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Finalizada em: Jun/2023

Capítulo Único

— Ok, . Você precisa estar às nove no estúdio para uma reunião com a equipe de produção. Depois, precisa revisar o roteiro da entrevista com…
Tudo o que queria era fechar seus olhos e ouvidos para seu agente, que conferia sua agenda semanal para que nada lhe faltasse ou corresse fora de seus planos. Não era a primeira vez que aquilo acontecia e, por mais que quisesse praguejar seu assessor de todos os piores nomes possíveis, agradecia por tê-lo ali, fazendo seu trabalho perfeitamente como sempre fazia.
O único problema ali era que, além de não estar nem um pouco interessado no que Joel insistia em lhe fazer tentar entender, mesmo que precisando estar a par de toda aquela listagem, seu agente havia o ocupado no dia de sua folga.
De fato, também havia trazido o pior humor de desde que havia acordado.
E ouvir o som dos papéis sendo folheados junto do eco distante da música vindo de um estúdio de gravação nas proximidades, só piorava sua disposição em estar ali.
permanecia sentado à poltrona, com suas calças largas e a touca nos cabelos, ansiando a vontade de ir embora o quanto antes e poder voltar para sua aconchegante cama, para desfrutar o descanso que tanto merecia.
A pressão da fama começava a pesar em seus ombros. Não que ele não soubesse desde o início como sua rotina seria ao se tornar uma pessoa tão famosa e conhecida. Sabia que seus dias estariam imersos em eventos e produções cansativas, sabia que mal teria tempo para repousar e, até mesmo, ver sua família.
No início, sendo um rapaz tão novo e cheio de entusiasmo, achava que era o que ele, no fundo, queria.
Mas será que era mesmo?
Notou que, enquanto Joel continuava a falar sobre entrevistas, ensaios, eventos promocionais e compromissos com fãs, conseguia sentir seu coração afundando cada vez mais. O gosto amargo começava a irradiar o céu da sua boca, deixando evidente o desgosto que sentia, por mais que não quisesse dar o braço a torcer sobre aquilo.
A falta de tempo para si mesmo e a constante pressão da mídia estavam começando a tirar o prazer, não só de sua rotina, como de sua paixão pela música também.
Deixou um suspiro um tanto audível escapar de seus lábios, não percebendo que seu ato havia captado a atenção do agente. só conseguia pensar em como seria poder sair pela porta daquela agência, sem a constante vigilância dos paparazzi ou as expectativas do mundo inteiro em suas costas.
— Algum problema, ?
O que estava sentado ponderou um pouco antes de responder. Sua mente parecia uma confusão, com tantos pensamentos sem rumo e a convicção de que estaria muito melhor longe dali.
— Joel. — disse, com uma leve pausa. — Preciso falar sério com você.
— O que foi? Eu sei que tenho te incomodado durante seu descanso e isso não fazia parte do planejamento, mas você entende qu—
— Eu sei, são suas obrigações. Mas eu não aguento mais isso. A pressão da mídia, os holofotes no meu rosto, a falta de privacidade. Eu não sei mais o que é sair de casa sem alguém assegurando minha proteção bem do meu lado. Só queria ir ao cinema, sair com alguém… Não sei. Só precisava que tudo isso voltasse a ser prazeroso e não uma obrigação como tenho sentido que é.
Não percebeu que havia soltado tão rápido seus pensamentos. Joel observava , com certa compreensão no olhar e sem pensar duas vezes, colocou a agenda de lado para dar toda a sua atenção ao artista.
— Eu entendo o que se passa em sua mente, . A fama pode ser esmagadora, se quer saber. E é normal se sentir assim em alguns momentos. Você precisa lembrar do que te trouxe até aqui, a música, a sua paixão. — disse, sincero.
mordiscou os lábios.
— Quero continuar fazendo música, Joel. Quero muito. Mas também quero um pouco de normalidade em minha vida. Quero tempo para explorar outras paixões e tentar me conectar novamente. — disse o último, um pouco mais baixo. sentia muita falta de ter tempo para ele mesmo, para estar com seus amigos, com sua família e até mesmo fazendo qualquer coisa inútil só para aproveitar sua própria companhia.
O agente manteve seu olhar sob por um bom tempo e assentiu, deixando o corpo ereto e voltando a pegar sua agenda.
— Vamos encontrar um equilíbrio, . Vamos revisar sua agenda, fazer alguns ajustes, quem sabe assim não conseguimos criar um espaço para que você tenha mais tempo para fazer suas coisas? O que me diz?
revisou e pensou profundamente nas palavras de seu assessor. Como um relâmpago, algo brilhou no fundo de sua mente em uma ideia rápida.
Aquilo só o fez lembrar de que sempre havia jeito para encaixar as coisas no meio de toda a confusão que era sua rotina.
— Tive uma ideia. Acho que já sei o que fazer.
Pela primeira vez, Joel não gostou do sorriso frouxo, sagaz, no canto dos lábios de . Parecia ter milhares de intenções por trás dele e o mais alto tinha a sensação de que aquilo lhe traria muitos problemas a qualquer momento.
Mas, resolveu ignorar o pressentimento que sentiu e sorriu para o rapaz.
— Certo. Que tal voltarmos a falar da sua semana?

🤍


Daylesford parecia mais vívida que o normal, com todo o verde do gramado que insistia em permanecer entre as residência e as árvores com suas folhagens um tanto ressecadas pela chegada do outono e apesar de nunca ter visitado a cidade em si, o interior de Victoria parecia muito mais encantador do que pela imagens que viu pela internet.
Claro que aquele não foi o primeiro destino que lhe passou pela mente. havia pensado em ir para alguma praia do caribe ou até mesmo algum resort isolado, mas no fundo sabia que nenhuma daquelas opções traria o sossego e a distância da mídia como ele tanto queria.
Para ser sincero, o músico sequer queria pensar em chamar atenção de alguma forma e concluiu que, ali, longe de toda a agitação e perto de pessoas que ao menos o conheceria, seria o lugar ideal para sua tão aclamada folga.
O rapaz tiraria alguns dias preciosos, esqueceria todos os aborrecimentos que estava tendo nos últimos meses e tudo se encaixaria, voltando ao normal.
Exatamente como deveria ser.
Respirou fundo e ajeitou a mochila grande em seus ombros, deixando um sorriso mínimo brotar no canto dos lábios.
Não poderia estar mais feliz no instante que o carro o deixou na rotatória da entrada da cidade e, de quebra, do outro lado da rua já se encontrava seu hotel.
Ele queria rir. Como um lugar poderia ser tão pequeno e singular?
Talvez era aquilo mesmo que ele precisava.
Com o balançar da cabeça, seguiu até a entrada do Royal Hotel, uma hospedagem simples, que poderia julgar sendo bem antiga, com seus pilares de madeira claros e as janelas vitorianas antiquadas como o lugar.
Não se comparava mesmo ao que ele estava acostumado, mas aquilo não o preocuparia.
Afinal, seu único objetivo ali era esquecer o restante do mundo que lhe tirava dos eixos.

Um devaneio apaixonante,
me fez sentir você…


Por trás do balcão esculpido rusticamente, mantinha seu olhar na louça que lavava de forma árdua enquanto em seus ouvidos uma música aleatória ressoava não tão alta. A cafeteria a qual a garota trabalhava costumava ser um verdadeiro refúgio acolhedor no coração da cidade pequena, mas naquele fim de tarde parecia mais vazio que o normal, mesmo costumando receber alguns turistas naquela época do ano, em que a paisagem se tornava grandiosa e as folhagens se espalhavam pelo chão.
O outono em Daylesford sempre era encantador.
adorava o lugar. Não só a cidade, como o local em que trabalhava. O café continha uma atmosfera calorosa e convidativa, com suas luzes amareladas e as minuciosas mesas espalhadas junto de uma música ambiente clássica que ressoava por ali. Seu interior era cuidadosamente decorado com móveis de madeira vintage, cadeiras confortáveis, além de detalhes decorativos que sempre lhe traziam um toque de nostalgia, o que só combinava ainda mais com o aroma de café fresco que permeava no ar.
Ela sabia que não havia outro lugar no qual gostaria de trabalhar, como a cafeteria local, mas podia sentir no fundo de seu peito que, apesar de amar a cidade com todo seu coração, ela pertencia a um lugar muito maior do que o interior de Victoria.
sempre se imaginou em uma cidade grande, caminhando pelas ruas movimentadas, explorando museus famosos, assistindo a shows de artistas renomados, como algumas bandas que ela tanto gostava e tinha salvas em sua playlist no celular, além de ansiar por vivenciar uma vida cheia de emoção e oportunidades.
Mas, ao mesmo tempo, sentia imensa gratidão pela vida tranquila no lugar que morava. Apreciava a sensação de comunidade, os laços estreitos que formara com os moradores locais e a simplicidade do cotidiano.
Poderia até arriscar dizer que não trocaria a paz interiorana por nada, mas estaria mentindo se afirmasse tal coisa. Seu peito deixava evidente a inquietação em descobrir seus limites e horizontes como só ela conseguia sentir.
Desde mais nova, sempre teve vontade de conhecer parte do mundo. De fazer parte dele significativamente. Mas, enquanto sua oportunidade não chegava, o que podia fazer sonhar com um futuro distante, sabendo que, talvez algum dia, pudesse alcançá-lo de alguma forma.
Enquanto permanecia ocupada com seus devaneios de sempre, preparando o pedido de uma senhora sentada próxima à porta, o chacoalhar do sininho pendurado acima do batente a fez erguer o olhar, avistando Audrey, sua melhor amiga e fiel escudeira, entrar apressada e um tanto eufórica para alguém como ela.
A mesma tinha um sorriso no canto dos lábios e um olhar intrigado em seu rosto, como se estivesse prestes a compartilhar uma notícia de outro mundo. Por sua excitação, quase achou que fosse mesmo.
Não demorou muito para que ela se aproximasse do balcão e espalmou as mãos no mesmo, em euforia.
— Ei, ! Você não sabe da maior!
Quase gritou. fez uma careta e apoiou o cotovelo no balcão, como a amiga.
— O que foi agora? Conseguiu o contato do filho do prefeito?
— Claro que não. Sou boa demais para ele. Ei, sério. Me escuta. — balançou as mãos no ar, tentando captar toda a atenção de . — Sabe aquela banda que você costuma escutar vez ou outra? Que tem um dos seus músicos preferidos. Scott? Não, não é isso. Mas é alguma coisa…
, Audrey. Aconteceu alguma coisa? Assim você me deixa curiosa! — resmungou, começando a ficar um tanto agitada. adorava a banda a qual ele fazia parte e para ser sincera, ele realmente era seu músico favorito.
Sabia que, mesmo tentando conter sua excitação, seus olhos brilhavam só de ouvir o nome do rapaz.
— Bom, parece que ele decidiu dar uma pausa na carreira. Se afastar da mídia e de toda a loucura que é sua vida na indústria music—
— Você não pode estar falando sério! — exclamou ao ver Audrey mostrar a notícia na tela de seu celular. Sem acreditar, rolou o display lendo a matéria por completo. Seu coração parecia saltar dentro do peito. Ele não! — Eu nunca imaginei que isso poderia acontecer. Não com o .
— Ninguém aguenta por muito tempo, ainda mais nesse meio. Ele disse que queria se reconectar e desfrutar de um tempo só para ele. Acho que consigo entender, sabe? É uma decisão corajosa.
não sabia ao certo descrever o que sentia naquele instante. Não sabia definir se era tristeza por não ter mais notícias de dali para frente ou se alívio por ele ter criado coragem e, finalmente, ter tirado o tempo que tanto merecia.
Admirava o rapaz, assim como toda sua jornada até ali.
E não conseguia nem imaginar o que ele deveria estar passando no meio musical para tomar uma decisão como aquela.
— De certa forma, é bom saber que ele está colocando seu bem-estar em primeiro lugar.
— Isso é verdade. E pode ter certeza de que ele voltará com ainda mais energia e inspiração quando estiver pronto. — Audrey afirmou.
A frase da amiga ficou pairando por sua mente por algum tempo até voltar para suas atividades no trabalho. Sabia certamente que, assim como o cantor, também precisava encontrar seu próprio equilíbrio entre suas paixões e sua vida em Daylesford.

🤍


Já se passavam das seis quando terminou seu turno e sentiu o frescor do início do anoitecer acariciar seu corpo. E, como de praxe, o sorriso genuíno estampava seu rosto como em todas as vezes que ela terminava de fazer algo prazeroso, em seu tempo. Gostava da sensação de estar ocupada, fazendo o máximo de coisas que pudesse com o maior carinho que tivesse.
Olhou a lua começando a surgir no céu que começava a escurecer e ajeitou a alça da bolsa no ombro, começando a caminhar pela calçada. Se iniciaria mais um fim de semana e, com ele, também aparecia toda a empolgação que Audrey conseguia demonstrar, ainda mais porque fariam algo juntas.
Como costumavam fazer quase sempre.
Já havia uma mensagem no display de seu celular e sua amiga não a deixava esquecer o vinho que havia prometido em uma noite anterior.
A garota sorriu e, com isso, decidiu dar um pequeno desvio em seu caminho para, além de ser mais rápida, aproveitar o ar fresco que o anoitecer de Daylesford conseguia proporcionar.
Colocou seu fone de ouvido e enquanto caminhava, aproveitava para cumprimentar alguns conhecidos por ali. Para ser sincera, conhecia boa parte daquela cidade e não tinha como não se sentir mais confortável do que aquilo. Se sentia segura e acolhida.
Se lembrou da notícia de . De como provavelmente ele poderia estar se sentindo com toda a pressão que sofria. Imaginou que talvez nem ela suportaria aquilo, ainda mais ele, famoso como só, sem ao menos poder sair por aí sem qualquer preocupação.
Se preocupou brevemente e até continuaria com seus pensamentos focados nele, não fosse pela figura de alguém um pouco mais à frente, olhando ao redor como se perguntasse a si mesmo onde é que estava.
Aquilo lhe despertou curiosidade. O interior de Victoria era realmente pequeno para alguém se perder por completo.
O olhou atentamente antes de se aproximar e oferecer algum tipo de ajuda. Observou o capuz escuro encobrindo seus cabelos também escuros, o casaco abraçando seu corpo e a calça jeans clara.
não sabia distinguir se ele parecia perdido ou se apenas observava a paisagem que Daylesford conseguia fornecer.
Se sentiu um tanto invasiva para chegar daquela forma.
resolveu apenas passar por perto e quase passou direto, não fosse a sensação que a fez olhar para o lado. A mesma sensação de quando você passa por alguém e sente que a conhece de algum lugar.
O sentimento de familiaridade.
Curiosa continuou olhando, mesmo que de soslaio. Não queria ser pega de forma tão descarada e quase se praguejou por imaginar aquilo acontecendo.
Encarou um pouquinho mais…
Até que erguesse o olhar encontrando os olhos interessados e atentos de sobre si.
Por uma fração de segundo o rapaz continuou a olhando e um sorriso amigável se formou em seus lábios.
achou engraçada a forma com que a garota o admirava e, mais engraçada ainda por não tê-lo parado de imediato. Já que, era isso que uma fã faria, certo?
— Desculpe se pareço familiar, mas eu não consigo me lembrar de onde nos conhecemos.
quase engasgou ao cair em si que ele realmente havia falado com ela. Endireitou sua postura e soltou todo o ar que segurava.
Ele parecia mais familiar do que ela havia imaginado.
E foi ali que notou que talvez ela não o conhecesse mesmo.
— Para ser sincera, não nos conhecemos. Desculpe, pensei que você se parecia com alguém que conheço.
— Alguém famoso, talvez?
Brincou.
O pouco vento que passeava entre os dois se agitou e, com isso, o capuz de seu casaco caiu para trás.
prendeu a respiração. Claro que ela sentia aquela sensação de familiaridade.
Não poderia ser outra pessoa.
estava bem à sua frente. E ela havia sido pega o encarando sem o menor pudor.
— Bom, você se parece um pouco com um músico famoso que conheço. . Mas tenho certeza de que é apenas uma coincidência. — abanou as mãos, tentando disfarçar o fato de que estava em frente a alguém famoso como ele.
Ele sorriu suavemente, o que só fez com que o coração da garota derretesse um pouco mais.
Adorável, pensou.
— Você tem razão. Eu sou , mas não o cantor famoso. Apenas um sósia, acho.
piscou algumas vezes, sentindo as bochechas corarem. Como ele conseguia dizer aquilo com tanta naturalidade? O jeito descontraído do rapaz a fez relaxar momentaneamente.
Claro que ele não iria dizer com todas as palavras que era mesmo o músico famoso que adorava.
— Ah, sim. Entendo. Desculpe pelo mal-entendido, sósia do .
Deu uma piscadela, pronta para de despedir, mesmo que ainda curiosa. ainda sentia seu coração tamborilar e o corpo formigou só de estar tão próxima a ele. Não sabia dizer se era pelo fato de o rapaz ser alguém tão famoso ou se pela conexão que sentiu instantaneamente ao vê-lo sorrir e ser tão gentil.
continuou a observando, com o bendito sorriso genuíno no canto dos lábios e se virou, pensando seriamente se deveria fazer aquilo.
E antes de pensar duas vezes em não tomar aquela decisão, o olhou.
— Você parecia perdido. Por acaso, hm… Precisa de ajuda para achar algum lugar? Ou, se quiser dar um passeio e, não sei, andar por aí…
— Acho que seria interessante. Por que não?
parecia se divertir com a incerteza da garota à sua frente, centímetros mais baixa e achou uma graça o fato da timidez lhe tomar conta naqueles instantes.
O sorriso que resplandeceu nos lábios da garota foi ainda mais gracioso ao ver de . Ela, milésimos seguintes, parecia incrivelmente animada para levá-lo em cada canto da cidade interiorana de Victoria.
E aquilo pareceu ser ainda mais especial por um motivo incomum; ele, por apesar de ser um músico famoso à procura de sensações novas e calmas, não fazer ideia de que talvez alcançaria aquilo; e ela, por não imaginar que seu futuro tão sonhado poderia estar bem à sua frente.

Talvez você possa ser o cara pra mim (…) Não estou procurando só diversão
Talvez eu possa ser a garota pra você…


A noite estrelada de Daylesford, com suas ruas acesas pelas luminárias amareladas davam um charme mais que especial à cidade, criando não só um clima confortável como uma atmosfera mágica. Além disso, o vento ameno continuava entre eles, fazendo com que sons suaves preenchessem o lugar.
guiava pelas vielas, admirando a arquitetura e contando histórias sobre ela, assim como os pequenos estabelecimentos ao redor.
Enquanto andavam um ao lado do outro vagarosamente e sem pressa, se deixava comentar sobre os habitantes de Daylesford, de como a cidade lhe era agradável e aquilo fazia mergulhar na rica cultura local.
O rapaz ao menos conseguia se lembrar da última vez que ficou tão em paz e imerso em coisas tão simples como aquelas. parecia fazer aquilo com facilidade.
Os dois riam de algumas peculiaridades e dos hábitos dos moradores, compartilhando momentos de diversão e curiosidade entre si. estava tão absorto que ao menos recordava dos momentos tensos e estressantes com seu agente e equipe, e se esquecia totalmente de quem ele era, e que, mais importante que aquilo; ela tinha um encontro com sua amiga, Audrey.
— Daylesford tem seu encanto, não acha? — disse, quase em um sussurro.
a observou um instante e voltou a olhar para frente.
— É realmente incrível. A energia da cidade é diferente durante a noite. Parece que há uma aura especial que envolve tudo e… — suspirou, fechando os olhos brevemente. Aquele ato fez com que o observasse com calma, tentando gravar cada pequeno traço de . — É como se o tempo desacelerasse um pouco.
— Às vezes, só quero escapar de tudo isso. Entende? É como se minha vida não fosse mais minha. — continuou.
mordiscou os lábios. Ela o entendia.
— Deve ser realmente difícil lidar com toda a pressão e falta de privacidade. — o olhou de canto, tentando ter cuidado com suas palavras. Ele parecia ouvi-la atentamente. — Mas, lembre que você também é uma pessoa, com sonhos e desejos próprios. Tem o direito de buscar sua felicidade, seja ela onde for.
ficou em silêncio por mais algum tempo e sorriu.
— Se eu fosse famoso, claro. — brincou outra vez, a olhando por um momento. manteve seu olhar sobre o ele e concordou, sorrindo de volta.
— Se você fosse famoso. — reafirmou.
suspirou e colocou uma das mãos no bolso, andando um pouco mais rápido e ficando de frente para .
A garota se assustou brevemente.
— E você, ? O que te faz querer deixar o interior de Victoria para conhecer o mundo?
sorriu outra vez, os olhos voltando a brilhar com entusiasmo.
— Daylesford é encantadora e imersa em tranquilidade, mas sinto que há um mundo inteiro lá fora esperando para ser descoberto. Quero mergulhar em diferentes culturas, experimentar sabores e cheiros novos, conhecer pessoas com histórias inspiradoras... — deu uma olhadinha rápida para não deixando tão evidente que ele era uma dessas pessoas. Ele sorriu. — Quero me sentir viva e conectada a algo maior.
— Você tem uma perspectiva incrível de tudo isso. Essa sede de aventura e descoberta. Eu a admiro, . — disse, aprofundando o tom de voz ao dizer seu nome.
Aquele ato em si a fez arrepiar instantemente. Será que não fazia ideia do efeito que ele tinha sobre as pessoas?
— É engraçado como somos tão diferentes, mas, de certa forma, compartilhamos o mesmo sentimento. — a garota disse, um pouco mais baixo. — Quero conhecer o mundo e você quer fugir dele. Talvez haja um equilíbrio, de alguma forma.
deixou seus olhos pousarem na garota à sua frente. Admirou sua coragem e a determinação que tinha brilhando em sua íris escura. E, além disso, também sentia certa curiosidade em relação a ela.
parecia uma garota comum como qualquer outra e sua autenticidade era mais que admirável. poderia muito bem ter se esquivado na primeira conversa a fim de evitar qualquer burburinho a seu respeito e até mesmo, que descobrissem onde é que ele estava.
Para onde havia fugido.
Mas algo naquele olhar, na forma de se expressar, o prendeu e o fez querer continuar, sem ao menos se importar se tal ato lhe acarretaria algum problema.
pôde descobrir, nas poucas horas em que estavam juntos logo em seu primeiro dia na cidade, que representava tudo o que o rapaz ansiava em sua vida; liberdade, simplicidade e a busca pelo verdadeiro significado do que seria a felicidade.
E aquilo, por mais que lhe entristece ao ver que sua realidade era totalmente diferente, no fundo o fazia sentir uma minuciosa chama de esperança dentro do peito.
Ele poderia ser quem ele quisesse ali em Daylesford. Poderia mostrar seu verdadeiro eu, ser quem ele sempre quis ser fora das câmeras e dos palcos. E, de alguma forma, a presença de conseguia ajudar minimamente naquilo.
Os dois trocaram um último olhar significativo, sendo camuflado por alguns sorrisinhos de canto envergonhado e continuaram a caminhar pelas ruas um tanto movimentadas da cidade.
Em meio a assuntos eventuais e agradáveis, parou por um instante e lembrou subitamente do compromisso que tinha mais cedo.
Com sua amiga Audrey. E, de quebra, ainda havia esquecido de comprar o vinho para a ocasião.
pareceu perceber seu espanto e arqueou uma das sobrancelhas em curiosidade.
Oh, droga! Esqueci completamente de um compromisso. Desculpe, acho que vou precisar passar em uma loja rapidinho. Droga… — repetiu, sentindo suas bochechas esquentarem um pouco mais. Odiava ser tão desatenta. — Isso é horrível da minha parte.
ainda tinha seus olhos sobre ela, divertido. Observava com atenção cada trejeito que a mesma continha. Os cabelos ondulados caiam sob seus ombros em uma forma pouco alinhada e seus olhos, tão cativantes, agora tinham a atenção sendo dividida entre seu celular e o rapaz à sua frente.
— Não precisa se desculpar. Acho que acabei atrapalhando seus planos, para ser sincero.
— É claro que não!
soltou, mais rápido do que havia pensado e se repreendeu no instante seguinte ao ver o olhar de ainda sobre ela, analisando-a agradavelmente.
A verdade era que ela não queria se despedir nem tão cedo da companhia do rapaz.
E aquele sorrisinho escondido no canto de seus lábios não ajudava nem um pouco.
— Vou parecer invasiva demais em te convidar para ir também? — soltou.
riu leve, balançando a cabeça negativamente.
Seria ótimo acompanhar a garota, pensou.
— Realmente aprecio o convite, mas acho que vou aproveitar esse momento para descansar um pouco.
O tom de voz de pareceu visivelmente desapontado e ele se sentiu do mesmo jeito ao estar esgotado pela viagem que havia feito até ali.
Foi impossível que não percebesse e quase sorrisse com aquilo, mas pressionou seus lábios, se contendo com o fato de que talvez, havia apreciado sua companhia, assim como ela a dele.
— Tudo bem, . Imagino que sua viagem tenha sido longa e mais do que cansativa. Foi um prazer enorme te conhecer, de verdade.
Ele observou seus olhos voltando a brilhar, como as estrelas estampadas naquele céu. parecia ter algo em si que cativava qualquer pessoa ao seu redor e estava começando a ser uma delas.
O rapaz observou a garota esticar sua mão, para um aperto leve e fez o mesmo, tocando sua palma com a dela, apertando-a em seguida. Deixou o quentinho de suas mãos juntas e apertadas se instaurarem por breves segundos e quase por um momento quis desistir de voltar para o hotel.
Deixou seus olhos alcançarem o dela mais uma vez e sorriu.
O sorriso que deixaria qualquer pessoa com o coração aquecido.
— O prazer foi meu, . Espero muito te encontrar por aí outra vez, de verdade.

🤍


sentia o corpo arrepiar vez ou outra até avistar a varanda da casa de Audrey um pouco mais à frente.
Para ser sincera, ao menos conseguia acreditar no que havia acabado de acontecer. Ele realmente era ? O músico que ela tanto escutava e ouvia falar nas redes sociais?
Não era possível.
Seu coração ainda batia acelerado e mal conseguia acreditar em tamanha coincidência, ainda mais sendo ali, em Daylesford.
Se lembrou brevemente do sorriso contido do rapaz, os cabelos escuros e o olhar instigante que volta e meia ele insistia em lançar para ela. Não poderia deixar de notar a conexão instantânea que os dois haviam tido.
Aquilo parecia bom demais para ser verdade.
Não demorou muito para que já estivesse em frente à porta da casa da amiga e Audrey a recebesse com um bico enorme, enquanto levantava a garrafa de vinho em uma tentativa de animar a amiga.
Audrey deixou os olhos pousarem no rosto iluminado da amiga e o que antes era uma expressão emburrada, se transformou em uma curiosa.
— Você não me engana. O que aconteceu?
— Antes de tudo, me belisca? — pediu, séria.
A outra franziu o cenho.
— O que? — soltou, confusa. Ao notar que não havia tido reação, levou o indicador e o polegar até seu braço e deixou um beliscão rápido ali.
Ai! Não precisava ser tão forte!
— O que deu em você? Fiquei preocupada, sabia?
— Desculpa, eu… Ai, meu Deus. Aconteceu uma coisa. Você não vai mesmo acreditar.
Iniciou, adentrando a residência sendo seguida por Audrey, mais curiosa que só.
Não demorou muito para que ela também já estivesse com duas taças nas mãos e as duas se sentassem ao sofá.
— Você lembra a notícia que me deu mais cedo? — perguntou. Audrey assentiu.
— Sim. Que o músico que você gosta ia dar uma pausa. Por que? Ele desistiu?
— Não é isso. É que, nossa… Isso vai parecer loucura, mas… — mordiscou os lábios, colocando uma das mãos no rosto. — Você vai acreditar se eu te falar que encontrei aqui, em Daylesford.
— Não.
Soltou, simples e direta. abriu a boca e jogou uma almofada na amiga, que desatou a rir.
— Você não pode estar falando sério, . Justo aqui, nesse fim de mundo? Não é possível que todos os lugares existentes ele escolheu logo o interior de Victoria.
— É sério! Nem eu consigo acreditar. É surreal demais. — riu, mais para si mesma.
Audrey analisou a amiga. parecia mais radiante que o normal, mais do que quando falava em sair da cidade e conhecer outros lugares.
— Isso é incrível, mesmo. Coincidência demais, não acha?
— Você acha? — indagou, interessada. Sabia que Audrey sempre costumava ter teorias sobre qualquer que fosse a coisa.
— Claro que sim. É uma daquelas coincidências que não podemos ignorar. Por que ele escolheu logo Daylesford? Hein? Se não é coincidência, só pode ser destino.
franziu o cenho. Destino?
— É engraçado pensar nisso. Mas vamos parar de sonhar tão alto também. Parecemos duas adolescentes. — deixou uma risadinha escapar e Audrey a acompanhou, bebericando um pouco da bebida. — Ei, Audrey.
Chamou a amiga que virou o rosto para observá-la.
— Vamos guardar isso em segredo, por enquanto. Tenho certeza que ele está aqui por algum motivo particular e acho que precisamos valorizar seu espaço e privacidade. Não seria nem um pouco agradável que essa informação se espalhasse e causasse algum tipo de problema. — disse. Parando para pensar, realmente estava preocupada não só com os sentimentos do rapaz, mas com sua integridade já que, apesar de estar tirando um tempo para si, ele ainda era uma pessoa pública.
— Com certeza. Seria um problema daqueles, não acha? — concordou, arqueando a sobrancelha. Deixou um sorriso escapar logo depois. — Quem sabe assim você esbarra com ele por aí outra vez.
sentiu as bochechas queimarem só de lembrar de seu encontro com o rapaz. Se sentia boba, como se estivesse no auge de sua adolescência sentindo um amor platônico por algum famoso.
Aquilo havia passado.
— É. Quem sabe…

Você é diferente dos outros…


ajeitou a touca clara na cabeça, pronto para sair do quarto de hotel.
Já haviam se passado alguns dias desde que estava no interior de Victoria e, na medida em que permanecia no local, só conseguia ter certeza de que o mesmo havia ganhado seu coração.
Não só pelo clima específico que a época lhe fornecia, pela paisagem exuberante que conseguia avistar das janelas de madeira e pela comida local que também o havia ganhado, mas por alguém em específico que o mostrou, nos primeiros momentos, que a vida poderia ter uma perspectiva muito interessante.
Esse alguém que nunca mais havia encontrado por ali.
O que achou estranho já que Daylesford não era uma cidade grande para tal.
Se recordou do sorriso autêntico, a risada verdadeira e a vontade de mostrar como a cidade interiorana poderia ser formosa de várias formas.
Aquilo captou a atenção de de uma forma que nem ele sabia explicar.
Seus pensamentos lhe deixavam inquieto e com ainda mais curiosidade em saber por onde poderia estar.
Resolveu terminar de ajeitar o moletom ao corpo, pegou o celular, uma câmera antiga, a qual estava guardada há tanto tempo que ele ao menos sabia se ainda estava funcionando e colocou tudo o que precisava no bolso da calça larga.
Decidido, desceu as escadas e, antes de sair pela recepção, cumprimentou a recepcionista com um sorriso sincero. Havia notado que nos últimos dias a atmosfera do lugar o fazia querer ser mais gentil do que costumava ser.
Respirou fundo assim que seus pés alcançaram a varanda externa e seu pulmão foi preenchido pela brisa fresca, até um pouco fria, no lugar.
E aquilo deixava a paisagem estonteante.
Mais folhas amarelas e ressecadas estavam espalhadas pelo chão. As acácias espalhadas pelas ruas continham um aspecto alaranjado, seco, típico do outono e a primeira coisa que o rapaz fez foi sacar o aparelho fotográfico do bolso e capturar aquela cena que ele tinha certeza que não esqueceria.
Caminhou um pouco mais, se deixando levar pela plenitude e calmaria que o lugar conseguia oferecer e, pelo horário, o que lhe pegou em cheio foi o cheiro do aroma de café fresco, provavelmente bem perto dali.
Aquilo o fez ter uma vontade enorme de experimentar e, mesmo não gostando tanto de cafeína, sua atenção foi levada até a cafeteria ao final do lugar em que ele se encontrava, se sentindo tentado a saber do que se tratava ao certo.
Observou a pouca movimentação do lugar e, assim que se aproximava, uma música relaxante começava a ressoar dentro do recinto.
não esperou muito para empurrar a porta de duas folhas amadeiradas e logo sentiu o ambiente lhe acolher.
Deixou seus olhos percorrem toda a extensão do ambiente e, mesmo não querendo admitir o fato, sentiu seu coração palpitar ao parar o olhar no balcão ao fundo.
parecia mais linda do que o dia que se conheceram.
Ele sorriu.
Não era possível que havia se encantado logo na primeira vez.
— A cidade pode ser pequena, mas encontrar você foi bem difícil.
Sua voz ressoou um pouco mais rouca, atraindo a atenção da garota.
o olhou, de início não reconhecendo, mas assim que seus olhos avistaram o rapaz, sentiu sua respiração falhar.
estava procurando por ela?
E a verdade era que não via a hora do rapaz aparecer outra vez.
— Oi, . Achei que você havia ido embora. — confessou, com as bochechas já coradas novamente. A ideia de que ele realmente não estivesse mais ali a deixou um tanto desapontada. — Quanto tempo. Confesso que queria te ver novamente, a garota pensou.
— Tempo demais. — se aproximou um pouco. se sentou próximo à ela. tentava conter o sorrisinho teimoso que ameaçava surgir. — Parece que a vida tem suas maneiras misteriosas de nos surpreender, não é mesmo?
Sua resposta fez com que se lembrasse vagamente do que Audrey havia lhe dito, sobre coincidências e destino. Não queria se sentir boba a ponto de acreditar em algo assim, mas precisava admitir que se sentia ansiosa só de pensar naquilo.
— Claro. Não posso dizer o contrário. E você, como se sente? Tem conseguido encontrar seu equilíbrio? — deixou uma risadinha fraca escapar e começou a preparar um café para o rapaz.
— Te digo que não esperava muito de Daylesford e ela tem me entregado mais do que imaginava. — comentou. Foi impossível não deixar seu olhar cair sobre a garota enquanto a mesma fazia suas coisas, tão despreocupada. Percebeu quando uma pequena mecha de seu cabelo se desprendeu e, sem pensar muito, esticou o braço para ajustar.
Aquele ato foi impensável, ele sabia. Daria a entender tantas coisas que ao menos pensou muito bem antes de fazê-lo. parou por um instante e ergueu o olhar, encontrando os glóbulos castanhos de .
O pequeno momento dos dois havia sido mais que significativo. A eletricidade que passou entre eles, indescritível.
Havia sido único.
E os dois corações estavam agitados dentro do peito.
— Desculpe. Eu não pensei bem e—
— Está tudo bem! — levantou a mão, em um ato para acalmá-lo. Ela sorriu. — Obrigada. Me ajudou.
— Não há de que.
Sorriu em resposta, se sentindo um garotão pela empolgação que percorria seu corpo. Se contasse a seus colegas de banda, nenhum acreditaria em sua pequena aventura.
— Aqui. Por conta da casa.
A garota deu a volta no balcão, levando a xícara junto do pires ainda com o café fumegante. Depositou-a na bancada, à frente de e o rapaz inalou o aroma, surpresa com o quão cheiroso estava.
Uau. O cheiro é incrível.
— Espero que goste. É um dos preferidos da clientela. — disse, tímida. Ele a olhou brevemente e experimentou.
— É realmente incrível. O sabor surpreende muito mais que a essência.
mordiscou o lábio, achando graciosa a reação do rapaz.
Ele parecia colocar toda sua atenção em apenas uma bebida que ela tinha feito e aquilo a deixou levemente derretida.
— Fico feliz em saber que gostou. E o que mais tem feito na cidade? Conseguiu explorar quase tudo? Você sabe, não tem tanta coisa para se fazer assim. — deu de ombros, apoiando o queixo com uma das mãos.
aproveitou para virar o corpo de frente para ela e apoiou seu cotovelo também ao balcão, quase confortável.
Sorriu.
— Ela tem um charme, devo confessar. A paisagem, o clima, tudo me faz sentir confortável. Ao menos me lembro que sou famoso. — brincou. assentiu. — E então, trabalha aqui? Como foi tão custoso te encontrar, hein?
riu levemente, colocando uma das mãos no rosto envergonhada. ao menos imaginava que, dizer algo como aquilo, poderia descompassar o coração da garota por completo.
— É. Boa parte do meu tempo estou aqui. Gosto do que faço. É prazeroso.
— Imagino que seja. O lugar em si é bem aconchegante. — continuou. balançou a cabeça, admirando o recinto assim sem notar que, enquanto ela olhava ao redor, olhava para ela.
.
A chamou.
Ela virou o rosto para olhá-lo.
— Que horas você sai?
A garota olhou o relógio de pulso e sorriu para si mesma. Faltava pouco.
— Em menos de uma hora. Preciso finalizar a arrumação da varanda e—
— Quer sair comigo?
Soltou. Sereno, despreocupado, ansiando por uma resposta.
piscou algumas vezes, assimilando o que ele havia acabado de lhe perguntar. Ela queria que Audrey estivesse ali para lhe beliscar mais uma vez, tentando lhe dar certeza de que não estava sonhando.
Não conseguia acreditar que ele, um músico famoso e reconhecido, de uma das bandas que ela mais gostava, estava a chamando pra sair.
— Acho que agora eu fui invasivo demais em te convidar, não? — mencionou, fazendo graça.
Provavelmente as bochechas da garota estariam em três tons a mais do vermelho de tão envergonhada e tímida que estava. Não conseguia ter nenhum tipo de reação imediata.
— Não! Sim! Quer dizer, droga… Ai, , só você para me fazer parecer uma boba desse jeito. — colocou as mãos no rosto e ouviu a risada gostosa que o rapaz tinha. — Claro que quero sair com você.
Ele balançou a cabeça, terminou de bebericar o café ainda quente e levantou de onde estava sentado.
Colocou uma das mãos no bolso da calça e sorriu.
— Então, espero você lá fora.
E com isso, deu uma piscadela. Suficiente para desmontar em todos os pedaços.

🤍


O entardecer na pequena cidade interiorana era de tirar o fôlego de qualquer um. O céu pintado em tons alaranjados e amarelados, as nuvens passeando por ele todo enquanto algumas gaivotas sobrevoavam por ali.
Uma paisagem específica de filme.
e andavam lado a lado, comentando sobre coisas que gostavam, sobre suas rotinas e até sobre familiares, o que chegava a ser engraçado. não achava que conversaria sobre algo tão íntimo com alguém sem serem seus colegas de banda. E conseguia se sentir inteiramente confortável ao lado do rapaz para compartilhar seus pensamentos e desejos.
Ele volta e meia deixava seu olhar cair sobre ela, observando atentamente seus detalhes, assim como o nariz afilado e as bochechas coradas.
, mesmo sentindo o olhar do rapaz queimando sobre si, aproveitava as oportunidades em que ele deixava seus olhos pousados na paisagem da cidade para admirar o quão bonito ele era, ainda mais pessoalmente.
— Vocês têm muita sorte de morar em um lugar como esse. — comentou depois de um tempo em silêncio.
— Concordo até certo ponto. Nós estamos longe de tudo e todos. Sinto falta de alguma agitação, pessoas diferentes e outra cultura a ser apreciada.
deu de ombros, fazendo uma careta leve. ao perceber, sorriu.
— Queria mesmo poder viajar para longe?
— Mais do que tudo. Eu amo Daylesford, mas… Sempre fico inquieta ao me pegar pensando em conhecer alguma cidade grande. Los Angeles, Nova Iorque, você sabe. — fechou os olhos rapidamente ao notar o que havia dito. com toda certeza havia rodado o mundo inteiro. — Desculpe. Você deve ter conhecido todos esses lugares. É incrível, não é?
Ele deu de ombros como ela e sorriu de canto, um tanto tristonho.
— De primeira vai ser a coisa mais linda que já viu na vida. Depois não tem mais o mesmo significado e acaba perdendo a graça.
— Entendo.
Se olharam por alguns segundos e sorriram um para o outro, em um conforto.
Os dois achavam graça no fato que tinham quase a mesma ambição, não fosse pela situação adversa.
queria fugir do mundo enquanto queria ir de encontro à ele.
A garota pôde perceber que, mesmo em meio a sorrisos e a risadas encantadores, tinha aquela aura melancólica, como se no final das contas, todos os seus pensamentos levassem ao problema inicial; a fama, a mídia e a pressão em ser mundialmente conhecido.
Por breves segundos, quis abraçá-lo a ponto de espantar todos eles.
— Você gosta de vinho? — indagou, aguardando ansiosa pela resposta do rapaz. O sorriso ladino do mesmo já dava a entender o que achava.
— Com toda certeza. O que tem em mente?
— Espere um instante, ok? Já volto.
Não demorou muito para que atravessasse a rua em um piscar de olhos. a observou atravessar empolgada e achou graça. conseguia ser encantadora só por ser ela e aquilo o fascinava mais do que já estava. O fascinava por ser simples, por ser espontânea.
Por ser única.
A cena o fez lembrar da câmera fotográfica guardada no bolso da calça. A puxou e com um clique captou a cena graciosa de atravessando o lugar.
Ele sorriu, percebendo um sentimento brando tomar conta de si levemente.
Não sabia exatamente o que era, mas era bom. Estava gostando.
O rapaz colocou uma das mãos no bolso e continuou a aguardando. Em pouco tempo, pôde avistar a garota surgir na calçada e, sorrindo para ele, levantou o embrulho que tinha em mãos, deixando à mostra o bico da garrafa de vinho.
não pôde deixar de rir. Não acreditava que ela tinha feito aquilo.
— Você não fez isso. — disse, incrédulo.
— Parece que vamos nos divertir bastante. — começou a rir junto dele, que balançava a cabeça negativamente. — Vem. Quero te levar a um lugar.


E nós podemos ir alto (...)
O levo para o céu…

O céu já estava quase escuro quando passou ao lado de em meio a um corredor de folhagens e flores quando se deparou com um lago enorme e iluminado.
Aquilo quase deixou seu queixo cair.
Ele poderia ter passado por todos os lugares no mundo que diria com absoluta certeza que nenhum deles lhe chamou tanta atenção como aquele lugar. As nuvens escondiam o início do céu azulado e as luzes amareladas ao redor do lago conseguiam trazer um charme para lá de especial.
Parecia ter sido desenhado.
Uau.
Foi o que conseguiu dizer.
riu um pouquinho rouca e o olhou.
— É incrível, não é? Esse lugar é meu refúgio particular.
— Como você pode guardar isso só para você? — brincou. escondeu o rosto.
— Não é nada demais se você reparar bem. Só temos a vista do outro lado da cidade, o céu pincelado e a paisagem de tirar o fôlego.
brincou, assim como ele.
se aproximou, sorrindo e os dois se ajeitaram no gramado não tão distante do lado.
— Esse é o tipo de coisas que não tem em uma cidade grande.
— Tenho que concordar. Não tem mesmo. — assentiu, virando para o lado para pegar a garrafa e os dois copinhos que conseguiu. — Aqui! O vinho que escolhi. Só não vamos ter taças para isso.
— Não precisamos de taça, .
O rapaz pegou a garrafa delicadamente da mão da garota e os serviu.
continuou o olhando até que seus olhos se encontrassem.
Ela pôde sentir seu coração palpitar com tão perto e tão atento em si. Não queria estragar aquele momento.
Não queria esquecer aquele momento.
Ele parecia pensar a mesma coisa. A verdade era que a mente dos dois estava um turbilhão àquele momento. com suas preocupações, a vontade de não querer voltar mais para sua vida e ficar ali, e com o entusiasmo de conhecer alguém como ele.
De conhecê-lo de verdade.
Parecia surreal demais para os dois.
E aos pouquinhos começavam a acreditar que não se passava de apenas casualidade.
— Obrigado por me mostrar que o simples pode ser extraordinário.
quem disse primeiro, depois de toda a troca de olhares.
— Obrigada por me mostrar que muita coisa não é só coincidência.
Ele entendeu o sentido daquela frase.
Entendeu o motivo de estar tão perto e de seus olhares permanecerem conectados um no outro. Entendeu porque queria tanto permanecer em Daylesford, porque não queria voltar para o mundo e ter que lidar com tudo o que lhe esperava.
Entendeu exatamente porque havia sido atraído para a cidade.
não queria dizer mais nada. Não precisava.
Seus dedos foram até o rosto sereno da garota, tocaram suas bochechas, os fios dos cabelos que esvoaçavam levemente e seu queixo.
conseguiu sentir o toque morno do rapaz a inebriando pouco a pouco e sua vontade era a de chegar o mais perto possível.
Mas sequer precisou.
Quando deu por conta, os lábios do rapaz encostaram o dela, como se pedisse permissão para prosseguir com tal ato. E , sem pensar duas vezes, o beijou, podendo sentir as mãos de a puxando para ele.
O vinho havia ficado para trás e ao menos se importaram com a grama baixa em que estavam sentados, perto do lado. Não se importaram se alguém viria os dois ali, apaixonados e em meio a toques sedentos.
Eles não estavam ao menos ligando. O que importava era a conexão que os puxava um para o outro.
Surreal. Ilógico. Absurdo demais.
tinha sua mão na nuca no rapaz, em um beijo suave e sem pressa, o que não demorou muito tempo. não parecia estar diferente. Suas mãos exploravam cada área da garota que agora, não estava tão distante como antes.
Ela, por sua vez, brincava com os cabelos negros do rapaz, acariciando seu rosto e descendo os dedos para os braços torneados e tatuados dele.
Não conseguia acreditar que era real. Que realmente acontecia.
Se afastaram brevemente, apenas para uma troca de olhares momentânea.
E soube o que ela queria dizer, com toda a clareza do mundo.

Mesmo que eu tente e tente dormir,
Penso em você novamente às três da manhã…

Já passava das duas da manhã quando virou para o lado, com os olhos brilhando de ansiedade e curiosidade. Uma fresta da luz da lua passava por suas cortinas e mesmo estando um clima ideal para que logo pudesse dormir, ela não conseguia.
Não conseguia porque não saía de sua mente.
Seu olhar, seu toque e seu beijo.
Ela não conseguia esquecer.
Seu coração se inquietava só de lembrar o que houve no lago mais cedo. De como aquele momento parecia ser o certo para qualquer que fosse a coisa a acontecer com os dois.
De como era para ter acontecido.
No entanto, junto com as boas memórias e lembranças, uma preocupação pequena e enjoada começava a surgir no fundo de sua mente. E se aquilo fosse apenas um momento fugaz? Se fosse algo tão passageiro que eles ao menos pudessem se lembrar um do outro algum dia?
Claro que estaria sendo uma tola ao querer que durasse para sempre. Ela sabia que seria quase impossível de acontecer. Mas, o que sentiu pelo rapaz, por mais clichê que pudesse parecer, era absurdo demais para não ser verdadeiro.
A preocupava também simplesmente sumir, sem ao menos se despedir dela. Não poderia esperar muita coisa, afinal, ele era famoso. Isso poderia acontecer a qualquer momento.
O que mais a angustiava era perder a conexão que os dois haviam tido.
Enquanto suas emoções se entrelaçavam umas às outras, pôde ouvir baixinho o celular vibrar no criado mudo ao seu lado.
Franziu o cenho, sem saber quem poderia ser logo àquele horário.
— Alô?
Espero não ter te acordado.
A voz de ressoou do outro lado e aquilo a fez quase levantar em um pulo.
— Não acordou.
Você chegou bem? Desculpe ligar esse horário, recebi uma ligação do meu assessor.
— Ah, sim. Você quase me deixou na porta. — deixou uma risadinha baixa escapar. — Fico feliz em ouvir sua voz.
Eu também, . Obrigado pelo encontro. Foi… Singular.
A garota queria gritar e confessar para o mundo inteiro que se sentia sim, como uma adolescente ao encontrar seu primeiro namoradinho.
Fazia tempos em que não se entregava daquela forma para alguém.
Deixou o corpo cair levemente na cama e fechou os olhos.
— Eu que devo agradecer. Foi muito bom.
Ele deixou uma risadinha escapar do outro lado e suspirou.
— Posso salvar seu número?
Você deve. — riu. — Espero que durma bem, . Vejo você amanhã?
— Sim, . Nos vemos amanhã.

🤍


Os primeiros raios de sol invadiram o quarto da garota sem o menor pudor.
A claridade que percorria entre as frestas da cortina semi-aberta aqueciam o corpo de levemente, ainda deitada na cama.
Ela tinha a mesma sensação de alguns dias atrás, desde que havia se acostumado a passar parte deles com a presença de a seu lado.
Sentia calma, leveza e serenidade.
Deixou o corpo se espreguiçar sem muita pressa e se sentou à beira da cama, calçando as sandálias logo após, antes de pegar seu celular para conferir qualquer outra coisa.
Se sentiu ainda melhor por notar o quão silenciosa sua pequena casa estava.
Quando saiu de seu devaneio, tocou no display e o mesmo acendeu, mostrando que não havia mensagens.
Mas algumas ligações de Audrey.
franziu o cenho. Será que algo teria acontecido?
Antes mesmo de pressionar o botão da chamada e retornar, uma notificação piscou acima da tela e os olhos de , antes sonolentos, haviam sido arregalados rapidamente.
A preocupação tomou conta da garota antes mesmo de pensar em qualquer outra coisa.
Ouviu os primeiros toques e sem qualquer espera, a voz de Audrey a saudou do outro lado da linha, não tão animada como costumava ser.
Espero que você esteja sentada porque a notícia é grande. — iniciou.
— O que aconteceu?
O outro lado ficou mudo por um instante. Audrey repassava o que havia lido várias e várias vezes em sua mente antes de dizer alguma coisa a sua amiga. Sabia como havia sido os últimos dias, de como ela e haviam se aproximado para que algo daquele tipo acontecesse logo agora.
Saber que sua amiga ficaria magoada era a pior coisa a se pensar.
Você realmente não leu nada ainda?
— Do que você está falando, Audrey? Não é uma boa hora para suspense. — reclamou.
Seus dedos também estavam inquietos em cima de seu colo.
foi embora. Saiu a matéria há pouco tempo. Parece que descobriram seu paradeiro e seu agente não gostou muito do que aconteceu. Por pouco a cidade não fica cheia de repórteres.
O que?...
balbuciou, sem saber o que pensar. Sua mente parecia um furacão naquele momento. Se lembrou da noite em que ele havia ligado para ela, da ligação que havia mencionado. Será que ele já sabia de algo e não queria lhe contar? Por que o rapaz faria aquilo?
Por que ao menos se despediria?
Eu sei que parece difícil entender agora. Se nós fomos pegas de surpresa, imagina ele com a repercussão, mesmo isso não justificando a forma com que ele foi embora. — a amiga continuou, tentando confortar .
O coração da garota batia frenético dentro do peito, junto de uma ardência conhecida.
Decepção. Desilusão.
Sentiu o ardor nos olhos, indiciando o que ela mais estava temendo.
O que é que estava esperando, afinal? Que eles pudessem viver felizes para sempre em Daylesford? Como conseguia ser tão ingênua?
era um cantor famoso, com sua agenda lotada de afazeres, com turnês à sua espera junto da banda.
E ela era apenas uma barista do interior de Victoria, com o sonho de conhecer o mundo e tudo o que poderia contar nele.
Coincidência? Destino?
Não contaria com nenhum dos dois.
Sentiu uma lágrima escorrer por sua bochecha, se sentindo ainda mais estúpida.
, sei que machuca. Mas eu também acredito que existem sempre dois lados da história. — Audrey iniciou, quebrando o silêncio que havia se instaurado. — Talvez tenha tido seus motivos, mesmo que não tenha sido a maneira correta de lidar com isso.
— Eu não… Ele… Como isso foi acontecer, Audrey? Como eu deixei isso acontecer?
Ei, ei. Calma aí. Por que está se cobrando assim? Você fez o que deveria ser feito. Tomou as decisões que deveria ter tomado e está tudo bem. Precisa focar nisso.
— Acho que preciso de um tempo.
Audrey ficou em silêncio ao ouvir a amiga. Ela entendia o que queria dizer. Ainda mais depois de algo daquele tipo, sendo justo com .
Até ela não saberia ao certo como lidar.
Tudo bem. Sabe onde me encontrar, certo? Fique bem, amiga.
— Eu vou ficar.
Ouviu o cessar da ligação e deixou o celular de lado por alguns segundos. Fechou seus olhos com força e respirou fundo.
No fundo sabia que algo daquele tipo poderia acontecer. Por que se sentia tão magoada com a situação?
Resolveu ligar o display do celular e procurar pela matéria com a notícia para ler por completo. Talvez assim ela pudesse entender melhor.
A primeira notícia de cara já fez com que ela parasse de rolar.

abandona a banda e foge para Daylesford.
Traição aos fãs ou covardia artística?

Os repórteres estão agitados com a descoberta do paradeiro do músico durante sua tão alardeada pausa da carreira. Surpreendentemente, ele foi encontrado em Daylesford, uma cidade remota no interior da Austrália, longe dos holofotes da mídia.

No entanto, o que mais chama a atenção é o fato de que ele deixou sua banda para trás e adiou a turnê. Enquanto muitos esperavam que usasse esse período para descansar e se preparar para o retorno aos palcos, ele decidiu abandonar seus colegas de banda e o compromisso com a música. Parece que a fama e a responsabilidade finalmente se tornaram demais para o músico.

Enquanto ele desfruta do sossego de Daylesford, seus fãs e colegas de banda são deixados no escuro. É decepcionante ver um talento promissor abandonar seus compromissos e desaparecer da cena musical. A atitude de levanta questionamentos sobre sua verdadeira dedicação à carreira e sua lealdade aos fãs. Seria essa uma decisão sensata ou apenas uma fuga dos desafios e das obrigações da vida artística?

Quando terminou de ler, não soube dizer ao certo o que lhe deixou mais atônita. Se foi o fato de realmente terem escrito algo como aquilo sobre ou se foi duvidar se ele poderia fazer algo daquele tipo.
Nos dias que esteve com o rapaz, sua personalidade lhe mostrava o contrário de tudo o que estava escrito naquela matéria sensacionalista.
Respirou fundo mais uma vez. A verdade era que ela ao menos sabia o que pensar, nem mesmo como começar a reorganizar seus pensamentos.
Seu coração ainda doía.
Mal desligou o celular quando sentiu o aparelho vibrar outra vez, desta em uma notificação curta.
E, antes que pudesse questionar qualquer coisa, o nome de brilhou no display, deixando seu peito mais apertado do que estava antes.

“Sinto muito por partir assim.”

Estou sensível ultimamente,
todos os dias sem você…
Não têm graça…

Alguns meses depois…

andava despreocupada pela calçada próxima a icônica Tower Bridge, em Londres, quando sentiu um vento ameno abraçar seu corpo, a fazendo colocar os braços ao seu redor, como se aquele ato fosse aquecê-la.
Já fazia um tempo desde que ela havia conseguido juntar dinheiro suficiente no café que trabalhava em Daylesford para viajar para os lugares que tanto havia sonhado.
Aquilo fez seus pensamentos mergulharem em um turbilhão de emoções.
Há apenas alguns meses, ela estava em uma cidade do interior, levando uma vida tranquila, pacata, sonhando e contando os dias para pegar uma avião para longe.
A brisa suave do rio Tâmisa acariciava seu rosto, enquanto ela se entregava à melancolia que a envolvia no mesmo momento. Por mais que estivesse aproveitando cada momento de sua aventura, o vazio que tinha no peito voltava a incomodar vez ou outra.
Ela sentia falta de algumas coisas. Sentia falta do pouco barulho, da vizinhança e de uma pessoa em específico, que havia cruzado seu caminho um tanto perdido, lhe mostrando novas oportunidades e que também, havia tomado conta de seu coração.
Claro que não podia negar que aquele tempo em que passou sozinha, tendo Audrey a seu lado para ouvi-la lamentar a ajudaram de certa forma. se sentia muito mais confiante, menos ingênua e determinada a explorar tudo o que a vida tinha a oferecer.
No entanto, sempre que parava para pensar em seu processo até ali, insistia em surgir em sua mente.
Olhou para trás e sorriu. Audrey andava apressada para alcançá-la.
— Ei! Você podia me esperar. — resmungou.
— Você anda muito devagar!
Rebateu. As duas se olharam e deixaram uma risada fraca escapar.
, tira uma foto minha. Essa vista está espetacular! — deixou um sorriso admirável estampar seus lábios e a amiga concordou, retirando o celular do bolso do sobretudo.
ligou o display e assim que avistou a notificação, há poucos minutos, seu coração quase explodiu dentro do peito.
Não podia ser.
— O que foi? Deu algum problema?
— Não é isso, é só que…
Tentou continuar. Sua garganta pareceu seca por alguns segundos.
sentiu as bochechas corarem.

“Espero que sua jornada esteja incrível, assim como você. Sinto sua falta.” -
.

Audrey, percebendo a reação da amiga, ficou mais curiosa do que já era.
Se aproximou lentamente e, antes que pudesse notar, retirou o aparelho de suas mãos, podendo ouvir um resmungo alto como protesto.
— Ah, há! Para você ficar assim só pode ser o… — iniciou alto e ouviu a própria voz diminuir ao ver a dono da mensagem enviada. Olhou para a amiga e voltou a encarar o aparelho. — Meu Deus! É ele! É !
— Fica quieta! — se aproximou, tapando a boca da amiga. Apesar de qualquer coisa, não queria expor o rapaz de alguma forma.
, eu sabia! Sabia que tinha algum motivo!
— O que? Isso não explica nada, Audrey. Pare de inventar histórias. — resmungou, emburrada.
não queria criar qualquer tipo de esperança.
— Tudo bem. Isso não explica nada. Mas você não acredita mesmo no destino? Ou acha que é mais uma coincidência? Hein?
Cruzou os braços. franziu o cenho, sem entender o que ela queria dizer com aquilo.
— Coincidência de que? Não é como se eu fosse responder. E outra, por que ele mandou mensagem depois de tanto tempo? A última coisa que ele me disse foi um sinto muito, como se isso fosse resolver algo.
Naquele ponto, já havia perdido sua paciência. Não gostava de tocar no assunto.
E também não notou quando um sorrisinho esperto surgiu nos lábios de sua melhor amiga.
— Talvez eu tenha feito uma coisinha. Ou outra. Isso não importa. O que importa é que—
— O que foi que você fez, Audrey?
a cortou, um pouco mais séria.
Não queria imaginar qualquer problema feito pela amiga.
— Daqui há poucas horas vai ter um show da banda dele. No The O2. E talvez, bem talvez eu tenha comprado os ingressos.
Audrey enfiou a mão na bolsa que carregava e esticou os dois bilhetes com o nome estampados.
Os olhos de faltaram pouco para sair das órbitas.
Seu coração descompassou, sem saber o que pensar, nem o que fazer.
Ela queria esganar Audrey!
— Você não pode fazer uma coisa dessas sem me avisar!
— Claro. Por que se eu avisasse você com certeza iria ao show, certo?
Rolou os olhos, voltando a caminhar com a amiga.
sentia que sua cabeça explodiria a qualquer momento.
— Isso não quer dizer que eu vou! — vociferou. — Argh! Não fala comigo.
Sua resposta foi suficiente para arrancar uma risada alta da amiga a seu lado. Audrey sabia que havia feito certo. Sabia certamente ao ver os olhos de brilharem só de saber que havia possibilidade de ver pessoalmente outra vez.

Quando abro os olhos,
os meus dias que se passaram são sonhos esquecidos…

O ambiente do The O2 estava impregnado de antecipação e energia enquanto a equipe de produção se preparava para o soundcheck. O som do palco ecoava pelo local, mesclando-se com os murmúrios dos técnicos ajustando os instrumentos e os equipamentos de som.
conseguia ouvir tudo bem evidentemente de onde estava, no backstage e além de estar imerso no som dos ajustes que a equipe técnica fazia em alguns equipamentos, ele só conseguia pensar em algo que estava muito distante daquele show.
Sua mente estava repleta de pensamentos intrusivos e incômodos, o fazendo lembrar a cada minuto da decisão que havia tomado há meses atrás.
E, em sua opinião, havia sido uma das piores.
Nunca havia lhe passado pela cabeça que ir para Daylesford lhe faria tirar os pés do chão. Claro que seu objetivo era esse, queria espairecer, esquecer a pressão que constantemente estava lidando com a turnê que se aproximava.
Ele precisava respirar. Precisava de um tempo. só queria um momento de paz e anonimato.
Mas conhecer não estava mesmo em seus planos.
A última coisa que queria era conhecer alguém como ela, justo quando havia resolvido dar uma pausa momentânea na carreira.
Aquilo era mais do que ele poderia pedir. Mais do que poderia merecer.
havia mudado sua perspectiva em muitas formas desde que havia o parado em uma viela na cidade interiorana. Sua presença era forte e cativante.
, nem por um segundo, havia conseguido parar de pensar no sorriso genuíno que ela tinha em seus lábios e de que como conseguia deixar evidente o quão agradecida conseguia ser, apesar de qualquer que fosse a coisa.
Ela representava tudo o que ele buscava: autenticidade e simplicidade.
O objetivo inicial de era encontrar um refúgio de toda a pressão midiática, mas sua jornada naquela cidade se transformou em algo muito mais significativo. Descobriu que poderia ter um equilíbrio apesar de tudo, que poderia ver as coisas de outro modo e se relacionar aproveitando o máximo que pudesse em sua vida, sem muita pressão e preocupação.
Por mais clichê que aquilo pudesse parecer, sabia que não havia sido apenas uma coincidência encontrar em Daylesford. Ela apareceu por um motivo, este para mostrar ao rapaz como a vida poderia ser aproveitada de tantas formas bonitas e singulares.
E que valia muito a pena ter alguém como ela a seu lado.
Engoliu em seco. A falta de o atingia para valer. Sem qualquer aviso.
Seu coração o levava para os olhos esperançosos da garota todas as vezes que sua mente o queria trazer para a realidade, mesmo depois de tanto tempo.
Sentia falta. Sentia arrependimento de não ter se despedido da maneira certa.
Queria poder dizer que aquilo havia sido apenas mais um caso como qualquer outro em meio à sua pequena aventura ao decidir fugir dos holofotes, mas estaria enganando não só a todos a seu redor, como a si mesmo.
Se perguntava constantemente como estava, se tinha conseguido visitar todas as cidades que sonhou um dia e se estava bem.
Se ela ainda lembrava dele.
O arrependimento o consumia à medida que os dias passavam só de saber que havia perdido alguém como ela. Alguém que valia à pena, mesmo em meio ao frenesi da fama e do sucesso.
Fechou os olhos brevemente, até escutar a voz de um de seus amigos se aproximando.
— Preparado?
— Mais do que nunca. Você sabe. — respondeu, sem muita emoção.
o observou, como de costume nos últimos meses e desde que havia retornado de sua pequena fuga para o interior da Austrália, sua mente parecia estar mais longe que o normal.
Parecia estar em outro lugar.
E em outra pessoa.
— Sei também que você parece pensar em qualquer outra coisa que não seja esse show de hoje. — mencionou, arqueando uma das sobrancelhas. se limitou apenas a olhá-lo rapidamente. — Ei, cara, às vezes nos arrependemos de coisas que deixamos escapar e isso é normal. Mas você fez o que deveria ser feito naquele momento. Daylesford foi o seu refúgio de alguma forma.
Deu um tapinha leve no ombro de e se fosse em outro momento, o rapaz até deixaria uma risada escapar de sua atitude.
— Desde quando você virou o cara que me dá conselhos? — disse, brincando. sorriu.
— Desde que percebi que você tem precisado deles.
Os dois trocaram um olhar significativo e sabia que o agradecia mentalmente.
olhou para baixo.
— Não esperava encontrar alguém como ela, logo quando precisava fugir de tudo. Parece aquela história, da pessoa certa na hora errada.
Deu de ombros. continuou o olhando.
— Bom, não podemos mudar nosso passado, mas podemos aprender com ele. Talvez, quando a turnê terminar e as coisas se acalmarem, você possa tentar procurá-la ou até mesmo voltar à Daylesford.
— Não acho que ela vá querer me ver. — balançou a cabeça.
Seus braços agora estavam apoiados na coxa, enquanto a outra mão brincava com o celular.
— Quem em sã consciência vai recusar receber , pessoal?
levantou as mãos, como se não acreditasse naquilo e seu ato chamou atenção dos demais ali dentro. se aproximou junto de Luke.
— Eu recusaria. Ele come demais. — Hemmings alfinetou, recebendo o dedo médio de em resposta.
— Pare de ser chato, cara. Nosso it boy não está nos seus melhores dias. — bagunçou os cabelos negros do rapaz que estava sentado e sorriu. — Acho que seria válido levarmos para conhecer novas pessoas. Novos ares.
— Acho que não, cara. Não é o que quero agora.
disse, sincero. Os amigos os olharam.
Aquilo parecia mais sério do que haviam imaginado.
Antes de qualquer outro comentário, ouviram o baque da porta e a figura de Joel entrando apressado dentro do backstage. Os cabelos suados e as bochechas coradas, dando a entender como seu trabalho parecia mais estressante que o normal.
— Quero saber o motivo de vocês ainda não terem subido e…
sentiu seu celular vibrar e avistou uma notificação na aba superior, indicando alguma mensagem no twitter.
Respirou fundo e quase bloqueou o aparelho não fosse por um detalhe curioso; o nome de Audrey subir algumas vezes em mais algumas mensagens.
Ele quase sentiu o coração descompassar, se lembrando imediatamente de uma Audrey em específico que ele conhecia.

@CalumHood

Oi, , aqui é a Audrey.
Espero que você tenha ouvido falar de mim porque isso vai acabar te ajudando.
Primeiro preciso dizer que você foi um idiota em ter sumido e sequer ter dado uma explicação para a . Mané.
Mas eu acho que você deve ter um esclarecimento bem plausível sobre isso, enfim. Se quiser consertar alguma coisa, essa é sua chance.
Estamos em Londres e vou convencer a ir ao show.
O resto eu deixo com você.
x Audrey x


Sua respiração falhou e todo o barulho existente a seu redor parecia ser insignificante demais depois daquela informação. A esperança e a surpresa tomaram conta de si enquanto repassava cada palavra da mensagem deixada por Audrey em seu twitter.
Não conseguia acreditar que elas estavam logo ali, em Londres, justo quando iria acontecer uma performance de sua banda.
Antes que pudesse levar os dedos à tela do celular para começar a respondê-la, Joel se aproximou, interrompendo qualquer linha de raciocínio do rapaz.
. Passagem de som. Agora! — vociferou.
O rapaz ao menos teve o trabalho de erguer seu rosto até o assessor. Seus pensamentos estavam um turbilhão, o fazendo querer sair por aquela porta de encontro à .
— Claro, Joel. Espere um segundo.
— Não temos um segundo, . Tem que ser agora ou vocês vão atrasar a entrada. — disse, mais sério que o normal. — Não teste minha paciência.
balançou a cabeça, em automático e continuou com o celular nas mãos, levantando o corpo e pensando no que faria àquele momento.
Pensou em , em como ela deveria estar e se também pensava nele daquela mesma forma. Esperava muito que sim.
Queria poder tentar algum contato com ela antes de subir para o palco.
Pensou em fazer uma ligação rápido, mas as mãos largas e brancas de Joel, em gesto rápido, retiraram o celular de .
Ei!
O rapaz reclamou.
, você precisa se concentrar no show. Não me faça repetir isso. Vá para a passagem de som. — ordenou, balançando a cabeça assim que fez menção em pedir o aparelho outra vez.
Ele sentiu uma onda de frustração percorrer seu corpo, ainda mais por saber que seu agente estava certo e ele não podia atrasar ou acarretar qualquer problema para seus colegas de banda.
Pensou nela mais uma vez.
E desta seguiu até o palco, determinado a tentar encontrá-la pelo menos uma última vez.


🤍


Depois de uma longa e incessante conversa, decidiu não discutir com a amiga e concordou em ir ao show que começaria em pouco tempo. Precisava confessar que, por mais que quisesse esquecer tudo o que havia acontecido em Daylesford, seu coração desejava reencontrar , mesmo que os dois nem se vissem direito.
Ela queria, pelo menos, ter alguma lembrança recente dele, mesmo sabendo que a última coisa que lembrava era o fato dele ter ido embora, sem ao menos ter se despedido dela.
E aquilo ainda magoava.
Olhou para Audrey, mais animada que só, enquanto cantarolava uma música qualquer da banda — que ela havia decorado em pouco minutos no quarto do hotel — e, por mais que quisesse sacudir a amiga pela decisão que ela havia tomado, começava a se sentir um tanto nervosa ao saber que se aproximava no palco montado, onde milhares de pessoas também já estavam, além de se dar conta de que aquele era o primeiro show que a garota ia depois de sair da cidade interiorana.
Elas até que haviam pegado uma visão um tanto privilegiada do lugar que ficaram e aquilo havia deixado Audrey extasiada.
O céu começava a se tingir de tons alaranjados e dourados, sinalizando o entardecer que emoldurava a cidade. O clima era eletrizante, com a multidão animada aguardando ansiosamente pelo aparecer da banda.
Um instrumental já ecoava no ar, trazendo uma atmosfera vibrante e energética.
— Olha essa carinha. Eu sabia que você não recusaria algo assim.
Audrey brincou, fazendo graça. ainda tinha uma expressão levemente emburrada.
— Você não precisava ter feito isso. Sabe como acabamos. Aquele foi o ponto final. Pra que estender algo assim? — indagou, tentando explicar o que pensava. Mesmo que quisesse se convencer de que seus momentos com não haviam passado apenas de momentos, sabia que não era só aquilo.
— Você sabe o que eu penso do destino. Você acha mesmo que seria coincidência ter um show deles justo quando estamos de passagem por Londres? — a amiga arqueou a sobrancelha.
Aquilo pegou desprevenida.
Sempre havia sido um pouco cética quanto às questões sobre destino, mas sobre aquilo, não tinha nem o que responder.
Resolveu se calar e, acompanhada do ritmo da música alta que começou, seu coração começou a bater mais rápido também. Os gritos ao redor lhe davam certo arrepio e acompanhada das pessoas que ali estavam, involuntariamente tentou achar quando notou os membros adentrando o palco.
Enquanto todos aplaudiam e exclamavam em empolgação, continuava com seus olhos em cada um que se aproximava até que pousassem em andando tranquilo, segurando a guitarra apoiada em seu corpo.
Ele parecia pertencer àquele lugar, fazendo exatamente o que gostava.
O coração de quase parou e pôde sentir suas mãos levemente trêmulas.
estava ali, quase tocável de tão perto.
E aquela proximidade a fez lembrar do toque do rapaz. Do quentinho da palma de suas mãos. De seu beijo suave.
Ela parecia tão deslumbrada que ao menos notou que os olhos castanhos do rapaz vasculharam toda a multidão um pouco mais abaixo, justamente à sua procura.
— Londres! Como é bom estar aqui!
Iniciaram, sendo recebidos saudosamente por seus fãs. Audrey gritou para acompanhar os demais, mas ainda permanecia estática, hipnotizada por .
Ela ainda não conseguia acreditar que depois de todos aqueles meses, apenas sabendo de por alto, através de notícias e músicas novas, que realmente estava ali. Que estava o vendo tão próximo.
Foi no passar de algumas músicas que conseguiu ver. Não tão longe, mas o suficiente para que não fosse possível o rapaz descer e puxá-la para um abraçá-lo. E por uma fração de segundo, achou que erraria as notas da canção.
olhava para ele com admiração. Seus olhos brilhavam indicando o quão emocionada ela parecia estar.
Aquilo fez o coração do rapaz falhar.
Saber que estava ali e que ainda estava emocionada por vê-lo parecia demais para suportar até que o show acabasse para tomar alguma atitude.
Ele sorriu de canto, trocando com ela um sorriso cheio de significado. Não sabia dizer se era saudade, se era alívio ou ansiedade. Dentro daquele sorriso havia um misto de sentimento que nenhum dos dois conseguia decifrar.
e sabiam que nada havia mudado.
A conexão que os dois tinham era maior do que podiam imaginar.
E, naquele momento, souberam que independente de qualquer que tenha sido a distância e o tempo separados, seus corações sempre encontrariam o caminho de volta um para o outro.

E nós podemos ir alto…


Epílogo

— Nova Iorque?
— Você não prefere a França? Acho mais romântico.
— Hm… Tem o Canadá também.
Entre risadinhas abafadas e beijos roubados, observava o computador apoiado na cama junto de . compartilhava algumas lembranças das viagens que havia feito com a banda enquanto com a garota tentava decidir qual seria o próximo destino dos dois.
Juntos.
O coração do casal batia acelerado, ansioso pelas novas descobertas que fariam agora, como namorados.
Não poderia estar melhor.
olhava para com um brilho nos olhos, fascinado por ter alguém como ela ao seu lado. Por ter, depois de tanto tempo, a encontrado e se esforçado para explicar o ocorrido, além de ter feito o máximo para reconquistá-la outra vez.
Era como se, finalmente, todas as peças do quebra-cabeça estivessem se encaixando como deveria ter sido.
Os olhos do rapaz percorriam cada traço do rosto de , tentando absorver cada detalhe com avidez, como se a garota fosse desaparecer a qualquer momento.
Não sabia explicar o sentimento que espalhava por seu peito.
Era novo, radiante e surreal.
Havia uma sensação de completude no ar, uma paz reconfortante que envolvia o quarto em que estavam. sabia que, depois de todas as provações e incertezas, estar ali com a garota que havia ganhado seu coração era a melhor forma de passar uma noite após a turnê.
Seus olhares se encontraram de forma tão profunda que parecia que todo o universo havia se alinhado para tornar esse encontro possível. As palavras se tornavam desnecessárias diante da conexão que existia entre eles.
Parecia até que conseguiam ler os pensamentos e sentimentos um do outro apenas com aquele olhar terno.
— O que foi?
disse, baixinho.
sorriu.
— Só estou olhando você.
— Assim me deixa sem graça. — riu fraco. Ele acompanhou. — De qualquer forma, precisamos decidir para onde ir. Você não tem tantos dias de folga até o próximo evento.
— Já decorou minha agenda, ?
Brincou. As bochechas da garota enrubesceram e ela desviou o olhar.
rapidamente beijou o local.
— Acho que podemos ir para Daylesford.
Soltou, calmo. sentiu a respiração vacilar por alguns segundos e virou o rosto para ele, observando os olhos castanhos do rapaz brilhando em expectativa.
Ela sabia o que ele queria dizer com aquilo.
— Daylesford?
— Sim. Gostamos de lá e há um tempo que não visitamos a cidade. — disse, levando uma das mãos para a cintura da garota. continuou o olhando. — Acho que precisamos de novas lembranças. O que me diz?
faltou pouco para se jogar em cima do namorado naquela cama, o enchendo de beijos e afetos. Depois de ter viajado o mundo, se estabeleceu no centro de Sydney e, por muito tempo, não voltou à cidade interiorana que havia conhecido .
Por mais que não achasse, Daylesford tinha seu coração.
— É claro que sim! Seria maravilhoso voltar lá com você.
— Então temos um acordo?
O rapaz sorriu abertamente, acariciando o queixo da garota à sua frente.
Não poderia estar mais satisfeito e aliviado por finalmente estar onde deveria estar, e com quem deveria estar. Não queria nem pensar em como seria sua vida se não tivesse reencontrado outra vez.
E com um beijo leve em seus lábios, ela respondeu.
— Sim, . É nosso acordo.


FIM.



N/A FIXA 📌: N/a: Oi, pessoal! Aqui estou com mais uma fic para vocês! Espero que tenham gostado e não esqueçam de deixar um pequeno feedback com o que acharam!
E para quem se interessar em outras histórias minhas, o link da minha página de autora vai estar logo aqui embaixo. Um beijão a todas, e volte sempre <3


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