Capítulo Único
― Garota, venha cá! ― a mulher chamou com as mãos, desesperada para ter a atenção da sobrinha logo. ― Soube que chegou um estrangeiro na vila. ― ela sorriu maliciosa, e a outra revirou os olhos até que eles não pudessem mais girar nas órbitas. ― E disseram que ele é bonitão.
― Eu não me importo, sinceramente. ― suspirou desanimada, terminando de colocar o brinco de pérolas caídas na orelha para jogar os cabelos para trás.
― Não te criei pra ser assim tão arrogante, peste! ― a tia soltou aos berros atrás do balcão da confeitaria, e ela riu do drama, balançando a cabeça negativamente.
― Sabe o que eu acho desses estrangeiros, eles que são os arrogantes! ― gritou de volta, balançando os cabelos na frente de um dos espelhos da decoração para se certificar que estavam perfeitos. ― Eles vêm pra nossa cidade apenas porque acham que vão achar diversão fácil, é sempre assim, esses estereótipos…
― Ué, e estão errados? Vivemos em uma cidade divertida, , você que só vive sonhando nas varandas. ― fora vez da tia revirar os olhos agora, e a garota apenas riu, balançando a cabeça negativamente. ― Inclusive, você deveria sempre se lembrar que também é uma estrangeira. Não é assim que as coisas funcionam, garota!
― Cada um tem sua forma de viver a vida, essa é a minha. Sonho com o meu diploma pra poder sair daqui logo e prefiro não me envolver com homens que enxergam mulheres como uma noite de qualquer coisa. ― deixou claro ao se aproximar do balcão, roubando alguns doces que a senhora havia feito mais cedo e estavam expostos. ― E eu sei, mas é diferente, no fim, eu moro aqui há muito tempo e também sofri com os pré conceitos dos outros sobre a minha nacionalidade quando cheguei, ou você se esqueceu?
― Querida, nem todos são assim. ― observou engolindo os doces de cara feia, se aproximando para desferir tapinhas em sua mão. ― Assim como você nunca foi nada que disseram. Eu só não quero que você tente provar nada pra ninguém, você é uma ótima pessoa e não são comentários mentirosos e antigos que vão manchar isso. Não gosto quando você reproduz comportamentos que não te agradaram.
― Eu sei, mas eu nunca conheci um que não fosse desse jeito. Não quero ser preconceituosa, apenas cuidadosa, Tia. ― respondeu com as palavras enroladas pela boca cheia, oferecendo um sorriso sem abrir os lábios e de bochechas de esquilo para provocar a mulher que mordeu a bochecha por dentro para não cair na risada. ― Você sabe bem a visão que eles têm de mulheres latinas, que elas são todas fáceis, e eu não sou do jeito que sou para provar nada, eu só não me encaixo nesse grupo.
― Não que você tenha conhecido muitos também, né… ― a mais velha acabou desistindo de tocar naquele assunto com a menina, sabendo bem que não daria em nada. Quando a sobrinha queria, era tão teimosa quanto um touro. ― Bem arrumada assim e falando de boca cheia, vai adiantar de que, ?! ― a senhora provocou de volta, apenas para fazê-la cair na risada depois de engolir as guloseimas.
― As pessoas tem que gostar de mim pelo o que eu sou por dentro, mesmo se meu batom estiver sujo de creme. ― rebateu com uma piscada de olho, apoiando os braços no balcão de forma folgada.
― É por isso que você nunca arrumou um namorado, então? ― aquela veio como um tapa na cara, e arregalou os olhos chocada enquanto batia as mãos uma na outra para limpar os resquícios de doce delas.
― Ah não, agora você foi longe demais. ― falou completamente revoltada, pegando a bolsa que largara em um dos cantos de uma mesa e indo até a saída do pequeno e arrumado estabelecimento. ― Eu até vou embora depois dessa.
― Vê se você se diverte e curte a vida, garota! E se encontrar o estrangeiro, não seja mal educada!
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Quando desceu do carro e viu o epicentro do local onde parara completamente vazio, soube que estava no lugar certo para fazer o que queria.
A luz da lua que iluminava aquela cidade tocava em sua pele e lhe dava boas vindas de uma forma aconchegante, acariciando seus poros de uma forma que não sentia há boas horas. Na verdade, desde que havia subido no avião em Seul e deixado toda a sua rotina enlouquecida para trás, não sabia bem o que era nem mesmo conseguir respirar sem parecer que seu coração iria explodir.
Havia feito algo que provavelmente iria se arrepender, mas apenas de viver aquele momento ao qual podia sentar no degrau do bar que ficava próximo a estalagem que estava hospedado, pegar seu violão do estojo de madeira e começar a dedilhar algumas notas tranquilamente e sem ninguém lhe olhando como se fosse apenas um objeto ao qual queriam obter, tudo valia a pena.
precisava de férias por alguns dias. E se a empresa não daria, ele daria a si mesmo, simplesmente com uma mala na mão, o violão nas costas e uma passagem de avião pro primeiro país latino que brilhou em seus olhos na tela do aeroporto, assim como o vestido de tom azul forte brilhava na iluminação do início da noite quando a mulher desceu do carro vermelho com os saltos pretos batendo contra o chão.
Percebeu que as orbes dela desviaram levemente do caminho para sua figura quando ela ouviu alguns acordes da música saindo das cordas do violão, e pôde encontrar os olhos intensos e profundos da desconhecida por um relance de segundo, não sendo capaz de impedir seus dedos paralisarem no instrumento.
― Buenas noches… ― arriscou desejar na língua nativa da mulher algo que aprendera durante o voo, decorando expressões importantes do país, assim como seus costumes - sabia que em uma vila pequena como aquela, as pessoas costumavam se cumprimentar mesmo sendo desconhecidas. Seu tom saiu muito mais baixo e claramente mais nervoso do que gostaria que tivesse acontecido, e ninguém acreditaria que era ali, instável na frente de uma mulher.
― Buenas noches. ― obteve uma resposta, mas de um jeito tão frio que parecia tentar cortar seu pescoço, o fazendo questionar-se se havia feito algo errado em tentar falar.
Ela lhe olhava de cima com um ar superior tão nítido e claro que um arrepio subiu pela espinha do , e em momento algum os passos dela vacilaram ou deram indícios de que ela pararia. Não que aquilo lhe deixasse excitado, mas com certeza deixou-o intrigado e curioso para descobrir o porquê daquele desprezo tão latente, fazendo-o esticar o pescoço ao vê-la atravessando a entrada lateral do estabelecimento onde estava na porta.
Sua garganta ficou seca e percebeu o quão mais interessante aquele local havia se tornado de uma hora para outra, não só para as suas desejadas férias, mas também por algo que não sentia há um bom tempo: uma vontade enorme de conhecer alguém e de saber o porquê aquela mulher parecia cultivar um ranço especial para si.
Sorriu de canto para sozinho, porém concentrou-se nas melodias que criava em sua mente enquanto pensava em tudo o que estava acontecendo durante aquele dia. A loucura em sair do país às pressas e sem avisar ninguém contrastante com a calmaria que exalava daquele lugar… Dissera na estalagem que era apenas um andarilho sem rumo, e esperava que ninguém descobrisse sua real identidade tão cedo.
Não viu o tempo passar e quando percebeu o frio já começava a tomar conta de seus ossos, culpa daquela brisa gélida que cortava o lugar, por isso resolveu guardar de uma vez o violão, se levantando e tentando decidir se iria preferir comer dentro daquele pequeno restaurante e arriscar esbarrar com a desconhecida, ou voltar para o hotel e passar sua noite remoendo aquela expressão dela.
Entretanto, não soube dizer bem se aquela cena demorou ou não para acontecer, mas tão rápido quanto podia decidir seus próximos passos, viu a desconhecida saindo do local com um homem ao seu lado pela mesma escadaria que estava sentado há alguns minutos atrás. Ele tinha a mão encostada no ombro dela, enquanto a mulher abraçava-o pela cintura, olhando para o rosto dele com uma expressão simpática e sorridente.
observou-os atônito, com as costas na parede. Ambos pararam para conversar encostados em uma pilastra por alguns minutos, em momento algum pareceram notar a sua presença no lugar, mesmo que tenha tido a impressão que vez ou outra o olhar da mulher se desviasse para onde estava. Era muita presunção apegar-se a essa ideia, mesmo ela estando com outro homem bem em sua frente?
― Você não devia espiar as conversas dos outros. ― uma voz desconhecida preencheu seus ouvidos e, automaticamente, apertou a madeira do estojo do violão que estava em sua mão, virando para o lado com uma sobrancelha arqueada.
― Você também não deveria insinuar que um desconhecido estava fazendo isso. ― apesar do sorriso meio aberto condescendente, não era novidade alguma que não deixaria barato palavras tão audaciosas. Seus olhos se guiaram para baixo, onde encontrou uma garota que não parecia ter muito mais que vinte anos.
― Oh, desculpe, vamos fingir que não. ― ela sorriu, piscando um dos olhos na direção do mais velho e abrindo um sorriso largo e sarcástico. ― Mas acredite, é um conselho amigável. Desista dessa e vá pra uma próxima que seja mais fácil. O que você quer, a não está disposta a dar.
― E o que você acha que eu quero? Acho que você está me julgando errado pela segunda vez em muito pouco tempo. ― ele questionou outra vez com uma risada baixa, agora jogando o apoio do violão para as costas e cruzando os braços, interessado no rumo que aquela conversa estava tomando.
― O que todos os estrangeiros que vêm até aqui querem, não é uma novidade. ― a garota respondeu como se fosse óbvio, e então ergueu uma das mãos com um flyer colorido com uma palavra que custou muito a ler, e mesmo conseguindo, não fazia a mínima ideia do que significava. Aniversário? Talvez uma festa? Era o que parecia pela imagem. ― É amanhã. ― a garota de corpo franzino acabou se aproximando mais, perigosamente mais, encostando os seios contra seu braço e segurando sua mão abaixada para passar o papel. ― Venha e você vai acabar encontrando o que procura. Mas, repito, não foque seus esforços nela, ou você vai acabar enlouquecendo. ― fez questão de sussurrar contra seu ouvido, roçando os lábios contra sua pele levemente.
Não percebeu que os olhos gatunos da desconhecida se ergueram de forma insinuante na direção da citada por ambos na conversa, ao mesmo tempo em que suas mãos continuaram se tocando por alguns segundos. E, enquanto ela voltava a encará-lo intensamente, sem fazer questão alguma de se afastar, observava os dois de longe com as íris semicerradas em descrença e nubladas de julgamento. Era exatamente por aquilo que não se envolvia com aquele tipo de gente.
― Vamos, vamos embora. ― grasnou na direção do primo, o pegando pela mão e seguindo como um foguete até o carro, sumindo dali o mais rápido possível.
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― Vocês chegaram! ― a mulher sorriu largamente quando o filho e a sobrinha entrarem pela porta da casa, recebendo ambos com um caloroso abraço demorado e aconchegante.
― O que aconteceu? ― questionou confusa com tanto carinho, arqueando uma das sobrancelhas em sinal de dúvida assim que foi solta próxima ao balcão da cozinha.
― O que, eu não posso simplesmente recebê-los bem?! ― resmungou, já começando a ficar irritada com a insinuação e a troca de olhares entre os dois jovens. ― Depois quando eu não me importo, vocês reclamam! Vão à merda, os dois!
― Calma, mãe! ― não conseguiu sustentar o teatro da prima mais nova e acabou desatando a rir, apertando a senhora em um abraço tão forte e exagerado que praticamente a tirou do chão. ― Estamos só desacostumados, não quer dizer que não gostamos!
― Desacostumados… ― a mulher repetiu ainda revoltada, dando um tapa não muito amigável em uma das mãos do filho que lhe rodeavam daquela forma sufocante. Mas pareceu se recuperar bem rápido, ao menos quando se lembrou do que queria perguntar a eles. ― Vocês viram o estrangeiro?! ― seu tom de voz foi mais baixo agora, como se estivesse contando um segredo, e seus olhos se estreitaram na direção de que soltou um suspiro desanimado no mesmo segundo que a ouviu.
― Ela viu. ― rapidamente jogou a bomba e a responsabilidade nas costas da mulher, largando os sapatos na ponta do tapete da sala de estar e se jogando no sofá para assistir de camarote a conversa que iria se desenrolar a partir de agora.
― Você também viu! ― acusou inconformada de como o primo havia tirado o corpo fora, cruzando os braços abaixo dos seios como uma criança contrariada. Ele só não havia visto aquela parte da situação, mas na verdade, não precisava ter visto e nem mesmo sua tia precisava saber, por isso resolveu engolir as palavras e as remoer sozinha.
― E ai?! Ele é bonitão mesmo? ― a tia ignorou completamente a pequena confusão entre os dois, indo direto ao que queria saber e sem se importar com qual deles iria responder a pergunta. Apesar disso, estava curiosa para saber a opinião de , querendo saber se haviam chances dela ceder um pouco todo o preconceito que cultivava de estrangeiros.
― Não vi nada demais… ― a mais nova do local respondeu com descaso, se sentando no outro sofá para ter apoio e conseguir desfazer o fecho da sandália que envolvia seus pés sem acabar caindo.
― Sério? ― o rapaz encarou a prima com os olhos se arregalando e soltando uma expressão surpresa, mas logo bateu na própria testa, como se houvesse lembrado de algo importante. ― Ah, claro, né… Por isso que você quis ficar encostada na pilastra conversando, por que você não viu nada demais nele e queria procurar pra ver se achava alguma coisa.
― Exatamente! Eu queria descobrir o que tanto viram nele, infelizmente não consegui. ― respondeu com uma expressão tão contida e um tom de voz tão convincente que quem não a conhecesse poderia acreditar facilmente que aquela era a verdade.
― Cínica…
― Me respeita! ― não pensou duas vezes antes de jogar a sandália preta que havia acabado de tirar do pé na direção da cabeça do primo, que por sorte estava com o reflexo em dia e conseguiu abaixar antes de acabar sendo atingido.
― Garota, preste atenção em mim! ― a tia que resmungava para si mesma durante todos aqueles minutos acabou irritada ao retornar do corredor dos quartos e encontrá-los discutindo, desferindo um carinhoso e discreto tapa estalado no ombro da mais nova para chamar a atenção dela de uma vez.
― A-ai! T-Tia!
― Eu busquei seu vestido da festa hoje, está ajustado. ― explicou com a peça de roupa em mãos, a oferecendo para a mulher que mordeu o lábio inferior, parecendo pensativa sobre o que faria.
― Você vai sair com isso aí no corpo??? ― dramatizou já em pé ao lado da mãe, observando com uma expressão julgadora que era apenas provocação, mas a querida prima sempre acabava caindo. ― Eu achei que não pudesse ficar pior do que o de hoje!
― Eu… Não sei se vou à festa. ― murmurou para si mesma, mas assim que percebeu o que o rapaz havia dito, colocou a mão no sapato que restava em seu pé e ameaçou-o tirar, fazendo-o correr pelo corredor e bater a porta no quarto para se esconder. ― ISSO NÃO É DA SUA CONTA!
― PAREM, vocês dois! ― grunhiu irritada com incessantes discussões dos dois, mesmo que fossem em tom de brincadeira, e franziu o cenho na direção de . ― Por que você não iria ao aniversário? É claro que você vai, não comece com essas coisas.
― Você só está empolgada assim pra me fazer encontrar o estrangeiro, Tia. ― revirou os olhos, passando uma das mãos na têmpora para tentar relaxar o estresse que aquele assunto estava lhe causando.
Tudo isso por um pequeno detalhe: além do infeliz ser mesmo bonito o suficiente para desestabilizar sua mente e lhe fazer ter pensamentos que, para alguém com a sua filosofia de vida, tornavam-se fora da curva, ele estava conversando com a pior pessoa existente em toda a área daquela cidade, e mesmo que quisesse ignorar isso, a cena não saía de sua mente por nada.
― E qual é o problema em querer que a minha sobrinha viva a vida como ela é?! ― jogou o vestido no colo de sem cuidado algum, transformando seu rosto em uma carranca tão feia que a assustou completamente. ― Você vai. E eu não quero ouvir nenhuma negação ou reclamação, entendido?
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― Eu não quero ir! ― bateu com os dois pés contra o chão assim que foi obrigada a descer do carro vermelho por , cruzando os braços abaixo dos seios com um bico manhoso nos lábios e fazendo-o rir ainda mais. ― Para de rir, seu palhaço!
― A única palhaça aqui é você! ― parou de rir no mesmo minuto, arqueando uma das sobrancelhas ao desencostar o corpo do capô do carro, observando o movimento das pessoas que começavam a atravessar aquela rua. ― Vou te deixar aqui refletindo sobre os seus atos enquanto eu me divirto e curto a noite, até depois!
― E-ei, , n-não me deixa aqui sozinha! ― reclamou ao ver o primo se afastando, mas ele não deu ouvidos e saiu lhe dando as costas, andando e acenando de forma cínica mesmo com os seus pedidos para que ele não fosse e a fazendo xingá-lo fervorosamente.
olhou a lua que já despontava no céu e observou entre o beco lateral ao qual o primo havia entrado e a porta do bar que estava acostumada a frequentar, ao qual provavelmente estava bem vazio naquele dia em especial, já que a maioria das pessoas estaria concentrada em subir as escadas do enorme salão na praça principal da cidade.
Mordeu o lábio e passou a mão pelos cabelos bem arrumados, perguntando-se o que deveria fazer e qual opção manteria sua sanidade um pouco mais intacta. Era uma escolha fácil, e estar tentada em não fazê-la era aquilo que despertava o problema. Desistiu de uma vez, levando os passos até o bar e empurrando a porta, fazendo os olhos do barman se erguerem no mesmo segundo.
― Hey, ! ― o homem que estava atrás do balcão a cumprimentou com um largo sorriso empolgado, ignorando completamente o barulho da música que tinha em sua base o violão e fazendo sua voz sobressair-se no ambiente, enquanto secava algum dos copos de vidro enfileirados no apoio de madeira marrom e bem polida.
― Que passa, papi? ― ela sentiu todo o corpo relaxar com a voz conhecida do chefe de seu primo lhe recebendo daquela forma familiar, e seu lábio preenchido com o batom de tom vermelho se abriu de forma relaxada. Viu apenas um homem sentado em uma das banquetas próximo ao meio, mas isso não a deixou acanhada e nem mesmo a fez depositar muito sua atenção nele. ― Como está o movimento hoje?
― Baixo, como esperávamos, não me arrependo de ter liberado seu primo pra festa. ― ele comentou com um sorriso paternal ao falar sobre o rapaz, mas ao citar o evento que percebeu o que havia de errado. ― Você não devia ter ido até lá com ele, ?! Esse vestido e toda essa produção maravilhosa não são para vir até aqui, não é? Estava querendo ver alguém e não me contou?!
― A-Ah, nem me fale. está interessada em me fazer esbarrar com aquele andarilho. ― ela soltou um suspiro desanimado, sentando em uma das muitas banquetas vazias perto do homem e então massageando a própria testa. ― Ainda não decidi o que devo fazer, se vou ou não. Não quero ter encontros desagradáveis lá ou no caminho. Quer dizer, eu vi algumas coisas ontem que preferia ter não visto, e elas estão girando na minha cabeça, não sei se aguento repetir a dose.
― E isso tem haver com o tal andarilho que você citou? Por que nunca te vi não arrumada e preocupada ao mesmo tempo. ― ele teve vontade de rir ao questionar isso, percebendo que não percebera que o próprio que ela falava estava escutando atentamente tudo o que diziam, sentado a três banquetas de diferença dela. Mesmo assim, pela cara de dúvida não achava que ele estivesse entendendo muito bem.
― Ele é igual aos outros, não é novidade alguma. ― apontou para uma garrafa de whisky que estava exposta como um pedido mudo, e apesar de estranhar e saber ainda mais que havia algo errado com a garota ao vê-la apelando para o álcool, o dono do estabelecimento atendeu-a.
― , isso já não faz muito tempo? Sei que o tempo não torna tudo menos errado, mas não limite aquilo que você quer fazer baseado em seu passado, sim? Eu sei que quando aquilo aconteceu entre você e aquele cara, você ficou realmente magoada, mas… ― girou o corpo para encará-la outra vez e então sorrir gentilmente. Resolvendo que não devia ir mais fundo que isso naquele assunto, deixou a dose da bebida pedida em frente à brasileira. ― A vida foi cruel com você por causa de terceiros, mas você não precisa ser cruel com a sua vida por causa de si mesma.
ergueu os olhos e encarou o senhor debaixo, respirando fundo ao lembrar da situação em questão. Não era nada muito complexo de ser explicado. Quando ainda era uma estudante do ensino médio, acabou se envolvendo com um europeu que viera passar as férias na vila, e, após tanto dizer que estava apaixonado por ela, a ainda adolescente o pegou aos amassos com a arquinimiga, a única naquele lugar que fazia questão de esfregar o quanto estava infeliz com a sua presença ali durante toda a sua adolescência e, de vez em quando, até mesmo agora que eram adultas.
Viu, naquela mesma parede a qual estava se enroscando com o asiático no dia anterior, ela beijando o infeliz do europeu quando ainda eram obrigadas a conviver como estudantes na mesma classe. Um francês estudado, ele foi o seu primeiro amor e sua primeira decepção. E ambas as coisas prometeu para si mesma serem as últimas e únicas, se fechando tanto para homens que desenvolvera problemas até mesmo no relacionamento com o seu primo mais velho. Senhor Carlos, o dono do bar, era o único a quem tinha uma visão paternal e não manchada.
Ele estava certo em vários aspectos diferentes, mas não é como se fosse dar o braço a torcer tão facilmente depois de anos remoendo um trauma… Um não, vários. Pelo menos não daria tanto o braço a torcer, porque quando se tratava de Carlos, acabava sempre cedendo uma hora ou outra. Virou a dose da bebida forte de uma vez só, sem fazer careta quando bateu com o vidro contra o balcão ao terminar.
― Tudo bem, eu vou até a festa. ― suspirou ao dar-se finalmente por vencida. Isso não queria dizer que falaria com o estrangeiro ou qualquer coisa assim, apenas que iria até lá, e se o encontrasse, bem… Provavelmente passaria reto.
― Isso, garota! ― bateu as mãos em palma animada, seguida de uma gargalhada alta e harmônica que a fez amolecer e sorrir também. ― Me espere, vou levá-la até lá! Nunca deixaria uma beldade como você ir sozinha. Se chegar mais alguém, diga que estamos fechados!
― Farei isso.
observou-o se afastar com um sorriso infantil e satisfeito no rosto, tentando conter a sua animação em vê-lo tão feliz. Resolveu então observar o bar, girando a cadeira para trás e virando o rosto para o lado apenas para encontrar a última pessoa que queria ver naquele espaço, percebendo que ele estava ali há muito tempo, desde antes de chegar, porque era ele o cara de costas que não prestara atenção ao entrar.
Prendeu a respiração, tentando controlar o desespero latente que se apoderou de sua expressão. Não podia vacilar daquela forma…!
Ele, por sua vez, estava determinado. Estava na hora de retomar o controle de suas próprias ações. não era o homem amedrontado e em choque do dia anterior, e sim um que ia atrás daquilo que queria com firmeza e confiança, e estava disposto a mostrar para quem ele realmente era.
― Oi. ― ele girou a cadeira levemente para ficar de frente com a dela, e então deixou um sorriso de canto escapar por seus lábios.
― Olá. ― respondeu juntando todo o seu autocontrole e sua sanidade para manter-se calma, tentando convencer-se de que ele não havia entendido uma palavra que falara e se esforçando de forma descomunal para ser simpática, o que era um passo e tanto para ela que há poucos minutos atrás nem mesmo queria vê-lo pintado de ouro.
― Você é a mulher que passou por mim ontem, não é, enquanto eu tocava violão na escada? ― ele usou a desculpa mais ridícula que encontrou para iniciar aquela conversa, mas estava tudo bem porque tudo que precisava era de um tema para quebrar o gelo.
― Bom, depende de quantas mulheres passaram por você ontem enquanto você tocava violão na escada. ― ela começou a brincar de girar o copo no balcão de madeira para fingir que toda a sua atenção estava nele, tentando não depositar tanta atenção no homem abriu um sorriso com a resposta rápida que lhe foi oferecida.
― Algumas, mas eu lembro especialmente de você. Deve ter sido por que você parecia querer me matar mesmo sem nós nos conhecermos. ― ele forçou uma expressão pensativa como se não tivesse certeza do motivo, e arregalou os olhos ao perceber o quão óbvia havia sido em encará-lo daquela forma sombria. ― E também por que nenhuma delas era linda como você é.
― Obrigada. ― ignorou completamente a primeira parte que ele falara, fazendo com que o soltasse uma risadinha de satisfação, enquanto ela torcia para que Carlos aparecesse o mais rápido possível para ao menos lhe servir mais bebida.
― Eu me chamo . ― ele se apresentou finalmente quando o silêncio recaiu entre eles, e ela segurou o suspiro no pulmão, com as esperanças de que ele desistiria passando por entre seus dedos e indo embora.
― Eu sou . ― ele repetiu o nome baixinho para si mesmo, tentando algumas vezes até acertar a pronúncia correta que a falta de familiaridade tornava complexa.
― … Pode me explicar o que está acontecendo? ― remexeu calmamente no bolso da calça preta e, de lá, tirou o flyer que havia lhe sido entregue no dia anterior pela mulher que lhe abordou na rua. Ela olhou curiosamente para o papel em sua mão, mas no primeiro relance já soube do que se tratava, recusando pegá-lo.
― É a festa de aniversário de um importante político da cidade. Todos os anos ele abre as portas do Teatro Principal e convida a todos a comemorar com ele. ― explicou calmamente, com uma inexpressividade que fez com que ficasse em dúvida sobre a opinião dela com aquele evento. Não dava para saber bem se ela gostava ou detestava, mas presumiu que ela iria nele pela forma elegante que estava vestida.
― Eu seria abusado se perguntasse por que você está aqui e não lá? ― arriscou, torcendo para que aquilo não a deixasse desconfortável e eles pudessem continuar com a conversa.
― Eu seria abusada se perguntasse o mesmo pra você? ― o jeito que franziu o cenho demonstrava que ela não pretendia respondê-lo, mas isso não o desanimou em nada.
― Não. ― naturalmente moveu os ombros, como se não estivesse falando nada pessoal. ― Apenas me disseram que eu iria encontrar o que eu procurava lá, então eu decidi não ir. ― não era uma lógica muito boa e ele nem mesmo sabia explicar, mas… ― Deu certo não ir, porque eu encontrei o que eu procurava aqui.
O sorriso do não pareceu amenizar a expressão chocada e confusa que tomou o rosto de , e conforme os segundos passavam, ele começava a se sentir um idiota por cantar abertamente uma pessoa aparentemente tão reservada.
― E-Eu… ― umedeceu os lábios, olhando de um lado para o outro, procurando uma forma de sair daquela situação. ― Só passei aqui para ver o senhor Carlos. ― mentiu na cara dura, levantando da banqueta e já começando a andar na direção da saída. ― Mas agora já deu a minha hora de ir pra festa também.
― E-Espera!
Ela praticamente saiu correndo, ignorando completamente o chamado de que foi atrás dela assim que deixou algumas notas que pagariam o que havia consumido em cima do balcão. Uma pena que, quando chegou ao lado de fora, a mulher já houvesse desaparecido entre a falta de luz da noite. Suspirou desanimado, se perguntando como ela conseguia ser tão rápida de salto, mas resolveu seguir até onde ela falou que iria: a festa que acontecia há dois quarteirões dali.
Apenas de virar a esquina do Teatro, se deparou com a praça pequena que ficava à frente dele e estava completamente lotada. Provavelmente todos os adolescentes e jovens adultos estavam naquela festa, como um festival onde toda a cidade se reunia com um intuito só. Sua primeira reação foi a de frustração, afinal, como encontraria a mulher em meio a tantas pessoas? Porém, toda a atenção virou para si assim que pisou o pé no primeiro degrau da escada que levava até as portas abertas do lugar, e soube que a acharia facilmente, porque seria a única que não entortaria o pescoço para trás para lhe encarar.
O caminho ao seu redor praticamente se abriu, e ele terminou a escada se inclinando para frente para tentar encontrá-la o mais rápido possível, tomando cuidado para não esbarrar em ninguém no processo. acabou vendo a dona dos cabelos chamativos andando em direção a um dos cantos do salão, e, sem pensar duas vezes, foi correndo até ela, pegando sua mão e a puxando levemente para trás para que ela virasse para si.
― …? ― ele chamou enquanto ela virava, apenas para olhar para o rosto da mulher e se deparar com alguém completamente diferente de quem procurava. Piscou os olhos algumas vezes para se certificar que estava vendo certo, e quando se certificou que sim, soltou a desconhecida que sorria para si, completamente sem graça. ― Desculpe, eu…
E, enquanto buscava as palavras para explicar o que havia acontecido, viu passando para o lado contrário ao que estava, lhe fazendo esquecer-se do que havia acontecido para correr outra vez até onde a de vestido de lantejoulas estava, a puxando novamente para si pela mão. A mulher virou com o movimento brusco, e para manter o equilíbrio do corpo segurou em seu ombro e em seu quadril. Suspirou aliviado ao ver que o rosto dela não mudou daquela vez, observando-a com cuidado para ter certeza do que estava fazendo.
― ? ― ouviu seu nome ser chamado atrás de si, mas sua mente deu um nó quando reconheceu a voz como a de , e em momento algum a mulher a sua frente havia falado.
Virou para trás para encontrá-la, e até mesmo sentiu uma pontada na sua cabeça, olhando outra vez para a mulher que estava agarrada a si para constatar que a única coisa que ela tinha de parecido com era o fato de estarem usando a mesma cor de vestido. Olhou outra vez para trás, se desvencilhando rapidamente do toque da outra, e então encontrou a decepção nos olhos daquela que julgou ser a verdadeira mulher que estava procurando.
― , eu juro que…
Ela não deixou que terminasse de falar, rapidamente dando as costas e empurrando as pessoas pelos ombros para ter passagem. A cabeça de girava com tudo o que estava acontecendo, mas ele foi logo atrás enquanto se questionava se havia bebido aquele ponto de estar tão fora de si. Chegou no lado de fora e teve certeza de a ver entrando no beco lateral que era novamente o caminho para o bar, mas não soube dizer bem onde virou errado e acabou entrando em uma rua completamente vazia, onde só podia ouvir o som da festa de fundo.
― ?! ― chamou alto, e logo depois respirou fundo, tentando se situar outra vez. Não sabia se ela estava por ali, e mesmo que estivesse, duvidava que ela iria atender o seu chamado.
Encostou-se na parede de tijolos laranja de um prédio e então olhou para o céu escuro, buscando algum sentido no que viu e alguma sanidade para não dizer que estava ficando louco. Ou talvez estivesse, louco por aquela mulher. Não, não, é apenas culpa do álcool, tentou se convencer sem sucesso, começando a ficar agoniado por não ter noção de onde havia ido parar.
― Você se perdeu? ― a voz outra vez lhe despertou, mas dessa vez soou um pouco mais aveludada do que das outras. arregalou os olhos, com medo de que estivesse ouvindo errado outra vez, e olhou para sua esquerda, tentando encontrar alguma coisa que diferenciasse aquela mulher a sua frente de , mas ela era completamente igual.
― Desculpe, eu… Eu estou vendo você em todos os rostos. ― suspirou frustrado, passando os dedos entre os cabelos longos e os puxando para trás como uma tentativa de se acalmar. ― Acho que estou ficando louco.
― Não se preocupe. ― a mulher estendeu uma das mãos na direção dele, sem vontade de largá-lo na rua perdido e durante a noite toda. ― Vem, vou te levar pro hotel.
deixou os músculos do corpo relaxarem um pouco ao ver que o rosto dela não estava magicamente mudando e tornando-se outro, aceitando a mão de para que ela o guiasse para a estalagem. Mas o desejo e a vontade foram mais fortes que o controle que estava afetado naquelas horas, e por isso ele a puxou para si e juntou seus lábios de forma urgente, iniciando um beijo que foi prontamente correspondido pela mulher.
― Finalmente.
Não haviam muitas palavras para trocar quando chegaram no quarto naquela situação e pôde finalmente sentir as mãos macias da mulher começando a passear por seu corpo, mas aquela em especial teve um gosto doce de ser pronunciada. enfim podia deixar todo o desejo e a atração sexual que guardara por ela naqueles dias explodir, o utilizando ao deslizar o dedo indicador de seu decote até seu rosto, e com a outra mão juntava mais seus corpos ao puxá-la pela curvatura de sua cintura.
Aproximou seus lábios sem hesitação, ao mesmo tempo que ela tocava sua barriga por cima do pano leve da camisa estampada e a lateral de seu pescoço, as respirações aceleradas pelo desejo que já ardia entre eles sendo muito mais forte do que qualquer racionalidade, principalmente ao iniciarem um beijo nada calmo, com suas línguas se entrelaçando de forma emergencial e os olhos se fechando automaticamente.
A mulher, porém, não deixou que durasse muito, logo já o empurrava na cama de casal que ficava ao canto do quarto, fazendo com que caísse se equilibrando nas próprias mãos, e, quando tentou montar em cima de si, ele a enlaçou outra vez pela lateral do corpo, trocando as posições, escorando-se contra ela e sentindo o volume dos seios fartos ao pressionar seu peitoral com mais força. O vento gélido que entrava pela janela que fora esquecida aberta não os davam outra opção se não usar seus próprios corpos para aquecer um ao outro.
não tentava em nada manter sua pose de superior tão comum naqueles dias, mas ao sentir às mordiscadas em seu pescoço derreteu completamente, não sendo capaz de segurar os suspiros quando sentia a língua de tocando a sua pele em um ponto tão sensível, mordendo o lábio inferior e agarrando os cabelos lisos dele com força para incentivá-lo a continuar.
As unhas da mulher passeando por sua nuca quase o fizeram parar para apreciar aqueles arrepios deliciosos que lhe eram causados, mas ao poder alcançar os seios de com os lábios começou a distribuir beijos e leves chupões pela extensão do decote que tanto lhe chamara a atenção quando a encontrou mais cedo, aproveitando cada minuto onde podia chamá-la exclusivamente de sua para explorar cada milímetro de sua pele ainda coberta por aquela peça inútil de roupa. Isso, porém, foi algo que não durou muito, pois seus dedos habilidosos rapidamente fizeram questão de puxar o zíper que estava em suas costas, separando seus corpos por poucos segundos apenas para puxar o tecido coberto de lantejoulas e arrancá-lo o mais rápido possível, jogando-o para trás.
fez questão de abrir os botões da camisa de enquanto ele tateava suas costas, e com o mesmo empenho também já puxava a calça que ele usava para baixo, revelando a boxer preta com um volume extremamente convidativo e agradável aos olhos da mulher. Mas antes que ela pudesse continuar a despi-lo, o a empurrou para trás, fazendo-a soltar sua roupa e se dando ao luxo de concentrar-se agora na visão quase completa que tinha do corpo tão tentador, com um sorriso malicioso e satisfeito nos lábios. Não era uma coisa coisa que ele estava muito longe também, com o abdômen bem definido, ombros largos e braços fortes, poderia cravar suas unhas por aquelas costas por horas e não se cansaria.
― Sem pressa. ― ele sussurrou, passando a língua em seus lábios lentamente ao mesmo tempo que passava os olhos pela única peça de roupa que ainda restava atrapalhando sua visão. ― Quero gravar você na minha mente, todos os seus detalhes…
― Tome cuidado para não se apaixonar. ― riu ao ouvi-lo falar aquilo, um riso libidinoso seguido de uma mordida na própria boca. ― Eu não sou quem você pensa que eu sou, .
Aproveitando que ele estava concentrando todo seu olhar em si, levou as mãos até os próprios seios para apertá-los com tanta força que as marcas de seus dedos ficaram evidenciadas em vermelho, ao mesmo tempo que roçava seus polegares em movimentos circulares em seus mamilos. E, vendo-o se deleitar com a cena, insinuou gemidos sem som, apenas fechando os olhos e abrindo a boca para brincar com as reações do homem à sua frente.
― Você gosta de provocar, ? ― ele tremeu a língua na pronúncia, mas isso em momento algum tirou o charme e toda a excitação que ela sentia ao ouvir aquela voz derramando-o no quarto, muito pelo contrário. ― Não gaste energia com coisas que eu posso fazer por você, poupe-a para gritar meu nome hoje.
E rapidamente sua mão escorregou até que alcançasse a borda da única peça de roupa que lhe restava, entrando por debaixo dela. agarrou sua intimidade com força, pressionando o dedo anelar contra seu clitóris e fazendo arfar e inclinar o corpo para frente, tão surpresa com o ato que a fez perder a consciência por um segundo e a deixou ainda mais exposta e à mercê do . Ele sorriu com aquela reação, mas não satisfeito, retirou uma das mãos de que repousava em um dos seios e o apertou, espremendo o mamilo com a palma de sua mão, enquanto a outra descia mais até que seus dedos encontrassem a entrada úmida e forçasse a passagem de dois deles ali.
― …
Sua boca se abriu para que respirasse com mais facilidade, perdendo o ar com a agressividade tão prazerosa do homem que movimentava o anelar e o indicador dentro de si, roçando a palma da mão em seu ponto sensível sempre que seus dedos iam mais fundo. acabou aproveitando a posição de , inclinado por cima de seu corpo, para arrastar as unhas pelo abdômen tentador e acariciar o membro já volumoso do homem por cima do tecido da peça íntima.
Ele mordeu o próprio lábio quando a mulher tocou em sua excitação, e meteu com mais força como uma vingança que ela, sinceramente, não se importou nem um pouco de receber, deixando um gemido manhoso escapar por entre os lábios apenas para senti-lo mais duro contra sua mão. O inclinou ainda mais seu corpo para iniciarem outro beijo enquanto se tocavam, a mão livre apertando o bico do seio de seu seio enquanto a dela acariciava sua bochecha. Quando sentiu seus dedos já melados do líquido da mulher, quebrou o beijo e retirou-os dela, subindo com eles vagarosamente pela barriga dela e deixando um caminho formado pelo rastro que ele deixara. sorriu satisfeito com a expressão desconsolada dela, inconformada por ele ter parado algo tão bom.
― Não se preocupe, eu vou usar outra coisa agora.
Sorriu animado, em pé, e a mulher, tão excitada quanto ele, sorriu de forma igual, finalmente tendo a oportunidade de vê-lo retirar as roupas restantes, mostrando a ereção que a boxer escondia. Gastou alguns segundos apenas para apreciar todo o corpo nu daquele homem, algo que ela sim queria gravar em sua mente para sempre, e então se livrou da calcinha, deixando as pernas abertas o suficiente para que ele tivesse a visão plena de onde tocava há alguns minutos atrás.
E, como esperava que ele fizesse, o não demorou em nada para segurar seu quadril e puxá-lo para frente, fazendo que caísse com a cabeça no colchão e tivesse apenas como chamar seu nome e segurar os lençóis, apertando o tecido entre os dedos quando sentiu completamente dentro de si, de uma vez só.
❥❥❥❥❥
acordou com os primeiros raios de sol, sentindo os músculos de seu corpo clamarem por mais algum tempo naquele colchão para descansarem da noite agitada. Ele estava resignado a satisfazer aquela sua necessidade, mas antes disso sentiu uma vontade imensa de observar aquela com quem estava dividindo os lençóis desde algumas horas atrás. E, qual foi a sua surpresa quando encontrou cabelos completamente diferentes dos de em sua frente, assim que virou-se para encará-la?
Sentiu seu estômago revirar e sua mente entrar em branco, tentando recordar se, em algum momento daquela noite, havia se encontrado com aquela mulher que o abraçava por trás com tanto empenho. Mordeu o lábio de forma nervosa, passando as mãos pelos cabelos e tentando ficar calmo. Não era possível que bebera a esse ponto…
Se desvencilhou com cuidado e deixou-se cair em uma poltrona que ficava perto da cama. Com receio, olhou outra vez a mulher ao lado, balançando a cabeça logo depois. Não era . E, pra piorar ainda mais, não fazia ideia de quem era que começava a se remexer lentamente, também acordando e abrindo os olhos de tons diferentes daqueles que imaginava.
Não conseguia entender, não conseguia se controlar, estava a ponto de ter um surto quando viu a desconhecida nua se levantar, pegando peça por peça de roupa espalhada pelo quarto e sorrindo satisfeita, jogando um enorme quimono de seda estampada nas costas e segurando os saltos entre os dedos ao começar a caminhar até a porta, mas não antes de sussurrar algo que o fez ficar completamente perplexo.
― Eu avisei que você iria ficar louco se insistisse nela.
E, com o barulho da porta se fechando ele levantou, pronto para seguir a mulher e questionar o que ela queria dizer com aquilo, mas então lembrou que ainda não vestia suas roupas.
Agora, estava frustrado e com dores de cabeça que nenhum remédio ou café pareciam o fazer melhorar, outra vez sentado naquela maldita escada enquanto escurecia. Nem mesmo tinha esperanças de vê-la passar por ali, por que não fazia ideia de como iria reagir depois do que havia feito, mesmo que ela não soubesse. Se já não estava sendo muito aberta antes, agora ela provavelmente nem mesmo olharia em sua cara.
Mesmo sem esperanças, sabia que no fundo pegara o violão e sentara naquele lugar apenas para vê-la outra vez. A melodia que dedilhava agora não era muito alegre, era mais puxada ao melancólico, e seus olhos estavam caídos, observando as cordas do instrumento com uma concentração desnecessária, até que viu os sapatos de salto parando em seu campo de visão periférica. Teve medo de erguer os olhos e se iludir outra vez, encontrar o rosto de que se transformaria em outro após alguns minutos de conversa. Mas agora o efeito do álcool já havia passado, não…?
― .
Ergueu os olhos automaticamente, pausando a música assim que a ouviu chamar seu nome. Céus, era como ouvi-la chamando o seu nome na noite anterior, entre os lençóis, o exato mesmo timbre! Como aquilo era possível?
― , eu…
― Quer dizer que você viu meu rosto? ― ela o cortou rapidamente, de braços cruzados em frente aos seios e expressão inquisitiva. Ele arregalou os olhos, não entendendo como ela sabia daquilo. ― Eu ouvi você dizendo no beco, ontem à noite… Você achava que era eu?
― Você me deixou completamente louco. ― ele suspirou frustrado, sem coragem de encará-la e, outra vez, afundando as mãos entre os cabelos, desnorteado. ― Nem tenho certeza que é com você mesma que eu estou falando agora.
― Depende, você ainda está bêbado? ― ela quis rir com o próprio comentário e ele até mesmo revirou os olhos, confirmando que realmente era ela ali. Não percebeu que se aproximou com passos lentos de onde ele estava, abaixando levemente, e então ele só a viu quando ela deixou um cartão em cima da sua coxa.
― O que é isso? ― perguntou confuso, pegando o plástico e o analisando atenciosamente. Na verdade, ele sabia o que era, só não estava acreditando no que via.
― Meu número de telefone. Vamos sair pra jantar antes que você vá embora, .
― Eu não me importo, sinceramente. ― suspirou desanimada, terminando de colocar o brinco de pérolas caídas na orelha para jogar os cabelos para trás.
― Não te criei pra ser assim tão arrogante, peste! ― a tia soltou aos berros atrás do balcão da confeitaria, e ela riu do drama, balançando a cabeça negativamente.
― Sabe o que eu acho desses estrangeiros, eles que são os arrogantes! ― gritou de volta, balançando os cabelos na frente de um dos espelhos da decoração para se certificar que estavam perfeitos. ― Eles vêm pra nossa cidade apenas porque acham que vão achar diversão fácil, é sempre assim, esses estereótipos…
― Ué, e estão errados? Vivemos em uma cidade divertida, , você que só vive sonhando nas varandas. ― fora vez da tia revirar os olhos agora, e a garota apenas riu, balançando a cabeça negativamente. ― Inclusive, você deveria sempre se lembrar que também é uma estrangeira. Não é assim que as coisas funcionam, garota!
― Cada um tem sua forma de viver a vida, essa é a minha. Sonho com o meu diploma pra poder sair daqui logo e prefiro não me envolver com homens que enxergam mulheres como uma noite de qualquer coisa. ― deixou claro ao se aproximar do balcão, roubando alguns doces que a senhora havia feito mais cedo e estavam expostos. ― E eu sei, mas é diferente, no fim, eu moro aqui há muito tempo e também sofri com os pré conceitos dos outros sobre a minha nacionalidade quando cheguei, ou você se esqueceu?
― Querida, nem todos são assim. ― observou engolindo os doces de cara feia, se aproximando para desferir tapinhas em sua mão. ― Assim como você nunca foi nada que disseram. Eu só não quero que você tente provar nada pra ninguém, você é uma ótima pessoa e não são comentários mentirosos e antigos que vão manchar isso. Não gosto quando você reproduz comportamentos que não te agradaram.
― Eu sei, mas eu nunca conheci um que não fosse desse jeito. Não quero ser preconceituosa, apenas cuidadosa, Tia. ― respondeu com as palavras enroladas pela boca cheia, oferecendo um sorriso sem abrir os lábios e de bochechas de esquilo para provocar a mulher que mordeu a bochecha por dentro para não cair na risada. ― Você sabe bem a visão que eles têm de mulheres latinas, que elas são todas fáceis, e eu não sou do jeito que sou para provar nada, eu só não me encaixo nesse grupo.
― Não que você tenha conhecido muitos também, né… ― a mais velha acabou desistindo de tocar naquele assunto com a menina, sabendo bem que não daria em nada. Quando a sobrinha queria, era tão teimosa quanto um touro. ― Bem arrumada assim e falando de boca cheia, vai adiantar de que, ?! ― a senhora provocou de volta, apenas para fazê-la cair na risada depois de engolir as guloseimas.
― As pessoas tem que gostar de mim pelo o que eu sou por dentro, mesmo se meu batom estiver sujo de creme. ― rebateu com uma piscada de olho, apoiando os braços no balcão de forma folgada.
― É por isso que você nunca arrumou um namorado, então? ― aquela veio como um tapa na cara, e arregalou os olhos chocada enquanto batia as mãos uma na outra para limpar os resquícios de doce delas.
― Ah não, agora você foi longe demais. ― falou completamente revoltada, pegando a bolsa que largara em um dos cantos de uma mesa e indo até a saída do pequeno e arrumado estabelecimento. ― Eu até vou embora depois dessa.
― Vê se você se diverte e curte a vida, garota! E se encontrar o estrangeiro, não seja mal educada!
Quando desceu do carro e viu o epicentro do local onde parara completamente vazio, soube que estava no lugar certo para fazer o que queria.
A luz da lua que iluminava aquela cidade tocava em sua pele e lhe dava boas vindas de uma forma aconchegante, acariciando seus poros de uma forma que não sentia há boas horas. Na verdade, desde que havia subido no avião em Seul e deixado toda a sua rotina enlouquecida para trás, não sabia bem o que era nem mesmo conseguir respirar sem parecer que seu coração iria explodir.
Havia feito algo que provavelmente iria se arrepender, mas apenas de viver aquele momento ao qual podia sentar no degrau do bar que ficava próximo a estalagem que estava hospedado, pegar seu violão do estojo de madeira e começar a dedilhar algumas notas tranquilamente e sem ninguém lhe olhando como se fosse apenas um objeto ao qual queriam obter, tudo valia a pena.
precisava de férias por alguns dias. E se a empresa não daria, ele daria a si mesmo, simplesmente com uma mala na mão, o violão nas costas e uma passagem de avião pro primeiro país latino que brilhou em seus olhos na tela do aeroporto, assim como o vestido de tom azul forte brilhava na iluminação do início da noite quando a mulher desceu do carro vermelho com os saltos pretos batendo contra o chão.
Percebeu que as orbes dela desviaram levemente do caminho para sua figura quando ela ouviu alguns acordes da música saindo das cordas do violão, e pôde encontrar os olhos intensos e profundos da desconhecida por um relance de segundo, não sendo capaz de impedir seus dedos paralisarem no instrumento.
― Buenas noches… ― arriscou desejar na língua nativa da mulher algo que aprendera durante o voo, decorando expressões importantes do país, assim como seus costumes - sabia que em uma vila pequena como aquela, as pessoas costumavam se cumprimentar mesmo sendo desconhecidas. Seu tom saiu muito mais baixo e claramente mais nervoso do que gostaria que tivesse acontecido, e ninguém acreditaria que era ali, instável na frente de uma mulher.
― Buenas noches. ― obteve uma resposta, mas de um jeito tão frio que parecia tentar cortar seu pescoço, o fazendo questionar-se se havia feito algo errado em tentar falar.
Ela lhe olhava de cima com um ar superior tão nítido e claro que um arrepio subiu pela espinha do , e em momento algum os passos dela vacilaram ou deram indícios de que ela pararia. Não que aquilo lhe deixasse excitado, mas com certeza deixou-o intrigado e curioso para descobrir o porquê daquele desprezo tão latente, fazendo-o esticar o pescoço ao vê-la atravessando a entrada lateral do estabelecimento onde estava na porta.
Sua garganta ficou seca e percebeu o quão mais interessante aquele local havia se tornado de uma hora para outra, não só para as suas desejadas férias, mas também por algo que não sentia há um bom tempo: uma vontade enorme de conhecer alguém e de saber o porquê aquela mulher parecia cultivar um ranço especial para si.
Sorriu de canto para sozinho, porém concentrou-se nas melodias que criava em sua mente enquanto pensava em tudo o que estava acontecendo durante aquele dia. A loucura em sair do país às pressas e sem avisar ninguém contrastante com a calmaria que exalava daquele lugar… Dissera na estalagem que era apenas um andarilho sem rumo, e esperava que ninguém descobrisse sua real identidade tão cedo.
Não viu o tempo passar e quando percebeu o frio já começava a tomar conta de seus ossos, culpa daquela brisa gélida que cortava o lugar, por isso resolveu guardar de uma vez o violão, se levantando e tentando decidir se iria preferir comer dentro daquele pequeno restaurante e arriscar esbarrar com a desconhecida, ou voltar para o hotel e passar sua noite remoendo aquela expressão dela.
Entretanto, não soube dizer bem se aquela cena demorou ou não para acontecer, mas tão rápido quanto podia decidir seus próximos passos, viu a desconhecida saindo do local com um homem ao seu lado pela mesma escadaria que estava sentado há alguns minutos atrás. Ele tinha a mão encostada no ombro dela, enquanto a mulher abraçava-o pela cintura, olhando para o rosto dele com uma expressão simpática e sorridente.
observou-os atônito, com as costas na parede. Ambos pararam para conversar encostados em uma pilastra por alguns minutos, em momento algum pareceram notar a sua presença no lugar, mesmo que tenha tido a impressão que vez ou outra o olhar da mulher se desviasse para onde estava. Era muita presunção apegar-se a essa ideia, mesmo ela estando com outro homem bem em sua frente?
― Você não devia espiar as conversas dos outros. ― uma voz desconhecida preencheu seus ouvidos e, automaticamente, apertou a madeira do estojo do violão que estava em sua mão, virando para o lado com uma sobrancelha arqueada.
― Você também não deveria insinuar que um desconhecido estava fazendo isso. ― apesar do sorriso meio aberto condescendente, não era novidade alguma que não deixaria barato palavras tão audaciosas. Seus olhos se guiaram para baixo, onde encontrou uma garota que não parecia ter muito mais que vinte anos.
― Oh, desculpe, vamos fingir que não. ― ela sorriu, piscando um dos olhos na direção do mais velho e abrindo um sorriso largo e sarcástico. ― Mas acredite, é um conselho amigável. Desista dessa e vá pra uma próxima que seja mais fácil. O que você quer, a não está disposta a dar.
― E o que você acha que eu quero? Acho que você está me julgando errado pela segunda vez em muito pouco tempo. ― ele questionou outra vez com uma risada baixa, agora jogando o apoio do violão para as costas e cruzando os braços, interessado no rumo que aquela conversa estava tomando.
― O que todos os estrangeiros que vêm até aqui querem, não é uma novidade. ― a garota respondeu como se fosse óbvio, e então ergueu uma das mãos com um flyer colorido com uma palavra que custou muito a ler, e mesmo conseguindo, não fazia a mínima ideia do que significava. Aniversário? Talvez uma festa? Era o que parecia pela imagem. ― É amanhã. ― a garota de corpo franzino acabou se aproximando mais, perigosamente mais, encostando os seios contra seu braço e segurando sua mão abaixada para passar o papel. ― Venha e você vai acabar encontrando o que procura. Mas, repito, não foque seus esforços nela, ou você vai acabar enlouquecendo. ― fez questão de sussurrar contra seu ouvido, roçando os lábios contra sua pele levemente.
Não percebeu que os olhos gatunos da desconhecida se ergueram de forma insinuante na direção da citada por ambos na conversa, ao mesmo tempo em que suas mãos continuaram se tocando por alguns segundos. E, enquanto ela voltava a encará-lo intensamente, sem fazer questão alguma de se afastar, observava os dois de longe com as íris semicerradas em descrença e nubladas de julgamento. Era exatamente por aquilo que não se envolvia com aquele tipo de gente.
― Vamos, vamos embora. ― grasnou na direção do primo, o pegando pela mão e seguindo como um foguete até o carro, sumindo dali o mais rápido possível.
― Vocês chegaram! ― a mulher sorriu largamente quando o filho e a sobrinha entrarem pela porta da casa, recebendo ambos com um caloroso abraço demorado e aconchegante.
― O que aconteceu? ― questionou confusa com tanto carinho, arqueando uma das sobrancelhas em sinal de dúvida assim que foi solta próxima ao balcão da cozinha.
― O que, eu não posso simplesmente recebê-los bem?! ― resmungou, já começando a ficar irritada com a insinuação e a troca de olhares entre os dois jovens. ― Depois quando eu não me importo, vocês reclamam! Vão à merda, os dois!
― Calma, mãe! ― não conseguiu sustentar o teatro da prima mais nova e acabou desatando a rir, apertando a senhora em um abraço tão forte e exagerado que praticamente a tirou do chão. ― Estamos só desacostumados, não quer dizer que não gostamos!
― Desacostumados… ― a mulher repetiu ainda revoltada, dando um tapa não muito amigável em uma das mãos do filho que lhe rodeavam daquela forma sufocante. Mas pareceu se recuperar bem rápido, ao menos quando se lembrou do que queria perguntar a eles. ― Vocês viram o estrangeiro?! ― seu tom de voz foi mais baixo agora, como se estivesse contando um segredo, e seus olhos se estreitaram na direção de que soltou um suspiro desanimado no mesmo segundo que a ouviu.
― Ela viu. ― rapidamente jogou a bomba e a responsabilidade nas costas da mulher, largando os sapatos na ponta do tapete da sala de estar e se jogando no sofá para assistir de camarote a conversa que iria se desenrolar a partir de agora.
― Você também viu! ― acusou inconformada de como o primo havia tirado o corpo fora, cruzando os braços abaixo dos seios como uma criança contrariada. Ele só não havia visto aquela parte da situação, mas na verdade, não precisava ter visto e nem mesmo sua tia precisava saber, por isso resolveu engolir as palavras e as remoer sozinha.
― E ai?! Ele é bonitão mesmo? ― a tia ignorou completamente a pequena confusão entre os dois, indo direto ao que queria saber e sem se importar com qual deles iria responder a pergunta. Apesar disso, estava curiosa para saber a opinião de , querendo saber se haviam chances dela ceder um pouco todo o preconceito que cultivava de estrangeiros.
― Não vi nada demais… ― a mais nova do local respondeu com descaso, se sentando no outro sofá para ter apoio e conseguir desfazer o fecho da sandália que envolvia seus pés sem acabar caindo.
― Sério? ― o rapaz encarou a prima com os olhos se arregalando e soltando uma expressão surpresa, mas logo bateu na própria testa, como se houvesse lembrado de algo importante. ― Ah, claro, né… Por isso que você quis ficar encostada na pilastra conversando, por que você não viu nada demais nele e queria procurar pra ver se achava alguma coisa.
― Exatamente! Eu queria descobrir o que tanto viram nele, infelizmente não consegui. ― respondeu com uma expressão tão contida e um tom de voz tão convincente que quem não a conhecesse poderia acreditar facilmente que aquela era a verdade.
― Cínica…
― Me respeita! ― não pensou duas vezes antes de jogar a sandália preta que havia acabado de tirar do pé na direção da cabeça do primo, que por sorte estava com o reflexo em dia e conseguiu abaixar antes de acabar sendo atingido.
― Garota, preste atenção em mim! ― a tia que resmungava para si mesma durante todos aqueles minutos acabou irritada ao retornar do corredor dos quartos e encontrá-los discutindo, desferindo um carinhoso e discreto tapa estalado no ombro da mais nova para chamar a atenção dela de uma vez.
― A-ai! T-Tia!
― Eu busquei seu vestido da festa hoje, está ajustado. ― explicou com a peça de roupa em mãos, a oferecendo para a mulher que mordeu o lábio inferior, parecendo pensativa sobre o que faria.
― Você vai sair com isso aí no corpo??? ― dramatizou já em pé ao lado da mãe, observando com uma expressão julgadora que era apenas provocação, mas a querida prima sempre acabava caindo. ― Eu achei que não pudesse ficar pior do que o de hoje!
― Eu… Não sei se vou à festa. ― murmurou para si mesma, mas assim que percebeu o que o rapaz havia dito, colocou a mão no sapato que restava em seu pé e ameaçou-o tirar, fazendo-o correr pelo corredor e bater a porta no quarto para se esconder. ― ISSO NÃO É DA SUA CONTA!
― PAREM, vocês dois! ― grunhiu irritada com incessantes discussões dos dois, mesmo que fossem em tom de brincadeira, e franziu o cenho na direção de . ― Por que você não iria ao aniversário? É claro que você vai, não comece com essas coisas.
― Você só está empolgada assim pra me fazer encontrar o estrangeiro, Tia. ― revirou os olhos, passando uma das mãos na têmpora para tentar relaxar o estresse que aquele assunto estava lhe causando.
Tudo isso por um pequeno detalhe: além do infeliz ser mesmo bonito o suficiente para desestabilizar sua mente e lhe fazer ter pensamentos que, para alguém com a sua filosofia de vida, tornavam-se fora da curva, ele estava conversando com a pior pessoa existente em toda a área daquela cidade, e mesmo que quisesse ignorar isso, a cena não saía de sua mente por nada.
― E qual é o problema em querer que a minha sobrinha viva a vida como ela é?! ― jogou o vestido no colo de sem cuidado algum, transformando seu rosto em uma carranca tão feia que a assustou completamente. ― Você vai. E eu não quero ouvir nenhuma negação ou reclamação, entendido?
― Eu não quero ir! ― bateu com os dois pés contra o chão assim que foi obrigada a descer do carro vermelho por , cruzando os braços abaixo dos seios com um bico manhoso nos lábios e fazendo-o rir ainda mais. ― Para de rir, seu palhaço!
― A única palhaça aqui é você! ― parou de rir no mesmo minuto, arqueando uma das sobrancelhas ao desencostar o corpo do capô do carro, observando o movimento das pessoas que começavam a atravessar aquela rua. ― Vou te deixar aqui refletindo sobre os seus atos enquanto eu me divirto e curto a noite, até depois!
― E-ei, , n-não me deixa aqui sozinha! ― reclamou ao ver o primo se afastando, mas ele não deu ouvidos e saiu lhe dando as costas, andando e acenando de forma cínica mesmo com os seus pedidos para que ele não fosse e a fazendo xingá-lo fervorosamente.
olhou a lua que já despontava no céu e observou entre o beco lateral ao qual o primo havia entrado e a porta do bar que estava acostumada a frequentar, ao qual provavelmente estava bem vazio naquele dia em especial, já que a maioria das pessoas estaria concentrada em subir as escadas do enorme salão na praça principal da cidade.
Mordeu o lábio e passou a mão pelos cabelos bem arrumados, perguntando-se o que deveria fazer e qual opção manteria sua sanidade um pouco mais intacta. Era uma escolha fácil, e estar tentada em não fazê-la era aquilo que despertava o problema. Desistiu de uma vez, levando os passos até o bar e empurrando a porta, fazendo os olhos do barman se erguerem no mesmo segundo.
― Hey, ! ― o homem que estava atrás do balcão a cumprimentou com um largo sorriso empolgado, ignorando completamente o barulho da música que tinha em sua base o violão e fazendo sua voz sobressair-se no ambiente, enquanto secava algum dos copos de vidro enfileirados no apoio de madeira marrom e bem polida.
― Que passa, papi? ― ela sentiu todo o corpo relaxar com a voz conhecida do chefe de seu primo lhe recebendo daquela forma familiar, e seu lábio preenchido com o batom de tom vermelho se abriu de forma relaxada. Viu apenas um homem sentado em uma das banquetas próximo ao meio, mas isso não a deixou acanhada e nem mesmo a fez depositar muito sua atenção nele. ― Como está o movimento hoje?
― Baixo, como esperávamos, não me arrependo de ter liberado seu primo pra festa. ― ele comentou com um sorriso paternal ao falar sobre o rapaz, mas ao citar o evento que percebeu o que havia de errado. ― Você não devia ter ido até lá com ele, ?! Esse vestido e toda essa produção maravilhosa não são para vir até aqui, não é? Estava querendo ver alguém e não me contou?!
― A-Ah, nem me fale. está interessada em me fazer esbarrar com aquele andarilho. ― ela soltou um suspiro desanimado, sentando em uma das muitas banquetas vazias perto do homem e então massageando a própria testa. ― Ainda não decidi o que devo fazer, se vou ou não. Não quero ter encontros desagradáveis lá ou no caminho. Quer dizer, eu vi algumas coisas ontem que preferia ter não visto, e elas estão girando na minha cabeça, não sei se aguento repetir a dose.
― E isso tem haver com o tal andarilho que você citou? Por que nunca te vi não arrumada e preocupada ao mesmo tempo. ― ele teve vontade de rir ao questionar isso, percebendo que não percebera que o próprio que ela falava estava escutando atentamente tudo o que diziam, sentado a três banquetas de diferença dela. Mesmo assim, pela cara de dúvida não achava que ele estivesse entendendo muito bem.
― Ele é igual aos outros, não é novidade alguma. ― apontou para uma garrafa de whisky que estava exposta como um pedido mudo, e apesar de estranhar e saber ainda mais que havia algo errado com a garota ao vê-la apelando para o álcool, o dono do estabelecimento atendeu-a.
― , isso já não faz muito tempo? Sei que o tempo não torna tudo menos errado, mas não limite aquilo que você quer fazer baseado em seu passado, sim? Eu sei que quando aquilo aconteceu entre você e aquele cara, você ficou realmente magoada, mas… ― girou o corpo para encará-la outra vez e então sorrir gentilmente. Resolvendo que não devia ir mais fundo que isso naquele assunto, deixou a dose da bebida pedida em frente à brasileira. ― A vida foi cruel com você por causa de terceiros, mas você não precisa ser cruel com a sua vida por causa de si mesma.
ergueu os olhos e encarou o senhor debaixo, respirando fundo ao lembrar da situação em questão. Não era nada muito complexo de ser explicado. Quando ainda era uma estudante do ensino médio, acabou se envolvendo com um europeu que viera passar as férias na vila, e, após tanto dizer que estava apaixonado por ela, a ainda adolescente o pegou aos amassos com a arquinimiga, a única naquele lugar que fazia questão de esfregar o quanto estava infeliz com a sua presença ali durante toda a sua adolescência e, de vez em quando, até mesmo agora que eram adultas.
Viu, naquela mesma parede a qual estava se enroscando com o asiático no dia anterior, ela beijando o infeliz do europeu quando ainda eram obrigadas a conviver como estudantes na mesma classe. Um francês estudado, ele foi o seu primeiro amor e sua primeira decepção. E ambas as coisas prometeu para si mesma serem as últimas e únicas, se fechando tanto para homens que desenvolvera problemas até mesmo no relacionamento com o seu primo mais velho. Senhor Carlos, o dono do bar, era o único a quem tinha uma visão paternal e não manchada.
Ele estava certo em vários aspectos diferentes, mas não é como se fosse dar o braço a torcer tão facilmente depois de anos remoendo um trauma… Um não, vários. Pelo menos não daria tanto o braço a torcer, porque quando se tratava de Carlos, acabava sempre cedendo uma hora ou outra. Virou a dose da bebida forte de uma vez só, sem fazer careta quando bateu com o vidro contra o balcão ao terminar.
― Tudo bem, eu vou até a festa. ― suspirou ao dar-se finalmente por vencida. Isso não queria dizer que falaria com o estrangeiro ou qualquer coisa assim, apenas que iria até lá, e se o encontrasse, bem… Provavelmente passaria reto.
― Isso, garota! ― bateu as mãos em palma animada, seguida de uma gargalhada alta e harmônica que a fez amolecer e sorrir também. ― Me espere, vou levá-la até lá! Nunca deixaria uma beldade como você ir sozinha. Se chegar mais alguém, diga que estamos fechados!
― Farei isso.
observou-o se afastar com um sorriso infantil e satisfeito no rosto, tentando conter a sua animação em vê-lo tão feliz. Resolveu então observar o bar, girando a cadeira para trás e virando o rosto para o lado apenas para encontrar a última pessoa que queria ver naquele espaço, percebendo que ele estava ali há muito tempo, desde antes de chegar, porque era ele o cara de costas que não prestara atenção ao entrar.
Prendeu a respiração, tentando controlar o desespero latente que se apoderou de sua expressão. Não podia vacilar daquela forma…!
Ele, por sua vez, estava determinado. Estava na hora de retomar o controle de suas próprias ações. não era o homem amedrontado e em choque do dia anterior, e sim um que ia atrás daquilo que queria com firmeza e confiança, e estava disposto a mostrar para quem ele realmente era.
― Oi. ― ele girou a cadeira levemente para ficar de frente com a dela, e então deixou um sorriso de canto escapar por seus lábios.
― Olá. ― respondeu juntando todo o seu autocontrole e sua sanidade para manter-se calma, tentando convencer-se de que ele não havia entendido uma palavra que falara e se esforçando de forma descomunal para ser simpática, o que era um passo e tanto para ela que há poucos minutos atrás nem mesmo queria vê-lo pintado de ouro.
― Você é a mulher que passou por mim ontem, não é, enquanto eu tocava violão na escada? ― ele usou a desculpa mais ridícula que encontrou para iniciar aquela conversa, mas estava tudo bem porque tudo que precisava era de um tema para quebrar o gelo.
― Bom, depende de quantas mulheres passaram por você ontem enquanto você tocava violão na escada. ― ela começou a brincar de girar o copo no balcão de madeira para fingir que toda a sua atenção estava nele, tentando não depositar tanta atenção no homem abriu um sorriso com a resposta rápida que lhe foi oferecida.
― Algumas, mas eu lembro especialmente de você. Deve ter sido por que você parecia querer me matar mesmo sem nós nos conhecermos. ― ele forçou uma expressão pensativa como se não tivesse certeza do motivo, e arregalou os olhos ao perceber o quão óbvia havia sido em encará-lo daquela forma sombria. ― E também por que nenhuma delas era linda como você é.
― Obrigada. ― ignorou completamente a primeira parte que ele falara, fazendo com que o soltasse uma risadinha de satisfação, enquanto ela torcia para que Carlos aparecesse o mais rápido possível para ao menos lhe servir mais bebida.
― Eu me chamo . ― ele se apresentou finalmente quando o silêncio recaiu entre eles, e ela segurou o suspiro no pulmão, com as esperanças de que ele desistiria passando por entre seus dedos e indo embora.
― Eu sou . ― ele repetiu o nome baixinho para si mesmo, tentando algumas vezes até acertar a pronúncia correta que a falta de familiaridade tornava complexa.
― … Pode me explicar o que está acontecendo? ― remexeu calmamente no bolso da calça preta e, de lá, tirou o flyer que havia lhe sido entregue no dia anterior pela mulher que lhe abordou na rua. Ela olhou curiosamente para o papel em sua mão, mas no primeiro relance já soube do que se tratava, recusando pegá-lo.
― É a festa de aniversário de um importante político da cidade. Todos os anos ele abre as portas do Teatro Principal e convida a todos a comemorar com ele. ― explicou calmamente, com uma inexpressividade que fez com que ficasse em dúvida sobre a opinião dela com aquele evento. Não dava para saber bem se ela gostava ou detestava, mas presumiu que ela iria nele pela forma elegante que estava vestida.
― Eu seria abusado se perguntasse por que você está aqui e não lá? ― arriscou, torcendo para que aquilo não a deixasse desconfortável e eles pudessem continuar com a conversa.
― Eu seria abusada se perguntasse o mesmo pra você? ― o jeito que franziu o cenho demonstrava que ela não pretendia respondê-lo, mas isso não o desanimou em nada.
― Não. ― naturalmente moveu os ombros, como se não estivesse falando nada pessoal. ― Apenas me disseram que eu iria encontrar o que eu procurava lá, então eu decidi não ir. ― não era uma lógica muito boa e ele nem mesmo sabia explicar, mas… ― Deu certo não ir, porque eu encontrei o que eu procurava aqui.
O sorriso do não pareceu amenizar a expressão chocada e confusa que tomou o rosto de , e conforme os segundos passavam, ele começava a se sentir um idiota por cantar abertamente uma pessoa aparentemente tão reservada.
― E-Eu… ― umedeceu os lábios, olhando de um lado para o outro, procurando uma forma de sair daquela situação. ― Só passei aqui para ver o senhor Carlos. ― mentiu na cara dura, levantando da banqueta e já começando a andar na direção da saída. ― Mas agora já deu a minha hora de ir pra festa também.
― E-Espera!
Ela praticamente saiu correndo, ignorando completamente o chamado de que foi atrás dela assim que deixou algumas notas que pagariam o que havia consumido em cima do balcão. Uma pena que, quando chegou ao lado de fora, a mulher já houvesse desaparecido entre a falta de luz da noite. Suspirou desanimado, se perguntando como ela conseguia ser tão rápida de salto, mas resolveu seguir até onde ela falou que iria: a festa que acontecia há dois quarteirões dali.
Apenas de virar a esquina do Teatro, se deparou com a praça pequena que ficava à frente dele e estava completamente lotada. Provavelmente todos os adolescentes e jovens adultos estavam naquela festa, como um festival onde toda a cidade se reunia com um intuito só. Sua primeira reação foi a de frustração, afinal, como encontraria a mulher em meio a tantas pessoas? Porém, toda a atenção virou para si assim que pisou o pé no primeiro degrau da escada que levava até as portas abertas do lugar, e soube que a acharia facilmente, porque seria a única que não entortaria o pescoço para trás para lhe encarar.
O caminho ao seu redor praticamente se abriu, e ele terminou a escada se inclinando para frente para tentar encontrá-la o mais rápido possível, tomando cuidado para não esbarrar em ninguém no processo. acabou vendo a dona dos cabelos chamativos andando em direção a um dos cantos do salão, e, sem pensar duas vezes, foi correndo até ela, pegando sua mão e a puxando levemente para trás para que ela virasse para si.
― …? ― ele chamou enquanto ela virava, apenas para olhar para o rosto da mulher e se deparar com alguém completamente diferente de quem procurava. Piscou os olhos algumas vezes para se certificar que estava vendo certo, e quando se certificou que sim, soltou a desconhecida que sorria para si, completamente sem graça. ― Desculpe, eu…
E, enquanto buscava as palavras para explicar o que havia acontecido, viu passando para o lado contrário ao que estava, lhe fazendo esquecer-se do que havia acontecido para correr outra vez até onde a de vestido de lantejoulas estava, a puxando novamente para si pela mão. A mulher virou com o movimento brusco, e para manter o equilíbrio do corpo segurou em seu ombro e em seu quadril. Suspirou aliviado ao ver que o rosto dela não mudou daquela vez, observando-a com cuidado para ter certeza do que estava fazendo.
― ? ― ouviu seu nome ser chamado atrás de si, mas sua mente deu um nó quando reconheceu a voz como a de , e em momento algum a mulher a sua frente havia falado.
Virou para trás para encontrá-la, e até mesmo sentiu uma pontada na sua cabeça, olhando outra vez para a mulher que estava agarrada a si para constatar que a única coisa que ela tinha de parecido com era o fato de estarem usando a mesma cor de vestido. Olhou outra vez para trás, se desvencilhando rapidamente do toque da outra, e então encontrou a decepção nos olhos daquela que julgou ser a verdadeira mulher que estava procurando.
― , eu juro que…
Ela não deixou que terminasse de falar, rapidamente dando as costas e empurrando as pessoas pelos ombros para ter passagem. A cabeça de girava com tudo o que estava acontecendo, mas ele foi logo atrás enquanto se questionava se havia bebido aquele ponto de estar tão fora de si. Chegou no lado de fora e teve certeza de a ver entrando no beco lateral que era novamente o caminho para o bar, mas não soube dizer bem onde virou errado e acabou entrando em uma rua completamente vazia, onde só podia ouvir o som da festa de fundo.
― ?! ― chamou alto, e logo depois respirou fundo, tentando se situar outra vez. Não sabia se ela estava por ali, e mesmo que estivesse, duvidava que ela iria atender o seu chamado.
Encostou-se na parede de tijolos laranja de um prédio e então olhou para o céu escuro, buscando algum sentido no que viu e alguma sanidade para não dizer que estava ficando louco. Ou talvez estivesse, louco por aquela mulher. Não, não, é apenas culpa do álcool, tentou se convencer sem sucesso, começando a ficar agoniado por não ter noção de onde havia ido parar.
― Você se perdeu? ― a voz outra vez lhe despertou, mas dessa vez soou um pouco mais aveludada do que das outras. arregalou os olhos, com medo de que estivesse ouvindo errado outra vez, e olhou para sua esquerda, tentando encontrar alguma coisa que diferenciasse aquela mulher a sua frente de , mas ela era completamente igual.
― Desculpe, eu… Eu estou vendo você em todos os rostos. ― suspirou frustrado, passando os dedos entre os cabelos longos e os puxando para trás como uma tentativa de se acalmar. ― Acho que estou ficando louco.
― Não se preocupe. ― a mulher estendeu uma das mãos na direção dele, sem vontade de largá-lo na rua perdido e durante a noite toda. ― Vem, vou te levar pro hotel.
deixou os músculos do corpo relaxarem um pouco ao ver que o rosto dela não estava magicamente mudando e tornando-se outro, aceitando a mão de para que ela o guiasse para a estalagem. Mas o desejo e a vontade foram mais fortes que o controle que estava afetado naquelas horas, e por isso ele a puxou para si e juntou seus lábios de forma urgente, iniciando um beijo que foi prontamente correspondido pela mulher.
― Finalmente.
Não haviam muitas palavras para trocar quando chegaram no quarto naquela situação e pôde finalmente sentir as mãos macias da mulher começando a passear por seu corpo, mas aquela em especial teve um gosto doce de ser pronunciada. enfim podia deixar todo o desejo e a atração sexual que guardara por ela naqueles dias explodir, o utilizando ao deslizar o dedo indicador de seu decote até seu rosto, e com a outra mão juntava mais seus corpos ao puxá-la pela curvatura de sua cintura.
Aproximou seus lábios sem hesitação, ao mesmo tempo que ela tocava sua barriga por cima do pano leve da camisa estampada e a lateral de seu pescoço, as respirações aceleradas pelo desejo que já ardia entre eles sendo muito mais forte do que qualquer racionalidade, principalmente ao iniciarem um beijo nada calmo, com suas línguas se entrelaçando de forma emergencial e os olhos se fechando automaticamente.
A mulher, porém, não deixou que durasse muito, logo já o empurrava na cama de casal que ficava ao canto do quarto, fazendo com que caísse se equilibrando nas próprias mãos, e, quando tentou montar em cima de si, ele a enlaçou outra vez pela lateral do corpo, trocando as posições, escorando-se contra ela e sentindo o volume dos seios fartos ao pressionar seu peitoral com mais força. O vento gélido que entrava pela janela que fora esquecida aberta não os davam outra opção se não usar seus próprios corpos para aquecer um ao outro.
não tentava em nada manter sua pose de superior tão comum naqueles dias, mas ao sentir às mordiscadas em seu pescoço derreteu completamente, não sendo capaz de segurar os suspiros quando sentia a língua de tocando a sua pele em um ponto tão sensível, mordendo o lábio inferior e agarrando os cabelos lisos dele com força para incentivá-lo a continuar.
As unhas da mulher passeando por sua nuca quase o fizeram parar para apreciar aqueles arrepios deliciosos que lhe eram causados, mas ao poder alcançar os seios de com os lábios começou a distribuir beijos e leves chupões pela extensão do decote que tanto lhe chamara a atenção quando a encontrou mais cedo, aproveitando cada minuto onde podia chamá-la exclusivamente de sua para explorar cada milímetro de sua pele ainda coberta por aquela peça inútil de roupa. Isso, porém, foi algo que não durou muito, pois seus dedos habilidosos rapidamente fizeram questão de puxar o zíper que estava em suas costas, separando seus corpos por poucos segundos apenas para puxar o tecido coberto de lantejoulas e arrancá-lo o mais rápido possível, jogando-o para trás.
fez questão de abrir os botões da camisa de enquanto ele tateava suas costas, e com o mesmo empenho também já puxava a calça que ele usava para baixo, revelando a boxer preta com um volume extremamente convidativo e agradável aos olhos da mulher. Mas antes que ela pudesse continuar a despi-lo, o a empurrou para trás, fazendo-a soltar sua roupa e se dando ao luxo de concentrar-se agora na visão quase completa que tinha do corpo tão tentador, com um sorriso malicioso e satisfeito nos lábios. Não era uma coisa coisa que ele estava muito longe também, com o abdômen bem definido, ombros largos e braços fortes, poderia cravar suas unhas por aquelas costas por horas e não se cansaria.
― Sem pressa. ― ele sussurrou, passando a língua em seus lábios lentamente ao mesmo tempo que passava os olhos pela única peça de roupa que ainda restava atrapalhando sua visão. ― Quero gravar você na minha mente, todos os seus detalhes…
― Tome cuidado para não se apaixonar. ― riu ao ouvi-lo falar aquilo, um riso libidinoso seguido de uma mordida na própria boca. ― Eu não sou quem você pensa que eu sou, .
Aproveitando que ele estava concentrando todo seu olhar em si, levou as mãos até os próprios seios para apertá-los com tanta força que as marcas de seus dedos ficaram evidenciadas em vermelho, ao mesmo tempo que roçava seus polegares em movimentos circulares em seus mamilos. E, vendo-o se deleitar com a cena, insinuou gemidos sem som, apenas fechando os olhos e abrindo a boca para brincar com as reações do homem à sua frente.
― Você gosta de provocar, ? ― ele tremeu a língua na pronúncia, mas isso em momento algum tirou o charme e toda a excitação que ela sentia ao ouvir aquela voz derramando-o no quarto, muito pelo contrário. ― Não gaste energia com coisas que eu posso fazer por você, poupe-a para gritar meu nome hoje.
E rapidamente sua mão escorregou até que alcançasse a borda da única peça de roupa que lhe restava, entrando por debaixo dela. agarrou sua intimidade com força, pressionando o dedo anelar contra seu clitóris e fazendo arfar e inclinar o corpo para frente, tão surpresa com o ato que a fez perder a consciência por um segundo e a deixou ainda mais exposta e à mercê do . Ele sorriu com aquela reação, mas não satisfeito, retirou uma das mãos de que repousava em um dos seios e o apertou, espremendo o mamilo com a palma de sua mão, enquanto a outra descia mais até que seus dedos encontrassem a entrada úmida e forçasse a passagem de dois deles ali.
― …
Sua boca se abriu para que respirasse com mais facilidade, perdendo o ar com a agressividade tão prazerosa do homem que movimentava o anelar e o indicador dentro de si, roçando a palma da mão em seu ponto sensível sempre que seus dedos iam mais fundo. acabou aproveitando a posição de , inclinado por cima de seu corpo, para arrastar as unhas pelo abdômen tentador e acariciar o membro já volumoso do homem por cima do tecido da peça íntima.
Ele mordeu o próprio lábio quando a mulher tocou em sua excitação, e meteu com mais força como uma vingança que ela, sinceramente, não se importou nem um pouco de receber, deixando um gemido manhoso escapar por entre os lábios apenas para senti-lo mais duro contra sua mão. O inclinou ainda mais seu corpo para iniciarem outro beijo enquanto se tocavam, a mão livre apertando o bico do seio de seu seio enquanto a dela acariciava sua bochecha. Quando sentiu seus dedos já melados do líquido da mulher, quebrou o beijo e retirou-os dela, subindo com eles vagarosamente pela barriga dela e deixando um caminho formado pelo rastro que ele deixara. sorriu satisfeito com a expressão desconsolada dela, inconformada por ele ter parado algo tão bom.
― Não se preocupe, eu vou usar outra coisa agora.
Sorriu animado, em pé, e a mulher, tão excitada quanto ele, sorriu de forma igual, finalmente tendo a oportunidade de vê-lo retirar as roupas restantes, mostrando a ereção que a boxer escondia. Gastou alguns segundos apenas para apreciar todo o corpo nu daquele homem, algo que ela sim queria gravar em sua mente para sempre, e então se livrou da calcinha, deixando as pernas abertas o suficiente para que ele tivesse a visão plena de onde tocava há alguns minutos atrás.
E, como esperava que ele fizesse, o não demorou em nada para segurar seu quadril e puxá-lo para frente, fazendo que caísse com a cabeça no colchão e tivesse apenas como chamar seu nome e segurar os lençóis, apertando o tecido entre os dedos quando sentiu completamente dentro de si, de uma vez só.
acordou com os primeiros raios de sol, sentindo os músculos de seu corpo clamarem por mais algum tempo naquele colchão para descansarem da noite agitada. Ele estava resignado a satisfazer aquela sua necessidade, mas antes disso sentiu uma vontade imensa de observar aquela com quem estava dividindo os lençóis desde algumas horas atrás. E, qual foi a sua surpresa quando encontrou cabelos completamente diferentes dos de em sua frente, assim que virou-se para encará-la?
Sentiu seu estômago revirar e sua mente entrar em branco, tentando recordar se, em algum momento daquela noite, havia se encontrado com aquela mulher que o abraçava por trás com tanto empenho. Mordeu o lábio de forma nervosa, passando as mãos pelos cabelos e tentando ficar calmo. Não era possível que bebera a esse ponto…
Se desvencilhou com cuidado e deixou-se cair em uma poltrona que ficava perto da cama. Com receio, olhou outra vez a mulher ao lado, balançando a cabeça logo depois. Não era . E, pra piorar ainda mais, não fazia ideia de quem era que começava a se remexer lentamente, também acordando e abrindo os olhos de tons diferentes daqueles que imaginava.
Não conseguia entender, não conseguia se controlar, estava a ponto de ter um surto quando viu a desconhecida nua se levantar, pegando peça por peça de roupa espalhada pelo quarto e sorrindo satisfeita, jogando um enorme quimono de seda estampada nas costas e segurando os saltos entre os dedos ao começar a caminhar até a porta, mas não antes de sussurrar algo que o fez ficar completamente perplexo.
― Eu avisei que você iria ficar louco se insistisse nela.
E, com o barulho da porta se fechando ele levantou, pronto para seguir a mulher e questionar o que ela queria dizer com aquilo, mas então lembrou que ainda não vestia suas roupas.
Agora, estava frustrado e com dores de cabeça que nenhum remédio ou café pareciam o fazer melhorar, outra vez sentado naquela maldita escada enquanto escurecia. Nem mesmo tinha esperanças de vê-la passar por ali, por que não fazia ideia de como iria reagir depois do que havia feito, mesmo que ela não soubesse. Se já não estava sendo muito aberta antes, agora ela provavelmente nem mesmo olharia em sua cara.
Mesmo sem esperanças, sabia que no fundo pegara o violão e sentara naquele lugar apenas para vê-la outra vez. A melodia que dedilhava agora não era muito alegre, era mais puxada ao melancólico, e seus olhos estavam caídos, observando as cordas do instrumento com uma concentração desnecessária, até que viu os sapatos de salto parando em seu campo de visão periférica. Teve medo de erguer os olhos e se iludir outra vez, encontrar o rosto de que se transformaria em outro após alguns minutos de conversa. Mas agora o efeito do álcool já havia passado, não…?
― .
Ergueu os olhos automaticamente, pausando a música assim que a ouviu chamar seu nome. Céus, era como ouvi-la chamando o seu nome na noite anterior, entre os lençóis, o exato mesmo timbre! Como aquilo era possível?
― , eu…
― Quer dizer que você viu meu rosto? ― ela o cortou rapidamente, de braços cruzados em frente aos seios e expressão inquisitiva. Ele arregalou os olhos, não entendendo como ela sabia daquilo. ― Eu ouvi você dizendo no beco, ontem à noite… Você achava que era eu?
― Você me deixou completamente louco. ― ele suspirou frustrado, sem coragem de encará-la e, outra vez, afundando as mãos entre os cabelos, desnorteado. ― Nem tenho certeza que é com você mesma que eu estou falando agora.
― Depende, você ainda está bêbado? ― ela quis rir com o próprio comentário e ele até mesmo revirou os olhos, confirmando que realmente era ela ali. Não percebeu que se aproximou com passos lentos de onde ele estava, abaixando levemente, e então ele só a viu quando ela deixou um cartão em cima da sua coxa.
― O que é isso? ― perguntou confuso, pegando o plástico e o analisando atenciosamente. Na verdade, ele sabia o que era, só não estava acreditando no que via.
― Meu número de telefone. Vamos sair pra jantar antes que você vá embora, .
Fim.
Nota da autora: OLÁ, TUDO POM?
EU NÃO TO BEM NÃO JÁ DIGO LOGO AGORA ODSAJDPOASJODSJA TO COM A CARA QUEIMANDO DE VERGONHA, SOCORRO! Eu posso dizer que essa fic foi um teste beta que eu me desafiei a fazer tudo o que eu nunca faria na minha vida. Quem escreveu isso foi praticamente um alter ego, eu devia até publicar com outro pseudônimo n AHAUHAUAHAUA No fim, acho que até deu certo, parcialmente! Eu gostei do resultado, mas não acho que pareça algo meu, na verdade não parece mesmo, então ainda não decidi se o teste falhou ou deu certo UHAUAHAUAHAUA
Aos admiradores de restrita que também me acompanham como autora: aproveitem, porque eu não pretendo fazer isso tão cedo de novo e isso se eu voltar a fazer UAHAUHUAHAA Eu me senti desconfortável demais, mas foi até divertido, ri demais - deve até tar bom porque EU MORRI DE RIR - mas sinceramente, NÃO É MESMO A MINHA PRAIA HAUAHAUAHUA Depois disso eu admiro quinhentas vezes mais quem consegue escrever restrita, principalmente de forma frequente. MEUS ENORMES PARABÉNS PRA VOCÊS, PORQUE TEM QUE SER MUITO TALENTOSO E TER MUITA PACIÊNCIA HAUAHAUAHAUA Dá um trabalho DO CACETE e olha que eu nem fui pros finalmentes.
Pra quem nunca leu algo meu, essa é a primeira vez e gostou: sinto muito, mas restritas não fazem parte do meu catálogo, porém fico imensamente feliz dessa história ter agradado! E pra quem não gostou: olha só, talvez você goste de outros tipos de história e eu tenho várias! ~aquela propaganda~ HAUAHAUAHAUAHAU Muito obrigada por ler até aqui, e sua opinião é muito muito importante pra mim, se você puder deixá-la nos comentários aqui embaixo vai me fazer muito feliz ♥
Outras Fanfics:
Longs - Em Andamento
| Kratos | Trespass | (NO) F.U.N |
Ficstapes
Super Junior - Replay/EXO - The War
| 11. Hug | 05. Diamond |
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| MV: Please Don't... | MV: Scientist | MV: Shangri La | MV: Thanks | MV: Trauma | MV: Very NICE |
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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Aos admiradores de restrita que também me acompanham como autora: aproveitem, porque eu não pretendo fazer isso tão cedo de novo e isso se eu voltar a fazer UAHAUHUAHAA Eu me senti desconfortável demais, mas foi até divertido, ri demais - deve até tar bom porque EU MORRI DE RIR - mas sinceramente, NÃO É MESMO A MINHA PRAIA HAUAHAUAHUA Depois disso eu admiro quinhentas vezes mais quem consegue escrever restrita, principalmente de forma frequente. MEUS ENORMES PARABÉNS PRA VOCÊS, PORQUE TEM QUE SER MUITO TALENTOSO E TER MUITA PACIÊNCIA HAUAHAUAHAUA Dá um trabalho DO CACETE e olha que eu nem fui pros finalmentes.
Pra quem nunca leu algo meu, essa é a primeira vez e gostou: sinto muito, mas restritas não fazem parte do meu catálogo, porém fico imensamente feliz dessa história ter agradado! E pra quem não gostou: olha só, talvez você goste de outros tipos de história e eu tenho várias! ~aquela propaganda~ HAUAHAUAHAUAHAU Muito obrigada por ler até aqui, e sua opinião é muito muito importante pra mim, se você puder deixá-la nos comentários aqui embaixo vai me fazer muito feliz ♥
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