Capítulo Único
Oh no, here we go again
Fighting over what I said
I'm sorry, yeah I'm sorry
As luzes brincavam pelo local, deixando-o colorido. Uma música tocava, animando o ambiente e as pessoas que estavam nele, já que elas dançavam conforme o ritmo do som. null respirou fundo e deu um passo, entrando finalmente na casa. Procurou o aniversariante com os olhos, encontrando-o rodeado por algumas pessoas. Deu alguns passos em direção a ele e, assim que ele a viu, seus lábios se curvaram em um sorriso animado.
- Liv! – Falou, abraçando-a pelos ombros. – Achei que não viesse, e eu teria entendido, você sabe...
Ela sorriu tristemente.
- Eu sei. Mas eu não perderia, Louis. Não deixaria de vir na sua festa por que ele vai estar aqui. – Ela fez uma careta ao falar. - Você é completamente insuportável, mas ainda assim é meu melhor amigo! – Exclamou null, finalmente retribuindo o abraço dele.
Louis riu, afastando-se da menina.
- Sei que você vai sentir muita falta de mim, agora que acabamos a faculdade. Confesse. – Ele disse, vendo-a sorrir em confirmação.
- Que dúvida. Só não vou sentir falta de você me irritando todos os dias. – Liv disse e o amigo gargalhou.
- Vai ser o que você mais vai sentir falta, Liv. Não adianta negar! – Os dois riram juntos e alguém chamou Louis, fazendo-o se virar rapidamente. Depois, se voltou para a amiga. – Vou dar atenção pro resto do pessoal. Não sei se vai ter alguém que você conheça além dos caras, mas, se enturme com outras pessoas, pelo menos uma vez na vida? – Pediu, fazendo a garota rir.
- Vou tentar. – Ela sorriu. – Vai lá, aniversariante. Aliás, já escolheu a sortuda que vai dormir com você hoje?
- Mas é claro que sim. Ela já tá na minha! – Louis comemorou e piscou para ela antes de se afastar.
O amigo não tinha jeito. Durante os anos em que estudaram juntos na faculdade, Louis sempre fez sucesso com as garotas. null não sabia como, mas ele nunca havia tentado nada com ela. Talvez fosse porque ela nunca lhe deu abertura para isso no início, e ele a respeitava. Acabou que a amizade dos dois cresceu muito e eles se tornaram praticamente inseparáveis. Era uma amizade e tanto. Louis e null faziam todos os trabalhos juntos. Saíam para beber, divertiam-se às próprias maneiras e null até ajudava-o a conquistar as garotas – o contrário também aconteceu algumas vezes, mas devido ao fracasso da última vez, Louis desistiu.
Ele apresentou null a seus amigos, já que a garota não conhecia ninguém na cidade além dele e das pessoas da faculdade. Ela acabou se envolvendo com null, um de seus melhores amigos. Até aí tudo bem, não é? Louis estava adorando ver um de seus melhores amigos se relacionando com sua melhor amiga. O problema foi que null quebrou o coração do rapaz.
Decidida a pegar uma bebida e tentar se enturmar com alguém, a garota olhou em volta a procura do bar improvisado. Quando o encontrou, deu alguns passos até o local e debruçou-se sobre o balcão. No mesmo instante um garçom se aproximou e ela se surpreendeu. Garçom? Desde quando Louis contratava garçons para suas festas?
- Pra você? – Perguntou ele.
- Uma cerveja, por favor. – Pediu e rapidamente o garçom lhe entregou a bebida, abrindo para ela. – Obrigada. – null sorriu e se virou, aproximando a garrafa da boca e dando um longo gole.
Andou entre as pessoas, movimentando-se devagar no ritmo da música. Seu destino era o exterior do local. Estava quase chegando, quando sentiu um esbarrão que quase a levou a derrubar sua garrafa. Quase. A cerveja não caiu no chão, mas sua blusa não teve a mesma sorte, já que se encontrava com uma mancha causada pelo líquido. null bufou e baixou seu olhar para a roupa, verificando o estrago que a bebida causou.
Bad at love, no, I'm not good at this
But I can't say I'm innocent
Not hardly, but I'm sorry
- Foi mal. – O cara se desculpou. – null?
Ela levantou o rosto, dando de cara com null. Tentou não transparecer, mas estava nervosa. Muito nervosa. Sabia que o encontraria, mas não achou que seria logo no início da festa.
- Oi, null. – Cumprimentou meio sem jeito, ajeitando sua bolsa em seu ombro.
- Foi mal pela blusa, mesmo... – Ele comentou e coçou a cabeça. – Não sabia que vinha.
- Não deixaria de vir na festa do meu melhor amigo. Você sabe disso. – null disse passando a mão por sua blusa mais uma vez, tentando amenizar o estrago.
- Sei bem como seus amigos são importantes, sim. – null disse, soando um pouco irônico. null achou melhor ignorar. – Como estão as coisas?
- Bem. Terminei a faculdade, o que obviamente você já sabe... – Deu de ombros, dando outro gole em sua cerveja, vendo o garoto fazer o mesmo. – E consegui um emprego, começo essa semana.
- Fico feliz, null. – null disse, sincero.
- E você? – Ela questionou, mordendo o lábio interiormente de maneira nervosa.
- E eu o que? - Rebateu null, tombando a cabeça lentamente para o lado.
- Como você tá? – Perguntou null.
- Ah, eu tô bem. – Respondeu. – Tô trabalhando na empresa do meu pai, finalmente me acertei com o velho. – null disse e riu. Deus, como ela sentia falta desse riso...
- Que ótimo, null. – Ela disse, sorrindo de maneira sincera.
Um silêncio se instalou entre os dois e nenhum deles ousou desviar o olhar. Os olhos de null eram tão expressivos e null sentia muita falta deles. Ela mordeu seu lábio levemente e assistiu o olhar dele acompanhar seus movimentos. Internamente, ela estava comemorando por saber que ainda tinha algum tipo de efeito no garoto e era exatamente essa a deixa que precisava.
- Será que a gente pode ir ali fora? Eu queria conversar com você. – null disse, cruzando os braços de maneira a disfarçar sua ansiedade.
- Pod... - null começou a falar, mas foi interrompido por uma loira que chegou e abraçou-o lateralmente, dando um beijo na bochecha dele e encostando a cabeça em seu ombro logo depois. Ele sorriu para a menina e beijou sua cabeça, passando o braço pela cintura dela e mantendo-a perto de si. – null, essa é Candace. Candace, essa é null.
null observou as sobrancelhas da loira se erguerem em surpresa e preferiu não pensar muito no motivo. Independente do relacionamento que os dois tivessem, ver o garoto que ela amava com outra em seu encalço não era legal. Aliás, não era nada legal.
- Prazer. – Candace disse, sorrindo de maneira doce.
null apenas sorriu em direção a ela e levou sua garrafa a boca, esvaziando-a em um só gole. null não deixou a cena passar despercebida e franziu o cenho ao observar a garota.
- Ih, acabou. – Ela disse, dando de ombros. - Eu vou pegar outra bebida. A gente se vê. – Despediu-se, recebendo um sorriso da loira.
- Espera, null. – null pediu, fazendo a garota se virar. – Você não queria...?
- Nah, não era nada importante. – Afirmou. – Até mais.
Virou-se e foi em direção ao bar para pegar outra cerveja. Quando já estava com a garrafa em mãos e retomava seu caminho para o exterior do local, encontrou com Louis.
And all my friends, they know and it's true
I don't know who I am without you
I got it bad, baby
Got it bad
- Hey, null. – Ele disse, passando o braço pelo ombro dela e acompanhando-a para fora. – Tudo bem?
- Tudo ótimo. – Respondeu, dando um gole em sua cerveja.
Os dois passaram pela porta de vidro que levava para a área externa e andaram em direção a uma mureta que tinha ali. null deu um pulinho e sentou-se. Louis fez o mesmo em seguida.
- null disse que te encontrou. – Ele comentou.
Louis tirou um maço de cigarros do bolso. Pegou dois e entregou um para null, que agradeceu. Ele acendeu os dois cigarros e tragou lentamente o seu. null não costumava fumar com frequência, só em festas, quando o clima acabava a contagiando, ou quando estava triste. Nesse momento, as duas situações se encaixavam.
- Uhum. – null respondeu depois de soltar a fumaça pela boca e fez uma pausa, suspirando. - Ele estava com uma loira. Muito bonita, por sinal.
- É a Candace. – Louis disse e roubou a cerveja da amiga, bebendo um gole. – Eles estão ficando.
null deu um sorriso triste e apoiou seu braço livre no muro, deixando seu corpo pender para trás.
- É, eu imaginei. – Suspirou, tragando novamente o cigarro.
- Foi você q... – Louis começou, mas null o interrompeu.
- Por favor, não. – Pediu e o amigo se virou para ela, encontrando a com os olhos brilhando. – Eu sei.
Louis suspirou e tragou longamente o cigarro, apagando-o no muro logo depois. Ele passou o braço pelo corpo de null, puxando-a para si. null encostou sua cabeça no ombro do amigo e suspirou baixinho ao mesmo tempo que uma lágrima escorreu por seu rosto e ela se encolheu.
- Você devia ir curtir sua festa, sabe. – Ela disse, limpando o canto de seus olhos. – Não precisa ficar aqui. Eu já vou me enturmar com alguém, prometo. Eu só não quero ficar com os meninos, porque...
- Eu sei, eu sei. – Louis disse, dando um beijo na cabeça da amiga. – Qualquer coisa me procura.
- Me dá mais um cigarro? – null pediu, estendendo a mão para o amigo, que lhe entregou o maço que estava em seu bolso. – Obrigada.
- Tem três aí dentro. Vê se não fuma todos. – Louis disse e riu, entregando o isqueiro para amiga e afastando-se, deixando-a sozinha.
Em outra situação, null já estaria enturmada e, provavelmente, até um pouco bêbada. Mas como as únicas pessoas que ela conhecia na festa eram mais amigas de null do que dela, ela preferiu ficar afastada para evitar acontecimentos constrangedores. Suspirando, tirou outro cigarro do maço que Louis lhe deu, colocando-o na boca e acendendo-o em seguida. Soltou a fumaça e pendeu sua cabeça para trás, olhando para o céu. Imediatamente algumas lembranças vieram à sua mente, fazendo-a viajar para o fatídico dia em que ela e null terminaram o não tão longo relacionamento.
And I hope I never see the day
That you move on and be happy without me
Without me
Três meses antes...
null ainda sorria quando abriu a porta de seu apartamento, encontrando algumas luzes acesas. Ela não tinha apagado tudo antes de sair? Fechou a porta atrás de si e deixou sua bolsa em cima da mesa. Deu alguns passos de maneira cuidadosa. Era improvável que alguém tivesse invadido seu apartamento, mas todo cuidado era pouco. Antes de entrar na sala, ela pegou um vaso que servia como enfeite e levou-o a frente de seu corpo para se proteger, caso necessário. Assim que entrou no cômodo, porém, respirou aliviada e revirou os olhos ao encontrar null sentado em seu sofá.
- Puta que pariu, null. Que susto. – Ela disse, soltando o vaso novamente. – O que tá fazendo aqui? – questionou, sentando-se ao lado dele no sofá. - Eu tava no cinema, fui assistir Vingadores. Pensa em um filme bom, lindo.
- Ah, o filme que eu tô super afim de ver e te falei várias vezes que gostaria de assistir contigo? - Perguntou null de maneira irônica.
null deixou os ombros caírem, mordendo o lábio de maneira impaciente. De novo essa história?
- O pessoal da faculdade resolveu ir e...
- E você não lembrou de me chamar, como sempre. – null se levantou. – Assim como também se esqueceu de que tínhamos marcado de jantar juntos hoje.
null levou uma de suas mãos à sua testa. Ela realmente tinha esquecido.
- Lindo, me desculpa... – Pediu, levantando e aproximando-se dele. Levou suas mãos até ele para tocá-lo. – Eu esqueci completamente!
null riu, balançando a cabeça.
- Você sempre se esquece, null. – Ele disse, afastando as mãos da garota de si. – Eu tô cansado de sempre querer fazer algo com você e você sempre se esquecer de mim. Tô cansado de nunca ser chamado pra sair com você ou pra conhecer seus amigos. Tô cansado de ser o único a amar nesse relacionamento!
null engoliu em seco, mordendo seu lábio em seguida.
- null... – Chamou, mas o garoto balançou a cabeça em descrença.
- Pra mim já chega, null. – Ele disse, dando alguns passos em direção a saída do cômodo. – Eu realmente cansei, e olha que eu aguentei quatro meses, não é?
null saiu do cômodo e null foi atrás imediatamente.
- null, por favor, vamos conversar.
- O tempo de conversar já passou, null! – Ele se exaltou e a garota arregalou os olhos por seu tom de voz. null suspirou e respirou fundo em seguida. – O tempo de conversar já passou. – Repetiu, agora mais calmo.
- Você tá colocando um fim no nosso relacionamento?
- Você realmente chama o que tivemos de relacionamento? – null perguntou assim que chegou na porta, abrindo-a.
- S... – null começou a dizer, mas null a interrompeu.
- De relacionamento só se for o seu com seus amigos, né? Porque eu posso contar nos dedos as vezes que saímos os dois juntos e sozinhos pra fazer alguma coisa. – Ele disse, finalmente saindo do apartamento e virando-se para ela com os braços cruzados. – Você conhece todos os meus amigos. E eu só conheço o Louis por motivos óbvios, nunca nem vi a cara do restante.
- Me desculpa... – null pediu, sua voz saindo baixinha. Ela estava perdendo o cara que amava por ter sido uma completa idiota. – Me desculpa, null. Eu te...
- Não! Não. – null pediu, balançando a cabeça. – Não fala. Eu não vou ficar porque você falou e não vão ser essas palavras que vão me fazer mudar de ideia.
null mordeu seu lábio interiormente, em uma tentativa de impedir que lágrimas rolassem por seu rosto. Por hora, ela obteve sucesso; mas por dentro, ela estava completamente quebrada.
- Tchau, null. – null deu uma última olhada no rosto da garota e se virou, descendo as escadas em seguida, sem olhar para trás.
null bufou e apagou o cigarro no muro. Pegou sua garrafa de cerveja e constatou que ela estava vazia. Revirou os olhos e, estava decidida a se levantar para buscar outra quando uma garrafa apareceu magicamente em sua frente. Ela franziu o cenho e levantou o olhar, seguindo pela mão de quem a segurava, passando pelos braços até chegar no rosto. Era null.
- Cerveja? – Ofereceu e assim que a garota pegou a garrafa, sentou ao seu lado. – Por que tá aqui sozinha?
Ela deu um gole na cerveja e deu de ombros, apoiando seus braços novamente no muro.
- Tá fresco aqui fora. – null respondeu. – E você? Cadê sua ficante?
null deu um sorriso de canto por perceber que a garota havia se incomodado com isso.
- Lá dentro. – Ele disse, virando-se para olha-la. – Que cheiro de cigarro. Desde quando você fuma?
- Desde quando me deu vontade. – Respondeu null, passando suas mãos por seu cabelo. – Olha, null, eu não quero parecer grossa, mas eu realmente não sou a melhor companhia no momento e...
- Eu quero saber o que você queria me falar antes. – Ele disse, voltando seu olhar para frente e a garota suspirou baixinho.
- Isso foi antes de eu saber que você tá com a loira. – null disse, mordendo seu lábio. – Não quero atrapalhar e sinceramente só quero que você seja feliz.
- Eu tô aqui, não tô? Pode falar. – null pediu. – Eu terminei o que tínhamos sem nem te dar chance de argumentar.
- Não é como se eu tivesse te procurado depois, também... – null comentou, suspirando.
- Só fala, null. – Pediu novamente e a garota revirou os olhos, dando-se por vencida.
- Eu sei que sou uma idiota e sei que começar tudo que tenho pra te falar com essa frase é total e completamente ridículo. – Ela falou, rindo nervosamente. – A verdade é que o que eu queria falar perdeu um pouco o sentido...
- Por quê? – null perguntou.
- Porque você tá com outra pessoa, null. Que direito eu tenho de, depois de meses, aparecer e bagunçar sua cabeça de novo? Nenhum. Eu não dei valor e não soube aproveitar enquanto tinha você comigo, então não vou atrapalhar sua vida agora.
null permaneceu em silêncio, com seu olhar voltado para frente. null passou seus próprios braços ao redor de seu corpo, abraçando-se.
- Muita coisa aconteceu desde que você saiu da minha vida. Dias depois de terminarmos, meus pais se separaram. Minha mãe descobriu que ele tava tendo um caso e botou ele pra fora de casa. Eu quis ir passar um tempo com ela, mas ela não deixou.
- Sinto muito, null... – null disse e a garota olhou para cima, impedindo que ele visse as lágrimas formadas em seus olhos.
- Obrigada. – Agradeceu antes de continuar. – Depois disso o dono do meu apartamento pediu pra eu sair. Tive que arranjar um lugar novo pra morar em menos de duas semanas. Terminei minha tese que não foi nada fácil, me formei e agora consegui um emprego. Fiz tudo isso sentindo uma falta imensa de você. Mas tava tudo bem, porque no fundo eu sabia que você não merecia ficar com alguém que não te dava a devida importância. O problema é fazer o coração da gente entender isso, né? – Perguntou, sem esperar resposta.
null abaixou seu olhar e olhou para o lado, encontrando os olhos azuis de null a encarando com intensidade. Ela sabia que seus olhos estavam cheios de lágrimas e já não se importava mais. Precisava terminar de falar antes que desistisse.
- Eu sinto muito, null, por ter percebido só depois o quanto e como eu errei com você. Não sou nada boa quando se trata de amor. Eu não era ninguém até ter você ao meu lado e só percebi isso depois. – Ela deu um sorriso triste para ele e limpou uma lágrima que escorreu por seu rosto, levantando-se em seguida, ajeitando sua roupa. – Bom, é isso. Eu vou embora.
null permaneceu em silêncio, com o olhar perdido na garota. Sem obter resposta, null optou por realmente fazer o que havia dito.
- Tchau, null. Espero que você seja muito feliz. – Sua voz quase falhou ao falar a última frase.
What's my hand without your heart to hold?
I don't know what I'm living for
If I'm living without you
- Desculpa. – null pediu, xingando-se mentalmente. Tantas pessoas, tinha que ser justo ela?
- Tá tudo bem? – A loira perguntou, o cenho franzido.
- Tá tudo ótimo. Pode avisar ao Louis que fui embora, por favor? – Pediu e a garota assentiu, balançando a cabeça. – Obrigada.
Sem esperar resposta, continuou seu caminho e saiu da casa, soltando o ar pela boca assim que o fez. Abriu sua bolsa e pegou seu celular, chamando um Uber em seguida. Para sua sorte, o mais próximo estava há poucos minutos de distância, então não demorou para que ela estivesse dentro do carro a caminho de sua casa.
Quando abriu a porta de seu apartamento, foi logo tirando as botas que usava e jogando-as para o lado. Soltou sua bolsa em qualquer lugar e foi até a cozinha, abrindo a geladeira e pegando uma cerveja. Deu um gole na bebida e foi até a sala, jogando-se no sofá. Pegou seu celular e viu que tinham três ligações de Louis. Preferiu por mandar uma mensagem avisando o amigo que já estava em casa e depois decidiu desligar o aparelho. No outro dia ela daria sinal de vida para o restante das pessoas. null deu mais um gole em sua bebida e suspirou alto, deitando-se no sofá ao mesmo tempo em que recomeçava a chorar. Algum tempo depois, acabou por dormir, exausta de tanto derramar lágrimas e afetada por conta das diversas cervejas que bebeu.
Segunda-feira, primeiro dia no emprego novo. null estava empolgada, apesar de um pouco nervosa. Decidida a dar o seu melhor no trabalho, saiu de casa mais cedo do que o necessário para não correr o risco de chegar atrasada. Metrôs costumavam ser extremamente lotados cedo da manhã. Sabia que o escritório que a contratou era um escritório sério e bastante renomado, e queria mostrar a eles que fizeram a escolha certa ao contratá-la.
O domingo de null foi entediante. Ela passou o dia inteiro afundada na fossa, comendo, assando bolos e assistindo filmes. Sim, a garota virava uma verdadeira confeiteira quando estava triste. Era por isso que quando passou pelas portas do edifício, ela carregava um bolo de chocolate em mãos. Quer algo melhor que levar um bolo para os seus colegas de trabalho no seu primeiro dia na equipe? - Bom dia. – Cumprimentou ao entrar no elevador, apertando o botão que marcava o quarto andar.
Algumas das pessoas que estavam no elevador a responderam, outras não, mas ela não se importou. Apesar de ter tido um final de semana extremamente depressivo, hoje era um novo dia e se iniciava uma nova fase em sua vida. Por isso, ela preferiu deixar a tristeza para trás e focar sua mente apenas em seu trabalho.
Quando as portas se abriram, ela saiu do elevador, despedindo-se de quem ficou. Caminhou um pouco incerta pelo local até a mesa da recepção.
- Bom dia. – null disse para a recepcionista. – Sou nova aqui, me chamo null. Dr. Barnes disse para eu chamar por ele assim que chegasse.
- Oh, sim! A garota nova. Só um instante. – A recepcionista sorriu e pegou o telefone, contatando o mais novo chefe de null.
- null! – Dr. Barnes chamou e a garota se virou, sorrindo para o homem que se aproximava. – Tudo bem? Pronta para seu primeiro dia?
- Mais que pronta, Dr.
- O que temos aqui? – Perguntou ele, apontando para o bolo.
- Eu assei alguns bolos ontem e trouxe um para a equipe. Não tem problema, não é? – Perguntou, um pouco insegura de repente.
- Claro que tem. – Murmurou ele e null arregalou os olhos. – Vai faltar bolo e se for bom, você vai ter que trazer sempre.
Ela soltou o ar pela boca aliviada, rindo em seguida.
- Vamos, vou te mostrar o resto do escritório e te apresentar para o pessoal. – Dr. Barnes disse, começando a andar e null o seguiu.
null passou praticamente a manhã inteira sendo apresentada aos seus colegas e conhecendo todas as instalações do escritório. A princípio, ela não teria uma sala só para si; dividiria com outra garota, que pareceu ser simpática a princípio. Foi a tarde que o trabalho realmente começou e ela aprendeu a mexer no sistema. Seus novos colegas amaram o bolo e a intimaram a trazer um por semana. Quando ela viu, já eram cinco horas da tarde, hora de ir embora. Despediu-se dos seus colegas e seguiu para o elevador. Assim que as portas se abriram, entrou e apertou o botão do térreo para descer, porém o elevador subiu. Ela revirou os olhos, um pouco impaciente. O elevador só parou novamente no oitavo andar e, quando as portas se abriram, null entrou.
- null? – Ele perguntou assim que se posicionou ao lado dela.
- Oi. – Ela disse, sem saber onde enfiar sua cara.
- O que tá fazendo aqui? – null não conseguiu esconder sua curiosidade.
- Eu trabalho aqui. Emprego novo, lembra? – Respondeu null e ele assentiu, voltando seu olhar para frente.
- Os melhores escritórios da cidade ficam nesse prédio. Parabéns por ter conseguido um emprego em um deles. – null elogiou, recebendo como resposta um sorriso pequeno da garota.
Um silêncio um pouco constrangedor se instalou. O elevador parecia estar se movendo mais lentamente que o normal. Por isso, quando ele finalmente chegou no térreo e as portas se abriram, null murmurou um tchau e pôs-se a andar apressadamente para fora do edifício. Mas é claro que ela não conseguiu, porque era horário de pico, e haviam muitas pessoas saindo do prédio ao mesmo tempo, então perdeu tempo desviando para não esbarrar nelas.
Oh, tell me you love me
I need someone
On days like this, I do
Quando pôs seus pés fora edifício, soltou o ar pela boca ao mesmo tempo que uma mão encostou em seu ombro.
- null. – Era null novamente.
Assim que ela se virou para encará-lo, ele tirou sua mão do ombro dela.
- null, não me leve a mal, mas eu...
- Eu quero conversar com você. Tem tempo pra beber uma cerveja comigo? – null a interrompeu e falou tudo de uma vez, temendo uma interrupção por parte dela.
- Ahm... Oi? – Ela perguntou, incerta do que tinha acabado de ouvir. – Uma cerveja com você?
- Sim. Até onde chequei, você ainda gosta de cerveja. – null argumentou.
- Eu não sei, null... – Ela disse, ajeitando sua bolsa em seu ombro. – Não sei se é uma boa ideia.
- Por quê? – null perguntou, abaixando seus ombros. – Uma cerveja. É só o que peço.
null mordeu seu lábio, pensando por alguns segundos e acabou por concordar. Uma cerveja não faria mal a ninguém.
Os dois começaram a caminhar lado a lado e assim que viraram à esquina, entraram em um pequeno bar bastante aconchegante.
- Venho sempre aqui com os caras do trabalho. – null disse assim que os dois escolheram uma mesa. – Vou pegar cerveja pra nós dois. Já volto.
null assentiu e ficou observando enquanto ele se afastava. Mordeu seu lábio inferior, um pouco nervosa e ansiosa por não saber o que esperar dessa conversa. Justo agora que ela havia decidido deixar isso para trás e focar em sua carreira?
- Aqui. – null entregou a cerveja à null e sentou-se na cadeira vaga na mesa.
- Obrigada. – null agradeceu.
null levou sua garrafa até a de null e bateu levemente, em uma espécie de brinde. Os dois então deram um gole da bebida ao mesmo tempo, soltando a garrafa na mesa em seguida.
- Então... – null murmurou.
- Então? – null perguntou ao mesmo tempo.
Os dois riram baixo e null colocou uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha.
- Como foi seu primeiro dia de trabalho? – null perguntou e null franziu o cenho. – Eu não quero ir direto ao ponto.
null riu baixo e deu de ombros.
- Foi ótimo, gostei bastante. Se continuar assim tenho certeza que estarei amando o trabalho em alguns dias.
- Fico feliz por você. – Ele disse e bebeu mais um gole de sua cerveja.
- Eu não sabia que a empresa do seu pai era ali no edifício. – null comentou.
- Mudamos há pouco. Eu o convenci a mudar e tá sendo ótimo. – null contou. – Sou oficialmente o vice-diretor da empresa agora.
null ergueu as sobrancelhas em surpresa e depois sorriu, certa de que ele com certeza merecia o cargo.
- Não esperava outra coisa. – Disse null, bebendo sua cerveja novamente.
Os dois ficaram em silêncio durante algum tempo e null deixou seu olhar vagar pelo local.
- Eu fui atrás de você no sábado. – null disse de repente, fazendo a garota voltar sua atenção para ele. – Candace me encontrou lá fora e me disse que te viu indo embora.
null ergueu suas sobrancelhas em surpresa novamente, mordendo seu lábio interiormente. Ela não falou nada, permaneceu encarando null esperando que ele continuasse.
- Quando eu fui atrás de você, você recém tinha ido embora. Pensei em pegar meu carro e ir até seu apartamento, mas lembrei que além de você ter se mudado, eu tinha bebido e não podia dirigir. E Louis não quis me passar seu endereço novo. – null revirou os olhos e null riu baixinho.
- Desculpa ter jogado tudo aquilo na sua cara e ter ido embora de repente... Não queria que tivesse sido assim. – null respondeu, bebendo sua cerveja e esvaziando a garrafa. null fez o mesmo.
- Quer mais? – Ele perguntou, apontando para as garrafas vazias.
- Acho melhor não. Hoje é ainda é segunda. – null disse.
- Ah, qual é? Você já foi melhor que isso. – null rebateu. – Só mais uma?
null revirou os olhos e balançou a cabeça em confirmação.
- Só mais uma. – Confirmou e null piscou para ela, levantando-se e indo em direção ao bar.
Oh, can you hear my heart say
OOhh, ooh
You ain't nobody 'til you got somebody
You ain't nobody 'til you got somebody
- No que tá pensando? – null perguntou, balançando sua mão em frente ao rosto de null.
- Hm? – Perguntou, piscando algumas vezes. – Em nada, me distraí. – Mentiu, sorrindo para ele em seguida.
null lhe empurrou a cerveja dela e deu um gole na sua. Quando soltou sua garrafa na mesa novamente, o celular de null tocou. Era Louis.
- Fala, estrupício. – null disse quando atendeu.
- Nossa, cada dia mais eu me surpreendo com o tamanho do amor que você sente por mim. – Ele disse e null riu. – O que tá fazendo? Tá afim de comer uma pizza e comemorar seu primeiro dia de emprego?
null olhou para null, que a encarava curioso.
- Hm... Quero, mas pode ser amanhã? Tô um pouco ocupada. – Respondeu e pode ver null sorrindo de canto.
- Ocupada? Com o quê? – Louis perguntou, sua voz cheia de curiosidade.
null olhou para null como se perguntasse o que fazia e ele deu de ombros, dizendo que tanto faz.
- Eu tô com o null. – Respondeu calmamente.
- Você o quê? – Louis praticamente gritou, fazendo a amiga afastar o telefone da orelha. – É por isso que esse babaca não responde minhas mensagens pra comer pizza!
- Ah, quer dizer que eu fui sua segunda opção, então? – null perguntou e Louis ficou em silêncio, fazendo a amiga rir.
- Não... Quer dizer... Ah, vai se foder, null. – Louis xingou e ela gargalhou. – Seja lá o que estejam fazendo, usem camisinha.
- Cala a boca. – null pediu, revirando os olhos. – Tchau, Louis.
- Me conta tudo aman... – Tu tu tu.
null colocou o celular sobre a mesa e voltou seu olhar para null, que tinha um sorriso divertido no rosto.
- Desligou na cara dele, né? – Perguntou.
- Mas é claro que sim. Louis parece uma patricinha fofoqueira. – null disse e null gargalhou. – A propósito, ele está putinho porque você não responde as mensagens dele.
- Ele que espere, tenho coisas, ou melhor, pessoas mais interessantes para conversar no momento. – null comentou e null sorriu um pouco sem jeito, bebendo um gole de sua cerveja em seguida.
- Quando acabar essa cerveja, vou pra casa. Então porque você não continua me falando o que queria? – null sugeriu e null concordou, levando sua garrafa a boca antes de começar.
- Bom... – null coçou a cabeça, bagunçando seu cabelo. – Todas as coisas que você me falou ficaram martelando em minha cabeça. Algumas mais, outras menos.
Ele deu uma pausa e bebeu o restante de sua cerveja. null fez o mesmo.
- Acabou? – null perguntou e ela concordou. – Então vamos embora, eu te levo pra casa. No caminho eu continuo.
- Mas você vai dirigir? – null perguntou, preocupada, já que o garoto havia bebido.
- Pensei em pedirmos um Uber ou irmos a pé, dependendo de onde é seu apartamento novo. – null disse, levantando-se.
- Acho que dá uns dez minutos de caminhada. – null respondeu, seguindo-o.
- Perfeito, então. Amanhã eu pego meu carro no estacionamento.
Os dois se levantaram e, depois de uma discussão pequena, null acabou por pagar as quatro cervejas. Assim que saíram do bar, começaram a caminhar em direção ao apartamento de null.
- Pelo que você disse, não é longe. – Ele disse. – É até que perto do seu apartamento antigo, né?
- É um pouco, sim. – null disse.
- Então, como eu estava dizendo lá no bar... – null começou, colocando suas mãos em seus bolsos. – Algumas coisas que você disse ficaram na minha cabeça. Duas delas me marcaram mais. E também teve uma coisa que você não falou, mas que eu gostaria que tivesse.
null franziu o cenho e virou seu rosto, fixando seu olhar diretamente no rosto de null esperando que ele continuasse.
- Você disse “eu só quero que você seja feliz" e algo sobre eu estar com outra pessoa e você não ter o direito de atrapalhar minha vida agora. – Continuou ele com seu olhar fixo no caminho ao seu redor. – Você não atrapalharia minha vida. Não atrapalhou no passado e não atrapalharia agora. Sim, você me machucou, e sim, eu tô admitindo isso em voz alta pela primeira vez, mas você nunca foi um incômodo e não seria um agora, null.
A garota mordeu o lábio inferior e suspirou baixinho, sentindo uma chama pequena de esperança se acender em seu interior. Os dois continuaram a andar em direção ao apartamento dela.
- Depois, você falou “eu não era ninguém até ter você", e nisso você errou. Sabe por quê?
- Não. – null respondeu baixinho e piscou algumas vezes, fazendo com que algumas lágrimas escorressem por seu rosto. Manteve seu olhar fixo no caminho a sua frente.
- Porque você é incrível, null. Você sempre foi e você sempre vai ser, comigo ou “sem migo" ao seu lado.
null riu por conta do trocadilho infeliz que ele fez, fungando baixinho.
- Você ri, mas é verdade. Eu me apaixonei pela garota incrível que você sempre foi, antes mesmo de te conhecer direito. Quando Louis nos apresentou a nova melhor amiga dele, eu sabia que você mexeria comigo. – Ele disse e virou para ela quando os dois pararam em uma esquina. – Você era, é e sempre será incrível, independente de quem esteja ao seu lado. Você é incrível só por ser quem você é.
null já chorava abertamente, porém em silêncio. Ela não se lembrava de ter ouvido algo tão intenso e bonito antes em sua vida. O mais incrível era que quem estava em sua frente lhe falando isso era o garoto cujo coração ela quebrou. Ela passou as mãos pelo rosto e fungou algumas vezes. Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos e, quando finalmente chegaram em frente ao apartamento de null, pararam de caminhar, ficando frente a frente.
- Me desculpa, não queria te fazer chorar. – null pediu e olhou ao redor. – É aqui?
A garota balançou a cabeça em confirmação, ajeitando sua bolsa em seu ombro e preparando-se para entrar em seu prédio.
- Espera, eu ainda não terminei. – null pediu e ela se voltou seu olhar para ele. - Tem algo que você não falou.
null franziu o cenho, confusa. null deu alguns passos, aproximando-se dela e levou uma de suas mãos até o rosto da garota, acariciando sua bochecha com o polegar lentamente.
- Você nunca me pediu por uma segunda chance. – Ele disse calmamente. – Se você tivesse pedido...
- Se eu tivesse pedido você não daria. – null o interrompeu, levando sua mão até a dele.
- Errado. – null falou, sorrindo lateralmente. – Eu já falei que eu te amo? – Perguntou e viu a boca de null se abrir em surpresa. – Eu te amo, sim. Te amava antes de terminar com você e continuei te amando enquanto ficamos separados.
- Mas e a... – null começou, mas foi interrompida.
- Candace? – null perguntou. – Louis contou tudo pra ela na festa, quando eu fui atrás de você. Ela preferiu terminar o que mal tínhamos começado já que tá bem claro que eu ainda te amo.
Um soluço alto escapou pelos lábios de null e ela imediatamente jogou seus braços ao redor do pescoço de null, fazendo-o gargalhar alto.
- Eu te amo. – null disse contra o pescoço dele. – Obrigada por dar uma segunda chance a nós dois. Eu prometo não cometer os mesmos erros de antigamente. – Ela se afastou para olhar nos olhos dele. – Talvez cometa outros, mas eu nã...
null riu e balançou a cabeça, segurando o rosto dela delicadamente entre as mãos.
- Você pode, por favor, parar de falar? – Pediu, fazendo-a rir e balançar a cabeça em confirmação. – Obrigado. Agora eu posso te beijar? Não aguento mais de saudade.
null mal teve tempo de sorrir em confirmação, pois no segundo seguinte seus lábios estavam contra os de null em um beijo completa e totalmente apaixonado.
Ela, há algumas horas, tinha certeza de que nunca mais beijaria os lábios de null. No fim das contas, estava certa: hoje era um novo dia e se iniciava uma nova fase em sua vida. Dessa vez, ela estava decidida a fazer dar certo.
Everything I need
Is standing in front of me
I know that we will be alright, alright, yeah
FIM
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