Enviada em: 14/04/2018
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Capítulo Único


Oh no, here we go again
Fighting over what I said
I'm sorry, yeah I'm sorry


As luzes brincavam pelo local, deixando-o colorido. Uma música tocava, animando o ambiente e as pessoas que estavam nele, já que elas dançavam conforme o ritmo do som. respirou fundo e deu um passo, entrando finalmente na casa. Procurou o aniversariante com os olhos, encontrando-o rodeado por algumas pessoas. Deu alguns passos em direção a ele e, assim que ele a viu, seus lábios se curvaram em um sorriso animado.
- Liv! – Falou, abraçando-a pelos ombros. – Achei que não viesse, e eu teria entendido, você sabe...
Ela sorriu tristemente.
- Eu sei. Mas eu não perderia, Louis. Não deixaria de vir na sua festa por que ele vai estar aqui. – Ela fez uma careta ao falar. - Você é completamente insuportável, mas ainda assim é meu melhor amigo! – Exclamou , finalmente retribuindo o abraço dele.
Louis riu, afastando-se da menina.
- Sei que você vai sentir muita falta de mim, agora que acabamos a faculdade. Confesse. – Ele disse, vendo-a sorrir em confirmação.
- Que dúvida. Só não vou sentir falta de você me irritando todos os dias. – Liv disse e o amigo gargalhou.
- Vai ser o que você mais vai sentir falta, Liv. Não adianta negar! – Os dois riram juntos e alguém chamou Louis, fazendo-o se virar rapidamente. Depois, se voltou para a amiga. – Vou dar atenção pro resto do pessoal. Não sei se vai ter alguém que você conheça além dos caras, mas, se enturme com outras pessoas, pelo menos uma vez na vida? – Pediu, fazendo a garota rir.
- Vou tentar. – Ela sorriu. – Vai lá, aniversariante. Aliás, já escolheu a sortuda que vai dormir com você hoje?
- Mas é claro que sim. Ela já tá na minha! – Louis comemorou e piscou para ela antes de se afastar.
O amigo não tinha jeito. Durante os anos em que estudaram juntos na faculdade, Louis sempre fez sucesso com as garotas. não sabia como, mas ele nunca havia tentado nada com ela. Talvez fosse porque ela nunca lhe deu abertura para isso no início, e ele a respeitava. Acabou que a amizade dos dois cresceu muito e eles se tornaram praticamente inseparáveis. Era uma amizade e tanto. Louis e faziam todos os trabalhos juntos. Saíam para beber, divertiam-se às próprias maneiras e até ajudava-o a conquistar as garotas – o contrário também aconteceu algumas vezes, mas devido ao fracasso da última vez, Louis desistiu.
Ele apresentou a seus amigos, já que a garota não conhecia ninguém na cidade além dele e das pessoas da faculdade. Ela acabou se envolvendo com , um de seus melhores amigos. Até aí tudo bem, não é? Louis estava adorando ver um de seus melhores amigos se relacionando com sua melhor amiga. O problema foi que quebrou o coração do rapaz.
Decidida a pegar uma bebida e tentar se enturmar com alguém, a garota olhou em volta a procura do bar improvisado. Quando o encontrou, deu alguns passos até o local e debruçou-se sobre o balcão. No mesmo instante um garçom se aproximou e ela se surpreendeu. Garçom? Desde quando Louis contratava garçons para suas festas?
- Pra você? – Perguntou ele.
- Uma cerveja, por favor. – Pediu e rapidamente o garçom lhe entregou a bebida, abrindo para ela. – Obrigada. – sorriu e se virou, aproximando a garrafa da boca e dando um longo gole.
Andou entre as pessoas, movimentando-se devagar no ritmo da música. Seu destino era o exterior do local. Estava quase chegando, quando sentiu um esbarrão que quase a levou a derrubar sua garrafa. Quase. A cerveja não caiu no chão, mas sua blusa não teve a mesma sorte, já que se encontrava com uma mancha causada pelo líquido. bufou e baixou seu olhar para a roupa, verificando o estrago que a bebida causou.

Bad at love, no, I'm not good at this
But I can't say I'm innocent
Not hardly, but I'm sorry


- Foi mal. – O cara se desculpou. – ?
Ela levantou o rosto, dando de cara com . Tentou não transparecer, mas estava nervosa. Muito nervosa. Sabia que o encontraria, mas não achou que seria logo no início da festa.
- Oi, . – Cumprimentou meio sem jeito, ajeitando sua bolsa em seu ombro.
- Foi mal pela blusa, mesmo... – Ele comentou e coçou a cabeça. – Não sabia que vinha.
- Não deixaria de vir na festa do meu melhor amigo. Você sabe disso. – disse passando a mão por sua blusa mais uma vez, tentando amenizar o estrago.
- Sei bem como seus amigos são importantes, sim. – disse, soando um pouco irônico. achou melhor ignorar. – Como estão as coisas?
- Bem. Terminei a faculdade, o que obviamente você já sabe... – Deu de ombros, dando outro gole em sua cerveja, vendo o garoto fazer o mesmo. – E consegui um emprego, começo essa semana.
- Fico feliz, . – disse, sincero.
- E você? – Ela questionou, mordendo o lábio interiormente de maneira nervosa.
- E eu o que? - Rebateu , tombando a cabeça lentamente para o lado.
- Como você tá? – Perguntou .
- Ah, eu tô bem. – Respondeu. – Tô trabalhando na empresa do meu pai, finalmente me acertei com o velho. – disse e riu. Deus, como ela sentia falta desse riso...
- Que ótimo, . – Ela disse, sorrindo de maneira sincera.
Um silêncio se instalou entre os dois e nenhum deles ousou desviar o olhar. Os olhos de eram tão expressivos e sentia muita falta deles. Ela mordeu seu lábio levemente e assistiu o olhar dele acompanhar seus movimentos. Internamente, ela estava comemorando por saber que ainda tinha algum tipo de efeito no garoto e era exatamente essa a deixa que precisava.
- Será que a gente pode ir ali fora? Eu queria conversar com você. – disse, cruzando os braços de maneira a disfarçar sua ansiedade.
- Pod... - começou a falar, mas foi interrompido por uma loira que chegou e abraçou-o lateralmente, dando um beijo na bochecha dele e encostando a cabeça em seu ombro logo depois. Ele sorriu para a menina e beijou sua cabeça, passando o braço pela cintura dela e mantendo-a perto de si. – , essa é Candace. Candace, essa é .
observou as sobrancelhas da loira se erguerem em surpresa e preferiu não pensar muito no motivo. Independente do relacionamento que os dois tivessem, ver o garoto que ela amava com outra em seu encalço não era legal. Aliás, não era nada legal.
- Prazer. – Candace disse, sorrindo de maneira doce.
apenas sorriu em direção a ela e levou sua garrafa a boca, esvaziando-a em um só gole. não deixou a cena passar despercebida e franziu o cenho ao observar a garota.
- Ih, acabou. – Ela disse, dando de ombros. - Eu vou pegar outra bebida. A gente se vê. – Despediu-se, recebendo um sorriso da loira.
- Espera, . – pediu, fazendo a garota se virar. – Você não queria...?
- Nah, não era nada importante. – Afirmou. – Até mais.
Virou-se e foi em direção ao bar para pegar outra cerveja. Quando já estava com a garrafa em mãos e retomava seu caminho para o exterior do local, encontrou com Louis.

And all my friends, they know and it's true
I don't know who I am without you
I got it bad, baby
Got it bad


- Hey, . – Ele disse, passando o braço pelo ombro dela e acompanhando-a para fora. – Tudo bem?
- Tudo ótimo. – Respondeu, dando um gole em sua cerveja.
Os dois passaram pela porta de vidro que levava para a área externa e andaram em direção a uma mureta que tinha ali. deu um pulinho e sentou-se. Louis fez o mesmo em seguida.
- disse que te encontrou. – Ele comentou.
Louis tirou um maço de cigarros do bolso. Pegou dois e entregou um para , que agradeceu. Ele acendeu os dois cigarros e tragou lentamente o seu. não costumava fumar com frequência, só em festas, quando o clima acabava a contagiando, ou quando estava triste. Nesse momento, as duas situações se encaixavam.
- Uhum. – respondeu depois de soltar a fumaça pela boca e fez uma pausa, suspirando. - Ele estava com uma loira. Muito bonita, por sinal.
- É a Candace. – Louis disse e roubou a cerveja da amiga, bebendo um gole. – Eles estão ficando.
deu um sorriso triste e apoiou seu braço livre no muro, deixando seu corpo pender para trás.
- É, eu imaginei. – Suspirou, tragando novamente o cigarro.
- Foi você q... – Louis começou, mas o interrompeu.
- Por favor, não. – Pediu e o amigo se virou para ela, encontrando a com os olhos brilhando. – Eu sei.
Louis suspirou e tragou longamente o cigarro, apagando-o no muro logo depois. Ele passou o braço pelo corpo de , puxando-a para si. encostou sua cabeça no ombro do amigo e suspirou baixinho ao mesmo tempo que uma lágrima escorreu por seu rosto e ela se encolheu.
- Você devia ir curtir sua festa, sabe. – Ela disse, limpando o canto de seus olhos. – Não precisa ficar aqui. Eu já vou me enturmar com alguém, prometo. Eu só não quero ficar com os meninos, porque...
- Eu sei, eu sei. – Louis disse, dando um beijo na cabeça da amiga. – Qualquer coisa me procura.
- Me dá mais um cigarro? – pediu, estendendo a mão para o amigo, que lhe entregou o maço que estava em seu bolso. – Obrigada.
- Tem três aí dentro. Vê se não fuma todos. – Louis disse e riu, entregando o isqueiro para amiga e afastando-se, deixando-a sozinha.
Em outra situação, já estaria enturmada e, provavelmente, até um pouco bêbada. Mas como as únicas pessoas que ela conhecia na festa eram mais amigas de do que dela, ela preferiu ficar afastada para evitar acontecimentos constrangedores. Suspirando, tirou outro cigarro do maço que Louis lhe deu, colocando-o na boca e acendendo-o em seguida. Soltou a fumaça e pendeu sua cabeça para trás, olhando para o céu. Imediatamente algumas lembranças vieram à sua mente, fazendo-a viajar para o fatídico dia em que ela e terminaram o não tão longo relacionamento.

And I hope I never see the day
That you move on and be happy without me
Without me


Três meses antes...

ainda sorria quando abriu a porta de seu apartamento, encontrando algumas luzes acesas. Ela não tinha apagado tudo antes de sair? Fechou a porta atrás de si e deixou sua bolsa em cima da mesa. Deu alguns passos de maneira cuidadosa. Era improvável que alguém tivesse invadido seu apartamento, mas todo cuidado era pouco. Antes de entrar na sala, ela pegou um vaso que servia como enfeite e levou-o a frente de seu corpo para se proteger, caso necessário. Assim que entrou no cômodo, porém, respirou aliviada e revirou os olhos ao encontrar sentado em seu sofá.
- Puta que pariu, . Que susto. – Ela disse, soltando o vaso novamente. – O que tá fazendo aqui? – questionou, sentando-se ao lado dele no sofá. - Eu tava no cinema, fui assistir Vingadores. Pensa em um filme bom, lindo.
- Ah, o filme que eu tô super afim de ver e te falei várias vezes que gostaria de assistir contigo? - Perguntou de maneira irônica.
deixou os ombros caírem, mordendo o lábio de maneira impaciente. De novo essa história?
- O pessoal da faculdade resolveu ir e...
- E você não lembrou de me chamar, como sempre. – se levantou. – Assim como também se esqueceu de que tínhamos marcado de jantar juntos hoje.
levou uma de suas mãos à sua testa. Ela realmente tinha esquecido.
- Lindo, me desculpa... – Pediu, levantando e aproximando-se dele. Levou suas mãos até ele para tocá-lo. – Eu esqueci completamente!
riu, balançando a cabeça.
- Você sempre se esquece, . – Ele disse, afastando as mãos da garota de si. – Eu tô cansado de sempre querer fazer algo com você e você sempre se esquecer de mim. Tô cansado de nunca ser chamado pra sair com você ou pra conhecer seus amigos. Tô cansado de ser o único a amar nesse relacionamento!
engoliu em seco, mordendo seu lábio em seguida.
- ... – Chamou, mas o garoto balançou a cabeça em descrença.
- Pra mim já chega, . – Ele disse, dando alguns passos em direção a saída do cômodo. – Eu realmente cansei, e olha que eu aguentei quatro meses, não é?
saiu do cômodo e foi atrás imediatamente.
- , por favor, vamos conversar.
- O tempo de conversar já passou, ! – Ele se exaltou e a garota arregalou os olhos por seu tom de voz. suspirou e respirou fundo em seguida. – O tempo de conversar já passou. – Repetiu, agora mais calmo.
- Você tá colocando um fim no nosso relacionamento?
- Você realmente chama o que tivemos de relacionamento? – perguntou assim que chegou na porta, abrindo-a.
- S... – começou a dizer, mas a interrompeu.
- De relacionamento só se for o seu com seus amigos, né? Porque eu posso contar nos dedos as vezes que saímos os dois juntos e sozinhos pra fazer alguma coisa. – Ele disse, finalmente saindo do apartamento e virando-se para ela com os braços cruzados. – Você conhece todos os meus amigos. E eu só conheço o Louis por motivos óbvios, nunca nem vi a cara do restante.
- Me desculpa... – pediu, sua voz saindo baixinha. Ela estava perdendo o cara que amava por ter sido uma completa idiota. – Me desculpa, . Eu te...
- Não! Não. – pediu, balançando a cabeça. – Não fala. Eu não vou ficar porque você falou e não vão ser essas palavras que vão me fazer mudar de ideia.
mordeu seu lábio interiormente, em uma tentativa de impedir que lágrimas rolassem por seu rosto. Por hora, ela obteve sucesso; mas por dentro, ela estava completamente quebrada.
- Tchau, . – deu uma última olhada no rosto da garota e se virou, descendo as escadas em seguida, sem olhar para trás.

bufou e apagou o cigarro no muro. Pegou sua garrafa de cerveja e constatou que ela estava vazia. Revirou os olhos e, estava decidida a se levantar para buscar outra quando uma garrafa apareceu magicamente em sua frente. Ela franziu o cenho e levantou o olhar, seguindo pela mão de quem a segurava, passando pelos braços até chegar no rosto. Era .
- Cerveja? – Ofereceu e assim que a garota pegou a garrafa, sentou ao seu lado. – Por que tá aqui sozinha?
Ela deu um gole na cerveja e deu de ombros, apoiando seus braços novamente no muro.
- Tá fresco aqui fora. – respondeu. – E você? Cadê sua ficante?
deu um sorriso de canto por perceber que a garota havia se incomodado com isso.
- Lá dentro. – Ele disse, virando-se para olha-la. – Que cheiro de cigarro. Desde quando você fuma?
- Desde quando me deu vontade. – Respondeu , passando suas mãos por seu cabelo. – Olha, , eu não quero parecer grossa, mas eu realmente não sou a melhor companhia no momento e...
- Eu quero saber o que você queria me falar antes. – Ele disse, voltando seu olhar para frente e a garota suspirou baixinho.
- Isso foi antes de eu saber que você tá com a loira. – disse, mordendo seu lábio. – Não quero atrapalhar e sinceramente só quero que você seja feliz.
- Eu tô aqui, não tô? Pode falar. – pediu. – Eu terminei o que tínhamos sem nem te dar chance de argumentar.
- Não é como se eu tivesse te procurado depois, também... – comentou, suspirando.
- Só fala, . – Pediu novamente e a garota revirou os olhos, dando-se por vencida.
- Eu sei que sou uma idiota e sei que começar tudo que tenho pra te falar com essa frase é total e completamente ridículo. – Ela falou, rindo nervosamente. – A verdade é que o que eu queria falar perdeu um pouco o sentido...
- Por quê? – perguntou.
- Porque você tá com outra pessoa, . Que direito eu tenho de, depois de meses, aparecer e bagunçar sua cabeça de novo? Nenhum. Eu não dei valor e não soube aproveitar enquanto tinha você comigo, então não vou atrapalhar sua vida agora.
permaneceu em silêncio, com seu olhar voltado para frente. passou seus próprios braços ao redor de seu corpo, abraçando-se.
- Muita coisa aconteceu desde que você saiu da minha vida. Dias depois de terminarmos, meus pais se separaram. Minha mãe descobriu que ele tava tendo um caso e botou ele pra fora de casa. Eu quis ir passar um tempo com ela, mas ela não deixou.
- Sinto muito, ... – disse e a garota olhou para cima, impedindo que ele visse as lágrimas formadas em seus olhos.
- Obrigada. – Agradeceu antes de continuar. – Depois disso o dono do meu apartamento pediu pra eu sair. Tive que arranjar um lugar novo pra morar em menos de duas semanas. Terminei minha tese que não foi nada fácil, me formei e agora consegui um emprego. Fiz tudo isso sentindo uma falta imensa de você. Mas tava tudo bem, porque no fundo eu sabia que você não merecia ficar com alguém que não te dava a devida importância. O problema é fazer o coração da gente entender isso, né? – Perguntou, sem esperar resposta.
abaixou seu olhar e olhou para o lado, encontrando os olhos azuis de a encarando com intensidade. Ela sabia que seus olhos estavam cheios de lágrimas e já não se importava mais. Precisava terminar de falar antes que desistisse.
- Eu sinto muito, , por ter percebido só depois o quanto e como eu errei com você. Não sou nada boa quando se trata de amor. Eu não era ninguém até ter você ao meu lado e só percebi isso depois. – Ela deu um sorriso triste para ele e limpou uma lágrima que escorreu por seu rosto, levantando-se em seguida, ajeitando sua roupa. – Bom, é isso. Eu vou embora.
permaneceu em silêncio, com o olhar perdido na garota. Sem obter resposta, optou por realmente fazer o que havia dito.
- Tchau, . Espero que você seja muito feliz. – Sua voz quase falhou ao falar a última frase.

What's my hand without your heart to hold?
I don't know what I'm living for
If I'm living without you

se levantou saiu andando rapidamente, passando por dentro de casa com certa pressa. Ela esbarrou em alguém no caminho e, quando parou para ver, era Candace.
- Desculpa. – pediu, xingando-se mentalmente. Tantas pessoas, tinha que ser justo ela?
- Tá tudo bem? – A loira perguntou, o cenho franzido.
- Tá tudo ótimo. Pode avisar ao Louis que fui embora, por favor? – Pediu e a garota assentiu, balançando a cabeça. – Obrigada.
Sem esperar resposta, continuou seu caminho e saiu da casa, soltando o ar pela boca assim que o fez. Abriu sua bolsa e pegou seu celular, chamando um Uber em seguida. Para sua sorte, o mais próximo estava há poucos minutos de distância, então não demorou para que ela estivesse dentro do carro a caminho de sua casa.
Quando abriu a porta de seu apartamento, foi logo tirando as botas que usava e jogando-as para o lado. Soltou sua bolsa em qualquer lugar e foi até a cozinha, abrindo a geladeira e pegando uma cerveja. Deu um gole na bebida e foi até a sala, jogando-se no sofá. Pegou seu celular e viu que tinham três ligações de Louis. Preferiu por mandar uma mensagem avisando o amigo que já estava em casa e depois decidiu desligar o aparelho. No outro dia ela daria sinal de vida para o restante das pessoas. deu mais um gole em sua bebida e suspirou alto, deitando-se no sofá ao mesmo tempo em que recomeçava a chorar. Algum tempo depois, acabou por dormir, exausta de tanto derramar lágrimas e afetada por conta das diversas cervejas que bebeu.

xxx


Segunda-feira, primeiro dia no emprego novo. estava empolgada, apesar de um pouco nervosa. Decidida a dar o seu melhor no trabalho, saiu de casa mais cedo do que o necessário para não correr o risco de chegar atrasada. Metrôs costumavam ser extremamente lotados cedo da manhã. Sabia que o escritório que a contratou era um escritório sério e bastante renomado, e queria mostrar a eles que fizeram a escolha certa ao contratá-la.
O domingo de foi entediante. Ela passou o dia inteiro afundada na fossa, comendo, assando bolos e assistindo filmes. Sim, a garota virava uma verdadeira confeiteira quando estava triste. Era por isso que quando passou pelas portas do edifício, ela carregava um bolo de chocolate em mãos. Quer algo melhor que levar um bolo para os seus colegas de trabalho no seu primeiro dia na equipe? - Bom dia. – Cumprimentou ao entrar no elevador, apertando o botão que marcava o quarto andar.
Algumas das pessoas que estavam no elevador a responderam, outras não, mas ela não se importou. Apesar de ter tido um final de semana extremamente depressivo, hoje era um novo dia e se iniciava uma nova fase em sua vida. Por isso, ela preferiu deixar a tristeza para trás e focar sua mente apenas em seu trabalho.
Quando as portas se abriram, ela saiu do elevador, despedindo-se de quem ficou. Caminhou um pouco incerta pelo local até a mesa da recepção.
- Bom dia. – disse para a recepcionista. – Sou nova aqui, me chamo . Dr. Barnes disse para eu chamar por ele assim que chegasse.
- Oh, sim! A garota nova. Só um instante. – A recepcionista sorriu e pegou o telefone, contatando o mais novo chefe de .
- ! – Dr. Barnes chamou e a garota se virou, sorrindo para o homem que se aproximava. – Tudo bem? Pronta para seu primeiro dia?
- Mais que pronta, Dr.
- O que temos aqui? – Perguntou ele, apontando para o bolo.
- Eu assei alguns bolos ontem e trouxe um para a equipe. Não tem problema, não é? – Perguntou, um pouco insegura de repente.
- Claro que tem. – Murmurou ele e arregalou os olhos. – Vai faltar bolo e se for bom, você vai ter que trazer sempre.
Ela soltou o ar pela boca aliviada, rindo em seguida.
- Vamos, vou te mostrar o resto do escritório e te apresentar para o pessoal. – Dr. Barnes disse, começando a andar e o seguiu.
passou praticamente a manhã inteira sendo apresentada aos seus colegas e conhecendo todas as instalações do escritório. A princípio, ela não teria uma sala só para si; dividiria com outra garota, que pareceu ser simpática a princípio. Foi a tarde que o trabalho realmente começou e ela aprendeu a mexer no sistema. Seus novos colegas amaram o bolo e a intimaram a trazer um por semana. Quando ela viu, já eram cinco horas da tarde, hora de ir embora. Despediu-se dos seus colegas e seguiu para o elevador. Assim que as portas se abriram, entrou e apertou o botão do térreo para descer, porém o elevador subiu. Ela revirou os olhos, um pouco impaciente. O elevador só parou novamente no oitavo andar e, quando as portas se abriram, entrou.
- ? – Ele perguntou assim que se posicionou ao lado dela.
- Oi. – Ela disse, sem saber onde enfiar sua cara.
- O que tá fazendo aqui? – não conseguiu esconder sua curiosidade.
- Eu trabalho aqui. Emprego novo, lembra? – Respondeu e ele assentiu, voltando seu olhar para frente.
- Os melhores escritórios da cidade ficam nesse prédio. Parabéns por ter conseguido um emprego em um deles. – elogiou, recebendo como resposta um sorriso pequeno da garota.
Um silêncio um pouco constrangedor se instalou. O elevador parecia estar se movendo mais lentamente que o normal. Por isso, quando ele finalmente chegou no térreo e as portas se abriram, murmurou um tchau e pôs-se a andar apressadamente para fora do edifício. Mas é claro que ela não conseguiu, porque era horário de pico, e haviam muitas pessoas saindo do prédio ao mesmo tempo, então perdeu tempo desviando para não esbarrar nelas.

Oh, tell me you love me
I need someone
On days like this, I do

- ! – Ouviu chamar ao longe e fingiu que não era com ela.
Quando pôs seus pés fora edifício, soltou o ar pela boca ao mesmo tempo que uma mão encostou em seu ombro.
- . – Era novamente.
Assim que ela se virou para encará-lo, ele tirou sua mão do ombro dela.
- , não me leve a mal, mas eu...
- Eu quero conversar com você. Tem tempo pra beber uma cerveja comigo? – a interrompeu e falou tudo de uma vez, temendo uma interrupção por parte dela.
- Ahm... Oi? – Ela perguntou, incerta do que tinha acabado de ouvir. – Uma cerveja com você?
- Sim. Até onde chequei, você ainda gosta de cerveja. – argumentou.
- Eu não sei, ... – Ela disse, ajeitando sua bolsa em seu ombro. – Não sei se é uma boa ideia.
- Por quê? – perguntou, abaixando seus ombros. – Uma cerveja. É só o que peço.
mordeu seu lábio, pensando por alguns segundos e acabou por concordar. Uma cerveja não faria mal a ninguém.
Os dois começaram a caminhar lado a lado e assim que viraram à esquina, entraram em um pequeno bar bastante aconchegante.
- Venho sempre aqui com os caras do trabalho. – disse assim que os dois escolheram uma mesa. – Vou pegar cerveja pra nós dois. Já volto.
assentiu e ficou observando enquanto ele se afastava. Mordeu seu lábio inferior, um pouco nervosa e ansiosa por não saber o que esperar dessa conversa. Justo agora que ela havia decidido deixar isso para trás e focar em sua carreira?
- Aqui. – entregou a cerveja à e sentou-se na cadeira vaga na mesa.
- Obrigada. – agradeceu.
levou sua garrafa até a de e bateu levemente, em uma espécie de brinde. Os dois então deram um gole da bebida ao mesmo tempo, soltando a garrafa na mesa em seguida.
- Então... – murmurou.
- Então? – perguntou ao mesmo tempo.
Os dois riram baixo e colocou uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha.
- Como foi seu primeiro dia de trabalho? – perguntou e franziu o cenho. – Eu não quero ir direto ao ponto.
riu baixo e deu de ombros.
- Foi ótimo, gostei bastante. Se continuar assim tenho certeza que estarei amando o trabalho em alguns dias.
- Fico feliz por você. – Ele disse e bebeu mais um gole de sua cerveja.
- Eu não sabia que a empresa do seu pai era ali no edifício. – comentou.
- Mudamos há pouco. Eu o convenci a mudar e tá sendo ótimo. – contou. – Sou oficialmente o vice-diretor da empresa agora.
ergueu as sobrancelhas em surpresa e depois sorriu, certa de que ele com certeza merecia o cargo.
- Não esperava outra coisa. – Disse , bebendo sua cerveja novamente.
Os dois ficaram em silêncio durante algum tempo e deixou seu olhar vagar pelo local.
- Eu fui atrás de você no sábado. – disse de repente, fazendo a garota voltar sua atenção para ele. – Candace me encontrou lá fora e me disse que te viu indo embora.
ergueu suas sobrancelhas em surpresa novamente, mordendo seu lábio interiormente. Ela não falou nada, permaneceu encarando esperando que ele continuasse.
- Quando eu fui atrás de você, você recém tinha ido embora. Pensei em pegar meu carro e ir até seu apartamento, mas lembrei que além de você ter se mudado, eu tinha bebido e não podia dirigir. E Louis não quis me passar seu endereço novo. – revirou os olhos e riu baixinho.
- Desculpa ter jogado tudo aquilo na sua cara e ter ido embora de repente... Não queria que tivesse sido assim. – respondeu, bebendo sua cerveja e esvaziando a garrafa. fez o mesmo.
- Quer mais? – Ele perguntou, apontando para as garrafas vazias.
- Acho melhor não. Hoje é ainda é segunda. – disse.
- Ah, qual é? Você já foi melhor que isso. – rebateu. – Só mais uma?
revirou os olhos e balançou a cabeça em confirmação.
- Só mais uma. – Confirmou e piscou para ela, levantando-se e indo em direção ao bar.

Oh, can you hear my heart say
OOhh, ooh
You ain't nobody 'til you got somebody
You ain't nobody 'til you got somebody

não entendia exatamente o que queria com essa conversa. Ela estava tentando, a todo custo, não deixar suas esperanças aumentarem, mas estava difícil. Ter em sua frente depois de tanto tempo, disposto a conversar, era algo inédito e que, depois de domingo, ela não esperava mais que acontecesse. E agora ele estava ali, em sua frente, disposto a conversar e com coisas para lhe dizer.
- No que tá pensando? – perguntou, balançando sua mão em frente ao rosto de .
- Hm? – Perguntou, piscando algumas vezes. – Em nada, me distraí. – Mentiu, sorrindo para ele em seguida.
lhe empurrou a cerveja dela e deu um gole na sua. Quando soltou sua garrafa na mesa novamente, o celular de tocou. Era Louis.
- Fala, estrupício. – disse quando atendeu.
- Nossa, cada dia mais eu me surpreendo com o tamanho do amor que você sente por mim. – Ele disse e riu. – O que tá fazendo? Tá afim de comer uma pizza e comemorar seu primeiro dia de emprego?
olhou para , que a encarava curioso.
- Hm... Quero, mas pode ser amanhã? Tô um pouco ocupada. – Respondeu e pode ver sorrindo de canto.
- Ocupada? Com o quê? – Louis perguntou, sua voz cheia de curiosidade.
olhou para como se perguntasse o que fazia e ele deu de ombros, dizendo que tanto faz.
- Eu tô com o . – Respondeu calmamente.
- Você o quê? – Louis praticamente gritou, fazendo a amiga afastar o telefone da orelha. – É por isso que esse babaca não responde minhas mensagens pra comer pizza!
- Ah, quer dizer que eu fui sua segunda opção, então? – perguntou e Louis ficou em silêncio, fazendo a amiga rir.
- Não... Quer dizer... Ah, vai se foder, . – Louis xingou e ela gargalhou. – Seja lá o que estejam fazendo, usem camisinha.
- Cala a boca. – pediu, revirando os olhos. – Tchau, Louis.
- Me conta tudo aman... – Tu tu tu.
colocou o celular sobre a mesa e voltou seu olhar para , que tinha um sorriso divertido no rosto.
- Desligou na cara dele, né? – Perguntou.
- Mas é claro que sim. Louis parece uma patricinha fofoqueira. – disse e gargalhou. – A propósito, ele está putinho porque você não responde as mensagens dele.
- Ele que espere, tenho coisas, ou melhor, pessoas mais interessantes para conversar no momento. – comentou e sorriu um pouco sem jeito, bebendo um gole de sua cerveja em seguida.
- Quando acabar essa cerveja, vou pra casa. Então porque você não continua me falando o que queria? – sugeriu e concordou, levando sua garrafa a boca antes de começar.
- Bom... – coçou a cabeça, bagunçando seu cabelo. – Todas as coisas que você me falou ficaram martelando em minha cabeça. Algumas mais, outras menos.
Ele deu uma pausa e bebeu o restante de sua cerveja. fez o mesmo.
- Acabou? – perguntou e ela concordou. – Então vamos embora, eu te levo pra casa. No caminho eu continuo.
- Mas você vai dirigir? – perguntou, preocupada, já que o garoto havia bebido.
- Pensei em pedirmos um Uber ou irmos a pé, dependendo de onde é seu apartamento novo. – disse, levantando-se.
- Acho que dá uns dez minutos de caminhada. – respondeu, seguindo-o.
- Perfeito, então. Amanhã eu pego meu carro no estacionamento.
Os dois se levantaram e, depois de uma discussão pequena, acabou por pagar as quatro cervejas. Assim que saíram do bar, começaram a caminhar em direção ao apartamento de .
- Pelo que você disse, não é longe. – Ele disse. – É até que perto do seu apartamento antigo, né?
- É um pouco, sim. – disse.
- Então, como eu estava dizendo lá no bar... – começou, colocando suas mãos em seus bolsos. – Algumas coisas que você disse ficaram na minha cabeça. Duas delas me marcaram mais. E também teve uma coisa que você não falou, mas que eu gostaria que tivesse.
franziu o cenho e virou seu rosto, fixando seu olhar diretamente no rosto de esperando que ele continuasse.
- Você disse “eu só quero que você seja feliz" e algo sobre eu estar com outra pessoa e você não ter o direito de atrapalhar minha vida agora. – Continuou ele com seu olhar fixo no caminho ao seu redor. – Você não atrapalharia minha vida. Não atrapalhou no passado e não atrapalharia agora. Sim, você me machucou, e sim, eu tô admitindo isso em voz alta pela primeira vez, mas você nunca foi um incômodo e não seria um agora, .
A garota mordeu o lábio inferior e suspirou baixinho, sentindo uma chama pequena de esperança se acender em seu interior. Os dois continuaram a andar em direção ao apartamento dela.
- Depois, você falou “eu não era ninguém até ter você", e nisso você errou. Sabe por quê?
- Não. – respondeu baixinho e piscou algumas vezes, fazendo com que algumas lágrimas escorressem por seu rosto. Manteve seu olhar fixo no caminho a sua frente.
- Porque você é incrível, . Você sempre foi e você sempre vai ser, comigo ou “sem migo" ao seu lado.
riu por conta do trocadilho infeliz que ele fez, fungando baixinho.
- Você ri, mas é verdade. Eu me apaixonei pela garota incrível que você sempre foi, antes mesmo de te conhecer direito. Quando Louis nos apresentou a nova melhor amiga dele, eu sabia que você mexeria comigo. – Ele disse e virou para ela quando os dois pararam em uma esquina. – Você era, é e sempre será incrível, independente de quem esteja ao seu lado. Você é incrível só por ser quem você é.
já chorava abertamente, porém em silêncio. Ela não se lembrava de ter ouvido algo tão intenso e bonito antes em sua vida. O mais incrível era que quem estava em sua frente lhe falando isso era o garoto cujo coração ela quebrou. Ela passou as mãos pelo rosto e fungou algumas vezes. Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos e, quando finalmente chegaram em frente ao apartamento de , pararam de caminhar, ficando frente a frente.
- Me desculpa, não queria te fazer chorar. – pediu e olhou ao redor. – É aqui?
A garota balançou a cabeça em confirmação, ajeitando sua bolsa em seu ombro e preparando-se para entrar em seu prédio.
- Espera, eu ainda não terminei. – pediu e ela se voltou seu olhar para ele. - Tem algo que você não falou.
franziu o cenho, confusa. deu alguns passos, aproximando-se dela e levou uma de suas mãos até o rosto da garota, acariciando sua bochecha com o polegar lentamente.
- Você nunca me pediu por uma segunda chance. – Ele disse calmamente. – Se você tivesse pedido...
- Se eu tivesse pedido você não daria. – o interrompeu, levando sua mão até a dele.
- Errado. – falou, sorrindo lateralmente. – Eu já falei que eu te amo? – Perguntou e viu a boca de se abrir em surpresa. – Eu te amo, sim. Te amava antes de terminar com você e continuei te amando enquanto ficamos separados.
- Mas e a... – começou, mas foi interrompida.
- Candace? – perguntou. – Louis contou tudo pra ela na festa, quando eu fui atrás de você. Ela preferiu terminar o que mal tínhamos começado já que tá bem claro que eu ainda te amo.
Um soluço alto escapou pelos lábios de e ela imediatamente jogou seus braços ao redor do pescoço de , fazendo-o gargalhar alto.
- Eu te amo. – disse contra o pescoço dele. – Obrigada por dar uma segunda chance a nós dois. Eu prometo não cometer os mesmos erros de antigamente. – Ela se afastou para olhar nos olhos dele. – Talvez cometa outros, mas eu nã...
riu e balançou a cabeça, segurando o rosto dela delicadamente entre as mãos.
- Você pode, por favor, parar de falar? – Pediu, fazendo-a rir e balançar a cabeça em confirmação. – Obrigado. Agora eu posso te beijar? Não aguento mais de saudade.
mal teve tempo de sorrir em confirmação, pois no segundo seguinte seus lábios estavam contra os de em um beijo completa e totalmente apaixonado.
Ela, há algumas horas, tinha certeza de que nunca mais beijaria os lábios de . No fim das contas, estava certa: hoje era um novo dia e se iniciava uma nova fase em sua vida. Dessa vez, ela estava decidida a fazer dar certo.

Everything I need
Is standing in front of me
I know that we will be alright, alright, yeah



FIM



Nota da autora: Bom, é isso. Desde que peguei essa música pensei em uma história assim. Espero que eu tenha conseguido passar o que queria com ela, e que, acima de tudo, vocês tenham gostado.
Não deixem de comentar aqui, por favor!
Beijos e até a próxima!


   
   

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