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Fanfic finalizada.

Capítulo Único

— Doutor , o senhor tem certeza? — bufou ao ouvir a voz de seu assistente pelo que lhe pareceu ser a milésima vez.
— Deaton, se me perguntar isso de novo, está demitido — retrucou perdendo o pingo de paciência que lhe restava. O homem sabia muito bem no que estava se metendo quando aceitou trabalhar para , já que tudo havia sido explicado durante a entrevista.
— Desculpe. Só estou perguntando para me certificar mesmo. E eu sei que não pediu minha opinião, mas se oferecer como cobaia de seu próprio experimento pode ser desastroso. O que acontece se não der certo?
Todos aqueles questionamentos eram válidos, não podia negar, mas também não estava com a menor vontade de respondê-los.
— Tem razão. Eu não pedi, porém ainda assim aprecio a preocupação toda. Fique tranquilo, o experimento vai dar certo, sim. Pode parecer que não, mas eu sempre sei o que estou fazendo.
Se havia uma coisa que Deaton invejava de , tirando a inteligência, era a autoconfiança. Não se recordava de nenhuma vez que o outro precisou ser encorajado a qualquer coisa, muito pelo contrário.
O problema era que, para o assistente, o cientista estava passando dos limites com o recente experimento. E não importava quantas vezes tentasse alertá-lo sobre isso, de nada adiantava. Além de confiante, era extremamente teimoso.
— Prepare a cabine, Deaton. Vai dar certo — repetiu como se adivinhasse os pensamentos do outro.
Com um suspiro resignado, o mais jovem deu início aos procedimentos, que incluíam a checagem dos equipamentos, esterilização da cabine e instrumentos, além de auxiliar na realização de mais alguns testes rápidos no próprio .
Após tudo devidamente organizado, Deaton deu uma olhada por todo o perímetro do laboratório. Realmente, tudo parecia em ordem e prestes a dar certo, fora que não era de se arriscar a menos que tivesse cem por cento de certeza de que as coisas caminhariam conforme o planejado. Isso devia ser o bastante para tranquilizar o assistente.
Duas batidas na porta o despertaram de seus pensamentos.
— Eles estão aqui — a mulher anunciou.
— Pode deixá-los entrar — se adiantou antes mesmo que Deaton abrisse a boca, então em poucos minutos o cientista e seu assistente eram observados por um grupo de homens engravatados. O mais enérgico deles se aproximou, estendendo a mão para , mas este o recusou com um gesto educado.
— Está tudo sobre controle, Doutor? — questionou parecendo levemente desconcertado.
— Com certeza. Apenas aguardávamos os senhores para darmos início aos testes — informou, abrindo um sorriso amigável. — Desculpe, Shippman, estamos mantendo tudo o mais estéril possível. Espero que entenda — completou ao perceber a reação do mais velho.
— Oh, é claro! Como não pensei nisso? — Deu uma risada, claramente aliviado.
— Porque você é um político. E a classe de vocês só lembra da ciência quando necessitam dela e não há para onde correr. — Suas palavras eram sinceras até demais, o que fez com que Deaton se encolhesse ao ouvi-las, porém Shippman nem mesmo se abalou, muito pelo contrário, gargalhou ainda mais.
— Você é impossível, ! O Senador Wessels não pôde comparecer devido a uma emergência familiar, mas Todd Phillips está aqui o representando. — Indicou o homem, que imediatamente se aproximou.
— Temos grandes expectativas para os resultados desse experimento — comentou após os cumprimentos iniciais.
— Com certeza têm — assentiu, franzindo um pouco o cenho ao analisar brevemente o rosto do homem. Ele parecia particularmente animado em substituir o senador, ou talvez fosse apenas a imaginação de .
Estava nervoso, não poderia negar. Por mais que a fachada de extrema confiança fosse natural para ele, por dentro ele repassava seus cálculos a cada cinco minutos, procurando por possíveis falhas mesmo que não encontrasse nada.
Ao menos, se tudo desse errado e o cientista acabasse comprometido de alguma forma, sua partida não tinha a quem deixar sequelas. Era algo triste quando analisado por pessoas de fora, mas era a mais pura verdade.
havia perdido os pais um pouco antes de ser convidado a se juntar à agência central de inteligência dos Estados Unidos, popularmente conhecida como CIA. Ambos foram brutalmente assassinados pelo único parente ainda vivo de : seu irmão gêmeo, Nixon, quando este teve um surto psicótico.
Após o irmão ser internado em um hospital para criminosos insanos, nada prendia o rapaz à velha Londres, o que o fez aceitar sem pestanejar o emprego na CIA.
Mostrando-se extremamente inteligente desde muito jovem, sempre foi obstinado e não aceitava menos do que a perfeição em seus trabalhos. Obviamente, o governo dos Estados Unidos se interessou pelo cientista.
Cada vez mais dedicado ao seu trabalho, não restava a muito tempo para a sua vida pessoal e ele não reclamava disso. Quanto mais tempo permanecesse imerso na ciência, que era do que mais gostava, melhor para ele.
— Está tudo pronto, ? — Shippman chamou sua atenção, fazendo-o trocar um olhar rápido com Deaton e assentir brevemente ao receber a confirmação do assistente.
— Estamos prontos — concordou.
— Senhoras e senhores, o que viemos testar na tarde de hoje pode revolucionar nossas vidas em diversos âmbitos. Através desse microchip, desenvolvido pelo doutor em parceria com a doutora — indicou a mulher parada a poucos metros deles —, teremos literalmente a humanidade aos pés da América.
franziu o cenho ao ouvir aquela frase porque não havia gostado de como aquilo soava, mas não teve nem chance de protestar.
Deaton se aproximou do chefe, posicionando a seringa pistola sobre sua nuca.
— Tem certeza, doutor? — o rapaz o questionou uma última vez enquanto o encarava aflito. Era quase como se soubesse que algo ali daria errado, sim.
— Tenho. — Mesmo desconfiado, não poderia recuar naquele momento.
— Inicia-se a fase final do teste em humanos. Cobaia número 1 — a voz da doutora preencheu o recinto. — Boa sorte — murmurou ao se aproximar.
— Obrigado — respondeu no mesmo instante em que sentiu uma horrível pressão na nuca.
De uma forma bizarramente distorcida, o estalo da pistola veio depois.
Com o microchip implantado, Deaton adiantou-se para posicionar sobre a maca, onde passaria a ser monitorado.
Em uma palpável expectativa, todos prestaram atenção à qualquer reação adversa que o experimento poderia ter, porém os cálculos de nunca estiveram mais corretos.
Por hora, o experimento era um sucesso.


📡


O corpo de começou a se debater violentamente, fazendo com que algumas agulhas e eletrodos presos a ele se soltassem. Grunhidos ecoaram de seus lábios, como se estivesse sentindo uma dor excruciante.
Um bipe passou a soar exatamente como no lugar onde estava antes e quando sua consciência se deu conta disso, o cientista abriu os olhos, arregalando-os e encontrando o teto branco de uma das cabines montadas exclusivamente para as cobaias.
Quanto tempo havia se passado desde o primeiro teste de seu experimento? E por que ele não havia acordado em seu laboratório, como era o combinado?
Estreitando os olhos, já sabia a resposta. Como o teste havia sido bem sucedido, eles poderiam dar seguimento às próximas fases. O interesse naquele microchip, de início, era poder proporcionar uma segunda chance àquelas pessoas que se encontravam em coma, por exemplo, mas após passar pela experiência soube que tinha muito mais coisas em jogo.
Pela forma como ele deveria se comportar durante o período em que estava com o objeto na nuca, estava mais do que claro para que aquela era uma ferramenta de dominação mundial.
O maior trabalho de sua vida havia caído em mãos erradas e agora cabia a ele reverter a situação.
Olhou ao seu redor, sentindo-se prestes a gritar até o ar sumir de seus pulmões.
Como sairia dali?
Cogitou se adiantar até a porta de uma forma nada inteligente para socá-la até uma viva alma resolver aparecer para lhe ajudar ou lhe dar uma surra. Então seus olhos se voltaram para a maca onde estava deitado. Um único eletrodo ainda repousava sobre seu peito e ele sabia que era o que monitorava seu batimento cardíaco.
Sorriu de canto, então puxou o objeto, ouvindo o bipe característico indicando que um coração havia parado de funcionar. Deitou-se na maca e permaneceu imóvel até que as portas se abrissem e um enfermeiro desesperado adentrasse o cômodo para tentar reanimá-lo.
— Desculpe — murmurou antes de se erguer e socá-lo com todas as forças, acertando em cheio a lateral do rosto do rapaz e fazendo-o cair desacordado.
Pulou de cima da maca com pressa, sabendo que mais pessoas apareceriam por ali e se aproximou, vasculhando os bolsos do enfermeiro para encontrar seu cartão de acesso aos cômodos daquele prédio. Encontrou-o em poucos segundos, mas antes de voltar a ficar de pé, franziu o cenho, se inclinando para observar a nuca exposta do rapaz.
E ali estava o microchip. Eles já haviam dado início aos planos.


📡


Do lado de fora da cabine, deu de cara com mais um enfermeiro que provavelmente acompanhava o que estava desmaiado no chão. Agindo de uma maneira reflexa, o cientista não hesitou em fechar a mão em punho novamente e tentar acertar o indivíduo em cheio.
O problema era que esse enfermeiro em particular parecia ser muito bem treinado, então apenas desviou, se adiantando para tentar imobilizar .
Sem pensar direito, acertou uma cotovelada no nariz do outro e aproveitando sua distração quando levou suas mãos até o local para exclamar de dor e depois encarar seu próprio sangue nelas, o cientista saiu correndo como se suas pernas não estivessem protestando veementemente.
não era nenhum atleta. O máximo que fazia eram suas corridas matinais, mas ele não fazia ideia de quanto tempo havia ficado sob influência do microchip. A julgar pela maneira como suas pernas queimavam a cada passo ele diria que haviam sido meses.
Alarmou-se ao pensar naquilo. O experimento havia sido bem sucedido e ele já tinha comprovado que fora implantado em outros. A que nível isso havia acontecido?
Torcia desesperadamente para que não tivesse atingido uma escala mundial.
— Ei! Você aí! — Deu de cara com mais dois enfermeiros cruzando um corredor e dessa vez ele não tentou enfrentá-los corpo a corpo. Em vez disso, achou muito mais prudente correr a toda velocidade para o lado oposto.
O barulho dos passos atrás dele denunciava que os dois estavam cada vez mais distantes. Sem pensar direito, entrou na primeira sala que viu a fim de se esconder ali.
E quando se virou mal pôde acreditar no que via.
Em uma maca ali próxima dele, sentada em uma espécie de transe, estava .
Como em um baque, todas as lembranças envolvendo essa vida e aquela criada por influência virtual vieram de uma única vez, deixando-o até um pouco tonto.
No entanto, ele não tinha muito tempo para ficar ali assimilando as coisas. Precisava agir.
— murmurou, se aproximando da mulher e tocando a maçã de seu rosto delicadamente, de uma forma que nunca havia tido a chance de fazer. No mundo virtual, eram proibidos de terem uma grande aproximação a menos que fosse a vontade do sistema. No mundo real, era o trabalho que os escravizava, nunca lhes dando oportunidade para que conversassem fora daquele ambiente.
sabia que não receberia uma resposta dela. No entanto, foi ainda mais doloroso encarar suas feições impassíveis. Lembrava-se da força que a mulher havia demonstrado ter em todas as vezes que estavam juntos e definitivamente não era do tipo que se rendia facilmente.
Pensou no quanto ela devia ter sofrido para ser submetida àquilo, no quanto lutava para derrubar o sistema e no fim das contas ele não queria nem imaginar o que poderia estar acontecendo à sua mente naquele momento.
Olhou em volta, procurando qualquer objeto que fosse perfurocortante para que pudesse arrancar aquele microchip. Como não havia nada, precisou sair daquela sala, memorizando-a da melhor forma que pôde e correndo a esmo pelos corredores. Levou um tempo para assimilar onde seria o laboratório.
Diante do cômodo, parou e tomou fôlego, certo de que assim que abrisse a porta teria que usar de seu pouco conhecimento em lutas corporais para que se livrasse de quem estivesse ali presente.
Surpreendeu-se, no entanto, ao encontrar o cômodo vazio.
Rapidamente, se adiantou até um dos balcões, sentindo que estava levemente tonto pela corrida desenfreada.
— Bisturis, bisturis… — murmurou enquanto apertava seus olhos, tentando enxergar melhor.
Os segundos estavam contados. A qualquer momento, alguém poderia entrar naquele laboratório ou até mesmo perceber que ele havia chegado até . Com toda certeza, se isso acontecesse, a mulher seria mandada para bem longe.
— Bisturi! — exclamou aliviado ao encontrar uma caixa com lâminas em uma das gavetas etiquetada como “instrumentos cirúrgicos”.
Com as mãos trêmulas, encaixou uma das lâminas ao cabo e voltou a correr até a saída do laboratório. No entanto, parou ao chegar diante da porta.
Seu rosto se virou na direção da caixa de vidro com o extintor de incêndio e seu olhar se demorou no machado ao seu lado, que deveria ser usado para quebrar a caixa.
Não sabia o que lhe aguardava nos outros andares daquele prédio, não tinha ideia de quantas pessoas ali estavam condenadas a serem marionetes de sua própria criação.
Correu até o machado e o puxou do suporte. Depois disso, voltou pelos corredores até chegar à cabine onde estava .
derrubou o machado de qualquer jeito no chão, aproximando-se dela e puxando o bisturi. Sentou-se um pouco atrás de , encarando sua nuca com firmeza, mas estremecendo com a ideia de feri-la de alguma forma.
— Eu preciso libertar você — insistiu, trazendo mais uma dose de coragem a si mesmo.
então tocou um de seus ombros com uma das mãos e com a outra posicionou a lâmina onde sabia que estaria o microchip. A pressionou com cautela até que perfurasse a pele de , mas no mesmo instante em que isso aconteceu um grito irrompeu pela garganta da garota.
Assustado, a viu lhe encarar horrorizada, então se debater para que ele a soltasse.
— Assassino! Assassino! Socorro! — a mulher começou a gritar em desespero, fazendo com que o cientista ficasse por alguns segundos sem saber o que fazer.
, sou eu. ! Por favor, nós precisamos tirar isso de você… , olhe pra mim — pediu, deixando sua mão mais firme sobre os ombros da mulher.
— Você vai me matar. Socorro! Alguém me ajude!
De alguma forma, ele sabia que aquela não era exatamente ela gritando. Certamente, o microchip implantado em possuía um controle muito maior do que o dele.
Sentindo algo em seu peito protestar, tentou segurar a mulher com a maior firmeza possível, voltando a posicionar o bisturi na parte de trás de sua nuca e perfurando sua pele com menos dó.
Os gritos de aumentaram e ele sabia que aquela era sua única chance de salvá-la. Muito em breve, enfermeiros os encontrariam e mais uma vez tudo estaria perdido.
Com muito esforço e vendo uma quantidade assustadora do sangue dela em suas mãos, conseguiu retirar o microchip. O ato fez com que imediatamente parasse de gritar e então desfalecesse em seus braços.
? — Balançou-a de leve, olhando ansioso para suas feições inconscientes. — , acorde. Sou eu, . Nós precisamos sair daqui antes que nos metam de novo nesse sistema de merda…
Tremeu com a ideia de as coisas não terem mais volta para ela, de o microchip ter se enraizado em proporções muito maiores do que ele contava e agora já não houvesse mais volta.
Tão doloroso quanto vê-la dominada pelo sistema era a ideia de que estivesse morta.
… — Aproximou seu rosto do da garota e estava a ponto de beijá-la quando os olhos negros da mulher se abriram.
— foi a primeira palavra dela. — ! — Sua expressão era de surpresa e ela se agitou, como se, muito pelo contrário, estivesse muito bem ativa antes.
— Oh, graças aos céus. ! — Apertou a mulher contra si, afundando seu rosto na curva do pescoço dela e inalando seu cheiro, que misturava sândalo às notas metálicas do sangue da mulher.
— Eu sabia que você ia conseguir. Eu sabia! — se soltou do abraço, então segurou o rosto de com as duas mãos. — Sabia que você derrubaria o sistema e salvaria a todos nós.
congelou ao ouvir aquilo.
— Do que você está falando? — questionou, vendo a expressão no rosto dela mudar de aliviada para uma de alarme.
— Você sabe do que estou falando, . Você esteve no mesmo lugar que eu. É aquilo que eles pretendem fazer com todos nós e precisamos impedir isso antes que seja tarde demais.
— Como assim tarde demais? Como eu farei isso? Não estou entendendo onde você quer chegar, — disse um tanto impaciente.
— À sala mestra, . É onde devemos chegar antes que eles consigam a dominação mundial. Nós fomos os dois primeiros marionetes do sistema, mas muito antes de nos mandarem para a cidade dos condenados. Eles nos usaram desde o momento em que nos fizeram construir essa barbárie em troca de nossos sonhos.
Então finalmente entendeu o que ela queria dizer.
Todas as suas desconfianças estavam certas, o governo realmente iria usar tudo aquilo em uma escala mundial.
Ele nunca entenderia o propósito de se desejar tanto poder.
— Você sabe como chegar até lá? — disse por fim.
— Sim, mas você vai lembrar que também sabe — respondeu, com um sorriso fraco.
se levantou, estendendo uma mão para e pegando o machado com a outra. Ela não hesitou em entrelaçar os dedos nos dele e se inclinou para pegar o bisturi ensanguentado que o cientista havia jogado de qualquer jeito sobre a cama.
— Pronta? — ele perguntou ao lançar a ela um olhar significativo.
— Apenas se você estiver comigo — respondeu prontamente.
— Estarei até o fim.


📡


Um grande pandemônio havia se instalado em todo o prédio. Luzes vermelhas piscavam para todos os lados, algumas pessoas estavam caídas e desacordadas nos corredores enquanto podiam-se ouvir gritos misturados aos sons de alarmes disparando.
e percorriam cada metro necessário com a determinação queimando em seus olhos. Suas mãos haviam se soltado e por mais que nenhum dos dois tivesse físico para enfrentar batalhas, naquele dia eles o faziam bravamente. Usavam de toda a sua fúria e indignação com o sistema para golpear quem tentasse lhes impedir, urrando em triunfo toda vez que conseguiam vencer mais um obstáculo e quando o último deles se apresentou diante de seus olhos, ambos pararam em frente à porta e se entreolharam.
— Se conseguirmos vencer isso, você me deve um café — disse com uma intensidade que demonstrava que não era apenas a bebida que estava em jogo ali. Eram todas as oportunidades que haviam perdido naquela vida e na outra.
— Se conseguirmos vencer isso, eu te pago um café — concordou, abrindo um sorriso que fez com que ambos esquecessem apenas por alguns segundos do risco que corriam ali apenas para vencerem a distância e encostarem suas testas uma na outra, selando aquela promessa.
Um barulho há alguns metros atrás deles denunciou que logo estariam cercados novamente.
A maioria daquelas pessoas estava sobre a influência do microchip e percebeu com um certo horror que se lembrava de uma boa parte delas porque havia lhes encontrado no mundo virtual.
Era tudo ainda muito confuso para ele, mas só poderia colocar as coisas em ordem em sua cabeça quando aquilo tivesse acabado por fim.
tentou usar o cartão de acesso para entrar naquela sala, mas por algum motivo este não funcionou.
— Afaste-se — bufou, tomando o machado das mãos do cientista e começando a golpear repetidamente a maçaneta até que esta caísse com um estrondo no chão.
Metendo o pé bem no meio da porta, a algazarra foi ainda maior e por alguns segundos breves ficou estático, sem conseguir acreditar no que havia acabado de ver a mulher fazer.
Sinceramente, se a situação não fosse outra, aquela cena teria lhe excitado.
— Rápido, . Só você sabe como destruí-lo. — Ela indicou a mesa com um grande computador. — Eu te dou cobertura — completou com uma piscadela.
— Definitivamente, precisamos tomar um café — ele murmurou, correndo até o local e digitando algumas coisas no aparelho eletrônico.
Era muito estúpido manter a mesma senha que o cientista havia implementado, mas deveria saber que o acesso à sala mestra havia sido fácil demais.
. — O homem ergueu o olhar a tempo de ver com as mãos erguidas em rendição enquanto Shippman apontava uma arma para sua cabeça.
— Acharam mesmo que iam me sabotar fácil assim? Vocês não podem vencer o sistema, . Você o criou e não há como voltar at…
Um baque surdo interrompeu a fala quando um golpe o atingiu em cheio na cabeça. Caindo desacordado aos pés de , um filete de sangue escorreu da parte de trás de seu crânio, mas e estavam muito mais ocupados encarando a figura parada a poucos metros com uma barra de ferro nas mãos.
— Peter? — Era Deaton, o assistente de . — Como…?
— Isso não importa agora, Doutor . Destrua essa porcaria de sistema, mas faça com que todo mundo descubra também o que estava acontecendo aqui, por favor.
Assentindo com um aceno de cabeça enquanto engolia a seco, digitou a codificação necessária, trocou um olhar com e apertou a tecla enter.




GAME OVER.




— Era só isso? — A voz indignada de ecoou pelo ambiente, arrancando um olhar indignado de .
— Como assim? Nós demoramos uma semana para zerar esse jogo e você me pergunta se era só isso, babe?
Uma risada alta irrompeu pelos lábios da garota e ele se aproximou negando com a cabeça antes de lhe roubar um beijo rápido.
— O que você quer que eu te diga? Parabéns? — zombou da cara do namorado, fazendo com que o rapaz estreitasse os olhos em sua direção.
— Obrigado por salvar minha vida e não me deixar como um zumbi do sistema para sempre, , amor da minha vida — imitou o que deveria ser a voz da mulher enquanto o letreiro na tela da televisão marcava os dizeres Jesus of Suburbia.
— Não vou te agradecer por fazer mais que a sua obrigação. — Ela deu de ombros, então bebeu um gole de refrigerante e voltou a segurar o controle do videogame quando colocou a latinha sobre a mesa de centro. — Tá legal, Jesus of Suburbia, zeramos o jogo. O que mais você tem aí?


FIM



Nota da autora: Olá, meus amores! Eu espero que vocês tenham gostado da fic. Me inspirei um pouquinho na série Black Mirror para construir esse plot e eu confesso que estou um tantinho insegura por explorar essa temática, mas enfim hehehe.
Caso vocês queiram ler minhas outras histórias e interagir comigo, me sigam no instagram e entrem nos meus grupos do whatsapp e facebook.
Não esqueçam de comentar aqui embaixo, isso me incentiva demais a postar minhas loucuras para vocês.
Beijos e até a próxima.
Ste.



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