Última atualização: 10/04/2020

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Capítulo 21

Every night I'm with you I fall more in love
Now I'm laying by your side
Everything feels right since you came along

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Quando entrou em casa, franziu o cenho por conta do ótimo cheiro que tomou conta de seu olfato. Não era cheiro de comida de micro-ondas ou de comida encomendada e os barulhos na cozinha apenas deixavam claro que alguém estava cozinhando. Alguém não, . Porque ele era o único que tinha acesso ao seu apartamento e principalmente porque ninguém cozinharia em sua casa caso estivesse tentando roubá-la.
Seguiu com passos lentos até a sala e deixou a bolsa no sofá, se virando para a cozinha e encontrando entretido com algumas panelas no fogão. Ele usava o avental que havia comprado para ele, já que sempre que tentava cozinhar, acabava respingando algo no corpo. ainda não era um cozinheiro exemplar, mas ele estava tentando e melhorando todos os dias com a ajuda e os conselhos de . E seu histórico de vídeos assistidos no YouTube eram um lembrete de que ele estava realmente empenhado em ser um cozinheiro melhor.
se virou e sorriu para , que acabou com a distância e se aproximou do namorado e da comida que ele preparava. Tinham duas panelas no fogão e identificou o arroz na menor e na maior, strogonoff de cogumelos. Abriu um sorriso largo e se inclinou para selar seus lábios aos de .
- Eu provei. – O cantor logo murmurou. – Ficou bom de sal, mas ainda estou em dúvida sobre os temperos. Você tem muitos e eu nunca sei o que usar. – Um bico de descontentamento estava em seus lábios.
- Pode usar qualquer coisa. – indicou. – Mas se tiver dúvidas, cheire primeiro e veja se gosta. Ou eu posso colocar rótulos nos temperos para você saber o que é melhor ser usado em determinado prato. – Sugeriu e abriu um sorriso tão largo que o coração da brasileira perdeu um compasso. Ela nunca iria se acostumar com o quanto ele era lindo ou o quanto o amava.
- Deus, você é perfeita. – Ele a puxou para um beijo rápido.
o auxiliou por alguns momentos antes de seguir para o banheiro. Tomou banho, vestiu um conjunto de moletom – de , mas eram tão confortáveis e quentinhos que ela simplesmente amava usá-los! – e quando voltou para a cozinha, o jantar já estava pronto. havia servido dois pratos e colocado muita batata palha em ambos e apesar de poderem usar o balcão, preferiram ocupar o sofá e terminar de rever um episódio da primeira temporada de Stranger Things.
- Hm, - resmungou, com a boca cheia de comida e o encarou com diversão. Eles tinham intimidade o suficiente para não fingirem modos o tempo todo e ela amava aquilo. – Andrew me enviou as capas dos primeiros singles.
A garota pulou no sofá, quase derrubando toda a comida no chão e causando um riso no cantor. Largou o prato na mesa de centro apenas por precaução e puxou o celular do bolso do no mesmo instante, desbloqueando com a senha e abrindo a galeria de fotos. Seu coração nunca deixaria de ser Army e esperava que continuasse amando aquele pedacinho dela que sempre surtaria por qualquer coisa a respeito do trabalho dele. E dele como um todo, não havia motivos para negar quão apaixonada ela era por .
Seu coração bateu rápido no peito quando abriu a primeira imagem e a capa de In My Blood entrou em seu campo de visão. Era simples, em um tom terroso e um conjunto de flores no canto esquerdo. Sua rosa estava ali e o nome do single estava no centro. engoliu em seco e deslizou o dedo na tela do celular, ansiosa para ver a capa seguinte. não havia lhe contado quais músicas seriam singles – ela nem mesmo havia escutado qualquer canção fora In My Blood e When You’re Ready – então ler Lost In Japan no centro da capa seguinte fez seu coração bater ainda mais descontrolado no peito. Aquela tinha um tom rosado e as flores mudavam, mas a rosa ainda estava ali e os olhos de se encheram de lágrimas. Ergueu o olhar para , que já havia abandonado o prato na mesa de centro – e engoliu o choro quando ele franziu o cenho em confusão.
- Você não gostou? – Ele questionou preocupado. riu, sacudindo a cabeça em negação.
- Estão incríveis. – Murmurou. – Mas Lost In Japan? – Sorriu tímida. – Você já disse que escreveu muito sobre mim, mas ter certeza disso é... esquisito. Um esquisito bom. – Acrescentou e o cantor riu. Puxou para seus braços e eles se aconchegaram no sofá.
- Você quer ouvir? – Questionou.
- Que pergunta idiota. – revirou os olhos. – É claro que eu quero.
- A versão do álbum ou a minha versão, aqui e agora? – Arqueou as sobrancelhas para ela. mordeu o lábio inferior.
- A sua. – Decidiu. – Vou ouvir a versão do álbum como toda Army quando a música for lançada e dar muito stream para você, como sempre fiz.
beijou a namorada no topo da cabeça, novamente sentando no sofá e puxando para seu colo.
- Vamos terminar o jantar, escovar os dentes e então eu canto para você dormir. – Sugeriu e ela fez uma careta.
- Não quero dormir. – Reclamou. – Você vai viajar amanhã e eu quero aproveitar todos os segundos com você.
- Você trabalha amanhã, dengo. Precisa descansar.
- Odeio trabalhar. – chiou e gargalhou do bico que ela exibia nos lábios.
- Não odeia nada. – Retrucou.
Eles terminaram de jantar e escovaram os dentes, bem como havia sugerido. Lavaram a louça e com apenas a luz do abajur acesa, se jogou na cama e os cobriu com os cobertores pesados. se aconchegou nos braços de , a cabeça contra a curva do pescoço dele enquanto acariciava seus cabelos. Desligou a luz e começou a murmurar Lost In Japan, mesmo que não tivesse a melodia para lhe acompanhar. O mais importante daquela música era a letra e ele esperava que se reconhecesse por entre as palavras que ele havia escrito para ela.
ouviu toda a música, prestando atenção em cada palavra e cada pausa com todo o carinho do mundo. Se afogou na voz de como nunca antes, bebendo cada gota do amor que ele lhe oferecia em formato de canção, lembrando dos exatos momentos que eles viveram no Japão e não conseguindo conter o sorriso e as lágrimas. Quando terminou, ela puxou o fôlego para os pulmões com força e então beijou a pele exposta na curva de seu pescoço.
- Eu ainda não consigo te tirar da cabeça. – Sussurrou e quando enfiou as mãos dentro de seu moletom, soube que eles iriam se perder um no outro naquela noite. Mesmo que não estivessem no Japão.

🎸🍀📷

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A press tour era tão incrível quanto cansativa. estava no segundo país da lista e no quarto dia de viagem, se preparando para embarcar para a Espanha durante a madrugada. Teria algumas horas de sono antes de comparecer em entrevistas e encontros de fãs e qualquer outro compromisso que Andrew tivesse marcado para ele.
A passagem por Stocolmo e por Berlim foi incrível. conversou com muitos fãs e falou tanto sobre o álbum em entrevistas que Andrew precisou lhe chamar a atenção para não dar informações demais. Mas o que podia fazer, se estava completamente ansioso com o lançamento daquele trabalho? Queria que o mundo ouvisse as palavras de seu coração e apreciasse o trabalho incrível que havia feito com sua equipe. E também, queria muito que escutasse as músicas que ele havia escrito sobre ela.
Não estavam tendo muito tempo para conversar. Todo o tempo livre de era usado para tirar o sono do atraso e o fuso horário acabava atrapalhando ainda mais as trocas de mensagens e as ligações antes de dormir. estava acostumado em ter a presença de o tempo todo e passar alguns dias sem ela era esquisito. Ele não sabia como iria sobreviver quando saísse em turnê, porque até então, ela não havia aceitado sua oferta de trabalho. Seriam 9 meses de viagem e ele não saberia lidar com a distância.
E se ela optasse por não aceitar, entenderia. Ele sabia que ainda era vítima de comentários maldosos e perseguição midiática. As pessoas não haviam simplesmente os deixado em paz, não haviam esquecido de suas existências. A mídia ainda fazia um circo em cima de seu relacionamento e a internet continuava a ser um lugar tóxico. O que havia mudado era a relevância que dava para aquilo. sabia que ela ainda não estava confortável, mas havia mesmo deixado de lado a opinião de pessoas que queriam apenas o seu mal e focava na opinião de quem a amava e se importava com ela. Mas não deixava de temer que, em algum momento, as coisas voltassem a ficar ruins a ponto de machucar a garota outra vez. Mas daquela vez, ele não deixaria tudo sair do controle. Ele não deixaria ninguém machucar e não ligava em perder alguns fãs no caminho. As pessoas precisavam respeitar e seu relacionamento. Em Toronto, eles saiam pouco de casa, principalmente por causa do frio, mas o mundo não havia deixado de ser maldoso sobre eles. Eles apenas não davam atenção, porque depois de tudo o que haviam passado, não poderiam deixar que o mundo os machucasse outra vez. O amor deles era muito mais forte do que aquilo.
- Vamos encontrar o pessoal em Los Angeles na semana que vem. – Andrew informou, sem desviar a atenção do notebook. assentiu com a cabeça, voltando os olhos para a tela do celular e para as mensagens de que ele estava respondendo.
A viagem de Berlim até Madri era rápida e por serem um grupo pequeno – apenas Andrew, Josiah e Jake estavam viajando na press tour -, não havia necessidade de usar o jatinho e a primeira classe seria fechada para eles para evitar confusão. Naquele momento estavam no aeroporto, em uma das salas de espera particulares. Jake tirava um cochilo na poltrona e Josiah estava no meio de uma ligação para casa. estava no chão, com duas almofadas fofas embaixo da bunda e as pernas estendidas para evitar os formigamentos.
- A vai?
- Não. – fez uma careta. – Ela precisa trabalhar, então só vamos nos ver quando eu voltar para Toronto.
- Vocês vão para o Brasil em seguida?
- No final do mês. – Assentiu com a cabeça.
- E você está surtando? – O empresário riu.
- Razoavelmente. – Confessou. – Meu português ainda é horrível e eu não sei como vou conversar com o pai dela. disse que ele não fala inglês, então vai ser complicado. – Suspirou.
- Você vai ser sair bem. – Josiah murmurou, sentando ao lado de Andrew em seguida. – Sabe ao menos falar “oi” em português?
- Sei falar muitas coisas em português. Mas não o suficiente para conseguir formular frases completas e coerentes.
- Mas já é alguma coisa. – Josiah o consolou e assentiu em concordância. Entraram em uma conversa sobre as fotos de , mas uma ligação da garota desviou a atenção de e ele abriu um sorriso largo.
- Oi dengo. – Saudou, ajeitando as almofadas para poder se deitar. Esticou as pernas e as apoiou na parede e sorriu quando constatou que tinha pouco mais do que àquela altura. – Acho que você tem realmente o mesmo comprimento que as minhas pernas. – Comentou após explicar como estava posicionado.
- “Você é um idiota.” – gargalhou. – “Eu bato no seu ombro.”
- Eu sei amor, estou brincando. Como você está?
- “Bem e você? Já está em Madri?”
- Ainda não. Estou no aeroporto. – Contou. – Jantamos agora há pouco.
- “Mande um beijo para o pessoal.”
- E para mim não? – Fingiu decepção e riu.
- “Não.” – Foi firme. – “Você fica me zoando por ser pequena.”
- Amo você assim mesmo, dengo. Cabe tão bem nos meus braços. – Falou, sabendo que aquilo iria derreter o coração de .
- “Inferno, .” – Ela xingou. – “Meu coração é fraco, você sabe.”
- Sei. – Concordou. – Já avisou a sua mãe da nossa viagem?
- “Já. E ela está mudando a minha cama de solteiro para uma de casal porque “de jeito nenhum o meu genro vai dormir no quarto de hóspedes”, nas palavras exatas dela.” – A brasileira falou e a imaginou revirando os olhos. Gargalhou com gosto.
- Eu amo a minha sogra. – comentou.
- “Puxa saco.” – estalou os lábios. – “Estou com saudade. E parei para pensar que não vou aguentar ficar longe de você quando estiver em turnê. Mas também vou sentir falta de casa.”
- Ainda sem saber o que fazer? – Questionou com cuidado. Não queria pressionar .
- “Ainda.” – Ela disse. – “E preciso desligar porque estou morrendo de sono.”
- Vou cantar para você dormir. – Murmurou, em seguida começando a cantar Never Be Alone. dormiu na terceira música e quando desligou a chamada, seu coração estava quentinho e cheio de amor. Aquela garota era tudo para ele.

🎸🍀📷

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Jonas Brothers soava da caixa de som. No fogão, a panela com brigadeiro era cuidada por Olivia e no quarto, e estavam em uma chamada de vídeo com enquanto separavam as roupas que a brasileira levaria para o Brasil. Estava calor – não tão calor como seria em janeiro, mas ainda assim, quente o suficiente para levar apenas uma calça jeans. E tinha certeza de que iria levar 20 calças pretas e 50 camisetas pretas. E botas. Não poderia jamais esquecer as botas.
- Mas será que não vai esfriar? Tipo, ainda faltam duas semanas para vocês viajarem. – falou.
- “A previsão do tempo é de calor até metade de abril.” – reclamou. – “Sério, tá um inferno nesse país.”
- Aqui está um frio do caralho. – murmurou. Ergueu dois vestidos e então encarou as garotas, em busca de auxílio.
- O florido. – falou e assentiu em concordância.
- “ está na Inglaterra?”
- Sim. – estalou os lábios. – Ele estava em Roma nos dois últimos dias e viajou para a Inglaterra hoje. Tem uma entrevista na BBC Radio amanhã. – Sorriu orgulhosa.
- Esse álbum vai ser gigantesco. – comentou.
- “Está preparada para ouvir merda?” – foi direta no ponto e fez uma careta. – “Você disse que ele escreveu muito sobre você. As pessoas vão falar e colocar defeitos.”
- Eu sei. – Sentou-se na cama e encarou a tela do notebook. estava com os fios de cabelo mais escuros e tinha olheiras que sabia ser por causa da faculdade. Ela estava no último semestre e as coisas sempre enlouqueciam no TCC. – Eu ainda não ouvi o álbum, quer fazer surpresa. – Riu. – Mas eu sei que tem muita música sobre mim e sei que as pessoas vão encher o saco.
- E a mídia. – completou.
- Não coloque mais coisas ruins na lista. – Olivia chiou ao adentrar o quarto, se jogando na cama ao lado da namorada e sorriu agradecida para ela.
- Mas é verdade. – Deu de ombros. – Eu sei que vai ser horrível porque as coisas ainda estão ruins e pesadas. Eu não sou cega, ainda vejo o monte de merda que falam sobre mim. Mas o tempo que eu passei longe de foi muito ruim. E quando nos acertamos e ele me contou como se sentiu, foi pior ainda. Me fez rever as minhas prioridades. Me fez perceber que eu estava nos machucando por causa de pessoas que não mudavam nada na minha vida. Eu não me acostumei com os comentários ruins ou sequer me sinto confortável, eu só... não dou atenção. É chato e terrível, mas essas pessoas não sabem nada sobre o que e eu temos. Eu o amo e quero estar com ele. Ele é feliz comigo e isso basta.
- “Estou orgulhosa.” – fingiu secar as lágrimas e ergueu o dedo do meio para a prima.
- Eu também. – foi sincera e recebeu um sorriso.
- Quero ser madrinha desse casamento. – Olivia comentou, causando risos.
- Em cinco anos. – Foi a resposta de , para o choque do trio. Acabou rindo dos olhos arregalados das amigas. – e eu... Conversamos bastante sobre o futuro.
- “Eu vou chutar a bunda do Henrique, porque nós estamos juntos desde os 16 anos e sempre que eu falo em casamento, ele surta.”
- Homem. – estalou os lábios.
- E o é o que? – arregalou os olhos para a amiga.
- Não sei, mas não é desse planeta. – A loira retrucou e elas riram.
- “Me conta mais sobre os planos! Quero ter material pra jogar na cara do Henrique para depois chutar a bunda dele.” – Abriu um sorriso diabólico.
- Não temos nada concreto. – A fotógrafa deu de ombros. – Apenas falamos em casamento. Daqui cinco anos. E quando ele voltar da turnê, vamos começar a discutir sobre dividir o mesmo apartamento.
- Vocês já fazem isso. – Olivia acusou.
- Não definitivamente. Apenas... cinco vezes na semana. – Riu.
- Se a gente começa a se ver tanto assim, vamos terminar em um mês. – murmurou para a namorada.
- Sim, você é muito chata. – Olivia retrucou e gargalhou com gosto.
- E depois diz que me ama. – A loira revirou os olhos quando Olivia a beijou no rosto.
- “Já contou para a tia Susana que você não vai voltar para cá?” – questionou.
- Eu dei indiretas. – Confessou. – Mas acho que ela já sabe, porque eu nunca comentei sobre voltar. Antes mesmo do . Eu em apaixonei por Toronto e tenho amigos e uma casa e um emprego, - Suspirou. – Eu tenho vocês aí no Brasil, mas a minha vida é aqui.
- “Eu sempre soube que você não ia voltar.” – sorriu. – “Mauricio e Henrique também. A tia Susana vai superar.”
- Claro que vai. Depois de me matar. – riu e a acompanhou. – Tá, vamos voltar para a mala. – Bateu palmas, pescando alguns biquínis na bagunça de roupas e os estendendo para as amigas darem uma olhada.
- Todos são fio dental? – sorriu largo. – vai adorar.
- É claro que ele vai. – Olivia concordou.
- “Se ele chorar de felicidade eu gravo para vocês.” – prometeu.
- Vocês são terríveis. – revirou os olhos, mas acabou rindo junto das amigas. Afinal, não havia como negar que realmente iria adorar os biquínis.

Capítulo 22

And every line, every word that I write
You are the muse in the back of my mind, oh

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Entrevistas em rádio sempre eram um pouco esquisitas quando parava para pensar que as pessoas iriam apenas ouvi-lo e deveriam interpretar suas frases com base em seu tom de voz. Ele não tinha certeza se era muito bom em expressar brincadeiras ou até mesmo sarcasmo – sempre dizia que ele era fofo o tempo todo e sua mãe endossava o argumento -, não que ele pensasse em ser sarcástico ou maldoso de qualquer forma, mas aquele era sempre um pensamento que tomava sua mente quando tinha alguma entrevista daquela para dar.
Aquele era o último dia de press tour e estava ansioso para voltar para casa, mesmo que ainda precisasse passar alguns dias em Los Angeles antes disso. In My Blood seria lançada em três dias e ele só iria para Toronto na semana seguinte. Iria gravar uma apresentação no Late Late Show com o James Corden no sábado e só poderia embarcar para Toronto no domingo. Depois de Madri fora para Roma e então finalmente Londres. E ao contrário da ultima visita recente que havia feito a cidade, passara o dia anterior inteiro dando entrevistas no hotel sem sair para aproveitar a cidade. Aquilo o fazia pensar que gostaria de dias mais espaçados entre um show e outro da turnê para que ele realmente conhecesse os lugares que iria visitar.
Como sempre dizia, do que adiantava carimbar o passaporte e não conhecer nada além das paredes dos hotéis?
Passou as mãos pelos cabelos e suspirou antes de assentir para o entrevistador começar a entrevista. Brandon introduziu o programa, falou um pouco sobre e lhe agradeceu pela presença.
- O prazer é todo meu em estar aqui, Brandon. É sempre incrível conversar com vocês da BBC Radio.
- Nossa última entrevista foi no meio do ano, não foi? Durante a sua passagem por Londres durante a turnê.
- Foi sim. Já fazem alguns meses e muita coisas aconteceu desde então. – Riu fraco.
- Temos muito o que conversar e felizmente temos tempo! – Brandon sorriu. – Vamos começar pelos posts secretos que você anda fazendo no Instagram...
riu.
- Na verdade, eles já não são mais tão secretos. Postei duas datas antes de entrar para essa entrevista.
- E você nem me deixa ter essa exclusiva? – Fingiu ofensa. – Isso é vacilo, ! – Eles riram.
- Vou dar uma exclusiva e afirmar que são datas de lançamento para os primeiros singles. – Comunicou. – Já estamos preparando o público e acreditamos que dois singles vão aumentar as expectativas das pessoas sobre esse álbum.
- Alguma pista sobre o nome dessas músicas?
- Minha boca é um tumulo a partir de agora. – riu.
- Certo, certo. – Brandon estalou os lábios. – Vamos falar sobre o álbum. Acabaram de me informar pelo ponto que as fotos para a capa foram feitas pela sua namorada. É verdade?
- Sim. – Assentiu. – ficou um pouco temerosa e me perguntou, várias vezes, se eu tinha certeza de que queria ela fotografando esse ensaio. Eu nunca tive dúvidas, porque ela faz um trabalho incrível e todo mundo que presta atenção nas fotos dela, consegue ver isso. Ela pode não ter anos de experiência, mas ela tem talento e muita dedicação. E fez um trabalho incrível no ensaio.
- Não foi estranho? Viver essa relação profissional quando vocês têm um relacionamento amoroso?
- De forma nenhuma. Tudo com a é muito fácil. E Josiah, meu fotógrafo de turnê, tem muito mais trabalho comigo do que a teve. Ela é pequena, mas o olhar dela é assassino. – Eles riram.
- Já que estamos falando da , - Brandon pronunciou com dificuldade e riu. – Ela serviu de inspiração para as músicas?
- Eu sei que falar sobre isso só vai gerar mais tumulto em cima de nós dois, - torceu os lábios. – Mas não falar sobre isso também é ruim. Então sim, foi minha maior musa inspiradora. Mais da metade das músicas eu escrevi sobre nós. Às vezes alguns parágrafos, outras vezes a canção inteira. Meus fãs sabem que eu escrevo sobre o que eu vivo, na maior parte do tempo, e com ela não seria diferente.
- Vocês dois estiveram separados por um tempo. – Brandon murmurou.
- Sim. Um tempo que pareceu mais longo do que realmente foi e não fez nenhum bem para nenhum de nós. – foi firme. – Nós arecemos e melhoramos como pessoas e como casal, mas eu gostaria que não tivéssemos precisado disso. Gostaria que nada de ruim tivesse acontecido, mas não podemos apagar o passado. E é por isso que eu falo sobre isso agora.
- Como você se sente sabendo que muita gente escreve coisas ruins para ela, só porque vocês namoram?
- Decepcionado. – falou. – A gentileza e a empatia são um dos maiores bem da humanidade e ver tanta gente sendo cruel, a troco de nada, é decepcionante. E apesar de isso pesar e machucar, não define quem nós somos. Define quem escreve essas coisas.
- Eu sou fã de vocês, preciso confessar. – Brandon riu e agradeceu. – Tem alguma informação que você possa falar sobre a turnê?
- Não! – riu. – Não ainda. Mas vai ser grande, isso eu garanto.
- você não me dá uma brecha! – Brandon reclamou. – Agora vamos fazer um jogo, tudo bem?
- Vamos lá!
- Vou ler um pedaço de alguma letra sua e você precisa me dizer de qual música é.
- Qual é Brandon, não me deixa mal cara! – Eles riram.
Por mais 10 minutos, participou do jogo e comentou um pouco mais sobre o lançamento dos singles. Deixaram o prédio da BBC Radio em direção a mais uma entrevista e entrou em suas redes sociais apenas para ver como estavam os ânimos dos fãs e da mídia. Ainda tinha muita gente atacando e ele torceu os lábios em desagrado. Mas sentia-se satisfeito com suas declarações e se as pessoas não conseguiam respeitar e aceitar seu relacionamento, ele não podia fazer nada. Abriu a conversa com e sorriu ao ler as palavras da namorada.

Dengo
Estamos na Times Square! 01:24 pm
Por que você não me disse que a foto do ensaio ia para a Times Square? 01:24 pm
Dengo, uma das fotos vai ser capa do álbum 02:15 pm
Vai circular o mundo todo 02:15 pm
Você fez um trabalho incrível e eu te amo 02:15 pm

Dengo
Eu te amo mais ainda 02:15 pm
E meu coração fraco vai parar 02:15 pm

O cantor riu com gosto, trocando mensagens com a namorada em todos os intervalos que tivera entre um compromisso e outro. Mal via a hora de voltar para casa e estar com ela.

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Suspirou ansiosa, tamborilando os dedos contra o notebook e recebendo um olhar atravessado de . Era a quarta vez que ela fazia aquele barulho irritante, mas quem poderia culpa-la por estar nervosa? iria lançar o primeiro single do álbum em alguns minutos e ela estava surtando.
Tudo bem, ele era seu namorado. Mas muito antes de ser a namorada dele, era fã do canadense. E nada no mundo poderia diminuir o entusiasmo que ela sentia ou o orgulho que transbordava de seu peito.
e Olivia estavam com ela, para garantir que não teria um surto psicótico e morreria do coração. Havia conversado com – que estava em Los Angeles há três dias – pela tarde e eles haviam combinado de conversar quando a música saísse. Ela queria ser uma das primeiras pessoas a lhe parabenizar e mesmo que a música não fosse inédita para ela há muito tempo, sabia que a sensação de ouvir In My Blood pela primeira vez no Spotify seria devastadora.
- Vamos pedir comida? – Olivia indagou.
- Vocês decidem. – não deu atenção, já que estava compenetrada em surtar no Twitter. Era uma de suas redes sociais favoritas e mesmo que recebesse muitas mensagens terríveis por lá – o fluxo havia aumentado depois da entrevista de para a BBC Radio e as fotos do ensaio para a capa do álbum que havia postado -, ela não deixava de surtar por seus ídolos. Com não seria diferente e quando recebeu a notificação de que ele havia postado no Instagram avisando que a música estava disponível, gritou e correu para o Spotify, ao mesmo tempo em que virada o celular em sua direção e começava a gravar a reação de – a pedido de .
Seu coração batia acelerado a na metade da música, ela já estava chorando. Não era tristeza por saber que sentia-se tão sufocado por causa da ansiedade, já que ele estava melhorando todos os dias e já não tinha dias tão ruins quanto outrora. Mas sentia orgulho da coragem dele em se expor daquela forma. Sentia as palavras dele em seu coração, como sempre havia acontecido e por isso ela o amava tanto como artista. Quando a música terminou, seu rosto estava molhado pelas lágrimas e seu coração batia com força no peito. Buscou o celular no mesmo instante em que uma chamada de apareceu no visor e ela suspirou antes de atender.
- Eu estou chorando tanto, . – Foi a primeira coisa que disse. – E eu estou morrendo de orgulho de você. Você é um artista incrível e vai continuar conquistando o mundo porque você merece e se esforça muito para ter o sucesso que tem. Eu te amo demais, tanto que nem cabe no peito.
- “Eu queria muito estar aí para vivermos esse momento juntos, dengo.” – suspirou. – “Amanha, principalmente. Quando Lost In Japan sair.”
- Eu ligo para você pelo Skype e você vai me ver chorar e gritar. – Eles riram baixinho e ficaram em silencio por alguns minutos.
- “Meu coração está acelerado.” – Confessou. – “Não sei como as pessoas vão reagir a essa música. Eu nunca escrevi sobre a minha ansiedade, não dessa forma tão direta.”
se recostou no sofá, deixando o notebook no assento do sofá ao seu lado e fechando os olhos quando deitou a cabeça no encosto do móvel.
- Estou falando como fã e não como namorada, tudo bem? – Indagou e só continuou a falar depois que ele concordou com um resmungo. – Essa música é incrível. Ninguém esperava que você fosse tão honesto sobre isso, não no primeiro single. Mas você sempre foi honesto com o que escrevia e infelizmente, a ansiedade faz parte da sua vida. E muitas pessoas sofrem com isso e elas vão encontrar força nessa canção. Vão encontrar força e inspiração em você. Você não está sendo um mau exemplo. Não estava incentivando o uso de drogas ou menosprezando mulheres em uma canção. Você está falando sobre um problema sério, com responsabilidade. Está passando o recado de que pedir ajuda não é uma vergonha e que as pessoas tem que se cuidarem. Eu tenho orgulho de você, não apenas pelo trabalho incrível, mas pela honestidade que você colocou nessa canção. Tenho orgulho porque você não vai deixar isso te sufocar e vai pedir ajuda se precisar. Isso não é uma fraqueza, trevo.
- “Eu te amo.” – respondeu com a voz embargada. – “Te amo mais a cada segundo. Muito obrigado, dengo. Eu não sei se ia conseguir dormir hoje porque tudo isso estava na minha cabeça me enlouquecendo.”
- Posso cantar para você, com a minha voz de taquara rachada. – brincou e só sorriu quando ouviu a risada dele.
- “Quando eu for dormir, já vai ser madrugada aí em Toronto.”
- Odeio fuso horário. – Chiou.
- “Vou sair para comemorar com a equipe. Eu ligo para você amanhã de manhã.”
- Tudo bem. Eu amo você e estou morrendo de orgulho. Agora vou surtar no Twitter e chorar mais um pouco enquanto deixo a música no replay. – Eles riram e após murmurar que a amava, desligou a chamada e sorriu.
atirou uma almofada em seu rosto e após uma pequena discussão sobre o jantar, voltou ao Twitter para surtar devidamente. E mesmo tendo lido muita merda, já que as pessoas pareciam bem interessadas em lhe xingar por ser fã de , ela terminou o dia sendo uma fã e uma namorada muito feliz. Sorte a dela que o responsável pelas duas felicidades era a mesma pessoa.

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Soltou um suspiro aliviado quando apertou o cachecol em torno do pescoço por causa do frio. Estava escorado no carro, em frente ao prédio onde trabalhava, esperando pela garota ao final do expediente dela. Havia cumprido todos os compromissos profissionais em Los Angeles e desta forma, havia embarcado para Toronto na manhã daquela segunda-feira. Tinha que arrumar as malas para a viagem ao Brasil e ele sabia que teria problemas em não levar cinco pares de botas, mas só faria esse trabalho no dia seguinte. Naquele dia, queria e o surto dela sobre o lançamento dos singles.
In My Blood e Lost In Japan haviam alcançado a primeira e segunda posição das músicas mais tocadas em diversos países e não poderia estar mais satisfeito com o trabalho que haviam feito naquele álbum. A recepção da mídia havia sido positiva e os comentários sobre Lost In Japan ser sobre ficaram sufocados na enxurrada de elogios que a canção estava recebendo. Era divertida, tinha uma melodia contagiante e a letra era ótima. já tinha diversas ideias para o videoclipe e mesmo sabendo que jamais aceitaria protagonizar o vídeo com ele, não iria desistir de ao menos tentar convencê-la uma ou duas vezes.
Se sentia feliz e satisfeito com o rumo que sua carreira estava tomando e esperava que os próximos lançamento fossem tão ou mais bem-sucedidos do que aqueles dois primeiros. No mundo todo, as pessoas só falavam sobre ele sobre sua música. E aquilo era tudo o que esperava como artista, já que viver nos holofotes por causa de sua vida pessoal nunca havia sido algo que ele gostara. Apesar de estar ansioso para o lançamento do álbum, ele sabia que não adiantava surtar por causa daquilo, já que tinham dois meses inteiros para esperar pelo lançamento.
Abriu um sorriso largo quando viu correr até ele com um sorriso tão grande quanto o seu. O peito de transbordou de amor e ele uniu seus lábios com entusiasmo e saudade.
- Senti tanto a sua falta! – Ela suspirou dentro do abraço dele.
- Eu também, você sabe. – sorriu e abraçou a namorada pelos ombros. – Pensei que poderíamos tomar um café antes de ir para casa.
- Você descobre os meus desejos mais íntimos e é por isso que eu te amo. – se inclinou para beijar na bochecha e eles seguiram caminho pelas ruas movimentadas de Toronto. A maioria das pessoas estava saindo do trabalho e indo se esconder do frio em suas casas.
- Ou então os nossos desejos são parecidos. – Piscou para ela.
- É possível. – concordou.
- Como foi no trabalho?
- Intenso. – Suspirou. – O pessoal está muito emotivo porque eu vou embora.
- E você, como está?
- Ansiosa para ver a minha família. Eu sei que faz pouco tempo que eu os vi, mas ainda assim, sinto falta.
- Totalmente compreensível.
- Mas eu também estou triste porque eu adoro meus colegas. Não sei como vai ser daqui para frente. Me acostumei muito com eles e vou sentir falta.
franziu o cenho em confusão.
- Mas você ainda não tinha decidido, . – Murmurou. Ela o encarou surpresa.
- Catherine não ligou para você?
- Não. – arqueou as sobrancelhas.
- Eu achei que ela fosse fazer isso. Sabe, incomodar você porque eu vou viajar com ela o durante o resto do ano. – Piscou lentamente e então se deu conta.
- Você aceitou? – Quase engasgou.
- Eu espero que você ainda me queira fotografando a turnê. – Mordeu o lábio inferior. – Porque volto para casa assim que a turnê da Cath terminar e vou estar desempregada outra vez.
gargalhou, puxando para seus braços e tirando a garota do chão, em um abraço tão apertado que quase tirou o ar dela. Ela riu junto com ele, deixando um sorriso largo nos lábios quando a colocou no chão e segurou seu rosto com as duas mãos. Os olhos dele brilhavam em pura alegria e animação e ele não conseguia colocar em palavras o quanto estava aliviado com aquela notícia.
- Essa sem duvidas foi a melhor notícia que eu poderia receber.
- Estou surpresa pela Catherine não ter ligado para jogar na minha cara que eu vou passar os próximos meses longe. – riu.
- Talvez eu faça um mochilão pela América do Norte. – deu de ombros. – Sabe, visitar algumas cidades. Algumas cidades onde talvez você esteja.
- Ela vai matar você.
- Mas matar alguém é contra a lei. – Sorriu e gargalhou. Ele a beijou nos lábios levemente e suspirou aliviado.
- Eu decidi isso mais pela experiência. Ia morrer de saudade de você, se eu não fosse, mas íamos sobreviver. – Explicou. – Eu pesei os prós e os contras e acabei me dando conta de que a vivência vai ser incrível e que eu não iria encontrar nada parecido com isso em nenhum outro lugar. Então aceitei. Liguei para Catherine ontem e ela passou meia hora surtando. – Eles riram.
– Obrigado. – Acariciou o rosto dela com o polegar.
- Isso quer dizer que a sua proposta ainda está de pé? – Arqueou as sobrancelhas.
- Dengo, ela estaria de pé mesmo se você terminasse comigo. Você é uma fotógrafa incrível e eu sempre disse isso para você. Eu quero você na turnê comigo porque sei que você vai fazer um trabalho maravilhoso. Mas não morrer de saudade é um bônus muito bom, preciso admitir.
- Amo você. – suspirou.
- Eu também amo você. – Mais um beijo rápido e eles voltaram a andar em direção a cafeteria mais próxima. Os corações batiam com força no peito, ambos felizes demais para conseguir colocar em palavras. Mas estava em seus olhos e escrito em suas testas. Como o amor entre eles.

Capítulo 23

And every single night my arms are not around you
My mind's still wrapped around you

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Gargalhou alto quando resmungou mais uma vez. Ele estava inconformado porque se recusava a ajudá-lo a terminar a mala, sendo que eles deveriam embarcar para o Brasil em algumas horas e ele nem havia decidido quantas camisetas levar. estava irredutível porque ele tivera dias para fazer a mala e havia deixado para última hora, então ela apenas estava aproveitando e se divertindo com os resmungos dele, comendo chocolate e jogada na cama completamente confortável. estava no chão, de joelhos, jogando roupas na mala de qualquer jeito e atirando as peças que ele não iria levar para dentro do closet.
- Você costumava ser uma namorada melhor. – Ele chiou em clara provocação e apenas riu.
- Não vai me convencer jogando sujo, . Já conheço os seus truques. – O encarou com diversão e lhe estirou a língua.
- Você podia guardar as roupas no closet. Vai ficar uma bagunça horrível ali dentro, dengo. – Choramingou e riu outra vez. Ele era tão dramático, mas ela o amava tanto. Suspirou e enfiou mais um tijolinho de chocolate na boca antes de levantar e se aproximar no namorado para beijá-lo no rosto.
- Tudo bem. – Cedeu. – Mas só porque eu sou uma namorada muito legal e incrível e você vai me amar para sempre.
- Sem dúvidas. – a beijou nos lábios com um sorriso largo e voltou a atenção para a bendita mala.
se enfiou no closet e acabou se entretendo ao guardar as roupas de . Ele era bem organizado e ela já sabia o lugar de algumas coisas, já que estava acostumada a pegar as camisetas dele e não devolver nunca mais.
- Aaliyah estava reclamando porque não vamos levá-la. – comentou.
- Eu sei. – riu, guardando mais algumas camisetas e revirando os olhos para a quantidade de jeans preto que tinha. As peças desbotavam rápido e ele acabava comprando novas ao invés de tingir. Quando voltassem do Brasil, o obrigaria a fazer uma limpeza no closet e doar as peças que já não usava mais. – Ela me ligou ontem para falar sobre isso e eu lembrei que ela tem aula.
- Tenho certeza que o seu irmão não é sem noção como a Aaliyah.
gargalhou.
- Você está tão errado, . Ele com certeza vai ser ótimo contigo só para me provocar, porque ele é um idiota.
- Duvido muito. – teimou e revirou os olhos.
Havia terminado com as camisetas e as calças e haviam apenas alguns bonés no chão e ela olhou em envolta, tentando descobrir onde guardava os chapéus. Bufou quando encontrou uma prateleira bem alta. Era obvio que ele iria guardar os bonés em uma prateleira que só ele, com seus quase dois metros de altura, poderia alcançar. e seus 30 centímetros a menos precisaram escalar algumas prateleiras mais baixas para conseguir jogar os bonés na parte superior da prateleira. Na sua cabeça, o plano era perfeito e de forma nenhuma ela contava com a ideia de acabar derrubando outras coisas que estavam na prateleira. Alguns bonés e um chapéu esquisito caíram sobre ela, bem como um caderno que ela nunca havia visto na vida.
Franziu o cenho em confusão e se ajoelhou no chão. Empilhou os bonés e deixou as peças de lado junto com o chapéu. O caderno não era grande e parecia ser de partituras e estava quase levantando e indo perguntar a porque ele havia guardado aquele caderno em uma prateleira onde ela nunca mexeria quando um rabisco na contracapa chamou sua atenção. havia rabiscado uma data e o coração de acelerou quando se deu conta de que, fosse o que ele tivesse escrito naquele caderno, era de janeiro. Quando estavam separados.
- Dengo? – O cantor chamou e quando pensou em guardar o caderno, já estava na porta do closet, com os olhos no caderno que ela segurava.
- Caiu quando eu tentei jogar os bonés na prateleira. – Explicou e assentiu. Ele passou a mão pelos cabelos e se sentou ao lado de , puxando-a para que sentasse entre suas pernas. tinha o olhar focado no rosto de e podia sentir a tensão em cada pedacinho dele.
- Esse foi o meu diário. – Murmurou. – Eu não conseguia falar com ninguém sobre o que tinha acontecido, mas não deixava de pensar sobre isso. Me sentia sozinho, sabe? Porque eu tinha perdido muita coisa. Não só você, mas toda a confiança que eu tinha nos meus fãs. Eram eles que tornavam as coisas menos ruins quando eu me sentia mal e muitos deles foram os culpados por te afastar de mim. Eu tinha muita coisa na cabeça, não conseguia dormir direito... Eu não conseguia escrever sobre isso.
- ... Você não precisa...
- Eu sei. – Sorriu e a beijou na testa. – Mas já passou. A gente pode falar sobre isso.
- Tem certeza?
- Sim.
- Tudo bem. – assentiu. – Então você escreveu aqui?
- Escrevi para você, como se estivéssemos conversando. Porque eu sabia que você era a única que me entendia e era a única pessoa com quem eu iria me sentir confortável para me expor assim. Você já tinha visto do meu coração e eu nunca consegui esconder nada de você, . Era um alivio momentâneo e eu só consegui realmente melhorar quando percebi que precisava tomar as rédeas da minha vida. Tudo tinha acontecido porque eu fui relapso e deixei outras pessoas decidirem por mim. Andrew decidia quando eu ia me posicionar, meus fãs decidiam com quem eu namorava, você decidia se manter longe e apesar de entender os seus motivos, aquilo nunca foi uma decisão minha. Eu nunca teria coragem para te manter longe e me sentia desolado por estar sofrendo com as decisões de outras pessoas.
- Desculpa. – choramingou e sorriu, a beijando nos lábios com carinho.
- Não era culpa sua. Você tomou uma decisão por si mesma, porque era o melhor para você. Eu só fui deixando as coisas acontecerem, nunca tomando partido ou decidindo algo sozinho.
- Eu posso ler? – indagou, erguendo o caderno para .
- Só faria mal a nós dois. Você ia ficar triste e eu ficaria triste porque te deixar triste. – acariciou o rosto da namorada. – Não são palavras fáceis, meu amor. Tudo que está aí é doloroso e corrosivo e a gente não precisa reviver isso.
- Você tem razão. – assentiu. – Foi só curiosidade.
- Eu sei. – Ele riu. – Talvez um dia a gente leia isso, mas no momento, eu tenho uma mala para terminar e temos que estar no aeroporto em três horas.
- Tudo sua culpa, por ter deixado tudo para última hora. – Estirou a língua para o cantor.
- Seja mais agradecida, pois passei os últimos dias consolando você por causa da despedida que os seus colegas tramaram para você na empresa. – bufou e riu, deixando o caderno no chão e se acomodando no colo de para lhe beijar.
- Eu sei, amo você por isso. – Sorriu e acariciou sua cintura, um sorriso largo nos lábios.
- Talvez a gente possa ignorar a mala por um tempinho. – Seus olhos brilhavam com malícia. – Nunca inauguramos o closet e eu não vou conseguir nem te tocar direito, sabendo que a sua mãe vai estar no quarto do lado nos próximos sete dias.
gargalhou e estava pronta para soltar um comentário brincalhão quando tomou seus lábios e eles acabaram enrolados no chão do closet. Ela só esperava que eles não perdessem o voo, mas não conseguia se concentrar naquilo quando a beijava daquele jeito.
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Mesmo sendo inicio de madrugada, o aeroporto estava cheio quando eles desembarcaram e o cantor enfiou o boné na cabeça. riu, indicando que não fazia diferença nenhuma, mas sentia-se mais seguro usando a peça, principalmente quando seu cabelo estava enorme e chamava muito a atenção.
O aeroporto Hercílio Luz era muito menor do que o Pearson e não foi difícil achar a área de desembarque. Eles haviam despachado duas malas e de cabeça baixa e com em seu abraço, esperou pacientemente até que sua bagagem fosse retirada do avião. Seguiram para o desembarque de mãos dadas e já estava suando por causa do calor. Assim que pisaram no saguão do aeroporto, um grito animado chamou a atenção de todo mundo e acabou rindo quando também gritou e o abandonou para correr até a prima. Elas se chocaram com força e tinha certeza que haviam deslocado alguma parte do corpo. De alguma forma, conseguiu arrastar toda a bagagem para perto das duas garotas e logo o estava puxando para um abraço apertado.
- Oi . – sorriu.
- Você não está morrendo de calor? – Ela indagou quando se afastou, lançando um olhar assustado para o moletom que ele usava.
- Estou assando. – O cantor resmungou e a garota riu. Cumprimentou Henrique com animação e procurou , sorrindo largo quando encontrou a namorada abraçada no irmão, chorando e resmungando palavras em português que ele não entendia.
- Só vocês dois para me fazerem sair de casa de madrugada. – reprovou.
- Ela nem dormiu, de tão ansiosa que estava. – Henrique entregou e recebeu um soco da namorada, enquanto ria. – Como foi o voo?
- Cansativo. Quisemos evitar qualquer espera de conexão, então compramos passagem para Nova Iorque e de Nova Iorque compramos para São Paulo. Esperamos só duas horas, ao invés das oito que teríamos esperado na conexão.
- Gente rica é outra coisa. – resmungou e riu outra vez.
se aproximou com Maurício, os dois com os olhos vermelhos pelo choro, e o cantor lançou um olhar animado para o cunhado.
- , esse é o idiota do meu irmão. Maurício, esse é o idiota do meu namorado. – Apresentou, arrancando uma gargalhada de enquanto os dois se cumprimentavam.
- Tenho certeza de que vamos ser bons amigos. – Maurício murmurou e revirou os olhos.
- Claro que sim. – Bufou. Ela e voltaram se abraçar enquanto o grupo seguia para fora do aeroporto e foi um pouco trabalhoso colocar todas as malas no carro. foi entre e , com a cabeça deitada no peito do namorado enquanto conversava com a prima sobre as novidades. Não que elas tivessem muito o que falar, já que conversavam pelo telefone todos os dias, mas não iria se meter. Estava ocupado admirando a paisagem e fazia comentários esporádicos com Henrique e Maurício, que tinham a bondade de conversar em inglês com ele.
- Então a sua mãe deu aulas para todos vocês? – indagou para Maurício.
- Sim. – Ele assentiu. – Ela nos fazia conversar em inglês em casa para melhorar a conversação.
- Acho que ela pressentia que ia arrumar um genro que não fala português. – Henrique riu.
- Eu até falo alguma coisa. – comentou. – Tive algumas aulas com ela, durante a turnê, mas não sou muito bom.
- Português é difícil. Nós tivemos uma vida para aprender inglês e você está sendo forçado ao português por alguns meses. Vai demorar um pouco mais para estar fluente. – Maurício murmurou.
- É realmente uma língua difícil. Principalmente porque a solta palavras aleatórias e não explica. – falou e recebeu um cutucão na cintura. Sorriu para a namorada com as sobrancelhas arqueadas. – Achei que estivesse conversando com a .
- E estou. Mas não vou deixar você me difamar para a minha própria família. – Estirou a língua para o namorado e riu, brincando com uma mecha de cabelo dela em seguida.
- Você e Aaliyah adoram falar mal de mim. Posso ter a minha vingança agora.
- De jeito nenhum! – chiou e ele riu.
Conversaram durante todo o caminho de Florianópolis até Brusque e admirava a paisagem encantado. O Canadá era bem diferente e ele precisava aproveitar quando tinha a chance de conhecer lugares tão incríveis. Tivera razão quando brincou que ele e Maurício iriam se dar bem e junto com Henrique, eles falaram sobre esportes – algo que os três gostavam -, aprendeu mais sobre futebol – não o que ele estava acostumado no Canadá – e ensinou o básico sobre hóquei para os brasileiros.
Quando chegaram a Brusque, o Sol já havia nascido completamente e saiu correndo do carro – depois de empurrar para fora – e entrou na casa como um furacão. estava observando a vizinhando da namorada, realmente impressionado com a diferença entre a cidade de e Pickering. As casas não seguiam o mesmo modelo, de forma que haviam residências completamente diferentes uma do lado da outra. Todas tinham portões e cercas, algumas tinham mais de um andar e os jardins eram uma confusão de flores e plantas completamente diferentes.
Um grito soou dentro da casa e acabou rindo enquanto retirava as malas do carro.
- Ela abandonou você completamente. – Maurício riu.
- Ela estava sentindo muita falta de vocês. – Explicou. – Eu vejo meus pais toda a semana e quando estou em turnê, vejo eles uma vez por mês, pelo menos. Foram três meses desde a última vez em que ela esteve aqui, então acho todas as reações dela completamente compreensíveis.
- Droga. – Maurício resmungou. – Você é mesmo um cara legal. – Eles riram e o cunhado guiou para dentro da casa.
Deixaram as malas na sala e abriu um sorriso imenso quando encontrou e Susana abraçadas no meio da sala. estava chorando e Susana consolava a filha, chorando junto com ela. não entendia nada do que elas murmuravam, mas sorriu largo quando Susana o chamou para o abraço. Acabou enfiado entre as duas, recebendo um beijo na bochecha dado por e então se virando para a sogra.
- Você é tão alto quando eu esperava. – Susana murmurou rindo. – Fico feliz que esteja aqui, querido. Deveríamos ter nos encontrado nas festividades de ano novo, mas tenho certeza que tudo aconteceu do jeito que deveria.
- É um prazer imenso finalmente conhecer você, Susana. – sorriu e a mulher o acompanhou, segurando o rosto dele com firmeza e o analisando com o cuidado que apenas uma mãe faria.
- O seu cabelo está enorme! – Chiou e gargalhou.
- Minha mãe também corta cabelo. – Avisou.
- Vamos dar um jeito nisso mais tarde. – Susana decidiu e o cantor riu. – Agora subam para descansar, tenho certeza que estão exaustos. E todo mundo quer dormir um pouquinho mais.
- Eu amo você, tia! – murmurou e sumiu nas escadas junto de Henrique e Maurício.
entrelaçou os dedos nos de e ele sorriu para ela.
- Bem-vindo a minha primeira casa. – Murmurou e ele a beijou no topo da cabeça.
Seguiram para o segundo andar com as malas e após Susana avisar que voltaria em algumas horas para chama-los para o café da manhã, se jogou na cama de casal e indicou o lugar vazio ao seu lado. Ele deitou e puxou a namorada para seus braços, enquanto analisava o quarto – vazio de qualquer pertence importante – e decidia que era a cara de .
- Quero ver o seu estúdio depois. – Murmurou.
- Vou te ensinar a revelar fotos do jeito mais legal. – prometeu e beijou nos lábios com cuidado. – Estou feliz que esteja aqui.
- Estou muito feliz por estar aqui com você, dengo. – Ela se aninhou em seu abraço e fechou os olhos. Estava exausto, mas seu peito transbordava amor e felicidade.
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Havia mostrado todo o bairro para ao final do dia. Eles haviam dormido um pouco e após um café da manhã reforçado, arrastou para passeios e mais passeios. Mostrou a escola onde havia estudado, as praças onde se encontrava com os amigos, os estúdios de fotografia onde havia trabalhado e os restaurantes dos quais ela gostava. Contou mais sobre as loucuras que inventava e sobre as várias vezes em que pensou que seria presa por causa dos planos da prima. Mostrou a a lanchonete onde havia tido seu primeiro encontro e a mureta que a havia escondido quando deu o primeiro beijo.
Voltaram para casa ao anoitecer, já que o jantar em família no sábado a noite era uma tradição que só estava perdoada por perder porque estava morando no Canadá. Haviam conhecido a namorada de Maurício, Pietra, que ainda parecia encarar com surpresa, mas que havia despertado em o melhor sentimento de amizade que poderia ter por uma cunhada. A garota era simpática e realmente bonita demais para seu irmão. havia confessado se sentir culpado por obrigar a família de a conversar em inglês para que ele entendesse e ela contou que muitos dos jantares de sua adolescência era exatamente como aquele, já que Susana gostava de praticar conversação.
- Ela está fazendo curso de francês. – Maurício comentou. – Eu fui intimado a ter aulas todas as quartas-feiras. – Torceu os lábios e riu.
- Poxa mãe, eu sempre quis aprender francês! – reclamou.
- Vamos marcar as nossas aulas, . Não se preocupe. – Sorriu para a filha e então desviou o olhar para . – E nós ainda temos aulas pendentes.
- Com certeza. – concordou.
- Ainda fico chocada com o fato de você ter procurado aulas de português em segredo. – comentou.
- Você sabe como a sua prima adora falar em português e me deixar sem entender nada. – Deu de ombros. – Precisei me virar.
- Você é terrível. – Maurício riu e fez um high five com a irmã. – Mas ainda somos amigos, cara. – Ergueu o polegar para e o cantor riu.
- tentou me assustar uma vez dizendo que você ia me odiar.
A fotógrafa revirou os olhos.
- Maurício não presta nem para isso.
- É o comitê dos irmãos mais velhos cuzões. – declarou. – Leonardo, não entre para o grupo deles. Sua irmã mais nova é ótima e não merece esse desgosto.
- Vou me manter neutro. – Ele declarou.
- Antes de tirar a mesa para as sobremesas, temos um assunto importante para discutir. – Susana falou e todos desviaram a atenção para ela. procurou a mão de embaixo da mesa e entrelaçou seus dedos aos dele, buscando segurança e conforto. Ele se inclinou e a beijou no topo da cabeça, recebendo um sorriso fraco dela.
- Vamos lá. – Ela disse por fim.
- Eu sei que você não vai voltar, . – Susana comentou e tinha um sorriso triste nos lábios. – E não apenas por causa do , porque eu já sabia disso no momento em que você disse que ia embora.
- Todos nós sabíamos e por isso foi tão difícil te dizer tchau. – Leonardo comentou e sorriu para o padrasto.
- E você não está tipo, querendo me matar? – A garota questionou e Susana riu.
- Te matar por estar vivendo algo que te faz feliz? Querida, de forma nenhuma. Eu sempre soube que meus filhos, um dia, voariam para longe. E fico muito feliz por vocês me ligarem todos os dias e por conseguir ver Maurício duas vezes na semana.
- Você se mudou e não me disse? – se virou para o irmão, dando um tapa certeiro na testa dele. abafou a risada, mas caiu na gargalhada.
- Eu te disse que ela ia te bater por não contar. – Comentou e Maurício estirou o dedo para a prima.
- Não é importante. – Retrucou. – É um apartamento pequeno, há duas quadras de distância e eu janto aqui duas vezes na semana, então é como estar de férias.
- Fora a parte do aluguel. – Pietra riu.
- Você é o pior irmão do mundo. – decidiu.
- E porque você não contou que abandonou o emprego? – O rapaz retrucou, recebendo outro tapa da irmã e abrindo um sorriso contente quando Susana exclamou surpresa.
- Você abandonou o trabalho? Por quê?
suspirou e apertou os dedos contra os dela mais uma vez.
- Eu vou trabalhar com a Catherine pelo resto do ano. Ela está em turnê e me ofereceu uma vaga. O salário é muito bom.
- E depois? – Leonardo indagou com preocupação.
- Ah, depois... – Ela mordeu o lábio inferior. – Eu meio que vou viajar com o .
- O quê? – Susana arregalou os olhos.
- Eu vou estar em turnê durante todo o próximo ano e eu quero muito a na minha equipe. Não porque a gente namora, mas ela é uma fotógrafa incrível. A turnê vai ser imensa e eu preciso de mais gente. – O cantor explicou.
- Isso é... – Susana não encontrou as palavras.
- Incrível! – gritou. – Você vai viajar o mundo todo! – Se virou para com animação.
- Pois é. – Ela riu. – Demorei um tempo para me decidir, por causa do nosso relacionamento e tal... Mas é uma oportunidade ótima e vou poder juntar um bom dinheiro e talvez até abrir minha própria empresa em alguns anos. E posso trabalhar com mais artistas, caso eu faça um bom trabalho.
- Não existem dúvidas de que você vai fazer. – Leonardo sorriu.
- Meus filhos ainda vão me matar. – Susana decidiu. – Preciso de sobremesa.
Leonardo riu e junto de e Maurício, levaram a louça suja para a sozinha. sorriu quando encontrou o olhar da mãe em seu rosto.
- Tem certeza, ?
- Toda a certeza do mundo, mãe. – Garantiu.
- Ansiosa para os convites de casamento. – estalou os lábios e arrancou risadas de todas. , com o coração quentinho, concordava com a prima e estava ansiosa para mandar tais convites em alguns anos.

Capítulo 24

I know that you're the feeling I'm missing
You know that I hate to admit it
But everything means nothing if I can't have you

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Já tinha conhecido pais de garotas antes. Já tinha namorado, então era obvio que já tinha experiencia com aquilo. Mas naquele dia em especial, sentia como se fosse o cara mais despreparado do mundo todo. Porque tudo com era diferente, desde o primeiro momento em que tinham se conhecido.
não falava muito sobre o pai, porque eles não tinham uma convivência e uma proximidade tão intensa. O mundo dela era Susana e apesar de ter estado nervoso antes de conhecer a mulher, havia sido muito mais fácil e tranquilo porque eles já haviam conversado antes. Susana gostava dele, então não tinha porque ter medo. Mas o pai de ? não fazia ideia do que esperar, principalmente porque Carlos não falava inglês e o português dele se resumia em meia dúzia de frases enroladas.
Tamborilou os dedos contra a mesa de madeira, suspirando quando sentiu a mão de em seu ombro, em um carinho terno e atencioso.
- Tá tudo bem? – Ela indagou com cuidado e ele virou o rosto para encará-la.
- Estou nervoso. – Confessou e ela acabou rindo.
Estavam em um restaurante em Brusque – o favorito do pai de – e já tinha tirado fotos e autografado alguns guardanapos quando eles finalmente conseguiram ser guiados até a mesa onde a reserva estava feita. havia explicado que em Brusque as coisas seriam mais tranquilas para eles, mas quando fossem a Florianópolis – porque haviam decidido passar o sábado na praia – eles teriam que tomar um cuidado extra porque as pessoas iram reconhecer e as coisas poderiam sair do controle, principalmente porque eles não haviam viajado com Jake.
- Não tem motivos. – Falou. – Meu pai não é nenhum monstro e tal.
- Eu não falo português e ele não fala inglês. Esse é um problema enorme, . – Suspirou.
- Meu pai também não é muito de conversar. – Deu de ombros.
- Você fala muito pouco dele. – Comentou e ela lhe lançou um olhar cabisbaixo.
- Nós nunca tivemos muito contato. Ele e minha mãe já estavam separados quando eu nasci e durante a minha vida, eu o via de quinze em quinze dias ou as vezes apenas uma vez no mês. Ele nunca foi de ligar e marcar visitas espontâneas. Ele se preocupa, mas do jeito dele.
- É estranho pensar nisso, porque eu sempre tive o meu pai por perto.
- Minha mãe sempre cumpriu o papel duplo e eu sempre tive o Leonardo por perto. Eles estão juntos desde que eu tinha três anos, então ele é da família. – Deu de ombros. – Mas sério, meu pai é gente boa.
- Tudo bem, só preciso me acalmar. – suspirou.
- Dois segundos, porque ele chegou. – murmurou e riu do desespero imediato do namorado. Beijou a bochecha dele com carinho e se levantou para abraçar o homem que se aproximava da mesa deles. passou as mãos suadas no jeans e também levantou, plantando um sorriso nervoso nos lábios enquanto conversava com Carlos em português.
- Pai, esse é o . – Ela apresentou quando eles se separaram e Carlos encarou o cantor sem expressão. – , esse é o meu pai.
estendeu a mão para cumprimentar Carlos, recebendo um aperto forte em retorno e um acenar de cabeça. Engoliu em seco.
- É um prazer conhece-lo. – Murmurou em um português enrolado e Carlos arqueou as sobrancelhas.
- Achei que ele não falasse português. – O homem murmurou.
- Ele não fala. respondeu. – Sabe só o básico.
não estava entendendo nada, de forma que só faltou suspirar aliviado quando eles voltaram a se sentar e o garçom veio anotar os pedidos. leu o cardápio para , mas ele deixou que ela escolhesse o prato dele. Carlos realmente falava pouco e percebeu que ele nem havia lido o cardápio antes de fazer o pedido, constatando que aquele era mesmo o restaurante favorito dele.
e ele conversavam brevemente e uma ou outra palavra conseguia entender. Trabalho, o nome da esposa de Carlos, a vida de no Canadá... Não estava completamente perdido, mas também não poderia dizer que era confortável não ser incluído na conversa. Em determinado momento, torceu os lábios para algum comentário de Carlos e sacudiu a cabeça em negação. franziu o cenho, entrelaçando seus dedos e tentando descobrir sobre o que eles estavam falando.
- O que foi?
- Meu pai está sendo bobo. – Ela revirou os olhos. – Ele pediu para que eu te perguntasse quais as suas intenções comigo.
sorriu e se virou para Carlos. Aquela frase ele tinha ensaiado, mesmo que não tivesse certeza se a pronuncia estaria correta.
- As melhores. – Falou. – Eu amo a e quero me casar com ela. Em cinco anos. – Franziu o cenho, sem realmente saber se estava fazendo sentido.
sorriu, apertando os dedos contra os dele e assentindo com a cabeça para indicar que ele tinha feito sentido e sido coerente. Carlos também assentiu e após analisar por alguns segundos, voltou o olhar para a filha e fez mais perguntas que não compreendia.
Apensar da clara dificuldade de compreensão, o almoço foi agradável e a comida era ótima. Quando se despediram, Carlos apertou a mão de e o cantor recebeu um meio sorriso, lhe dando a certeza de que havia acertado alguma coisa. Podia não saber falar português, mas ele realmente amava e faria de tudo para que ela fosse a pessoa mais feliz do mundo.
- Eu realmente preciso aprender a falar português. – declarou quando afivelou o cinto de segurança e riu, se inclinando para ele e beijando seus lábios com suavidade.
- Prometo que vou te ensinar, ao invés de só te provocar porque você não entende.
O cantor arqueou as sobrancelhas em descrença e ela riu com gosto.
- Eu sei que não vai.
- Porque você adora que eu te provoque. – Deu de ombros.
- Só um pouquinho. – estalou os lábios e outro beijo foi trocado antes de ligar o carro e guiar o veículo de volta para a casa da mãe.

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A semana com sua família no Brasil havia passado em um piscar de olhos. Havia apresentado para toda sua família – que não era exatamente grande, mas quando reunidos fazia parecer que tinha um estádio de futebol inteiro dentro da sala de casa – e sido uma tradutora muito fiel em todos os comentários que sua tia fizera sobre a beleza do namorado apenas para vê-lo de bochechas coradas e sem graça.
Tinha passado o máximo de tempo possível grudada na mãe. Elas tinham cozinhado juntas, organizado a casa, ajeitado o jardim – mesmo que fosse horrível com jardinagem – e até mesmo pintado as cercas. E a acompanhara em todos os momentos, menos aqueles em que havia saído com Mauricio e Henrique para jogar futebol. Ele havia voltado para casa com as costas doloridas de tantos tombos e debochou dele até não poder mais.
Não estavam na alta temporada, então havia sido bem fácil alugar uma casa na praia por apenas um final de semana. O passeio que duraria apenas um dia, tinha se estendido para todo o final de semana e e não voltariam para Brusque e seguiriam de Florianópolis no domingo a noite para São Paulo, onde embarcariam para Miami e de lá de volta a Toronto.
Leonardo estava dirigindo, Susana estava no banco do passageiro e e estavam no banco de trás, o cantor adormecido em seu colo enquanto ela lhe fazia cafune. Tinha um sorriso pequeno nos lábios enquanto observava em meio a escuridão. As pintinhas no rosto dele, as bochechas coradas, os cabelos que estavam enrolando cada vez mais nas pontas por causa do comprimento – já que havia arrumando mil e uma desculpas para fugir da tesoura de Susana -... sentia seu coração encher e transbordar de tanto amor. Mal conseguia acreditar que ele estava ali com ela, conhecendo sua família e fazendo parte do seu mundo mais particular.
Nunca havia imaginado aquele momento e viver aquilo só lhe dava mais certeza de que era o dono de seu coração e que ela jamais iria amar alguém da forma como o amava. Era tão completamente dele que nunca seria de mais ninguém.
- Ele te olha de um jeito. – Susana comentou e ergueu o olhar, encontrando a mãe a encarando pelo espelho retrovisor interno.
- Como se não existisse um Sol do lado de fora e tu fosse o dele. – Leonardo comentou e soltou uma risadinha enquanto corava.
- Exatamente. – Susana riu.
- Eu acho que olho pra ele desse jeito também. – Deu de ombros. – As vezes fico preocupada em sermos tão apegados, sabe? Mas a gente gostar de estar junto, não apenas nós dois, mas com amigos e família. Gostamos de partilhar a vida e temos algo tão natural... A gente não se sufoca, não se cobra, não tem tempo ruim.
- Apego nem sempre é ruim. – Susana comentou. – Se é algo que te faz bem, então não tem problema. O apego só é ruim quando existe pra suprir a falta de alguma coisa. O que não é o caso de vocês.
- De forma nenhuma. – concordou.
- Eu fico muito feliz por te ver feliz desse jeito, . Quando tu foi embora no Ano Novo, eu fiquei tão preocupada. ter ido contigo não foi o suficiente para me tranquilizar. E quando ela voltou e falou que vocês tinha se acertado, eu ainda tinha minhas dúvidas. Não sabia se vocês iam conseguir superar e tinha medo que estar juntos só fizesse mais mal para vocês. – Susana suspirou. – Gosto dele. Ele te ama e cuida de ti de um jeito que toda mãe sonha para uma filha.
- É o meu trevo de quatro folhas. – disse e Susana riu.
- Vocês são um do outro.
- Espero que sim. – A garota suspirou e se remexeu, bocejando antes de abrir os olhos e franzir o cenho.
- Já chegamos? – Indagou.
- Estamos chegando. – Leonardo informou. O cantor se sentou, passando as mãos pelo rosto e bocejando mais uma vez, recebendo um cutucão na cintura dado por .
- Bocejos são contagiantes, pode parar. – Ela reclamou e riu.
- Dormi muito tempo?
- A viagem toda.
– Ela riu.
- Desculpe. – Suspirou. – Mas seu cafuné estava bom demais.
- Seu cabelo tá enorme, então dá pra brincar muito com ele.
- Falando em cabelo,
- Susana estalou os lábios e se virou para o genro. – Amanhã você não escapa da tesoura.
torceu os lábios.
- Tem certeza, sogra? Porque eu acho que ia ficar bem bonito de cabelo comprido. – Abriu um sorriso largo de covinhas e riu.
- Não, por favor! foi rápida e arqueou as sobrancelhas para ela.
- Eu ia ficar feio?
- Não sei! Nunca imaginei isso e não sei se quero imaginar!
– Exclamou e Leonardo riu. – Seus pais também acham que deveria cortar. Você mesmo disse que queria cortar!
- Estou analisando as opções.
deu de ombros. – Vou fazer uma enquete no Twitter. – Sorriu torto e revirou os olhos.
- Você sabe que todo mundo vai dizer que você é lindo de qualquer jeito. Mas nem por isso deveria deixar o cabelo grande. deu de língua e gargalhou.
- Isso era tudo o que o meu ego precisava, obrigado. – A beijou na bochecha e se virou para Susana. – Tesoura amanhã!
revirou os olhos, mas se deixou ser abraçada por e deitou a cabeça no peito dele enquanto ouvia a conversa da mãe com o namorado sobre tipos de cortes de cabelo e enfiava o rosto contra a pele dele, se inebriando pelo perfume e agradecendo aos céus por estar vivendo aquele momento. Era mais do que ela havia sonhado e desejado.

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Não podia negar que era bom não ter mais os fios de cabelo coçando sua nuca. Sua sogra não havia feito um corte diferente, apenas havia encurtado o comprimento como estava acostumado e olhar no espelho não lhe causava qualquer estranhamento. Sorriu para quando ela enfiou a mão nos cabelos dele, em um carinho gostoso e suspirou em agrado quando a brisa do mar refrescou sua pele.
O dia estava quente e a água do mar estava morna, de forma que eles haviam passado a manhã inteira dentro da água e só haviam saído para almoçar. E depois de meia hora de cochilo, o grupo estava de novo na beira do mar. Susana havia preparado caipirinha e havia colocado alguns sanduíches no cooler, já que segundo ela, aquela era a maneira que a família curtia o verão na praia. Mauricio e Pietra estavam na água, Henrique e jogavam frescobol e estava debaixo do guarda-sol, já que havia lhe proibido de tomar o sol diretamente na pele antes das 3h da tarde. Bebeu um gole da caipirinha e abriu um sorriso largo.
- Susana, isso aqui é incrível. – Ergueu o copo e a mulher riu.
- Obrigada!
- disse que a sua era a melhor do mundo e eu estava ansioso para tomar desde outubro. – Torceu os lábios e riu, se virando na esteira de praia para tomar sol nas costas e naquela posição, não conseguia fazer cafuné no cantor, que torceu os lábios ainda mais e causou risos nela.
- cozinha melhor, mas eu faço as melhores bebidas. – Susana sorriu e Leonardo revirou os olhos.
- Não dê espaço para que ela fique egocêntrica. – Ele pediu e acabou rindo.
- Ele entende de ego, Leo. – estalou os lábios e a encarou, cutucando sua cintura e recebendo um tapa na coxa. Aproximou a esteira da de , deitando ao lado dela, mas permanecendo na sombra e abriu um sorriso largo quando deitou a cabeça em seu braço e entrelaçou seus dedos aos dele.
- Lembra quando nos encontramos na praia, lá no Rio? – Ele questionou em um sussurro e afastou o boné para encará-lo.
- É claro. Foi uma das maiores vergonhas da minha vida. – Suspirou e riu.
- Eu achei adorável.
- Você riu bastante e eu pensei que, mesmo tendo sido uma idiota, pelo menos eu tinha feito você rir. – Deu de ombros e a beijou na ponta do nariz.
- Você sempre me faz rir. – Sorriu. – E até hoje você nunca me contou porque me deu um perdido no Rock In Rio.
- Eu não te dei um perdido! – se defendeu. – Eu nunca te daria um perdido , fala sério. – Revirou os olhos e ele riu.
- Então por que você não me disse que não iria no dia seguinte?
- Porque... – Ela mordeu o lábio inferior em nervosismo. Se apoiou nos cotovelos e encarou com uma expressão que beirava o desespero. – Isso é tão vergonhoso, sério. Nunca queria tocar nesse assunto porque deve ser a maior vergonha da minha vida.
- Me conta! – pediu com um bico nos lábios e olhos pidões e suspirou. Ele sabia que estava jogando sujo, mas ela também jogava e eles sempre acabavam quites. – Por favor, dengo!
- Tá bom! – Bufou irritada. – Eu... Não prestei atenção. Você começou a sorrir e a rir e tudo o que passava na minha cabeça era que você tinha a risada mais linda e gostosa do mundo, que parecia a merda de um coral de anjos e me... distrai. Não ouvi uma palavra do seu pedido e concordei porque eu tinha que dizer algo. E contar a verdade não era uma opção. – Torceu os lábios e o cantor gargalhou, puxando para perto e unindo seus lábios em um selinho.
- Era exatamente isso que eu esperava. – Ele confessou.
- Agora me conta o que passava na sua cabeça. – arqueou as sobrancelhas.
- Eu tinha achado você legal e pensei que poderia ser legal se pudéssemos conversar mais e talvez virássemos amigos. – Deu de ombros. – Mas eu só fui realmente olhar para você quando você dormiu lá em casa. Na festa eu estava meio bêbado, então não contava. Mas naquele dia eu consegui te ver de verdade e acho que comecei a me apaixonar quando fomos a Hamilton. Sempre foi tão fácil conversar com você e daquele dia em diante, eu queria estar mais com você a todo instante.
- Não sei quando me apaixonei. Eu já era apaixonada antes, então só somei uma paixão a outra, mas não sei exatamente quando foi. – Murmurou baixinho. – Talvez quando você cantou Roses.
- Aquele foi um momento importante para mim também. – concordou e o beijou na bochecha.
- Podemos entrar na água? – Ele pediu com um bico nos lábios.
- O sol tá muito forte, . – Bufou.
- Eu passo mais protetor! – Exclamou e a garota revirou os olhos, sentando na esteira e estendendo a mão para que ele lhe alcançasse o protetor solar. abriu um sorriso largo e logo estava sentado entre as pernas de , que espalhou uma camada grossa de creme na pele dele antes de ser erguida e carregada para o mar como um saco de batatas.
- Seu idiota! – Ela gritou antes de ser jogada dentro d’água e gargalhou, puxando-a para a superfície e colando seus lábios aos dela, enquanto as pessoas a sua volta lançavam olhares esquisitos e murmuravam entre si.
- Amo você. – Ele suspirou de olhos fechados e o abraçou com força.
- Também amo você. – Falou e empurrou com força, fazendo os dois caírem na água enquanto gargalhavam.


Continua...



Nota da autora: Minha nossa senhora, esse foi o penúltimo capítulo e eu nem sei o que eu tô sentindo. Sério, tô meio aérea e perdida. Enfim, até a próxima e última att <3 Não esqueçam de comprar o meu primeiro livro gente, ajuda demais a apoiar o meu trabalho como autora independente! Um beijo e até a próxima att <3
Link: http://psdoispontos.com/produto/nao-se-apaixone-pela-sua-namorada/


Instagram dos personagens
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Qualquer erro nessa fanfic, envie um email para este endereço.

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Never Be The Same [Restritas, Tom Holland]
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Uma Namorada para Dougie Poynter [Bandas, McFLY]
Uma Família Para Dougie Poynter [Bandas, McFLY]
Nobody Like You [Cantores, Shawn Mendes]

Shorts finalizadas
Too Much (antiga) [Outros, shortfic]
Touch - Spin off de UNPDP [Especiais, Restritas]
Talking Body - Spin off de UNPDP [Restritas, Bandas]
Call Me Señorita [Restritas, Cantores]
Saudade Da Gente - Spin off de NWEBLY [Rest
Ficstapes
14. Never Be [5 Seconds of Summer]
06. Besame Sin Miedo [Celestial]
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04. Bigger [My Worlds: The Collection]
16. Eenie Meenie [My Worlds: The Collection]
09. I Don't Have to Try [The Best Damn Thing]
04. Don't Stop Me Now [Queen: The Platinum Collection]
06. Heart Out [The 1975: The 1975 Deluxe]
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