Finalizada em: 23/09/2018

Capítulo Único

mascava o chiclete insistentemente e batia o lápis no livro aberto enquanto esperava o sinal tocar para anunciar o final da aula, não aguentando mais ficar presa naquele cubículo que chamavam de sala. Tudo o que queria era um pouco de paz e ar livre para sentir-se mais confortável com tudo o que estava acontecendo naquela semana, e não seria ali dentro que ia conseguir isso.
Não sabia onde havia perdido o controle das coisas, mas agora estava tudo simplesmente uma bagunça. Não sabia o que havia feito, mas não queria nem mesmo olhar para sua cara, e isso estava fazendo com que enlouquecesse.
― Hey, ! ― virou para trás ao ouvir a voz conhecida da melhor amiga lhe chamando e sorriu de canto ao dar de cara com correndo para lhe alcançar no corredor. ― Que cara de desânimo é essa?
― Vamos guardar o material e então nós conversamos melhor, em outro lugar. ― respondeu em um sussurro, reforçando as últimas palavras e com um olhar significativo para os lados, onde boa parte das pessoas as encarava passando.
― A-Ah, sim, claro. ― a amiga se preocupou automaticamente, mas concordou com a cabeça, sorrindo compreensiva. ― Quer ir ao café? Não deve ter muita gente lá agora.
― Sim, lá é ótimo. ― forçou um sorriso, tentando parecer mais animada do que realmente para não preocupar tanto . Porém, não fingia muito bem, quando praticamente jogou todos os livros dentro do armário e bateu a porta antes de sair, fazendo a outra arregalar os olhos, mas reprimir uma risada ao começar a segui-la para fora do Colégio.
Conhecia o suficiente para saber que aquelas crises da amiga muito frequentemente não eram por alguma coisa muito séria. Ela era uma pessoa de personalidade forte e constantemente ficava brava. O problema, na verdade, era quando ela ficava quieta demais, e sabia que, se isso estava acontecendo, era porque a garota estava realmente incomodada.
Atravessou a rua e colocou a bolsa em cima da mesa na qual a amiga havia sentado no café, de frente para a saída do prédio escolar. tinha os olhos focados em cada rosto que deixava o portão, e não precisou de muito para entender o que estava acontecendo.
― Ok, me explica, por que vocês brigaram? ― questionou ao sentar-se, aproveitando para chamar o garçom com um aceno e um sorriso, que respondeu que já estaria indo.
― O problema é exatamente esse! Eu não sei. E não foram “vocês”, foi ele. Ele simplesmente terminou comigo, sem mais nem menos, sem nem me explicar o porquê, e eu não faço a mínima ideia do que aconteceu. ― despejou de uma vez o que estava amargurando durante todo o fim de semana.
― Ele terminou com você…?!
― Sim. Desde semana passada ele estava estranho, mas aí, do nada, me deu um pé na bunda. Não entendi nem um pouco direitinho. ― suspirou, frustrada, e entendeu por que a amiga tinha deixado de responder todas as mensagens durante o sábado e domingo.
― Você pensou na hipótese dele… não gostar mais de você? ― riu de nervoso ao perguntar isso, tentando fazer não soar muito ofensivo e já imaginando o vaso que enfeitava o centro da mesa voando na sua cara.
Adolescentes eram daquela forma, hoje eles gostavam e amanhã, não. Não era muita novidade, e a própria já acabara terminando uma vez com seu único namorado pelo mesmo motivo.
― NÃO! ― bateu com a mão na mesa ao gritar, completamente revoltada e sem nem mesmo perceber que os adultos que a cercavam por ali olharam para a garota como se ela fosse louca. ― Eu sei que não, ele realmente gostava de mim, não terminaria desse jeito por qualquer coisa… Eu sentia, de verdade, porque também gostava dele.
― Gostava? ― indagou com uma das sobrancelhas arqueadas e aquela típica expressão de amiga quando você não quer admitir a realidade.
― Gosto, eu ainda gosto dele. Não vou deixar isso para lá tão facilmente. Ele vai ter que, no mínimo, me dizer o que eu fiz. Sei que isso pode soar como aquele papo de ex doida e obcecada, mas eu sinceramente não vou conseguir ficar sem saber do que me arrepender. É muito injusto.
se assustou ainda mais ao ver os olhos da amiga reverberarem contra a luz, sinalizando sua vontade de chorar. Levantou-se para sentar na cadeira do lado de onde estava, a envolvendo em um abraço lateral para consolá-la. Apesar de popular entre todo o colégio, a amiga não costumava se envolver muito com garotos e, quando o fazia, é porque realmente estava interessada.
Ao mesmo tempo, não sabia bem como demonstrar aquele interesse, e muitas vezes acabava parecendo muito fria e, por isso, nem mesmo a própria havia imaginado que ela gostasse tanto assim de .
― Não se preocupe, , vocês dois vão se resolver. Se ele realmente gosta de você como você sente, vocês precisam só conversar e tudo vai voltar aos trilhos.
― O problema é que ele não quer conversar. ― murmurou, desanimada, virando o corpo e tentando se recompor. ― Ele nem quer me ver.
Haviam namorado apenas por quatro meses, mas a paixão que sentia era tão intensa que sabia que nunca a esqueceria, mesmo se, no fim, realmente não quisesse mesmo mais saber dela. E a dor em seu peito apenas cresceu quando o viu deixando o Colégio e rumando para casa.
― Droga, o que foi que eu fiz?! Quando eu estou sem esse garoto, fico louca. ― bateu a mão na mesa, com vontade de levantar e ir atrás dele sem nem pensar duas vezes, mas a amiga segurou sua mão e lhe impediu.
― No momento certo, . Não adianta forçá-lo a algo que ele não quer agora. Tenha paciência, e tudo vai se resolver.

❥❥❥❥❥


Podia parecer que não, mas também estava com saudades.
Mordeu o doce em suas mãos com força, apostando na compulsividade para reprimir seu desejo de sair correndo para onde estava e pedir desculpas por ter sido tão rude. Mas o que ficou sabendo era demais para si, e não conseguia mais confiar na garota para manter aquele relacionamento, por mais que também gostasse dela.
Suspirou, frustrado, descendo as escadas que levavam até o andar térreo e observando a escola vazia por ser horário de aula e estar apenas fingindo passar mal para dar um tempo daquele lugar. E, quando a saudade praticamente se tornava insuportável, se deparou com uma cena que foi completamente capaz de dizimá-la.
Lá estava , sua ex-namorada. E, ao lado dela, conversando com a garota com uma feição séria, estava , o ex-namorado dela. Teve vontade de ficar ali e bisbilhotar o que estavam falando, mas não se sentiu nesse direito, além da raiva que tomou sua mente ter lhe impedido.
― Como eu poderia saber que alguma coisa estava fora do lugar? Não foi assim que eu planejei.
Murmurou para o melhor amigo, passando uma das mãos nos cabelos e evidenciando ainda mais seu nervosismo, sem perceber a presença masculina, que foi embora em um furacão de fúria pelo outro lado do corredor.
, você tem que parar de se culpar! Você pode nem ter feito nada, por que está paranoica assim? Isso não é certo. ― bronqueou com uma expressão brava, vendo a amiga arregalar os olhos ao pensar por esse lado. ― A culpa pode ser dele, não se enxergue como vilã de tudo!
― Eu sei que parece que é isso e que não estou aceitando o pé na bunda, mas não é, eu juro! Eu sei que aconteceu alguma coisa e vou descobrir o que é. ― suspirou, desistindo de tentar convencê-la do contrário e de deixar para lá. ― O não faria algo assim.
Teve vontade de questionar como ela sabia, mas, outra vez, desistiu de tentar. era assim. Se colocasse algo na sua cabeça, nada iria tirar, e se tinha alguém que a conhecia bem o suficiente para ter certeza disso, esse alguém era .
― Você sabe que eu tô contigo. ― por mais problemático que aquilo fosse e deixasse sua sanidade em risco. ― Mas como você pretende fazer isso?
― Eu vou tentar falar com ele de novo. Eu mereço saber o porquê dele me largou do nada.

❥❥❥❥❥


Fazia seis meses desde a primeira vez que pisara dentro daquele Colégio, e sua vida havia virado de cabeça para baixo desde então. Na verdade, desde antes de pisar ali, tudo havia mudado completamente. Sua mãe já achava que a cidade o estava estragando, e, enquanto ele ria com aquilo, tentava fingir que aquilo não estava acontecendo. Tudo o que estava fazendo era normal de um adolescente, então por que sentia-se daquela forma?
A mudança do interior para a cidade não era algo muito fácil de se lidar para um garoto como , que fora sempre criado com muita proteção de não só da progenitora, como de todas as mulheres da família. Em apenas dois meses, ele conheceu muita coisa que nunca havia nem mesmo visto em sua vida, e entendeu como as coisas funcionavam por ali. Ou, pelo menos, ele achava que tinha entendido.
Em apenas dois meses, ele se apaixonou e teve a experiência de seu primeiro namoro, mesmo que não soubesse ainda se iria descrevê-lo como agradável ou não. Mas só sabia que estava doendo, e suspirou, sentado na calçada da entrada do colégio. Havia chegado tão cedo que ainda faltavam quinze minutos para a abertura dos portões, e não estava nem um pouco disposto a criar coragem para erguer o corpo e encarar mais um dia ao qual teria que encará-la…
― Ei, ! ― a voz feminina soou no fundo de sua mente, e, por um segundo, ele achou que fosse um delírio por tê-la deixado se infiltrar em seus pensamentos outra vez.
― Droga… ― grunhiu para si mesmo, erguendo uma das mãos e a afundando os dedos nos próprios cabelos para tentar tirar aquilo da sua cabeça.
― Não fale assim! ― outra vez a ouviu, agora vindo bem da sua frente e fazendo com que erguesse a cabeça para encará-la com uma sobrancelha arqueada. ― Eu quero conversar com você!
― A gente já conversou… ― a presença de lhe trazia sentimentos controversos. Uma parte dele estava feliz por vê-la e poder ouvir sua voz outra vez, enquanto a outra começava a falar em seu ouvido que deveria sair correndo o mais rápido possível.
― Não tudo o que precisávamos. ― ela cruzou os braços, agachando na sua frente para poder nivelar os olhares e piorar ainda mais a sua situação.
, não! Eu não tenho nada o que dizer! ― disparou de forma afobada, rapidamente levantando e literalmente saindo correndo pela rua para fugir da garota, que o deixou escapar por entre dedos.
E, se não fosse o suficiente, ainda esbarrou naquele que andava atormentando sua mente durante a sua caminhada, dando-lhe a certeza de que não voltaria naquele dia para aquele Colégio.
, por sua vez, não prestou atenção em quem quase lhe derrubou enquanto corria, até porque também estava com pressa depois do que havia chegado nos seus ouvidos e precisava chegar até o mais rápido possível.
Por sorte, não demorou muito e, assim que virou a esquina, a encontrou em crise existencial na porta do Colégio, com os fones de ouvido no máximo e o rosto avermelhado. Nem mesmo a própria sabia se era de raiva ou frustração depois do que havia acabado de fazer.
Nunca deveria tê-lo deixado ir, mas como seria capaz de pará-lo quando ele já estava tão longe? Se ele ao menos mostrasse o que precisava ou queria…
! ― pegou a amiga pelos ombros assim que chegou frente dela, chacoalhando-a incansavelmente e impedindo a menina de até mesmo tirar o aparelho do ouvido.
― ‘Tá louco? ― teve vontade de gritar, mas se controlou, porque já havia algumas pessoas por ali, se irritando além de pela loucura, pelo fone ter caído.
― Eu descobri! Eu sei o que aconteceu! ― ele falou quando a amiga estava prestes a lhe agredir, fazendo-a arregalar os olhos e parar a mão, que já voava para dar-lhe um tapa.
― C-Como?! O que aconteceu?! ― sentiu a voz falhar com aquela notícia, e o melhor amigo lhe puxou pela mão para auxiliar que levantasse e puxou para longe, já que algumas pessoas os encaravam curiosas.
, eu te disse, você não fez nada de errado! E eu vou te explicar por quê. ― começou a andar e puxá-la até um parque, que ficava na rua de trás, e a menina estava tão ansiosa que apenas deixou-se levar.
Não demoraram mais de dois minutos para chegar até lá, se esgueirando dos conhecidos que esbarraram no caminho e escondendo-se atrás de umas árvores.
― Fala! ― soltou assim que pisaram dentro do lugar e se consideraram seguros, agarrando na lateral da camisa de como se isso fosse lhe dar estabilidade para continuar em pé.
― Então, são algumas coisas… ― continuou andando um pouco, mordendo o lábio de nervosismo e obrigando-a a sentar em um dos bancos. ― Bom, lembra que nós namoramos por alguns minutos, e nunca contamos para o mundo que terminamos? ― fez a piada, tentando descontrair a amiga, mas apenas a deixou mais tensa.
― Sim, mas o que isso tem a ver…? ― ela indagou, não entendendo onde uma coisa se ligava com a outra e colocando a mochila no espaço ao seu lado.
― E lembra que algumas líderes de torcida da escola não gostam de você? ― ele pontuou outra vez, e, sem querer perder tempo com uma resposta verbal, ela apenas assentiu freneticamente com a cabeça para que continuasse logo. ― Bom, parece que elas contaram para o que nós namoramos, mas disseram que você me deu um pé na bunda para ficar com ele.
― Ele acha que eu traí você com ele?! ― questionou de olhos arregalados, e sorriu de canto sem graça, como confirmação. ― Mas isso… Ele não podia falar comigo?! ― ela grunhiu, frustrada, não acreditando que era só aquilo, um mal entendido causado por aquelas infelizes.
― Bom, não é só isso… Lembra quando ele foi na cidade dele buscar algumas coisas que tinham ficado lá durante a mudança? ― novamente, assentiu. ― O dia que você foi à festa da minha irmãzinha na minha casa e ficou até muito tarde, então minha mãe te fez dormir lá porque estava muito tarde para sairmos?
― Lembro…
― Elas enviaram as fotos que postamos e tiramos lá em casa com a minha irmã e falaram para ele que chegamos no mesmo carro no outro dia, na escola. Parece que até disso tiraram foto, também. ― ele explicou, chateado pela situação a qual metera a amiga. ― Você contou para ele que estava lá em casa?!
― Só que eu ia à festa na sua casa… Mas ele não sabia quem você era exatamente, só que éramos amigos. Até porque você nunca estava perto quando eu estava com ele… Eu não pensei que podia acontecer alguma coisa… ― suspirou, passando as mãos pelo rosto para tentar se acalmar. Seu namoro com não havia sido uma coisa muito duradoura e nem chocante. Os dois eram amigos de infância que completamente se entendiam e tentaram, por duas semanas, ver se a relação podia ser algo a mais. Não deu certo, no fim. ― Está tentando me dizer que elas estão dizendo que eu e você…
― Não sei exatamente o que disseram, mas, pelo o que eu soube, foram elas que falaram na cabeça dele. ― colocou uma das mãos no ombro de , tentando consolá-la. Sabia o quanto a amiga detestava quando seu nome se tornava um assunto, principalmente em uma situação daquelas.
… O que eu faço agora? ― ela ergueu os olhos perdidos para encarar o melhor amigo, com a mente completamente branca. ― Eu sempre soube que o era inseguro e teve necessidade de saber o que eu sentia por ele.
― O que já é perigoso o suficiente, sendo você quem é. ― soltou inconscientemente, e arregalou os olhos, ofendida. ― Você sabe que não demonstra muito bem suas emoções, . Não é culpa sua, é só seu… jeito.
― Isso deve ter destruído completamente a estima dele, e é por isso que ele não quer me ver. ― se desesperou com todo aquele aglomerado de fatos, choramingando e abaixando a cabeça até suas pernas. ― E eu o deixei ir tão facilmente na semana passada… Talvez se eu tivesse me esforçado mais
Talvez se eu tivesse dito pela primeira vez que o amo, pensou, relembrando de quantas vezes travara aquelas palavras em sua garganta e se negara a pronunciá-las, pensando em como aquilo podia ter mudado as coisas.
a consolou, acariciando suas costas para confortá-la e pensando em como aquilo que havia contado iria ajudá-la. O celular de tocou depois de alguns minutos daquela forma, e ela o pegou no bolso, vendo a mensagem de , que questionava se eles não iam para a aula.
― Você tem que ir, vai acabar perdendo a hora. ― se recompôs, passando as mãos nos cabelos para arrumar o ninho ao qual eles haviam se tornado e respirando fundo algumas vezes para disfarçar a chateação.
― Você não vai? ― ele indagou se levantando e ajeitando a mochila nas costas, enquanto a amiga respondeu com um chacoalhar de cabeça leve.
― Preciso respirar, vou ficar aqui um pouco. Talvez apareça mais tarde. ― ela forçou um sorriso para não deixá-lo preocupado, e suspirou desanimado, mas assentiu com a cabeça. ― Fala para a que eu estou bem.
― Ok, eu vou falar. Mas não faça nenhuma besteira, ok? Qualquer coisa, me manda uma mensagem e eu apareço de novo.
― Obrigada, . Você vai ser sempre o melhor amigo do mundo. ― levantou-se para abraçá-lo rapidamente antes de deixá-lo ir, e o garoto explodiu em risadas.
― Você só está falando isso porque eu disse que não sabe demonstrar sentimentos, não é? ― ele perguntou, rindo, quando a menina já estava sentada, e ela deixou um escapar um sorrisinho contido ao abaixar a cabeça.
― Idiota.

❥❥❥❥❥


Caminhando no parque para tentar distrair sua mente, seu coração ainda estava acelerado pela situação que passara há alguns minutos e por tê-la tão perto de si. Esfregava a mão uma na outra, tentando aquecer a sua pele gélida e se distrair ao mesmo tempo.
Pensar em não ia ajudá-lo. O que ele tinha que pensar, na verdade, era em como faria para esquecê-la, principalmente quando a garota parecia resignada em não deixar aquilo acontecer.
Puxou o ar ao seu redor profundamente, o segurando por alguns segundos no pulmão e soltando tudo de uma vez, o que não surtiu efeito nenhum. Se pegou pensando em tudo o que haviam lhe falado sobre e .
Mentalmente, começou a repassar todas as informações que tinham lhe dado na semana anterior.
Ele era bonito, muito mais do que si mesmo. Extremamente divertido, atlético, com boas notas. Segundo todos, ele e eram melhores amigos de infância, que conheciam toda a família um do outro e eram inseparáveis. Além de tudo, os dois namoraram por tempo indeterminado.
Seus pensamentos vinham não porque achava que realmente havia lhe traído com ele ou vice-versa, porque a conhecia e confiava nela o suficiente para saber que ela nunca faria isso. Seus pensamentos vinham porque aquilo era um gatilho para sua insegurança consigo mesmo.
era tudo aquilo listado, enquanto tinha um sotaque de interior engraçado, piadas ruins e respostas rápidas. Tornava-se extremamente difícil competir com alguém que, por convivência, conhecia cada expressão facial que aparecesse no rosto de .
Ela merecia uma pessoa melhor segurando a sua mão, alguém ao nível dela. E era isso.
Virou o corredor de árvores que levava para a saída do parque para ir logo para o Colégio antes que acabasse atrasado, e também porque grossos pingos de chuva começavam a cair, respingando em seu rosto. Isso, na verdade, não era um problema, já que o seu guarda-chuva amarelo estava no bolso externo da mochila e logo já havia o pegado, protegendo-se do temporal que se formava e lutando contra o vento, que queria quebrar o objeto na sua mão.
Mais alguns passos, quando passou por um dos caminhos que levava até a saída, teve a impressão de ter visto um rosto conhecido. Inicialmente ignorou ao sentir o arrepio cruzando toda a sua espinha, mas acabou voltando um passo apenas para confirmar se era quem pensava que era.
estava ali, os cabelos já começando a ficarem encharcados pela água que caía do céu, mas ela não parecia se importar com aquilo e nem mesmo tinha a pretensão de sair dali tão cedo. Era como se o céu cinzento e a chuva combinassem perfeitamente com o estado de espírito da garota, ao ponto de deixá-la em completa harmonia com aquela paisagem melancólica.
O coração de pulou uma batida observando aquela situação por alguns segundos, e a vontade de ir até lá foi maior do que o seu controle. Não poderia, nunca, deixá-la daquela forma, ou se sentiria a pior pessoa do mundo. Suspirou ao se aproximar da menina, dando a volta por trás do banco e então sentando ao lado dela, sem se importar se o assento estava molhado.
Assim que dividiu o guarda-chuva meio a meio e os pingos pararam de atingir uma ocupada apenas em abraçar os próprios joelhos e enterrar a cabeça entre eles, ela ergueu o rosto para entender o que estava acontecendo e o que estava lhe protegendo. De início, imaginou que fosse ou , mas ao encontrá-lo ali, ao seu lado, sua garganta até secou.
… ― chamou baixo, disfarçando o fato de sua voz estar embargada com o barulho da chuva que caía e abafava os outros ruídos.
― Não… ― ele tentou novamente segurar aquela situação entre eles, mas o impediu antes que começasse.
― Desculpa. ― pediu no mesmo tom sussurrado, voltando a abraçar suas próprias pernas mais forte.
Estava magoada consigo mesma, mas, mesmo assim, feliz por tê-lo ali, ao seu lado. Ainda acreditava, por mais idiota que fosse, que ele estaria ao seu lado, e isso lhe fez tomar coragem para continuar falando, mesmo que internamente esperasse algum sinal de , esperava que ele lhe tocasse mais uma vez.
― Minha solidão está me matando. ― suspirou, ainda encarando o rapaz de baixo e encostando a lateral de sua cabeça nos próprios joelhos. ― Eu não sei se você acredita em mim, mas eu faria tudo por você. O é mesmo meu ex-namorado, mas nós somos só amigos de infância. Não fizemos nada quando eu fiquei na casa dele, nada além de passar pasta de dente na cara de quem dormisse primeiro. ― contou, desanimada, mas um pouco de esperança se acendeu ao ver um sorriso de canto nos lábios de .
― Eu sei que você nunca faria isso. ― respondeu calmamente, matando a animação da menina outra vez enquanto segurava a sua vontade de ajeitar aquela mecha de cabelo de que caía no rosto angelical.
― Então por quê? Você realmente não gosta mais de mim? ― temeu a resposta para aquela pergunta, mas veio tão forte em sua mente que teve de fazê-la da mesma forma.
― Por que você e o terminaram? ― indagou em um sussurro baixo, desviando os olhos para as árvores que estavam na frente dos dois rapidamente.
― Existem pessoas que foram feitas para serem apenas boas amigas, e nada além disso. Eu e o somos essas pessoas. Nós nascemos para sermos o padrinho e madrinha um do outro, não os noivos. ― explicou com um sorriso de canto com o próprio raciocínio, mesmo não entendendo bem o porquê daquela pergunta.
― Eu não entendo… Ele… Eu tenho certeza de que ele seria ótimo para você.
E foi então que uma luz se acendeu na mente de e ela entendeu o que estava acontecendo. não estava com ciúmes, nem achava que havia o traído.
― Você… Ya, sou eu quem decide o que é ótimo para mim, ! ― respondeu, desfazendo sua postura para olhá-lo de cara feia e sobrancelhas juntas. ― Não importa o que você ache que o seja, não se rebaixe dessa forma. Não é ele quem eu amo, é você! Pare de ficar inseguro sobre os meus sentimentos!
― Você o quê? ― ele não ouviu mais nada além daquela declaração acidental de , que arregalou os olhos ao perceber o que havia dito em voz alta.
― Eu… ― murmurou, os olhos se perdendo, tentando buscar algum foco que não fosse o rapaz e as bochechas esquentando na velocidade da luz. ― Eu… ― comprimiu os lábios e os abriu outra vez, sentindo o toque de em seu queixo lhe trazendo todo o conforto e a certeza de que nada entre eles havia chegado ao fim, e sim apenas entrado em uma nova etapa. Era o sinal que precisava. ― Eu escolhi você porque é você quem eu amo.
… ― abriu um sorriso, o mais brilhante que ela lembrava-se de ter visto, enquanto ele erguia seu rosto para aproximar seus lábios dos da garota para beijá-los, mas não antes de sussurrar mais uma vez aquelas palavras que nunca teve problema algum em usar. ― Eu também te amo.


Fim



Nota da autora: Queria dizer que não aguentei segurar a minha mão quando vi que Baby, One More Time tinha vagado e tive que pegar, o que foi uma loucura porque eu não estou tendo muito tempo.pra fugir do cronograma UAHUAHAUAHA e se não fosse o suficiente, eu travei e entrei em um bloqueio total com essa história, porque eu nunca fui muito se escrever clichês e pra mim é muito difícil, e se não fosse pela Larissa a fic provavelmente nunca teria saído UAHUAAHUA
Enfim, eu vou saber se valeu a pena quando vocês me derem o feedback! Adoraram, gostaram, acharam péssimo? Por favor, me deixem saber nos comentários, críticas construtivas são sempre bem vindas ♡



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Thanks
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Very NICE

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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