Última atualização: Fanfic Finalizada.

Capítulo Único

I wanna say, "I wish that you never left”
(Eu quero dizer, "eu queria que você nunca fosse embora”)
Oh, but instead, I only wish you the best
(Oh, mas ao invés disso, só te desejo o melhor)

Era quase meia noite quando chegou ao Farm Burger’s, uma lanchonete 24 horas point dos alunos do New Trier High School, ao estacionar o carro na frente do estabelecimento, visualizou uma figura sentada na beira da calçada com a cabeça baixa, mas foi só quando desceu do automóvel que realmente enxergou quem estava ali.

, conhecida também como a líder de torcida mais popular de todo o colégio, era uma verdadeira personagem saída de um filme clichê americano. O que era surpresa encontrá-la por ali, mais especificamente sentada na calçada. se perguntou algumas vezes se deveria se aproximar, mas estava preocupado com a garota, o que na verdade era bem irônico.

Eles nunca foram próximos. Nunca. Ele era oposto ao grupo de amigos dela, não gostava de chamar atenção, do tipo que o clichê descreveria como “garoto misterioso”, mas ele não era misterioso, só não gostava de se enturmar como aquele grupo.

Mas se tinha uma coisa que ele gostava menos do que se misturar, era ver pessoas sozinhas, e ela definitivamente não parecia que estava bem, por isso, sentou-se silenciosamente ao lado dela, mesmo que um pouco distante, sendo rapidamente percebido por .

— Vá embora! — Falou, sem mesmo levantar a cabeça.

— Não sei se devo.

Quem quer que ela pensasse que fosse, com certeza não era o , já que levantou a cabeça rapidamente para encará-lo, surpresa. E foi então que ele percebeu que a garota estava chorando, os olhos verdes hipnotizantes estavam inchados e molhados, os cachos desalinhados.

— O que está fazendo aqui?

— Deu aquela fome da madrugada. — Disse, mesmo sabendo que essa não era a resposta que ela queria.

— Bom, então você pode ir comprar sua comida lá dentro.

O garoto notou a leve irritação na voz dela enquanto falava, não tinha como culpá-la. Se alguém com quem você mal falava sentasse ao seu lado enquanto estava chorando na calçada de uma lanchonete, não te deixaria irritado? Talvez sim, talvez não. Mas no caso dela, com certeza estava.

— Tudo bem. — Ele disse, se levantando e indo comprar o lanche da madrugada, pedindo comida para viagem, e depois voltando a se sentar ao lado dela para então comer.

Agora não estava mais de cabeça baixa, mas encarava a rua vazia à sua frente.

Ele a ofereceu o milkshake que também tinha comprado. Ela negou.

— Minha mãe costuma dizer que doce alivia a tristeza. — Ele comentou, ainda estendendo o copo para ela.

encarou firmemente, depois o copo, e depois novamente antes de aceitar o milkshake.

Ele desfez o pacote e passou a comer seu hambúrguer e batata frita em silêncio, assim como ela continuou tomando o milkshake em silêncio, ambos encarando a rua vazia à frente.

Pelo menos ela tinha parado de chorar, ele pensou.

Depois de satisfeito, guardou todos os descartáveis dentro da sacola e levantou para jogar no lixo, voltando para o mesmo lugar.

— Posso te mostrar uma coisa? — Perguntou, ainda sem encará-la.

— Se for seu pau, não. Obrigada. — Ele riu, virando-se para ela.

— Não, é um lugar.

— Você não precisa fazer isso, estou bem. Vou para casa. — sabia que era da boca para fora, pois não estava com vontade alguma de andar até sua residência.

— Sei que está bem. — Ele respondeu como se acreditasse. — Só achei que seria legal, ir para algum lugar em que as pessoas do colégio não comentassem que te viram sentada na sarjeta em prantos.

o olhou pelo canto do olho, sem se mover, e viu que ele sorria como se estivesse se divertindo com a situação, pelo menos alguém realmente parecia bem, afinal.

Voltou a encarar a rua.

— Não vou te dar oportunidade de me sequestrar, a gente mal se conhece. — Disse por fim.

— Justo. — devolveu, levantando-se. — Mas talvez seja uma oportunidade de me conhecer, afinal.

— E quem te garante que eu quero te conhecer? — Ela o olhou intrigada, ele realmente se achava muito ou estava só jogando com ela?

— Só estou comentando. — Ele deu os combros.

levantou-se também, ficando de frente com ele: — Você dirige então.

A garota deu a volta, indo em direção ao carro dele.



O percurso em si só não foi em completo silêncio pelo rádio que tocava baixinho. baixou o vidro do carro, curtindo a brisa fria lhe refrescar enquanto tentava prestar atenção na estrada ao mesmo tempo que tentava prestar então na garota que estava ao seu lado. Ele tentava desvendar internamente qual seria o motivo para que ela estivesse chorando. A intenção dele nunca foi perguntar, mesmo curioso, mas sim entretê-la com algo que fizesse esquecer dos problemas um pouco.

Odiava ver pessoas chorando.

A cidade em que moravam, também conhecida como Winnetka, ficava no estado de Illinois, no condado de Cook, e era na verdade uma aldeia com casarões antigos que você provavelmente veria em algum filme ou série de terror. Devia ter alguma coisa acima de dez mil habitantes, ou seja, todo mundo provavelmente se conhecia, mesmo que não se conhecesse.

O local para o qual eles estavam indo era fora dos limites da aldeia, ficava em uma parte mais alta, escondida entre as árvores, com visão panorâmica não só para a aldeia, mas também para o famoso lago Michigan, que brilhava intensamente à luz do luar.

— Aqui é um ótimo lugar para desovar um corpo. — Ela comentou assim que desceu do carro, se deslumbrando com a vista. — É lindo.

Apoiaram-se no parapeito que ficava na ponta da montanha, permaneceram em silêncio por alguns minutos admirando a vista, até ela quebrar o silêncio novamente:

— Eu briguei com meu pai. — Disse assim, simples. Ainda encarando a cidade. — As brigas com ele são mais frequentes do que imagina, ficar em casa às vezes parece que estou aprisionada, é um ar pesado demais, não sabia para onde ir, então fui para a lanchonete.

continuou em silêncio, atento a todas as palavras que ela estava dizendo.

— Normalmente ele briga mais com minha mãe, mas não consigo não intervir.

Não precisava de muito para entender o que ela estava o confidenciando ali, sentiu seu sangue ferver de tanto ódio por uma pessoa que ele nem conhecia. Como alguém poderia ser covarde o suficiente ao ponto de brigar com a esposa e a filha ao mesmo tempo? Isso se fossem apenas brigas, realmente.

— Antes de chegar na lanchonete, mandei mensagem para Garry e ele não me respondeu.

Bom, aí estava, outro personagem interessante. Garry Dappier, também conhecido como capitão do time de futebol e namorado de , o típico casal dos filmes clichês, mas se perguntasse a , ele diria que Dappier parece mais que saiu de um filme de besteirol americano do que de um romance clichê.

— Quando cheguei lá, ele estava com outra garota.

a encarou, processando todas as informações, só então percebeu que ela tinha voltado a chorar.

— Foi um choque. Eu já tinha ouvido boatos sobre traição, mas nunca tinha presenciado algo assim. Eu tava precisando de algum apoio, alguém com quem eu pudesse chorar no ombro, sabe? Ao invés disso recebi um belo par de chifres. E sabe o que é o pior disso? A Farm é simplesmente o lugar mais conhecido da cidade, principalmente pelo pessoal do colégio, é obvio que as pessoas sabiam, mas nunca tiveram coragem de me contar nada!

Quando ela desabou em lágrimas, bem ali à sua frente, a única coisa que ele conseguiu fazer foi abraçá-la até que ela finalmente se acalmasse.

Algo dentro do peito de se remexia, uma sensação de angústia por vê-la assim. Só queria que ela parasse de chorar, queria que ela estivesse bem e feliz.

Como que ele podia se importar tanto com uma pessoa que mal conhecia?

— Desculpa, eu não queria derramar toda essa história assim em você. — disse quando se afastou, já recuperada do surto choroso que teve.

— Ei! Não precisa se desculpar por nada, ok? Esse lugar faz isso com as pessoas, afloram os sentimentos, gosto de vir aqui para por a mente no lugar. — encarou a imensidão verde dos olhos da garota, secando as últimas lágrimas que caíam nas bochechas dela. — E suas amigas? Não podiam te ver?

Ela riu, afrouxando o abraço.

— Se o Garry não é confiável, elas são menos. É clichê, mas minha vida inteira dentro daquele colégio é uma mentira.

— Todas são. — disse firmemente. — Colégio é como um teatro, que cada um monta a vida que quer.

apenas afirmou com a cabeça. Voltando a encarar a cidade.

— Ele tava tão feliz com a garota que nem me notou jogada na sarjeta quando saiu, não nem se alguém notou, além de você.

Ela lançou um olhar significativo para ele, como se dissesse obrigada por isso. Ele apenas assentiu, aceitando o agradecimento.

não sabia exatamente porque estava contando tudo isso a , mas estava tão sufocada com tudo que pareceu a única forma de conseguir respirar novamente. E, sendo sincera consigo mesma, ele parecia ser mil vezes melhor do que qualquer pessoa com que ela já foi próxima na vida.

— Costumo ser muito observador.

— E um bom ouvinte. — Ela acrescentou, dando um mínimo sorriso para ele, agradecendo silenciosamente mais uma vez.

— Já sabe o que pretende fazer? Sabe, quanto ao... — Ele não quis completar a frase.

— Não sei. Não pensei nisso ainda, mas não quero ver o Garry tão cedo. Quanto ao meu pai, é mais difícil. Eu amo, mas o odeio pelas coisas que faz eu e minha mãe passar.

Mais um silêncio se instaurou, dessa vez um mais confortável, enquanto sentiam o vento gelado da madrugada bater no rosto e balançar as folhas das árvores ali ao redor.

— Você pode me ligar. — disse, por fim. — Quando precisar de alguém para chorar no ombro. Posso ser seu amigo ouvinte se quiser, não me importo. Prometo ouvir calado.

— Olha que eu ligo mesmo, ein?

Ela abriu o sorriso mais lindo que já vira, fazendo o coração do garoto disparar.



E ela ligou, todas as noites, às vezes só para contar como foi o dia, reclamar das colegas líderes de torcida, ou às vezes para falar de algum acontecido com o pai.

Eles não se falavam no colégio, dentro daquele prédio continuavam como dois desconhecidos um para o outro.

Quanto ao Garry, ele sabia apenas que ela tinha terminado, nada mais que isso. Ela não gostava muito de tocar no assunto.

Às vezes eles compravam comida na Farm Burger’s e iam para a vista panorâmica da cidade, com o tempo se tornou o local favorito que os dois gostavam de ficar juntos.

— Minha mãe que me mostrou. — Ele comentou uma vez enquanto comia suas batatas fritas, depois que ela perguntou como ele ficou sabendo da existência daquele lugar. — Meu pai bebia muito e batia nela. — Ele confidenciou a ela algo sobre ele depois de um tempo, parou de comer para prestar atenção em cada detalhe que ele falava, assim com fazia enquanto ela contava alguma coisa. — Ela sempre tentou me proteger de tudo, mas um dia ela percebeu que eu tinha assistido o que ele fazia com ela, então me trouxe aqui para dizer que tudo ia ficar bem. E continuou me trazendo todas as vezes que desde então, até meu pai falecer em uma briga de bar e as coisas finalmente mudarem lá em casa. Acabou que passei a vir só.

— Sinto muito, , eu não sabia.

Eles estavam sentados no capô, admirando a cidade como sempre faziam, enquanto ela descansava a cabeça no ombro dele.

— Não posso dizer que sinto falta dele, pra ser sincero, acho que estamos melhor sem ele. Minha mãe agora é casada com um cara legal que sabe respeitá-la. — Disse por fim.



Com o tempo, percebeu que aquilo tudo poderia ser um erro.

Ele estava se apaixonando pela garota.

Cada sorriso, cada gargalhada que ele conseguia arrancar dela, enchia o peito dele de paixão.

O garoto ficava aguardando dar sempre por volta das onze horas da noite, porque sabia que era o horário que ela o ligaria. Dormia melhor se falasse com ela.

O carro dele estava sempre inundado pelo perfume dela. Cada parte do cérebro dele pensava nela, às vezes ele queria ceder ao impulso de ir falar com ela no colégio, foi até assistir a um ensaio dela de líder de torcida escondido para que ninguém percebesse. Ela ficava linda no habitat escolar natural, o sorriso contagiante da garota definitivamente mostrava o quanto ela gostava de ser líder de torcida, mas nada chegava perto da sua , aquela que andava de coque mal feito e calça moletom, aberta a compartilhar qualquer coisa do mundo com ele em plena madrugada.

Uma vez ela voltou a tocar no assunto do ex-namorado.

— Ele me disse que eu beijava mal.

Eles estavam se sentando em cima do capô do carro, como de costume.

— Isso com certeza é mentira.

— Você não tem como saber!

, acredite, eu sei.

— Impossível!

Ele saiu de cima do carro e parou em pé de frente para ela, que ergueu a sobrancelha, se perguntando o que ele estava fazendo.

— Vamos apostar, se ele tiver razão, eu te pago um lanche, se não, você me paga um lanche.

— Não sei se aguento outro cara me dizendo que beijo mal, para ser sincera.

se aproximou dela o suficiente ao ponto de sentir a respiração quente da garota, colocando as mãos uma em cada lado de , no metal do carro, roçando seu nariz no dela, antes de a olhar nos olhos e soprar: — Eu tenho certeza de que isso não vai acontecer.

Ela apenas disse: — Tudo bem.

Assim que os lábios dele encontraram com os dela, ele teve mais que certeza de que ela não beijava mal.

De inicio foi um beijo calmo, as mãos do rapaz se mantiveram na cintura dela, enquanto as dela o seguravam pela nuca, saboreando um ao outro e memorizando cada parte daquele momento, tinha um gosto doce de milkshake de morango. Mas quando ela o puxou mais para perto, aprofundando o beijo, as coisas ficaram mais intensas e necessitadas. Ele imprensou o corpo da garota no metal gelado, as mãos dele rapidamente começaram a vagar por baixo da blusa dela, gemeu entre o beijo como resposta, impulsionado o quadril para cima contra o dele. Foi preciso muito autocontrole para que quebrasse o beijo e se afastasse um pouco para encará-la, visualizando uma das imagens que não sairia nunca da sua mente: deitada, sorrindo, com os cachos bagunçados, lábios inchados e o observando com aqueles olhos esverdeados cheios de expectativa.

Ele sorriu antes de acrescentar: — Você me deve um lanche.



gostaria de dizer que depois daquele dia tudo foi melhor, mas estaria mentindo. Eles conversaram apenas por telefone e em algum momento ela disse:

— Garry está implorando para voltar com ele.

O garoto acha que foi o suficiente para entender tudo que veio depois.

não ligara mais.

Ela sempre ligava. O que o deixou em pânico.

No colégio, eles continuavam sem se falar, e, depois de três noites sem receber nem uma ligação ou mensagem sequer, ele resolveu ligar para ela.

Mas nada aconteceu. Ela não atendeu.

Depois de três dias da ligação rejeitada, ele foi atrás dela no colégio.

Outro erro.

Porque foi aí quando ele viu, Garry estava abraçado com no meio do corredor, enquanto eles conversavam alegremente com alguns outros amigos que estavam ao redor. Ela parecia feliz com a decisão.

Era isso, não era?

Ele queria que ela fosse feliz, e ela estava. Ou achava que sim.

Mas por que doía tanto nele?

Ele passou ir todas as noites sozinho para o alto das montanhas, tentando tirá-la da cabeça, mas essa é a parte ruim de dividir algo com alguém: quando ela vai embora, tudo que fica ali te lembra dela.

Talvez ele precisasse de um novo lugar para chamar de seu.

Talvez ele só precisasse de tempo.

Mas ainda assim, em uma noite solitária enquanto observava a cidade à sua frente, ele digitou uma única mensagem para e enviou:

“Gostaria que soubesse que sinto sua falta. Não queria que tivesse ido embora. Mesmo assim, sempre vou deixar que seja sempre feliz.”






Fim



Nota da autora: Talvez eu seja um pouco alérgica finais felizes, mas juro que não é por mal! A primeira vez que vi o clipe dessa musica eu chorei tanto que nem imaginava que fosse capaz, não conseguiria escrever um final feliz! Mas no fim, espero que tenham gostado da história e não me matem. Menor que três.

Conheça outras histórias minhas por aqui (https://escritoraladychapel.tumblr.com/)



Nota da beta: EU SIMPLESMENTE NÃO ACREDITO NESSE FINAL!!!!!!!!!!!!!! Meu Deus, eu amei esses pp's, sou apaixonada por clichês e esse clichê nem-um-pouco-clichê me pegou de jeito. QUE BEIJO FOI AQUELES, MEUS AMORES? E QUE ATITUDE FOI ESSA DA PP NESSE FINAL? QUERIDA, ACORDE!!!!!!!!! Pare de aceitar ração barata E AGARRA ESSE PEDIGREE! Ainda acreditando firmemente aqui que a querida acordou pra vida após essa mensagem final e deu um fim nesse relacionamento xoxo e capenga com o babaquinha de quinta avenida. Inclusive eles estão juntinhos agora mesmo na minha cabeça, autora, VOCÊ QUE LUTE.

Hahahaha enfim, como vocês já sabem, o Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI!

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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