Capítulo Único
Não era a primeira vez que o campus da universidade se encontrava tão cheio como naquele final de horário, mas aproveitou todos os estudantes que ali se encontravam para começar a distribuir os ingressos do show de sua banda, assim como seus amigos também faziam, andando e estendendo o pequeno pedaço de papel entre elas.
Ele transparecia um sorriso aberto em seus lábios, demonstrando toda a agitação e emoção que sentia dentro de si por ser o primeiro show que sua banda iria conseguir dar até o final daquele ano, para concluir mais um período e para ele, um dos últimos para terminar sua graduação. O rapaz cursava Música em uma das faculdades renomadas de Bolton e não faltava muito para que ele terminasse, podendo assim focar em sua carreira que ele tinha certeza que decolaria algum dia.
Não só ele, como , e também tinham a mesma certeza.
Continuaram espalhando alguns ingressos entre as pessoas, parando por alguns grupos de amigos e recebendo alguns incentivos dos mesmos também, e isso só fazia com que a motivação de cada um ali crescesse um pouco mais dentro do peito.
Não havia sensação melhor.
Quando se virou, pronto para deixar mais um maço de ingressos com outros universitários, sentiu seu corpo trombar levemente com alguém e isso o fez começar a se desculpar rapidamente, levando suas mãos em direção à pessoa que quase caíra.
— Eu sinto muito, me desculpe. — continuou, a deixando ereta por completo e com isso ergueu seu olhar em direção ao da garota que se ajeitava rapidamente. — Eu te machuquei?
— Não! Não mesmo, foi só um pequeno esbarro. — soltou uma risadinha fraca e por último, levou as mãos nos cabelos, os alinhando.
deixou seu olhar pousado sobre o dela por um tempo considerável e deixou um pequeno sorriso tomar conta de seus lábios pela forma como ela tinha correspondido. O rapaz nunca a tinha visto no campus, não que tivesse notado alguma vez, mas uma beleza como a dela não passaria despercebida tão facilmente assim.
— Isso é bom. Eu estou entregando alguns ingressos e acabei ficando um pouco desnorteado, mas… Você… Hm, por acaso você curte pop rock? — perguntou, um tanto sem graça e levou uma das mãos em direção à nuca, a coçando levemente. A garota o olhou brevemente e balançou a cabeça em afirmação, achando graça na forma como ele estava reagindo e se lembrou vagamente que ele provavelmente faria parte da banda que havia acabado de começar e que seus amigos tanto falavam.
— E se você não gostar, talvez possa entregar a alguns amigos? Nós estamos começando agora e vai ser a primeira vez que vamos tocar para um público maior…
— Eu gosto, sim. Seria incrível vê-los tocar. — esticou uma das mãos, em direção aos ingressos que ele segurava e os pegou, encarando o bilhete por alguns instantes. Pôde notar o pequeno pedaço de papel simples e minimalista, deixando evidente o nome do grupo. — ? Eu já ouvi falar por aqui…
— Mesmo? Por acaso… Coisas boas a nosso respeito?
Ela deixou uma risada escapar pela curiosidade nítida do rapaz e com isso, deixou os olhos bem fechadinhos ainda sorrindo para ele. , naquele instante, sentiu como se pudesse se perder naqueles olhos castanhos por um bom tempo sem se enjoar e teve plena certeza de que a risada nasalada dela soava quase como uma melodia para si naquele instante.
Por um momento, se achou um pouco bobo por pensar assim.
— Sim, coisas muito boas. — afirmou, inclinando a cabeça levemente para o lado, o observando um pouco mais. — Mas acho que para pelo menos eu ir à seu show, devo saber seu nome, não?
piscou algumas vezes, sentindo seu rosto queimar levemente pela forma em como ela o olhava e aquilo só conseguiu aquecer ainda mais o seu coração. O que era toda aquela sensação?
Ele sorriu de canto, deixando os olhos pousados no dela.
— Pode me chamar de . — estendeu uma das mãos, a que estava livre em direção à ela e a garota a segurou, chacoalhando levemente. — E você, como se chama?
— Sou , mas você pode me chamar apenas de . — sorriu de canto, voltando a encarar a outra mão do garoto que agora estava abaixada, ainda com um maço um pouco grosso de ingressos. Ela fez um pequeno biquinho e voltou a olhá-lo. — Bom, , parece que você tem alguns ingressos… Por acaso, aceita uma ajudinha?
Ele soltou um pigarro baixo, levantando a mão levemente, podendo ver todo o trabalho que ainda teria até que não sobrasse mais nenhum. Com isso, voltou a olhá-la.
— Eu não quero te atrapalhar… Você deve ter outras coisas para fazer e acho que já fui inconveniente demais em esbarrar em você. — soltou uma risadinha fraca, voltando a coçar a nuca.
— Não vai me atrapalhar. Pense como a ajuda de um amigo. — deu uma piscadela, o que o deixou um pouco mais vermelho que antes. A única coisa que ele conseguia pensar era o quão encantadora ela estava sendo. — E aí, posso te ajudar a acabar mais rápido. O que me diz?
soltou um suspiro leve, não só pelo cansaço, mas por estar grato mentalmente pela ajuda que ela havia oferecido naquela noite. De força rápida passou seus olhos azuis por todo o campus, podendo avistar rapidamente alguns de seus amigos distribuindo os ingressos como se não houvesse amanhã e voltou a olhá-la, observando o rosto angelical de o olhando de forma esperançosa e animada. Ela tinha aquele belíssimo sorriso contido, o qual fez com que o coração de palpitasse um pouco mais rápido.
— Acho que podemos começar, então. — sorriu abertamente, a vendo juntar as próprias mãos em animação e assim, separou alguns ingressos para entregá-la. os pegou, contando e mordiscou os lábios, olhando toda a extensão do campus ao redor deles, planejando uma forma com que fosse ajudar seu mais novo amigo e para que acabassem o mais rápido possível.
sentiu todo o cansaço se esvair minimamente de seu corpo e quando se deu conta, já estava sendo contagiado pela risada gostosa de e todo o seu entusiasmo perceptível.
Naquele momento, olhando a garota entregando os ingressos de sua banda, tão eufórica entre o restante dos alunos, bem no fundo da mente de , o rapaz cogitou que talvez ela fosse alguém que valesse a pena conhecer melhor.
Será que aquele poderia ser o início de uma amizade?
*
O barulho dos últimos acordes inundou o pequeno palco improvisado dentro do galpão que a banda havia conseguido gratuitamente para que se divulgassem e as vozes agitadas, misturadas com os gritos e o alvoroço empolgado dos universitários e até mesmo os de fora que foram acompanhados, deixavam com o coração acelerado de uma forma que nem sabia explicar. Ele não conseguia tirar o sorriso aberto de seus lábios, nem mesmo conseguia ficar um tempo quieto por ver o quanto todas aquelas pessoas que ali estavam, haviam gostado do show que tinham dado naquela noite.
Assim como ele, a empolgação era evidente no rosto de cada um que estava próximo deles e ver a expressão de gratidão estampada em seus amigos não tinha preço, nem mesmo explicação.
retirou a guitarra que permanecia apoiada em seu corpo, passando a alça preta do instrumento ao redor de seu corpo, pronto para depositá-la no lugar devidamente. Caminhou rapidamente em direção ao suporte, a deixando ali por algum tempo até que pudesse guardá-la de forma apropriada em sua case.
Quando depositou o instrumento ali e se virou, pôde observar algumas pessoas novas entre seu grupo de amigos e assim que se aproximou, percebeu o quanto estavam os agradecendo pela noite.
— Vocês foram incríveis! Já tem alguma data marcada para o próximo show? — uma das garotas que estavam com alguns amigos dizia, animada. sorriu.
— Ah, não! Nossa! Para ser sincero, não esperávamos por essa receptividade tão grande. — levantou as mãos, indicando o grupo de amigos e sorriu de forma sincera, tentando demonstrar todo o seu agradecimento. — Eu fico muito grato por todos vocês terem vindo e podem ter certeza que logo teremos uma próxima apresentação.
— E coloca certeza nisso. — aquela era a voz de , que se aproximou apoiando seus braços nos ombros de e . Os demais riram da cena.
— Eu só consigo concordar com tudo o que o disse. Vamos fazer o possível para que tenha outro show o mais rápido possível. — balançou a cabeça, concordando e colocou uma das mãos no bolso da calça jeans. — E isso tudo é graça a vocês.
E em meio a agradecimentos e elogios, os quatro continuaram ali por um bom tempo, sendo levados pela emoção que ainda emanava pela noite mesmo após a apresentação ter terminado e pela agitação de todos que ainda continuavam ali com eles. O lugar ainda permanecia cheio, mesmo algumas pessoas tendo indo embora e da mesma forma que tentava se concentrar na conversa que mantinham naquela pequena rodinha, seus olhos claros vagavam pelo recinto à procura apenas de uma pessoa.
Ele não tinha conseguido avistar a silhueta de enquanto estava no palco performando, nem mesmo quando fizeram os agradecimentos finais se despedindo. Achou um pouco preocupante não ter a visto por ali, já que desde o esbarro no campus eles mantiveram um contato incessante e aquilo só os aproximou ainda mais, a ponto de perguntar de forma despreocupada se ela apareceria em seu show.
E tinha confirmado.
Quando virou o rosto para procurá-la mais uma vez, pôde sentir um toque morno em seus ombros, os dedos delicados percorreram por suas costas e desceu seu olhar, podendo ver o rosto gracioso de , com uma expressão encantadora o olhando como se esperasse por alguma reação.
— Você veio. — o rapaz murmurou mais para si, do que para ela.
— Eu não perderia o show por nada. Eu te falei. — disse, fazendo uma pequena careta ao cruzar os braços, mas não demorou muito para que os desvencilhasse um do outro e jogasse em cima dos ombros largos de , o pegando de surpresa. O rapaz só conseguiu ouvir a risadinha da garota no pé de seu ouvido, o fazendo se arrepiar por completo. — E você foi incrível, esplêndido, maravilhoso naquele palco, ! Caramba! Eu não sei nem descrever.
— Eu agradeço a todos os elogios, de verdade. — deixou uma risada fraca escapar com a agitação da garota. Ela balançou a cabeça ao separar seu corpo do dele. — Mas não te achei no meio da multidão.
Ela arqueou uma das sobrancelhas e se não fosse impressão do rapaz, podia jurar que suas bochechas tomaram um mais avermelhado pela sua fala. Aquilo o deixou curioso.
— Desculpe. Eu acabei me atrasando um pouco. — murmurou de forma baixa, quase como se ele não pudesse ouvir. — Acabei pegando carona com um amigo e pelo visto, só consegui pegar do meio do show até o final. Eu sinto muito, .
— Ei, relaxa. Você vai ter outra oportunidade para me ver tocar. — comentou, tentando tirar uma risadinha dela. A risada que ele tanto gostava e assim, pôde ouvi-la. — Como eu estava lá em cima? Preciso dizer que meus dedos pareciam congelados de tão nervoso.
levantou suas mãos, como se demonstrasse o que acontecia anteriormente e ela riu mais uma vez, segurando as mãos do rapaz que olhou de seus dedos para os dela, observando o toque leve que ela o proporcionava.
Seu coração palpitou um pouco rápido demais, atípico.
soltou um suspiro leve e deixou que suas mãos se entrelaçassem por um pouco mais de tempo, tentando fazê-la perceber o quanto aquilo estava bom.
Não notou quando a conversa entre os dois fluiu de uma forma inesperada, enquanto brincavam com os dedos um do outro e podia saborear sem pressa como a risada dela o fazia ir para outra dimensão. O que estava lhe causando, afinal? Todo aquele misto de sentimentos e a sensação de que poderia lhe levar nas nuvens se quisesse era novo demais e sentia como se seu coração fosse saltar do peito.
— E mais uma vez, , você foi admirável lá em cima. Não faz ideia de como fiquei encantada vendo você se soltar daquela forma! — bateu palminhas ao soltar sua mão da do rapaz e ele involuntariamente quase levou as suas em direção às dela novamente, só para continuar sentindo o toque da garota.
— Ah, … Você me deu muita força. Não só a mim, mas aos meninos também. — olhou rapidamente para seus amigos que conversavam animados, pouco distante dos dois e voltou a olhá-la, podendo perceber que ela tinha seus olhos brilhando naquele momento. — E eu estava pensando, se você quiser…
— Ei, ! — a voz de foi cortada por outra animada, um pouco mais rouca que a dela e assim que ergueu seu olhar, pôde olhar um rapaz se aproximar da garota, ficando a seu lado. Ele sorria como se fosse uma preciosidade e aquilo fez o coração de bater um pouco mais rápido.
— Jake. — disse, tentando demonstrar a mesma animação que ele. — Esse é o , guitarrista da banda e meu amigo.
Disse, virando o rosto de Jake para que já tinha a expressão um pouco séria naquele momento. Claro que ele não queria parecer tão rude àquele ponto, mas se sentia curioso para saber quem era aquele cara.
Os dois se cumprimentaram.
— Desculpa por atrapalhar a conversa de vocês, mas eu estou indo agora, . Vamos? — o rapaz perguntou, colocando uma das mãos no ombro da garota que sorriu de canto, o olhando por alguns segundos. Rapidamente olhou para , como se tentasse encontrar a resposta certa para aquele momento. — Vou deixar vocês se despedirem.
E com isso, o rapaz se retirou, deixando com seu olhar sobre mais uma vez.
— Hm, ele… Você veio com ele? — perguntou, tentando não soar tão direto. Ela afirmou lentamente.
— Eu vim de carona, o restante das meninas já estavam aqui e como eu saí tarde do trabalho… — respondeu, cruzando os dedos de suas mãos, desviando seu olhar do de . Ele achou graça na expressão da garota, como se estivesse sem jeito de falar aquilo.
balançou sua cabeça, concordando com ela e mordiscou os lábios, repassando a pergunta que queria fazer a ela anteriormente. Ele olhou de Jake, que estava um pouco mais atrás dos dois e voltou a olhá-la, se sentindo um pouco mais nervoso naquele momento.
— Você quer sair para comer alguma coisa? Tipo, agora? — disse rapidamente, quase atrapalhando a frase por completo e a viu franzir o cenho, deixando um sorriso escapar segundos depois. sentiu o coração aliviar ao vê-la balançar a cabeça arduamente. — E aí, bom… Você pode decidir com quem vai para casa. Com o amigo que você veio ou com alguém novo.
E com isso, arqueou uma das sobrancelhas, com um sorrisinho bobo no canto dos lábios ao ver a expressão de surpresa de com sua afirmação e ela achou a feição do rapaz completamente encantadora, como se estivesse inseguro de sua resposta. O rapaz tinha seus olhos azuis claros pela luz do local brilhando de uma forma inexplicável e suas bochechas em tons mais rosados, denunciando o quão envergonhado ele estava.
Ela não poderia recusar aquele pedido, nem se quisesse já que sentiu seu coração derreter lentamente. Até porque, o que ela mais queria nas últimas semanas, era passar um pouco mais de tempo ao lado de .
Com um aceno rápido, olhando para trás, em despedida para Jake, ela voltou a olhá-lo, sorrindo de forma inteiramente satisfeita ao indiciar que estava pronta para sair com e como se ele não pudesse esperar mais, se despediu de seus amigos, segurando uma das mãos da garota, sem esperar muito para que fossem em direção à saída do lugar.
*
Desde a última vez que o casal de amigos saíram juntos, quando o primeiro show da banda deixou a maioria do campus completamente extasiada a ponto de saírem divulgando a banda de todas as formas que podiam, eles não se desgrudaram mais, nem por um momento. Claro que toda aquela troca de olhares, as mãos dadas e os pequenos gestos de carinho um com o outro era evidente demais para não ser notado, e que em algum momento, eles tinham plena certeza que ainda ficariam juntos.
já podia sentir seu coração ser tomado pela graciosidade que lhe demonstrava e por todas as suas pequenas atitudes que faziam com que o rapaz sentisse toda aquela sensação de estar apaixonado, como nunca havia estado antes.
Com não era diferente, se não intenso da mesma forma que ele sentia. Ela se pegava pensando, nos dias em que não o via, em como queria poder estar perto do seu amado e de como ela não fazia ideia de que alguém poderia lhe deixar daquela forma, inteiramente anestesiada e com as melhores sensações dentro de si.
Tudo aquilo era surreal demais, tão novo e tão absurdo, para os dois.
E a única coisa que eles queriam, era que tudo se intensificasse um pouco mais, de forma com que eles pudessem demonstrar o amor que sentiam o mais evidente possível para ambos.
Quando olhou descer por completo de seu carro, não que ele já não estivesse deslumbrado antes, foi como se todo seu coração tivesse explodido em sentimentos bons e maravilhosos. Não soube explicar com todas as palavras o que ela lhe fazia sentir, mas tinha certeza de que era um dos melhores sentimentos que poderia sentir algum dia. Olhá-la tão linda, magnífica, com o vestido escuro da formatura, deixando sua beleza contrastar ainda mais com os detalhes que ele tinha era demais para ele aguentar.
Sabia que naquele momento, ele conseguia transparecer exatamente o típico bobo apaixonado, mas aquilo não importava, nem um pouco.
Ele queria olhá-la tantas vezes que pudesse, de todas as formas, todos os jeitos e voltar a repetir o quão belíssima ela estava naquela noite.
— Eu não tenho nem palavras. — murmurou, ao se aproximar dela, segurando suas mãos e afastando seu corpo para olhá-la melhor. soltou uma risadinha sem graça, achando encantadora a forma como o namorado lhe tratava.
— Você já me viu arrumada assim antes, .
— E você continua incrível, como todas as vezes. — se aproximou, levando suas mãos em direção à cintura da mulher e com isso, aproximou seu rosto para lhe beijar a testa. — Como pude ser tão sortudo desse jeito?
— Falando assim você me deixa completamente sem graça, meu amor. — deixou seus braços percorrerem o pescoço do rapaz e deixou seus olhos pousarem no rosto do mesmo, observando-o vagarosamente. Naquela noite, parecia ter algo diferente, talvez sua expressão ou até mesmo o jeito como ele se mostrava diferente, agitado, desde que entrara em seu carro.
A íris azuis do rapaz estavam muito mais claras e brilhosas, o rosto com as poucas sardas que ela jurava serem seu paraíso e o sorriso encantador que ele mantinha em seus lábios, aquilo apenas davam um toque especial a todo o charme que ele evidenciava vestindo aquele terno preto.
— Por que eu estou sentindo quem tem alguma coisa por trás desse sorriso maravilhoso, huh? — perguntou, estreitando os olhos ao ouvir a risada fraca do namorado. Não pôde deixar de beijá-lo. — O que foi, ?
— Você é realmente apressadinha, linda. — deu outro selinho em seus lábios, se afastando para segurar as mãos da namorada mais uma vez. — Primeiro nós vamos dançar e depois, quem sabe, eu te conte o que planejei.
— Ah, você não vai fazer isso, ...— murmurou, manhosa. Ele apenas segurou sua cintura mais uma vez, enquanto caminhavam em direção à entrada ao salão da universidade que naquele momento, se encontrava iluminado de todas as formas possíveis, chamando a atenção de qualquer um que ali estava.
— Você não vai se arrepender.
Àquela noite, de fato, havia sido inteiramente memorável. pôde estar ao lado dos amigos, conversando e se divertindo por completo, enquanto algumas pessoas se aproximavam para parabenizá-los pelo sucesso do , já que a banda havia decolado de uma forma que eles não imaginavam. Por mais que estivessem se formando naquele final de ano, a banda já tinha sua carreira praticamente feita e tudo aquilo tinha um pouquinho de no meio, ela não podia estar mais satisfeita.
Tudo o que estava ocorrendo naquela festa, estava a deixando realizada. Sua formatura, seu sonho sendo realizado, a carreira de seu namorado e a banda crescendo ainda mais, exatamente como eles desejaram. Ela queria dizê-lo que estava tão orgulhosa, mas sabia que suas palavras seriam poucas para expressar tudo o que sentia.
Em todo aquele momento, reunida com suas amigas, assim como fazia, no momento, com os seus, conseguia notar a forma ansiosa que ele agia vez ou outra, ou até mesmo de como seus amigos o pareciam encorajar referente à alguma coisa. E aquilo só conseguia deixá-la ainda mais curiosa com tudo o que acontecia.
Quando uma música mais lenta começou a invadir todo o salão e suas luzes diminuíram gradativamente, cada casal se reencontrou no meio da pista de dança e como esperado, pôde sentir as mãos no namorado afagando sua cintura, enquanto sua cabeça descansava na curva de seu pescoço, observando a cena assim como ela.
— Você me acompanha para uma dança? — sussurrou ao pé do ouvido da garota que fechou seus olhos brevemente, sorrindo de canto.
— Com toda certeza, .
Assim, o rapaz se desvencilhou dela, andando até sua frente com o mesmo sorriso encantador de antes no rosto e estendeu um dos braços para que ela pegasse, levando-a em direção ao centro da pista. A música lenta invadia o local, fazendo com que todos os casais tivessem o momento de cada um e aquilo só fazia com que a ansiedade de invadisse seu peito ainda mais pelo que pretendia fazer.
Ele a puxou um pouco mais para perto, fazendo o corpo de ficar colado ao seu e distribuiu alguns beijos por seu rosto, começando pela testa, descendo pelo nariz e terminando em seus lábios.
A garota sorriu com sua atitude, fechando seus olhos brevemente.
— Aí está o sorriso que eu gosto de ver. — mencionou, a fazendo olhá-lo brevemente. — Você está feliz, meu amor?
— Completamente. E devo isso a você. — mordiscou os lábios, os selando ao de de forma demorada. Ele sentiu a cabeça da namorada encostar levemente em seu ombro, enquanto a outra mão que estava depositada em seu ombro, o acariciava de forma lenta.
Era exatamente aquilo que não sabia explicar, aquele sentimento, toda a euforia e emoção que ela lhe causava.
Quando o final da música começava a se evidenciar por todo o local, as luzes ainda continuavam quase tão escuras quanto àquela noite, se separou da garota, levando uma de suas mãos em direção ao queixo dela, em uma carícia delicada.
— Eu tenho algo para você essa noite. — sussurrou, se perdendo por completo nos olhos profundos e brilhantes de . Ela deixou seu olhar cair sobre o dele, arqueando uma das sobrancelhas em surpresa. — Mas preciso te levar a um lugar.
— Você sabe que assim só me deixa ainda mais curiosa. — a garota respondeu, sorrindo de canto ao vê-lo guiá-la para longe do salão.
— Essa é a intenção.
continuou a levando para longe de todas as pessoas que ali estavam, para longe da decoração e da música alta, seguindo com em direção ao enorme gramado do estádio que a faculdade tinha, o que o time universitário tanto usava para praticar. De onde os dois estavam, era possível avistar todo o céu estrelado, a luz iluminando boa parte das arquibancadas e o clima ameno que caía sobre o lugar.
não sabia descrever o que estava sentindo, não conseguia ao menos pensar direito com toda àquela vista que estava presenciando. Só de tê-la levado ali, podendo ter toda a paisagem estrelada acima de si já era um dos melhores presentes que ela poderia ter.
— , eu…
— Calma, já estamos quase lá. — ele a cortou, deixando a namorada andar um pouco mais à frente para que pudesse segurá-la pela cintura, em um abraço apertado e confortável, enquanto ainda a guiava para onde queria. a levava para perto das arquibancadas, do outro lado do estádio e quando conseguiu bater os olhos no que te esperava, pôde sentir os olhos marejarem no exato momento.
— Você sabe que não sei agir de outra forma a não ser desse jeito, meloso, romântico demais, para ser sincero. — o rapaz começou, se aproximando junto à ela de uma toalha que se estendia pelo gramado, de forma escondida dos demais e conseguiu observar as pequenas coisas espalhadas por ali. Havia uma garrafa de vinho, alguns aperitivos e uma cesta de piquenique ajeitada de forma até delicada demais, em um cantinho. — E sabe ainda mais o quanto sou apaixonado por seu jeito, suas atitudes, por você. Por completo. Cada pequeno detalhe. — soltou um suspiro fraco, caminhando lentamente para frente da namorada que continuava quieta, emocionada com tudo o que acontecia. — Você me mostrou tanta coisa boa, , me mostrou como o mundo pode ser um lugar tão formoso, tão cheio de vida. E, caramba, eu nunca achei que alguém pudesse me fazer sentir dessa forma. Eu sou um bobo apaixonado, . — fez uma pequena careta, a qual a garota achou graciosa e com isso, soltou uma risadinha fraca e um pouco embargada pelo choro preso, levando uma de suas mãos em direção ao rosto dele. — Acho que fazer isso é o mínimo para te mostrar o quanto sou feliz de ter te encontrado.
sorriu de forma tão satisfeita, se sentia tão feliz com tudo aqui. só pensou em aproximar seu rosto do dele, em beijo nostálgico, completamente cheio de emoções, e ele podia sentir tudo aquilo.
Eles continuaram ali, aproveitando cada momento juntos em uma das únicas noites que poderiam desfrutar sem se verem mais diariamente como acontecia no intervalo e no término de algumas aulas. Tudo acabaria tão rápido como começou e era exatamente por aquilo que queria eternizar cada momento com ela, mesmo sabendo que com o término da graduação, ele faria o possível para que seu namoro com durasse eternamente.
E ela queria o mesmo.
Enquanto toda aquela noite ia passando, com as estrelas pintando o céu de forma brilhante e as poucas nuvens percorrendo o azulado escuro que estampava a paisagem, sentia a respiração lenta de em seus braços, enquanto eles estavam deitados na toalha, conversando sobre o possível futuro que cada um teria, o mais esperado, claro, juntos.
Naquela posição, os dois poderiam enxergar o céu de forma nítida e aquilo fazia com que o clima entre os dois se tornasse mais confortável do que já era.
cantarolava baixinho ao pé de seu ouvido, observando a namorada sorrir lentamente.
— And you favourite song makes you wish that life would carry on… — continuou, a vendo fechar os olhos brevemente.
— Eu amo essa composição, , a letra é linda. — mencionou, virando o rosto para o namorado ao vê-lo olhar para o céu naquele momento. pôde perceber o olhar brilhante e ansioso que tinha e aquilo a fez sorrir ainda mais. Isso a fez levar uma das mãos até o peitoral do rapaz, chamando sua atenção. — Tão linda quanto seus olhos.
— E minha inspiração está exatamente aqui, nos meus braços. — beijou a testa da garota, voltando a olhá-la. tinha uma expressão tão leve, tão resplandecente e encantadora. sabia que poderia se perder naquele olhar por horas, sem nem mesmo se importar de outros afazeres, ainda mais com todo o toque que recebia de suas graciosas mãos.
— Obrigada, . Por tudo. Por me proporcionar todos esses momentos incríveis e inesquecíveis ao seu lado. — começou, sentindo sua voz embargar lentamente na medida em que o olhava e continuava. conseguia perceber e sentir tudo o que ela falava. — Eu sei que, talvez, eu não tenha sido a melhor para você em todos os instantes, ou que nosso namoro não tenha sido tão perfeito, mas… Você é tudo o que eu pedi um dia. Eu não posso pedir por algo melhor, porque… Eu já tenho, , e é você.
continuou a olhando, desta sentindo sua garganta secar brevemente pela emoção com todas as palavras da namorada e aquilo só o fez ter certeza de todos os pensamentos que passeavam por sua mente nos últimos meses. O rapaz ajeitou o corpo, de uma forma que pudesse olhá-la com mais clareza e ficou ali, por segundos com seu olhar perdido naquele olhar tão genuíno, tão verdadeiro. Observou em como os mesmos já estavam marejados como antes, em como ela o olhava com tanta paixão, tanta saudade, tanta afeição que era inexplicável a forma como ele conseguia sentir exatamente a mesma coisa, em como seu coração indiciava que era ela.
Só podia ser ela.
Ele acariciou o rosto de , retirando um dos fios que balançavam de acordo com o pouco vento que passava e olhou em seus olhos mais uma vez.
— Eu quero casar com você, . Eu quero mais que tudo. — disse de uma vez, balançando sua cabeça em afirmação. Ela pressionou os lábios. — Então… Não era como se não quisesse algo do tipo, mas ficou tão surpresa com a atitude do rapaz que a única coisa que conseguiu fazer no momento foi o olhar com curiosidade, sentindo seu rosto esquentar no exato momento em que viu abrir a cesta com os aperitivos, tirando dali uma pequena caixinha preta. Ela conseguia perceber o quão nervoso ele estava já que seus dedos tremiam levemente e achou extremamente graciosa a forma como ele estava tentando fazer tudo de forma perfeita, o que a fez começar a chorar baixinho.
O olhando ali, nervoso e agitado, exatamente por ela, teve certeza que o amava como nunca.
se virou para ela, percebendo como ela estava emocionada e levou uma das mãos em direção às bochechas da garota, limpando suas lágrimas.
— Você quer se casar comigo também?
não pensou em outra coisa a não ser jogar seus braços em direção ao corpo dele, em um abraço apertado e em um choro de emoção, o qual ela sabia que não conseguiria segurar.
— Sim, ! Eu quero, mais do que nunca, me casar com você.
E aquela havia sido a deixa para que a noite dos dois, no final daquela festa de formatura, nunca fosse esquecida, exatamente do jeito que e desejavam.
*
O salão ao ar livre estava completamente abarrotado com todos os convidados e o restante da equipe que havia os ajudado até ali. Haviam câmeras, fotógrafos, quem quer que fosse fazer daquilo uma notícia e era um dos motivos para que se irritasse, fazendo com todos saíssem dali, mas não, naquela noite, nada mais importava para ele. Ele só conseguia estar focado em uma coisa…
Ele sentia suas mãos suando, o corpo parecia anestesiado e ele não sabia no que pensar naquele momento. Procurou por conforto nos olhares dos amigos que também estavam de pé assim como ele, só que do outro lado, ou até mesmo nas amigas de que a aguardavam do lado oposto ao dos meninos. Por que tudo parecia estar demorando tanto?
Céus, ele não servia para esperar daquele jeito.
parou seu olhar ao final da entrada decorada, a poucos metros de si e ali, de forma que fosse o acalmar, respirou fundo, fechando os olhos brevemente. Foi impossível que um sorriso nostálgico não invadisse seu rosto ao se lembrar de todas as coisas que havia passado com até ali, com seus amigos, a banda e família.
Desde o pedido de casamento e mesmo sabendo que não se veriam com tanta frequência como antes, a relação dos dois havia se intensificado de uma forma inimaginável e aquilo só provou como eles haviam sido feitos um para o outro. Por mais que não estivesse tanto tempo como antes, já que a banda havia alavancado em um sucesso estrondoso, continuava ali, ao seu lado, ao lado de todos. Mesmo com todo o estresse, todas as noites viradas e com saudades de casa, nunca desistiu, assim como ela nunca havia desistido dele.
Os dois sabiam que nada seria fácil, que a relação poderia correr o risco de desabar ou se firmar de vez, como diriam alguns familiares. torcia tanto, nas vezes em que estava em turnê, para que estivesse em casa quando ele chegasse para recebê-lo com aquele abraço apertado que só ela sabia dar.
E torcia mais ainda para que ele sempre estivesse ali pelos dois, mesmo de longe, mesmo com todos os problemas causados pela distância.
A única certeza que cada um tinha naquele momento, era que havia valido a pena, mesmo cada momento doloroso.
Como havia valido a pena…
engoliu em seco, tentando segurar o nó que se formava em sua garganta quando a marcha nupcial começou a tocar, o fazendo voltar a realidade gradativamente e foi só olhar para o final daquele tapete vermelho que ele sentiu todos as emoções, antes acumuladas em seu peito, transbordarem por seus olhos no exato momento que viu caminhar em sua direção, tão linda que era inexplicável dizer.
Ele levou uma das mãos no rosto, como se aquilo o fizesse conter a vontade de chorar ainda mais, mas inevitavelmente suas lágrimas desciam por seu rosto avermelhado. não conseguiria segurar, nem se quisesse.
tentava segurar como ele, mas mesmo ao chegar ao seu lado e dizer o tão esperado sim, suas lágrimas só desciam mais ainda, como as de .
Ela sabia que era muito para suportar, já que todos os momentos junto dele invadiram sua mente, a fazendo relembrar de tudo o que passaram.
e , a partir daquele momento, eram um só.
E eles desejavam que fosse para sempre, como sempre havia sido antes.
Uma música lenta começou a ressoar pelo local, chamando a atenção dos demais que já aproveitavam a festa como de costume, bebendo e dançando entre si. sentia seu coração descompassar levemente ao ajeitar o microfone no suporte, conseguindo observar de longe, sorrindo encantada para alguém que a parabenizava. Tudo aquilo seria uma surpresa, ela ao menos sabia que ele havia terminado a composição que ela tanto gostava, então achou que aquele era o momento certo para presenteá-la.
Quando o primeiro acorde lento ressoou pelo local, a atenção de todos fora voltava para a banda e principalmente para o noivo ansioso que começava a cantarolar junto aos demais que cantavam junto a ele.
olhou para com os olhos brevemente arregalados e se aproximou, se emocionando ao ouvir a voz do noivo ressoar por todo o salão. Ela podia ver cantar com tanta emoção que era quase como se ela pudesse sentir tudo o que ele sentia naquele momento.
— There was a time when at the beginning, the night we were singing out of tune… I can remember quietly saying, “I wanna marry you, so do you wanna marry me too?"... — olhou diretamente nos olhos de , sorrindo ao terminar aquele verso e pôde ver uma lágrima escorrer pelo rosto da amada, inteiramente comovida ao perceber do que a música se tratava. Era exatamente sobre eles dois, era tudo sobre eles.
não conseguia expressar muito bem tudo o que sentia sobre ela, então, para aquela ocasião, achou que aquela seria a forma certa de fazer aquilo.
E não pôde concordar mais.
— Everybody's holding on until the night is over… And your favourite song makes you wish that life would carry on…
continuou cantando para ela, sem tirar seus olhos da mulher uma vez sequer, apenas para dedilhar sua guitarra e voltar para ver a pessoa incrível que ele teria em sua vida a partir daquele dia. Era surreal a forma com que se sentia, completamente realizado, feliz… não sabia dizer com todas as palavras.
Assim que terminou o refrão, em pequenas entonações junto à , e , ele sorriu tão satisfeito e seguiu em sua direção, ajeitando a barra do vestido ao subir em cima do pequeno palco montado no centro do salão rodeado por árvores iluminadas e as flores que o decoravam.
Ela olhou nos olhos do rapaz, levando uma das mãos em seu rosto, fazendo assim com que ele depositasse um pequeno beijo na ponta de seu nariz.
— Eu amo você, , como nunca amei alguém. — murmurou, mas alto o suficiente para que todos ouvissem e começassem uma louvação de tons amorosos por todo o lugar.
continuou o olhando, deixando um sorriso encantador transparecer em seus lábios e encostou o rosto no dele, fechando os olhos brevemente.
— Eu também amo você, . Exatamente como nunca amei alguém.
E assim, selaram os lábios, fazendo com que todos os convidados aplaudissem e gritassem completamente animados e emocionados com a cena que haviam presenciado, deixando evidente que aquela noite estava apenas começando para eles. Exatamente como o início de uma nova vida para e .
O havia decolado em uma carreira inimaginável, com tours em países que eles nunca haviam pensado em fazer show algum dia e todo aquele tempo fora de casa, longe de sua família e de , fez com que a lua de mel dos dois tivesse que ser adiada e todos os planos tivessem que ser alterados.
Claro que aquilo não os deixou tão chateados, já que queriam, como qualquer outro casal, aproveitar toda aquela emoção de recém casados para curtirem uma viagem romântica juntos para qualquer que fosse o lugar, mas entenderam perfeitamente que haviam algumas prioridades e sabia bem que, no momento, precisava de seu apoio mais do que tudo.
Depois de alguns meses com toda essa pequena turbulência no caminho, terminava de arrumar sua bolsa de mão enquanto ajeitava o enorme chapéu em sua cabeça, tomando cuidado para não pegar muito sol, mesmo querendo muito naquela praia. tinha o rosto um pouco esbranquiçado por conta do protetor e a mulher gargalhou com a cena, do seu marido exatamente como uma criança.
— Acho que você precisa espalhar isso um pouquinho mais… — comentou, se aproximando do rapaz enquanto com uma das mãos, terminava de acariciar seu rosto, fazendo assim com que o protetor se espalhasse minimamente. — Agora está perfeito.
— Só vai ficar perfeito quando eu ganhar um beijo. — fez um biquinho, abraçando a esposa pela cintura, fazendo assim com que ela se aproximasse um pouco mais. sorriu abertamente, deixando um beijo demorado em seus lábios. — Nem acredito que realmente tiramos nosso tempo. Desculpe por isso, amor.
Ela fez uma pequena careta, franzindo o cenho em seguida.
— Nada de desculpas, já conversamos sobre isso. — colocou o indicador na ponta do nariz de e se afastou vagarosamente, o olhando por mais algum tempo. tinha amadurecido, mesmo em pouco tempo e aquilo o havia dado um ar inteiramente sensual, muito mais do que ele já tinha. só conseguiu sorrir com seus pensamentos.
— Que sorrisinho é esse? Eu conheço bem. — perguntou, puxando a mulher para a beirada da cama assim que ele se sentou nela. ficou com seu corpo entre as pernas do rapaz, o que o fez ficar com o rosto um pouco mais baixo, mas ainda a olhando nos olhos. sempre soube que aquela íris castanha o tiraria do eixo algum dia, só não imaginava que com tanta intensidade como aquela. era tudo para ele, além de esposa, companheira e melhor amiga. E ele realmente não poderia pedir por mais. — Eu amo você, .
deixou seu olhar pousar sobre o de de forma serena, completamente inundada nos azuis dos olhos do marido. Naquele momento, olhando em seus olhos, percebendo que aquele amor era tão grandioso a ponto de não ser explicado em palavras, levou seus lábios em direção aos dele, em um beijo calmo, completamente imerso em tranquilidade.
Quando se afastou, continuou com suas mãos no rosto do rapaz, desta vez com um sorriso contido no canto de seus lábios.
— Nós também te amamos, .
continuou com o olhar no rosto da esposa, tentando digerir o que ela havia acabado de lhe falar, palavra por palavra, letra por letra. Ele pôde sentir seu coração apertar levemente, não como algo ruim, mas como uma felicidade que não caberia no mesmo e piscou algumas vezes, como se aquilo o fizesse entender mais rápido. pressionou seus lábios, segurando o choro fraco que viria à tona observando a expressão do marido. Pela primeira vez, depois da cerimônia do casamento, ela viu se emocionar daquele jeito. Com seus olhos completamente imersos em lágrimas, sem conseguir se conter.
afagou seus braços ao redor da cintura da esposa mais uma vez, desta em um abraço apertado, quase nostálgico e se permitiu chorar baixinho ali, com o rosto encostado à sua barriga, sentindo toda a emoção que poderia ao saber que ele e estavam carregando um fruto do amor que sentiam.
E aquele sim, era o mais puro amor que poderiam sentir.
Ele transparecia um sorriso aberto em seus lábios, demonstrando toda a agitação e emoção que sentia dentro de si por ser o primeiro show que sua banda iria conseguir dar até o final daquele ano, para concluir mais um período e para ele, um dos últimos para terminar sua graduação. O rapaz cursava Música em uma das faculdades renomadas de Bolton e não faltava muito para que ele terminasse, podendo assim focar em sua carreira que ele tinha certeza que decolaria algum dia.
Não só ele, como , e também tinham a mesma certeza.
Continuaram espalhando alguns ingressos entre as pessoas, parando por alguns grupos de amigos e recebendo alguns incentivos dos mesmos também, e isso só fazia com que a motivação de cada um ali crescesse um pouco mais dentro do peito.
Não havia sensação melhor.
Quando se virou, pronto para deixar mais um maço de ingressos com outros universitários, sentiu seu corpo trombar levemente com alguém e isso o fez começar a se desculpar rapidamente, levando suas mãos em direção à pessoa que quase caíra.
— Eu sinto muito, me desculpe. — continuou, a deixando ereta por completo e com isso ergueu seu olhar em direção ao da garota que se ajeitava rapidamente. — Eu te machuquei?
— Não! Não mesmo, foi só um pequeno esbarro. — soltou uma risadinha fraca e por último, levou as mãos nos cabelos, os alinhando.
deixou seu olhar pousado sobre o dela por um tempo considerável e deixou um pequeno sorriso tomar conta de seus lábios pela forma como ela tinha correspondido. O rapaz nunca a tinha visto no campus, não que tivesse notado alguma vez, mas uma beleza como a dela não passaria despercebida tão facilmente assim.
— Isso é bom. Eu estou entregando alguns ingressos e acabei ficando um pouco desnorteado, mas… Você… Hm, por acaso você curte pop rock? — perguntou, um tanto sem graça e levou uma das mãos em direção à nuca, a coçando levemente. A garota o olhou brevemente e balançou a cabeça em afirmação, achando graça na forma como ele estava reagindo e se lembrou vagamente que ele provavelmente faria parte da banda que havia acabado de começar e que seus amigos tanto falavam.
— E se você não gostar, talvez possa entregar a alguns amigos? Nós estamos começando agora e vai ser a primeira vez que vamos tocar para um público maior…
— Eu gosto, sim. Seria incrível vê-los tocar. — esticou uma das mãos, em direção aos ingressos que ele segurava e os pegou, encarando o bilhete por alguns instantes. Pôde notar o pequeno pedaço de papel simples e minimalista, deixando evidente o nome do grupo. — ? Eu já ouvi falar por aqui…
— Mesmo? Por acaso… Coisas boas a nosso respeito?
Ela deixou uma risada escapar pela curiosidade nítida do rapaz e com isso, deixou os olhos bem fechadinhos ainda sorrindo para ele. , naquele instante, sentiu como se pudesse se perder naqueles olhos castanhos por um bom tempo sem se enjoar e teve plena certeza de que a risada nasalada dela soava quase como uma melodia para si naquele instante.
Por um momento, se achou um pouco bobo por pensar assim.
— Sim, coisas muito boas. — afirmou, inclinando a cabeça levemente para o lado, o observando um pouco mais. — Mas acho que para pelo menos eu ir à seu show, devo saber seu nome, não?
piscou algumas vezes, sentindo seu rosto queimar levemente pela forma em como ela o olhava e aquilo só conseguiu aquecer ainda mais o seu coração. O que era toda aquela sensação?
Ele sorriu de canto, deixando os olhos pousados no dela.
— Pode me chamar de . — estendeu uma das mãos, a que estava livre em direção à ela e a garota a segurou, chacoalhando levemente. — E você, como se chama?
— Sou , mas você pode me chamar apenas de . — sorriu de canto, voltando a encarar a outra mão do garoto que agora estava abaixada, ainda com um maço um pouco grosso de ingressos. Ela fez um pequeno biquinho e voltou a olhá-lo. — Bom, , parece que você tem alguns ingressos… Por acaso, aceita uma ajudinha?
Ele soltou um pigarro baixo, levantando a mão levemente, podendo ver todo o trabalho que ainda teria até que não sobrasse mais nenhum. Com isso, voltou a olhá-la.
— Eu não quero te atrapalhar… Você deve ter outras coisas para fazer e acho que já fui inconveniente demais em esbarrar em você. — soltou uma risadinha fraca, voltando a coçar a nuca.
— Não vai me atrapalhar. Pense como a ajuda de um amigo. — deu uma piscadela, o que o deixou um pouco mais vermelho que antes. A única coisa que ele conseguia pensar era o quão encantadora ela estava sendo. — E aí, posso te ajudar a acabar mais rápido. O que me diz?
soltou um suspiro leve, não só pelo cansaço, mas por estar grato mentalmente pela ajuda que ela havia oferecido naquela noite. De força rápida passou seus olhos azuis por todo o campus, podendo avistar rapidamente alguns de seus amigos distribuindo os ingressos como se não houvesse amanhã e voltou a olhá-la, observando o rosto angelical de o olhando de forma esperançosa e animada. Ela tinha aquele belíssimo sorriso contido, o qual fez com que o coração de palpitasse um pouco mais rápido.
— Acho que podemos começar, então. — sorriu abertamente, a vendo juntar as próprias mãos em animação e assim, separou alguns ingressos para entregá-la. os pegou, contando e mordiscou os lábios, olhando toda a extensão do campus ao redor deles, planejando uma forma com que fosse ajudar seu mais novo amigo e para que acabassem o mais rápido possível.
sentiu todo o cansaço se esvair minimamente de seu corpo e quando se deu conta, já estava sendo contagiado pela risada gostosa de e todo o seu entusiasmo perceptível.
Naquele momento, olhando a garota entregando os ingressos de sua banda, tão eufórica entre o restante dos alunos, bem no fundo da mente de , o rapaz cogitou que talvez ela fosse alguém que valesse a pena conhecer melhor.
Será que aquele poderia ser o início de uma amizade?
Time to decide who you're going home with
(É hora de decidir com quem você vai para casa)
The friend that you came with, or will you go home with somebody new?
O amigo com quem você veio, ou você vai para casa com alguém novo?)
O barulho dos últimos acordes inundou o pequeno palco improvisado dentro do galpão que a banda havia conseguido gratuitamente para que se divulgassem e as vozes agitadas, misturadas com os gritos e o alvoroço empolgado dos universitários e até mesmo os de fora que foram acompanhados, deixavam com o coração acelerado de uma forma que nem sabia explicar. Ele não conseguia tirar o sorriso aberto de seus lábios, nem mesmo conseguia ficar um tempo quieto por ver o quanto todas aquelas pessoas que ali estavam, haviam gostado do show que tinham dado naquela noite.
Assim como ele, a empolgação era evidente no rosto de cada um que estava próximo deles e ver a expressão de gratidão estampada em seus amigos não tinha preço, nem mesmo explicação.
retirou a guitarra que permanecia apoiada em seu corpo, passando a alça preta do instrumento ao redor de seu corpo, pronto para depositá-la no lugar devidamente. Caminhou rapidamente em direção ao suporte, a deixando ali por algum tempo até que pudesse guardá-la de forma apropriada em sua case.
Quando depositou o instrumento ali e se virou, pôde observar algumas pessoas novas entre seu grupo de amigos e assim que se aproximou, percebeu o quanto estavam os agradecendo pela noite.
— Vocês foram incríveis! Já tem alguma data marcada para o próximo show? — uma das garotas que estavam com alguns amigos dizia, animada. sorriu.
— Ah, não! Nossa! Para ser sincero, não esperávamos por essa receptividade tão grande. — levantou as mãos, indicando o grupo de amigos e sorriu de forma sincera, tentando demonstrar todo o seu agradecimento. — Eu fico muito grato por todos vocês terem vindo e podem ter certeza que logo teremos uma próxima apresentação.
— E coloca certeza nisso. — aquela era a voz de , que se aproximou apoiando seus braços nos ombros de e . Os demais riram da cena.
— Eu só consigo concordar com tudo o que o disse. Vamos fazer o possível para que tenha outro show o mais rápido possível. — balançou a cabeça, concordando e colocou uma das mãos no bolso da calça jeans. — E isso tudo é graça a vocês.
E em meio a agradecimentos e elogios, os quatro continuaram ali por um bom tempo, sendo levados pela emoção que ainda emanava pela noite mesmo após a apresentação ter terminado e pela agitação de todos que ainda continuavam ali com eles. O lugar ainda permanecia cheio, mesmo algumas pessoas tendo indo embora e da mesma forma que tentava se concentrar na conversa que mantinham naquela pequena rodinha, seus olhos claros vagavam pelo recinto à procura apenas de uma pessoa.
Ele não tinha conseguido avistar a silhueta de enquanto estava no palco performando, nem mesmo quando fizeram os agradecimentos finais se despedindo. Achou um pouco preocupante não ter a visto por ali, já que desde o esbarro no campus eles mantiveram um contato incessante e aquilo só os aproximou ainda mais, a ponto de perguntar de forma despreocupada se ela apareceria em seu show.
E tinha confirmado.
Quando virou o rosto para procurá-la mais uma vez, pôde sentir um toque morno em seus ombros, os dedos delicados percorreram por suas costas e desceu seu olhar, podendo ver o rosto gracioso de , com uma expressão encantadora o olhando como se esperasse por alguma reação.
— Você veio. — o rapaz murmurou mais para si, do que para ela.
— Eu não perderia o show por nada. Eu te falei. — disse, fazendo uma pequena careta ao cruzar os braços, mas não demorou muito para que os desvencilhasse um do outro e jogasse em cima dos ombros largos de , o pegando de surpresa. O rapaz só conseguiu ouvir a risadinha da garota no pé de seu ouvido, o fazendo se arrepiar por completo. — E você foi incrível, esplêndido, maravilhoso naquele palco, ! Caramba! Eu não sei nem descrever.
— Eu agradeço a todos os elogios, de verdade. — deixou uma risada fraca escapar com a agitação da garota. Ela balançou a cabeça ao separar seu corpo do dele. — Mas não te achei no meio da multidão.
Ela arqueou uma das sobrancelhas e se não fosse impressão do rapaz, podia jurar que suas bochechas tomaram um mais avermelhado pela sua fala. Aquilo o deixou curioso.
— Desculpe. Eu acabei me atrasando um pouco. — murmurou de forma baixa, quase como se ele não pudesse ouvir. — Acabei pegando carona com um amigo e pelo visto, só consegui pegar do meio do show até o final. Eu sinto muito, .
— Ei, relaxa. Você vai ter outra oportunidade para me ver tocar. — comentou, tentando tirar uma risadinha dela. A risada que ele tanto gostava e assim, pôde ouvi-la. — Como eu estava lá em cima? Preciso dizer que meus dedos pareciam congelados de tão nervoso.
levantou suas mãos, como se demonstrasse o que acontecia anteriormente e ela riu mais uma vez, segurando as mãos do rapaz que olhou de seus dedos para os dela, observando o toque leve que ela o proporcionava.
Seu coração palpitou um pouco rápido demais, atípico.
soltou um suspiro leve e deixou que suas mãos se entrelaçassem por um pouco mais de tempo, tentando fazê-la perceber o quanto aquilo estava bom.
Não notou quando a conversa entre os dois fluiu de uma forma inesperada, enquanto brincavam com os dedos um do outro e podia saborear sem pressa como a risada dela o fazia ir para outra dimensão. O que estava lhe causando, afinal? Todo aquele misto de sentimentos e a sensação de que poderia lhe levar nas nuvens se quisesse era novo demais e sentia como se seu coração fosse saltar do peito.
— E mais uma vez, , você foi admirável lá em cima. Não faz ideia de como fiquei encantada vendo você se soltar daquela forma! — bateu palminhas ao soltar sua mão da do rapaz e ele involuntariamente quase levou as suas em direção às dela novamente, só para continuar sentindo o toque da garota.
— Ah, … Você me deu muita força. Não só a mim, mas aos meninos também. — olhou rapidamente para seus amigos que conversavam animados, pouco distante dos dois e voltou a olhá-la, podendo perceber que ela tinha seus olhos brilhando naquele momento. — E eu estava pensando, se você quiser…
— Ei, ! — a voz de foi cortada por outra animada, um pouco mais rouca que a dela e assim que ergueu seu olhar, pôde olhar um rapaz se aproximar da garota, ficando a seu lado. Ele sorria como se fosse uma preciosidade e aquilo fez o coração de bater um pouco mais rápido.
— Jake. — disse, tentando demonstrar a mesma animação que ele. — Esse é o , guitarrista da banda e meu amigo.
Disse, virando o rosto de Jake para que já tinha a expressão um pouco séria naquele momento. Claro que ele não queria parecer tão rude àquele ponto, mas se sentia curioso para saber quem era aquele cara.
Os dois se cumprimentaram.
— Desculpa por atrapalhar a conversa de vocês, mas eu estou indo agora, . Vamos? — o rapaz perguntou, colocando uma das mãos no ombro da garota que sorriu de canto, o olhando por alguns segundos. Rapidamente olhou para , como se tentasse encontrar a resposta certa para aquele momento. — Vou deixar vocês se despedirem.
E com isso, o rapaz se retirou, deixando com seu olhar sobre mais uma vez.
— Hm, ele… Você veio com ele? — perguntou, tentando não soar tão direto. Ela afirmou lentamente.
— Eu vim de carona, o restante das meninas já estavam aqui e como eu saí tarde do trabalho… — respondeu, cruzando os dedos de suas mãos, desviando seu olhar do de . Ele achou graça na expressão da garota, como se estivesse sem jeito de falar aquilo.
balançou sua cabeça, concordando com ela e mordiscou os lábios, repassando a pergunta que queria fazer a ela anteriormente. Ele olhou de Jake, que estava um pouco mais atrás dos dois e voltou a olhá-la, se sentindo um pouco mais nervoso naquele momento.
— Você quer sair para comer alguma coisa? Tipo, agora? — disse rapidamente, quase atrapalhando a frase por completo e a viu franzir o cenho, deixando um sorriso escapar segundos depois. sentiu o coração aliviar ao vê-la balançar a cabeça arduamente. — E aí, bom… Você pode decidir com quem vai para casa. Com o amigo que você veio ou com alguém novo.
E com isso, arqueou uma das sobrancelhas, com um sorrisinho bobo no canto dos lábios ao ver a expressão de surpresa de com sua afirmação e ela achou a feição do rapaz completamente encantadora, como se estivesse inseguro de sua resposta. O rapaz tinha seus olhos azuis claros pela luz do local brilhando de uma forma inexplicável e suas bochechas em tons mais rosados, denunciando o quão envergonhado ele estava.
Ela não poderia recusar aquele pedido, nem se quisesse já que sentiu seu coração derreter lentamente. Até porque, o que ela mais queria nas últimas semanas, era passar um pouco mais de tempo ao lado de .
Com um aceno rápido, olhando para trás, em despedida para Jake, ela voltou a olhá-lo, sorrindo de forma inteiramente satisfeita ao indiciar que estava pronta para sair com e como se ele não pudesse esperar mais, se despediu de seus amigos, segurando uma das mãos da garota, sem esperar muito para que fossem em direção à saída do lugar.
There was a time when at the beginning
(Houve um tempo em que no começo)
The night we were singing out of tune
(A noite em que estávamos cantando desafinadas)
I can remember quietly saying
(Eu me lembro de ter dito baixinho)
"I wanna marry you, so do you wanna marry me too?"
("Eu quero me casar com você, então você quer se casar comigo também?")
Desde a última vez que o casal de amigos saíram juntos, quando o primeiro show da banda deixou a maioria do campus completamente extasiada a ponto de saírem divulgando a banda de todas as formas que podiam, eles não se desgrudaram mais, nem por um momento. Claro que toda aquela troca de olhares, as mãos dadas e os pequenos gestos de carinho um com o outro era evidente demais para não ser notado, e que em algum momento, eles tinham plena certeza que ainda ficariam juntos.
já podia sentir seu coração ser tomado pela graciosidade que lhe demonstrava e por todas as suas pequenas atitudes que faziam com que o rapaz sentisse toda aquela sensação de estar apaixonado, como nunca havia estado antes.
Com não era diferente, se não intenso da mesma forma que ele sentia. Ela se pegava pensando, nos dias em que não o via, em como queria poder estar perto do seu amado e de como ela não fazia ideia de que alguém poderia lhe deixar daquela forma, inteiramente anestesiada e com as melhores sensações dentro de si.
Tudo aquilo era surreal demais, tão novo e tão absurdo, para os dois.
E a única coisa que eles queriam, era que tudo se intensificasse um pouco mais, de forma com que eles pudessem demonstrar o amor que sentiam o mais evidente possível para ambos.
Quando olhou descer por completo de seu carro, não que ele já não estivesse deslumbrado antes, foi como se todo seu coração tivesse explodido em sentimentos bons e maravilhosos. Não soube explicar com todas as palavras o que ela lhe fazia sentir, mas tinha certeza de que era um dos melhores sentimentos que poderia sentir algum dia. Olhá-la tão linda, magnífica, com o vestido escuro da formatura, deixando sua beleza contrastar ainda mais com os detalhes que ele tinha era demais para ele aguentar.
Sabia que naquele momento, ele conseguia transparecer exatamente o típico bobo apaixonado, mas aquilo não importava, nem um pouco.
Ele queria olhá-la tantas vezes que pudesse, de todas as formas, todos os jeitos e voltar a repetir o quão belíssima ela estava naquela noite.
— Eu não tenho nem palavras. — murmurou, ao se aproximar dela, segurando suas mãos e afastando seu corpo para olhá-la melhor. soltou uma risadinha sem graça, achando encantadora a forma como o namorado lhe tratava.
— Você já me viu arrumada assim antes, .
— E você continua incrível, como todas as vezes. — se aproximou, levando suas mãos em direção à cintura da mulher e com isso, aproximou seu rosto para lhe beijar a testa. — Como pude ser tão sortudo desse jeito?
— Falando assim você me deixa completamente sem graça, meu amor. — deixou seus braços percorrerem o pescoço do rapaz e deixou seus olhos pousarem no rosto do mesmo, observando-o vagarosamente. Naquela noite, parecia ter algo diferente, talvez sua expressão ou até mesmo o jeito como ele se mostrava diferente, agitado, desde que entrara em seu carro.
A íris azuis do rapaz estavam muito mais claras e brilhosas, o rosto com as poucas sardas que ela jurava serem seu paraíso e o sorriso encantador que ele mantinha em seus lábios, aquilo apenas davam um toque especial a todo o charme que ele evidenciava vestindo aquele terno preto.
— Por que eu estou sentindo quem tem alguma coisa por trás desse sorriso maravilhoso, huh? — perguntou, estreitando os olhos ao ouvir a risada fraca do namorado. Não pôde deixar de beijá-lo. — O que foi, ?
— Você é realmente apressadinha, linda. — deu outro selinho em seus lábios, se afastando para segurar as mãos da namorada mais uma vez. — Primeiro nós vamos dançar e depois, quem sabe, eu te conte o que planejei.
— Ah, você não vai fazer isso, ...— murmurou, manhosa. Ele apenas segurou sua cintura mais uma vez, enquanto caminhavam em direção à entrada ao salão da universidade que naquele momento, se encontrava iluminado de todas as formas possíveis, chamando a atenção de qualquer um que ali estava.
— Você não vai se arrepender.
Àquela noite, de fato, havia sido inteiramente memorável. pôde estar ao lado dos amigos, conversando e se divertindo por completo, enquanto algumas pessoas se aproximavam para parabenizá-los pelo sucesso do , já que a banda havia decolado de uma forma que eles não imaginavam. Por mais que estivessem se formando naquele final de ano, a banda já tinha sua carreira praticamente feita e tudo aquilo tinha um pouquinho de no meio, ela não podia estar mais satisfeita.
Tudo o que estava ocorrendo naquela festa, estava a deixando realizada. Sua formatura, seu sonho sendo realizado, a carreira de seu namorado e a banda crescendo ainda mais, exatamente como eles desejaram. Ela queria dizê-lo que estava tão orgulhosa, mas sabia que suas palavras seriam poucas para expressar tudo o que sentia.
Em todo aquele momento, reunida com suas amigas, assim como fazia, no momento, com os seus, conseguia notar a forma ansiosa que ele agia vez ou outra, ou até mesmo de como seus amigos o pareciam encorajar referente à alguma coisa. E aquilo só conseguia deixá-la ainda mais curiosa com tudo o que acontecia.
Quando uma música mais lenta começou a invadir todo o salão e suas luzes diminuíram gradativamente, cada casal se reencontrou no meio da pista de dança e como esperado, pôde sentir as mãos no namorado afagando sua cintura, enquanto sua cabeça descansava na curva de seu pescoço, observando a cena assim como ela.
— Você me acompanha para uma dança? — sussurrou ao pé do ouvido da garota que fechou seus olhos brevemente, sorrindo de canto.
— Com toda certeza, .
Assim, o rapaz se desvencilhou dela, andando até sua frente com o mesmo sorriso encantador de antes no rosto e estendeu um dos braços para que ela pegasse, levando-a em direção ao centro da pista. A música lenta invadia o local, fazendo com que todos os casais tivessem o momento de cada um e aquilo só fazia com que a ansiedade de invadisse seu peito ainda mais pelo que pretendia fazer.
Ele a puxou um pouco mais para perto, fazendo o corpo de ficar colado ao seu e distribuiu alguns beijos por seu rosto, começando pela testa, descendo pelo nariz e terminando em seus lábios.
A garota sorriu com sua atitude, fechando seus olhos brevemente.
— Aí está o sorriso que eu gosto de ver. — mencionou, a fazendo olhá-lo brevemente. — Você está feliz, meu amor?
— Completamente. E devo isso a você. — mordiscou os lábios, os selando ao de de forma demorada. Ele sentiu a cabeça da namorada encostar levemente em seu ombro, enquanto a outra mão que estava depositada em seu ombro, o acariciava de forma lenta.
Era exatamente aquilo que não sabia explicar, aquele sentimento, toda a euforia e emoção que ela lhe causava.
Quando o final da música começava a se evidenciar por todo o local, as luzes ainda continuavam quase tão escuras quanto àquela noite, se separou da garota, levando uma de suas mãos em direção ao queixo dela, em uma carícia delicada.
— Eu tenho algo para você essa noite. — sussurrou, se perdendo por completo nos olhos profundos e brilhantes de . Ela deixou seu olhar cair sobre o dele, arqueando uma das sobrancelhas em surpresa. — Mas preciso te levar a um lugar.
— Você sabe que assim só me deixa ainda mais curiosa. — a garota respondeu, sorrindo de canto ao vê-lo guiá-la para longe do salão.
— Essa é a intenção.
continuou a levando para longe de todas as pessoas que ali estavam, para longe da decoração e da música alta, seguindo com em direção ao enorme gramado do estádio que a faculdade tinha, o que o time universitário tanto usava para praticar. De onde os dois estavam, era possível avistar todo o céu estrelado, a luz iluminando boa parte das arquibancadas e o clima ameno que caía sobre o lugar.
não sabia descrever o que estava sentindo, não conseguia ao menos pensar direito com toda àquela vista que estava presenciando. Só de tê-la levado ali, podendo ter toda a paisagem estrelada acima de si já era um dos melhores presentes que ela poderia ter.
— , eu…
— Calma, já estamos quase lá. — ele a cortou, deixando a namorada andar um pouco mais à frente para que pudesse segurá-la pela cintura, em um abraço apertado e confortável, enquanto ainda a guiava para onde queria. a levava para perto das arquibancadas, do outro lado do estádio e quando conseguiu bater os olhos no que te esperava, pôde sentir os olhos marejarem no exato momento.
— Você sabe que não sei agir de outra forma a não ser desse jeito, meloso, romântico demais, para ser sincero. — o rapaz começou, se aproximando junto à ela de uma toalha que se estendia pelo gramado, de forma escondida dos demais e conseguiu observar as pequenas coisas espalhadas por ali. Havia uma garrafa de vinho, alguns aperitivos e uma cesta de piquenique ajeitada de forma até delicada demais, em um cantinho. — E sabe ainda mais o quanto sou apaixonado por seu jeito, suas atitudes, por você. Por completo. Cada pequeno detalhe. — soltou um suspiro fraco, caminhando lentamente para frente da namorada que continuava quieta, emocionada com tudo o que acontecia. — Você me mostrou tanta coisa boa, , me mostrou como o mundo pode ser um lugar tão formoso, tão cheio de vida. E, caramba, eu nunca achei que alguém pudesse me fazer sentir dessa forma. Eu sou um bobo apaixonado, . — fez uma pequena careta, a qual a garota achou graciosa e com isso, soltou uma risadinha fraca e um pouco embargada pelo choro preso, levando uma de suas mãos em direção ao rosto dele. — Acho que fazer isso é o mínimo para te mostrar o quanto sou feliz de ter te encontrado.
sorriu de forma tão satisfeita, se sentia tão feliz com tudo aqui. só pensou em aproximar seu rosto do dele, em beijo nostálgico, completamente cheio de emoções, e ele podia sentir tudo aquilo.
Eles continuaram ali, aproveitando cada momento juntos em uma das únicas noites que poderiam desfrutar sem se verem mais diariamente como acontecia no intervalo e no término de algumas aulas. Tudo acabaria tão rápido como começou e era exatamente por aquilo que queria eternizar cada momento com ela, mesmo sabendo que com o término da graduação, ele faria o possível para que seu namoro com durasse eternamente.
E ela queria o mesmo.
Enquanto toda aquela noite ia passando, com as estrelas pintando o céu de forma brilhante e as poucas nuvens percorrendo o azulado escuro que estampava a paisagem, sentia a respiração lenta de em seus braços, enquanto eles estavam deitados na toalha, conversando sobre o possível futuro que cada um teria, o mais esperado, claro, juntos.
Naquela posição, os dois poderiam enxergar o céu de forma nítida e aquilo fazia com que o clima entre os dois se tornasse mais confortável do que já era.
cantarolava baixinho ao pé de seu ouvido, observando a namorada sorrir lentamente.
— And you favourite song makes you wish that life would carry on… — continuou, a vendo fechar os olhos brevemente.
— Eu amo essa composição, , a letra é linda. — mencionou, virando o rosto para o namorado ao vê-lo olhar para o céu naquele momento. pôde perceber o olhar brilhante e ansioso que tinha e aquilo a fez sorrir ainda mais. Isso a fez levar uma das mãos até o peitoral do rapaz, chamando sua atenção. — Tão linda quanto seus olhos.
— E minha inspiração está exatamente aqui, nos meus braços. — beijou a testa da garota, voltando a olhá-la. tinha uma expressão tão leve, tão resplandecente e encantadora. sabia que poderia se perder naquele olhar por horas, sem nem mesmo se importar de outros afazeres, ainda mais com todo o toque que recebia de suas graciosas mãos.
— Obrigada, . Por tudo. Por me proporcionar todos esses momentos incríveis e inesquecíveis ao seu lado. — começou, sentindo sua voz embargar lentamente na medida em que o olhava e continuava. conseguia perceber e sentir tudo o que ela falava. — Eu sei que, talvez, eu não tenha sido a melhor para você em todos os instantes, ou que nosso namoro não tenha sido tão perfeito, mas… Você é tudo o que eu pedi um dia. Eu não posso pedir por algo melhor, porque… Eu já tenho, , e é você.
continuou a olhando, desta sentindo sua garganta secar brevemente pela emoção com todas as palavras da namorada e aquilo só o fez ter certeza de todos os pensamentos que passeavam por sua mente nos últimos meses. O rapaz ajeitou o corpo, de uma forma que pudesse olhá-la com mais clareza e ficou ali, por segundos com seu olhar perdido naquele olhar tão genuíno, tão verdadeiro. Observou em como os mesmos já estavam marejados como antes, em como ela o olhava com tanta paixão, tanta saudade, tanta afeição que era inexplicável a forma como ele conseguia sentir exatamente a mesma coisa, em como seu coração indiciava que era ela.
Só podia ser ela.
Ele acariciou o rosto de , retirando um dos fios que balançavam de acordo com o pouco vento que passava e olhou em seus olhos mais uma vez.
— Eu quero casar com você, . Eu quero mais que tudo. — disse de uma vez, balançando sua cabeça em afirmação. Ela pressionou os lábios. — Então… Não era como se não quisesse algo do tipo, mas ficou tão surpresa com a atitude do rapaz que a única coisa que conseguiu fazer no momento foi o olhar com curiosidade, sentindo seu rosto esquentar no exato momento em que viu abrir a cesta com os aperitivos, tirando dali uma pequena caixinha preta. Ela conseguia perceber o quão nervoso ele estava já que seus dedos tremiam levemente e achou extremamente graciosa a forma como ele estava tentando fazer tudo de forma perfeita, o que a fez começar a chorar baixinho.
O olhando ali, nervoso e agitado, exatamente por ela, teve certeza que o amava como nunca.
se virou para ela, percebendo como ela estava emocionada e levou uma das mãos em direção às bochechas da garota, limpando suas lágrimas.
— Você quer se casar comigo também?
não pensou em outra coisa a não ser jogar seus braços em direção ao corpo dele, em um abraço apertado e em um choro de emoção, o qual ela sabia que não conseguiria segurar.
— Sim, ! Eu quero, mais do que nunca, me casar com você.
E aquela havia sido a deixa para que a noite dos dois, no final daquela festa de formatura, nunca fosse esquecida, exatamente do jeito que e desejavam.
Everybody's holding on until the night is over
(Todo mundo está segurando até a noite acabar)
And your favourite song
(E sua música favorita)
Makes you wish that life would carry on
(Faz você desejar que a vida continue)
O salão ao ar livre estava completamente abarrotado com todos os convidados e o restante da equipe que havia os ajudado até ali. Haviam câmeras, fotógrafos, quem quer que fosse fazer daquilo uma notícia e era um dos motivos para que se irritasse, fazendo com todos saíssem dali, mas não, naquela noite, nada mais importava para ele. Ele só conseguia estar focado em uma coisa…
Ele sentia suas mãos suando, o corpo parecia anestesiado e ele não sabia no que pensar naquele momento. Procurou por conforto nos olhares dos amigos que também estavam de pé assim como ele, só que do outro lado, ou até mesmo nas amigas de que a aguardavam do lado oposto ao dos meninos. Por que tudo parecia estar demorando tanto?
Céus, ele não servia para esperar daquele jeito.
parou seu olhar ao final da entrada decorada, a poucos metros de si e ali, de forma que fosse o acalmar, respirou fundo, fechando os olhos brevemente. Foi impossível que um sorriso nostálgico não invadisse seu rosto ao se lembrar de todas as coisas que havia passado com até ali, com seus amigos, a banda e família.
Desde o pedido de casamento e mesmo sabendo que não se veriam com tanta frequência como antes, a relação dos dois havia se intensificado de uma forma inimaginável e aquilo só provou como eles haviam sido feitos um para o outro. Por mais que não estivesse tanto tempo como antes, já que a banda havia alavancado em um sucesso estrondoso, continuava ali, ao seu lado, ao lado de todos. Mesmo com todo o estresse, todas as noites viradas e com saudades de casa, nunca desistiu, assim como ela nunca havia desistido dele.
Os dois sabiam que nada seria fácil, que a relação poderia correr o risco de desabar ou se firmar de vez, como diriam alguns familiares. torcia tanto, nas vezes em que estava em turnê, para que estivesse em casa quando ele chegasse para recebê-lo com aquele abraço apertado que só ela sabia dar.
E torcia mais ainda para que ele sempre estivesse ali pelos dois, mesmo de longe, mesmo com todos os problemas causados pela distância.
A única certeza que cada um tinha naquele momento, era que havia valido a pena, mesmo cada momento doloroso.
Como havia valido a pena…
engoliu em seco, tentando segurar o nó que se formava em sua garganta quando a marcha nupcial começou a tocar, o fazendo voltar a realidade gradativamente e foi só olhar para o final daquele tapete vermelho que ele sentiu todos as emoções, antes acumuladas em seu peito, transbordarem por seus olhos no exato momento que viu caminhar em sua direção, tão linda que era inexplicável dizer.
Ele levou uma das mãos no rosto, como se aquilo o fizesse conter a vontade de chorar ainda mais, mas inevitavelmente suas lágrimas desciam por seu rosto avermelhado. não conseguiria segurar, nem se quisesse.
tentava segurar como ele, mas mesmo ao chegar ao seu lado e dizer o tão esperado sim, suas lágrimas só desciam mais ainda, como as de .
Ela sabia que era muito para suportar, já que todos os momentos junto dele invadiram sua mente, a fazendo relembrar de tudo o que passaram.
e , a partir daquele momento, eram um só.
E eles desejavam que fosse para sempre, como sempre havia sido antes.
Uma música lenta começou a ressoar pelo local, chamando a atenção dos demais que já aproveitavam a festa como de costume, bebendo e dançando entre si. sentia seu coração descompassar levemente ao ajeitar o microfone no suporte, conseguindo observar de longe, sorrindo encantada para alguém que a parabenizava. Tudo aquilo seria uma surpresa, ela ao menos sabia que ele havia terminado a composição que ela tanto gostava, então achou que aquele era o momento certo para presenteá-la.
Quando o primeiro acorde lento ressoou pelo local, a atenção de todos fora voltava para a banda e principalmente para o noivo ansioso que começava a cantarolar junto aos demais que cantavam junto a ele.
olhou para com os olhos brevemente arregalados e se aproximou, se emocionando ao ouvir a voz do noivo ressoar por todo o salão. Ela podia ver cantar com tanta emoção que era quase como se ela pudesse sentir tudo o que ele sentia naquele momento.
— There was a time when at the beginning, the night we were singing out of tune… I can remember quietly saying, “I wanna marry you, so do you wanna marry me too?"... — olhou diretamente nos olhos de , sorrindo ao terminar aquele verso e pôde ver uma lágrima escorrer pelo rosto da amada, inteiramente comovida ao perceber do que a música se tratava. Era exatamente sobre eles dois, era tudo sobre eles.
não conseguia expressar muito bem tudo o que sentia sobre ela, então, para aquela ocasião, achou que aquela seria a forma certa de fazer aquilo.
E não pôde concordar mais.
— Everybody's holding on until the night is over… And your favourite song makes you wish that life would carry on…
continuou cantando para ela, sem tirar seus olhos da mulher uma vez sequer, apenas para dedilhar sua guitarra e voltar para ver a pessoa incrível que ele teria em sua vida a partir daquele dia. Era surreal a forma com que se sentia, completamente realizado, feliz… não sabia dizer com todas as palavras.
Assim que terminou o refrão, em pequenas entonações junto à , e , ele sorriu tão satisfeito e seguiu em sua direção, ajeitando a barra do vestido ao subir em cima do pequeno palco montado no centro do salão rodeado por árvores iluminadas e as flores que o decoravam.
Ela olhou nos olhos do rapaz, levando uma das mãos em seu rosto, fazendo assim com que ele depositasse um pequeno beijo na ponta de seu nariz.
— Eu amo você, , como nunca amei alguém. — murmurou, mas alto o suficiente para que todos ouvissem e começassem uma louvação de tons amorosos por todo o lugar.
continuou o olhando, deixando um sorriso encantador transparecer em seus lábios e encostou o rosto no dele, fechando os olhos brevemente.
— Eu também amo você, . Exatamente como nunca amei alguém.
E assim, selaram os lábios, fazendo com que todos os convidados aplaudissem e gritassem completamente animados e emocionados com a cena que haviam presenciado, deixando evidente que aquela noite estava apenas começando para eles. Exatamente como o início de uma nova vida para e .
Alguns meses depois…
And maybe on our wedding night
(E talvez na nossa noite de núpcias)
We're learn the words and get it right
(Nós aprendemos as palavras e acertamos)
After the time, the stars will align
(Após o tempo, as estrelas irão se alinhar)
And when the music stops, we'll ask the band to play one more time
(E quando a música parar, vamos pedir à banda para tocar mais uma vez)
O havia decolado em uma carreira inimaginável, com tours em países que eles nunca haviam pensado em fazer show algum dia e todo aquele tempo fora de casa, longe de sua família e de , fez com que a lua de mel dos dois tivesse que ser adiada e todos os planos tivessem que ser alterados.
Claro que aquilo não os deixou tão chateados, já que queriam, como qualquer outro casal, aproveitar toda aquela emoção de recém casados para curtirem uma viagem romântica juntos para qualquer que fosse o lugar, mas entenderam perfeitamente que haviam algumas prioridades e sabia bem que, no momento, precisava de seu apoio mais do que tudo.
Depois de alguns meses com toda essa pequena turbulência no caminho, terminava de arrumar sua bolsa de mão enquanto ajeitava o enorme chapéu em sua cabeça, tomando cuidado para não pegar muito sol, mesmo querendo muito naquela praia. tinha o rosto um pouco esbranquiçado por conta do protetor e a mulher gargalhou com a cena, do seu marido exatamente como uma criança.
— Acho que você precisa espalhar isso um pouquinho mais… — comentou, se aproximando do rapaz enquanto com uma das mãos, terminava de acariciar seu rosto, fazendo assim com que o protetor se espalhasse minimamente. — Agora está perfeito.
— Só vai ficar perfeito quando eu ganhar um beijo. — fez um biquinho, abraçando a esposa pela cintura, fazendo assim com que ela se aproximasse um pouco mais. sorriu abertamente, deixando um beijo demorado em seus lábios. — Nem acredito que realmente tiramos nosso tempo. Desculpe por isso, amor.
Ela fez uma pequena careta, franzindo o cenho em seguida.
— Nada de desculpas, já conversamos sobre isso. — colocou o indicador na ponta do nariz de e se afastou vagarosamente, o olhando por mais algum tempo. tinha amadurecido, mesmo em pouco tempo e aquilo o havia dado um ar inteiramente sensual, muito mais do que ele já tinha. só conseguiu sorrir com seus pensamentos.
— Que sorrisinho é esse? Eu conheço bem. — perguntou, puxando a mulher para a beirada da cama assim que ele se sentou nela. ficou com seu corpo entre as pernas do rapaz, o que o fez ficar com o rosto um pouco mais baixo, mas ainda a olhando nos olhos. sempre soube que aquela íris castanha o tiraria do eixo algum dia, só não imaginava que com tanta intensidade como aquela. era tudo para ele, além de esposa, companheira e melhor amiga. E ele realmente não poderia pedir por mais. — Eu amo você, .
deixou seu olhar pousar sobre o de de forma serena, completamente inundada nos azuis dos olhos do marido. Naquele momento, olhando em seus olhos, percebendo que aquele amor era tão grandioso a ponto de não ser explicado em palavras, levou seus lábios em direção aos dele, em um beijo calmo, completamente imerso em tranquilidade.
Quando se afastou, continuou com suas mãos no rosto do rapaz, desta vez com um sorriso contido no canto de seus lábios.
— Nós também te amamos, .
continuou com o olhar no rosto da esposa, tentando digerir o que ela havia acabado de lhe falar, palavra por palavra, letra por letra. Ele pôde sentir seu coração apertar levemente, não como algo ruim, mas como uma felicidade que não caberia no mesmo e piscou algumas vezes, como se aquilo o fizesse entender mais rápido. pressionou seus lábios, segurando o choro fraco que viria à tona observando a expressão do marido. Pela primeira vez, depois da cerimônia do casamento, ela viu se emocionar daquele jeito. Com seus olhos completamente imersos em lágrimas, sem conseguir se conter.
afagou seus braços ao redor da cintura da esposa mais uma vez, desta em um abraço apertado, quase nostálgico e se permitiu chorar baixinho ali, com o rosto encostado à sua barriga, sentindo toda a emoção que poderia ao saber que ele e estavam carregando um fruto do amor que sentiam.
E aquele sim, era o mais puro amor que poderiam sentir.