Finalizada em: 10/03/2019
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Capítulo 14


Ponto de Vista: .


Minha cabeça estava uma confusão. Aquela semana estava sendo a pior de todas em muito tempo. Primeiro, havia o aniversário da morte de Sara em alguns dias. Segundo, eu e havíamos discutido. E terceiro, para finalizar, Melissa havia ressurgido.
Na tarde de hoje, quando minha secretária anunciou que Melissa estava na recepção, eu achei que só poderia ser brincadeira. De muito mal gosto, por sinal. Mas não era. Melissa disse somente que queria conversar, pois tinha algumas coisas para me falar e esclarecer, além de também ter alguém para me apresentar. Meio à contragosto, acabei dizendo que toparia tomar um café com ela amanhã na padaria que costumava ser nossa preferida.
E agora, estava ali, na minha frente, e havia baixado sua guarda e me falado tudo que eu sempre quis ouvir sair de sua boca. não é muito de expressar seus sentimentos em voz alta e dizer tudo que está sentindo. Mas agora ela havia o feito. E eu não conseguia responder, porque Melissa estava em minha cabeça. Então eu falei a única coisa que pude no momento. Contei a ela que Melissa havia ido ao meu consultório pela tarde. E agora ela estava quieta, me olhando sem expressão alguma.
– Fala alguma coisa. – Repeti o que ela havia dito mais cedo.
pareceu sair de um transe e andou até o sofá, se sentando. Fiz o mesmo.
– Como? – ela falou. – Digo, o que ela queria?
– Me chamar pra conversar e esclarecer algumas coisas... – Respondi, suspirando e passando a mão por meu cabelo, bagunçando-o.
– Ah, sim... - comentou, sua voz baixa. - E você vai?
Eu balancei a cabeça confirmando e ela mordeu o lábio, desviando seu olhar do meu. Que droga. Melissa tinha que aparecer justo agora? No aniversário de três anos da morte de Sara? Propício, não?
E vejam bem, eu não a amava mais, isso estava claro para mim desde antes de entrar em minha vida. Mas tivemos uma história juntos e eu não posso simplesmente ignorá-la, não depois de ela ter sumido durante três anos e reaparecido agora, disposta a me dar explicações. Eu precisava ouvi-la. E precisava de um tempo para mim, para colocar minhas ideias no lugar.
Ficamos em silêncio durante algum tempo, eu não conseguia falar nada. E sei o quanto isso machucaria , mas, eu não sabia o que responder. Quer dizer, eu sabia, eu sentia algo muito forte por ela, mas no momento, não conseguia definir com certeza se era amor também. Minha cabeça estava explodindo em pensamentos. Me levantei do sofá, e fez o mesmo.
– Acho melhor eu ir pra casa. - Anunciei, depois de um tempo em silêncio.
... – Comentou, caminhando atrás de mim até a porta.
– Eu preciso ficar um pouco sozinho, .
Assim que saí pela porta, me virei para ela. Seus olhos brilhavam, mas ela não ousava desvia-los de mim. Esperei que ela falasse algo, mas não o fez. Dei um sorriso triste em sua direção e me aproximei, beijando o canto de sua boca. retribuiu o sorriso fracamente, e logo fechou a porta. Soltei um suspiro e me virei, entrando em meu apartamento, esperando que um tempo sozinho me ajude a clarear minha mente.

xxx

Na manhã seguinte, não falei com . Temia que qualquer coisa que eu falasse pudesse piorar nossa situação. Por isso, optei pelo silêncio e fui trabalhar normalmente. Já estava quase na hora de encontrar Melissa quando saí de minha sala.
– Lisa, por favor, feche minha agenda pelo resto da tarde? Tenho um compromisso agora e não volto mais hoje. – Pedi a minha secretária enquanto passava em frente à sua mesa na recepção.
– Claro, Dr. . Até amanhã.
– Obrigado, Lisa. Até.
Saí de minha clínica e fui em direção ao meu carro. Comecei a dirigir até a padaria onde tínhamos marcado. Estava nervoso. Ao mesmo tempo que queria saber os motivos de Melissa, tinha medo de que eles fossem demais para que eu conseguisse entende-los.
Quando adentrei o local, logo a vi sentada em uma mesa, no canto. Ela estava linda, como sempre foi. Seus cabelos ruivos na altura dos ombros, sua pele branquinha e os olhos castanhos. Só quando me aproximei, percebi que ela não estava sozinha. Havia um menino de aproximadamente dois ou três anos com ela. Cheguei a mesa e sorri brevemente para os dois assim que me viram.
. – Melissa cumprimentou, abrindo um sorriso.
– Melissa. - Respondi apenas.
Me sentei na cadeira vaga em sua frente e logo pedi um café ao atendente. O garotinho que a acompanhava me olhava com curiosidade.
– Confesso que tava achando que você não viesse...
– Confesso que pensei muito em não vir. - Respondi, sorrindo de maneira forçada.
Ela assentiu, e então o garotinho ao lado dela a cutucou, falando algo baixinho em seu ouvido.
– Come seu bolo, Charlie. Nós vamos conversar aqui e depois vamos ao parque brincar, tudo bem? – Melissa falou a ele.
O menino assentiu e voltou sua atenção para o bolo. Melissa me olhou e eu desviei os olhos do garoto. Ele parecia muito com ela, os olhos, o cabelo...
– Então? – Questionei, curioso com o motivo pelo qual ela me chamou ali.
– Como você tá? – Melissa quis saber.
– Eu tô... bem. Ótimo, na verdade – sorri forçadamente – E você?
– Bem, também – Respondeu e sorriu, ajeitando-se na cadeira em que estava sentada. – Precisamos conversar sobre algumas coisas.
Assenti e dei um gole em meu café, nem um pouco animado para a conversa que viria a seguir.
– Semana que vem fazem quatro anos, . Quatro anos que ela se foi... – Melissa falou, seu olhar tornando-se triste no mesmo momento. – Fico feliz em estarmos os dois aqui, devemos isso a ela.
Desviei meus olhos dos seus, balançando a cabeça negativamente. Aquilo era sério?
– Você não pensou no que devíamos a ela quando resolveu me deixar, pensou? – Perguntei, sem pensar, vendo seu olhar perder imediatamente o brilho que tinha.
– Eu tive meus motivos na época, não espero que você entenda – Melissa falou, enquanto mantinha seu olhar grudado no meu –, mas eu estou aqui pra te explicar um pouco do que aconteceu.
– Tudo bem. Pode começar. – Falei, cruzando os braços e encarando-a.
Ela soltou ar pela boca, suspirando. E então, soltou a bomba.
– Eu te traí.
Espera, o quê? Era brincadeira, certo?
– Você o quê? – Perguntei, incrédulo.
– Você se lembra... – sua voz falhou e ela pigarreou, continuando – Você se lembra do dia em que você chegou em casa bêbado depois de desaparecer por um final de semana inteiro?
E havia como esquecer? Eu não me orgulhava dessa fase. Eu saía, enchia a cara, e voltava para casa de madrugada. Mas nesse fim de semana, eu saí na sexta e só voltei no domingo. Melissa ficou irada. E com razão. Assenti, ainda sem entender onde ela queria chegar.
– Tivemos nossa maior briga naquela noite. Você jogou um monte de coisas na minha cara, eu te falei coisas horríveis também. E naquele dia, ironicamente, eu também resolvi sair e beber. Ficar em casa chorando não adiantaria naquela noite pra mim. Então, eu fui à um bar próximo de onde morávamos e conheci um cara – ela mordeu o lábio e se mexeu desconfortável na cadeira –, e bebemos juntos. Ele me contou seus problemas e eu lhe contei os meus e conversamos bastante. E quando eu me dei conta já estávamos – ela levou as mãos aos ouvidos do garotinho ao seu lado, cobrindo-os – tirando nossas roupas no apartamento dele.
Eu estava em choque. Como ela foi capaz de esconder isso de mim? Minha mão, que antes estava aberta sob minha perna, agora estava fechada em punho. Eu estava sentindo uma raiva que fazia tempo que não sentia.
– ...e eu engravidei. Descobri três meses depois. Eu não sei como você não percebeu. Quer dizer, tudo bem, estávamos afundados em tristeza, você se embebedava quase todos os dias, mas, mesmo assim. Quando eu engravidei de Sara, antes mesmo de eu saber, você já havia notado mudanças em meu corpo.
Não esbocei reação alguma. Fiquei apenas encarando-a, sem mover um músculo. O garotinho era, então, seu filho? Agora as semelhanças faziam sentido.
– Me desculpa, ... Eu não sabia o que fazer.
– Ir embora com certeza não foi a melhor opção. – Respondi, meu tom de voz saindo mais agressivo do que eu esperava.
– E ia fazer o que? Falar “então, querido, eu tô grávida de outro, mas nós só dormimos juntos uma vez, me perdoa”? Não, . Eu te conhecia o suficiente na época pra saber que você surtaria e talvez até me expulsaria de casa.
Dei uma risada e balancei a cabeça, incrédulo. O pior era que eu faria exatamente isso. Ela estava certa. Provavelmente depois eu me arrependeria, mas faria exatamente o que ela disse. Mas, como eu pude não perceber? Realmente, quando ela estava grávida de Sara, eu notei antes mesmo de Melissa cogitar a possibilidade. Seu corpo estava mais torneado e ela tinha passado mal três ou quatro vezes. Tudo bem que eu estava afogado em tristeza e álcool pela perda da minha filha, mas, como ela mesma disse... Eu deveria ter notado.
– Mesmo assim, Melissa, você deveria ter me contado. Eu fiquei três anos no escuro, sem saber o que te levou a ir embora! – Me exaltei um pouco e suspirei, ajeitando-me na cadeira.
, até hoje você não consegue enxergar? Sara morreu e o que existia entre nós também. Você não me enxergava mais. Você mudou. E eu não te julgo, , porque eu também não sou mais a mesma que era antes de tudo acontecer.
Levei as mãos a cabeça, bagunçando meu cabelo, frustrado. É claro que eu sabia daquilo. Bem no fundo, eu sabia. Mas aceitar era diferente. Depois da morte de nossa filha, eu não olhava mais para Melissa da mesma maneira. Tudo nela me lembrava Sara. Não conseguia tocá-la. Nem sequer conversávamos mais. Não havia mais e Melissa. Não havia mais amor.
Como eu não havia chego àquela conclusão sozinho? A raiva que eu sentia antes não estava mais ali. Agora, o sentimento que crescia dentro de mim era... Compreensão, talvez? E até um pouco de culpa, quem sabe.
– Melissa... Eu sinto muito. - Me desculpei e ela me olhou com as sobrancelhas arqueadas. – Pra ser sincero, não sei como não enxerguei que não existia mais amor entre nós dois ainda naquela época.
Ela abriu um sorriso terno, e assentiu.
– Tá tudo bem, . Eu não guardo mágoas, de verdade. Nossos momentos foram muito bons, mas não daríamos mais certo.
Balancei a cabeça em concordância, abrindo um sorriso pequeno.
– Esse então é seu filho? – Perguntei, minha atenção voltando-se para o garotinho ao seu lado.
Ela assentiu e abriu um sorriso imenso.
– Esse é Charlie. – Ela falou, olhando para o garotinho, que agora olhava para mim com um sorriso tímido no rosto. Não pude deixar de sorrir de volta.
– E aí, cara. Eu sou . – Cumprimentei-o.
– Oi. – Charlie respondeu, me encarando com curiosidade.
– Ele parece com você... – Comentei e Melissa sorriu, voltando seu olhar para seu filho novamente, seus olhos cheios de brilho.
– Ele tem meu cabelo e meus olhos. - Respondeu.
– Você é o papai da Sara? - Charlie perguntou de repente, atraindo nossa atenção.
Olhei para Charlie e suspirei silenciosamente, sem conseguir evitar imaginar como ele e Sara adorariam a companhia um do outro.
- É ele sim, meu amor. Pai da sua irmã. - Melissa respondeu, tirando-me de meus pensamentos.
- Mamãe diz que ela era linda. - Charlie disse, olhando para mim. - Eu queria ter conhecido ela, a gente ia brincar muito juntos! - Levantou os bracinhos animados, fazendo nós dois rirmos.
Era possível ver alguns traços de Sara nele, ainda que poucos. Fiquei feliz por Melissa. Um filho não substitui o outro, mas com certeza trás tanto amor quanto.
– Mas então, você e o pai dele estão...? – Questionei, fazendo com que Melissa me olhasse. Ela balançou a cabeça em negação.
– Nós tentamos, mas não teve jeito. Foi realmente caso de uma noite só... – Respondeu, dando de ombros. – E você? Sabe, Charles comentou que lhe viu no hospital. Com uma mulher e uma criança.
Me lembrei do dia em que quebrou o braço e foi Charles quem a atendeu no hospital. Me lembrei também que ele insinuou que eu teria traído Melissa. Ri baixo, sem humor algum.
– Sim. Agora vejo que o que ele me disse é meio irônico, na verdade... – comentei e ela fez uma cara de interrogação. – Ele insinuou que eu era pai de , a garotinha que levei no hospital. E disse que se eu tivesse te traído, quebraria minha cara.
Melissa deu uma gargalhada e seu filho a olhou, rindo junto com a mãe, sem nem saber qual o motivo. Eu acompanhei os dois, rindo também.
– Ele só falou isso pra te assustar. Charles sempre soube de tudo que aconteceu. – Ela deu de ombros e sorriu. – Mas então? E a mulher e essa menina, ?
Abri um sorriso imenso ao ouvi-la perguntar sobre as duas. Um dia sem falar com elas e já estou sentindo falta de ambas. E então, ali, sentado na frente de minha ex-mulher, eu percebi. Eu sinto o mesmo. Eu amo . Meu Deus, eu preciso falar para ela e...
– Você tá com aquela cara. – Melissa falou, interrompendo meus pensamentos. – Que cara? – Franzi o cenho, um pouco confuso.
– A cara que você fazia quando dizia que me amava. – Ela respondeu, sorrindo abertamente.
Não havia ciúme em sua voz. Não havia rancor. Não havia nada além de sinceridade.
– Ela é minha namorada e é filha dela. – Contei e a vi sorrir, assentindo. – Eu a amo, Melissa.
– Fico muito feliz, . Você merece. - Melissa sorriu, sincera.
– Você também. Tenho certeza que vai encontrar alguém.
– Nah, eu tô feliz com o Charlie. Né, meu amor? – Ela disse, abraçando o garoto de lado, e ele riu, concordando com a cabeça. – Quero conhecer ela um dia, . Quer dizer, quero conhecer as duas.
Ergui as sobrancelhas, surpreso com seu pedido, mas balancei a cabeça, assentindo.
– Acho melhor eu ir. – Disse e ela concordou. Levantamos da mesa juntos.
– Foi bom te ver, .
– Digo o mesmo. - Sorri para minha ex mulher.
E então, Melissa me abraçou. Fiquei um pouco sem reação no início, mas logo passei meus braços pelo seu corpo, retribuindo o gesto. Não havia nada naquele abraço além de carinho e compreensão. Finalmente havíamos colocado um ponto final em nossa história. E eu não poderia estar mais aliviado. Ficamos algum tempo abraçados, e quando nos separamos, acenei para Melissa e Charlie. Ao me virar para ir embora, pude jurar que vi saindo da padaria com certa pressa.
Mas não poderia ser, poderia?


Capítulo 15

Saí correndo daquela padaria, sem pensar duas vezes. Nem olhei para trás. Ver abraçado a sua ex-mulher, ambos com sorrisos enormes no rosto... Céus. Eu não sabia o que pensar. Mas estava me sentindo péssima.
Então era assim? Eu me declarava e ele resolvia as coisas com Melissa? Depois de abrir meu coração e finalmente falar que o amava, que o aceitava como pai de , que queria ficar ao lado dele para sempre? Além de não me responder e sair sem nem me beijar, ele faz isso? Balancei a cabeça e mordi o lábio assim que senti meus olhos encherem de lágrimas.
Eu sempre quis acreditar que era um homem decente. Mas será que ele realmente teria coragem de me largar assim que sua esposa reaparecesse? Ele seria capaz de fazer isso comigo?
Entrei pela porta da empresa e fui direto ao meu escritório. Assim que abri a porta, me deparei com e quase fazendo outro filho em cima da mesa, seminus.
– AI MEU DEUS, desculpa! – Cobri meus os olhos rapidamente enquanto andava até minha mesa, jogando-me em minha cadeira.
– Mas que merda, ! Achei que não voltava mais hoje! – disse, irritada, enquanto subia sua saia até a cintura.
– Deixei minha bolsa aqui... – Dei de ombros, organizando minha mesa para poder ir embora.
estava abotoando sua camisa e ria. logo começou a rir e ajudou o noivo a fechar os botões. Eu não esboçava reação alguma. Estava muito entretida guardando minhas coisas em minha bolsa para falar algo.
– O que aconteceu? – perguntou, enquanto arrumava seu cabelo e vinha em minha direção.
– Nada.– Menti, mordendo o lábio.
Ela e trocaram alguns olhares desconfiados e se voltaram para mim novamente.
... – me repreendeu, sentando na ponta de minha mesa.
– Eu vi o com Melissa. - Contei de uma vez.
Os olhos de se arregalaram e parecia que tinha visto um fantasma.
– A Melissa? Você tem certeza? – perguntou.
– Ruiva, linda de morrer? Sim, tenho certeza. - Afirmei, cruzando os braços, desanimada.
– O QUÊ? Quando ela voltou? Como? Pra quê? – perguntava, confusa.
Eu apenas neguei com a cabeça, dizendo que não sabia.
, deve ter alguma explicação – falou, aproximando-se de nós duas. – O que você viu?
– Vi os dois juntos. Isso basta. – Encerrei o assunto e me levantei da cadeira, passando minha bolsa por meu ombro. – Vou buscar . Bom fim de semana pra vocês.
apenas me encarava, sem falar nada - provavelmente não sabia o que falar. Vi que ela olhou para como se perguntasse o que fazia e ele deu de ombros, como se respondesse que não sabia.
– Amanhã passo na sua casa as 15h. Esteja pronta. Você e . – Praticamente me intimou.
Olhei-a por cima do ombro antes de sair pela porta e concordei com a cabeça, indo embora logo em seguida.
Quando já estava em frente à Sunshine esperando por , percebi que não havia comprado nada na padaria. Meu plano era comprar cookies para fazer surpresa à . Ela amava cookies e havia me pedido mais cedo. Bufei, frustrada.
Meu pensamento logo voou para . Eu não queria pensar no pior, mas na minha cabeça, eu já tinha praticamente certeza de que eles se resolveram e iriam voltar a ficar juntos. E eu? Ficaria sozinha, de novo, e com a certeza de que não fui feita para ser feliz com um homem ao meu lado.
logo apareceu me tirando de meus pensamentos. Ela corria em minha direção, com a mochilinha nas costas, enquanto sorria abertamente.
– Mamãe linda! – Falou assim que chegou perto de mim.
Me abaixei para abraça-la e a enchi de beijinhos, ouvindo-a rir. Me afastei e me levantei, segurando-a pela mão.
– Oi, meu amor! Como foi seu dia hoje? – Perguntei enquanto andávamos juntas para longe da escola.
– Aprendi as vogais, mamãe! – ela falou, orgulhosa. – Assim ó: aeiou! – Falou, tudo junto, como se fosse uma palavra. Eu ri. Como ela podia ser tão fofa?
– Que legal, ursinha! Logo você vai ser mais inteligente que a mamãe! - Ela me olhou e negou com a cabeça.
– Impossível, mamãe. Você sabe tudo! – falou, rindo sapeca logo em seguida.
Senti meu celular vibrar e peguei-o de minha bolsa. Uma foto de apareceu no visor e eu ignorei a ligação, voltando a guarda-lo. Seja o que for, não queria ouvir hoje. E daria um jeito de sair de casa a noite para não ter que vê-lo também.
– Mamãe teve uma ideia! – Exclamei de repente e me olhou, animada. – O que acha de irmos ao cinema?
– PIPOCA! – ela gritou, levantando as mãozinhas.
– Muita pipoca! Vamos comprar a maior de todas, só pra nós duas! – Prometi e ela bateu palminhas, animada.
Pedi um táxi e logo ele chegou. Entrei com no banco de trás e pedi ao motorista que nos levasse ao shopping mais próximo.
– Por que não chamamos papai ? – perguntou, quebrando o silêncio.
– Ele ‘tá ocupado hoje, ursinha – respondi a primeira coisa que veio em minha cabeça.
fez bico, mas concordou com a cabeça, entendendo. O taxista logo nos deixou em frente ao shopping e eu paguei pela corrida. Segurei na mão de e fomos em direção ao cinema, comprar nossas entradas e a maior pipoca de todas.
– Vou ficar sem comer pipoca por um ano. - Comentei enquanto saíamos da sala do cinema.
– Um ano é muito tempo, mamãe! – Ela me olhou espantada.
– É modo de dizer, meu amor. Porque comemos muita pipoca e eu enjoei, entendeu?
– Então eu vou ficar sem comer por dois anos! - afirmou e deu uma gargalhada, me fazendo rir junto.
De repente, parou em frente à uma loja de brinquedos e começou a pular e apontar para algo dentro da loja. Me virei e logo vi o que era. Anne estava com Nick dentro da loja, e logo se juntou a eles. Eu nem tinha percebido que ela saiu de meu lado.
! Não sai correndo assim! – Pedi quando alcancei os três.
! – Anne disse, me cumprimentando com um abraço.
– Oi, amiga – A cumprimentei com um sorriso de lado.
– Fomos ao cinema! – disse. – E comemos a maior pipoca do mundo inteiro!
– Do mundo inteiro? – Ele perguntou, seus olhos arregalados, e logo se virou para a mãe. – Eu também quero, mamãe!
Anne riu e assentiu, dizendo a ele que comprariam depois. Nick e se afastaram e foram olhar alguns brinquedos. Anne e eu fomos atrás deles, mas ficamos um pouco afastadas.
– E então? Como estão as coisas? – Anne perguntou.
– Tudo bem. Essa semana tive a primeira sessão com a psiquiatra. – Respondi simplesmente, abrindo um sorriso pequeno.
– Que maravilha, ! Fico muito feliz por você, de verdade! – Anne disse, sorrindo enormemente.
Retribuí seu sorriso e voltei meu olhar para minha filha e Nicholas.
– Mas você não parece muito animada. Aconteceu alguma coisa? – Anne disse e voltei minha atenção para ela.
– Não é nada – ela fez uma cara de desconfiada –, prometo!
Anne deu de ombros. e Nick se aproximaram de onde estávamos. Nick segurava um dinossauro enorme nas mãos e segurava um quebra cabeças.
– Compra pra eu? – me pediu. Peguei o quebra cabeça de suas mãos para olhar e logo sorri para ela.
– Vamos montar hoje a noite, pode ser? Só eu e você! – falei, enquanto ela abria um sorriso enorme.
, , nós já vamos. Só passei comprar um presente para um aniversário que vamos amanhã – Anne disse.
Nick e se abraçaram desajeitadamente, apertando muito um ao outro, fazendo com que eu e Anne sorríssemos.
– Até, amiga. Bom fim de semana! – Me despedi e então olhei para . – Vamos pagar e vamos para casa!

xxx
– Mamãe, vamos fazer cabaninha! Por favor, mamãe, por favorzinho! – pedia, enquanto pulava em cima do sofá.
– Você quer dormir aqui na sala hoje? Só faço a cabana se dormirmos aqui, as duas juntas, dentro da cabana.
– Panqueca pode também? – Ela perguntou, descendo do sofá e indo até o gato, que estava deitado em uma das poltronas que tinham na sala.
– Claro que pode! Mas só ele. Porque hoje a noite é só das meninas! – respondi e bateu palminhas, animada. – Mamãe vai buscar lençol e um colchão pra gente, ursinha. Espera aí – Avisei antes de ir para o quarto pegar o colchão extra e lençóis para fazer a cabana.
Nossa cabana estava linda e enorme. Coloquei algumas almofadas e um colchão no meio da sala e prendi um lado do lençol no sofá e o outro nas poltronas. Acabamos tendo que usar dois lençóis, para alegria de , que dizia que dava para dançar em baixo da cabana, de tão grande que era. Estávamos as duas sentadas ali em baixo, com Panqueca, enquanto montávamos seu quebra-cabeça.
– Aqui, mamãe, essa vai aqui! – disse, tirando a peça de minha mão e encaixando no restante.
– Você é muito esperta, meu amor! Como mamãe não tinha visto? – perguntei, fingindo estar surpresa. Ela apenas riu e pegou outra peça, tentando encaixá-la.
– Mamãe, seu celular tá tremendo – disse, me estendendo o aparelho que piscava com uma foto de na tela. – É papai! Deixa eu falar com ele, deixa!
Peguei o celular e neguei com a cabeça. fez um biquinho, e eu coloquei em cima do sofá, deixando-o tocar até que a ligação caísse na caixa postal.
– Por que mamãe não quer falar com ele? – ela perguntou.
– Mamãe não disse que essa noite era só de meninas? por acaso é uma menina? – perguntei e ela arregalou os olhos, rindo alto logo em seguida.
– Não! É um menino! – ela falou, ainda rindo.
Ri junto com ela. levou as mãozinhas até os olhos e esfregou-os, bocejando em seguida.
– Vamos dormir, ursinha? Amanhã terminamos de encaixar as pecinhas do seu quebra cabeça! – Passei a mão em sua cabeça, acariciando-a. Ela balançou a cabeça concordando.
Afastei seu quebra-cabeça, colocando-o para fora da cabana e fomos escovar os dentes. Logo voltamos para a cabana e se deitou, abraçando-se ao gatinho que lhe deu de presente.
– Boa noite, mamãe linda – ela falou, enquanto eu lhe dava um beijinho no rosto. – Boa noite, meu amor – respondi, ajeitando a coberta em seu corpo e me deitando ao seu lado.
Fiquei olhando um tempo para o teto – no caso, para o lençol – e resolvi pegar meu celular. Haviam quatro mensagens de e duas de .

, precisamos conversar, me liga quando puder. xx”

“Por que não atende minhas ligações?”

“Fui até seu apartamento, mas ninguém atendeu, acho que vocês não estavam em casa. Tive que sair para ajudar um amigo, me avisa quando chegarem. xx”

... Por que está me ignorando?”

Ignorei as mensagens de sem pensar duas vezes, e logo li as de :

“Como você ‘tá? xx”

“Passo aí as 15h. Vamos tomar um café e conversar. Amo você! xx”

Respondi a mensagem de confirmando nosso compromisso amanhã as 15h e desliguei meu celular, dormindo logo em seguida.

xxx
– Oi, tia ! – disse, assim que entramos no carro de .
– Oi, gatinha! Que saudade de você! – respondeu e abriu um sorriso enorme no banco de trás.
– Onde nós vamos? – perguntei, enquanto me sentava ao lado de , afivelando nossos cintos. logo deu partida no carro.
– Preciso arranjar uma cadeirinha pra poder ir sozinha aí atrás. Odeio quando fico de motorista – ela falou, e eu ri, concordando. – Vamos a London Eye!
– Não brinca? Nunca fui! – falei, me animando também.
não estava entendendo nada, apenas olhava de mim para .
– Eu sei. E tenho certeza que também não.
– Onde eu nunca fui? – perguntou.
– Já andou de roda gigante, gatinha? – perguntou e ela negou na hora. – Pois estamos indo na roda gigante mais legal do mundo!
Os olhos de brilharam e ela deu um gritinho animado. Eu e rimos. Após algum tempo, estacionou o carro e fomos andando até a bilheteria, comprar nossos ingressos. Minha filha estava maravilhada com o tamanho da roda gigante e não via a hora de entrarmos em uma cabine. Quando chegou nossa vez, entramos e nos sentamos. ficou com um pouco de medo no início, mas logo se soltou.
– Mamãe, tá mexendo, mamãe! – falou, maravilhada, por estarmos em movimento.
– Sim, meu amor! – Ri de sua animação.
Ela se levantou e sentou no chão, olhando para todos os lados, com um sorriso enorme no rosto.
– E então? – falou, referindo-se ao fato ocorrido ontem.
Desviei meu olhar de e olhei para minha amiga, que esperava ansiosamente uma resposta.
– Não tem o que contar, amiga. Eu vi os dois juntos. Fim – respondi, sem a mínima vontade de conversar sobre aquilo.
. O que, exatamente, você viu? – Ela perguntou, rolando os olhos. Eu me remexi, desconfortável.
– Eles estavam muito próximos, se abraçando, com sorrisos enormes nos rostos – Mordi meu lábio, encarando-a.
– Só isso? – ela falou e começou a rir logo em seguida. – Eu não acredito! E eu achando que você tinha visto eles se beijando!
Fechei a cara.
... – comecei. – Eu e conversamos a noite, naquele dia que você foi lá em casa. E eu falei tudo. Expus todos os meus sentimentos. Disse que o queria em minha vida pra sempre, que aceitava ele como pai de se isso fosse fazer os dois felizes, contei que não me relacionava com ninguém há muito tempo – mordi meu lábio, já sentindo meus olhos marejarem –, e eu disse que o amo. me olhava demonstrando surpresa.
– Você falou do...? – perguntou, olhando de esguelha para , referindo-se ao estupro e seu pai.
– Não! Deus, não – neguei com a cabeça e ela assentiu, aliviada.
– E o que ele respondeu? – ela falou.
– Mamãe, tô com fome – disse, interrompendo nossa conversa.
Peguei uma bolachinha em minha bolsa e abri, entregando a ela em seguida. Ela se sentou ao meu lado e começou a comer. me encarava, esperando minha resposta.
– Ele disse que Melissa tinha aparecido querendo conversar e que aceitou sair com ela. E depois disse que precisava ficar sozinho, e foi embora – falei, me lembrando do momento em que ele me deu um beijo no canto da boca, e não um selinho. – Ele nem se despediu com um beijo – uma lágrima escorreu pelo meu rosto e eu logo sequei-a. – Ele nunca faz isso, . Me deixou sem resposta e ainda saiu assim!
suspirou e se levantou, sentando-se ao meu lado e passando o braço pelo meu ombro. nos olhava com atenção e levou sua mãozinha ao meu rosto, limpando minhas lágrimas.
– Mamãe tá triste? – Ela perguntou e eu sorri para ela, negando.
– É só uma alergia, ursinha. Não é nada – respondi, mas ela não acreditou.
se levantou, ficando em pé no banco e passando seus bracinhos pelo meu pescoço.
– Não chora, mamãe linda – falou, e eu funguei, deixando que as lágrimas caíssem de vez.
Ela desfez o abraço e se sentou em meu colo. Passei meus braços por ela, abraçando-a.
– Eu sei que não tenho certeza se eles se acertaram, – falei, virando meu rosto para ela –, mas só o fato dele ter ido embora sem me responder nada... Eu não costumo expor meus sentimentos assim, droga! – bufei, frustrada. – E daí quando eu entrei e vi os dois juntos, abraçados, eu não soube o que pensar.
– Eu achei que você tava assim só por ter visto eles juntos – comentou e eu neguei com a cabeça.
– Ele tá me ligando sem parar, mas não vou atender. - Contei.
– Tem certeza? Às vezes ele quer explicar... – ela disse.
– Mesmo assim. Não quero falar com ele agora.
assentiu e voltou seu olhar para frente. No mesmo instante, paramos de nos mover e chegamos novamente ao chão. Saímos da cabine e fomos andando em direção ao carro.
– Como estão as coisas com a psiquiatra? E a faculdade? – ela perguntou, quando já estávamos a caminho de casa.
– Tenho outra sessão essa semana – dei de ombros –, por enquanto ‘tá tudo ok. E a faculdade tá um pouco corrida, mas tudo certo.
– Vocês já falaram sobre aquilo? – perguntou, tomando cuidado para não dizer a palavra “estupro”.
– Não. Mas eu quero – falei e ela me olhou, surpresa. – Ah, eu não aguento mais isso, . Quero poder fazer coisas sem me lembrar daquela noite. Você sabe – ela assentiu, concordando.
– Então aborde isso na próxima sessão – falou, enquanto parava o carro em frente ao nosso prédio. – Você não vai mesmo falar com o ?
– Por enquanto não. Preciso de um tempinho – Neguei com a cabeça, enquanto saía do carro junto com , que segurava minha mão. – A gente se vê segunda no escritório.
– Até, amiga. Tchau, gatinha! – Ela disse, e acenou para ela, murmurando “tchau, tia ”.
Durante o resto daquele dia e também durante o domingo, não tivemos notícias de . E mesmo eu não querendo falar com ele, me sentia estranhamente vazia ao não ver nenhuma ligação perdida em meu celular. Vai entender, né?


Capítulo 16

Aviso de gatilho: Esse capítulo contém cenas de abuso sexual.

Era estranho estar ali, naquela sala de espera, sem ao meu lado para me encorajar. Não que eu precisasse dele para isso, mas, me sentia melhor. Não nos falávamos desde nossa conversa, na quinta-feira. E eu não o via desde sexta, quando vi ele e Melissa juntos. As ligações pararam no sábado, e até hoje, sexta-feira, eu não havia mais recebido nada. perguntava por o tempo todo, e eu já estava ficando sem respostas. À essa altura, eu só queria poder conversar com ele e resolver as coisas. Mas ele havia sumido do mapa. Seu apartamento parecia vazio, também. Eu havia ficado sabendo por que essa semana completavam quatro anos da morte de Sara, então, concluí que seu sumiço deveria ser por causa disso.
? – Ouvi Dra. Watson me chamar e me levantei, indo em direção à sua sala.
– Olá – Sorri e estendi a mão para ela, que fez o mesmo, cumprimentando-me. Entramos em sua sala e ela fechou a porta atrás de nós.
– Como passou a última semana? – Questionou.
– Ah. Tudo bem... – Dei de ombros, me sentando na poltrona que havia ali.
– Vamos continuar a falar sobre seu pai, então? – Perguntou, sentando-se em sua poltrona em minha frente.
– Hm... Dra., eu gostaria de falar sobre... É... Sobre os abusos que eu sofri – Mordi o lábio, um pouco nervosa.
Ela me encarou, surpresa, e esperou que eu continuasse.
– Eu preciso superar isso – Desabafei. – Não aguento travar em momentos de... Intimidade.
– Bom, então, falaremos sobre isso. - Disse, se ajeitando na cadeira e anotando algo em sua prancheta. – Comece me contando quantos anos você tinha, onde foi...
Instantaneamente, todas as cenas vieram a minha cabeça.

A casa estava cheia e uma música alta tocava, me deixando meio zonza. Eu já havia tomado algumas cervejas e continuava a beber mais. Havia gente em todos os cantos. Eu estava sentada uma roda com várias pessoas que eu não conhecia, e meu namorado estava ao meu lado, abraçando-me.
– Ei, galera! Eu trouxe um bagulho novo – um garoto falou, tirando algo de sua mochila.
Era alguma droga, óbvio que era. Eu nunca havia usado nada e não me sentia confortável. Nunca tinha fumado nem maconha. – O cara que me deu disse que é suave – deu de ombros –, quem aí quer?
A roda inteira ergueu os braços, incluindo meu namorado. Eu fiquei quieta.
– Qual é, amor, por que não prova? – Tyler me perguntou.
– Você sabe que não curto essas coisas – Neguei, aninhando-me ao seu abraço.
– Só hoje, vai. Você precisa se animar! – Insistiu dando alguns beijos em meu pescoço, fazendo com que eu me arrepiasse instantaneamente.
Neguei com a cabeça.
– Por favor... – Tyler pediu, mordendo o lóbulo de minha orelha. – Por mim. Abaixei os ombros, derrotada.
– Só hoje. E só um pouco – Cedi e ele abriu um sorriso enorme, me dando um selinho.
Tudo girava. Minha cabeça parecia que explodiria a qualquer momento. Algumas luzes piscavam e eu só olhava para o teto, meio tonta. Haviam algumas pessoas jogadas pelos cantos, outras dançavam, algumas estavam se beijando. Eu estava deitada no chão, observando tudo ao meu redor. Já havia parado de beber e estava arrependida de ter provado a tal droga. Eu estava um pouco enjoada, mas não queria me levantar. Olhar para o teto era muito interessante.

Senti dois braços me levantarem e logo olhei ao redor, me situando.

– Amor? É você? – perguntei, e ele riu, enquanto andava comigo em seu colo.
– Claro que sim! Vamos lá pra cima – Tyler falou.
– Eu quero dormir – eu disse.
– Dormir? Para de ser assim! – ele disse, enquanto abria a porta de um quarto.
– Mas estou cansada – Expliquei e ele me jogou em cima de uma cama. – Olha só, uma cama! Tudo que eu queria!
Tyler foi até a porta e a trancou. Eu estranhei, mas optei por ficar quieta. Me sente na cama, tirando meus sapatos e logo me deitei novamente. Tyler veio para cima de mim e começou a beijar meu pescoço. – Amor, eu ‘tô cansada...
– Fica quieta e aproveita, – ele disse, ainda distribuindo beijos pelo meu pescoço.
Tyler passava as mãos pelo meu corpo, sem pudor algum.
– Mas eu não quero! – eu falei, um pouco mais alto.
Ele se afastou e me olhou. Seus olhos estavam vidrados e suas pupilas estavam enormes, completamente dilatadas.
– Tyler, o que mais você usou? – Tentei me sentar, mas ele não deixou.
– Não usei nada, ! – ele disse, alto, enquanto me mantinha deitada.
Eu sabia que era mentira. Tyler estava fora de si. Ele levou suas mãos até as minhas e colocando meus braços para cima, prendendo-os com certa força.
– Agora fica quietinha, vai... – ele disse, voltando a aproximar sua boca de mim, beijando minha boca dessa vez.
Suas mãos apertavam meus punhos com força e eu tinha certeza que ficariam marcas por ali. Eu estava apavorada e meus olhos já estavam cheios de lágrimas.
– Tyler... Por favor – Supliquei, minha voz saindo baixa.
– Eu sei que você também quer isso, tanto quanto eu – falou, enquanto levava suas mãos até minha blusa, levantando-a e tirando sem cuidado algum.
– EU NÃO QUERO! – gritei, e ele me olhou, surpreso.
Seus olhos brilhavam e eu arrisco dizer que ele estava com raiva de mim naquele momento.
– Cala a boca! – ele disse, soltando um de meus braços e tapando minha boca.
Lágrimas escorriam pelo meu rosto. Sua outra mão apertava meus seios com força e ele pressionava seu quadril contra o meu. Tyler se afastou por um momento, para tirar sua blusa e sua bermuda. Eu aproveitei esse momento e saí de baixo dele, correndo até a porta. Senti sua mão agarrar meu braço e ele me puxou pelo cabelo. Soltei um grito e mordi meu lábio com força. Ele me jogou na cama novamente e se pôs em cima de mim com rapidez.
– Onde você pensa que vai, hein? – ele perguntou, enquanto arrancava meu sutiã.
Quem era esse garoto em cima de mim? Aquele não era Tyler. Não era meu namorado, tão doce e tão gentil comigo.
Era um monstro.
Ele abaixou minha calça juntamente com minha calcinha e se posicionou em cima de mim. Uma de suas mãos estava em minha boca, tapando-a, e a outra segurava meu quadril com força.
– Se você gritar, vai ser pior – ele falou, e eu senti ele se afastar um pouco só para tirar sua cueca. – Você disse que queria que sua primeira vez fosse comigo. Então, aproveita. ‘Tô atendendo seu pedido.
– Por favor... Não... – falei, mas ele me ignorou.
Em seguida, senti uma dor excruciante e gritei. Ele apertou sua mão em minha boca, na intenção de me fazer ficar quieta. Meus olhos estavam arregalados, eu não ousava piscar. Eu não acreditava que isso estava acontecendo. Tyler se movimentava em cima de mim, sem cuidado algum. Eu chorava sem me importar. Tentava, a todo custo, pensar em outra coisa. Mas cada vez que meu pensamento voava, Tyler se mexia, machucando-me mais ainda.
Não sei quanto tempo durou.
Meus olhos já estavam secos, não haviam mais lágrimas.
Quando Tyler saiu de cima de mim e caiu ao meu lado, eu não ousei me mexer. Fiquei algum tempo olhando para o teto, em choque, sem ser capaz de pensar em outra coisa se não na barbaridade que havia acabado de acontecer comigo. Quando ouvi um ronco ao meu lado, finalmente soltei o ar que estava prendendo e me levantei. Me vesti rapidamente e destranquei a porta do quarto, saindo sem nem olhar para trás.
Naquela noite, eu tomei o banho mais longo e dolorido da minha vida. As marcas estavam por todo meu corpo. Chupões, apertões, arranhões. Mas eu sabia que a marca mais profunda não era visível. Ela estava em minha cabeça, em meu coração e no fundo da minha alma. E eu nunca me livraria dela.


Quando terminei de contar, eu já chorava sem me importar com nada. Dra. Watson havia me entregado alguns lencinhos de papel e estava agora sentada ao meu lado.
– É a primeira vez que você conta com todos os detalhes? – Ela perguntou.
Assenti com a cabeça, enquanto secava minhas lágrimas com um dos lencinhos que ela me entregou.
é filha dele...
– E como você enxerga ela no meio disso? A maioria das vítimas prefere abortar.
– Abortar nunca passou pela minha cabeça. Eu sempre enxerguei como meu milagre. Ela foi gerada em um ato sujo e doentio, sim, mas ela é a única coisa boa que surgiu disso. Ela foi e ainda é o que me faz continuar, sempre.
Dra. Watson sorriu abertamente, assentindo.
– Isso é maravilhoso, . Só me afirma o que eu já sei: Você é muito forte. E o fato de você ter me contado tudo com tantos detalhes hoje... Esse é o primeiro passo para conseguir lidar com a dor. Falar sobre – ela disse, enquanto me consolava. Sua mão apertou meu ombro, passando-me conforto. – Vamos falar sobre como são as coisas com . Vocês nunca transaram, certo? - Balancei a cabeça, negando. – O que acontece quando você trava? – Dra. Watson perguntou.
– As lembranças vem à tona. Um simples toque e eu me sinto novamente naquela noite – respondi.
– É comum, , as vítimas de abuso sexual sofrerem de transtornos psicológicos, pesadelos, falta de desejo sexual. Algumas até podem sentir dor durante as relações ou não ter orgasmos... Você já teve um orgasmo? – perguntou.
– Nunca. Parece algo impossível pra mim – respondi, um pouco frustrada.
Dra. Watson abriu um sorriso de lado.
– Mas não é. Veja bem, por mais que a lembrança esteja viva dentro de você, precisamos pontuar alguns fatos, coisas que quero que você tente se lembrar quando estiver com – Começou, enumerando os fatos com os dedos. – Primeiro, você não tem mais 18 anos. Segundo, não é Tyler. Terceiro, você não está em uma festa, está em casa, segura, com o homem que você ama e que ama você – ela sorriu ternamente. – Quarto, você precisa se abrir com ele. O principal, que é pedir ajuda, você já fez. Você tem uma filha linda, é uma mulher forte e tem sonhos para o futuro, o que deixa claro que você tem perspectiva de vida, e não estagnou por causa de seu trauma. E agora, você precisa se abrir. É falando sobre isso que você vai conseguir estabelecer um vínculo de confiança entre você e . Não é um processo fácil, mas, pelo que eu vejo, só falta uma coisa.
– Falar com – eu disse, e ela assentiu, sorrindo.
– Conte a ele, exponha seus medos. Ele pode não saber como agir no início, mas, as coisas vão começar a melhorar a partir daí. Existe amor entre vocês, , e apesar de amor não ser tudo, ele é muito importante.
– Nós não estamos nos falando – Confessei e Dra. Watson levantou as sobrancelhas, surpresa. – Tivemos uma briga boba e depois eu expus todos meus sentimentos a ele, mas no mesmo dia sua ex esposa apareceu.
– Melissa? Melissa voltou? – Dra. Watson perguntou.
– Sim. Você a conhece? – Questionei um pouco surpresa.
me procurou depois que ela foi embora. Eu quem o ajudou a se reerguer e retomar sua vida. Bom, nosso tempo tá acabando. Resolvam as coisas entre vocês, sim?
Concordei com a cabeça e me levantei, seguindo-a até a porta.
– Muito obrigada, Dra.
– Até semana que vem, – ela sorriu e me abraçou.
– Até! – respondi, me virando e indo embora de seu consultório.
De lá, fui buscar na escola e fomos direto para casa. As 19h e passariam nos buscar para passar o fim de semana na casa de praia de seus pais. nunca havia ido à praia, estava empolgada e não parava de tagarelar sobre como o mar era enorme. havia me dito que ia também. Mas eu já imaginava, porque, mais cedo, quando fui deixar Panqueca no petshop para passar o fim de semana, encontrei Léia e Bóris por lá, e a atendente me disse que ficariam ali também, até domingo. Estava nervosa por rever depois de uma semana. E mesmo querendo conversar e resolver as coisas, eu estava com medo.
– Já arrumou suas coisas na sua mochilinha, meu amor? Nós só iremos voltar no domingo – falei à , enquanto fechava uma mala pequena, com nossas coisas dentro.
– Sim, piririm! Só tô triste que Panqueca não pode ir – falou, fazendo um biquinho.
Eu sorri para ela e fui em direção a sala, levando a mala. Ela veio atrás de mim, andando e sentando no sofá.
– Ele vai ficar bem, meu amor. Você vai se divertir tanto e nem vai lembrar dele! E ele tá com a Léia, lembra?
Ela assentiu, pegando meu celular na mesinha de centro.
– Tá tocando. Tia – falou, estendendo-me o celular para que eu o pegasse. – Ih, parou!
– É porque ela só quer avisar que já ‘tá chegando pra nos buscar, ursinha – falei à ela e ela levantou da cama, animada, já colocando sua mochilinha nas costas e pegando seu gatinho de pelúcia.
– Vamos, mamãe!
Eu ri de sua pressa e peguei nossas coisas. Fui até a porta e abri a mesma, saindo e trancando-a em seguida.
– Papai! – ouvi falar.
Me virei e encontrei , com uma mochila nas costas.
– Ei, bonitinha! – ele disse, abaixando-se para abraça-la.
– Achei que não queria mais ver eu e mamãe – Respondeu, fazendo um biquinho. Eu apenas observava a cena em silêncio, de braços cruzados.
– Claro que eu quero! Essa semana eu tive muitas coisas pra fazer, bonitinha – ele disse, se levantando. – Mas vamos nos divertir muito na praia, tudo bem?
Ela balançou a cabeça várias vezes, animada, e riu. Finalmente seu olhar se desviou dela e ele me olhou. Não consegui decifrar o que seus olhos diziam. Saudade, talvez? Tristeza? Não sei.
Ficamos nos olhando por algum tempo, até que senti meu celular vibrar novamente. Era uma mensagem de , avisando que já estava nos esperando na frente do prédio.
– Vamos, ursinha? – perguntei à . – Tia e tio já estão lá embaixo!
Peguei nossa mala e comecei a andar em direção ao elevador.
– Quero ir com papai! – falou, andando atrás de mim, cruzando os bracinhos.
... – Suspirei e neguei com a cabeça.
– No meu carro tem cadeirinha – ele disse –, é mais seguro.
Eu olhei para ele e ele esboçou um pequeno sorriso de lado. nos olhava com expectativa.
– Tudo bem, filha. Mas mamãe vai com tia e tio , tudo bem?
– Não! Por quê? Quero mamãe e papai juntinhos! – ela falou, batendo o pé no chão.
– Vai você, meu amor. Não tem problema – falei à ela.
– Não! – ela disse, ainda brava.
Saímos do elevador e eu logo avistei o carro de . e ela desceram do carro para nos cumprimentar. veio em minha direção e me deu um beijo na bochecha.
– Vocês conversaram? – perguntou, baixinho, referindo-se a .
Neguei com a cabeça.
– Mamãe! – disse, chamando minha atenção.
– Acho que vou ter que ir no carro dele... – comentei.
– Não é uma viagem longa, amiga. Em uma hora chegamos lá – ela deu de ombros. – Não é como se vocês fossem conseguir se evitar o fim de semana inteiro estando na mesma casa.
– Eu sei... – suspirei, derrotada. – Vou lá, então. Nos vemos em uma hora – falei, dando um beijo em sua bochecha.
– Até daqui a pouco, amiga!
acenou e entrou no carro novamente, sendo seguida por . Logo eles deram partida. Me virei em direção ao carro de que estava estacionado na rua também. já estava sentadinha e sua cadeira e sorria abertamente. já tinha guardado sua mochila e nossa mala. Abri a porta da frente e me sentei no banco do passageiro, colocando o cinto. se sentou ao meu lado, dando partida no carro em seguida. Ele ligou o som e logo uma música começou a tocar, mas nenhum de nós ousava quebrar o silêncio entre nós dois. já dormia em sua cadeirinha.
Eu encostei minha cabeça no vidro e fiquei observando a paisagem do lado de fora, conforme o carro se movia. Era triste pensar que eu e estávamos nessa situação. Em outra ocasião, eu estaria radiante por estarmos indo viajar juntos. Mas agora eu não sabia como agir, ou o que falar. Às vezes eu o pegava me observando de canto, mas ele logo desviava o olhar. Suspirei baixinho, frustrada pela situação e me encolhi no banco do carro, me virando um pouco. Já estava quase pegando no sono, quando ouvi falar:
– Como foi com a Dra. Watson essa semana?
Quase não acreditei que estava ouvindo sua voz. Tanta coisa para falar, e ele perguntava como foi minha consulta na psiquiatra? Ah, não.
– Ótimo.
– Fico feliz que esteja evoluindo. - Assentiu, concordando com a cabeça.
– Eu também – Respondi um pouco seca.
– Já entendi que você não quer conversar – ele disse.
– Só acho que temos coisas mais importantes para falar do que minha visita à Dra. Watson – respondi, me ajeitando no banco e sentando reta.
– Você quer falar sobre as vezes que eu te liguei e você me ignorou? – ele rebateu.
– Que tal sobre eu ter me declarado pra você e você ter ido embora sem me responder? E no outro dia eu ter visto você e Melissa juntos?
Percebi a postura de mudar e ele fechou os dedos ao redor do volante.

– Então era você na padaria, mesmo.
– Sim, era eu – respondi.
– Você nem ao menos sabe o que aconteceu! – respondeu, erguendo um pouco a voz.
– Não sei e não vai ser agora que você vai me explicar. tá dormindo. Temos o fim de semana inteiro pra discutir a relação, se é que ela ainda existe. – Minha voz continha um pouco de raiva.
– Se é que ainda existe? – me olhou surpreso por um segundo mas logo voltou a prestar atenção no transito.
Não respondi nada, e optei por me virar novamente no banco e observar a estrada. Algo me diz que o restante do caminho até a casa de praia seria longo.


Capítulo 17

Abri meus olhos quando senti o carro parar de se movimentar. já havia saído do carro. Tirei o cinto e saí, me espreguiçando logo em seguida. Olhei para os lados e vi o carro de e Mark já estacionados. Prestei atenção na casa em minha frente. Era enorme. Dois andares, toda branca e moderna.
– Mamãe! – disse, parando ao meu lado com sua mochilinha nas costas.
– Mamãe vai pegar nossa mala e já vamos entrar, ok? – falei a ela e me virei, indo até o porta malas do carro, onde estava.
– Eu levo, , pode deixar – ele disse, já segurando nossa mala e sua mochila.
Sorri agradecendo e começamos a andar os três em direção a porta de casa, que estava aberta.
, vem, vou te mostrar seu quarto e o de ! – falou, vindo até mim e me puxando pela mão.
Fui com ela até as escadas, subindo em seguida. Haviam quatro quartos, sendo um de e , outro de Anne, Mark e Nick, outro meu e de e outro de . Nosso quarto seria o terceiro do corredor.
– ‘Tá ótimo, amiga, muito obrigada! – Falei a ela, enquanto soltava minha bolsa e a mochilinha de em cima da cama.
– O quarto do é no final do corredor, caso queira saber – ela disse, abrindo um sorriso sugestivo, e eu lhe acertei uma almofada que havia por ali.
– Cala a boca, – falei, me sentando na cama.
– Não conversaram?
– Não. E acho até que eu fui meio grossa com ele – dei de ombros.
– Pois vocês precisam se ajeitar – ela disse, sentando ao meu lado. – Escuta o que ele tem pra dizer.
– Você sabe de alguma coisa? – perguntei, me virando para ela.
– Sei que ele e M não resolveram voltar nem nada do tipo – falou, e eu não pude deixar de sorrir. – Tá vendo, boba? Me promete que de hoje não passa, por favor!
– Tá, tá – falei, empurrando-a para o lado. – Mas, e você? E esse bebê aí?
Os olhos de brilharam e ela olhou para sua barriga.
– Daqui a duas semanas, em setembro, completo quatro meses. A médica disse que já vai dar pra ver o sexo dele! – ela falou, animada.
– Que delícia, amiga! Sinto saudade da minha barriga – falei, sorrindo.
– A minha nem cresceu direito e eu já sei que vou sentir falta quando ele nascer – ela falou, sorrindo também.
! ! – ouvimos Anne chamar e nos levantamos, descendo as escadas. – Vamos fazer um luau!
– Como se faz uma lua? – Nick perguntou e todos nós caímos na gargalhada.
– Um luau, filho, não uma lua! – Mark respondeu, ainda rindo. – Mas nós não temos violão!
– Não precisa obrigatoriamente de violão pra ser um luau – disse.
– Eu topo! – falei, animada.
– Vamos aproveitar que já ‘tá escuro, então. Vou pegar algumas toalhas para sentarmos na areia – disse, se afastando.
– Vou pegar as cervejas – se pronunciou, indo para a cozinha.
– E a gente faz o que? – perguntou, rindo.
– Pegamos as crianças e vamos lá pra fora – Anne respondeu.
Nick e pegaram alguns brinquedinhos e nos seguiram para a parte de frente da casa, que dava diretamente para a praia.
– Praia, mamãe! – disse, correndo na minha frente.
Eu corri atrás dela e a abracei, tirando-a do chão, enquanto nós duas ríamos.
– Você viu só que lindo? – perguntei, sorrindo para ela.
– Quero ir na água! – falou e eu a soltei, pegando em sua mão.
– Só vamos molhar os pés agora, tudo bem? Tá de noite já. Amanhã a mamãe entra com você! – falei a ela, e ela assentiu, me puxando em direção ao mar.
Quando a água tocou nossos pés, soltou um gritinho animado e bateu os pezinhos, fazendo com que respingasse água para os lados.
– Tá gelada!
– É porque tá tarde, ursinha – falei, fazendo carinho em seu cabelo.
– Promete que vamos entrar amanhã? – ela pediu, piscando seus olhinhos, fazendo uma cara adorável.
– Prometo! – peguei-a no colo novamente e a girei, enchendo-a de beijinhos molhados.
gargalhava e pedia para eu coloca-la no chão. Quando a soltei, assim que levantei o olhar, vi que nos observava com um sorriso no rosto. Sorri de volta para ele e fomos as duas em direção ao restante do pessoal, que já estavam sentados sob as toalhas, formando um círculo meio torto. e eu nos sentamos ao lado de .
– Não temos violão, mas podemos cantar, né? – Mark falou.
– Por favor, não! – disse – Não ‘tô afim de ficar surdo hoje!
Nós rimos e Mark jogou um pouco de areia em , que reclamou com um palavrão, sendo reprendido por mim e Anne, por causa das crianças.
– Quem aí quer cerveja? – perguntou, abrindo a caixa térmica.
Todos levantaram as mãos, menos e Anne.
– Não existe cerveja pra criança? – Nick perguntou.
– Cerveja de criança é refrigerante – respondeu e bateu a mãozinha na testa, como se fosse óbvio.
Nick mostrou a língua para ela e fechou a cara, cruzando os braços. me entregou uma garrafa já aberta e eu sorri para ele em agradecimento, logo dando um gole.
– Anne não vai beber? – perguntou, fechando a caixa térmica.
– Não posso – ela disse, sorrindo de lado.
Antes que pudéssemos perguntar o motivo de ela não poder beber, Nick anunciou para todos:
– Eu vou ter um irmãozinho ou uma irmãzinha! – ele berrou e todos nós levantamos e começamos a comemorar, indo abraçar Anne e Mark.
– Meu Deus, que coisa linda, eles vão ter só quatro meses de diferença! – dizia a irmã, assim que se separaram de um abraço.
– Sim. Vamos passar uma parte de gravidez juntas – Anne sorriu.
– Tô muito feliz por vocês duas, de verdade! – exclamei.
– Eu e vamos nos casar em novembro – disse. – Já vou estar com a barriga maior, mas vai ser lindo do mesmo jeito!
– Vai sim, amiga! – Abracei-a de lado. – E ai de você se eu não for madrinha!
– Mas isso é óbvio, né? – respondeu, sorrindo.
– E você e vão se resolver quando? – Anne perguntou.
– Não sei – dei de ombros.
– Hoje! Eles vão se resolver hoje – respondeu e Anne riu. – Pelo amor de Deus, chega disso!
Eu olhei para o lado, onde , Mark e conversavam animadamente. O olhar de encontrou o meu e ele deu uma piscadinha. Sorri de lado e voltei a atenção a conversa com as meninas.
– Eu vou contar pra ele o que aconteceu comigo – falei, baixinho.
– Você vai contar sobre o...? – falou.
– Contar o que? O que aconteceu com você? – Anne perguntou, curiosa.
– Esqueci que você não sabe. Depois a te conta – falei, dando de ombros. – A Dra. Watson me disse que preciso contar pra ele, pra estabelecer um vínculo de confiança entre nós dois.
– Eu concordo com ela e já te disse isso! – disse. – Aproveita que estamos aqui, nessa praia linda, com essa casa maravilhosa e tudo pode acontece-er! – Cantarolou, fazendo eu e Anne rirmos.
– Nick e dormiram – Anne apontou para os dois, deitadinhos nas toalhas. – Vou falar ao Mark para subirmos também – ela disse, se afastando de nós.
– Eu vou levar pra dentro. Vocês ainda vão ficar aqui, ? – perguntei à minha amiga e ela assentiu. – Já volto, então!

Fui até e a peguei no colo com certa dificuldade, já que ela estava deitada na areia, e fica cada dia mais pesada. Andei até a casa e logo subi as escadas. Assim que entrei em nosso quarto, deitei-a na cama e fui em direção a mala pegar um pijaminha para vesti-la.
– Mamãe?
– Oi meu amor, mamãe tá aqui.
– Eu não vou tomar banho? – perguntou, e só então me dei conta que ela não havia tomado banho hoje.
– Você quer acordar pra mamãe te dar um banho rápido ou quer só lavar os pés por causa da areia? – perguntei, me sentando ao seu lado.
– Eu não vou ser porquinha se quiser lavar só os pés? – Ela disse, fazendo bico, e eu sorri, balançando a cabeça negativamente.
– Claro que não, meu amor. Amanhã cedo você toma. Vamos então?
Ela assentiu e se sentou na cama. Fui com ela até o banheiro do quarto e abri o chuveiro. ficou ao meu lado e eu peguei água e esfreguei em seu pé, junto com sabonete. Logo enxaguamos e a sequei, voltando para o quarto. Vesti seu pijaminha e a deitei na cama.
– Fica aqui até eu dormir? – pediu.
Concordei com a cabeça e me ajeitei ao lado dela, puxando-a para se aconchegar em mim. Fiquei fazendo carinho em sua cabeça por um tempo e quando vi, ela já tinha adormecido.
Me levantei e saí do quarto, fechando a porta em seguida. Desci as escadas e fui lá para fora, mas não encontrei ninguém. Concluí que , e já deveriam ter entrado, porque demorei com . Mesmo assim, peguei uma toalha dentro de casa e caminhei até a praia, estendendo-a. Me sentei e coloquei os braços para trás, me apoiando neles, enquanto observava o oceano a minha frente. A última vez que eu havia visitado a praia, mamãe ainda estava viva. Fomos passar o dia na cidade vizinha, enquanto John trabalhava. Foi um dia maravilhoso, porque éramos só nós duas. Abri um sorriso ao me lembrar desse dia.
– Achei que tinha decidido dormir – ouvi a voz de ao meu lado e praticamente pulei.
– Puta que pariu, ! Que susto! – falei e coloquei a mão sobre meu peito, respirando fundo.
Ele riu baixinho e fez menção de se sentar ao meu lado e eu lhe dei espaço. se sentou e deixou as pernas dobradas, apoiando os braços nas mesmas.
– Difícil te ouvir falar um palavrão, hein? – ele brincou, me cutucando. Eu ri e balancei a cabeça.
– Meu coração quase saiu pela boca. Achei que todos tinham ido dormir – dei de ombros e voltei meu olhar para frente. Ele fez o mesmo.

Ficamos em silêncio durante algum tempo, até que eu resolvi falar algo:

– Me desculpa por te ignorar e por ter sido grossa mais cedo – Me desculpei, mordendo o lábio.
– Me desculpa por sumir – ele disse, ainda olhando para frente. – E por sair da sua casa daquele jeito naquele dia...

Assenti, balançando a cabeça devagar, sem desviar meu olhar do mar.

– Melissa tem um filho – falou.
Arregalei meus olhos.
– Seu? – perguntei, não escondendo a surpresa em minha voz.
Ele negou com a cabeça e eu soltei o ar pela boca, aliviada. percebeu e riu.

– Ela me traiu quando estávamos juntos – contou.
– Sinto muito – eu disse, sincera.
– Não tem problema. Não é como se eu tivesse sendo o melhor marido do mundo na época – ele deu de ombros. – Eu não parava em casa, . Bebia o tempo todo. Já naquela época as coisas entre nós não tinham mais jeito. Não sei como eu não percebi antes.
Olhei para ele, um pouco surpresa.
– Não consigo te imaginar assim – Confessei, enquanto observava seu rosto.
– Assim como? – perguntou.
– Bêbado, o tempo todo...
– Eu não gosto nem de lembrar, falou. – Depois que ela foi embora eu percebi que precisava retomar minha vida. E foi aí que procurei a...
– Dra. Watson. Eu sei – sorri para ele, e ele retribuiu. – Ela me contou hoje e ficou surpresa por Melissa ter voltado.
– Vocês falaram de mim, é? – ele sorriu, convencido.
Dei um tapa em seu ombro e neguei com a cabeça.
– Só comentei que não estávamos nos falando... – Encolhi meus ombros.
– Eu te procurei nos primeiros dias – ele disse, voltando a olhar para frente. – Te procurei sexta e sábado. Mas daí precisei ajudar um amigo que estava em crise – ele riu baixinho, provavelmente se lembrando de algo –, e depois foi aniversário da morte de Sara e... Acabei tirando uma semana pra mim e fui pra casa dos meus pais.
– Você poderia ter me avisado. Eu iria com você ao cemitério, caso quisesse... – falei, meio incerta.
balançou a cabeça, negando.
– Eu não a visito. Não consigo – ele falou. – Um dia, sei que vou precisar ir. Mas ainda não me sinto pronto.
Balancei a cabeça, compreendendo. Eu não havia visitado minha mãe depois de seu enterro, então, de certa maneira, eu o entendia.
– Melissa vai sempre, segundo ela – ele disse, e eu não pude evitar torcer a boca. – Ela disse que gostaria de te conhecer.
Oi? Virei-me para ele, a surpresa estampada em meu rosto.
– O quê? Digo, por quê? – perguntei.
riu de minha reação e se virou, sentando-se de frente para mim.
– Porque eu contei a ela sobre você. E sobre .
– Ainda não entendi – confessei meio confusa.
– Eu disse a ela que te amava, mas ela já sabia disso antes mesmo de eu falar em voz alta – ele disse, dando de ombros, como se fosse algo óbvio e simples.
Espera, muita informação.
Ele disse a sua ex esposa que me ama?
E como ela sabia antes dele?
E porque ele não me disse isso antes?
estalou os dedos em minha frente, me fazendo voltar a atenção a ele. Olhei para ele e ele tinha um sorriso divertido nos lábios.
– Tô tentando assimilar as informações – Torci a boca e ele riu.
– O que? Que eu te amo? Porque eu amo mesmo, e posso falar quantas vezes você quiser... – ele disse, seu olhar fixo no meu. – Eu te amo, . Te amo, te amo, te amo!
Foi o suficiente para me fazer jogar os braços ao redor dele e grudar nossas bocas no mesmo instante. acabou caindo deitado e me puxou junto. Nossas bocas se mexiam em um beijo urgente, cheio de saudades. Uma de suas mãos estava entrelaçada em meus cabelos e a outra estava em minhas costas, mantendo meu corpo junto ao dele. Eu dei uma mordidinha em seu lábio e parti o beijo, me afastando para olhar seu rosto.
– E você não podia ter me dito isso na noite em que eu abri meu coração pra você? – perguntei, arqueando a sobrancelha.
– Que graça teria? – ele falou, rindo.
– Você é um idiota! – falei, dando um tapa em seu braço.
– Ouch! Segundo tapa só hoje! – ele disse, fazendo uma careta.
– Você mereceu! Foi bem ruim ficar sem sua resposta – fiz um bico e mordeu-o rapidamente, mas logo o soltou.
Nós dois sorrimos um para o outro e eu me ajeitei deitada em cima de seu corpo. Deitei a cabeça em seu peito e ele ficou fazendo carinho em meu cabelo.
– Desculpa ter sumido. De verdade – falou, quebrando o silêncio.
– Você precisa pedir desculpas pra , não pra mim. Eu me contento com um “eu te amo” – respondi e riu, dando um beijo em minha cabeça.
– Será que agora que fizemos as pazes, eu posso dormir no seu quarto com você? – perguntou e eu levantei a cabeça na hora para olhá-lo. Fingi incredulidade e perguntei:
– Você falou que me ama só pra me levar pra cama? – falei, segurando o riso ao ver a cara dele.
– O quê? Claro que não! – ele respondeu, se exaltando um pouquinho.
Gargalhei alto e aproximei meus lábios dos dele, dando-lhe um selinho.
– Eu tô brincando, bobo – falei contra seus lábios e o senti rir também – Não sei se é uma boa ideia, tá lá também.
– A gente pega um colchão – ele respondeu, e eu sorri, concordando por fim. – Vamos entrar, então?
– Sim, pirilim! – imitei e ele gargalhou, me empurrando para o lado, fazendo me sair de cima dele.
Me levantei, rindo, e passei a mão pelas pernas, dando alguns tapinhas para tirar a areia. pegou a toalha e balançou-a, para que a areia caísse, e dobrou-a em seguida. Estendeu a mão para mim e eu levei minha mão até a dele, entrelaçando nossos dedos e fomos andando juntos de volta à casa.
Enquanto ficou encarregado de pegar o colchão e arrumar para dormir, eu fui para o banheiro tomar um banho rápido. Assim, quando saí do banheiro já de camisola, estava deitada no colchão que estava ao lado da cama de casal, dormindo abraçada a seu gatinho de pelúcia. estava deitado na cama só de boxer, mexendo em seu celular. Sorri com a cena e me aproximei, pulando ao seu lado. Ele riu e deixou o celular de lado, me puxando para junto dele, abraçando-me por trás.
– Hm... – disse, passando seu nariz pelo meu pescoço, me fazendo arrepiar. – Que saudade eu senti do seu cheirinho de baunilha.
Sorri ao ouvi-lo e levei minha mão até a dele, entrelaçando nossos dedos. começou a dar pequenos beijinhos na região e eu fechei os olhos, aproveitando o momento. Quando senti seus dentes me morderem de leve, meu corpo inteiro arrepiou e me grudei mais a ele. suspirou contra meu pescoço, soltando sua mão da minha e levando-a até minha coxa, acariciando-a. Quanto mais beijava meu pescoço, mais meu corpo reagia a suas carícias. Sua mão explorava minha coxa e foi deslizando até chegar em minha bunda, onde ele deu um apertão de leve, e como resposta, eu empurrei meu quadril para trás. Ele respirou fundo e com sua mão, forçou mais meu corpo contra o dele, e pude sentir o quão excitado ele estava. Por incrível que pareça, aquilo não me assustou tanto quanto eu achei que fosse. Pelo contrário, eu estava tão excitada quanto ele, pela primeira vez. Mas logo depositou alguns selinhos em meu pescoço e se afastou lentamente.
– Acho melhor pararmos por aqui, não é? Até porque tem uma criança no quarto – ele falou, rindo baixinho e juntando nossas mãos.
– Tava tão bom – falei, mordendo o lábio.
sorriu e me virou de frente para ele. Eu me ajeitei e ele levou uma mão ao meu rosto, acariciando-o.
– Isso é um avanço e tanto, não? – perguntou e eu balancei a cabeça, concordando. – Você tem conversado sobre isso com a Dra. Watson?
– Sim. Conversamos hoje, aliás. Tem algumas coisas que preciso te contar, mas... – falei e ele fez sinal para que eu continuasse. – Pode ser amanhã? Agora eu quero dormir ao lado do meu namorado, porque senti saudades.
Ele riu e assentiu, dando um beijinho na ponta do meu nariz. Me virei novamente e me aconchegou em seus braços. Me deu um beijo atrás da orelha e sussurrou:
– Boa noite, amor.
– Boa noite, – falei, fechando os olhos em seguida.


Capítulo 18

– Vamos acordar ela, papai! – ouvi falar baixinho, mas ainda mantive meus olhos fechados.
– No três, tá bom? – ouvi falar. – 1, 2, 3!
Duas mãozinhas pequenas começaram a apertar minha barriga me fazendo cócegas e logo duas mãos maiores se juntaram, fazendo com que as cócegas aumentassem. Eu abri os olhos instantaneamente enquanto ria e tentava encolher meu corpo.
– Parem! – pedi, entre risos.
As quatro mãos se afastaram e eu finalmente pude respirar. Ajeitei meu cabelo e me sentei na cama, olhando para os dois, que tinham sorrisos sapecas nos rostos.
– Vocês dois, hein? – falei, fingindo estar brava. – Isso é jeito de me acordar?
– Foi ideia dela – apontou para .
– Foi ideia dele – apontou para .
Eu ri alto dos dois e abri os braços, chamando-os para um abraço. se jogou em meu colo e nos abraçou de lado.
– Bom dia! – falei, enquanto dava um beijinho na bochecha de minha filha e um selinho em .
– Bom dia, mamãe! Papai dormiu aqui. Acordei e ele ‘tava na sua cama! – falou, levando as mãos ao rosto, surpresa.
riu.
– E aí essa bonitinha me acordou! – ele falou, e ela riu, sapeca. – Me acordou e perguntou o que eu ‘tava fazendo aqui, acredita? – falou, me olhando e rindo.
– E daí, mamãe, eu fiz ele pedir desculpa por ter ficado longe nos últimos dias! – falou e abriu um sorriso imenso, orgulhosa de seu feito.
– Fez mesmo. E já prometi que não vou sumir mais, né? – disse e ela concordou com a cabeça.
– Fez bem, ursinha! – falei, apertando a barriga dela e fazendo cosquinhas.
– Para mamãe! – pediu, rindo, e eu lhe enchi de beijinhos.
– Vamos tomar café da manhã e ir pra praia? – perguntou, levantando-se da cama e indo até a porta.
Eu e balançamos a cabeça ao mesmo tempo, concordando. Ela desceu da cama e correu em direção a mala, para pegar seu biquíni para que eu a vestisse.
– Vou ali no meu quarto me arrumar e encontro vocês na cozinha – falou enquanto segurava a porta aberta.
– Tudo bem, amor – eu falei e lhe mandei um beijo.
Ele deu uma piscada e se virou, saindo do quarto e fechando a porta em seguida. Olhei para e ela estava com uma das mãozinhas na cintura e com a outra me estendia o biquíni, esperando impacientemente para que eu a vestisse. Ri para ela e peguei o biquíni de sua mão.
– A senhorita dormiu sem tomar banho ontem! – exclamei, fingindo estar indignada, enquanto tirava seu pijama.
Ela riu sapeca e concordou com a cabeça.
– Mas você lavou meus pezinhos! – Ela disse, se defendendo.
– Lavei, sim! E só não vou te dar um banho agora porque você vai entrar no mar! – virei-a de costas para que eu pudesse fechar a parte de cima de seu biquíni enquanto ela vestia a parte de baixo. – Pronto, ursinha!
Ela correu para o espelho e fez pose, colocando as mãozinhas na cintura e balançando o cabelo.
– Tô linda! – ela falou e eu gargalhei, concordando com a cabeça.
– Você é maravilhosa, meu amor! – eu disse, indo até a mala e pegando meu biquíni. – Mamãe vai se vestir e já descemos pra tomar café, tudo bem?
concordou, ainda fazendo poses na frente do espelho. Balancei a cabeça e ri, indo para o banheiro.
– Bom dia, gente! – cumprimentei a todos enquanto entrava na cozinha com em meu encalço.
– Dia, amiga! – falou e me deu um beijo na bochecha assim que me sentei ao lado dela na mesa.
– Dormiram bem? – Anne perguntou, me estendendo uma xícara de café e um copo de suco para .
– Muito bem! – falou, entrando na cozinha e me dando um selinho, sentando-se na cadeira ao meu lado.
Anne e me olharam surpresas e eu apenas sorri, fazendo sinal de que contaria depois.
– Cadê e Mark? – perguntei, enquanto comia um pedaço de bolo.
– E Nicholas? – quis saber.
– Já estão na praia. Foram antes, montar os guarda-sóis e as cadeiras pra gente – Anne falou.
– Mamãe, já podemos ir? – me cutucou, animada.
– Só depois que você comer tudinho que tem no seu prato! Falta só a fruta, ursinha – respondi, apontando para o prato dela que ainda continha um pedaço de mamão.
Ela fez bico e cedeu, pegando o garfo em seguida e comendo a fruta.
– Alguém quer mais café? – perguntou, enquanto se levantava da mesa.
Todos negaram e ela logo começou a retirar as comidas e os pratos da mesa, enquanto nós ajudávamos. Rapidamente lavamos a louça e guardamos as comidas. Quando terminamos, já estava na porta nos esperando com o protetor solar na mão.
– Passa em mim, mamãe? – perguntou e eu assenti.
Peguei o protetor de sua mão e fui até uma poltrona próxima, me sentando. ficou em minha frente e eu comecei a passar o produto em seu corpinho.
– Mamãe também vai passar, né? – perguntou.
– Claro que sim! Não quero ficar igual um camarãozinho! – falei e ela gargalhou.
Assim que terminei de passar protetor nela, comecei a passar em mim. se aproximou e se ofereceu para passar em minhas costas e eu agradeci. Quando terminou, ele se virou e eu passei nas costas dele e em seu rosto.
– Estamos protegidos – ele disse, e me deu um selinho.
Sorri e concordei com a cabeça.
– Estamos! Vamos? – perguntei à ele e .
Andamos os três até a praia, seguidos por e Anne. Quando chegamos ao local onde e Mark estavam, deixei nossas coisas em uma mesinha de praia e estendi uma toalha em uma cadeira para mim. Tirei minha saída de banho e me sentei. se sentou ao meu lado e logo sentou na areia para brincar com Nick.
– Alguém aí quer cerveja? – perguntou, levantando sua latinha em nossa direção.
Mark fez o mesmo.
– Acabamos de tomar café, bebuns – respondeu o noivo, que mostrou a língua para ela, uma atitude super madura, se me perguntam.
– Não ofereci pra você, gravidinha. Ofereci a e falou e revirou os olhos, rindo.
– Mais tarde, , obrigada – eu respondi e concordou.
– Mamãe, quero entrar na água! – correu até mim e apoiou as mãozinhas em minhas pernas.
– Tem que colocar a boia, ursinha. Pega ela e traz aqui pra mamãe colocar em você – falei a ela, e ela logo foi atrás das boias.
– Quer que eu entre com ela? – perguntou e eu sorri, confirmando.
– Por favor! – Respondi e ele sorriu, me dando um selinho logo em seguida.
retornou com as boias e eu coloquei as duas em seus bracinhos.
vai com você! – eu falei e ela deu pulinhos, empolgada.
– Vamos, papai ! – ela disse, estendendo a mão para ele.
levantou e segurou a mão de .
– Você tem que me obedecer, tudo bem? – ele falou e ela balançou a cabeça, concordando.
Os dois começaram a caminhar em direção ao mar e eu sorri enquanto os observava.
– Papai, hein? – Mark perguntou e eu desviei meu olhar dos dois e olhei para ele. Sorri e dei de ombros.
é louca por . Eles tem uma ligação que nunca fui capaz de entender – respondi, virando um pouco minha cadeira para poder conversar melhor.
– Só é louca por ele? – perguntou e eu mordi o lábio, negando.
Sabia que minhas bochechas tinham ficado vermelhas, mas tentei não me importar.
– É recíproco – falou e piscou para mim.
Eu ri meio sem jeito, desviando o olhar dos dois e encontrando Anne e me encarando com expectativa. As duas me fizeram contar tudo sobre a noite de ontem a elas, com direito a detalhes.
Quando terminamos de conversar, voltei meu olhar para o mar. segurava na altura de seu peito, enquanto ela ria e batia os pezinhos na água. Ele afundava cada vez mais e ela dava gritinhos animados. Quando ela percebeu, já estava totalmente dentro da água, boiando apenas por conta de seus braços que estavam protegidos pela boia.
– Mamãe!!! – ela gritou, e eu sorri, me levantando na hora e indo até a beira do mar. – Olha eu!
– Tô vendo, meu amor! – falei, enquanto observava os dois.
estava o tempo todo próximo a ela, enquanto ela batia os pés e os bracinhos desajeitadamente, tentando nadar. Senti uma mãozinha pegar na minha e abaixei meu olhar, encontrando Nick ali.
– Tia , mamãe falou pra eu entrar com você na água – ele falou, sorrindo para mim. – Eu já tô até de boia, olha! – Nick levantou os bracinhos, mostrando as boias ao redor deles.
Olhei para trás em direção a meus amigos e Anne fazia sinais para mim, deixando claro que estava tudo bem. Voltei meu olhar para Nick e sorri, concordando com a cabeça.
– Vamos então, Nick. Não solta da minha mão até chegarmos onde e tio estão, ok? – falei a ele, e ele concordou.
Caminhamos um pouco, indo cada vez mais fundo.
– Você quer vir no meu colo? – perguntei a Nick e ele negou.
– Sei nadar! Quer ver? – falou e eu sorri, concordando.
Chegamos a uma parte um pouco mais funda para Nick, onde a água batia em minha cintura, e ele soltou a mãozinha da minha e começou a bater os bracinhos e as pernas, nadando perfeitamente.
– Uau, Nick! Você nada muito bem! – falei, enquanto andava atrás dele.
Ele parou e sorriu orgulhoso.
– Eu faço natação! podia fazer comigo – ele disse, fazendo um biquinho em seguida.
– Vamos ver se ela quer, tudo bem? – respondi e ele fez que sim com a cabeça.
e vieram em nossa direção, alcançando-nos rapidamente.
! – Nick falou, batendo as perninhas na direção dela – Você quer fazer natação comigo?
– O que é isso? – perguntou curiosa.
– É aula na piscina pra aprender a nadar! – Nick falou, animado.
Os olhos de brilharam e ela olhou em minha direção, cheia de expectativa.
– Se você quiser, ursinha... – falei, sorrindo para ela.
– Sim, sim, sim, pirilim! – ela respondeu, batendo as mãos na água, fazendo com que alguns pingos respingassem em mim e em .
Nós dois rimos e ele se aproximou de mim, passando os braços pela minha cintura, me abraçando e grudando nossos corpos. Nick e ficaram ao nosso lado, brincando.
– Você já pensou em fazer mais um desses? – falou, com um sorriso sapeca em seu rosto.
– Um desses? – perguntei, arqueando uma sobrancelha. confirmou com a cabeça e eu finalmente entendi. – Ah, um filho! – ri baixinho, balançando a cabeça em confirmação.
Ele sorriu e aproximou seus lábios do meu rosto, roçando-os pela minha bochecha até chegarem em meu ouvido.
– Eu também. E eu iria adorar se fizéssemos um juntos – sussurrou, me fazendo arrepiar por completo.
Arregalei os olhos e afastei meu rosto do dele, olhando-o.
– Tá falando sério? – perguntei, e ele balançou a cabeça, confirmando. – , nós nem...
– Shh... – ele disse, colocando seu dedo indicador em minha boca, me fazendo parar de falar. – Eu sei disso. Não tô dizendo que quero agora. Mas sim que gostaria. E com você. Hoje, amanhã ou depois.
Fiquei algum tempo olhando para ele, assimilando suas palavras, até que finalmente um sorriso se abriu em meus lábios.
– Também gostaria que fosse com você – falei, sorrindo de lado.
abriu um sorriso imenso e aproximou seu rosto do meu, colando nossos lábios em um selinho demorado.
– Fico feliz que estejamos com as mesmas expectativas nesse relacionamento – ele falou, colocando uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha.
– Oh, sim. Eu já tinha pensado nisso, mas não sabia se você... Não sabia se... Bom, não sabia... – me enrolei com as palavras, sem saber como prosseguir.
– Se eu iria querer por causa de Sara? – perguntou e eu mordi meu lábio e balancei a cabeça, confirmando. – Ela é o motivo de eu querer outro. Ela nunca será substituída. Mas ser pai é maravilhoso. Sei que eu fui um pai muito bom para Sara, sei que estou conseguindo atender as expectativas de . E justamente por isso, eu quero poder novamente segurar um bebê em meu colo e ver minhas características nas dele. Não tem nada mais...
– Apaixonante, revigorante, sensacional, maravilhoso... – interrompi-o, listando os sentimentos que eu vivi quando vi pela primeira vez.
sorriu para mim, confirmando.
– Exatamente – suas mãos encontraram as minhas e ele as segurou, levando-as para perto de sua boca, e depositando um beijo nelas.
Sorri com seu gesto e aproximei nossos lábios, selando-os lentamente.
– Eu amo você – falei, baixinho.
– Eu também amo você – disse, e pude senti-lo sorrir contra meus lábios. Nos afastamos e olhamos para o lado, encontrando e Nick ainda brincando, mas agora estava junto com os dois. Quando viu que olhávamos para ele, ele sorriu e piscou para nós dois. Eu ri e me olhou, curioso.
– O que foi? – perguntou, fazendo me virar para ele de novo.
– Alguém já falou que os homens da sua família têm um sério problema com piscadas? – respondi a ele, obtendo uma gargalhada como resposta.
– Algumas vezes – ele falou e piscou em seguida, me fazendo revirar os olhos e rir em seguida.
– E vocês sabem o efeito que isso tem nas mulheres e obviamente, usam a favor de vocês – falei, e ele balançou a cabeça, concordando e sorrindo de maneira convencida.
– Tenho certeza que te conquistei com meus olhos azuis e minhas piscadas – falou, aproximando-se de mim lentamente.
Eu ri e neguei com a cabeça, me afastando um pouco dele, conforme ele se aproximava.
– Não acredito em você – ele disse, ainda vindo em minha direção.
Eu dei de ombros e continuei a me movimentar para trás, afastando-me.
– Você tá errado – falei, sorrindo para ele.
Ele acelerou seus movimentos e me alcançou, passando um de seus braços pela minha cintura, puxando-me e grudando nossos corpos.
– Então me fala, – ele disse, aproximando seus lábios dos meus, mas sem encostá-los.
– Tá, talvez os olhos azuis tenham ajudado um pouco – eu disse, fazendo-o rir –, mas o principal foi o jeito que agia com você – ele ergueu as sobrancelhas, confuso.
– Como assim? – perguntou.
Respirei fundo e sorri de lado, levando minha mão até a dele, entrelaçando nossos dedos.
já te falou quanto tempo ela levou para conquistar ? – perguntei e ele negou com a cabeça. – Bom, demorou um pouco. Assim como todos demoram. Mas com você... Foi instantâneo. Minha filha se sentiu segura e à vontade com você, logo de cara – sorriu, prestando atenção em minhas palavras –, e isso me fez começar a prestar atenção em você, em cada detalhe, pra tentar entender o que você tinha de diferente. E as coisas foram acontecendo e você me fez ver que eu não precisava ter medo de você. E quando vi, percebi que já tava apaixonada – finalizei, sorrindo de lado, sentindo minhas bochechas esquentarem um pouquinho.
levou suas mãos ao meu rosto, acariciando minha bochecha com o polegar.
– Tenho que agradecer à , então? – perguntou, divertido, e eu assenti. – Lembrarei disso – soprou contra meus lábios, antes de romper a distância, juntando nossas bocas e iniciando um beijo leve, mas cheio de sentimentos.
Nossas línguas se movimentavam em sincronia. Nossos corpos estavam grudados e eu tinha minhas mãos em sua nuca, com meus dedos entrelaçados em seu cabelo. permanecia com uma de suas mãos em meu rosto e a outra em minha cintura. Em alguns momentos, mordiscava levemente meus lábios, fazendo com que eu sorrisse entre o beijo. A mão de subiu para minhas costas, passando pela cordinha de meu biquíni, mantendo-me mais perto dele. Uma de minhas mãos desceu para sua coluna, passando a ponta dos dedos pela extensão da mesma. se arrepiou e mordeu meu lábio.
– Vocês estão em uma praia, pelo amor de Deus! – ouvimos a voz de gritar.
Rimos contra a boca um do outro e nos afastamos, finalizando o beijo com alguns selinhos. Olhamos para os lados, encontrando saindo da água com e Nick em seu encalço. segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos. Começamos a caminhar juntos em direção a areia, saindo do mar. Assim que chegamos ao nosso local, sentamos em nossas respectivas cadeiras.
– Achei que iam fazer um filho lá mesmo – Mark falou, gargalhando em seguida.
Eu corei e lhe mostrou o dedo do meio, de modo que as crianças não pudessem ver, arrancando risadas de todos nós.
– Amiga, me passa a cebola, por favor – pediu, enquanto misturava alface e tomate em uma vasilha.
Entreguei-lhe a cebola já cortada e ela misturou-a ao restante, temperando a salada com azeite de oliva.
– Essa sobremesa ficou maravilhosa – Anne falou assim que fechou a geladeira, sorrindo de maneira convencida para nós.
– Não vejo a hora de provar – falei, lambendo os lábios, e ela riu.
– Vai ter que esperar até o final do jantar. Se eu ver você roubando um pouco, ... – ameaçou e eu ri, negando.
– Não vou fazer nada! Prometo – beijei meus dedos em forma de promessa. Andei até a porta da cozinha. – Vou ver se a carne já ‘tá pronta para levarmos o resto das coisas – falei, andando em direção à área de trás da casa.
Já era de noite, e , Mark e haviam tido a ideia de fazer um churrasco para nós. Nick e brincavam sentados na grama próximos a eles. Me aproximei dos três e logo parou o que fazia, se aproximando de mim e me dando um selinho.
– Oi – ele falou, sorrindo.
Sorri de volta e ele estendeu sua latinha de cerveja em minha direção, me oferecendo. Peguei-a e dei um gole, devolvendo para ele em seguida.
– Já tá tudo pronto? As meninas querem saber se podemos trazer as coisas pra cá – perguntei, olhando para Mark e , que logo concordaram com a cabeça. – Já volto, então – falei a , que sorriu e logo voltou a fazer o que estava fazendo antes.
Alguns minutos depois, eu Anne e já estávamos lá fora, reunidas com eles, e Nick e estavam conosco, esperando pela comida.
– Quero sanduiche com tudo, mamãe – pediu, me estendendo um pão. Peguei o pão e sorri para ela.
– Você vai conseguir comer sozinha? – falei e ela confirmou com a cabeça, sorrindo. – Tudo bem, vou fazer então.
Peguei um prato e cortei dois pães ao meio, colocando salada nos dois e alguns pedacinhos de carne. Fechei-os e dei um para , entregando-a alguns guardanapos também.
– Senta aqui e come quietinha, sim? – disse a ela, que logo se sentou ao meu lado, dando uma mordida em seu pão.
Me sentei em minha cadeira e se aproximou com duas latinhas de cerveja, me entregando uma aberta em seguida. Sorri para ele em forma de agradecimento e dei um gole na cerveja antes de começar a comer o meu sanduíche.
– Hmm, isso aqui tá uma delicia – exclamei de boca cheia, arrancando risadas de todos.
– Tenho certeza que foi Mark quem temperou a carne, a do não fica gostosa assim – disse, recebendo um olhar indignado de .
– E como você sabe que não fui eu? – perguntou e ela deu de ombros.
– Seu churrasco também não é lá aquelas coisas – disse e fechou a cara, me olhando em seguida, me pedindo ajuda silenciosamente.
– O quê? Você nunca fez churrasco pra mim, não posso te defender – respondi, fazendo um biquinho.
Ele sorriu, como quem se desculpava e se aproximou, me dando um beijo na bochecha.
– Vou fazer, prometo. E aí você vai poder me defender e calar a boca da ! – disse a última parte mais alto para que ela ouvisse.
Todos nós rimos e lhe mostrou o dedo do meio.
– Tia ! – e Nick gritaram ao mesmo tempo, repreendendo-a.
– Isso é feio, não pode! – falou, soltando seu sanduíche na mesa e se levantando, colocando as mãozinhas na cintura, indignada.
Nick imitou seus movimentos em seguida, fazendo a mesma pose.
– É, não pode! – Nick falou.
Eu e Anne nos entreolhamos, segurando o riso. fazia o mesmo, mas logo se apressou a se desculpar.
– Desculpa, meus picurruchos, tia não vai mais fazer isso, tudo bem? – falou, aproximando-se dos dois e dando um beijo na bochecha de cada um, fazendo-os sorrir, orgulhosos.
Anne e eu rimos da bronca que nossos filhos deram em , orgulhosas demais de nossos pequenos. Peguei minha cerveja e bebi mais um pouco. Terminei de comer em seguida e logo me entregou o resto de seu sanduíche.
– Num ‘guento mais, mamãe – ela falou, fazendo bico.
Eu ri e balancei a cabeça. – Tudo bem, ursinha. Até que você comeu bastante – falei, sorrindo para ela.
Ela se aproximou e me deu um beijo molhado na bochecha antes de se afastar e ir brincar com Nick novamente. Sorri e em seguida senti a mão de se entrelaçar a minha. Olhei para ele e dei uma piscada, fazendo-o rir.
– Nem tente, . Você não sabe piscar igual a mim – falou convencido e eu rolei os olhos.
– Quem quer sobremesa? – Anne perguntou, colocando a travessa de doce no meio da mesa.
– Eu! – quase gritei, animada, fazendo-a rir.
– Que novidade, você ficou secando esse doce enquanto eu preparava, se ele não estiver bom a culpa é sua! – ela falou, apontando o dedo para mim e eu ri, mostrando-lhe a língua.
Ela pegou vários pratinhos e colocou sobremesa em todos, entregando um para cada um de nós. e Nick se aproximaram para comer também.
– O que é? – perguntou.
– É o melhor doce do mundo! – Nick respondeu, animado, levando uma colherada à boca.
– Só prova, meu amor, se você não gostar, não tem problema – falei a ela, e ela assentiu, levando uma colherada do doce à boca em seguida.
– Isso é muito bom – falou, lambendo os lábios, pegando mais uma colherada. – O que é isso, tia Anne? – perguntou.
– É mousse de chocolate preto com chocolate branco – Anne respondeu, sorrindo – É o doce preferido do Nick!
– Agora é o meu também! – falou, sorrindo, enquanto comia seu doce. – Mamãe, aprende a fazer pra eu – ela ordenou, apontando a colher em minha direção, me fazendo rir e concordar.
– Vou aprender, meu amor – falei, me aproximando dela e dando um beijo em sua cabeça.
– Ela dormiu? – perguntou assim que me juntei a ele, sentando ao seu lado no banco em frente a casa.
– Ela e Nick. Bateram o pé até deixarmos eles dormirem juntos. Estão os dois no colchão lá no quarto – falei e riu baixinho.
Ele passou seu braço pelo meu ombro, puxando-me para perto e me abraçando. Me aconcheguei a ele, encostando minha cabeça em seu ombro. deu um beijo no topo de minha cabeça e voltou seu olhar para frente. Ficamos em silêncio por alguns momentos. Eu sabia que teria que contar tudo a , por que não agora? Suspirei, um pouco insegura. Comecei a balançar uma de minhas pernas e logo colocou sua mão sobre minha coxa, fazendo-me parar com os movimentos.
– O que foi? – ele perguntou, me fazendo olhar para ele.
– Eu quero te contar uma coisa – falei, mordendo meu lábio.
A expressão de se tornou curiosa, mas pude perceber que ele estava um pouco nervoso.
– Tem certeza disso? – perguntou e eu confirmei com a cabeça.
– Eu preciso fazer isso – falei, sorrindo de leve para ele.
Ele retribuiu e se virou, sentando de frente para mim. Levou sua mão de encontro a minha, segurando-a. Respirei fundo algumas vezes e resolvi começar.
– Quando eu tinha dezoito anos, eu tinha um namorado – falei, sem emoção alguma – e fomos a uma festa. Eu nunca fui de usar drogas, só bebia cerveja, nem de maconha eu gostava... – balançou a cabeça, mostrando que estava prestando atenção. – Mas naquela noite, eu cedi aos pedidos dele e provei uma droga nova que tinha por lá. Eu não fiquei fora de mim, usei muito pouco. Lembro que todos os meus sentidos se aguçaram, mas foi só isso. Eu fiquei um pouco tonta e tudo parecia muito interessante, de modo que eu fiquei observando cada detalhe ao meu redor. Então ele apareceu e me levou para um quarto – suspirei, respirando fundo. percebeu e apertou minha mão, encorajando-me a continuar. – Eu estava cansada, eu só queria dormir... Mas ele tinha outros planos. Contra minha vontade, ele começou a me beijar e... – meus olhos marejaram e eu olhei para baixo, balançando a cabeça em negação. – Eu não queria, eu tentei fazer ele parar... – algumas lágrimas já escorriam pelo meu rosto. – Eu era virgem, – falei e um soluço escapou de meus lábios.
soltou um suspiro alto e me puxou para si, envolvendo-me com seus braços, mantendo meu corpo grudado ao seu.
– Shh... Eu já entendi. Não precisa continuar – ele falou, depositando um beijo no topo de minha cabeça. – Não quero que você continue.
Eu assenti, respirando fundo algumas vezes. Levei minhas mãos até meu rosto, limpando as lágrimas que estavam ali. Me afastei de , observando seu semblante nervoso. Seus punhos estavam cerrados ao lado de seu corpo e ele tinha o olhar perdido à sua frente.
– Foi nessa noite que foi concebida – Confessei, mordendo meu lábio.
Ele me olhou, sem falar nada.
– Eu não... Me desculpa se... – ele falou e parou, respirando fundo antes de continuar – Me desculpe se um dia eu te fiz sentir pressionada.
Neguei com a cabeça, levando minhas mãos até seu rosto.
– Você nunca me pressionou, . Pelo contrário, você sempre foi perfeito. Eu quem não conseguia... – falei, acariciando seu rosto. – Você foi o primeiro cara que eu cheguei tão longe – E espero que seja o único, acrescentei mentalmente.
abriu um sorriso de lado.
– Eu não imaginei que fosse algo assim. Quer dizer, eu imaginei, mas não assim. Achei que tivesse sido depois da – ele falou, levando suas mãos até as minhas e entrelaçando nossos dedos, afastando-as de seu rosto.
Balancei a cabeça negativamente, sorrindo de maneira triste.
– Não... Eu nunca tive uma primeira vez, as coisas não aconteceram de forma normal pra mim – falei, dando de ombros e abaixando o rosto.
– Mas vai ter – ele falou, erguendo meu rosto com sua mão. – Quer dizer, quando você estiver pronta – finalizou, seus olhos fixos no meu.
– Eu tô pronta – confessei, retribuindo seu olhar.
Ele ergueu as sobrancelhas, surpreso.
– Você tem certeza?
Concordei com a cabeça e ele abriu um sorriso, aproximando seu rosto do meu e me dando um selinho.
– Fico muito feliz que você sinta essa segurança comigo, – ele falou.
– Eu sinto. Demorei um pouco, mas sinto. Não tenho mais medo algum – respondi.
– Eu te amo, mulher. Muito! – ele falou, segurando meu rosto entre suas mãos e me dando um beijo na ponta do nariz.
Eu ri baixinho e grudei nossos lábios em um selinho.
– Eu também, . Eu também.


Capítulo 19

- Eu não vou vestir isso, ! - Disse, indignada ao ver o tamanho da calcinha que ela segurava.
- Você vai ficar maravilhosa, . Por favor, por favor... - Balançou a calcinha na frente de meu rosto, quase encostando-a, enquanto dava pulinhos empolgados.
- Meu Deus, até parece que é você quem vai me ver nessa lingerie! - Retruquei, arrancando a calcinha de sua mão e fechando a porta do provador ainda a tempo de ouvi-la rir.
- Vamos, , não demora uma eternidade pra vestir uma calcinha! - Reclamou, dando batidinhas na porta.
- Calma, amiga... Tô vestindo o conjunto completo. - Avisei enquanto fechava, com dificuldade, o corpete que acompanhava a calcinha. - Pronto. - Disse baixo e finalmente me olhei no espelho, arregalando os olhos ao me ver. - Caramba.
- O que? O que foi? - quase gritou enquanto tentava abrir a porta. - Me deixa ve-er!
Revirei os olhos e continuei a observar a mulher incrivelmente bonita e sedutora que me encarava de volta no espelho. Era eu mesma? Não conseguia me lembrar a última vez que me senti realmente bem comigo mesma - era a primeira vez em muito tempo. O conjunto de lingerie que envolvia meu corpo era rosa bebê, com detalhes em renda e tule. Com certeza custaria o olho da cara, mas, valeria a pena.
- Morreu aí dentro, ? - bateu na porta mais uma vez, me fazendo rir. Finalmente abri a porta e puxei-a para dentro, observando o exato momento em que sua boca se abriu e ela começou a dar pulinhos empolgados. - Meu Deus, meu Deus, meu Deus, o vai morrer, caralho, , olha isso, você tá muito gostosa, meu D...
- , respira...
- Vai ser a melhor noite da vida de vocês, puta merda, , eu tô tão feliz por você que vou comprar uma lingerie pra mim também! - Finalizou, batendo palmas antes de sair do provador e me deixar com cara de tacho.
- Quando eu digo que é maluca... - Comentei baixo e ri, antes de me virar e voltar a observar, mais uma vez, meu corpo no espelho.
É, seria uma noite e tanto.

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- E como você tá lidando com a ansiedade pro casamento? - Perguntei a assim que entramos no carro dela para irmos para casa.
- Tô uma pilha de nervos, amiga! E os hormônios da gravidez não estão ajudando muito - riu enquanto dirigia, sem tirar seus olhos do caminho a sua frente.
- Eu imagino - Eu ri baixo, mexendo no meu celular.
- E você tá ansiosa pra hoje a noite? - Perguntou, me olhando de canto de olho.
- Mais nervosa do que ansiosa - Confessei, suspirando em seguida. - Mas eu tô pronta, sei que tô.
- Vai dar tudo certo e amanhã você vai me ligar me contando tudo, ouviu? - praticamente me intimou.
- Sim, senhora - Respondi assim que o carro parou em frente ao meu prédio. - Você trás a amanhã?
- Ou eu o a Anne. Ela já ta com eles? - perguntou, virando-se para mim.
- Uhum, foi cedo pra irem na piscina a tarde - Sorri antes de abrir a porta. - Então, me deseje sorte.
- Boa sorte! - disse, abrindo um sorriso sincero. - Amo você!
- Também amo você, amiga. - Disse a ela e saí do carro, fechando a porta atrás de mim.
Com passos rápidos e ansiosos, eu logo estava no elevador. Não demorou para as portas se abrirem e eu estar em frente ao meu apartamento, destrancando a porta e entrando. não estava, o que era esperado, pois marcamos as 20h e ainda eram 17h. Eu precisava começar os preparativos do jantar que faria antes de ir tomar banho.
Deixei as compras em meu quarto e troquei de roupa, prendendo o cabelo e voltando para a cozinha. Separei todos os alimentos que precisaria para preparar o prato e comecei a corta-los e coloca-los na panela para o preparo. Cerca de quarenta minutos depois, a comida estava pronta para ir para o forno. Aproveitei o tempo para tomar um banho pois ainda precisava me arrumar.
O banho não demorou, o problema era secar o cabelo, arruma-los e depois fazer uma maquiagem. Demorei cerca de meia hora para ajeitar meu cabelo e só me dei conta de quanto tempo havia passado quando comecei a sentir um cheiro de queimado.
- Merda! - Exclamei quando cheguei na cozinha e abri o forno, quase sendo engolida pela quantidade enorme de fumaça. - Parabéns, , estragou o jantar.
Tirei o prato do forno e coloquei-o em cima da pia, observando o estrago. Não tinha como salvar, estava completa e totalmente queimado. Bufei, frustrada e irritada. Olhei para o relógio no micro-ondas e me dei conta de que faltavam menos de vinte minutos para as 20h.
- Pensa, , pensa... - Disse a mim mesma, batucando os dedos impaciente no balcão da cozinha. - Vou ter que pedir comida, não tem jeito.
Corri para o quarto e peguei meu celular, procurando um delivery de risotos que havia me indicado outro dia. Por sorte, eles aceitavam pedidos online, então pedi rapidamente três pratos de risoto de gorgonzola com pera e realizei o pagamento. Respirei aliviada - mesmo não sendo meu próprio prato, com certeza estaria gostoso. Era o que eu esperava, pelo menos.
Voltei para o banheiro para fazer uma maquiagem rápida e só depois fui me vestir. Peguei o meu mais novo conjunto de lingerie e fui para frente do espelho vesti-lo. Coloquei a calcinha e com um pouco de dificuldade, consegui também fechar o corpete sozinha. Suspirei ao encarar meu reflexo, a insegurança novamente dando as caras.
- ? - Ouvi a voz de vinda da sala e arregalei os olhos, correndo até a porta para fecha-la.
- Tô no quarto, já vou! - Avisei-o e praticamente bati a porta, tamanha era minha pressa.
A insegurança e o nervosismo que ficassem para lá. Coloquei o vestido azul marinho que havia separado para a ocasião. Era rodado, com um decote em V nos seios e com a cintura bem justa. Nos pés, optei por um salto baixo de cor preta. Me olhei uma última vez no espelho e sorri, satisfeita antes de finalmente sair do quarto.
- Ei. - Disse quando chegue ia sala, encontrando sentado no sofá.
- Oi, amor. - Ele respondeu e se virou, levantando-se para me olhar. Seus olhos passaram por todo meu corpo e só então ele se aproximou, sua mão direita indo diretamente para meu rosto. Deslizou os dedos lentamente por minha pele e colocou uma mecha de cabelo atrás de minha orelha. - Você tá linda.
Eu abri um sorriso de canto, um pouco sem jeito e aproximei meu rosto do dele, selando nossas bocas demoradamente antes de me afastar.
- Você também. - Respondi, passando meus braços por seu pescoço e acariciando sua nuca. - Perfume novo?
- Uhum. - Respondeu, sem desviar os olhos dos meus. - Gostou?
- Muito. - Sorri, grudando novamente nossas bocas, dando-lhe vários selinhos na intenção de começar um beijo.
puxou meu lábio para si e sua outra mão passou por minha cintura, puxando meu corpo contra o dele. A mão que estava antes em meu rosto deslizou até minha nuca e ele entrelaçou seus dedos em meu cabelo. Passei minha língua por seus lábios e demos início a um beijo lento, mas que transbordava desejo de ambas as partes.
Sua mão acariciava minha cintura levemente, ora fazia movimentos circulares, ora apertava. Percebi que ele estava, aos poucos, me empurrando até a parede. Quando finalmente encostei as costas na superfície, quebrou o beijo apenas para descer seus lábios até meu pescoço, roçando-os por ali e me deixando completamente arrepiada. Sua mão desceu lentamente para minha coxa, região a qual ele apertou levemente.
Mordi meu lábio, reprimindo um suspiro alto. A língua de em meu pescoço estava me deixando maluca e eu comecei a ficar excitada sem dificuldade alguma - o que, de certa forma, foi uma surpresa. Com uma de minhas mãos que estava em sua nuca, puxei os fios de seu cabelo levemente, recebendo como resposta um gemido baixo contra minha pele. Minha outra mão foi até suas costas e eu passei a ponta dos dedos pela região com delicadeza.
voltou seus lábios até os meus, beijando-me com certa pressa. Levou uma de suas mãos até a minha que estava em suas costas e prendeu meu punho na parede, levantando meu braço lentamente de maneira que ele ficou praticamente levantado. Ele afastou um pouco minhas pernas com sua coxa, pressionando-a contra minha intimidade, fazendo-me soltar um gemido baixo.
Pude senti-lo sorrir entre o beijo e então ele se afastou, me dando alguns selinhos. Depois, grudou sua testa na minha e fechou seus olhos.
- Acho que precisamos comer antes, né?
- Precisamos? - Perguntei, soando mais ansiosa do que eu queria, fazendo-o rir. - Só tem um problema. Tive um probleminha com a comida...
- Ahá! - se afastou, me olhando com a sobrancelha arqueada e um sorriso divertido. - Eu senti cheiro de queimado. O que você aprontou?
- Queimou tudo, não foi minha culpa. - Dei de ombros, rindo baixo. - Mas eu já ped...
O som do interfone tocando interrompeu minha fala e eu dei um selinho em antes de me afastar para atender.
- Pedi risoto. - Expliquei assim que desliguei o interfone.
- Tenho certeza que vai estar uma delicia assim como o prato que você queimou. - Ele respondeu com um sorriso divertido e eu fechei a cara, mostrando a língua para ele. - Eu vou buscar lá em baixo, pode ser?
- Por favor. - Pedi e ele sorriu antes de se afastar e sair pela porta do apartamento.
Finalmente pude suspirar, respirando fundo em seguida. Fui até a cozinha e peguei dois pratos, os talheres e duas taças de vinho. Arrumei tudo em cima da mesa de centro da sala, enfeitando-a com dois jogos americanos vermelhos. No chão, coloquei duas almofadas para que nos sentássemos. Terminei bem a tempo de abrir a porta com o delivery em mãos.
- Isso tá com um cheiro maravilhoso. - Comentou assim que colocou a comida em cima da mesa e começou a abri-la.
- Eu comprei um vinho, mas não sei escolher, você sabe... - Dei de ombros, estendendo o vinho para que ele abrisse e me sentando em frente a mesa.
- Esse é dos bons. - Sorriu ao servir as duas taças. - A mesa já tava assim quando eu cheguei?
Ri e balancei a cabeça negativamente.
- Arrumei quando você desceu buscar a comida. - Sorri para ele enquanto servia risoto nos dois pratos. - Eu espero que esteja uma delícia. Se não tiver, a culpa é da .
- Duvido que esteja ruim, , mas se estiver, a culpa não é dela... Foi você quem deixou a comida queimar. - comentou, rindo alto ao ver a expressão incrédula em meu rosto. - Tô brincando!
Fiz uma careta para ele antes de começar a comer; fez o mesmo. Comemos praticamente em silêncio, trocando apenas algumas palavras e comentários entre uma garfada e outra. A comida estava realmente deliciosa, para meu alívio. Precisava lembrar de agradecer depois.
- Mais vinho? - perguntou quando pegou a garrafa para servir sua taça. Eu concordei com a cabeça.
- Só um pouco. - Pedi, estendendo a taça para ele. - Quer mais risoto?
- Não, obrigado.
Sorri antes de fechar a marmita de risoto - que havia sobrado muito pouco - e colocar nossos pratos um sob o outro. Depois ajeitei meu corpo na almofada e me virei de frente para , que me encarava com um sorriso divertido no rosto.
- O que foi?
- Nada. Você é linda. - Ele sorriu, soltando sua taça na mesa e levando sua mão até a minha, entrelaçando nossos dedos. - E o jantar tava maravilhoso. Obrigado.
- Prometo que tento não queimar nada da próxima vez. - Eu ri e ele me acompanhou.
Quando paramos de rir, sorriu e então deslizou lentamente seus dedos - antes entrelaçados com os meus - pelo meu braço, até chegar em meu ombro, acariciando a região com a ponta dos dedos. Esse simples toque fez com que um arrepio percorresse meu corpo e eu desviei meus olhos para os dele, abrindo um pequeno sorriso que foi o suficiente para que ele entendesse.
Eu realmente estava pronta.
No segundo seguinte eu já estava passando minhas pernas pelo corpo de e sentando em seu colo. Ele encostou as costas no sofá e eu passei minhas mãos por seu pescoço. Imediatamente sua boca encostou na minha e começamos a nos beijar intensamente, as mãos dele percorrendo minhas costas, mantendo meu corpo junto ao seu. Meus dedos estavam entrelaçados em seus cabelos, puxando-os levemente conforme eu acariciava sua nuca.
deslizou uma de suas mãos até a meu pescoço, afastando meus cabelos da área e dedilhando até seus dedos se embrenharem nos fios de meu cabelo e ele puxa-los para trás levemente, ao mesmo tempo em que mordi seu lábio e suguei-o para mim. Ele olhou rapidamente em meus olhos antes de fecha-los novamente e desviar seus lábios até meu pescoço, beijando-o, fazendo com que eu me encolhesse contra seu corpo tamanho o arrepio que senti. Ao mesmo tempo, percebi que o volume em suas calças já estava bastante evidente.
Sua mão livre deslizou até meu seio, apertando-o por cima do vestido que cobria meu corpo. Eu gemi baixinho e lentamente comecei a mover meu quadril contra o dele, inclinando meu pescoço para trás conforme ele movia sua boca por minha pele. Intensifiquei meus movimentos, movimentando o quadril um pouco mais rápido, arrancando um gemido de , que falou contra minha pele:
- Acho melhor irmos para o quarto. - Sua voz saiu abafada, mas o entendi perfeitamente e concordei com a cabeça.
Me afastei, olhando em seus olhos quando levantei e estendi a mão para que ele a pegasse e viesse comigo. Quando levantou, entrelaçou seus dedos nos meus e seguimos os dois para o quarto. Eu fui na frente, guiando-o como se ele nunca tivesse entrado em meu apartamento antes. Assim que entramos no cômodo, mal tive tempo de me virar e grudou seu corpo no meu e pude sentir o volume de seu membro em minha bunda. Suspirei baixo e antes que ele pudesse começar a beijar meu pescoço, me virei e guiei-o até a cama, fazendo com que ele se deitasse. Me sentei em cima dele rapidamente, só para lhe dar um beijo rápido antes de me afastar e sair da cama.
- ? - Ele perguntou, um pouco confuso com minha atitude.
- Cala a boca antes que eu perca a coragem. - Pedi e ouvi sua risada em seguida.
apoiou os cotovelos na cama e fixou seu olhar em mim. Eu precisei respirar fundo algumas vezes antes de finalmente levar minhas mãos até o fecho do meu vestido e abri-lo. Seria a primeira vez que me veria de lingerie - e também nua. Me preparei durante muito tempo para esse momento e sim, eu finalmente estava pronta. Foram meses de autoconhecimento, superação e muito aprendizado. Além de confiar nele de olhos fechados, eu agora confiava em mim. Então, lentamente abaixei as alças do vestido - uma de cada vez - até que o tecido se soltasse e deslizasse sozinho por meu corpo, deixando a mostra a lingerie escolhida para a noite.
Foi difícil, mas em nenhum momento desviei meus olhos do dele - e que bom que não o fiz. O brilho nos olhos de era intenso e, saber que era por minha causa, ao invés de me deixar sem graça, me deixou mais confiante ainda. Seu olhar percorreu todo meu corpo, não querendo perder nenhum detalhe. Eu já estava achando que ele não falaria nada, quando ouvi apenas uma palavra sair de sua boca:
- Caralho.
E aí eu ri. Porque ouvi-lo falar palavrão era difícil e porque ouvi-lo falar um palavrão comigo praticamente nua em sua frente era cômico.
se sentou na beirada da cama e eu me aproximei, colocando uma perna de cada lado de seu corpo, me sentando em seu colo. Uma de suas mãos seguiu para meu rosto e a outra foi para minha cintura, apertando-a levemente.
- Você é maravilhosa. - Soprou contra meus lábios antes de envolve-los com os seus.
Ele deslizou suas mãos pelas minhas costas até que as senti envolverem minha bunda, apertando-a sem dó alguma. Empurrei meu quadril contra o seu e ouvi gemer baixo por conta do contato de nossas intimidades. Minhas mãos foram imediatamente até a gola da camisa que ele vestia e comecei a desabotoar os botões, abrindo-a para depois tira-la. Quebramos o beijo só para deslizar o tecido por seus braços, o que me permitiu admirar seu peitoral nu. Passei a língua pelos lábios discretamente, mas ele viu e retribuiu com um sorriso safado antes de me virar e deitar meu corpo na cama, colocando-se em cima de mim.
- Hm, gostei disso. - Avisei, piscando para ele e recebendo um sorriso como resposta.
aproximou seus lábios dos meus apenas para roça-los por meu rosto em direção ao meu pescoço, onde depositou alguns selinhos. Suas mãos deslizaram por meus braços até ele levanta-los e mantê-los acima de minha cabeça. Os beijos dele se tornaram mais intensos em meu pescoço, fazendo arrepios constantes percorrerem meu corpo. Lentamente ele foi movendo os lábios em direção aos meus ombros e afastou as alças do corpete que eu vestia, abaixando-as. Como o fecho da peça era na lateral, não foi difícil para abri-la. Antes de retira-la, porém, ele ergueu seu olhar até o meu, como se perguntasse se podia continuar. Precisei balançar a cabeça levemente para que ele entendesse que sim e no segundo seguinte meu colo já estava exposto a ele.
Ele teve o cuidado de manter seus movimentos delicados conforme se aproximava de meus seios. Seu olhar se manteve fixo ao meu até que ele finalmente alcançou meus seios e eu precisei encolher as pernas tamanha era a ansiedade que estava sentindo. Foi só quando senti os lábios de envolverem um de meus seios que me permiti soltar um gemido.
Um simples toque. Um roçar de lábios tão delicado e tão intenso ao mesmo tempo, uma sensação que nunca havia sentido antes. A sensação quente da boca de passando por meus seios, descendo por meu abdômen até chegar na barra de minha calcinha... Estava incrível.
Há alguns meses eu não era capaz de me imaginar estar nessa situação com ele. Mas eu cresci tanto, superei muita coisa e aprendi muito durante esse tempo com . E não havia outra pessoa no mundo que eu queria que estivesse em seu lugar.
- ? - Chamei, interrompendo-o, e ele me olhou.
- O que? Quer que eu pare? Tô indo muito rápido? - Perguntou, preocupado.
- Não! Não quero que pare. - Pedi, suspirando em seguida. - Eu só queria dizer que te amo e que tô muito feliz que isso esteja acontecendo com você.
Ele sorriu e deslizou seus dedos levemente por minha barriga, fazendo com que eu me encolhesse.
- Eu também te amo. - Soprou contra minha pele e sorriu antes de voltar a mexer na barra de minha calcinha, abaixando-a lentamente. - Posso?
- Não precisa perguntar. - Sorri antes de deitar minha cabeça para trás e senti-lo deslizar a peça por minhas pernas até tira-la por completo.
Os beijos de foram descendo até minhas pernas, roçando próximos a minha virilha. Lentamente ele as afastou, beijando a parte interna, fazendo-me arrepiar e gemer baixo. Quando sua boca chegou a minha intimidade, eu juro que foi uma das melhores sensações que já senti na vida. Ele beijou a região lentamente, explorando cada canto até que seus lábios envolveram meu clitóris e ele chupou-o com vontade. Eu gemi, um pouco mais alto do que planejei, o que serviu de incentivo para que continuasse. Ele passou sua língua por toda a extensão dos lábios e começou a fazer movimentos circulares no clitóris, me estimulando.
Minhas mãos agarraram o lençol e puxei o tecido, tentando conter gemidos altos. Eu não havia tido outras experiências antes, mas, nossa, sabia o que estava fazendo. Eu reagia perfeitamente a cada toque que ele fazia, uma nova sensação se apossando de meu corpo a cada estímulo. De repente senti um dos dedos de em minha entrada, provocando-me, mas sem penetrar. Não demorou para que eu começasse a sentir uma sensação incrível se apossar de meu corpo, mais especificamente de minha intimidade. Meus gemidos aumentaram, o que fez com que afastasse sua boca de minha virilha, fazendo-me gemer em protesto.
- Eu não quero que você goze agora. - Explicou, passando a língua mais algumas vezes pela região para então se levantar.
ficou de joelhos na cama e levou suas mãos até sua calça, abrindo-a. Permaneci deitada, observando o homem que eu amo se despir. Antes de jogar a calça para longe, ele pegou uma camisinha no bolso da peça de roupa. Ele retirou sua boxer e eu, sem perceber, mordi meus lábios ao observar seu membro - e eu realmente não sei se dizer se foi de desejo ou nervosismo pelo que viria a seguir.
Depois de colocar a camisinha, ele se aproximou, deitando seu corpo sobre o meu. Uma de suas mãos permaneceu apoiada na cama e a outra ele levou até meu rosto, afastando meus cabelos e colocando-os atrás de minha orelha. Respirei fundo enquanto olhava em seus olhos.
- Tudo bem?
- Tudo bem. - Respondi, suspirando pesada e nervosamente.
- Certo. Qualquer coisa você me avisa e eu paro. - pediu e eu concordei com a cabeça.
Com a mão que estava em meu rosto, acariciou minha bochecha e, com a outra, ele posicionou seu membro em minha entrada e eu passei a língua pelos lábios e mordi-os ao senti-lo. Muito lentamente ele investiu contra minha intimidade, o que me fez fechar os olhos imediatamente para me acostumar com as novas sensações. Conforme ele se movia e entrava mais, a dor que eu sentia aumentava, mas, tão rápido quanto surgiu, ela foi desaparecendo, dando lugar a um prazer que eu não tinha ideia que existisse.
se movimentava lentamente, talvez com medo de me machucar, e eu agradecia por isso. Seu olhar estava fixo no meu e ele as vezes me dava selinhos e acariciava meu rosto, tornando o momento ainda mais incrível. De maneira gradativa, ele foi aumentando o ritmo em que se movimentava e logo estávamos em um universo só nosso, onde só existíamos nós dois e nada mais ao nosso redor.
Levei minhas mãos até as costas dele, passando a ponta das unhas e mantendo-o junto a mim. Arrisquei envolver minhas pernas ao redor de seu quadril, o que fez com que as sensações mudassem um pouco. Passei a gemer um pouco mais, alternando entre gemidos baixos e altos. me acompanhou, escondendo seu rosto em meu pescoço e gemendo contra minha pele. Fechei os olhos devido aos arrepios que isso proporcionou.
A mesma sensação que senti antes quando estava me chupando começou a reaparecer. O atrito entre nossas intimidades causava uma estimulação que estava me deixando maluca, me fazendo praticamente revirar os olhos.
- , eu acho que vou... - Comecei a falar, mas ele me interrompeu.
- Eu também. - Avisou, grudando ainda mais seu corpo ao meu e intensificando seus movimentos.
Fechei meus olhos, deixando que a sensação se apossasse completamente de meu corpo e abracei-o com mais intensidade, não querendo perder nem um pouco do contato. Não demorou muito e meus gemidos aumentaram. Sem perceber, cravei minhas unhas nas costas de , o que fez com ele gemesse e intensificasse ainda mais os movimentos. Poucos segundos depois a sensação aumentou e eu gemi alto várias vezes antes de sentir também chegar ao seu ápice dentro de mim, gemendo contra meu pescoço.
Demoraram alguns segundos para relaxarmos, mas quando o fizemos, se afastou rapidamente só para jogar a camisinha fora e então voltou para a cama. Eu me aninhei ao seu corpo e me inclinei sobre ele, levando minha mão livre até seu rosto e depositando um beijo calmo em seus lábios.
- Isso foi incrível. - Sorri para ele antes de deitar minha cabeça em seu peito, abraçando-o de lado.
- Foi mesmo. - Concordou e senti seus lábios tocarem o topo de minha cabeça. - A melhor parte foi ver você tão relaxada. Eu achei que você ia t...
- Travar? - Perguntei, erguendo meu olhar para ele novamente a tempo de vê-lo confirmar. - Eu também.
- Eu fico muito feliz que não. - disse, acariciando minhas costas. - Eu te amo, sabia?
- Eu também te amo. - Respondi, puxando o lençol para cima de nós dois. - Dorme aqui?
- Sem dúvidas. Acha que vou perder a chance de acordar e repetir o que acabamos de fazer? - Ele riu e eu o acompanhei.
- Acho uma ótima ideia. - Falei antes de voltar a me aninhar em seu peitoral. - Boa noite, amor.
- Boa noite, linda.
Sorri antes de fechar meus olhos e deixar o sono tomar conta de meu corpo.


Capítulo 20

Sorri para meus colegas e me despedi antes de sair rapidamente da sala. Ajeitei minha bolsa em meu ombro e troquei meus livros de mão, andando apressada até a saída da faculdade. A época de provas estava chegando, então eu estava uma pilha de nervos, estudando como se não houvesse amanhã. Era um pouco difícil conciliar os estudos com minha filha e com o trabalho, mas eu sempre dava um jeito. E, agora que tinha , tudo havia ficado mais fácil.
Avistei o carro dele estacionado do outro lado da rua e sorri, apressando o passo. Abri a porta traseira e deixei minha bolsa e meus livros, entrando depois e me sentando no lugar do carona.
- Oi. - Olhei para e abri um sorriso quando ele se aproximou e me deu um selinho.
- Oi. Como foi a aula? - Perguntou antes de dar partida no carro.
- Cansativa. As provas estão chegando e eu já tô estressada. - Suspirei baixo. - O que tem me relaxado é saber que o casamento da e do é amanhã!
- E poucos dias depois já é Natal, Ano Novo... - comentou. - Então assim que acabarem as suas provas, você vai poder descansar. Vai passar rapidinho.
- Sei que sim. - Sorri, fazendo um biquinho em seguida. - Mas antes preciso estudar, estudar e estudar...
- Eu te ajudo, se você quiser. - se ofereceu, e eu olhei desconfiada.
- Você fez medicina, pelo amor de Deus! - Ri, vendo-o fazer uma careta. - Você pode me ajudar cuidando da .
- Pode contar comigo. - Ele olhou para mim rapidamente e apertou minha coxa com sua mão livre. - Já estamos chegando, você desce ou eu?
- ama quando você vem buscar ela. - Eu disse a ele, sorrindo.
- Então, já volto. - se aproximou e me deu um selinho, saindo do carro em seguida.
Não demorou muito para que ele e retornassem e entrassem no carro. Minha filha, assim que se sentou em sua cadeirinha, estendeu uma maquete para mim.
- Mamãe, olha o que eu fiz hoje! - Ela disse quando eu peguei o objeto.
Era uma espécie de escultura que, obviamente, não fazia sentido algum. Mas estava orgulhosa, como se fosse a maior obra de arte que já havia feito em sua vida - e bom, talvez fosse.
- Tá lindo, filha! Vamos colocar na prateleira do seu quarto, tá? - Disse a ela, devolvendo a escultura.
- A gente pode comer torta de chocolate? Por favorzinho? - pediu, juntando as mãozinhas em frente ao rosto.
Eu olhei para e dei de ombros, dizendo que por mim, tudo bem. Ele sorriu.
- Vamos lá na padaria, o que acha?
- Sim, sim, sim! - Ela comemorou, batendo palminhas.
- Já vai ser a sua janta, tá? - Avisei e ela balançou a cabeça em confirmação.
sorriu para mim novamente antes voltar sua atenção para o trânsito. Não demorou muito para que ele estivesse estacionando o carro em frente a padaria. Descemos os dois e logo foi tirar de sua cadeirinha. Ela segurou nossas mãos, nos puxando em direção à entrada. Eu e nos entreolhamos e sorrimos. Assim que entramos, fui me sentar com enquanto foi pedir três fatias de torta de chocolate para nós.
- O que você quer tomar, meu amor?
Ela pensou por um momento antes de abrir um sorriso.
- Suco de morango!
Sorri para ela, concordando. Olhei ao redor, procurando um garçom para pedir as bebidas e franzi o cenho ao encontrar um rosto familiar. Eu a conhecia de algum lugar, só não estava conseguindo me lembrar de onde.
apareceu em minha frente, sentando-se ao meu lado.
- Já pediram algo pra tomar? - Ele perguntou e eu finalmente o olhei. - O que foi?
- Não sei, tô com a impressão de conhecer aquela mulher de algum lugar. E agora ela tá olhando pra cá. - Expliquei e seguiu meu olhar.
- É a Melissa.
Olhei para ele com os olhos um pouco arregalados em surpresa.
- A Melissa?
- Quem é Melissa? - perguntou, curiosa, levantando-se da cadeira para olhar. - Ela tá vindo pra cá, . - Avisei nervosa.
- Calma, ela queria te conhecer, lembra? - Ele disse antes de se levantar para cumprimentá-la. - Oi, Melissa.
- ! - Ela sorriu, dando um abraço no ex-marido. - Bom te ver!
- Bom te ver também. - Ele sorriu. - Essa é , minha namorada, e , sua filha.
- É um prazer te conhecer. - Melissa disse e eu me levantei para cumprimentá-la direito. - Estava curiosa, confesso!
- O prazer é meu. - Sorri para ela e fiz sinal para que se aproximasse. - Minha filha.
- Oi. - disse, abraçando meu corpo para se esconder.
- Oi, ! - Melissa riu. - Você é muito linda, sabia?
- Obrigada. - Ela agradeceu.
O garçom apareceu com nossas tortas e voltamos a nos sentar. Melissa ficou em pé, um pouco sem jeito.
- Quer sentar com a gente? - convidou e ela deu de ombros, sentando-se ao lado de minha filha.
Eu queria matar . Eu sabia que ele não sentia mais nada por ela, mas isso não me fez sentir menos confortável.
Aproveitamos que o garçom estava ali e pedimos nossas bebidas. Só depois voltamos a conversar.
- E Charlie?
- Tá com o pai dele. - Melissa explicou, tomando um gole de seu café. - Ele ia gostar de te conhecer, .
- Quem é ele? - perguntou de boca cheia.
- Ursinha, engole antes de falar, por favor.
Ela me olhou como se pedisse desculpas e depois voltou seu olhar para Melissa.
- É meu filho. Um pouco mais novo que você. - Melissa sorriu para ela, que retribuiu antes de pegar mais um pedaço da torta.
- Papai? - chamou . - Posso conhecer Charlie outro dia?
- Claro que pode. Né? - Ele olhou para mim e Melissa, e nós duas balançamos a cabeça em confirmação.
- Papai, é? - Melissa comentou sorridente e depois se voltou para mim, falando um pouco mais baixo. - Fico feliz que tenha encontrado vocês duas. De coração. É muito bom vê-lo feliz.
Não contive um sorriso. Talvez ela realmente não fosse tão ruim assim.
- Nós duas também estamos muito felizes. - Comentei depois de comer um pedaço da torta.
Nossas bebidas chegaram, e eu entreguei o suco de para ela e bebi um gole do meu café. Melissa esvaziou sua xícara e limpou a boca com um guardanapo, sorrindo em seguida.
- Eu não quero atrapalhar, então eu já vou indo. - Ela disse, ajeitando sua bolsa em seu ombro. - Gostei de muito de conhecer vocês duas.
- Nós também, Melissa. - Sorri para ela, levantando-me para me despedir.
fez o mesmo, abraçando a ex-mulher antes de ela se virar e se afastar. Depois ele me olhou com um sorriso no rosto.
- Viu só?
- Ela parece ser uma ótima pessoa. - Confessei e ele concordou.
- E ela é. - Ele sorriu, levando sua mão até a minha e entrelaçando nossos dedos. - Fico feliz que tenham se conhecido.
- Eu também.
Fui sincera, porque eu realmente havia gostado de Melissa e, bom, ela não representava ameaça alguma, pelo contrário.
Terminamos de comer em meio a conversas e risadas. Não demoramos a ir para casa, já que precisávamos acordar cedo no dia seguinte para o casamento de e , que aconteceria ao meio dia.

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- Meu Deus, amiga... - Exclamei emocionada assim que entrei no quarto e observei .
Ela estava deslumbrante. O vestido que usava era clássico, mas tinham alguns detalhes bordados em renda que o tornava incrível. Era possível enxergar sua barriga de sete meses de gravidez por baixo do tecido, o que tornou tudo ainda mais mágico. Seu cabelo estava preso em um coque e o penteado foi finalizado com uma pequena coroa. Parecia, literalmente, uma princesa.
Sorri abertamente ao mesmo tempo que meus olhos se encheram de lágrimas. Me aproximei dela, segurando em suas mãos.
- Você tá... Nossa. - Ri baixo, e ela me acompanhou. - Não consigo encontrar palavras.
- E eu não consigo parar de chorar. - Ela disse em meio ao sorriso, algumas lágrimas escorrendo por seu rosto. - Você já viu o ?
- Não. - Balancei a cabeça em negação. - Vou ver ele só um pouco antes de você. Como estão os nervos?
- À flor da pele. - Confessou, andando até o espelho de corpo inteiro que tinha ali, observando seu reflexo. - Estar grávida deixa tudo mais intenso.
- Eu imagino. - Ri ao me aproximar. - E Anne?
- Foi buscar nossa mãe, devem est...
- Meu Deus! - A voz de Louise nos interrompeu assim que entrou no quarto. - Meu Deus, filha!
se virou para que sua mãe a visse de frente. As duas se abraçaram enquanto a mais velha caiu em lágrimas.
- Tá na hora! - Anne apareceu para nos avisar.
Nós nos entreolhamos e abrimos um sorriso. Estava na hora. e iriam se casar.
Rapidamente saímos do quarto, deixando para trás. Ela precisava esperar mais um pouco. Fomos até a entrada do salão - que ficava dentro de um hotel. Anne se colocou ao lado de Mark e eu me juntei a . e Nick seriam os primeiros a entrar. Eles haviam ensaiado muito e estavam ansiosos.
- Você tá muito linda. - disse ao pé do meu ouvido e eu abri um sorriso, virando o rosto para lhe dar um selinho.
- Você também, . - Pisquei para ele.
- Preciso dizer que esse vestido é maravilhoso, mas não vejo a hora de tirá-lo. - Ele confessou e passou a mão por minhas costas, pousando-a um pouco acima de minha bunda.
Eu sorri ao ouví-lo e mordi o lábio internamente.
- Mais tarde, . Mais tarde. - Pisquei novamente e ele riu, balançando a cabeça. - O que foi?
- Você tá pegando minha mania de piscar.
- Aprendi com o melhor. - Dei de ombros e ri.
Logo a cerimonialista nos avisou que começaríamos a entrar. e Nick foram primeiro, caminhando de mãos dadas até o altar. Ela carregava uma pequena cestinha com algumas pétalas, e levava a caixinha com as alianças. Assim que os dois se posicionaram em seus lugares, foi a vez dos padrinhos. Alguns tios, tias e primos do casal entraram antes, e logo já era nossa vez. Mark e Anne entraram em nossa frente, andando calmamente até seus lugares. Depois, eu e entramos na igreja, seguindo o mesmo caminho.
Foi só então que eu parei para prestar atenção na decoração do local. A cor predominante era a branca, mas os detalhes eram todos em tons de rosa claro. Durante todo o caminho até o altar, haviam algumas flores rosas e brancas e uma iluminação que seguia até o final. No altar, havia algo parecido com um arco, decorado com mais flores. Nós, os padrinhos, ficamos nas laterais, enquanto embaixo do arco ficariam os noivos e o juiz de paz.
Voltei meu olhar para a frente, a tempo de ver Louise e Richard, pai de , entrarem juntos. Houve uma pequena pausa e só então entrou, acompanhado de Claire, sua mãe. Os dois estavam lindos e , como se fosse possível, estava ainda mais bonito que o normal.
Eu precisava muito lembrar de agradecer aos deuses por terem colocado o irmão dele em minha vida. Olhei rapidamente para , pensando em como eu era sortuda por tê-lo encontrado. Eu o amava tanto, meu Deus. Não me importaria de me casar com ele, no futuro.
Eu disse isso mesmo?
Ele me encarou, curioso com a forma como eu o olhava. Sorri e me aproximei para unir nossos lábios em um selinho rápido.
- Te amo.
- Também te amo. - Ele respondeu.
A música lenta que tocava se encerrou, apenas para, alguns segundos depois, dar início a marcha nupcial. Nós dois voltamos a olhar pra frente, assim como o restante das pessoas presentes.
Quando apareceu, suspiros foram ouvidos de todos os cantos. Eu não ousei desviar o olhar de minha melhor amiga durante toda sua caminhada, que durou cerca de um minuto. entrou juntamente com seu pai, que estava muito emocionado. Foi só quando ela parou em frente ao altar e seu pai entregou sua mão a , que eu prestei atenção no noivo. Seus olhos estavam muito vermelhos e ele chorava, já bastante emocionado.
- Seu irmão vai ter um ataque. - Eu comentei baixo com , que balançou a cabeça em concordância.
- Não é pra menos. tá linda.
- Né? - Sorri para ele antes de voltarmos a prestar atenção nos dois.
A cerimônia não foi muito comprida - a pedido dos noivos - mas foi incrivelmente bonita e muito intensa. e trocaram seus votos, prometendo amar e respeitar um ao outro pelo resto de suas vidas. Também foi feita uma homenagem ao bebê que estava por vir e que os tornaria uma família. Agora eles estavam oficialmente casados e a festa poderia começar.
A recepção do casamento foi no mesmo local, mas no salão ao lado, que era um pouco maior. A decoração do local seguiu os mesmos tons da anterior. O arranjo no meio das mesas era delicado e tinham alguns panos pendurados pelo teto, dando ao local um ar um pouco rústico. Pouco tempo depois, o jantar foi servido e a comida estava maravilhosa, como era de se esperar.
Quando chegou a hora da valsa, os recém-casados se dirigiram até o centro da pista de danças e os convidados se reuniram ao redor dos dois. Logo em seguida o baile começou. A festa estava linda, alguns convidados já estavam dançando e outros permaneciam sentados, conversando e bebendo em suas mesas. O que era o nosso caso.
Eu, , Anne e Mark estávamos sentados, observando as crianças correrem pelo salão, brincando com outras que também estavam na festa. Conversávamos sobre diversos assuntos e todos nós tínhamos um copo de bebida em mãos - menos Anne. Eu estava sentada no colo de e ele me abraçava pela cintura, mantendo meu corpo junto ao dele.
- . - Ele chamou, sua voz saindo em um sussurro próxima ao meu ouvido. Não contive um arrepio. - Você tá incrivelmente cheirosa. - A mão de deslizou por minha barriga até chegar em minha cintura, onde ele apertou levemente. - Vira pra mim.
Fiz o que ele pediu, virando meu corpo para poder olhá-lo. Ajeitei-me em seu colo e ele fez uma careta, balançando a cabeça em negação. Eu ri baixo e passei um de meus braços por seu pescoço, entrelaçado meus dedos no cabelo de .
- Não tem dó de mim, não? - Perguntou, aproximando seus lábios dos meus.
- Nem um pouco. - Assoprei contra seus lábios e movi mais um pouco meu quadril, vendo-o fechar os olhos em resposta.
O aperto em meu quadril se intensificou e eu grudei mais meu corpo ao dele.
- Você... - Ele disse, soltando o ar em seguida. - Gostosa.
Eu ri baixo e grudei meus lábios nos dele. Iniciamos um beijo intenso, mas que não durou muito, já que Anne e Mark nos interromperam.
- Queria avisar que vocês ainda estão em uma festa de família. - Mark disse, bebendo um gole de sua cerveja.
revirou os olhos e eu ri, me levantando e estendendo a mão para meu namorado.
- O quê? Você quer dançar? - Ele perguntou surpreso, mas se levantou. - Eu vou passar vergonha, né?
- Para! - Eu ri, enquanto o puxava para a pista de dança. - Eu nem danço tão mal assim.
- Ah, claro... - riu, puxando-me para perto dele, grudando nossos corpos.
Começamos a nos mover lentamente, seguindo o ritmo da música. Passei meus braços ao redor do pescoço dele, enquanto me abraçava pela cintura. Nossos olhos estavam fixos um no outro. Eu abri um sorriso pequeno, que logo foi retribuído por ele.
- Eu te amo tanto, sabia? - perguntou e deslizou uma de suas mãos até o meu rosto.
Tombei um pouco a cabeça para o lado, recebendo um carinho leve na bochecha.
- Eu também. Muito.
- Você já imaginou isso aqui pra nós dois? - Ele perguntou de repente.
- Isso aqui? - Franzi o cenho e olhou ao redor, mostrando que estava se referindo a festa. - Ah! - Exclamei quando me dei conta do que ele falava. - Casamento?
- É.
- Sim. - Confessei. - Mas não com uma festa tão grande... Algo íntimo, eu acho.
- Eu também. - Ele sorriu, deslizando sua mão para minha nuca em seguida, acariciando meus cabelos. - Até porque já casei uma vez, né... - Eu balancei a cabeça e acabei rindo ao ouví-lo. - Podemos fazer algo pequeno, íntimo. Talvez só um jantar.
- , você está me pedindo em casamento? - Arqueei as sobrancelhas, começando a ficar um pouco nervosa.
- Claro que não. - Ele riu. - Você merece um pedido oficial. Só tô fazendo planos. - Beijou a ponta de meu nariz, fazendo com que eu risse levemente.
- Certo. - Respirei aliviada e sorri para ele. - Concordo com um jantar íntimo. E sobre o que mais você faz planos?
- Hmm... - Ele murmurou, afastando o corpo do meu apenas para me girar no ritmo da música e me puxar de volta no segundo seguinte. Uma de suas mãos pousou um pouco acima de minha bunda e a outra voltou para meu rosto. - Filhos.
- Oi? - Perguntei, porque eu realmente não tinha ouvido direito o que ele falou.
- Eu faço planos sobre nossos filhos.
- No plural? - Ergui as sobrancelhas, um pouco surpresa.
- Pelo menos um. - confessou, e eu sorri, aliviada.
- Um eu topo. - Concordei, vendo-o sorrir alegremente.
- Mesmo?
- Mesmo.
- Vamos tentar agora?
- !
Ele gargalhou, grudando seus lábios nos meus. Entrelacei meus dedos nos cabelos dele, puxando alguns fios levemente, enquanto me puxou para mais perto - como se isso fosse possível. Continuamos a nos mover lentamente no ritmo da música, de maneira que não precisamos quebrar o beijo.
Ali, fazendo planos com sobre nosso futuro, eu tive certeza de que não precisava de muita coisa para ser feliz, desde ele fizesse parte de minha vida e de .


Capítulo 21

- Já estamos quase chegando. - Ouvi falar e abri os olhos, piscando algumas vezes para me acostumar com a claridade.
- Uhul! - deu um gritinho animado e eu não pude deixar de rir.
- Que sono, hein? - disse e eu dei de ombros.
- Sono atrasado, você sabe. - Abri um sorriso para ele. - Agora vamos finalmente poder descansar por alguns dias.
Estávamos indo para a casa de praia dos pais de , mas, dessa vez, era para comemorar o Ano Novo. Estariam todos presentes, menos e , que haviam viajado logo após o Natal, para a lua de mel.
Depois do casamento deles, os dias passaram voando. Precisei me afastar um pouco de tudo para estudar para as provas finais e tinha conseguido ir bem em todas. Logo depois veio o Natal, que nós comemoramos na casa dos recém-casados, juntamente com toda a família. Não é exagero dizer que foi um dos melhores Natais da minha vida - só não sendo o melhor de todos porque minha mãe não estava comigo.
E agora já era dia 30 de dezembro, penúltimo dia do ano. A época de olhar para trás e ver tudo o que conquistamos durante o ano que se passou. Era o momento de ser grato a tudo, e se preparar para o próximo ano.
E, pela primeira vez em alguns anos, eu tinha muito a agradecer.
- Chegamos! - anunciou assim que estacionou o carro.
Nós três descemos do veículo, e ele foi pegar nossas malas enquanto eu tirava da cadeirinha. Assim que ela ficou livre, saiu correndo em direção a Nicholas, que já a esperava na porta de casa. Ri ao observar os dois se abraçarem, quase tropeçando em seus próprios pés, antes de saírem correndo pra dentro de casa.
- Esses dois... - Comentei enquanto pegava minha bolsa dentro do carro.
- Acho que, no futuro, pode ser que eles fiquem juntos. - disse, segurando as malas em mãos.
- Já falei sobre isso com Anne. Seria lindo! - Disse pensativa, fazendo rir. - Vamos?
Ele concordou com a cabeça e nós dois seguimos em direção a casa. Assim que entramos, soltamos as malas e fomos cumprimentar todos. Estavam ali os pais de , Claire e Richard, os pais de Anne, Louise e Philip, e Anne e Mark. Depois disso, fomos até o quarto que era de , onde passaríamos as próximas noites. Ajeitamos nossas coisas nos armários e descemos para interagir com o pessoal.
- Ai, que cheiro maravilhoso. - Comentei ao entrar na cozinha, encontrando Anne, Louise e Claire preparando algo para o jantar. - O que é isso?
- Eu tô fazendo um risoto. - Anne comentou e eu lambi os lábios, só agora percebendo como estava com fome.
- Nós duas estamos só ajudando com a salada. - Louise se referiu a ela e Claire. - Os homens estão lá fora preparando uma carne para comermos.
- E as crianças?
- Lá fora brincando. - Claire disse e sorriu para mim. - Posso te pedir pra fazer algo, querida?
- Claro, no que eu puder ajudar...
- Você pode arrumar a mesa pra gente?
- É pra já. Lá fora, pode ser? - Perguntei, já abrindo o armário para pegar os pratos.
- Claro, é até melhor. - Claire sorriu e eu retribuí.
Coloquei os pratos e os talheres em cima de uma bandeja e levei para a área externa da casa. Retornei à cozinha para pegar os copos e guardanapos. Rapidamente arrumei tudo na mesa e só então me aproximei da área da churrasqueira, onde os homens estavam.
- Tô com fome. - Anunciei assim que cheguei, sendo recebida com risadas. - Lá dentro tá quase tudo pronto.
- Aqui também. - Mark avisou. - Se quiser avisar Anne, já da pra trazer as comidas.
- Ok, já volto. - Antes de ir, dei um selinho rápido em .
Quando cheguei na cozinha, Anne já estava servindo o risoto em uma travessa grande e a salada também já estava pronta, então fomos as quatro lá para fora novamente. Colocamos as comidas na mesa ao mesmo tempo que Mark serviu as carnes.
- , Nicholas, venham comer! - Anne chamou os dois, que rapidamente se aproximaram, sentando-se lado a lado na mesa.
Não demorou para estarmos todos sentados a mesa, comendo o jantar maravilhoso que haviam feito. Em meio a muitas risadas e assuntos diversos, encerramos a penúltima noite do ano. Era muito bom saber que agora eu e tínhamos uma família.

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- Bom dia, flores do dia! - disse assim que entrou na cozinha junto comigo, fazendo Louise e Claire, que já estavam sentadas tomando café da manhã, rirem.
- Bom dia. - Cumprimentei as duas mulheres, sentando também na mesa. - O que você quer comer, ursinha?
- Eu fiz bolo de chocolate pra você, . - Claire, minha sogra, comentou.
abriu um sorriso enorme, olhando para mim como se pedisse permissão.
- Primeiro come uma fruta, tá? Qual você quer? - Ofereci a ela.
- Banana! - Ela pediu e eu rapidamente a entreguei, vendo-a descascar para comer.
- É muito fácil agradar essa menina. - Eu ri para as duas mais velhas e elas concordaram.
- E é um prazer também, . - Claire disse. - Tenho um carinho muito grande pela sua menininha.
- Eu também gosto de você, vovó Claire. - falou de boca cheia.
Claire só faltou chorar. Ela olhou para mim com os olhos brilhando e depois voltou seu olhar para . Rapidamente se levantou e foi até minha filha, abraçando-a.
- Vovó? - Claire perguntou apenas para confirmar, e a olhou com uma cara estranha.
- Sim, ué. Meu papai é o , então você é Vovó Claire. - Explicou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Claire riu, feliz, e abraçou-a ainda mais.
- Tá apertando eu, vovó. - reclamou e a mais velha se afastou, ainda rindo.
No mesmo momento, apareceu na cozinha, sorrindo para a cena que viu.
- Bom dia! - Ele cumprimentou. - O que aconteceu?
- Eu chamei ela de vovó Claire e ela ficou me apertando, papai. - Ela explicou, fazendo com que nós déssemos risadas.
- Mesmo? - sorriu enormemente, aproximando-se da mãe para cumprimentá-la com um beijo no rosto antes de se voltar para . - Quero saber, bonitinha, quando tempo você vai demorar pra terminar esse café, pra podermos ir brincar na praia!
- Posso entrar na água?
- Não, amor. Tá muito frio. Mas pode ir brincar na areia. - Expliquei a ela.
- Já posso comer bolo de chocolate? - Ela perguntou novamente, encarando o bolo com os olhos brilhando. Eu balancei a cabeça em confirmação e ela imediatamente pegou seu prato. - Vovó, um pedaço, por favorzinho.
Eu e rimos do jeito que falou e da expressão apaixonada no rosto de Claire. Me levantei da mesa e levei meu prato até a pia, lavando-o rapidamente. Quando terminei, me virei e encontrei me encarando. Ele fez sinal para que saíssemos da cozinha e assim o fizemos.
- O que foi? - Perguntei ao olhá-lo.
se aproximou e passou os braços pela minha cintura.
- Lembra que você tinha medo de me chamar de pai? - Ele perguntou, um sorriso divertido em seu rosto. Eu balancei a cabeça em confirmação. - Ainda tem?
Sorri de canto e passei meus braços ao redor do pescoço dele. Uma de minhas mãos deslizou até seu rosto, onde acariciei sua barba rala. Aproximei meus lábios dos seus, roçando-os levemente.
- Não mais, . - Soprei contra seus lábios. - Não mais.

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- 4, 3, 2, 1... Feliz Ano Novo!
Estávamos na beira da praia, com os pés descalços, pisando na areia, comemorando a chegada de mais um ano. Eu e selamos os lábios, trocando um beijo rápido antes de irmos abraçar o restante das pessoas.
- Feliz ano novo, amiga! - Anne disse assim que se aproximou para me abraçar.
- Feliz ano novo, que seja incrível! - Desejei a ela. - E que esse bebê venha com muita saúde!
- Amém. Só tenho a agradecer por ter colocado você em minha vida, . - Ela sorriu, sincera.
- Eu também. Amo você! - A abracei mais uma vez.
- Mamãe, mamãe! - e Nicholas nos chamaram ao mesmo tempo, os dois de mãos dadas. - Feliz Ano Novo!
- A gente fez igual vocês adultos fizeram. Foi nojento. - contou, fazendo uma careta.
Nicholas, ao seu lado, fingiu que ia vomitar. Eu e Anne franzimos o cenho, um pouco confusas.
- Fizeram o que?
- A gente beijou assim, na boca. - contou e levantou os braços para o alto, um pouco indignada. - Foi ideia do Nicholas.
- Não foi, não! - Ele soltou a mão dela e cruzou os braços.
- Foi sim! - retrucou, mostrando a língua para ele.
- Vocês beijaram? - Foi Anne quem perguntou.
Antes que eu percebesse, estava no meio de um ataque de risos.
- O que aconteceu? - apareceu ao meu lado.
- Esses dois deram um beijo! - Anne contou, fingindo indignação.
- Na boca! - e Nick contaram mais uma vez, fazendo caretas de nojo.
- E vocês gostaram? - questionou, segurando o riso.
- Não. Blé. - Nick respondeu.
- Eca! - revirou os olhos. - Nunca mais vou beijar ninguém.
- Nem eu! - Nicholas cruzou os bracinhos. - Vamos brincar?
- Vamos!
Os dois saíram correndo de mãos dadas, jogando areia para cima. Eu, e Anne nos entreolhamos e caímos na risada.
- Meu Deus. - Eu comentei, ainda rindo.
- Por que eles saíram correndo desse jeito? - Mark questionou ao se aproximar.
- Vocês viram o que os filhos de vocês fizeram? - Louise perguntou, aproximando-se com Philip, Richard e Claire.
- Sim, já estamos sabendo. - Anne riu, abraçando seu marido de lado. - Quando eu digo que esses dois vão crescer e ficar juntos...
- Torço pra isso. - Eu concordei, aproximando-me de .
- Vamos entrar? - Claire perguntou e todos nós concordamos.
Continuaríamos o resto da comemoração dentro de casa, afinal, o frio estava intenso. O restante da noite se passou tranquilo. Bebemos mais um pouco, até que as crianças começaram a dar sinal de cansaço e resolvemos ir deitar. Sairíamos cedo no outro dia para ir a Birmingham, então o descanso era bem-vindo.

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- Mamãe, onde estamos indo? - perguntou do banco de trás.
- Lembra onde você e eu morávamos antes, com a vovó Angie? - Perguntei, me virando para falar com ela. Vi ela balançar a cabeça em confirmação. - Nós viemos visitar a cidade. Vamos lá onde sua vó tá dormindo. Lembra?
- No mecitério? - Ela perguntou e eu ouvi rir baixo.
- Cemitério, bonitinha. - Ele a corrigiu.
- Mas foi isso que eu disse. - fez uma careta como se fosse maluco. - Posso levar flores?
- Pode. Lembra quais eram as preferidas dela? - Perguntei e ela balançou a cabeça positivamente.
- Margaridas!
estacionou o carro em frente a uma floricultura, já perto do cemitério. fez questão de descer do carro para escolher as flores, mesmo eu tendo dito que margaridas são todas iguais. Ela escolheu um buquê enorme, mas preferi não contrariá-la. Fomos a pé até o cemitério, no meio, segurando nossas mãos. Caminhamos em silêncio até o túmulo já tão conhecido por mim. Eu e minha filha nos aproximamos e se manteve um pouco atrás, nos dando um pouco de espaço.
Me abaixei, puxando junto comigo. Abracei minha filha enquanto nós duas prestávamos nossas homenagens. Em silêncio, contei para minha mãe tudo que havia acontecido no último ano. Mencionei e , Anne e Mark, e até seus pais. Agradeci por ter aparecido em minha vida e disse a ela que não precisava mais se preocupar comigo e com . Estávamos bem, apesar de sentir muita falta dela.
- Mamãe? - me chamou e eu desviei meu olhar para ela, fungando baixo. - Você tá chorando?
Só então percebi que algumas lágrimas escorriam por meu rosto. Sorri para ela, limpando as lágrimas.
- Mamãe sente muita falta da sua vó, ursinha. - A abracei, mantendo-a junto a mim. - Muita falta mesmo.
- Eu também. - respondeu e se afastou, colocando suas mãozinhas em meu rosto, segurando-o. - Mas não precisa chorar, mamãezinha. Você sempre fala pra mim que somos nós duas contra o mundo!
Ri baixo e aproximei meus do rosto de , beijando a ponta de seu nariz.
- E sempre continuaremos assim, amor. - Ajeitei o cabelo dela atrás da orelha. - Sempre.
- Promete? - perguntou, erguendo as sobrancelhas.
- Prometo. - Sorri para ela antes de ser envolvida em mais um abraço.
A saudade que eu sinto de minha mãe nunca irá diminuir. Mas eu sei que onde eu estiver, ela sempre estará comigo.
- Deixa as flores pra ela, ursinha. - Pedi a e ela se virou, andando até o .
Ele a entregou o enorme buquê, que era tão grande que cobria o rosto inteiro de . Ela voltou até o túmulo de Angie e deitou as flores delicadamente sob a pedra. Sorri para a cena e me levantei. veio até o meu lado e entrelaçou sua mão na minha. Olhei para trás e chamei , que caminhou até nós e me abraçou de lado.
Ficamos mais alguns minutos em silêncio, até que decidi que já era hora de irmos embora. Mas me surpreendeu, pedindo um tempo sozinho com minha mãe. Franzi o cenho ao ouví-lo, mas me afastei juntamente com . Vi quando ele se abaixou, falando algumas palavras antes de tocar o túmulo e depois se afastar. Ele veio até nós com um singelo sorriso nos lábios. Enquanto andávamos até o carro, não aguentei e tive que perguntar:
- O que você falou pra ela?
- Disse que a filha dela é incrível, uma das mulheres mais fortes que eu conheço, e que eu a amo e pretendo, no futuro, casar com ela. - Ele me olhou de soslaio, sorrindo abertamente. - Também disse que ela fez um ótimo trabalho ao te criar, e um melhor ainda ao ajudar na criação de . E pedi pra que ela não se preocupe, porque, de agora em diante, eu estarei sempre com vocês.
Eu parei de andar, absorvendo as palavras dele.
- O que foi? - perguntou, virando-se para ver porque eu tinha parado.
Não pensei duas vezes em me jogar em seus braços. Ouvi gargalhar, enquanto levava suas mãos até minhas pernas para me manter em seu colo.
- Eu te amo. Meu Deus, eu te amo, eu te amo tanto... - Repeti várias vezes, enchendo o rosto dele de beijos, fazendo-o rir.
- , tá babando todo eu. - Ele imitou e eu gargalhei, jogando a cabeça para trás. - Eu também te amo, meu amor.
- Eu também amo vocês! - gritou, jogando os bracinhos ao redor de nós dois.
Eu sorri e desci do colo de , pegando no colo, colocando-a no meio de nós dois. Olhei para e ele rapidamente entendeu o que eu queria. Nós dois nos aproximamos de e depositamos vários beijos por seu rosto, fazendo-a se encolher de tanto que ria.
- Tá babando eu, tá babando eu! - Ela gritou, erguendo os bracinhos, como se pedisse por uma trégua.
Soltamos ela no chão, ainda rindo um pouco.
- Vocês dois são muito bobos! - Ela comentou, cruzando os bracinhos. - Mas eu amo muito você, mamãe - ela deu a mão novamente para mim - e eu amo muito você, papai. - Deu sua outra mão para .
Ele abriu um sorriso de ponta a ponta e me olhou. Retribuí seu sorriso e juntos, dissemos que também a amamos.
O resto do dia foi tranquilo. Passeamos por toda a cidade. nos levou até a casa de seus pais, onde eles ainda moravam e onde ele e cresceram. Almoçamos em um dos meus restaurantes preferidos e fomos a um parque. brincou tanto que assim que entramos novamente no carro, entrou em um sono profundo. Agora, estávamos a caminho da minha antiga casa, para que visse onde morávamos. Ele estacionou o carro em frente à construção de dois andares. Era uma casa antiga e relativamente pequena, rodeada por outras casas iguais a ela, só que em cores diferentes.
- Quer descer do carro? - me perguntou e eu neguei com a cabeça.
Abaixei o vidro, observando como o local não tinha mudado nada. Quem quer que morasse ali hoje, não tinha se empenhado nem em retocar a pintura da casa, que estava péssima.
- Aquela janela ali era do meu quarto e a do lado era a dos meus pais. - Apontei para que visse. - E aquela ali em baixo, era a da sala.
Ele sorriu, levando sua mão até minha coxa em um carinho delicado.
- Você sente falta daqui?
- Pra ser sincera, não. Minhas lembranças dessa casa não são as melhores, e eu n...
Parei de falar ao ver a porta se abrir. Um homem saiu e caminhou até a caixa de correspondências. Foi só então que eu o reconheci. Meu corpo inteiro ficou tenso e eu levei minha mão até a de , apertando-a.
- O que foi? Você o conhece? - Ele perguntou, aproximando um pouco mais o rosto da janela para conseguir ver.
- Sim. - Respondi, ainda em choque. - É o meu pai, .
Não sabia como, nem porque ele tinha voltado a morar na casa que era minha e de minha mãe, e, sinceramente, eu nem queria saber.
- Seu pai? - arqueou as sobrancelhas. - Melhor irmos embora, não?
- Sim, por favor. Antes que ele me veja. - Falei rapidamente, movendo minhas mãos de maneira nervosa.
deu partida no carro. Andamos algumas quadras em silêncio, até que ele parou novamente.
- Tá tudo bem?
Balancei a cabeça em negação. soltou o cinto que o mantinha em seu lugar e fez o mesmo com o meu, depois me puxou para um abraço. Desabei no mesmo momento, escondendo meu rosto em seu pescoço enquanto ele acariciava meu cabelo. Ficamos assim por alguns segundos, até eu me acalmar, o que aconteceu depois de respirar fundo várias e várias vezes.
- Desculpa. - Pedi assim que nos afastamos e ele balançou a cabeça em negação, segurando meu rosto entre as mãos. - Eu não tava preparada pra isso, e...
- Ei, tá tudo bem. - assegurou, acariciando minha bochecha com seu polegar.
- Todos os momentos voltaram e eu só consegui sentir medo, .
Ele sorriu em compreensão, seus polegares agora passando pelo caminho que minhas lágrimas tinham feito, limpando meu rosto.
- Tá tudo bem. Eu tô aqui agora. - Ele me lembrou. - E ninguém nunca vai fazer mal a você ou a .
- Obrigada.
- Como é que você diz a ? - Ele fez uma cara pensativa. - Ah! Nós duas contra o mundo, né? Você já pode começar a dizer, se você quiser, claro... - Fez uma pausa e eu franzi o cenho, sem entender. - Nós duas e contra o mundo. - Completou e eu ri, antes de envolver meus braços ao redor dele, abraçando-o novamente.
- Você não existe.
- Existo. E vou estar sempre com vocês duas.
A certeza presente em sua voz foi o que confortou meu coração. Aquele homem em minha frente era inacreditavelmente incrível. E eu o amava, exatamente por isso.


Capítulo 22

- Então, a partir de agora, pode acontecer a qualquer momento. - O médico avisou e eu a olhei em expectativa. - Me ligue a qualquer sinal, tudo bem?
- Certo. - respondeu, sorridente. - Muito obrigada, Dr.
Já estávamos em fevereiro. A barriga de estava a ponto de explodir. Ela havia me chamado para ir ao médico com ela, já que tinha uma reunião importante com um cliente e não podia desmarcar.
Saímos as duas do consultório. O sorriso enorme não saía de seus lábios.
- O que acha de encerrarmos o trabalho por hoje e irmos tomar um café? Depois eu vou com você buscar na escolinha.
- Por mim, tá ótimo. - Sorri enquanto esperávamos o Uber em frente a clínica. - Eu vou avisar ao que não precisa me buscar.
- Quando você vai aprender a dirigir, hein? - me olhou em expectativa e eu dei de ombros. - Não precisaríamos estar usando Uber, você podia ser minha motorista particular no fim da gravidez. - Ela riu e eu a acompanhei.
- Amiga, eu realmente não tenho vontade. Me viro bem com Uber, taxi e com caronas. - Sorri convencida e ela rolou os olhos. - Ali, vamos.
O carro se aproximou e nós duas entramos no banco de trás. O caminho até a cafeteria não foi longo e eu agradeci mentalmente por isso, porque estava com muita fome.
Assim que entramos no café, logo fomos nos sentar. pediu um suco e um pedaço de bolo e eu pedi um cappuccino e um waffle.
- Como estão as coisas com ? - perguntou, tomando um gole de seu suco.
- Ótimas. - Sorri sincera depois de soltar minha xícara na mesa. - Não poderia estar mais feliz.
- Isso é muito bom de ouvir. - Ela respondeu. - Vocês têm feito planos?
- Falamos sobre o futuro no seu casamento. - Contei, comendo um pedaço do waffle. - Mais pra frente, quem sabe...
- Eu o ouvi conversar com . - contou e eu arregalei os olhos. - Calma, não é o que você tá pensando. - Ela riu e eu suspirei, aliviada. - Ele disse que não consegue mais imaginar ficar sem você e , e quer construir um futuro com vocês duas.
- Eu o amo tanto, . - Confessei ao ouvi-la, suspirando apaixonadamente em seguida. - Eu realmente achei que estava fadada a ficar sozinha pra sempre, sabia?
- Sabia. - riu. - Você disse algo do tipo na primeira vez que saímos. Mas era só porque você ainda não tinha conhecido .
- Sim. - Concordei, comendo mais um pouco do waffle. - Ele é incrível.
- Ai, ai... Quando te conheci naquele vagão de trem, nunca imaginei que você namoraria o irmão do meu marido.
Sorri ao lembrar do dia em que nos conhecemos. Incrível pensar que já estava perto de fazer um ano que me mudei. Antigamente, quando me visualizava morando em Londres, eu imaginava que minha vida mudaria, mas não que as mudanças seriam tão rápidas. Nunca cresci tanto como no último ano, nunca me senti tão bem e tão amada, rodeada de pessoas incríveis. Eu não tinha do que reclamar.
Tomei mais um gole de meu cappuccino e peguei meu celular, checando o horário. Acabei vendo que havia uma mensagem não lida de , avisando pra eu não me preocupar que ele buscaria e eu podia ir direto para casa.
- vai buscar . - Contei a assim que guardei o aparelho na bolsa. - Quer fazer mais alguma coisa?
- Preciso passar no shopping comprar algumas coisas pro bebê. - deu de ombros. - Vamos comigo?
Rapidamente balancei a cabeça em confirmação e assim que terminamos de comer, já saímos em direção ao shopping, que era bem próximo. Fomos andando e em menos de cinco minutos já estávamos andando pelas lojas.

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Assim que abri a porta de casa, encontrei e sentados no chão da sala, com alguns cadernos e livros espalhados na mesa de centro. Ele provavelmente a ajudava a fazer a tarefa de casa. Panqueca veio até mim, esfregando-se nas minhas pernas.
- Mamãe! - praticamente berrou assim que me viu abrir a porta de casa, levantando-se.
fez o mesmo e os dois andaram em minha direção.
- Ei, ursinha. - Disse assim que soltei minha bolsa em cima da mesa, mantendo uma mão escondida atrás de meu corpo. se aproximou para me dar um selinho. - Oi, amor.
- O que você tem escondido aí? - perguntou, tentando espiar atrás de mim. Ela deu alguns pulinhos, praticamente pulando em cima de mim e eu ri.
- ? - quis saber, também rindo.
- Trouxe Burguer King! - Mostrei a sacola com os lanches e gritou empolgada. - Mas...
- Eu já terminei tarefa, eu já terminei! - Ela avisou, batendo palmas empolgada. - Papai me ajudou.
Olhei para e ele confirmou com a cabeça. Sorri para os dois.
- Pra cozinha, então!
Mal tinha terminado de falar e minha filha já corria em direção a cozinha. riu e se aproximou. Passou seu braço por minha cintura, me puxando para perto e juntando seus lábios nos meus em um beijo rápido.
- Como foi seu dia? Tudo bem com ? - Ele perguntou, me encarando.
- Um pouco cansativo, mas tudo certo. - Sorri, dando mais um selinho nele antes de me afastar para irmos até a cozinha. - tá bem, o bebê pode nascer a qualquer momento. E o seu?
- Consultório cheio. - sorriu. - Não posso reclamar.
Quando entramos na cozinha, encontramos já sentada na mesa, esperando por seu lanche. Panqueca estava na cadeira ao lado dela e ela falava baixinho com ele.
- Você não pode comer, mas eu te dou um pouq... - Ela parou de falar quando nos viu e abriu um sorriso forçado, disfarçando. - Tô com fome!
Eu quis gargalhar, mas me contive. Coloquei os lanches na mesa e abri, rapidamente entregando um para cada um. Jantamos ouvindo histórias de e logo depois fui ajudá-la a tomar um banho. Enquanto eu a colocava para dormir, organizou as coisas na cozinha. Cerca de vinte ou trinta minutos depois, eu voltei para a sala, encontrando-o sentado no sofá. Me aproximei devagar, tocando seus ombros em uma massagem leve.
- Ei. - Ele virou a cabeça, sorrindo levemente. - Tô um pouco cansado. Se importa se eu dormir em casa hoje? Preciso dar atenção pro Bóris e pra Leia também.
Balancei a cabeça em negação e me abaixei, aproximando meus lábios da bochecha dele, depositando um beijo por ali, sem interromper a massagem que eu fazia.
- Eu estava pensando... - Ele voltou a falar. - Eu passo mais tempo aqui do que no meu próprio apartamento...
Franzi o cenho e cessei a massagem, dando a volta no sofá e me sentando ao lado de .
- O que você acharia de morarmos juntos?
Arqueei as sobrancelhas em surpresa e arregalei um pouco os olhos, pega desprevenida pela proposta.
- Você não acha que esse apartamento é pequeno pra nós três, dois gatos e um cachorro? - Perguntei e ele riu, balançando a cabeça.
- Quem disse que íamos continuar aqui? Pensei em uma casa. - Ele deu de ombros.
- Você tá falando sério? - Perguntei um pouco incrédula.
- Sim! - afirmou e levou suas mãos até as minhas. - Não precisa responder agora. Pode pensar.
Estreitei os olhos, um pouco desconfiada, como se estivesse pensando.
- Eu topo.
- Já pensou? - gargalhou, puxando-me para o seu colo.
Coloquei uma perna de cada lado de seu corpo e passei meus braços por seu pescoço.
- Mas vamos procurar com calma, ok?
- Ok. Não tenho pressa. - Ele sorriu antes de unir seus lábios aos meus em um beijo intenso que nos deixou sem folego ali mesmo, no sofá da sala.

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Senti algo tocar meu ombro e me revirei na cama, puxando as cobertas para cima de mim.
- . - Ouvi me chamar e resmunguei baixo.
Que hora eram, por Deus?
- , precisamos ir pro hospital. - Ele avisou e eu abri os olhos imediatamente. - .
Chutei as cobertas para longe e me sentei, esfregando os olhos.
- Já? - Perguntei ao levantar da cama.
- Parece que a bolsa estourou e as contrações já começaram. - contou, se movimentando de maneira ansiosa pelo quarto. - ligou, é pra encontrarmos eles lá.
- Certo. E ? - Quis saber enquanto vestia a primeira roupa que vi em minha frente. - Que horas são, afinal?
- Quase seis horas. - Avisou na porta do quarto. - Vamos ter que levar ela junto. Hoje é sábado e não tem escolinha, então...
- A gente se reveza. Nick provavelmente vai estar lá também. Acorda ela, por favor?
balançou a cabeça em confirmação e saiu do quarto. Calcei meus sapatos e segui até o banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e antes de sair, peguei um casaco fino.
- , ursinha? - Chamei quando entrei no quarto e apontou para o banheiro.
Minha filha saiu de lá com o rosto amassado de sono e com os bracinhos cruzados.
- Tô com sono, mamãe. - Ela avisou, batendo os pezinhos no chão.
- Você já volta a dormir, amor. Vamos só colocar uma roupa pra podermos sair, ok?
balançou a cabeça em confirmação e veio até mim lentamente. Rapidamente peguei uma roupa e tirei o pijama que ela vestia. Em menos de cinco minutos já estávamos dentro do carro em direção ao hospital. dirigia enquanto eu estava no banco de trás com adormecida em meu colo.
Assim que entramos no hospital, pegou de meu colo e caminhamos diretamente para a área onde nos avisou que eles estariam. Anne, Matt e Nicholas já estavam ali, juntamente com os pais de . Só faltavam os pais de e , que provavelmente iam demorar um pouco já que moravam em Birmingham.
- Como ela tá? - Perguntei a Anne quando ela saiu do quarto de .
- Tá bem. Quer te ver. - Ela avisou. - Você e . Vão lá, eu fico com .
Sorri para ela e fui chamar . Andamos até o quarto de e dei duas batidas na porta antes de entrar. Minha amiga estava andando pelo quarto, provavelmente estava no intervalo entre as contrações e a acompanhava, parecendo mais nervoso que ela.
- Tudo bem? - Perguntei assim que me aproximei e sorriu, balançando a cabeça em confirmação.
Seus cabelos estavam grudados em seu rosto, e ela tinha as duas mãos na barriga, como se segurasse sua barriga. De repente, seu rosto se contorceu e ela rapidamente se apoiou nas barras ao lado da cama, respirando fundo várias e várias vezes. se aproximou, colocando-se ao lado dela, e eu permanecemos afastados, não querendo atrapalhar o momento.
- As contrações são péssimas, né? - Ela ofegou depois de alguns segundos, olhando diretamente para mim.
- Eu não sei. Fiz cesárea. - Encolhi os ombros e cruzei os braços, voltando a me aproximar dela. - Muito trauma pra...
- Eu entendi. - sorriu, como se dissesse que eu não precisava me explicar. - Eu quero normal, mas caso ocorra qualquer coisa, não me importo de fazer cesárea.
- E o médico?
- Disse que vamos tentar até o último momento. - Ela sorriu, esperançosa.
- Eu não vou aguentar até lá. - comentou quando ele e se aproximaram. rolou os olhos e eu ri baixo.
- Vai sim. - Ela disse firme e eu rimos da careta que fez.
- E o pai e a mãe? - perguntou.
- Iam sair de Birmingham quando liguei, devem chegar em uma ou duas horas no máximo. - avisou e se afastou com em seu encalço.
Os dois se sentaram no pequeno sofá que havia no quarto e eu e nos olhamos e sorrimos.
- Tem previsão de tempo, amiga?
- Não tem como saber. Minhas contrações ainda estão bem espaçadas... - Ela suspirou e sentou-se na cama. - Eu até ia falar que vocês não precisavam vir agora, mas quase teve um ataque e disse que queria todo mundo aqui porque tá muito nervoso.
- Eu não vou a lugar algum. - Sorri para e levei minha mão até a dela. - e Nick estão dormindo, Anne tá com eles, seus pais estão aí, tá tudo certo. Ninguém vai pra casa.
- Sei disso. - apertou minha mão e me agradeceu. - Amor? - Ela chamou por e ergueu as sobrancelhas sugestivamente.
Franzi o cenho, encarando , mas ele deu de ombros, também sem entender.
- Nós temos um convite pra vocês dois. - Foi quem explicou. - Queremos que sejam os padrinhos do nosso filho.
Eu olhei para e ela sorria em minha direção. Abri um sorriso enorme antes de confirmar animadamente, junto com . Me aproximei de e a abracei, agradecendo.
- Claro que sim! - Disse ao me afastar. - Fico muito feliz pelo convite, amiga. - Jurava que você ia chamar Anne.
- Ah, eu entrei em uma briga com Anne, mas tudo certo. - Ela riu e eu a acompanhei. - Brincadeira, ela ficou super feliz tamb...
interrompeu sua fala e apertou as laterais da cama, respirando fundo. Mais uma contração a atingiu e eu franzi o cenho enquanto a observava se acalmar.
- Não foi muito perto da outra? - Perguntei quando acabou e ela confirmou.
- Acho que os intervalos estão cada vez menores. - Ela suspirou, passando a mão por sua testa. - Tomara que continue assim. Cá entre nós, eu não vou aguentar ficar dias e dias em trabalho de parto. - Ela comentou e eu ri baixo. Minha barriga roncou e eu a olhei para confirmar se ela tinha ouvido. - Você tomou café antes de sair de casa?
- Não, mas não t...
- , vai comer algo. - Pediu e eu balancei a cabeça em confirmação. - Tem mais gente aqui, não vou ficar sozinha.
- Sei disso. - Me aproximei para dar um beijo em sua testa.
Fui até e nós dois resolvemos sair para ir até o refeitório comer algo. Deixamos e no quarto e nos dirigimos até onde Anne estava com Mark, as crianças e seus pais.
- Nós vamos comer algo. Alguém quer alguma coisa? - perguntou.
Anne e Mark se entreolharam e Louise rapidamente disse que ficaria com as crianças para que pudéssemos todos ir tomar um café, e foi o que fizemos. Não demoramos muito, já que nossos filhos estavam dormindo e os pais de podiam chegar a qualquer momento.
O restante da manhã passou lentamente. As contrações de estavam cada vez menos espaçadas, o que aumentava a ansiedade de todos nós. Por enquanto, estava tudo se encaminhando para um parto normal, do jeito que ela queria.
e Nick já haviam acordado e Louise levou os dois para comer algo. Pouco tempo depois, os pais de chegaram, e agora estávamos todos sentados na sala de espera, apenas estava no quarto com . Mesmo com muita insistência dela, ninguém quis ir embora, todos dispostos a passar o dia no hospital para aguardar juntos o nascimento do mais novo membro da família.
A ansiedade só aumentou quando, cerca de três ou quatro horas da tarde, veio nos avisar que a dilatação de finalmente atingiu o máximo e o parto seria realizado de maneira ural, exatamente como ela havia planejado.
Os minutos que se seguiram pareceram uma eternidade, que só teve fim quando pudemos ouvir, de dentro do quarto, o choro do bebê. Pouco depois apareceu, com um pacotinho embolado em seus braços. Seu filho havia nascido.
- Conheçam Thomas. - Ele disse assim que se aproximou, fazendo todos os presentes ali chorarem, principalmente seus pais e os pais de .
Estávamos todos encantados com o pequeno bebê, mas nenhum de nós ousou pega-lo no colo por enquanto. Foi apenas quando, alguns minutos mais tarde depois de todos já terem ido conhecer o bebê, que chamou a mim e para entrar no quarto e ver , que pudemos, finalmente, segurar nosso afilhado.
- Oi, bebê. - Eu disse assim que o peguei no colo.
sorriu ao meu lado e levou seu dedo indicador até a mãozinha dele e Thomas o envolveu com seus dedinhos.
- Oi, Thomas! - disse, emocionado. - Eu sou seu tio. Somos seus padrinhos.
Nós dois estávamos encantados, observando atentamente o pequeno ser humano em meus braços. Ele tinha seus olhos castanhos bem abertos, olhando para nós dois. Abriu sua boquinha lentamente, bocejando e mexendo seus pequenos braços.
Ali, olhando para Thomas, eu percebi como queria aquilo para mim.
Eu queria outro bebê.
E o queria com .


Capítulo 23

O restante do mês de fevereiro e metade de março passaram muito rápido. Agora fazia exatamente um ano que eu e havíamos nos mudado para Londres, e, nossa, como o tempo havia voado. Eu vinha ajudando com o bebê, além de também estar tomando conta de algumas coisas no escritório, afinal, agora faltava pouco mais de seis meses pra eu me formar, e eu não via a hora. Anne já estava no fim de sua gravidez, sua filha chegaria a qualquer momento e estávamos todos muito ansiosos para conhecer a nova integrante da família.
Depois de mais um expediente de trabalho, eu havia vindo com para a casa dela até que desse o horário de buscar na escolinha, já que agora minha filha estava fazendo balé como atividade extracurricular, então nas segundas e sextas feiras ela saía um pouco mais tarde. estava viajando para um congresso de psiquiatria e chegaria só a noite, então, para que o tempo passasse mais rápido, decidi vir fazer companhia a e Thomas.
- Amiga, no que posso ajudar? - Perguntei a , observando enquanto ela trocava a fralda do bebê.
Thomas já estava com pouco mais de um mês de idade, e a cada dia ele crescia mais e mais. Por sorte, ele era um bebê super calmo e, pelo que contava, ele costumava acordar poucas vezes durante a madrugada apenas para mamar, e logo voltava a dormir. Quem dera tivesse sido assim...
- Só joga fora a fralda pra mim, por favor? - Ela pediu e eu concordei, logo realizando a tarefa. - Agora eu dou mamá e logo ele dorme, aí podemos conversar.
Assisti quando aconchegou Thomas em seu colo. Depois, abaixou a alça de sua blusa e ajeitou seu seio, levando-o até a boca do bebê, que logo abocanhou e começou a mamar.
- Vamos lá na sala? Quando ele dormir, coloco ele no carrinho. - Ela perguntou e eu concordei.
Saímos do quarto e descemos a escada, caminhando até a sala de estar. Empurrei o carrinho para perto do sofá e nós duas sentamos lado a lado. Observei o pequeno Thomas, de olhos fechados, mamando, e não pude deixar de sorrir.
- Ele é tão lindo. - Comentei baixinho. - Nunca vou cansar de dizer isso.
desviou o olhar de seu filho para mim balançou a cabeça em confirmação.
- Ele é. - Ela sorriu, acariciando brevemente o cabelo dele. - Ontem eu tava pensando... - Ela disse e eu a observei, atenta. - Você se deu conta de que já fez um ano que você se mudou pra cá? Um ano que a gente se conheceu?
- Na verdade, faz um ano esse fim de semana. - Confessei e sorri. - disse que tem uma surpresa pra esse fim de semana, então vou esperar ele pra jantarmos. Acho que é pra comemorar isso, não sei...
arqueou as sobrancelhas e abriu um sorriso convencido, desviando rapidamente o olhar para o filho antes de mudar de assunto.
- E como anda a procura pela casa?
- Ah... - Meu sorriso murchou e eu dei de ombros, um pouco desanimada. - Mais difícil do que eu achei que seria. A que mais gostamos, que é aquela aqui perto da casa vocês, é muito cara, e a segunda opção é muito afastada de tudo...
- Não aceito vocês morarem muito longe daqui, não. Tenho certeza que e Nick vão odiar também. - riu e se levantou, aproximando-se do carrinho.
Ela colocou Thomas e cobriu-o com uma manta e depois voltou a sentar ao meu lado.
- Também não quero muito longe, amiga.
- Logo vocês encontram alg...
A fala de foi interrompida pelo toque de seu celular. Ela atendeu rapidamente e arregalou os olhos, levantando-se. Eu fiz o mesmo e a encarei, apreensiva, enquanto ela trocava palavras rápidas com a pessoa do outro lado da linha.
- O que foi? - Perguntei assim que ela encerrou a ligação.
- Anne entrou em trabalho de parto! Tem alguma coisa acontecendo, minha mãe não soube explicar direito, mas ela tava muito preocupada, , a gente precisa...
- Amiga, calma... - Me aproximei dela e coloquei minhas mãos em seus ombros, tentando acalmá-la. - Sua mãe te ligou, certo?
- Sim! Ela acabou de ficar sabendo, Mark pediu pra ela avisar todo mundo. - passou as mãos pelo cabelo, nervosa. - Podemos ir até o hospital?
- Claro que sim, mas eu preciso buscar , amiga... Se pudermos passar lá antes de...
- Amor? - apareceu na porta da sala, interrompendo minha fala. Ele sorriu ao nos ver e aproximou-se de , dando um selinho na esposa. - Achei que estivesse sozinha.
Depois, veio até mim e me deu um beijo na bochecha antes de se aproximar do carrinho para ver o filho.
- Amor, Anne acabou de ir pro hospital. - contou e a olhou, surpreso. - Leva a gente? Mas precisa passar buscar a na escolinha antes...
- Claro que sim, quer que eu pegue a bolsa do Thomas? - Ele perguntou e assentiu.
se virou e saiu da sala, subindo as escadas com certa pressa. empurrou o carrinho até a porta e andamos até o carro. apareceu e abriu o carro, ajudando a colocar o filho dentro do carro. Ela se sentou atrás com ele e eu fui na frente.
O caminho foi bem rápido, logo já estava no carro conosco, contando empolgada todos os movimentos novos que havia aprendido na aula de hoje. Não demoramos a chegar no hospital, por sorte o trânsito estava a nosso favor. Assim que descemos, correu para dentro, deixando a mim e para trás. Ele pegou o filho e colocou-o no bebê conforto, enquanto eu segui de mãos dadas com , fazendo o mesmo caminho que havia feito.
- Como assim ela tá em cirurgia? - Ouvi perguntar assim que nos aproximamos. - POR QUE NINGUÉM ME EXPLICA O QUE TÁ ACONTECENDO?
- Filha, calma... - Louise disse, segurando-a pelos ombros.
- Então me explica, mãe!
- Se você parar de gritar, sua mãe pode te explicar. - Foi Phillip quem falou, parando ao lado da filha. - Pode se acalmar, por favor? Nicholas tá se assustando com você. - Ele abraçou o neto, que encarava a tia com um olhar assustado.
se manteve afastado, para que Thomas não acordasse devido ao barulho. Deixei com ele e me aproximei, parando ao lado de . Ela respirou fundo algumas vezes e finalmente fez sinal para que a mãe falasse.
- O bebê não estava em posição e o cordão estava enrolado ao redor do pescoço. - Louise explicou e resmungou algo, passando as mãos pelo cabelo. - Fora isso, tá tudo bem.
- Por que você não me falou isso logo de cara? - esbravejou, cruzando os braços.
- Porque você não calou a boca desde que chegou, filha! - Ela explicou e eu ri baixo, atraindo a atenção de Louise e Phillip. - Oi, , querida.
A mais velha se aproximou e me abraçou rapidamente antes de se afastar para que Phillip fizesse o mesmo.
- Mark está com ela? - Eu quis saber e os dois concordaram.
- Já deve estar acabando, a qualquer momento alguém vem nos avisar. - Louise disse e se voltou para a filha. - Mais calma?
- Sim. - sorriu sem jeito. - Desculpa, mãe, eu fiquei preocupada...
Louise sorriu e aproximou-se da filha para abraçá-la.
- Ei, Nick! Vamos lá com a ? - Chamei a atenção do garoto, que encarava os adultos um pouco perdido.
Ele balançou a cabeça em confirmação e caminhamos juntos até as cadeiras onde estava sentado com Thomas e . Me sentei ao lado de minha filha enquanto Louise e Phillip cumprimentavam e o neto.
- Nick! - o cumprimentou animada.
- Por que você tá vestida assim? - Ele perguntou, fazendo uma careta engraçada ao observar a roupa rosa de .
- Tava no balé! - Ela respondeu e sorriu. - Agora eu sou uma bailarina.
- Ah! Eu também quero ser um bailarino. Eu posso? - Nick perguntou, olhando para mim e para os outros adultos presentes.
- Você pode ser o que você quiser, príncipe. - Louise respondeu, fazendo carinho na cabeça do neto. - Mas agora, o que acha de irmos comer algo, pequeno?
- pode ir junto?
- Pode! tá com fome. - Ela mesma respondeu, e eu e a olhei, surpresa. - Posso, né?
- Pode, filha. - Respondi depois de rir e dar um beijo em sua bochecha. Senti meu celular vibrando e abri a bolsa, pegando-o. Sorri ao ver o nome de na tela e me levantei para atender. - Oi, amor.
- Ei! Tudo bem? Já tô chegando, o trem entrou em Londres agora.
- Tudo bem, estamos no hospital, Anne precisou fazer uma cesárea, deve estar...
- NASCEU! - Ouvimos a voz de Matt, todos nos virando imediatamente para ele.
- Acho que nasceu? - Ouvi falar ao telefone e ri baixo, concordando. - Vou direto pro hospital, pode ser?
- Sim. Estamos te esperando. - Foi o que eu disse antes de encerrar a ligação e me aproximar de Matt, que segurava em suas mãos um pequeno embrulho.
- Ai, meu Deus! - quase berrou ao se aproximar, levando as mãos a boca. - É uma menina!
- Sim. - Matt comentou, sem tirar os olhos da filha. - Essa é Chloe.
- NASCEU? - Louise perguntou ao voltar com as crianças, aproximando-se imediatamente de Matt. - Uma menina!
- Sim, mãe, uma menininha. - comentou, observando a pequena. - É a sua cara, Matt. Não diz pra Anne que eu falei isso.
Ele riu, mas concordou, porque a menina realmente era a cópia escrita de Matt. Meu coração se aqueceu ao observar a cena, e inevitavelmente me lembrei de quando nasceu, porém, tão rápido quanto a lembrança veio, ela foi embora, dando espaço a uma tontura que deixou tudo escuro e eu precisei rapidamente me sentar.
Como todos estavam focados na recém-nascida, ninguém notou quando me afastei. Pisquei algumas vezes e olhei para cima, na tentativa de fazer a sensação passar, o que não demorou muito a acontecer.
- Mamãe? - me chamou e eu a encarei. - Tá bem?
- Mamãe ficou um pouco tonta, mas já tá passando. - Olhei para as mãos dela e notei que ela carregava um pacotinho com várias bolachinhas. Meu estômago roncou. - Você divide suas bolachinhas comigo, ursinha? Acho que tô com fome.
me entregou o pacote e eu comi algumas bolachas, sentindo um alívio imediato. Novamente meu celular começou a vibrar e antes mesmo que eu pudesse atender, vi andando em nossa direção, arrastando uma pequena mala.
- Oi. - Ele cumprimentou assim que se aproximou, e eu me levantei para dar um beijo nele. - Cadê o bebê? - Perguntou antes de se afastar e pegar no colo, enchendo-a de beijos.
- Ali. - Apontei para o restante do pessoal que ainda observava a pequena Chloe com atenção.
Andamos lado a lado até eles, e rapidamente os cumprimentou e só depois focou sua atenção em Chloe. Permanecemos ali por algum tempo, até que os médicos nos avisaram que Anne já estava de volta no quarto e bem, mas que precisava de repouso. Para não atrapalhar, resolvemos ir para casa e, no outro dia, voltaríamos para ver ela e a bebê.

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- ? O que é tudo isso? - Perguntei assim que entrei na sala, ainda com uma toalha nos cabelos.
Era sábado a noite, eu tinha ido tomar um banho enquanto e ficaram responsáveis por preparar algo para comermos. Porém, o que encontrei quando voltei para a sala foi algo que me deixou sem fôlego. Como eles tinham sido capazes de arrumar tudo em cerca de vinte minutos, eu não sabia, mas estava lindo. A mesa de jantar estava posta para três pessoas e haviam algumas pétalas de rosa espalhadas pela mesa e pelo chão. No centro da mesa, um prato com uma comida que não identifiquei na hora, mas, parecia deliciosa. Duas taças de vinho finalizavam arrumação.
- Gente? - Perguntei novamente ao observar os dois me olhando, ansiosos.
- Hoje faz um ano que você e se mudaram para cá. - disse, aproximando-se de mim com em seu encalço. - E eu quis fazer algo especial. me ajudou.
O encarei, maravilhada, com meus olhos brilhando em emoção. Depois, desviei meus olhos para minha filha, que mantinha um sorriso orgulhoso nos lábios.
- Você ajudou, ursinha?
- Sim! - Ela respondeu, empolgada. - Espalhei as pétalas e papai me deixou colocar a mesa.
- Ficou incrível, meu amor. Muito obrigada! - Peguei a no colo e me aproximei de , abraçando-o. Recebi beijos dos dois, um em cada bochecha e sorri, me sentindo extremamente grata por tê-los comigo. - E a comida?
- Lembra do prato que cozinhei pra nós dois no nosso primeiro encontro? - perguntou, arqueando a sobrancelha.
- Macarrão ao molho quatro queijos com filet mignon! - Comemorei, porque aquele prato tinha sido um dos melhores que eu já comi. - Não acredito! Só falta você me dizer que tem...
- Petit Gatteau de sobremesa, sim. - Ele confirmou e eu ri, empolgada. - Eu preparei tudo lá em casa, pra que você não percebesse.
- Eu amei a surpresa, amor. - Avisei assim que desceu de meu colo e me aproximei de para beijá-lo brevemente. - Obrigad...
- PANQUECA! - gritou, interrompendo minha fala, e nós nos viramos, encontrando o gato em cima da mesa, bem perto do prato que continha nosso jantar. - Seu safado!
O gato nos encarou e se virou, descendo imediatamente da mesa. Nós três rimos antes de nos aproximarmos e finalmente sentar para aproveitar o jantar. serviu a comida para nós três, porém, antes mesmo que eu pudesse levar a primeira garfada até a boca, ao sentir o cheiro da comida, meu estômago embrulhou e eu precisei correr para o banheiro, sendo seguida por e , que, confusos, perguntavam se estava tudo bem.
Coloquei tudo para fora, sentindo um alívio imenso assim que o fiz. Me levantei e lavei a boca, sentindo o olhar preocupado de sobre mim.
- O que foi isso? - Ele perguntou, franzindo o cenho.
- Não sei. - Respondi, sincera.
Eu realmente não sabia.
- Mamãe passou mal ontem também. - contou e a olhou, sua preocupação aumentando.
- Passou? E por que não me contou? - Ele quis saber enquanto voltávamos para a sala.
- Não foi nada demais, eu só não tinha percebido que tava com fome. - Dei de ombros, sentando na mesa novamente. - Sério.
- Tô de olho em você. - disse assim que se sentou, ainda me encarando. - Vai conseguir comer?
- Acho que sim, foi só um enjoo repentin... - Ao falar isso, soltei os talheres na mesa, arregalando os olhos.
Me levantei novamente e dessa vez segui até meu quarto, abrindo a primeira gaveta do meu criado mudo para pegar meu calendário menstrual.
- O que você tá fazendo? - perguntou, sua testa franzia enquanto me observava.
Passei os olhos rapidamente pelo calendário e mordi os lábios ao notar que minha hipótese estava certa.
Minha menstruação estava atrasada cerca de cinco dias e isso nunca aconteceu antes. Com exceção de uma vez...
- Eu tô grávida. - Declarei de repente, soltando o calendário e encarando , que tinha os olhos arregalados. - Eu tô atrasada, , isso só aconteceu quando eu descobri sobre .
- Descobriu o que de mim, mamãe? - quis saber, alheia ao significado por trás de toda aquela conversa.
- Você tem certeza? - finalmente disse, quebrando o silêncio.
- Certeza eu só vou ter quando fizer algum teste. - Mordi os lábios, começando a ficar nervosa de repente. - O que vamos fazer? Digo...
- Eu vou na farmácia. Já volto. - Ele avisou e não demorou nada para que eu ouvisse a porta da frente bater.
- Puta que...
- Mamãe! - me repreendeu, cruzando os bracinhos. - Palavrão não!
- Desculpa, ursinha. - Suspirei, sentando na cama. Passei as mãos pelos cabelos, nervosa. - Nossa...
- O que tá acontecendo, mamãe? - subiu na cama e se sentou ao meu lado, me encarando com olhinhos ansiosos.
- Já vamos saber, pequena, já vamos saber. - Eu a avisei e abracei-a de lado, mantendo-a junto a mim.
Ficamos algum tempo sozinhas no quarto e depois resolvemos voltar para a sala, porque minha filha reclamou que estava com fome. Sentamo-nos na mesa e ela finalmente pode aproveitar seu jantar.
- Isso tá muito bom, papai devia fazer mais vezes. - Ela disse entre uma garfada e outra e eu sorri em resposta, um pouco alheia a tudo ao meu redor.
Só voltei a agir normalmente quando a porta se abriu e correu até mim, me entregando uma sacola com três ou quatro testes diferentes.
- Nossa, pra que tudo isso? - Quase ri ao notar como ele estava nervoso.
- Pra termos certeza. - Explicou, bagunçando seus cabelos nervosamente. - Eu tô...
- Eu sei. Eu também. - O cortei, porque eu entendia exatamente como ele se sentia. - Já volto.
Dei as costas para os dois e fui até o banheiro, torcendo silenciosamente para que explicasse para o que estava acontecendo. Fechei a porta e abri os quatro testes, preparando todos. Não demorou muito e logo já tinha feito todos. Deixei-os de lado e coloquei meu celular para apitar dentro de cinco minutos. Observei meu reflexo no espelho. Suspirei longamente, apoiando os braços na pia.
Não seria ruim estar grávida, pelo contrário, eu gostaria bastante. Apesar de já termos conversado sobre ter filhos, eu não sabia identificar exatamente o motivo pelo qual estava nervoso. Em minha cabeça, achava que era apenas pela possibilidade do positivo, e eu esperava muito estar certa.
Saí do banheiro decidida a não ficar ali, encarando os testes pelos próximos minutos, pois o tempo passaria ainda mais lentamente. Voltei para a sala ainda nervosa, sentando-me ao lado de no sofá. Nós dois nos encaramos por alguns segundos, sem saber o que falar ou fazer.
- Explicou a ? - Quis saber, desviando o olhar para minha filha, que agora comia a sobremesa.
- Sim, acho que ela não entendeu muito bem o fato de que você pode estar grávida e o que isso significa, mas... - Ele riu baixo e eu o acompanhei.
- O que vamos fazer se for positivo? - Perguntei e ele encolheu os ombros, abrindo um sorriso ladino.
- Ficar felizes.
- E se for negativo? - Mordi meu lábio, um pouco triste em pensar na possibilidade.
- Confesso que vou me decepcionar um pouco, mas, temos todo o tempo do mundo pra tentar.
- Todo o tempo do mundo, é? - Arqueei as sobrancelhas e ele riu, puxando-me para um abraço. – Qual resultado você quer?
- Não tinha pensado em ter um bebê agora, mas eu quero que seja positivo.
- Eu também.
sorriu e levou suas mãos até meu rosto. Olhou em meus olhos antes de grudar nossas bocas em um beijo breve, já que logo fomos interrompidos pelo barulho do meu celular. Nós dois nos levantamos em um pulo e nos encaramos antes de eu andar em direção ao banheiro. Respirei fundo ao me aproximar, sentindo meu coração disparar ao ver o resultado nos quatro testes.
Todos positivos, sem exceção.
- ? - Chamei, meus olhos já se enchendo de lágrimas.
Ouvi passos e rapidamente ele e estavam na porta do banheiro.
Assim que me encarou, soube.
Ele soube que estávamos esperando um filho.
Eu saí do banheiro e fui imediatamente envolvida pelos braços de , sendo levantada no ar em um abraço intenso. Ri contra o pescoço dele, segurando-me em seus ombros. Aproximei meus lábios do seus assim que meus pés tocaram o chão novamente, lhe dando vários selinhos em meio as risadas que nós dois dávamos.
- O que foi, o que tá acontecendo? - quis saber e nós dois olhamos para ela, a emoção transbordando por nossos olhos.
Me abaixei em frente a ela e se pôs ao meu lado, tocando meu ombro. Encarei e sorri brevemente antes de contar a ela.
- Mamãe tá grávida, ursinha.
- Você vai ficar barriguda igual tia e tia Anne? - perguntou, franzindo um pouco a testa.
- Isso. - Eu ri, fazendo carinho em seu rosto. - E você vai ter...
- EU VOU TER UM IRMÃOZINHO! - Ela berrou e deu pulinhos, finalmente entendendo o que aquilo significava.
Eu ri ao ver a cena e só parei quando ela jogou os bracinhos ao redor de meu pescoço, me abraçando com força. também se abaixou e nos abraçou, nós três extremamente felizes e emocionados pelo novo membro da família que chegaria em alguns meses.
Ali, naquele momento, envolta pelos braços de minha filha e do homem que eu amava, eu soube que não precisava de mais nada para ser feliz.
Quer dizer, eu achava que não precisava.
Mas claramente percebi que estava errada quando, cerca de uma hora mais tarde, depois de jantarmos e depois de colocar para dormir, entrei em meu quarto e encontrei deitado despretensiosamente, encarando o teto com um sorriso pequeno nos lábios.
- Ela dormiu? - Ele quis saber assim que me sentei na cama. Balancei a cabeça em confirmação. - Que bom, finalmente vou poder te dar o que eu queria desde mais cedo.
- Prazer? - Perguntei, arqueando a sobrancelha de maneira sugestiva, fazendo-o gargalhar e confirmar com a cabeça.
- Isso também. Espera aí. - Ele se levantou e saiu do quarto, deixando-me um pouco confusa.
Ouvi a porta do apartamento se fechar e aproveitei para ir até o banheiro trocar de roupa. Vesti uma camisola de seda básica e escovei os dentes. Quando saí, dei de cara com ajoelhado em frente a porta, segurando uma pequena caixinha em suas mãos.
Tive que me apoiar na parede, tamanha foi a minha surpresa.
- ... - Finalmente algo saiu de minha boca e eu dei alguns passos em direção a ele, encarando-o com os olhos cheios de lágrimas.
- Eu tinha me preparado para pedir durante o jantar, com na mesa, mas... - Ele encolheu os ombros e nós dois rimos. - Tivemos um pequeno acontecimento que me fez mudar os planos. Também ensaiei um discurso enorme, mas eu confesso que tô tão nervoso que esqueci de metade, e olha que é a segunda vez que eu faço isso. - Ele riu e eu revirei os olhos, mas acabei o acompanhando. Aproveitei a deixa para me ajoelhar em frente a ele, encarando-o com ansiedade. - Depois de tudo o que aconteceu, eu achei que não teria mais como ser feliz com outra pessoa. Você apareceu pra me mostrar que eu não só estava errado sobre isso, como também estava errado sobre achar que nunca poderia amar um filho como amei Sara, já que o amor que sinto por e esse bebê que ainda nem nasceu é imenso. – sorriu e eu o acompanhei, deixando algumas lágrimas escaparem. - , eu te amo, do jeito mais intenso e verdadeiro que já amei alguém. Não vejo a hora de poder construir uma vida ao seu lado. Você aceita se casar comigo?
- Sim, , sim! - Mal deixei ele terminar de falar e envolvi seu rosto com minhas mãos, beijando-o várias vezes. - Mil vezes sim.
Ele riu, seus olhos brilhando de emoção. Nos afastamos por pouco tempo, apenas para que ele pudesse colocar o anel em meu dedo. Levantamos juntos, ainda sem tirar os olhos um do outro. levou uma de suas mãos até meu rosto, acariciando-o levemente, enquanto tocava minha cintura com a outra mão. Ele me guiou até a cama, me deitando no colchão para logo depois se colocar em cima de mim e me beijar apaixonadamente.
Como eu disse, percebi que estava errada.
Agora sim eu não precisava de mais nada.


Capítulo 24

Encarei meu reflexo no espelho, satisfeita com o resultado de algumas horas de arrumação. O tecido branco envolvia meu corpo perfeitamente, minha pequena barriga de três meses de gravidez quase não aparecia por baixo do pano. Era curto, um pouco abaixo dos joelhos, e tinha alguns detalhes em renda, mas nada excessivo. Meu cabelo estava solto, com leves ondulações nas pontas, e minha maquiagem seguia o estilo clássico - perfeita para um casamento no civil.
e eu decidimos não fazer uma festa grande, era por isso que íamos nos casar apenas no civil, no quintal de nossa nova casa, na companhia somente de nossos familiares e amigos mais próximos. Não sentíamos necessidade de casar na igreja ou de fazer uma festa grande, pelo contrário, queríamos algo bem íntimo, e assim seria.
Havíamos comprado a casa no mês passado, com o dinheiro da venda de nossos apartamentos. encontrou a casa perfeita, na vizinhança onde e moravam, então a localização era muito boa. Tinha dois andares, quatro quartos, piscina e um quintal nos fundos. Já estávamos morando ali, mesmo a mobília não estando completamente pronta. Era ótima para nossa pequena grande família, que em breve cresceria ainda mais. Tinha espaço para Leia e Panqueca, que, apesar de se estranharem no início, agora já se davam bem, e também para Bóris, que corria pelo quintal inteiro, até esgotar suas energias.
Minha faculdade estava quase no fim, eu a terminaria antes mesmo de o bebê nascer e já tinha me oferecido um cargo fixo como designer de interiores em sua empresa. Eu ficaria responsável por todo o setor de decoração, e ela cuidaria da parte estrutural, juntamente com seu pai.
Enfim, as coisas não poderiam estar melhores.
O barulho da porta se abrindo me tirou de meus pensamentos. e Anne entraram, as duas abrindo sorrisos enormes ao me ver.
- Você tá muito linda, amiga! - disse ao se aproximar, segurando em minha mão para que eu girasse e elas pudessem ver todos os detalhes. - Quase nem dá pra ver sua barriguinha, mas... Eu ainda não sei lidar com fato de que você tá grávida do irmão do meu marido!
- Pois é. - Eu ri, levando as mãos até minha pequena barriga.
- Ai, , seu cabelo, a maquiagem... Nossa, você tá maravilhosa! - Anne elogiou, aproximando-se para me dar um abraço rápido.
Olhei para as duas, me sentindo extremamente grata por tê-las em minha vida. Há um ano atrás, quando encontrei com e no vagão do trem para Londres, não podia imaginar que construiria um elo tão forte com ela e com sua família. Acima de tudo, eu tinha ganho duas amigas, que levaria para a vida inteira.
- Acho que nunca agradeci a vocês por tudo, né? - Comentei, vendo as duas sorrirem para mim. - Então, eu quero agradecer, por todos os momentos, por tudo que já fizeram por mim e, principalmente, por nossa amizade. Eu amo muito vocês.
- Ah, meu Deus! - exclamou, puxando-me para mais um abraço.
- Amamos você, . - Anne disse ao se juntar a nós no abraço. - Você é, tipo, nossa irmãzinha mais nova.
Eu ri baixo e me afastei, ainda olhando para as duas. sorriu e ajeitou meu cabelo, que havia bagunçado um pouco devido ao abraço.
- Me contem, como está? - Perguntei, não contendo minha ansiedade.
- Lindo, como sempre. - contou e eu sorri, mordendo meus lábios internamente. - Estão todos prontos, só te esperando. Vamos?
- Nick e ? - Perguntei enquanto andávamos até a porta do quarto.
- Estão prontos também. - Anne contou, sorrindo brevemente.
Sorri para elas e respirei fundo, começando a descer as escadas, o nervosismo começando a me atingir. Só então me dei conta de que eu iria andar até o pequeno altar de nosso casamento sozinha. Sem minha mãe, e obviamente, sem meu pai. A dor de não ter mais Angie comigo diminuía a cada dia, mas a saudade parecia só aumentar. Se eu tivesse direito a um desejo somente, eu pediria que ela estivesse ali, comigo, naquele dia, mesmo sabendo que, de uma maneira ou outra, ela estava. Porém, no momento, aquele pensamento não me confortou nem um pouco.
Parei abruptamente e as duas irmãs me olharam, franzindo o cenho.
- Eu não tenho... - Comecei a falar, meus olhos se enchendo de lágrimas no mesmo instante. - Eu não tenho ninguém pra me levar até o altar. – Soltei tudo de uma vez, mordendo meu lábio. - Eu queria minha mãe aqui.
suspirou baixo e trocou um olhar preocupado com Anne, que abriu um sorriso e se afastou rapidamente, deixando nós duas confusas.
- Amiga, mas isso...
- Eu sabia que seria assim, mas... - Uma lágrima escorreu por meu rosto e eu pisquei algumas vezes, olhando para cima, para tentar impedir que outras seguissem o mesmo caminho.
- Sua mãe estaria muito feliz por você. Tenho certeza disso. - comentou, segurando minhas mãos. - Você é uma mulher forte, bem resolvida, uma mãe maravilhosa e agora está construindo sua família. Ela teria muitos motivos pra sentir orgulho, amiga.
- Sei disso. - Eu sorri, abaixando o rosto para encará-la. - Eu só não queria entrar sozinha...
- Você quer que eu entre com você? - Perguntou , me encarando com um olhar preocupado.
- Acho que seria estranho, né? - Eu abri um sorriso pequeno. - Melhor eu entrar sozinha mesmo, e...
- Você não vai entrar sozinha, . - Ouvi a voz de Phillip e me virei, surpresa em encontrar o pai de minhas amigas ali. - Você é família, quase como uma irmã para minhas duas filhas. Vai ser uma honra te acompanhar até o altar.
Não consigo descrever a sensação de alívio que senti ao ouvir Phillip. Além disso, também me dei conta de como eu era amada por aquela família, que sempre me acolheu tão bem, desde o início. O sentimento era recíproco, portanto, abri um sorriso aliviado e me aproximei dele, abraçando-o brevemente. O mais velho tocou meu rosto e sorriu para mim, para depois estender o braço para que eu entrelaçasse o meu a ele.
- Pronta? - perguntou e eu balancei a cabeça em confirmação, sorrindo para ela.
Ela e Anne saíram de casa e foram até o quintal, tomando seus lugares no casamento. Não tínhamos madrinhas e padrinhos, já que os convidados eram apenas as pessoas mais próximas a nós. A única coisa que fiz questão, foi ter e Nicholas como daminha e pajem, então eles foram os primeiros a entrar.
Logo depois, eu e Phillip demos os primeiros passos e logo a claridade me atingiu. Havia uma trilha feita com pétalas de flores brancas e rosas na grama, que se seguia até o pequeno altar, que era uma espécie de gazebo, sustentado por dois pilares cobertos com panos brancos e algumas flores e folhas verdes, que subiam por toda a extensão das madeiras. Algumas cadeiras estavam colocadas em frente ao altar, ocupadas pelos poucos convidados que tínhamos. Louise, Anne e Mark, Claire e Richard e e estavam ali, assim como alguns amigos mais próximos do trabalho e da faculdade. Ao fundo, uma música leve tocava, dando o toque final e deixando tudo extremamente romântico.
Enquanto eu caminhava com Phillip, meus olhos seguiram pelo caminho feito de pétalas de flores até chegarem no gazebo, onde finalmente vi . Ele vestia um terno cinza claro, seus cabelos estavam perfeitamente penteados e, mesmo de longe, eu sabia que ele estava extremamente cheiroso.
Nick e estavam parados em frente a ele, ambos com sorrisos imensos em seus rostinhos. Assim que chegamos em frente ao altar, Phillip se afastou e deu um beijo em minha testa, deixando-me sozinha. Voltei meu olhar para a frente e vi estendendo a mão para mim. Nos encaramos por alguns segundos e eu enfim segurei sua mão, aceitando ajuda para subir. Ele aproximou seu rosto do meu e respirou fundo, aproveitei para fazer o mesmo e constatar o que eu já sabia: ele estava muito cheiroso.
- Você está linda. - Ele disse, mexendo levemente em uma mecha de meu cabelo que caía solta por meu rosto.
- Você também. - Retribuí, abrindo um sorriso para ele.
Voltamos, então, nosso olhar para frente. O mestre de cerimônia sorriu para nós antes de começar a falar.
- Estamos aqui reunidos hoje, para celebrar a união de e )...
Conforme ele falava, meu coração se acelerava mais e mais, o que era engraçado, já que eu estava incrivelmente calma. Senti apertar minha mão e virei o rosto para ele, sorrindo brevemente. Ele piscou para mim e, mesmo eu já estando acostumada com aquelas piscadas, naquele momento, algo dentro de mim se aqueceu. Seu polegar acariciou minha mão e nós dois voltamos o olhar para o mestre, no momento em que ele pediu para que proferíssemos nossos votos.
Eu e ele nos viramos, ficando frente a frente um para o outro. estendeu as mãos para mim e eu depositei as minhas sobre as dele, segurando-as levemente. Desviei meu olhar para seus olhos, abrindo um sorriso emocionado ao ver a expressão transparente em seu rosto, que me mostrava que, assim como eu, ele estava extremamente ansioso e emocionado.
- , - comecei, olhando em seus olhos - eu lembro que quando te vi pela primeira vez, agradeci por ter um vizinho tão bonito. - Ele riu, assim como nossos convidados. - Mas, segundos depois, disse a mim mesma que você provavelmente era igual aos outros que passaram por minha vida. - Ele fez um biquinho triste e eu sorri, franzindo o nariz de maneira fofa ao observá-lo. - Não demorei pra perceber o quanto estava errada. Eu nunca pensei que encontraria alguém que me amaria de maneira incondicional, como você o faz. Também não achei que fosse possível eu amar tanto outra pessoa, e certamente não pensei que encontraria em você um pai tão bom para . Lembra de como eu tinha medo da relação de vocês? - Ele balançou a cabeça em confirmação e eu desviei meu olhar para minha filha, que sorria para nós dois. - O amor que você sente por ela e a confiança que ela tem em você fazem meu coração se aquecer sempre que vejo vocês dois juntos. Tenho certeza de que te ama muito, e nosso filho, que ainda não está aqui, também. - Fiz uma pausa para rir ao ouvir minha filha gritar “eu amo, eu amo!’’ em resposta a minha fala. - Eu admiro muito o homem incrível que você é, e agradeço sempre por ter te conhecido. Você é um presente, que antes de ter em minha vida, eu não imaginava que precisava. A verdade, , é que desde que você apareceu, minha vida ganhou um novo propósito: a de te fazer feliz. - Assim que terminei de falar percebi que estava chorando e não estava diferente. - Eu te amo, para sempre.
Em meio a um sorriso, suspirou e riu baixo, emocionado. Ele soltou minhas mãos apenas para limpar as lágrimas que rolavam livremente por seu rosto. Aproveitei para fazer o mesmo antes de novamente voltar a segurar suas mãos.
- Meus votos parecem pouco depois de tudo isso. - Ele comentou, me fazendo rir baixo. Apertei sua mão brevemente, incentivando-o. - Eu só tenho a agradecer por ter recebido essa segunda chance de ser feliz, com você, com e nosso filho que ainda não nasceu. Vou estar sempre ao lado de vocês, fazendo o possível para que nossa família seja a mais feliz do mundo. Estarei sempre comprometido a te amar incondicionalmente, sem nunca esquecer dos votos que faremos aqui hoje. Não tenho palavras suficientes para expressar tudo que você significa pra mim, acho até que não é algo possível de ser descrito, então, me comprometo a te mostrar, todos os dias, pelo resto de nossas vidas, o quanto eu te amo.
Um soluço escapou por entre meus lábios, ao mesmo tempo que lágrimas insistiam em continuar a escorrer por meu rosto. Ele se aproximou de mim, limpando meu rosto com carinho antes de beijar brevemente minha testa. Nos colocamos lado a lado novamente, voltando nosso olhar para o mestre.
- Certo, então, as alianças, por favor? - Ele pediu e rapidamente subiu no altar, entregando-as para nós. - Agora repitam comigo, por favor. - Ele orientou, dirigindo-se a mim.
- Eu, , aceito você, , como meu esposo, e prometo lhe amar e respeitar, na saúde e na doença, até que a morte nos separe.
Assim que terminei de declamar a minha parte, coloquei a aliança no dedo de . Então, foi sua vez de falar.
- Eu, , aceito você, como minha esposa, e prometo lhe amar e respeitar, na saúde e na doença, até que a morte nos separe.
Ele mal tinha terminado de falar e a aliança já estava em meus dedos. Sorrimos um para o outro e, assim que ouvimos a frase “pode beijar a noiva”, nos unimos em um beijo intenso, que traduzia tudo que estávamos sentindo no momento. Ouvimos as comemorações de nossos convidados e rimos contra a boca um do outro, nos afastando apenas para dar mais alguns selinhos antes de unir nossas mãos em um aperto e nos virarmos, para comemorar junto com as pessoas que estavam presentes.
Os primeiros a virem em nossa direção foram e , que rapidamente nos abraçaram e nos desejaram muitas coisas boas. Depois, foi a vez dos pais de Claire e Richard, pais de , que nos parabenizaram e desejaram uma longa vida juntos. Depois deles, vieram o restante dos convidados, que não mediram palavras para nos desejar felicidades.
Eu e nos afastamos apenas para tirar algumas fotos, e depois logo retornamos para que o almoço pudesse ser servido. Nos sentamos lado a lado, em uma mesa posta apenas para nós dois e tivemos, finalmente, nossa primeira refeição como um casal.
O restante da festa se passou tranquila, bebidas foram servidas e agora músicas animadas tocavam e algumas pessoas dançavam, incluindo e Nicholas, que insistiam em copiar os movimentos dos adultos, muitas vezes tropeçando nos pés um do outro, o que nos fazia rir bastante.
Senti a mão de tocar meu obro e desviei meu olhar para ele. Nossos rostos estavam muito próximos e nossos narizes quase se encostavam. Senti sua respiração bater contar meus lábios e sorri, grudando minha boca na dele, iniciando um beijo calmo, que não durou muito, já que logo ele se separou para falar comigo.
- Sei que já disse isso, mas você tá linda. - Ele declarou me fazendo sorrir. - E eu te amo, e estou muito feliz.
- Eu também, . - Respondi, meus dedos fazendo um leve carinho em sua nuca, para depois abrir um sorriso safado. - Você tá incrivelmente gostoso nesse terno.
Ele abriu um sorriso convencido e entrelaçou seus dedos em meus cabelos, aproximando sua boca de meu ouvido.
- Estou ainda melhor por baixo dele. - Provocou, roçando os lábios por meu pescoço, fazendo um arrepio percorrer meu corpo da cabeça aos pés. - Não vejo a hora de arrancar o seu vestido e beijar seu corpo inteiro, te fazer g...
- . - Em meio as sensações que a fala safada dele me fez sentir, o interrompi, mordendo o lábio e me afastando para olhar nos olhos dele. - Será que vão notar se a gente sumir?
Ele riu e balançou a cabeça em confirmação, mas logo se levantou e estendeu a mão para mim.
- Com certeza sim, já que o casamento é pequeno e somos os noivos, mas, quem se importa?
Eu sorri e coloquei minha mão sobre a sua. Começamos a andar imediatamente para dentro de casa. Troquei um olhar rápido com , que piscou para mim, sabendo exatamente o que estávamos indo fazer. Não me preocupei, pois sabia que ela e manteriam tudo sob controle e cuidariam de para nós dois.
Assim que pisamos dentro de casa, me puxou pela cintura e grudou nossos corpos, sua outra mão subiu até minha nuca e seus dedos entrelaçaram em meus cabelos, puxando-os levemente. Nos encaramos por alguns segundos, sem falar nada, antes trocar um beijo rápido e subir as escadas em direção ao nosso quarto com certa pressa, tropeçando em alguns degraus no meio do caminho.
Tão rápido quanto entramos a porta foi fechada, caminhamos juntos enquanto tirávamos nossas roupas. Levei minhas mãos até os ombros dele e afastei seu paletó, tirando-o e jogando a roupa para longe. Depois, tirei também sua gravata e comecei a abrir os botões da camisa que ele vestia. Não consegui terminar, já que me virou e se pôs atrás de mim. Ele afastou meus cabelos de meu pescoço e colocou-os para o lado, logo senti seus lábios encostarem em minha nuca e uma trilha de beijos foi deixada conforme ele abria o zíper e tirava o meu vestido.
A peça de roupa caiu aos meus pés, revelando o conjunto de lingerie branco que eu usava. Me virei e espalmei minha mão no peito de , fazendo com que ele caísse sentado na cama. O encarei com um sorriso confiante nos lábios enquanto me aproximava. Ele me olhava com desejo, prestando atenção em cada local de meu corpo, mesmo que já o conhecesse tão bem. Lentamente me aproximei e, passando a mão sedutoramente por minha coxa, coloquei a perna ao seu lado, observando enquanto ele seguia meus movimentos com o olhar. Toquei seus ombros com minhas mãos e finalmente me sentei em seu colo, vendo-o lamber os lábios.
- Você... - Ele começou, mas ao me ver passar uma de minhas mãos por meus seios até chegar em meu ombro e abaixar a alça de meu sutiã, interrompeu a si mesmo. - Caralho, .
Eu abri um sorriso satisfeito, porque era incrivelmente difícil ouvir falar palavrão. E então, abaixei a outra alça de meu sutiã, depois, levei as mãos até minhas costas, para abrir o fecho e finalmente tirar a peça, deixando a mostra meus seios. soltou o ar pela boca e imediatamente me puxou para um beijo, sua língua invadiu minha boca sedenta por contato. Pressionei meu quadril contra o dele e o senti estremecer, o volume no meio de suas pernas se fazendo notar bastante. Ele mordeu levemente meu lábio e afastou nossas bocas, encostando a testa na minha para me distrair rapidamente e depois me virar, deitando meu corpo na cama e colocando-se em cima de mim.
Uma de suas mãos foi até meu rosto e a outra deslizou de meus seios até minha coxa, onde ele apertou com certa força, me fazendo passar a perna ao redor de seu corpo. me encarou, sua respiração quente batendo em meu rosto e seu olhar praticamente furando minha pele, tamanha era a intensidade do momento em que estávamos inseridos.
Não demorou para que nós dois estivéssemos nus, nossos corpos roçando de maneira calorosa, enquanto, entre gemidos, declarávamos nosso amor um pelo outro da maneira mais íntima, intensa e verdadeira que existia.

Oito meses depois...

Os primeiros raios de sol entraram pela janela, e foram eles que me fizeram acordar. Pisquei algumas vezes por conta da claridade para me acostumar com a luz. Estiquei os braços e olhei para o lado, encontrando o local de vazio. Estranhei um pouco, já que hoje era domingo, mas me levantei e calcei meus chinelos. Fui ao banheiro e fiz minha higiene matinal rapidamente. Depois, saí de meu quarto e fui até o quarto ao lado, abrindo a porta e franzindo o cenho ao não encontrar em sua cama. Depois, fui até o outro quarto e me aproximei do pequeno berço.
Angelina, como chamamos nossa filha mais nova, em homenagem a minha mãe, me encarava de olhinhos abertos, já acordada, atenta a tudo que acontecia a sua volta. Peguei-a e a aconcheguei em meus braços, observando enquanto ela abriu a boca para bocejar, como se não tivesse passado as últimas horas dormindo tranquilamente. Depois, ela fez uma careta, indicando que logo começaria a chorar, provavelmente com fome. Antes de alimentá-la, porém, troquei sua fralda, para só depois descer as escadas com minha filha no colo, enquanto ela mamava em meu peito.
Na escada, passei por Leia e Panqueca, que dormiam esparramados, cada um em um degrau. Acho que eles gostavam de dormir ali já que o piso era gelado, e estávamos em uma época de muito calor. Bóris estava deitado na porta, tomando conta da casa, como sempre fazia. Depois de dar bom dia aos animais, chamei por e , mas não obtive resposta.
Segui então até a cozinha e abri a geladeira, pronta para servir um copo de suco, mas fui interrompida pelo barulho da porta se abrindo. Ao não ouvir vozes, me aproximei da porta da cozinha e espiei, vendo o exato momento em que fez sinal para que se mantivesse quieta. Eu quis rir ao vê-la andar na ponta dos pés em direção a escada, com em seu encalço carregando uma enorme torta de chocolate - aquela que amávamos tanto. Os dois iam começar a subir as escadas quando eu finalmente resolvi quebrar o silêncio, pigarreando para que vissem que eu estava ali.
- Ah, mamãe! - bateu os pezinhos no chão e logo correu em minha direção. - Íamos fazer surpresa! - Ela abraçou minhas pernas, puxando meus braços para que eu me abaixasse e ela pudesse cumprimentar sua irmã com um beijinho na testa.
- Surpresa, é? - Perguntei, desviando o olhar para , que nos olhava com um sorriso nos lábios.
Ele encolheu os ombros e se aproximou, passando por mim para deixar a torta na mesa da cozinha. Depois, voltou e se aproximou de nós, passando o braço por minha cintura e beijando meus lábios antes de se voltar para Angie, que agora já não mamava mais.
- Bom dia, mulheres da minha vida. - Ele disse e eu sorri, olhando-o. - me acordou, dizendo que queria muito muito muito uma torta de chocolate, por favorzinho. - Ele a imitou e nós rimos, vendo o rosto de se contorcer em uma careta culpada. - Não tive escolha.
- Torta de chocolate no café da manhã, então? - Perguntei e os dois balançaram a cabeça em confirmação, ansiosos para comê-la. - Não vou me opor a isso.
Ele riu e se afastou, entrando na cozinha para colocar pratos e copos na mesa, para que comêssemos a torta enquanto tomávamos suco de laranja. e se sentaram e fui colocar Angelina no bebê conforto. Depois de ter certeza de que minha filha estava confortável, me virei para a mesa a tempo de ver e rindo de alguma bobagem que ela tinha dito.
Ali, naquele momento, ao observar minha pequena grande família, me senti extremamente grata.
Era incrível pensar como, em pouco mais de um ano, a vida pode mudar tanto e nos trazer tantas surpresas boas. Em meio a tantas coisas ruins que passei, eu fui agraciada com muitas bênçãos em minha vida. Encontrei uma família incrível e muito unida, fiz amigos e, principalmente, me apaixonei por ).
e eu chegamos em Londres sozinhas, certas de que seríamos apenas nós duas contra o mundo, sempre. Mas apareceu para me provar que não precisava ser assim, e agora, da melhor maneira possível, éramos nós quatro contra o mundo.
Estávamos bem, estávamos felizes.
E agora tínhamos Um Lugar Para Chamar de Casa.


FIM



Nota da autora: Eu não sei por onde começar, de verdade.
Poderia apenas agradecer a todas que embarcaram nessa comigo, mas seria muito pouco.
Eu preciso falar um pouco sobre os personagens, preciso me despedir deles também, e contar o que foi que me levou a criá-los e contar essa história tão intensa e bonita.
A Natalie não surgiu de repente, eu já tinha essa ideia na cabeça há algum tempo antes de começar escrever. Eu sabia alguns detalhes, e o restante fui inserindo aos poucos. Ela é incrivelmente forte, apesar de toda a bagagem que carrega. E a Elissa é o amor da minha vida inteira, juro. Eu penso seriamente em escrever algo sobre ela e o Nicholas no futuro, o que vocês acham?
O Harry é a personificação de homem perfeito, ao meu ver, mesmo achando que isso seja algo incrivelmente difícil de se encontrar! Hahahahahahah. Nem meu marido é perfeito assim, gente!
Mas eu o amo muito, aliás, esse é outro ponto que quero agradecer aqui. Quando eu comecei a escrever essa história, ele foi o meu maior apoiador, de verdade. Então, obrigada, amor!
Voltando… Precisamos falar sobre a Callie também. Ela é a personificação da minha melhor amiga, total e perfeitamente, sério. Amo demais a personagem!
Acho que os pontos principais que eu precisava citar são esses… Agora vamos aos agradecimentos finais.
Eu gostaria muito de deixar aqui o meu muito obrigada, a todas que deram uma chance a essa história. Pra quem não sabe, A Place To Call Home foi a minha primeira longfic, e se não fosse por vocês e pelo retorno incrível, eu não estaria finalizando ela hoje!
Depois de pouco mais de um ano sendo postada, dois ou três top fics, um prêmio de Melhor Romance do Ano, vinte e quatro capítulos e muitos surtos vindos de vocês, eu finalizo essa fanfic.
A Place to Call Home termina hoje, mas continua viva em nossos corações e, quem sabe, a gente não veja mais desses personagens tão amados por nós em uma história especial sobre Elissa e Nicholas?
Muito, muito, mas muito obrigada mesmo, à todas vocês que acompanharam do início ao fim.
Vejo vocês nas minhas outras histórias!
Um beijo enorme,
Kari.



Outras fanfics:
Em andamento:
Above It All [Atores - Chris Evans - Em Andamento]
All We Can Become [Restritas - Atores - Em Andamento]
Dear Roommate [Restritas - Outros – Em Andamento]
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Shorfics:
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Ficstapes:
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02. Halo [Ficstape Beyonce - I Am… Sasha Fierce]
02. Tell Me You Love Me [Ficstape Demi Lovato - Tell Me You Love Me]
02. Revenge [Ficstape Pink - Beautiful Trauma]
07. Hot as Ice [Ficstape Britney Spears - The Essential - Restrita]
08. Stay [Ficstape Miley Cyrus - Can’t Be Tamed]
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12. Only The Strong Survive [Ficstape McFLY - Radio:ACTIVE]
15. Outrageous [Ficstape Britney Spears - The Essential - Restrita]

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