I don't know where I belong, or where I've been coming from…
O silêncio permanecia pertinente quando fechou a última mala, desta vez, de volta à sala de estar da casa.
observou o restante das roupas empilhadas e seus instrumentos cuidadosamente embalados, mas não conseguia ignorar a tensão e a angústia que persistia no ar. Seu peito tamborilava tão forte que ao menos conseguia proferir alguma palavra em direção à , sua noiva.
tinha plena convicção de que a turnê, naquele ano, seria algo que não lhe aconteceria outra vez. Não em tão pouco tempo.
Mas saber que teria que deixar para trás partia seu coração.
E mais ainda o dela por não compreender muito bem.
Quando terminou de ajeitar os detalhes finais, pôde notar a presença da noiva ao batente da porta, ainda sem dizer uma palavra.
Um turbilhão de emoções se apossou em cada um.
— Um ano, … — a mulher sussurrou, prendendo a atenção do rapaz. podia sentir o canto dos olhos arderem.
— — iniciou, com delicadeza. Caminhou até próximo à ela e se sentou ao braço do sofá marfim. — Eu sei que é muito tempo, mas é uma oportunidade que não posso recusar.
Ela parecia pensativa. As bochechas já tinham uma cor avermelhada.
— Isso é tempo demais. Você já ficou longe por semanas, mas um ano é outra história, . Como você acha que isso vai funcionar para nós dois? — soltou, em um tom de voz mais alto. A mulher não sabia explicar o que se passava dentro de si, mas a sensação que tinha era que seu coração ia sair pela boca e ela começaria a chorar compulsivamente a qualquer momento. Eles estavam em uma fase tão boa ultimamente… — Como você acha que vou ficar aqui sem você?
engoliu em seco. Conseguia sentir o peso das palavras da noiva e sabia como aquilo significava para ela. Ele estaria rodando o mundo enquanto continuaria ali, em uma casa sozinha em Bolton.
O silêncio continuou.
— Você não faz ideia de como eu queria que estivesse comigo nesse momento, . — disse, um pouco mais baixo.
A mulher engoliu em seco.
— Não posso deixar tudo o que tenho aqui para te acompanhar pelo mundo. Não é assim que as coisas funcionam.
— Eu sei que não. — a garganta de parecia conter uma pedra.
Aquela parecia ser uma situação que não teria solução.
A tensão crescia à medida que a conversa se prolongava.
se sentia pressionado a escolher entre seu amor pela noiva e sua paixão pela música, mas não imaginou que aquilo um dia pudesse acontecer. Sempre achou que poderia ter os dois consigo.
havia sido o motivo de ter força para continuar com sua carreira.
— Nós podemos fazer funcionar, . Você sabe o quanto isso significa para mim. Nunca quis que isso nos prejudicasse…
Ela levou uma das mãos em direção ao rosto, tentando minimamente limpar a lágrima que escorria em sua bochecha. Doía demais. Doía saber que não o veria por tanto tempo e que aquilo poderia, sim, prejudicar o relacionamento dos dois.
— O que acontece com a gente, ? Não consigo achar uma solução.
— Espere por mim — soltou, quase em desespero. Se fizesse aquilo, seria o suficiente. — Sei que é pedir muito, mas por favor, espere por mim, .
lutando contra as lágrimas, retrucou no mesmo tom de aflição.
— E se eu não estiver mais aqui quando você voltar, ? Já parou para pensar nisso? — se afastou assim que se aproximou, tentando amenizar a situação. — Nós nunca discutimos o que isso significaria para nós dois.
— , por favor… Não aja dessa forma. Não pode tentar me apoiar pelo menos uma vez?
gesticulava, tentando fazê-la entender a gravidade da situação que se encontravam. Não queria que sua noiva lhe deixasse justo naquele momento.
— Pelo menos uma vez? — disse, retórica. Não acreditava que dizia algo como aquilo. — E em todas as outras vezes que te incentivei a não desistir, ? Quando ouvi sua demo e te apoiei a enviar para qualquer que fosse a gravadora? Quando aconselhei Dougie a não sair da banda porque significava extremamente para todos vocês, inclusive para você?
— …
A discussão só tendia a crescer mediante as palavras que proferiram um ao outro. Seus corações batiam mais rápido e a dor ficava mais evidente para o casal.
— Pare por aqui, . — a mulher pressionou os lábios, se afastando consideravelmente. Não queria ouvir mais nada que fosse lhe ferir ainda mais. Talvez aquele fosse um sinal para que pensassem no rumo daquele relacionamento mediante a tudo o que acontecia. — Sempre apoiei seus sonhos, . Mas não consegue ver que esse sonho também está nos afastando?
O desespero entre os dois era evidente.
Aquele desentendimento havia aberto uma ferida que ficaria ali por um bom tempo, uma divisão que parecia irreparável.
E a única coisa que conseguiu fazer foi ver sua noiva caminhando para longe e fechando a porta do quarto que costumava ser dos dois.

Anytime I see your face, i find my way, i know my place…
tinha seus olhos pousados na janela do ônibus, observando as luzes da cidade que passava, que continuava na estrada até sua próxima parada. Imerso em seus pensamentos e com a mente retornando invariavelmente à briga que havia tido com há alguns meses, antes de sair de casa para a turnê da banda.
A distância física entre eles era avassaladora e as poucas vezes que conseguiram se falar por telefone, por ligação ou chamada, não tinham aliviado o vazio em seu coração.
Não era como se aquilo fosse apagar o que havia acontecido entre os dois. conseguia lembrar vividamente as palavras duras que haviam trocado naquela noite, dos suspiros e olhos marejados antes do rapaz partir e aquilo só o fazia sentir a pontada de culpa e arrependimento crescendo no fundo de seu peito.
A saudade que sentia de sua noiva era quase insuportável. Não conseguia parar de pensar em todas as coisas que haviam passado juntos nos últimos anos para chegar àquele ponto.
era sua confidente, sua conselheira e a principal inspiração das músicas que escrevia. Sabia que, sem ela, não teria chegado aonde estava naquele momento.
Sentir sua falta naquele ônibus, onde cada cantinho que olhava remetia a uma lembrança deles era um golpe que o fazia questionar sua escolha de ter determinado que sair em turnê sem ela havia sido o melhor a se decidir.
Fechou os olhos por alguns instantes.
conseguia sentir o perfume suave de só de se lembrar como ela costumava ser linda a todo momento. De como costumava enlaçar seu pescoço e olhar nos seus olhos, deixando explícito todos os sentimentos transparecidos por eles.
Conseguia se lembrar de sua risada contagiante, do sorriso caloroso que ela sempre lhe lançava quando chegava depois de um dia longo em seu estúdio. Cada detalhe dela era nítido em sua mente e a dor da separação parecia mais profunda a cada quilômetro que se afastava dela.
Desejava poder voltar no tempo e desfazer aquela briga. Queria, mais do que tudo, achar uma solução para que ambos ficassem satisfeitos e juntos.
Sabia que tinha razão em muitos aspectos. a havia deixado para trás, sem cogitar uma forma de conseguirem conciliar o que acontecia, somente para buscar a fama que tanto queria.
Mas, do que adiantaria conseguir tudo o que sonhou sem a mulher que sonhava a seu lado?
Só conseguia se sentir tolo.
O rapaz pressionou os lábios, sentindo os olhos arderem levemente.
O silêncio no ônibus que seguia junto dos demais membros permanecia ensurdecedor e se viu desejando, mais do que antes, que estivesse ao seu lado, ouvindo suas músicas, compartilhando suas alegrias e tristezas, como costumavam fazer.
Retirou o celular do bolso, sem coragem de entrar em contato com ela outra vez.
A cada ligação que faziam um para o outro era torturante. O coração de ambos despedaçava cada vez mais.
Sua garganta evidenciava o nó que se formava a cada lembrança. A fama e a música eram suas paixões, mas também era uma parte vital de sua vida, essencial como qualquer outra coisa.
A única coisa que tilintava em sua mente era o fato de que não aguentaria sentir toda aquela tristeza mais. Toda a saudade e vontade de ter em seus braços outra vez.
O rapaz enxugou uma das lágrimas teimosas que escorriam no canto de seu corpo e prometeu, diante de todo o misto de sentimentos avassaladores que dominavam seu coração, que no momento que a turnê da banda terminasse, voltaria correndo para sua noiva, pedindo todas as desculpas possíveis e se esforçando o suficiente para que pudessem reconstruir o que haviam perdido durante aqueles meses.
E torcia profundamente para que ela lhe perdoasse.

I tell you now, I’ll never fly away, wherever you are is where I wanna stay…
A sala de estar estava inundada por uma música calma e melancólica.
tinha o corpo relaxado no enorme sofá e, por mais que sua atenção estivesse focada nos vídeos que passavam na tela da TV, a única coisa que ela conseguia fazer era lembrar do noivo e do quão longe ele estava.
Os dias se arrastavam lentamente e a saudade o consumia de uma maneira que ela nunca poderia ter imaginado. Cada canto da casa, cada objeto, parecia sussurrar a lembrança de , provocando uma dor intolerável.
Todos os dias que a mulher chegava em casa, se deparando com o silêncio e a falta da risada graciosa de parecia quebrar seu coração em mil pedaços, lentamente. Como havia sido tão tola?
Se arrependia amargamente da briga que tiveram antes de sua partida para a turnê. A discussão havia sido tão intensa, tão cheia de palavras intensas e impensáveis que agora se perguntava se ainda a amava. Se ainda a queria como antes.
se sentia vazia, perdida e a solidão era mais do que palpável para si.
Sua rotina havia se tornado monótona. Acordava todas as manhãs desejando que estivesse ao seu lado, sentindo falta do abraço reconfortante que a fazia esquecer de todos os problemas do mundo. A mulher só conseguia se lembrar de como o noivo insistia em preparar o café da manhã para ela, rindo e compartilhando seus sonhos.
Agora, o mesmo café havia se tornado algo que fazia a mulher chorar silenciosamente.
Já havia perdido as contas de quantas vezes passava horas olhando fotos deles dois juntos, relembrando momentos que agora pareciam distantes demais.
Não queria lembrar. Não queria lembrar de nada que a ferisse ainda mais.
Fechou os olhos outra vez. Desta vez, ouvindo uma melodia conhecida ecoar diretamente do youtube.
Foi impossível não reconhecer a voz de .
Do seu melhor amigo, namorado e noivo. Da pessoa mais especial em sua vida, que agora se encontrava há quilômetros de distância.
Ela o amava tanto que ao menos sabia explicar. Por , sem pensar duas vezes, largaria todas as suas coisas para ir de encontro ao amado.
A voz de preencheu o cômodo. deixou que a melodia lhe envolvesse enquanto cada memória dos dois se tornava ainda mais vívida.
O calor da voz de a confortou de imediato e as lágrimas começaram a se formar no canto dos olhos. Se lembrou dos shows que assistiu do público, sentindo-se incrivelmente orgulhosa do talento e da paixão de pela música.
Agora, ouvindo da TV, sentia como se estivesse lá novamente.
Seus olhos foram em direção a tela, onde o rosto do noivo se encontrava, cantando de forma tão doce e delicada. Seus olhos azulados, tão brilhantes, como se estivessem olhando diretamente para ela.
Não havia como alguém ser mais lindo, mais encantador e charmoso como .
Se recordou do sorriso cativante, do olhar que costumava lhe lançar, como se pudesse enxergar sua verdadeira alma.
Suspirou pesadamente. Desejava mais do que tudo que estivesse ali, sentada no sofá da casa com ela.
A saudade a envolveu com força, fazendo com que a mulher levasse uma mão à boca, contendo o soluço do choro que vinha à tona. estava tão longe naquele momento que mesmo se pensasse em qualquer coisa para vê-lo, não conseguiria.
conseguia sentir o arrependimento da briga ficando cada vez mais presente. Será que a perdoaria? Será que ele voltaria para casa, mesmo depois de tudo?
A mulher não suportaria não ter mais o rapaz em sua vida.
— Sinto tanto sua falta, meu amor… — sussurrou para si mesma.
Tudo o que desejava era de volta em sua vida, onde ele sempre pertenceria.

Did you even know I was gone?
ajeitou o cabelo em um coque alto, pronta para descansar.
A noite estava calma e um vento ameno adentrava pela fresta da janela do quarto, fazendo a mulher sentir o corpo fresco pelo banho que havia acabado de tomar.
Seu coração tamborilava no peito, ansiosa por saber mais notícias do . E, principalmente, de .
Queria saber como ele estava. Se estava bem e se ainda sentia saudades dela, como havia mencionado há uma semana pelo celular. Os dois não conversavam mais com frequência pela correria que a rotina de estava sendo e, ainda que estivessem com o mesmo status de relacionamento, sentia que não era a mesma coisa que antes. Sentia que estavam se distanciando e algumas coisas estavam caindo no esquecimento, como àquela noite, em que comemoraram mais um ano juntos.
A noite em que ela passaria sozinha. Sem o do seu lado.
Havia tentado ocupar seus dias para que não pensasse tanto em como os dias se arrastavam até que pudessem se ver outra vez. A única coisa que ela fazia questão de saber era se a banda estava indo bem e como esperado, o sucesso havia vindo rapidamente.
As músicas tocavam em todas as rádios. Os meninos apareciam em programas de entrevistas, se apresentando e contando um pouco de suas vidas. Em uma delas, fez questão de dar ênfase em como não via a hora de voltar para casa e ver sua amada.
E aquilo confortou, mesmo que minimamente, o coração de .
O orgulho que sentia por ele era inabalável.
Não conseguia evitar um sorriso ao pensar em quanto ele havia trabalhado e o quanto ele merecia todo esse reconhecimento. merecia demais tudo o que estava recebendo.
No entanto, a saudade aumentava gradativamente.
ansiava por notícias sobre quando ele voltaria para casa, quando poderiam se abraçar novamente e se isso realmente aconteceria. A ansiedade a consumia e a mulher ansiava pelo momento em que poderia tê-lo de volta.
Só queria estar nos braços de , de uma vez por todas.
Quando relaxou o corpo, se preparando para dormir de uma vez por todas, ouviu o celular tocar.
E quando olhou o nome no display, quis pular de alegria.
Era . Em uma vídeo chamada.
— .
Atendeu, sorrindo minimamente. tentava conter sua animação e empolgação em falar com o noivo. A chamada do outro lado estava escura, mas ela conseguia enxergar os traços do rapaz.
parecia ocupado com algo, ainda que estivesse sorrindo. Vestia um casaco escuro e os cabelos estavam penteados, pelo que ela pôde notar.
Extremamente lindo.
— Minha linda, desculpe. Me atrapalhei um pouco — mencionou, deixando uma risadinha ecoar. Ela sorriu um pouco mais. — Te acordei? Ou estava indo dormir?
— Estava deitada, mas não estou com sono. Como você está? E a turnê? — perguntou, empolgada. Seus olhos quase marejaram por notar que a saudade de era estarrecedora.
Ela o amava inexplicavelmente.
respirou fundo e sorriu.
— Estou bem, mas com saudades. Sempre, você sabe. — mencionou, a olhando diretamente pela câmera. — Tem ido tudo bem com a turnê. Já estamos no final, tenho estado cansado. Não vejo a hora de voltar — a câmera travou por alguns segundos. Quando voltou, focou no ombro de que parecia estar andando. — Mas que bom que você não está dormindo. Vai chegar algo para você em breve — piscou, pressionando os lábios. parecia mais agitado que o normal e aquilo só atiçou a curiosidade de um pouco mais. adorava surpreendê-la quando estavam juntos e agora, com aquilo, a mulher sentiu o coração bater mais forte.
— O que é? Onde você está indo? — perguntou, pela curiosidade. olhou para a câmera e desviou o olhar outra vez. — ?
A ligação ficou em silêncio. Antes que pudesse retornar falar alguma coisa, o barulho da campainha a fez pular da cama, pelo susto.
Caminhou até a sala e olhou para a porta, confusa, enquanto continuava a encará-la através da tela. Ele transparecia ansiedade.
A batida se repetiu e ela hesitou por um momento.
— , acho que o que você pediu para entregar chegou e…
Foi como um estalo. Um sentimento estranho e esperançoso cresceu em seu coração. Ela queria pensar em qualquer outra coisa que não fosse imaginar o que poderia acontecer se abrisse aquela porta.
Não queria criar falsas esperanças, mas e se…
Respirou fundo e abriu a porta da sala. Seus olhos se arregalaram em choque. parecia mais deslumbrante do que ela se recordava. Parecia mais belo do que a última vez que olhou em seus olhos magoados.
Ele segurava as malas, a case do violão repousada na parede na varanda da casa e os olhos azulados, brilhantes, cobertos de lágrimas.
não conseguia acreditar.
Ele havia voltado.
Havia voltado para casa.
— Estou de volta, meu amor. — disse com a voz embargada.
E a única coisa que a mulher conseguiu fazer foi jogar seu corpo sobre o dele, sentindo o choro vir à tona, imerso em toda saudade que havia sentido ao longo de todos os meses longe um do outro.
Se abraçaram com força, tendo certeza de apenas uma única coisa; era o lar de , assim como ela era o seu.
E sempre seria.

Honey, I'm home…

Nota da autora: Oi, pessoal! Aqui estou com mais uma fic para vocês! Espero que tenham gostado e não esqueçam de deixar um pequeno feedback com o que acharam!
E para quem se interessar em outras histórias minhas, o link da minha página de autora vai estar logo aqui embaixo. Um beijão a todas, e volte sempre <3





Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.