Última atualização: 06/02/2019
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Prólogo

- , querida, já falei que você não pode ir. Precisa ficar com seu irmão. - Sra. disse a sua filha de oito anos, que a encarava, emburrada. - Querida, por favor...
- Mas ele não brinca comigo, nunca quer assistir o que eu quero e fica rindo de mim! - A garota argumentou, cruzando os braços, fazendo com que a mãe suspirasse, um pouco impaciente.
- Eu já conversei com Louis, . Ele vai brincar do que você quiser.
- Mas, mamãe...
- Sem mas! - A mulher respondeu firmemente antes de se virar para sair do quarto.
- Eu só ia pedir se não poderia chamar o pra cuidar da gente... - encolheu os ombros, como quem não queria nada.
era o garoto que morava na casa ao lado e que às vezes cuidava dos dois quando os pais das crianças iam sair. Mesmo sendo dois anos mais velho, ele e Louis eram amigos. o adorava, porque nunca media esforços para agrada-la, fosse brincando de casinha ou de carrinho. Ela costumava dizer que queria que ele fosse seu irmão, ao invés de Louis, tamanho era seu carinho pelo menino.
- Eu acho difícil... Já tá em cima da hora. - Sra. explicou. Havia se esquecido completamente que às vezes trabalhava como babá, poderia ter tentado falar com ele mais cedo.
- Eu duvido que ele diga não!
- Quem? - Louis entrou no quarto, já fazendo careta para sua irmã.
- Quero que venha ficar com a gente enquanto mamãe e papai estiverem fora. - explicou, cruzando os braços, tentando se mostrar superior a seu irmão.
- Se ele vier, ele vai brincar co-mi-go! - Louis implicou, mostrando a língua para a irmã, fazendo-a fechar a cara imediatamente.
- Nem comecem, os dois! - Sra. cortou. - Vou ver com Lisa se ele pode vir, não custa tentar. - Avisou antes de sair do quarto, o barulho do salto alto que usava ecoando pelas escadas enquanto descia.
- Ele vai brincar comigo! - retomou a discussão, fazendo o irmão rir.
- Vai sonhando, pirralha.
- Eu só sou três anos mais nova que você! - Se defendeu, levantando da cama e indo até o irmão.
- Então, como eu disse: pirralha. - Louis repetiu antes de se virar e sair correndo escada abaixo com sua irmã em sua cola.
- Crianças! - Ouviram Sr. chamar da sala de estar. - Não corram na escada.
- Desculpa, papai. - pediu, fazendo uma careta para o irmão, que retribuiu e lhe mostrou a língua.
Segundos depois a porta se abriu e Sra. entrou com atrás de si. Assim que o viu, Amelie correu em direção ao garoto, abraçando-o.
- ! Que bom que você veio! - Disse a ele, rindo quando o garoto bagunçou seu cabelo. - Eu já pensei em várias brincadeiras pra gente, vem comigo!
- ! - A mãe a repreendeu e ela se encolheu. - mal entrou em casa, querida. Ele vai brincar com vocês dois, aliás, ele me prometeu, não é, ?
- Sim, Sra. . Pode deixar. - respondeu, sorrindo para a mãe das crianças. - Nós vamos encontrar uma brincadeira que seja legal pra nós três.
Os dois mais novos se entreolharam, mas acabaram dando de ombros. Não seria de todo ruim.
Não demorou muito para que os pais deles saíssem - mas não sem antes se despedir e deixar várias recomendações para - nada que ele já não estivesse acostumado. E a noite dos três foi, relativamente, tranquila. Claro que os irmãos implicaram um com o outro, mas nada fora do normal. havia sugerido que eles brincassem de cidade, que basicamente era a junção de casinha e carrinho. Tudo correu muito bem até o momento em que Louis resolveu passar com seu carrinho e destruir toda a casinha que e haviam montado, dizendo que ocorrera um acidente e todos haviam morrido, o que ocasionou uma discussão entre os dois menores. só conseguiu acalma-los depois que prometeu para que levaria ela para brincar em sua casa, junto com ele, seu irmão e suas irmãs. Ele prometeu o mesmo para Louis, mas, nenhum dos dois precisava saber disso.
Estava difícil colocar os dois na cama, porque nenhum queria abrir mão da companhia de . Para resolver isso, o adolescente convenceu Louis a dormir no quarto de sua irmã e levou dois colchões para lá, um para cada. A noite se encerrou com a promessa de que eles seriam amigos para sempre, mesmo com a diferença de idade e com essas pequenas intrigas que os irmãos criavam entre os três. E eles estavam cientes de que isso se concretizaria, mas não contavam com os acontecimentos que levariam os três a se afastarem, poucos anos mais tarde.


Um.


encarou a casa à sua frente, muitas memórias lhe atingindo com força. Ao seu lado, Dodger permanecia parado, olhando para o dono, curioso. soltou o ar pela boca e colocou sua mala no chão, prendendo a guia do cachorro em seu punho, esfregando as mãos uma na outra, em uma tentativa falha de se aquecer. O frio estava intenso e a neve cobria as ruas, embranquecendo toda a cidade. Faziam alguns anos que ele não conseguia voltar para Sudbury para passar o Natal com a família. Geralmente, eram eles quem iam até Nova Iorque na data comemorativa. Mas, dessa vez, ele conseguiu se programar com bastante antecedência e era por isso que agora se encontrava parado em frente à casa de seus pais, onde viveu até se mudar para iniciar sua carreira como ator.
Dodger latiu, chamando a atenção de ao começar a andar em direção a casa. Ele pegou sua mala novamente e caminhou até a entrada praticamente sendo arrastado pelo cachorro. Precisava lembrar de agradecer seus pais por terem tirado a neve do caminho até a varanda, caso contrário, ele enterraria seus pés cada vez que pisasse no chão e não seria nada agradável. Subiu os degraus e arriscou abrir a porta, encontrando-a destrancada, entrando em seguida.
- Família? - Chamou e recebeu imediatamente gritos empolgados como resposta. Soltou sua mala no chão e tirou a guia de Dodger, liberando-o, mas o cachorro permaneceu parado ao lado de seu dono. - Ah, até parece que sentiram minha falta, ninguém foi nem me buscar no aerop...
- Deixa de ser dramático! - Shanna pediu antes de se jogar no irmão mais velho, abraçando-o como se há anos não se vissem.
- Oi, irmãzinha. - Ele disse, bagunçando o cabelo dela, só porque sabia que ela odiava.
Dodger latiu, interrompendo o momento e só então Shanna notou a presença do cachorro, abaixando-se para abraça-lo. Dodger recebeu o carinho alegremente, lambendo o rosto de Shanna, fazendo-a reclamar baixo e rir. Eles mal tiveram tempo de trocar outra palavra, já que no segundo seguinte Lisa apareceu e puxou o filho para si, envolvendo-o em um abraço de urso apertado.
- , meu filho! - Ela disse ao se afastar, segurando o rosto dele entre suas mãos, analisando-o atentamente, fazendo-o rir.
- Sim, mãe, eu tô bem. Tô me alimentando e fazendo exercícios. - Disse antes mesmo que ela pudesse pensar em perguntar. Lisa abriu um sorriso orgulhoso e beijou a bochecha dele várias vezes.
- Desculpa não poder ir te buscar no aeroporto, querido, mas seu pai foi trabalhar com o carro e Scott e Carly foram ao mercado com o carro dela, mas já devem estar voltando. - Explicou, praticamente puxando o filho para a cozinha.
- Tá tudo bem, você sabe que eu gosto de fazer drama. – Ele riu, apoiando-se na bancada da cozinha e cruzando os braços. - Que cheiro maravilhoso é esse?
- Mamãe fez aquele frango cremoso que você ama! - Shanna contou e se sentou em uma cadeira na mesa da cozinha. - E ela nem faz questão de esconder que só fez por sua causa, já que eu sempre peço e ela nunca faz.
riu e sua mãe sorriu de maneira convencida.
- Culpada. - Ela comentou, ainda sorrindo. - Vocês já estão com fome?
Dodger, que estava ao lado da mesa, latiu, como se respondesse a Lisa, fazendo os três rirem. então levantou e pegou um pote de comida para seu cachorro. Foi até sua mala e tirou o pacote de ração que trouxera, enchendo o pote e deixando-o ao lado da porta da cozinha.
- Pronto, campeão. - Acariciou a cabeça de Dodger antes de ele começar a comer.
- É bom que você esteja com fome, querido. - Lisa disse ao tirar o prato do forno, colocando-o no meio da mesa.
- Até parece que não. - Shanna revirou os olhos, puxando uma cadeira para o irmão se sentar ao seu lado e ele o fez.
- Eu sempre tô com fome, mãe. - Ele riu e deu de ombros antes de sua mãe começar a servir pratos para os três. - Não vamos esperar Carly e Scott?
- Não precisa. Acho que eles ainda vão demorar um pouc...
- já chegou? - A voz de Carly soou alta, interrompendo a conversa dos três ao entrar na cozinha. - !
A irmã mais velha praticamente gritou e ele se levantou para abraça-la, envolvendo-a com seus braços. Dodger, que até então comia sua ração, começou a latir para Carly. Ele tinha um carinho especial pela irmã mais velha de , era incrível o quanto o cachorro gostava dela.
- Como você tá gato, Capitão América. - Ela disse e piscou para ele, antes de voltar sua atenção para Dodger, fazendo rir um pouco sem jeito, dando de ombros em seguida.
- Com licença, com licença. - Scott disse, empurrando Carly e Dodger, abrindo os braços para receber o irmão mais velho. - E aí, cara?!
riu e abraçou seu irmão, dando alguns tapinhas em suas costas.
- Caramba, Scott, a cada ano que passa você fica mais bonito! - riu, quebrando o abraço apenas para dar um beijo estalado na bochecha do irmão, fazendo-o gargalhar.
- Tenho a quem puxar, né? - Scott disse e indicou com as mãos, fazendo-o rir de maneira convencida.
- Vocês não iam nos esperar pra almoçar, é isso mesmo? - Carly perguntou, desviando sua atenção do cachorro ao observar alguns pratos já servidos.
- Claro que íamos. - Lisa respondeu, mentindo descaradamente, fazendo e Shanna trocarem um olhar divertido e segurarem o riso. - Eu só estava servindo para quando vocês chegassem...
- Mãe. - Carly a cortou, cruzando os braços. - Todo mundo aqui sabe que a senhora tá mentindo.
- Poxa. - Lisa fez uma careta triste, mas riu ao receber um abraço da filha mais velha. - Vamos comer?
Os quatro irmãos praticamente gritaram ao mesmo tempo, empolgados, antes de se sentarem na mesa.
- Não é sempre que mamãe faz esse prato, né... - Carly comentou, despretensiosa.
- Só quando o filho preferido vem pra cá... - Scott praticamente assobiou.
- Ah, calem a boca, por favor. - pediu, revirando-os olhos apenas para, no segundo seguinte, abrir um sorriso convencido. - Mas, que bom que vocês sabem que eu realmente sou o preferido.
Os outros três fizeram caretas para ele e Lisa riu ao observar seus filhos. Certas coisas nunca mudariam, e a relação deles com certeza era uma delas.


Já era fim da tarde. já havia colocado o assunto em dia com seus irmãos, contando como havia sido o ano que se passou e agora estava na varanda com uma caneca de chocolate quente em mãos, esperando seu pai, Robert, chegar do trabalho. Ele havia ligado mais cedo e avisou que se atrasaria, o movimento em sua clínica de odontologia sempre aumentava nessa época do ano - ainda mais levando em conta como a clínica crescera de um ano para cá. precisava ir até lá para ver como havia ficado a reforma que o pai fizera.
Distraído, ele mal viu quando um carro estacionou na casa vizinha a sua. Uma mulher desceu do veículo, um pouco atrapalhada ao carregar sua bolsa e algumas pastas. Ele franziu o cenho, com a impressão de que a conhecia de algum lugar. Observou quando ela andou, com certa dificuldade, até a porta da casa por conta da neve que não havia sido tirada do caminho. só desviou seu olhar porque seu irmão surgiu ao seu lado, avisando que o pai deles havia ligado e já estava chegando. Scott sentou ao lado dele, dando início a uma conversa sobre as gravações do próximo filme de . Falaram também sobre o namoro de Scott, que havia terminado poucos dias antes. Em outra situação, até ficaria preocupado com Scott, mas, no fundo, estava aliviado, pois o ex namorado dele era um babaca de primeira e porque também sabia que ele ficaria bem.
A conversa dos dois foi interrompida por Robert estacionando o carro em frente a casa. se levantou, ansioso para cumprimentar seu pai, que logo desceu do veículo e andou em direção ao filho, de braços abertos.
- Filho! - Robert exclamou ao abraça-lo. - Que saudade, meu garoto!
- Muita saudade, pai. - respondeu, afastando-se do pai para olha-lo. - Como foi o dia na clínica?
- Cheio. - Suspirou depois de abraçar Scott e abriu a porta, entrando com os dois filhos em seu encalço. - A sorte é que agora tem outra dentista trabalhando comigo, e isso ajuda muito.
- Eu quero ir conhecer a clínica amanhã. - disse, seguindo o pai até a cozinha. Ao chegarem lá, Robert cumprimentou Lisa com um selinho e abraçou as duas filhas, que também estavam no local.
- Eu te ligo quando chegar na clínica pra te dizer o horário que vai estar mais tranquilo pra você ir, pode ser? - O pai perguntou, recebendo um aceno de cabeça do filho mais velho. - Então, me conta, garoto. Como andam as coisas em NY?


estacionou o carro de Carly em frente a clínica de seu pai e abriu um sorriso ao perceber que, apesar de estar bem maior, o local não havia perdido sua essência, ainda sendo possível observar alguns detalhes da construção original. Ao sair do carro, caminhou em direção à entrada clínica e logo que passou pela porta, chamou a atenção de alguns pacientes que aguardavam, assim como a da recepcionista, que arregalou os olhos ao vê-lo em sua frente.
- Olá. - Cumprimentou, sua voz saindo baixa, não querendo chamar muita atenção. - Meu pai me deve estar me esperando.
Ela permaneceu a encara-lo, perdida na imensidão azul que eram seus olhos e teve que pigarrear para que ela saísse do transe em que se encontrava.
- M-Me desculpa, Sr. . - Gaguejou um pouco e abriu um sorriso sem jeito para o ator. - O Dr. está com um paciente, mas já deve estar acabando. Se quiser se sentar, fique à vontade, Sr. . - Repetiu a maneira como o chamou antes, fazendo sorrir.
- Pode me chamar de . O único Sr. aqui é meu pai. - Ele sorriu, agradecendo antes de se virar e ir se sentar nas cadeiras da recepção.
Observou o local ao seu redor. A cor branca estava presente na decoração, mas também haviam tons de azul e prata, que davam um toque moderno no local. Um pouco mais ao lado, ele avistou a porta da sala que só podia ser a de seu pai, pois tinha uma placa indicando ‘’Dr. Robert ’’ grudada na mesma. Ele ia continuar a observar o ambiente, porém, duas crianças - um menino e uma menina, de aproximadamente 8 anos - se colocaram em sua frente, cochichando baixo, como se ele não estivesse ali. Ele virou o rosto para elas e abriu um sorriso ladino.
- Oi. - Cumprimentou-os, fazendo a garota dar um gritinho empolgado.
- Oi. A gente... Nós dois... Meu Deus... - A menina falou, enrolando as palavras de maneira adorável, fazendo rir. Ela estava nervosa e isso era adorável.
- Claire, cala a boca. - O menino falou baixo, disfarçadamente, sorrindo para o ator. - Se não for incomodar, você pode tirar uma foto com a gente?
- A gente ama você, Capitão América! - A garotinha disse e só não o abraçou porque o irmão a segurou.
- Eu já disse que o nome dele não é Capitão América, Claire! - O irmão ralhou com a menina, revirando os olhos e riu novamente ao observa-los.
- Tá tudo bem. - Ele disse, sorrindo para os dois. - Vocês têm um celular?
- Minha mãe tem! - A menina respondeu e correu em direção a mãe, que observava a cena de longe e entregou o celular para a filha. Ela voltou correndo e parou em frente ao ator e ao lado do irmão. - Aqui.
- Vamos tirar uma foto juntos e depois eu tiro uma com cada um, pode ser? - perguntou sob o olhar atento das duas crianças, recebendo sorrisos animados como resposta. - Certo, venham aqui.
Os dois se posicionaram um em cada lado do ator, juntando seus rostos e abrindo sorrisos empolgadíssimos. esticou sua mão e tirou uma selfie com os dois, entregando o celular para o menino assim que eles se afastaram.
- Seu nome é Claire, né? - Ele perguntou e a menina balançou a cabeça em confirmação, quase dando pulinhos pelo fato de ele saber seu nome.
A garota novamente se aproximou e a puxou para um abraço, posando para a foto que o menino que tirou.
- E você se chama...?
- Scott. - Respondeu, orgulhoso.
- Ah, meu irmão também se chama Scott! - sorriu e o garoto arregalou os olhos, sem acreditar que tinha o mesmo nome do irmão de .
Dessa vez foi Scott quem abraçou e o ator somente retribuiu, sorrindo para a foto quando Claire a tirou.
- Obrigada! - Claire agradeceu, um sorriso quase maior que sua boca estampado em seu rosto. - Você é o melhor super herói de todos!
- Valeu, de verdade! - Scott também agradeceu e os dois acenaram para antes de se afastarem e correrem até a mãe, com sorrisos imensos no rosto.
A mãe das crianças olhou para e sorriu em agradecimento, recebendo um balançar de ombros do ator e um sorriso, como quem diz que não foi nada. O celular de vibrou em seu bolso e ele o pegou, rolando os olhos ao ver que era uma mensagem de Anthony Mackie. Como sabia que só podia ser besteira, decidiu que responderia depois. Guardou o celular novamente a tempo de ver a porta ao lado da sala de seu pai se abrir e uma mulher sair, despedindo-se de seu paciente. Ela sorriu e abraçou-o, desejando um Feliz Natal e Feliz Ano Novo antes do homem se afastar. Ela estava pronta para voltar a entrar na sala, quando seu olhar passou pela recepção e viu sentado. O sorriso que ela abriu era, com certeza, um dos mais bonitos que já havia visto.
- Quem é vivo sempre aparece, não? - Dirigiu-se a assim que se aproximou, fazendo o homem franzir o cenho em confusão.
Eles se conheciam? Pera aí... Ela era a vizinha que ele tinha visto ontem! Estava claro que ele conhecia ela de algum lugar, só não conseguia se lembrar de onde...
- Oi. - Ele disse, levantando-se para cumprimenta-la, ainda analisando seu rosto, tentando se lembrar.
- Não acredito que você não lembra de mim, . - Colocou as mãos na cintura, fingindo estar indignada.
- Desculpa, eu não... - Ele uniu as sobrancelhas, colocando as mãos nos bolsos de sua calça, tentando disfarçar o quanto estava sem graça por não lembrar dela.
- Você realmente não lembra? - Agora seu sorriso havia murchado.
- Filho! - Dr. apareceu, passando o braço pelos ombros de . - Ah, que bom que já se encontraram. Dra. é a dentista que comentei ontem.
Dra. ? Como em ? Meu Deus, a garota que ele costumava ficar de babá? Quando ela havia se tornado essa mulher incrivelmente linda que estava em sua frente?
- Ah! - riu ao finalmente perceber quem era ela. - !
Ela sorriu sem graça e balançou a cabeça em confirmação, sendo puxada por ele para um abraço desajeitado.
- Achei que não fosse se lembrar de mim. - Ela disse depois que se separaram, colocando suas mãos no bolso de seu jaleco.
- Desculpa, é que você tá um pouco... Você tá diferente... Já fazem anos... - Ele se atrapalhou e seu pai quase riu da falta de jeito de seu filho. - Você tá muito bonita.
- Obrigada. - agradeceu, suas bochechas corando levemente.
- E Louis? Nunca mais o vi, também...
- Louis agora mora com a namorada, em Boston. - Ela sorriu e ele assentiu. - Bom, eu preciso ir. Bom te ver, .
- Você também, . - Ele disse, sorrindo para ela quando ela se virou, afastando-se dos dois.
Antes que ela pudesse entrar novamente em seu consultório, porém, Robert voltou a chama-la.
- ? Você pensou no convite que eu e Lisa lhe fizemos?
franziu o cenho, confuso com o que seu pai falara.
- Ainda não, aviso até amanhã, pode ser? - Ela respondeu apenas e Dr. concordou, sorrindo para antes que ela voltasse a entrar em seu consultório.
- Convite? Que convite? - perguntou, curioso, recebendo como resposta uma risada do pai.
- Convidamos ela para passar o Natal conosco, filho.
- O quê? Digo, por quê? - Questionou, cada vez mais confuso.
Desde que se conhecia por gente, o Natal dos era um momento para estarem somente em família. Claro que ele não se importaria nenhum pouco se ela fosse, só não entendia o motivo pelo qual ela poderia vir a passar o Natal com eles e não com a própria família.
- Muita coisa aconteceu, filho. Peça a suas irmãs para lhe contarem depois. - Robert disse antes de começar a andar com o filho para mostra-lo cada área da nova clínica.
Ah, com certeza perguntaria a Shanna e Carly o que havia acontecido. De qualquer maneira, se aceitasse o convite, não teria como ser uma noite ruim, teria? Afinal, ela estava linda e ele poderia muito bem aproveitar para se redimir por não ter se lembrado dela.


Dois.

empurrou a porta de casa com o pé, pois suas mãos estavam ocupadas carregando sua bolsa, algumas pastas e sacolas do mercado. Assim que ouviu o clique da porta se fechando, ela se aproximou da mesa de jantar, soltando sua bolsa e as pastas e seguiu para a cozinha para guardar as compras que havia feito. Depois de guardar tudo, ela foi até o banheiro para tomar uma ducha. Quando terminou, vestiu uma roupa confortável e quentinha e então voltou para a cozinha. Assim que entrou, sorriu ao ver uma foto de seus pais grudada na geladeira.
- Segundo Natal sem vocês. - Suspirou ao passar os dedos pela fotografia. - E pra completar, Louis vai passar com a família da namorada na Califórnia.
Sorriu tristemente ao se dar conta de que era o primeiro Natal de sua vida que passaria sem nenhum familiar. Decidida a não deixar isso lhe abalar e com o pensamento de que seus pais não gostariam de vê-la triste nessa data, resolveu aceitar o convite dos - e não, isso nada tinha a ver com o fato de estar na cidade e estar ainda mais bonito pessoalmente do que nos filmes. Ok, talvez tivesse um pouco. ainda não acreditava que depois de anos havia visto novamente e, para tornar a situação melhor ainda, ele não se lembrara dela de início. Mas, tudo bem. Ela relevaria, afinal, não era nada sério e ele era , seu amigo de infância que agora era muito famoso, certo? Certo.
Decidiu então assar um bolo para levar para seus vizinhos, como forma de agradecimento pelo convite e para dizer que aceitava passar o Natal com eles. Seus dotes culinários eram muito bons e se orgulhava muito disso, afinal, havia aprendido tudo o que sabia com sua mãe. Antes de iniciar, porém, correu até a sala e pegou sua caixinha de som e o celular, colocando a playlist que havia feito para quando estava na cozinha. Pronto, agora sim ela podia começar.


estava sentado no sofá assistindo a um programa qualquer na TV, com Dodger deitado em seus pés. Sua mãe insistia para que o cão não subisse no sofá, e ele respeitava isso. O cachorro parecia que entendia, pois em nenhum momento fez menção que subiria no móvel, deixando orgulhoso.
Carly entrou na sala e se sentou ao lado do irmão, esticando suas pernas e apoiando os pés na mesinha de centro. Ela roubou o controle da TV, mudando de canal.
- Ei! Eu tava assistindo! - Ele protestou, tentando roubar o controle de volta, mas, sem sucesso.
- Que mentira, o que tava passando? - Carly ergueu suas sobrancelhas, desafiando-o.
- Não sei o nome do programa. - rolou os olhos, fazendo a irmã rir.
- Então, deixa eu assistir o que eu quiser. - Sorriu convencida e ele fez uma careta para ela, ajeitando-se no sofá.
Carly mudou de canal várias vezes até algo que lhe agradasse. Ela deixou em um programa de culinária e, bom, podia ser pior. não reclamou, assistindo ao programa com ela. Não demorou para que seu pensamento voasse para . Ele estava curioso pelo que seu pai dissera mais cedo, precisava perguntar a Carly antes que esquecesse.
- Carly? – Chamou a atenção da irmã, virando um pouco seu corpo. - O que aconteceu com ?
Carly franziu o cenho, desviando a atenção da TV para olhá-lo.
- Com especificamente? Nada. - Ela deu de ombros.
- Com a família dela, que seja, você entendeu. - rolou os olhos, um pouco impaciente.
- Os pais dela faleceram há dois anos em um acidente de carro. Eles não estavam mais morando aqui na vizinhança, tinham se mudado. Mas depois que os pais morreram, ela e o irmão voltaram pra cá. - Respondeu, cruzando os braços. - Eles ficaram praticamente sozinhos. E agora parece que Louis tá morando com a namorada em Boston...
assentiu, assimilando as informações. Não gostava nem de pensar no que faria caso algo do tipo acontecesse com seus pais. Eles eram tudo na vida de , assim como seus irmãos. Por isso, não foi difícil de imaginar o quanto deve ter sido doloroso para seus dois amigos de infância lidarem com essa perda.
- Por isso papai convidou ela para passar o Natal conosco? - Voltou a perguntar.
- Isso. Mas acho que ela não vem, quer dizer, até agora não tô sabendo de nada... Você a encontrou?
balançou a cabeça em confirmação e deixou um sorriso ladino escapar.
- Ontem, na clínica do pai. - se remexeu no sofá e Carly sorriu. - Ela tá muito bonita.
- Ih, já tô vendo tudo. - Carly riu, jogando uma almofada no irmão.
- O quê? Eu só disse que ela tá bonita! - Ele riu e devolveu a almofada. - Tô mentindo?
- Não, mas eu te conheço, irmãozinho. Não vai dormir com a garota e nunca mais aparecer na vida dela, por favor. Já não basta o que aconteceu entre você e Lanna...
- Ah, não! - Ele revirou os olhos, já começando a ficar impaciente. - Pra começar, isso aconteceu faz muito tempo e eu não tinha juízo nenhum, além de que sua amiga infernizou minha vida e você sabe disso, Carly.
A irmã revirou os olhos, mas deu de ombros. Não adiantava discutir, porque realmente, aquilo havia acontecido faziam anos e, para falar a verdade, não era nenhum pouco relevante, então, ela nem devia ter mencionado.
- Desculpa.
- Do que estão falando? - Shanna apareceu na sala, jogando-se de qualquer maneira no sofá entre os dois irmãos, olhando de um para o outro.
- Sua irmã é uma idiota, sabia? - perguntou, desviando de Shanna apenas para jogar novamente uma almofada em Carly, fazendo-a rir.
- Bem eu. - Carly abraçou a almofada e se ajeitou no sofá. - tá de olho na .
- Eu não tô de olho em ninguém, por Deus! - Ele falou um pouco alto e, bom, era mentira.
- Eu aprovo. Imagina que lindo? Já até imagino as manchetes: e a garota que ele costumava cuidar quando adolescente estão em um relacionamento sério. - Shanna disse e caiu na risada em seguida, contagiando Carly.
- Meu Deus, vocês duas são insuportáveis. - Ele se levantou e Dodger fez o mesmo, seguindo o dono. – Vou conversar com Scott que ganho mais.
As irmãs continuaram a rir e ele se afastou, rolando os olhos. Ia seguir em direção a cozinha pegar algo para comer antes de procurar o irmão, quando a campainha tocou.
- , vai ver quem é, por favor! - Lisa gritou da cozinha.
Ele se virou e seguiu caminho até a porta, abrindo-a e dando de cara com . A mulher segurava um prato com um bolo e abriu um sorriso pequeno para ele.
- . - Cumprimentou-o.
tinha que admitir que, apesar de já o conhecer desde pequeno, era estranho vê-lo depois que se tornara famoso, afinal, a última vez que se viram o garoto tinha cerca de quinze ou dezesseis anos. Claro que ela acompanhava nas poucas redes sociais que o ator tinha, e também via seus filmes, vibrando a cada papel novo que ele fazia - e, nossa, como ele era bom na profissão. Ela não admitiria, mas sentia um pouco de orgulho por conhece-lo e pela amizade que tinham quando crianças.
- Oi, . - Ele disse, abrindo passagem para que ela entrasse e assim ela o fez.
Dodger já estava rodeando , cheirando-a. Assim que as irmãs de viram quem era, as duas se levantaram para cumprimenta-la e não perderam a chance de rir da cara dele que, disfarçadamente, mostrou o dedo do meio para elas.
- Sua mãe está? - perguntou depois de cumprimenta-las, voltando sua atenção para .
- Sim, na cozinha. - Ele sorriu para ela e guiou-a até lá.
- Mãe? - chamou assim que os dois entraram e a mulher se virou, secando as mãos no avental que usava. - está aqui.
- ! Querida! - Ela rapidamente foi até a mais nova, abraçando-a.
- Tudo bem com a senhora? Trouxe um bolo. - Ela sorriu, estendendo o bolo para que Lisa o pegasse e ela prontamente o fez.
- Não precisava, querida.
- Eu tô com fome. - soltou e sua mãe o olhou feio, enquanto apenas riu. - O que foi?
- Nada, querido. Pegue alguns pratos pra gente, vou passar um café para tomarmos. - Lisa disfarçou e abriu um sorriso, dirigindo-se ao seu filho antes de voltar a atenção para . - Muito obrigada! O cheirinho está delicioso.
- Não precisa se incomodar, Lisa, eu só vim dizer que...
- ! - Robert a interrompeu quando entrou na cozinha, abraçando a colega. - Que surpresa! E que cheiro maravilhoso é esse?
- trouxe um bolo. - Lisa respondeu, sorridente, e foi até a cafeteira para preparar o café. - Chame seus filhos, vamos tomar um café!
desviou seu olhar da mesa que arrumava e olhou rapidamente para , percebendo o quão sem graça a mulher estava. Aproximou-se dela e parou ao seu lado, aproveitando que seu pai havia saído da cozinha e sua mãe estava distraída para falar baixinho:
- Desculpa, minha mãe se empolga às vezes. Ela só está feliz que você veio até aqui, provavelmente. - Ele explicou e ela o olhou, sorrindo um pouco sem jeito.
- Tá tudo bem. - Tranquilizou-o.
Ele sorriu e indicou a cadeira para que ela se sentasse e os dois se sentaram ao mesmo tempo que Shanna, Carly, Scott e Robert entraram na cozinha. Scott cumprimentou antes de se sentar, assim como os outros já haviam feito. Lisa logo se juntou a eles, servindo café e bolo para todos, para só depois ocupar o lugar ao lado de Robert.
- , que delícia! - Shanna comentou, falando de boca cheia, recebendo um olhar feio de sua mãe. - Me passa a receita depois, por favor!
- Me avisa quando você for se aventurar na cozinha, pra eu fugir, pelo amor de Deus? - Scott comentou, fazendo todos na mesa rirem, menos Shanna, que lhe respondeu com uma careta.
- Desiste, Shan, você nunca vai deixar de ser um desastre na cozinha. - comentou e a irmã fechou a cara.
- Eu passo sim, Shanna. - sorriu para ela, que retribuiu e agradeceu.
- Realmente, isso tá muito bom. - Scott comentou depois de beber um gole de seu café.
- Se o pessoal da clínica souber que você faz bolos assim, ... - Robert disse entre uma garfada e outra e ela riu, dando de ombros.
- E o Natal, querida? - Lisa perguntou e todos os olhares na mesa se voltaram para ela.
- Eu vim justamente pra falar disso. - Ela sorriu, limpando sua boca com um guardanapo antes de continuar. - Eu resolvi aceitar o convite de vocês. Meus pais não gostariam que eu passasse o Natal sozinha.
Os sorriram, em especial Lisa, Robert e . O ator tinha seus olhos grudados nela, encantando com a mulher.
- Tenho certeza que não gostariam. - Lisa concordou e estendeu sua mão para que a garota a pegasse. - Fico muito feliz. Aliás, ficamos muito felizes, não é? - Todos balançaram a cabeça e sorriram em concordância. - Alguém quer mais bolo?
Eles levantaram os pratos, com exceção de , que riu, sentindo-se feliz por seu bolo ter feito tanto sucesso. Passaram mais algum tempo na cozinha, rindo e conversando sobre diversos assuntos até que Scott avisou que precisava ir pra sua casa e, junto com ele, Carly também aproveitou a carona. Assim que todos se levantaram, ajudou e sua mãe a arrumar a cozinha. Lisa e ela engataram uma discussão, porque queria trazer algo para a ceia do Natal, mas Lisa não permitiu, dizendo que ela era convidada e não precisava se preocupar com nada. Demorou, mas aceitou e só então se despediu dos que ainda estavam ali. a acompanhou até a porta, saindo de casa com ela.
Assim que a brisa fria os atingiu, a dentista esfregou suas mãos para aquece-las e colocou-as nos bolsos de seu casaco. fez o mesmo e depois cruzou os braços. Os dois se entreolharam e trocaram um sorriso um pouco sem jeito.
- Precisa ir pra casa agora? - O ator perguntou, dando alguns passos até o banco que ficava na varanda.
- Posso ficar mais um pouco. - Deu de ombros e sentou-se junto com ele, cruzando os braços.
- Me desculpa por não ter te reconhecido ontem... - pediu e ela sorriu para ele.
- Não tem problema, já até esqueci. - desviou seu olhar do de e suspirou baixo. - É bem engraçado quando eu me dou conta de que o Capitão América costumava trabalhar de babá pra cuidar de mim e do meu irmão, sabia?
gargalhou ao ouvi-la e se virou no banco, ficando de frente para a mulher.
- Você conta isso pras pessoas? - Questionou, curioso, vendo-a negar com a cabeça.
- Prefiro guardar pra mim, sabe? Mas Louis sai explanando pra todo mundo sempre que pode. - riu ao se lembrar das vezes em que o irmão fez isso. - Ele gostaria de te ver.
- Também gostaria de revê-lo. - sorriu, virando-se para frente novamente. - Mas então, dentista, uh?
- Pois é. - Ela sorriu, orgulhosa de sua profissão. - Seu pai tem sido incrível. Depois que meus pais morreram e eu voltei pra cá, ele me ofereceu a vaga na clínica. Devo muito a ele, não só pelo emprego, mas também pelos ensinamentos.
sorriu, orgulhoso de seu pai e feliz por , porque, afinal, ela merecia, e ele tinha certeza de que ela era muito boa em sua profissão.
- Fiquei muito triste em saber de seus pais. - suspirou e ela se encolheu, sorrindo tristemente para ele. - Eu sinto muito.
- Obrigada. - Agradeceu e sentiu seu celular vibrar em seu bolso, pegando-o. Era uma ligação de Louis. - É o Louis.
- Deixa eu atender? - pediu, já imaginando a reação do antigo amigo.
- Vou fazer melhor. - recusou a ligação e logo entendeu o que ela quis dizer, quando deu início a uma chamada de vídeo e entregou o celular a ele.
Não demorou muito e Louis atendeu, sua expressão era de sono e tédio e ele ainda não tinha percebido quem estava do outro lado.
- Nossa, Louis, depois de tantos anos sem nos falarmos é com essa cara que você atende a ligação?
A expressão dele se transformou rapidamente em espanto, até que começou a rir.
- ! - Ele praticamente berrou, fazendo os dois rirem. - Como assim!?
- Oi, Lou. - apareceu no vídeo, cumprimentando o irmão. - Adivinha quem veio passar o Natal em casa e nem me reconheceu quando me viu?
- Não acredito! - Louis ria abertamente. - Natalie, vem cá! - Ele gritou, chamando a namorada. - E aí, cara, quanto tempo!
- Eu já pedi desculpas por não ter reconhecido sua irmã. - Ele olhou feio para , que deu de ombros, ainda rindo.
- Não me espanta, sabe, eu sempre soube que você gostava mais de mim do que dela, ela quem não acreditava...
- Louis! - fez uma careta e o irmão riu.
- Te amo, . - Ele disse, mandando um beijo para a irmã.
- Califórnia, uh? Enquanto isso estamos aqui, congelando...
- Meu Deus, é o ? - Ouviram a voz da namorada de Louis e caíram na risada. - DEIXA EU VER, LOUIS!
Eles viram quando Louis revirou os olhos, mas acabou rindo antes de virar o telefone para ela. acenou para a mulher, abrindo um sorriso.
- Não acredito que é verdade. - Ela comentou, seus olhos brilhando em animação. - Você realmente foi babá deles?
- Fui. E arrisco dizer que eles me amavam. - respondeu, abrindo um sorriso convencido.
Ela deu um gritinho empolgado e o telefone virou novamente para Louis, que ria da reação da namorada.
- Você vai ter que aparecer mais vezes, cara. - Louis disse, frustrado por estar longe justo quando ele estava por perto. - Eu só liguei pra saber se você arranjou onde passar o Natal, Lia.
abriu a boca para responder, mas foi mais rápido.
- Ela vai passar conosco! - respondeu empolgado, fazendo a mulher rir.
- É, vou passar com eles, Lou. Tudo certo. - Ela sorriu para o irmão, que suspirou aliviado.
- Que bom, porque eu tava me sentindo culpado por ter te deixado sozin...
- Que mentira! - Natalie praticamente gritou, o que fez com que os dois irmãos se encarassem em falsa irritação.
- Eu tava mesmo, é verdade. - Louis retrucou, abrindo um sorriso enorme para sua irmã. - Te amo, não dê ouvidos a ela.
- Aham, sei. - brincou. - Também te amo e tô com saudade!
- Volto logo. E você, , vê se não some, cara! - Pediu e o ator balançou a cabeça em negação.
- Não vou sumir. Sua irmã agora tem meu telefone, ela te passa depois. Quer dizer, posso confiar em você, né? - Ele ergueu a sobrancelha, fingindo desconfiar de Louis.
- Que piada, claro que pode, . - Louis riu e eles ouviram Natalie chama-lo. - Realmente preciso ir. O Natal já começou por aqui e os pais de Natalie estão nos esperando pra jantar.
- Te amo, Lou. Feliz Natal!
- Feliz Natal, . Amanhã eu te ligo de novo.
- Feliz Natal, cara. Bom falar com você. - desejou antes da chamada de vídeo se encerrar. - Seu irmão continua a mesma figura de anos atrás.
concordou e riu, bloqueando seu celular para guarda-lo em seu bolso.
- Espera. Eu preciso te passar meu número. - comentou e ela o olhou.
não estava acreditando que realmente teria o número de um dos atores mais famosos da atualidade. Quer dizer, ele tinha dito algo sobre o telefone antes, mas ela achou que era da boca pra fora. Desbloqueou o celular e entregou-o para , que rapidamente digitou seu número e salvou o contato, devolvendo o celular para ela. iniciou uma ligação, apenas para que pudesse salvar seu número mais tarde.
- Então, é melhor eu ir. - Ela disse depois de guardar seu celular e se levantar. - Ainda tenho algumas coisas pra fazer em casa, e não quero ir dormir muito tarde...
- Certo. - concordou, levantando-se junto com ela. - Eu me ofereceria pra caminhar com você até sua casa, mas é tão longe que eu tô com preguiça.
revirou os olhos, mas depois riu. Os dois andaram até a escada e pararam de frente um para o outro.
- Nos vemos amanhã a noite, então. - A mulher se despediu, sem saber se dava um beijo na bochecha de ou apertava sua mão.
Vendo que ela não sabia muito bem o que fazer, se aproximou e depositou um beijo em sua bochecha, vendo-a corar minimamente - ou talvez fosse o frio, quem sabe?
- Até amanhã, .


Três.

O toque do celular de foi o que a acordou. Eram cerca de 10h da manhã e ela se revirou antes de pegar o aparelho para atender a ligação.
- Alô?
- Dra. ? - Era a secretária da clínica.
- Oi, Mila. - Sentou-se na cama. - Aconteceu alguma coisa?
- Um paciente de urgência entrou em contato pelo telefone do plantão da clínica, você pode ir atender? Eu ainda não liguei pro Dr. .
- E nem ligue, Mila. Pode deixar, nos vemos em 15 minutos.
não pensou duas vezes em aceitar. Levantou-se rapidamente, indo até o banheiro para passar uma água no rosto. Vestiu uma roupa qualquer, colocou uma bota e pegou um de seus jalecos, guardando-o em sua bolsa. Passou uma maquiagem leve somente para disfarçar as olheiras e se perfumou. Desceu as escadas correndo e, antes de sair, ainda passou na cozinha e pegou uma maçã. Tomaria café na clínica.
Em poucos minutos já estava entrando em seu consultório. Cumprimentou Mila e seguiu para sua sala, a secretária entrando junto com ela.
- Bom dia. - Mila desejou, aproximando-se da mesa de . - Quer um café?
- Por favor. - sorriu para a secretária enquanto fechava os botões de seu jaleco. - O paciente já chegou?
- Está a caminho. É uma criança, parece que é um abcesso, a mãe não soube explicar direito... - Mila explicou, andando até a porta. - Aviso quando ele chegar e já venho trazer seu café.
- Muito obrigada, Mila. - sorriu para a secretária antes de se sentar em sua cadeira e ligar o computador, abrindo o software que usava para controle dos pacientes.
Mila não demorou a voltar com o café, e também avisou que o paciente havia chego. Por isso, praticamente tomou o líquido de uma vez só, sentindo-o queimar levemente sua boca devido a temperatura. Só então chamou o paciente, que era um garoto de aproximadamente cinco ou seis anos, e deu início ao atendimento.


Já era perto do 12h quando passou pelas portas do shopping. Era praticamente um inferno estar no shopping em plena véspera de Natal, mas, como decidira passar o Natal com os em cima da hora, ela não tinha outra escolha. Em sua família, era tradição dar um presente para cada uma das pessoas que estava na noite de Natal - nem que fosse uma meia - e era o mínimo que ela podia fazer, já que não a deixaram ajudar com a ceia. Optou por comprar coisas simples, pois assim seria difícil que eles não gostassem.
Para Robert, comprou uma camisa estilo polo. Para Scott, escolheu uma camiseta azul marinho básica. Para Lisa, comprou uma nécessaire para viagens. Para Shanna e Carly, escolheu duas blusas básicas de cores diferentes, que elas poderiam facilmente usar no dia a dia. Para , ela comprou uma camiseta relacionada ao Capitão América, que com certeza o faria rir. E por último - mas não menos importante -, comprou uma bandana para Dodger. Depois de encerrar a saga de presentes, resolveu almoçar por ali mesmo antes de ir para casa.
Cerca de uma hora mais tarde, ela chegou em casa e deixou os presentes perto da porta, para não os esquecer mais tarde. Foi até seu escritório e abriu seu notebook, decidida a trabalhar em um artigo sobre implantes que estava escrevendo e deveria entregar até o final de janeiro. Só parou de escrever quando já eram cerca de 19h e resolveu ir se arrumar, pois deveria estar na casa dos as 20h30 e ainda precisava tomar um banho. Depois, já de banho tomado, foi se vestir. Colocou uma meia calça transparente e um vestido branco de mangas compridas, estampado com flores vermelhas e alguns detalhes em preto que havia separado mais cedo, em seguida calçando seu sapato de salto alto preto, combinando com a roupa. No rosto, fez uma maquiagem leve e finalizou com um batom de cor neutra. Passou perfume e pegou sua bolsa antes de sair do quarto, descendo até a porta de entrada.
Dentro de casa estava quente graças ao aquecimento, mas, ela precisava se aquecer melhor para andar até casa de seus vizinhos, ou congelaria. Por isso, vestiu seu casacão preto antes de pegar os presentes e finalmente sair de casa. Andou rapidamente até a casa ao lado, o vento gelado soprando contra seu rosto e suas pernas descobertas fazendo com que encolhesse seu corpo. Quando chegou, bateu na campainha, e não demorou muito para que a porta se abrisse.
- ! - Robert a cumprimentou com um abraço, dando passagem para ela.
- Boa noite, Robert. - Ela sorriu para o Sr. .
Ao entrar na casa, seu sorriso se alargou ao observar a decoração de Natal que alegrava o ambiente.
- Lisa e as meninas se empolgaram. - Ele riu e ela o acompanhou. Robert pegou o casaco da colega quando ela o tirou, pendurando-o em um cabide na parede.
- Onde posso deixar os presentes? - perguntou.
- Você trouxe presentes? - Lisa entrou na sala. - Querida, não precisava...
- É o mínimo que eu podia fazer, Lisa. - andou até a árvore, deixando-os no canto junto com os outros que já estavam ali. - Não tenho como agradecer por me receberem aqui hoje.
O casal sorriu para ela. Robert disse algo sobre verificar algo na cozinha e Lisa se aproximou, dando um abraço na mulher.
- Você é admirável, . Sua mãe teria muito orgulho da mulher que se tornou. - Ela disse e sorriu abertamente, seus olhos marejando um pouco ao ouvi-la.
- A senhora não existe, Lisa. Muito obrigada. - segurou em suas mãos.
- Sabe o que eu acharia muito legal? Se você e fic...
- Boa noite. - A voz de soou, interrompendo a fala da mãe.
franziu o cenho, pois ficou curiosa para saber o que Lisa falaria caso não tivesse aparecido. A mãe, por sua vez, sorriu ao ver seu filho e piscou para antes de se afastar e seguir até a cozinha atrás de seu marido. então deu alguns passos em direção a mulher, aproximando seu rosto do dela e beijando sua bochecha. Ele estava incrivelmente lindo e muito, muito cheiroso.
- Oi, . - disse quando ele se afastou, respirando fundo para inalar a maior quantidade do seu perfume que pode.
- Você tá linda. - Elogiou e viu as bochechas de corarem levemente.
- Você também. - Rebateu, fazendo abrir um sorriso ladino, soando até um pouco convencido.
Os dois se encararam por um momento, sem saber o que falar ou fazer, até que Dodger apareceu, praticamente pulando em cima de , fazendo-a rir. repreendeu o cachorro e ele se sentou ao lado do dono, mas ainda continuou afobado.
- Ele gosta de você. - comentou, afagando a cabeça do cão.
sorriu e se abaixou, ficando na altura do cachorro.
- Eu também gosto dele, não é, Dodger? - Segurou a cabeça dele entre as mãos, fazendo carinho em seu rosto.
O cachorro lambeu sua mão em retribuição e riu, levantando-se logo depois. fez sinal para que eles fossem até o sofá e assim o fizeram. Dodger os seguiu, deitando-se ao lado do sofá.
- Seus irmãos? - Perguntou assim que se sentou no sofá.
- Shanna deve estar terminando de se arrumar, Scott e Carly devem chegar a qualquer momento.
assentiu, o assunto morrendo novamente. Era estranho, já que ontem eles tinham tanto a falar e hoje, estavam faltando palavras. O silêncio permaneceu por alguns segundos, até quebra-lo.
- Quer beber alguma coisa? - Ele perguntou, levantando-se e andando até o bar.
- O que tem aí? - quis saber.
- Whisky, vodka, champagne... - ia falando conforme via as bebidas no armário. - Credo. Me acompanha na cerveja?
- Por favor. - riu, aliviada por não ter que beber nenhuma das bebidas que ele citou antes.
Ela perdia bastante a noção, principalmente quando se tratava de vodka.
logo retornou com duas cervejas em mãos, sentando-se ao lado dela no sofá. Abriu as duas e entregou uma a . Os dois aproximaram suas garrafas, batendo uma na outra em um breve brinde antes de tomar o primeiro gole.
- Nem me esperaram pra começar a beber, poxa. - Shanna apareceu na sala, aproximando-se de para cumprimenta-la com um beijo no rosto antes de seguir para o bar e pegar uma cerveja para si.
- Ninguém manda demorar anos pra se arrumar. - brincou e a irmã revirou os olhos, sentando-se em uma das poltronas vazias.
- Não é fácil ficar bonita desse jeito. - Shanna respondeu e mandou um beijinho para , fazendo-o rir.
- Como se você já não fosse bonita, né, Shanna? - entrou na conversa e a mulher sorriu em agradecimento.
- Gosto de você. - Shanna riu, esticando sua garrafa até perto de para brindar. - É impressão minha ou a árvore tá com mais presentes que antes?
- Não é impressão. - deu um gole em sua cerveja. - Eu trouxe presentes.
- Nossa, gosto mais ainda de você agora. - Shanna confessou, fazendo rir e revirar os olhos.
- Interesseira. - Ele tossiu para disfarçar o que falou e a irmã lhe mostrou o dedo do meio.
Eles ainda estavam rindo quando Scott e Carly chegaram. Os dois cumprimentaram os irmãos e , indo até a cozinha em seguida para cumprimentar os pais antes de finalmente se sentarem na sala.
- Eu tô com muita fome. - Scott comentou, colocando as mãos na barriga. - Será que a mãe vai servir o jantar só perto das 22h mesmo?
- Acho que sim. Mas ela disse que esse ano vamos abrir os presentes depois da meia noite, não vamos esperar até amanhã. - Shanna comemorou.
- Meu Deus, Shan, Natal é só sobre os presentes pra você? - Carly perguntou, roubando a cerveja da mão de , mesmo ouvindo os protestos dele.
- Claro que não. - Respondeu, séria. - Mas é grande parte.
Os irmãos reviraram os olhos e riu, esvaziando sua long neck e colocando-a em cima da mesa.
- Mais uma? - perguntou, já se levantando.
- Pode ser. - deu de ombros.
- Trás uma pra mim. - Scott pediu.
- E pra mim. - Shanna comentou.
- E outra pra mim. - Carly deu um último gole na cerveja que roubara de .
- Meu Deus, não são nem 21h e vocês já estão se embebedando? - Robert apareceu na sala, fingindo estar indignado com os filhos e com . - E com cerveja ainda? Natal pede um whisky. Não foi assim que ensinei a vocês.
Ele arrancou risadas de todos e seguiu até o bar. Serviu duas doses de whisky, uma em cada copo e colocou algumas pedras de gelo. Lisa logo apareceu e Robert deu um dos copos a ela. retornou para o sofá, entregando as cervejas que havia pego para seus irmãos e , sentando-se ao lado dela.
- Está quase tudo pronto. Vocês estão com fome? - Lisa perguntou, quebrando o silêncio momentâneo que havia se instalado. Imediatamente todos falaram que sim, menos , que apenas sorriu. - Certo, eu vou finalizar os pratos. Meninas, vocês podem me ajudar, por favor?
Carly, Shanna e se levantaram imediatamente, prontas para ajudar. Porém, segurou o punho de , fazendo com que ela o olhasse.
- Você não precisa. - Ele disse e ela balançou a cabeça em negação, sorrindo para ele.
- Não vou me sentir bem em não ajudar. - explicou e deixou sua cerveja na mesinha de centro.
- Mãe, diz pra que ela não... - falou um pouco alto, mas o olhou feio e ele parou de falar, abrindo um sorriso inocente.
- Já volto. - Ela avisou e sorriu antes de seguir o restante das mulheres para a cozinha.
Mesmo com os protestos de Lisa, fez questão de ajudar. Em poucos minutos os pratos já estavam todos na mesa de jantar e a família se sentou para comer, juntamente com . Comeram em meio a risadas, os assuntos variando muito, desde a vida pessoal de cada um, até a carreira de , o trabalho de Scott, e a clínica de odontologia do Sr. . Depois, comeram a sobremesa, que era uma deliciosa torta de chocolate com morangos que Carly havia feito.
O tempo passou rápido e, quando viram, já era quase meia noite - hora de desejar Feliz Natal e abrir os tão esperados presentes. A família primeiro trocou os presentes entre si e se divertiu muito ao observa-los. Os eram uma família cheia de amor, e, acima de tudo, havia muita cumplicidade entre eles. Shanna era a mais empolgada, parecia uma criança reagindo a cada um que ganhava. Para a surpresa de , ela recebeu presentes também. Dois vindos de Lisa e Robert, um vindo dos três irmãos e um em especial dado por . Os dois primeiros eram relacionados a odontologia: um jaleco novo com seu nome bordado e um quadro para decorar seu consultório. O segundo presente foi um perfume, muito bom, por sinal. E o terceiro... Ah, esse foi o que ela mais gostou. havia conseguido, de um dia para o outro, mandar fazer um moletom com a seguinte frase: Captain America used to be my baby-sitter, o que gerou um ataque de risos em , já que ela havia dito essa frase ontem para ele.
Depois de muito agradecer, foi a vez dela de distribuir seus presentes. Entregou primeiro os dos irmãos e dos pais de . Eles adoraram e os agradecimentos foram muitos, mas claro que vieram acompanhados de vários ‘’não precisava’’. Depois, entregou o presente de Dodger para , que ficou encantado com a atitude da mulher, afinal, ela não havia esquecido nem de seu cachorro. A bandana era simples e ele logo a colocou no cão, que ficou todo pomposo com seu novo acessório. Por último, ela entregou o de . Era uma camiseta e ele vestiu-a na hora, por cima do suéter que usava, arrancando risadas de todos, porque a frase na camiseta era um tanto quanto irônica: I’m not saying I’m Captain America, I’m just saying no one has ever seen me and Captain America in the same room. Até parecia que os dois haviam combinado os presentes, mas foi apenas uma incrível coincidência.
Passaram mais algum tempo na sala, conversando e bebendo, até que Lisa e Robert se retiraram para dormir, deixando os jovens sozinhos. Depois de muitas long necks, Carly e Scott anunciaram que iam embora. Shanna aproveitou para ir se deitar também, apenas para deixar e a sós. Os dois estavam sentados no sofá, dividindo a última cerveja.
- Não acredito que não tem mais. - reclamou em um muxoxo, fazendo rir. - O quê?
- Você bebe muito. - Ela comentou, ainda rindo, virando o último gole da cerveja. abriu a boca, indignado.
- Você não fez isso!
abriu um sorriso inocente, provocando-o. Ele balançou a cabeça em negação, mas acabou rindo também.
- Isso realmente não se faz. - Ele jogou a cabeça para trás, deitando-a no sofá.
- Eu tenho cerveja na minha casa, relaxa.
Isso foi o suficiente para que se levantasse e estendesse a mão para ela. arqueou a sobrancelha.
- Ué, vamos buscar! Não vamos? - perguntou, tombando a cabeça para o lado.
- bêbado é o melhor . - comentou ao se levantar, pegando a mão dele.
Ele começou a andar, praticamente a puxando, fazendo-a rir e andar um pouco torto. parou no meio do caminho para vestir seu casaco, mas continuou e abriu a porta. Uma brisa gelada o atingiu, fazendo com que ele se encolhesse.
- Não vai por casaco, não? - Ela perguntou, cruzando os braços para tentar se aquecer.
- Não, vamos rápido. - Novamente ele a pegou pela mão, puxando-a para fora.
Os dois desceram os poucos degraus com certa pressa, praticamente correndo em direção a casa de . Ela teve um pouco de dificuldade por conta do salto que usava, mas logo já estava abrindo a porta para os dois entrarem. permaneceu parado, observando o interior da casa - que ainda era o mesmo de anos atrás - enquanto a mulher foi até a cozinha para pegar o pack de cerveja. Quando voltou, sorriu e voltou a puxa-la para fora.
- Meu Deus, pra que tanta pressa? - Ela perguntou enquanto trancava a porta.
- Eu tô com frio! - Ele disse, cruzando os braços e dando alguns pulinhos para se aquecer.
- Eu ainda te perguntei se você não ia colocar um casaco. - Ela revirou os olhos, mas acabou rindo.
Os dois saíram da varanda da casa dela e começaram a andar rapidamente em direção a casa de , com ele ainda puxando-a pela mão. Estava tudo indo muito bem, até tropeçar em seus próprios pés e cair sentada na neve. Como estavam de mãos dadas, ela acabou puxando sem querer e ele caiu ao seu lado, quase em cima dela. Os dois se encararam e começaram a gargalhar, o que durou alguns segundos, até que o riso foi cessando e eles agora apenas se encaravam.
ia colocar uma mexa de cabelo que insistia em cair pelo seu rosto, atrás de sua orelha, mas foi mais rápido e fez isso por ela. As mãos dos dois se encostaram e os olhos ainda continuavam fixos um no outro. tocou a bochecha dela com as costas de sua mão e abriu um sorriso pequeno. Lentamente ele se aproximou, encostando suas testas. Seus lábios roçaram levemente, até que começou a tremer.
- Eu tô com muito frio. - Ele soprou contra a boca dela, fazendo-a rir.
Ele se afastou, levantando-se e ajudando ela em seguida. Depois, como se nada tivesse acontecido, eles correram de volta para a casa dele. Rapidamente entraram em casa e tirou seu casaco e pegou o de que estava no cabide, entregando-o a ele. Ele mal havia colocado a peça de roupa quando a puxou pela cintura, grudando seus corpos. só teve tempo de soltar o pack de cervejas no aparador ao lado da porta antes passar seus braços pelo pescoço dele e sentir os lábios de envolvendo os seus em um beijo.


Quatro.

estava na varanda de sua casa, sentada no banco que havia ali. Em suas mãos, tinha uma caneca de chocolate quente, o que ajudava a mantê-las aquecidas. Suas pernas estavam cruzadas, cobertas por uma manta. Estava frio, mas agradável - nada com que ela já não estivesse acostumada. Enquanto observava a neve cair e deixar a rua ainda mais branca, seu pensamento voou para .
Já haviam se passado dois dias desde o Natal. Depois do beijo que trocaram, eles ainda passaram mais um tempo juntos antes de ir para casa. Era como se ela estivesse nas nuvens. A sensação de ter os lábios dele nos seus não era algo fácil de ser esquecido. O cheiro único que ele tinha, o toque firme de suas mãos... Tudo que conseguia pensar era que nunca, em toda sua vida, ela imaginou que ficaria com , o garoto que costumava ser sua babá e que agora era um ator conhecido no mundo inteiro. Era, de certa forma, um pouco surreal.
Em um timing perfeito, o celular de vibrou, anunciando uma nova mensagem de . Rapidamente ela desbloqueou o aparelho para ler.

: Eu e você. Jantar hoje, as 20h. Topa?

Claro que ela topava. Não demorou a responder, dizendo que sim. Cerca de um minuto depois, chegou outra mensagem de , avisando que já havia feito reserva para os dois no melhor restaurante da cidade e que estaria na porta da casa dela as oito horas em ponto para irem até o restaurante. sorriu sozinha e encostou sua cabeça na janela que ficava atrás do banco.
Era oficial. Ela agora tinha um encontro de verdade com .


Em seu quarto, na casa de seus pais, estava deitado na cama mexendo em seu celular. Checou seu twitter, respondendo algumas menções de seus colegas de elenco e alfinetando alguns políticos – seu passatempo preferido - até que uma notificação de chamada de vídeo feita por Sebastian Stan apareceu na tela.
- E aí, Seb! - Cumprimentou ao aceitar a ligação e ver Sebastian do outro lado da tela.
- ! - Stan respondeu empolgado, abrindo um sorriso imenso ao ver o amigo. - Como estão as coisas por aí? Feliz Natal, cara. Mandou um abraço pra sua família?
- Feliz Natal, Seb. Claro que mandei, todos agradeceram e Shanna disse que ano que vem se eu não trouxer você pra cá, sou um homem morto. - Ele contou, fazendo o amigo gargalhar. - Mas enfim, aqui tá tudo muito bem. E por aí? Como foi no Brasil?
- Foi incrível. Incrível! - Sebastian sorriu, bagunçando seu cabelo. - Os fãs realmente são demais e o evento foi enorme. O país é maravilhoso, queria muito ter feito turismo, mas realmente não tinha como. Você deveria ir qualquer hora dessas. Aliás, deveríamos ir juntos.
- Eu concordo, mas, nunca me convidaram. - fez drama e Sebastian riu, revirando os olhos.
- Cala a boca, seu cachê que é muito caro, Capitão América. - Stan argumentou e riu, concordando.
- Mas falando sério, tenho vontade de ir. Quem sabe no próximo ano não dê certo? - Ponderou e Sebastian deu de ombros, concordando com a cabeça. - Conheceu alguma brasileira?
- Pra falar a verdade, sim! Muito bonita e muito legal, por sinal. - Seb sorriu, convencido.
- Bonita eu imagino que realmente ela devia ser, porque brasileiras são lindas. Mas, legal? Só legal? Sebastian, não foi assim que te ensinei...
- Eu não vou ter fofoca pra te contar se abrir a boca agora! - Stan riu e acabou por concordar. - Enfim, cara, eu só liguei mesmo pra desejar Feliz Natal e saber como você tá. Já tô com saudade, Steve.
- Eu também, Bucky. - falou e Sebastian riu. - Falou então, cara. Nos vemos quando eu voltar?
- Por favor, já tô sentindo falta de roubar suas roupas. - Sebastian riu e mexeu o celular e pôde ver que ele vestia um de seus suéteres. Ele riu, balançando a cabeça em negação.
- Parece até que não tem roupa em casa. Até mais, Seb. - ainda ria quando se despediu.
- Nos vemos. - Foi o que Sebastian disse antes de finalizar a chamada.
A próxima coisa que fez foi checar o horário, levantando imediatamente quando viu que já eram quase 19h30. Tomou uma ducha rápida e depois se vestiu. Antes de sair do quarto, ainda ajeitou seu cabelo e passou perfume. Desceu as escadas, passando rápido por seus pais para não lhes dar tempo de fazerem muitos comentários inconvenientes – já não bastava Shanna lhe importunando a tarde inteira. Colocou seu casaco e saiu de casa.
O tempo estava estranho. O céu tinha um tom muito escuro e nevava bastante. Se quisessem chegar a tempo no restaurante, teriam que ser rápidos. Com esse pensamento em mente, apressou os passos e logo estava batendo na campainha da casa de . Não demorou para que ela abrisse a porta.
- Oi. - Ele a cumprimentou, aproximando-se para lhe dar um selinho.
- Oi, entra. - Ela sorriu, praticamente puxando-o para dentro. - Eu me atrasei um pouco, você espera? Pode ficar à vontade.
assentiu, silenciosamente torcendo para que se arrumasse rápido. Enquanto a mulher subia as escadas provavelmente em direção ao seu quarto, ele andou até a sala e se sentou no sofá, mexendo em seu celular para passar o tempo. Depois de alguns minutos, olhou pela janela, vendo que o tempo estava ainda pior que antes. Agora ventava muito e a neve havia aumentado. Se levantou, um pouco impaciente, com medo de que não conseguissem sair de casa. Andou pela sala, observando os vários porta-retratos que decoravam o local. Sorriu ao ver uma foto de e Louis com seus pais. Não devia ser muito antiga, já que ela estava bem parecida com agora. De repente, as luzes se apagaram e ouviu um gritinho vindo do andar de cima.
- ? - chamou e ele ligou a lanterna de seu celular, iluminando o ambiente e ela logo apareceu no topo da escada. - Levei um susto e quase enfiei o rímel no olho.
Ele riu e subiu alguns degraus, estendendo a mão para que ela descesse com ele.
- Acho que não vamos mais conseguir sair. - disse e suspirou em seguida. - Tá nevando e ventando muito.
- Tem previsão de nevasca? Não vi... - fez um biquinho e andou até uma das janelas, observando a tempestade de neve do lado de fora.
- O que vamos fazer? - Ele questionou quando ela se afastou da janela.
- Primeiro eu vou dar um jeito de iluminar essa casa, acho que tenho algumas luzes de emergência guardadas em algum lugar... - Comentou, andando até a sala e abrindo algumas gavetas, até encontra-las. - Aqui. - Entregou duas para e seguiu para a cozinha, com ele em seu encalço. - E acho que vamos precisar cozinhar algo, né?
deu um sorriso nervoso. Ele era muito atrapalhado na cozinha, não sabia se queria mostrar isso a mulher já na primeira noite.
- Certo, e o que você tem em mente? - Perguntou, ligando as luzes e posicionando elas em um local estratégico para que iluminasse todo o ambiente.
- Risoto? - Questionou, apoiando-se na bancada da cozinha.
se aproximou e colocou seus braços na bancada, um de cada lado do corpo de , prensando-a contra o móvel. Os dois se encaravam e balançou a cabeça em confirmação, concordando com a ideia dela. Aproximou-se e grudou seu nariz no da mulher, vendo-a sorrir levemente.
- Risoto é uma ótima ideia. - Soprou contra seus lábios antes de dar início a um beijo rápido.
Quando se separaram, tinha um sorriso nos lábios, que contagiou . Eles ainda trocaram um selinho antes de se afastarem para iniciar os preparativos do jantar. Ela ficou responsável por cortar a cebola e o alho-poró e o fez rapidamente, enquanto levou muitos minutos para picar somente o alho. Não demorou para que tudo estivesse na panela junto com vinho branco, arroz, um pouco de sal e queijo para dar um toque especial. Enquanto mexia na panela, esperando o arroz cozinhar, a abraçava por trás. Ele afastou alguns fios de cabelo dela de seu pescoço e passou a beijar o local, fazendo com que a mulher se arrepiasse e encolhesse seu corpo.
- Se isso aqui queimar, já aviso que a culpa vai ser sua por ficar me provocando. - Fechou os olhos por um momento, aproveitando as sensações que os lábios dele em sua pele despertavam.
- Eu não tô fazendo nada. - Respondeu contra o pescoço de e sentiu ela se encolher mais ainda. Riu baixo, deixando alguns selinhos no local antes de vira-la para si. - Você tá muito cheirosa.
- Especialmente pra você. - disse e ele sorriu, roubando um beijo rápido dela. - Tá quase pronto. Mexe aqui pra eu colocar a mesa pra gente?
balançou a cabeça em confirmação e pegou a colher da mão de , continuando a mexer na panela. Ela andou até o armário e pegou tudo o que precisava, indo para a sala e levando uma luz consigo para iluminar o ambiente. Aproximou-se da mesa de jantar, colocando os pratos lado a lado. Arrumou os talheres, guardanapos e, por último, duas taças de vinho finalizaram a arrumação. Voltou para a cozinha a tempo de ver desligando o fogo.
- Não entendo muito bem, mas acho que tá pronto.
- Tá ótimo. - sorriu e pegou um prato de vidro para servir o risoto.
Depois, os dois seguiram até a sala, onde escolheram um vinho. Sentaram-se juntos, lado a lado. As pequenas luzes de emergência iluminavam o ambiente. Não era o melhor restaurante da cidade, mas estava perfeito para um primeiro encontro. abriu o vinho, servindo as duas taças, pegando uma para si e entregando a outra para .
- Um brinde... - Ele começou, arqueando a sobrancelha para ela, sem saber muito o que falar.
- ...ao nosso reencontro. - completou e viu o sorriso de se alargar, contagiando-a.
Eles encostaram as taças levemente antes de bebericarem um pouco do líquido. Deixaram a bebida de lado e juntaram seus lábios em um selinho rápido antes de finalmente começarem a comer.
- Isso tá incrível. - Elogiou, sorrindo para a mulher.
- É uma das minhas especialidades. - Ela se gabou, fazendo-o rir levemente.
- Assim eu vou querer provar as outras, .
demorou um pouco a responder, sorrindo ao ouvir chama-la pelo apelido depois de tantos anos.
- Será um prazer cozinhar pra você, . Só me promete que vai agilizar um pouco o processo de picar o alho. - Ela riu e ele fez uma careta, mas assentiu.
- Vamos ter mais encontros, então? - Ele soltou seu garfo no prato e virou-se de frente para ela, que fez o mesmo.
- Não sei. Você quer ter mais encontros? - tombou a cabeça pra o lado, um sorriso um pouco ansioso tomando conta de seus lábios.
- Depende. - ponderou, fingindo estar pensativo. - Contanto que você entenda que não vai ter como acontecer com tanta frequência...
O sorriso de murchou um pouco, mas ela balançou a cabeça em confirmação. A quem ela queria enganar? Ele morava em Nova Iorque e ela em Sudbury. Era óbvio que ela e não conseguiriam ter um relacionamento normal, aliás, estavam ficando há pouquíssimo tempo, não dava nem para chamar de relacionamento. A verdade é que eles sentiam como se estivessem juntos há algum tempo, tamanha era a intensidade do carinho que sentiam um pelo outro e da conexão que tinham quando estavam juntos. Ficar com era incrível, e ela estaria mentindo se dissesse que não estava completamente encantada pelo ator. Mas, ela compreendia, e foi por isso que balançou a cabeça em confirmação.
- Então, terão outros encontros. - Ele confirmou, abrindo um sorriso. - Isso não é um atestado de relac...
- Eu sei disso. - o interrompeu rapidamente e ele arqueou as sobrancelhas, um pouco surpreso. - Eu sei disso, . - Ela repetiu, agora devagar. - E tá tudo bem.
E realmente estava. Ela iria aproveitar o momento. O que tivesse que acontecer, aconteceria, ela pensando nisso ou não.
- Mesmo?
- Mesmo.
sorriu e levou sua mão até o rosto da mulher, acariciando sua bochecha levemente antes de se aproximar, roçando seus lábios nos dela. Trocaram alguns selinhos antes de voltar a saborear o delicioso risoto feito por eles.
Alguns minutos depois, os dois já haviam levado a louça utilizada para a cozinha e guardado o pouco que sobrou do risoto na geladeira. A luz ainda não tinha voltado, por isso, decidiram ligar a lareira, pois a casa estava começando a ficar gelada, já que o sistema de aquecimento precisava de energia para funcionar. Enquanto acendia o fogo, foi até seu quarto e pegou algumas cobertas e travesseiros. Quando voltou para a sala, a ajudou a afastar a mesa de centro em frente a lareira e ela arrumou uma espécie de cama improvisada no chão, espalhando as cobertas para que deitassem em uma superfície macia. Colocou as almofadas apoiadas no sofá e sorriu, satisfeita com o resultado.
- Pronto, agora não vamos mais passar frio. - Ela sorriu e concordou, puxando-a pela cintura, mantendo seus corpos grudados. - Quer mais vinho?
Ele balançou a cabeça em negação.
- Mais tarde. - Respondeu sem tirar os olhos dos dela. - Agora eu quero aproveitar a noite com você.
sorriu abertamente e passou seus braços ao redor do pescoço de . Uma de suas mãos deslizou até a nuca do ator, onde ela entrelaçou seus dedos, fazendo carinho em seu cabelo. Ele sorriu e juntou sua mão a dela, lentamente se afastando apenas para se sentar nas cobertas. se ajeitou deitado e esperou até que fizesse o mesmo para aconchega-la em seus braços. Eles trocaram um olhar significativo antes de se virar e ficar por cima de , iniciando um dos muitos beijos que seriam trocados naquela noite. Não demorou para que o clima na sala esquentasse - e não foi só por causa do fogo que emanava da lareira.


acordou com seu celular vibrando. Uma mensagem de sua mãe piscava na tela, dizendo a ele para não se atrasar, pois logo tinha que estar no aeroporto. Ele suspirou, bloqueando o aparelho e virando seu rosto para o lado, encontrando em sono profundo. A feição serena da mulher o fez sorrir. Como se soubesse que estava sendo observada, ela se mexeu, encolhendo-se e envolvendo seu corpo nu com a coberta, para depois se virar um pouco para o outro lado. Ele aproximou os lábios da testa de e depositou um beijo levemente no local antes de se levantar e se dar conta de que também estava nu. Ele deu de ombros e riu, olhando para os lados e procurando suas roupas. Assim que as encontrou, se vestiu rapidamente para não se atrasar. Foi até o aparador, onde tinha visto na noite anterior um bloco de papel e uma caneta, e escreveu um bilhete para antes de dar mais um beijo em sua testa e sair silenciosamente da casa dela.

,
Você estava dormindo tão tranquilamente que não quis te acordar, espero que entenda. Tô indo embora, mas eu falei sério sobre nos vermos novamente, só ainda não sei quando. Aviso quando chegar em NY.
Seu amigo de infância, babá e agora seu affair,
Capitão América - .’’



Continua…



Nota da autora: Oi, nenéns! Mais uma atualização, bem rapidinha, pra vcs! Espero que gostem, não deixem de comentar!




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