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Última atualização: Setembro de 2024

Prólogo

Projeto Celestial: Harmonizando o passado, criando o futuro.

Celebridades, música, emoção – Uma jornada inesquecível a Celestials


Na edição de hoje, mergulhamos nas estrelas do pop rock, revisitando um capítulo que todos nós pensávamos estar encerrado. Preparem-se para a emoção, pois a banda ‘Celestials’ está prestes a ressurgir das cinzas para um projeto especial que promete revolucionar!
Se você não sabe sobre o que estou escrevendo, você dormiu por muito tempo, mas deixa que eu te explico. Era uma vez uma banda cujo nome estava nas bocas de todos e cuja música reverberava em todos os corações. Composta pelos talentosos vocalistas e , com seu guitarrista , Celestials conquistou o mundo com sua mistura única de paixão, poder e poesia. Uma história que todos conhecemos, mas que agora, o tempo e o destino se unem para reescrever.

O início Celestial


No início de 2012, e uniram forças para criar uma fusão única de rock, poesia, pop e paixão. Seus acordes inovadores e letras envolventes rapidamente conquistaram a atenção da indústria musical. O álbum de estreia, Celestial Dreams, catapultou-se para o estrelato, rendendo-lhes prêmios e um lugar cativo nas listas de sucesso. O mundo estava encantado com a musicalidade celestial que eles possuíam juntos.
À medida que o sucesso crescia, também crescia a lista de prêmios e títulos conquistados. O Grammy de melhor álbum de rock, o MTV Music Award de Melhor Performance ao vivo e o prestigioso título de artistas do ano da Rolling Stone eram apenas alguns dos louros que a banca acumulava. Suas canções tornaram-se hinos de uma geração, ecoando em estádios lotados e festivais épicos. O segundo álbum, Eclipsed Emotions, marcou um dos pontos mais altos, consagrando-os como uma força incontestável da indústria musical.

Harmonia desfeita: O fim repentino


No entanto, como todas as boas histórias, a narrativa de ‘Celestials’ tomou um rumo inesperado. Rumores de desentendimentos nos bastidores, tensões criativas e a frequente busca por expressão individual resultaram no fim abrupto da banda em 2015, que outrora parecia invencível.
A notícia da separação abalou os fãs, que ainda ecoavam as canções com adoração. O palco que testemunhou performances inesquecíveis ficou em silêncio, deixando uma lacuna na indústria musical que parecia difícil de preencher.

Do silêncio a ressurreição: Projeto Celestial


A data é 01 de novembro de 2023, quando o inesperado se torna realidade. A "Celestials" está prestes a ressurgir em nossas vidas, e o motivo é tão grandioso quanto as notas de suas músicas inesquecíveis. e , acompanhados por , estão se reunindo para um projeto especial que promete transcender as expectativas e trazer de volta a magia que uma vez encantou o mundo.

“Este projeto é como uma carta de amor aos fãs, uma oportunidade de curar antigas feridas e criar novas memórias musicais que ficarão para sempre em nossos corações”, declara , a vocalista de voz cativante que se tornou um ícone desde que a banda se desfez.

Scarllet Williams, nossa renomada repórter musical, teve acesso exclusivo aos bastidores desse projeto extraordinário. Em uma entrevista reveladora, e compartilharam os desafios superados desde a separação, as alegrias da paternidade e os momentos que os trouxeram de volta à música que tanto amam.

“Este não é apenas um retorno, mas uma redenção. Estamos prontos para compartilhar nossas histórias, nossas dores e nossos triunfos. Este projeto é a celebração da música e da vida”, afirma , o talentoso guitarrista que se tornou uma lenda em seu ramo.

Mas o que podemos esperar desse projeto especial? Rumores sugerem que um concerto épico está nos planos, onde os clássicos da "Celestials" serão recriados e novas músicas emocionantes serão reveladas. Um álbum surpresa também está a caminho, prometendo uma fusão única do passado e do presente.

“Estamos reunindo todas as peças do quebra-cabeça para criar algo verdadeiramente especial. Este não é apenas um retorno, mas uma reinvenção”, diz , o vocalista que, após o silêncio, está pronto para que sua voz ecoe novamente pelos estádios e corações dos fãs.

#CelestialsRevival: Fãs compartilham a alegria do retorno


No Twitter, @StarryCelMelody escreveu: “A Celestials está de volta! 😭 Não acredito que vou viver para ver esse dia! Preparados para chorar de felicidade?”

Enquanto isso, no Instagram, @EternalcelestialsHarmony compartilhou uma foto nostálgica da banda, comentando: “Meus olhos se enchem de lágrimas só de pensar no que está por vir. Eles foram a trilha sonora da minha juventude. #CelestialRevival 🌟”

No grupo "Celestial Dreamers", Maria Silva, conhecida como DreamerAtHeart, desabafou: “Por anos, achei que nunca mais veria meus heróis juntos. Mas agora? Estou sem palavras! Estamos prontos para mais magia! 💫”

No entanto, nem todos os comentários foram só elogios. Sofia Rodrigues, a @RealisticSofia, admitiu com honestidade: “Tenho medo de me decepcionar. A nostalgia é poderosa, mas será que eles podem realmente recapturar o que tinham antes?”

No Tumblr, @CosmicConnection postou uma colagem de gifs, destacando momentos inesquecíveis da banda, enquanto no TikTok, @MelodicJourney começou uma coreografia improvisada ao som de "Celestial Dreams", criando uma tendência instantânea entre os fãs.

A hashtag #CelestialRevival continua a dominar as redes sociais, com a banda compartilhando fotos dos ensaios e mensagens pessoais aos fãs. tweetou: “Essa onda de amor e apoio é tudo para nós. Mal podemos esperar para compartilhar este capítulo com vocês. #CelestialRevival 🚀”

Enquanto os acordes do retorno da "Celestials" ecoam nos corações dos fãs, também mergulhamos nas vidas pessoais de , e , cujos destinos entrelaçados prometem adicionar camadas profundas a este tão aguardado projeto especial.

e : Do Inesperado ao Inseparável


O conto de e é um capítulo que, mesmo após anos, os fãs ainda estão tentando decifrar. , anteriormente ligada romanticamente a , encontrou o amor nos braços calorosos de . O casamento, em meio a desafios pessoais e profissionais, levou a uma pausa na carreira musical e hoje eles são pais da adorável , de dois anos, cujas fotos encantadoras inundam as redes sociais.
A curiosidade pairou sobre essa união inusitada, e as redes sociais explodiram com especulações e perguntas. @HarmonyExplorer no Twitter expressou: “Quem imaginaria que e acabariam juntos? Eu sinto que perdemos uma temporada inteira de uma série. Eles esconderam o jogo bem demais. #CelestialMysteries”
A relação do casal, uma vez envolvida em mistérios e especulações, floresceu em uma parceria admirável. Enquanto explorava as delícias da maternidade, , além de seu papel de pai dedicado, mergulhou em projetos musicais menos públicos, mas igualmente inspiradores.

: O solteiro cobiçado


, o vocalista que se retirou das luzes dos holofotes, encontrou um novo caminho como produtor renomado na indústria da música. Sua habilidade de dar vida a melodias e sua influência crescente no cenário musical destacam-no como uma figura respeitável nos bastidores.
Entretanto, o enigma que envolve a vida amorosa de continua a intrigar os fãs. Muitos questionam se sua solteirice prolongada é um reflexo de uma paixão não resolvida por . @LoveMelodies no Twitter comenta: se tornou um produtor incrível, mas será que ele realmente superou ? Ficar solteiro tanto tempo é uma escolha ou uma espera?”

Enquanto cada membro da "Celestials" teceu uma narrativa única após a separação da banda, o Projeto Celestial promete ser o palco onde essas histórias entrelaçadas colidirão e se unirão em uma sinfonia única. A vida pessoal de , e , uma vez oculta nas entrelinhas, agora se desdobra no presente.
, casada e mãe dedicada, , o guitarrista apaixonado que também desempenha o papel de pai, e , o produtor respeitado cujo coração é um livro completamente fechado. Cada um trazendo uma bagagem emocional que se manifestará na música
À medida que nos preparamos para a ressurreição musical da "Celestials", nossos olhos e ouvidos estarão atentos às melodias da vida que se desdobram nos bastidores. Esta é uma reunião que transcende a música, é uma reconciliação com o passado e uma celebração do futuro. Junte-se a nós enquanto nos preparamos para testemunhar a magia deste capítulo extraordinário.

Edição especial – novembro de 2023 Por Scarllet Williams.


Capítulo 1



Caminho, em passos lentos, para o conforto do meu sofá. A luz suave da tarde banha a sala e o murmúrio de vozes infantis flutua pelos cômodos, criando a sinfonia de sons domésticos que sempre acalmam a minha alma, não importa o quão inquieta ela esteja.
Minha filha, pequena e cheia de energia, brinca animadamente com o pai no tapete da sala ao lado. Os risos contagiantes deles reverberam pelo ambiente e me sinto cheia da mais pura gratidão. A vida tomou um rumo que nunca imaginei, mas esses momentos são o meu inesperado mais esperado.
A matéria que ocupa minhas mãos, entretanto, é uma sinfonia dissonante em comparação com a harmonia serena de minha casa. “Projeto Celestial: Harmonizando o passado, criando o futuro”. As palavras estampadas na capa da revista parecem ecoar de forma irônica pela quietude da sala. E lá estou eu, uma das peças centrais desse projeto que promete reviver músicas, sentimentos e memórias.
A leitura da matéria é como caminhar sobre cacos de vidro. Cada palavra parece cutucar feridas antigas, desenterrando emoções que, com o tempo, tentei deixar ocultas. Não é apenas sobre acordes, melodias e letras, é sobre pessoas - sobre mim, sobre , sobre . E, mais do que nunca, sobre a nossa filha que brinca alegremente sem perceber os flashes que podem alcançá-la.
As fotos antigas da banda, os momentos íntimos da minha vida pessoal, tudo exposto em detalhes minuciosos. A revista renta pintar uma narrativa de nostalgia e reencontro, mas para mim, parece mais uma invasão de privacidade, uma exploração injusta dos recantos mais profundos da minha vida.
Aceitei o projeto porque entendo a importância da música para muitos, a conexão que ela cria. Mas, ao ler as entrelinhas desta matéria, sinto uma sensação estranha e desconfortável de traição. Traição à privacidade que, como artista ou pessoa, não deveria ser violada.
— Não somos apenas músicos. — Murmuro para mim mesma, enquanto e nossa filha continuam compartilhando suas risadas inocentes. — São pessoas, histórias, cicatrizes e triunfos. Não deveríamos estar à venda para serem escrutinados como figuras públicas, mas sim celebrados pelo que compartilhamos artisticamente.
Minha mente vagueia pelos tempos que a música nos uniu, mas também nos despedaçou. Aceitei o projeto de forma consciente, sabendo que a música tem o poder de unir e curar. Entendi que, ao reviver a “celestials”, poderíamos proporcionar melodias que criamos juntos. No entanto, a matéria da Revista Stars desenha um retrato distorcido dessa intenção, transformando nossa jornada em uma vitrine de escândalos e curiosidades, como se fôssemos apenas personagens fictícios em uma trama preconcebida.
Relembro os anos atrás, quando aceitei, junto com , a proposta de um relacionamento de marketing para impulsionar a popularidade da banda. Naquela época, éramos jovens, ávidos por sucesso, e achávamos que podíamos controlar a narrativa. Acreditamos que, ao dar aos fãs uma história de amor, estávamos apenas alimentando suas fantasias.
Contudo, o tempo revelou que não éramos um produto. Não éramos apenas rostos bonitos para enfeitar capas de revistas ou enredos românticos para vender discos. Éramos pessoas reais, com emoções reais, que compartilharam uma paixão. Ao aceitar o relacionamento de marketing, pensávamos que estávamos no controle da narrativa. No entanto, a linha entre a representação e a realidade muitas vezes se borrava, e, por um tempo, ficamos presos nas próprias armadilhas que criamos. Foi uma lição dura, mas valiosa. Descobrimos que não somos apenas personagens de uma história, mas indivíduos com vidas.
Hoje, enquanto leio as palavras impressas na revista, percebo que essa lição não foi totalmente compreendida pela mídia. Continuam a insistir em ver-nos como peças em um tabuleiro, ignorando as linhas que delimitam a nossa privacidade.
As risadas da minha filha na sala continuam a ressoar, lembrando-me de que aceitei esse projeto não apenas por mim, mas por ela, por , e até por . É uma oportunidade de compartilhar nossa jornada musical com os fãs que estiveram ao nosso lado, mas a exposição desmedida da nossa vida pessoal é um preço alto a pagar.
— Lendo a revista? Você nem gosta. — Meu marido aparece, trazendo agora quieta sobre os seus braços. Ele se aproximou, selando nossos lábios em um beijo rápido e sorrio.
— Não sei se foi uma boa ideia termos falado com essa jornalista, baby. A impressão que tenho é que vamos trazer mais exposição pras nossas vidas, pra vida da nossa filha. Até três anos atrás ainda havia gente me acusando de ser uma vagabunda infiel que passou de um amigo a outro.
— Eu sei, linda. — Respirou fundo, tentando disfarçar a preocupação que sentia, mas era evidente para mim. Nove anos de relacionamento e cinco de casados demonstravam isso. — Foi uma decisão difícil, mas somos adultos agora. Podemos mostrar a verdade por trás das manchetes sensacionalistas.
Eu assinto em concordância, mas há uma certa apreensão que ainda paira sobre mim.
— Você acha que fizemos a escolha certa?
— Não sei. — Confessou, acariciando a cabeça de que foi de risadas constantes a olhos fechados e sonolentos. — A música sempre foi nossa maneira de compartilhar nossas histórias, não quero que percamos o controle disso. A é nosso maior tesouro, . Não quero que ela cresça sob os holofotes queimando a privacidade dela. E sobre as acusações do passado… Nós superamos isso. O mundo deve saber que não são mais do que fofocas baratas.
As palavras de ressoam com uma verdade que, por um momento, esqueci. O passado nos moldou, nos trouxe até aqui, mas não deveria nos definir eternamente.
— Sinto que não temos controle. Nem sobre a narrativa e nem sobre como o mundo nos enxerga.
Ele me abraça com nossa filha no meio de nós, formando uma tríade de conforto.
— Então, vamos tomar de volta esse controle. Juntos. — Meu olhar encontra o dele, e há uma determinação profunda que nunca deixou de existir, mesmo nos momentos mais desafiadores da nossa jornada. — Vamos enfrentar isso como sempre fizemos. — Ele beija a testa da e depois a minha.
Ele balança levemente em seus braços, cantarolando uma melodia suave de ninar que preenche o espaço entre nós.
Enquanto observo , percebo o quão adorável ele é. Sua dedicação à nossa família, seu apoio incansável, e a maneira como cuida de são testemunhos de um amor profundo. Não consigo entender como alguns fãs conseguem nutrir sentimentos tão negativos em relação a ele. Essa hostilidade não parece ter fundamento real, pelo menos não nas ações de .
É verdade que, nos tempos da banda, muitos fãs sonhavam com a possibilidade de me verem em um relacionamento com . A paixão deles pela nossa música extrapolava o palco e se transformava em narrativas que eles mesmos criavam. O relacionamento de marketing apenas alimentou essas fantasias, e quando a realidade não correspondeu às suas expectativas, alguns fãs direcionaram seu descontentamento para . Culpar alguém é mais fácil do que aceitar que a realidade pode não ser o conto de fadas que esperamos.
Enquanto relembrava os tempos em que a banda se desfez, percebo o quanto os sentimentos que nutri por ainda ecoam de maneira sutil. Era hipócrita a forma que eu julgava os fãs por alimentarem esse sentimento quando, em partes, ainda havia uma faísca viva em mim. Em certo ponto, ele foi meu confidente, meu parceiro musical, trocamos segredos, confidências e carinhos que iam além do marketing, além dos palcos. Os olhares carregados de silêncio foram compartilhados, mas eram sentimentos ressignificados. Pelo menos eu esperava isso.
, agora, é o meu presente e futuro. A jornada tumultuada que compartilhamos, as lágrimas e os sorrisos, criaram uma sinfonia única que transcende nossas carreiras. Não posso ignorar que a escolha de de permanecer ao meu lado, apesar das complexidades da nossa história, é um testemunho de amor verdadeiro. , inocente no sono, é o fruto desse amor. A luz em nossas vidas brilha mais intensamente do que qualquer manchete sensacionalista.
A campainha ecoa pela sala, interrompendo o meu momento de reflexão. ajeita , agora adormecida, no seu colo e vou atender a porta.
Ao abrir, me deparo com e, por um instante, o tempo parece congelar. A razão da sua visita vem à tona em minha mente; a reunião que eu havia esquecido.
. — Ele cumprimenta com sua voz ecoando pela sala como uma melodia nostálgica.
. — Respondo, tentando esconder o nervosismo que se instalou repentinamente. — Entre.
Os olhos dele encontraram os meus, e por um instante, me perco na familiaridade do seu olhar. As borboletas no meu estômago começam a dançar, uma recordação viva de sentimentos que acreditava terem desaparecido. É uma traição ao compromisso que fiz com , à família que construímos juntos.
. — cumprimenta, apertando a mão dele.
. — responde, a tensão sutil entre os dois era palpável.
Sinto-me presa entre dois mundos, duas histórias que se entrelaçam. É uma sensação desconfortável.
— Desculpe pelo atraso. — quebra o silêncio, parecendo perceber o desconforto. — Eu deveria ter ligado antes.
— Não se preocupe. — Digo, tentando parecer casual, mas as palavras saem mais trêmulas do que pretendia.
— Vou colocar ela na cama, volto daqui a pouco. — Ele se aproxima, voltando a me deixar um beijo na testa e some em meio a um dos cômodos.
Enquanto se afasta, percebo o silêncio constrangedor que permanece entre e eu. Ele olha ao redor, talvez procurando palavras ou talvez refletindo sobre as memórias que este lugar carrega.
— Como você tem passado? — quebra o gelo, sua voz suave, mas carregada de emoção.
— Bem. — Respondo de forma sucinta. — E você?
Ele balança a cabeça, como se estivesse prestes a dizer algo, mas se cala. A presença dele, uma vez tão confortável, agora parece uma sombra do passado, uma lembrança das notas que já foram tocadas.
— Sinto muito pela matéria da revista. — Ele finalmente diz, desviando o olhar. — Não esperava que fosse ser tão invasiva.
— Nem eu. — Concordo, percebendo que as palavras compartilhadas não estão apenas entre nós dois, mas são parte de uma narrativa maior que nos envolveu a todos.
A tensão no ar é quase palpável quando retorna à sala, agora sem a presença de .
— Desculpe a demora. precisava de um pouco mais de tempo.
Ele me abraça, e sinto o calor reconfortante do seu toque. No entanto, noto no olhar de , um lampejo de algo que não consigo identificar completamente. Será desconforto? Ciúmes?
— Bom te ver. — estende a mão em cumprimento, e responde de maneira amigável, mas percebo uma faísca de tensão entre eles, conhecia meu marido o suficientemente bem para perceber quando ele estava pouco à vontade com algo.

Capítulo 2



E lá estava ela. , a voz que ecoava em minha mente durante anos, surgindo novamente em minha vida depois de oito anos de silêncio. O turbilhão de emoções que invadiu minha mente podia ser resumido em uma sequência incessante de xingamentos e palavrões que martelavam em minha cabeça.
Merda.
Muita merda.

, ainda mais deslumbrante do que quando tinha vinte e dois anos, parada diante de mim como uma lembrança viva de um passado tumultuado. Seus olhos, agora maduros, ainda tinham um brilho inconfundível, e seu sorriso, embora marcado por novas experiências, era inegavelmente cativante.
Enquanto ela se aproximava, pude sentir a tensão no ar, a incerteza pairando entre nós como uma cortina nebulosa. Os sentimentos não resolvidos e as palavras não ditas, flutuavam como espectros invisíveis, nos ligando a uma história que, de alguma forma, nunca conseguimos deixar completamente para trás.
, consciente ou não, era a maestrina dessa reunião inesperada. Seu cabelo caía de maneira casual sobre os ombros, e o vestido que ela usava revelava uma elegância despretensiosa que a destacaria no meio de qualquer multidão. Um suspiro involuntário escapou de meus lábios, uma rendição momentânea à beleza que resistia ao teste do tempo.
Enquanto eu tentava recuperar a compostura, meu interior estava em chamas. As palavras amargas que eu planejara dizer, a raiva que eu alimentara durante anos, pareciam desvanecer diante da presença dela. Era difícil acreditar que aquela mulher, a causa de tantos altos e baixos, agora estava diante de mim, como se o tempo não tivesse passado. E, no entanto, passou. Oito anos de vazio, de perguntas sem resposta, de desejos não realizados. e eu compartilhamos algo mais profundo do que as músicas que criamos juntos. Havia uma conexão genuína entre nós, mas também havia mágoa, decepção e a sombra do que poderíamos ter sido. Eu não a culpava, no entanto, as nossas escolhas nos levaram a caminhos diferentes.
Ao observá-la, a ideia de que ela seguiu em frente com e construiu uma vida sem mim causou uma pontada de inveja. Por algum tempo eu fiquei preso em um loop interminável de melancolia e autodestruição. O vazio que a banda deixou em minha vida era uma ferida aberta que não cicatrizava.
parecia inconsciente do turbilhão de pensamentos em minha mente enquanto nos cumprimentávamos. Seus olhos encontraram os meus, e por um breve instante, perdi-me nas lembranças do que costumávamos ser. Uma parte de mim ainda se perguntava se o tempo poderia, de alguma forma, apagar as marcas.
O antigo empresário da banda, Alex, entra na sala com um sorriso confiante. Seu entusiasmo pela ressurreição da "Celestials" é palpável, e sua experiência na indústria musical promete guiar-nos como antigamente, ou quase, já que tinha partido dele a ideia de transformar e eu no casal da década.
— Alex, estamos prontos para ouvir suas ideias. — , sempre o elo conciliador, inicia a conversa, dissipando qualquer resquício de desconforto que ainda pairava no ar.
Alex se ajeita na cadeira, o brilho nos olhos evidenciando a paixão que ele ainda nutre pela banda.
— Primeiro, deixem-me dizer o quanto estou empolgado com isso. Trazer de volta a "Celestials" não é apenas sobre música, é sobre a história que vocês construíram. A reviravolta inesperada, o fim abrupto, tudo isso alimenta a narrativa que os fãs mal podem esperar para explorar. — O entusiasmo de Alex se infiltra em todos nós, e a atmosfera muda. Agora, estamos todos alinhados pelo mesmo propósito, a música. — Quero capitalizar na história, mas sem esquecer o presente. — Alex continua. — Um álbum que seja uma ponte entre o que vocês eram e o que são agora. Não podemos simplesmente reviver o passado; precisamos evoluir. , cara, você sempre foi o coração das nossas músicas. Você é o nosso compositor, tem uma profundidade única. Precisamos explorar isso no novo álbum, espero que não esteja enferrujado. — Alex, com sua habilidade inata de ler os músicos como uma partitura musical, direciona suas palavras a mim.
Assenti, agradecendo interiormente pelo reconhecimento, mas uma sombra de desconforto paira sobre mim. havia sido, durante todo o tempo, a musa das minhas composições passadas e agora estava ao lado de , meu antigo melhor amigo. Eu luto para separar as emoções da música, mas é involuntária a sensação de confusão que me invade.
Enquanto Alex discorre sobre as ideias para o álbum, abraça de maneira afetuosa. A imagem me atinge de uma forma inesperada e odeio a sensação de que a porcaria dos sentimentos ainda estavam aqui, eles apareceram do inferno assim que eu a vi novamente. Eu sabia que isso acontecia, por isso tinha ido para outro país. Foi uma tentativa completamente falha de matar e silenciar as minhas emoções passadas. A tensão que eu já sentia cresce, e uma pontada de desconforto se instala em meu peito.
Disfarço o desconforto com um sorriso contido, mas não posso deixar de me perguntar se , ciente ou não, percebe o incômodo que me causa. , alheia ao turbilhão que se desenrola à sua volta, está imersa na discussão sobre o álbum.
, sua guitarra pode ser a cola que une todas as peças. Quero que as melodias falem por si mesmas, uma conversa entre vocês três, como nos velhos tempos. — Alex, sempre o visionário, traça um plano que parece capturar a essência da nossa conexão musical.
A conversa se desenrola, e meu foco volta para as ideias propostas. No entanto, não posso ignorar a sensação persistente de estar à margem. O abraço de em , apesar de natural para eles, é uma nota desafinada em minha própria melodia interna.
A reunião chega ao seu ponto culminante, e Alex, satisfeito com as discussões, se despede, deixando-nos com a expectativa do que está por vir. Seu entusiasmo contagiante é uma luz no fim do túnel, uma promessa de um renascimento musical que todos ansiamos.
— Se precisarem de mais alguma coisa, estarei à disposição. Estou empolgado para ver o que vocês criarão juntos novamente. — Alex sorri, expressando confiança em nossa capacidade de ressuscitar a magia que uma vez compartilhamos.
, no entanto, é abruptamente retirada da sala pelo choro de que ecoa através da babá eletrônica. Ela pede licença, e seu gesto materno não passa despercebido, nem por mim, que compartilhei tantos momentos com ela, nem por , que agora construiu uma família ao seu lado.
— Vou checar . Volto já. — se desculpa, saindo da sala com pressa, deixando uma pausa breve e silenciosa.
Enquanto ela se ausenta, quebra o silêncio.
— Espero que não haja ressentimentos pelo passado, cara. — aborda o elefante na sala, mantendo um tom disfarçado de amizade.
Respiro fundo antes de responder, tentando encontrar as palavras certas.
— O passado é o que é, . Todos nós tivemos nossas partes nisso. — Minha resposta é diplomática, mas a dor subjacente não passa despercebida.
, percebendo a tensão, desloca o olhar para a porta por onde saiu.
— Ela se tornou uma linda mãe, não é? — quebra a tensão com uma pergunta sincera.
Concordo com um aceno.
— Sim, parece que sim. A maternidade combina bem com ela.
Há uma pausa desconfortável antes de continuar.
— Eu sei que as coisas foram complicadas entre nós, mas eu a amo, . E ela teve que seguir em frente. — solta um suspiro, iniciando um assunto que sequer deveria estar sendo tocado. Trazendo à tona sentimentos que não deveriam retornar.
Minha resposta, um aceno de cabeça conciliador, mal escondia a tempestade de emoções que rugia dentro de mim. Eu sabia, mesmo que tentasse envolver a verdade em um manto de camaradagem, que suas ações jamais consertariam o elo que se quebrou.
O olhar dele, enquanto mencionava , era como uma nota dissonante em nossa conversa e era isso que me irritava profundamente. Sua dissimulação, embora habilmente executada, estava sempre presente. Aquela antiga ferida, agora exposta novamente, ressuscitava sentimentos de traição e mágoa que eu tentava enterrar.
— Você parece ter construído uma bela família, . — Minhas palavras, apesar de aparentemente neutras, carregavam um tom de frieza que não passaria despercebido por alguém tão astuto como ele.
Uma faísca de raiva se acende dentro de mim, um eco de sentimentos que permaneceram enterrados por tempo demais.
Lembro-me da traição silenciosa que se desenrolou anos atrás, quando ele, meu melhor amigo, interferiu entre e eu.
Nossa amizade, outrora inabalável, foi testada pela atração silenciosa que eu nutria por . Eu a amava em segredo, um segredo que escolheu ignorar quando viu uma oportunidade para conquistá-la. Na primeira oportunidade, ele se cansou de ser apenas o amigo leal e se tornou o intruso que causou uma briga entre e eu.
desvia o olhar por um instante, uma fenda momentânea em sua fachada de tranquilidade, mas esse é o problema do passado. Ele não é tão facilmente esquecido.

Capítulo 3



Passado.



Dezoito anos.
Uma idade marcada pela efervescência da juventude, pelas primeiras experiências e pela promessa de um futuro repleto de possibilidades e responsabilidades, principalmente quando você tinha pais tão exigentes. Estar no meu auge era frustrante em alguns momentos, mesmo fazendo milhares de pessoas cantarem comigo, eu sentia que mais pais não estavam orgulhosos. O sucesso da banda não era digno do orgulho deles e o meu aniversário gritava isso. Eu passaria com , talvez com o e Alex, mas não passaria com eles porque os médicos tinham algo realmente útil para fazer. Acompanhar sua própria filha não era uma opção.
, percebendo a mudança sutil em meu semblante enquanto eu olhava para o celular, parou e me olhou com preocupação.
— Alguma coisa errada, ultravioleta? — sua voz era suave, carregada de uma preocupação genuína. Sorri de forma tímida para o apelido que ele havia insistido em me dar, mesmo sem me dizer o significado.
Eu hesitei por um momento, debatendo se deveria compartilhar as nuances da minha vida pessoal naquela noite cheia de celebrações. No entanto, a conexão que e eu compartilhávamos era mais do que colegas de banda; éramos confidentes, cúmplices na jornada tumultuada da vida.
— É só... uma situação familiar delicada. — minha voz vacilou, revelando a vulnerabilidade que escondia por trás da fachada de sucesso.
, sem hesitar, se aproximou do sofá que eu estava deitada, deitando-se atrás de mim e colocou um braço ao meu redor, oferecendo conforto silencioso. A música do lugar ainda ecoava ao nosso redor, mas agora em um tom mais suave, como se respeitasse a seriedade do momento.
— Sabe que pode contar comigo, não sabe? — encorajou, sua presença era tranquilizadora. Confortante.
— São meus pais. — Iniciei, vendo-o me olhar de forma carinhosa, em um incentivo silencioso para que eu continuasse. — Às vezes, sinto que estão esperando que essa “fase” passe, como se a música não fosse uma parte intrínseca de quem eu sou. — Minha voz carrega a amargura de anos de desentendimentos não resolvidos. assentiu, como se entendesse a solidão que acompanha o desejo de ser compreendido por aqueles que deveriam oferecer apoio incondicional. — Eles não vieram ao show, nem mesmo uma mensagem no meu aniversário. — minha voz vacilou, as emoções vieram com tudo e ficaram à flor da pele. — Parece que, para eles, a música que faz parte de mim é apenas um ruído indesejado.
apertou o abraço.
— Às vezes, a música que mais importa para nós é aquela que toca dentro, independentemente de quem a ouve lá fora. — ele ofereceu suas palavras, como um consolo suave para a ferida que me marcava. — Você é uma estrela no palco e na vida, mesmo que eles não percebam a magnitude da sua luz.
Naquele momento, eu percebi que, embora meu aniversário fosse motivo de celebração para os fãs e colegas de banda, o silêncio ensurdecedor dos meus pais ecoava mais alto que qualquer acorde. Eles não compareceram ao show, não enviaram mensagens, e a ausência deles ecoava na sala como uma nota triste.
— Às vezes, eu só queria que eles ouvissem, sabe? Que entendessem que a música é mais do que uma fase, é a essência da minha alma. — minha voz tremia, mas a presença solidária de era como um porto estável no meio da tempestade.
me olhou nos olhos, sua expressão transbordando de afeto, compreensão e carinho mútuo.
— Eles podem não entender agora, mas eu acredito em você, . Sua música é única, assim como você. E um dia, eles vão ouvir a melodia que está criando. — ele sorriu e acrescentou, como que para dissipar a tristeza — Não se culpe ou pense que há algo errado com você. Às vezes, as pessoas que deveriam nos apoiar são as que menos entendem. E isso não tem nada a ver com a gente. A insensibilidade deles não é sua culpa e a ausência dos seus pais, apesar de dolorosa, não é nem de longe um motivo de fracasso seu. Se eles largaram uma filha linda, sozinha, no aniversário dela, isso mostra um fracasso deles. Nunca seu, anjo. — murmurou, como se lesse meus pensamentos. — Tenho algo pra você. — Ele diz, levantando-se de forma cuidadosa e o olho curiosa. — Levanta e fecha os olhos.
O coração acelera enquanto obedeço. A curiosidade se mistura com a antecipação ansiosa enquanto confio nele para me guiar. A sensação de suas mãos seguras nas minhas é reconfortante.
Finalmente, paramos, e o silêncio ao redor é preenchido por um suave murmúrio de vozes e uma expectativa crescente. , agora próximo ao meu ouvido, e me causando muitos arrepios, sussurra:
— Pode abrir os olhos, ultravioleta.
Ao fazer isso, sou recebida por uma visão extraordinária. Estamos em uma sala decorada com um esquema de cores vibrantes, balões em tons de roxo e azul dançam no teto, e uma suave iluminação cria uma atmosfera única.
O brilho sutil da iluminação realça o sorriso caloroso de amigos próximos e fãs sortudos que ganharam a chance de compartilhar este momento especial. Minha expressão oscila entre surpresa, gratidão e uma alegria genuína.
, ao meu lado, sorri com orgulho, estampando um brilho de felicidade em seus olhos que parece combinar com o esquema de cores ao nosso redor.
— Feliz aniversário, ultravioleta! — o coro de cumprimentos ecoa ao meu redor, as vozes se misturando em uma sinfonia de celebração.
Ele me conduz delicadamente pela sala, apresentando-me a cada pessoa presente, e sinto-me envolvida pelo afeto e carinho que emana de todos. Cada rosto familiar, cada sorriso, contribui para a magia do momento.
Quando finalmente paramos no centro da sala, , com um olhar cúmplice, sussurra no meu ouvido.
— Não é porque duas pessoas esqueceram de te desejar felicitações que outras mil não se importem. São eles que perdem. Seus pais não estão aqui, mas ainda há motivos para comemorar porque outras pessoas estão, você está. E é o seu dia, não deles. — É esse o primeiro momento em que percebo que é mais que um namorado de mentira, é mais do que um simples amigo, ele é uma força da natureza. Alguém que talvez não tenha ideia da luz que carrega ou da imensidão que ela alcança. é, entre todas as coisas, o maior presente que eu poderia ter ganho.
A sala se ilumina com risos, conversas animadas e o cintilar das velas do bolo. e eu nos encontramos no centro da celebração, cercados pela energia vibrante dos amigos e fãs que compartilham este momento único. Sorrisos sinceros adornam os rostos ao nosso redor, mas há uma animação especial nos olhos dos fãs.
O calor humano e a alegria permeiam o ambiente, enquanto e eu conversamos com os fãs, trocando histórias e agradecimentos. A conexão que compartilhamos com eles é palpável, uma linha harmoniosa do quanto conseguimos impactar as vidas que nos rodeiam e do quanto eles conseguem impactar as nossas.
Então, chega o momento de apagar as velas do bolo, e os fãs, empolgados e cheios de entusiasmo, começam a gritar em um coro divertido:
Beijo! Beijo! Beijo!
Os risos se espalham pela sala, e eu compartilho um olhar cúmplice com o loiro ao meu lado. Os fãs, com seus rostos cheios de expectativa, acreditam na autenticidade do nosso relacionamento. Há algo mágico na maneira como eles veem a conexão entre nós, acho que eu nos vejo assim também. É inegável.
Diante do pedido entusiasmado, trocamos sorrisos e, sem pressão, sem a sensação de obrigação, mas guiados por um desejo mútuo, nos inclinamos suavemente um para o outro. O beijo é carinhoso, repleto de amor e compreensão. Não é um gesto forçado, mas uma expressão espontânea de sentimentos que talvez estivessem latentes, esperando serem reconhecidos.
Meus lábios exploram os de com leveza, devagar consigo saborear o seu gosto e senti-lo se misturando ao meu. Eu nunca tinha ido ao céu antes, mas a boca dele tinha gosto de paraíso. Os fãs explodem em aplausos e gritos de alegria, e uma onda de calor preenche o ambiente. Não é apenas um beijo; é a celebração a tudo que somos. A tudo que ele me faz ser.
Ao nos afastarmos, sorrimos, conscientes de que o gesto não foi apenas para agradar aos fãs, mas um desejo mútuo silencioso. Porque, no momento, percebemos que queríamos aquele gesto.
À medida que a noite avança, os fãs e amigos começam a se despedir, agradecendo pela experiência única e repleta de emoções. A sala, que antes vibrava com risadas e música, agora está mergulhada em uma calma serena.
, percebendo o desejo por um momento mais íntimo, sugere suavemente:
— Que tal uma última surpresa?
Curiosa, sigo até o terraço do prédio. A brisa suave da noite acaricia nossos rostos enquanto ele revela uma manta estendida sob o céu estrelado. O terraço, agora transformado em um refúgio tranquilo, oferece uma visão espetacular do universo.
Deitamo-nos juntos sob o manto de estrelas, a cidade abaixo parecendo uma sinfonia silenciosa de luzes distantes. A magia da noite parece encapsular todos os momentos significativos vividos até agora, e eu me sinto grata por cada nota dessa jornada.
— Por que me chama de ultravioleta?
Virei-me para ele, esperando pela explicação por trás desse apelido peculiar.
— O ultravioleta é uma luz invisível aos nossos olhos, mas sua presença é essencial. Além de ser a luz mais forte do sol. Você é como essa luz, . Às vezes não vemos, mas está lá, influenciando tudo ao seu redor. Sua presença é suave, mas profunda, e você colore minha vida de maneiras que nem sempre consigo explicar. — Suas palavras ecoam no silêncio da noite, e eu absorvo a beleza da metáfora. Sob as estrelas cintilantes, sinto-me conectada não apenas ao universo, mas à jornada que compartilho com . — Às vezes, eu olho para você e vejo essa luminosidade única, algo que vai além do comum. É como se você fosse feita de uma luz especial, algo que apenas os corações atentos conseguem enxergar. Você é a luz que ilumina as partes mais profundas do meu coração.
A última surpresa da noite não é apenas um presente físico, mas uma experiência compartilhada, um capítulo adicional na história que escrevemos juntos. À medida que o sol desponta no horizonte, nossos olhos se encontram, e eu sei que este aniversário será marcado não apenas pelas festividades, mas por esse momento de quietude e reflexão, sob um céu que testemunhou as palavras mais lindas que alguém já me disse.
Juntos, adormecemos no terraço, sob a proteção das estrelas que testemunharam o início do que quer que aquilo fosse.
O calor do terraço, sob o espetáculo noturno das estrelas, cria uma atmosfera aconchegante quando se aproxima, trazendo consigo um sorriso sereno. Sua voz, um sussurro suave, quebra o silêncio da noite:
— Feliz aniversário, minha luz ultravioleta.
O apelido, agora carregado de significado, ressoa como uma melodia familiar. Sua presença ao meu redor é como um abraço caloroso, e quando ele me envolve delicadamente em uma conchinha, sinto-me envolvida por um conforto que vai além das palavras.
Sob o manto de estrelas cintilantes, suas palavras se tornam um presente, uma expressão tangível do carinho que compartilhamos. A proximidade nos conecta de uma maneira que transcende as trivialidades do dia a dia, e eu me deixo levar pela sensação de pertencimento.
O beijo na testa, gentil como uma brisa noturna, é o toque final dessa celebração única. Quando fecho os olhos para dormir, sinto o calor do amor ao meu redor e é a melhor sensação que eu já pude sentir.

Capítulo 4



Quando eu descobri que estava grávida pela primeira vez, uma mistura de emoções tomou conta de mim. O calor que sempre habitava o meu interior pareceu congelar aos poucos, dando lugar a um frio desconhecido. O medo começou a se insinuar como uma sombra que se espalhava lentamente por cada molécula do meu ser.
Eu já estava com vinte e um anos quando engravidei, mas isso não amenizava a enxurrada de dúvidas e receio. Mesmo na segunda gravidez, isso não mudou. Acho que independente da idade, os medos, receios e as dúvidas em excesso invadem qualquer mãe. Eu era jovem, em um relacionamento complexo com o melhor amigo do homem que eu amava e um futuro que, com a notícia, tornou-se ainda mais incerto. A maternidade se apresentou diante de mim como algo assustador.
O medo não era apenas da responsabilidade que vinha com a maternidade, mas também das incertezas sobre mim mesma. Eu teria sido capaz de ser uma boa mãe naquela época? Eu, que nunca tive um exemplo sólido a seguir, estava me vendo diante da perspectiva de moldar uma vida.
No entanto, havia algo inegavelmente especial na notícia. Mesmo que a gravidez não fosse planejada, eu sabia que seria desejada. No instante em que soube da vida que crescia dentro de mim, uma chama de amor e aceitação se acendeu. Aquela pequena vida, apesar de todas as incertezas, seria amada.
Aquele foi também o início do fim.

Antes.

O estúdio pulsava com a energia da criação musical enquanto eu e nos aproximávamos de e Alex, prontos para compartilhar a notícia que transformaria nossas vidas.
e eu temos algo para contar.
O silêncio que se seguiu foi como um eco ensurdecedor. , normalmente tão expressivo, permaneceu imóvel, e o ar ao nosso redor parecia estar impregnado de um desconforto palpável.
Alex, focado nos instrumentos, ergueu os olhos.
— O que está acontecendo? — perguntou ele, franzindo o cenho.
— Estou grávida.
O silêncio pesou ainda mais. , em sua quietude desconcertante, parecia absorver a notícia, enquanto Alex exibia surpresa em seu rosto, os olhos arregalados refletindo incredulidade.
— Grávida? — murmurou Alex, quase sem acreditar.
O silêncio de era eloquente, carregado de uma complexidade que eu não conseguia entender completamente. Eu me sentia dividida entre a alegria da notícia e a inquietude pela reação de .
— Isso é… Isso é inacreditável. Vocês estão juntos? — Alex murmurou, sem esconder a surpresa de sua feição. — Surpreendente.
— Surpreendente é uma das palavras que podem dizer. — brincou, direcionando seu olhar para e esperei que o loiro falasse algo, mas ele se manteve em silêncio. Ele não encarava, mas desviou os olhos para minha barriga por alguns segundos. Nesse momento pude sentir tudo revirar-se dentro de mim.
— Não estamos juntos. Estávamos… explorando. — Murmurei de forma tímida, com uma necessidade de negação que eu não sabia de onde vinha.
— Mas é claro que ficaremos juntos agora. — revidou. Tive vontade de me esconder conforme o chão se abria lentamente abaixo de mim. Não era apenas a surpresa da notícia, era a falta de reação de .
O silêncio persistiu, e finalmente, quebrou sua quietude desconfortável.
— Parabéns. — Sua voz era contida, e seus olhos, ao se encontrarem com os meus, expressavam uma mistura indecifrável de emoções.
, por trás de mim, envolveu-me em um abraço, acariciando suavemente minha barriga. Uma onda de calor e ternura percorreu meu corpo, mas ao mesmo tempo, uma sensação de culpa se instalou quando percebi os olhos de fixos em nós.
permaneceu em silêncio, sua expressão impassível enquanto processava a notícia. Eu desejava uma reação dele, qualquer sinal de que ele estava lidando com aquilo, mas sua quietude era como um vazio incompreensível e torturante.
, alheio ao turbilhão emocional ao nosso redor, manteve seu abraço, mas percebi uma troca de olhares significativa entre ele e . Era como se as entrelinhas de uma conversa silenciosa ecoassem no estúdio. Enquanto tentavamos processar o impacto da notícia, Alex, talvez buscando aliviar a tensão com humor, começou a brincar, saindo do choque inicial.
— Parece que teremos um novo membro na banda. Talvez ele toque um instrumento antes mesmo de aprender a andar!
— Quem sabe ele já nasça com um talento especial para encantar multidões, não é mesmo? Assim como o pai dele ou quem sabe ele herde o vocal do padrinho, porque claro que você será padrinho do meu filho, certo ? — , por sua vez, respondeu com um sorriso astuto.
Uma tosse suave escapou dos lábios de , o seu desconforto ficou evidente em sua expressão. O semblante de endureceu, e ele soltou um suspiro pesado.
— Parabéns ao casal, mais uma vez. Eu preciso ir.
— Qual é, cara? Não precisa ser tão reservado. Entendo que seja difícil pra você. Afinal, é complicado ver a mulher que você ama nos meus braços, especialmente quando ela está carregando o meu filho. — O estúdio ficou ainda mais silencioso com a revelação de e meus olhos se arregalaram com surpresa. Meu olhar automaticamente se voltou para , como uma pergunta silenciosa se havia verdade naquilo. Ele não me olhou de volta, seu olhar permaneceu fixo em , sua expressão carregava uma mistura de incredulidade e raiva contida.
— O que? — Sussurrei, incapaz de conter minha surpresa. Eu sabia que não estava em seus sentidos normais, ele havia bebido e por isso estava agindo como um idiota. Tinha que ser isso.
, já irritado com a provocação anterior, não conseguiu esconder a fúria que tomava conta dele. , por sua vez, parecia se deleitar com a tensão que ele mesmo provocava.
continuou, elevando o tom da provocação.
— Oh, não finja surpresa, . e eu sempre tivemos essa... competição silenciosa sobre quem terminaria com você. Eu sei que no fundo você percebia. — continuou com seu tom de zombaria, fazendo-me afastar dele. Ele não era assim, essa personalidade não era a que eu conhecia e, assim como , eu estava começando a ficar irritada. — Mas agora, com o bebê a caminho, é melhor que ele se acostume com a ideia de que a família vai crescer e que ele perdeu. — Seu olhar voltou em direção a , de forma provocativa. Eu permanecia sem reação, buscando de uma resposta. Eu nunca soube dos seus sentimentos, se isso fosse verdade eu havia passado meses achando que apenas eu nutria algo. Se ele também sentisse algo por mim, então todas as divergências, todos os ciúmes, todos os beijos com a desculpa do marketing seriam reais e não uma mentira. — Sabia que não seria fácil para você, , mas não achei que seria tão difícil. Talvez seja hora de superar essa paixão platônica e aceitar que a vida… — não teve a chance de terminar a provocação.
O soco de atingiu em cheio, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio e caísse no chão. O som do impacto reverberou pelo espaço, ecoando a intensidade do confronto emocional. Um grito escapou dos meus lábios enquanto eu corria em direção ao tumulto. A cena era surreal, uma interrupção abrupta na harmonia que costumava caracterizar nosso ambiente musical. Os instrumentos caíram no chão quando tentou se equilibrar, aumentando o barulho.
— Chega! — exclamei, tentando desesperadamente interromper a disputa física.
Alex, rápido para perceber a gravidade da situação, se colocou entre e , erguendo as mãos em um gesto de apaziguamento.
— Pare com isso! está grávida, precisamos manter a calma aqui.
A urgência em sua voz cortou o ar carregado, fazendo com que a tensão diminuísse momentaneamente. Os olhares raivosos entre e encontraram uma pausa enquanto a realidade da situação se impunha.
, você precisa se acalmar. Não é o momento para isso — insistiu Alex, seus olhos fixos no amigo.
, ainda visivelmente irritado, fechou os olhos por um breve instante, como se buscasse controle sobre as emoções turbulentas que o assolavam. As mãos passaram pelo rosto em um gesto de exaustão, e finalmente, ele se afastou. Um último olhar foi lançado em minha direção antes de sua retirada.
Eu queria dizer tantas coisas a ele naquele momento. Queria questionar se o que havia dito era verdade, se existia algum sentimento entre nós. Queria entender se o que acabara de acontecer tinha sido resultado do calor do momento ou de emoções reprimidas. O desejo de saber se ele nutria algo por mim ardia em meu peito, porque, céus! Eu nutria muitos sentimentos por ele.
— Mush… — chamei pelo apelido carinhoso que costumava usar com ele. Seus olhos se fixaram em mim por um instante, mas ele rapidamente colocou uma mão entre nós, indicando que precisava de distância.
Eu dei um passo hesitante na direção dele, mas se afastou, mantendo uma barreira física entre nós. Era como se ele estivesse evitando não apenas a briga, mas também qualquer proximidade emocional que pudesse emergir dela.
— Eu estou saindo da banda. — Anunciou, suas palavras cortando o ar como uma sentença. Sem dar espaço para mais interações, ele deixou o estúdio.
Meus olhos seguiram , uma parte de mim gritando para correr atrás dele, para resolver tudo que estava pendente entre nós. Mas antes que eu pudesse dar o primeiro passo, segurou gentilmente meu braço, interrompendo minha tentativa impulsiva.
— Deixe-o ir, . Ele precisa de um tempo para processar tudo isso. Pelo bem do nosso filho, deixe-o ter o espaço que precisa.
— Você está bem? — pergunto, minha voz contendo um misto de preocupação e ansiedade enquanto pego um lenço e ajudo a limpar o sangue que escorre de seu nariz.
Ele sorri, mas é um sorriso tingido pela recente disputa física.
— Foi só um soco, . Eu deveria estar perguntando se você está bem. Não pode passar nervoso assim, especialmente agora.
O toque suave do pano úmido contrasta com a tensão ainda presente no ar. A decisão de deixar ir ainda pesa sobre mim, mas, por enquanto, nos apoiamos na fragilidade deste momento compartilhado. Eu me pego sorrindo levemente diante da ironia da situação.
— É fácil para você falar, senhor "eu lido com isso o tempo todo". — Retruco, tentando adicionar um toque de leveza à nossa conversa.
ri, mas há uma ternura em seu olhar.
— Talvez, mas agora, eu sou só um cara tentando fazer a coisa certa. E agora, a coisa certa é garantir que você esteja bem.
O silêncio se instala por um momento, e eu me pego apreciando a sinceridade nas palavras de . Apesar de todas as complicações que surgiram, apesar de eu não amá-lo, há uma conexão especial entre nós, uma conexão que persiste mesmo diante das tempestades emocionais como estas. E, por enquanto, neste instante delicado, é isso que importa.

Agora.

Dois meses se passaram desde aquele tumultuado episódio no estúdio. O tempo, como sempre, seguiu seu curso implacável, trazendo consigo mudanças irreversíveis. , escolhendo um caminho de distância, partiu para outro país. Sua partida foi marcada por um silêncio ensurdecedor, ignorando completamente minhas mensagens e ligações, e formalizando o fim de sua jornada com a banda através de um contrato de rescisão assinado por um advogado.
Em meio a essa nova realidade, um mês depois, enfrentei a dor de um aborto espontâneo. Descobri que complicações genéticas minhas impediriam minha capacidade de manter uma gravidez segura. A perda, profunda e devastadora, trouxe à tona um vazio que parecia intransponível.
No entanto, em meio às sombras, surgiu uma luz. permaneceu ao meu lado, oferecendo apoio silencioso e compreensão sem fim. Dia após dia, a conexão entre nós cresceu, transformando-se em uma cumplicidade sem precedentes. O que começou como amizade e evoluiu para um apoio mútuo durante momentos difíceis tornou-se algo mais profundo. Dia após dia, sua presença se tornou um alicerce, e o que começou como uma amizade e cumplicidade durante os momentos mais sombrios cresceu em algo maior. Nossa relação evoluiu, e aos poucos, passamos de amigos para namorados. O comprometimento se aprofundou ainda mais quando decidimos noivar e, finalmente, casar.
Três anos após o casamento, e eu decidimos iniciar um tratamento para superar as complicações que eu enfrentava para manter uma gravidez segura. A esperança e a ansiedade nos acompanharam durante todo esse processo, cada consulta médica, cada procedimento, cada singular momento ou expectativa aumentava a jornada repleta de emoções que trilhamos. E então, um dia, a notícia que tanto esperávamos chegou. Descobrimos que eu estava grávida novamente. A alegria que inundou nossos corações foi indescritível, uma vitória sobre as adversidades que havíamos enfrentado.
Nove meses depois, a pequena nasceu, trazendo consigo uma luz renovada para nossas vidas.
A maternidade, dessa vez, foi uma experiência diferente. Cada risada, cada noite em claro, cada momento de descoberta era agora compartilhado não apenas entre mim e , mas também com nossa filha. , em sua doçura e vivacidade, tornou-se a personificação da esperança que floresceu em nosso relacionamento.
preencheu um lugar em meu coração que eu nem sabia que precisava ser preenchido com tanto desespero. Outro lugar permaneceu vazio porque o homem que eu amava não era o homem que eu devia amar. Por isso havia tanta tensão entre e eu, entre e . O fim da banda foi o motivo para o mundo, mas a destruição começou em nós muito antes.

Capítulo 5



O camarim estava silencioso, exceto pelo som abafado de passos no corredor. Eu encostei a porta atrás de mim, trancando o mundo lá fora e, assim que entrei, meus olhos pousaram nela, sentada no sofá de couro preto e me olhando com uma mistura de desejo e hesitação.
Ela não era . Essa mulher, com quem eu estava prestes a me perder, não tinha nada da delicadeza que eu tanto buscava inconscientemente na porra da minha cabeça o tempo inteiro, mas talvez fosse isso que me atraísse. Era fácil, sem complicações, sem o peso do passado ou do que poderia ter sido.
Eu me aproximei, deixando que meus dedos roçassem entre a pele exposta de suas coxas. Ela estremeceu, seus olhos fecharam-se brevemente enquanto um suspiro baixo escapou de seus lábios entreabertos. Mas tudo o que eu conseguia pensar era em como reagiria a esse toque. Como ela arquearia as costas, como seus lábios se entreabririam em um suspiro suave… Merda de passado que não saia da droga da minha cabeça.
... — A voz de Lyssandra me trouxe de volta ao presente, mas era distante o suficiente para não silenciar nenhuma das drogas de pensamento que eu estava tendo.
Eu não disse nada, apenas a puxei para mais perto. Minhas mãos exploravam seu corpo com uma fome, mas eu sabia que não era por ela que estava faminto. Que a raiva que eu usaria ali, não era destinada a ela. Nem o desejo era. Era pela sensação de controle, de me afogar em alguém que não pudesse me machucar como fez.
Meus dedos encontraram a sua calcinha, já molhada e quente, entre as pernas dela, e movi ambos com precisão. Ela gemeu, abrindo mais as pernas e esfreguei o tecido suavemente contra a sua boceta, rápido e lento ao mesmo tempo. A cada movimento, eu me perguntava como cheguei aqui, perdido em um ciclo de satisfação instantânea. Lembro-me de quando a música era tudo, quando estar no palco ao lado de e era o que me preenchia. E aqui estou eu, tentando preencher o vazio com algo que nunca será suficiente. Mesmo sabendo que voltaremos ao palco, uma parte minha nunca irá retornar.
Lyssandra começou a se contorcer sob meu toque, deixando sua respiração ficar ainda mais pesada, mas minha mente estava a quilômetros de distância, revivendo momentos com . As risadas compartilhadas durante as turnês, as noites em que compusemos juntos, os olhares trocados no palco que diziam mais do que qualquer palavra.
Meus dedos se moveram mais rápido, arrancando gemidos dela. Fechei os olhos por um momento, imaginando que era sob meu toque, que era ela quem estava me implorando por mais.
Mas não era.
E nunca seria.

Ela se apertou contra mim, suas mãos arranharam minhas costas e sua perna relaxou ainda mais, ficando trêmula em alguns minutos, e eu a observei enquanto o prazer a dominava em meios a suspiros e gemidos. Ela não tinha ideia do que estava passando pela minha mente.
Para ela, eu era apenas o que ela desejava. Nada mais. E eu queria ser, mas não conseguia.
Eu sentia o corpo dela tremer, ainda tentando recuperar o fôlego. Minhas mãos ainda estavam em suas coxas, e por um breve momento, pensei que talvez isso fosse o suficiente, que talvez eu tivesse encontrado algum tipo de paz temporária. Mas era uma mentira, como tudo o que vinha acontecendo ultimamente.
Lyssandra me olhou com um brilho nos olhos, uma mistura de satisfação e algo mais que eu preferia fingir que não existia. Ela se moveu lentamente, descendo do sofá, e eu sabia exatamente o que ela pretendia fazer. A intenção era clara nos seus olhos, e eu deveria querer isso, deveria deixar que ela me desse aquilo que eu sempre aceitava de bom grado. Ela se ajoelhou diante de mim, os dedos finos começando a desabotoar meu cinto. Mas algo dentro de mim se quebrou. Talvez fosse o cansaço, ou talvez a memória de estivesse mais viva do que eu gostaria. Ver Lyssandra ali, tão disposta, entregando-se a algo que eu nem mesmo conseguia apreciar, me trouxe uma onda de desgosto. Não por ela, mas por mim.
— Não — murmurei, minha voz soou mais áspera do que eu pretendia e, por um instante, senti culpa.
Ela parou, surpresa, mas não protestou. Apenas olhou para mim, questionando o que estava acontecendo. Eu a puxei para cima, gentilmente, mas com minhas mãos firmes, enquanto a levantava do chão. Ela ficou em pé e, com os olhos confusos, buscou uma explicação que eu não tinha palavras para dar.
Eu me aproximei, deixando um beijo suave em sua testa. Um ridículo beijo na testa enquanto ela estava, há segundos, ajoelhada para me chupar.
— Acho que é melhor você ir — sussurrei, tentando manter a voz firme. — Antes que a próxima entrevista comece.
Ela assentiu lentamente, ainda tentando entender o que havia mudado tão repentinamente. Com um último olhar, ela se afastou, ajeitando as roupas antes de sair pela porta. Eu fiquei ali por um momento, respirando fundo, tentando afastar a sensação de que estava perdendo o controle de tudo ao meu redor. Lyssandra era uma distração, nada mais. Mas mesmo as distrações estavam começando a falhar. Eu sabia que, eventualmente, teria que enfrentar o que estava me corroendo por dentro – , , a banda, tudo que eu estava tentando desesperadamente evitar. E a verdade era que eu não sabia se estava pronto para isso.
Eu não lembrava quando tudo tinha voltado tão forte. Eu não estava mais ali. Minha mente já estava no show que viria, em como seria ver novamente no palco, em como seria tocar ao lado dela e de , fingindo que tudo estava bem.
.
Maldita .

estava em cada nota que eu tocava, em cada palavra que eu cantava. Ela era o que eu nunca conseguiria esquecer, o que eu tentava enterrar em corpos e momentos como esse. O que antes me trazia alívio, agora não passava de um lembrete amargo do quanto tudo estava fora do lugar.
Eu soltei um suspiro longo e pesado, afundando no sofá onde, minutos antes, Lyssandra havia estado. Passei as mãos pelos cabelos, tentando acalmar a tempestade dentro de mim, mas a irritação só aumentava. Nada parecia funcionar mais. Nem a música, nem o sexo. Nem mesmo a ideia de fugir para algum canto escuro da cidade e esquecer o mundo por algumas horas era capaz de me trazer qualquer paz. Tudo estava desmoronando. E o pior é que eu sabia o porquê, sabia e odiava admitir.
Eu tentei afastar o pensamento, mas ele voltou com força.
, com seu sorriso fácil, seus olhos brilhando de felicidade, segurando a filha nos braços. A imagem estava gravada na minha mente como a porra de um quadro permanente e ipermeável, e quanto mais eu tentava apagá-la, mais ela se fixava. A última vez que a vi, com a pequena nos braços, rindo de algo que tinha dito, me fez perceber o quanto eu estava sozinho, o quanto eu não fazia parte desse mundo que ela tinha construído.
Ela parecia tão completa, tão satisfeita com a vida que tinha agora. tinha dado a ela tudo o que eu nunca poderia dar, ou pelo menos, era o que eu sempre dizia a mim mesmo. Ou talvez não. Eu poderia ter dado tudo aquilo a ela, se tivesse sido um homem diferente, se tivesse feito escolhas diferentes.
Eu poderia ter sido o pai da filha dela, poderia ter sido aquele ao lado dela no altar, poderia ter sido o homem que a fazia se sentir segura, completa. Mas ao invés disso, eu fui o que sempre fui: um músico perdido, preso em seus próprios demônios, incapaz de oferecer qualquer coisa além de caos e incertezas. Um amigo, nada mais do que isso.
Eu bati o punho no braço do sofá, sentindo a frustração escorrer pelos meus nervos. Eu odiava me sentir assim, odiava o fato de que, apesar de tudo, ela ainda tinha esse poder sobre mim.
O que estava me incomodando tanto? Era a felicidade dela, a maneira como ela seguia em frente, construindo uma vida que eu nunca poderia fazer parte? Ou era a criança, tão pequena, tão perfeita, que a completava de uma forma que eu nunca poderia? Uma filha que poderia ter sido minha, se eu tivesse sido corajoso o suficiente para lutar por ela, para lutar por nós.
Eu afundei no sofá, respirando fundo, tentando afastar o nó que se formava na garganta. Talvez fosse tudo isso junto. A constatação de que, por mais que eu tentasse, nunca conseguiria substituir o que perdi. Que por mais que eu me afogasse em distrações, o vazio dentro de mim continuava crescendo, me puxando para um lugar de onde eu não sabia se poderia sair.
A única certeza que eu tinha naquele momento era que nada mais funcionava.
E eu não tinha ideia do que fazer com isso.

Capítulo 6



A madrugada envolvia o quarto em um manto denso, a escuridão era interrompida apenas pelo brilho pálido da lua que se infiltrava pelas cortinas. estava de bruços na cama, seu corpo curvado e deliciosamente entregue sob o meu. Eu me movia dentro dela com controle e necessidade, sentindo cada reação, cada suspiro que ela deixava escapar, sentindo sua boceta pulsar contra o meu pau em uma resposta do corpo dela, como um vício que eu não tinha a menor intenção de abandonar.
gemia baixinho, sua voz estava carregada de prazer, e cada som que escapa dos seus lábios apenas alimentava mais a minha necessidade dela. Não era apenas desejo, era a certeza de que ela era minha. Sempre foi. Sempre seria. Cada impulso meu, cada vez que eu a tomava assim, era um lembrete disso. Eu vi a oportunidade e tomei o que queria, sem olhar para trás.
Eu a segurei pelos quadris, mantendo as mãos firmes e possessivas, puxando-a contra mim com força, intensificando o ritmo dos meus movimentos até que o barulho fosse alto, até que eu estivesse tão dentro dela que se tornasse dolorido. Eu queria que ela sentisse, em cada célula do corpo, que não havia escapatória. Ela poderia tentar esquecer o passado, mas ele estava marcado nela, no que éramos agora. Eu fiz isso acontecer, e agora, enquanto me movia dentro dela, eu sabia que ela nunca poderia fugir de mim. Enquanto me movia mais profundamente, sentia ela me envolver, seu corpo se ajustando ao meu como se fosse feito para isso. E era.
Um sorriso se formou em meus lábios enquanto uma parte sombria de mim se deliciava com a ideia de que, por mais que ela tentasse negar ou esquecer, a verdade era inescapável: ela me escolheu, porque eu a fiz escolher.
Me inclinei para frente, deixando a pele quente dela ainda mais imprensada contra a minha, encostei minha boca em seu pescoço e deixei meus lábios roçando a curva do seu pescoço. se contorceu embaixo de mim, empinando mais a bunda para que eu a fodesse. Meu toque deslizou pelas suas costas, descendo até seus seios, apertando-os com força, enquanto eu sussurrava ao ouvido dela.
— Você é tão gostosa, tão minha.
Ela respondeu com um gemido longo e profundo, e eu senti seu corpo apertar em volta de mim.
Eu a guiei com firmeza, controlando o ritmo enquanto afundava mais o meu pau dentro dela. Eu fiz o que era necessário para que ela fosse minha, e agora, enquanto me movia mais rápido, mais duro, eu sabia que ela entendia isso.
arqueou as costas, vi os seus dedos se apertando no lençol, enquanto eu a puxava contra mim, penetrando mais fundo, mais forte. Cada estocada era uma declaração silenciosa de posse, uma afirmação de que ela estava exatamente onde deveria estar — comigo, sob meu controle, sentindo o prazer que eu estava lhe dando.
Eu senti o corpo dela começar a tremer, prestes a gozar, e eu intensifiquei as estocadas, determinado a levá-la até o limite. Quando finalmente ela se desfez, gritando meu nome, eu sabia que ela estava completamente minha. O som dela se entregando ecoou no quarto, e eu me permiti seguir logo atrás, gozando dentro dela.
Mas mesmo enquanto o prazer se espalhava por mim, o controle nunca desaparecia. Eu me retirei devagar de dentro dela, sentindo o seu corpo relaxar sob o meu. Me deitei ao lado dela, puxando-a para perto, com a respiração ainda acelerada.
De repente, o som suave de um choro ecoou pelo corredor, puxando-me de volta à realidade. Eram uma e meia da manhã e estava acordada. O som era quase um lamento, e eu soube imediatamente que ela precisava de mim. suspirou ao meu lado, a voz saindo rouca e cansada.
— Eu não consigo me levantar...
Eu sorri com ternura, observando o quanto ela estava exausta.
entregou tudo de si em cada aspecto de nossas vidas – como esposa, como mãe, e mesmo no palco. Ela estava exaurida de um jeito que só o amor e a dedicação poderiam causar. Inclinei-me sobre ela, beijando-a profundamente, mas com delicadeza, sentindo o amor que eu tinha por ela inundar cada parte de mim. me enchia de uma forma que eu nunca achei que seria possível.
— Fique aqui, eu cuido dela — murmurei contra os lábios dela, antes de me afastar.
Levantei-me da cama, vestindo rapidamente uma camiseta e calça jogadas no chão. Ao olhar para mais uma vez, percebi o quanto eu tinha sorte.
Ela era minha, mas mais do que isso, eu era dela.
E era o laço que selava tudo isso. Essa era a vida que sempre desejei, e eu faria qualquer coisa para protegê-la.
Caminhei pelo corredor até o quarto de , onde a encontrei de pé no berço, esfregando os olhinhos ainda sonolentos e as bochechas molhadas de lágrimas. Ao me ver, ela estendeu os bracinhos para mim, e meu coração se derreteu.
— Ei, meu amor, o que aconteceu? — perguntei suavemente, enquanto a pegava no colo.
imediatamente se aconchegou em mim, o choro diminuindo para murmúrios enquanto ela descansava a cabeça no meu ombro. Segurei-a com firmeza, mas também com a delicadeza que só um pai pode ter. Enquanto eu a embalava, senti todo o amor que tinha por ela. Quando engravidou a primeira vez, eu fiquei feliz e aflito. Na segunda gravidez tudo que senti foi a prontidão da paternidade. Acho que me escolheu antes que eu pudesse fazer qualquer coisa. Antes que eu pudesse sentir qualquer coisa.
Levei até a poltrona no canto do quarto, sentando-me com ela aninhada no meu colo. Ela era tão pequena, tão dependente, e cada vez que a segurava assim, lembrava-me do quanto minha vida tinha mudado. Não era mais só sobre mim, ou sobre , era sobre nós três. E eu estava determinado a ser o melhor pai e marido que podia ser.
— Papai tá aqui, pequena. O que foi? Teve um pesadelo? — sussurrei, acariciando seus cabelos castanhos.
Ela murmurou algo incompreensível, mas logo os olhinhos pesados se fecharam novamente. Eu continuei embalando-a, cantando baixinho uma canção que costumava tocar para quando ela estava grávida. Aos poucos, o corpo de relaxou completamente, e eu soube que ela tinha voltado a dormir.
Com todo o cuidado, coloquei-a de volta no berço, observando-a por um momento enquanto ela dormia tranquilamente. Meu coração estava cheio, e uma parte de mim ainda não acreditava que isso era real – que eu tinha uma família tão bonita, tão completa. Era algo que eu nunca imaginava que teria, mas agora que estava aqui, eu não abriria mão disso por nada.
Ao voltar para o quarto, encontrei ainda adormecida, o rosto dela sereno. Me deitei ao lado dela, puxando-a suavemente para mais perto, e ela instintivamente se aconchegou em mim, como sempre fazia. Havia uma paz nesses momentos que eu nunca conseguia explicar, mas que me preenchia por completo. Eu faria de tudo para que ela fosse feliz, para que crescesse sabendo que era amada.
poderia ter sido o começo, mas eu era o fim. E sempre soube disso, mesmo que nunca admitisse. Ela estava exatamente onde deveria estar, onde eu a coloquei, e eu garantiria que ela nunca se esquecesse disso.



Continua...



Nota da autora: Sem nota.



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