Capítulo Único
null conhecia null há pouco mais de cinco anos, eles fizeram o ensino médio juntos e boa parte das tentativas frustradas de cursos na faculdade. Um ano todo pulando de curso em curso, até que eles se encontraram e o melhor no mesmo campus.
null na turma de dança contemporânea e null na de música, eles sempre foram apaixonados por ambas as coisas, mas não sabiam que seus hobbies, seriam a certeza de seus futuros.
Quando os dois passaram mais de um semestre nos respectivos cursos, tiveram certeza que dessa vez iriam seguir até a formatura. Resolveram então dividir um apartamento mais próximo do campus, não tinham todo dinheiro do mundo, mas conseguiam se virar com as economias e com o que os pais enviavam para ajudar nas despesas.
null fazia alguns bicos e apresentações de dança, e null participava constantemente de competições de música em que o prêmio era em dinheiro.
null sempre sentiu orgulho e um carinho descomunal por null, ele não sabia se aquilo era admiração ou gratidão por ela sempre o apoiar em tudo, mesmo quando teve uma das piores discussões com seus pais, por conta da música (hoje, graças ao universo já estava tudo resolvido), por sempre o defender de comentários e piadinhas de bullying que ele sofria por ser fechado ou se ele amava a amiga, mais do que só como uma amiga.
― Tá bom, null, mas me fala, como se sente em relação a ela? ― null disse tirando null do transe que ele depois que null saiu do banco em que eles estavam sentados e foi até a cantina com null.
― Está doido, null? ― null disse, em um tom de repreensão. ― Eu sinto a mesma coisa que eu sinto por você. ― Ele engoliu em seco, tentando desviar o assunto.
― Você sente vontade de beijar a minha boca e me ver rebolando no seu pau, null? Que nojo! Já te disse que sou hétero. ― null ria descontroladamente enquanto o mais velho ficava muito vermelho.
― Gatinho, você não deveria passar tanto tempo no sol. ― null disse se aproximando dos meninos com algumas bebidas em mãos. ― Toma esse suco de melão com hortelã e vamos para a sombra. ― A menor finalizou entregando o copo tampado com um canudo já enfiado na tampa, para o amigo.
null pegou a bebida e abriu seu melhor sorriso.
― Vamos! ― null disse puxando null que seguia arrastando null. ― Tem uma mesa coberta ali.
Os quatro chegaram à mesa e se acomodaram. O intervalo estava pela metade ainda, null já tinha passado pelo menos duas camadas de protetor solar em null para que ele não ficasse marcado do sol, null amava peles marcadas, mas que fossem feitas por ela e sabia que a pele de null era muito sensível e ele ia sofrer depois por isso.
― Já está bom, null. ― null disse depois que viu a menor tirar o frasco de protetor mais uma vez da bolsa.
― null? ― null fez um bico de choro. ― Porque está me chamando de null? ― Ela encolheu os ombros e guardou o franco na bolsa.
― Mas null é o seu nome, ou eu estou louco? ― null disse quase acabando com o drama moment de null.
― Mas ele só me chama assim quando está bravo. ― null voltou a formar o bico nos lábios carnudos e null demorou um momento para voltar a si, depois de ficar perdido na boca da moça.
― Me desculpa, babe. ― null segurou as pequenas mãos de null e fez um leve carinho nelas. ― Eu não estou bravo, eu só estou cansado dessa meleca que você está passando em mim. ― Ele fez uma careta e abriu um doce sorriso.
― Ele está mesmo parecendo um fantasma, null. ― null disse analisando bem o rosto do amigo. ― Eu só estou cuidando do meu gatinho. ― null pareceu magoada ao finalizar a frase.
― Seu gatinho está grato, meu bolinho, é que você sabe como eu me sinto com essas coisas na minha pele, me desculpa, tudo bem? Vou te pagar um sorvete bem grandão quando formos embora, pode ser? ― null abraçou o corpo da amiga que abriu um grande sorriso e balançou a cabeça em concordância.
O sinal tocou anunciando o final do intervalo e os quatro voltaram, cada um para a seu prédio. null cursava dança também, porém em uma turma a frente de null, null cursava artes plásticas no mesmo prédio que null. O grupo se separou e como os prédios eram longe de onde estavam, mal conseguiram conversar pelo caminho.
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― Eu te vi com sua namorada lá no campus. ― null disse enquanto o professor de estruturação musical saiu da sala, para buscar alguma coisa que os alunos deram a mínima na sala dos professores.
― Eu não tenho uma namorada. ― null olhou surpreso para a amiga de classe.
― Não precisa mentir pra mim, você sabe sobre mim e o null. Eu não estou querendo te chatear, só ia dizer que vocês são lindos juntos. ― null sorriu sem mostrar os dentes, deixando em evidência suas covinhas.
― Mas, null, eu to falando a verdade, eu não tenho uma namorada e porque a senhora não foi comer com a gente? ― Ele olhou bravo para a amiga.
― Mas ela estava tão linda passando alguma coisa no seu rosto, a forma com que se olhavam era tão linda, eu jurava que estavam namorando, até apostei com o Mike. ― Ela sorriu aberto dessa vez.
― Com o Mike? ― null questionou sabendo mais ou menos por aquela fala o motivo para que a mais nova não tivesse almoçado com eles.
― null, o null sabe que aquilo foi um mal entendido, que ele estava bêbado e confuso. Eu decidi dar um voto de confiança depois que conversamos e o null tem que confiar em mim, eu o amo, amo mais que tudo nesse mundo, mas o Mike é meu amigo de infância e ele já até está saindo com outra pessoa, essa birra toda não faz o menor sentido. ― null foi sincera e o mais velho entendia totalmente o lado dela, mas também entendia o lado de null.
― Vocês deveriam conversar, essas coisas vão acabar minando o relacionamento de vocês. ― null também foi sincero e antes de obter uma resposta da garota ao seu lado, o professor voltou a sala e interrompeu o raciocínio dos dois.
O sinal de saída tocou, mas null estava tão envolvido com a partitura que estava estudando que só voltou a si quando ouviu uma voz familiar invadir a sala.
― Gatinho? ― null tocou o ombro do mais velho para chamar sua atenção.
― Oi, babe. ― null guardou suas coisas na mochila e se levantou sorrindo.
― Vê se pode, null, eles têm até apelidinhos carinhosos e ficam negando que são namorados. ― null se aproximou de null e passou seu braço pela cintura dela.
― Eu vi a forma fofa que eles estavam no intervalo. ― null aproximou mais do namorado e grudou os corpos em um abraço ladino.
― E é disso que o povo gosta! ― null disse pegando na mão de null e puxando ele para fora da sala. ― O casal da nação, assim, juntinho. ― Ele finalizou sendo seguido pelos amigos.
― Minha bebê, que é só minha, vai me levar para comer e a gente vai conversar direitinho. ― null disse abraçando o corpo todo da namorada com os dois braços.
― Izi, que amor, pois se resolvam e me tragam chocolate. ― null disse, fazendo uma carinha fofa, e null sorriu todo bobo.
― null, depois eu preciso da sua ajuda naquele projeto da semana que vem. ― Sana se aproximou do grupo, que já estava quase no final do corredor, passando o braço pelos ombros do mais velho, fazendo com que ele soltasse a mão de null.
― Ah, Sanie, me lembra de passar na sua casa mais tarde, eu tenho um compromisso agora.
― Tudo bem, null, eu vou esperar ansiosamente, você quer vir para o jantar? Posso comprar alguma coisa gostosa pra gente comer. ― San disse abrindo o maior sorriso que ela conseguiu.
― Eu gosto de pizza, ou de hambúrguer. ― null sorriu de volta concordando com o convite.
― Você não deveria comer besteira tarde da noite, null. ― null disse em um tom meio ríspido. ― Eu ia cozinhar pra você hoje à noite, se lembra? Você disse que estava com saudades da minha comida. ― A menor sorriu fraco, fazendo o coração de null apertar.
― Poxa, nenê, me desculpa, mas ou a gente cancela o sorvete agora ou o jantar. ― Ele olhou com seu olhar de gatinho para a amiga.
― Se você quiser, eu posso ir pra sua casa e a null cozinha pra gente, você vai me ajudar mesmo, nada melhor que marcarmos na sua casa, assim você evita de desgastar e se locomover até a minha casa. ― San sorriu e null fechou a cara cruzando os braços.
― Você é uma folgada, Sana, quem disse que eu quero cozinhar pra você? ― Ela emburrou mais o rosto.
― Por favor, babe, vai ser legal. ― null abraçou a amiga e fez a mesma desamarrar a feição na hora e descruzar os braços.
― Tá, tá bom, mas só porque eu sou muito, muito, muito legal e já tinha comprado os ingredientes para cozinhar. ― null fingiu que não estava feliz com aquela mudança de planos. Àquela altura, null e null já tinham ido embora.
― Você é a melhor meu anjo, eu te amo. ― null bagunçou os cabelos da menor que abriu um sorriso grande e fez com que seus olhos se transformasse em dois risquinhos.
― As 19hs lá em casa, Sana, não se atrase. ― null disse puxando null para o lado da sorveteria. ― Vou chegar as 18hs, tudo bem, null? ― Sana disse indo em direção ao ponto de ônibus.
― Combinado, Sanie, mas não esquece o material. ― Ele sorriu e null o puxou para virarem a esquina.
― Folgada essa Sana, né? ― null disse soltando o braço de null e andando na frente.
― Parece até alguém que eu conheço. ― null apertou o passo e alcançou a mais nova.
― Você só pode estar falando de si próprio, não é? ― null entrou na sorveteria e deixou o amigo para o lado de fora.
null se sentou na mesa preferida dela, a que ficava na parede dos fundos, próxima do vidro que destacava a fachada do local.
null parou no balcão de atendimento e fez os pedidos, sabia de cor e salteado o que a outra iria pedir e também pediu o seu de sempre.
O atendimento demorou um pouco, a sorveteria não estava lotada, mas tinham alguns jovens das escolas e faculdades das redondezas. Depois que foi atendido, null se virou para olhar sua mesa, enquanto os pedidos ficavam prontos e se deparou com uma cena que doeu como um soco na boca do estomago. Lá estavam null, linda como sempre, com os lábios avermelhados, pela mania que tinha de morder os mesmos, só que tinha uma coisa atrapalhando aquela cena maravilhosa, um loiro alto igualmente bonito como null, com lábios grossos, cabelos jogados para trás e dentes perfeitos, segurando as mãos de null que seguia com as bochechas ruborizadas.
Lee Wooshik era lindo e null tinha que concordar e ele era muito amigo de null, mas alguma coisa naquela cena toda deixou o mais velho com sentimentos estranhos.
Para null:
HOSEOK ME AJUDA!
De null:
Calma, null, eu vou chamar a polícia, me manda a sua localização, eu vou ligar para a null, ela pode saber. Meu Deus, melhor não, se eu ligar e ela estiver com você, os sequestradores podem saber que você se comunicou. null, eu vou me vestir e to ligando o GPS do seu celular, aqui no meu aplicativo, não se desespera, estou chegando com a policia.
Para null:
null, você bebeu? Como assim chamar a polícia? Sequestradores? Não ligue mesmo para null, e como assim se vestir, você não ia sair pra comer com o null?
De null:
Você quer me matar, seu filho de uma puta? Achei que alguém estava atrás do seu dinheiro, seu fodido, me fez parar de fazer o que eu tava fazendo com a mozão pra que então, seu bosta?
Para null:
Mas null, meu anjão iluminado, você quem se exaltou e se emocionou aqui e nem deixou eu falar, pois agora meu pedido está pronto, depois eu te falo.
De null:
VOLTA AQUI, SEU DESGRAÇADO, você vai me falar nem que seja na base da porrada, eu vou comer seu cu a seco seu salafrário.
null pegou a bandeja com os pedidos e se direcionou até a mesa vendo de perto a cena que tinha presenciado de longe. Wooshik continuava os carinhos e null olhava doce para ele, era a coisa mais fofa que null já tinha visto, ele não queria acreditar, mas talvez null estivesse certo, talvez ele gostasse de null mais do que só como uma grande amiga. Se ele fosse apenas grato ou qualquer outra coisa que null tenha pensado para usar a amizade como desculpa, não sentiria aquilo ao ver o toque que Wooshik fazia na menor, não se incomodaria com o sorrisinho bobo que ela tinha nos lábios ou com nada daquilo que estava vendo, mas se incomodou e não foi pouco e o pior que ele sabia que não tinha o menor direito de se sentir daquela forma.
Assim que percebeu que null estava vindo, null puxou a mão e sorriu para o rapaz, Wooshik percebeu a presença do outro e abriu um sorriso, lindo e convidativo.
― Olá, null, como você está? ― O mais alto disse para null.
― Oi, Lee, tudo bem e você? ― Ele se sentou ao lado de null e empurrou a bandeja pra ela.
― AH, banana Split com confeitos de chocolate! ― null abriu o maior sorriso que conseguiu.
― O seu favorito. ― null disse em um tom apático.
― Você é o melhor, gatinho. ― O sorriso no rosto de null quase não cabia em seu rosto e fez o mais velho desemburrar o rosto.
― Você é tão linda quando sorri dessa forma, null. ― Wooshik disse com o olhar perdido no rosto da amiga.
― Assim você me deixa sem graça, Wooshikie. ― null corou e enfiou mais uma colher do doce na boca.
― Eu vou no banheiro. ― null disse se levantando.
― Hey, Wooshik! ― Hanna, uma outra amiga da turma de null, chegou à mesa deles. ― Oi, pessoal. ― Ela cumprimentou todos ali e null voltou a se sentar. ― Já chamou a null e o namorado dela para a minha festa? ― Ela se sentou à frente de null e abriu um grande sorriso.
― Ah, eles não são namorados, mas de qualquer forma ainda não!
null só conseguia pensar o quanto Wooshik era falso, iria esperar que o mais velho saísse para chamar apenas null, não que null fizesse a mínima questão de ir em alguma festa idiota, ver e fazer coisas idiotas que ele provavelmente se arrependeria depois, mas dessa vez ele iria só pra ver a cara que Lee iria fazer quando o visse chegar com null.
― De qualquer forma, eu vou dar uma festa sábado a noite, o tema é Las Vegas e eu quero vocês, que não são namorados, mas que parecem muito um casal, vão, vocês são lindos e eu só quero gente linda na minha festa. ― Hanna disse, puxando dois papeis do bolso e entregando para os dois a sua frente. ― Aqui está o meu endereço.
― Você quer que e te busque, null? ― Wooshik direcionou a pergunta para a menor pegando na mão da mesma que estava repousando em cima da mesa.
― Eu posso levar um amigo? ― null tentou ignorar a enorme vontade que estava de socar a cara de Wooshik.
― Quem? ― null ignorou a pergunta de Wooshik e puxou sua mão da do rapaz para cruzar os braços.
― Tava pensando em chamar o null ou a Sana. ― Ele abriu um sorriso grande e null torceu ainda mais o bico que se formou em seus lábios.
― Pode levar quem você quiser, docinho. ― Hanna disse passando a mão de forma carinhosa pelo braço de null, adorando a forma com que null se mordia de ciúmes. ― Vejo vocês no sábado. ― Ela finalizou. ― Vamos, Wooshik! ― Pegou o maior pelo braço de forma carinhosa e saiu praticamente arrastando pelos corredores da sorveteria.
― Porque você não chama o null? ― null disse mexendo no celular. ― Eu te coloquei como ADM no grupo, coloca ele e o null e vamos todos encher o cu de cachaça de graça na festa da Hanna. ― Ele terminou de beber o resto do seu americano gelado e null ficou momentaneamente irritada, já não bastava ter que aturar Sana em cima do amigo na faculdade, agora iria ter que aturar em um grupo o grude daqueles dois.
― Tá bom, mas eu não sei se vou nessa festa, não tenho roupa. ― null comeu o resto do seu sorvete.
― Vamos no shopping então, tem uma loja de fantasia legal lá, você pode escolher uma roupa linda de dançarina de despedida de solteiro. ¬― null guardou o celular no bolso e começou a rir sentindo o tapa que recebeu no braço.
― Você me respeita, ridículo. ― A menor se levantou. ― Vamos? ― pegou a bandeja com a travessa suja e deixou em cima do balcão e foi seguida pelo mais velho, depois dele ter jogado seu copo vazio fora.
― Vamos ao shopping. ― null agarrou a amiga pela cintura e eles começaram a andar juntos na rua.
― Não, null, eu vou ver com o null se ele me arranja alguma coisa com a irmã dele e vou. ― Os dois seguiram abraçados até chegarem ao apartamento que não ficava muito longe dali.
Ao chegarem em casa, null foi tomar um banho, enquanto null arrumava a sala, para que conseguissem estudar ali, depois que o mais velho saiu do banho, foi até onde a amiga estava e a ajudou com a bagunça, enquanto a menor ia tomar um banho também para começar a cozinhar.
Quando null voltou, viu os livros e o notebook de null pela mesa de centro, mas o rapaz não estava por lá. Foi até a cozinha, pensando que provavelmente o outro tinha ido até seu quarto pegar mais alguma coisa que tinha esquecido. Ao chegar no cômodo, viu null descascando alguns legumes que ela tinha deixado na bancada.
― Eu vou te ajudar, babe. ― null subiu o olhar para a amiga e abriu um sorrisinho lindo.
― Eu não quero bagunça no meu local de trabalho. ― null disse em um tom brincalhão.
Os dois começaram a descascar as coisas e, quando null foi até a pia lavar os legumes, null deixou os descascadores e facas dentro da pia, na parte em que a menor não estivesse usando. Os dois ficaram com os corpos a centímetros de distância, o perfume da pele limpa de ambos inebriava o local e os corpos estavam se aproximando mais e mais como se tivessem imãs, os rostos a uma distancia em que sentiam a respiração do outro bater nas bochechas e os olhos oscilavam entre se fixarem e irem até as bocas, corações batiam forte quando o hálito quente de um batia de maneira carinhosa no rosto do outro.
Os olhos já estavam se fechando, sorrisos bobos nos rostos e lábios a milímetros de distância quando a campainha da porta tocou. Antes de subirem para o apartamento, o mais velho tinha liberado a entrada de Sana com o porteiro e assim a mais nova só teria que bater na porta deles.
― Droga! ― null resmungou baixinho e se afastou de null, ainda com o coração acelerado, indo até a porta.
O ódio que null sentiu de Sana era mortal, finalmente estava quase lá e aquele pirralha tinha interrompido.
― Oizinho, null. ― Sana cumprimentou a garota da porta da cozinha e voltou com null para a sala.
null colocou as coisas no fogo e resolveu mandar uma mensagem para null com a força do ódio.
Para null:
Eu vou comer o cu do Sana com farinha.
De null:
Como assim? Jurava que tu era hétero kkkkkk
Para null:
Vai dar meia hora de cu com o relógio parado, null, eu já disse mil vezes que sou bi e essa não é a questão aqui, aquela ridícula, empata foda me paga.
De null:
Empata foda? null, quem estava te fodendo? Garota me conta essa história direito!!!
Para null:
null surtado, se acalma, meu pão de mel, foi assim eu e o null estávamos há segundos de nos beijarmos quando aquela fedelha fedida chegou.
De null:
Mas, espera null, eu vou te ligar, não estou entendendo nada.
Para null:
null, depois eu te ligo, os dois estão aqui na sala e eu não sei se vou conseguir não fazer um escândalo rsrs, até mais, te amo.
null seguiu cozinhando com a força do ódio, conseguia ouvir as risadas e tapas sendo desferidos contra corpos alheios e aquilo realmente estava incomodando mais do que gostaria.
― Babe? ― Sentiu a mão gélida de null tocar seu antebraço, que estava descoberto pela camiseta que usava.
― Ah, oi, gatinho, a comida já, já, está pronta. ― Ela saiu do devaneio e se dirigiu ao forno pra checar se a torta de atum que null amava estava pronta.
― Sanie e eu terminamos o projeto, vamos até o mercado comprar umas cervejas, quer alguma coisa? ― O olhar doce de null, atingiu null em cheio e fez seu coração se encher de amor.
― Estou bem, meu amor. ― A menor devolveu um sorriso doce.
― Chama o null, eu sei que ele não está fazendo nada. ― null disse rindo e saiu pela porta. ― Não demorem, se não a comida vai esfriar. ― null gritou assim que ouviu a porta ser destrancada.
null ligou para null e contou o que tinha acontecido, aproveitou e chamou o mais novo para jantar com eles, ele protestou, mas depois que null dramatizou sobre se sentir uma vela, aceitou e ainda chegou antes deles voltarem.
Eles não demoraram muito, levando em consideração que o mercado que vendia a cerveja preferida de null ficava um pouco mais distante e null caminhava como uma tia velha de 96 anos. Assim que entraram na cozinha, deram de cara com um null com as bochechas cheias de espetinho de polvo que null tinha preparado para a entrada e uma null com o rosto vermelho de raiva, xingando o amigo de nomes fofos, mas com um tom agressivo.
― A culpa é toda de vocês, eu estava morrendo de fome. ― null apontou para os dois que tinham acabado de chegar e San levantou os braços de desculpando e mostrando as sacolas que carregava.
― Agora a gente pode comer. ― null disse ainda irritada com null.
― Fica calma, babe, eu trouxe a sua cerveja preferida e aquela torta de uva que você adora. ― null disse calmo, levando a torta até a geladeira e colocando algumas cervejas sobre o balcão.
― Torta de uva? Credo, null! ― null torceu o nariz
― É ótima, null, eu gosto muito, mais uma coisa que temos em comum, null. ― San sorriu lindamente, o que fez null odiar ainda mais ela, não tinha como não se apaixonar quando ela era tão gentil e tinha um sorriso tão fofo de coelho.
― Qual a outra coisa? ― null perguntou ansioso.
“Gostar de você” null pensou.
― Ah, a gente gosta de dançar, de jogar vídeo game, de beber boas cervejas e de você, null. ― San disse com as bochechas cheias de espetinho que tinha enfiado a pouco na boca.
― Como assim, gostar do null? ― null ficou nervosa e não conseguia nem disfarçar.
― Ué, como assim? Todo mundo gosta de mim. ― null se sentou ao lado de null no balcão da ilha da cozinha que eles usavam de mesa.
― Você é um anjo mesmo. ― San disse abrindo novamente um sorriso lindo.
― Ah, esse tipo de gostar, claro, todo mundo gosta mesmo de você assim, gatinho. ― null enfiou um pedaço grande de torta de atum na boca.
― Olha, há controvérsias, mas tudo bem. ― null disse levando todos ali a rirem.
Depois de muita risada, conversa, comida e cerveja, null e San foram embora, deixando somente null, null e um monte de louça para lavar. null percebeu que a menor estava pingando de sono e mesmo também estando cansado, juntou a louça e arrumou na maquina de lavar louças, fazendo a amiga seguí-lo com os olhos.
― Amanhã você guarda. ― O mais velho disse para a outra que se levantou com certa dificuldade e os dois seguiram para seus quartos depois de apagarem as luzes dos outros cômodos.
null não queria se separar do abraço do amigo, que tinha envolvido o corpo dela com o braço até chegarem à porta dos quartos. null sempre amou aqueles braços em volta de si e aquela noite mais que nunca sentia como se precisasse deles, mais do que já precisou de alguma coisa na vida.
null parou o corpo junto com a menor na porta do quarto dele e soube que a amiga queria dormir junto quando a mesma não soltou seu corpo. Ele então entrou no quarto com null, viu a amiga se deitar, depois de tirar os sapatos e o sutiã, ele seguiu da mesma forma, mas permaneceu com toda a sua roupa e se acomodou abraçando o corpo de null por trás, se aconchegando com o corpo no dela. Aquela cena era até normal entre os dois, muitas noites eles dormiam juntos daquela maneira.
O dia amanheceu e null acordou com o sol batendo em seu rosto, agradeceu mentalmente não ter aulas as sextas-feiras e principalmente aquela manhã. Odiava ter que se exercitar de ressaca. Mexeu-se na cama e percebeu que estava sozinha nela, por muitas vezes acordava assim, quando dormia com o amigo.
null sempre acordava antes, independente de que horas fosse se deitar na noite anterior, ele gostava de se alimentar nos horários certos e isso queria dizer: nunca, jamais e em hipótese nenhuma (salvo quando estava doente de cama e quando mesmo assim, não conseguia fazer com que null fizesse isso) tomava seu café da manhã depois das 8:00hs.
Já era normal, as vezes o cheiro da refeição era tão maravilhoso que acordava null, mas muitas vezes o sono vencia a fome, essa manhã foi um desses dias, a ressaca venceu qualquer competidor, principalmente o cheiro docinho do café.
null se mexeu mais uma vez, confortavelmente na cama se alongando e viu uma xícara com um bilhetinho preso nela.
“Bom dia princesa, espero que não acorde as 15:00hs hoje, não esquece que tem que trabalhar de noite, tem mais café quente lá na cozinha, fui pra aula e de tarde tenho aquele compromisso que eu te disse com o null, talvez não nos veremos até seu retorno, então coma direito e beba bastante água, eu amo você. null”
Ela não conseguiu conter o sorriso grande que podia facilmente dividir seu rosto no meio ao ler aquilo, amava quando o maior fazia aquilo, tinham toda a tecnologia a favor, mas ele dedicava um tempo todo escrevendo a mão aquelas coisas - que mesmo lembrando a mãe dela - deixava muito boiola de amor. Amava a forma com que null cuidava dela, a forma que se sentia protegida e bem cuidada, ninguém mais no mundo a fazia se sentir daquela forma.
O que pegava naquele sentimento todo, é que ela não sabia se todo aquele jeitinho e cuidado eram por um amor forte de irmão e gratidão por tudo o que já passaram juntos, ou se null gostava dela da mesma forma.
null era perdidamente apaixonada, o amava mesmo, e tinha certeza disso desde o primeiro ano de amizade, mas tanta coisa tinha acontecido com ambos e a mais nova lutou por tanto tempo contra aquele sentimento, que nunca teve coragem de se declarar, null não costumava se relacionar com muitas pessoas, pelo menos não na frente dela, as vezes alguns rumores chegam aos ouvidos de null e outras vezes ela mesmo presenciou alguns casinhos, mas nada que não parecesse superficial ou frio.
Dessa vez era diferente, a relação do amigo com Sana fazia null sentir que se perdesse mais tempo, talvez ela nunca teria chances com null, também não sabia se o amigo sentia a mesma coisa por ela e não conseguiria viver de jeito nenhum sem o melhor amigo, mesmo que pra isso não acontecer tivesse que o ver se relacionando com outras pessoas.
null seguiu então seu dia depois de toda aquela reflexão, com um grande sorriso no rosto, mas com o coração triste pelos pensamentos, era ridículo, mas era impossível não sentir ciúmes de Sana, era impossível não se iludir com os gestos do amigo, era impossível não o amar com todas as forças de seu corpo.
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― null, ela é um anjo dormindo, quase que eu não levanto para fazer meu café. ― null mastigou o sanduíche de atum que segurava entre os dedos.
― Logo você, que não consegue não seguir esses seus horários chatos de alimentação? ― null disse meio debochado, comendo parte de seu ramyun.
Os dois tinham ido até uma empresa depois que saíram da faculdade, para fazer alguns testes para a parte de composição e produção musical, além de outras “vagas” que estavam sendo oferecidas para alunos cursando o ano de Hobi. Estavam “jantando” em uma loja de conveniência que encontraram no meio do caminho devido justamente aos horários de comer do mais velho.
― Você acredita? ― null disse realmente incrédulo.
― Sintomas da paixão, meu amigo. ― O outro disse enfiando mais do macarrão instantâneo na boca.
― Eu acho que é isso mesmo. ― null soltou o sanduíche por um instante em cima da bandeja na mesa.
― O QUÊ? ― null gritou atraindo alguns olhares para eles.
― É isso mesmo, null, eu acho que eu gosto de null do jeito errado. ― Ele colocou a cabeça no tampo da mesa e se sentiu sem energia, era a primeira vez que falava aquilo em voz alta.
― Espera, como assim, jeito errado? ― null empurrou o pote com a comida ainda quente para frente, intrigado com o amigo.
― Do jeito errado, null, do jeito que não deveria ser, do jeito que ela gosta do Wooshik. ― null levantou o olhar frustrado para o amigo.
― Você jura, null? ― null disse em um tom sem paciência, atraindo o olhar espantado do menor. ― Você me jura por Deus, que acha que ela gosta do Lee? Você não enxerga a forma que aquela praga anã te olha! Você jura pra mim que nunca rolou um clima entre vocês, uma tensão sexual, quando estavam juntos sozinhos? ― Ele estava com um tom assustador de raiva e null não conseguia de forma nenhuma ver s situação daquela forma.
― Ela me olha como olha para qualquer pessoa, null, ela carrega aquele carinho no olhar até por quem ela não conhece, ou acaba de conhecer e ok a gente quase se beijou algumas vezes e rolou algum clima em algumas situações, mas ela estava carente e é uma reação normal do corpo humano. ― O tom inocente dele era tão forte que null se sentiu frustrado, pelo amigo ser tão, tão burro e tão cego daquela forma.
― null, presta a atenção no pai aqui, que eu vou te falar uma única vez. ― null pegou o rosto do amigo com as duas mãos e fez ele olhar fundo nos seus olhos. ― A null não olha pra você como ela olha pra mim, pra null, pro null, nem pro null, a forma que ela te olha é tão apaixonada que há anos atrás quando eu os vi pela primeira vez juntos, achei que já namoravam há muito anos. ― Os olhos dos dois permaneciam presos uns nos outros. ― E a resposta é não. ― null soltou o rosto de null.
― Não o que, null? ― null perguntou, levando o sanduíche novamente a boca.
― Não é normal sentir vontade de beijar um amigo ou amiga quando estão sozinhos ou ficar de pau duro quando se abraçam, nem com climinha e tensão sexual, e não há carência suficiente pra isso, nunca aconteceu entre a gente, ou acontece? ― null continuava sério enquanto voltava a comer também.
― Não faz sentido, null, você está é louco com toda essa sua teoria. ― null não queria se iludir, mas do que já se sentia iludido diariamente pelos sinais que não sabia identificar da amiga.
― Você vai acabar perdendo ela, por ser uma mula. ― null desistiu ali da conversa e deixou o mais velho pensativo.
null chegou cansado em casa, mas passou antes no restaurante próximo de onde morava para comprar o jantar para null, sabia que ela chegaria tarde da boate e que provavelmente não teria se alimentado bem. null acima de tudo queria arrumar um emprego de verdade em uma daquelas grandes agencias para ter uma vida legal e conseguir arrastar null com ele.
Não conseguia ser feliz ou se sentir tranqüilo com a moça naquele tipo de ambiente, com homens olhando seu corpo e chegando tão tarde sempre.
A vida dos dois seria mais fácil e tranquila se null conseguisse ser dançarina de algum desses muitos mil artistas espalhados por essas agências, cidade à fora.
Era de manhã quando null sentiu seu corpo ser subitamente esmagando por outro corpo. Que parecia estar ligado no 220v.
― Já são 8:30, null. ― A voz animada de null entrou pelos ouvidos do mais velho.
― O que você está fazendo acordada tão cedo, babe? ― null perguntou ainda com os olhos fechados.
― Não sei perdi o sono, deve ser por causa da festa do Wooshik de mais tarde.
“Ah claro, Wooshik” null pensou se deveria se levantar ou fingir alguma doença.
― Ah é, eu já tinha esquecido. ― null abriu os olhos e viu a menor com um sorriso lindo no rosto. ― Achei que a festa era da Hanna. ― Ele abraçou o corpo dela, que se aconchegou em seus braços.
― Tanto faz, gatinho, o que importa é que tem festa hoje. ― null, null, a null e o null, vai ser maravilhoso. ― Ela puxou null da cama, praticamente arrastando para fora do quarto.
― A San vai passar aqui mais tarde pra ir com a gente, tudo bem, né? ― null esfregou os olhos para despertar antes de entrar no banheiro para sua higiene matinal.
― Ah, ok. ― null parou na porta do banheiro esperando o amigo sem a mesma animação de minutos atrás.
Sana, sempre Sana no meio dos dois, null e Sana andavam muito juntos atualmente para o gosto de null e isso era um péssimo sinal, nunca tinha visto o mais velho daquela forma com outra pessoa antes, nem com null e null que eram os melhores amigos do rapaz, depois dela é claro.
Os dois tomaram café da manhã e resolveram assistir mais um episódio de Grey’s Anatomy, antes que null chegasse com as roupas que ele tinha conseguido para eles, talvez ele chegasse antes do previsto, null sentia que ele iria fazer isso, eles demoravam horrores para se arrumar e null não se permitia sair pra lugar nenhum estando menos que perfeito.
Depois eles iriam encontrar com null, null e null lá na casa da Hanna.
null, para a surpresa de null null, demorou mais do que o imaginado e null e a menor se empolgaram com a maratona do seriado. Quando null percebeu, null dormia tranquilamente em seu peitoral, a feição dela era tão tranquila e tão serena que o mais velho sentiu uma enorme vontade de proteger do mundo todo, queria poder se transformar em um super herói, para não deixar que nada acontecesse com a garota.
O barulho da campainha que soava pela segunda vez, tirou null do transe causado pela visão que estava tendo e fez com que null acordasse com um susto, quase caindo do sofá.
― Já vai. ― null gritou e segurou firme o corpo da amiga para que ela não se estabacasse no chão.
― Tá tudo bem, null, a Sana não sabe mesmo esperar, vai lá. ― null sentou no sofá ainda sonolenta.
― Não é a Sanie, ela só vem mais tarde, deve ser o null. Eles foram os únicos que autorizamos na portaria, aquele desesperado. ― O mais velho disse em um tom meio mau humorado.
Não queria estar daquela forma com o comentário de null, mas não podia evitar, gostava demais da amizade de Sana e não entendia de porque toda aquela implicância. A própria null era cercada de amigos e null não se importava com isso, sabia o que significava para a mais nova e era seguro daquela amizade.
― Espero não ter interrompido a foda, mas eu mandei mensagem e nenhuma das madames respondeu. ― null disse rindo ao entrar.
― Cala a sua boca, meu chegado. ― null protestou do sofá, ainda despertando.
― Eu vim vestir as bonitas, mas achei que pelo menos um banho as princesas já iam ter tomado, não me digam que estavam maratonando Grey’s de novo! ― O rapaz fez uma cara de decepção quando olhou para a TV e viu que estava no meio de uma cena do seriado de médico que ele simplesmente detestava.
― Não aceitamos julgamentos nesse lar. ― null disse rindo e pegando o controle do aparelho desligando o mesmo.
― Vai tomar banho logo, null, daqui a pouco a Sana ta aí e eu não quero ficar fazendo sala pra sua amiguinha. ― null disse abrindo a sacola do vestido estampado de oncinha que tinha seu nome em uma etiqueta.
― Você fala demais da Sana, acho que está apaixonada por ela. ― null foi em direção ao banheiro com raiva e bateu a porta do mesmo. ― Você viu isso, null? ― null disse com um nó na garganta.
― Vi, ele com raiva das suas implicâncias e com ciúmes de você. ― O mais alto disse enquanto vestia a calça do seu terno dourado.
― Não, sua mula, ele estava com ciúmes da Sana, ele gosta daquela menina, eu sabia. ― A menor analisava o rosto do amigo.
― Ai, null, cala essa sua boca, seu rosto é muito lindo, pra eu te meter um socão nele. ― null vestia os sapatos prestos brilhantes e resolveu ficar sem camisa, para não sujar a seda branca da vestimenta.
― Eu desisto dele. ― null olhou para o mais novo que voltava da cozinha comendo alguma coisa que achou na geladeira.
― Desiste do que, se você nunca nem insistiu? Larga de ser otária. ― null estava mesmo ficando de saco cheio daquilo. ― E vai levar a roupa do seu macho que eu não quero que ele venha nu aqui. ― Finalizou, jogando o saco com o terno roxo com bolinhas prateadas para null.
A menor não sabia porque da irritação do mais novo, era pra ele a apoiar, eles eram amigos afinal, e toda vez que falavam sobre, as pessoas insistiam que null se sentia do mesmo jeito, só que não é assim que as coisas acontecem de verdade. null seguiu o corredor que dava acesso ao banheiro e deu de cara com o mais velho com a toalha amarrada na cintura, cabelos molhados e com algumas gotas de água espalhadas pelos ombros. O cheiro de loção e sabonete de amêndoas que ele usou penetraram em todos os sentidos de null que por um instante não se lembrou o que estava fazendo ali.
― Obrigado, babe. ― null sorriu e pegou a roupa da mão da amiga. ― O banheiro já está livre, vê se não demora muito. ― Ele deixou null parada sem reação (ou quase) no corredor com a cara de tonta.
null foi calada até a sala, com a boca seca depois daquela visão, pegou seu vestido e levou para o quarto, antes de voltar para o banheiro ouviu alguns barulhos estranhos vindo do quarto de null, era quase um sussurro, mas o barulho de alguma coisa molhada sendo friccionada era muito conhecia pela garota, podia estar se aliviando pela cena do corredor, lembrou da cena que a deixou igualmente excitada e foi para o banheiro, precisava urgente de um banho frio e parar de se iludir dessa forma. Desligou a resistência e realmente tomou um banho gelado, para esfriar toda aquela loucura que estava sentindo.
Assim que terminou de se arrumar, ouviu a campainha tocar novamente, dessa vez não podia ser outra coisa, com a maior certeza era Sana. Saiu do quarto e conseguiu gostar da mais nova por um minuto, quando ela estava linda em um vestido rosa brilhante e algumas sacolas de bebidas nas mãos.
― Grande Sana. ― null disse animada abraçando a outra.
― Tá tudo bem, null? ― Sana estava meio incrédula, sabia que a menor pouco gostava dela.
― Ótimo, como não estaria, quando não vou ter que gastar o meu precioso dinheirinho com cachaça, quando minha grande amiga Sana trouxe pra todo mundo. ― Ela pegou as sacolas das mãos da garota e indicou com a cabeça o sofá para ela se sentar.
― Agradecimento pela minha nota linda que eu vou receber e pela comida maravilhosa. ― A mais nova sorriu sincera e sentou.
― Não se sente, o Uber chegou. ― null disse se levantando de onde estava e puxando Sana com ele. ― Vamos, se esse porra cancelar eu mato vocês.
Sana pegou as sacolas da mão de null e saiu ajudando para que ela fechasse a porta do apartamento e seguiram para o carro.
A casa de Hanna não era longe do apartamento deles, mas eles não queriam caminhar os 40min que eles tinham que andar até o local. O trajeto foi tranquilo, conversaram sobre o clima daquela noite com o motorista e tudo correu perfeitamente bem, chegaram mais rápido que o previsto, a rua já estava tomada de carros, era inconsequente dirigir depois de beber, mas os jovens não estavam nem aí pra nada. O som era alto e já dava para ouvir os gritos saindo do local.
Antes de entrarem, procuraram os amigos que já estavam apostos na frente da casa. Assim que a turma toda estava reunida, eles entraram e a típica festa de “adolescente” estava bombando, bocas e corpos enroscados pelos cantos, jogos que envolviam ingerir quantidades absurdas de álcool, fumaça de cigarro e outras coisas sendo baforadas no ar, nada muito novo das festas universitárias que iam eventualmente.
null e Sana procuraram a anfitriã da festa para entregar as bebidas, enquanto os outros foram procurar algo para beber. Muitas pessoas conhecidas passaram pelos olhos de null, era difícil para ela cumprimentar todo mundo. Assim que saíram para a parte de trás da casa, Sana avistou Wooshik dançando com Hanna a beira da piscina.
Quando o mais velho viu null e a outra garota se aproximar, soltou a cintura da mais nova e caminhou em direção a menor, deixando Hanna com cara de tacho, mas logo San se aproximou da dona da festa e elas seguiram para a cozinha para colocarem as coisas para gelar.
― Oi, null. ― Wooshik cumprimentou null com um beijo no rosto.
― Oi, Wooshikie. ― null retribuiu o cumprimento e os dois começaram uma conversa animada.
null saiu para a área externa da casa no momento exato em que Wooshik puxou null pela cintura e colava seus lábios, null carregava duas cervejas nas mãos, a qual levaria uma delas para a amiga.
Antes que null pudesse empurrar o corpo do outro para longe, null voltou para dentro, desnorteado, o ar faltou e ele precisava desesperadamente beber toda a bebida daquela festa. Sabia que talvez a mais nova estivesse tendo algo com o mais alto, mas definitivamente ver aquilo com os próprios olhos o deixou péssimo e em segundos virou as duas cervejas goela a baixo.
― Você está louco, Lee Wooshik? ― null esbravejou limpando o beijo que o outro tinha depositado nos seus lábios. ― Você ta saindo com a Hanna e nem perguntou se eu estava a fim de te beijar, você não pode sair beijando as pessoas sem o consentimento delas. ― Ela falou magoada e ficou ainda mais magoada, quando seu olhar cruzou com o de Hanna que estava parada atrás deles estática e com a Sana a tira colo.
― Vamos, null. ― Sana pegou a mão da menor e as duas seguiram para o lado de dentro da casa.
Assim que chegaram perto do espaço onde os amigos estavam, as duas ouviram a voz alta de null advertindo alguém.
― Vai devagar, meu filho, você não é um opala para beber tanto álcool em tão pouco tempo e eu não vou limpar o vomito de ninguém. ― Ele era firme nos dizeres.
― Cala essa sua boquinha, null, vai usar ela pra beijar seu amor, deixa eu beijar a boca da garrafa, já que a boca que eu quero beijar já está beijando outra. ― A voz alta em um tom magoado era de null e elas escutavam nitidamente igual a de null.
― Você é um babaca, eu disse que ia perder a sua chance por ser uma mula. ― null disse em um tom irritado.
― Você é uma grande imbecil, como pode ficar com outro e deixar que null visse! ― null disse para a mais nova, que estava ao seu lado, desferindo um tapa forte em sua cabeça. A garota esfregou automaticamente o local para amenizar a ardência, as mãos podiam até ser pequenas, mas a força era grande.
― Au. ― A mais nova formou um bico nos lários. ― Eu não beijei ninguém, sua sequelada, e porque você acha que ele estava falando de mim? ― Sana olhou para a menor seria, louca para revidar o tapa, mas manteve o controle.
― Porque ele gosta de você, sua animal. ― null perdeu toda a paciência que ainda restava em seu corpo.
― Você está usando drogas?! ― Sana perguntou meio que fazendo uma afirmação e deixou a outra pra trás indo até onde os amigos estavam.
― Vamos, amigão, me dá essa garrafa. ― null ouviu Sana falar e foi até onde os amigos estavam.
Ao entrar no local, recebeu um olhar magoado de null e entendeu tudo, aquele era o mesmo olhar que viu no rosto de Hanna momentos atrás. Sentiu algo se quebrando dentro dela e soube ali que a causadora de toda aquela tristeza era ela. Como nunca tinha percebido que o amigo gostava dela da mesma forma? E ele viu Wooshik a beijando, e aquele não era um sentimento legal, se sentia a pior pessoa do mundo.
― Gatinho, a gente precisa conversar. ― null segurou o amigo pelo braço e puxou o corpo dele carinhosamente, porém o corpo do outro não se moveu.
― Não acho que tenho nada pra falar agora, null. ― null puxou o braço pra si. ― Acho que Wooshik está se sentindo solitário sem seus lábios grudados no dele. ― Ele se segurou para não chorar, todos aqueles sentimentos fundidos com a grande quantidade de álcool que ele tinha ingerido em tão pouco tempo.
― null, eu quero falar sério com você, vamos pra casa, você toma um banho gelado, a gente come alguma coisa e depois conversa, por favor! ― null pegou novamente no braço do amigo, com seus olhos cheios de lagrimas e a voz cheia de suplica.
― null, de verdade, eu não quero ir embora, estou enchendo meu cu de cachaça com toda a bebida dessa festa, como eram nossos planos de mais cedo, não eram? E eu não quero ir embora pra ouvir você chorando por mais um macho. O que foi? Descobriu que ele te pega e pega a metade da faculdade toda? Ou que ele só queria te comer, como todos os outros? pra saber que você rebolava divinamente não só no palco, mas também no colo deles? ― null disse com desdém.
― null, vamos tomar uma água, você pode falar alguma coisa que pode se arrepender depois, se continuar assim. ― San tentou chamar a atenção do mais velho.
― Não, Sana, tá tudo bem! ― null ficou extremamente magoada com os últimos dizeres do amigo, ela já estava sensível por Wooshik desrespeitar ela daquela maneira, não precisa de mais nenhum sentimento ruim em si naquela hora. ― Ele sempre é o dono da razão, não é? As outras pessoas ao seu redor têm que adivinhar o que ele está sentindo pra não magoar ele, e no final ele nunca se arrepende de nada mesmo. ― Dito isso, a menor saiu, abrindo passagem entre as muitas pessoas que bloqueavam o acesso até a porta da frente da casa.
― Wooshik roubou um beijo dela, ela o empurrou, e ainda deu a maior lição de moral. ― Sana disse em um tom absurdamente sério olhando nos olhos de null. ― null achou que você gostava de mim, não tinha como ela saber dos seus sentimentos, se você nunca disse nada null, a última coisa que ela precisava agora era o melhor amigo ser um babaca com ela, como você acabou de ser. ― Ela finalizou procurando alguma garrafa de água próximo de onde estavam.
― Eca! Eu gostar de lésbicas? ― null fez uma careta e tomou um pouco da água que um dos outros rapazes tinham trazido para ele.
― Eu não sou lésbica e essa não é a questão aqui, null, a questão é que você foi tão imbecil quanto ou mais que Wooshik essa noite. ― Sana fechou a cara e null não sabia o que fazer.
― Você vai atrás da, null, ou vai ficar aqui de cuzice com a sexualidade da Sana? ― null disse também irritado com toda aquela situação, praticamente empurrando o mais velho na direção em que a menor tinha ido.
null ainda estava meio tonto pela quantidade de álcool que tinha ingerido, mas toda aquela discussão e a garrafa de água que tomou o ajudaram a ficar mais sóbrio. Resolveu então, ir atrás da amiga, criou coragem não sabe da onde, se era o álcool no sangue ou do sentimento que teve ao pensar que tinha perdido sua chance de viver algo a mais com a outra, mas iria falar para ela tudo que sentia, como ele se sentia em relação a tudo e iria ver depois como tudo ficaria.
Correu para fora da casa e avistou null sentada na frente do portão do vizinho da frente de Hanna, olhando para o celular, semblante extremamente abatido, provavelmente esperando o Uber.
De canto de olho, null avistou a silhueta de Wooshik um pouco mais distante de onde ele estava, ele então se virou para o maior e percebeu que o mesmo olhava para a mesma direção em que null tinha sua atenção minutos atrás, o viu dar o primeiro passo em direção a null, com um sorrisinho malicioso nos lábios, aquilo fez com que o mais velho ali reunisse toda a força que seu estado permitia no momento e correu em direção a Wooshik, empurrando ele antes que chegasse a calçada do outro lado, fazendo assim com que caísse no meio da rua.
― Qual é a porra do seu problema, tá louco? ― Wooshik gritou atraindo alguns olhares na direção dos dois.
― Eu estou mesmo, muito, muito louco, louco de vontade de quebrar a sua cara. ― null disse alto, no mesmo tom alterado.
― O que eu te fiz, seu idiota? ― Wooshik tinha levantado do chão.
― Pra mim mesmo nada, mas você nasceu e isso já é motivo o suficiente pra isso. ― null foi pra cima do outro ficando a alguns centímetros de distância.
― Você está com ciúmes porque eu tomei a porra da coragem que você nunca teve, nenenzinho? ― Lee riu debochado e aproximou ainda mais os corpos, com o intuito de intimidar o menor.
― Ao contrário de você, seu filho da puta, eu respeito as pessoas, não invado o espaço delas para satisfazer os meus desejos, eu nunca magoaria quem eu amo para me satisfazer em nenhum sentido. ― O tom enfurecido de null transparecia em seu rosto.
― Você fez todo esse discurso patético para se convencer que null nunca olharia pra você da mesma forma que você olha pra ela, não é? A null precisa de um homem de verdade, ela gosta de mim, mas a convivência com você a deixa covarde para assumir isso, você não passa de um... ― Antes de Wooshik continuasse a despejar as asneiras que estava falando, null deu um soco tão forte na cara dele, que fez com que ele voltasse ao chão, agora com a boca ceia de sangue.
― Se você chegar perto da null, sem o consentimento dela mais uma vez, não vai ser só um soquinho que eu dar nesse seu rostinho bonito, seu imbecil. ― null se virou e deixou Lee cuspindo sangue no chão.
Pouco passos dos dois estava uma null, chocada em tudo que tinha acabado de ver e ouvir e um monte de gente ao redor, assistindo tudo também. null só conseguiu se mover para abraçar a amiga a sua frente.
― Caiam fora, a festa não é aqui e vocês também não perderam nada por aqui. ― Hanna gritou alto para que as pessoas fossem se dispersando do local. ― Você é um escroto, Wooshik. ― Ela disse com desprezo. ― Vai embora daqui, por favor. ― Virou as costas e voltou para dentro de sua casa.
― Você está bem, gatinho? ― null perguntou apertando null mais dentro do abraço.
― Eu estou ótimo, mas minha mão precisa de gelo. ― Ele riu. ― Babe, eu preciso de falar uma coisa e essa coisa pode destruir a nossa amizade e eu não queria que fosse assim, comigo nesse estado, pra você não pensar que eu só estou falando e fazendo isso por cauda da bebida ou algo do tipo, mas eu, eu. ― null surpreendeu null, afastando um pouco os corpos e grudando seus lábios uns nos outros, demorando alguns minutos para afastar os rostos.
― Eu também gatinho. ― Ela voltou com os lábios juntos com os do mais velho, mas dessa vez pedindo passagem com a língua para começar um beijo estranho, calmo, lento, atrapalhado e com um gosto de bebidas misturadas, mas com a maior certeza o melhor beijo que os dois já tinham dado na vida. As bocas se encaixavam perfeitamente, parecia até que tinham sido moldadas especialmente uma pra a outra. Eles separaram os lábios quando ouviram os amigos gritando e assobiando positivamente.
― Aleluia! ― null disse atraindo os olhares de todos os amigos.
― Até seu namorado, null? ― null perguntou escondendo o rosto no peitoral de null que a mantinha confortável em seus braços.
― Ai, amiga, estava tão obvio, que até o null, que pouco convive com vocês, por ser um aluno dedicado e de outro campus e ter preguiça de caminhar até o nosso refeitório muitas vezes percebeu e nada das duas margaridas se mancarem. ― null disse debochado e null se encolheu ainda mais nos braços do outro.
― Vamos então, beber toda a bebida dessa festa para comemorar esse marco histórico nas nossas vidas! ― null disse animada e os outros concordaram.
― Tudo bem por você, babe, ou quer ir descansar? ― null perguntou fazendo carinhos nas costas da garota.
― Por mim tudo bem, gatinho, com tanto que eu possa te beijar mais um pouco ainda essa noite, eu topo. ― Ela separou o abraço e pegou na mão do amigo.
― A gente conversa sobre isso amanhã, então? ― null disse sério, mas abrindo um sorriso e se sentindo ser puxado pela mais nova.
― Tá bom, meu amor. ― null se aproximou do grupo e eles conseguiram curtir a festa do jeito que realmente deveria ser.
Dali em diante a festa foi uma loucura, muita bebida, a musica era excelente, Hanna realmente tinha um gosto musical maravilhoso, a animação tomou conta do local e do grupo de amigos que curtiram aquela noite como se a festa tivesse sido feita exclusivamente para eles. Sem a presença de Lee lá, o clima estava leve e no inicio da manhã, finalzinho da noite quando todos estavam indo embora, Sana ficou com Hanna e mais um carinha na casa, para a pequena Sana a festa estava apenas começando.
Todos foram para as suas respectivas casas.
null e null seguiram para seu apartamento, como de costume dormiram juntos de conchinha e ao despertar pela tarde, null se encontrou sozinha na cama, levantou com certa dificuldade, pois a cabeça doía, na cômoda do lado da cama, viu uma garrafinha de água e uma aspirina, que tomou prontamente antes de seguir até a cozinha.
Ao entrar no cômodo no final do corredor, viu null null dormindo todo encolhidinho no sofá da sala, com a TV ligada na série que eles assistiam geralmente juntos, não conseguiu ficar irritada com aquilo, pois o amigo estava tão lindo todo pitiquinho dormindo tão tranquilamente que a traição por ver sozinho a série não foi maior que o quentinho que invadiu o coração de null.
A mais nova seguiu seu caminho para a cozinha e comeu seu “café da manhã” que se transformou em café da tarde e depois de limpar a cozinha, voltou para a sala, se aconchegou no sofá com o outro ainda dormindo e colocou um filme de comédia romântica adolescente qualquer que encontrou no catálogo da netflix.
Algum tempo depois, null acordou com uma das risadas que null deixou escapar.
― Desculpa, gatinho, eu não queria te acordar. ― null disse se sentando no sofá para que o mais velho fizesse o mesmo.
― Tudo bem, babe, foi bom, se não de noite eu fico parecendo um zumbi. ― Ele se esticou e também sentou no sofá.
― Então, gatinho vamos conversar agora? ― null olhou fundo nos olhos de null.
― Pode ser, bebê. ― O mais velho ajeitou a coluna e respirou fundo. ― Eu, eu sou apaixonado por você desde o dia em que eu te conheci, mas eu não sabia que era esse tipo de amor, eu pensava que podia ser, sei lá, um grande carinho ou uma grande gratidão por tudo, mas ― Ele tomou fôlego depois de falar tudo aquilo praticamente sem respirar e null tinha toda a sua atenção para ele. ― eu descobri, null, que o que eu senti e sinto por você é maior que qualquer sentimento que eu já senti na minha vida, e você sabe que eu sou péssimo com esse coisa de sentimentos e tudo mais. ― Abaixou a cabeça, fazendo o contato visual se perder.
― null, eu ― A voz de null sumiu um por um minuto. ― eu sempre gostei de você também.
― Mas? ― O mais velho interrompeu a linha de raciocino da menor.
― Mas nada, null, você me trata como nenhuma outra pessoa no mundo me tratou, você cuida tão bem de mim e me protege, me alimenta e mesmo me traindo vendo série sem mim, eu gosto de você de verdade, gosto de você desde o primeiro “oi, você é nova na cidade” que você me disse quando eu me mudei pra sua escola, eu só nunca te disse nada, porque não queria estragar a nossa amizade, o que a gente tem e tinha é tão mais importante que eu preferia morrer de amor por você em silêncio que perder a sua amizade, eu tinha medo de estragar tudo, e ainda tenho, mas não quero mais sofrer sem nunca ter tentado nada e... ― null interrompeu o discurso da amiga com um beijo calmo, só um selar nos lábios.
― Tá tudo bem, null, eu também tenho muito medo, mas não podemos deixar o medo tomar conta da nossa felicidade, temos que ser sinceros um com o outro daqui pra frente e se não tiver mais dando certo a gente continua com a amizade. ― null segurava as mãos de null, entre as suas.
― Vamos tentar, então? ― Os olhos da mais nova eram de ansiedade e receio.
― Por mim sim! ― null respondeu e abraçou a outra, eles ficaram assim, só curtindo o calor um do corpo do outro.
Eles resolveram que iriam se dar uma chance, tudo poderia dar muito errado, mas as chances de dar certo eram grandes também, eles eram melhores amigos, se entendiam como ninguém e se amavam, esperavam realmente que tudo desse certo, um na vida do outro era realmente a coisa mais importante do mundo.
Três Meses Depois...
― Olha, eu fiz até promessa pra null e o null ficarem juntos, mas quem aguenta esse grude todo? ― null disse olhando os outros seis amigos que estavam sentados a mesa do refeitório.
― Mas, null, eles já eram esse nojo todo, você está vivendo essa amizade errado. ― null disse jogando uma bolinha de papel no outro.
― Realmente, a única coisa que muda é que agora eles deixaram de cu doce e se beijam no lugar. ― Sana completou o raciocínio de null.
― Ai gente, vocês não tem mais o que fazer, ao invés de cuidar da minha vida e da vida do meu namorado? ― null disse, separando os lábios dos de null para protestar sobre o assunto.
― Como assim, namorado? ― null perguntou surpresa, assim como a mesma expressão seguiu no rosto dos outros.
― Eu a pedi em namoro ontem. ― null apertou mais null em um abraço que eles estavam dando desde que pararam de se beijar.
― Enquanto fodiam? ― null perguntou animado.
― Enquanto vocês se chupavam? ― null foi no embalo do amigo.
― Enquanto ela estava amarrada e você a chicoteava? ― Sana disse e todos na mesa, incluindo null e null olharam estranho para ela.
― Como assim amarrada? ― null perguntou perplexa.
― Shibari* meu anjo, se você quiser a gente pode tentar qualquer dia. ― null disse. ― E a resposta é não, seus pervertidos. Foi depois do ultimo episódio dessa temporada de Grey’s Anatomy. ― Ele ficou todo bobo olhando o rosto da agora namorada.
― Aff, aquela bosta! ― null disse em um tom brincalhão.
― Que papo é esse, null? ― null disse fingindo tom magoado. ― Grey’s é a melhor série já existente nesse mundo, eu quero o divórcio.
Todos começaram a rir do comentário do mais velho.
null na turma de dança contemporânea e null na de música, eles sempre foram apaixonados por ambas as coisas, mas não sabiam que seus hobbies, seriam a certeza de seus futuros.
Quando os dois passaram mais de um semestre nos respectivos cursos, tiveram certeza que dessa vez iriam seguir até a formatura. Resolveram então dividir um apartamento mais próximo do campus, não tinham todo dinheiro do mundo, mas conseguiam se virar com as economias e com o que os pais enviavam para ajudar nas despesas.
null fazia alguns bicos e apresentações de dança, e null participava constantemente de competições de música em que o prêmio era em dinheiro.
null sempre sentiu orgulho e um carinho descomunal por null, ele não sabia se aquilo era admiração ou gratidão por ela sempre o apoiar em tudo, mesmo quando teve uma das piores discussões com seus pais, por conta da música (hoje, graças ao universo já estava tudo resolvido), por sempre o defender de comentários e piadinhas de bullying que ele sofria por ser fechado ou se ele amava a amiga, mais do que só como uma amiga.
― Tá bom, null, mas me fala, como se sente em relação a ela? ― null disse tirando null do transe que ele depois que null saiu do banco em que eles estavam sentados e foi até a cantina com null.
― Está doido, null? ― null disse, em um tom de repreensão. ― Eu sinto a mesma coisa que eu sinto por você. ― Ele engoliu em seco, tentando desviar o assunto.
― Você sente vontade de beijar a minha boca e me ver rebolando no seu pau, null? Que nojo! Já te disse que sou hétero. ― null ria descontroladamente enquanto o mais velho ficava muito vermelho.
― Gatinho, você não deveria passar tanto tempo no sol. ― null disse se aproximando dos meninos com algumas bebidas em mãos. ― Toma esse suco de melão com hortelã e vamos para a sombra. ― A menor finalizou entregando o copo tampado com um canudo já enfiado na tampa, para o amigo.
null pegou a bebida e abriu seu melhor sorriso.
― Vamos! ― null disse puxando null que seguia arrastando null. ― Tem uma mesa coberta ali.
Os quatro chegaram à mesa e se acomodaram. O intervalo estava pela metade ainda, null já tinha passado pelo menos duas camadas de protetor solar em null para que ele não ficasse marcado do sol, null amava peles marcadas, mas que fossem feitas por ela e sabia que a pele de null era muito sensível e ele ia sofrer depois por isso.
― Já está bom, null. ― null disse depois que viu a menor tirar o frasco de protetor mais uma vez da bolsa.
― null? ― null fez um bico de choro. ― Porque está me chamando de null? ― Ela encolheu os ombros e guardou o franco na bolsa.
― Mas null é o seu nome, ou eu estou louco? ― null disse quase acabando com o drama moment de null.
― Mas ele só me chama assim quando está bravo. ― null voltou a formar o bico nos lábios carnudos e null demorou um momento para voltar a si, depois de ficar perdido na boca da moça.
― Me desculpa, babe. ― null segurou as pequenas mãos de null e fez um leve carinho nelas. ― Eu não estou bravo, eu só estou cansado dessa meleca que você está passando em mim. ― Ele fez uma careta e abriu um doce sorriso.
― Ele está mesmo parecendo um fantasma, null. ― null disse analisando bem o rosto do amigo. ― Eu só estou cuidando do meu gatinho. ― null pareceu magoada ao finalizar a frase.
― Seu gatinho está grato, meu bolinho, é que você sabe como eu me sinto com essas coisas na minha pele, me desculpa, tudo bem? Vou te pagar um sorvete bem grandão quando formos embora, pode ser? ― null abraçou o corpo da amiga que abriu um grande sorriso e balançou a cabeça em concordância.
O sinal tocou anunciando o final do intervalo e os quatro voltaram, cada um para a seu prédio. null cursava dança também, porém em uma turma a frente de null, null cursava artes plásticas no mesmo prédio que null. O grupo se separou e como os prédios eram longe de onde estavam, mal conseguiram conversar pelo caminho.
― Eu te vi com sua namorada lá no campus. ― null disse enquanto o professor de estruturação musical saiu da sala, para buscar alguma coisa que os alunos deram a mínima na sala dos professores.
― Eu não tenho uma namorada. ― null olhou surpreso para a amiga de classe.
― Não precisa mentir pra mim, você sabe sobre mim e o null. Eu não estou querendo te chatear, só ia dizer que vocês são lindos juntos. ― null sorriu sem mostrar os dentes, deixando em evidência suas covinhas.
― Mas, null, eu to falando a verdade, eu não tenho uma namorada e porque a senhora não foi comer com a gente? ― Ele olhou bravo para a amiga.
― Mas ela estava tão linda passando alguma coisa no seu rosto, a forma com que se olhavam era tão linda, eu jurava que estavam namorando, até apostei com o Mike. ― Ela sorriu aberto dessa vez.
― Com o Mike? ― null questionou sabendo mais ou menos por aquela fala o motivo para que a mais nova não tivesse almoçado com eles.
― null, o null sabe que aquilo foi um mal entendido, que ele estava bêbado e confuso. Eu decidi dar um voto de confiança depois que conversamos e o null tem que confiar em mim, eu o amo, amo mais que tudo nesse mundo, mas o Mike é meu amigo de infância e ele já até está saindo com outra pessoa, essa birra toda não faz o menor sentido. ― null foi sincera e o mais velho entendia totalmente o lado dela, mas também entendia o lado de null.
― Vocês deveriam conversar, essas coisas vão acabar minando o relacionamento de vocês. ― null também foi sincero e antes de obter uma resposta da garota ao seu lado, o professor voltou a sala e interrompeu o raciocínio dos dois.
O sinal de saída tocou, mas null estava tão envolvido com a partitura que estava estudando que só voltou a si quando ouviu uma voz familiar invadir a sala.
― Gatinho? ― null tocou o ombro do mais velho para chamar sua atenção.
― Oi, babe. ― null guardou suas coisas na mochila e se levantou sorrindo.
― Vê se pode, null, eles têm até apelidinhos carinhosos e ficam negando que são namorados. ― null se aproximou de null e passou seu braço pela cintura dela.
― Eu vi a forma fofa que eles estavam no intervalo. ― null aproximou mais do namorado e grudou os corpos em um abraço ladino.
― E é disso que o povo gosta! ― null disse pegando na mão de null e puxando ele para fora da sala. ― O casal da nação, assim, juntinho. ― Ele finalizou sendo seguido pelos amigos.
― Minha bebê, que é só minha, vai me levar para comer e a gente vai conversar direitinho. ― null disse abraçando o corpo todo da namorada com os dois braços.
― Izi, que amor, pois se resolvam e me tragam chocolate. ― null disse, fazendo uma carinha fofa, e null sorriu todo bobo.
― null, depois eu preciso da sua ajuda naquele projeto da semana que vem. ― Sana se aproximou do grupo, que já estava quase no final do corredor, passando o braço pelos ombros do mais velho, fazendo com que ele soltasse a mão de null.
― Ah, Sanie, me lembra de passar na sua casa mais tarde, eu tenho um compromisso agora.
― Tudo bem, null, eu vou esperar ansiosamente, você quer vir para o jantar? Posso comprar alguma coisa gostosa pra gente comer. ― San disse abrindo o maior sorriso que ela conseguiu.
― Eu gosto de pizza, ou de hambúrguer. ― null sorriu de volta concordando com o convite.
― Você não deveria comer besteira tarde da noite, null. ― null disse em um tom meio ríspido. ― Eu ia cozinhar pra você hoje à noite, se lembra? Você disse que estava com saudades da minha comida. ― A menor sorriu fraco, fazendo o coração de null apertar.
― Poxa, nenê, me desculpa, mas ou a gente cancela o sorvete agora ou o jantar. ― Ele olhou com seu olhar de gatinho para a amiga.
― Se você quiser, eu posso ir pra sua casa e a null cozinha pra gente, você vai me ajudar mesmo, nada melhor que marcarmos na sua casa, assim você evita de desgastar e se locomover até a minha casa. ― San sorriu e null fechou a cara cruzando os braços.
― Você é uma folgada, Sana, quem disse que eu quero cozinhar pra você? ― Ela emburrou mais o rosto.
― Por favor, babe, vai ser legal. ― null abraçou a amiga e fez a mesma desamarrar a feição na hora e descruzar os braços.
― Tá, tá bom, mas só porque eu sou muito, muito, muito legal e já tinha comprado os ingredientes para cozinhar. ― null fingiu que não estava feliz com aquela mudança de planos. Àquela altura, null e null já tinham ido embora.
― Você é a melhor meu anjo, eu te amo. ― null bagunçou os cabelos da menor que abriu um sorriso grande e fez com que seus olhos se transformasse em dois risquinhos.
― As 19hs lá em casa, Sana, não se atrase. ― null disse puxando null para o lado da sorveteria. ― Vou chegar as 18hs, tudo bem, null? ― Sana disse indo em direção ao ponto de ônibus.
― Combinado, Sanie, mas não esquece o material. ― Ele sorriu e null o puxou para virarem a esquina.
― Folgada essa Sana, né? ― null disse soltando o braço de null e andando na frente.
― Parece até alguém que eu conheço. ― null apertou o passo e alcançou a mais nova.
― Você só pode estar falando de si próprio, não é? ― null entrou na sorveteria e deixou o amigo para o lado de fora.
null se sentou na mesa preferida dela, a que ficava na parede dos fundos, próxima do vidro que destacava a fachada do local.
null parou no balcão de atendimento e fez os pedidos, sabia de cor e salteado o que a outra iria pedir e também pediu o seu de sempre.
O atendimento demorou um pouco, a sorveteria não estava lotada, mas tinham alguns jovens das escolas e faculdades das redondezas. Depois que foi atendido, null se virou para olhar sua mesa, enquanto os pedidos ficavam prontos e se deparou com uma cena que doeu como um soco na boca do estomago. Lá estavam null, linda como sempre, com os lábios avermelhados, pela mania que tinha de morder os mesmos, só que tinha uma coisa atrapalhando aquela cena maravilhosa, um loiro alto igualmente bonito como null, com lábios grossos, cabelos jogados para trás e dentes perfeitos, segurando as mãos de null que seguia com as bochechas ruborizadas.
Lee Wooshik era lindo e null tinha que concordar e ele era muito amigo de null, mas alguma coisa naquela cena toda deixou o mais velho com sentimentos estranhos.
Para null:
HOSEOK ME AJUDA!
De null:
Calma, null, eu vou chamar a polícia, me manda a sua localização, eu vou ligar para a null, ela pode saber. Meu Deus, melhor não, se eu ligar e ela estiver com você, os sequestradores podem saber que você se comunicou. null, eu vou me vestir e to ligando o GPS do seu celular, aqui no meu aplicativo, não se desespera, estou chegando com a policia.
Para null:
null, você bebeu? Como assim chamar a polícia? Sequestradores? Não ligue mesmo para null, e como assim se vestir, você não ia sair pra comer com o null?
De null:
Você quer me matar, seu filho de uma puta? Achei que alguém estava atrás do seu dinheiro, seu fodido, me fez parar de fazer o que eu tava fazendo com a mozão pra que então, seu bosta?
Para null:
Mas null, meu anjão iluminado, você quem se exaltou e se emocionou aqui e nem deixou eu falar, pois agora meu pedido está pronto, depois eu te falo.
De null:
VOLTA AQUI, SEU DESGRAÇADO, você vai me falar nem que seja na base da porrada, eu vou comer seu cu a seco seu salafrário.
null pegou a bandeja com os pedidos e se direcionou até a mesa vendo de perto a cena que tinha presenciado de longe. Wooshik continuava os carinhos e null olhava doce para ele, era a coisa mais fofa que null já tinha visto, ele não queria acreditar, mas talvez null estivesse certo, talvez ele gostasse de null mais do que só como uma grande amiga. Se ele fosse apenas grato ou qualquer outra coisa que null tenha pensado para usar a amizade como desculpa, não sentiria aquilo ao ver o toque que Wooshik fazia na menor, não se incomodaria com o sorrisinho bobo que ela tinha nos lábios ou com nada daquilo que estava vendo, mas se incomodou e não foi pouco e o pior que ele sabia que não tinha o menor direito de se sentir daquela forma.
Assim que percebeu que null estava vindo, null puxou a mão e sorriu para o rapaz, Wooshik percebeu a presença do outro e abriu um sorriso, lindo e convidativo.
― Olá, null, como você está? ― O mais alto disse para null.
― Oi, Lee, tudo bem e você? ― Ele se sentou ao lado de null e empurrou a bandeja pra ela.
― AH, banana Split com confeitos de chocolate! ― null abriu o maior sorriso que conseguiu.
― O seu favorito. ― null disse em um tom apático.
― Você é o melhor, gatinho. ― O sorriso no rosto de null quase não cabia em seu rosto e fez o mais velho desemburrar o rosto.
― Você é tão linda quando sorri dessa forma, null. ― Wooshik disse com o olhar perdido no rosto da amiga.
― Assim você me deixa sem graça, Wooshikie. ― null corou e enfiou mais uma colher do doce na boca.
― Eu vou no banheiro. ― null disse se levantando.
― Hey, Wooshik! ― Hanna, uma outra amiga da turma de null, chegou à mesa deles. ― Oi, pessoal. ― Ela cumprimentou todos ali e null voltou a se sentar. ― Já chamou a null e o namorado dela para a minha festa? ― Ela se sentou à frente de null e abriu um grande sorriso.
― Ah, eles não são namorados, mas de qualquer forma ainda não!
null só conseguia pensar o quanto Wooshik era falso, iria esperar que o mais velho saísse para chamar apenas null, não que null fizesse a mínima questão de ir em alguma festa idiota, ver e fazer coisas idiotas que ele provavelmente se arrependeria depois, mas dessa vez ele iria só pra ver a cara que Lee iria fazer quando o visse chegar com null.
― De qualquer forma, eu vou dar uma festa sábado a noite, o tema é Las Vegas e eu quero vocês, que não são namorados, mas que parecem muito um casal, vão, vocês são lindos e eu só quero gente linda na minha festa. ― Hanna disse, puxando dois papeis do bolso e entregando para os dois a sua frente. ― Aqui está o meu endereço.
― Você quer que e te busque, null? ― Wooshik direcionou a pergunta para a menor pegando na mão da mesma que estava repousando em cima da mesa.
― Eu posso levar um amigo? ― null tentou ignorar a enorme vontade que estava de socar a cara de Wooshik.
― Quem? ― null ignorou a pergunta de Wooshik e puxou sua mão da do rapaz para cruzar os braços.
― Tava pensando em chamar o null ou a Sana. ― Ele abriu um sorriso grande e null torceu ainda mais o bico que se formou em seus lábios.
― Pode levar quem você quiser, docinho. ― Hanna disse passando a mão de forma carinhosa pelo braço de null, adorando a forma com que null se mordia de ciúmes. ― Vejo vocês no sábado. ― Ela finalizou. ― Vamos, Wooshik! ― Pegou o maior pelo braço de forma carinhosa e saiu praticamente arrastando pelos corredores da sorveteria.
― Porque você não chama o null? ― null disse mexendo no celular. ― Eu te coloquei como ADM no grupo, coloca ele e o null e vamos todos encher o cu de cachaça de graça na festa da Hanna. ― Ele terminou de beber o resto do seu americano gelado e null ficou momentaneamente irritada, já não bastava ter que aturar Sana em cima do amigo na faculdade, agora iria ter que aturar em um grupo o grude daqueles dois.
― Tá bom, mas eu não sei se vou nessa festa, não tenho roupa. ― null comeu o resto do seu sorvete.
― Vamos no shopping então, tem uma loja de fantasia legal lá, você pode escolher uma roupa linda de dançarina de despedida de solteiro. ¬― null guardou o celular no bolso e começou a rir sentindo o tapa que recebeu no braço.
― Você me respeita, ridículo. ― A menor se levantou. ― Vamos? ― pegou a bandeja com a travessa suja e deixou em cima do balcão e foi seguida pelo mais velho, depois dele ter jogado seu copo vazio fora.
― Vamos ao shopping. ― null agarrou a amiga pela cintura e eles começaram a andar juntos na rua.
― Não, null, eu vou ver com o null se ele me arranja alguma coisa com a irmã dele e vou. ― Os dois seguiram abraçados até chegarem ao apartamento que não ficava muito longe dali.
Ao chegarem em casa, null foi tomar um banho, enquanto null arrumava a sala, para que conseguissem estudar ali, depois que o mais velho saiu do banho, foi até onde a amiga estava e a ajudou com a bagunça, enquanto a menor ia tomar um banho também para começar a cozinhar.
Quando null voltou, viu os livros e o notebook de null pela mesa de centro, mas o rapaz não estava por lá. Foi até a cozinha, pensando que provavelmente o outro tinha ido até seu quarto pegar mais alguma coisa que tinha esquecido. Ao chegar no cômodo, viu null descascando alguns legumes que ela tinha deixado na bancada.
― Eu vou te ajudar, babe. ― null subiu o olhar para a amiga e abriu um sorrisinho lindo.
― Eu não quero bagunça no meu local de trabalho. ― null disse em um tom brincalhão.
Os dois começaram a descascar as coisas e, quando null foi até a pia lavar os legumes, null deixou os descascadores e facas dentro da pia, na parte em que a menor não estivesse usando. Os dois ficaram com os corpos a centímetros de distância, o perfume da pele limpa de ambos inebriava o local e os corpos estavam se aproximando mais e mais como se tivessem imãs, os rostos a uma distancia em que sentiam a respiração do outro bater nas bochechas e os olhos oscilavam entre se fixarem e irem até as bocas, corações batiam forte quando o hálito quente de um batia de maneira carinhosa no rosto do outro.
Os olhos já estavam se fechando, sorrisos bobos nos rostos e lábios a milímetros de distância quando a campainha da porta tocou. Antes de subirem para o apartamento, o mais velho tinha liberado a entrada de Sana com o porteiro e assim a mais nova só teria que bater na porta deles.
― Droga! ― null resmungou baixinho e se afastou de null, ainda com o coração acelerado, indo até a porta.
O ódio que null sentiu de Sana era mortal, finalmente estava quase lá e aquele pirralha tinha interrompido.
― Oizinho, null. ― Sana cumprimentou a garota da porta da cozinha e voltou com null para a sala.
null colocou as coisas no fogo e resolveu mandar uma mensagem para null com a força do ódio.
Para null:
Eu vou comer o cu do Sana com farinha.
De null:
Como assim? Jurava que tu era hétero kkkkkk
Para null:
Vai dar meia hora de cu com o relógio parado, null, eu já disse mil vezes que sou bi e essa não é a questão aqui, aquela ridícula, empata foda me paga.
De null:
Empata foda? null, quem estava te fodendo? Garota me conta essa história direito!!!
Para null:
null surtado, se acalma, meu pão de mel, foi assim eu e o null estávamos há segundos de nos beijarmos quando aquela fedelha fedida chegou.
De null:
Mas, espera null, eu vou te ligar, não estou entendendo nada.
Para null:
null, depois eu te ligo, os dois estão aqui na sala e eu não sei se vou conseguir não fazer um escândalo rsrs, até mais, te amo.
null seguiu cozinhando com a força do ódio, conseguia ouvir as risadas e tapas sendo desferidos contra corpos alheios e aquilo realmente estava incomodando mais do que gostaria.
― Babe? ― Sentiu a mão gélida de null tocar seu antebraço, que estava descoberto pela camiseta que usava.
― Ah, oi, gatinho, a comida já, já, está pronta. ― Ela saiu do devaneio e se dirigiu ao forno pra checar se a torta de atum que null amava estava pronta.
― Sanie e eu terminamos o projeto, vamos até o mercado comprar umas cervejas, quer alguma coisa? ― O olhar doce de null, atingiu null em cheio e fez seu coração se encher de amor.
― Estou bem, meu amor. ― A menor devolveu um sorriso doce.
― Chama o null, eu sei que ele não está fazendo nada. ― null disse rindo e saiu pela porta. ― Não demorem, se não a comida vai esfriar. ― null gritou assim que ouviu a porta ser destrancada.
null ligou para null e contou o que tinha acontecido, aproveitou e chamou o mais novo para jantar com eles, ele protestou, mas depois que null dramatizou sobre se sentir uma vela, aceitou e ainda chegou antes deles voltarem.
Eles não demoraram muito, levando em consideração que o mercado que vendia a cerveja preferida de null ficava um pouco mais distante e null caminhava como uma tia velha de 96 anos. Assim que entraram na cozinha, deram de cara com um null com as bochechas cheias de espetinho de polvo que null tinha preparado para a entrada e uma null com o rosto vermelho de raiva, xingando o amigo de nomes fofos, mas com um tom agressivo.
― A culpa é toda de vocês, eu estava morrendo de fome. ― null apontou para os dois que tinham acabado de chegar e San levantou os braços de desculpando e mostrando as sacolas que carregava.
― Agora a gente pode comer. ― null disse ainda irritada com null.
― Fica calma, babe, eu trouxe a sua cerveja preferida e aquela torta de uva que você adora. ― null disse calmo, levando a torta até a geladeira e colocando algumas cervejas sobre o balcão.
― Torta de uva? Credo, null! ― null torceu o nariz
― É ótima, null, eu gosto muito, mais uma coisa que temos em comum, null. ― San sorriu lindamente, o que fez null odiar ainda mais ela, não tinha como não se apaixonar quando ela era tão gentil e tinha um sorriso tão fofo de coelho.
― Qual a outra coisa? ― null perguntou ansioso.
“Gostar de você” null pensou.
― Ah, a gente gosta de dançar, de jogar vídeo game, de beber boas cervejas e de você, null. ― San disse com as bochechas cheias de espetinho que tinha enfiado a pouco na boca.
― Como assim, gostar do null? ― null ficou nervosa e não conseguia nem disfarçar.
― Ué, como assim? Todo mundo gosta de mim. ― null se sentou ao lado de null no balcão da ilha da cozinha que eles usavam de mesa.
― Você é um anjo mesmo. ― San disse abrindo novamente um sorriso lindo.
― Ah, esse tipo de gostar, claro, todo mundo gosta mesmo de você assim, gatinho. ― null enfiou um pedaço grande de torta de atum na boca.
― Olha, há controvérsias, mas tudo bem. ― null disse levando todos ali a rirem.
Depois de muita risada, conversa, comida e cerveja, null e San foram embora, deixando somente null, null e um monte de louça para lavar. null percebeu que a menor estava pingando de sono e mesmo também estando cansado, juntou a louça e arrumou na maquina de lavar louças, fazendo a amiga seguí-lo com os olhos.
― Amanhã você guarda. ― O mais velho disse para a outra que se levantou com certa dificuldade e os dois seguiram para seus quartos depois de apagarem as luzes dos outros cômodos.
null não queria se separar do abraço do amigo, que tinha envolvido o corpo dela com o braço até chegarem à porta dos quartos. null sempre amou aqueles braços em volta de si e aquela noite mais que nunca sentia como se precisasse deles, mais do que já precisou de alguma coisa na vida.
null parou o corpo junto com a menor na porta do quarto dele e soube que a amiga queria dormir junto quando a mesma não soltou seu corpo. Ele então entrou no quarto com null, viu a amiga se deitar, depois de tirar os sapatos e o sutiã, ele seguiu da mesma forma, mas permaneceu com toda a sua roupa e se acomodou abraçando o corpo de null por trás, se aconchegando com o corpo no dela. Aquela cena era até normal entre os dois, muitas noites eles dormiam juntos daquela maneira.
O dia amanheceu e null acordou com o sol batendo em seu rosto, agradeceu mentalmente não ter aulas as sextas-feiras e principalmente aquela manhã. Odiava ter que se exercitar de ressaca. Mexeu-se na cama e percebeu que estava sozinha nela, por muitas vezes acordava assim, quando dormia com o amigo.
null sempre acordava antes, independente de que horas fosse se deitar na noite anterior, ele gostava de se alimentar nos horários certos e isso queria dizer: nunca, jamais e em hipótese nenhuma (salvo quando estava doente de cama e quando mesmo assim, não conseguia fazer com que null fizesse isso) tomava seu café da manhã depois das 8:00hs.
Já era normal, as vezes o cheiro da refeição era tão maravilhoso que acordava null, mas muitas vezes o sono vencia a fome, essa manhã foi um desses dias, a ressaca venceu qualquer competidor, principalmente o cheiro docinho do café.
null se mexeu mais uma vez, confortavelmente na cama se alongando e viu uma xícara com um bilhetinho preso nela.
“Bom dia princesa, espero que não acorde as 15:00hs hoje, não esquece que tem que trabalhar de noite, tem mais café quente lá na cozinha, fui pra aula e de tarde tenho aquele compromisso que eu te disse com o null, talvez não nos veremos até seu retorno, então coma direito e beba bastante água, eu amo você. null”
Ela não conseguiu conter o sorriso grande que podia facilmente dividir seu rosto no meio ao ler aquilo, amava quando o maior fazia aquilo, tinham toda a tecnologia a favor, mas ele dedicava um tempo todo escrevendo a mão aquelas coisas - que mesmo lembrando a mãe dela - deixava muito boiola de amor. Amava a forma com que null cuidava dela, a forma que se sentia protegida e bem cuidada, ninguém mais no mundo a fazia se sentir daquela forma.
O que pegava naquele sentimento todo, é que ela não sabia se todo aquele jeitinho e cuidado eram por um amor forte de irmão e gratidão por tudo o que já passaram juntos, ou se null gostava dela da mesma forma.
null era perdidamente apaixonada, o amava mesmo, e tinha certeza disso desde o primeiro ano de amizade, mas tanta coisa tinha acontecido com ambos e a mais nova lutou por tanto tempo contra aquele sentimento, que nunca teve coragem de se declarar, null não costumava se relacionar com muitas pessoas, pelo menos não na frente dela, as vezes alguns rumores chegam aos ouvidos de null e outras vezes ela mesmo presenciou alguns casinhos, mas nada que não parecesse superficial ou frio.
Dessa vez era diferente, a relação do amigo com Sana fazia null sentir que se perdesse mais tempo, talvez ela nunca teria chances com null, também não sabia se o amigo sentia a mesma coisa por ela e não conseguiria viver de jeito nenhum sem o melhor amigo, mesmo que pra isso não acontecer tivesse que o ver se relacionando com outras pessoas.
null seguiu então seu dia depois de toda aquela reflexão, com um grande sorriso no rosto, mas com o coração triste pelos pensamentos, era ridículo, mas era impossível não sentir ciúmes de Sana, era impossível não se iludir com os gestos do amigo, era impossível não o amar com todas as forças de seu corpo.
― null, ela é um anjo dormindo, quase que eu não levanto para fazer meu café. ― null mastigou o sanduíche de atum que segurava entre os dedos.
― Logo você, que não consegue não seguir esses seus horários chatos de alimentação? ― null disse meio debochado, comendo parte de seu ramyun.
Os dois tinham ido até uma empresa depois que saíram da faculdade, para fazer alguns testes para a parte de composição e produção musical, além de outras “vagas” que estavam sendo oferecidas para alunos cursando o ano de Hobi. Estavam “jantando” em uma loja de conveniência que encontraram no meio do caminho devido justamente aos horários de comer do mais velho.
― Você acredita? ― null disse realmente incrédulo.
― Sintomas da paixão, meu amigo. ― O outro disse enfiando mais do macarrão instantâneo na boca.
― Eu acho que é isso mesmo. ― null soltou o sanduíche por um instante em cima da bandeja na mesa.
― O QUÊ? ― null gritou atraindo alguns olhares para eles.
― É isso mesmo, null, eu acho que eu gosto de null do jeito errado. ― Ele colocou a cabeça no tampo da mesa e se sentiu sem energia, era a primeira vez que falava aquilo em voz alta.
― Espera, como assim, jeito errado? ― null empurrou o pote com a comida ainda quente para frente, intrigado com o amigo.
― Do jeito errado, null, do jeito que não deveria ser, do jeito que ela gosta do Wooshik. ― null levantou o olhar frustrado para o amigo.
― Você jura, null? ― null disse em um tom sem paciência, atraindo o olhar espantado do menor. ― Você me jura por Deus, que acha que ela gosta do Lee? Você não enxerga a forma que aquela praga anã te olha! Você jura pra mim que nunca rolou um clima entre vocês, uma tensão sexual, quando estavam juntos sozinhos? ― Ele estava com um tom assustador de raiva e null não conseguia de forma nenhuma ver s situação daquela forma.
― Ela me olha como olha para qualquer pessoa, null, ela carrega aquele carinho no olhar até por quem ela não conhece, ou acaba de conhecer e ok a gente quase se beijou algumas vezes e rolou algum clima em algumas situações, mas ela estava carente e é uma reação normal do corpo humano. ― O tom inocente dele era tão forte que null se sentiu frustrado, pelo amigo ser tão, tão burro e tão cego daquela forma.
― null, presta a atenção no pai aqui, que eu vou te falar uma única vez. ― null pegou o rosto do amigo com as duas mãos e fez ele olhar fundo nos seus olhos. ― A null não olha pra você como ela olha pra mim, pra null, pro null, nem pro null, a forma que ela te olha é tão apaixonada que há anos atrás quando eu os vi pela primeira vez juntos, achei que já namoravam há muito anos. ― Os olhos dos dois permaneciam presos uns nos outros. ― E a resposta é não. ― null soltou o rosto de null.
― Não o que, null? ― null perguntou, levando o sanduíche novamente a boca.
― Não é normal sentir vontade de beijar um amigo ou amiga quando estão sozinhos ou ficar de pau duro quando se abraçam, nem com climinha e tensão sexual, e não há carência suficiente pra isso, nunca aconteceu entre a gente, ou acontece? ― null continuava sério enquanto voltava a comer também.
― Não faz sentido, null, você está é louco com toda essa sua teoria. ― null não queria se iludir, mas do que já se sentia iludido diariamente pelos sinais que não sabia identificar da amiga.
― Você vai acabar perdendo ela, por ser uma mula. ― null desistiu ali da conversa e deixou o mais velho pensativo.
null chegou cansado em casa, mas passou antes no restaurante próximo de onde morava para comprar o jantar para null, sabia que ela chegaria tarde da boate e que provavelmente não teria se alimentado bem. null acima de tudo queria arrumar um emprego de verdade em uma daquelas grandes agencias para ter uma vida legal e conseguir arrastar null com ele.
Não conseguia ser feliz ou se sentir tranqüilo com a moça naquele tipo de ambiente, com homens olhando seu corpo e chegando tão tarde sempre.
A vida dos dois seria mais fácil e tranquila se null conseguisse ser dançarina de algum desses muitos mil artistas espalhados por essas agências, cidade à fora.
Era de manhã quando null sentiu seu corpo ser subitamente esmagando por outro corpo. Que parecia estar ligado no 220v.
― Já são 8:30, null. ― A voz animada de null entrou pelos ouvidos do mais velho.
― O que você está fazendo acordada tão cedo, babe? ― null perguntou ainda com os olhos fechados.
― Não sei perdi o sono, deve ser por causa da festa do Wooshik de mais tarde.
“Ah claro, Wooshik” null pensou se deveria se levantar ou fingir alguma doença.
― Ah é, eu já tinha esquecido. ― null abriu os olhos e viu a menor com um sorriso lindo no rosto. ― Achei que a festa era da Hanna. ― Ele abraçou o corpo dela, que se aconchegou em seus braços.
― Tanto faz, gatinho, o que importa é que tem festa hoje. ― null, null, a null e o null, vai ser maravilhoso. ― Ela puxou null da cama, praticamente arrastando para fora do quarto.
― A San vai passar aqui mais tarde pra ir com a gente, tudo bem, né? ― null esfregou os olhos para despertar antes de entrar no banheiro para sua higiene matinal.
― Ah, ok. ― null parou na porta do banheiro esperando o amigo sem a mesma animação de minutos atrás.
Sana, sempre Sana no meio dos dois, null e Sana andavam muito juntos atualmente para o gosto de null e isso era um péssimo sinal, nunca tinha visto o mais velho daquela forma com outra pessoa antes, nem com null e null que eram os melhores amigos do rapaz, depois dela é claro.
Os dois tomaram café da manhã e resolveram assistir mais um episódio de Grey’s Anatomy, antes que null chegasse com as roupas que ele tinha conseguido para eles, talvez ele chegasse antes do previsto, null sentia que ele iria fazer isso, eles demoravam horrores para se arrumar e null não se permitia sair pra lugar nenhum estando menos que perfeito.
Depois eles iriam encontrar com null, null e null lá na casa da Hanna.
null, para a surpresa de null null, demorou mais do que o imaginado e null e a menor se empolgaram com a maratona do seriado. Quando null percebeu, null dormia tranquilamente em seu peitoral, a feição dela era tão tranquila e tão serena que o mais velho sentiu uma enorme vontade de proteger do mundo todo, queria poder se transformar em um super herói, para não deixar que nada acontecesse com a garota.
O barulho da campainha que soava pela segunda vez, tirou null do transe causado pela visão que estava tendo e fez com que null acordasse com um susto, quase caindo do sofá.
― Já vai. ― null gritou e segurou firme o corpo da amiga para que ela não se estabacasse no chão.
― Tá tudo bem, null, a Sana não sabe mesmo esperar, vai lá. ― null sentou no sofá ainda sonolenta.
― Não é a Sanie, ela só vem mais tarde, deve ser o null. Eles foram os únicos que autorizamos na portaria, aquele desesperado. ― O mais velho disse em um tom meio mau humorado.
Não queria estar daquela forma com o comentário de null, mas não podia evitar, gostava demais da amizade de Sana e não entendia de porque toda aquela implicância. A própria null era cercada de amigos e null não se importava com isso, sabia o que significava para a mais nova e era seguro daquela amizade.
― Espero não ter interrompido a foda, mas eu mandei mensagem e nenhuma das madames respondeu. ― null disse rindo ao entrar.
― Cala a sua boca, meu chegado. ― null protestou do sofá, ainda despertando.
― Eu vim vestir as bonitas, mas achei que pelo menos um banho as princesas já iam ter tomado, não me digam que estavam maratonando Grey’s de novo! ― O rapaz fez uma cara de decepção quando olhou para a TV e viu que estava no meio de uma cena do seriado de médico que ele simplesmente detestava.
― Não aceitamos julgamentos nesse lar. ― null disse rindo e pegando o controle do aparelho desligando o mesmo.
― Vai tomar banho logo, null, daqui a pouco a Sana ta aí e eu não quero ficar fazendo sala pra sua amiguinha. ― null disse abrindo a sacola do vestido estampado de oncinha que tinha seu nome em uma etiqueta.
― Você fala demais da Sana, acho que está apaixonada por ela. ― null foi em direção ao banheiro com raiva e bateu a porta do mesmo. ― Você viu isso, null? ― null disse com um nó na garganta.
― Vi, ele com raiva das suas implicâncias e com ciúmes de você. ― O mais alto disse enquanto vestia a calça do seu terno dourado.
― Não, sua mula, ele estava com ciúmes da Sana, ele gosta daquela menina, eu sabia. ― A menor analisava o rosto do amigo.
― Ai, null, cala essa sua boca, seu rosto é muito lindo, pra eu te meter um socão nele. ― null vestia os sapatos prestos brilhantes e resolveu ficar sem camisa, para não sujar a seda branca da vestimenta.
― Eu desisto dele. ― null olhou para o mais novo que voltava da cozinha comendo alguma coisa que achou na geladeira.
― Desiste do que, se você nunca nem insistiu? Larga de ser otária. ― null estava mesmo ficando de saco cheio daquilo. ― E vai levar a roupa do seu macho que eu não quero que ele venha nu aqui. ― Finalizou, jogando o saco com o terno roxo com bolinhas prateadas para null.
A menor não sabia porque da irritação do mais novo, era pra ele a apoiar, eles eram amigos afinal, e toda vez que falavam sobre, as pessoas insistiam que null se sentia do mesmo jeito, só que não é assim que as coisas acontecem de verdade. null seguiu o corredor que dava acesso ao banheiro e deu de cara com o mais velho com a toalha amarrada na cintura, cabelos molhados e com algumas gotas de água espalhadas pelos ombros. O cheiro de loção e sabonete de amêndoas que ele usou penetraram em todos os sentidos de null que por um instante não se lembrou o que estava fazendo ali.
― Obrigado, babe. ― null sorriu e pegou a roupa da mão da amiga. ― O banheiro já está livre, vê se não demora muito. ― Ele deixou null parada sem reação (ou quase) no corredor com a cara de tonta.
null foi calada até a sala, com a boca seca depois daquela visão, pegou seu vestido e levou para o quarto, antes de voltar para o banheiro ouviu alguns barulhos estranhos vindo do quarto de null, era quase um sussurro, mas o barulho de alguma coisa molhada sendo friccionada era muito conhecia pela garota, podia estar se aliviando pela cena do corredor, lembrou da cena que a deixou igualmente excitada e foi para o banheiro, precisava urgente de um banho frio e parar de se iludir dessa forma. Desligou a resistência e realmente tomou um banho gelado, para esfriar toda aquela loucura que estava sentindo.
Assim que terminou de se arrumar, ouviu a campainha tocar novamente, dessa vez não podia ser outra coisa, com a maior certeza era Sana. Saiu do quarto e conseguiu gostar da mais nova por um minuto, quando ela estava linda em um vestido rosa brilhante e algumas sacolas de bebidas nas mãos.
― Grande Sana. ― null disse animada abraçando a outra.
― Tá tudo bem, null? ― Sana estava meio incrédula, sabia que a menor pouco gostava dela.
― Ótimo, como não estaria, quando não vou ter que gastar o meu precioso dinheirinho com cachaça, quando minha grande amiga Sana trouxe pra todo mundo. ― Ela pegou as sacolas das mãos da garota e indicou com a cabeça o sofá para ela se sentar.
― Agradecimento pela minha nota linda que eu vou receber e pela comida maravilhosa. ― A mais nova sorriu sincera e sentou.
― Não se sente, o Uber chegou. ― null disse se levantando de onde estava e puxando Sana com ele. ― Vamos, se esse porra cancelar eu mato vocês.
Sana pegou as sacolas da mão de null e saiu ajudando para que ela fechasse a porta do apartamento e seguiram para o carro.
A casa de Hanna não era longe do apartamento deles, mas eles não queriam caminhar os 40min que eles tinham que andar até o local. O trajeto foi tranquilo, conversaram sobre o clima daquela noite com o motorista e tudo correu perfeitamente bem, chegaram mais rápido que o previsto, a rua já estava tomada de carros, era inconsequente dirigir depois de beber, mas os jovens não estavam nem aí pra nada. O som era alto e já dava para ouvir os gritos saindo do local.
Antes de entrarem, procuraram os amigos que já estavam apostos na frente da casa. Assim que a turma toda estava reunida, eles entraram e a típica festa de “adolescente” estava bombando, bocas e corpos enroscados pelos cantos, jogos que envolviam ingerir quantidades absurdas de álcool, fumaça de cigarro e outras coisas sendo baforadas no ar, nada muito novo das festas universitárias que iam eventualmente.
null e Sana procuraram a anfitriã da festa para entregar as bebidas, enquanto os outros foram procurar algo para beber. Muitas pessoas conhecidas passaram pelos olhos de null, era difícil para ela cumprimentar todo mundo. Assim que saíram para a parte de trás da casa, Sana avistou Wooshik dançando com Hanna a beira da piscina.
Quando o mais velho viu null e a outra garota se aproximar, soltou a cintura da mais nova e caminhou em direção a menor, deixando Hanna com cara de tacho, mas logo San se aproximou da dona da festa e elas seguiram para a cozinha para colocarem as coisas para gelar.
― Oi, null. ― Wooshik cumprimentou null com um beijo no rosto.
― Oi, Wooshikie. ― null retribuiu o cumprimento e os dois começaram uma conversa animada.
null saiu para a área externa da casa no momento exato em que Wooshik puxou null pela cintura e colava seus lábios, null carregava duas cervejas nas mãos, a qual levaria uma delas para a amiga.
Antes que null pudesse empurrar o corpo do outro para longe, null voltou para dentro, desnorteado, o ar faltou e ele precisava desesperadamente beber toda a bebida daquela festa. Sabia que talvez a mais nova estivesse tendo algo com o mais alto, mas definitivamente ver aquilo com os próprios olhos o deixou péssimo e em segundos virou as duas cervejas goela a baixo.
― Você está louco, Lee Wooshik? ― null esbravejou limpando o beijo que o outro tinha depositado nos seus lábios. ― Você ta saindo com a Hanna e nem perguntou se eu estava a fim de te beijar, você não pode sair beijando as pessoas sem o consentimento delas. ― Ela falou magoada e ficou ainda mais magoada, quando seu olhar cruzou com o de Hanna que estava parada atrás deles estática e com a Sana a tira colo.
― Vamos, null. ― Sana pegou a mão da menor e as duas seguiram para o lado de dentro da casa.
Assim que chegaram perto do espaço onde os amigos estavam, as duas ouviram a voz alta de null advertindo alguém.
― Vai devagar, meu filho, você não é um opala para beber tanto álcool em tão pouco tempo e eu não vou limpar o vomito de ninguém. ― Ele era firme nos dizeres.
― Cala essa sua boquinha, null, vai usar ela pra beijar seu amor, deixa eu beijar a boca da garrafa, já que a boca que eu quero beijar já está beijando outra. ― A voz alta em um tom magoado era de null e elas escutavam nitidamente igual a de null.
― Você é um babaca, eu disse que ia perder a sua chance por ser uma mula. ― null disse em um tom irritado.
― Você é uma grande imbecil, como pode ficar com outro e deixar que null visse! ― null disse para a mais nova, que estava ao seu lado, desferindo um tapa forte em sua cabeça. A garota esfregou automaticamente o local para amenizar a ardência, as mãos podiam até ser pequenas, mas a força era grande.
― Au. ― A mais nova formou um bico nos lários. ― Eu não beijei ninguém, sua sequelada, e porque você acha que ele estava falando de mim? ― Sana olhou para a menor seria, louca para revidar o tapa, mas manteve o controle.
― Porque ele gosta de você, sua animal. ― null perdeu toda a paciência que ainda restava em seu corpo.
― Você está usando drogas?! ― Sana perguntou meio que fazendo uma afirmação e deixou a outra pra trás indo até onde os amigos estavam.
― Vamos, amigão, me dá essa garrafa. ― null ouviu Sana falar e foi até onde os amigos estavam.
Ao entrar no local, recebeu um olhar magoado de null e entendeu tudo, aquele era o mesmo olhar que viu no rosto de Hanna momentos atrás. Sentiu algo se quebrando dentro dela e soube ali que a causadora de toda aquela tristeza era ela. Como nunca tinha percebido que o amigo gostava dela da mesma forma? E ele viu Wooshik a beijando, e aquele não era um sentimento legal, se sentia a pior pessoa do mundo.
― Gatinho, a gente precisa conversar. ― null segurou o amigo pelo braço e puxou o corpo dele carinhosamente, porém o corpo do outro não se moveu.
― Não acho que tenho nada pra falar agora, null. ― null puxou o braço pra si. ― Acho que Wooshik está se sentindo solitário sem seus lábios grudados no dele. ― Ele se segurou para não chorar, todos aqueles sentimentos fundidos com a grande quantidade de álcool que ele tinha ingerido em tão pouco tempo.
― null, eu quero falar sério com você, vamos pra casa, você toma um banho gelado, a gente come alguma coisa e depois conversa, por favor! ― null pegou novamente no braço do amigo, com seus olhos cheios de lagrimas e a voz cheia de suplica.
― null, de verdade, eu não quero ir embora, estou enchendo meu cu de cachaça com toda a bebida dessa festa, como eram nossos planos de mais cedo, não eram? E eu não quero ir embora pra ouvir você chorando por mais um macho. O que foi? Descobriu que ele te pega e pega a metade da faculdade toda? Ou que ele só queria te comer, como todos os outros? pra saber que você rebolava divinamente não só no palco, mas também no colo deles? ― null disse com desdém.
― null, vamos tomar uma água, você pode falar alguma coisa que pode se arrepender depois, se continuar assim. ― San tentou chamar a atenção do mais velho.
― Não, Sana, tá tudo bem! ― null ficou extremamente magoada com os últimos dizeres do amigo, ela já estava sensível por Wooshik desrespeitar ela daquela maneira, não precisa de mais nenhum sentimento ruim em si naquela hora. ― Ele sempre é o dono da razão, não é? As outras pessoas ao seu redor têm que adivinhar o que ele está sentindo pra não magoar ele, e no final ele nunca se arrepende de nada mesmo. ― Dito isso, a menor saiu, abrindo passagem entre as muitas pessoas que bloqueavam o acesso até a porta da frente da casa.
― Wooshik roubou um beijo dela, ela o empurrou, e ainda deu a maior lição de moral. ― Sana disse em um tom absurdamente sério olhando nos olhos de null. ― null achou que você gostava de mim, não tinha como ela saber dos seus sentimentos, se você nunca disse nada null, a última coisa que ela precisava agora era o melhor amigo ser um babaca com ela, como você acabou de ser. ― Ela finalizou procurando alguma garrafa de água próximo de onde estavam.
― Eca! Eu gostar de lésbicas? ― null fez uma careta e tomou um pouco da água que um dos outros rapazes tinham trazido para ele.
― Eu não sou lésbica e essa não é a questão aqui, null, a questão é que você foi tão imbecil quanto ou mais que Wooshik essa noite. ― Sana fechou a cara e null não sabia o que fazer.
― Você vai atrás da, null, ou vai ficar aqui de cuzice com a sexualidade da Sana? ― null disse também irritado com toda aquela situação, praticamente empurrando o mais velho na direção em que a menor tinha ido.
null ainda estava meio tonto pela quantidade de álcool que tinha ingerido, mas toda aquela discussão e a garrafa de água que tomou o ajudaram a ficar mais sóbrio. Resolveu então, ir atrás da amiga, criou coragem não sabe da onde, se era o álcool no sangue ou do sentimento que teve ao pensar que tinha perdido sua chance de viver algo a mais com a outra, mas iria falar para ela tudo que sentia, como ele se sentia em relação a tudo e iria ver depois como tudo ficaria.
Correu para fora da casa e avistou null sentada na frente do portão do vizinho da frente de Hanna, olhando para o celular, semblante extremamente abatido, provavelmente esperando o Uber.
De canto de olho, null avistou a silhueta de Wooshik um pouco mais distante de onde ele estava, ele então se virou para o maior e percebeu que o mesmo olhava para a mesma direção em que null tinha sua atenção minutos atrás, o viu dar o primeiro passo em direção a null, com um sorrisinho malicioso nos lábios, aquilo fez com que o mais velho ali reunisse toda a força que seu estado permitia no momento e correu em direção a Wooshik, empurrando ele antes que chegasse a calçada do outro lado, fazendo assim com que caísse no meio da rua.
― Qual é a porra do seu problema, tá louco? ― Wooshik gritou atraindo alguns olhares na direção dos dois.
― Eu estou mesmo, muito, muito louco, louco de vontade de quebrar a sua cara. ― null disse alto, no mesmo tom alterado.
― O que eu te fiz, seu idiota? ― Wooshik tinha levantado do chão.
― Pra mim mesmo nada, mas você nasceu e isso já é motivo o suficiente pra isso. ― null foi pra cima do outro ficando a alguns centímetros de distância.
― Você está com ciúmes porque eu tomei a porra da coragem que você nunca teve, nenenzinho? ― Lee riu debochado e aproximou ainda mais os corpos, com o intuito de intimidar o menor.
― Ao contrário de você, seu filho da puta, eu respeito as pessoas, não invado o espaço delas para satisfazer os meus desejos, eu nunca magoaria quem eu amo para me satisfazer em nenhum sentido. ― O tom enfurecido de null transparecia em seu rosto.
― Você fez todo esse discurso patético para se convencer que null nunca olharia pra você da mesma forma que você olha pra ela, não é? A null precisa de um homem de verdade, ela gosta de mim, mas a convivência com você a deixa covarde para assumir isso, você não passa de um... ― Antes de Wooshik continuasse a despejar as asneiras que estava falando, null deu um soco tão forte na cara dele, que fez com que ele voltasse ao chão, agora com a boca ceia de sangue.
― Se você chegar perto da null, sem o consentimento dela mais uma vez, não vai ser só um soquinho que eu dar nesse seu rostinho bonito, seu imbecil. ― null se virou e deixou Lee cuspindo sangue no chão.
Pouco passos dos dois estava uma null, chocada em tudo que tinha acabado de ver e ouvir e um monte de gente ao redor, assistindo tudo também. null só conseguiu se mover para abraçar a amiga a sua frente.
― Caiam fora, a festa não é aqui e vocês também não perderam nada por aqui. ― Hanna gritou alto para que as pessoas fossem se dispersando do local. ― Você é um escroto, Wooshik. ― Ela disse com desprezo. ― Vai embora daqui, por favor. ― Virou as costas e voltou para dentro de sua casa.
― Você está bem, gatinho? ― null perguntou apertando null mais dentro do abraço.
― Eu estou ótimo, mas minha mão precisa de gelo. ― Ele riu. ― Babe, eu preciso de falar uma coisa e essa coisa pode destruir a nossa amizade e eu não queria que fosse assim, comigo nesse estado, pra você não pensar que eu só estou falando e fazendo isso por cauda da bebida ou algo do tipo, mas eu, eu. ― null surpreendeu null, afastando um pouco os corpos e grudando seus lábios uns nos outros, demorando alguns minutos para afastar os rostos.
― Eu também gatinho. ― Ela voltou com os lábios juntos com os do mais velho, mas dessa vez pedindo passagem com a língua para começar um beijo estranho, calmo, lento, atrapalhado e com um gosto de bebidas misturadas, mas com a maior certeza o melhor beijo que os dois já tinham dado na vida. As bocas se encaixavam perfeitamente, parecia até que tinham sido moldadas especialmente uma pra a outra. Eles separaram os lábios quando ouviram os amigos gritando e assobiando positivamente.
― Aleluia! ― null disse atraindo os olhares de todos os amigos.
― Até seu namorado, null? ― null perguntou escondendo o rosto no peitoral de null que a mantinha confortável em seus braços.
― Ai, amiga, estava tão obvio, que até o null, que pouco convive com vocês, por ser um aluno dedicado e de outro campus e ter preguiça de caminhar até o nosso refeitório muitas vezes percebeu e nada das duas margaridas se mancarem. ― null disse debochado e null se encolheu ainda mais nos braços do outro.
― Vamos então, beber toda a bebida dessa festa para comemorar esse marco histórico nas nossas vidas! ― null disse animada e os outros concordaram.
― Tudo bem por você, babe, ou quer ir descansar? ― null perguntou fazendo carinhos nas costas da garota.
― Por mim tudo bem, gatinho, com tanto que eu possa te beijar mais um pouco ainda essa noite, eu topo. ― Ela separou o abraço e pegou na mão do amigo.
― A gente conversa sobre isso amanhã, então? ― null disse sério, mas abrindo um sorriso e se sentindo ser puxado pela mais nova.
― Tá bom, meu amor. ― null se aproximou do grupo e eles conseguiram curtir a festa do jeito que realmente deveria ser.
Dali em diante a festa foi uma loucura, muita bebida, a musica era excelente, Hanna realmente tinha um gosto musical maravilhoso, a animação tomou conta do local e do grupo de amigos que curtiram aquela noite como se a festa tivesse sido feita exclusivamente para eles. Sem a presença de Lee lá, o clima estava leve e no inicio da manhã, finalzinho da noite quando todos estavam indo embora, Sana ficou com Hanna e mais um carinha na casa, para a pequena Sana a festa estava apenas começando.
Todos foram para as suas respectivas casas.
null e null seguiram para seu apartamento, como de costume dormiram juntos de conchinha e ao despertar pela tarde, null se encontrou sozinha na cama, levantou com certa dificuldade, pois a cabeça doía, na cômoda do lado da cama, viu uma garrafinha de água e uma aspirina, que tomou prontamente antes de seguir até a cozinha.
Ao entrar no cômodo no final do corredor, viu null null dormindo todo encolhidinho no sofá da sala, com a TV ligada na série que eles assistiam geralmente juntos, não conseguiu ficar irritada com aquilo, pois o amigo estava tão lindo todo pitiquinho dormindo tão tranquilamente que a traição por ver sozinho a série não foi maior que o quentinho que invadiu o coração de null.
A mais nova seguiu seu caminho para a cozinha e comeu seu “café da manhã” que se transformou em café da tarde e depois de limpar a cozinha, voltou para a sala, se aconchegou no sofá com o outro ainda dormindo e colocou um filme de comédia romântica adolescente qualquer que encontrou no catálogo da netflix.
Algum tempo depois, null acordou com uma das risadas que null deixou escapar.
― Desculpa, gatinho, eu não queria te acordar. ― null disse se sentando no sofá para que o mais velho fizesse o mesmo.
― Tudo bem, babe, foi bom, se não de noite eu fico parecendo um zumbi. ― Ele se esticou e também sentou no sofá.
― Então, gatinho vamos conversar agora? ― null olhou fundo nos olhos de null.
― Pode ser, bebê. ― O mais velho ajeitou a coluna e respirou fundo. ― Eu, eu sou apaixonado por você desde o dia em que eu te conheci, mas eu não sabia que era esse tipo de amor, eu pensava que podia ser, sei lá, um grande carinho ou uma grande gratidão por tudo, mas ― Ele tomou fôlego depois de falar tudo aquilo praticamente sem respirar e null tinha toda a sua atenção para ele. ― eu descobri, null, que o que eu senti e sinto por você é maior que qualquer sentimento que eu já senti na minha vida, e você sabe que eu sou péssimo com esse coisa de sentimentos e tudo mais. ― Abaixou a cabeça, fazendo o contato visual se perder.
― null, eu ― A voz de null sumiu um por um minuto. ― eu sempre gostei de você também.
― Mas? ― O mais velho interrompeu a linha de raciocino da menor.
― Mas nada, null, você me trata como nenhuma outra pessoa no mundo me tratou, você cuida tão bem de mim e me protege, me alimenta e mesmo me traindo vendo série sem mim, eu gosto de você de verdade, gosto de você desde o primeiro “oi, você é nova na cidade” que você me disse quando eu me mudei pra sua escola, eu só nunca te disse nada, porque não queria estragar a nossa amizade, o que a gente tem e tinha é tão mais importante que eu preferia morrer de amor por você em silêncio que perder a sua amizade, eu tinha medo de estragar tudo, e ainda tenho, mas não quero mais sofrer sem nunca ter tentado nada e... ― null interrompeu o discurso da amiga com um beijo calmo, só um selar nos lábios.
― Tá tudo bem, null, eu também tenho muito medo, mas não podemos deixar o medo tomar conta da nossa felicidade, temos que ser sinceros um com o outro daqui pra frente e se não tiver mais dando certo a gente continua com a amizade. ― null segurava as mãos de null, entre as suas.
― Vamos tentar, então? ― Os olhos da mais nova eram de ansiedade e receio.
― Por mim sim! ― null respondeu e abraçou a outra, eles ficaram assim, só curtindo o calor um do corpo do outro.
Eles resolveram que iriam se dar uma chance, tudo poderia dar muito errado, mas as chances de dar certo eram grandes também, eles eram melhores amigos, se entendiam como ninguém e se amavam, esperavam realmente que tudo desse certo, um na vida do outro era realmente a coisa mais importante do mundo.
Três Meses Depois...
― Olha, eu fiz até promessa pra null e o null ficarem juntos, mas quem aguenta esse grude todo? ― null disse olhando os outros seis amigos que estavam sentados a mesa do refeitório.
― Mas, null, eles já eram esse nojo todo, você está vivendo essa amizade errado. ― null disse jogando uma bolinha de papel no outro.
― Realmente, a única coisa que muda é que agora eles deixaram de cu doce e se beijam no lugar. ― Sana completou o raciocínio de null.
― Ai gente, vocês não tem mais o que fazer, ao invés de cuidar da minha vida e da vida do meu namorado? ― null disse, separando os lábios dos de null para protestar sobre o assunto.
― Como assim, namorado? ― null perguntou surpresa, assim como a mesma expressão seguiu no rosto dos outros.
― Eu a pedi em namoro ontem. ― null apertou mais null em um abraço que eles estavam dando desde que pararam de se beijar.
― Enquanto fodiam? ― null perguntou animado.
― Enquanto vocês se chupavam? ― null foi no embalo do amigo.
― Enquanto ela estava amarrada e você a chicoteava? ― Sana disse e todos na mesa, incluindo null e null olharam estranho para ela.
― Como assim amarrada? ― null perguntou perplexa.
― Shibari* meu anjo, se você quiser a gente pode tentar qualquer dia. ― null disse. ― E a resposta é não, seus pervertidos. Foi depois do ultimo episódio dessa temporada de Grey’s Anatomy. ― Ele ficou todo bobo olhando o rosto da agora namorada.
― Aff, aquela bosta! ― null disse em um tom brincalhão.
― Que papo é esse, null? ― null disse fingindo tom magoado. ― Grey’s é a melhor série já existente nesse mundo, eu quero o divórcio.
Todos começaram a rir do comentário do mais velho.
Epílogo
Cinco Anos Depois...
A decoração do salão estava deslumbrante, null tinha que admitir que null havia feito um trabalho lindo. Tudo estava perfeito, as cores e as flores da estação ornando, ficou a coisa mais delicada do mundo.
― Tia null. ― O pequeno Kwan puxou a roupa da mais velha, a fazendo abaixar até sua altura.
― Oi, meu pequeno! ― null ajeitou a pequena gravata borboleta que o menino vestia.
― Eu estou bonito? ― Os olhinhos do pequeno eram cheios de vida e expectativa.
― O mais lindo da festa, meu amor! ― null sorriu acariciando o rosto do garotinho.
― Mentira, tia, a pessoa mais bonita dessa festa não sou eu. ― Ele estava todo animado enquanto falava.
― Ah não? Então, quem é meu anjo? ― null perguntou animada da mesma forma, esperando por um elogio.
― O tio null, ele está muito bonito naquele terno roxo. ― O menor deu uma risadinha sapeca.
― null está te criando errado menino. ― null pegou o pequeno que tinha aproximadamente quatro anos de idade no colo e encheu suas bochechas com beijinhos.
― Você não pode colocar a culpa de ser sincero nas costas do null, a mais sensata dessa família depois do Kwan com certeza é a null. ― null disse se aproximando dos dois.
― Olá, meu marido! ― null deu um breve selar nos lábios do outro. ― E cala a sua boca, vai deixar o menino confuso. ― A mais nova terminou rindo.
― Quem diria que null e null seriam os últimos a se casar. ― null disse suspirando.
― Pois é, e eles já namoravam antes da gente. ― null sentiu o garotinho deitar a cabeça em seu ombro, enquanto ela o balançava no ritmo da musica.
― Estamos ficando velhos, meu amor! ― O mais velho disse, fazendo carinhos leves nas costas de Kwan.
― Não deixem essa criança dormir, pelo amor de Deus! ― null chegou até os dois amigos, fazendo Kwan levantar de onde estava deitado, procurando pela voz familiar do pai.
― Se ele dorme agora, não dorme a noite e olha depois de toda essa festa, eu preciso descansar. ― null entrou no campo de visão do pequeno e o mesmo estendeu os braços, manhoso para a mãe. ― Vamos, meu bebê, tem seu doce preferido ali, titio null mandou fazer especialmente para o sobrinho preferido dele.
― Eu, mamãe? ― O menino se animou e despertou alegre nos braços da mãe.
― Sim, meu amor! ― null se afastou dos amigos com a criança nos braços.
― Daqui algumas semanas, vão ser vocês, ― Hobi passou um dos braços pelos ombros de null.
― Eu não vejo a hora de ter uma vidinha me chamando de mãe. ― null suspirou.
― Vai ser a nossa vidinha. ― null sorriu o sorriso gengival que null tanto amava e pegou a mão do marido.
A decoração do salão estava deslumbrante, null tinha que admitir que null havia feito um trabalho lindo. Tudo estava perfeito, as cores e as flores da estação ornando, ficou a coisa mais delicada do mundo.
― Tia null. ― O pequeno Kwan puxou a roupa da mais velha, a fazendo abaixar até sua altura.
― Oi, meu pequeno! ― null ajeitou a pequena gravata borboleta que o menino vestia.
― Eu estou bonito? ― Os olhinhos do pequeno eram cheios de vida e expectativa.
― O mais lindo da festa, meu amor! ― null sorriu acariciando o rosto do garotinho.
― Mentira, tia, a pessoa mais bonita dessa festa não sou eu. ― Ele estava todo animado enquanto falava.
― Ah não? Então, quem é meu anjo? ― null perguntou animada da mesma forma, esperando por um elogio.
― O tio null, ele está muito bonito naquele terno roxo. ― O menor deu uma risadinha sapeca.
― null está te criando errado menino. ― null pegou o pequeno que tinha aproximadamente quatro anos de idade no colo e encheu suas bochechas com beijinhos.
― Você não pode colocar a culpa de ser sincero nas costas do null, a mais sensata dessa família depois do Kwan com certeza é a null. ― null disse se aproximando dos dois.
― Olá, meu marido! ― null deu um breve selar nos lábios do outro. ― E cala a sua boca, vai deixar o menino confuso. ― A mais nova terminou rindo.
― Quem diria que null e null seriam os últimos a se casar. ― null disse suspirando.
― Pois é, e eles já namoravam antes da gente. ― null sentiu o garotinho deitar a cabeça em seu ombro, enquanto ela o balançava no ritmo da musica.
― Estamos ficando velhos, meu amor! ― O mais velho disse, fazendo carinhos leves nas costas de Kwan.
― Não deixem essa criança dormir, pelo amor de Deus! ― null chegou até os dois amigos, fazendo Kwan levantar de onde estava deitado, procurando pela voz familiar do pai.
― Se ele dorme agora, não dorme a noite e olha depois de toda essa festa, eu preciso descansar. ― null entrou no campo de visão do pequeno e o mesmo estendeu os braços, manhoso para a mãe. ― Vamos, meu bebê, tem seu doce preferido ali, titio null mandou fazer especialmente para o sobrinho preferido dele.
― Eu, mamãe? ― O menino se animou e despertou alegre nos braços da mãe.
― Sim, meu amor! ― null se afastou dos amigos com a criança nos braços.
― Daqui algumas semanas, vão ser vocês, ― Hobi passou um dos braços pelos ombros de null.
― Eu não vejo a hora de ter uma vidinha me chamando de mãe. ― null suspirou.
― Vai ser a nossa vidinha. ― null sorriu o sorriso gengival que null tanto amava e pegou a mão do marido.
Fim.
Nota da autora: Um parto, mas aqui estou com a 173492 fic nesse ficstape kkkkkkkkk Eu não poderia estar mais feliz em fazer isso acontecer. Essa fic é meu xodózin, a versão dela é um Yaoi que eu escrevi durante meu expediente no trabalho (saudades trabalhar) e serio é muito amorzinho da minha vida, eu espero que vocês gostem.
PS: Ahm minha lista de fic vai estar ai embaixo, mas ela atualizada vocês podem achar, tanto no grupo de autoras de kpop que temos em conjunto com algumas autoras do site, clicando no Ícone do Facebook, quanto na minha página de autora aqui do site, que é só clicar no ficone com o F do Obsession. Meu Twitter ta sempre disponivel também, podem me gritar por lá, aqui pela caixa de comentarios ou onde me acharem kkkkkk
AH, NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ, OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS.
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Baby We Have A Happy Ending [Kpop – BTS – Shortfics]
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02. Teenager [Ficstape #104: GOT7 – 7 for 7]
02. Nobody’s Perfect [Ficstape #122: Jessie J – Who You Are]
03. Crazy 4 U [Ficstape #148 – Move – Taemin]
03. 잡아줘 (Hold Me Tight) [Ficstape #103: The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever]
04. Até o Sol Quis Ver [Ficstape #137: Exaltasamba – Ao Vivo Na Ilha da Magia]
04. Clap [Ficstape #120: Seventeen: Teen, Age]
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07. Magic Shop [Ficstape #133: BTS – Love Yourself 轉‘Tear’]
07. 소름 Chill [Ficstape #111 – EXO – The War]
07. Shift [Ficstape #112 – Shinee – 1 Of 1]
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07. Dengo [Ficstape #150: AnaVitória – AnaVitória]
08. Tonight (오늘밤; feat. Zico) [Ficstape #119: Taeyang: White Night]
10. Fire [Ficstape #103: The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever]
16. Not Today [Ficstape #080: BTS – You Never Walk Alone]
MUSIC VIDEO:
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MV Darling [Music Vídeo - KPOP]
MV Sexy Trip [Music Vídeo - KPOP]
Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
PS: Ahm minha lista de fic vai estar ai embaixo, mas ela atualizada vocês podem achar, tanto no grupo de autoras de kpop que temos em conjunto com algumas autoras do site, clicando no Ícone do Facebook, quanto na minha página de autora aqui do site, que é só clicar no ficone com o F do Obsession. Meu Twitter ta sempre disponivel também, podem me gritar por lá, aqui pela caixa de comentarios ou onde me acharem kkkkkk
AH, NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ, OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS.



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02. Teenager [Ficstape #104: GOT7 – 7 for 7]
02. Nobody’s Perfect [Ficstape #122: Jessie J – Who You Are]
03. Crazy 4 U [Ficstape #148 – Move – Taemin]
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