Última atualização: 10/06/2018

Capítulo Único

era um perdedor, e constatava isso todos os dias da sua medíocre existência deplorável.
Ele se considerava o pior dos perdedores, por ser daqueles que tinha tudo para dar certo na vida, mas simplesmente não decolava. Estudava em uma boa escola, seus pais se amavam e também o amavam, as condições financeiras de sua família eram confortáveis e tinha uma linda namorada. Maravilhosa, diga-se de passagem. Muito mais do que ele merecia com toda a sua personalidade negativa e carga emocional que a fazia carregar.
Mas mesmo assim, não conseguia sair do lugar comum e quando não, estava abaixo desse. Não era capaz de alcançar as expectativas que as pessoas tinham de si, nem mesmo quando eram baixas - ou nulas, inexistentes. Sempre estava decepcionando mesmo quando estava se esforçando e agora, com as provas de vestibular chegando, ele sentia como se o fim da sua vida também estivesse próximo.
Podia parecer exagero, mas ele sentia como se tudo fosse caminhar para um fim iminente: o seu fracasso. E isso iria decepcionar a todos aqueles que mais amava e queria que se orgulhassem de si.
Suspirou desanimado, principalmente porque pensar em vestibular o fazia pensar em faculdade, e por isso, sofria ainda mais quando se lembrava que não sabia nem mesmo qual curso iria escolher. Seu pai queria que fizesse engenharia ou qualquer coisa que desse um futuro rentável, mas não se identificava com nenhum daqueles cursos que envolviam muitos números.
Ele queria viver da arte. Da sua voz, pra ser mais específico, e também da sua atuação. O trabalho perfeito para ele se encontrava dentro de um teatro, em cima de um palco, e não atrás de uma mesa amontoada de papéis até acima de sua cabeça, em um escritório com pouca iluminação e tons de marrom.
Mas como podia dizer não pra alguém que sempre lhe apoiou e deu tudo o que precisava? Como poderia ir contra os sonhos que seu pai tinha para si, de uma vida tranquila e sem grandes reviravoltas? Não era justo, não podia virar as costas para quem lhe amava e cuidava de si.
Bateu com a cabeça levemente contra a superfície da mesa de estudos, sentindo que aquele era o futuro que lhe aguardava se continuasse naquele estado de inércia, sem expor suas opiniões e vontades. Passou todos os minutos que deveria estar concentrado se perguntando se estava disposto a assumir aquilo como a sua futura vida, e ainda não tinha a resposta.
O celular vibrou, fazendo a madeira tremer levemente com as ondas transmitidas e sua cabeça doer. Gemeu pela dor que lhe incomodou, mas rapidamente levantou o rosto e pegou o aparelho que estava jogado em um dos cantos, embaixo de algumas folhas com cálculos. A mensagem dela brilhava na tela, e por alguns segundos toda a negatividade e todo o peso saiu de suas costas.

“Você está estudando, ?!
Eu sei que sim, é apenas uma desculpa pra te mandar alguma mensagem.
Sinto sua falta. Se concentre e termine tudo bem, certo?
Fighting!”


Um largo sorriso se apoderou de seus lábios, a resposta piscando em sua mente. Pensava que sim, era capaz de abrir mão de qualquer coisa, contanto que fosse por aqueles que amava e se abrir mão significasse não os decepcionar.


❥❥❥❥❥



― Ya, , você anda muito distraído! O que está acontecendo com você?


reclamou, lhe dando um tapa não tão leve na cabeça quando o sinal para o intervalo tocou e foi pego no pulo dormindo durante o final da aula de química. A agressão fez com que levasse as duas mãos até a parte traseira do crânio que ainda doía um pouco, fazendo com que o xingasse um pouco baixo, preguiçosamente arrumando seu material.

― Estou preocupado com as provas. ― resmungou em tom transtornado, jogando a bolsa em um dos ombros ao se levantar e começando a andar para fora da sala de aula.
― E não seria por isso que você devia estar estudando durante a aula, e não dormindo? ― o amigo deu bronca, arqueando uma das sobrancelhas e fazendo o outro crispar os lábios.

Não tinha muita opção além de concordar, afinal, ele estava certo.

― Eu sei, eu só…
― Tem algo errado entre você e a ? ― perguntou assim que notou a forma desanimada que andava e falava, de cabeça baixa e tom tão baixo quanto.
― Não, ela é o ser mais perfeito que existe na face dessa Terra. ― e talvez seja exatamente esse o problema, eu que não sou o suficiente para estar ao lado dela. Mas apesar do pensamento negativo, seus lábios se repuxaram em um sorriso um pouco apenas de pensar na garota.
― Mesmo assim, tem alguma coisa errada. Eu te conheço bem o suficiente pra saber que quando você está distante assim, tem algum problema. ― o mais baixo especulou quando viraram o corredor para começar a descer as escadas.
! ― a voz da garota desviou a atenção dos dois rapazes, e sorriu largamente ao olhar para trás e vê-la correndo em sua direção, o sorriso capaz de ser mais brilhante que um diamante e também de ser tão precioso quanto a pedra, com os olhos se fechando quase totalmente a medida que seus lábios se abriam para exibir a arcada dentária branca como neve e perfeitamente alinhada.

A envolveu em um abraço carinhoso, ignorando se estavam no meio de um corredor cheio de pessoas que se incomodariam com a demonstração de carinho ou com o fato de estarem bloqueando a passagem. Naquele minuto onde estavam juntos, se concentrou em apenas sentir o conforto que estar com em seus braços lhe proporcionava, deixando tudo ao seu redor desaparecer.

― Oi, neném. ― ele beijou carinhosamente a testa da garota, entrelaçando seus dedos logo depois. ― Como está sendo seu dia?
― Está tudo bem, estou um pouco louca com tantas coisas para estudar, mas não é nada demais. ― respondeu tranquilamente, se afastando um pouco para dedilhar o rosto do namorado, acariciando em especial a pinta que ele tinha no meio da bochecha, um de seus detalhes favoritos de . ― E você? Soube que anda estressado com as provas chegando.
― Não é nada demais, o mesmo estresse que todo mundo. ― mentiu com um sorriso no rosto, mesmo que isso tivesse lhe feito se sentir terrível. não precisava se preocupar com coisas tão triviais quanto suas crises. Entrelaçou seus dedos com os da menina, começando a andar calmamente até os armários para guardar seus livros logo depois.
― Nós podemos estudar juntos um dia desses se isso for te ajudar a relaxar um pouco. ― a menina ofereceu gentilmente, andando ao lado do e encostando seu rosto no ombro do namorado enquanto andavam.
― Claro que sim, vai ser ótimo! O que eu faria se não fosse a minha namorada tão prestativa e inteligente, não é? ― ele provocou com um sorriso animado, fazendo-a bater suavemente em seu braço.
― Você estaria arruinado! ― apontou para seu nariz com o dedo indicador, brincando de tocar na ponta dele para provocar o .
― Por que você tem que ser cruel e esfregar a realidade na minha cara, ?! ― ele fez um bico nos lábios rosados, dramatizando totalmente ao chegar à porta de seu armário.
― Porque eu só falo a verdade, ! ― piscou um dos olhos na direção dele, desvencilhando-se da sua mão sem muita vontade. ― Vou guardar minhas coisas no meu armário, nos encontramos no refeitório?
― Já estou com saudades. ― explodiu um beijo no ar para a namorada, que riu e se encolheu em vergonha alheia da frase feita, porém não resistiu em pegar o beijo e jogar outro.

Quem sofria mais mesmo era , que acompanhava a cena ao lado do casal. Ele esperou que se afastasse um pouco para então relembrar a garota se sua existência, que para ela, quando estava no mesmo ambiente, não devia ser muito mais como a de um mosquito zumbindo por aí.

― Eu odeio quando vocês esquecem que eu estou vendo toda essa palhaçada. ― reclamou, ainda sentindo os tremores em seu corpo tamanha a vergonha que sentia observando aqueles dois.
, ah, me desculpa! ― ela não resistiu e acabou rindo do sofrimento do garoto, fazendo com que ele lhe olhasse feio. Mas então percebeu algo estranho, se perguntando por que estaria seguindo o mesmo caminho que si, se o armário dele ficava próximo ao de . ― Você precisa falar algo comigo, não é?
― Realmente, pelo menos ele está certo quando fala que você é inteligente. ― a menina fez uma expressão ofendida pela fala de , mas ele apenas riu pela espontaneidade dela ao reagir a sua provocação proposital. ― O está estranho esses dias, e sinto que tem alguma coisa acontecendo.
― M-Mesmo? ― se sentiu a pior namorada do mundo ao ouvir aquilo, porque não havia percebido exatamente nada de estranho no .
― Sim, ele não demonstra e nem fala, mas eu sei que está pensando demais. Não é sua culpa não saber, parece que você é a única pessoa que consegue fazê-lo relaxar, então perto de você ele é outro ser humano. ― explicou calmamente quando pararam na frente do armário da menina, que prestava atenção em cada palavra que saia de sua boca. ― Mas seria ótimo se você tentasse descobrir o que é e ajudá-lo nisso, já que ele não quer se abrir pra mim. Ele realmente gosta de você.
, ah, eu vou me esforçar pra isso acontecer. Eu também gosto muito dele, e não quero vê-lo chateado. Obrigada por me avisar. ― sorriu, pousando uma das mãos no ombro do amigo em demonstração de carinho.
― Vamos fazê-lo brilhar novamente, certo? ― sorriu também, com os olhos se fechando levemente pela abertura dos lábios.
― Como o diamante que ele é. ― os dois riram e trocaram um high five amigável, separando seus caminhos logo depois.

Durante o almoço, ela não pode fazer muito mais se não observar atentamente todas as ações de , mas ele, nem mesmo por uma vez só parecia se abalar, e ainda riu falando que ela estava mais apaixonada do que de costume para olhá-lo daquela forma tão fixa. Talvez, como dissera, sua presença tivesse um efeito positivo nele, e isso a deixava feliz ao mesmo tempo que preocupada.
Após o sinal tocar, tinha uma aula livre para estudos, mas não era como se conseguisse se concentrar direito no que deveria fazer. Era errado - já não estava conseguindo ter a atenção necessária nos estudos, sabia que tinha que se esforçar pelos dois para poder ajudá-lo quando fossem revisar depois da aula, mas a preocupação era enorme.
Olhando para o céu levemente escurecido por nuvens sentada em um banco no terraço, um dos lugares que mais lhe ajudava a pensar e inspirava no Colégio, ela começou a divagar sobre o que estava acontecendo com o namorado, esquecendo as folhas do fichário espalhadas pelo seu colo.
Não fazia muito tempo que conhecia , na verdade. Eram exatos nove meses e treze dias, ela contava toda vez que acordava de manhã. Tivera que trocar de Colégio durante seu último ano por conta da mudança de cidade quando sua mãe recebeu uma boa oportunidade de emprego em Seoul.
A adaptação sempre é difícil, mas sempre que via sorrindo, as coisas pareciam se tornar melhores e tudo parecia brilhar ao seu redor. Infelizmente, aquele sorriso não era muito frequente, pelo menos não até começarem o relacionamento. Antes disso, eram ocasiões raras as quais ficava ansiosa para ver, não desgrudando o olhar do rapaz um segundo sequer.
foi quem se aproximou primeiro, e acabou se tornando amiga de , que logo percebeu seu interesse e, apesar de ofendido por choramingar estar sendo usado, lhe contou tudo sobre o amigo de infância. era, naturalmente, uma pessoa pessimista e com muitas preocupações, mesmo que nunca explicasse o porquê para ninguém.
Um dos objetivos diários de era distrair a cabeça do amigo e fazê-lo rir, mesmo que ninguém nunca houvesse tido muitas explicações com relação ao porquê de ter aquelas crises. Porém, observando-os de longe, eram nesses momentos que se via perdidamente apaixonada, aos poucos também querendo aquela responsabilidade para si. Também queria ser o motivo daquele sorriso, e que ele fosse direcionado para si.
E conseguiu, com empurrõezinhos de e um pouco de insistência, uma vez que era lerdo o suficiente para não fazer a mínima ideia de seus sentimentos por ele até a chegada do White Day, quando se declarou timidamente com uma carta e uma caixa de chocolates. Ele pareceu tão surpreso e sem graça quanto ela estava, mas o abraço que lhe deu ao receber o presente confirmou o que mais ansiava: o sentimento era recíproco.
A melhor parte de seu dia era vê-lo sorrindo, e protegeria aquele sorriso de qualquer forma. Não deixaria seu voltar com os hábitos pessimistas e desanimados, mesmo sem saber o porquê ele estava se sentindo assim. Se ele não queria falar ainda, não tinha problema, daria o espaço até ele se sentir confiante para fazê-lo. Sabia que ele confiava em si e vice versa, não tinha motivos para se afobar, apesar da preocupação. Ele contaria quando se sentisse pronto para isso.
Mas até ele se sentir pronto seria a melhor namorada do mundo. Ia enchê-lo de amor e carinho até que ele não aguentasse mais. Ia fazer questão de ter certeza de que ele sabe que é o ser humano mais precioso da Terra, e que o ama de uma forma que nem cabe em seu peito. seria alimentado com o mais puro mimo e cuidado, porque era apenas isso que ele merecia no mundo. Apenas coisas boas e positivas.


❥❥❥❥❥



, vem cáaa! ― chamava na sala de estar da casa da namorada, olhando para as folhas de fichário na letra feminina que ela deixara espalhadas pela mesa antes de levantar, tentando encontrar o que deviam estudar primeiro. ― Eu preciso saber por onde você quer começar as revisões!


Os pais de ainda estavam no trabalho, e seu irmão deixara a casa para que eles estudassem - antes de sair os ameaçando sobre fazerem qualquer coisa além dos estudos, claro, mas a garota não parecia estar muito concentrada. Pelo menos não era o que passava quando estava passando mais de vinte minutos na cozinha quando dissera que ia apenas buscar um copo d’água.

, você pode vir aqui um minuto? ― ela pediu com uma voz manhosa que não o deu nenhuma escolha, fazendo com que o rapaz se levantasse com um sorriso nos lábios.

Ele deu passos apressados para ir até o outro cômodo que era separado por uma parede e então a sala de jantar que dava acesso para não só chegar até a cozinha, como também para vê-la. Ansioso para encontrar com , ele praticamente não percebeu sobre toda a bagunça que estava instaurada naquele ambiente, indo para detrás do balcão onde a namorada estava.

― Vamos comer! ― ela comemorou quando envolveu as mãos em sua barriga em um abraço por trás, encostando o rosto em seu ombro.
― Achei que só quisesse água… ― ele comentou confuso, olhando para baixo e vendo todo o chocolate derretido e as frutas no balcão, que ela logo pegou para levar até a mesa de jantar, lhe fazendo segui-la, já que não queria desvencilhar seu abraço.
― Desculpa, eu menti. ― riu sem graça, deixando os dois potes em cima do apoio e então girando o corpo para ficar de frente para o , envolvendo seus braços ao redor do pescoço dele. ― Eu menti desde manhã. Eu sei que nós precisamos mesmo revisar, e nós vamos. ― pausou, tentando se concentrar no que falar quando na verdade só queria aproveitar a proximidade com quem amava tanto, e só sentir o aroma agradável que ele exalava. ― Na verdade, tudo era uma desculpa porque eu queria passar um tempo junto com você.
… ― arregalou um pouco os olhos com isso, arqueando uma das sobrancelhas, o sorriso desaparecendo do belo rosto para dar lugar a uma expressão quase desesperada. ― Eu ando distante? Você acha que não tenho te dado atenção suficiente? Por que eu juro que não foi minha inten-
― Não, claro que não! ― não pode deixar de achar a reação do namorado a coisa mais adorável que podia ver na vida, mas lhe preocupava vê-lo sempre achando que tinha feito algo errado, quando na verdade ele era o ser mais perfeito que imaginava ter pisado na Terra. ― Você é maravilhoso, . Você sabe disso, não é? ― uma das mãos da menina foi para a bochecha dele, o polegar acariciando levemente a epiderme macia e ele sorriu outra vez, porém milhões de vezes mais contido do que os que normalmente estampavam seu rosto. Também pode ver as orelhas dele ficando levemente avermelhadas, lhe fazendo ter que segurar uma risada de felicidade com aquela reação. ― Eu só quero que você tenha certeza que eu te amo. Você sabe disso também, certo? Que você é a pessoa mais valiosa que eu conheci na minha vida?
― É difícil acreditar que essas palavras saem da sua boca, quando eu devia ser o único a estar falando-as. ― respondeu tranquilamente, os olhos brilhando como toda vez que eles estavam juntos, toda vez que estavam com os corpos próximos e se encaravam. Seus olhos diziam tudo, e transmitiam todo o amor que podiam cultivar um pelo outro. Mas não se privavam, nem mesmo por um minuto, de também utilizar as palavras para deixar sempre mais e mais claro e confirmado de quanto eram apaixonados. ― Você acha que vai me amar pela vida toda? ― perguntou em um sussurro inseguro, as mãos por um minuto ficando trêmulas na cintura da menina, enquanto ele a apertava carinhosamente, tentando disfarçar o quanto pensar na hipótese dela não amá-lo para sempre o deixava desolado.
― O quão louca eu teria que ser pra deixar de te amar um dia?! ― encostou o rosto no peitoral do dono dos cabelos castanhos, ouvindo seus batimentos que aceleraram ainda mais com o contato. ― Você é exatamente tudo o que eu sempre pedi e sonhei.

tentou segurar um suspiro ao ouvir aquilo, sentindo-se ainda mais agitado no próprio corpo com isso. Uma parte de si ficava tão feliz e aliviada em ouvir aquilo que tudo o que queria fazer era pular e comemorar, enquanto a outra ficava mais e mais ansiosa, com medo de quando descobrisse que era uma farsa, essa parte pressionando e dizendo que tinha que continuar fingindo como fingia, sendo o melhor ator que podia para nunca perdê-la. Mas isso não era injusto com a garota? Enganá-la, fazendo-a acreditar que era a pessoa dos seus sonhos, quando na verdade era um fracasso, não era a coisa mais errada que podia fazer?

― Como alguém como você pôde se apaixonar por mim, ? ― uma pontada de melancolia atingiu o tom de voz de naquele momento, uma insegurança que não passou despercebida por , que por um segundo se questionou o que poderia falar para que ele tivesse plena certeza de que ele era, sem sombra de dúvidas, uma pessoa maravilhosa.
… ― suspirou, voltando a erguer o rosto e o olhar na direção do namorado.

Não pensou muito quando selou seus lábios em um contato simples e amoroso, fechando os olhos por alguns segundos apenas para aproveitar o roçar leve da boca macia como avelã dele na sua, indo para cima e para baixo de forma praticamente imperceptível. Não precisava nem mesmo se esforçar para gravar cada segundo que lhe proporcionava aquela sensação de euforia por um ato tão suave como sentir a respiração dele batendo em seu rosto. Cada momento com era tão especial e único que seu cérebro aparentemente abriu uma espécie de nova pasta apenas para armazenar todas as vezes que estava em seus braços. Parecia que seu coração saltaria para fora de seu corpo a qualquer segundo, apenas porque estava abraçada com ele, e porque podia beijá-lo sem restrições.

― Meu , eu me apaixonei por você porque você é a pessoa mais brilhante e carinhosa que eu já conheci na minha vida. Porque você se importa tanto comigo que prefere lidar com as suas pressões sozinho para não me preocupar, mesmo que eu queira saber e que eu queira te ajudar. Porque você tem o sorriso mais lindo que eu já vi em toda a minha vida, que é capaz de mudar toda a minha vida pra melhor se precisar. Eu me apaixonei uma vez, me apaixonaria de novo e quantas fossem necessárias para que você finalmente entendesse que não há lugar pra ninguém na minha vida que não seja você.


❥❥❥❥❥



Se encontraram todos os dias daquela semana com a desculpa de estudar, e apesar de o fazerem, aquilo não parecia exatamente o maior motivo de para lhe chamar para as sessões de revisão. Entretanto, mesmo que estivesse amando todo o amor que estava recebendo da namorada, ainda sentia aquela pulga atrás de sua orelha.
A necessidade de ser perfeito aumentava cada vez mais, de ser suficiente. Não só para ela, mas para todos que confiavam em si. A necessidade de não errar de forma alguma, o medo de ser descoberto e a insegurança de ser desprezado quando fosse pego na mentira de viver uma vida que não merecia.
E tudo explodiu naquele dia, no momento em que o professor deixou aquela maldita primeira avaliação de trimestre em cima de sua mesa, lhe fazendo entrar em um colapso mental ao ver que todos os esforços de seus estudos não serviram de nada, e que tudo iria desmoronar naquele momento e sua máscara iria cair.
Não estava preparado, mas ao mesmo tempo, não podia controlar. Tudo havia acabado ali. Um incêndio queimava profundamente em seu ser, sem saber como parar, deixou com que se alastrasse, levantando da sala mesmo sem permissão e saindo pela porta como um vulcão. Sentia um ardor por todo o seu corpo, resistindo ao longo do tempo mesmo que houvesse, um dia, tentado pará-lo.
Agora não mais. Agora, deixava-se ser consumido.
Ignorou todos os chamados por seu nome dos colegas de classe e principalmente de que quase correu atrás de si, sumindo para o lugar que saberia que poderia tentar usar para lhe dar um pouco de paz de espírito, driblando os inspetores no corredor para chegar até as escadas e subir para o terraço.
Em seu caminho, a cada degrau que subia, pensava em um obstáculo que havia colocado em sua vida e em seus sonhos. Pensava em como havia substituído aos poucos suas vontades por idealização de outros, e nem mesmo podia culpá-los, porque nunca demonstrou descontentamento ou discordância com isso. Sempre acenava e assentia sorrindo, e todos acreditavam que estava feliz, quando na verdade estava se corroendo por dentro.
Entrou no terraço querendo sentir o vento e ter a mentirosa sensação de que ele levaria tudo embora, todos sentimentos ruins e todo peso nas suas costas. Mas depois de dois passos no local, percebeu que não estava ali para aquilo, e sim para completar o que seu destino havia traçado para si. Aquele momento iria acontecer de qualquer forma.


? ― a voz de lhe fez virar para trás, mas não exatamente despertar de seu estado frustrado e transtornado.

Encontrou a namorada se levantando rapidamente, esquecendo que tinha algumas folhas em cima das pernas que voaram para perto dele. Respirou fundo por dois segundos, agachando para pegá-las e tentando se controlar, por saber que não merecia, nunca, ver um lado seu que não era o brilhante e sorridente que ela tanto gostava.
Mas não conseguiu manter a pose ao ver o que estava escrito na folha, a enxurrada de sentimentos ruins acabando com qualquer parcela de esforço que poderia fazer. havia gabaritado a prova, a mesma prova que ele fizera, porém na sala ao lado. Eles estudaram juntos em todos os dias, o que só provava a sua incapacidade.

, está tudo bem? ― ficou tão preocupada com aquela expressão do rapaz que até mesmo o chamou pelo nome, o fazendo ficar ainda mais na defensiva, principalmente ao vê-la dar um passo em sua direção com a mão erguida.
― Agora não, mas vai ficar. ― ele murmurou ao dar um passo para trás e a garota arqueou uma das sobrancelhas com aquelas palavras e a ação, não entendendo o que ele queria dizer com aquilo.
― O que aconteceu? Você parece chateado. ― se encolheu em si mesma, voltando a postura de antes e passando os dedos levemente pelo próprio braço, sem graça e magoada pela rejeição do rapaz.
― Aconteceu que nós não podemos mais ficar juntos. ― apesar de vê-la daquela forma, quebrava o coração do em mil pedaços, ele se manteve firme e com o olhar e expressão duras. Sabia que era melhor para os dois, sabia que um dia entenderia que ela merecia alguém melhor.
― O que?! O que você quer dizer com isso? ― a menina pronunciou em um tom baixo e confuso, com medo de que fosse exatamente o que havia escutado. Se encolheu ainda mais, a ponto de começar a ficar vermelha e pequena ao mesmo tempo em que seus olhos se encheram automaticamente, ignorando se havia dado ou não permissão para isso.
― Exatamente o que você ouviu. ― ela nunca havia o visto daquela forma. Parecia que estava com raiva, frustrado, e começou a temer ter feito alguma coisa e que a culpa fosse sua. ― Eu estou terminando com você.
― Como assim, ? Mas o que aconteceu? Nós estávamos tão bem, ou não estávamos?! ― o baque das palavras de fez com que as lágrimas começarem a escorrerem por suas bochechas, e logo a garota se via chorando de uma forma tão desesperada que chegava a ser ridícula.

Queria manter a compostura, queria que as outras alunas ali, assistindo a cena, não estivessem a encarando como se fosse uma descontrolada. Mas não conseguia quando estava indo contra o que ela acreditava que ele queria, deixando-se ser vencido por aquilo que o incomodava tanto sem nem mesmo tentar conversar consigo sobre. Ela achou que ele a amava mais que isso.
Fora o que ele dissera, que ele lhe amava mais que tudo.
O por sua vez, queria abraçá-la, limpar suas lágrimas e pedir desculpas por ser um idiota, e acima de tudo, por ser insuficiente para ela. Queria que nunca tivesse se apaixonado por si, então ela nunca teria que sofrer por alguém que não merecia seu amor e dedicação. Não tinha nem mesmo coragem de olhá-la nos olhos quando voltou a andar com passos rápidos para a saída, sussurrando um pedido de desculpas antes de, enfim, deixar o terraço e correr para fora do prédio da escola, tentando não se importar com o que estava deixando pra trás, mesmo sabendo que era impossível.
Havia enlouquecido de uma vez, era essa a conclusão que tirou. Enquanto andava até em casa, viu o cartaz no poste sobre as audições que estavam fazendo para maior empresa de entretenimento que ouviu falar no país, acontecendo no centro daqui a exatos quarenta e cinco minutos. Sem pensar duas vezes, arrancou a gravata e correu para sua casa, tirando o uniforme e se vestindo de uma forma casual - se quisesse ter uma chance, mesmo que mínima, ninguém poderia pensar que ele estava cabulando aula.
Durante o caminho até o centro da cidade, onde as audições estavam acontecendo, não parava de pensar em como deixara e em todos os seus defeitos. Por que estava gastando o seu tempo fazendo aquilo, se sabia que não ia passar? Já estava com a idade avançada para um trainee, havia trancado aquele sonho tempo o suficiente para que ele se tornasse impossível, e além do mais, sabia que havia muito mais pessoas ali, inquestionavelmente mais talentosas do que si, e também que mereciam mais.
Pessoas boas, que não magoavam quem amavam, e pessoas que não estariam traindo a quem amavam para ir atrás de um desejo reprimido.
Mas já era tarde demais, o número já estava colado em seu peito quando deu por si da besteira que estava fazendo. E quando abriu a boca para ressonar a primeira nota, pediu, para que de alguma forma, aquilo fosse lhe ajudar a recuperar a sua esperança em si mesmo, e lhe ajudasse e superar seus próprios demônios. Porque no fim, era por isso que nunca os contara para ninguém.
Porque tinha que aprender a lidar com eles sozinho.


❥❥❥❥❥



Naquela terça e posteriormente na quarta e quinta-feira, inventara para os pais que estava com dores intercalares em lugares diversos do corpo, só para não ter que levantar da cama e ir até a escola. Outra vez sua mediocridade se provava: não tinha coragem alguma de ir para o ambiente onde sabia que iria encontrar com , não tinha nenhum traço de braveza restante em sua alma para encará-la sabendo o que havia feito com a garota.
Naquele dia, quando estava em posição fetal na cama pensando na inutilidade da sua existência para o mundo, recebeu algumas ligações de um número desconhecido que ignorou durante toda a parte da manhã. Sabia que não podia ser nem e nem , uma vez que era horário de aula, não estava querendo atender nem mesmo seus amigos, quem dirá quem nem conhecia. Mas acabou desistindo quando ouviu as notificações de mensagem e acabou pegando o celular para ver que eram do mesmo número desconhecido que ligava.
Destravou o celular e nem mesmo salvou o número para que a foto aparecesse antes de abrir a conversa, sentindo seu coração pular dois batimentos ao ver o conteúdo, tendo que passar a mão pelos olhos algumas vezes para acreditar na sua visão. Levantou e, sem pensar direito, colocou um casaco longo em cima do pijama, vendo no relógio que já havia chego em casa naquelas horas.
Aproveitou que estava sozinho e saiu correndo até a casa do amigo que ficava na rua de trás da sua, apertando a campainha e sendo atendido alguns segundos depois na porta pela mãe do melhor amigo, que lhe deu permissão com um sorriso para subir ao quarto dele. Encontrou estudando, mas pela primeira vez em muito tempo, não se sentiu ansioso ou diminuído por isso.


, você não sabe o que aconteceu! ― começou aos gritos, fechando a porta do ambiente para abafar o barulho que provavelmente faria por causa de sua animação.
― Olha só, meu melhor amigo faz a merda da vida dele, desapareceu três dias e aparece gritando na minha casa. Com certeza deve ser algo grandioso! ― ele respondeu em tom sarcástico, cruzando os braços ao virar a cadeira giratória para encarar .
― Desculpa, eu juro que vou explicar tudo, mas preciso te contar isso. Eu passei na audição da SM. ― falar aquilo soava ridículo, e na sua cabeça parecia uma hipótese igualmente imaginária, mas sempre que via a tela do celular um tapa de realidade acertava seu rosto. Estava praticamente dançando no quarto de , explodindo em uma risada escandalosa quando viu a expressão de choque e dúvida que ele fez.
― Mas quando, como? Você nunca nem mesmo disse que tinha interesse em música! ― o amigo continuou sentado, mas agora era mesmo pelo choque, evidenciado pela palidez em sua face.
, eu sempre achei que não devesse, e que não tinha capacidade, mas na segunda eu não estava pensando demais e acabei fazendo. Recebi o resultado hoje. ― suspirou desanimado em entrar naquele assunto, mas ele precisava ser pautado. O amigo sempre lhe ajudou tanto que merecia saber o que escondia e que sempre se esforçou para lhe distrair, mesmo sem saber o que era. Sentou na cama de uma vez só, fechando os olhos. ― Quer dizer, os meus pais querem que eu siga uma carreira estável de engenheiro, como eu podia me virar contra quem sempre me amou e me ajudou tanto?
, a cada dia que passa eu vejo que você é mais idiota. ― como sempre a sinceridade do rapaz era um chute no estômago, mas não era nada que não esperasse àquela altura do campeonato. ― Você guardou isso por quanto tempo? Você vai fazer o quê agora que conseguiu passar? Não pensou que vai ter que contar pros seus pais?
― Praticamente a vida toda. ― riu de nervoso, sentindo a respiração ficar mais acelerada por causa do nervosismo. A sua euforia e empolgação foram completamente embora quando indagou sobre suas próximas ações, porque elas eram, inevitavelmente, uma tela com um conflito pessoal muito maior do que conseguia controlar. ― Eu não sei, ainda… Eu ainda não tenho a mínima ideia. , eu sempre acreditei que eu não era capaz de passar e isso também sempre me freou. Mas agora eu consegui, e estou com medo da decepção que isso vai trazer pros meus pais.
, está na hora de você enfrentar seus medos então, de uma vez. Você já começou, fez a audição. E agora você tem que enfrentar os seus pais de uma vez, estando preparado para qualquer reação. Eu acredito que eles só querem te ver feliz e que vão te apoiar, mas nunca se sabe, isso é algo que você só vai descobrir quando falar. ― concordou com o discurso do melhor amigo, mesmo que por dentro, toda a força que estivesse sentindo quando chegou tivesse dado lugar a uma melancolia e vazio enormes, como se fosse o peso de seu sonho. ― Como você está se sentindo?
― Nervoso. Em partes, quando eu li, foi como nascer de novo e brilhar de uma forma que deixaria qualquer um cego. Mas agora, eu sinto como se tivesse ido longe demais e fosse um egoísta por ter conseguido. ― suspirou, deixando as costas irem pra trás e baterem contra o conforto do colchão.
― Você quer me falar sobre o surto que teve na segunda-feira? Nós tínhamos certeza que alguma coisa estava errada com você nas últimas semanas, mas não achei que chegaria a esse ponto. ― cruzou os braços, girando a cadeira outra vez para encarar o corpo do amigo jogado em sua cama. ― Quer dizer, você deixou a soluçando no terraço.
― Eu fui um idiota e me arrependo, mas eu sei que foi o certo. Quer dizer, eu não sou o melhor pra ela, não sou nem o suficiente. Ela ia se decepcionar quando descobrisse que tudo o que eu sempre vivi era uma projeção do que queriam. A merece uma pessoa autêntica, uma pessoa de verdade. Uma pessoa que tenha uma vida estável e possa dar pra ela tudo o que ela quiser, e muito mais. E essa pessoa não sou eu, .
, o problema começou quando você escondeu coisas, mas tudo bem, porque esse sonho era seu e você tinha o direito de guardá-lo pra você. Mas sua insegurança com sua própria imagem não vai ter ajudar em nada daqui pra frente, como nunca ajudou. ― levantou e calmamente andou até a cama, sentando na ponta contrária a qual o amigo estava. ― Mas você não acha que os momentos que viveu com ela foram verdadeiros e espontâneos? O amor que você sente era mentira? Se não, eu te aconselho a ir falar com ela. Porque a única que pode escolher o que é ou não bom pra vida dela, é a própria . Você não tem esse direito. ― aproveitou a proximidade de para dar um tapa dolorido e bem audível na parte de cima da cabeça do , que gritou e levantou na mesma hora.
― A-Ai!
― Vá falar com ela. E, se a te der uma bota, vai ser mais que merecida e acho bom você aceitá-la bem depois do que você fez.


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Eram quase oito da noite quando jogou a primeira pedrinha na janela do quarto de . Ela com certeza ia lhe matar, mas não era como se fosse o único motivo que ela poderia usar como justificativa.
Suas mãos tremiam de forma exagerada conforme cada segundo passava, cada segundo a esperando abrir a porta, e seu coração estava tão acelerado que era capaz de ouvi-lo bater, o que o assustava ainda mais. Tinha que ser verdadeiro. Contar suas preocupações, seus sonhos, o porquê ter feito o que fez. Tinha que ser ele mesmo. Aquilo não era uma chance segura por mais que avaliasse, mas sinceramente, se tratando de , ele não se importava.
Era uma insegurança diferente da que normalmente sentia. Não era exatamente como se estivesse questionando se ela iria gostar do seu eu verdadeiro, mas sim, questionava se ela lhe perdoaria depois de ter omitido tanta coisa de si. Por mais que fosse a pessoa mais compreensiva e carinhosa que havia conhecido na sua vida, tudo tinha limite. E torcia para não ter alcançado-o alguns dias atrás.
Finalmente ela apareceu na janela, quando quase jogou mais uma pedrinha, e seu coração ficou pequeno ao poder vê-la depois daqueles dias. A primeira imagem que viu refletida em sua mente foi a da garota aos prantos ao deixá-la, e agora a via com profundas olheiras abaixo dos olhos que costumavam ser tão bonitos e brilhantes, mas neste momento estavam foscos e perdidos.
Como fora idiota o suficiente para não perceber o quão importante era para ela? A culpa lhe corroeu quando viu a expressão da garota se transformar de cansada para uma levemente afobada e apavorada quando fez menção de abrir a janela, e ela prendeu a respiração quando deu um passo para trás, desistindo, assim que viu quem estava embaixo no seu jardim.


― Por favor! ― ele gritou lá debaixo, e para seu alívio, voltou o passo que tinha dado, olhando para baixo. Seu desconforto e mágoa estavam evidentes, mas apenas o fato dela ter parado de se afastar ao escutar sua voz, fez com que ficasse mais tranquilo. ― Eu preciso muito, muito falar com você.

Ela não respondeu por que provavelmente conseguiu entender direito o que havia falado, mas se afastou da janela. A ansiedade para saber se ela iria ignorar seu pedido ou atenderia a porta combinada com a demora da menina em descer as escadas estava matando-o por dentro, e resolveu sentar na grama, encostado na parede da casa, esperando por ela. Mas mesmo que ela não descesse, continuaria ali, até que o pai da garota chegasse e chutasse sua bunda para longe.
Não soube dizer quanto tempo passou, mas a porta de entrada se abriu timidamente, e colocou apenas a cabeça para fora, olhando de um lado para o outro, com medo de ter tido uma alucinação com a imagem do então ex-namorado, o que confirmava ao procurar e não achá-lo. Estava ficando louca, por que ele não saia de sua cabeça, atrapalhando seu sono, seus estudos e até sua sanidade?
Apenas se enrolou mais ainda na blusa de frio a qual agarrava, que havia colocado antes de atender a assombração de e estava pronta para voltar para dentro, entretanto o ranger suave da porta o despertou e fez com que levantasse em um pulo, correndo para a frente da entrada da casa.
Quando os olhares se encontravam, diversos choques passaram pela corrente sanguínea de , que teve que parar para respirar para não surtar ou não abraçá-la, que era o que todos os seus poros gritavam em súplica.

… ― sussurrou, como se ela não fosse real em sua frente, apenas um holograma daquilo que mais desejava ver naquele momento.
me disse que viria. ― ela respondeu também em um tom baixo, se encolhendo com os sentimentos que tomavam conta de seu peito. ― Não acreditei nele.
― Eu fiz a única coisa que nunca quis fazer, , eu te decepcionei. ― apertou os lábios, sentindo-os secos e a garganta raspando. ― O me disse que vocês achavam que tinha algo errado, e realmente tinha. Eu vou mostrar para você, enquanto peço desculpas pelo que fiz e mais uma chance. ― suspirou, não se importando se ainda estava para o lado de fora da casa, ou que estava tremendo de frio com os dentes batendo um contra os outros. ― Eu me achava insuficiente pra você, e não entendia como você poderia amar alguém como eu. Eu nunca fui honesto, . Eu não quero ser um engenheiro e viver uma vida em um escritório, mas eu não queria decepcionar você e meus pais, então eu escondi isso… Por tempo demais, até que ignorar meus sonhos me tornou amargo, ao mesmo tempo em que por esconder isso, eu me senti uma pessoa mentirosa e falsa, e senti que eu não era verdadeiro com você. Então, eu senti muito medo de você me odiar quando descobrisse quem eu era de verdade…
, não precisa falar mais. ― suspirou, erguendo uma das mãos para fazer um sinal de pare. Doía para ela ouvir aquilo tanto quanto para ele falar. ― Desde quando eu me apaixonei e todos os momentos que passamos juntos, era você, o você de verdade, sem se pressionar com o futuro. Você apenas se deixava ser, sem se preocupar. Acaba comigo saber que você aguentou tudo isso sozinho, e nunca falou pra ninguém. Eu queria ter te ajudado, segurado na sua mão e então nós teríamos superado juntos, mas eu sei que existem coisas que você tem que aprender sozinho.
― Desculpa te decepcionar, desculpa não ter sido o namorado que você merecia ter. Eu nunca entendi que eu era realmente importante pra você. ― agora, eram os olhos do que queimavam, enquanto ele fungava. A forma que estava falando não era em nada encorajadora em relação ao namoro deles.
― Você foi. O melhor namorado do mundo. ― ela sorriu de canto com as lembranças doces invadindo sua mente, fixando as íris no chão. ― Eu nunca me decepcionaria por você seguir seus sonhos. Tudo o que eu quero é ver você feliz, mas eu preciso saber o que está pensando.
― Eu passei em uma audição. ― e, como ela queria saber, ele falou sem pensar nem mesmo duas vezes. ― Da SM. Fiz no dia que nós dois… E recebi o resultado hoje. ― a sua felicidade em falar isso era praticamente nula, de tantas preocupações que esse assunto lhe causava.
― Você… Eu não sabia! ― arregalou os olhos. É verdade que já ouvira cantando, mas nunca havia sido nada sério. Ele parecia o fazer mais porque ela sempre pedia. ― Parabéns… ― o choque e a esperança a atingiram no mesmo minuto.

Ele se tornaria trainee. Ele nunca mais teria tempo de manter um relacionamento por toda a sua vida. fora ali apenas para colocar tudo em bons termos e terminarem como amigos, não era?

, eu ainda não sei o que eu vou fazer. Não conversei com os meus pais. ― passou as mãos de forma nervosa pelo casaco, respirando fundo. O frio até lhe deixara pela situação delicada fazer o nervoso esquentar seu organismo. ― Mas eu sei de uma coisa, que eu já encontrei o meu lugar, e ele é ao seu lado. Se você quiser, eu vou me provar a você. Você me fez ver que o meu valor é eterno, e agora que eu me tornei infinitamente mais impressionante, eu ficarei ao seu lado eternamente e nunca mudarei. Você me completa sempre com mais perfeição, e eu nunca mais vou tentar prevenir nada em relação a esse amor. ― não resistiu mais, e deu passos em direção à garota, abrindo levemente a porta ao qual ela estava encostada e escondia metade do corpo por conta do vento cortante que passava pela noite.
, tudo o que eu mais quero é ver você brilhando como um diamante, de dezessete ou sei lá quantos quilates. Eu quero que você saiba como você brilha pra mim, e que você seja confiante com isso. Não abra mão do seu sonho por minha causa, eu vou te apoiar em tudo sempre, e nós vamos enfrentar tudo juntos. ― deixou-se repousar dentro dos braços do , sentindo o calor dele passando para seu corpo e lhe trazendo aquela sensação de conforto que conhecia tão bem quanto estavam juntos.
― Você é como um diamante, Você é o meu diamante, , e eu vou me moldar para ser como você, assim nós poderemos brilhar pra sempre, juntos.





Fim



Nota da autora: Eu realmente não sei como começar essas notas! AUHAUHAUHA Mas quero dizer que adorei escrever essa short, e eu estou MUITO feliz de participar desse ficstape de The War, porque é meu álbum favorito do EXO! ♥ Não tem sequer uma música que não é maravilhosa, e depois de escrever esse plot - mesmo que eu não ache que ele é lá dos melhores pra dar “match” com a música, eu me apeguei ainda mais a ela. Eu espero que você que leu e chegou até aqui tenha gostado e tido um tempo bom lendo, e, por favor, se sim, deixe um comentário! E se não, deixa também me dizendo pontos onde eu posso melhorar. Muito obrigada por ter lido ♥





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Trauma
Very NICE

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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