Finalizada Em: 03/06/2018

Capítulo Único

, você não sabe da novidade! ― a amiga apareceu em seu quarto com um sorriso empolgado, lhe fazendo arquear uma das sobrancelhas com toda aquela animação que exalava dela.
― O que aconteceu? ― perguntou curiosa, já jogando o celular em um dos cantos da escrivaninha e fechando os livros no mesmo segundo para prestar atenção no que iria falar.
― O pai do deu um carro pra ele de presente de aniversário de maioridade. Ele vai tirar carta essa semana. ― contou ainda um pouco chocada pelo o que tinha lhe dito há alguns segundos na vídeo chamada, antes de desligá-la para passar a informação adiante. ― Rico é foda.
― Não é? A gente aqui na faculdade e emprego de meio período tentando pagar o aluguel e o garoto de dezoito anos já tem até carro. ― revirou os olhos exageradamente, provavelmente pela injustiça da situação e também pelo ranço que guardava de , e que nem mesmo fazia questão de deixar ser secreto.
― Ele tem dezenove. ― corrigiu com um sorriso de canto provocativo, sabendo exatamente o porquê daquele tom ofendido e a necessidade da amiga de enfatizar bem a idade internacional do garoto. ― Pelo menos aqui na Coreia.
― Não muda muito. ― eu continuo tendo vinte e dois, essa última parte deixou morrer em sua própria mente, porque caso a falasse a amiga iria perguntar “por que estava comparando as idades dos dois” sugestivamente. Acabou respondeu desanimada, voltando a virar o rosto para encarar de novo os livros e se concentrar no trabalho que deveria terminar logo.
― Você tem que superar o ranço, porque vamos na festa de aniversário dele na sexta-feira. ― anunciou, deitando na cama da mais nova e nem mesmo olhando para a cara dela, uma vez que sabia exatamente qual seria a reação de - ela ia virar para trás com uma sobrancelha arqueada, e segundos depois ia soltar alguma pergunta passiva-agressiva.
― O que te faz pensar que eu vou deixar minha confortável casa pra ver a cara do garotinho do Ensino Médio? ― praticamente riu quando ouviu o que disse, jogando o corpo para trás e batendo as costas no colchão. ― Toda vez que ele me chama de Noona eu tenho vontade de me enforcar, você sabe o que eu quero dizer?
― Se até eu vou fazer isso, não deve ser assim tão difícil pra você, sinceramente. ― não aguentou e deixou uma risada escapar, esquecendo-se do fato que se havia uma disputa acirrada dentro daquele apartamento, era pra descobrir qual das duas era mais preguiçosa e antissocial. ― E você fica toda vermelha quando ele te chama assim, cala a boca, ridícula, tá querendo enganar quem?
― Mas os seus interesses nós sabemos bem quais são, ou você acha que eu não sei que você só vai levantar a bunda daqui pra encontrar seu namoradinho? ― cruzou os braços, se esparramando na cadeira e fechando os olhos, desistindo de estudar já que com a presença da mais velha seria impossível. Fingiu que nem ouviu o comentário sobre sua suposta timidez em relação àquela palavra, caso desse muita atenção a isso, aí que seria sempre mais jogado em sua cara.
― Não fica com ciúmes, você devia se espelhar e ir na festa, saindo de casa fica mais fácil arrumar um pra você também. ― riu ao ver o músculo do pescoço da mais alta tremulando levemente em resposta a provocação.
― Quem disse que eu quero um?! ― retrucou, tentando controlar a irritação. Podiam disputar pelo título de mais preguiçosa ou antissocial do apartamento, mas pelo título de quem tinha o ego mais frágil, aquela batalha nem mesmo havia sido travada. sempre fora a vencedora. ― Sem contar que todos os amigos do seu namorado ainda são crianças. O cheiro de leite não te incomoda? ― tentou perturbar também, mas o sorriso satânico da amiga deixou claro que não conseguiria, pois ela já tinha a resposta na ponta da língua.
― Depende, o cheiro de solidão não te incomoda, ou você só não sente quando tá com a rinite atacada? ― não resistiu em rir escandalosamente ao mesmo tempo que levantava e saia correndo para fora do quarto quando viu que não aguentou mais e levantou da cadeira, correndo em sua direção.
Bateu a porta que quase foi contra a cara da amiga, e, ainda rindo, correu até seu próprio quarto para se esconder, conseguindo trancar a entrada dele a tempo, um pouco antes da batida do corpo da mais nova contra a madeira.
― Não esquece, sexta feira às dez da noite!

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― Que tipo de festa começa às dez da noite, ? ― estava reclamando desde de manhã. Na verdade, ela reclamou a porra da semana inteira, e a mais velha estava prestes a matá-la se ela não calasse aquela boca. ― Principalmente de garotos do ensino médio.
― É uma festa de maioridade, VOCÊ ENTENDE O QUE ISSO QUER DIZER? ― gritou a última parte, perdendo toda a pouca paciência que praticamente já tinha enquanto esperava o ônibus parar no ponto da rua da casa de .
― Tanta expectativa pra isso, ele ganhou um carro e a gente tá vindo de ônibus pra merda do outro lado da cidade. ― no fim, não era assim tão longe, mas a reclamação era válida já que tiveram que usar praticamente quarenta minutos para chegar no bairro nobre da capital. ― Seu namorado podia ao menos ter feito o pirralho buscar a gente em casa.
― Ia ser realmente ótimo eles largarem toda a festa para ir buscar a gente em casa. ― retrucou revirando os olhos e se levantando para apertar o botão de parada.
lhe imitou, questionando um por que não que foi completamente ignorado enquanto as duas ajeitavam os casacos e os cachecóis que as ajudavam a proteger do frio cortante que fazia nas ruas de Seoul, piorado quando seus pés pisaram para fora do transporte. Ao menos, não demorou nem mesmo dois segundos para que os olhos da garota encontrassem com os olhos do coreano.
Mas havia alguma coisa errada.
Não havia uma festa ali, apenas dois garotos na porta da garagem da casa. encostado no capô do carro, rodando a chave no dedo indicador como o ser mais habilidoso da face da Terra apenas por fazer isso, e que rapidamente acenou para que foi de encontro a ele. E enquanto ignorava a cena completamente, sua mente já se preparava psicologicamente para o que viria em três, dois, um…
Noona! sorriu largamente, dando passos até sua frente.
retribuiu com um sorriso forçado e sem graça, concentrando sua mente no momento para não enviar sangue para as suas bochechas. De. Jeito. Nenhum. Não daria a confirmação que tanto queria ter para zoar com a sua cara pelo resto da vida, e nem o gostinho dela pensar que estava certa.
― Feliz aniversário. ― completamente sem jeito como era de se esperar, manteve a expressão de constipação ao ver o garoto se aproximar e apenas ergueu uma das mãos ao qual segurava uma sacola de papelão de tamanho médio antes que ele chegasse perto demais, o fazendo manter uma distância segura. ― Da onde viemos é falta de educação ir a uma festa de mãos vazias, então… ― na verdade, aquilo era mais pela irritante mania de de seguir as regras de etiqueta à risca do que por isso. Também fez questão de explicar, uma vez que sabia como a data não era tão levada à sério na Coreia e não queria passar a impressão errada.
― N-Nossa, eu… ― ficou um pouco em choque ao pegar a sacola da mão da mais velha e ver o embrulho dentro, sorrindo largamente logo depois. Mesmo que tentasse não alimentar nenhuma ilusão pelo gesto, por saber que muito vinha das diferenças culturais, era um pouco impossível. Curvou a coluna levemente em agradecimento as duas mais velhas. ― Obrigado!
― Não é nada demais, só uma lembrancinha. ― até porque é difícil dar presente pra gente rica que ganha um carro de aniversário, né.
― A escolheu e comprou sozinha. Eu não tenho nada haver com isso não, então se você não gostar, já sabe. ― comentou, balançando os ombros ao lado de que teve que se esforçar para não começar a rir do que ela estava fazendo.
― Tenho certeza que eu vou gostar, não se preocupe. ― fingiu que não viu o soco amigável que desferiu na lateral do corpo da mais baixa, e fingiu que não doeu e retribuiu com um empurrão de ombro amigável.
― Então… Tá todo mundo atrasado assim mesmo? ― a estrangeira tentou mudar de assunto com um sorriso sem graça, olhando para os lados como se procurasse mais gente chegando. ― Onde está o resto do pessoal?
― Resto? ― foi quem questionou primeiro, franzindo o cenho sem entender o que a garota queria dizer com isso.
― Somos apenas nós quatro hoje. ― fez as vezes de anunciar com um largo sorriso divertido nos lábios de quem havia, em conjunto com a namorada ainda não-oficial, planejado aquilo milimetricamente.
E não duvidaria nem um pouco se, em algum lugar escondido daquela maldita entrada da casa que estavam há quase três minutos, fazendo a porra do seu corpo congelar com aquele vento do caralho, houvesse uma câmera filmando cada reação sua, principalmente aquela, para ser usada de meme pela amiga pelo resto da vida. O que duvidava, na realidade, era a própria chegar viva até voltarem em casa, porque estava prestes a empurrá-la no meio da avenida.
Maldito namorado que a segurava pela mão para torná-la segura. Mas caso se esforçasse um pouco, achava que conseguia jogar até os dois de uma vez…
― Aé…? Acho que alguém esqueceu de me contar essa parte. ― fincou seu olhar na amiga de uma forma fulminante e cruzou os braços à frente dos seios, separando levemente uma perna da outra em uma postura intimidadora na direção da mais velha que apenas sorriu inocentemente.
― Pois é né, que cabeça a minha. ― a mulher se controlou para não começar a dar risada ali mesmo, já que isso estragaria sua atuação perfeita, batendo a mão livre na testa dramaticamente.
― Não se preocupe, Noona! Nós vamos nos divertir muito essa noite, principalmente porque somos só nós quatro.
Naquele momento, se não tivesse a segurado pelo braço discretamente com um sorriso maldoso, provavelmente teria atravessado a avenida correndo e acabaria entrando no ônibus que estava parado no ponto, sem nem mesmo se importar se o destino dele era ou não próximo da sua casa. Mas não teve muito como fugir.
― Claro que sim! ― combinava o sorriso satânico com o de , e céus, como queria esganá-los agora.
― Vamos então, vocês devem estar com frio de ficar aqui fora. ― pelo menos isso o mais novo entre os quatro parecia demonstrar um pouco de noção, porque enquanto o casal maldito ali se esquentava junto, sentia-se congelar com o vento batendo nas suas pernas descobertas.
― Eu avisei pra não usar vestido. ― comentou com um ar superior e satisfeito por estar bem agasalhada com a calça jeans e a bota, começando a andar na direção do carro para seguir .
― Devia ter avisado também que não era uma porra de festa, né? Eu teria me vestido mais adequadamente. ― respondeu com um sorriso sem abrir os lábios totalmente falso, e um tom ameaçador que fez rir do lado, mas disfarçar rapidamente com uma tosse.
Claro que os três sabiam bem o que estava acontecendo ali, mas a criança deles, o maknae, não parecia perceber o clima hostil, então ele apenas andou até o carro e abriu a porta do carona, olhando para que olhou para os lados como quem estava realmente perdida, tentando entender o que aquilo queria dizer.
― Vamos, entra logo antes que você congele. Dá pra ver suas pernas tremendo. ― falou, incentivando suavemente a amiga com um leve empurrão nas costas para ela andar em frente.
― Eu também não sabia que nós íamos passear de carro. ― falou como se fossem mães saindo com crianças, mas sem aguentar acabou entrando no automóvel, pelo menos agradecendo aos céus que ele era quentinho e confortável, mas sofrendo toda a sua vida quando fechou a porta logo depois.
A amiga abriu a porta do passageiro e sentou atrás de si, aproveitando que por poucos segundos eram apenas as duas e deixando uma risada satânica e alta escapar dos seus lábios.
― Espero que saiba que você será uma pessoa morta quando amanhecer.
― Espero que saiba que você vai estar me agradecendo ao amanhecer.
rosnou baixinho de raiva da amiga no mesmo momento em que os dois garotos entraram no carro, e olhou assustado para a mais velha.
― Está tudo bem, Noona? ― ele perguntou com os angulados um pouco arregalados.
― Ah, sim. Claro que está. ― a estrangeira respondeu, sentindo suas bochechas esquentarem com o olhar de tão vidrado em si, assim como aquela palavra maldita. Nem mesmo forçou um sorriso, a cara de choque foi maior, e disfarçou-a se distraindo colocando o cinto de segurança.
― Então, onde nós vamos? ― perguntou do lado detrás do carro enquanto o amigo dava partida, concentrado em sair da entrada da casa.
― Eu não pensei, não há nenhum lugar que eu tenha que ir. Onde vocês querem ir? ― aquela era uma mentira bem óbvia, mas disfarçou bem, diferente de para quem aquela pergunta estava relacionada, que foi bem óbvio.
Era claro que tinha pensado, na verdade, perdera a noite de sono pensando em tantos lugares diferentes que queria estar com , não só porque era seu aniversário ou porque o clima do dia estava ótimo, porque na realidade não estava, mas sinceramente, aceitaria qualquer um que ela quisesse se isso significasse colocar um sorriso no rosto dela. Um sorriso de verdade. Não forçado.
― Não sei, existem muitos lugares abertos a essa hora? ― olhou para a tela do seu próprio celular, vendo que já eram dez e meia.
― Hoje é sexta-feira, muitos lugares estão abertos. ― respondeu, querendo manter um diálogo com a mulher e vendo que o casal de amigos concordou em deixá-los o fazer animadamente quando começaram a usar seus lábios para fazer algo diferente de falar.
― Ah… ― sinceramente, ela não sabia. não usava seu tempo após as dez para sair, no máximo, quando tinha tempo livre, se afundava nos livros ou em jogos. ― E onde você quer ir? É seu aniversário, você devia escolher.
― Eu vou gostar de qualquer lugar que você queira estar, Noona. ― aproveitou que seu rosto estava virado para a janela e mordeu o lábio inferior com força, controlando todos os sentimentos que tomavam conta de si quando ouvira aquilo.
Aquilo só podia ser brincadeira. Tudo o que menos queria estava acontecendo bem na sua cara, e não tinha muito o que fazer agora, já era tarde demais.
― Mas, já que insiste que eu escolha, podemos ir no cinema, o que acha? ― olhou-o a tempo de ver o sorriso de canto que tomou os lábios de , e reprimiu o suspiro.
Estava a cada segundo mais difícil não gostar dele, manter sua postura, o ranço e mentalizar a diferença de idade entre os dois, que na realidade, era só de quatro anos. Estava cada vez mais difícil deixar claro em sua mente que ele ainda era uma criança. Exatamente porque sabia bem que ele não era mais uma criança. E, pra falar a verdade, nunca fora.
Quando o conheceu, ao mesmo tempo que e também se conheceram em uma festa de amigos da faculdade, ele já tinha dezessete anos. Mas parecia mais fácil para garota imaginá-lo apenas como um estudante de ensino médio, um bebê, assim não correria o risco de se interessar, o que se tornou complexo com a convivência que desenvolveram conforme o relacionamento dos amigos se tornava mais frequente e sério. E daí, surgiu a raiva inventada.
― Por mim, tudo bem. ― respondeu somente, se concentrando nas ruas da cidade que passavam rapidamente do lado de fora.
Precisava manter a calma, só assim sua sanidade não seria afetada pelo evento. Logo ligou o aparelho de rádio do carro para acabar o silêncio e durante a parada pelo trânsito e sinal vermelho, conectou a playlist de seu celular, fazendo balançar a cabeça levemente no ritmo do R&B suave que tomava conta do ambiente.
Mas a paz não durou muito, pois apenas depois de duas músicas alguém começou a ligar incansavelmente para ele. pigarreou desconfortável, tentando fingir que não era nada demais e, antes que o toque se tornasse muito irritante, ele estacionava no shopping para seu próprio alívio, fazendo com que rapidamente pegasse o aparelho e o guardasse no bolso.
, internamente, queria perguntar se ele não ia atender, mas sabia que não era da sua conta. Ele sabia bem que estava tocando - todo mundo no carro sabia - e se não atendeu, era porque não queria. Por isso, apenas continuou se fingindo de distraída até pararem, abrindo a porta do carro e frustrando os planos do mais novo de ser um gentleman e fazer isso por ela.
Os primeiros passos foram dados com os quatro em fila, as duas garotas uma ao lado da outra no meio, mas em um piscar de olhos que não percebeu nem um pouco, e já estavam um metro para trás, lhe deixando outra vez sozinha com . Tentou disfarçar seu desconforto olhando as vitrines, mas isso não pareceu dar muito certo.
― Então… ― ouviu a voz do rapaz soando ao seu lado junto com um pigarro discreto. ― Que tipo de filme você gosta?
praticamente congelou ao ouvir aquela pergunta, questionando a si mesma quando fora a última vez que assistira um filme de qualquer gênero na sua vida, e chegando à conclusão que já faziam muitos anos. Nunca fora muito paciente para assistir muitas coisas além de doramas, e desde quando chegara na Coreia, estava ocupada demais pensando em suas responsabilidades para simplesmente assistir um filme.
― Essa extraterrestre não assiste filme. ― se intrometeu entre os dois ao ver que a amiga entrara em uma crise existencial e estava há pelo menos dois minutos com o olhar perdido, pensando em uma resposta. ― Acho que em todos esses anos que a gente se conhece eu nunca a vi assistindo um filme sequer.
― S-Sério? ― olhou para a mais velha entre os quatro completamente chocado pela revelação que alguém realmente vivesse uma vida sem a ficção. Ou aquele tipo de ficção em especial. Mas então voltou-se para que ostentava um sorriso nervoso nos lábios. ― Você devia ter me falado, Noona, eu não te traria em um cinema se soubesse disso.
― N-Não, não é que eu não goste, eu só não costumo ter tempo pra isso… ― a forma que ela falou fez o maknae se encolher ainda mais, como se isso fosse uma perda de tempo.
― É, ela não tem tempo para se divertir, é por isso que nós a chamamos de Ahjumma. ― se meteu outra vez ao perceber o ego ferido de . Aquele sim competiria com o da sua amiga e, ficava louca só de pensar em uma discussão dos dois, já quase se arrependendo do esforço para juntá-los. estaria lhe devendo muito depois que a missão cupido acabasse.
, por que você não leva a para se divertir de outro jeito, então? ― sorriu de canto, colocando uma das mãos no ombro do amigo e olhando para ele de uma forma sugestiva o suficiente para fazê-lo entender. ― Enquanto isso, eu e a vamos ver um filme, vocês podem ir no fliperama ou sei lá.
― Sim, fliperama! ― apenas de ouvir a palavra fliperama, os olhos de brilharam tão intensamente que chegou a ser assustador, ao mesmo tempo que ela demonstrou empolgação pela primeira vez naquela noite, fazendo ficar animado também.
― Nossa, vão com Deus, eu com certeza não jogo nada com ela. ― acusou em um tom ofendido, sendo cutucada pelo namorado que praticamente pediu para que disfarçasse. ― Prefiro meu filme.
― Por que?! ― indagou inocentemente, vendo que o casal praticamente já virava o corredor para se afastar.
― Você vai descobrir! ― gritou por último, com um sorriso divertido e uma piscada de olho para o maknae que continuou confuso.
Pelo menos até olhar pro lado e entender levemente o que estavam falando. parecia outro ser humano, e arriscava dizer que estavam saindo ate mesmo faíscas do corpo dela. Sem pensar duas vezes, a mais velha agarrou sua mão com um sorriso enorme nos lábios e saiu andando.
― Onde fica o fliperama aqui?! ― ela não parecia estar raciocinando direito e pareceu ter feito de forma totalmente inconsciente.
― Noona… ― mas ele não conseguiu ignorar a forma que suas bochechas ficaram vermelhas quando suas mãos se tocaram, em uma descarga de energia que o fez ficar extremamente sem graça pelo contato tão incomum entre eles.
olhou para trás, tentando entender o porquê ele não estava andando e o que havia de errado, e foi então que percebeu o que estava fazendo e arregalou os olhos, puxando sua mão de volta e fazendo com que se arrependesse na hora de ter falado algo. Ele queria continuar com as mãos entrelaçadas. Como havia sido burro.
― Desculpa, me empolguei. ― pediu tranquilamente, já voltando a andar em um ritmo rápido e guardando a mão no bolso antes que pudesse pegá-la outra vez.
Os dois seguiram lado a lado até chegarem no enorme lugar com letreiros em luzes de neon, e esporadicamente esqueceram-se da vergonha para apenas deixarem a diversão tomar conta ao se sentarem em duas motos uma ao lado da outra, e quando colocou uma moeda na máquina, a competição entre os dois fez com que esquecessem de tudo ao redor.
― Noona, você é muito boa nisso! ― tentava se concentrar nas curvas da estrada na tela, mas era difícil ao vê-la montada na moto com as suas próprias curvas emolduradas pelo casaco e o vestido que caíam mais justos pela posição.
― Obrigada. ― ela respondeu com um sorriso de canto satisfeito pelo elogio. ― O segredo é que eu odeio perder. ― riu logo depois, quando ultrapassou a linha de chegada do jogo em primeiro.
― Acho que entendi o que o hyung queria dizer. ― riu de canto quando saiu do brinquedo, dando a volta para auxiliá-la já que a roupa e o salto dela não o faziam. ― Você é competitiva.
― De forma irritante, eu sou. A não joga mais nada comigo, nem Uno. ― respondeu desanimada por ter perdido a única companhia para jogos que havia tido em todo aquele tempo na Coreia.
― Então você achou uma nova dupla! Eu também sou competitivo. ― os olhos do rapaz brilharam quando aquela ideia passou pela mente dele, e arqueou uma das sobrancelhas, com receio do que estava por vir. Ele parou na frente da cesta de basquete, e as mãos dela coçaram em expectativa. ― Vamos apostar. Se você fizer mais cestas que eu, eu te dou qualquer coisa que você quiser que está dentro desse shopping. ― apostas de rico, claro.
― E se você fizer mais? ― quis morrer pelo fato de não ter pensado que ela definitivamente, não era rica como ele. Mas a curiosidade de saber o que ele tinha pensado era maior ainda.
ergueu a mão e o dedo mindinho, com um sorriso maldoso que não combinava em nada com as suas ações e fazia a mente de pensar em cinquenta direções diferentes ao mesmo tempo.
― Se eu ganhar, eu só quero ir embora com você por essa noite, sem ninguém saber, em um passeio de carro, Noona. ― a expressão de choque da garota fez com que ela hesitasse por alguns segundos, quase fazendo o rapaz rir. ― Até a noite acabar e o Sol ascender.
― Ninguém?! E seus pais e a e o ?! ― ela questionou preocupada nas consequências do que aquilo traria, e ele não aguentou e riu de uma vez de como ela era realmente uma Ahjumma.
― Isso quer dizer que você está cogitando aceitar? ― ele indagou, esperto como era e ainda com o dedo no ar, esperando a confirmação. bateu na própria coxa pela auto denúncia.
Se, apenas se você avisar seus pais e o casal vinte. E aí é claro, se eu perder pra você. O que não vai acontecer. ― ela piscou um dos olhos na direção do menino que começou a rir ainda mais, empolgado com a possibilidade de conseguir o que queria, e também pelo rápido contato que tiveram quando seus mindinhos se entrelaçaram por poucos segundos antes dela sair andando, disfarçando as bochechas vermelhas.
― Isso nós vamos ver!
E realmente viram. foi massacrado com louvor na brincadeira, e não teve outra reação a não ser ficar boquiaberto com o fato de ter perdido nas cestas pela primeira vez na sua vida, com um triste placar de 45 a 98 em trinta segundos. Quando o apito soou o término, ele apenas conseguia encarar completamente perplexo em como aquilo era matematicamente possível.
― V-Você é incrível, Noona! ― balbuciou ao lado do brinquedo, segurando a bolsa da mais velha que apenas virou com um largo sorriso convencido no rosto.
Ele percebeu naquele momento que não se importava de perder, se toda vez depois disso, pudesse ver aquele sorriso brilhante no rosto dela.
― E você está me devendo um presente! ― ela brincou, passando do lado do garoto e pegando a bolsa que ele segurava para colocá-la outra vez em seu ombro.
― Com prazer, sei reconhecer minha derrota. ― riu, seguindo ao lado da mulher para fora da área de fliperama. ― O que a senhorita quer? Eu disse qualquer coisa dentro do shopping.
― É algo simples. ― pareceu diferente de repente, com passos mais lentos e completamente envergonhada, o que fez o mais novo apenas ficar mais ansioso para saber o que era. ― Eu quero tirar esse vestido.
― O-oi? ― ok, ele realmente não esperava uma resposta daquelas, e seus olhos saltaram mesmo sem permissão. Com certeza tinha uma explicação plausível, mas não foi nela que seu cérebro se focou inicialmente.
― Eu estou morta de frio. ― a mais velha ignorou totalmente o duplo sentido que havia colocado pela burrice que cometera, apontando para as próprias pernas ainda descobertas. Mesmo que dentro do shopping estivesse mais quentinho, ainda era difícil ignorar o fato de que fazia menos de quinze graus.
― Aaaah, isso, claro! ― os ombros de relaxaram com a explicação, e ele praticamente deixou escapar uma respiração aliviada. ― É só escolher. ― sorriu outra vez, fingindo que aquele minuto de perigo nunca havia acontecido.
Mas realmente não lembrou o que aquilo implicava, até entrar na primeira loja de roupas e começar a olhar algumas peças na arara. A dúvida lhe corroeu entre continuar observando-a pela vitrine de longe ou entrar ali de uma vez, mas não aguentou quando a viu erguendo o rosto e olhando para os lados, sentindo falta de sua presença e lhe procurando.
Quando atravessou a porta, a mulher olhou para a outra arara, disfarçando o fato de estar procurando-o e quase fazendo o garoto rir quando a viu pegando algumas roupas e correndo em direção ao provador. Queria espiar e ver como todas aquelas peças ficavam no corpo da menina, mas sabia que aquilo era íntimo demais, então se distraiu observando alguns acessórios que estavam perto do caixa.
Perto o suficiente para que conseguisse ouvir os sussurros maldosos sobre como ele era novo demais e bonito demais pra alguém como ela, uma estrangeira. Os olhos de cerraram com isso, e ele respirou fundo algumas vezes, sabendo bem o que faria. Calmamente escolheu um daqueles pingentes, o que mais fazia-o lembrar-se dela, e esperou sair do outro ambiente da loja na porta dele, a puxando pela mão e guiando aos balcões logo depois.
, eu preciso deixar algumas peças lá… ― ela tentou protestar, mas a força que ele usou para puxá-la pela mão era o suficiente para não deixar com que voltasse, mesmo que em momento nenhum a estivesse machucando.
― Você não precisa escolher. Leve tudo. ― ele sussurrou próximo ao ouvido de antes que chegassem nos caixas, soltando a mão da mulher e colocando todas as peças na frente da funcionária que arregalou os olhos.
― E… Isso aqui também. ― ele colocou em cima das roupas o pingente de pedra brilhante que havia escolhido há pouco.

― Você merece, meu amor! Tudo isso pra mulher mais linda de todo o mundo. ― o mais novo piscou um dos olhos na direção de e a puxou mais para si, passando uma das mãos por sua cintura.
A estrangeira sentiu o ar sumir por alguns minutos, não sabia bem se era pelo apelido ou pela força agradável que ele utilizou para pressionar sua cintura. Sentiu-se completamente perdida e em choque, na própria crise existencial, e quando viu já estava sendo guiada para fora da loja, com carregando três sacolas em uma das mãos.
― O que… , isso é realmente demais, não precisava, eu realmente não me sinto confortáv...
― Desculpe, eu não podia deixá-las falarem de você e não sabia que outra forma eu podia usar para te defender… ― virou no primeiro corredor que apareceu a sua frente para se curvar na direção da mais velha como pedido de desculpas.
― Você estava… Me defendendo? ― arqueou uma das sobrancelhas, tentando digerir bem o que estava ouvindo e o que havia acontecido.
― Ignore isso, você nem merece ouvir. ― a expressão séria de e o tom de voz dele a surpreenderam ainda mais, e não fez muito mais do que assentir com a cabeça.
― Então… O que nós vamos fazer agora? ― ela perguntou algum tempo depois de silêncio entre os dois, passando uma das mãos pelos cabelos, olhando no relógio do shopping que ainda eram onze e vinte e dois. ― O filme dos dois ainda não acabou.
― Eu acho que tenho uma ideia, mas não sei se devo perguntar de novo… ― aquilo ainda rondava a mente do maknae, mas ele não queria que se sentisse pressionada. Ela riu ao entender, ajudando para que relaxasse um pouco.
― Pergunta de novo, vai que agora você dá a sorte. ― empurrou o braço dele com o ombro de brincadeira, e o rosto do rapaz se iluminou ao ver que tinha uma chance dela aceitar.
― Noona, você quer dar um passeio comigo? Porque eu só quero te levar até lá.

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Cidade grande, luzes brilhando e dentro apenas os dois. Os faróis passavam acima das cabeças dos dois, e o destino ainda era incerto.
agora estava com roupas quentes e confortáveis o suficiente, e enquanto as colocava, foi obrigado a ligar para seus pais avisando onde estava e o que iria fazer, além da mensagem para os amigos que haviam deixado para trás que tivera de enviar. A garota ainda parecia um pouco confusa, como se estivesse em choque do que havia aceitado fazer pela segunda vez naquela noite. Mas não havia mais volta agora.
― Onde é exatamente o lá que você quer me levar? ― ela perguntou curiosa, brincando com a barra da cacharréu vermelha de frio escondida embaixo do casaco.
― Pra falar a verdade, eu não sei. ― ele riu divertido, vendo o sinal ficar verde. ― Se quiser ir a algum lugar, me fala. Se não, está tudo bem também. Só preciso de você perto de mim, onde quer que seja.

― Noona, pelo menos hoje, não se preocupe com nada. Não vamos muito longe, eu vou devagar. ― o duplo sentido imposto naquela frase fora perceptível para os dois, e a respiração de ficou levemente acelerada com o que ele queria dizer de verdade.
― Tudo bem. ― simplesmente desistiu de manter suas barreiras impostas. Já não adiantava mais, era tarde demais pra isso, tinha ido tão longe que elas não surtiam mais efeito. ― Eu vou confiar em você hoje, . Não me desaponte.
Um sorriso satisfeito tomou os lábios do rapaz, por, finalmente, ter conseguido fazer abrir-se para si. Aquele fora o seu segundo objetivo da noite, já que o primeiro havia sido fazê-la sorrir. Mais ainda tinha mais um que estava guardando e pretendia cumprir.
Como dissera, eles não foram muito longe. Alguns vinte e cinco minutos depois de saírem do shopping e a mulher cantarolar diversas músicas que tocava no rádio, ele estacionava no píer da praia, provavelmente o lugar mais vazio da cidade naquele momento pelo frio insano afastar qualquer um que tivesse vontade de ir para lá.
, você não está pensando em ir no mar, né?! ― perguntou boquiaberta, praticamente deprimida com aquela hipótese agora que estava quentinha e bem agasalhada.
― Não! Na verdade, o que eu quero, é ver o sol nascer aqui, com você. ― ele respondeu com um riso sem graça de admitir aquilo em voz alta. ― Mas acho que chegamos um pouco cedo, não é…?
― Tão cedo que eu provavelmente vou dormir no banco do seu carro. ― e não, aquilo nem era brincadeira. ― Você aguenta, quando estiver perto de nascer, me acorda. Ou dorme também e coloca o celular para despertar.
Os dois acabaram rindo com isso, mas negou com a cabeça, discretamente tirando o cinto de segurança de uma forma que nem mesmo percebeu de tão silenciosa. Então ele curvou o corpo na direção do da mulher, e fez o que queria ter feito mais cedo, ao puxar sua mão e entrelaçar seus dedos nos dela calmamente, sorrindo para si mesmo ao constatar que eles se encaixavam perfeitamente um no outro.
― Eu tenho uma ideia melhor.
E ao sussurrar isso, ele aproveitou que havia virado o rosto para encará-lo e pressionou seus lábios em um toque calmo e delicado, guiando a outra mão para a bochecha da mais velha. Como havia prometido para si mesma, naquele momento ela se deixou levar, e não houve diferença de quatro anos alguma quando o beijo se aprofundou e suas línguas se encontraram.
O calor aos poucos tomou conta do carro conforme o contato tornava-se mais profundo, e se pegou hiperventilando quando sentiu a mão de deslizando por baixo da sua blusa de frio, o choque da pele gélida com a pele quente fazendo-a arquear o corpo pela sensação prazerosa. Ele partiu o beijo para sorrir satisfeito com a reação do corpo da mais velha a sua mão, parando a alguns centímetros de uma ofegante que o olhou confusa.
― Eu disse que iria devagar. ― ele sussurrou, ainda com os lábios tão próximos que o ar que saía de suas palavras encontrava o rosto dela. ― O que eu queria mesmo com isso era saber se assim você para de me ver como criança, .
Ela riu quando ouviu isso, passando uma das mãos pelo braço até chegar à nuca de , agarrando os fios de cabelo dele que caiam por ali e aproximando novamente os lábios.
― Eu irei te contar quando amanhecer.


Fim.



Nota da autora: Olá meninas, tudubom?!
Estamos aqui com mais um ficstape no FFOBS, mais três noites que eu passei sem dormir tentando descrever o melhor que eu podia essa short UAHAUAHUA o plot dela é bem simples, então eu me esforcei pra fazer o meu melhor nos diálogos e nas descrições. Espero que tenha ficado fofa, engraçada em algumas partes e que vocês tenham gostado! Muito obrigada por ter chegado até aqui, e me deixe saber o que você achou na caixinha de comentários aqui embaixo, tá?! Críticas construtivas sempre são bem-vindas. Um beijo! ♡

Noona: Forma carinhosa de meninos mais novos chamarem meninas mais velhas.
Maknae: O(a) mais novo(a) de um grupo de pessoas.





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