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Última atualização: 17/03/2022

Atenção! Algumas informações compartilhadas aqui serão reais e outras serão completamente fictícias. Alguns detalhes como músicas e datas poderão ser alterados para se adaptem melhor a história.

Prólogo

Por mais que eu tenha crescido a minha vida toda na frente das câmeras, eu não conseguia conter o nervosismo que se espalhava por todo o meu corpo enquanto eu esperava que Ellen me introduzisse para que eu pudesse dar minha entrevista. Eu já tinha participado de diversos talk shows – aliás, não era minha primeira vez naquele estúdio, já tinha participado de outras duas entrevistas com Ellen – mas era a primeira vez que eu estava ali sozinha, e era para falar sobre a minha carreira de cantora.
— E com vocês, a promessa inglesa que está causando histeria por todo o mundo. — Ellen fez uma pausa dramática e eu respirei fundo, era agora ou nunca. — .
Sorri abertamente e comecei a andar calmamente na direção da apresentadora. Ouvi os gritos animados da plateia e encarei as pessoas presentes ali, dei um aceno com a mão e voltei minha atenção para o caminho que fazia. Tudo o que eu não precisava era levar um tombo em rede nacional.
, é um prazer recebê-la novamente em meu programa. — retribui o sorriso de Ellen e acomodei-me na poltrona de frente para ela.
— Você sabe que é só me chamar que eu venho. — pisquei de modo maroto e ela riu. — Aliás, eu já estava morrendo de saudades da Califórnia.
— Quando foi a última vez que você pisou em solo norte-americano? — questionou.
— Quase um ano atrás, devido a um evento que minha mãe estava organizando. — respondi simplesmente. Nos últimos meses eu estive tão concentrada no meu primeiro álbum que eu sequer pensava em qualquer outro assunto.
— Agora conte-me sobre você, da última vez que você esteve aqui, ainda era modelo. — balancei a cabeça em concordância e observei o telão ao nosso lado mostrar algumas fotos minhas em desfiles. — Como foi largar sua carreira de anos e ir para outra que praticamente não possui qualquer ligação? Exceto a fama, é claro.
— Não vou dizer que foi extremamente fácil, principalmente pelo fato de que eu desfilava desde os meus dezesseis anos, foram longos nove seguindo os passos da minha mãe. — não pude conter um suspiro, era inegável o quanto eu gostava de desfilar. — Sempre deixei explícito o quanto eu gostava do que eu fazia, mas não era algo me eu me via fazendo daqui a alguns anos.
— E como sua mãe reagiu? Sabemos o quão feliz Donna era por você seguir os passos dela. — Ellen arqueou a sobrancelha ao questionar.
— Diferente do que todos pensam, ela reagiu muito bem e me apoiou totalmente. — sorri abertamente. — Minha mãe admitiu que queria sim, que eu fosse modelo até que eu me aposentasse das passarelas, mas que o maior desejo dela era que eu fosse tão feliz e realizada profissionalmente como ela.
— Não esperava isso de Donna. — Ellen murmurou e arrancou algumas risadas da plateia. — Você sabia que não queria ser modelo, mas como e quando você descobriu que queria ser cantora?
— Bom, eu descobri isso em uma madrugada onde Cara e eu não estávamos nem um pouco sóbrias e resolvemos que iríamos no estúdio do Ralf, um amigo da Cara, e que gravaríamos uma música. — admiti rindo, eu lembrava perfeitamente daquela noite e do quão loucas nós estávamos. — Nós gravamos uma música juntas e o Ralf me elogiou e perguntou se eu já tinha pensado em seguir a carreira musical.
— E você já tinha pensado?
— Não. — ri ao ver a careta que Ellen fez. — Mas aí é que está, naquele momento eu achei que seria uma ótima ideia. Até hoje, essa foi a única decisão boa que eu tomei estando bêbada.
— Como foi todo o processo após isso? — questionou e eu suspirei fundo.
— Foi extremamente difícil. — comentei sincera ao lembrar das diversas vezes que tinha pensado em desistir antes de sequer lançar meu primeiro albúm. — Eu realmente queria que desse certo e eu me esforcei extremamente para isso, fiz diversas aulas de canto e aprendi milhares de técnicas sobre minha voz, sobre composições e tudo mais. Eu fiquei pouco mais de um ano apenas me capacitando antes de começar a gravar meu primeiro álbum. Eu queria ser realmente conhecida pelo bom trabalho que eu estava disposta a fazer.
— E não foi isso que aconteceu? — ri ironicamente e balancei a cabeça em sinal de negação.
— Já estava tudo preparado para eu lançar meu primeiro álbum de estúdio com a Lorax, afinal de contas eu não sei se teria descoberto minha vocação para a música sem um empurrãozinho do Ralf. — sorri, afinal eu seria eternamente grata ao produtor por me mostrar que meu amor pela música ia muito além de apenas escutá-la. — Mas acabou saindo na mídia que eu estava mudando de ramo e então diversas gravadoras entraram em contato comigo.
— Mas isso não é algo ruim, ou é? — questionou visivelmente confusa e eu ri.
— Não. Tanto que quando eu recebi as ligações e os e-mails, eu quase pulei de felicidade. — dei de ombros. — O problema foi que quando eu os questionei se eles tinham ouvido alguma demo, todas as respostas foram negativas e extremamente similares dizendo, “mas você é , filha de Donna , nada do que você faz é ruim”.
— Mentira?! — neguei com um balançar de cabeça.
— Infelizmente é muito real. — bebi um gole d’água da garrafinha que estava próxima a mim. — Eu fiquei muito triste e completamente revoltada. Eu estava me esforçando o máximo para ser reconhecida pelo o trabalho que eu estava fazendo. Não queria, e nem quero, conseguir as coisas de modos mais fáceis só pelo dinheiro que eu tenho ou pelo sobrenome que carrego. Eu quero ser reconhecida como uma boa cantora, se eu for.
— As coisas são complicadas, nós duas sabemos bem como o mundo da fama faz as coisas acontecerem. — concordei com a cabeça. — Mas veja bem, The Beginning foi um sucesso total, principalmente como seu álbum de estreia. Ele ficou durante três semanas como #1 na Billboard dos Estados Unidos e cinco semanas como #1 na Inglaterra.
— Isso foi uma completa surpresa para mim, nunca que eu imaginei que meu primeiro álbum de estreia seria um sucesso nos Estados Unidos. — falei a verdade, devido a todo o patriotismo americano, eu não imaginava aquela conquista nem tão cedo. — Eu estava rezando para que eu conseguisse um bom público britânico, mas eu não esperava que eu conseguisse realizar minhas metas tão rápido.
— Eu fico muito feliz por você, você merece. — sorri abertamente e agradeci Ellen, era extremamente realizador receber aqueles comentários. — Eu escutei o seu álbum, e ele é maravilhoso, mas você só tem uma música que fala sobre o amor e eu adoraria saber sobre quem ela fala.
— Unconditional é a única que fala abertamente sobre amor, mas diferente do que as pessoas pensam, ela não é sobre um relacionamento romântico. Na verdade, ela é dedicada à minha mãe. — ouvi os murmúrios da plateia e ri baixo, sabia que as pessoas acreditam que ela era sobre um casal. — Ela sempre esteve ao meu lado e sempre me apoiou, e é exatamente sobre isto que a música fala, sobre o amor incondicional presente nessa relação.
— Donna gostou? — questionou e eu concordei com um balançar de cabeça.
— Ela chorou horrores na primeira vez que eu cantei para ela, mas eu me senti extremamente feliz por isso. — admiti com um sorriso nos lábios ao lembrar da cena.
— Você consegue escolher apenas três músicas do seu álbum? — mordi o lábio inferior e Ellen gargalhou. — Estou te dando uma colher de chá, , eu poderia pedir apenas uma.
— Certo, eu consigo. — sorri nervosamente. — Não possuo uma ordem, mas as preferidas são Unconditional, Pretty Girl e Can’t Be Tamed.
— Cante o trecho de uma delas. — Ellen sorriu abertamente e eu arqueei a sobrancelha. — O público que ainda não ouviu seu álbum precisa ser instigado.
— Okay. — respondi simplesmente e respirei fundo.

I can swear, I can joke
(Eu posso jurar, eu posso brincar)
I say what’s on my mind
(Eu digo o que está em minha mente)
If I drink, if I smoke
(Se eu bebo, se eu fumo)
I keep up with the guys
(Eu fico com os caras)
And you see me holding up my middlefinger to the world
(E você me vê levantando meu dedo do meio para o mundo)
Fuck your ribbons and your pearls
(Foda-se suas fitas e suas pérolas)
'Cause I'm not just a pretty girl
(Porque eu não sou apenas uma garota bonita)


Cantei suavemente sem o auxílio dos instrumentos e omiti o palavrão, não falaria aquilo em um programa que passaria na televisão. Pretty Girl era uma das minhas músicas preferidas pelo simples fato de que ao cantar ela, eu liberava os sentimentos e pensamentos que me acompanhavam desde a minha adolescência. Tudo o que eu fui obrigada a guardar para mim, era completamente exposto naquela música. Afinal de contas, crescer no mundo da fama não era uma maravilha.

I'm more than just a picture
(Eu sou mais do que apenas uma foto)
I'm a daughter and a sister
(Eu sou uma filha e uma irmã)
Sometimes it's hard for me to show
(Às vezes é difícil para mim mostrar)
That I'm more than just a rumor
(Que eu sou mais do que apenas um rumor)
Or a song on your computer
(Ou uma música no seu computador)
There's more to me than people know
(Há muito mais de mim do que as pessoas sabem)


Sorri abertamente ao notar que algumas pessoas na plateia me acompanhavam na música e logo notei que minha visão estava embaçada de lágrimas. Ri fraco ao ver Ellen me encarando com a sobrancelha arqueada e dei de ombros. Bebi um pouco d’água e me acomodei no sofá, voltando a ficar de frente para Ellen.
— Essa é uma das poucas músicas do álbum que fala diretamente sobre você. — concordei com a cabeça. — E você acha que conseguiu passar a mensagem que queria?
— Sim, eu espero que tenha conseguido passar, pois eu acredito que fui bastante explícita. Essa música é completamente sobre mim, eu cresci na frente das câmeras, tudo relacionado a mim é notícia e por causa disso, as pessoas acham que sabem perfeitamente quem eu sou. — ri de modo irônico. — Pretty Girl fala a verdade sobre mim, que eu sou bem mais do que eles podem ver pelas revistas e sites, e que como qualquer pessoa eu tenho dias bons e dias ruins.
— Falando em músicas que você é explícita no que quer, acho que podemos falar rapidinho de Can’t Be Tamed. — o tom de fala de Ellen indicava que aquilo não era uma pergunta, eu já esperava que ela fosse citar aquela faixa. — A música chamou bastante atenção da mídia, e eu digo isso em todos os sentidos.
— Eu só acho que toda essa atenção, principalmente negativa, é pelo fato de que as pessoas idealizaram uma personalidade que não era minha. — dei de ombros. — Agora minhas únicas preocupações são fazer música e ser completamente sincera nas letras que eu escrevo.
— Você foi muito criticada por essa música. — balancei a cabeça em concordância. — Principalmente por esse trecho em especial “Eu passo pelos caras como dinheiro voando em suas mãos. Eles tentam me mudar, mas percebem que não podem. E todo amanhã é um dia que eu não planejo. Se você vai ser meu homem, compreenda. Eu não posso ser domada”.
— Isso é quem eu sou e eu precisava deixar claro de uma vez por todas. Eu não sou uma mulher perfeita daquelas do comercial de margarina e muito menos finjo ser perfeita. Já tentei por longos anos ser o que a mídia me moldava, mas não sou mais assim. — falei calmamente, ignorando a vontade que eu tinha de gritar ao falar daquilo. — Eu vi muitas análises sobre a letra da música e posso dizer com total propriedade que quase todas elas estão erradas. A música não fala sobre eu ser frígida ou aquela palavra com v, é apenas sobre o fato de que eu nunca vou me sujeitar a mudar quem eu sou para caber no molde perfeito e idealizado que a pessoa está disposta a me colocar. Eu sou livre, e se a pessoa gostar realmente de mim, ela precisa me aceitar como eu sou.
— Após a sua explicação, acredito que você esteja solteira. — Ellen me encarou com a sobrancelha arqueada e eu concordei com um balançar de cabeça. — Bom, então eu vou ser seu cupido.
— Eu não quero um namorado. — respondi rapidamente e ouvi risos da plateia.
— Digamos então que você esteja a fim. — Ellen respondeu simplesmente e eu dei de ombros, o programa era dela, não era como se eu pudesse mudar o que ela planejava. — O nome do jogo é “Quem deixaria domá-la?”
— Não. — resmunguei rindo, já imaginava que algo assim viria. — Gostei da criatividade do nome, mas eu não seria domada.
— Vamos lá, você me entendeu. — Ellen piscou na direção da plateia. — No telão ao nosso lado irão aparecer dois homens e você só pode escolher entre um dos dois. Não é algo difícil.
— Tudo bem, vamos começar. — falei conforme encarava a tela na minha frente que a produção me indicava. Pelo menos eu não teria que ficar sentada de modo desconfortável ao encarar o telão.
— Post Malone ou John Mayer?
— John Mayer. — respondi sem pensar duas vezes.
— John Mayer ou The Weeknd?
— John Mayer. — repeti a resposta.
— John Mayer ou Shawn Mendes?
— Shawn já é de maior? — questionei – mesmo que meu subconsciente gritasse que eu o escolheria ele sendo de maior ou não – , e a plateia riu.
— Sim, ele é. Mas mesmo que não fosse, aqui isso é só um detalhe. — gargalhei ao ouvir a resposta de Ellen.
— Shawn. — falei assim que parei de gargalhar.
— Shawn Mendes ou Luke Hemmings? — tombei a cabeça para o lado, analisando as duas opções.
— Esta é realmente difícil, mas eu continuo com Shawn Mendes. — dei de ombros e ri ao ver a expressão de Ellen.
— Eu estava conversando com o Shawn ontem mesmo, posso marcar um encontro entre vocês dois. — balancei a cabeça negativamente ao ouvir os gritos da plateia e ri novamente.
— Olha, eu não reclamaria. — admiti e os gritos aumentaram, fazendo Ellen rir.
— Shawn Mendes ou Zac Efron? — ri abertamente ao ouvir Ellen frisando o nome de Zac, eu lembrava de tudo o que tive que ler após nossa interação na premiação da MTV e sobre o nosso suposto date.
— Shawn Mendes. — gargalhei ao ver a expressão confusa de Ellen. — Me perdoa, Zac.
— Shawn Mendes ou Michael B. Jordan?
— Michael B. Jordan. — respondi após alguns segundos, aquilo não era exatamente fácil de se escolher.
— Então adeus para Shawn? — questionou e eu concordei com um balançar de cabeça. — Michael B. Jordan ou Jake Gyllenhaal?
— Jake, com toda a certeza. — respondi rapidamente e ri acompanhando Ellen. — Eu tenho uma queda por esse homem já tem um bom tempo.
— Jake Gyllenhaal ou ...
. — respondi antes mesmo que Ellen terminasse a pergunta e recebi um levantar de sobrancelhas de forma questionadora.
— Você poderia ter esperado eu terminar. — resmungou de forma brincalhona e eu ri. — Agora a final, Shawn Mendes ou ?
. — decretei e ouvi a plateia gritar. — Mesmo sem querer ser domada, eu deixaria ele tentar me domar. Sem problemas.
— Eu gostaria de tentar. — a voz masculina soou rouca próxima ao meu ouvido e eu não contive o pulo na poltrona e o grito fino que ecoou pelo estúdio.
— Puta que pariu. — emiti o único pensamento presente em minha mente ao me virar e encontrar ninguém menos que .
Ellen e a plateia gargalhavam do meu pequeno susto enquanto estava apoiado na poltrona que eu ocupava e com o corpo inclinado em minha direção. Seus olhos estavam fixos em mim e um sorriso de lado estampava seus lábios. Respirei fundo e contei mentalmente até três, tentando me recompor do susto e aceitar que não só tinha escutado a besteira que eu tinha falado, como ele também respondeu.
Ótima maneira de conhecer alguém que você possuía uma forte atração, resmunguei mentalmente.

Capítulo Um

— Senhoras e senhores, recebam agora, . — Ellen anunciou o cantor, que sorriu na direção do público e permaneceu parado ao meu lado. — Seja bem-vindo, .
— Muito obrigado. — observei virar-se na direção da Ellen e sorrir abertamente em sua direção. — É um prazer te conhecer, .
— Igualmente. — apertei a mão de e nos abraçamos rapidamente. — Mas agora eu adoraria descobrir o que está acontecendo aqui.
— Apenas estou realizando o seu encontro. — Ellen deu de ombros e eu ri, negando com um balançar de cabeça. — Bom, tragam uma outra poltrona, agora a nossa entrevista será dupla.
Sentei-me novamente no meu lugar e encarei Ellen, não conseguindo conter uma risada fraca ao observar as expressões que a apresentadora fazia enquanto revezava seu olhar entre eu e .
— Você parece um pouco perdida, . — ouvi o tom levemente irônico de Ellen e arqueei minha sobrancelha.
— Eu não sabia que teríamos companhia. — respondi simplesmente. Eu não queria ser indelicada ou grossa, apenas queria entender o que fazia ali.
— Eu resolvi criar um novo quadro, vocês dois estão estreando ele. — Ellen sorriu abertamente ao ser aplaudida pelo público. — Mas conte para a gente, . Como tem sido a sua carreira solo, como você se sente agora ao fazer as apresentações sozinho?
— A carreira solo é ótima. E eu concordo com a sobre quando ela disse que sente que pode ser ela mesma, e é exatamente assim que eu me sinto. Eu não tenho mais pessoas me dizendo o que eu posso ou não fazer, sou eu quem decido. — sorri na direção de – que agora já se encontrava sentado ao meu lado –, feliz por ele ter escutado partes da minha entrevista além do jogo. — No começo foi bastante estranho estar sozinho em um palco, eu passei anos cantando com os garotos. Eu sentia que tinha algo faltando, mas agora eu já me acostumei.
— Você sente falta da banda? — Ellen questionou e respirou fundo antes de responder.
— Sim e não. — murmurou direto. — Eu sinto falta da companhia dos outros caras, aliás era com eles que eu convivia a maior parte do tempo. Mas eu não sinto falta da correria, das repetições obrigatórias de músicas e nem da obrigação de estar feliz todo dia. Foi divertido, mas havia certas partes onde ficava um pouco tóxico.
— Agora você faz sua própria rotina, no seu próprio tempo, correto? — concordou com um balançar de cabeça. — Em outras entrevistas você já falou que sofria de ansiedade desde a época da banda. Se você se sentir confortável em falar sobre isso, poderia nos dizer como você se sente atualmente?
— Eu ainda travo uma batalha diariamente. Eu tento negar e sempre digo que está tudo bem, pois não gosto de decepcionar as pessoas. É algo da minha natureza. — confidenciou com o tom de voz suave.
Encarando-o ali sentado, com um sorriso aberto nos lábios e a postura completamente relaxada, eu dificilmente julgaria que estava nervoso — ou até mesmo ansioso. Eu lembrava de algumas apresentações da One Direction, já tinha até mesmo ido a alguns shows, e eu nunca diria que o jovem animado e descontraído que brincava e cantava no palco possuía dificuldades em se sentir tão confortável no palco, além de sua ansiedade que nunca foi noticiada. E mais uma vez o mundo da fama abria sua cortina e deixava com o que víssemos o que de fato acontecia nos bastidores.
— Um hábito que eu acabei adquirindo, foi o de correr todo o dia às cinco da manhã. É algo que me ajuda a combater a ansiedade, além de todo o suporte e toda a equipe me ajuda com o meu psicológico. — falou, mostrando-se satisfeito com o progresso que vinha fazendo. — Mas pessoas com problemas de saúde mental é algo que infelizmente é muito comum na nossa indústria. Isso vem acontecendo há anos e mesmo assim, ainda não possuímos verdadeiramente o suporte que precisamos.
— E o que você pensa sobre isto, ? — Ellen perguntou e virou o rosto em minha direção, mantendo o olhar em mim enquanto eu passava a encarar Ellen.
— Eu concordo com o que o disse, a indústria que nós trabalhamos é muito tóxica e é rara as vezes em que eles pensam em algo além do dinheiro. — falei de modo sincero. — Eu tive sorte, já que mesmo tendo entrado cedo nesse ramo, minha mãe era quem fazia minha agenda. Ela sempre pensou no meu bem-estar, mas infelizmente isso não é algo comum para quem entra muito jovem nesse ramo. Eu imagino como essa experiência deve ter sido ruim para o .
— Não foi algo bom, mas eu consegui me livrar disso. — sorriu abertamente e eu retribui o sorriso. Era praticamente impossível ignorar o sorriso de .
— Falando sobre o passado, eu achei uma foto que eu preciso compartilhar com vocês. — Ellen falou de modo animado e sorriu abertamente quando uma foto ocupou o telão. — Acho que vocês não lembravam disso.
Encarei a imagem e não contive o murmúrio surpreso ao identificar a foto. Ali no telão estava um registro da primeira vez que eu encontrei . Eu não lembrava que nós dois já tínhamos nos encontrado pessoalmente, mas ao encarar a foto eu lembrei com perfeição todos os motivos e detalhes que me fizeram encontrar naquela noite.
— Eu não lembrava disso. — admiti levemente indignada. Eu estava surpresa por ter esquecido, eram raras as vezes que eu esquecia sobre algum encontro com outro famoso. — Éramos adolescentes, ainda.
— Eu não lembro disso. — murmurou com o cenho franzido conforme encarava a foto. — Mas eu diria que foi entre 2012 e 2013, por causa do meu cabelo.
— No caso, a falta dele né. — falei de modo risonho e encarei , recebendo um levantar de sobrancelhas como respostas. — Esse encontro foi algo completamente aleatório. Eu acabei chegando mais cedo na cidade e eles iriam fazer um show, que eu já tinha sido convidada por outro membro da banda. Eu resolvi ir e após o show eu fui rapidamente no camarim só para elogiar o show, aí essa foto saiu.
— Estou me sentindo mal por não lembrar disso. — resmungou e eu ri.
— Bom, estaremos de volta após os comerciais com falando pela primeira vez sobre o seu álbum. — Ellen anunciou.
Permaneci no mesmo local com um sorriso nos lábios até que a produção indicasse o intervalo. Engoli o sorriso assim que notei que já tinham parado de filmar e virei para o lado, observando o olhar de ainda fixo em mim.
— Eu estou, verdadeiramente, me sentindo mal por não lembrar disso. — falou de modo sério, fazendo-me perceber que ele de fato se importava com aquilo.
— Não precisa ficar mal por isso, sério. — sorri de lado. — Eu só lembrei disso quando vi a foto. Sem contar que a gente praticamente nem conversou.
— E eu aqui, crente que estava te conhecendo pela primeira vez. — resmungou e eu ri abertamente.
— Isso foi algo que nós dois achávamos. — murmurei. Bom, pelo menos nosso primeiro “encontro” não foi graças a uma brincadeira da Ellen. — Mas mudando de assunto, ainda estou surpresa por você ter aparecido no programa.
— Então você realmente não sabia disso? — questionou com uma sobrancelha arqueada e eu neguei com um balançar de cabeça.
— Eu não fazia ideia. — admiti rindo. — Mas e se eu escolhesse outra celebridade? Você entraria após a minha fala de qualquer jeito?
— Bom, aí eu ia ficar chateado e você teria que me explicar o motivo pelo qual eu não fui escolhido. — ri da explicação de . — Sim, eu deveria entrar após o jogo. Independentemente da sua resposta, eu entraria.
— Nem todo mundo vai cair nos seus charmes, . — falei e comecei a caminhar em direção aos bastidores, imaginando qual seria minha reação ao negar na brincadeira e encará-lo poucos segundos depois. — Algumas pessoas irão te dizer não.
— E você é uma delas, ? — questionou conforme acompanhava meus passos. — Achei que você tivesse me escolhido, no final das contas.
— Aquilo era só uma brincadeira, . — sorri sem mostrar os dentes e encarei a expressão duvidosa dele.
— Então você não iria aceitar um convite para sair comigo? — falou em tom provocador e eu sorri maliciosamente ao notar o sorriso de lado que ele possuía nos lábios.
— Você só vai descobrir se pedir. — pisquei marota em sua direção, mantendo meu sorriso malicioso.
— Quer me encontrar hoje no hotel que eu estou hospedado? O bar de lá é ótimo. — arqueei a sobrancelha ao ouvir o convite de . — Para compensar o fato de que eu não lembro da primeira vez que nós nos conhecemos.
A verdade era que só possuía uma resposta para a pergunta de . Eu não estava à procura de nada sério, e esperava que ele também não. A atração que eu sentia por era algo inegável, então a única coisa que eu consegui responder foi:
— Sim.
— Depois nós acertamos isso. — sorriu abertamente e piscou um olho. — Agora preciso ir para o camarim. Até mais tarde.
— Até. — respondi simplesmente e segui na direção de meu camarim.
Adentrei ao local e peguei uma garrafa de água do pequeno frigobar que tinha ali. Caminhei até a penteadeira onde fui arrumada mais cedo e localizei meu celular, pegando o aparelho e vendo as diversas mensagens e chamadas perdidas de . Retornei a ligação, sendo atendida no segundo toque.
— Achei que a madame não iria mais me atender. — resmungou ao atender a chamada.
— Oi para você também. — rebati de implicância, ouvindo o muxoxo de e rindo abertamente. — Eu estava em uma entrevista com a Ellen, querida. Não voei para Los Angeles apenas para te encontrar.
— Esqueci da entrevista. — respondeu baixo, provavelmente se arrependendo da quantidade de mensagens que tinha me enviado. — O importante é, já estou na sua suíte.
— Já estou saindo do estúdio. — murmurei ao pegar a bolsa. — Lola te deu a chave do meu quarto?
— Não. — resmungou frustrada. — Disse que é melhor que apenas você possua a chave.
— Nossa, não faço ideia do motivo pelo qual ela disse isso. — murmurei debochada ao sair do camarim. — Talvez seja pela vez que você resolveu que dar uma festa no quarto do hotel e chamar outros hóspedes era uma boa ideia. Ou talvez seja aquela vez que você chamou...
— Está bem, , eu já entendi. — resmungou e eu pude jurar que estava revirando os olhos naquele exato momento.— Não precisa parar em nenhum lugar para comprar comida, eu comprei quando estava vindo.
Comecei a caminhar na direção da saída, mas fui interrompida por uma assistente da produção que acenava em minha direção. Mudei de direção, seguindo até a jovem que estava parada próxima a outro camarim e com uma prancheta em mãos.
— Está bem. Acho que irei demorar um pouco mais. — murmurei ignorando os protestos de . — Preciso desligar, até daqui a pouco.
Finalizei a ligação e guardei meu celular na bolsa, encarando a assistente parada à minha frente. Abri a boca para perguntar o motivo pelo qual eu fui chamada, mas a frase morreu em meus lábios assim que saiu animado do camarim ao nosso lado.
— Estou pronto. Do que precisa, Kelly? — questionou encarando a assistente com um sorriso nos lábios.
— Preciso que vocês tirem uma foto. — falou simplesmente e eu franzi o cenho. — As fotos serão para que vocês dois divulguem o novo quadro do programa em suas redes sociais.
Concordei com um balançar de cabeça, afinal de contas, posar para fotos era algo que eu vinha fazendo desde a minha infância. Seguimos Kelly até uma parte do estúdio onde o fotógrafo estava posicionado.
— Vocês podem fazer as poses que quiserem, a única obrigação é de que vocês dois estejam próximos. — o fotógrafo falou sem tirar os olhos da câmera, apontando com a mão livre onde deveríamos nos posicionar.
Encarei , que ainda mantinha o sorriso aberto nos lábios, e seguimos até as marcações indicadas. Parei próxima a e sorri abertamente, mantendo minha atenção fixa na foto. O primeiro clique saiu, acompanhado de mais dois. aproximou-se ainda mais, de modo que meu corpo estivesse levemente apoiado ao seu. Fingi uma expressão surpresa, imaginando que minha cara não deveria estar muito diferente de quando vi hoje mais cedo. Mais alguns cliques.
— Será que dessas fotos você vai lembrar? — questionei irônica e gargalhou, encarando-me com os olhos praticamente fechados devido ao modo como ria.
— Provavelmente — respondeu e segurou levemente em minha cintura, deixando meu corpo completamente colado ao seu. Deitei minha cabeça em seu ombro e cruzei os braços na frente do corpo, sorrindo abertamente.
Mais alguns cliques ecoaram pelo cômodo até que o fotógrafo se encontrasse satisfeito e finalizasse a pequena sessão de fotos. Afastei-me de , afinal já tinha passado tempo o suficiente extremamente perto para que continuasse ignorando o quão beijável aquele homem era.
— Hoje em dia você é bem mais sociável. — murmurei disposta a ignorar meus pensamentos, mantendo o olhar no caminho à minha frente. — Acho que seria estranho essa pequena sessão de fotos se você ainda fosse fechado.
— Eu sempre fui sociável. — murmurou perplexo, me fazendo rir ao negar com um balançar de cabeça.
— Você praticamente só me disse boa noite na noite em que nos conhecemos após o show. — rebati risonha e encarei , que mantinha a expressão perplexa no rosto.
— Isso é injusto, eu não lembro desse dia. — resmungou. — Você vai ficar por quantos dias em Los Angeles?
— Uns oito ou nove. — respondi, estranhando a mudança de assunto.
— Perfeito. Vou fazer um show daqui a três dias, você está convidada. — sorriu abertamente e eu arqueei uma sobrancelha. — Para compensar a primeira vez.
— Essa já é a segunda vez, no mesmo dia, que você me chama para sair. Vou começar a acreditar que você realmente quer esse encontro. — sorriu de lado e abriu a boca para responder, mas Kelly reapareceu gritando por ele. — Você tem uma entrevista para dar. Até depois, .
Refiz meu caminho para a saída do estúdio e encontrei Jared caminhando em minha direção, sorri para o meu segurança e apressei o passo em sua direção. Observando-o com o cenho franzido e a expressão fechada enquanto falava ao telefone, guardando o aparelho no bolso logo em seguida.
— A entrevista demorou um pouco mais do que o esperado, mas acredito que Lola já soubesse disso. — murmurei ao parar de frente para Jared. — Também participei de uma pequena sessão de fotos.
— Ela estava perguntando sobre a sessão. — Jared respondeu após sorrir. — Podemos ir?
Murmurei com a cabeça e comecei a contar sobre o que aconteceu no estúdio enquanto eu o seguia até o carro que estava estacionado próximo de onde estávamos. Adentrei o veículo e me acomodei no banco, colocando o cinto enquanto Jared começava a dirigir.
Jared trabalhava em minha família desde um pouco antes de eu nascer, e ele era o mais perto de uma figura paterna que eu possuía. Durante a minha infância, Jared era quem me ajudava ou me ensinava algo sempre que minha mãe estava fora. Com a chegada da minha adolescência e consequentemente dos meus trabalhos, ele passou a ser meu segurança.
Com a carreira de modelo era algo fácil, geralmente eu podia sair acompanhada apenas de Jared para os compromissos ou eventos, nunca gostei de andar com uma legião de seguranças. Mas desde que comecei a focar no ramo musical percebi que a cada dia que passava, mais eu precisava aumentar minha equipe de segurança.
— Eu não imaginava que ia demorar mais do que o que eu falei. — resmunguei encarando Jared. — Você ficou aqui o tempo todo?
— Não, busquei a senhorita e levei-a até o hotel onde a senhorita está hospedada. — revirei os olhos ao ouvir toda a formalidade de Jared, ele sabia o quanto eu odiava tudo aquilo.
— Vou avisar para que você a chamou pelo nome e de senhorita ao mesmo tempo. — murmurei risonha arrancando uma risada dele.
— Os meses trabalhando para a sua tia me fizeram voltar com toda a formalidade. — fiz uma careta ao lembrar-me dos meses passados onde Jared tinha ido substituir o antigo segurança de Dena.
— E como ela está? — questionei curiosa, faziam alguns meses que eu não a via sem ser por notícias na internet.
— A mesma de sempre. — resmungou mal-humorado, me fazendo rir. — Pensei que ficaria na propriedade da família.
— Esse era o esperado. — respondi. — Pouco antes de pousarmos, Lola me disse que a imprensa já sabia. Não gosto de ser perseguida por paparazzis, então decidi que iria para um hotel.
— Não sei por que ainda me surpreendo com suas decisões repentinas. — murmurou e eu ri sincera.
— Achei que após todos esses anos você já estaria acostumado com isso.
— Você ainda me surpreende, menina. — admitiu com um sorriso, porém manteve seus olhos focados na pista. — Estava feliz da vida acreditando que não ficaríamos em hotéis.
— Você está parecendo minha mãe. — resmunguei tanto pelo antigo apelido quanto por sua segunda frase. — Não compreendo o que vocês dois têm contra hotéis. Nós só ficamos nos melhores.
— E mesmo assim eles não se comparam com uma casa. — murmurou e eu sabia que não conseguiria mudar sua opinião. — Mas até que esse hotel é arrumadinho.
— Lola disse que foi um sufoco conseguir as reservas enquanto estávamos saindo do aeroporto. — falei me lembrando de horas mais cedo. — Pelo o que eu entendi, outro famoso está hospedado lá. Além do mais é alta temporada, quase não conseguimos os três quartos.
— Viu, Lola não precisaria passar por todo esse trabalho se você tivesse ido para a casa. — Jared falou a contragosto. — Esse foi um dos principais motivos pelo qual sua mãe comprou essa casa.
— O problema da hotelaria? — murmurei risonha e bocejei em seguida. — Acho que o fuso-horário está começando a me afetar. — Descanse, querida, ainda vamos levar algum tempo até o hotel. — aconcheguei-me ainda mais ao estofado do banco e virei o rosto na direção da janela, observando a paisagem começar a embaçar. — Se estivéssemos em casa, já teríamos chegado.
Adormeci com o resmungo de Jared, sobre o quanto ele odiava os hotéis e o trânsito, principalmente os que ficavam em solo americano. Sonhei que estava de volta a Londres e que eu estava em turnê, cantando em palcos enormes para uma multidão ainda maior que estava ali apenas para me assistir. A sensação de acolhimento e reconhecimento era tão boa, que ao ser acordada por Jared, a ideia parecia brilhar em minha mente.
— Conseguiu descansar? — questionou ao ver que eu já me encontrava desperta.
— Sim, me sinto bem melhor. — respondi com um sorriso no rosto.
Saí do carro com a minha bolsa em mãos e bati a porta, encarando o longo estacionamento ao qual nos encontrávamos. Fixei meu olhar em Jared, já que não sabia como sair dali. O segui por entre os carros, até que nos deparamos com o elevador duplo próximo a parede. Deixei que Jared chamasse o elevador e esperamos por alguns minutos, até que a porta se abriu à minha frente.
— Eu gosto desse hotel. — murmurei já dentro do elevador.
— Mas a senhorita não veio para o hotel, foi direto do aeroporto para a gravação do programa. — Jared me encarou pelo espelho do elevador.
— Já nos hospedamos aqui. — respondi simplesmente ao relembrar do local.
— Hm, todos os hotéis americanos parecem o mesmo para mim. — ri abertamente ao ouvir a frase de Jared.
— Você é o melhor, Jared. — respondi com um sorriso nos lábios e observei a porta se abrir. — Não está no mesmo andar que eu?
— Não, eu e Lola estamos aqui. A senhorita está no décimo andar. — Jared falou saindo do elevador. — Bom descanso, .
Segui os outros dois andares no completo silêncio do elevador, analisando em como planejar melhor o pensamento presente em minha mente antes de contá-lo para Lola. Deixei o pensamento de lado e busquei o celular de dentro da minha bolsa, abrindo a conversa com Lola e descobrindo o número do meu quarto. Caminhei até o número cento e oitenta e seis e abri a porta.
— Pensei que tinha esquecido de onde tinha se hospedado e ido para a casa. — falou ao notar minha presença.
— Boa tarde, . Eu também senti sua falta durante esse tempo, como você está? — questionei irônica enquanto caminhava na direção da minha melhor amiga. — Você sabe como é o trânsito daqui.
— Também senti sua falta. — falou ao me abraçar. — Alguma novidade?
— Tirando o fato de que eu conheci novamente , tudo normal. — murmurei retribuindo o abraço, mas se afastou ao fim de minha fala.
— Conheceu novamente? — questionou confusa e eu concordei com a cabeça.
— Eu vou tomar banho, depois te conto os detalhes. — falei já me dirigindo na direção a qual me apontou.
— Pode ir, já vou pegar uma roupa. — piscou e seguiu em direção ao que eu acreditava ser o quarto.
Joguei a bolsa no sofá assim que passei por ele e continuei andando até a porta que tinha me indicado. Entrei no banheiro e deixei o celular em cima da bancada. Segui até a banheira e liguei a torneira, jogando alguns sais de banhos que estavam por ali. Me despi enquanto a banheira enchia e coloquei as roupas na outra ponta da bancada. Fechei a torneira ao achar que a água já estava boa o suficiente e entrei, aproveitando a sensação da água morna relaxando meus músculos.
— Agora me conte, como se conhece alguém novamente? — ouvi a voz de e pela porta entreaberta a observei caminhando em minha direção.
— Eu e já tínhamos nos encontrado antes, mas nós não nos lembrávamos. — falei ao encostar a cabeça na beirada da banheira.
— Se eu conhecesse pessoalmente, você pode ter certeza de que eu não esqueceria. — não contive a gargalhada e deu de ombros. — E você ainda sente alguma atração por ele?
— Eu me lembrei ao ver a foto, mas não. Isso é extremamente compreensivo. Nem eu mesma lembrava, quem dirá ele. Nós trocamos no máximo cinco frases e eu lembro como era uma correria após o show. — sentou na privada fechada e cruzou as pernas, mantendo seu olhar preso em mim. — A minha dúvida é, alguém nesse mundo não sente atração por ele?
— Acho difícil. — murmurou e esticou-se na direção da bancada ao ouvir o som de notificação do meu celular. — Você poderia mexer mais no seu Instagram. Tem tanta notificação aqui que eu estou até tonta.
— Se você não estivesse mexendo no meu celular, não teria motivos para reclamar. — respondi e joguei um pouco de água na direção de .
— O bom é que se estragar, é o seu celular. — murmurou risonha enquanto continuava mexendo no aparelho. — Vamos ver o que temos de interessante por aqui. Fãs, marcações de fotos suas chegando em L.A, fotos suas de antigos ensaios... acabou de seguir você.
— Segue ele de volta. — rebati simplesmente e coçou a garganta. — O que foi?
— Você não seguia ele? — perguntou perplexa e eu neguei com a cabeça.
— Eu praticamente não sigo ninguém nessa rede social, quase nem uso. — dei de ombros. — Sem contar que eu tenho uma atração pelo , mas não passa da vontade de ficar com ele. Você sabe que o estilo de seguir em todas as redes sociais e fuxicar a vida inteira é algo completamente seu.
— Eu vou ignorar o que você falou. — murmurou estendendo o celular em minha direção. — Ele acabou de te mandar uma mensagem.
[ ]: Eu acabei de terminar a entrevista e estou indo para o hotel. O encontro ainda está de pé?
[ ]: Então é um encontro?
— Acredito que pelo seu sorrisinho de lado, você aceitou o encontro. — arregalei os olhos e encarei , que riu assim que viu minha expressão. — Eu li a mensagem dele antes de te entregar.
— Não sei como ainda me surpreendo com você. — murmurei e voltei a atenção para o celular.
[ ]: Possivelmente.
[ ]: Bom saber...
[ ]: Onde você está hospedado?
[ ]: 8440 Sunset Blvd, West Hollywood.
Não contive a gargalhada ao ler o endereço e mantive meu olhar preso na tela do aparelho, disposta a ter certeza de que eu não estava lendo errado. Após o encontro surpresa no The Ellen DeGeneres Show, qual era a chance de estarmos hospedados no mesmo hotel? Aparentemente, todas.
— O que foi? — questionou e levantou-se da privada, caminhando em minha direção e tentando espiar o celular.
também está hospedado aqui. — falei entre risos e arregalou os olhos surpresa, rindo em seguida.
— Isso é o destino trabalhando na vida de vocês. — murmurou e eu revirei os olhos. — Eu sei que você não acredita em destino, mas o que mais poderia ser?
— Uma enorme coincidência. — dei de ombros e voltei minha atenção para o aparelho em minhas mãos.
[ ]: Ah não, . Sério?
[ ]: O quê?
[ ]: Eu também estou hospedada aqui.
[ ]: Ainda melhor.
[ ]: Vejo você mais tarde, às oito no bar do hotel. Preciso ir.
Saí do aplicativo e bloqueei o celular, entregando-o para . Observei minha melhor amiga colocar o celular novamente sobre a bancada e submergi ainda mais meu corpo, ficando apenas com o rosto para fora observando .
— E então, que encontro é esse? — a curiosidade estava explícita no tom de voz e na expressão de .
me chamou para irmos ao bar do hotel beber, para compensar que ele não lembra da primeira vez que nos conhecemos. — fechei os olhos, ainda sentia o cansaço da viagem presente em meu corpo. — Acabou que saiu melhor do que eu imaginava, nem vou precisar sair daqui.
— Você sabe que não vai conseguir fugir dos tabloides, principalmente sendo você. — franzi o cenho e voltei a abrir os olhos, encarando que apenas deu de ombros. — Herdeira, modelo e cantora, difícil ficar longe dos holofotes.
— O problema principal não é aparecer nos tabloides, e sim na forma como irei aparecer. — murmurei e tombou a cabeça para o lado, um claro sinal de que estava confusa. — Eu quero ser noticiada pelo o que eu estou fazendo, com o que eu estou trabalhando. Não quero apenas ser taxada como a namorada de alguém.
— Ainda está nessa de que não vai namorar com ninguém famoso? — questionou e eu concordei com um balançar de cabeça.
— Vamos começar pelo fato de que eu nem mesmo quero namorar. — respondi e revirou os olhos. — Eu sigo ficando com alguns famosos, mas não é nada explícito para que a mídia noticie.
— Então você vai ficar com o , hoje?
— Quem sabe. — respondi simplesmente. — A noite é uma incógnita.

Capítulo Dois

Adentrei ao bar do hotel, encarando meu celular em mãos que estava aberto em minha conversa com , fazendo-me ler mais uma vez sua última mensagem:
[ ]: Siga direto pelo bar, irá me encontrar na varanda.
Guardei o celular de volta na bolsa a tiracolo que eu carregava, apressando-me para seguir para o local indicado, já que eu me encontrava um pouco atrasada — obviamente, graças a .
Cruzei a porta de vidro fosca, adentrando a varanda e encontrando sentado na única mesa presente ali fora. Deixei que um sorriso aparecesse em meus lábios, eu sabia que aquilo tinha um dedo de .
Eu já tinha estado naquela varanda em outras estadias naquele hotel, eu tinha plena certeza que tinha pedido especialmente por aquilo.
— Boa noite. — cumprimentei ao aproximar-me, ainda com o sorriso aberto em meus lábios.
sorriu, analisando-me dos pés a cabeça e levantou-se da cadeira a qual estava sentado, depositando a mão em minha cintura ao abraçar-me rapidamente, mas não rápido o suficiente para que seu perfume não ficasse impregnado em meu olfato.
— Boa noite, , está linda.
A constatação de era uma obviedade para mim, mas mesmo assim eu senti minhas bochechas corando levemente graças ao elogio. Eu estava acostumada a sair com famosos, especialmente a flertar com eles, e eu sequer ficava tímida ou envergonhada.
Mas a situação com era diferente.
Ele tinha sido meu crush platônico por quase toda a minha adolescência, a de quinze anos ainda existia dentro de mim e isso fazia com o que ao menos uma parte do meu corpo estivesse debulhando-se em nervosismo.
— Igualmente. — contentei-me em responder, recebendo outro sorriso de que facilmente aniquilaria a adolescente, ou faria com o que ela tomasse conta completamente.
puxou a cadeira para que eu sentasse, fazendo-me agradecer por seu gesto. Sentei-me na cadeira e senti meu celular vibrar, fazendo-me pegar o aparelho para verificar, podendo ler as mensagens de pela tela de bloqueio:
[Baby ]: Aproveite por mim e dê um beijo no , por favor, nunca te pedi nada.
[Baby ]: Se for fazer algo a mais, lembre-se que eu estou no seu quarto. ENTÃO NÃO VENHA PARA CÁ.
[Baby ]: Se bem que, eu não negaria um ménage com vocês.
Balancei levemente a cabeça em sinal de descrença, não compreendendo como eu ainda conseguia me surpreender com minha melhor amiga.
— Tudo certo? — perguntou com os olhos fixos em mim.
Concordei com um balançar de cabeça, explicando-o em seguida:
— Era apenas uma amiga. — preferi por não prolongar mais o assunto naquele foco. — Mas e então, o que faz aqui em Los Angeles?
— Vim para finalizar a campanha de um perfume e acabei recebendo a proposta da Ellen para falar sobre meu álbum também, então só aproveitei que já estava aqui. — respondeu sem cortar o contato visual.
Eu precisaria ser forte para resistir a companhia de .
— Quem diria que precisaríamos cruzar o oceano para nos conhecermos. — murmurou humorado, fazendo-me concordar com a cabeça.
— É estranho como nunca nos esbarramos antes. — rebati, parando para pensar em quantas vezes poderíamos estar no mesmo local sem sequer saber de fato.
O garçom aproximou-se rapidamente, anotando nossos pedidos e sumindo na mesma rapidez com a qual apareceu.
— E nós já nos conhecíamos, você apenas não lembrava. — retruquei a frase de , fazendo-o arquear as sobrancelhas em minha direção.
— Estamos nesse encontro hoje para que eu possa me desculpar por minha péssima memória.
Molhei meus lábios com a ponta da língua, não contendo o sorriso que abri em meus lábios segundos depois.
— Então de fato isto é encontro?
riu maroto, passando as mãos rapidamente pelos cabelos, bagunçando-os de forma sútil e ficando ainda mais atraente — isso se fosse possível.
— Só não é se você não quiser. — piscou maroto, fazendo-me rir no momento que nossas bebidas chegaram.

A noite passou rapidamente entre risadas e descobertas, e apenas nos demos conta do horário quando já se passavam das duas da manhã e o garçom veio diretamente a nós, convidando-nos amigavelmente a nos retirarmos, pois o horário de trabalho deles já tinha acabado.
— Bom, é aqui que eu fico. – murmurei ao chegar na porta do meu quarto, parando ali e observando fazer o mesmo. — Infelizmente um cantor britânico está ocupando a cobertura, então tive que ficar por aqui.
riu, levantando as mãos em tom de rendição como se estivesse se declarando culpado.
— Se quiser dormir na cobertura hoje, será muito bem-vinda. — um brilho passou pelos olhos castanhos do cantor, fazendo todos meus pêlos se eriçarem.
Contentei-me em sorrir, negando levemente com a cabeça. Por mais que no fundo, aquela não fosse a minha vontade.
— Quem sabe outra vez. — pisquei marota e arqueou as sobrancelhas.
Eu tinha certeza de que o cantor guardaria aquela fala em sua memória e me cobraria depois, mas eu já não via a hora daquilo acontecer.
— Boa noite, . — sussurrou próximo a mim, depositando um beijo no canto de minha boca.
— Boa noite, . — sorri em sua direção uma última vez antes de abrir a porta do quarto e adentrar ao cômodo.
Livrei-me rapidamente dos saltos, procurando não fazer barulho para não acordar . Adentrei ainda mais ao cômodo e não contive o grito assustado que ecoou pelo cômodo silencioso assim que a luz se acendeu e eu pude observar a silhueta feminina sentada na poltrona.
— E então, como é que foi o seu encontro? — me encarava atentamente, com os olhos fixos em mim e uma barra de chocolate em suas mãos.
— Você realmente ficou acordada até essa hora apenas para saber do meu encontro com ? — questionei desacreditada, observando concordar com um balançar de cabeça.
Eu de fato não sabia como eu ainda me surpreendia com a mulher à minha frente.
— Você não poderia esperar até amanhã para descobrir? — questionei ao jogar-me no sofá, ficando de frente para minha melhor amiga.
— Não. — respondeu prontamente. — Agora para de me enrolar e me diz como foi.
Respirei fundo, analisando brevemente o que contar. Tínhamos passado longas horas juntas, aproveitando para nos conhecermos melhor, e eu sabia que isto não era de fato o que queria ouvir.
reforçou o convite para o show dele no sábado. — vi os olhos da morena brilharem poucos segundos antes dela vir em minha direção. — E sim, , eu pedi um convite para você também. — respondi antes mesmo que minha amiga perguntasse, pois eu sabia que aquela pergunta viria.
sentou ao meu lado, entretanto, arrumou-se no sofá de modo que ficasse virada de frente para mim.
— E como foi beijar
Ri de sua pergunta, balançando levemente minha cabeça em sinal de negação antes de respondê-la.
— Não sei, , não beijei ele. — disse simplesmente, observando o tom descrente tomar conta da face de . — Não me encare assim.
, o cara foi seu crush durante a adolescência, vocês finalmente se encontram agora, os dois solteiros, e você não aproveita a chance de dar um mísero beijo nele? — murmurou inconformada.
Dei de ombros, sem de fato me preocupar com aquele ponto.
e eu tínhamos passado uma ótima noite juntos, mesmo sem a presença de um beijo. Eu estaria sendo a maior mentirosa se dissesse que não queria beijar o , mas durante o nosso pseudo encontro, eu de fato não senti a necessidade.
Tínhamos nos entendido tão bem, que o beijo tinha passado a ser um mero detalhe.
Eu não queria um relacionamento sério, independentemente de com quem fosse, mas se as coisas com progredissem, eu não teria problemas em ver até onde o cantor conseguiria ir.
Mas para isso, as coisas precisariam ir com calma.
— Se você já está inconformada por não ter um beijo, não vou nem te dizer que eu recebi um convite para dormir na cobertura hoje. — falei com toda a calma que nem eu mesma possuía.
— É O QUE? — o grito de ecoou pelo apartamento silencioso. — Você não está bem, eu acabei de ter a certeza disso.
Ri da fala de , negando levemente com a cabeça.
Eu estava curtindo conhecer , e eu queria continuar assim. Eu me conhecia muito bem para saber que no momento em que eu o beijasse ou que dormíssemos juntos, eu sumiria de seu radar, mesmo adorando a companhia do homem.
E no final das contas, aquele era o único motivo para eu não ter ficado com naquela noite.
Eu queria me sentir preparada para ser mais do que apenas uma noite.

[ ]: Um passarinho azul me contou que você não está mais em Los Angeles.
[ ]: Vai realmente perder meu show?
Ri fraco das mensagens de , olhando rapidamente pelo estúdio para constatar se eu conseguiria ao menos um tempo para respondê-lo. A movimentação ao meu redor continuava fervorosa, mas sem nenhum sinal de que me chamariam a qualquer segundo, então voltei minha atenção para o aparelho em minhas mãos.
[ ]: Só cruzei o país, precisei vir para Nova Iorque substituir uma modelo 🙄
[ ]: Abandonei esse ramo, mas não parece que fui abandonada.
[ ]: E sobre seu show, não se preocupe que amanhã eu estarei lá.
[ ]: Isso que dá ser muito boa no que faz.
[ ]: Mais tarde e passo o endereço direitinho, bom trabalho.
E antes que eu pudesse responder , escutei meu nome ser chamado. Deixei meu celular sob a penteadeira separada para mim e saí na direção do local onde estava acontecendo a sessão de fotos.
Eu queria, de uma vez por todas, sair do ramo da moda e focar na música. Eu já tinha abandonado as passarelas e os editoriais, já não modelava mais para marcas de roupas e perfumes, mas naquele dia eu estava fazendo um grande favor para a pessoa mais importante da minha vida.
— Senhorita , ligação para você. — umas das secretarias apareceu na minha frente, segurando um iPad com a imagem de Donna refletida ali.
— Muito obrigada. — agradeci cordialmente, pegando o aparelho e afastando-me um pouco da movimentação, retornando para a penteadeira a qual eu estava sentada minutos antes. — Oi mãe.
O sorriso da minha matriarca foi o suficiente para que me fizesse abrir um sorriso verdadeiro em meus lábios, aquele ele o motivo pelo qual mesmo eu querendo completa distância do meu passado, eu estava ali, trajando nada mais que um conjunto de lingerie da nova marca de Donna.
— Oi, , muito obrigada por estar fazendo isso por mim, viu. — o sorriso permanecia em seu rosto e o tom de voz carinhoso estava presente. — A modelo acabou ficando doente de ontem para hoje e eu não consegui arrumar nenhuma outra modelo, você era a minha última esperança.
Suspirei fraco, concordando com um aceno de cabeça.
— Sem problemas, mãe. — sorri verdadeiramente, por mais que meu desejo não fosse estar ali em Nova Iorque.
— Não vai ser nada diferente de qualquer coisa que você já tenha feito antes para a Sensual . — murmurou. — Era só isto mesmo, minha querida. Pode devolver o iPad para Christina, eu vou acompanhar todo o ensaio por ligação.

Acomodei-me no jatinho particular de minha mãe, que estaria levando eu e — que também participava dos editorias de minha mãe — de volta para a cidade dos anjos. A viagem seria rápida, provavelmente em torno de quatro horas novamente, mas meu corpo cansado clamava por uma boa noite de descanso.
Infelizmente posar para fotos não era tão fácil e rápido quanto parecia, e passar a tarde inteira dentro daquele estúdio na cidade de pedras tinha consumido toda a minha energia.
— Outra mensagem de para você. — a voz de chamou minha atenção, fazendo-me virar em sua direção com o cenho franzido, para logo em seguida reconhecer meu celular em sua mão. — Parece que você realmente fisgou a atenção dele, hein?
— Sabia que você tem um celular próprio? — questionei para a morena, que apenas deu de ombros e me estendeu meu celular.
— Está descarregado. — murmurou simplesmente, mantendo o olhar fixo em mim. — Bora, , o que ele falou?
Ri da curiosidade de , era claro que minha proximidade com tinha despertado o lado adolescente — e fanática — da minha amiga, coisa que não tinha acontecido nem mesmo quando a mesma descobriu meu envolvimento com Zac Efron.
[ ]: Ia te convidar para a passagem de som, mas acredito que você ainda não tenha chegado.
[ ]: Aliás, o show será no The Forum, deixarei alguém da minha equipe esperando por vocês.
[ ]: Tem problema se entrarmos por outra entrada?
[ ]: Acho que seria melhor.
[ ]: Sem problemas, meu bem. Também é melhor chegarem uns dez minutos após o começo do show.
[ ]: Assim você mata a minha pontualidade britânica, haha
[ ]: Vou fazer a passagem de som, nos falamos mais tarde.
Deixei o celular de lado, levantando meu olhar e encontrando os olhos de fixos em mim.
— Você está parecendo uma maníaca. — resmunguei arrancando uma risada da mesma.
, isso é o sonho de toda adolescente que foi fã. — murmurou ultrajada. — É tipo a Hailey com o Justin.
Não pude deixar de rir de sua comparação, balançando a cabeça de forma negativa.
— Eu não sei nem o que falar para você, sinceramente. — murmurei e observei dar de ombros.
Acomodei-me ainda melhor no assento acolchoado do jatinho, fechando meus olhos e pronta para aproveitar o resto do trajeto cochilando.
— Você realmente não vai me dizer nada? — a voz de soou ultrajada. — Boa noite, . — murmurei em resposta, ouvindo o bufar da minha amiga.

A energia no backstage era surreal. Eu já tinha frequentado alguns antes, mas nenhum deles sequer me passava aquela energia. Não saberia dizer se era pelo fato de que antes eu era muito nova e não sabia aproveitar ou se o fato de eu querer aquilo para minha vida, mudava a forma como eu me sentia naquele local.
A equipe de corria de um lado para o outro, mas a minha verdadeira atenção estava focada no cantor que mais uma vez, entregava um show eletrizante. Eu não me dava ao trabalho de prender o sorriso frouxo aberto em meus lábios toda vez que direcionava o olhar em minha direção, principalmente quando cantava um trecho da música com seus olhos vidrados nos meus.
— Eu ainda não acredito que vocês não se beijaram. — murmurou de modo inconformado próximo ao meu ouvido, fazendo-me rir. — O cara está cantando e olhando para você, é óbvio que ele quer ficar contigo.
— Ele pode estar apenas conferindo se eu estou curtindo o show. — rebati e pisquei na direção de .
— E para finalizar o show de hoje, Sunshine. — falou animado, recebendo os gritos da plateia e fazendo com o que eu voltasse minha atenção para si, vendo que seus olhos estavam fixos em mim.

You're like a sunshine
(Você é como um raio de sol)
Only giving good vibes
(Só emanando energias positivas)
Any, any time that you roll in
(Em qualquer, qualquer momento que aparece)


Mordi o lábio inferior, prendendo o sorriso largo que queria sair. Se continuasse me encarando daquela forma enquanto cantava os trechos de suas músicas, eu realizaria o desejo de — e o meu — e beijaria aquele homem no momento em que ele saísse do palco.
— Você realmente vai me dizer que ele não está cantando para você? — murmurou irônica, e eu preferi não responder, aproveitando a última música que cantava.
A música era extremamente boa e dançante — eu até mesmo já tinha escutado tocando em alguma rádio —, fazendo-me balançar meu corpo no ritmo da música no mesmo momento em que começava a dançar no palco.
— É isso que eu chamo de conexão. — murmurou bem humorada do meu lado.
Ignorei a fala de , focando em si na conexão de com seus fãs. O cantor começava a se despedir dos fãs, agradecendo-os por estar ali enquanto os mesmos cantavam uma música em pedido de que o cantor ficasse um pouco mais.
Sorri verdadeiramente ao observar aquela cena, conseguindo me imaginar facilmente no lugar de em um futuro não tão distante.
— Gostou do show? — despertei de meus pensamentos assim que ouvi a voz de , só então notando que o cantor já se encontrava no backstage, a poucos passos longe de mim.
— Eu adorei, a energia que você passa no seu show é surreal. — sorri abertamente, recebendo um sorriso de como resposta. — Muito obrigada por este convite.
— Sempre que quiser. — piscou maroto, fazendo com o que um pigarro soasse ao meu lado. — Ah, perdoe minha má educação, você deve ser a . — virou-se na direção da minha amiga, que tinha um sorriso enorme nos lábios. — falou bastante de você.
— Espero que coisas boas. — murmurou, mas dessa vez mantendo o olhar em mim.
— Eu vou tomar um banho agora, mas vocês podem me esperar no camarim. — murmurou conforme seus olhos passeavam pelo backstage. — Chloé, leve elas até o meu camarim, por favor.
A suposta Chloé aproximou-se, concordando com um aceno de cabeça na direção de , olhando rapidamente em nossa direção e sorrindo minimamente ao fazer um movimento com a cabeça para que a acompanhássemos.
Olhei uma última vez na direção de , vendo seu olhar preso em mim com um sorriso nos lábios, fazendo-me retribuir o sorriso antes de seguir até seu camarim.
Eu estava interessada por , isso estava evidente para qualquer pessoa que me encarasse, mas ainda não seria naquela noite que eu cederia ao — nossos — desejos.
era legal, extremamente gente boa e uma ótima companhia para ficar jogando conversa fora. Estávamos começando a construir uma boa amizade ao longo daquela semana onde nós dois estávamos bem longe de casa, e eu sabia que no momento em que nos beijássemos, toda a nossa futura amizade acabaria.
E não era aquilo que eu queria.


Continua...



Nota da autora: Sem nota.



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