Última atualização: 20/02/2018

Parte 1

Patético.
Era assim que eu me sentia.
Completamente patético.
Já era a quinta - ou sexta? - noite que eu vinha só para vê-la. Só para observá-la dançar. Seu cabelo castanho solto, caído por seu rosto e ombros, deixavam-na ainda mais linda. Gostosa, também. Mas acima de tudo, linda. Seus trajes, embora pequenos, pareciam feitos sob medida. O pano de seu bíquini cobria perfeitamente seus seios. Seus olhos castanhos claros, extremamente expressivos, olhavam para todos os cantos do bar, menos para mim.
Novamente, patético.
Eu não costumava frequentar esses lugares. Mas, na primeira vez, Mike insistiu para que eu viesse com ele. E agradeço por ter vindo, se não, eu não a teria conhecido. Desde então, não parei de vir. O nome dela? Eu não sei. Quer dizer, eu sei o nome artístico. Pearl. Mas não era o suficiente. Eu queria saber seu nome verdadeiro. Porém, todas as vezes em que eu tentei me aproximar, alguém chegou antes de mim ou o expediente dela se encerrou.
E hoje eu estava aqui, mais uma vez, observando-a se mexer em cima do palco. Seus movimentos suaves, sensuais, de uma maneira não vulgar. O modo como ela passava a mão pelo corpo, começando pelos seios, descendo pela barriga, contornando suas curvas. A luz iluminava seu rosto e seu corpo, dando-lhe um ar de mistério. Eu já havia percebido que ela atraía olhares de todos os homens presentes no lugar, incluindo o meu.
E não, eu não estava apaixonado. Se quer conseguia me lembrar a última vez que me apaixonei por alguém. O que eu estava sentindo era atração. Eu estava atraído, estava curioso, estava encantado. Eu a estava desejando e não era somente de maneira sexual. Eu precisava me aproximar para descobrir ao menos o seu nome.
Como eu já conhecia sua performance, percebi quando o fim estava próximo. Então, me levantei e me dirigi até o lado direito do palco, perto de onde ficava a porta para os camarins. Eu precisava falar com ela. Ou com alguém que pudesse me dizer o seu nome verdadeiro. As luzes do palco se apagaram, indicando o final de sua apresentação. Os homens ali presentes, eu incluso, aplaudiram-na. Ela, então, se despediu e desceu do palco, caminhando em direção a porta do camarim. Seus olhos me notaram e eu esbocei um sorriso para ela.
- Boa noite. - Cumprimentei-a.
Ela ergueu os olhos em surpresa, mas não falou nada. Aproveitei que ainda faltavam alguns passos para que ela chegasse a porta do camarim e passei a andar ao seu lado.
- Tudo bem? - Questionei. - Ah, me desculpe. Meu nome é . - Estendi minha mão para ela, mas ela ignorou. - Bom, eu... Eu gostaria de lhe pagar uma bebida.
Ela parou de andar e me olhou, suspirando de maneira impaciente.
- Olha, Jared, eu não sou garota de... - Começou, mas eu a interrompi.
- É . - Ela me olhou, confusa. - Meu nome.
- Que seja, . Eu não sou garota de programa, não faço esse tipo de serviço. Agora, se puder me dar licença, eu preciso ir.
- Não, não! - Falei, coçando minha cabeça em sinal de nervosismo. Era isso que ela achava que eu queria? - Eu não quero um programa, não. Só quero lhe pagar uma bebida.
Ela ficou em silêncio por alguns segundos e depois balançou a cabeça em negação.
- Me desculpe. Mas vou ter que recusar. - Respondeu, recomeçando a andar para o camarim. Fui atrás.
- Será que você pode pelo menos pensar? Estarei aqui amanhã, também. Assim como estive todos os dias da semana. - Eu disse, fazendo-a parar na porta do camarim. Ela se virou, com uma expressão assustada. - Ótimo, agora você está pensando que eu sou um stalker maluco. Eu não sou. - Levantei as mãos em sinal de defesa e ri, nervoso. - Prometo.
Ela sorriu de lado e mordeu seu lábio inferior. Depois, balançou a cabeça negativamente.
- Boa noite, Jared. - Respondeu, assim que abriu a porta do camarim.
- Pearl? - Chamei, torcendo para que ela me ouvisse. Ela se virou novamente em minha direção. - Estarei no bar, caso a resposta seja sim.
Ela sorriu levemente para mim e sumiu porta a dentro. Abri um sorriso e comemorei silenciosamente. Mesmo sendo chamado de Jared, pelo menos eu não havia recebido um não definitivo, e isso já era suficiente para mim.

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Assim que soltei meu copo em cima do balcão do bar, as luzes se acenderam, indicando o início do show.
E então, ela apareceu.
Linda, como sempre.
Hoje, seus trajes eram vermelhos e ela estava extremamente sedutora, o que aumentou ainda mais minha vontade de conhecê-la melhor. Suas curvas, apesar de não serem muito acentuadas, eram perfeitas. Seus cabelos estavam presos em um coque bagunçado e algumas mexas caíam sob seu rosto. Ela se mexia conforme a música, passando a mão por seu corpo de maneira sensual. Seu olhar varria todo o local, mas não se fixava em lugar algum. Às vezes, ela esboçava alguns sorrisos, o que deixava os homens que estavam em frente ao palco, malucos. Após alguns minutos, sua apresentação terminou e ela se retirou do palco.
Tive que me segurar para não me levantar e ir atrás dela. Por isso, me virei para o barman e pedi mais um uísque. Comecei a tamborilar meus dedos na mesa, ansioso. E se ela tivesse repensado e a resposta ainda assim era não? Levei meu copo até a boca, bebendo mais um gole. Senti uma mão em meu ombro e me virei, dando de cara com ela. Pearl. Ela agora usava um vestido, também vermelho. Seus cabelos estavam soltos, porém a maquiagem em seu rosto ainda era a mesma. Abri um sorriso para ela e ela retribuiu com outro, mesmo que pequeno.
- Boa noite. - Cumprimentei-a, fazendo sinal para que se sentasse ao meu lado, mas ela não o fez.
- Oi, . - Falou, colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.
- Oh, então você sabe meu nome de verdade. - Comentei e ela riu baixinho, confirmando.
- Eu não posso ficar aqui. Meu expediente acabou, mas meu chefe não gosta que fiquemos. - Explicou-me, ajeitando sua bolsa em seu ombro.
- Sem problemas. Conheço outro lugar aqui perto. Se importa? - Questionei ao mesmo tempo em que me levantava.
Ela negou com a cabeça e eu levei minha mão até suas costas, guiando-a, assim que comecei a andar em direção a saída. Quando estávamos lá fora, continuamos andando até chegarmos ao meu carro.
- Não é muito longe daqui. - Comentei, pegando a chave em meu bolso.
Percebi que ela ficou nervosa de repente, e então olhei para seu rosto.
- O que foi? - Perguntei.
- Me desculpe, eu não... Eu prefiro não entrar. Acho que isso não foi uma boa ideia. - Respondeu, dando alguns passos para trás. Ela estava assustada?
- Ei. Eu não vou fazer nada. O bar que conheço fica há algumas quadras daqui. Era só pra ganharmos tempo. - Expliquei a ela, me aproximando um pouco. - Podemos ir a pé se você quiser. Pode confiar em mim.
Ela pensou por alguns instantes e finalmente balançou a cabeça, confirmando. Sorri em sua direção e guardei novamente a chave do carro em meu bolso. Começamos a andar lado a lado, em um silêncio um pouco constrangedor. Quando finalmente resolvi quebra-lo, ela fez o mesmo:
- Qual seu nome verdadeiro?
- Não costumo fazer isso.
Nos olhamos e rimos. Ela negou com a cabeça.
- Não vou te dizer meu nome verdadeiro. Só Pearl está bom. - Falou e eu dei de ombros, assentindo.
- Não costuma fazer o que, exatamente? Sair com homens que frequentam a boate ou andar a pé a essa hora com um estranho ao seu lado? - Perguntei, a diversão em minha voz.
- Bom, vendo por esse lado... Os dois. - Riu, passando as mãos por seus braços para se esquentar. - Nunca saí com os caras que vão a boate.
Tirei meu casaco e coloquei-o em seus ombros, cobrindo-a. Ela me olhou, surpresa, mas sorriu em agradecimento. Continuamos a andar.
- Você deve encontrar muitos malucos por aí. - Comentei.
- Ah, sim. Você nem imagina. - Suspirou, baixinho. - É um trabalho difícil. Não pelo que devo fazer, mas sim pelo que vem junto a ele.
- E por que você não procura outra coisa?
- É complicado. - Respondeu, apenas.
Assenti e entendi que ela não falaria mais que isso.
- Bom, é aqui. - Falei, indicando a porta um pouco a nossa frente.
- The Cocks? - Ela perguntou, gargalhando em seguida. - Sério?
Eu ri e confirmei com a cabeça.
- É um lugar legal, você vai ver. Sempre venho aqui. - Respondi, assim que passamos pela porta.
Ela veio logo atrás de mim, mas coloquei minha mão novamente em suas costas e a guiei para que andasse a minha frente.
- Ei, . - Louis nos cumprimentou assim que chegamos ao bar.
- E aí, Louis. - Respondi. - Consegue uma mesa para nós?
- É pra já. Só um pouco! - Ele disse se virou, saindo de trás do bar.
Me virei para Pearl e ela olhava ao redor, prestando atenção em cada detalhe.
- Parece legal. - Comentou e olhou para mim, abrindo um sorriso em seguida.
- . Aqui! - Louis nos chamou, indicando uma mesa com a mão.
Andamos os dois até ele e agradecemos, sentando-nos em seguida. Pearl tirou meu casaco de seus ombros e me entregou. Pendurei-o em minha cadeira e olhei para Louis, que aguardava nossos pedidos.
- Eu vou querer uma dose de uísque, e ela... - Olhei para Pearl.
- Vocês têm suco? - Perguntou.
- Ahm... Temos. - Louis estranhou o pedido.
- Quero um de morango, por favor. - Pediu e então se voltou para mim. - Eu estou tomando remédio. Não posso beber.
- Ah, sim. Claro. - Respondi, só agora notando que sua voz estava rouca e seu nariz um pouco vermelho. - Você está gripada ou algo do tipo?
- Estou com uma infecção na garganta. - Esclareceu, abaixando os ombros.
- E você não deveria estar em casa, se recuperando?
- Deveria. Mas não é assim que as coisas funcionam. - Ela falou e soltou um suspiro baixinho. - Não interessa se estou gripada, se quebrei algum osso ou se descobri que estou com câncer. Não temos folga. A não ser em caso de gravidez, porque - fez aspas com as mãos - "barrigudas são ruins para os negócios".
Fiz uma careta e balancei a cabeça, incrédulo. Louis se aproximou e nos entregou nossas bebidas. Ela levou seu copo até a boca e bebeu um gole de seu suco. Fiz o mesmo com meu uísque.
- Isso é errado. - Comentei, soltando meu copo na mesa novamente. - Você deve ter seus motivos, claro, mas tenho certeza que é capaz de encontrar outro emprego.
- Não é isso. - Respondeu, ajeitando-se na cadeira. - Meu chefe não nos libera.
Ergui a sobrancelha e ela resolveu continuar:
- Quando entramos, ele nos faz assinar um contrato. Infelizmente, não podemos sair até que ele queira. Eu já tentei, várias vezes. - Seu olhar se abaixou e ela começou a brincar com o canudo em seu copo.
- Isso é ilegal, Pearl. - Disse a ela e levei minha mão até meu bolso, pegando um cartão e entregando a ela. - Sou advogado. Posso ajudar.
Ela pegou o cartão e leu o que estava escrito nele. Seu olhar levantou e ela balançou a cabeça, negando.
- Não tenho dinheiro pra isso. - Respondeu, estendendo-me o cartão, mas neguei e empurrei-o novamente para ela. - , eu não posso...
- Eu não vou cobrar. - Respondi.
- Você... O quê? - Perguntou, soltando uma risada nervosa. - Por que faria isso?
Ergui meus ombros e abri um sorriso de lado.
- Eu gosto de você. - Respondi, arrependendo-me no momento seguinte, pois ela engasgou com seu suco e quase cuspiu tudo em mim. - Não foi isso que eu quis dizer. Quer dizer, foi. Mas não nesse sentido. - Levei minha mão até meu cabelo, bagunçando-o nervosamente. - Eu só quero ajudar.
Ela olhou em meus olhos, procurando por algum sinal suspeito. Quando não encontrou, finalmente abriu um sorriso pequeno.
- Eu vou pensar, tudo bem? - Ela disse, tomando mais um gole de seu suco. - Há quanto tempo você frequenta a boate?
- Há mais ou menos uma semana, eu acho. - Eu não achava, eu tinha certeza. Mas ela não precisava saber disso.
- Ah, sim.
Seu celular começou a tocar e ela abriu sua bolsa, pegando-o. Olhou para mim e fez sinal de que precisava atender. Sorri para ela e então levou o aparelho até a orelha.
- Oi, Lety. Sim. Desculpe, esqueci de avisar. Já estou indo. Ele está dormindo? Ótimo. Em quinze minutos estou aí. Claro, obrigada. Beijo. - E desligou.
- Precisa ir? - Perguntei e ela balançou a cabeça, confirmando. - Vamos, também já vou.
Ela pegou sua bolsa e pendurou-a em seu ombro, levantando-se. Fiz o mesmo e começamos a andar em direção a saída. Quando chegamos ao caixa, Pearl estava abrindo sua bolsa para pagar seu suco. Coloquei minha mão sobre a sua e ela me olhou.
- É por minha conta.
- , por favor...
- Não. Eu insisto. - Falei, abrindo minha carteira em seguida e entregando o dinheiro para a moça que estava no caixa.
- Obrigada. - Pearl falou enquanto nós dois saíamos do bar.
Sorri para ela e coloquei meu casaco novamente ao redor de seus ombros.
- Você mora aqui perto? - Perguntei e começamos fazer o caminho inverso de antes, retornando até onde meu carro estava.
- É um pouco perto, sim. - Respondeu-me.
- Vou caminhando com você até lá, se você não se importar. - Falei a ela, que me olhou desconfiada. - Não acho seguro uma mulher tão bonita como você andando sozinha a essa hora na rua.
Os olhos de Pearl adquiriram um brilho diferente e suas bochechas coraram um pouquinho. Ela balançou a cabeça, assentindo, e voltou seu olhar novamente para frente. Continuamos andando, agora em silêncio. Mais duas quadras e paramos em frente ao prédio onde ela morava.
- É aqui. - Falou, quebrando o silêncio. - Obrigada.
- Sempre que quiser. - Respondi.
Me aproximei um pouco dela e levei minha mão até a sua, trazendo-a até meus lábios e depositando um beijo na mesma. Levantei meu olhar e encontrei Pearl me olhando, com um sorriso nos lábios.
- Então... É isso. - Falou, abrindo sua bolsa e pegando sua chave. - Nos vemos por aí.
- Com certeza. - Afirmei, colocando minhas mãos nos bolsos de minha calça.
Ela se virou e levou sua chave até a porta, destrancando-a.
- Pearl? - Chamei.
- Sim? - Perguntou ao mesmo tempo que colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.
- Vou aguardar sua ligação. E mesmo que não me ligue, denunciarei seu chefe para o Ministério do Trabalho. O que ele faz é exploração e é ilegal.
Ela balançou a cabeça em confirmação e sorriu para mim. E então abriu a porta, entrando logo em seguida. Não sei porque, mas continuei ali, olhando para a porta. E que bom que o fiz, pois no segundo seguinte, Pearl apareceu novamente, colocando a cabeça para fora.
- 88-238-798. - Ela disse, e eu a olhei, confuso. - Meu número de celular. - Esclareceu e piscou para mim, sumindo novamente em seguida.
Sorri sozinho e rapidamente peguei meu celular em meu bolso e salvei seu contato, rezando mentalmente para não ter trocado nenhum número. Em seguida, abri o aplicativo de mensagens e digitei:

Boa noite, Pearl. Até amanhã.

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- Você fez o quê? - Mike me perguntou, surpreso.
- Levei-a ao The Cocks. - Repeti, erguendo os ombros, sem paciência para toda aquela lenga-lenga.
- Você chamou uma dançarina de boate para sair com você? - Questionou, novamente.
Bufei impaciente e me levantei de minha cadeira. Fui até ele e coloquei minha mão em seu ombro, guiando-o para fora de minha sala.
- Sim. E se você não consegue vê-la como algo mais que somente uma "dançarina de boate", você é um idiota. - Falei a ele, que gargalhou e se virou para mim antes de sair de minha sala.
- Eu não acredito que você está a fim dela, .
- Qual o problema? - Perguntei. - E vou precisar de ajuda, aliás. O chefe dela é explorador e eu duvido que tudo lá dentro funcione de maneira legal.
Mike desfez sua cara divertida e um semblante sério agora estava em seu rosto.
- Está bem, está bem. - Disse, finalmente se dando por vencido. - Vou ser o melhor advogado, nesse caso. Aliás, eu sempre sou. - Deu um sorriso convencido, me fazendo rolar os olhos. - Chame-a para conversar e daremos início ao processo.
Ali estava meu amigo e colega de trabalho, Mike. Um dos melhores advogados da área trabalhista em Londres. Se tinha algo que ele fazia bem, era defender casos como esse. Abri um sorriso e dei dois tapinhas em seu ombro, antes de empurrá-lo porta a fora sob protestos.
Fechei a porta de minha sala e voltei até minha mesa, sentando-me em minha cadeira. Peguei meu telefone celular e procurei o nome de Pearl nos contatos. Enviei uma mensagem pedindo para que me ligasse assim que possível. Passei o dia fazendo anotações e verificando o andamento de alguns processos. Liguei para alguns clientes, finalizei alguns casos antigos. E finalmente era hora de ir para casa. Quando estava me levantando para ir embora, meu celular tocou. Atendi-o sem nem olhar o visor.
- Rodwell.
- Hm, ? É a Pearl. - Ouvi-a dizer e imediatamente ajeitei minha postura.
- Ah, Pearl! Que bom que me ligou.
- É, então... Confesso que fiquei um pouco curiosa para saber o motivo. - Ela riu baixinho.
- Desculpe, eu poderia ter lhe dito na mensagem. Conversei com meu sócio e queremos dar início ao processo contra o seu chefe. - Respondi, ouvindo-a suspirar no outro lado da linha. - Precisamos que venha até aqui para conversarmos. Se puder trazer uma cópia do contrato, seria ótimo.
Alguns segundos se passaram sem que ela falasse nada.
- Pearl? - Chamei.
- Eu... Eu não acho que seja uma boa ideia, . Tenho medo do que ele pode fazer se descobrir que resolvi procurar ajuda.
- Nada vai acontecer, Pearl. Confie em mim. Nós vamos te ajudar e toda essa situação irá acabar. - Falei, procurando tranquiliza-la.
- Eu posso levar uma amiga comigo? - Ela questionou.
- Certamente que sim. Será ótimo. Amanhã as 16h?
- Ah. Esse horário não posso. Na verdade, durante o dia pra mim é complicado. - Ouvi alguns barulhos ao fundo e então a voz dela se afastou, mas pude ouvi-la murmurar "Ethan! Já te pedi pra não fazer isso!" ao fundo. Franzi a testa. - ? Me desculpe.
- Tudo bem. O que acha então de nos encontrarmos no The Cocks depois do expediente de vocês?
Ouvi a rir.
- Me desculpe. Nunca irei me acostumar com o nome desse bar. - Falou, fazendo-me rir também. - Mas sim, pode ser. Hoje a noite?
- Perfeito, Pearl. Até mais tarde, então.
- Hm, ? - Chamou. - Você irá a boate hoje?
Abri um sorriso sem perceber.
- Com certeza.
- Que bom. - Respondeu. - Obrigada, mais uma vez. Tchau.
- Tchau, Pearl.

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- Ei, . - Ouvi uma voz me chamar, interrompendo minha conversa com Mike, e me virei, encontrando Pearl já vestida, com uma bolsa no ombro.
- Boa noite, Pearl. - Cumprimentei, abrindo um sorriso para ela. - Estava linda hoje, como sempre.
Mike com certeza rolou os olhos ao meu lado e ouvi-o rir baixinho, mas prontamente dei uma cotovelada em suas costelas, fazendo o grunhir de dor.
- Filho da... - Mais uma cotovelada. - Porra! Boa noite, Pearl. - Ele cumprimentou, abrindo um sorriso forçado, provavelmente por estar sentindo dor. - Sou Mike. Acredito que já ouviu falar em mim.
Presunçoso filho de uma puta.
Pearl sorriu para ele e balançou a cabeça em confirmação. Só então notei a ruiva parada ao seu lado.
- Ah, essa é Havana, minha amiga. - Apresentou-a.
A ruiva sorriu em nossa direção e fizemos o mesmo.
- Prazer, rapazes. - Ela disse e então se voltou para Pearl. - Amiga, acho melhor irmos. Klaus está de olho.
Pearl balançou a cabeça, assentindo, e então me olhou, como se pedisse para irmos.
- Vamos, garotas. - Mike falou, passando seu braço ao redor de Havana, guiando-a.
- Ele é sempre assim? - Pearl me perguntou, enquanto andávamos lado a lado.
Ri baixinho e confirmei com a cabeça.
- Sim. Um completo idiota. - Ela riu. - Somos amigos há muito tempo. Ele é ótimo no que faz.
- Não tenho dúvidas. - Respondeu, sorrindo para mim. - Ah! Quase ia me esquecendo. - Pearl abriu sua bolsa e tirou meu casaco de dentro dela, entregando-me. - Esqueci de te devolver, ontem. Muito obrigada.
Peguei o casaco e sorri para ela, colocando-o em suas costas novamente. Ela me olhou, confusa.
- O que foi? Você vai precisar mais que eu. Está se recuperando de uma inflamação na garganta. - Respondi.
Ela sorriu em agradecimento e então voltou seu olhar para frente. Continuamos andando os dois, seguindo Mike e Havana que andavam um pouco mais a frente.
- O que você acha de irmos jantar juntos amanhã? É sábado. - Questionei.
- ... - Repreendeu-me.
- Tudo bem, tudo bem. - Falei, gesticulando com as mãos. - Esqueça que lhe convidei.
Ouvi ela suspirar baixinho ao mesmo tempo que chegamos ao The Cocks. Mike abriu a porta e deu espaço para que as duas mulheres passassem a nossa frente. Quando passei por ele, ele abriu um sorriso sacana. Balancei a cabeça em negação e então Louis veio até nós.
- . Mike! - Louis cumprimentou-o. - Quanto tempo, cara!
- Pra você ver, Louis. Estou cheio de trabalho. - Mike falou, apertando a mão dele. - Consegue uma mesa pra gente, parceiro?
- Com certeza, tem uma ali. Já chego lá para anotar os pedidos. - Louis falou, apontando a mesa para nós.
Andamos até a mesma e nos sentamos. Pearl se sentou ao meu lado, e Havana ao lado de Mike. Alguns segundos depois, Louis retornou e anotou nossos pedidos. Pearl, como ontem, pediu um suco. Eu e Mike pedimos uma dose de uísque e Havana escolheu uma cerveja.
- Então... - Pearl começou, abrindo sua bolsa e retirando de lá uma pasta com algumas folhas. - Aqui está o contrato de Klaus. - Ela colocou a pasta no meio da mesa e cruzou os braços, visivelmente nervosa.
Mike pegou a pasta e abriu-a, folheando os papéis em seguida. Suas sobrancelhas estavam arqueadas e ele parecia muito atento ao que estava lendo. Pearl tamborilava os dedos em cima da mesa, impaciente. Havana estava mordendo o canto de suas unhas. E eu apenas observava tudo ao meu redor. Louis já havia retornado com nossas bebidas e colocado-as na mesa. Em certo momento, coloquei minha mão sobre a de Pearl, acalmando-a. Ela me olhou com as sobrancelhas arqueadas.
- Calma. - Pedi. - Mike vai dar um jeito.
Pearl balançou a cabeça e abriu um sorriso pequeno para mim, e eu retribuí. Seus olhos, pela primeira vez, estavam fixos nos meus, e eu não senti vontade alguma de desviá-los. Céus, como ela era linda. Meu olhar desceu para seus lábios, e tudo que consegui fazer foi imaginar como deveria ser beijá-los.
Depois de algum tempo em silêncio, Mike pigarreou, fazendo com que nós dois olhássemos para ele. Quebrei o contato de nossas mãos imediatamente e peguei meu copo, tomando um gole de meu uísque. Ela fez o mesmo com seu suco.
Mike abriu um sorriso convencido.
- Fácil. Isso aqui vai ser muito fácil. - Ele disse, e então virou as folhas para nós. - Primeiro, quem é ? - Perguntou, seu olhar indo de Pearl para Havana.
Pearl suspirou baixinho e apontou para si mesma, parecendo um pouco frustrada por terem descoberto seu verdadeiro nome.
- Ótimo. E o seu, Havana? Se formos fazer isso, preciso saber o nome verdadeiro das duas. - Mike explicou.
- Nicolle. - Havana respondeu imediatamente.
- Bom, então, vamos lá. - Mike ajeitou sua postura e antes de começar, bebeu um gole de seu uísque. - O chefe de vocês, o tal Klaus, é um burro, para nossa sorte.
e Nicolle - ou Pearl e Havana? - riram e permaneceram atentas ao que Mike tinha para falar.
- Pra começar, existem muitos erros aqui. Isso sequer da para ser considerado um contrato de verdade. É contra a lei não dar folga para os empregados, e é contra a lei negar cuidado médico. Só por isso, vocês já podem quebrar esse contrato ridículo. As duas soltaram um suspiro longo, aliviadas. Elas trocaram um olhar, cúmplices, e sorriram uma para a outra.
- E, a melhor parte, se me perguntarem: é ilegal receber dinheiro pelo trabalho de prostitutas. Ou seja, o dinheiro que elas ganham, é delas. Ele não pode receber uma porcentagem disso. E isso pode fazer com que ele seja preso.
abriu um sorriso enorme e pegou a mão de Nicolle, apertando-a. As duas estavam com os olhos cheios de lágrimas, emocionadas. Uma lágrima escorreu pelo rosto de .
- Ah, me desculpem. - Ela riu, limpando seu rosto. - Acontece que é tão bom ouvir isso depois de oito anos trabalhando para esse filho de uma puta. - Ela pronunciou o palavrão de maneira tão raivosa, que nós três a encaramos.
- Oito anos? Você trabalha pra ele há oito anos? - Mike questionou, e ela balançou a cabeça, confirmando. - Quantos anos você tem?
- Vinte e cinco. - Respondeu, abrindo um sorriso triste. - Comecei com dezessete.
- Espera aí. - Falei, me virando para ela. - Você está me dizendo que ele te contratou com dezessete anos, quando você ainda era menor de idade? E ele sabia disso?
Ela confirmou com a cabeça e abriu um sorriso triste.
- Eu também. Mas tenho vinte e três. Comecei com dezessete. - Nicolle contou.
- Eu tive meus motivos, na época, para aceitar esse trabalho. Mas depois as coisas viraram uma bola de neve e nunca mais consegui sair. - voltou a falar, esclarecendo.
Olhei para Mike, e ele tinha a mesma expressão que eu.
Raiva, muita raiva.
Esse filho de uma puta alistava garotas menores de idade para ganhar dinheiro as custas delas. Isso, sem mencionar as prostitutas, as quais ele provavelmente arrancava todo o dinheiro que elas conseguiam de uma maneira nada fácil.
- Quantas de vocês tem lá? - Mike perguntou.
- Não sei ao certo... Acho que somos em vinte. - Nicolle responde.
- Vinte e duas. - afirmou. - Somos em vinte e duas. No momento, tem três menores de idade. Uma delas trabalhando como prostituta.
Tive que respirar fundo e contive o impulso de socar a mesa. Peguei meu copo e virei o conteúdo todo de uma vez.
- Vocês têm noção do que estão me contando? - Mike falou, dirigindo-se as duas mulheres. - Se amanhã nós formos até a polícia, mostrarmos esse contrato e vocês duas contarem tudo que nos contaram aqui, agora, em poucos dias ele estará preso. A polícia baterá lá em um piscar de olhos. Vocês estão dispostas a fazer isso?
me olhou, seus olhos brilhando, cheios de esperança. Sorri para ela e incentivei-a com o olhar. Ela sorriu e trocou um olhar com Nicolle, que balançou a cabeça em confirmação para a amiga. E então, se virou para Mike e disse:
- Nós topamos.


Parte 2

O barulho de meu celular anunciando uma nova mensagem foi o que me fez acordar. Me virei na cama, chutando a coberta para longe. Peguei o aparelho na mesa de canto e a primeira coisa que fiz foi ver que horas eram. Quase 20h. Como eu dormi tanto assim? Então, abri as mensagens. O nome Pearl estava sinalizado, anunciando que a mensagem era dela.

Sei que eu disse não, mas se você ainda quiser, aceito sair hoje.

Abri um sorriso e sem pensar muito, liguei para ela. Após alguns toques, ela atendeu:
- Hey! - Falou, parecendo animada.
- Quer dizer que você se arrependeu de negar meu convite ontem? - Perguntei, fazendo com que ela risse.
- Só um pouquinho.
- Fico feliz. Vou te levar a um restaurante que... - Comecei a falar, mas fui interrompido no momento seguinte.
- Oh, não. Esqueci de mencionar que tenho algumas condições. - disse.
- Condições? - Perguntei.
- Sim. São três, bem simples: você não vai pagar a minha parte, não vai me levar a um lugar chique e me buscará em casa. - Explicou, pausadamente.
- Só isso? Fácil. - Respondi. - Mas por que em casa? Você estará na boate e eu também.
- Não. Vamos fazer do jeito certo, hoje. Quando meu turno acabar, virei pra casa. Você pode vir me buscar aqui meia hora depois.
Sorri com seu plano. Apesar de envolver eu não vê-la dançar, eu poderia fazer isso, com certeza.
- Combinado. - Assegurei. - Que horas você sai hoje?
- Uma da manhã. Como sempre.
Só então me dei conta de que a chance de algum lugar decente para comermos estar aberto a essa hora da madrugada, era pequena. Mas logo uma ideia surgiu em minha mente e eu já sabia o que fazer.
- Até mais tarde, . - Me despedi, enfatizando seu nome verdadeiro.
- Até mais tarde, . - E desligou.

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Já eram 1h40 e eu estava começando a achar que havia desistido de sair comigo, quando ouvi três batidinhas na janela do carro e pulei de susto, batendo a cabeça no teto.
- Puta que o pariu. - Falei assim que abri a porta do carro e levei minha mão até minha cabeça, massageando-a.
estava rindo, apoiada no carro.
- Me desculpe. Não quis te assustar. - Disse, ajeitando a bolsa em seu ombro.
Sorri para ela e balancei a cabeça em negação, deixando claro que não tinha problema. Saí do carro e me aproximei dela, pegando sua mão e beijando-a. Ela sorriu.
- Você está linda. - Elogiei.
usava um vestido preto básico que realçava seu corpo e sapatilhas. Simples, e ainda assim, linda. Ela abriu um sorriso de lado e colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. Fiz sinal para ela e andamos os dois até o outro lado do carro. Abri a porta e ela agradeceu, entrando e se sentando em seguida. Fiz a volta e logo já estava em meu assento, dando partida no carro.
- Onde vamos? - Perguntou virando sua cabeça para mim.
- Surpresa. - Respondi e pisquei para ela, voltando minha atenção para o trânsito logo em seguida.
Mais alguns minutos e eu já estava estacionando o carro em frente a um parque.
- O que estamos fazendo aqui? - perguntou ao mesmo tempo que tirava seu cinto de segurança. Não respondi de imediato e saí do carro, dando a volta e abrindo a porta para que ela saísse. Estendi a mão e ela prontamente a segurou, saindo do carro e se posicionando ao meu lado.
- Você vai comer o melhor cachorro quente de toda Londres. - Respondi quando já estávamos andando em direção ao carrinho.
Ela me olhou com as sobrancelhas arqueadas e um sorriso divertido nos lábios.
- Uma das minhas comidas favoritas. - comentou.
Continuamos caminhando até que chegamos no local. Assim que Senhor Ed nos viu, acenou em nossa direção.
- Dr. ! - Cumprimentou assim que nos aproximamos, estendendo-me a mão.
- Muito obrigado por isso, Ed. Sei que está tarde e você não tinha obrigação nenhuma...
- Quê isso! Pra um cliente como o senhor, estou sempre disponível, independente da hora. - Ele sorriu e se virou para . - E essa moça, quem é?
Ela abriu um sorriso para ele e estendeu a mão para cumprimenta-lo.
- Sou . Prazer. - Ela se apresentou.
- O prazer é meu, bela moça. - Ed disse, voltando sua atenção para seu carrinho. - Então, o de sempre?
- Sim. Dois, bem caprichados, por favor. - Me aproximei dele em uma tentativa forçada de sussurrar. - Preciso impressiona-la. - Falei baixinho.
Ed riu para mim e murmurou um pode deixar, começando a preparar nossos lanches. Voltei para o lado de , que sorriu para mim.
- Vamos sentar ali? - Perguntei, apontando um banco um pouco a frente em meio a duas arvores.
balançou a cabeça, concordando, e fomos os dois andando lado a lado até o banco. Ela se sentou e colocou sua bolsa em seu colo, e eu me sentei ao seu lado.
- Então, você pediu pra ele ficar até mais tarde porque ia me trazer aqui? - Ela questionou, divertida.
- Pedi. Conheço o Ed há anos. Ele sempre fica aqui, nesse mesmo lugar, todos os dias, com exceção das segundas-feiras. - Respondi, me virando para encará-la. - Venho comer pelo menos uma vez na semana. Já até o contratei-o para servir cachorros quentes em uma festa que dei.
- Você está me deixando com muitas expectativas, . - Comentou, levantando a sobrancelha de forma sugestiva.
- Elas serão superadas, prometo. - Pisquei para ela.
Pelo canto do olho, vi Ed se aproximando com nossos cachorros-quentes e me levantei para lhe pagar. Ele entregou um para e outro para mim.
- Valeu, Ed. Fico lhe devendo uma! - Disse a ele, dando um tapinha em seu ombro.
- Sempre que precisar, Dr. . - Ele sorriu. - Eu já vou indo. O casal quer mais alguma coisa?
Eu balancei a cabeça, negando.
- Boa noite, então!
- Boa noite, Ed. - Respondi.
- Boa noite. - desejou.
Ed sorriu para nós dois e então se virou e foi embora.
Quando voltei para o banco, me encarava com a sobrancelha arqueada.
- O que foi? - Perguntei, dando uma mordida em meu cachorro-quente em seguida.
- O casal? - Ela perguntou, mordendo o seu em seguida.
Eu dei uma risada fraca e dei de ombros.
- Desculpa não ter corrigido. Não sabia que ia se importar. - Respondi, comendo mais um pouco.
balançou a cabeça em negação.
- Não precisa se desculpar. - Falou, virando seu rosto para mim. - Só fiquei surpresa por você não ter negado.
Franzi a testa ao ouvi-la. Dei uma última mordida em meu cachorro-quente, limpei minha boca com um guardanapo e me virei de frente para ela. terminou de comer também e se virou para mim.
- Por que eu negaria? - Perguntei.
- Porque... - Ela começou, baixinho. - Porque eu sou uma dançarina de boate.
Eu sorri de lado e balancei a cabeça em negação.
- E daí? Se eu me importasse com isso, , eu não estaria aqui com você agora. - Falei a ela, me aproximando um pouco.
Ela sorriu de lado e colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e abaixou a cabeça.
- Você não quer que sejamos um casal? - Questionei novamente, levando minha mão até seu queixo, erguendo-o.
- Não é isso... - Ela mordeu o lábio inferior, fazendo com que meu olhar se desviasse para sua boca imediatamente. - É que tem algumas coisas que você não sabe sobre mim.
Eu sorri. Porque eu sabia, claro que eu sabia. Nos conhecíamos a pouco tempo, era óbvio que não sabíamos tudo um do outro. Mas eu estava maluco para conhecê-la. Cada mania, cada qualidade, cada defeito...
- Então você pode me contar. Quando quiser e quanto se sentir confortável. - Esclareci, vendo-a sorrir para mim e concordar com a cabeça. Deslizei minha mão para sua bochecha e acariciei a região levemente com o polegar. - Mas, sabe...
Me aproximei mais um pouco, fazendo nossos rostos ficarem bem perto um do outro. O olhar de desviava de minha boca para meus olhos, e o meu não estava diferente.
- A gente pode deixar isso pra depois. Porque agora, nesse momento, eu só quero uma coisa.
- O que? - questionou.
- Te beijar.
mordeu seu lábio novamente ao me ouvir e depois abriu um leve sorriso. Encarei isso como um sim, e grudei nossos lábios. Trocamos alguns selinhos demorados para depois aprofundar o beijo. Nossas línguas se mexiam em sincronia. Minha mão, que estava em seu rosto, permaneceu ali, fazendo carinho em sua bochecha. , por sua vez, levou sua mão até meu pescoço e passou as unhas pela região levemente, me fazendo arrepiar.
Nosso beijo durou mais alguns segundos antes de nos separarmos. Nos afastamos, mas mantive minha mão em seu rosto. Ela sorriu de canto, mantendo seu olhar fixo ao meu.
- Você é linda. - Elogiei, vendo-a fazer um biquinho adorável em seguida.
- Você também. - Ela disse, e eu ri fraco. - Detesto estragar o clima, mas se importa de irmos? Não posso chegar muito tarde em casa.
Balancei a cabeça em negação e me levantei. fez o mesmo, e, surpreendendo-me, ela levou sua mão até a minha, entrelaçando nossos dedos. Fomos caminhando de mãos dadas até o carro. O caminho até seu apartamento foi tranquilo e rápido. Por conta do horário, não tinham muitos carros na rua. Antes que percebêssemos, já estávamos em frente ao local.
- Bom, então é isso. Está entregue. - Comentei assim que descemos do carro em frente ao prédio de .
- Obrigada, . Ah, antes que eu me esqueça, o cachorro-quente realmente superou as expectativas. - Ela disse e eu ri.
- Eu te disse. - Afirmei, dando alguns passos na direção dela e colocando minhas mãos em sua cintura.
passou os braços ao redor de meu pescoço e tombou a cabeça para o lado, me olhando divertida. Ela abriu a boca para falar alguma coisa, mas sua expressão se tornou séria e ela se afastou de mim instantaneamente.
- O que foi? - Perguntei, confuso.
Ela fez um sinal com a cabeça e eu me virei, a tempo de ver um homem andar em nossa direção.
- Mas olha só que lindo! - O homem falou assim que parou em nossa frente.
Peguei a mão de e puxei-a para o meu lado, envolvendo-a com meu braço.
- Resolveu fazer programa e não avisou ao chefe, Pearl? - Continuou ao não obter resposta.
- Não estou fazendo programa, Brian. - se defendeu, sua voz saindo um pouco baixa.
- Ah, jura? - Brian questionou e um sorriso malicioso apareceu em seus lábios. - E isso é o que, então?
- Nós estamos... - Comecei a falar, mas apertou minha mão e me interrompeu.
- Não é da sua conta. - Ela respondeu agressivamente.
O olhar do tal Brian escureceu e ele deu um passo em nossa direção. Instintivamente, eu me coloquei na frente da e mantive-a atrás de mim. Ao ver a cena, ele riu.
- Já entendi o que está acontecendo aqui. - Ele disse, ainda rindo. - Não me diga que você caiu na lábia dela? - Perguntou a mim, balançando a cabeça, incrédulo.
Ele se aproximou e parou bem em minha frente, seu rosto bem próximo ao meu.
- Eu, se fosse você, ficaria longe dela. - Ameaçou-me.
Respirei fundo e me mantive quieto, somente ouvindo. Não ousei desviar meu olhar do dele.
- Seja lá o que esteja acontecendo entre vocês dois... Não acredite nela. Ela ama atenção, é a única coisa que ela quer! - Brian continuou, seu tom de voz alto.
- Brian! - gritou, tentando fazer com que ele parasse de falar.
- Provavelmente você vai achar que está gostando dela e quando menos esperar, ela vai te trocar por outro e BUM! - Exclamou, encostando o dedo em meu peito, empurrando-me.
- Cara... - Eu ia começar a argumentar, mas logo fui interrompido.
- Essa vadia só gosta de si mesma! É uma vagabunda. Acredite, ela não vale a pena.
E foi a gota d'agua. Antes que eu pudesse raciocinar, minha mão havia colidido contra seu rosto. gritou para que parássemos e quando eu ia me virar para pedir que ela entrasse em seu prédio, Brian acertou um soco em mim.
- Brian! - gritou, se colocando entre nós dois. - Chega! Vai embora!
Brian riu, limpando o sangue que saía de sua bochecha.
- Eu vou. E pode ter certeza que Klaus vai ficar sabendo disso. - Ele disse, em tom ameaçador.
Quando Brian finalmente deu as costas para nós dois, se voltou para mim imediatamente. Minha mão estava minha testa e havia sangue escorrendo por meu rosto.
- Ai meu Deus, ! Me desculpe por isso, me desculpe... - Ela disse, tirando minha mão de meu rosto. - Vamos subir, eu vou cuidar disso pra você.
- , não precisa... - Argumentei, mas ela já estava abrindo a porta de seu prédio para que nós dois entrássemos.
Baixei os ombros, dando por vencido, e segui-a porta a dentro.
- Quem é ele? - Perguntei enquanto subíamos as escadas.
Pude ouvi-la suspirar e alguns segundos depois, a resposta veio:
- Um dos braços direitos de Klaus, na boate. - Respondeu e franziu a testa. - E meu ex-namorado.
Ergui as sobrancelhas, surpreso.
- Ex-namorado? - Perguntei.
balançou a cabeça e abriu sua bolsa, pegando a chave de casa. Abriu a porta e indicou para que eu entrasse.
- Foi curto, não durou muito. Mas ele não sai do meu pé até hoje. - Ela disse e soltou sua bolsa em cima da mesa. - Esse é meu humilde lar. - Falou, mexendo os braços para os lados, como se apresentasse o local.
O apartamento era compacto, mas extremamente bem arrumado. A cozinha e a sala eram um cômodo só. Havia uma porta que deveria ser o banheiro e um corredor, que levava até os quartos.
- Fique à vontade, , eu vou só buscar o kit de primeiros socorros. - sorriu em minha direção e caminhou corredor a dentro.
Estava pronto para me sentar no sofá, mas mudei de ideia assim que vi alguns porta-retratos em uma estante. Me aproximei e passei a observar as fotos. Haviam algumas fotos de mais nova, outras dela com sua família e amigos e muitas com uma criança de aproximadamente 5 anos. Um garoto, muito parecido com ela, aliás. Será que...
- . - chamou, atraindo minha atenção.
Me virei e sorri para ela, indo em direção ao sofá, onde ela já estava sentada.
- Meu rosto nem está doendo, não precisa disso... - Argumentei, fazendo uma careta ao ver os materiais em sua mão.
Ela riu e balançou a cabeça em negação.
- Senta aí e deixa eu cuidar disso. - Falou em tom mandão, me fazendo rir baixo.
Ela molhou um algodão com um líquido que eu não sabia exatamente o que era, mas tinha certeza de que iria arder. E sim, eu era um frouxo quando se tratava de cuidar de machucados. Quando era apenas um moleque, minha mãe ria de minhas reações enquanto fazia meus curativos. Achei que isso ia passar conforme a idade chegasse. Não passou.
aproximou o algodão de meu rosto e eu pude sentir o cheiro de álcool que emanava dele. Assim que ela encostou em minha pele, contorci meu rosto em uma careta e mordi meus lábios, tentando disfarçar a dor que senti com a ardência. Ela riu.
- Meu Deus, . Você está parecendo o Ethan. - Ela disse e sua testa se franziu imediatamente.
Ela ficou quieta e continuou limpando o corte. Antes que eu pudesse questionar quem é Ethan, ouvimos uma voz chamar.
- Mamãe?
Os olhos de se arregalaram e nós dois olhamos imediatamente para a direção em que ouvimos a voz. O garotinho que eu antes vi nas fotos estava ali, vestindo um pijama. Ele era ainda mais parecido com pessoalmente. Ela se levantou e foi até ele.
- Ei, pimpolho. - disse, passando sua mão pelo cabelo dele. - Mamãe está só ajudando um amigo que se machucou e logo vai dormir com você, tudo bem?
O garoto desviou os olhos de sua mãe e inclinou a cabeça para o lado para me ver. Seus olhos me encaravam com curiosidade e eu esbocei um sorriso simpático.
- Ethan, o que aconteceu? - Uma mulher jovem surgiu no corredor, com expressão de quem recém havia acordado. - Ah, oi, . Não sabia que já tinha chegado.
- Oi, Lety. Eu não lhe chamei porque estava ajudando um amigo. Mas você já pode ir. Não irei mais sair. - disse, dirigindo a palavra a mulher.
- Oh, desculpe. - Lety falou ao mesmo tempo que seu olhar passou por mim rapidamente. - Claro, tudo bem. Amanhã preciso vir?
- Por enquanto não. Qualquer coisa eu te ligo. Obrigada. - sorriu e a mulher retribuiu, indo até a mesa para pegar sua bolsa e ir embora.
Eu pigarreei brevemente e me levantei, aproveitando a deixa para ir embora também. e Ethan olharam para mim ao mesmo tempo. Ela se aproximou e Ethan agarrou-se a cintura da mãe, andando junto com ela.
- ... - Começou, sua voz baixa. - Me desculpe. Esse é meu filho, Ethan.
O menino esticou a cabeça para me olhar, curioso. Eu sorri para ele.
- E aí, cara. Sou . - Estendi a mão para cumprimenta-lo e ele retribuiu de maneira tímida.
- Você é amigo da mamãe? - Perguntou, curioso. - Ela nunca traz ninguém aqui em casa.
- Sou, sim. - Respondi a ele e sorri, voltando minha atenção para . - É melhor eu ir. Obrigado pelo curativo. - Apontei para o local no meu rosto e ela riu baixinho, concordando.
se virou e se abaixou para falar com o filho.
- Ethan, vai deitar que a mamãe já vai, está bem? - Perguntou, passando a mão pelo cabelo dele. - Já vou deitar com você.
- 'Tá bem. - O garoto falou. - Tchau, amigo da mamãe. - Ele acenou para mim antes de se virar e entrar corredor adentro.
se aproximou de mim e manteve os braços cruzados, parecendo um pouco sem jeito.
- Desculpe por não ter contado sobre Ethan. - Falou e eu sorri, balançando a cabeça para os lados em seguida. - Foi a ele que me referi mais cedo, quando disse que você não sabia de algumas coisas sobre mim.
- Não tem pelo que se desculpar, . - Comentei, aproximando-me dela e colocando as mãos em sua cintura. Ela passou os braços por meu pescoço. - Eu não me importo.
- Mesmo? - Perguntou, passando os dedos por minha nuca, acariciando a região.
- Mesmo. - Confirmei, aproximando meu rosto do dela e lhe dando um beijo leve nos lábios.
Ela mordeu meu lábio inferior de leve e passou a língua por ele, iniciando um beijo calmo. Uma de minhas mãos subiu para o seu rosto e a outra deslizou por suas costas, onde brinquei com a barra de sua blusa. Só nos separamos quando ouvimos um barulho de algo caindo dentro de casa. Provavelmente Ethan. Rimos baixo e depositei um selinho nos lábios dela.
- Obrigada pelo encontro. Eu amei. - Agradeceu e eu assenti, passando a mão levemente por seu rosto.
- Repetiremos em breve. Talvez não com cachorro quente. - Falei fazendo-a rir. - Tchau, .
- Tchau, . - Ela disse, apoiando-se na porta enquanto eu me afastava.
Comecei a descer os degraus da escada e me virei novamente, olhando para ela. Seus lábios vermelhos, contorcidos em um sorriso contagiante. Suas bochechas levemente coradas e seu cabelo colocado atrás das orelhas. Linda.
- Seria demais pedir pra você sonhar comigo pois eu com certeza sonharei com você? - Perguntei abrindo um sorriso sacana.
Ela riu e rolou os olhos, acenando com a mão para mim e fechando a porta em seguida. Assim que ela sumiu, soltei o ar pela boca, aliviado e feliz. Primeiro encontro realizado com sucesso. E que seja o primeiro de muitos.


Parte 3

Eu estava sentado no bar da boate, esperando o show de Pearl acabar, para ligar para Mike entrar com a polícia. Combinamos que eles esperariam o show dela acabar para que ela e Havana pudessem vir ao meu encontro antes de tudo acontecer. Eu tinha receio de que Brian ou até Klaus fizessem algo contra elas, então a polícia estava só esperando o momento certo.
Haviam se passado alguns dias desde meu encontro com . Nesse meio tempo, Mike e eu agilizamos todo o processo. Ela e Havana foram até a delegacia prestar depoimento e a polícia acatou a denúncia. Depois de mais alguns dias, fomos avisados de que eles iriam até a boate para prender Klaus.
Eu e estamos muito bem. Não tivemos tempo de ficar juntos, mas estávamos nos falando sempre pelo celular. E talvez fosse cedo - ou loucura, como Mike dizia - mas eu estava pensando em firmar as coisas com ela; um pedido de namoro, talvez?
Durante toda a minha vida, eu só havia me apaixonado uma vez, quando ainda era adolescente. E foi provavelmente por causa dessa vez que não havia acontecido novamente. Quer dizer, até agora. Então, não, eu não estava maluco. Ou talvez estivesse maluco por , quem sabe? A questão é que aconteceu toda aquela coisa clichê comigo. Amor à primeira vista? Não. Mas atração, sim. E com o passar dos dias, a atração virou um carinho muito grande, que me faz querer ter ela por perto sempre. E se Ethan viesse junto, eu não me importaria nem um pouco; aliás, ate gostaria.
As luzes se apagando no palco me fizeram voltar o olhar para frente a tempo de ver Pearl descendo e se dirigindo ao camarim. Agora era só uma questão de minutos até ela e Havana se juntarem a mim. Alguns minutos depois e elas já estavam ao meu lado no bar, ambas devidamente vestidas e com suas bolsas em mãos.
- Vou avisar o Mike. - Disse, pegando meu celular e discando o número dele. Deixei tocar três vezes e desliguei, como havíamos combinado.
Nem um minuto depois, Mike e a equipe de policiais passaram pela porta. Ele parou ao nosso lado no bar e os policiais seguiram para o fundo. A música parou e as pessoas que estavam ali, ao verem eles, começaram a se retirar do local. entrelaçou sua mão na minha e eu a puxei para perto, de mim abraçando-a.
Brian passou por nós correndo para tentar avisar ao seu chefe, mas já era tarde demais. Nos aproximamos um pouco e pudemos ver a expressão de choque no rosto de Klaus. Os policiais se aproximaram dele, de Brian e mais alguns capangas.
- Klaus, você está preso por aliciamento de menores e rufianismo por tirar proveito dos lucros de prostitutas. - Um dos policiais falou assim que fechou a algema ao redor dos punhos dele. - Os demais estão presos por serem cúmplices dos crimes citados. O estabelecimento está interditado e permanecerá fechado até segunda ordem.
- Vocês têm o direito de permanecerem calados. Tudo o que disserem pode e será usado contra vocês no tribunal. - Outro policial disse, enquanto escoltava os presos.
Ao passar por nós, Brian não ousou erguer sua cabeça, assim como Klaus. Ambos mantiveram o olhar baixo enquanto eram levados pela polícia. Seguimos o mesmo caminho que eles e fomos lá para fora. Mike e eu sorrimos brevemente um para o outro, satisfeitos com o resultado. e Nicolle se abraçaram, aliviadas por estarem finalmente livres.
- Eu não sei como agradecer. - falou, jogando os braços ao redor de meu pescoço.
Passei um dos braços por sua cintura e o levei a mão livre até seu cabelo, acariciando-o.
- Não precisa agradecer. Só de saber que você está livre e não precisará mais trabalhar aqui, já é o suficiente. - Respondi, afastando-a um pouco de mim para olhar em seus olhos.
Ela sorriu para mim e grudou seus lábios nos meus, dando vários selinhos, me fazendo rir.
- Ei, casal. - Mike nos chamou. - Vamos ao The Cocks?
Olhei para e ela mordeu o lábio.
- Lety não pode ficar até tarde hoje. - Ela disse a mim, baixinho. - Você não quer ir lá pra casa?
Ergui as sobrancelhas, um pouco surpreso por seu convite, mas balancei a cabeça em confirmação logo em seguida.
- Hoje não, cara. - Eu disse a Mike assim que voltei meu olhar para ele e abracei de lado. - Vão vocês dois.
Ele abriu um sorriso sacana em nossa direção, mas logo assentiu. Mike passou o braço ao redor da cintura de Nicolle e ela acenou para nós dois antes de se afastar com Mike.
- Vamos? - Perguntei a ela, entrelaçando nossos dedos. Começamos a andar até o carro.
- Espero que Ethan esteja dormindo e que continue assim. - disse e eu a olhei, divertido, ao mesmo tempo em que abri a porta do carro para ela entrar.
Fechei a porta assim que ela entrou e dei a volta, entrando do lado do motorista. Dei partida logo em seguida.
- O que você tem em mente, hein? - Questionei sem tirar os olhos do trânsito a minha frente.
- Bom... - Ela disse e se virou, sentando de lado no banco. Esticou a mão e colocou-a em minha nuca, passando as unhas levemente pela região, me fazendo arrepiar. - Acho que temos bons motivos para comemorar, não acha?
Olhei para ela rapidamente e abri um sorriso de canto.
- Por favor, Ethan, esteja dormindo... - Supliquei, fazendo-a gargalhar.
Alguns minutos depois e já estávamos entrando em seu apartamento. Assim que fechou a porta, eu a puxei pela cintura e entrelacei meus dedos em seu cabelo, grudando nossos corpos. Ela levou uma de suas mãos até minhas costas e a outra para minha nuca. Aproximei nossas bocas e mordi seu lábio levemente, puxando-o e iniciando um beijo em seguida.
Fomos andando até o sofá e a deitei, deitando-me por cima. Posicionei uma de minhas pernas entre as pernas dela, pressionando sua intimidade. Ela soltou um gemido baixo entre o beijo ao mesmo tempo que sua mão adentrou minha camisa e ela passou as unhas por ali levemente. Mordisquei seu lábio e desci os beijos para seu pescoço. Passei a língua pela região e pude sentir o corpo dela se encolher em resposta ao meu toque.
- ... - Ela gemeu, baixinho.
Continuei a beijar seu pescoço enquanto brincava com a barra de sua blusa, levantando-a devagar.
- ? - chamou e eu finalmente levantei o rosto para olha-la. - Lety ainda está aqui.
Suspirei baixo e me levantei, saindo de cima dela. sorriu e fez o mesmo em seguida, se aproximando de mim e dando um beijo em meus lábios.
- Vou avisá-la que já cheguei e que ela pode ir embora. Meu quarto fica na última porta do corredor. - Ela disse e piscou para mim antes de se virar e andar corredor adentro.
Respirei fundo e dei alguns passos rápidos até a porta que ela indicou. Assim que entrei, fechei a porta atrás de mim e me pus a observar o cômodo. Era todo em tons claros e estava iluminado somente pela luz vinda da janela. Havia uma cama de casal no centro, com duas cômodas nas laterais e um guarda-roupa grande em uma das paredes. Também tinha um painel com algumas fotos, a maioria sendo dela e de Ethan.
Me aproximei da cama e me sentei, tirando meus sapatos em seguida. Deitei-me para trás e peguei meu celular para mexer em qualquer aplicativo só para passar o tempo. Poucos minutos depois, a porta se abriu e eu fiquei surpreso com o que vi.
vestia somente um conjunto de lingerie vermelho, para minha felicidade, algo muito semelhante a roupa que a vi usar algumas semanas atrás. Como se fosse possível, as peças realçavam ainda mais seu corpo. Seu cabelo solto caía por seus ombros e ela tinha um sorriso safado em seus lábios.
- Caralho. - Falei sem perceber e a ouvi rir, fechando a porta em seguida. - Er, digo, você está incrível.
Ela se aproximou devagar da cama e subiu na mesma, deitando seu corpo sobre o meu. Aproximou nossos lábios e mordiscou levemente o meu inferior, afastando-se em seguida. Ela colocou suas pernas cada uma em um lado de meu corpo e se sentou sobre minha ereção já bastante evidente. Sem cortar o contato visual, deslizou seus dedos sob minha camisa e começou a abrir os botões lentamente.
- Estou, é? - Perguntou, mordendo seu lábio inferior provocativamente.
Levei minhas mãos até a cintura dela e apertei levemente como resposta. Ela terminou de abrir minha camisa e afastou-a para os lados. Eu levantei meu tronco e terminei de retirá-la. No momento seguinte, suas mãos já estavam desafivelando meu cinto e retirando-o rapidamente. Assim que terminou de abrir minha calça, pressionou seu quadril contra o meu e soltou um gemido baixo ao sentir minha ereção contra sua intimidade. Não contive um sorriso ao ouvi-la.
Ela sorriu para mim e colocou todo seu cabelo para trás. Sua mão foi até a alça esquerda de seu sutiã e ela começou a abaixá-la, sem tirar seus olhos de mim. Depois, foi para a alça direita. Assim que terminou, suas mãos foram para suas costas e ela abriu o fecho do sutiã, fazendo com o que o mesmo caísse e deixasse seus seios expostos.
Eu estava maluco. Queria tocá-la, sentí-la, beijá-la...
Antes que eu pudesse pensar em levar minhas mãos até eles, ela mesma fez isso. Suas mãos envolveram seus seios, apertando-os com força considerável e ela passou a língua pelos lábios e riu baixo ao ver minha expressão.
Ah, ela era boa nisso.
inclinou seu tronco contra o meu, roçando seus seios provocativamente por meu peito. Ela aproximou os lábios de meu ouvido e mordiscou o lóbulo. Fechei os olhos e subi minhas mãos que estavam em sua cintura para suas costas.
- Você vai ter que ficar quietinho até que eu termine de lhe agradecer. - Falou contra meu ouvido. - E eu tenho muito a agradecer.
Puta que pariu.
Seus lábios deslizaram por meu pescoço até chegarem nos meus, onde ela depositou um beijo leve. Depois, afastou-se e desceu beijando lentamente meu peito. Sua boca percorria cada centímetro de minha pele, e cada vez ela se aproximava mais de minha boxer.
Eu estava me segurando muito para não agarrá-la e deitá-la na cama, fazendo tudo do meu jeito. Dificilmente eu não ficava no controle. Mas eu estava curioso, excitado demais. Ela estava me deixando maluco e eu e precisava ver até onde ela iria.
colocou sua mão sob meu membro, apertando-o levemente. Seus dedos tocaram minha pele por dentro de minha boxer e ela a abaixou, tirando-a por completo. Lentamente, ela se ajeitou na cama e aproximou sua boca de meu pênis. Antes de finalmente encostar a boca nele, levantou seu olhar e fixou-o no meu.
Quando sua língua encostou em minha glande, fazendo movimentos circulares, foi difícil não deitar a cabeça para trás. Eu precisava vê-la me chupar, não podia perder um segundo.
Aos poucos, sua boca foi tomando todo meu membro. Enquanto chupava, ela mantinha seu olhar em mim. Sua mão livre passava por meu peito, arranhando-o devagar. Sua outra mão envolvia a base de meu pênis auxiliando-a nos movimentos com a boca.
Com maestria, ela envolveu-o por completo, até seu limite, fazendo-me gemer em resposta. Quando engasgou levemente, eu não aguentei e entrelacei minhas mãos em sua nuca, puxando-a para cima. Ela lambeu seus lábios e mordiscou-os em seguida, sem tirar seus olhos dos meus.
- Você... - Comecei, mas meu raciocínio se perdeu ao vê-la abrir o sorriso mais safado que eu já havia visto em seus lábios. - Puta que pariu.
Ela gargalhou e eu, no mesmo instante, me virei e a deitei na cama, me colocando por cima. Deslizei minhas mãos por seus braços e levantei-os, segurando seus pulsos acima de sua cabeça.
- Agora é minha vez. - Falei quando aproximei meus lábios de sua orelha. - E não ouse se mexer.
Mordi seu lóbulo fracamente e deslizei a língua por toda a extensão de seu pescoço, seguindo caminho até seus seios. Com somente uma de minhas mãos, mantive seus pulsos juntos acima de sua cabeça, e com a outra, envolvi um de seus seios, apertando-o com certa força. Passei minha língua pelo mamilo do outro seio e ouvi-a gemer baixo. No mesmo instante, ela tentou soltar seus punhos.
Levantei meu olhar para ela e ergui as sobrancelhas em questionamento. Ela revirou os olhos mas cedeu, parando de mexer as mãos em seguida. Voltei minha atenção para seus seios e com o polegar e o indicador, acariciei seu mamilo. Com a outra mão, comecei a passar os dedos lentamente por sua barriga, descendo-os em direção a intimidade dela.
Assim que meus dedos adentraram sua calcinha, gemeu em antecipação e levantou seu quadril, visivelmente impaciente. Reprimi um riso baixo e, depois de deixar um último chupão em cada um de seus seios, abaixei sua calcinha lentamente, retirando-a por completo.
Com minhas mãos, uma em cada coxa de , abri suas pernas e aproximei os lábios de sua virilha. Rocei-os levemente pela região, sentindo-a se arrepiar. Beijei toda a extensão de suas coxas e, quando estava perto da virilha novamente, passei a língua lentamente em seu clitóris.
soltou um gemido um pouco alto em resposta e eu repeti o movimento. Comecei a fazer movimentos circulares com a língua e subi uma de minhas mãos até seu seio, acariciando-o. Com a mão livre, coloquei um dedo em sua entrada, provocando-a, mas sem penetrar. Aumentei o ritmo de minha língua e cada vez mais eu sentia seu corpo se retesar embaixo do meu.
Sem aviso prévio, penetrei-a com dois dedos. Ela gemeu em resposta e eu levantei meu rosto para observá-la. Com a outra mão, passei a movimentar meu dedo indicador sob seu clitóris, estimulando-a. jogou a cabeça para trás e agarrou o lençol, puxando-o.
- ... Eu não vou aguentar muito. - Ela falou entre gemidos.
Retirei meus dedos de dentro dela e levei-os até sua boca. Ela prontamente abriu-a e chupou-os, sem tirar os olhos dos meus. Agarrei seu cabelo e puxei-a para perto, beijando-a ferozmente. Quando nos separamos, me levantei rapidamente e fui até minha calça para pegar uma camisinha dentro de minha carteira. Retornei já abrindo o pacote e colocando-a em meu pênis. me olhava com expectativa e até certa pressa, eu diria.
Me posicionei no meio de suas pernas. Levei a cabecinha de meu membro até sua entrada e provoquei-a várias vezes, hora insinuando que a penetraria, hora não.
- Porra, . - disse, visivelmente impaciente. - Me fode logo!
E então, sem desviar o olhar do dela, penetrei-a por completo. Comecei a me movimentar lentamente, estocando até o fundo. Deitei meu tronco sob seu corpo e ela imediatamente me abraçou, arranhando minhas costas com um pouco de força. Suas pernas se fecharam ao redor de meu corpo e eu intensifiquei os movimentos, ouvindo-a gemer cada vez mais.
Levei minha mão até sua nuca, entrelaçando meus dedos em seu cabelo, mantendo seu rosto fixo no meu. Enquanto eu me movia dentro dela, não ousamos desviar nossos olhares. Ela gemia com o olhar fixo no meu e eu fazia o mesmo. Estávamos presos em um mundo só nosso.
Quando senti que estava quase chegando em meu ápice, me esforcei e segurei um pouco. Desci minha mão até a intimidade de e comecei a acariciar seu clitóris com meus dedos. Seus gemidos aumentaram e ela cravou suas em minhas costas, me fazendo grunhir baixo. Alguns segundos depois e seu corpo se flexionou por inteiro e, gemendo meu nome, ela gozou. Depois disso, não consegui mais me segurar e explodi dentro dela enquanto ainda olhava em seus olhos.
Relaxamos nossos corpos, os dois juntos, e levou suas mãos até meu rosto e colocou-os uma de cada lado. Puxou-me e depositou um beijo calmo em meus lábios.
- Caralho. - Foi o que saiu de sua boca e eu ri, dando-lhe um beijo antes de me virar e me levantar para jogar fora a camisinha.
Assim que o fiz, voltei correndo para a cama. Deitei ao seu lado e puxei-a para mim, cobrindo nossos corpos com o lençol que estava embolado no fim da cama. Afastei seu cabelo de seu pescoço e depositei um beijo por ali e ela riu baixinho.
- O que foi? - Perguntei, me apoiando em meu cotovelo para olha-la.
Ela se virou de barriga para cima e sorriu enquanto me olhava.
- Quem diria, Jared - frisou o nome pelo qual me chamou na primeira vez que conversamos - que nós dois estaríamos aqui, nus, na minha cama, depois de uma das melhores transas da minha vida?
Ergui as sobrancelhas, fingindo-me de ofendido.
- Estava tudo indo muito bem até "uma das melhores". - Torci a boca em falsa indignação e ela riu.
mostrou a língua e apertou meu nariz, fazendo-me rir também.
- Mas é verdade. Uma das melhores, sim. Sabe por quê? - Perguntou, passando os dedos por meu cabelo, acariciando-o. Balancei a cabeça em negação. - Porque, depois do que fizemos hoje, tenho certeza que a de amanhã será melhor, e a de depois de amanhã melhor ainda, e assim por diante. Portanto, sim, apenas uma das melhores. Porque, se depender de mim, todas as próximas serão com você. - Declamou, abrindo um sorriso angelical em seguida.
Eu fiquei olhando-a por um tempo mas logo abri um sorriso enorme e abracei-a novamente, beijando sua bochecha. Apertei sua barriga, fazendo cócegas levemente e ela riu, divertida. se aninhou em meus braços e ficamos deitados, olhando para o teto, somente curtindo a presença um do outro. Após um tempo em silêncio, decidi que era o momento.
- . - Chamei, quebrando o silêncio.
Ela resmungou em resposta e encolheu seu corpo, grudando-se mais a mim.
- Quer namorar comigo? - Questionei, fazendo com que ela me olhasse imediatamente.
Ela levantou seu corpo e sorriu verdadeiramente, aproximando seus lábios dos meus.
- Achei que nunca fosse perguntar.


Epílogo

- Assine aqui, aqui e aqui, por favor. - O escrivão pediu, indicando os locais para mim.
Abaixei-me e assinei onde ele havia pedido. Olhei para e seus olhos estavam cheios de lágrimas. Ela estava muito mais emotiva que o normal, ultimamente. Provavelmente era TPM. Em que época do mês estávamos, mesmo? Ah, sim. Final do mês. Era TPM, com toda certeza. Eu já estava familiarizado. Fiz uma nota mental para me lembrar de comprar chocolates mais tarde.
- Pronto, processo encerrado. Parabéns. - Ele disse, entregando uma pasta com os documentos a nós dois.
- Obrigado. - Balancei a cabeça e agradeci ao homem, apertando sua mão.
segurou minha mão e juntos nos viramos e saímos da sala, sem conter o sorriso em nossos rostos. Andamos mais um pouco e logo estávamos fora do cartório.
- Ethan vai ficar maluco. - disse, apertando minha mão enquanto andávamos lado a lado. - Eu não acredito que depois de tanto tempo...
- Vamos buscá-lo na escola? - Perguntei assim que chegamos no carro.
Ela balançou a cabeça em confirmação e entramos no carro em seguida.
Dei partida e alguns minutos depois já estávamos parando na frente da escola de Ethan. Descemos os dois do carro e nos encostamos no mesmo, aguardando ansiosamente pelo momento em que Ethan viria correndo em nossa direção, o que não demorou a acontecer.
- Mãe! Pai! - Ethan gritou quando nos viu e se jogou em nossos braços. - Por que vieram os dois me buscar? Aconteceu alguma coisa? Você contou pra ele, mamãe?
Pai. Eu ainda não havia me acostumado a ouvi-lo me chamar assim. Era maravilhoso. Agora, mais do que nunca, essa palavra tinha um significado diferente. Mas, espera aí, contar o que para mim?
- Ei, pimpolho! - disse, mudando de assunto e chamando a atenção dele para si. - Nós temos uma surpresa pra você!
- Pra mim? É presente? O que é? Vocês finalmente vão me deixar ter um cachorro? Meu Deus, é um cachorro? - Ele desatou a falar, nos fazendo rir.
Desde que e eu havíamos ido morar juntos, depois de nos casarmos, há três anos atrás, Ethan não parava de pedir por um animalzinho. Pretendíamos adotar um para ele no futuro, mas agora ainda não.
- Não, não é um cachorro, Ethan. - Falei e vi seu sorriso murchar na mesma hora.
Abri a pasta que o escrivão nos entregou e peguei o documento de dentro dela, entregando a ele em seguida.
- Leia, amor. - pediu.
Nós dois observamos os olhos de Ethan correrem pela folha com atenção. A princípio, tivemos certeza de que ele não estava entendendo nada. Mas depois, quando seus olhos se encheram de lágrimas, soubemos que ele havia, sim, compreendido tudo.
- Pai! - Ele gritou, jogando o documento para o alto, fazendo com que corresse para pega-lo. - Você agora é meu pai de verdade!!!
Ethan pulou em mim e eu o segurei, abraçando-o de volta.
- Sim, agora eu sou seu pai de verdade. - Confirmei, fazendo carinho em sua cabeça.
Ele fungou e desceu de meu colo com facilidade, devido a seu tamanho. Ethan agora tinha oito anos, mas continuava com o mesmo jeito de sempre: desinibido, inteligente e emotivo. Lembro de quando ele me chamou de pai pela primeira vez: "Conta a história de como a polícia prendeu os homens maus de novo, papai?".
- Eu preciso contar pra todos os meus amigos! AGORA EU TENHO UM PAI! - Ele gritou, atraindo a atenção das crianças e pais que estavam por ali.
e eu nos entreolhamos, rindo. Aproximamo-nos e demos as mãos. Os olhos dela estavam transbordando lágrimas e eu não devia estar diferente. Eu entendi o que aquilo significava para ela. O pai de Ethan nunca o quis, abandonou-a com 20 anos e um filho na barriga. Criar um filho sem um pai é possível, claro. E ela fez isso extremamente bem. Mas para Ethan era difícil. Todos os seus colegas tinham pai e mãe - ou pai e pai, como ele havia nos contado anteriormente - e ele não. Partia o coração de ver como isso afetava seu filho. Por isso, quando as leis mudaram permitindo que padrastos e madrastas assumissem a paternidade ou maternidade dos filhos de seus companheiros, não pensamos duas vezes em fazer o mesmo com Ethan.
- Eu amo vocês! Eu amo muito vocês três! Isso é melhor que um cachorro! - Ethan berrou, abraçando a nós dois.
- Três? - Perguntei, olhando confuso para ele e para , que tinha um sorriso imenso nos lábios.
- Eu estou grávida. - Declarou.
Eu fiquei olhando-a sem acreditar no que ela havia dito. Não sei durante quanto tempo fiquei em choque, mas só reagi quando Ethan me cutucou e eu comecei a rir, sem conter minha felicidade. Aproximei-me de e dei um beijo em seus lábios.
- Nós vamos ser pais. - Comentei, ainda rindo. - Você vai ter um irmão ou uma irmã, Ethan! - Exclamei, empolgado.
- Sim! Mas eu ainda quero um cachorro! - Ethan falou.
e eu gargalhamos ao ouví-lo e eu baguncei o cabelo dele. Me virei novamente para minha esposa e levei minhas mãos até seu rosto, segurando-o delicadamente.
- Obrigado, amor. Por me dar dois filhos, por ser essa mulher maravilhosa que você é, por ser uma mãe incrível! - Eu disse, dando vários selinhos em sua boca e fazendo-a rir baixo.
- Obrigada a você, . Por ter ido me ver vários dias seguidos na boate e por não ter desistido de mim. - falou, abrindo um sorriso lindo, me fazendo sorrir também.
Coloquei seu cabelo atrás da orelha e sorri antes de falar:
- Eu te amo, minha eterna Pearl.
- Eu também te amo, .


FIM



Nota da autora: A única certeza que eu tinha sobre essa fim era de que a pp seria dançarina de boate. Só. A história mudou diversas vezes em minha cabeça, hahaha. Mas no final, fiquei satisfeita. Só não sei se consegui narrar bem pelo ponto de vista masculino, já que é a primeira vez que faço isso. E a parte restrita? Vocês gostaram? Porque eu, particularmente, fiquei extremamente satisfeita! Não tenho muita experiência com restritas ainda, e 01. On The Loose me pareceu perfeita para começar.
Espero que tenham gostado, e, por favor, deixem um comentário aqui em baixo para eu ler o feedback de vocês!
Um beijo e até a próxima!


   
   

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