Última atualização: 21/12/2018

In Korea

Eu estava preocupado com minha linda esposa, mas quando colocava algo na cabeça, nem mesmo sua falha de memória conseguia tirar, desta vez ainda que relutante tive que assenti e concordar com nossa viagem inesperada. Era perigoso para uma grávida enfrentar 24 horas de voo, felizmente a aterrissagem havia sido tranquila e serena.

— Estou tão animada para conhecer sua cidade. — disse ela assim que entramos no táxi a caminho de Seoul — Vou tirar várias fotos.
— Imagino. — ajeitei o óculos escuros no meu rosto e mantive minha cabeça voltada para rua — Não me lembro muito de como é Seoul, muitas coisas podem ter mudado desde que saí.

Estar de volta à cidade onde cresci era como um novelo de memória, quanto mais eu puxava a linha, mais lembranças ia surgindo pelo caminho. De certa forma meu coração permanecia em paz, algo que me surpreendeu, e o motivo era ela, que me enchia de motivação e bons pensamentos.

Nossa estadia seria na casa dos meus pais, contra minha vontade. tinha os melhores argumentos quando o assunto era me convencer de algo que ela queria; ser hospedado por meus pais e fazer as pazes com eles, estava na sua lista de prioridades.

Assim que o táxi parou em frente a minha antiga casa, respirei fundo pouco antes de sair do carro, segurou de leve em minha mão e deu um beijo em minha bochecha, certamente percebeu meu nervosismo, fazia anos que não me relacionava com meus pais. Nem mesmo sabia como seria recebido por eles e como me comportaria, queria não pensar nessas coisas, pois meu coração ainda mantinha seus ressentimentos.

! — logo reconheci a voz de minha mãe, será que ela estava nos esperando no portão?
— Omma. — sussurrei apertando de leve a mão de minha esposa, estava inseguro.
— Sua mãe é linda . — sussurrou para mim — Fique tranquilo, os olhos dela estão brilhando ao te ver.
— Meu ! — senti a emoção em sua voz, assim como suas mãos ao tocar meu rosto, então um abraço apertado — Que saudades de você.

Estranhamente eu fui me emocionando com seu abraço, não esperava receber todo aquele carinho dela, que indiscutivelmente era sincero e real, enfim a imagem do seu rosto veio em minha memória, seu sorriso sempre me dava forças quando chegava chateado da escola.

— E você, deve ser a . — continuou minha mãe se afastando um pouco de mim, certamente para abraçá-la — Seja bem-vinda!
— Sim, obrigado, é um prazer conhecer a senhora. — mantinha seu tom suave e natural de sempre, segurando em minha mão novamente.
— Que lindo sua barriga, já está aparecendo. — comentou.
— Sim, estamos com 26 semanas de gestação. — concordou
— Traduzindo, quase 7 meses. — completei fazendo elas rirem.
— Vamos entrar, vocês devem estar cansados da viagem. — ouvi o barulho da minha mãe abrindo mais o portão — Han… Yeobo, eles chegaram venha.

Meu coração gelou por um momento ao ouvir o nome do meu pai, senti minhas pernas travarem, suas duras palavras do passado voltaram como uma adaga, senti sendo cravada em meu coração.

— Bem-vindos. — o tom sério do meu pai é o mesmo do qual me lembrava — Deixe que eu ajudo com as malas.

Senti ele passar por mim, me fazendo respirar fundo. Adentramos o portão e de imediato senti o cheiro refrescante do jardim, firmando ainda mais que a primavera estava resplandecendo no país. Memórias da minha infância correndo por aquele jardim com , foram me acompanhando pelo caminho até a porta, enquanto minha mãe contava a algumas histórias sobre mim.

— Estou tão feliz que vocês aceitaram nosso convite. — disse minha mãe dando alguns passos para o centro da sala.
— Está tudo bem?! — perguntou num tom baixo — Você parece nervoso.
— Estou… Só está sendo complicado administrar as lembranças que surgem a cada passo. — suspirei fraco — Mas vou ficar bem, você está aqui comigo, é o que importa.
— Eu te amo. — sussurrou ela em meu ouvido e me deu um beijo no rosto — Estarei sempre aqui.
— Obrigado. — sussurrei de volta.
— Han, coloquei as malas deles no quarto do nosso . — ouvi minha mãe, ela realmente parecia mais animada com nossa presença que minha esposa.
— Já estou levando. — meu pai sempre se emburrava um pouco quando minha mãe dava pequenas ordens, principalmente quando tínhamos visitas em casa.
— Vocês devem estar com fome, eu preparei um lanche para quando chegassem. — minha mãe pegou em minha outra mão — Venha querido.
— Eu me lembro do caminho mãe. — soltei minha mão dela — Não se preocupe, consigo chegar a cozinha sem ajuda.
— Mas, ?! Você não está…
— Cego?! — completei com amargura — Estou.

Um breve silêncio pairou por alguns instantes.

— Senhora Yuri, apesar de estar assim, consegue fazer tudo normalmente, às vezes ele consegue enxergar melhor que todos a sua volta. — tomou a palavra se colocando um pouco em minha frente, permanecendo segurando minha mão — Ele me disse que se lembra de cada detalhe dessa casa, então não precisa se preocupar com isso.
— Você realmente consegue fazer isso?! — a voz ríspida do meu pai ecoou na sala — Consegue agir como alguém normal?!
— Han?! — minha mãe o repreendeu — Que pergunta é essa?
— Por que pai?! — voltei minha face para ele — Ainda tem vergonha do seu filho? — abaixei minha cabeça dando um longo suspiro fraco — Não sei porque estamos aqui.
, por favor. — tocou minha face com a outra mão — Não leve por esse caminho, você prometeu.
— Por que não descansam um pouco antes de comer? Essas roupas devem estar pesadas pela viagem, tomem um banho relaxante. — sugeriu minha mãe tentando amenizar o clima pesado.
— Boa ideia, precisamos mesmo disso. — concordou , vamos?! Quero conhecer seu antigo quarto, aposto que tem várias histórias para me contar sobre ele.

Assenti com a face e segui em direção a escada que dava para o segundo andar, mantive minha frieza ao passar por meu pai, eu já esperava esse tipo de atitude vindo dele. Certamente não me perdoou pelo que fiz comigo mesmo.

— É por isso que eu não queria vir. — disse assim que entramos no quarto e fechou a porta — Ele sempre vai me tratar assim.
— Não diga isso.
— O que quer eu diga? Se você não estivesse grávida, iríamos embora agora mesmo. — tentei controlar minha raiva.
— Calma, olha pra mim. — senti suas mãos em minha face, então tombei a cabeça confuso pelo que havia dito, então ela percebeu e riu — Desculpa, você entendeu.
— Só você para me acalmar falando assim. — respirei fundo.
— Deve ser difícil para seu pai te ver assim, sei que é complicado, mas dê uma chance a ele. — um tom de seriedade tomou conta de sua voz, odiava quando isso acontecia.
— Por favor, eu não fiquei cego ontem. — retruquei — Eu me lembro, com clareza cada palavra que saiu da boca dele, quando me expulsou de casa, meu pai disse que se sentia envergonhado por ter um filho como eu, que eu havia desonrado a nossa família.
— Posso sentir o quão duro foi para você ouvir isso, mas guardar esse sentimento ruim, não vai te fazer bem, nem ao nosso bebê. — ela deslizou de leve seu dedo indicador até meus lábios — Não deixe que essa raiva momentânea te faça falar palavras duras para ele também, sei que é difícil perdoar alguém que nos magoou muito, principalmente quando são quem mais amamos…

Ela segurou em minha mão e me fez tocar em sua barriga, senti nosso bebê se mexer lá dentro, a emoção tomou conta de mim, sendo representada por algumas lágrimas que se juntaram no canto dos meus olhos.

— Nós estamos ao seu lado, sempre. — completou ela.
— Eu não mereço você. — me afastei dela sentindo meu coração apertado, minha esposa era tão linda e pura, já eu carregava muitas dores dentro de mim.
, pare de dizer isso. — ela segurou em minha mão — Lembra do dia em que me conheceu?!
— Como poderia me esquecer?! — voltei minha face para sua direção — Seu perfume me despertou do vazio em que me encontrava.
— Você me viu primeiro naquele dia, e hoje eu sou a mulher mais feliz desse mundo, porque você não desistiu de mim. — a doçura de sua voz era como música aos meus ouvidos, cada nuance do tom da sua voz era a chave para acalmar meu coração.
— Aonde quer chegar?! — perguntei.
— Não desista do seu pai, pude ver o olhar dele quando te viu no portão. — respondeu direta e precisa — Não acho que ele esteja com vergonha de você, mas sim de si mesmo, por tê-lo abandonado quando mais precisava.
— Você não o conhece.
— Nem você. — retrucou ela — Já se passaram sete anos, as pessoas mudam, se permita vê-lo com outros olhos.

. — ela tocou novamente meus lábios com seu dedo indicador — Não deixe essa oportunidade passar, tenho certeza que seu pai te ama muito.
— Eu te amo. — toquei em sua face e logo a beijei de forma suave e doce, deslizando minhas mãos por seu corpo até envolver meus braços em sua cintura.

Ela retribuiu com a mesma doçura, se aninhando em meus braços.

— Que tal um banho relaxante?! Estou sentindo uma leve dorzinha nas costas. — sugeriu ela.
— Como quiser minha linda. — sorri para ela.

Talvez fosse o estresse pela viagem e minha ansiedade em saber como meus pais me tratariam, que me fizeram quase desistir de ficar, mas a sugestão dela era realmente tudo que eu precisava. Um banho relaxante, roupas mais leves e o carinho da minha esposa, foi uma combinação perfeita para acalmar meus ânimos e me encher e pensamentos positivos.

— Oh, que pena que não poderão lanchar lá na cozinha conosco. — disse minha mãe assim que entrou no quarto — Mas trouxe o lanche de vocês.
— Obrigado mãe. — me mantive segurando a maçaneta da porta.
— Me desculpe senhora Yuri, é que não estou muito disposta. — explicou .
— Ah querida, por favor, não me chame assim, pode me tratar como sua ajumma. — minha mãe riu — Você é muito linda e dócil, vejo que meu fez um bom casamento.
— Agradeço por pensar assim.
— Eu sou um homem de sorte e abençoado por Deus. — concordei mantendo minha face voltado para a direção da minha esposa.
— Vou deixar vocês descansarem. — ela se aproximou de mim — Boa noite querido.
— Boa noite mãe. — sorri de leve para ela e fechei a porta depois que saiu.
— Sua mãe é mesmo muito gentil.
— Fico me perguntando o que ela vai achar do nosso casamento quando souber do seu problema de memória. — suspirei fraco — Mais um ponto.
— Nada disso, não vou deixar que seja negativo assim. — ela bateu no colchão — Agora venha aqui, vamos comer.

Assenti e caminhei até a cama, me sentando ao seu lado.

— Você sabe que não vai ser fácil contar a eles. — me voltei para ela.
— Por que não pensamos nisso amanhã?! — sugeriu — Já tivemos muitas emoções por hoje, seus pais não precisam saber de tudo de uma vez.
— Você quer conquistá-los primeiro? — eu ri.
— Claro, seu bobo. — ela deu um leve tapa em meu ombro — Não viu que sua mãe gostou de mim?! Tenho certeza que também posso amolecer o coração do seu pai.
— Você não precisa se esforçar, é naturalmente maravi… — nem mesmo pude terminar a palavra e já fui interrompido por um beijo surpresa.
— Suas palavras me deixa ainda mais confiante e motivada. — declarou.
— Eu te amo. — sussurrei.
— Eu também te amo. — ela sussurrou de volta e pegando minha mão direita me fez tocar sua face, para que eu visse seu lindo sorriso.
— Adoro quando sorri para mim. — segurei sua mão e abaixei até que ela pudesse pousá-la na altura do meu coração — Olha o que você faz comigo!
— Está acelerado. — constatou ela — Gosto disso.
— Eu mais ainda disso.

Fui me aproximando lentamente dela, até que meus lábios tocaram os seus com suavidade, porém inconscientemente nosso beijo se intensificou um pouco, fazendo meu corpo arrepiar e senti um frio na barriga. De imediato me lembrei do nosso primeiro beijo e de como me senti vivo, seu amor continuava sendo a luz no meio da escuridão de minha cegueira física.

As horas se passaram e confesso que peguei no sono pouco depois que desfrutamos do lanche da minha mãe, não somente meu corpo estava cansado, mas minha mente também com todas aquelas fortes lembranças do passado, boas e ruins. Acordei mais bem disposto na manhã seguinte, me remexi na cama e percebi que ainda estava ao meu lado, porém sentada encostada na cabeceira, provavelmente sendo as informações da nossa vida.

— Bom dia?! — meu receio fez soar como uma pergunta.
— Acho que é um bom dia. — ela riu — Complexo absorver todas essas informações…
— Fiquei com medo que pudesse gritar ao me ver ao seu lado. — confessei.
— Isso já aconteceu? — perguntou.
— Algumas vezes, não hora é assustador, mas depois rimos disso.
— Foi estranho acordar e ver minha barriga grande e um homem ao meu lado, mas quando virei para o lado e vi o diário, meu corpo gelou mais ainda. — soou como um desabafo — É surreal e ao mesmo tempo impactante.
— Ler sobre tudo que vive um dia após o outro?!
— Não. — ela se remexeu na cama — É impactante descobrir que o homem ao meu lado me faz apaixonar por ele todos os dias, e me ama mesmo eu não sendo a mulher perfeita.
, o que está dizendo. — ergui meu corpo e toquei de leve em sua face, percebi gotas de lágrimas — Você é a melhor e sim, é perfeita para mim, eu te amo.
— Eu também te amo mesmo não me lembrando todas as manhãs, e meu coração está acelerado.

Não me contive e logo a beijei com mais intensidade, era frequente os dias em que ficava mais emotiva ao ler seu diário, e com a gravidez aumentava ainda mais. Demoramos um tempo para levantar da cama, fiz questão de mantê-la aninhada aos meus braços e fazer uma breve versão minha, resumindo como era nossa vida de casados. Contei sobre como ela tinha me ajudado no dia anterior com meus pais, e descobri que já havia uma página dedicada ao meu relacionamento com eles, que ela leu com cuidado e atentamente.

— Está preparado para hoje?! — perguntou ela assim que terminou de trocar de roupa, havia colocado o vestido floral que comprei quando descobri a gravidez.
— Sim. — dei alguns passos até ela e segurei em sua cintura com cuidado — Você fica mais linda ainda com esse vestido.
— Sério?! — senti que ela estava segurando o riso, era mesmo engraçado meus inúmeros comportamentos como aquele, ainda mais em minha condição, ela me deu um rápido selinho — Bom saber disso.
— Eu te elogio e só ganho isso?! — tombei a cabeça mantendo meus olhos em sua direção.

Estava sem os óculos escuros e mantive a seriedade em minha face, somente com ela eu me sentia confortável o bastante para ficar assim, com meus olhos brancos e sem vida amostra.

— O que mais você quer? — perguntou ela.
— Hum… Isso! — a beijei com mais intensidade, porém fui cortado por um chute do nosso bebê que a fez se afastar — Yah!!!
— Desculpa papai, acho que nossa criança também ficou empolgada para te dar bom dia. — ela riu da minha cara de insatisfeito.
— Minha criança amada… — toquei de leve em sua barriga — Papai também te ama muito, estou ansioso para te ver.
— Todos nós. — concordou ela — Se você não tivesse impedido, a dra. Janet teria descoberto o sexo.

Ela parecia ainda emburrada com isso.

— É mais divertido descobrir na hora. — eu ri — Pelo menos já escolhemos os possíveis nomes.
— Fale por você. — ela pegou minha mão e me fez tocar sua barriga novamente — Acho que está fazendo uma festa aqui.
— Sim. — concordei ao senti-lo se mexer, meu coração se aqueceu e mais uma vez aquela lágrima de emoção caiu disfarçada — Estou sonhando com o dia que ouvirei o som do seu choro.
— Isso me preocupa um pouco. — ela se aninhou em meus braços — Imagina se o bebê chora no meio da madrugada e você me acorda, até me explicar o que está acontecendo eu vou surtar primeiro.
— Calma querida, já conversamos sobre isso, vai dar tudo certo, seus tios ficarão conosco no primeiro ano. — expliquei tentando acalmá-la, comecei a acariciar seus cabelos — E já que ele nascerá aqui, também teremos a ajuda dos meus pais, eu acho.
— Sim… Não vou me deixar abalar nem ficar com medo. — ela entrelaçou nossos dedos — Nosso bebê terá muito amor, te todo mundo.
— Terá sim. — concordei.
— Imagina se ele nascer com seus traços, vai fazer sucesso, sendo menino ou menina. — comentou ela.
— Aposto que se parecer mais com você, terá o dobro de sucesso. — retruquei arrancando uma risada rápida dela.

Descemos para o café da manhã, minha mãe já havia ajeitado tudo na mesa e nos esperava ansiosa, meu pai tinha saído cedo para visitar um amigo adoentado. Após o café, me convenceu a darmos uma breve volta por Hongdae, o bairro em que minha família morava. Já esperava por isso, ela queria tirar muitas fotos para guardar de lembrança, já que no dia seguinte não se lembraria de nada.

- x -

— Que incrível. — disse enquanto aprendia com minha mãe a fazer bulgogi, minha comida coreana preferida — Estou impressionada com a riqueza da gastronomia coreana.
— Ah, minha querida, tenho tantas receitas para te ensinar. — minha mãe também parecia empolgada com a nova aluna, saber que ela uma aprendiz de chef de cozinha a deixou um pouco eufórica.
— Vou adorar aprender todas! — o entusiasmo da minha esposa não ficava atrás.

Me afastei delas em silêncio e discretamente, segui em direção a porta da sala, saí para frente e parei em meio ao jardim, mesmo não vendo nada ao meu redor, conseguir sentir nitidamente toda beleza que me cercava. Eu amava Seoul na primavera, era rica de cores e de vida, aquele momento me bateu uma louca saudade dos meus tempos de criança, misturado ao desejo forte de poder só ao menos uma vez, ver o lindo rosto da minha esposa em meio aquele jardim.

Isso fez com que uma lágrima caísse do meu olho. Não conseguia mais resistir ao desejo de vê-la com o sentido que havia perdido, senti-la, tocá-la e ouvi-la já não estava mais sendo suficiente, eu queria mais. É um pecado desejar tanto ver a mulher que amo?! Infelizmente, pagaria por ter amado a mulher errada para sempre.

— Lamento por seu amigo. — disse me despertando do meu devaneio negativo.
— Não lamente, ele ainda não morreu. — retrucou meu com meu seu jeito educado de ser.
— Vejo que acordou melhor do que ontem. — dei um passo para me afastar dele.
— Espere filho. — ele segurou em meu braço, então respirou fundo — Podemos conversar?!

Me mantive em silêncio, não ficaria relutante pois daria uma chance como aconselhou, mas não forçaria nada de minha parte.

— Me desculpe filho. — sua voz suavizou, mostrando sinceridade — Eu ainda não sei como reagir, para ser sincero, sinto vergonha do que fiz com você.

E mais uma vez ela estava certa.

— Eu…
, pode perdoar seu pai?!

Assenti com a face e logo senti um abraço apertado vindo dele, não esperava por isso mas aceitei e retribui, lá no fundo sentia falta do meu pai.

— Me desculpe se desonrei nossa família. — disse ao lembrar novamente de suas palavras do passado.
— Não meu filho, eu que peço desculpas pelo que falei. — ele se afastou um pouco — Eu e sua mãe sempre vamos nos orgulhar de você, estou feliz que tenha encontrado uma boa moça e agora tenha sua própria família.
— Sim, é incrível. — concordei.

Nós tivemos mais uma longa conversa sobre algumas coisas que haviam acontecido em minha vida enquanto estava em Manhattan, até que cheguei no assunto de como conheci , a história do perfume que me levou a busca por ela. Eu e minha linda esposa tínhamos combinado de contar aos meus pais separadamente, ela contaria a minha mãe enquanto cozinhavam e eu me encarregaria de contar ao meu pai.

Mas isso foi quando eu achava que meu pai ainda tinha algo contra mim, porém agora eu sabia que por mais maluca que fosse nossa história de amor, ele nos apoiaria também. E foi o que aconteceu, mesmo com o choque inicial da minha mãe e muitas perguntas do meu pai, explicamos com imenso prazer na mesa de jantar todas as suas dúvidas.

— Eu ainda não sei como reagir a essa notícia. — disse minha mãe.
— Estou admirado por não ter desistido dela filho. — meu pai parecia bem mais tranquilo e sereno com o assunto — Só fico um tanto preocupado com vocês dois.
— Sim, e se você perder seu diário?! — concordou minha mãe.
— Eu já o perdi uma vez, mas deu tudo certo. — a tranquilidade de fazia tudo parecer suave — Desde que continuemos um do lado do outro, sei que ficará tudo bem, e nosso bebê será muito amado.
— Disso não tenho dúvidas. — assentiu minha mãe — Fico feliz e emocionada por ter concordado em deixar este bebê nascer aqui no nosso país.
— Eu me emocionei muito com a carta que a senhora, ou melhor, você me mandou, ajumma. — explicou — Então, achei que seria bom para eu e que nosso bebê nascesse perto dos avós.
— Mas e seus tios? — meu pai perguntou.
— Eles virão no próximo mês, junto com e uma amiga minha, fazem questão de passar as últimas semanas que gestação ao meu lado.
— Todos serão muito bem-vindos aqui em nossa casa. — anunciou minha mãe.
— Com certeza. — apoiou meu pai.

O jantar estava saboroso e para primeira vez, minha esposa até que levava jeito para gastronomia coreana, segundo ela, minha mãe era uma excelente professora. Passamos um longo tempo conversando na sala, meus pais pareciam mesmo curiosos sobre como eu conquistei definitivamente minha esposa. Foi complicado a parte em que contei sobre Taylor e como tentou me apagar da vida de .

— Estou feliz por ter feito as pazes com seu pai. — disse ao me abraçar por trás, com cuidado pela barriga — E surpresa por terem reagido bem a minha falha de memória.

Eu ri mantendo meu rosto voltado para a janela do quarto, sentindo a forte brisa que adentrava.

— Não ria, é sério.
— No fim, você tinha razão. — suspirei.
— Razão?! Do que?
— Meu pai mudou. — eu toquei de leve em suas mãos, me aninhando a ela.
— Que bom que eu estava certa então. — ela riu — Sinto que vai ser divertido nossa estadia aqui.
— Hum, pensei que já estivesse com saudades da nossa casa.
— Eu amo Manhattan, mas Seoul também é uma linda cidade e até nosso bebê nascer, temos muito tempo para aproveitar. — ela estava certa novamente.
— Vou te mostrar cada lugar legal desta cidade. — assegurei.
— Estou ansiosa por isso.

Ficamos alguns instantes em silêncios, o que me deixou ter a oportunidade de ouvir as batidas do seu coração.

— Obrigado, mais uma vez, por me amar. — virei meu corpo e fiquei de frente para ela — Eu te amo.

Em segundos, senti o toque suave dos seus lábios tocando os meus, meu coração acelerou e meu corpo se aqueceu, conseguia fazer eu me entregar por completo a ela.

E ainda que não a visse com meus olhos, eu a via de outras formas mais intensas.

"Sim! Sinta o mundo cheio de esperança
Sim! Em direção àquele grande futuro logo ali

S.E.O.U.L, repita comigo as belas palavras
Que fazem meu sonho virar realidade
O lugar onde a alegria transborda
Onde eu vou~ Eu te amo!"
- S.E.O.U.L / Super Junior & Girls' Generation


Amor: A maior fonte que nutre nossa esperança, chama-se amor.” - by: Pâms



The End...



Nota da autora:
Aqui estou com mais uma história, seguindo a trajetória de Berlim e Vegas, para meu especial que vai seguir até meu aniversário (com a ajuda de Deus)... Em breve nas próximas shorts falarei mais sobre isso, então fiquem atentos nas minhas fics que saírem na categoria Originais aqui do FFOBS!!! Enfim, vejo vocês nas próximas histórias: Daejeon e Havana!!!
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Jesus bless you!!!




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*as outras fics vocês encontram na minha página da autora!!


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