Capítulo 1
São Paulo, Brasil
O dia estava nublado, como diziam que São Paulo era: a terra da garoa, mas bem abafado. Olhei para a janela do táxi, observando as nuvens cinzas lá em cima e pelo menos na hora do show estaria menos quente. Mordi meu lábio inferior pensando naquela loucura em que eu me encontrava. Não era fã daquela banda, no entanto fazia aquilo pela minha irmã mais nova, de 17 anos, que era completamente louca pela The Driver Era.
Todavia, não poderia negar que meu crush em Ross Lynch não existiu no passado. Iria mentir que nunca assisti Austin & Ally e cantei as músicas? Mas do nada peguei uma raiva dele que até hoje não entendia o certo por quê.
— Chegamos! — a motorista falou me tirando dos meus devaneios.
A banda tocaria em algumas horas no Cine Joia e havíamos escolhido um hotel próximo para que pudéssemos ir andando, paguei o táxi e dei um sorriso para a mulher que estava sendo simpática desde que nos conhecemos no aeroporto há pouco.
No porta-malas peguei a minha mochila e a de Bianca, entreguei em suas mãos a mais pesada e fiz uma careta enquanto entrávamos no hotel e sentia uma garoa caindo sobre a minha cabeça.
— Não acredito que vou ver a banda hoje. Já vamos indo, né? Para o local? — questionou ao meu lado quando me olhou sorrindo.
— Vamos almoçar ou comer alguma coisa mais leve. Viemos direto do aeroporto, tá maluca?
Chegamos à recepção e fizemos o check-in bem rapidamente, subimos até o nosso quarto e logo que entramos, ele não era tão grande, mas o suficiente pelos 5 dias que ficaríamos em São Paulo para os dois shows da banda.
Sim, dois shows. Um no Cine Joia, um sideshow. E outro no Lollapalooza.
Meu celular tocou assim que coloquei a minha mochila em cima da cama de casal que dividiríamos, olhei no visor e era a minha chefe do jornal no qual eu trabalhava.
— É a doida? Você falou que havia tirado férias, !
Ri com o aparelho em mãos e pedi para ela ficar quieta.
— Vai jogar uma água no rosto enquanto falo com ela, rápido! — pedi ao fazer um sinal com a mão, me sentei na cama, em tempo de entrar no banheiro e fechar a porta.
— ? — ouvi meu nome no instante em que atendi a ligação.
— Oi, Nicole. — Um sorriso breve se formou em meus lábios.
Dei uma olhada rápida pelo quarto, passei pela cama, vendo a bancada ali em frente, a TV na parede, o espelho próximo à porta fechada e do outro lado a cortina branca também fechada e um ar-condicionado no topo da parede.
— Já chegou em São Paulo? — Respondi que sim em um murmúrio — Preciso de um favor seu, sei que lhe dei folga, mas você está aí e nossas redes sociais estão enlouquecidas.
— Favor? — minhas sobrancelhas se juntaram brevemente.
— Você vai ao show da The Driver Era com a sua irmã, né? Antes do segundo show dos meninos, queria que você conversasse com eles.
— U-uma entrevista?
Coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha enquanto ouvia Nicole afirmar a minha pergunta, mordi meu lábio inferior de leve.
— Mas eu não...
— Já está tudo pronto, falamos com os representantes deles, marcamos um horário no hotel em que os irmãos vão ficar. Você é uma ótima jornalista, quero que faça as perguntas e depois transcreva para que a gente possa postar em nossas redes sociais. Considere um aumento!
E eu estava realmente considerando uma viagem internacional no final de 2024. Talvez isso pudesse me ajudar não seria tão difícil. Posso falar com a respeito das perguntas e até com outras fãs no show.
— Pode ser. Faço com certeza!
— Ótimo! — Eu sabia que um sorriso se encontrava nos lábios de Nicole e respirei fundo. — Mandei tudo via correio, chega amanhã.
Desliguei o celular após alguns minutos e vi sair do banheiro enquanto mexia no próprio aparelho.
— O que ela queria? — minha irmã mais nova questionou.
— Hm. — Fiz um bico rápido. — Vou entrevistar os meninos antes do show no Lolla.
Imediatamente ela arregalou os olhos, e acabei rindo disso, tão pouco depois se aproximou de mim, jogando os braços ao redor dos meus ombros e me trazendo pra próxima dela.
— Que incrível! Eu vou poder ir com você? — Ela se afastou um pouco a fim de me olhar, concordei com a cabeça rindo.
— E tem mais: você vai me ajudar com as perguntas. Não faço ideia do que perguntar a eles.
deu alguns gritinhos seguidos de pulos, seu sorriso ia de orelha a orelha e acabei rindo dela e fiz uma careta.
— Tá bom, tá bom. Vamos comer senão você passa mal vendo os dois mais tarde.
— Sim, senhora. — seu braço enganchou no meu e dessa forma saímos do quarto.
Me encontrava animada sim para o show, no entanto lá dentro, algo me dizia que seria algo totalmente diferente do que eu estava esperando e que era para aproveitar todos os minutos. As músicas deles eram muito boas, então, nada melhor do que passar algumas horas apenas nos divertindo.