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Última atualização: 10/01/2021

Capítulo Único

O Queens àquele ponto estava agitado. A cidade em si estava agitada, a começar pelo trânsito que naquele horário estava um horror, mas aquilo não importava naquele momento. Não quando o USTA Billie Jean King National Tennis Center estava lotado, com aquela plateia animada e eufórica esperando apenas por Kim Seok-jin entrar na quadra.
Não era fato que o rapaz estava sendo o centro das atenções com aquele torneio. Ele era um dos melhores jogadores de tennis da temporada, o que não era surpresa para ninguém.
Ele jogava muito, muito, bem.
Jin sabia muito bem daquilo e, com isso, não deixava se abalar. Ele sabia o quanto era bom e que ninguém ousava ser melhor que ele. Poderiam até tentar, mas não conseguiam, era a verdade. E ouvir a multidão gritar por seu nome naquela quadra enorme só o fazia ter mais certeza disso.
O rapaz praticamente viveu para o tennis. Desde mais novo, sabia que o esporte tomaria seu coração e, desde então, não se via fazendo outra coisa além de praticar. E o resultado de tudo isso estava bem ali.
Passou uma de suas mãos livres pelos cabelos escuros e, com a outra, rodou o cabo de madeira da raquete na mão. Precisava admitir que estava ansioso, ainda mais por ver tanta gente ali.
— Para você. — John, seu assessor, se aproximou com uma garrafa d’água nas mãos e ofereceu para o rapaz. — Como está se sentindo?
— Muito bem. — Parou seus olhos no homem ao seu lado. — Acho que nunca me senti tão bem. Você está ouvindo?
Ergueu seu indicador em direção à plateia do lado de fora. John balançou a cabeça, soltando uma pequena risada, ouvindo nitidamente o nome de Seokjin ser gritado pela maioria das pessoas.
— É claro que estou. Já é fato que você é o melhor — comentou, colocando uma das mãos no bolso da calça social.
— Isso eu sei.
Jin soltou uma pequena risada, balançando a cabeça.
O rapaz ficou ali por mais um tempo com seu assessor, enquanto falavam sobre o torneio e do quanto aquilo poderia definir a vitória novamente de Jin.
Como já dito, Seokjin era um dos melhores jogadores de tênis e, para ele, nada nem ninguém seria melhor.
Era o que pensava.
— Falta pouco menos de quinze minutos. Tente relaxar um pouco mais e tome logo o restante dessa água — John dizia, aparentemente sendo o mais nervoso ali. — Não parece que vai ser uma partida rápida.
— E por que não?
Jin franziu o cenho, tentando entender. Se dependesse dele, logo estaria acabando.
— Parece que a campeã da liga feminina vai competir nesse torneio. — O rapaz o olhou de forma receosa. — E você sabe de quem estou falando.
— Você só pode estar de brincadeira.
Aquela frase saiu quase como um rosnado. Ele não estava acreditando que ela estaria ali, ainda mais porque sabia o que estava prestes a acontecer. Ele não a suportava. Desde a primeira vez que bateu os olhos em , soube perfeitamente que seria problema. E quando o primeiro cumprimento foi trocado, percebeu que ela não estava ali para brincadeiras, assim como ele.
A mulher tinha o mesmo objetivo que Seokjin e era aí que tudo começava.
Desde que se conhecerem, a troca de insultos e ofensas era mais do que explícita, assim como as encaradas que davam nos torneios que participavam um contra o outro.
Jin não a suportava e o sentimento da mulher era recíproco.
— Eu só vou pedir para você não deixar todo esse sentimento interferir na quadra. Você sabe o que aconteceu da última vez e todo esse seu ego quase te fez perder — falar aquilo era quase como pisar em ovos, John sabia bem, mas era necessário. Jin precisava se segurar. — Só foque em vencer e no troféu que te espera. É só isso.
— Você não pode simplesmente pedir isso. Aquela mulher é irritante. — Rolou os olhos.
— Eu posso e estou pedindo, Seokjin. Vocês não são crianças. Lidem com isso de forma madura.
Tanto faz.
Bufou e ajeitou a headband na testa mais uma vez. Ele estava tranquilo demais até receber aquela notícia. Como poderia focar no torneio se só de olhar para o rosto de lhe dava vontade de jogar a raquete para longe?
A verdade era que ele queria muito pedir um oponente de verdade. Ela não era nada e mesmo que fosse bonita o suficiente, não iria admitir isso.
Com um pouco de dificuldade, fez com que esses pensamentos invasivos se dissipassem de sua mente e começou seu aquecimento, assim que escutou a voz do locutor ecoar pelo salão.
Precisava admitir que seu coração palpitava dentro do peito. Ele adorava aquela sensação, principalmente quando entrava quase correndo pelo pequeno corredor com a arquibancada nas laterais que dava para a enorme quadra.
Assim que pisou no gramado artificial, sentiu a bomba de flashes de encontro ao seu rosto. Não pôde deixar de sorrir.
Ele era a celebridade ali. Era mais do que esperado.
Abaixou sua cabeça, cumprimentando a todos e distribui alguns acenos, trocando a raquete de mãos.
— Sejam bem-vindos ao USTA, no qual estamos tendo as finais deste maravilhoso campeonato nacional. — E novamente a voz do locutor invadiu o estádio. — Eu sou Bryan Davidson e, para me acompanhar, temos o Dylan Grayard do USTA Chicago. O que você espera dessa partida, Dylan?
— Preciso confessar que temos jogadores incríveis e tenho certeza de que essa será uma das disputas mais acirradas e esperadas — o outro comentou, enquanto uma das câmeras ainda estava focada em Seokjin.
— Com toda certeza! Principalmente porque temos a presença do jogador campeão do último campeonato de 2019, Kim Seokjin.
Ao ouvir seu nome sendo dito mais uma vez no local, Jin sorriu ao ouvir a multidão vibrar nas arquibancadas.
Naquele momento, já faltavam poucos minutos para que o torneio começasse. Jin já estava se preparando no seu lado da quadra.
— O mais interessante é que, neste torneio em especial, competirão de forma igualitária, sendo a liga masculina, a feminina e a mais esperada: a liga masculina contra a feminina — Bryan dizia animado, recebendo o mesmo entusiasmo do rapaz ao seu lado. — Acho que podemos esperar muitas emoções!
— Eu não posso concordar mais!
E com isso, foi possível ouvir somente a multidão agitada enquanto a voz dos dois locutores se misturava a ela.
Aos poucos, o único barulho que se podia ouvir por ali eram de cochichos animados enquanto Bryan começava a narrar o início daquela partida.
Jin, por um momento, quase quisera bocejar. Era verdade que nunca rebaixava seus oponentes, mas tinha que confessar que se cansava de ver todo o esforço que eles faziam não dando resultado.
Era no mínimo frustrante.
Não para ele, claro.
Quicou sua bola por duas vezes no chão da quadra e a lançou para o alto, sendo assim arremessada para o outro lado da quadra, onde o outro jogador estava. Este, correu de forma quase desesperada atrás do objeto que se aproximava e, quando estava quase acertando-a, a bola passou rapidamente pela raquete do rapaz
Era um ponto para Seokjin.
Ele apenas balançou a cabeça veemente, dando um pequeno sorriso de lado pela situação. Por um instante, se sentiu um pouco egoísta. Assim que observou a expressão decepcionada do adversário, deu um pequeno aceno o encorajando.
Aquilo foi o ápice para que todos praticamente gritassem assim que observaram a cena se passar pelo telão.
Jogaram por mais algum tempo até que Jin ganhasse a partida e, por mais que estivesse se sentindo maravilhosamente bem, deixou seu ego de canto e caminhou até o adversário, apertando a mão dele antes de se despedirem.
Rapidamente outra partida já estava se iniciando, agora com outro jogador. Até o momento o único classificado havia sido Jin e mais dois rapazes, que não eram tão bons assim, mas, por terem chegado onde chegaram, já era muito bom.
— E Kim Seokjin não nos decepciona, pessoal! — A voz de Bryan inundou novamente o estádio.
— E quando foi que isso aconteceu, Bryan? — Dylan comentou em tom brincalhão, arrancando assim algumas risadas das arquibancadas. — Conseguimos perceber que as partidas estão ficando acirradas a cada momento que passa.
— Parece que a tensão está ficando cada vez melhor. Será que é pelo que está vindo por aí?
Os dois se encararam por alguns segundos, sendo mostrados no telão, fazendo assim um pouco de suspense.
— O que vem por aí, Grayard? — perguntou.
— Vocês vão saber logo após nosso intervalo!

E, com isso, deu uma piscadela para a câmera à sua frente.
A verdade era que todos ali já sabiam o que iria acontecer, principalmente Jin, que já estava sentindo o desgosto subir pela sua cabeça. Ele não precisava nem dizer que estava odiando aquela situação, não por estar jogando, mas sim por ter que jogar com quem ele realmente não queria.
Preferia alguém à sua altura. Alguém como a Serena Williams.
Não como .
Bufou, pegando sua garrafa com um dos assistentes antes de voltar para a parte interna do estádio, a parte interior.
Se ele tivesse que escolher, não competiria mais, mas só por isso, talvez valesse a pena.
Talvez valesse a pena mostrar que ele era o melhor, sim. E seria prazeroso ver a cara da derrota estampada no rosto dela.

***


Jin sentia suas mãos suarem, mas se sentia bem com aquilo. Não era algo ruim, não para ele. Faltava pouco tempo para que voltassem à programação do torneio e para que retornasse para a quadra de tênis novamente.
Tomou mais um gole de sua garrafa d’água e respirou fundo, ouvindo a voz do locutor impregnar o estádio do lado de bora.
— Você está cansado? — John se aproximou, com o celular nas mãos. Jin rapidamente balançou a cabeça em negação.
— Nem um pouco. — Jin o encarou por alguns instantes. — Acho que agora vai ser a melhor parte.
— Jin...
— John — o interrompeu. — Eu não vou fazer nada. Só vou me concentrar na partida e no troféu que me espera. Certo?
— Eu espero muito que sim.
O olhou de soslaio e respirou fundo, esperando do fundo do coração que Jin estivesse falando sério daquela vez e não agisse como uma criança como da última.
Esperava também que fosse mais maleável e que ignorasse todo o impasse que os dois tinham.
O barulho do estádio era bem evidente àquele ponto. Era uma das últimas partidas e a animação de todos que ali se encontravam estava explícita. Tirando o cansaço de toda a equipe que o acompanhava, Jin era o único que parecia mais elétrico ali. E é claro que tinha um motivo em especial.
Assim que foi anunciado novamente, se aqueceu de forma rápida e pegou sua raquete, rodando-a na mão mais uma vez.
Era agora.
— E para a nossa última rodada deste fim de tarde, o torneio mais esperado do final da USTA — Dylan comentou com um sorriso enorme estampado no rosto, balançando suas mãos como se estivesse tocando um tambor. — Vocês estão preparados, Nova Iorque?
Os gritos afobados inundaram o local e a multidão colocou as mãos para cima, demonstrando animação.
— Todos sabem que essa última rodada é uma das mais esperadas e comentadas pela ESPN. Principalmente porque sabemos que Kim Seokjin e não tem lá o que podemos chamar de uma amizade — Bryan informou, arqueando uma das sobrancelhas.
— E poderemos ver isso neste torneio!
Jin passou novamente pelo pequeno corredor rodeado pelas pessoas que o assistiam e, novamente, a equipe de filmagem e fotografia veio em cima, focando no rosto do capaz.
Ele se limitou a sorrir.
Caminhou para seu lado da quadra, sendo aparado por um dos assistentes, que o entregou uma garrafa d’água gelada e o agradeceu, rodeando o lugar.
Ficou ali por mais algum tempo enquanto percebia que o lado da quadra que seria de ainda permanecia vazio.
Mas foi então que observou, no corredor do outro lado, a mulher aparecer em meio aos flashes, andando da forma mais calma que poderia.
Seokjin arregalou os olhos brevemente e sentiu a garganta secar.
estava tão... Diferente. Mas que porra era aquela?
A mulher tinha os cabelos castanhos escuros presos em um rabo de cavalo alto, deixando apenas algumas mechas soltas ao lado do rosto enquanto a viseira branca destacava um pouco mais. Observou que seu sorriso fraco estampava o rosto, mas mesmo fraco, observou que continuava o mesmo.
Travesso. Provocante.
Respirou fundo mais uma vez e tentou desviar seu olhar daquela cena, mas não conseguia.
Não quando a roupa da mulher chamava atenção de todos ali.
tinha a minúscula saia azul escura rodada na cintura da mesma forma que o collant azul contornava seu corpo e seu busto. Em seu pulso esquerdo, havia uma munhequeira branca da mesma forma que sua viseira, e sua mão segurava a sua famosa raquete amarela e preta.
Em algumas entrevistas, a mulher dizia que era seu amuleto.
Isso era o que Jin queria ver.
A mulher parou em seu lado da quadra, rodeada por suas duas assistentes e trocou a raquete de uma mão para a outra, ainda com aquele maldito sorriso nos lábios.
Jin estava começando a ficar agoniado. Não sabia que sensação era aquela.
Só queria acabar com aquilo de uma vez.

Foque no torneio e no troféu que te espera.

Por alguns instantes, a frase ecoou em sua mente e Jin decidiu só focar naquilo. Ou pelo menos tentaria.
Seokjin se posicionou, rodando a raquete preta várias vezes em sua mão e a olhou por alguns segundos. estava muito calma. Até demais.
Ela parecia tão leve, tão tranquila. Aquilo não parecia ser normal.
Mas não abalaria Jin, ele era melhor que aquilo.
Melhor que ela.
A mulher começaria a rodada e ao observar Jin a encarar de forma desafiadora, sabia que aquela seria uma partida interessante.
Por mais que não suportasse o rapaz, adorava tirá-lo do sério daquele jeito.
Ela se ajeitou em uma pose magnífica e jogou a bola amarela para cima, encaminhando-a para Jin. O rapaz rebateu, levando-a novamente para o lado da mulher e assim ficaram por muito tempo.
A plateia estava muito apreensiva. Conheciam bem a fama que os dois tinham e sempre que acontecia uma partida, mesmo que amistosa, era quase como ver a quadra pegar fogo.
A partida daquela rodada havia acabado de forma tensa. Havia acontecido um empate. O que nunca tinha acontecido com Jin e outro adversário.
Droga.
Ele tinha que admitir que ela era boa. Ela estava jogando muito bem.
Aquilo não podia estar acontecendo.
Foque, Jin. Foque.
— Bom, Bryan, estamos vendo que a tensão só está aumentando entre os dois. Será que Kim Seokjin estaria ficando um pouco abalado? — Dylan o encarou, começando a ficar um pouco preocupado.
— Podemos ver isso pela expressão dele.
Jin parecia irritado. Na verdade, ele até estava um pouco. Mas o que mais lhe incomodava era como a pessoa que ele mal aguentava estava ficando parecida com ele.
Ela estava chegando ao seu nível.
E isso realmente não podia estar acontecendo.
Pressionou as têmporas levemente, tentando se acalmar. De longe, conseguiu avistar John o observando com as mãos na cintura, estava mais nervoso que o próprio. Balançou a cabeça de forma afirmativa, acalmando seu assessor.
Rodou o corpo, encurvando o mesmo e assim que tomou mais um gole d’água da garrafa, de relance pôde avistá-la.
Agora ela não parecia mais calma.
estava inquieta, parecia nervosa, mas tentava não transparecer.
Aquilo, de certa forma, o deixou mais tranquilo. Com isso, um pequeno sorriso começou a brotar no canto de seus lábios.
Ela não estava tão confiante mais assim.
O último apito havia sido ouvido e os dois se posicionaram em cada lado, prontos para terminarem da pior ou da melhor forma.
queria muito ganhar aquele torneio. Queria tanto jogar na cara de Seokjin que ele não era nada além de apenas um jogador como qualquer outro. Queria tanto abaixar a bola daquele cara e colocar ele no devido lugar, mas a pressão era enorme. Ele realmente era muito bom e isso a irritava.
Não sabia mais o que fazer, estava dando seu máximo.
Observou a bola vir em sua direção e rebateu. Com isso por mais algumas vezes até começar a ficar mais rápido.
Jin jogava muito rápido. Ele ia de um lado para o outro como se a bola fosse seu ímã. tentava o acompanhar e tentava ao máximo não tropeçar em seus próprios pés, mesmo estando tão cansada e exausta.
Nunca havia treinado tanto e não queria mesmo ser abatida por seu pior adversário.
Em um movimento rápido, Jin alcançou a bola assim que voou em sua direção e bateu com a raquete de forma forte, fazendo-a voltar para .
Só que, desta vez, a mulher praticamente correu em direção ao objeto, soltando para o lado e, infelizmente, caindo de lado no chão da quadra.
O burburinho de sua queda foi de ecoar e sentiu o coração apertar de forma avassaladora. Não por ouvir os comentários feitos pelo público e pelo locutor, mas por saber que ali, com aquele acontecimento, havia sido decidido.
Kim Seokjin era o mais novo campeão mundial do Grand Slam 2020.
Aos poucos, sentiu seu rosto queimar e percebeu que ainda estava ali, na mesma posição. Como em câmera lenta, observou o olhar perdido de Jin do outro lado da quadra e algumas pessoas se aproximando.
Ela não sabia ao certo o que estava sentindo.
Jin sentiu sua visão girar lentamente, repassando em sua cabeça o que havia acabado de acontecer.
Ele havia ganhado. Ele era o campeão. O troféu era dele.
Mas, de certa forma, o que sentia era estranho. Não estava certo.
Ver aquela cena tinha o incomodado.
Que droga. Mil vezes droga.
O que estava acontecendo?
Com a mesma incerteza que estava, deu impulso com seus pés e caminhou rapidamente em direção à mulher que estava sendo amparada por algumas pessoas de sua equipe.
estava odiando aquela situação. Era pior do que podia imaginar.
— Você se machucou? — um deles perguntou.
— Não. Eu estou bem.
Rapidamente passou uma das mãos pelo rosto e já se levantaria, não fosse por alguém parado à sua frente, prestes a lhe ajudar.
— Você está bem?
Ouviu a voz de Seokjin próxima a si e ergueu seu olhar, o observando. Percebeu que o rapaz a analisava de forma calma, talvez aparentando até estar preocupado.
sentiu a irritação de antes voltar à sua mente. Ele estava tentando fazer a boa ação para todos verem? Foi a primeira coisa que pensou. Por que ele a ajudaria? Os dois sempre se enfrentaram e trocaram insultos. Isso não era de seu feitio.
Não estava nem um pouco certo.
A mão estendida de Jin foi jogada para o lado pelo tapa que a mulher havia dado e assim que percebeu a feição de confusão no rosto do rapaz e, inclusive, do restante de sua equipe, se levantou rapidamente, ajeitando sua roupa.
— Não tente se passar por bom moço, Kim Seokjin. Você já ganhou o torneio. Era isso o que queria. E eu não preciso da sua ajuda.
Praticamente cuspiu as palavras e saiu marchando para longe dali, sem deixá-lo responder.
Jin piscou algumas vezes, tentando assimilar o que havia acabado de acontecer e respirou fundo, se praguejando em seguida. Era claro que aquilo não daria certo, para que foi inventar? Agora estava se sentindo um idiota. Um ridículo.
Passou uma das mãos no rosto e subiu para os cabelos, ajeitando os fios teimosos e se virou, caminhando para perto de seu assessor, fingindo que nada tinha acabado de acontecer.
— Pode me explicar o que acabou de acontecer? — John comentou entre os dentes, enquanto fingia um sorriso para as câmeras.
— Nada. Exatamente nada. — O encarou rapidamente e sorriu da mesma forma que John. — Agora vamos acabar com isso de uma vez. Não vejo a hora de sair daqui.
E, com isso, se preparou para falar com os repórteres que o esperavam ansiosamente para uma rápida entrevista. Ele falaria o que teria que ser dito e sairia dali o mais rápido possível, mesmo sabendo que os pensamentos sobre não paravam de o assombrar naquele momento.
Droga! O que aquele inferno de mulher tinha feito?

***


Jin sentia seus ombros pesados, quase como se latejassem pela tensão e pelo cansaço. Agora, estava no vestiário e poucas pessoas de sua equipe transitavam por ali. A maioria já estava se preparando para partir e Jin até faria o mesmo, se não fosse por estar suado e muito, muito cansado.
Ele queria muito tomar um banho em casa, mas sabia que não aguentaria até chegar lá e se já estava naquele vestiário, poderia aproveitar para fazê-lo rapidamente antes de ir embora.
Passou a toalha branca por sua testa, tirando os resquícios de suor que ali estavam e puxou sua mala da Adidas de dentro de um dos armários, pronto para preparar uma muda de roupa leve e fresca.
Assim que a fechou, se prepararia para caminhar em direção ao chuveiro, porém uma das vozes lhe chamou atenção.
parecia comentar com alguém sobre sua frustração, mas Seokjin não conseguia identificar a outra voz. Era como se ela estivesse falando sozinha do outro lado.
— Eu me sinto tão... Desapontada. Eu jurava que seria melhor dessa vez — disse cabisbaixa. Jin andou lentamente, ouvindo a voz ficar mais evidente e a viu sentada em um dos bandos do outro lado do vestiário. mantinha sua postura ereta, mas a cabeça baixa. O telefone estava colado ao ouvido. — Eu sei, mãe. Sempre haverá o momento certo. Ah...
E antes que pudesse continuar, virou seu rosto rapidamente, tomando um pequeno susto ao vê-lo parado, provavelmente a observando por um bom tempo.
franziu o cenho, tentando entender a cena e suspirou, fechando seus olhos.
Olha, eu te ligo amanhã pela manhã, tudo bem? Eu tenho que ir.
E, em um instante, desligou o celular, abaixando sua mão.
O observou novamente e bufou.
— O que você quer? — murmurou, encarando-o. — Espera. Acho que já sei.
— Não é iss-
— Será que você quer jogar na minha cara sobre minha queda? Ou você quer dar ênfase no enorme troféu que recebeu? — Arqueou a sobrancelha.
Por uma pequena fração de segundo, Jin queria sair dali e deixá-la falando sozinha, mas não era o certo. Ele sentia que, por mais que quisesse, não poderia.
Ela parecia tão desiludida.
— Eu não vim aqui fazer nenhum dos dois, . — Suspirou, passando uma das mãos no cabelo. Ela não pôde deixar de observá-lo. — Por mais que você conheça meu ego e o quanto eu gosto de deixar claro que sou incrível com o que faço, eu não acho que o que aconteceu foi justo.
— Ah, claro — ironizou, sorrindo. — E você vai me dar seu troféu, por acaso?
— É óbvio que não. — Deixou uma risadinha escapar. A risada de Seokjin quase a fez sorrir, mas se conteve ainda o encarando. — Só quero te dizer que ganhar dessa forma não me deixou satisfeito, ainda mais sabendo que você estava dando seu melhor e que não pôde chegar ao final.
Aquela frase a pegou em cheio. Não imaginava que um dia ele poderia ser amigável daquela forma, ou pelo menos fingir àquele ponto.
A mulher precisou de alguns segundos para digerir a informação e limpou a garganta, ficando ereta novamente.
— Não precisa fingir, Seokjin. — Soltou uma risadinha cansada e se levantou, pronta para pegar suas coisas e sair dali. Já não bastava o que havia acontecido, ela não precisava de mais aquilo. — Eu sei que seu ódio por mim é mais do que óbvio e fique sabendo que é muito recíproco.
— Eu não odeio você, . Eu só não te suporto.
Os dois se encararam por aqueles segundos e o sentimento não era mais o anterior.
Não.
Tinha que ser o anterior.
Eles não podiam estar sentindo aquela conexão.
Que merda!
Mil vezes merda. — Os dois pensaram.
— Você não sabe o que está falando — disse firme, observando o rapaz enrijecer o corpo rapidamente. Jin podia sentir suas mãos suarem gradativamente.
— Eu sei, sim. Sei que você se sente da mesma forma e isso está longe de ser ódio. Você sabe que estou certo.
Ela se praguejou, se xingou e tudo o que poderia fazer mentalmente. A verdade era que ele estava certo e ela estava odiando aquilo tudo.
Não acreditava estar se sentindo atraída por Kim Seokjin.
Não depois de tudo aquilo.
Ele se aproximou ao perceber o olhar confuso que estampava os olhos da mulher. Se sentiu confuso também ao sentir seu corpo ser atraído até o dela e só então percebeu que se observavam frente a frente, de forma tão... Diferente.
— O que você pensa que está fazendo? — a frase saiu como um sussurro dos lábios de .
— O que poderíamos ter feito se essa droga de implicância não existisse — Jin a respondeu, passando a língua pelos lábios. Ele não aguentaria.
muito menos.
— Eu não vou tomar a atitude se você me disser agora para parar, — continuou, erguendo uma de suas mãos para tocá-la. Ela não poderia negar a aquilo.
Droga. Ela não queria sair dali, nem mesmo recusar o toque do rapaz.
— Você faz ideia do que pode acontecer se isso não der certo? Eu só vou te odiar ainda mais.
Jin soltou uma risadinha abafada, vendo os olhos de o observarem, negando com a cabeça.
— Você não me odeia. Nunca odiou. — Deu de ombros, sentindo a pele morna dos ombros de em suas mãos. — Como falei antes, eu não te suportava. Você talvez sentisse o mesmo, mas ódio? Não.
— Você se convence muito das coisas o tempo todo — comentou, estreitando os olhos. Aquilo era um dos aspectos do rapaz que, mesmo ela não o suportando, não deixava de admirar.
— Só quando estou certo.
Piscou, agora observando os lábios macios e umedecidos de . Aquilo era tentação demais.
— E o que te garante que está certo nesse momento?
— Seus olhos perdidos e a boca nervosa me chamando para beijá-la.
Aquela frase foi o ápice para que tomasse a decisão que tanto estava insegura. Com um pouco de nervosismo, deixou um sorriso surgir nos lábios. Aquele famoso sorriso travesso.
— Então espero que não demore para fazer isso.
A sua deixa havia sido tão convidativa que Jin não pôde pensar por muito tempo e o único reflexo que teve foi de levar suas mãos, entrelaçando-as no cabelo de , assim a puxando para perto de si.
Os corpos dos dois se chocaram de forma rápida e agarrou a lateral da blusa do homem por instinto.
Sentiu o peitoral de Seokjin encostado ao seu busto e cacete, que homem era aquele?
Por que tinham demorado tanto tempo?
Aquilo era surreal.
Com um pouco de dificuldade pelo beijo desesperado, Jin aos poucos foi encaminhando a mulher para próximo do chuveiro privado que tinha no vestiário.
Ele só tinha uma coisa em mente e aquilo envolvia molhada de todas as formas.
Entraram cambaleando no recinto e a única coisa que Jin conseguiu fazer enquanto a mulher arrancava sua blusa fora, foi empurrar a porta com um de seus pés e fazer o mesmo com ela, tirando aquele conjuntinho minúsculo e apertado.
Assim que seus olhos pousaram nela, foi como se tivesse ficado extasiado.
Aquela mulher era maravilhosa.
Gostosa. Apetitosa.
Observou o busto destampado, apenas com a droga daquele top quase transparente e só conseguia pensar em se livrar daquilo da forma mais rápida.
sorria para o homem.
Ela sabia que Seokjin tinha um porte de dar inveja, mas ver o peito desnudo do homem e completamente definido era como encarar a perfeição.
Se sentiu boba por pensar daquela forma e ainda mais por pensar que aquela homem havia sido o motivo do desconto de sua raiva no tennis.
— Você está me deixando louco. Que raiva — Jin rosnou, puxando-a para perto. Àquele ponto, ele já beijava o pescoço da mulher ferozmente e ela tinha suas mãos ocupadas em tirar aquele short folgado que ele ainda vestia.
— Que raiva digo eu, Kim Seokjin — ela murmurou, observando o volume que já estava presente por baixo da cueca do rapaz. Ele sorriu atrevido ao observar a expressão safada de . — Olha a que ponto chegamos.
— O ponto que imaginei desde que vi você mordendo esses lábios — ele dizia enquanto voltava a beijá-la. — Maravilhosos.
— Você não sabe do que eles são capazes.
— Então me mostre.
o encarou uma última vez antes de se abaixar e levar suas mãos até o membro ereto de Seokjin. O rapaz arfou ao sentir a mulher começar a movimentá-la e queria muito xingá-la por se sentir daquela forma.
, sentindo a euforia do homem à sua frente, se sentiu da melhor forma. Em poucos segundos, lambeu a glande de seu pênis, envolvendo-o totalmente em sua boca. Foi o suficiente para que Jin soltasse um resmungo irreconhecível.
Caralho!
— Não está bom, Jin? Eu posso parar.
Fingiu uma expressão inocente, chegando levemente para trás. Em um ato de desespero, Jin empurrou a cabeça da mulher para frente, fazendo-a engoli-lo mais uma vez.
— Você não ouse, . Nem fodendo.
Ela soltou uma risadinha e continuou com os movimentos até sentir que Jin não aguentaria mais, só que antes de terminar, sentiu as mãos do rapaz em seus cabelos, logo levantando-a e deixando-a de frente para si.
Eles se observaram, fazendo com que Jin sentisse que aquilo era loucura demais.
E ele não estava só gostando.
Era mais que aquilo.
— Diga que me odeia — soprou na boca da mulher, deixando um beijo molhado no canto de seus lábios. — Diga que me odeia e eu farei você se arrepender.
— Eu te odeio, Kim Seokjin. — Ela fez o mesmo que ele, agora mordendo seu lábio inferior. — Agora faça com que eu me arrependa profundamente disso.
Com a água do chuveiro caindo sobre o corpo quente dos dois, a única reação que Jin teve foi de encostar o corpo da mulher naquela parede e fazer com que seu membro roçasse naquela bunda deliciosa que ela tinha.
Ouviu um pequeno gemido sair dos lábios rosados da mulher e sorriu satisfeito ao ver o efeito que estava tendo sobre ela. Era mais do que poderia desejar.
Com uma de suas mãos livres enquanto a outra segurava os cabelos escuros e curvava o pescoço dela para trás, levou-a para a região íntima da mulher, alcançando o local úmido e quente, do jeito que ele havia imaginado.
Mordeu seus lábios sentindo o corpo da mulher enrijecer e sentiu o clitóris pulsante de .
— Você já está assim, ? — provocou-a, começando a fazer movimentos com seus dedos na região. — Tão molhada.
Cala a boca, Seokjin — rosnou para ele, com seus olhos fechados. Sentia como se fosse explodir a qualquer momento. O rapaz então parou subitamente, fazendo o encarar de forma mortal.
Ele apenas se deixou sorrir e, ainda com de costas para si, a empurrou ainda mais para frente.
— Eu vou fazer você me odiar ainda mais agora.
E antes que ela pudesse protestar, sentiu o membro do homem invadi-la aos poucos até senti-lo por completo. Ela queria gritar, queria urrar. Aquilo era tão bom.
Ele era todo gostoso.
Puta que pariu.
Enquanto os gemidos da mulher iam ficando mais evidentes e ecoavam ainda mais pelo local, Jin só ia aumentando sua velocidade dentro dela. As estocadas começaram a ficar violentas, mas não de uma forma que a machucasse, mas sim que pedisse por mais. E foi isso que ela fez.
— Droga, Seokjin! — gemeu mais alto chamando-o pelo nome. Ele apenas conseguiu gemer junto a ela. — Eu não vou aguentar por muito tempo.
— Muito menos eu.
Sussurrou próximo ao ouvido da mulher, mordendo seu lóbulo. Isso foi a deixa para que desse um grito fino e alto, sentindo seu corpo esquentar por completo, no mesmo momento em que o gemido de Jin poderia ser ouvido tão alto quanto o dela.
Os dois haviam explodido juntos. Aquilo tinha sido de outro mundo.
Que droga!
Como ele poderia ser sensacional daquela forma?
Jin pensava o mesmo que ela.
Ainda com a água caindo sobre o corpo dos dois, se virou, permitindo encarar os olhos convidativos de Seokjin. Ele a olhava de forma diferente.
De forma curiosa.
Era como se estivesse a olhando pela primeira vez, o que era engraçado, pois o que ela sentia naquele momento também era novo. Tão novo quanto o que ele sentia também.
— Eu não sei o que dizer — a mulher murmurou, agora encarando os lábios carnudos de Jin. Ele sorriu de canto, passando uma das mãos no rosto de , afastando os fios molhados e bagunçados.
— Não precisa dizer.
Estendeu uma de suas mãos, girando o registro do chuveiro, desligando-o. O silêncio tomou conta do lugar, agora era como se só a presença dos dois preenchesse o box do banheiro, mas aquilo de certa forma não era desconfortável.
Não.
Os dois estavam se sentindo bem e aquilo era algo que não queria esquecer.
Na companhia de Jin, seguiu para o lado de fora enquanto procurava por uma toalha para se secar. Deixou os olhos caírem sobre os ombros largos e molhados do homem próximo a si e se deixou sorrir, se lembrando de como o sentimento por ele havia mudado em apenas algumas horas.
Era doido, inexplicável.
Jin passou a toalha pelos cabelos, secando-os e sorriu assim que pegou os olhos da mulher sobre si. , sem dizer mais nada, se secou, saindo dali pronta para pegar suas coisas e ir embora.
Por mais que admitisse que aquilo fora extremamente louco e ela tivesse gostado, sentiu algo esquisito tomar conta.
Como seria a partir daquele momento?
— Aonde você vai? — Jin perguntou, se aproximando da mulher. Caçou suas roupas secas na pequena mala, vestindo-as assim que esperava a resposta da mulher.
— Preciso ir embora e preciso descansar. Aparentemente, não tive um dia muito bom hoje — comentou sem pensar. Ele a olhou curioso, observando a mulher ficar atordoada em seguida. Sorriu com sua confusão. — Acho que você entendeu sim.
— Não se preocupe. Não levarei a mal.
Colocou sua bolsa esportiva no ombro esquerdo e passou uma das mãos nos cabelos escuros, os bagunçando. Assim, se aproximou da mulher agora vestida. Ela parecia tão delicada daquela forma.
— Acho que agora você pode começar a me odiar novamente — brincou, sorrindo de canto. Ele a observou, concordando com a cabeça.
era tão diferente daquela forma. Descontraída, leve. Sem a pressão de estar em sua presença.
— Bom, para todos os efeitos, eu ainda te odeio, muito. E espero que você ainda sinta o mesmo. — Piscou para a mulher, levando uma das mãos em seu queixo. — E, se quiser, no próximo torneio podemos jogar de forma justa.
— O próximo torneio é só no ano que vem, Jin.
Ele balançou sua cabeça negativamente, deixando uma risadinha descrente crescer em seus lábios. Estava gostando de ver o lado inocente e curioso da mulher.
— Eu não disse onde seria, mas já que quer saber... — Deu de ombros e se afastou, pronto para seguir para sua casa. — O torneio será na minha casa. De preferência na minha cama e você estando sem nada sobre ela. O que me diz?
Ela não podia acreditar que ele havia dito, mas, mesmo com todo o passado dos dois, ela estava disposta a talvez, quem sabe, começar a mudar aquilo.
E precisava admitir que havia adorado a forma despojada daquele convite.
Ela que não iria negar, não é?


FIM



Nota da autora: Sem nota.



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