Capítulo Único
Assim que os últimos acordes da música cessaram e as palmas começaram a ser ouvidas, sorriu, bastante ansiosa e orgulhosa, acenando para a plateia que, mesmo pequena, era bastante calorosa. Procurou dentre as pessoas um par de olhos que deveria estar ali, como sempre, mas não o encontrou. Estreitou os olhos levemente em direção ao bar, mas também não o viu. Suspirou baixo e, para tentar disfarçar seu descontentamento, disse algumas palavras de agradecimento antes de finalmente descer do pequeno palco.
Deu alguns passos em direção ao camarim improvisado e tirou a alça de seu violão, guardando-o com certa pressa. Depois, pegou seu celular, procurando por alguma mensagem de , que explicasse o motivo pelo qual não estava ali. Mas, novamente, não havia nada. Tentando não deixar a preocupação tomar conta de si, ela se jogou na poltrona e passou as mãos pelos cabelos, suspirando de maneira irritada por ter se permitido estar nessa situação quando havia prometido a si mesma que não se deixaria levar.
Ela e não tinham nada. E por nada, eu realmente quero dizer nada, já que os dois nunca sequer tinham ficado. Ele era apenas um cara que ela tinha conhecido no bar, há dois ou três meses. Era difícil não notá-lo, já que era muito observadora e a presença de um cara tão bonito como certamente não passaria despercebida por ela.
Logo na primeira noite em que foi até o bar, ele tentou se aproximar dela. Com muita relutância, aceitou que ele lhe pagasse uma bebida, e os dois passaram a noite inteira conversando, bebendo e conhecendo um pouco mais sobre o outro. E isso se repetiu, durante quase todas as sextas feiras dos últimos meses. subia no palco e, sem dificuldade, encontrava os olhos castanhos de , sempre tão expressivos, acompanhando o show e cantando as músicas junto com ela. Depois, quando ela finalizava a apresentação, ele a esperava sentado no bar, já com uma bebida, para que os dois iniciassem mais uma noite na companhia um do outro.
Quando a noite acabava, eles sabiam que só se veriam na próxima semana, então trocaram números de celular para não perderem contato durante os outros dias. Mesmo assim, foram poucas as vezes em que se falaram durante a semana. Na quinta-feira, sempre recebia uma mensagem de , avisando-a que ele estaria no bar, à espera dela, e, com isso, a ansiedade da cantora aumentava ainda mais. Então, pode-se dizer que, para ambos, a semana passava devagar, e a sexta-feira demorava mais do que o normal para que finalmente chegasse e eles pudessem passar um tempo juntos.
Havia algo entre eles, mesmo que ainda não soubessem exatamente o que, a interação que envolvia os dois era quase palpável. Mesmo com isso, nenhum dos dois parecia tomar uma atitude, já que durante todo esse tempo nem um beijo sequer havia sido trocado.
E isso estava deixando maluca.
Fazia tempo que não se relacionava com ninguém. Depois de seu último relacionamento, ela não tinha orgulho em dizer que havia se fechado bastante. Estava acostumada a ter homens interessados, que sempre a chamavam para sair ou qualquer coisa do tipo, e ela ia, de bom grado, sabendo que no outro dia as coisas voltariam ao normal e ela seguiria a vida como sempre fazia.
Mas com não era assim. era diferente. era... Bom, ele era .
E se viu completamente envolvida por ele.
Ela pensava em mais do que gostaria, lembrava dos olhos dele o tempo todo e se pegava imaginando como seria beijar seus lábios. Mais de uma vez gargalhou sozinha ao lembrar das piadas extremamente sem graça que ele contava, e sorria ao recordar dos elogios que ele fazia sobre a voz dela.
Certamente estava apaixonada pelo homem e, ao invés de o sentimento lhe trazer alegria, ela se sentia frustrada, porque gostaria, mais do que tudo, que sentisse o mesmo por ela e a beijasse de um jeito que provavelmente só ele saberia fazer.
Mas estava no escuro.
Não tinha ideia dos sentimentos dele e não conseguia lê-lo o suficiente para saber se queria o mesmo que ela.
Quer dizer, até uma semana atrás ela não sabia.
Tomada por uma onda de coragem, havia chamado para um encontro oficial, pela primeira vez, fora do bar que era seu local de trabalho. Claro que ela temia pelo não, e caso ele viesse, a cantora seguiria sua vida normalmente, como sempre fez, e não se deixaria abalar por isso.
Mas, para sua surpresa, ela ouviu um sonoro sim.
riu ao ouvi-la se atrapalhar com as palavras, falando mais do que precisava, deixando claro que gostava dele e que se ele não aceitasse, estava tudo bem, mas ela precisava tentar e... A única maneira de fazê-la parar de falar foi segurar o rosto da mulher e dizer sim, em alto e bom tom, com todas as letras, para que ela finalmente caísse em si.
Houve um momento, apenas um momento, em que quase sentiu, quando ele tocava seu rosto e olhava em seus olhos, uma pequena faísca de reciprocidade.
E foi nisso, nessa pequena faísca, nessa quase certeza, que ela se prendeu.
Agora, uma semana depois do convite, o combinado era que, ao acabar o show, os dois sairiam juntos para um restaurante que ele jurava ser muito bom.
O problema era que não havia aparecido.
E, ao notar sua ausência, soube que algo não estava certo.
Ela bufou mais uma vez, tentando convencer a si mesma de que não, não faria isso com ela, não depois de confirmar na quinta-feira, como sempre fazia, que viria ao bar na sexta. Ele com certeza tinha uma explicação, não é?
Ela queria muito acreditar que sim.
Desbloqueou seu celular, decidida a enviar uma única mensagem para ele, perguntando se estava tudo bem e onde ele estava. Depois de fazer isso, se levantou e guardou o aparelho no bolso. Ajeitou seus cabelos rapidamente, retocou o batom e pegou sua bolsa, saindo da sala em seguida.
Caminhou com certa facilidade até o bar, estranhando o fato, já que o local costumava sempre estar lotado. Ao se sentar, Ann, sua amiga e garçonete do local, se aproximou para atendê-la. pediu por uma cerveja. Beberia sozinha, afinal, ainda não tinha perdido completamente as esperanças de que ele apareceria. A bebida não demorou a ser entregue, e logo deu o primeiro gole. Virou-se no banco, observando ao seu redor, sentindo falta não só de , mas de algumas outras pessoas que costumavam estar sempre ali.
- Hm, Ann? - Ela chamou pela amiga, que virou em sua direção. - Tá vazio hoje, né?!
- Um pouco. - A garçonete deu de ombros, apoiando os braços no balcão. - Ele não veio hoje?
- Parece que não. - respondeu, sem dar detalhes, já que não contou a amiga sobre o encontro que teria com ele. - O que é estranho, já que ele sempre avisa... - O dia hoje tá todo estranho, . Acordei com uma sensação muito ruim, sabe? Como se algo f... - A voz de Ann morreu assim que ela focou o olhar em algo, e franziu o cenho em confusão, acompanhando o olhar dela.
Imediatamente ela sentiu seu coração pesar.
- Aumenta o volume. - pediu, e Ann fez isso, pegando o controle e aumentando o volume dos cinco televisores que tinham no bar.
Os burburinhos de conversa logo cessaram, e todos ali presentes começaram a prestar atenção na notícia.
“...Ainda não temos mais detalhes, mas segundo as autoridades, um carro bomba explodiu no túnel próximo ao centro da cidade, e ao que parece, ainda não há relatos de sobreviventes. Sabe-se que próximo ao túnel também tem a linha principal de metrô, que se encontra parada no momento, assim como o trânsito próximo ao local. A explosão causou desabamento da entrada sul do túnel, tornando o acesso restrito. Bombeiros e médicos já estão no local prestando os atendimentos, as vítimas são muitas e...”
O silêncio no bar era unânime, todos bastante incrédulos e chocados com a notícia que passava.
“Acabamos de receber a confirmação de que algumas vítimas foram encontradas com vida, mas outras tiveram a morte declarada no local. Poucas foram identificadas, e a pedido da polícia, começaremos a listar os nomes das vítimas que carregavam seus documentos consigo, para que os familiares que estejam em casa possam reconhecer e seguir até o hospital para reconhecimento ou acompanhamento de cada uma.”
Com o coração apertado e não querendo pensar no pior, pegou seu celular, desbloqueando-o para ligar para , porém, algo chamou sua atenção. Ali, no ícone de chamadas do celular, havia um aviso de que ela tinha uma nova mensagem de voz. Ela franziu o cenho, clicando para ouvir. Assim que a voz de soou nos seus ouvidos, permitiu que seu coração se enchesse de esperanças por alguns segundos.
- Ei, . Tô deixando uma mensagem de voz porque tô atrasado e não ia dar tempo de ficar digitando tudo isso. Tenho más notícias, mas não é o que você tá pensando! Calma. - Ele riu, e acabou por rir junto. - Eu esqueci de fazer a reserva naquele restaurante que comentei. Eu sei, me perdoa, sou um tapado. - Ela balançou a cabeça em confirmação, como se ele pudesse vê-la. - Então vamos ter que ir jantar em outro lugar, espero que esteja tudo bem pra você e... Opa, desculpa, senhora. Pode se sentar. - franziu o cenho, um pouco confusa. - Tive que pegar o metrô, tava cedendo meu lugar pra uma senhora sentar. Enfim, eu... - A sensação ruim voltou, e mordeu o lábio ao ouvir a palavra metrô.
Ah, não...
Sentiu um cutucão em seu ombro e voltou sua atenção para a televisão, onde os nomes das vítimas que já haviam sido identificadas estavam sendo mostradas.
- ...mal posso esperar pra te ver. Tô ansioso pro nosso encontro. Até daqui a p... - E então, depois de um grande estrondo, a ligação ficou muda.
afastou o aparelho do ouvido, seus olhos já cheios de lágrimas que ela nem havia notado.
Não.
Não, não, não, por favor, não..., era a única coisa que conseguia pensar.
Com as mãos trêmulas e tentando não deixar o pânico tomar conta de si, ela iniciou uma ligação e não se surpreendeu quando foi direcionada para a caixa postal.
Suspirou alto, tentando manter a calma, mas, à essa altura, já tinha certeza de que estava dentre as vítimas, restava descobrir se estava vivo ou morto.
Tentando afastar a última palavra de sua mente, ela voltou o olhar para a televisão, a tempo de ver quando os nomes das vítimas começaram a ser mostrados. A lista de sobreviventes já identificados era curta, e abraçou a si mesma ao não ver o nome dele ali, torcendo para que ele estivesse vivo e não tivesse sido identificado ainda.
Porém, no momento seguinte, os últimos pequenos pingos de esperança que haviam dentro de si foram esmagados.
Ali, na lista das vítimas sem vida, estava um nome, um único nome que a fez se levantar e derrubar seu celular e a garrafa de cerveja, pouco se importando com qualquer coisa.
David
soluçou e, mesmo ouvindo a voz de Ann chamar por ela, saiu correndo do bar, sentindo que o ambiente a estava sufocando. Apoiou seus braços na parede, tentando respirar fundo para manter a calma, mesmo que isso fosse impossível no momento. Ficou assim por alguns segundos, torcendo para que quando voltasse a si, tudo não passasse de um pesadelo.
Mas não era.
Era real, era triste, era esmagador.
Assim que conseguiu voltar a respirar normalmente, se virou e deu alguns passos até um banco, sentando-se e colocando os cotovelos nas pernas, apoiando a cabeça nas mãos.
Ela não conseguia acreditar que estava morto.
O homem por quem ela estava apaixonada morreu quando estava vindo encontrá-la, pronto e ansioso para o primeiro encontro que teriam.
sabia que não deveria, mas sua mente já estava passeando pelo mar de diversas probabilidades. E se tivesse o convidado para sair antes? E se tivesse criado coragem mais cedo? E se ele não tivesse precisado pegar o metrô? E se ela tivesse contado a ele, desde o início, como estava envolvida?
- Não, , não. - Disse a si mesma enquanto secava algumas lágrimas que escorriam por seu rosto. - Não faz isso...
Mas, mesmo que tentasse se controlar, era inútil.
Era inútil porque sabia que para sempre se arrependeria de não ter agido diferente, de não tê-lo beijado quando teve a chance, de não saber com certeza o que ele sentia...
Mas, então, ela se lembrou de um momento.
Um pequeno momento, uma pequena faísca.
Reciprocidade.
Na semana passada, havia sido nisso, nessa pequena faísca, nessa quase certeza, que ela se prendeu.
Mas... Quase.
Agora não era suficiente.
Quase.
Nunca é suficiente.
E agora restava a apenas o desejo de ter feito tudo diferente.
Deu alguns passos em direção ao camarim improvisado e tirou a alça de seu violão, guardando-o com certa pressa. Depois, pegou seu celular, procurando por alguma mensagem de , que explicasse o motivo pelo qual não estava ali. Mas, novamente, não havia nada. Tentando não deixar a preocupação tomar conta de si, ela se jogou na poltrona e passou as mãos pelos cabelos, suspirando de maneira irritada por ter se permitido estar nessa situação quando havia prometido a si mesma que não se deixaria levar.
Ela e não tinham nada. E por nada, eu realmente quero dizer nada, já que os dois nunca sequer tinham ficado. Ele era apenas um cara que ela tinha conhecido no bar, há dois ou três meses. Era difícil não notá-lo, já que era muito observadora e a presença de um cara tão bonito como certamente não passaria despercebida por ela.
Logo na primeira noite em que foi até o bar, ele tentou se aproximar dela. Com muita relutância, aceitou que ele lhe pagasse uma bebida, e os dois passaram a noite inteira conversando, bebendo e conhecendo um pouco mais sobre o outro. E isso se repetiu, durante quase todas as sextas feiras dos últimos meses. subia no palco e, sem dificuldade, encontrava os olhos castanhos de , sempre tão expressivos, acompanhando o show e cantando as músicas junto com ela. Depois, quando ela finalizava a apresentação, ele a esperava sentado no bar, já com uma bebida, para que os dois iniciassem mais uma noite na companhia um do outro.
Quando a noite acabava, eles sabiam que só se veriam na próxima semana, então trocaram números de celular para não perderem contato durante os outros dias. Mesmo assim, foram poucas as vezes em que se falaram durante a semana. Na quinta-feira, sempre recebia uma mensagem de , avisando-a que ele estaria no bar, à espera dela, e, com isso, a ansiedade da cantora aumentava ainda mais. Então, pode-se dizer que, para ambos, a semana passava devagar, e a sexta-feira demorava mais do que o normal para que finalmente chegasse e eles pudessem passar um tempo juntos.
Havia algo entre eles, mesmo que ainda não soubessem exatamente o que, a interação que envolvia os dois era quase palpável. Mesmo com isso, nenhum dos dois parecia tomar uma atitude, já que durante todo esse tempo nem um beijo sequer havia sido trocado.
E isso estava deixando maluca.
Fazia tempo que não se relacionava com ninguém. Depois de seu último relacionamento, ela não tinha orgulho em dizer que havia se fechado bastante. Estava acostumada a ter homens interessados, que sempre a chamavam para sair ou qualquer coisa do tipo, e ela ia, de bom grado, sabendo que no outro dia as coisas voltariam ao normal e ela seguiria a vida como sempre fazia.
Mas com não era assim. era diferente. era... Bom, ele era .
E se viu completamente envolvida por ele.
Ela pensava em mais do que gostaria, lembrava dos olhos dele o tempo todo e se pegava imaginando como seria beijar seus lábios. Mais de uma vez gargalhou sozinha ao lembrar das piadas extremamente sem graça que ele contava, e sorria ao recordar dos elogios que ele fazia sobre a voz dela.
Certamente estava apaixonada pelo homem e, ao invés de o sentimento lhe trazer alegria, ela se sentia frustrada, porque gostaria, mais do que tudo, que sentisse o mesmo por ela e a beijasse de um jeito que provavelmente só ele saberia fazer.
Mas estava no escuro.
Não tinha ideia dos sentimentos dele e não conseguia lê-lo o suficiente para saber se queria o mesmo que ela.
Quer dizer, até uma semana atrás ela não sabia.
Tomada por uma onda de coragem, havia chamado para um encontro oficial, pela primeira vez, fora do bar que era seu local de trabalho. Claro que ela temia pelo não, e caso ele viesse, a cantora seguiria sua vida normalmente, como sempre fez, e não se deixaria abalar por isso.
Mas, para sua surpresa, ela ouviu um sonoro sim.
riu ao ouvi-la se atrapalhar com as palavras, falando mais do que precisava, deixando claro que gostava dele e que se ele não aceitasse, estava tudo bem, mas ela precisava tentar e... A única maneira de fazê-la parar de falar foi segurar o rosto da mulher e dizer sim, em alto e bom tom, com todas as letras, para que ela finalmente caísse em si.
Houve um momento, apenas um momento, em que quase sentiu, quando ele tocava seu rosto e olhava em seus olhos, uma pequena faísca de reciprocidade.
E foi nisso, nessa pequena faísca, nessa quase certeza, que ela se prendeu.
Agora, uma semana depois do convite, o combinado era que, ao acabar o show, os dois sairiam juntos para um restaurante que ele jurava ser muito bom.
O problema era que não havia aparecido.
E, ao notar sua ausência, soube que algo não estava certo.
Ela bufou mais uma vez, tentando convencer a si mesma de que não, não faria isso com ela, não depois de confirmar na quinta-feira, como sempre fazia, que viria ao bar na sexta. Ele com certeza tinha uma explicação, não é?
Ela queria muito acreditar que sim.
Desbloqueou seu celular, decidida a enviar uma única mensagem para ele, perguntando se estava tudo bem e onde ele estava. Depois de fazer isso, se levantou e guardou o aparelho no bolso. Ajeitou seus cabelos rapidamente, retocou o batom e pegou sua bolsa, saindo da sala em seguida.
Caminhou com certa facilidade até o bar, estranhando o fato, já que o local costumava sempre estar lotado. Ao se sentar, Ann, sua amiga e garçonete do local, se aproximou para atendê-la. pediu por uma cerveja. Beberia sozinha, afinal, ainda não tinha perdido completamente as esperanças de que ele apareceria. A bebida não demorou a ser entregue, e logo deu o primeiro gole. Virou-se no banco, observando ao seu redor, sentindo falta não só de , mas de algumas outras pessoas que costumavam estar sempre ali.
- Hm, Ann? - Ela chamou pela amiga, que virou em sua direção. - Tá vazio hoje, né?!
- Um pouco. - A garçonete deu de ombros, apoiando os braços no balcão. - Ele não veio hoje?
- Parece que não. - respondeu, sem dar detalhes, já que não contou a amiga sobre o encontro que teria com ele. - O que é estranho, já que ele sempre avisa... - O dia hoje tá todo estranho, . Acordei com uma sensação muito ruim, sabe? Como se algo f... - A voz de Ann morreu assim que ela focou o olhar em algo, e franziu o cenho em confusão, acompanhando o olhar dela.
Imediatamente ela sentiu seu coração pesar.
- Aumenta o volume. - pediu, e Ann fez isso, pegando o controle e aumentando o volume dos cinco televisores que tinham no bar.
Os burburinhos de conversa logo cessaram, e todos ali presentes começaram a prestar atenção na notícia.
“...Ainda não temos mais detalhes, mas segundo as autoridades, um carro bomba explodiu no túnel próximo ao centro da cidade, e ao que parece, ainda não há relatos de sobreviventes. Sabe-se que próximo ao túnel também tem a linha principal de metrô, que se encontra parada no momento, assim como o trânsito próximo ao local. A explosão causou desabamento da entrada sul do túnel, tornando o acesso restrito. Bombeiros e médicos já estão no local prestando os atendimentos, as vítimas são muitas e...”
O silêncio no bar era unânime, todos bastante incrédulos e chocados com a notícia que passava.
“Acabamos de receber a confirmação de que algumas vítimas foram encontradas com vida, mas outras tiveram a morte declarada no local. Poucas foram identificadas, e a pedido da polícia, começaremos a listar os nomes das vítimas que carregavam seus documentos consigo, para que os familiares que estejam em casa possam reconhecer e seguir até o hospital para reconhecimento ou acompanhamento de cada uma.”
Com o coração apertado e não querendo pensar no pior, pegou seu celular, desbloqueando-o para ligar para , porém, algo chamou sua atenção. Ali, no ícone de chamadas do celular, havia um aviso de que ela tinha uma nova mensagem de voz. Ela franziu o cenho, clicando para ouvir. Assim que a voz de soou nos seus ouvidos, permitiu que seu coração se enchesse de esperanças por alguns segundos.
- Ei, . Tô deixando uma mensagem de voz porque tô atrasado e não ia dar tempo de ficar digitando tudo isso. Tenho más notícias, mas não é o que você tá pensando! Calma. - Ele riu, e acabou por rir junto. - Eu esqueci de fazer a reserva naquele restaurante que comentei. Eu sei, me perdoa, sou um tapado. - Ela balançou a cabeça em confirmação, como se ele pudesse vê-la. - Então vamos ter que ir jantar em outro lugar, espero que esteja tudo bem pra você e... Opa, desculpa, senhora. Pode se sentar. - franziu o cenho, um pouco confusa. - Tive que pegar o metrô, tava cedendo meu lugar pra uma senhora sentar. Enfim, eu... - A sensação ruim voltou, e mordeu o lábio ao ouvir a palavra metrô.
Ah, não...
Sentiu um cutucão em seu ombro e voltou sua atenção para a televisão, onde os nomes das vítimas que já haviam sido identificadas estavam sendo mostradas.
- ...mal posso esperar pra te ver. Tô ansioso pro nosso encontro. Até daqui a p... - E então, depois de um grande estrondo, a ligação ficou muda.
afastou o aparelho do ouvido, seus olhos já cheios de lágrimas que ela nem havia notado.
Não.
Não, não, não, por favor, não..., era a única coisa que conseguia pensar.
Com as mãos trêmulas e tentando não deixar o pânico tomar conta de si, ela iniciou uma ligação e não se surpreendeu quando foi direcionada para a caixa postal.
Suspirou alto, tentando manter a calma, mas, à essa altura, já tinha certeza de que estava dentre as vítimas, restava descobrir se estava vivo ou morto.
Tentando afastar a última palavra de sua mente, ela voltou o olhar para a televisão, a tempo de ver quando os nomes das vítimas começaram a ser mostrados. A lista de sobreviventes já identificados era curta, e abraçou a si mesma ao não ver o nome dele ali, torcendo para que ele estivesse vivo e não tivesse sido identificado ainda.
Porém, no momento seguinte, os últimos pequenos pingos de esperança que haviam dentro de si foram esmagados.
Ali, na lista das vítimas sem vida, estava um nome, um único nome que a fez se levantar e derrubar seu celular e a garrafa de cerveja, pouco se importando com qualquer coisa.
David
soluçou e, mesmo ouvindo a voz de Ann chamar por ela, saiu correndo do bar, sentindo que o ambiente a estava sufocando. Apoiou seus braços na parede, tentando respirar fundo para manter a calma, mesmo que isso fosse impossível no momento. Ficou assim por alguns segundos, torcendo para que quando voltasse a si, tudo não passasse de um pesadelo.
Mas não era.
Era real, era triste, era esmagador.
Assim que conseguiu voltar a respirar normalmente, se virou e deu alguns passos até um banco, sentando-se e colocando os cotovelos nas pernas, apoiando a cabeça nas mãos.
Ela não conseguia acreditar que estava morto.
O homem por quem ela estava apaixonada morreu quando estava vindo encontrá-la, pronto e ansioso para o primeiro encontro que teriam.
sabia que não deveria, mas sua mente já estava passeando pelo mar de diversas probabilidades. E se tivesse o convidado para sair antes? E se tivesse criado coragem mais cedo? E se ele não tivesse precisado pegar o metrô? E se ela tivesse contado a ele, desde o início, como estava envolvida?
- Não, , não. - Disse a si mesma enquanto secava algumas lágrimas que escorriam por seu rosto. - Não faz isso...
Mas, mesmo que tentasse se controlar, era inútil.
Era inútil porque sabia que para sempre se arrependeria de não ter agido diferente, de não tê-lo beijado quando teve a chance, de não saber com certeza o que ele sentia...
Mas, então, ela se lembrou de um momento.
Um pequeno momento, uma pequena faísca.
Reciprocidade.
Na semana passada, havia sido nisso, nessa pequena faísca, nessa quase certeza, que ela se prendeu.
Mas... Quase.
Agora não era suficiente.
Quase.
Nunca é suficiente.
E agora restava a apenas o desejo de ter feito tudo diferente.
FIM
Nota da autora:
Mais uma fic curtinha e, apesar de muuuito triste, tem meu coração! Espero que tenham gostado, não deixem de comentar, por favor! <3 E não me matem pelas lágrimas! Hahaha
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