção de escolher.
— Não só por isso, eu tive meus próprios motivos, é claro. Seu irmão era um nome grandioso na Bratva. Ele e Vincent sempre foram uma dupla formidável no tráfico de armas, pertencem a uma família distinta e antiga. Imagina quantos seguidores essa criança não teria se fosse homem? Quantas pessoas tirariam a minha cabeça para colocar a de uma criança no lugar? Eu não podia deixar. Eu posso ser um vilão aos olhos de qualquer um, mas mantenho viva e a salvo. Seu irmão usaria essa criança para prender a minha filha e jamais a permitiria sair da prisão. não nasceu para viver presa, ela tem demônios demais em sua mente para alimentar e precisa de espaço para isto. Seu suicídio seria inevitável. Um herdeiro com sangue das duas maiores famílias seria a minha ruína. Apesar de tudo, ela é a minha única herdeira e as pessoas gostam dela. Confiam nela. Eles me odeiam, mas amam a minha filha. Mesmo ela tendo matado , eles a veneram. Eu incito o medo, mas ela conseguiu o respeito. — Ele bebeu um pouco da bebida quente que tinha em seu copo antes de continuar. — Já alertei minha filha, mas a você darei detalhes... Se ela engravidar de um filho com o seu sangue, eu vou te amarrar ali, naquela cadeira de couro, para que observe tudo. — Ele apontou de forma discreta, fazendo meu olhar vagar até o local. — Em seguida vou amarrar ela, Maximus, bem na sua frente, e vou esfaquear ela com o triplo da quantidade de meses que ela tiver, até que o seu filho caia pelo tapete sem vida. Até que ela seja apenas uma lembrança dolorosa em sua mente — ele prosseguiu, inclinando a cabeça para frente. — Você está envolvido nos meus assuntos de família mais do que eu gostaria. Eu só quero que você entenda que, para o bem da minha filha, a sua vida deve seguir um curso adequado. Um neto é, na melhor das hipóteses, uma ameaça, na pior, um traidor de sua linhagem e de sua lealdade. Ela não teve o filho de , mesmo ele possuindo uma linhagem pura, e não terá o seu.
— Como eu disse, um filho não faz parte dos meus planos.


Capítulo 26


I can’t fight it anymore
And I wonder if I ever cross your mind
For me it happens all the time

Need you now - Lady A.


Maximus e eu entramos no quarto do hotel. As malas estavam ali, mas pareciam irrelevantes diante do peso que aquela decisão trazia. Eu havia me permitido ter essa viagem, ter essa aproximação, e eu sentia que estava me traindo de alguma forma. Sentia como se algo ainda não estivesse certo e, o pior, me sentia estranhamente bem.
Eu não temia estar isolada com ele; temia a maneira como aquilo poderia me fazer enxergá-lo. A confiança, ainda que pequena, começava a se formar, e eu me questionava se permitir isso era um erro. A verdade era que, de alguma forma estranha e em algum momento que eu não sabia bem qual, eu comecei a confiar nele. Os olhos que antes eu via apenas como instrumentos de vingança, agora carregavam algo mais, algo que eu preferia não nomear porque, a partir do momento que desse um nome, seria real. A verdade era que eu estava me enganando, eu já sabia que tinha um nome, mas ainda assim fingia não ter ciência disso. Se eu não admitisse, então não era verdade.
Algumas pessoas não podiam se dar a chance de um amor verdadeiro, às vezes simplesmente não havia essa possibilidade. O amor podia ser muito perigoso, principalmente para alguém como eu, que sempre soube que o amor, ou qualquer sentimento semelhante, não era um aliado. Não era bonito como nos filmes, era complicado, imprevisível e, muitas vezes, destrutivo.
O olhar dele estava fixo em mim, como se ele soubesse de algum segredo que não queria me contar, como se tentasse me ler de alguma forma. Senti meu corpo arrepiar com a intensidade da forma que Maximus me olhava. Suas mãos puxaram-me pelo quadril, colocando-me em seu colo e seu rosto foi afundado na curva do meu pescoço.
— Dance comigo, . — O pedido me deixou surpresa. Havia um tom de desconfiança por trás de tudo que ele fazia, minha mente tardava em ver os gestos como verdadeiros e gritava que havia algum truque ali. Ele tinha me acusado e me ameaçado, não podia realmente ser bom pra mim depois de ter visto tantos lados nada bons meus, podia? — Ande, venha.
— Não temos música. — A hesitação pairava no ar, mas algo na forma como ele me olhava fez com que eu aceitasse. Ele fez menção para que eu levantasse, ficando em pé logo em seguida e estendeu-me a mão. Eu, relutante, correspondi o seu intuito, deixando minha mão sobre a dele. A música suave ecoava no quarto com o tom de sua voz, cantarolando baixo.
— Eu não sabia que você cantava.
— Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim, lyubov.
Aceitar dançar com ele, mesmo com a desconfiança permeando a atmosfera, era como ceder a uma força magnética da qual eu não tinha controle algum. Nossos corpos se moviam em sincronia com a melodia criada. A tensão inicial se desvanecia a cada passo, substituída por uma conexão silenciosa. As sombras dançavam nas paredes, refletindo as dualidades dos nossos sentimentos. Havia algo acontecendo ali, uma vulnerabilidade que eu não queria admitir, uma proximidade que poderia abrir portas que, talvez, fosse melhor mantê-las fechadas.
Maximus se afastou, caminhando até a estante da suíte e parei, observando-o quando suas mãos passearam pelo controle. O som de “Need you now” começou a ecoar no quarto e quase consegui ouvir as batidas do meu coração quando ele se voltou completamente para mim.
— Essa música me lembra você. — Não deixei de notar a verdade em sua voz e mordi levemente meu lábio inferior, desviando o olhar.
— Ela tem esse efeito sobre as pessoas? — perguntei, tentando disfarçar a vulnerabilidade em minha voz. Ele voltou a fazer com que meus olhos encontrassem os dele e me perdi por inteiro naquela íris.
— Não, é você que tem esse efeito sobre a música.
— Você tem péssimas cantadas — falei, de forma divertida, e ele riu quando um sorriso ocupou meus lábios.
— Você se casou com um péssimo marido. — A menção da palavra marido me deixou tensa e, ao perceber, ele encostou seu rosto no meu.
O ato de fechar os olhos foi quase involuntário. Às vezes, por algum motivo, era difícil lembrar que Maximus era o meu marido, a palavra me lembrava que nosso relacionamento teria uma data de validade, assim como teve com . Nenhum casamento meu seria duradouro porque todas as minhas relações dependiam do quão benéficas elas podiam ser. Minha mente vagueou ao meu ex marido e o desconforto me consumiu, mesmo sabendo que eles não eram as mesmas pessoas, eu era. Eu não tinha mudado, de alguma forma, eu não conseguia mudar.
— Isso não vai dar certo. — A frase saiu automaticamente, refletindo um pensamento que vinha do meu interior. Eu acreditava que as coisas com Maximus não dariam certo porque isso era lógico. Nós tínhamos interesses diferentes.
— Não pense, . Por favor, não pense. — Seu tom de voz era baixo, calmo e quase suplicante. — Não pense nos motivos porque nós não podemos acontecer, essa semana é nossa. Apenas confie em mim um pouco, só uma vez.
As palavras me despertaram dos meus pensamentos e o mirei fixamente. Uma das coisas que eu mais odiava era a forma que ele me lia tão bem, era a maneira que mesmo eu evitando, ele sabia como entrar nas frestas da muralha que me cobria.
Interrompi a dança, afastando-me do loiro e sentando-me na cama.
— Eu não consigo não pensar. Isso tudo é tão… Como vou passar uma semana inteira esquecendo que você prometeu acabar com a minha vida? Como vou saber que você não vai me matar amanhã de manhã pelo simples fato de que confiei em você? Eu não… Eu não quero confiar em você.
Sua expressão, embora dolorida, foi suave. Ele se aproximou, ajoelhando-se entre as minhas pernas e o mirei por alguns segundos. Um sorriso suave escapou do seu rosto quando suas mãos pousaram nas minhas. Um silêncio breve se instalou entre nós antes que ele desse continuidade aos seus pensamentos de forma oral.
— Eu entendo o que você está sentindo. E sei que palavras são vazias se não forem respaldadas por ações, mas prometo que vou provar a você que não sou uma ameaça. Eu não me ajoelhei para te intimidar, mas para mostrar que estou vulnerável diante de você porque é assim que eu me sinto. Ajoelhado diante dos meus próprios demônios. — Seu tom de voz foi firme e meus olhos permaneceram presos aos dele com certa expectativa. Eu me peguei cedendo um pouco à sua presença, permitindo que suas palavras encontrassem um espaço dentro de mim. — Não quero que esqueça o que eu disse porque sei que não tem como, eu nem mesmo sei se quero retirar o que eu disse, mas veja além das palavras. Eu amo cada parte complicada de você, . Eu amo a intensidade das suas escolhas, mesmo quando elas me assustam. E, por mais que algo em mim se contorça quando eu falo isso, eu faria qualquer coisa pra proteger você. Estar você é como segurar uma chama sabendo que, eventualmente, ela vai queimar e você não sabe a aflição que isso me dá porque eu nunca quis tanto ser queimado por algo que pode me destruir. Eu odeio a maneira como você entra na minha vida como um furacão, desafiando cada crença que eu tinha, bagunçando a ordem que eu tanto prezava. Odeio como você se tornou uma droga viciante, uma que eu não consigo largar, mesmo quando sei que deveria. E, no entanto, , mesmo no meio desse caos emocional, eu não posso negar que te amo.
Foi diante daquelas palavras que eu fiz uma coisa que não fazia há muito tempo. Eu chorei, copiosamente. Em diversas situações eu senti algo dentro de mim quebrar ou endurecer, mas esta era a primeira vez que eu sentia algo florescer.
Naquele instante, enquanto nossos sorrisos se encontravam, uma onda de consciência atingiu-me com a força de um soco. Eu estava irremediavelmente envolvida com Maximus, muito além do que eu gostaria de admitir. Gostava de seus olhos que pareciam desnudar minha alma, das mãos que tocavam partes de mim que eu mesma desconhecia, da boca que sussurrava promessas perigosas. Gostava da forma como ele desvendava os mistérios que eu tentava manter ocultos, como se conhecesse cada centímetro da minha essência.
Céus! Eu gostava de Maximus, e aquilo era uma verdade incômoda e dolorida. Na dança sutil que compartilhávamos, eu havia me perdido em sentimentos que não deveriam existir.
Enquanto nossos corpos continuavam a mover-se em harmonia com a música, as barreiras que eu erguera tão cuidadosamente começavam a desmoronar. Era uma entrega involuntária, um reconhecimento silencioso de que, apesar de todas as razões para não confiar, eu confiava. Apesar de todos os amontoados de razão para não o amar, eu amava.


Capítulo 27


Lately, been thinkin' maybe
There's a place we won't feel so crazy

The broken hearts clubs – Gnash


A revelação de meus próprios sentimentos pairava no ar, tão densa quanto a tensão que existia entre nós. Eu havia falado sobre como me sentia e deixado à mostra todas as vulnerabilidades que ela mesma havia causado. A culpa era um fardo pesado e eu sentia o peso dela enquanto encarava .
Ao mesmo tempo em que sentia um alívio por ter compartilhado a verdade, uma culpa silenciosa se aninhava em mim. A confissão de amá-la já era dúbia o suficiente, mas ter esse sentimento ao mesmo tempo que buscava vingança pela morte de criava um nó de emoções. A verdade era que a russa maldita que havia invadido todos os cantos da minha mente agora ocupava também o centro do meu coração.
Testemunhas as lágrimas que ela derramava, adicionavam uma camada de beleza inesperada a sua figura. Era como se vê-la vulnerável a tornasse mais humana, mais compreensível. Perceber as cicatrizes emocionais que o relacionamento com Dmitri havia deixado em lançava uma nova luz sobre seus lados mais obscuros. O pai, que deveria ser um pilar de apoio e segurança, havia, de alguma forma, entregue-a às sombras.
O impulso de protegê-la se intensificava e, ao vê-la chorar, algo dentro de mim despertava com uma força avassaladora. Sem hesitação, ergui-me rapidamente, estendendo os braços para envolvê-la em um abraço acolhedor. Puxei-a suavemente para junto de mim, buscando oferecer o conforto que seus olhos molhados clamavam.
Aconchegando-a em meus braços, eu podia sentir a fragilidade por trás da fachada impenetrável que ela normalmente mantinha. Meus dedos acariciavam seus cabelos, numa tentativa instintiva de transmitir uma sensação de segurança, como se pudesse afastar, por alguns instantes, as tormentas que assombravam sua alma.
Enquanto ela repousava em meus braços, sua respiração aos poucos ficava mais tranquila. Sem perceber, minha mão continuava a acariciar seu cabelo. As barreiras que eu havia construído contra a proximidade emocional começavam a desmoronar, como castelos de areia diante da maré crescente.
, que tantas vezes se apresentava como uma figura impenetrável, revelava agora camadas de sua humanidade. O choro, a vulnerabilidade, tudo isso despertava um desejo contraditório em mim: o desejo de proteger, mesmo que isso fosse diametralmente oposto ao meu propósito original.
Por um instante, permiti-me esquecer o peso da missão, afundando-me na complexidade de nossos sentimentos compartilhados. Era como se estivéssemos em uma bolha, um refúgio temporário do mundo exterior.
Em um gesto espontâneo, guiei seu rosto em direção ao meu e, com ternura, a beijei. Foi um beijo cheio de calma, uma resposta silenciosa para a tempestade emocional que ela enfrentava. Queria que ela soubesse que, nesta semana, havia um refúgio nos braços um do outro. O beijo foi interrompido por um selinho suave.
— Você ainda me odeia? — A pergunta surgiu. Pude ver as inseguranças dela presentes, as mesmas que eu achava não existir.
— Acho que te amo bem mais do que te odeio, lyubov.
Era verdade. A confissão pairava no ar como um fio de sinceridade, uma verdade que eu mesmo não sabia que estava disposto a admitir. Eu a amava. Apesar da sombra vingativa que pairava sobre mim, a consciência desse amor se tornou um motivo profundo o suficiente para transformar nossa última semana juntos na melhor de nossas vidas.
Mesmo que o desejo de vingar Mikhail permanecesse inabalável, o amor por emergia como uma força imparável. Aquela dualidade dentro de mim, o conflito entre a busca por justiça e o desejo de amar, criava uma tempestade emocional que só poderia ser enfrentada naqueles momentos preciosos.
Por mais que eu a culpasse pela morte de meu irmão, também a culpava por fazer com que eu questionasse tudo o que eu pensava sobre o amor. desafiava as fundações de emoções que eu construí ao longo dos anos, fazendo-me repensar a ideia de que o amor poderia merecer uma chance, mesmo quando compartilhado com alguém que desafiava todos os princípios e valores que eu conhecia.
Os segundos pareciam se esticar enquanto absorvia as palavras que eu havia acabado de pronunciar. Em meio ao silêncio mútuo, estiquei os braços em um gesto de consolo, envolvendo-a em um abraço. Seu corpo relaxou lentamente enquanto ela se permitia afundar em meus braços.
— Venha comigo. Eu quero levá-la a um lugar.
Ela ergueu o olhar para mim, seus olhos mantinham-se úmidos.
— Um lugar? Por quê? — A pergunta carregava curiosidade e desconfiança, o que me fez rir.
— Porque acho que precisamos de um momento longe de tudo o que nos causa dúvidas. Um momento só nosso, onde possamos esquecer, mesmo que por breves instantes.
Ela concordou, sem adicionar nada, e apenas me olhou por alguns segundos. Enquanto a observava e sentindo o meu peito disparar dentro do peito, surgiu a brilhante ideia de trazer uma leveza maior a este momento.
Eu me aproximei da mala, buscando algo. Entre algumas peças de roupa e objetos pessoais, encontrei um chapéu um tanto quanto peculiar, com cores vivas e um estilo ridículo.
— Aqui está — declarei, segurando o chapéu com um gesto teatral.
arqueou uma sobrancelha, examinando o acessório com um olhar divertido.
— Você está querendo me transformar em um personagem de circo?
Soltei uma risada enquanto me aproximava dela.
— Talvez só um pouco. — Com um gesto brincalhão, coloquei o chapéu em sua cabeça, ajustando-o para que ficasse perfeitamente fora do comum.
Ela levou a mão ao chapéu, dando a risada mais linda do mundo.
— Ridículo.
— Ridículo, mas inesquecível — declarei, puxando-a pela mão em direção à porta.
O lugar não era tão próximo, então precisamos do auxílio de um táxi para chegar. Alguns minutos depois de chegarmos, caminhamos por um caminho ladeado por arbustos e árvores que pareciam ter sido esculpidos ao longo dos anos, mas ainda mantendo a beleza natural do lugar. O aroma das flores e a atmosfera serena criavam uma sensação de tranquilidade que contrastava com o caos de nossas vidas.
— Onde você está me levando? — perguntou, olhando ao redor com curiosidade e ainda usando o chapéu ridículo que escolhi para ela.
— A um lugar especial. Um lugar que tem um significado para mim — respondi, mantendo um certo mistério em minhas palavras.
Ao chegarmos, a cena revelou-se diante de nós como um tesouro escondido. O jardim botânico, agora um tanto negligenciado, ainda exibia sua antiga beleza. Flores coloridas dançavam com a brisa suave, enquanto plantas exóticas criavam um cenário encantador. O contraste entre a natureza exuberante e a decadência do lugar conferia-lhe uma atmosfera única.
— Bem-vinda ao meu refúgio. — olhava ao redor, seus olhos captavam cada detalhe do jardim. Em seu rosto era visível a expressão sutil de apreciação que cruzou seu rosto, revelando um lado dela que ela raramente mostrava.
— É lindo — ela murmurou, seus olhos encontrando os meus.
Senti uma mistura de emoções ao vê-la apreciar esse pedaço do meu mundo. Era como se, ao compartilhar esse lugar especial com ela, estivesse permitindo quebrar algumas barreiras entre nós. Não era apenas sobre a missão ou a vingança; era sobre nós e a forma que nos víamos.
Caminhando pelo jardim, chegamos a um canto especial que, mesmo com o passar do tempo, ainda mantinha a magia de minha infância. Era como um refúgio, uma pequena casinha que eu mesmo tinha montado quando era criança. olhou ao redor, curiosa, enquanto eu abria a porta improvisada.
— Bem-vinda à minha antiga casa secreta. — Sorri, segurando a porta para que ela entrasse primeiro.
Ela adentrou, observando os detalhes improvisados com um encanto perceptível. O interior da "casinha" era pequeno, mas aconchegante, com algumas almofadas no chão e desenhos nas paredes que datavam de uma época em que a imaginação corria solta. A poeira que eu achei que teria não estava tão presente, possivelmente porque mesmo com os anos de negligência eu ainda pagava alguém para cuidar daquele espaço.
— O que aconteceu com a decoração aqui? — perguntou, brincando com uma das almofadas.
— Ah, bem, eu diria que meu gosto evoluiu um pouco desde então — respondi, com um sorriso travesso. — Mas, naquela época, era o melhor lugar para se esconder e sonhar.
riu e o som ressoou no espaço pequeno, preenchendo-o com uma leveza que eu não imaginava que pudesse existir ali.
— Conte-me mais sobre sua infância — ela pediu, sentando-se em uma das almofadas. olhou para mim com curiosidade nos olhos. Respirei fundo antes de começar a falar, mergulhando em memórias que eu normalmente preferia manter guardadas.
— Minha infância... ela foi um tanto complicada — comecei a falar, sentando-me ao lado dela e a puxando para mim, fazendo-a deitar em meus braços. — Como você sabe, sou filho bastardo de Patrick Petrov, o que significa que não tive uma infância tão comum. Minha mãe era uma mulher forte e sempre lutou por tudo que acreditava ser certo em minha vida e na dela própria, mas não tínhamos os luxos dos verdadeiros Petrovs. Cresci bem, mas sempre me senti insuficiente em comparação com os filhos legítimos dele. Acho que eu nunca tive a sensação de pertencimento a uma família. Minha mãe fez o melhor que pôde, mas sempre houve um vazio, uma lacuna que nada podia preencher completamente. Ainda existe uma parte em mim que é oca. Patrick nunca negou nada material, mas nunca me deu o que eu mais precisava. Eu nunca quis me envolver com os negócios da família Petrov, talvez como uma forma de me proteger dessa sensação de inadequação. Se sentir insuficiente é ruim, mas se sentir insuficiente para alguém que devia te dar amor é uma das piores sensações do mundo. — Suspirei, olhando para os desenhos infantis nas paredes. — Às vezes, eu vinha aqui para escapar dessa realidade. Aqui, eu era apenas eu. Não era o bastardo do Petrov. Entendi o significado da família não apenas pelo que tive, mas pelo que me faltou — continuei, deixando minha vulnerabilidade à mostra. — Quando minha mãe morreu, eu percebi que ela era tudo o que eu tinha. Foi então que entendi que a família não é apenas sobre sobrenomes ou riqueza. É sobre as pessoas que estão dispostas a ficar ao seu lado, não importa o que aconteça. Depois que minha mãe faleceu, conheci . Ele me procurou e me achou — admiti, percebendo a tensão sutil no rosto de . — Ele foi uma espécie de mentor para mim, me ajudou a me adaptar à família Petrov e ao estilo de vida que eu nunca quis. No fundo, eu sabia que ele tentava ser um irmão para mim. — Percebendo a desconfortável reação de , decidi mudar o rumo da conversa para algo mais leve. — Me fale sobre Nikolai — pedi, passando o dedo pela costela dela, onde eu já havia memorizado a tatuagem.
fez uma pausa, seus olhos perdidos por um momento em alguma lembrança distante. Uma expressão nostálgica suavizou seus traços, mas havia também um toque dolorido de tristeza em suas feições.
— Nikolai era meu irmão mais velho. Ele sempre se viu como meu protetor, como se fosse sua responsabilidade manter os problemas longe de mim. — Um sorriso suave brincou em seus lábios ao mencionar Nikolai. — Nós costumávamos passar horas na biblioteca da casa, ele lia para mim quando eu era pequena. Parecia que, enquanto estivesse com ele, o mundo podia ser deixado para trás. Eu aprendi a lutar com ele, foi ele que me ensinou a atirar, ele tinha uma paciência genuína quando se tratava de mim. — Houve uma breve pausa antes de ela continuar. — Ele morreu com dezessete anos enquanto tentava me proteger. Ele era um bom irmão, Maximus. Talvez tenha sido bom demais para este mundo. — olhou para o nada por um instante, antes de voltar sua atenção para mim. — Sabe, às vezes, me pego pensando se ele aprovaria as escolhas que fiz na vida. Eu tenho quase certeza de que ele repudiaria cada uma delas. Ele sempre esperou mais de mim, acreditou mais em mim do que eu mesma. Eu... sinto falta dele.
— Sinto muito por toda a dor que você carrega — murmurei sinceramente, mantendo-a próxima e acariciando seus cabelos.
— Às vezes, é bom dividir o peso com alguém.
— Eu te amo, lyubov.
— Eu também te amo, muzh.


Capítulo 28


Wasn't raised religious
But I wish that I was
Havin' nothin' to believe in
Has been killin' my buzz

to Sad to cry - Sasha Alex.


O toque insistente do meu celular interrompeu a tranquilidade da manhã, enquanto eu ainda estava enredada nos braços de Maximus. Com um suspiro, afastei-me ligeiramente, sentindo o frio do fim de tarde dar lugar ao calor dos lençóis.
— Alô? — minha voz soou um pouco rouca, reflexo do sono que ainda se dissipava.
A voz de Sergei, familiar e ao mesmo tempo fraca e falha, ecoou do outro lado da linha. Ele perguntou sobre a minha localização e se estava tudo bem, e pude perceber uma pitada de preocupação em sua fala, mas sobretudo havia dor no seu tom de voz.
— Estou bem. Estou fora por alguns dias, resolvendo algumas coisas. Não se preocupe. O que aconteceu? Você está bem?
Sua voz se tornou um pouco mais relaxada ao ouvir minha resposta, mas ainda pairava uma sombra de nervosismo. Conversamos por mais alguns segundos e eu assegurei-lhe de que voltaria em breve, a confirmação de que algo não estava certo surgiu quando ele pediu que eu não voltasse.
— Eu te amo, kukolka. Eu te amo muito, apenas… não esqueça disso.
Ao desligar o telefone, voltei meu olhar para Maximus, que começava a despertar. Uma sensação estranha se instalou em mim, uma mistura de dor e incerteza. A ansiedade misturou-se à perplexidade quando me dei conta de que Sergei não ligaria pedindo minha localização sem uma razão significativa. Havia algo acontecendo.
Maximus tinha me tirado da cidade.
Seria uma coincidência ou um plano? O dilema se instalou em minha mente, como uma névoa densa que obscurecia a clareza. As perguntas ecoavam, sem respostas evidentes.
— O que houve? — ele perguntou, ainda com cara de sono. Balancei a cabeça, negando, e me afastei imediatamente. Não sabia se podia confiar nele, as dúvidas estavam fortes em minha mente, elas giravam. — Achei que tínhamos vindo para confiar um no outro. — Sua voz era suave, mas havia uma nota de decepção.
Abracei-me a uma defesa instintiva.
— Existem coisas que não podemos confiar um no outro, você sabe disso.
Ele olhou para mim, determinado.
— Pelo menos eu estou tentando.
O peso da culpa e da traição apertava meu peito, mas não podia permitir que essa vulnerabilidade emergisse.
— Eu matei o seu irmão. O mesmo que você falou ontem que tentou ser um irmão pra você, o que se tornou sua família depois que sua mãe morreu. Acha mesmo que pode tentar algo e que eu vou acreditar nisso por muito tempo? Por quanto tempo a farsa vai durar? — As palavras saíram mais amargas do que eu queria, o vi levantar-se de imediato também, com uma expressão de incredulidade. — Eu não confio em você. Você é como ele. Está no sangue.
O tom de Maximus se tornou carregado de irritação e desconfiança ao perceber a ligação de Sergei. Seu rosto se aproximou do meu, a raiva visível em seus olhos, e suas palavras cortaram o ar.
— Era Sergei no telefone, não era? O seu amante te liga e você surta — ele acusou, a voz impregnada de irritação. — Tem razão, devo ser como ele porque eu tô caindo na sua que nem o caiu, como a porra de um patinho cego que come qualquer migalha que deem.
Tentei ignorar a dor que a comparação com seu irmão falecido me causou. A decepção estava pairando no ar, como um acúmulo de situações. Era como se tudo que tivéssemos construído em dias tivesse acabado de desmoronar em segundos.
— O que está acontecendo na Rússia? — A pergunta foi direta, mas ele apenas riu, afastando-se e voltando a mim logo em seguida. — Por que me tirou de lá? — continuei, insistente. — O que você fez com Sergei? Ele estava ferido, eu sei que estava. Se algo acontecer a ele, eu mato você.
— Você é doente — ele murmurou, rindo enquanto se afastava. — Quer fazer perguntas, vamos fazer perguntas então. Por quanto tempo esteve na cama de Sergei enquanto estava casada com o meu irmão? E por quanto tempo está com ele ao mesmo tempo que está comigo? Acha que eu não percebo o que tem entre vocês dois? Acha que sou estúpido? — Ele levou as mãos até a cabeça, tentando se controlar, mas era em vão. — Porra, eu passei os três últimos dias confuso, dividido entre admitir que tinha me apaixonado por você ou aceitar de vez que você não vale a pena. Eu tentei ignorar tudo que me alerta sobre você, . Eu tentei te amar, mas você não merece ser amada. Eu traí por alguém que sequer merece isso.
— Não fale sobre ele. Você não sabe nada sobre o meu casamento com o seu irmão.
— Eu não sei? — Ele gargalhou, me causando um mal estar ainda maior. — O que eu sei é que não merecia casar com alguém como você. Uma mulher vil, que se esgueira por entre as sombras, traindo até mesmo aqueles que a amam. Ele merecia algo melhor, alguém que não se enlameasse na sujeira da própria ganância e traição. Está preocupada com o seu amante? Eu espero que ele morra. Assim talvez você entenda a dor de perder alguém que faz tudo por você. — As palavras foram lançadas como flechas, carregadas de amargura e ressentimento. Maximus, tomado pelo impulso e pela dor, não media suas palavras, mas as atirava como facas, buscando me ferir o mais profundamente possível. A sala pareceu ecoar com a intensidade das acusações e o silêncio que se seguiu foi carregado com a devastação de verdades cruéis.
— Cala a boca — pedi, em meio ao choro, enquanto meu corpo enfraquecido caía no chão. — Pare, por favor. — Minhas mãos foram aos meus ouvidos, os fechando.
— Eu não vou parar, caralho. Olhe para você, . Uma mulher que destrói tudo que toca. merecia alguém melhor que você. Ele merecia uma esposa leal, não alguém que o traía. Você o matou nas sombras, você fez com que ele assistisse Vincent morrer em meio a gritos da tortura que você causou. Você nunca foi boa o suficiente para ele. Você é egoísta. Egoísta demais para perceber o estrago que causou na vida das pessoas ao seu redor. Você tem sangue nas mãos. Sangue de Nikolai, sangue de , sangue de Vincent e, em breve, terá sangue de Sergei também. Porque é assim que você é, você é uma sombra que escurece tudo que toca. — As palavras continuavam a machucar, cada uma delas uma confirmação dolorosa de minhas falhas.
As lágrimas finalmente escaparam, escorrendo pelo meu rosto como testemunhas silenciosas da dor que me consumia. Eu permanecia em silêncio, sem palavras para rebater ou amenizar o impacto das acusações. O lugar estava impregnado com a tensão de um confronto emocional, onde as feridas abertas pulsavam com a verdade que eu preferiria não encarar.
— Eles se revezavam. — As palavras ecoaram novamente, como se fossem um eco do passado que teimava em persistir. As lágrimas continuavam a escorrer. — Eu os matei e não me arrependo, mas tive meus motivos. Eu passei anos sendo dividida entre e Vincent, apenas porque era divertido para eles me ver vulnerável, me ver com dor. Porque sentiam prazer com os meus gritos implorando para que parassem. — O silêncio parecia se estender, uma pausa angustiante antes de eu reunir coragem para continuar. — Quanto mais eu me debatia, mais prazer eles sentiam. Um me segurava para que o outro aproveitasse, Maximus. Você acha que foi um santo para mim e que eu fui o monstro? Todas as cicatrizes que tenho foi o seu querido irmão que me deu. Então sim, eu os matei e eu os mataria quantas vezes fosse necessário para escapar do inferno que fui colocada. Me chame de egoísta se isso suavizar a saudade que você sente do seu irmão psicopata, mas o sangue em minhas mãos foi o que me deixou viva. Eu não espero que você entenda, Maximus. Eu vivi anos de mentira, forçada a sorrir enquanto meu corpo doía, enquanto minha mente gritava por liberdade. era um monstro e Vincent era o cúmplice do meu tormento, mesmo que para o mundo usassem as máscaras de bons que você quis comprar. — Minhas lágrimas continuavam a cair, mas não eram mais lágrimas de fraqueza. — Eu matei para sobreviver. Eu matei porque a morte deles era a única libertação que eu poderia encontrar. E se a sua ideia de justiça for me condenar por isso, então que assim seja, mas não espere que eu me desculpe por ter lutado por mim mesma quando ninguém mais faria isso por mim.


Capítulo 29


I remember the day that we met
You were like a light I didn't know that I needed
You had a smile that could warm up the New York cold
It wasn't long 'til we both caught feelings
I didn't know that we both had demons

Hurtless - Dean Lewis


Era como se tudo que eu acreditei estivesse despencando. A minha rede de crenças estava indo abaixo, como se a verdade tivesse sido finalmente erguida diante dos meus olhos, revelando a complexidade da mulher que estava diante de mim. não era apenas a criminosa insensível que eu imaginava, ela era uma sobrevivente, alguém que havia enfrentado o pior da humanidade e emergido ainda de pé. E eu não fazia ideia de que a pior pessoa que ela conheceu era a melhor que eu próprio havia conhecido. não escolheu essa vida, ela foi moldada por ela. Esculpida pelas circunstâncias cruéis que a cercaram. As lágrimas dela caíam em um ritmo contínuo, como testemunhas silenciosas das dores que ela carregava. Me pergunto por quanto tempo ela escondeu isso. Corri em direção a ela, ignorando qualquer barreira emocional que pudesse existir entre nós, e a envolvi em meus braços com força, como se quisesse protegê-la do mundo, porque eu queria. Sobretudo queria protegê-la de mim mesmo. De todos os julgamentos que tinha feito sem ao menos ouvir a versão dela.
Zhena, eu sinto muito. — As palavras escaparam de meus lábios carregadas de remorso. — Eu não sabia... eu não imaginava o que você passou.
Ela soluçava em resposta, cada lágrima liberava um pouco da dor que vinha de anos de silêncio e sofrimento e que, finalmente, havia encontrado uma saída. Eu me perguntei por que ela nunca havia compartilhado isso antes, por que havia carregado esse fardo sozinha por tanto tempo. A resposta não foi difícil de encontrar. Com quem ela compartilharia? Com o pai psicopata que a colocou no meio disso?
— Por que nunca me contou? — perguntei, tentando entender. — Por que escondeu tudo isso?
Ela ergueu o olhar para mim, os olhos marejados ainda expressando uma força interior que eu mal conseguia compreender.
— Não é fácil compartilhar essas coisas. Há partes de mim que preferiria manter escondidas. Eu pensei que se eu mostrasse qualquer fraqueza, perderia tudo que havia lutado para construir sobre mim mesma — ela confessou, suas palavras saíram com um esforço visível. — E, de alguma forma, acreditei que se eu mantivesse tudo enterrado no passado, poderia escapar dele.
havia construído uma armadura ao seu redor, uma fachada de força para se proteger do mundo e talvez até de si mesma. Ela se sentia obrigada a manter as aparências, mesmo que isso significasse sacrificar sua própria vulnerabilidade.
— Você não precisa carregar tudo sozinha agora — falei suavemente. — Estou aqui para ajudar a dividir o peso.
assentiu, aceitando silenciosamente a oferta de apoio.
O beijo suave que dei no topo da cabeça de foi uma expressão silenciosa do meu compromisso recém-renovado em protegê-la a qualquer custo. Eu a apertei mais no abraço, como se pudesse criar uma barreira contra qualquer ameaça que se aproximasse dela.
Enquanto segurava , meu pensamento inevitavelmente se voltou para Emily. A lealdade de Emily estava comigo e eu sabia que proteger ou ficar do lado dela colocaria em risco toda a amizade que eu tinha com a loira.
Emily era minha amiga, mas ... era mais. Ela era a mulher por quem eu estava disposto a arriscar tudo.
— Eu preciso fazer uma ligação, mas eu prometo que volto rápido. — A promessa foi dita em um tom baixo. Olhei para os olhos azuis acinzentados, penetrantes que ela tinha. Havia um pedido silencioso para que eu não me afastasse, mas eu precisava fazer isso. Eu não conseguiria mudar a mente de Emily ou a missão, mas conseguiria mais tempo para descobrir como proteger a mulher que eu amava.
Me afastei da russa com cuidado, deixando um beijo suave entre os cabelos negros e saí do jardim botânico. Quando liguei o celular, me deparei com várias mensagens na caixa postal, de Emily. Meu coração apertou-se instantaneamente quando comecei a ouvir as mensagens.

Consegui algo. Me liga.
Pelo amor de Deus, ligue a droga do seu telefone.
Não vai dar pra te esperar, precisamos agir agora.


No entanto, foi a última que fez o meu coração bater forte.

Conseguimos, lindo. Conseguimos! Ela não tem mais nada. A gente conseguiu, .

Com o coração pesado, liguei de volta para Emily, sabendo que precisávamos esclarecer as coisas antes que as consequências se tornassem irreversíveis.
— Emily, precisamos conversar. — Minha voz era firme, mas havia uma ansiedade subjacente. — O que exatamente vocês fizeram? E o que significa "ela não tem mais nada"?
O silêncio do outro lado da linha foi tenso, mas, por fim, Emily respondeu, com uma mistura de satisfação e urgência.
, nós conseguimos eliminar todas as conexões de na Rússia. Ela está isolada, sem recursos, sem suporte, sem apoio. Traga ela de volta, ela nunca mais vai sair de trás das grades.
A notícia cortou o ar e, com um sentimento de urgência, eu desliguei o telefone e corri de volta para o jardim botânico. Ao entrar, não foi difícil perceber que ela já não estava lá. A raiva e a frustração tomaram conta de mim, sabendo que ela tinha tomado a decisão de proteger Sergei e agora eu me via impotente para protegê-la.
! — gritei o nome dela, mas o jardim ecoava apenas com o silêncio. A sensação de perda começou a pesar em meu peito. Ela tinha escapado para enfrentar seu próprio destino e eu me via correndo para alcançá-la, para estar ao seu lado quando a tempestade chegasse.
A determinação me impulsionou a agir. Passei pela segunda saída do jardim botânico, traçando o possível caminho que ela teria tomado. O meu coração batia forte no peito, em uma mistura de ansiedade e medo pelo que poderia acontecer a .
As ruas pareciam mais estreitas conforme eu corria, os passos ecoando como um lembrete constante de que o tempo estava se esgotando. Cheguei ao hotel, verificando o quarto e buscando qualquer pista que indicasse para onde ela poderia ter ido.
Nada.
O desespero começou a tomar conta de mim, mas a convicção de encontrá-la se manteve firme.
Então, um pensamento me atingiu como um raio: ela havia retornado à Rússia. As peças do quebra-cabeça se encaixaram e minha mente se iluminou com a realização de que ela estava indo para salvar Sergei.
Sem perder tempo, voltei ao aeroporto, embarcando no primeiro voo de volta para a Rússia. A ansiedade se misturava com a preocupação e cada segundo que passava me aproximava do confronto inevitável. Estava indo não apenas para proteger meu dever como policial, mas para proteger a mulher que eu amava, mesmo que isso significasse desafiar todas as regras que havia jurado seguir.


Capítulo 30


Isn't it lovely? All alone
Heart made of glass, my mind of stone
Tear me to pieces, skin to bone
Hello, welcome home

Lovely - Billie Eilish.


Cada passo que eu dava em direção ao jatinho de Matteo pesava como se carregasse o destino da minha decisão. Eu havia fugido de Maximus para proteger Sergei, não podia ignorar a sua voz de dor ou o pedido que eu não retornasse porque não podia perdê-lo. Sergei era a única pessoa que eu tinha e eu não o deixaria ir embora sem lutar, não importava contra quem fosse a batalha.
Ao tocar o solo russo, agradeci pela curta distância, a urgência me impelia para o lugar que compartilhava com Sergei, onde nossas conquistas roubadas descansavam, mas, acima de tudo, onde nossas histórias haviam começado. Não havia tempo para hesitação, e a certeza de que ele precisava de mim guiava cada movimento.
Ao empurrar a porta, o coração saltou diante da cena que se desdobrava. Sergei, caído no chão, o sangue manchando sua barriga. Um grito, uma mistura de angústia e determinação, escapou de mim enquanto corria em sua direção. Ajoelhei-me ao lado dele, com as mãos trêmulas tentando estancar a ferida, a realidade ecoando em meus ouvidos era um lamento triste.
— Sergei! — O nome dele escapou como uma prece desesperada, enquanto minhas mãos buscavam desesperadamente conter a hemorragia. — Fique comigo, por favor. — As palavras eram sussurradas com a intensidade de quem tenta segurar o que resta.
— Você é teimosa como uma mula… não devia ter vindo — sua voz, enfraquecida, ressoou como um lamento. A ironia do destino era cruel, jogando-nos em um cenário onde a despedida tornava-se inevitável.
— Eu jamais deixaria você, seu russo maldito. — Minha resposta foi um sussurro determinado, uma promessa feita à irmandade forjada em circunstâncias sombrias. Cada batida do coração de Sergei parecia uma contagem regressiva, uma trilha sonora melancólica que ecoava em minha alma.
O tempo era meu inimigo e meus olhos buscavam freneticamente qualquer coisa que pudesse ajudar. A sala silenciosa testemunhava a luta desesperada do meu coração e do dele batendo em descompasso. Cada soluço ecoava como uma dolorosa sinfonia e a ferida da possibilidade de perdê-lo cortava mais fundo do que qualquer faca poderia alcançar.
Sergei, com a palidez da dor estampada em seu rosto, tentava me convencer a abandonar o campo de batalha que se tornara seu refúgio. Seus olhos, normalmente repletos de firmeza, imploravam por uma compreensão que eu relutava em aceitar.
— Me escute… Você precisa ir embora, kulkoka. Estão atrás de você e vão te achar se ficar aqui. Me deixe ir, . — Sua voz, um murmúrio frágil, tentava ecoar uma racionalidade que o próprio corpo ferido parecia negar.
— Eu não vou deixar você. Eu não vou. Morreremos juntos, mas eu não te deixarei sozinho. Prometemos isso, Sergei. Prometemos que iríamos juntos para o inferno que nos chamasse. — Minha resposta era uma declaração de lealdade inabalável, uma manifestação de nossa aliança além dos limites da vida e da morte.
— Merda de mulher teimosa — ele praguejou, ainda pálido, mas um sorriso de compreensão se formou nos lábios dele.
Minhas mãos buscaram freneticamente a bala, enquanto a urgência se misturava com a promessa de não o deixar morrer sozinho. A adrenalina pulsava em minhas veias, obscurecendo o medo e o desespero que ameaçavam me dominar.
— Eu me tornarei uma fodida cirurgiã, mas não te deixarei morrer. — As palavras saíram carregadas de determinação, quase como um juramento proferido sob a pressão dos segundos que pareciam se desdobrar em uma eternidade. A bala, um pequeno fragmento de metal que carregava consigo a sentença de morte, resistia aos meus esforços. O sorriso de compreensão nos lábios dele era um eco do vínculo que tínhamos e que se mantinha mesmo diante da mortalidade iminente.
Não era apenas um homem gravemente ferido; era o irmão que a vida me deu, a única família que me restava. Entre lágrimas e sangue, eu estava decidida a salvar aquele que sempre foi meu porto seguro.
Com uma determinação feroz, peguei um pedaço de pano e o coloquei em sua boca para que ele mordesse enquanto eu alcançava a bala para arrancá-la. A expressão de Sergei era uma mistura de dor e gratidão, enquanto eu fazia o que podia para salvar o homem que se tornara meu porto seguro na tempestade caótica de minha vida. O ferro da bala escapou entre meus dedos ensanguentados e eu segurei a respiração ao pressionar o tecido de sua camisa contra a ferida.
— Agora, mantenha a pressão. — Minha voz, embora firme, não conseguia esconder a angústia que se espalhava em meu interior.
Em uma ideia rápida, me movi sem sair de perto dele, arrastando-me pelo chão para pegar objetos necessários. O isqueiro crepitava, lançando uma pequena chama que dançava ao sabor do vento noturno. Eu mantinha a faca de bolso de Sergei na mão, observando-a brilhar à luz da chama. A urgência da situação me empurrava para além dos limites convencionais, forçando-me a improvisar.
Com cuidado, segurei a lâmina da faca sobre a chama, deixando o fogo dançar ao longo da superfície de metal. O calor fazia a lâmina brilhar e eu observava intensamente, esperando o momento certo. Sabia que essa era a única opção para fechar a ferida de Sergei antes que seu sangue fosse embora.
O russo, embora pálido e enfraquecido, observava-me com uma mistura de admiração e preocupação em seus olhos. Eu podia sentir a tensão no ar, seguida pela urgência de agir antes que fosse tarde demais.
Quando a lâmina estava incandescente, eu a retirei do fogo e, com determinação, a arremessei contra a pele de Sergei. O contato imediato fez com que ele grunhisse de dor, mas eu sabia que aquela ardência temporária era a única chance de salvar sua vida.

Minhas mãos tremiam, mas eu mantinha a pressão na ferida de Sergei, focada em estancar o sangramento. Ele cerrava os dentes, lutando contra a dor, enquanto eu rezava para que nossa improvável cirurgia improvisada fosse suficiente para mantê-lo vivo.
— Não deveria ter voltado, . — A voz rouca de Sergei quebrou o silêncio, carregada de resignação.
— E deixar você morrer sozinho? Isso nunca foi uma opção. — Minha resposta foi carregada de teimosia, determinação inabalável e um amor.
O tempo parecia ter sua própria vontade, esticando-se e se contraindo em uma dança irregular. Eu sabia que cada segundo contava, e eu continuava a aplicar pressão, esperando contra toda a razão que Sergei pudesse sobreviver àquela noite.
— Você é uma mulher incrível, sabia disso? — ele murmurou, um sorriso fraco se formando em seus lábios pálidos. — Maximus é um filho da puta de sorte.
— E você é um russo irritante — respondi, com um sorriso trêmulo, tentando mascarar a preocupação que me corroía por dentro. — Você precisa de uma doação de sangue.
— Não, meu coração fará o trabalho. Eu preciso… preciso te falar. Pegaram tudo, kulkoka. Pegaram todos.
— Não se esforce para falar, meu amor — pedi, em um tom baixo, mas ele continuou.
— Tinha alguém… infiltrado.
A revelação de Sergei pairou no ar como uma sombra, uma nuvem escura que se formava no horizonte de incertezas. Seus olhos encontraram os meus e a gravidade da situação tornou-se evidente.
— Infiltrado? — murmurei, buscando compreender a extensão do que ele estava dizendo.
Sergei assentiu com dificuldade, seus lábios trêmulos tentando articular as palavras.
— Eles sabiam de tudo, . Cada movimento, cada plano. Alguém traiu a gente.
A notícia atingiu-me como um golpe, um frio penetrante que se espalhava pelo meu peito. A traição era uma sombra que pairava sobre nossas vidas e agora se manifestava de maneira brutal. Olhei ao redor, como se pudesse identificar o traidor entre as sombras da noite.
— Quem foi, Sergei? Quem nos traiu? — Minha voz era uma súplica, uma busca desesperada por respostas.
Ele balançou a cabeça levemente, como se a revelação fosse um fardo pesado demais.
— Não sei, kulkoka. Estou cansado. Não posso… não posso proteger você mais.
A vulnerabilidade em suas palavras era devastadora. Eu sabia que ele havia lutado por nossa segurança, que havia tentado proteger nosso refúgio secreto. Mas a traição correra mais rápido, infiltrando-se entre nós como uma serpente sorrateira.


Capítulo 31

Maximus

I can’t fight it anymore
And I wonder if I ever cross your mind
For me it happens all the time

Need you now — Lady A.


O som dos meus passos ecoava nos corredores da delegacia de polícia enquanto eu avançava em direção ao escritório de Emily. A tensão se acumulava em minha mente, misturada à frustração e à urgência de encontrar . Emily estava atrás da mesa, folheando alguns documentos, quando entrei sem esperar convite.
— Onde está ? — Minha voz cortou o ar, carregada de impaciência. Emily ergueu os olhos, surpresa com a minha entrada abrupta.
— Olá para você também, . Que saudades. — A ironia em sua voz era evidente. Ela sabia, assim como eu, que a essa altura eu estava mais disposto a proteger do que prender a maldita russa da Bratva.
— Emily, onde diabos está ?
Ela suspirou, fechando a pasta que estava em suas mãos.
— Eu não sei, . Achei que ela estava com você. Ela voltou?
Uma onda de raiva percorreu meu corpo e minhas mãos se cerraram em punhos. Eu estava lutando contra o tempo, contra os inimigos invisíveis que pareciam estar por toda parte. Eu estava lutando comigo mesmo, contra minha mente que ainda exigia estar certa e contra meu coração que batia aflito, em desespero, preocupado com a mulher que eu odiei por anos e que, agora, eu amava.
A resposta só alimentou minha frustração. estava fora de meu alcance, enfrentando perigos que eu não conseguia controlar. Eu não podia impedir suas decisões impulsivas, mas isso não significava que eu concordava com elas.
— Se algo acontecer a ela... — As palavras saíram como um grunhido, carregadas de preocupação e raiva contida.
— Não se preocupe tanto, agente. A russa é mais resistente do que parece. Ela vai dar um jeito, como sempre faz.
Deixei o escritório de Emily, frustrado com a sensação de impotência que me dominava. Encontrar tornara-se uma corrida contra o tempo e eu não podia permitir que o medo obscurecesse minha determinação. A Rússia era um tabuleiro de xadrez complexo e eu precisava descobrir os movimentos certos antes que o jogo não se voltasse contra nós.
O desespero me envolveu como uma sombra, obscurecendo o lado racional de minha mente. O pensamento de em perigo, enfrentando ameaças que eu não conseguia controlar, era avassalador. Rapidamente, fiz o caminho de volta ao meu apartamento, onde meu laptop estava esperando. Ao ligá-lo, minha mente estava em um frenesi de pensamentos e minhas mãos digitavam com urgência. Eu precisava de informações, precisava encontrá-la antes que fosse tarde demais.
Lembrei-me do celular de Sergei, era a única possível conexão para rastrear . Com conhecimentos em hacking que adquiri ao longo dos anos, mergulhei na teia de informações digitais. Infiltrar-me nos dados do celular de Sergei não seria uma tarefa fácil, mas o tempo pressionava como uma força implacável e não havia nenhum homem mais ágil do que aquele que tinha algo a perder.
Minhas mãos voavam sobre o teclado, navegando pelos códigos e firewalls que protegiam o dispositivo. Cada segundo que passava era uma eternidade, e minha respiração estava irregular.
Finalmente, como se uma barreira tivesse sido rompida, consegui acesso aos dados do celular de Sergei. Minha mente processava as informações rapidamente, procurando por pistas que pudessem levar ao paradeiro de . Cada descoberta acelerava meu coração, mas a incerteza ainda pairava sobre mim.
Ao encontrar coordenadas que indicavam um local específico, uma mistura de alívio e tensão percorreu meu corpo. A adrenalina impulsionou-me a agir imediatamente. Eu sabia que cada segundo contava.
A noite estava envolta em sombras, aliada perfeita para meu intento urgente. Ao deixar meu apartamento, movia-me com a cautela de quem conhece as artimanhas da investigação. Verifiquei cada esquina, cada reflexo nas janelas, em busca de indícios de vigilância indesejada. Só quando a convicção de que não estava sendo seguido se solidificou, me pus em movimento em direção ao armazém.
O trajeto, feito em silêncio e com passos furtivos, culminou na chegada ao local.
Observando o perímetro, selecionei um ponto estratégico nos fundos do armazém. O muro que separava a área exterior do território interno tornou-se um desafio a ser superado. Com agilidade, saltei, minha silhueta cortando o ar noturno. Apesar da velocidade, o pouso foi silencioso.
Adentrar o armazém era como mergulhar em um labirinto de sombras e obras de arte. Minha visão adaptou-se às nuances da penumbra, me guiando entre os objetos guardados. A frieza do metal e a fragrância de antiguidades preenchiam o ambiente, mas meu foco era singular: encontrar . Todos os meus sentidos estavam sintonizados no objetivo final, na mulher que, contra ventos e marés, havia conquistado meu coração.
O som abafado de gemidos de dor sussurrava em um eco pelo lugar, servindo como guia involuntário. Um presságio sombrio se instalava no ar, alimentando minha inquietação enquanto avançava pelos corredores do armazém.
A porta entreaberta revelava a cena que eu temia encontrar. Sergei, prostrado no chão, parecia ser vítima de algum infortúnio recente. Contudo, o inesperado aguardava-me à medida que adentrava a sala. , figura encoberta pela penumbra, mantinha uma postura defensiva, com arma apontada na direção da entrada.
O instante seguinte ocorreu em um borrão de ação. A arma desapareceu de minha vista, e , como se reconhecendo a presença familiar, precipitou-se em minha direção. Em um misto de surpresa e alívio, fui envolvido por seus braços, e seus lábios encontraram os meus em um beijo urgente.
— Não se beijem em minha frente. — O resmungo de Sergei, embora debilitado, continha um traço de humor, arrancando um sorriso involuntário em meio ao caos.
— Sergei precisa de ajuda, ele está ferido.
A risada irrompeu no ambiente tenso, como uma válvula de escape para as emoções conflitantes que se desenrolavam diante de nós. O russo ferido lançou seu protesto descontraído, pontuando a situação surreal que envolvia o reencontro e as urgências do momento.
A realidade fria e impiedosa, representada pela figura de Sergei no chão, retomava sua presença. A euforia do reencontro dissipava-se, dando lugar à necessidade premente de cuidados médicos. , me guiando pela mão, me direcionou ao local onde Sergei jazia.
— Eu o queimei com a lâmina da faca, mas ele precisa de atenção médica imediata.
Agachamo-nos ao lado dele e minha mão instintivamente foi para o pulso do russo, verificando sua condição enquanto examinava as feridas. As palavras eram dispensadas, uma comunicação silenciosa entre nós, onde a preocupação era compartilhada sem a necessidade de expressão verbal.
— Eu tenho um amigo que pode ajudar, eu vou levar ele e depois venho te buscar. Não saia daqui, tudo bem? Me obedeça dessa vez, sim? — O aceno suave de sua cabeça foi rápido e a beijei nos lábios antes de fazer com que Sergei se levantasse e o levasse com certa dificuldade até o meu carro.


Capítulo 32


Niko neće džanum
Ni za živu glavu
Da mi leči ranu
Niko neće džanum

Dzanum — Teya Dora


A solidão do armazém era quase palpável, preenchendo o ambiente com um silêncio desconfortável. As horas se arrastavam enquanto eu aguardava a volta de Maximus, e a tensão no ar era quase insuportável. O eco dos meus próprios pensamentos parecia ressoar nas paredes frias.
Foi então que um som indistinto rompeu o silêncio, despertando minha atenção. Meus sentidos aguçaram instantaneamente, e o frio percorreu minha espinha. Aquilo não era Maximus. Meu coração acelerou enquanto eu me movia silenciosamente, buscando um local para me esconder. A arma de Sergei permanecia firme em minhas mãos, treinadas para manuseá-la com destreza.
Os barulhos se aproximavam, cada passo ecoando como uma ameaça iminente. Meus olhos varriam o armazém em busca de qualquer sombra fora do lugar. A única luz infiltrava-se pelas frestas, criando padrões inquietantes no chão de concreto.
Concentrada, eu me esgueirava de um esconderijo para outro, me mantendo oculta. A arma estava pronta para qualquer eventualidade, minha respiração era controlada e a adrenalina pulsava em minhas veias. Em meio à escuridão, eu esperava, preparada para o que quer que estivesse por vir.
… — A voz feminina ecoou pelo espaço, trazendo consigo uma certa familiaridade. — Eu sei que você está aqui. Se você não aparecer, vou começar a atirar.
A voz cortou o silêncio e meu nome pronunciado fez meu corpo reagir instantaneamente. Reconheci a voz, mas isso só aumentou minha cautela. Será que Sofia tinha me seguido? Ou era outra ameaça, alguém que tinha seguido os rastros até aqui?
Meu corpo permanecia tenso, preparado para qualquer movimento. A arma estava firme em minhas mãos e a escuridão me envolvia como uma aliada. Optei por manter meu esconderijo, observando as sombras se movimentarem.
, não vamos tornar isso mais difícil do que já é — a voz insistiu, agora mais próxima. Um arrepio percorreu minha espinha.
Com cautela, arrisquei uma espiada, observando a figura se aproximando lentamente. A silhueta revelou-se e meu coração deu um salto ao reconhecer a loira de olhos afiados.
— Sofia — murmurei seu nome, mantendo a arma erguida. A tensão no ar era quase palpável enquanto nos encarávamos no escuro.
— Finalmente decidiu se revelar. — Ela deu um sorriso frio. — E eu prefiro Emily, aliás. Onde está o Maximus?
Eu mantive meu olhar fixo nela, avaliando as intenções por trás de suas palavras. Saber que Maximus não estava aqui me deixava em uma posição vulnerável, mas eu não pretendia revelar mais do que necessário.
— Eu te achei um pouco burra, mas não sabia que também era cega. — respondi, com firmeza. — O que você quer?
— O que eu quero? A pergunta deveria ser o que você quer. Nós te pegamos, . Não tem como escapar, seu império desmoronou e nem o seu pai vai conseguir te fazer escapar dessa.
A frieza nas palavras de Emily ecoou no ambiente escuro do armazém e uma sensação de urgência se instalou em mim. Ela parecia confiante demais e aquilo só aumentava minhas suspeitas e inseguranças. Não era difícil associar o fato de que ela era uma policial e provavelmente a pessoa infiltrada repassava informações para ela. Mesmo tendo um grupo tão pequeno e seleto de pessoas, ainda assim havia caído nas garras de alguém que me traiu. Eu me achava tão diferente do meu pai e de , mas haviam entregado minha cabeça de bandeja, assim como fariam com ele se tivesse a chance. Assim como eu fiz com .
— Se veio até aqui para brincar de joguinhos, pode ir embora.
Mantive a arma firme, minha mente trabalhando rapidamente para avaliar opções. Se Emily estava sozinha, talvez eu pudesse lidar com ela.
— Você acha que está no controle, não é? — Emily deu alguns passos à frente, suas palavras cortando o silêncio. — Mas nós temos todas as cartas agora. Se quiser sair viva daqui, é melhor colaborar.
A tensão no ar era palpável, mas eu não ia ceder tão facilmente. Eu tinha mais a perder do que minha liberdade; tinha pessoas que dependiam de mim. Eu tinha alguém que finalmente confiava e amava. Alguém que tinha me ouvido e visto além da vítima que eu tanto temi ser.
— Se está procurando uma rendição, pode esquecer. Eu não vou cooperar. Você pode até me prender, mas eu não costumo cair sem lutar. Deve ter ouvido isso sobre mim do filho da puta que você usou para me encontrar.
— Ah, nós não costumamos falar tanto sobre você, russa. Você deve ter aprendido que ele é melhor em outras coisas do que falando. Vamos lá, , não finja que não está curiosa — Emily provocou, a expressão dela sugeria uma confiança desmedida.
Recuei alguns passos, mantendo a distância entre nós, enquanto avaliava cada palavra cuidadosamente. Não podia permitir que Emily percebesse o impacto que suas palavras tinham sobre mim.
— Se você tem algo a dizer, diga de uma vez porque eu não vou dançar conforme a sua música.
Emily riu, como se a minha resistência a divertisse. Ela então mergulhou em sua própria narrativa.
— Seu marido não é quem você pensa que é, . O nome real dele é e ele é um agente infiltrado, um policial. Você se apaixonou por alguém que está aqui para te prender. Você o ama? Sério, sempre quis te perguntar isso. Você realmente o amou? Porque pra ele você foi só uma missão.
O choque percorreu meu corpo como uma descarga elétrica que se espalhava pelos meus nervos. As palavras de Emily ecoavam em meus ouvidos, desafiando a realidade que eu havia construído. Olhei para ela, buscando algum sinal de mentira, mas seus olhos faiscavam com a satisfação da verdade revelada.
— Não é verdade. — A surpresa em minha voz era nítida.
— Pergunte a ele então.
Quando me virei, ele estava ali, parado e com as mãos para cima. Seus olhos estavam negros e eu podia perceber a raiva que ele tinha de Emily, mas também a vulnerabilidade de estar em pânico, com medo da minha reação.
A tristeza se misturou à ira quando percebi a verdade.
— Emily, largue a porra da arma. Se você machucar ela… — As palavras dele ecoaram como uma confissão de traição. Ele a conhecia. Ele era parceiro dela. Ele não era quem eu amava; ele era apenas mais um traidor. — , eu posso explicar. — começou a avançar em minha direção, mas eu recuei, mantendo a arma apontada para ele. A voz de Maximus estava carregada de desespero, mas minhas emoções estavam em tumulto. A traição pairava no ar como uma nuvem densa, obscurecendo a confiança que eu havia depositado nele.
— Explicar? Você mentiu para mim! Como posso acreditar em qualquer coisa que você diga agora? — Minha voz soava firme, mas as lágrimas ameaçavam transbordar. O mundo que eu conhecia desmoronava ao meu redor.
As mãos dele permaneciam erguidas em sinal de rendição, mas seus olhos suplicavam por compreensão. Eu ansiava por respostas, mas cada revelação só tornava o abismo entre nós mais profundo.
O silêncio que se seguiu foi quase tangível, preenchido apenas pela tensão no ar. Emily soltou uma risada satisfeita, enquanto Maximus permanecia ali, com as mãos erguidas, seus olhos encontrando os meus em uma expressão de angústia.
Emily aproveitou o momento para se aproximar, a arma ainda em punho, um sorriso de triunfo em seus lábios.
Maximus tentou se aproximar, mas a arma de Emily permanecia direcionada para nós.
, por favor, me ouça. Eu não pretendia…
, não minta mais para ela. Você pretendia, sim, só não esperava ficar tão susceptível ao amor, mas isso acontece. Foi um caminho longo e eu estou disposta a esquecer a sua quase traição, afinal, eu não teria conseguido sem você, lindo. — Ela se aproximou dele, beijando seu rosto. Ele a segurou com força, mas a soltou assim que sua arma voltou à minha direção.
A escuridão do armazém ocupou minha mente por alguns segundos, me impedindo de ver ou ouvir qualquer coisa. De repente, eu não estava mais no armazém, algo havia tomado conta de mim, uma fraqueza momentânea que me fez cair, envolta da dor de ter entregue minha confiança a alguém que não merecia.
Sensação que contrastava com a frieza das algemas que agora prendiam meus pulsos. Cada clique metálico ecoava como uma sentença, selando meu destino. Enquanto me ajoelhava, o chão áspero pressionava contra meus joelhos e eu sentia o olhar de , antes Maximus, queimando sobre mim. A decepção estampada em seu rosto era uma ferida aberta que ardia mais do que as algemas que me envolviam.
A luz dura dos holofotes dos policiais cortava a escuridão, revelando os detalhes do meu mundo agora desmoronado. Eu podia sentir o olhar acusador dos agentes, as sombras que se projetavam sobre mim, me julgando. Condenando-me. Mas nada pesava mais do que a traição.


Capítulo 33


Niko neće džanum
Ni za živu glavu
Da mi leči ranu
Niko neće džanum

Dzanum — Teya Dora


O ambiente estava impregnado com a tensão de uma negociação complicada. O olhar de Emily penetrava fundo em minha alma, como se tentasse decifrar meus pensamentos e prever meus próximos movimentos. O som da respiração controlada ecoava na sala, enquanto eu processava suas palavras.
— Sua russa quer você. — A afirmação de Emily ressoava em minha mente, fazendo meu coração disparar de forma descontrolada. Haviam se passado algumas semanas desde que tinha sido presa. Eu havia permanecido como agente, permanecido a serviço da lei porque essa era a única forma de me manter perto da russa. Minha conexão com ultrapassava os limites da lógica e da razão. Éramos dois seres quebrados, unidos por laços que resistiam ao teste do tempo e da adversidade.
Como um detetive, minha inclinação natural era buscar a verdade, mesmo que isso significasse enfrentar situações desconfortáveis. Mas, como alguém que amava , havia um instinto de proteção que me impelia a agir com prudência, a considerar as consequências de minhas escolhas não apenas para mim, mas para ela.
Emily permanecia ali, me observando com uma expressão reflexiva. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto eu pesava minhas opções.
— Me leve até ela — eu disse a Emily. — Mas saiba que qualquer jogada suja e você não terá o que procura.
Ao chegarmos à sala de interrogatório, Emily abriu a porta, revelando sentada à mesa. Seus olhos encontraram os meus, carregados de emoções que variavam entre a raiva, a tristeza e a expectativa. Havia uma barreira entre nós, uma barreira imposta pelas circunstâncias que nos envolviam.
é o seu nome então, hm? — murmurou meu nome, a vulnerabilidade transparecendo em sua voz. Emily permanecia ao lado, observando a dinâmica entre nós com um interesse calculado.
Me aproximei da russa, meu olhar nunca deixando o dela. Havia tanto para ser dito, mas as palavras pareciam prender-se em minha garganta. Emily, com sua habitual postura de observadora silenciosa, nos deixou a sós, fechando a porta atrás de si.
— Eu prefiro quando me chama de muzh. — Um sorriso debochado dançou em seus lábios, mas senti a barreira entre nós. Uma barreira que eu mesmo havia erguido.
— Eu preferia quando achava que você podia ser sincero e não mentia para mim. — A sinceridade nas palavras de era como um punhal, perfurando a muralha que construí ao meu redor. Havia uma dor evidente em seus olhos. — O que você fez com Sergei? — Sua pergunta era direta, carregada de preocupação e uma ponta de medo.
— Ele está bem. Está vivo e se recuperando, mas alguns órgãos foram danificados. — Minha resposta foi calma, tentando transmitir a ela que, apesar das circunstâncias, a intenção não era causar danos irreparáveis a alguém que importava para ela.
— Ele sabe que estou presa? — A ansiedade pairava em suas palavras e eu podia ver o receio em seus olhos.
— Não, mas não vai demorar a descobrir. — Fui sincero, pois sabia que a verdade era a única moeda de troca que eu tinha nesse momento.
— Por que você fez isso? — A pergunta dela era um eco das interrogações que atormentavam minha própria mente. Eu mesmo lutava para entender minhas motivações e as escolhas que havia feito. No entanto, antes que eu pudesse responder, a porta se abriu, revelando Emily com seu olhar penetrante e seu sorriso sutil, como se estivesse se deliciando com a situação.
— Então, como está a conversa de vocês? — Emily interveio, mas a ignorei.
não desviou seu olhar do meu, mas havia uma tensão palpável no ar. As palavras estavam penduradas entre nós, esperando para serem pronunciadas, mas o peso do silêncio era esmagador.
— Por que, ? — repetiu sua pergunta, seus olhos procurando os meus por respostas.
— Eu tinha uma missão, . Uma missão que se tornou mais complicada à medida que me aproximava de você. — Minhas palavras eram carregadas com a verdade, mas eu sabia que a verdade nem sempre era suficiente.
— Uma missão? — A incredulidade ressoou em sua voz e eu pude ver a raiva começando a substituir a mágoa em seus olhos. — Então, todo esse tempo, tudo o que vivemos, foi apenas um trabalho para você?
— Não. Não era um jogo. Eu não esperava me apaixonar, mas aconteceu. E agora estou tentando consertar as coisas.
— Você veio aqui para falar, . Te tirei da maldita ilha para falar, então fale. Quero a cabeça do seu papaizinho de bandeja. — A voz de Emily tinha uma borda afiada, sua determinação inabalável.
, por sua vez, riu, uma risada cheia de desafio e desprezo, erguendo o rosto para encarar a loira com olhos que brilhavam com um fogo inextinguível.
— E eu quero você fora daqui. Não vou abrir a boca enquanto você estiver nessa sala, Emily. Deve ter sido bem difícil o ver se apaixonando por mim enquanto você se humilhava pela atenção dele. Eu vi a forma que você o olhou na boate, você o ama.
A tensão na sala atingiu um novo patamar. Emily, apesar de sua expressão geralmente imperturbável, pareceu momentaneamente desconcertada pelas palavras de . Eu permanecia em silêncio.
— Amor é uma palavra forte, russa. — A resposta de Emily foi contida, mas havia uma faísca de irritação em seu olhar. — Talvez uma pequena obsessão.
sorriu, mas era um sorriso desprovido de qualquer calor.
— E sua obsessão é fraca. O que você pode oferecer, Emily? — questionou, sua voz carregada de sarcasmo. — Uma parceria baseada em conveniência? Um jogo de manipulação onde você se contenta em ser a sombra dele? Você acha que ele não percebe o quanto você é patética, seguindo-o como um cachorrinho? — retrucou, sua voz carregada de desdém. — De qualquer forma, se quer que eu fale, me deixe a sós com ele. Tenho coisas a dizer que não quero compartilhar na sua presença.
— Coloque a porcaria da sua russa numa focinheira antes que eu faça isso. — não conseguiu conter um sorriso de desafio diante da provocação de Emily. Seus olhos se encontraram, faíscas de hostilidade passando entre elas.
— Focinheira? Emily, você não entendeu ainda? Não sou um animal domesticado. Eu não sou você.
— Você pode se vangloriar enquanto ainda tem a chance, russa. Mas, em breve, você estará condenada atrás das grades, e eu vou me certificar de que seja uma experiência tão desagradável quanto possível.
permaneceu na sala, observando a porta fechar-se atrás de Emily. As algemas em suas mãos eram um lembrete constante de sua situação, mas sua expressão ainda exibia uma mistura intrigante de desafio e ironia. O macacão preto, longe de esconder sua beleza, parecia realçar cada traço de rebeldia em seu olhar.
— Um mês depois e a primeira coisa que me pergunta é sobre Sergei? — respondi, sentindo uma pontada de ciúmes atingir-me.
— Queria que eu perguntasse sobre você? Você me traiu, mentiu para mim. É por sua causa que eu estou aqui para começo de conversa.
As palavras ecoaram no espaço entre nós, criando uma barreira invisível. Era difícil acreditar que, há apenas um mês, estávamos no jardim em que cresci, compartilhando segredos e confidências.
— Eu ainda amo você. Sinto sua falta todos os dias, se quer saber. A saudade me corrói cada vez que me deito e não tenho você desnuda ao meu lado, acordando com curiosidade sobre as minhas tatuagens. Você foi mais que uma missão, eu me apaixonei por você e se tivesse a chance, faria diferente. — As palavras saíram como um suspiro pesado, carregadas de sinceridade e arrependimento. O silêncio pairou por um momento, como se o peso das confissões flutuasse no ar. Eu encarei , buscando qualquer sinal de emoção em seu olhar. — Mas não tenho, não tenho a chance de mudar o que passamos, não tenho a chance de mudar o que nos tornamos. Se eu tivesse…
A vulnerabilidade de minhas palavras era palpável, revelando um lado meu que poucos conheciam. Não era fácil admitir a profundidade dos meus sentimentos, especialmente em meio a um cenário onde a confiança estava abalada. permaneceu em silêncio por um momento, seus olhos fixos nos meus. Eu podia ver a batalha interna que ela travava, as emoções conflitantes dançando em seu olhar.
— Você não acha que é tarde demais para se desculpar e pedir uma segunda chance? — Ela finalmente quebrou o silêncio, suas palavras carregadas de desconfiança e dor.


Capítulo 34


Niko neće džanum
Ni za živu glavu
Da mi leči ranu
Niko neće džanum

Dzanum — Teya Dora


O tom de era uma mistura de determinação e desejo, sua presença dominando o pequeno espaço entre nós. Cada palavra dele ecoava no silêncio tenso da sala, como uma promessa sussurrada ao vento.
— Não, porra. Não acho. E eu acho que você sente o mesmo, eu acho que mesmo nessa pose de quem não vai me perdoar pelo que fiz, você sente as moléculas do seu corpo gritarem pelo meu. Você me ama e sua boca pode negar isso, mas seu corpo não consegue, lyubov. — Os passos do loiro foram direto para mim e senti quando ele me puxou para cima pelas correntes que me prendiam. Senti o calor da sua respiração e sua proximidade quase palpável. Mesmo diante das palavras desafiadoras, havia uma verdade crua nelas que eu não podia ignorar. tinha um dom de me desarmar, de encontrar aquelas brechas nas muralhas que eu erguia para me proteger.
— Você acha que pode simplesmente voltar e as coisas vão ser como antes? — Minha voz tinha um traço de incredulidade, mas a tensão entre nós era evidente. Suas mãos firmes em minha nuca enviavam arrepios pela minha espinha.
— Não, não vou voltar às coisas como antes. Eu vou fazer melhor. Vou consertar o que quebrei e provar que posso ser digno do seu perdão. — Seus lábios roçaram contra os meus em um gesto carregado de intenção.
Eu estava presa entre a raiva e a atração, entre a mágoa e o desejo. desafiava todas as minhas certezas e era difícil resistir ao magnetismo que nos puxava de volta um para o outro.
Os lábios de tocaram os meus, e, por um instante, todo o mundo ao nosso redor desapareceu. Havia uma mistura de emoções que se entrelaçavam dentro de mim, mas, entre elas, a saudade e a dor pareciam ceder espaço à esperança. Ele acariciou meu rosto com delicadeza, como se temesse que eu desaparecesse diante de seus olhos.
— Eu sei que não será fácil reconstruir, mas estou disposto a tentar. Quero estar ao seu lado, mesmo que seja para enfrentar as consequências do que fiz.
— Isso não está sendo gravado? — perguntei, em um tom de desafio. Ele sorriu, me colocando sentada sobre a mesa e se acomodou entre minhas pernas, enquanto suas mãos passeavam pelo meu quadril, subindo pela linha de minha coluna e se deslizando entre minhas costelas.
— Talvez — respondeu, de forma sincera, antes de se afastar, indo até a porta e a fechando por dentro. Seus passos foram rápidos até mim e ele desligou a câmera que estava direcionada para a mesa.
Quando ele voltou, senti algo em meu peito esquentar com os seus toques. Ele estava com a barba um pouco maior, as mãos mais firmes e o olhar que parecia perdido antes de entrar havia voltado a ter uma tonalidade de pertencimento. Fechei os meus olhos com certa força assim que suas mãos acariciaram meu quadril, tremendo levemente com o fervor de seus toques. Eu sentia saudade disso.
Sentia saudade dele.
Suas mãos me apertaram com o esquecimento de quem estava sendo observado e com uma saudade que não podia ser fingida.
Decidi me aproveitar daquilo.
— Eu preciso de você — ele pediu, em um tom suplicante, me fazendo fechar os olhos. Suas mãos percorreram o meu corpo com uma delicadeza pouco encontrada nas vezes em que transávamos.
Minhas pernas alcançaram o seu quadril e ele puxou o meu cabelo para trás, me fazendo tombar com um movimento suave. Seus beijos desceram para o meu pescoço com fome, me fazendo gemer de uma forma quase descontrolada.
Eu tinha total controle sobre mim, mas não tinha nenhum poder de controle quando ele me tocava. Sempre que me tocava, eu esquecia como era ser e tudo que sabia era como ser dele.
Com certo desespero, as suas mãos me viraram de bruços em cima da mesa, me fazendo gemer com a dor das correntes e da algema em meus pulsos. Seus braços foram até o meu quadril e ele roçou o pau em minha bunda, me fazendo ver o quão duro estava.
Olhei para o espelho, sabendo o que estava ali atrás e gemi provocante quando puxou meu cabelo, distribuindo beijos em meus ombros.
— Como tira essa merda? — ele perguntou, buscando qualquer espaço para retirar meu macacão. Gemi de forma manhosa, sorrindo satisfeita com o seu tom de voz desesperado, repleto de tesão.
— Tem um zíper — murmurei apenas, voltando a gemer assim que ele conseguiu, liberando parte da peça e me deixando apenas com a peça de sutiã em cor bege. Seus beijos formaram uma trilha pela minha coluna, passeando vagarosamente pelo meu corpo.
De uma forma desajeitada, suas mãos agarraram as minhas, as erguendo para acima da minha cabeça. As correntes pararam de apertar enquanto ele despia mais do meu macacão.
As mãos grandes do loiro passearam pelo meu corpo e assim que chegaram ao fecho do meu sutiã, ouvimos a porta ser espancada, o arrancando para a realidade do que quase fizemos.
— Merda — ele murmurou, suas mãos passando pelos cabelos em uma expressão de frustração. Um sorriso discreto surgiu em meus lábios. — Você está tornando as coisas mais difíceis, . Eu não posso proteger você aqui. Por favor, não a provoque. Eu não quero que as coisas piorem. E, pelo amor de Deus, não me provoque assim, eu não tenho nenhum controle quando se trata do seu corpo. — Seus olhos, intensos e cheios de conflito, encontraram os meus. Em um movimento ousado, ele se aproximou, seus lábios a centímetros dos meus. O calor do desejo irradiava entre nós e eu podia sentir a urgência que ele tentava conter. Eu o beijei, mordiscando o seu lábio inferior enquanto voltava a subir a roupa preta que eu vestia. O cheiro do interrogatório se misturava ao aroma proibido do desejo. Por um momento, tudo ao nosso redor desapareceu e o único som que ecoava era a batida acelerada dos nossos corações. — Eu faria qualquer coisa por você, lyubov, mas você precisa se ajudar. — A declaração escapou de seus lábios, uma confissão carregada de intensidade. — Você é o caos que eu não sabia que precisava.
… — chamei, em um tom de voz baixo, com a respiração ainda ofegante pelos minutos anteriores. Havia feito isso como uma provocação a Emily, para mostrar que eu teria dele algo que ela nunca teria, mas agora sentia culpa. Sentia o peso da minha impulsividade porque ele podia se prejudicar seriamente, se ela quisesse acabar com a vida dele, ela faria. Eu tinha dado munições para isso quando quase transei com ele ali, sobre a vista dela. Eu precisava dar a ele um motivo grande o suficiente para não jogar tudo para o alto e dei o maior que eu tinha. — Eu estou grávida.


Continua...



Nota da autora: Sem nota.





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