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Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo I


Eu podia jurar que estava à beira da loucura. Não o tipo de loucura quando você faz algo do qual normalmente não faria, mas não se arrepende depois de ter feito, mas sim aquela da qual estava a momentos de perder a cabeça e poderia dar até cadeia. Os meus pensamentos poderiam com certeza dar em cadeia, principalmente quando eles envolviam passar com o carro por cima de alguém, especialmente quando esse alguém era o seu chefe. Não que eu fosse o tipo de pessoa que perdia a paciência fácil, quase nada fazia o meu sangue ferver, porém quando se tratava do seu chefe, , eu virava outra pessoa. Eu podia jurar que estava trabalhando para a encarnação do Diabo. Quando você pensa no Diabo, a primeira coisa que lhe vem à cabeça é uma espécie de homem de pele vermelha, chifres, um rabo, que não se importa com os outros e adora ver o circo pegar fogo. Só que a minha versão do Diabo era bem diferente, um cara extremamente arrogante, frio e calculista, que também tinha a cara de um Deus grego e ficava extremamente maravilhoso de terno. "Foco, ! Não deixe os seus 14 meses de abstinência de sexo falarem mais alto. Não foca na cara de Deus grego, foca na falta de consideração com os outros. Foca nisso!"
Não era que eu me importava em trabalhar até tarde, sabia quando aceitei o emprego que meus horários seriam completamente diferentes dos outros, mas eu tinha pedido, tinha até implorado, que ele me liberasse mais cedo, mas tudo que eu consegui foi uma pilha de relatórios pra entregar na sexta.
Na sexta a qual, coincidentemente, era o meu aniversário.
Quando eu consegui o emprego nas Indústrias , a última coisa que eu esperava era que minha chefe viesse a se aposentar dois anos depois, deixando o filho no seu lugar. Margo era uma chefe maravilhosa, sem falar que ela era uma simpatia em pessoa e uma inspiração para mim. Tonta fui eu quando achei que o filho fosse o espelho da mãe: um poço de simpatia e carisma por onde passava. estava mais para um poço de antipatia e pretensão que não dava ao menos um bom dia. Todo dia depois de acordar eu lembrava o quanto tinha batalhado para conseguir chegar onde estou, o quanto esse emprego era importante pra mim, o quanto eu ganhava e partia pra luta com um sorriso no rosto esquecendo que meu chefe comandava o inferno no seu tempo livre.
Eu fazia tudo direito, chegava a checar duas a três vezes tudo que eu fazia, ficava até tarde ou chegava mais cedo quando precisava e as vezes trabalhava nos finais de semana, tudo isso para esse tratante nem ao menos considerar que eu saísse mais cedo numa sexta porque quem quer chegar ao topo não se dá ao luxo de coisas mundanas do mundo.
Quando eu estava colocando os relatórios na mesa de Vossa Majestade, meu celular tocou dentro da bolsa. Na hora que eu tirei o mesmo, grunhi vendo que já passava das onze da noite, pior ainda foi ver quem estava me ligando.
das mais bonitas, cadê você? — Connor gritou do outro lado da linha, e, pelo barulho, ele parecia estar em uma festa. Ah, é mesmo, a minha festa de aniversário! — Todo mundo está esperando aqui na boate, segundo o Mário, você vai ter que subir no palco para ganhar uma lap dance de graça. — Escutei vários gritinhos enquanto apertava o botão do saguão. — Onde você está, minha rainha?
— Connor, eu já te disse, eu não posso ir. Eu fiquei presa no trabalho e eu estou, literalmente, dormindo em pé.
— Como assim você não vem? É o seu aniversário, você não pode faltar!
— Bem, você deveria dizer isso pro meu chefe que fez com que eu ficasse até agora fazendo relatórios que poderiam ter esperado até segunda, tudo isso porque eu pedi pra sair um pouco mais cedo.
— Seu chefe é um estúpido!
— E você acha que eu não sei, eu convivo com o cara todo dia.
— Eu também.
Connor e eu nos conhecemos na faculdade, quando nós dois estávamos quase morrendo de tédio em uma das aulas de Sociologia. Ele era tudo que eu não era: espontâneo, engraçado e um espírito livre. Durante todo o tempo que passamos na faculdade, Connor me ensinou algo que faltava em minha vida: a como me divertir. Sendo órfã desde os meus 16 anos, tendo que trabalhar para me sustentar, diversão para mim era um luxo raro. Tão raro que a minha ideia de diversão era dormir o final de semana inteiro.
Connor me colocou debaixo da sua asa e decidiu que a partir daquele dia ele iria me ajudar em tudo que eu precisasse, o que foi uma tarefa extremamente difícil pra mim, que já estava mais do que acostumada a fazer tudo sozinha. Na época, eu estava atolada de contas, estava a ponto de repetir o semestre inteiro enquanto trabalhava dois empregos, Connor que me pegou chorando descontroladamente enquanto estudava para uma prova final e decidiu que eu não podia passar o resto da minha vida só sobrevivendo em vez de vivendo. Ele iria me ajudar em tudo que eu precisasse e eu não tinha que falar uma palavra sobre o assunto. Eu, já exausta e sem esperança, apenas o obedeci enquanto tirava um cochilo que demorou mais de 12 horas.
Quando eu acordei, Connor tinha pagado minhas contas, acertado o meu aluguel e falado com meus professores pra que eu tivesse um pouco mais de tempo pra estudar. Eu lembro que a primeira coisa que eu fiz foi chorar mais um pouco enquanto o abraçava forte.
Eu não era o tipo que deixava os outros entrarem na minha vida, as pessoas eventualmente iam embora e muitas delas não valiam a pena a dor, mas Connor era diferente, e quando eu tentei dizer que iria pagá-lo de volta, a única coisa que ele pediu em retorno foi que eu fosse pra todas as festas com ele.
Depois que a faculdade acabou, Connor decidiu abrir o seu próprio negócio enquanto eu procurava um emprego na área. Ele era aquele tipo de pessoa que funcionava a bateria de relógio, me perguntava como alguém conseguia trabalhar de segunda a sexta, e ainda sair o final de semana.
Ah, e Connor não é só o meu melhor amigo/anjo da guarda/melhor pessoa que já apareceu na minha vida, ele também é podre de rico e também um dos herdeiros das Indústrias , o que faz dele irmão mais novo de .
— Eu juro que vou matar quando vê-lo. — Ele bufou do outro lado da linha. — Pior, eu vou levar um desconhecido para a cobertura dele e, quando ele acordar amanhã, vai encontrar um cara pelado no meio da sala. — Connor estava ficando no apartamento de seu irmão enquanto a sua casa estava no meio de uma reforma. odiava arduamente quando acordava e tinha algum desconhecido nu em sua cozinha, o que fazia a diversão de Connor dez vezes mais gratificante. Já deu para perceber que ele gosta de irritar pessoas a esse ponto, certo?
— Está tudo bem, Connor — falei, saindo do elevador, indo em direção à saída. — Nós podemos sair amanhã, eu prometo que faço dez body shots se você quiser.
— Eu não acredito que você está com medo do .
— Não é medo, eu só gosto do meu emprego. Você sabe, eu preciso dele. — Dei sinal para um táxi que parou na minha frente. — Eu só não quero que ele pense que eu estou reclamando do meu emprego para você com a finalidade de você facilitar as coisas para mim, já é ruim o suficiente todo mundo achando que eu tenho privilégio por ser sua amiga.
— Mas que gentinha venenosa — ele disse, enquanto eu dava meu endereço para o motorista.
— Então, amanhã a gente pode sair, que tal?
— Amanhã eu não posso, minha mãe quer todos em casa, é o aniversário dela.
— Ah, é mesmo. — Eu respirei fundo. — Prometo que vou te recompensar, tudo bem?
— Cuidado pra quem você faz promessa, , uma dessas pessoas pode ser o Diabo.
— Você está bem longe de ser o Diabo, Connor.
— Ah é, quem ocupa esse cargo na sua mente é o .
— Tchau, Connor.
— Tchau, .

Desliguei o celular olhando pela janela e percebendo que estava perto da praça principal da cidade. Minha mãe sempre foi apaixonada por Natal. Quando o primeiro dia de dezembro chegava, ela já estava montando a árvore e enfeitando a casa. Muitas das vezes, ela não tinha condição de me comprar um presente, então ela comprava um pote de sorvete de napolitano para que nós comêssemos enquanto assistíamos a maratona de filmes natalinos. Minha mãe sempre pedia desculpas por não me dar um presente que eu merecia, mas eu sempre respondia que estava tudo bem para mim, contando que eu estivesse com ela ao meu lado, um pote de sorvete e uma maratona de filmes de Natal, tudo ficaria bem. Essa era uma das principais lembranças que eu tinha dela, e quando eu fui para os orfanatos durante minha adolescência, eu fazia de tudo para que eles tivessem o Natal que mereciam. Agora, eu nem lembro qual foi a última vez que eu arrumei uma árvore de Natal.
— Moço, o senhor pode me deixar aqui mesmo — falei para o taxista. Ele assentiu e estacionou o carro ao lado da praça principal, eu tirei o dinheiro da bolsa e o entreguei, saindo do carro logo em seguida. Andei em direção à enorme árvore no meio da praça, fechando mais o meu casaco por conta do clima frio. A árvore tinha mais de 10 metros de altura e a era decorada da cabeça aos pés, as luzes trocavam de cor rapidamente. Se eu olhasse por muito tempo, era capaz de dar uma dor de cabeça. Mamãe ia gostar disso, talvez amanhã eu possa comprar uma árvore e um pote de sorvete, nenhuma sorveteria estaria aberta agora.
? — Virei-me para trás, dando de cara com . — Eu achei que era você, seu casaco azul é irreconhecível.
— Olá, — respondi, avistando uma sorveteria do outro lado da rua. Bingo, meu dia de sorte.
— O que você está fazendo por aqui?
— Hum... Eu vim ver a árvore de Natal. — Olhei por cima do ombro dele, vendo que a sorveteria estava perto de fechar. — Droga.
— O que foi, ? Você está bem?
— Estou. Eu tenho que ir, te vejo na segunda, . — Passei por ele, praticamente correndo da praça para a sorveteria do outro lado da rua.
, espera! — gritou, correndo atrás de mim. — Onde você está indo?
— Não tenho que te dar satisfação, — disse, colocando o pé na pista, quando um grito me fez parar e olhar para o lado. Um ciclista vinha em minha direção, eu já estava prestes a sentir o impacto quando alguém me segurou pelo braço, puxando-me para trás. O ciclista passou por mim falando algo que eu realmente não conseguia entender, mas sabia que não era um elogio.
— Você tem um desejo de morte, ? Atravessando a rua sem olhar para os lados? — A primeira coisa que eu notei foi que a mão de já não estava mais em meus braços, mas ao redor da minha cintura, fazendo com que eu olhasse de lado. Segundo: foi o seu tom de voz, como se ele realmente estivesse preocupado comigo. — Para onde você vai com tanta pressa?
— Pro outro lado da rua. Eu preciso comprar sorvete.
— Nesse frio?
— Vai me julgar agora? — perguntei, colocando uma boa distância entre nós dois. Ficar tão perto dele não estava me fazendo pensar direito.
— Não, é só que tomar sorvete no inverno não é algo comum.
— É uma tradição.
— Tradição? — ele perguntou e eu apenas assenti com a cabeça. — Tradições são muito importantes. Vamos! — me pegou pela mão, olhando para ambos os lados da rua, praticamente me arrastando para o outro lado.
— Ei, o que você pensa que está fazendo? — falei, cutucando seu braço, porém decidiu me ignorar. — , aonde você pensa que vai?
— Quando você fala meu nome completo quer dizer que está brava — ele disse, olhando para trás. — É fofo. A esse ponto, eu realmente não sabia o que estava acontecendo, mas podia sentir minhas bochechas esquentarem. Desde quando saía por aí segurando minha mão, se importando com tradições que não tinham nada a ver com ele? Pior, quando é que eu deixava me arrastar por aí como se eu fosse um saco de batata? O que aconteceu com o fato dele ser a encarnação do Diabo?
? — estralou os dedos na minha frente, chamando minha atenção. — No que você está pensando?
— Por que você está fazendo isso, ?
— Porque eu quero saber sobre essa sua tradição esquisita. — Ele abriu a porta da sorveteria. — Vamos? — Eu queria muito dizer que essa tradição não tinha nada a ver com ele e que estava convidado a se retirar, porém o lado curiosa não deixou. Não era primeira vez que era espontâneo dessa maneira, principalmente não comigo, já havia acontecido uma vez e eu podia jurar que tinha sido coisa da minha cabeça.
— Eu quero o de três bolas e você está pagando. — Eu dei de ombros, enquanto entrava na loja. andou ao meu lado enquanto íamos em direção ao caixa, ele pagou e me entregou a ficha enquanto comprava a sua. Quando eu coloquei o sorvete na minha boca, pude senti-lo derreter. Fazia tanto tempo que eu não tomava sorvete, especialmente o favorito meu e da minha mãe, fazia eu me perguntar por que eu tinha parado.
— Você está apreciando seu sorvete como se fosse o dia mais quente do verão — começou. — O que é extremamente estranho, já que estamos no meio do inverno.
— Faz anos que eu não tomo sorvete, especialmente o favorito meu e da minha mãe. Eu tinha até esquecido o gosto.
— Impossível esquecer o gosto de napolitano.
— Isso é julgamento que eu escuto na sua voz?
— Talvez um pouco — ele começou. — Então, vai me contar sobre essa sua tradição?
— Só quando você me contar o que estava fazendo na praça, no meio da noite.
— Eu vim ver a árvore, que nem você.
— E você espera que eu acredite nisso? — Ele riu sem humor e disse:
— Eu estava apenas pensando. — Ele deu de ombros. — Não pense que você vai desviar a atenção do porquê nós realmente estamos aqui, pode ir contando logo dessa sua tradição.
— Na verdade, não é só minha, era uma tradição que eu e minha mãe tínhamos. Ela não podia comprar meu presente, então comprava um pote de sorvete e nós fazíamos maratona de filmes natalinos enquanto comíamos.
— Queria que minha mãe visse o espírito natalino da mesma maneira que a sua, não como uma festa enorme, cheia de desconhecidos. abaixou a cabeça, mas pude ver a expressão de dor em seus olhos.
— Vocês brigaram, não foi?
— Como você sabe?
— Você é bom em muitas coisas, , mas você ainda tem que trabalhar muito na sua cara de blefe. — Eu não sei por que eu o fiz, mas eu segurei sua mão que estava em cima da mesa e disse: — Talvez, em vez de brigar com ela por fazer uma festa para um bando de desconhecidos, você deveria entender o porquê dela se rodear de gente no Natal. Sua mãe teve uma infância difícil, , ela sempre passava o Natal sozinha, claro que ela não vai querer passar por isso outra vez. Talvez, em vez de discutir, você poderia usar todo o charme que você usa para conseguir todos aqueles contratos pra convencê-la a fazer uma festa só pra família, fazê-la ver o que realmente importa. Discutir não vai levar a nada, só vai fazer com que vocês se afastem um do outro, e a relação de vocês é muito importante para discutir sobre algo tão superficial.
— Como é que você sempre sabe o que dizer?
— Eu sou muito boa com palavras, quando eu quero ser, é claro. — Me encostei na cadeira, vendo-o sorrir largamente.
era sim um homem atraente, especialmente quando não estava com aquela cara de sério. Ah, a quem eu estava querendo enganar, ele ficava lindo até com o cenho franzido, teclando sem parar a ponto de explodir seu notebook. Ou melhor, quando ele me pedia ajuda em alguma palavra a qual ele esquecia como se escrevia, mesmo que fosse das mais simples, ou quando ele sorria largamente quando eu chegava com o seu café da tarde.
Não era que eu tinha paixãozinha pelo cara, eu não suportava sua presença umas 80% das vezes, mas existiam momentos, quase raros, os quais e eu tínhamos que me faziam questionar o porquê de ele não ser daquela maneira mais vezes. Dava pra perceber que tinha mais sobre do que ele deixava mostrar. Essas eram as únicas ocasiões que eu me sentia confortável o suficiente pra chamá-lo de . O que você está pensando, ? Foca na arrogância.
Arrogância.
A-R-R-O-G-Â-N-C-I-A.
— Eu tenho que ir — falei, começando a me levantar.
— Mas já? — ele respondeu, se levantando também. — Eu te levo.
— Não precisa. — Comecei a andar em direção à porta, virada pra ele. — Obrigada pelo sorvete, . Até segunda.
! — ele gritou, fazendo com que eu parasse no meio da calçada e me virasse para ele. — Você esqueceu sua bolsa. — Ele deu passos largos até onde eu estava, estendendo a bolsa para mim.
— Obrigada.
— Eu te levo.
— Não precisa.
— Eu insisto, , já está tarde.
— Não precisa, eu arrumo um táxi. Tchau, outra vez, . — Eu me virei para ir embora, mas logo segurou minha mão, fazendo com que eu virasse pra ele.
— Deixa pelo menos meu motorista te levar.
...
— Ótimo. Vamos. — Ele me puxou pela mão em direção ao seu prédio. morava do outro lado da praça, em uma das coberturas que ficava no décimo quinto andar, em um desses prédios de gente rica. Eu sabia disso porque já tinha visitado seu apartamento, especialmente agora que Connor estava morando por lá.
Nós andamos silenciosamente até o outro lado. O motorista de , James, estava em frente ao seu prédio, encostado no carro.
— Boa noite, senhorita Parker — ele disse, assim que nós chegamos perto do carro.
— Olá, James.
— James, será que você pode levar pra casa?
— Mas é claro que sim, senhor — ele disse, abrindo a porta para mim e depois entrando no banco do motorista.
— Obrigada pelo sorvete, .
— De nada, — ele disse, segurando a porta enquanto eu entrava no carro. — Até segunda.
— Até segunda. — fechou a porta do carro, que começou a se movimentar um tempo depois. Virei-me para trás, vendo na calçada, olhando o carro se afastar e eu não pude deixar de me questionar: que porra foi que acabou de acontecer?


Capítulo II


O final de semana passou como em um piscar de olhos, parecia que quando você estava fazendo algo que você gostava, o tempo parecia encurtar. No meu caso, encurtou mais ainda porque esse foi o final de semana no qual eu decidi botar o meu sono em dia, então a maioria do dia eu passava dormindo ou lendo algum livro. Tem coisa melhor que isso?
Saí do elevador trazendo meu café comigo e logo que eu estava andando em direção à minha mesa, Connor e discutiam silenciosamente. Connor foi o primeiro que levantou o olhar e sorriu para mim, se virou para quem seu irmão sorria e sorriu também.
Para qualquer um, parecia que o sorriso de Connor era um sorriso inocente que você dava a um de seus amigos, mas, de alguma forma, eu sabia que ele tinha aprontado alguma e que, de alguma forma, eu estava envolvida.
! — Connor andou até mim e me abraçou forte.
— Connor? — perguntei, surpresa. — O que você está fazendo aqui?
, amor da minha vida. — Ele passou as mãos por meus braços. — Eu vim te ver, estava com saudades. — Ele fez cara de inocente.
— O que você fez agora? — perguntei, me afastando dele e cruzando os braços.
— Por que você pensa tão pouco de mim, hein, ? Eu não posso só visitar minha amiga e meu irmão?
— Não.
— Assim você fere meus sentimentos. — Ele colocou a mão no coração.
— Connor, me poupe o teatrinho! Pode acabar com a palhaçada e fala logo!
— Oh, olá . — Me virei para trás, dando de cara com Margo . — Eu estou tão feliz que você vai passar o Natal conosco. — Ela me abraçou e depois deu dois beijinhos nas minhas bochechas.
— Hm... o quê?
— Fico feliz que tenha tomado um jeito e que tenha sido com você. Muito obrigada.
— Hum... De nada, eu acho. — Olhei para Connor, que segurava o riso, e , que sorria sem os dentes.
— Mãe, Collins estava te procurando — disse, chamando a atenção da sua mãe.
— Oh, eu realmente preciso falar com ele. — Ela desviou a atenção deles para mim. — Você conseguiu ficar mais linda do que antes, , sem falar no quão talentosa e trabalhadora você é. Normalmente, eu falaria que a garota que está namorando é uma sortuda, mas nesse caso ele é o sortudo.
— Namorando? — perguntei, confusa.
— É, bobinha. — Ela apertou minhas bochechas. — Eu já sei de tudo. — Ela deu uma piscadela. — E você não precisa se preocupar com a política de relacionamentos da empresa, nós duas sabemos que era inevitável.
— Inevitável?
— Mãe — começou —, Collins já está te esperando. Eu preciso conversar com a disse, parando ao meu lado. Sua mão se fechou em meu braço, fazendo com que eu olhasse para ele.
— É, vamos, . — Connor colocou as mãos em meus ombros, me puxando em direção à sala de . Os dois entraram e ficaram parados em minha frente, enquanto eu tentava assimilar o que tinha acabado de acontecer.
Namorada.
Namorada do .
Namorada do indo passar o Natal com sua família.
— Que porcaria foi que você fez agora, Connor? — eu gritei, jogando as mãos para o alto. — Que tipo de joguinhos dessa sua cabeça doentia você me colocou agora? E você? — Me virei pra . — Que porcaria estava pensando quando deu ouvidos ao seu irmão? Eu pensei que você deveria ser o irmão sério, chato e inteligente dessa família!
— Isso é jeito de falar com seu chefe?
— Quando meu chefe diz pra mãe dele que estamos namorando, sim! — eu gritei de volta.
— Eu entrei em pânico, ok? — Ele passou as mãos pelos cabelos. — Eu não sabia o que dizer, então eu só fui na onda do Connor. Me desculpe, eu sei que o Natal é um tempo de família e que você deve querer passar um tempo com sua mãe, com sua família. Connor sugeriu e eu apenas aceitei.
— Eu não tenho família.
— Como disse?
— Eu não tenho família! — eu disse, lentamente. — Minha mãe morreu há sete anos e meu pai eu nunca conheci. O máximo de família que eu tive foram nos abrigos que eu fiquei até atingir a maioridade. — Eu não sabia por que estava falando aquilo pra , mas, quando eu menos pensei, eu já estava vomitando palavras. Ele me olhou surpreso.
— Desculpe, eu não sabia.
— Claro que não, você nem ao menos responde quando eu te dou bom dia. Acho que é verdade o que eles dizem, dinheiro não compra educação. — Connor segurou o riso, enquanto parecia mais perdido que cego em tiroteio. Pela primeira vez, não parecia o CEO arrogante e pretensioso, na verdade, ele parecia mais um adolescente o qual a mãe tinha acabado de dar um sermão.
— Você não pode falar comigo dessa maneira, eu ainda sou seu chefe.
— Segundo sua mãe, eu sou bem mais que isso, querido. — Eu virei uma das cadeiras, me jogando nela. — Agora todo mundo vai ter a certeza de que eu estou dormindo com a sua família inteira para chegar ao topo. Primeiro todo mundo pensando que eu e Connor estamos juntos, sendo que da fruta que eu gosto ele come até o caroço; agora sua mãe falando em alto em bom som que eu dei um jeito em você. Esse é pior dia da minha vida.
— Não esquece que o te deixou trabalho na sexta, no dia do seu aniversário — Connor falou, fazendo com que eu cerrasse os olhos para ele. — Esse sim foi o pior dia da sua vida, e da minha também. Eu tive que subir no palco para ganhar uma lap dance de graça.
— Aposto que você ficou devastado. — Olhei para ele, fazendo gesto de limpar uma lágrima.
— Você não imagina o quanto. — Ele fez biquinho, cruzando os braços. Connor e eu nos encaramos um tempo antes de soltar uma gargalhada.
— Sexta foi seu aniversário? — nos interrompeu. — Por isso que você queria sair mais cedo? Por que você não disse nada?
— Porque quem quer chegar ao topo não se importa com coisas mundanas — eu disse sarcástica e com a maior quantidade de veneno que eu sabia que eu tinha. tinha um jeito de entrar debaixo da minha pele. Antes eu mordia minha língua, ele era meu chefe afinal de contas, agora eu estava pouco me importando. Se eu fosse demitida, talvez fosse até para o melhor. estava prestes a falar alguma coisa, quando sua mãe entrou na sala de reunião, fazendo com que eu me levantasse, ficando entre e Connor.
— Você já está pronta, ? — ela perguntou, com um sorriso nos lábios. — Ah, vocês fazem um casal lindo — ela disse, fazendo com que eu risse forçado. Connor bateu seu quadril com o meu, fazendo com que eu desequilibrasse e me segurasse pela cintura. Quem entrasse nessa sala podia jurar que nós dois éramos realmente um casal.
— Pronta pra que, senhora? — perguntei, ignorando o calor da mão de na minha cintura.
— Oh, querida, nós vamos todos pra casa de praia no Havaí passar o Natal por lá e você está convidada. Já que você e estão juntos, nada do mais justo que você passar o Natal em família em vez de em um daqueles orfanatos.
— Eles são minha família, senhora .
— Claro que são, minha querida.
— E sem falar que eu tenho que ajudá-los com os presentes, a ceia e todo o resto. Sem meu dinheiro, eles não vão ter Natal.
— Eu cuido disso — disse, apertando minha cintura, fazendo com que eu olhasse para ele.
— Mas são mais de nove orfanatos.
— Não se preocupe, eu cuido disso. Eles vão ter tudo que precisam para ter um Natal que eles merecem.
— Sério? — perguntei, surpresa.
— Sério. — Ele sorriu de lado.
— Obrigada.
— De nada.
— Eles não são fofos, Connor? — Ela bateu as mãos e sorriu para nós. — O avião sai às nove, espero vocês todos na pista. Tchauzinho — ela continuou, saindo da sala de reunião.
— Desde quando sua mãe fala tchauzinho?
— Desde que ela começou a assistir Rupaul's Drag Race. Aquela dublagem é de matar. — Ele deu de ombros.
— Vocês sabem que precisam dizer a verdade para ela, certo? — Me afastei de , colocando uma boa distância entre nós dois. Era mais seguro pra minha sanidade mental acima de tudo. — Eu não posso ir, eu preciso ajudar nos natais dos orfanatos, eu não posso simplesmente arrumar minha mala e ir para o Havaí. Isso é coisa de gente rica.
— Eu já disse que eu cuido de tudo — respondeu, colocando suas mãos nos bolsos da calça. Por que, em nome de toda a discografia da Cher, esse homem infernal tinha que ser tão maravilhoso o tempo todo? E pior, usando esse terno azul marinho, o meu favorito, enquanto dizia essa frase de todo bilionário irresistível dos livros que eu leio, dizia? Por que Deus não me dava um tempo?
— Não é como se você não precisasse de um tempo para você, né, ? — Connor se sentou na cadeira, começando a rodar nela. — Você vive para o seu trabalho, quase nunca se diverte.
— Isso é porque nem todo mundo nasceu em berço de ouro, querido, alguns de nós têm que trabalhar pelo estilo de vida caro que vivemos. De que outra forma eu pagaria as minhas pequenas viagens a YSL, hein?
— Um sugar daddy, talvez? — Connor deu de ombros, parando a cadeira e se levantando. — Olha, , você precisa sair. Você não está vivendo, você está apenas sobrevivendo e uma vez ou outra comprado uma coisinha cara que te traz uma felicidade instantânea. Qual foi a última vez que você foi à praia? A última vez que não se preocupou com dinheiro? Ou que se divertiu e sorriu tanto que doeu suas bochechas? — Ele cruzou os braços. — Você está da mesma maneira que eu te conheci, só que dessa vez com um melhor trabalho e moradia, mas continua com a mesma ideia de apenas sobreviver. — Ele se jogou na cadeira novamente, começando a girar. Connor se comportava como uma criança às vezes.
— Você está errado!
— Ah, você não me dá outra escolha. — Ele se levantou de uma vez. — Eu invoco o tratado da meia-noite!
— Retira o que disse agora!
— Eu invoco o tratado da meia-noite! Eu invoco o tratado da meia-noite! Eu invoco o tratado da meia-noite! — Connor saiu cantarolando pelo escritório.
— Eu te odeio!
— Agora você vai ter que ir, mesmo me odiando!
— O que é o tratado da meia-noite?
— Um trato que nós fizemos quando Connor salvou a minha vida há alguns anos. Como ele nunca quis que eu o pagasse de volta em dinheiro, nós criamos o tratado da meia-noite, no qual, quando aclamado, eu teria que ajudar Connor com o que ele pedisse, mesmo que fosse a coisa mais sem noção do mundo. Ele já fez isso 4 vezes, tornando essa a última vez.
— E como vale a pena.
— Você não precisa ir, começou, fazendo com que eu olhasse para ele. — Eu vou contar a verdade para minha mãe. — Ele olhou pra Connor. — Retira o que você disse sobre esse trato que vocês têm.
— Não! — Connor gritou, mas cruzou os braços, olhando para ele com um dos seus olhares matadores. — Ah, tudo bem! Eu retiro o que eu disse, satisfeito?
— Muito. — Ele se virou para mim. — Pronto, , você pode ir.
Eu sabia que eu ia me arrepender do que eu estava prestes a dizer, passar três dias fingindo ser namorada de parecia perigo na certa, porém a bad girl dentro de mim e o fato de que eu realmente precisava de férias falaram mais alto.
— Você vai cuidar das doações para os orfanatos?
— Eu só preciso dos nomes.
— E você vai pagar pela viagem toda?
— Bem, uma parte dela, sim.
— Então considere essa viagem como meu bônus — eu disse, com um sorriso no rosto. — Vamos, Connor, eu tenho que fazer compras para o clima do Havaí.
— SIIIIIM! — Connor soltou um grito, correndo até mim e me rodopiando pela sala. — Você vai amar o Havaí! — Connor me puxou pela mão.
— E o que eu vou fazer até às nove? — perguntou, fazendo com que nós nos virássemos para ele.
— Revisar os relatórios que eu fiz na sexta e corrigir os erros. — Apontei para pilha de pastas em cima da sua mesa. — Até mais tarde, amorzinho.


Capítulo III


! — Escutei um sussurro perto do meu ouvido. — , acorda, nós chegamos!
— Só mais 5 minutos, ! — eu disse, apertando meus olhos. Foi uma questão de segundos para eu perceber o que eu tinha falado e abrir os olhos de uma vez, dando de cara com . De alguma maneira, a qual eu não faço ideia, eu acabei entrelaçando meu braço com o dele e colocando minha cabeça em seu ombro. — Onde é que nós estamos?
— Nós acabamos de aterrissar no Havaí, Connor está esperando lá fora no carro.
— Então vamos — eu disse, tirando meu cinto de segurança e começando a me levantar. Quando eu estava quase saindo do avião, segurou em meu braço, fazendo com que eu parasse e olhasse para ele.
, eu queria te pedir desculpas — ele começou. — Por ter te colocado nessa confusão inteira.
, não é como se eu não pudesse ter dito não. Eu podia muito bem ter falado com sua mãe, dizendo que tudo isso era só uma brincadeira do Connor. Aposto que dessa vez ela dá umas palmadas nele. — Dei um passo para a frente, ficando mais perto dele. — Eu quero estar aqui, é o Havaí, afinal de contas, e com tudo pago. Sem falar que eu gosto desse fora do escritório, eu não sou a única que parece só estar sobrevivendo. — Estendi o dedo mindinho para ele. — Vamos fazer uma promessa: nós vamos aproveitar tudo o que se pode aproveitar no Havaí. Isso quer dizer sem trabalho em nenhuma forma. A gente vai parar de sobreviver e vai viver, que tal?
— O que acontece no Havaí, fica no Havaí? — Ele entrelaçou seu mindinho no meu.
— O que acontece no Havaí, fica no Havaí.
— Nesse caso. — deu um passo para a frente, fazendo com que eu quase tombasse para trás, porém ele me segurou pela cintura. — Lembra o que aconteceu em Paris?
Alguém estava torcendo por mim lá no céu porque essa foi a hora que o piloto escolheu pra entrar e avisar que eles tinham que voltar. Eu agradeci mentalmente ao cara lá de cima enquanto andava a passos largos em direção ao carro. Claro que eu lembrava o que tinha acontecido em Paris, na maldita convenção das empresas , onde mostrou um lado dele que eu não sabia que ele tinha. Eu nunca mais fui capaz de olhar para da mesma maneira, não quando ele passou um final de semana me levando para conhecer os monumentos históricos da cidade, explicando tudo sobre a cidade quando nós deveríamos estar assistindo palestras. Pior de tudo foi quando nós decidimos nos despedir da cidade com uma balada, a qual resultou nos dois completamente bêbados, dançando e, claramente, se beijando como se não houvesse amanhã.
Só quando nós dois estávamos no meio do corredor pra entrar no quarto dele foi que eu percebi o que estava fazendo: eu estava prestes a dormir com o meu chefe. O mesmo chefe que eu falei mil vezes que odiava. Então eu me afastei dele, disse que aquilo estava errado e o que acontecia em Paris, ficava em Paris. Depois disso, nenhum dos dois falou mais no assunto e o nosso relacionamento passou a ser extremamente profissional, com um pouco mais de ódio de ambas as partes.
Connor e foram o caminho inteiro conversando enquanto eu mexia no meu celular. Algumas das vezes, Connor me incluía na conversa, mas eu estava distraída ligando meu celular outra vez. A primeira coisa que apareceu foi uma mensagem de voz do número de Rose, uma das donas dos orfanatos no qual eu fiquei quando era mais nova.
", muito obrigada por proporcionar um Natal inesquecível para as nossas crianças. apareceu aqui essa tarde com tudo para que as crianças tivessem um Natal maravilhoso. Foram tantas comidas e presentes que todas as crianças se envolveram na hora de desembarcar os caminhões. E, oh, , ele trouxe uma árvore de Natal tão grande, está no meio da praça, todas as crianças fizeram questão de decorá-la e ele ainda ajudou." — Ela fungou alto. — ", onde é que você estava escondendo esse homem maravilhoso? E por que você não o trouxe aqui antes, ele é um amor de pessoa e falou que ajudaria em todas as festas que nós pretendêssemos fazer daqui pra frente. Oh, , ele não é nada do que você falou, acho que tem mais dele que você precisa conhecer. Até logo, querida, nós vamos sentir sua falta. Feliz Natal." — A mensagem acabou e logo depois meu celular apitou e Rose tinha me mandado uma série de fotos de com as crianças e em todas elas ele sorria de orelha a orelha. Logo depois, eu recebi mais mensagens dos outros orfanatos que eu morei e costumo ajudar todos os natais. Senhor, isso não está muito promissor para o meu autocontrole.
— Você realmente fez — eu disse, olhando para .
— Eu não fiz nada! — Connor respondeu automaticamente, fazendo com que eu rolasse os olhos.
— Não você, Connor. ajudou os orfanatos que ele disse que ia ajudar.
— Você alguma vez pensou que eu não faria? — Ele sorriu de lado, antes de sair do carro.
— O único pensamento que eu estou tendo é por que eu não te agarrei ainda. — Arregalei os olhos percebendo que eu tinha falado isso em voz alta. Olhei para o lado para Connor, que segurava o riso. — Não fala nada.
— Eu não disse nada! — Ele riu, saindo do carro. Nós tínhamos parado em frente a uma mansão a qual ficava perto da praia. Eu já tinha visto fotos da mansão dos no Havaí, mas ao vivo era ainda mais linda.
— Mas queria. — Eu o segui para dentro da mansão, enquanto Connor gargalhava alto. Quando nós chegamos à sala, estava sorrindo enquanto conversava com sua mãe. Eram raros os momentos que sorria, mas, nos últimos dias, sorria tanto que eu estava agradecendo aos céus por ele não fazer isso quando estávamos no escritório, porque minha sanidade mental era muito importante, já bastavam os ternos perfeitamente feitos para ele que me assombravam em meus sonhos.
! — Margo parou em minha frente, me abraçando logo em seguida. — Fico muito feliz que você tenha vindo.
— Fico feliz de estar aqui, muito obrigada.
— De nada, querida. Eu sempre pedi que Connor te chamasse para um de nossos natais, mas você sempre recusava. Agora que você está com , espero te ver mais em festas de família.
— Seria um prazer — respondi, vendo sorrir sem os dentes.
— Você lembra de Greg, certo? — Ela apontou para o seu marido. Greg não trabalhava na empresa dos , ele tinha sua própria empresa de advocacia e, pelo o que Connor tinha me contado, ele tinha se aposentado na mesma época que Margo porque os dois queriam conhecer o mundo. Agora que já tinham o seu império e os filhos já estavam grandes.
— Senhor , é claro, um prazer ver o senhor.
— Pode me chamar de Greg, . — Ele sorriu para mim e eu apenas assenti.
— Vocês devem estar cansados, certo? — Margo começou. — O quarto de vocês está preparado. , você vai ficar com no quarto dele. — Ela foi para o lado de Greg. — Nós vamos dormir agora, o resto da família chega amanhã. Boa noite. — Os dois desapareceram pela escada.
— Vamos, , eu vou te mostrar nosso quarto. — Ele estendeu sua mão e eu a peguei. Connor veio atrás de nós, me guiou até o seu quarto, enquanto Connor dizia que seu quarto ficava em frente ao nosso. Nosso, eu já estava começando a me acostumar a colocar nas sentenças, como se nós fossemos um casal.
O quarto era grande, então eu imagino que o banheiro também era, tinha uma televisão gigante na parede, um candelabro no teto, um sofá pequeno perto da parede e uma cama no meio do quarto. A janela era uma daquelas que quase ocupava a parede inteira e dava vista para a praia.
— Aqui é lindo. — Me virei para os dois — Um dia eu ainda compro uma casa na praia. — Cruzei os braços. — O único problema é que só tem uma cama.
— Eu posso dormir no sofá — disse, vendo minha cara de apreensiva. — Não tem problema.
— Desculpa, gente, vocês vão ter que dormir na mesma cama. — Nós dois olhamos para Connor. — Já pensou se a mamãe entra aqui e te encontra no sofá, ?
— Ela pode pensar que nós brigamos — eu respondi, dando de ombros.
— Acredite, vai ser bem pior. — Ele se virou pra . — Lembra quando ela obrigava a gente a resolver nossas brigas na frente de todo mundo? Terapia em grupo? — fez uma cara de pânico.
— Sua mãe fazia o quê? — eu disse, um pouco mais alto, o que fez minha cabeça doer. — Quer saber? A esse ponto, eu não me importo. — Me virei para , que apenas deu de ombros. — Então está ótimo. — Apontei para a cama. — A cama é grande de toda forma. A gente dorme em lados opostos, ou faz uma barreira de travesseiros.
— Já que isso está resolvido, será que vocês dois podem sair um minuto enquanto eu troco de roupa? — disse, apontando para a porta.
— Por quê? Não é como se eu já não tivesse te visto nu. — Connor deu de ombros. olhou para mim, indicando que era eu que tinha que sair do quarto. — Vai dizer que a não sabe?
— Não sabe do quê? — Connor olhou para mim e depois pra .
— Ah meu Deus, ela nunca viu? — Connor soltou uma gargalhada. — Nem uma das pequenas?
— Connor, vai pro inferno!
— Do que vocês dois estão falando? — Olhei confusa para os dois.
— Oh, , tudo isso está prestes a ficar mais interessante. — Ele bateu seu ombro no meu, antes de virar para e dizer. — Tira esse terno, .
— Não — ele respondeu, cruzando os braços.
— Não é como se uma hora ou outra ela não fosse descobrir. Aliás, é mais do que óbvio que ela já tenha visto a essa altura do campeonato.
— Alguém pode me dizer o que está acontecendo? — Joguei as mãos para o alto.
— Vamos logo, , a gente não tem o dia todo.
— Tudo bem! — Frustrado, começou a tirar sua roupa. Começou pela gravata, depois desabotoou os punhos e procedeu desabotoando a camisa. A cada botão minha garganta ficava mais seca. Channing Tatum não tinha nada quando tirava a roupa daquela maneira. Em um movimento rápido, tirou o terno e camisa, revelando algo que eu nunca ia imaginar: tatuagens. E não era só uma ou outra aqui e acolá, era, literalmente, o seu tronco inteiro, começando do final do pescoço e indo até o final do seu abdômen; dos seus braços, elas começavam do ombro até os punhos.
— Isso é que é presente de Natal, hein, ? — Ele bateu nas minhas costas, fazendo com que eu olhasse para ele.
— Eu vou tomar banho — murmurou, indo em direção ao banheiro.
— Connor, você lembra quando eu disse que nunca na minha vida eu iria me sentir atraída pelo seu irmão?
— Claro que lembro.
— E se eu comentar que seu irmão é um deus grego e que eu vou tirar um pouco de proveito dessa situação, você aceita eu colocar a culpa no meu período fértil?
— Aceito.
— Porque aquele ser dentro daquele banheiro é um pedaço de mau caminho. Melhor dizer, quem inventou essa expressão estava pensando nele. Deus, o que está acontecendo comigo? O que eu estou falando? Eu realmente estou perdendo a cabeça. — Me joguei na cama. , pensa em outra coisa! Gatinhos! Relatórios! Vovó dirigindo carros!
, tudo bem se sentir atraída por alguém, principalmente por alguém como o , ele é tudo que uma mulher quer.
— Bem sucedido, trabalhador, bonito, gostoso e com um bônus que debaixo daquele terno perfeitamente feito pro seu corpo tem um monte de tatuagem.
— É, alguma coisa do tipo. — Eu virei meu rosto para o lado, olhando para ele. — Connor, eu preciso te contar uma coisa.
— Agora você me assustou, . — Ele se sentou e eu fiz o mesmo. — Aconteceu alguma coisa?
— Você lembra quando não pôde ir praquela convenção em Paris e pediu que eu fosse? — Ele assentiu. — Bem, você lembra quando você me perguntou se aconteceu alguma coisa? — Ele assentiu outra vez. — Eu beijei seu irmão. Ou ele me beijou, ou nós nos beijamos. Eu realmente não sei como aconteceu, e não passou de uns amassos, mas me tirou o fôlego e eu não consigo parar de pensar nisso desde que aconteceu. — Eu olhei para ele. — Você não vai dizer nada?
— Era inevitável, , você já deveria saber disso.


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A primeira coisa que eu vi quando abri os olhos foi meu braço ao redor da cintura tatuada de . Olhei ao meu redor, vendo que os travesseiros que eu tinha colocado para nos separar estavam jogados no chão, eu realmente não sabia como tínhamos chegado a essa posição, mas eu não estava reclamando. Quem pensava que as noites do Havaí seriam tão frias, hein? E que eu iria acordar nos braços de como se eu fizesse todos os dias? Melhor, que eu ia me sentir tão confortável nos braços deles. O que você está pensando? Acorda, garota!
Levantei-me da cama, cuidadosamente para não o acordar, peguei uma roupa e um biquíni dentro da mala e corri para o banheiro. Depois de fazer tudo que eu tinha para fazer, eu saí do banheiro apenas para encontrar se espreguiçando ao lado da cama enquanto coçava os olhos.
— Bom dia — ele disse, a voz arrastada e rouca. Deus, saudades aquele negócio chamado piedade que você claramente esqueceu de colocar em meu caminho.
— Bom dia — eu respondi.
— Minha mãe acabou de ligar, aparentemente todo mundo vai para a praia depois do café. Você quer ir?
— Claro.
— Você me espera? — ele perguntou, andando até o banheiro enquanto eu assentia a cabeça. Quase na mesma hora, Connor entrou no quarto com uma toalha ao redor dos ombros.
— Bom dia, das mais bonitas. — Ele se jogou em cima de mim, fazendo com que nós caíssemos na cama. — Como você está, linda? — Ele se levantou e se sentou na poltrona à minha frente. — Dormiu bem? — Ele levantou as sobrancelhas.
— Eu te odeio.
— Então dormiu muito bem. — Ele deu uma piscadela para mim.
— Eu te odeio, Connor!
— Ah, com essa atitude ninguém vai acreditar que você e são um casal. — Ele balançou a cabeça. — Vocês precisam parecer mais um casal.
— E o que você quer que eu faça? Saia por aí distribuindo selinhos, carinhos e andar de mão dadas?
— Está vendo, , você é esperta. — Peguei o travesseiro e joguei nele. — Aí! Doeu! — Ele jogou o travesseiro de volta. — Eu estou falando sério, , vocês precisam parecer mais como um casal.
— Eu sei, eu concordo. — Connor estava prestes a falar alguma coisa, mas se calou. — Aha! Te deixei sem palavras. — Apontei o dedo para ele.
— Agora você está de acordo com tudo?
— Se ajoelhou, tem que rezar. Já que a gente já está no Havaí, fingindo ser um casal, nada mais justo do que dar um show para sua mãe.
— Eu concordo plenamente. — Virei-me para trás assim que escutei a voz de , agora tinha sido eu que tinha perdido as palavras. estava com uma blusa de botões com as mangas enroladas até os cotovelos, mostrando as tatuagens em seus braços e um pouco do peito, um short e tênis. Claramente alguém ia sair dessa viagem direto para um sex shop porque eu ia sair dessa viagem sexualmente frustrada com toda a certeza. — Vamos, ? - estendeu a mão para mim e eu a peguei enquanto me levantava. entrelaçou nossos dedos e começou a me conduzir até a porta.
— E, , nós vamos comemorar o seu aniversário aqui — Connor disse, quando já estávamos na escada. — Hoje à noite! Blake já organizou tudo junto à Ashley.
— Quem é Blake?
E antes que eles pudessem responder, quando nós chegamos ao final da escada, uma ruiva pulou com tudo em cima de , fazendo com que ele soltasse minha mão e abraçasse ela de volta. Foi aí que eu obtive minha resposta de quem era Blake: alguma amiga da família que parecia mais uma modelo e provavelmente tinha uma queda por pelo jeito que suas pernas estavam ao redor da sua cintura. Alguém me mata, por favor.
— Eu senti tanto sua falta, idiota. — Ela se afastou dele. — Vejo que finalmente coloriu alguma daquelas tatuagens mórbidas. Graças a Deus, né, zinho, você parecia a própria morte andando aí rabiscado de tinta preta. — Ela tirou sua atenção de e se virou para mim. -! — ela disse meu nome com um sorriso no rosto, o que me deixou surpresa. Como é que ela sabia meu nome?
, conheça Blake, nossa prima. Blake, conheça , minha namorada.
— É um prazer finalmente te conhecer, . fala tanto de você. — Ela me abraçou forte pelo pescoço.
— Boas coisas, eu espero.
— As melhores. — Ela se afastou de mim. — Connor, meu amorzão. — Ela abraçou Connor que estava ao meu lado. — Não posso dizer que senti sua falta porque você sabe que eu não senti.
— Mentirosa! Você contou as horas para me ver. — Ele se afastou dela. — Onde está a Ashley? — Ela apontou para uma morena que andava em nossa direção.
— Blake, por que você tem que sempre dar uma de louca? — Ela parou ao lado de Blake. — Soltar um grito e sair correndo, onde já se viu isso?
— Eu só estava muito feliz em ver meus primos. — Blake segurou o rosto de Ashley entre suas mãos. — Você me perdoa, amor?
— Só se você comprar aqueles chocolates que você me prometeu.
— Claro. — E então Blake puxou Ashley para um beijo desentupidor de pia que até eu fiquei sem fôlego.
— Elas estão noivas — disse, sussurrando em meu ouvido enquanto entrelaçava nossas mãos. — Elas vão casar em maio, mas estão em constate lua de mel.
— Deu pra perceber. — Olhei para e percebi que seu rosto estava muito próximo do meu. A minha vontade era de fazer a mesma coisa que Blake, porém alguém chamou meu nome, me fazendo olhar para a frente outra vez.
— Eu sou Ashley, noiva de Blake. — Ela estendeu sua mão para mim e eu a peguei.
— Eu sou , namorada de . Prazer em conhecê-las.
— Connor disse que é seu aniversário, parabéns.
— Obrigada. Na verdade, meu aniversário foi semana passada, mas eu não pude comemorar.
— Não se preocupe, nós preparamos a melhor festa.
— Ela quer dizer, a boate preparou — Blake disse.
— Não precisava, não é a primeira vez que eu não comemoro meu aniversário, eu já me acostumei.
— É só uma área VIP com muita bebida, você vai amar.
— Vocês realmente não precisavam, mas muito obrigada.
— De nada, , você já é amada antes mesmo de entrar para a família.
— Vamos, , nós estamos atrasados para o café.
Quando Blake disse que eu era amada, ela realmente não estava brincando. Todo mundo já sabia quem eu era antes mesmo de eu me apresentar. Margo sempre falou coisas boas de mim e como ela mesmo disse em alto e bom som: eu e era algo inevitável, uma questão de tempo. Eu obviamente fiquei vermelha da cabeça aos pés enquanto tentava me confortar de alguma maneira, e o que falar das maneiras das quais me confortou o café inteiro? Eram beijos no topo da cabeça, carícias nas minhas costas, uma mão fazendo círculos em meu joelho. Os primeiros carinhos foram os que me assustaram mais, depois viraram algo como se fossem rotineiros e eu me peguei respondendo aos mesmos, acariciando os cabelos da nuca dele ou colocando a mão em sua perna.
Quando nós descemos pra praia, eu já estava abraçada ao pela cintura enquanto seus braços estavam ao redor de meus ombros, Ashley estava contando como ela e Blake tinham se conhecido no hospital no qual trabalhava. Ashley era enfermeira, enquanto Blake era publicitária. A empresa na qual ela trabalhava estava dando uma festa e Blake, depois de uns bons drinks, decidiu fazer o movimento de Dirty Dancing, o que resultou nela caindo de cara com tudo no chão, as duas se conheceram no pronto socorro e desde então não se desgrudam.
Blake tinha um irmão mais novo chamado Jack, que não tinha nada a ver com ela e pareciam mais irmão de e Connor. A família era pequena, Margo só tinha uma irmã, que era mãe de Blake e Jack, enquanto Greg não tinha nenhum irmão ou irmã. disse que essa era uma das razões que sua mãe se rodeava de gente no Natal, mas, como ele disse, dessa vez seria só a família e, mesmo que fosse pequena, seria um dos melhores natais que eles teriam. , se você não tomar cuidado, todos aqueles sentimentos que você prometeu deixar em Paris vão voltar!
— Não é, ? — Connor chamou minha atenção para a conversa.
— Desculpa, eu não escutei. — Tirei a minha atenção de , que estava jogando futebol com alguns caras que ele conheceu na praia junto a Jack.
— As tatuagens de — Blake começou. — Não são bem melhores agora?
— Eu não saberia dizer como elas eram antes, mas eu definitivamente gosto delas depois que eu descobri que elas estão debaixo daqueles ternos. Eu nunca mais vou olhar para o sem pensar que elas estão debaixo dos ternos dele. — Virei-me para onde estava. A essa hora, a camisa de já estava na areia e ele sorria largamente. E que sorriso era aquele, se eu não tivesse sentada, eu juro que eu cairia no chão. Sem falar que eu não vou poder olhar para ele todo concentrado, trabalhando, sabendo que ele pode sorrir daquele jeito. Às vezes parece até que ele não sabe sorrir, ou se divertir, e ver esse lado dele é estranho, estranhamente gratificante.
— Você gosta muito dele, né, ? — Ashley perguntou.
— Gosto — respondi no automático, me virando para encarar Ashley. Connor, como era um idiota, estava segurando o riso. — Digo, eu sou namorada dele, claro que eu gosto.
— Dá pra perceber que ele gosta muito de você — Blake disse. — Ele já te contou o porquê de ele ter tantas tatuagens? Do passado dele?
— Eu presumi que era porque ele gostava.
— Então ele não te contou?
— Não, por quê? É alguma coisa séria?
— Vamos dizer que o que você conhece agora não é de alguns anos atrás.
— Blake — Connor começou —, vai contar pra ela quando ele estiver pronto. O que a tem que se preocupar é as garotas dando em cima de .
— O quê? — Virei-me para frente, vendo duas garotas conversando com . Meu sorriso desapareceu instantaneamente e, quando eu percebi, eu já estava em pé. — Connor.
— Vamos acabar com a festa delas. — Connor se levantou também e nós começamos a andar em direção a eles. Eu pensei em várias maneiras de como mostrar àquelas meninas que já tinha dona, porém ações falavam mais alto do que palavras, então, quando virou para mim, eu segurei seu rosto entre minhas mãos e o beijei como se minha vida dependesse disso. Seus braços rodearam minha cintura, me puxando para perto e fazendo com que eu ficasse na ponta dos pés enquanto ele aprofundava o beijo. Quando nos separamos, estávamos ambos sem fôlego e tinha um sorriso no rosto. Virei-me para as meninas, com os braços de ao meu redor e minhas costas em contato com seu tronco.
— Olá, meninas — eu disse, com um sorriso no rosto. As duas me fizeram cara de bunda antes de saírem andando. — Prazer em conhecê-las, tchauzinho.
— Ei, eu estou solteiro — Jack gritou pra meninas, mas elas já estavam longe.
— Isso foi um ato de ciúmes, ? — sussurrou em meu ouvido, apertando seus braços ao redor da minha cintura.
— Bem que você gostaria. — Me soltei dos seus braços, começando a andar em direção às meninas. Entretanto, tinha outro plano, ele me pegou nos braços e começou a andar em direção ao mar. — , nem pense nisso! Eu já estou quase seca! Me coloca no chão!
— Só se você admitir que estava com ciúmes!
— Não! — Tentei sair dos seus braços, mas ele as apertou mais ao meu redor.
— Admite.
— Me solta!
— Seu desejo é uma ordem. — Ele me soltou e eu pensei que eu ia cair com tudo na areia, porém eu não tinha percebido que tínhamos chegado ao mar. Emergi, olhando incrédula para que gargalhava alto.
— Você me soltou, seu idiota. — Joguei água nele.
— Você mandou! — Ele apontou para mim com os dois braços.
— Mas não no mar, né? E não como se eu fosse um saco de batatas, eu poderia me machucar.
— Eu nunca vou te machucar, , pelo menos não propositalmente — ele disse e eu fiquei sem resposta. Por um momento, parecia estar falando sério e isso mandou um arrepio na minha espinha.
— Mas eu sim. — Pulei em cima dele, fazendo com que nós dois caíssemos na água. Nós estávamos na parte rasa do mar, então o peso do meu corpo fez com que ficasse todo debaixo d'Água. Ele segurou em minha cintura, emergindo da água com um sorriso no rosto. aproximou seu rosto do meu, me dando um selinho demorado e, quando eu menos esperei, nós dois caímos para trás na água.
— Ah, eu te odeio, — falei, me levantando e começando a andar em direção à areia.
— Contando que você me adore depois, pode me odiar o quanto quiser. — me abraçou por trás e nós fomos o caminho todo desse jeito.
— Nós vamos para a piscina passar o resto da tarde lá antes de ir para a boate. Vocês querem ir? — Blake perguntou e eu olhei para , que assentiu. — Vocês formam um lindo casal. — Me separei de , vestindo meu short e colocando minha blusa no meu bolso. Olhei para , que já estava vestido com a camisa em seu ombro, ele entrelaçou nossos dedos e nós começamos a seguir os outros.
— Doeu? — eu perguntei, do nada.
— O quê?
— Suas tatuagens. Você tem tantas, algumas delas devem ter doído.
— Algumas sim, mas com um tempo você se acostuma — ele disse, soltando minha mão e passando o braço por meus ombros.
— Por que você tem tantas? E por que você as esconde? Me desculpe dizer, mas você não parece um cara o qual é amante de tatuagens. Eu nunca imaginaria que debaixo daqueles ternos seu corpo era coberto por tatuagens.
— Quer dizer que você me imagina sem terno, senhorita Parker? — ele sussurrou em meu ouvido.
— Mais vezes do que eu gostaria de admitir — eu respondi, olhando para ele.
— Eu não as escondo, minhas tatuagens fazem parte do meu passado, um passado que, às vezes, eu prefiro esquecer. Eu nem sempre fui CEO, pretensioso, arrogante e viciado em trabalho. Eu tive uma adolescência bem conturbada, eu era um rebelde sem causa.
— Eu não acredito.
— Pode acreditar.
— Você é uma caixinha de surpresas.
— Espero que de surpresa boas — ele sussurrou em meu ouvido.
— Até agora sim. — Nós chegamos à parte da piscina onde todos já estavam. se separou de mim e sentou em uma das cadeiras de praia. — Você não vem? — Me virei para ele, que balançou a cabeça.
— Minhas pernas estão me matando — ele respondeu, começando a deitar em uma daquelas cadeiras de praia. Olhei para a piscina e depois olhei de volta para ele.
— Então eu vou deitar com você. — sorriu, abrindo os braços e eu me deitei em seu peito. — , e se eu quiser as histórias por trás das tatuagens que você tem, você me conta?
— Claro que conto.
Então durante toda a tarde ele contou todas as histórias envolvendo suas tatuagens. Aparentemente, era um garoto rebelde quando mais novo e quando seu pai lhe botou em um colégio só pra garotos, ele decidiu que ia fazer tudo que lhe desse na telha. Ele arrumava confusão a torto e a direito. Algumas das vezes, Connor era que tinha que colocar algum juízo na cabeça dele. Imaginar Connor colocando juízo na cabeça de alguém. Cômico e irônico.
O pai de , Greg, queria que ele seguisse carreira de advogado, mas se recusava a seguir a carreira do seu pai. Segundo ele, ser advogado não era sua praia. Para falar a verdade, queria ter uma banda, como qualquer garoto adolescente que amava os clássicos, até uma banda ele já tinha, porém, seu pai não compartilhava dos mesmos sonhos do filho e o mandou para o internato. Em um ato de rebelião pelo fato de seu pai ter pagado para mantê-lo no lugar, começou a fazer tatuagens e você sabe o que eles dizem: quando você faz uma, fica viciado. No começo, foram só algumas pequenas, desenhos dos quais ele gostava, claro que, por conta de ser menor de idade e de onde estudava, ele tinha que as esconder o máximo que pudesse. Segundo ele, quando saiu do internato, ele já tinha uma parte do peito e dos ombros feita. Depois disso, ele foi para a faculdade, já não era mais um garoto rebelde e já tinha se entendido com o pai, porém o amor pelas tatuagens só cresceu, e, durante seus anos de faculdade, começou a completar sua coleção. Sua mãe ficou horrorizada com o corpo do filho, porém, de alguma forma, gostava das tatuagens.
— Você tatuou o nome de sua mãe — falei, apontando para o nome "Margo" que tinha do lado do seu lado esquerdo do peito.
— Eu fiz essa quando ela adoeceu. — Ele olhou para mim. — Você sabe que ela adoeceu, não sabe?
— Connor me contou.
— Foi logo depois que ela descobriu. Ela sempre disse que nunca quis que eu fizesse uma dessas com o nome dela, mas eu não resisti, tinha uma grande chance de ela não sobreviver.
— Foi por isso que você foi substituí-la na empresa, não foi? — Me sentei, olhando para ele. — Connor só me contou meses depois de você entrar. Eu pensei que ele tinha acabado de descobrir.
— Connor era que deveria substituí-la, mas eu sempre soube que ele não aguentaria a pressão. Connor não nasceu para ficar o dia todo atrás de uma mesa, ele iria passar o resto da vida miserável. Eu estava terminando a faculdade mesmo, tudo parecia certo na época.
— Mas era o que você queria?
— Era o que precisava ser feito. — Ele deu de ombros. — E aliás, teve uma coisa boa nisso tudo.
— O quê?
— Eu conheci você. — Ele se aproximou de mim. — , eu...
— Pombinhos! — Connor pulou ao nosso lado, fazendo com que nós nos assustássemos. — Vamos nos arrumar?
— Eu vou me arrumar primeiro. — deu um beijo na minha bochecha e desapareceu para dentro da casa. E foi aí que eu percebi que não tinha como eu me apaixonar mais por , eu já tinha chegado lá há muito tempo.


Capítulo IV


— Connor, eu preciso da sua ajuda. — Entrei no quarto do Connor, batendo a porta atrás de mim. — Eu preciso que você me faça parecer a mulher mais sexy do planeta.
— Você já é maravilhosa, . — Ele se virou para mim.
— Eu sei disso, mas eu quero ficar mais ainda. Eu quero ficar parecendo uma daquelas femme fatale, que sabe seduzir um homem como ninguém.
— Mas você sabe fazer isso. — Ele parou em minha frente. — Lembra daquele advogado que não dava bola para ninguém e você conseguiu levá-lo para casa?
— Mas eu estou um pouco enferrujada, eu preciso de um incentivo e se eu tiver uma roupa matadora e uma maquiagem de deusa, as coisas vão fluindo. — Eu olhei para baixo. — Só que eu não tenho nenhum vestido.
— Quem você quer seduzir, ? — Ele cerrou os olhos, andando até mim. — E você está ficando vermelha?
— É o seu irmão! — Joguei as mãos para o alto e sentei na cama. — Eu quero seduzir o seu irmão.
, se você soubesse o quão pouco você precisa pra seduzir o . — Eu olhei para ele confusa, Connor apenas deu de ombros. — Eu vou falar com Blake, ela deve ter algum vestido que caiba em você.
Blake apareceu no quarto de Connor com Ashley e um vestido na mão quando ele já estava terminando minha maquiagem. O vestido era preto de alças finas, colado ao corpo e ia até metade da minha coxa. Graças a Deus eu tinha trazido meus stilettos vermelhos, eu definitivamente estava vestida para matar.
— Acho que vai ter um ataque do coração quando te ver — Blake disse, se levantando da cama. Antes que eu pudesse responder, batidas na porta chamaram nossa atenção. — Falando no diabo. Acho melhor você atender a porta, . — Sorri de lado pra Blake antes de andar em direção à porta e abri-la. estava conversando com Jack, que parou de falar logo que me viu. virou o rosto para mim e eu vi seu queixo cair um pouco.
— Oi, — eu disse, sorrindo para ele.
— ele me puxou pra fora do quarto, fazendo com que eu desse uma voltinha no meio do corredor —, você está de tirar o fôlego.
— Essa era intenção.
— Acho melhor a gente ir antes do não deixar a nem passar pela sala. foi o caminho todo com a mão na minha coxa e eu posso só comentar o quão torturante isso foi? Catorze meses de abstinência de sexo e a única coisa que eu estava pensando é que talvez eu não devesse ter passado da sala, eu deveria ter arrastado de volta para o quarto. Nós provavelmente aproveitaríamos a noite melhor por lá. Pior ainda era quando ele apertava sua mão na minha coxa, eu podia sentir o ar fugindo dos meus pulmões, era quase como se ele estivesse fazendo de propósito, e se ele estava, dois podiam jogar esse jogo, então eu coloquei minha mão na coxa de também enquanto conversava com Blake e Ashley, que estavam no banco da frente.
Quando nós chegamos à boate, quase pulou do carro, estendendo a mão pra me ajudar a sair. No caminho até a porta da área VIP, foi com a mão no meu quadril, o que me fez sorrir porque meu plano estava funcionando e, se tudo desse certo, eu só sairia daqui com aos meus pés, nem que fosse por uma noite.
A área VIP não estava lotada, a maioria das pessoas estava lá embaixo na pista de dança. O lugar era vasto: tinha um bar à esquerda, e, do outro lado, algumas mesas de sinuca, vídeo games e jogo de dardos. Olhei para o Connor, que olhou para mim, e nós pensamos a mesma coisa. Essa mesa de sinuca viria a calhar em algum momento da noite.
— O que você quer beber, ? — sussurrou em meu ouvido, enquanto sentava em um dos bancos do bar e eu me encostava no balcão com Connor ao meu lado.
— Tequila! — Connor e eu gritamos ao mesmo tempo, jogando os braços para cima. Era quase como uma tradição começarmos a festa com tequila.
— Vocês não acham que é muito cedo pra isso? — Nós dois olhamos para ele, incrédulos. — Tudo bem, não está mais quem falou.
— É o aniversário da , ela só sai daqui arrastada. Você vai ter que cuidar da sua namorada, — Connor disse.
— Arrastada não, nós não estamos em casa, mas bem alterada, sim. — O barman trouxe a tequila, o limão e o sal. Empurrei uma em direção ao , enquanto Connor empurrava uns para Ashley, Blake e Jack. Connor começou a contagem e, quando chegou ao três, todo mundo tomou a tequila na mesma hora. fez uma careta horrorosa que chegava a ser fofa, Blake parecia que bebia tequila no café da manhã e não fez careta nenhuma, agora Connor e eu já estávamos em uma disputa de quem conseguia ficar mais tempo com o limão na boca, claro que eu ganhei.
— Marica! — gritei para ele, pedindo um drink para o barman.
— Não tenho culpa se você é tão azeda quanto um limão.
— Desculpas e mais desculpas.
— Eu te odeio, .
— E isso é o que me faz ter um dia melhor todo dia — respondi, aceitando a bebida do garçom. estava atrás de mim e logo em senti seus braços ao redor da minha cintura.
— Quem diria que Parker bebia feito um marinheiro — ele disse no meu ouvido.
— Quem diria que debaixo dos ternos de teria essas tatuagens — respondi, me virando para ele, passando meus braços por seus ombros. — É como se o embrulho fosse bonito, mas o presente é melhor ainda. — Aproximei nossos rostos, encostando nossos lábios, logo eu o puxei mais para a perto, aprofundando o beijo. Era oficial, eu estava obcecada em beijar . Não só em beijá-lo, em tocá-lo, em vê-lo sem camisa, em vê-lo de terno, no seu sorriso, no jeito que ele sorria de lado, no jeito que ele segurava minha mão, ou passava o braço por meus ombros, ou segurava minha cintura; o jeito que ele beijava o topo da minha cabeça, ou roubava um selinho; e especialmente em tocá-lo. Parecia que eu não conseguia parar, como se, de alguma forma, eu precisasse tocá-lo, e eu já tinha tentando de todas as maneiras me segurar, mas eram tentativas em vão, eu sempre encontrava uma maneira. Eu estava fodida. Completamente fodida.
Me separei dele apenas pra recuperar meu fôlego, porém na hora que eu estava prestes a beijá-lo outra vez, Bitch Better Have My Money começou a tocar e Connor soltou um grito. Essa era nossa música.
— Eu sei que vocês estão ocupados — Connor começou, fazendo com que eu me afastasse um pouco de —, mas essa é a nossa música, .
— Vai lá. — me soltou e eu logo senti falta dos seus braços.
, você não quer dançar? — Segurei na mão de Connor, que começou a me arrastar para a pista de dança.
— Não, pode ir com o Connor. Se diverte, você merece.
— Eu volto já. — Voltei e dei um selinho demorado nele antes de voltar para perto de Connor.
Uma música, que virou duas, que virou três, e, depois da terceira, eu parei de contar. O DJ definitivamente tinha trazido a coletânea divas pop, ele foi de Cher, Madonna, Britney pra Miley, Ariana e Beyoncé, eu dancei tanto que eu podia sentir o suor descendo pelo meu rosto, fazendo com que eu amarrasse meu cabelo em um coque. Connor me pegou pelos braços e me levou de volta para a área VIP, a essa hora eu já tinha bebido algumas e já ria de tudo.
— Me coloca no chão, a gente vai cair — eu disse, finalmente conseguindo me soltar dele e ficar em pé outra vez. estava rindo de algo que Jack tinha falado, enquanto Blake e Ashley estavam quase se fundido na parede perto do bar.
— Olá outra vez, meus queridos — falei, assim que cheguei perto dos dois, passando meus braços pelos ombros de e lhe dando um selinho.
— Sua namorada está definitivamente se divertindo e agora que ela está aqui, Connor, meu amigo, me ajuda a pegar alguém — Jack falou para Connor, que apenas assentiu e voltou para a pista de dança.
— Então, com essa festa de aniversário, você me perdoa por ter feito você trabalhar na sexta do seu aniversário? — Ele passou o braço por minha cintura, me puxando para perto.
— Mas é claro que não. — Eu olhei para ele incrédula.
— Nem com isso? — segurou meu rosto entre suas mãos e começou a distribuir beijos pelo meu rosto e pescoço, fazendo com que eu sorrisse.
— Vai ser bem difícil te perdoar, , beijinhos não vão te salvar. Era o meu aniversário, afinal de contas. Eu ia ganhar uma lap dance de graça, em cima do palco, você sabe quão difícil é conseguir isso?
— Eu faço uma lap dance pra você. — Ele olhou pra mim. — O que você quer que eu faça? — Olhei para o lado, vendo exatamente o que eu procurava.
— Está vendo aquele jogo de bilhar ali? — Apontei para a mesa de bilhar no final da área VIP. — Uma partida. Se você ganhar, eu te perdoo.
— E se você ganhar?
— Você faz um strip-tease para mim em cima do bar. — Eu estava esperando que se recusasse, porém, ele sorriu e começou a andar até a mesa.
— Está esperando o que, Parker? — Ele se virou para mim, andando de costas. — Não vai dizer que ficou com medo agora?
— Pega leve comigo, , eu não sou muito boa em sinuca.
— Seu desejo é uma ordem.

No começo do jogo, eu errei algumas caçapas, logo se ofereceu pra me ajudar e eu deixei. Quando já estávamos no meio do jogo, eu me permiti acertar algumas, o resto do pessoal se juntou a nós, Connor deu uma piscadela pra mim e foi aí que o jogo virou. A partir daí eu acertei todas, deixando confuso.
— Eu não acredito que eu perdi — ele disse, enquanto nós voltávamos para o bar. — Você disse que não era boa. — Ele olhou para mim.
— E isso é verdade, eu não sou boa, eu sou a melhor — eu respondi, dando de ombros. — Você que presumiu que eu era ruim.
— Você me enganou — ele disse, se virando para mim, incrédulo.
— Óbvio. — Sentei, no banco. — Agora você vai ter que pagar.
— O que foi que ele perdeu?
— Fazer um strip-tease em cima do balcão do bar — eu disse, sorrindo largamente.
Connor soltou um grito e puxou o celular do bolso enquanto cerrou os olhos para nós dois. Depois ele se virou para Jack e sussurrou algo em seu ouvido e logo ele saiu correndo. se virou para o bartender e sussurrou em seu ouvido, logo depois ele assentiu e subiu no balcão. Jack voltou e ele não estava sozinho, atrás dele vinha uma legião de mulheres. Olhei para com a boca aberta enquanto o safado só riu de lado.
Quando eu estava prestes a acabar com o showzinho, as primeiras batidas de Hands To Myself começou a tocar e começou a dançar. As garotas que Jack trouxe logo passaram por nós para ficarem mais perto. Eu estava completamente passada, encarando como se ele fosse algum alienígena, principalmente quando eu vi que ele cantava junto com a música.
Virei-me para Connor, que apenas deu de ombros e disse:
— Eu o fiz assistir Magic Mike um milhão de vezes e escutar Revival pelo menos o dobro disso.

Can't keep my hands to myself
No matter how hard I'm trying to


deu uma piscadela pra sua plateia e sorriu de lado.

I want you all to myself
You're metaphorical gin and juice
So come on, give me a taste
Of what it's like to be next to you
Won't let one drop go to waste
You're metaphorical gin and juice


passou suas mãos por seu corpo de baixo pra cima, levantando um pouco a camisa, fazendo as garotas da sua plateia gritarem.

Oh, Oh
All of the downs and the uppers
Keep making love to each other
And I'm trying, trying, I'm trying, trying
All of the downs and the uppers
Keep making love to each other
And I'm trying, trying, I'm trying, but I


se ajoelhou no balcão, abrindo os braços na hora do "Oh Oh" e procedeu a cantar a música olhando para cada uma das suas novas fãs.

Can't keep my hands to myself
My hands to myself
Can't keep my hands to myself
My hands to myself


Ele se levantou e começou a andar pelo balcão de um lado para o outro, cantando enquanto sorria de lado e rebolava.

The doctor say you're no good
But people say what they wanna say
And you should know if I could
I'd breathe you in every single day


No primeiro verso, ele apontou pra mim e continuou a cantar enquanto olhava pra mim. Eu não sabia que era possível, mas eu estava paralisada, sem falar o calor que tinha se espalhado por meu corpo inteiro.

Oh, Oh
All of the downs and the uppers
Keep making love to each other
And I'm trying, trying, I'm trying, trying
All of the downs and the uppers
Keep making love to each other
And I'm trying, trying, I'm trying, but I


A cada verso, desabotoava um botão da sua camisa lentamente, o que fez as suas fãs gritarem e, para minha surpresa, até eu gritei.

Can't keep my hands to myself
My hands to myself
Can't keep my hands to myself
My hands to myself
Can't keep my hands to myself
I want it all, no, nothing else
Can't keep my hands to myself
Give me your all and nothing else
Oh, I, I want it all
I want it all, I want it all


Ele andou de um lado pro outro do balcão, segurando as pontas da camisa, rebolando de um lado pro outro. de repente parou e Jack e o barman se juntaram a ele.

Can't keep my hands to myself
I mean I could, but why would I want to?


Os três tiraram a camisa e jogaram pra plateia, o que fez elas gritarem e eu olhar pra Connor e gritar também. Os três continuaram a dançar até o final da música e depois receberam aplausos de todos. Jack e o barman ficaram para conversar com as garotas, enquanto pulou do balcão, andou em passou largos até mim, me pegando pela cintura e me beijando como se a vida dele dependesse disso. E eu não estava reclamando de maneira alguma.
— Eu estou perdoado agora? — ele perguntou, com as mãos em cada lado do meu rosto.
— Mais do que perdoado. Você faz show particular?
— Quando nós chegarmos em casa, você vai descobrir. — Ele se afastou de mim, me pegando pela mão e se virando pra Connor. — Nós já vamos para casa, vocês vão vir?
— Pode ir, nós vamos depois. — Nós nos despedimos de todos e logo estávamos fora da boate. me puxou para dentro de um táxi e, logo depois de dar o endereço, começou a me beijar como se meus lábios fossem a melhor sobremesa do mundo. Ele me puxou para o seu colo, começando a beijar meu pescoço.
— Sem sexo no carro. — A voz do taxista fez com que nós olhássemos um para o outro e nos separássemos. olhou para mim, segurando o riso. Eu dei um soco em seu braço, fazendo com que ele gargalhasse alto.
Quando chegamos à mansão, entregou algumas notas ao taxista e praticamente me arrastou para fora do táxi. Nós subimos as escadas o mais silenciosamente possível, o que fez com que nós segurássemos o riso mais uma vez. Quando nós chegamos ao quarto, a risada cessou, olhava para mim como se eu fosse a presa da vez. Ele andou lentamente, deixando os sapatos no caminho e tirando a camisa por cima da cabeça. Mordi o lábio enquanto sorria para ele. subiu suas mãos por meus braços, parando as mesmas em meu pescoço. Ele aproximou nossos rostos e mordeu meu lábio inferior.
... — Saiu como um pouco de pedido mais sussurrado.
— Eu amo quando você me chama de . — Ele começou a beijar meu pescoço. — Você me deixa louco. Completamente e perdidamente louco por cada pedaço seu.
— Você que me deixa louca — eu disse, tirando o zíper do meu vestido e o deixando cair no chão. Andei até a cama, deitando ali, olhando para ele. — Acho que você deveria vir aqui e me mostrar o quão louco eu te deixo.
— Seu desejo é uma ordem. — tirou sua calça e só ficou de samba canção enquanto engatinhava até mim na cama e começou a beijar da minha barriga, subindo até os meus lábios.
tinha levado a última gota da sanidade que me restava, me mostrando que existia alguma loucura no amor e uma razão na loucura.

— Eu acho que eu nunca comi tanto na minha vida — eu falei, me encostando na cadeira. Passava da meia noite e nós estávamos na ceia de Natal. A família era uma família pequena, mas nem um pouco menos divertida. Para falar a verdade, talvez fosse isso que os tornassem divertidos. Margo tinha feito comida para um batalhão e nós tínhamos comido como um, eu estava a ponto de explodir.
Para falar a verdade, Margo disse que, a partir do almoço, ninguém mais ia comer pra comer toda a comida que ela tinha preparado e durante a noite toda. Ela tinha inventado vários jogos pra deixar todos com mais fome. pegou minha mão e a beijou, fazendo com que eu olhasse pra ele.
— Espero te ver em mais natais conosco, . Você sempre será bem-vinda — Greg disse, sorrindo para mim.
— Eu adoraria.
— E você nem precisa trazer presente.
Os tinham uma outra tradição que era pra lá de estranha: eles não trocavam presentes entre si, em vez disso, eles escolhiam uma instituição de caridade, colocavam em um sorteio e a que tirassem, eles teriam que proporcionar o melhor Natal pra eles. Era o que eu fazia, mas edição gente rica.
— Agora, se vocês nos dão licença, Margo e eu vamos pra uma festa. — Greg se levantou, estendendo a mão para sua mulher, que felizmente a pegou.
— Eu pensei que nós íamos passar a noite inteira juntos — começou.
— E nós passamos a noite inteira juntos, agora já é madrugada. Eu amo vocês, meus filhos, mas até nós precisamos nos divertir sem vocês — Greg respondeu, fazendo todos rirem. — Aposto que você vai querer passar o resto da noite com sua namorada.
— É, porque todos nós vamos pra festa — Connor disse, se levantando. Blake, seus pais e Ashley fizeram o mesmo.
— Isso é alguma espécie de complô? — perguntou, se levantando e eu o acompanhei.
— Não, nós só achamos que vocês dois mereciam uma noite sozinhos. — Margo deu de ombros. — Se vocês quiserem, vocês podem ir também. olhou para mim e eu apenas dei de ombros.
— Não, nós vamos ficar por aqui mesmo. Depois de nós nos despedimos de todos, eles saíram pela porta e sussurrou em meu ouvido que tinha uma surpresa para mim. Ele colocou duas mãos em meus olhos e me levou em direção ao nosso quarto.
— Eu já posso abrir meus olhos? — perguntei, sentindo empurrar a porta com o pé.
— Você já perguntou isso umas dez vezes e, pela décima vez: ainda não. — riu, começando a me empurrar para dentro do quarto.
— E agora?
— Agora pode.
O quarto estava todo decorado com pétalas vermelhas espalhadas pela cama e pelo chão, no meio da cama tinha uma caixa grande que eu não podia ver o que tinha dentro. Olhei para , que apenas deu de ombros, fazendo com que eu me sentasse na cama e pegasse a cesta em minhas mãos. apenas me olhava com um sorriso nos lábios enquanto eu lutava contra o papel de embrulho. Quando eu finalmente consegui rasgar e abrir o presente, eu comecei a tirar os itens um por um.
— Filmes de Natal — eu disse, pegando os dvds e colocando em cima da cama. — Duas colheres. — Olhei para ele, confusa. — Oh, agora eu sei para que as colheres. Sorvete de napolitano. — Tirei o sorvete de dentro da caixa, sentindo que tinha mais duas caixas. — E mais duas caixas? , o que você está aprontando? — Coloquei as duas caixas em cima da cama, pegando uma delas e a abrindo. Nela tinha algumas fotos e eu percebi que foram as mesmas fotos mandadas pelas diretoras dos orfanatos. se sentou ao meu lado, fazendo com que eu olhasse para ele.
— Como você não foi, eu pedi para as diretoras tirarem fotos pra que eu pudesse te mostrar — ele começou. — Eles adoraram os presentes, eu nunca pude ir a nenhuma das doações que eu fiz para os orfanatos, mas eu definitivamente vou a partir de agora. É extremamente gratificante ver que você proporcionou tamanha felicidade para alguém. Nessa outra caixa tem uma pulseira. — Ele pegou a outra caixa e a abriu, revelando uma daquelas pulseiras tipo Life By Vivara, nas quais você adiciona os pingentes. — Eu mandei fazer os pingentes de acordo com os emblemas dos orfanatos. — Ele pegou a pulseira e colocou em meu braço, enquanto eu ainda olhava para ele com a boca meio aberta. — O sorvete e os filmes são para você não quebrar a tradição com sua mãe. Rose disse que você costumava fazer isso quando passava o Natal com eles, então eu trouxe tudo que precisava para você passar o Natal como você passa todos os anos.
Eu movi os presentes pro lado, sentei no colo de e o beijei, pela primeira vez, de um jeito carinhoso. Claro que nós ainda nos beijamos com um certo desespero, mas dessa vez tinha muito mais carinho envolvido.
— Eu quero assistir O Amor Não Tira Férias primeiro — falei, dando um selinho nele e me deitando na cama com o pote de sorvete na mão. colocou o filme e veio se deitar na cama ao meu lado, ele levantou o braço para que eu deitasse em seu peito. Não tinha lugar no mundo que eu preferia estar.

~xxxxxxxxxxx~


Por um segundo, eu pensei que tudo que aconteceu no Havaí podia continuar acontecendo quando nós chegássemos à cidade, porém a realidade chegou como um soco no estômago logo quando nós aterrissamos. O que você pensava que estava fazendo, ? e eu não daríamos certo, o Havaí era uma atmosfera completamente diferente do que a cidade grande e por mais que a gente tentasse, eventualmente, eu sentia que alguma coisa iria entrar no caminho e nós acabaríamos em uma situação desagradável que acabaria em um de nós saindo da empresa. No caso, eu.
A esse ponto da vida, eu já deveria ter aprendido a não me apegar às pessoas, especialmente pessoas as quais eu sabia que não iam ficar. O que a gente passou no Havaí vai ficar pra sempre na minha cabeça — acredite, vai sim —, mas vai servir pra ser só um sonho do mesmo jeito que Paris foi. e Parker formavam uma dupla maravilhosa quando se tratava de trabalho, mas eu sabia que misturar os dois acabaria em um desastre.
Eu ia fazer a mesma coisa que eu fiz quando voltamos de Paris: fingir que nada aconteceu e voltar a tratá-lo como meu chefe, e as minhas mãos, dessa vez, teriam que ficar ao meu lado, nada de tocar ou beijá-lo. Apenas profissionalismo daqui para a frente.
Quando o carro parou na frente do meu prédio, eu desci sem nem ao menos esperar que James abrisse a porta. Ele abriu o porta-malas e eu tirei minha mala lá de dentro, eu estava a ponto de correr para o meu prédio, quando eu dei de cara com .
... — Ele parou em minha frente.
— O que acontece no Havaí, fica no Havaí — eu disse, levantando meu dedo mindinho para ele.
, eu não vou desistir de você tão fácil. — Ele balançou a cabeça, pegando minha mão e me puxando para perto dele. me segurou pela cintura e me deu um beijo demorado, de tirar o fôlego, antes de se virar para o carro e sair sem nem ao menos dizer tchau.
Pra dizer que eu comi dois potes de sorvete enquanto assistia televisão foi um começo. Pra falar a verdade, eu não conseguia pensar em mais nada a não ser nas palavras de . Eu não vou desistir de você tão fácil, o que eu deveria fazer com isso? Criar esperança? Pegar o telefone e ligar para ele? Talvez pegar o meu casaco e ir até seu prédio? Comprar mais sorvete?
Ideia brilhante, . O seu Chico ainda está aberto, mais dois potes de sorvete vão ajudar muito na hora de pensar sem parar, sonhar acordada e me imaginar nos braços de só iria piorar as coisas. Hora de voltar a enxergá-lo como a encarnação do Diabo.
Peguei meu casaco, minha carteira e fui até a porta. Na hora que eu a abri, meu queixo caiu no chão: estava parado diante dela, a ponto de apertar a campainha.
, o que você está fazendo aqui?
— Eu te disse, eu não vou desistir de você tão fácil. — Ele deu um beijo na minha bochecha antes de entrar em meu apartamento. — Eu trouxe sorvete, de napolitano, o seu favorito. — Ele levantou o pote de sorvete. — E um coleção de filmes sobre ano novo. — Ele levantou uma sacola cheia de DVDs. — Talvez a gente possa começar uma nova tradição, se você quiser, é claro. Filmes de ano novo, antes do ano novo, que tal?
...
— Eu não quero esquecer. — Ele me interrompeu. — Na verdade, eu nunca pude esquecer o que aconteceu conosco em Paris, mas eu respeitei seus desejos porque eu achava que era isso que você realmente queria. O problema, , é que eu não consigo parar de pensar em você e essa viagem para o Havaí só me fez perceber o quanto eu fui burro por não ter insistido em fazer você ver o que eu já percebi há algum tempo.
— E o que seria isso?
— Eu quero tudo com você, . Eu quero tudo que um cara tem direito a ter com a garota que ele gosta, tanto do bom como do ruim. Eu estou apaixonado por você, na verdade eu me apaixono por você todos os dias desde o primeiro dia em que eu te vi. Eu sei que eu sou péssimo com palavras, pior ainda com ações, mas eu juro que se você me der uma chance, eu vou te tratar feito a rainha que você é.
— Eu estou com medo, — falei, cruzando os braços e olhando para ele. — Muito medo mesmo.
— Eu também — ele respondeu sorrindo, colocando as sacolas em cima da minha mesa de centro. — Mas a gente sempre arruma um jeito, afinal de contas, somos e Parker, nós sempre achamos uma solução. O medo vai ser fichinha para a gente. Eu sorri e fiz a única coisa que eu podia fazer, eu o peguei pelos ombros e o beijei como se minha vida dependesse disso.
— Quer ser minha namorada? De verdade, dessa vez? — ele perguntou, encostando sua testa na minha.
— Você não acha que é cedo demais?
— Pra que evitar o inevitável? — Ele sorriu, me dando um selinho demorado.
— Então seria uma honra ser sua namorada, . Parecia que eu tinha perdido a cabeça e tinha mesmo feito uma loucura, mas valia a pena. E como valia a pena.


FIM



Nota da autora: Sempre ficou curiosa(o) pra saber o que aconteceu com esses dois em Paris e como eles dois começaram esse romance? Paris at Midnight conta a história de tudo que os dois passaram em Paris e porque ela não conseguiu tirar ele da sua cabeça desde então.






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