“Noona, você é linda
Os garotos não te deixam em paz
Honestamente, conheço os seus anseios.”
- Noona Is So Pretty (Replay) / SHINee

Sempre me senti atraído por mulheres mais velhas, mas ela superou todas as outras, aquela noona era diferente, por trás daquela máscara de forte e independente, existia uma sensível e delicada mulher.

Eu sempre fui um garoto travesso e cheio de graça, para mim tudo era sinônimo de diversão, nos tempos de escola sempre que aparecia uma oportunidade jogava meu charme para as noonas das séries superioras e para as professoras mais bonitas, cheguei até mesmo a marcar um encontro com a noona da biblioteca. Era divertido vê-las se sentindo mais poderosas por terem um garoto interessado, mulheres são previsíveis em certos momentos.

Quando me formei algumas professoras choraram, com certeza jamais encontrariam um aluno como eu. Mas em meu futuro eu tinha preocupações maiores, além de seduzir noonas, eu tinha que dividir meu dia entre curso de administração na universidade e um estágio na empresa multinacional da família, a Lotte Co., Ltd., mais conhecida como Lotte Duty Free. Nossa empresa era administrada pelo tio Hong, que era o CEO desde que meu pai morreu de acidente aéreo em uma viagem de negócios, e mesmo sendo o filho de um dos donos, ajhussi Hong me colocou como estagiário da equipe de marketing da empresa, eu trabalharia com uma grande equipe e seria um completo subordinado.

Quanto a isso eu não me importaria, eu teria que entender muito bem cada setor da empresa para um dia administrá-la e de acordo com minha omma, o setor de marketing é o mais responsável entre todos, pois carrega o peso de zelar e levar a imagem da Lotte para o mundo, era neste setor que se trabalhava a pessoa mais dedicada, detalhista, organizada e perfeccionista da empresa e essa pessoa era a diretora geral de marketing.

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Era segunda de manhã, estava de férias da universidade, então pela brilhante ideia da minha mãe eu iria trabalhar em período integral na empresa, e para minha infelicidade aquele era meu primeiro dia. Não estava muito animado com tudo aquilo, queria muito continuar na minha cama, queria muito não sair de casa na minha primeira manhã de férias, era início do verão e eu tinha tantos planos para a ilha Jeju, mas foram propositalmente frustrados por minha omma, com essa ideia.

Me levantei da cama sentindo minhas cobertas me puxando para mais algumas horas de sono tranquilo, caminhei até o banheiro já tirando minha roupa pelo caminho, tomei uma ducha fria para acordar meu corpo que ainda insistia em pensar que estava deitado. Eu havia me esquecido de como eu era preguiçoso quando se tratava de acordar cedo, saí do banheiro com a toalha enrolada na cintura e secando meu cabelo com outra toalha.

— Está faltando roupa para você criança? — disse à ajumma que cuidava da casa, ela me olhou com desdém e se virou terminando em arrumar minha cama.
— O que foi? — eu a olhei segurando o riso, caminhei sinuosamente em sua direção — Meu abs de deixa atraída ajumma?
— Ah, por favor. — ela deu uma gargalhada e bateu forte em meu braço — Pare de brincadeiras criança, se fosse meu filho apanharia o dia todo.
— Ajumma, você já me bate o dia todo. — brinquei a agarrando de leve, envolvendo meus braços na cintura dela — Ajumma quando você vai deixar seu marido e se casar comigo?
— Deixe de brincadeiras criança. — ela bateu de leve em meu braço e se soltou de mim, batendo novamente em meu ombro — Tenho idade para ser sua mãe, agora vá colocar sua roupa, hoje é seu primeiro dia na empresa.
— As mais velhas são as melhores ajumma. — eu brinquei rindo alto, indo em direção ao closet para me vestir — Eu ainda me caso com uma noona!
— Se continuar agindo como uma criança jamais terá uma noona. — disse ela rindo.
— Mesmo agindo como um adulto, você sempre me chama de criança. — eu vesti minha camisa me lembrando de todas as vezes que ajumma me chamava assim.

Ajumma Yuri era a pessoa que mais me compreendia e me defendia, ela havia ajudado minha mãe a me criar, e graças à ajumma eu havia superado muito a morte do meu pai. Eu a tinha como minha segunda mãe e suas opiniões quanto minha vida sempre contavam, seu carinho por mim era sempre o mesmo e eu gostava quando ela me chamava de criança, mesmo eu já tendo 20 anos.

Quando saí do closet, ela já tinha terminado de arrumar tudo e já não estava mais no quarto, me olhei de relance no espero que tinha dentro do closet e ajeitei a gravata que tinha ganhado de ajumma no natal passado, peguei minha mochila e saí. Desci as escadas deslizando pelo corrimão como de costume, aquilo irritava minha mãe e a ajumma, mas era tão divertido que não me importava com os riscos.

Uma coisa boa de tudo aquilo, havia ganhado um Mercedes E-Class preto e não teria mais que pegar o carro da minha mãe emprestado. O dia estava começando a ficar bom, entrei na minha Mercedes e liguei o motor, senti até um frio na barriga, tinha batizado meu carro com o nome Amber em homenagem ao F(x). Antes de chegar na sede da empresa aqui em Seoul, resolvi tomar café com meus amigos e na Cafeteria Coffee House, a namorada de era a dona.

— Uau, isso é que é vida. — disse ao me ver saindo do carro.
— O que acharam da Amber? — disse a eles com um sorriso de satisfação.
— Uahhh, linda. — se aproximou do carro com seus olhos brilhando — Quero emprestada depois.
— A Amber é minha primeira, minha favorita. — eu o olhei — Não sei se meu coração irá permitir te emprestar.
— Yah, deixe de ser ganancioso, compartilhe a Amber com os amigos. — reclamou .
— Ok. — eu ri.

Liguei o alarme da Amber e entrei na cafeteria com eles, ambos iriam estagiar na empresa comigo, ficaria no setor de TI e ficaria no setor de logística, era maluco termos decidido por áreas bem diferentes, afinal em nossa infância tínhamos combinado de montar uma banda. Assim que sentamos em uma mesa bem ao lado da vidraçaria principal, , namorada de se aproximou nos cumprimentando.

— Estou feliz que estejam prestigiando a Coffee House.
— Sim, o melhor café da região. — concordamos em coral dizendo a slogan da cafeteria.
— Oh que fofo. — ela sorriu com brilho nos olhos — Vou mandar trazer o café de vocês.
— Komawo baby. — disse .
— Agradecemos muito . — concordei olhando para a rua.

já conhecia nossos gostos para comida e aquela não era a primeira vez que frequentamos sua cafeteria. Após alguns minutos a atendente trouxe nossa refeição, para um cappuccino italiano e croissant de queijo, para expresso descafeinado e tortinha de frango, para mim expresso com chantilly e bolo de morango com chocolate. tinha um ótimo dom para confeitaria, ela havia se especializado nas melhores escolas da França.

Ficamos um bom tempo conversando enquanto comíamos, nos entretemos tanto que acabamos perdendo a hora de entrada, chegamos atrasados na empresa logo no primeiro dia. Inicialmente era divertido ir contra as regras, mas no final sabíamos que a repreensão seria de alguma forma não muito boa, mas valia a pena a travessura.

Após passar os andares de e , quando o elevador parou no meu andar, saí correndo pelos corredores, era minha primeira vez dentro do novo prédio da Lotte e eu não sabia onde ficava nada, após alguns minutos entrando em salas erradas, finalmente cheguei ao lugar que tanto se escondia dos meus olhos. A divisão de marketing ocupava metade do andar, isso me fez perceber que eu tinha corrido para a direção errada, entrei pela porta e todos os olhares se voltaram para mim, aquilo foi um pouco constrangedor.

Haviam várias mesas redondas espalhadas pelo ambiente e além das estações de trabalho de cada funcionário do setor, ao lado da porta onde eu estava tinha uma escada que dava para alguma sala importante no mezanino, e no fundo estava a sala com divisórias de vidro e grandes persianas, de longe dava para perceber a organização, pertencia a pessoa responsável pelo departamento de marketing.

Ajeitei minha mochila nas costas e dei mais alguns passos para dentro da sala fechando a porta, logo um hyung veio em minha direção.

— Oh, você deve ser o novo estagiário. — disse ele com um largo sorriso — Estávamos mesmo precisando de mais alguém para nos ajudar.
— Sim, sou eu. — assenti olhando algumas noonas sorrindo para mim.
— Pode me chamar de Hwang, eu sou responsável pelo marketing do setor de alimentos. — ele me empurrou de leve para frente — Venha vamos conhecer o pessoal.
— Ah, sim. — eu sorri de leve tentando ser mais corajoso com a animação do hyung.
— Bem, esta é Sora nossa querida responsável pelo marketing do setor de compras do nosso conglomerado.
— Annyeonghaseyo noona. — eu me curvei de leve para ela.
— Oh, um dongsaeng de estagiário, estou surpresa. — Sora era morena com cabelos lisos num corte Chanel, tinha as bochechas meio rosadas e os lábios com um pouco de gloss, ela estava com um vestido florido um pouco curto, mas delicado.
— Mas o que seria setor de compras? — perguntei inocentemente.
— Ah, eu cuido da imagem das empresas e lojas do setor de compras. — ela sorriu de leve meio tímida, colocando sua mão direita sobre o braço esquerdo — Como a famosa Lotte Duty Free e o Lotte Shopping.
— Hum. — eu estava começando a ver, que não sabia nada sobre o conglomerado da minha família.
— Olá dongsaeng, eu sou a Ye Eun, noona do setor de entretenimento. — ela me puxou de leve me dando um beijo no rosto, paralisei naquele momento, aquela noona era um tanto ousada — Cuido do marketing de empresas como a Lotte Entertainment.
— Uau, deve ser legal. — eu me curvei para ela segurando o riso.
— Não ligue para as apresentações de Ye Eun, ela é assim com todos. — uma outra mulher se aproximou com algumas pastas na mão, ela se vestia mais formalmente — Eu sou a Mi Nyu, eu cuido do marketing das empresas de finança e habitação como o Lotte cartão e a Lotte Castelo High Rise Apartment Complex.
— Prazer noona. — me curvei para ela.
— Yah garotas. — disse outra noona se aproximando de nós, seu estilo era mais despojado e esportivo — Deixem o estagiário respirar. — ela riu — Eu sou Seoyun cuido do marketing dos Parques de diversão da Lotte.
— Annyeonghaseyo noona. — essa noona parecia ser mais descolada do que as outras, tinha os cabelos vermelhos e meio bagunçados, estava com uma blusa regata que permitia ver sua tatuagem de meia lua no ombro direito.
— Você já deve estar ficando louco com tanta noona aqui. — disse um hyung que vestia um terno cinza — Eu sou Junseo, seu hyung que cuida do marketing dos hotéis, qualquer dúvida pode me perguntar, sei de tudo que se passa no setor de marketing.
— Deixe de mentiras Junseo. — brincou Hwang hyung — Nunca sabemos até que seja apresentado nas reuniões.
— Yah, eu tenho prestígio aqui sabia. — ele deu de ombros e voltou para sua mesa.
— E este é Jongho, seu hyung do marketing das empresas de Trade, TI e eletrônica e aluguel de carros.
— Uau, muita coisa para um hyung só. — disse meio admirado.
— Que isso. — Jongho riu — Com o tempo nos acostumamos, são setores novos na empresa.
— Hum, interessante, não imaginava que o conglomerado Lotte tinha tantos setores assim, estou impressionado. — eu disse.
— Ah, mas falta mais um. — disse a noona Ye Eun.
— Quem? — eu perguntei curioso.

No mesmo instante todos apontaram para a sala do diretor, eu acompanhei com meus olhos e vi duas pessoas conversando, um homem com um jaleco branco e uma mulher que estava de costas.

— Hum, a noona é do próximo setor?
— Oh não. — Seoyun riu indo para uma mesa redonda que estava cheia de papeis espalhados em cima — Aquela é a nossa chefe, diretora geral de marketing.
— E acho melhor eu voltar para minha mesa antes que ela olhe para trás e nos veja aqui. — Sora se afastou indo para sua estação de trabalho.
— Concordo. — Jongho se afastou indo para porta — Mi Nyu está indo a algum lugar com estas pastas?
— Sim, estou indo ao departamento de finanças, preciso passar estas planilhas de custos para o próximo evento de marketing do meu setor.
— Ah, eu vou com você, preciso passar no RH. — ambos saíram juntos.
— Mas então Hwang hyung, quem é o hyung que está lá com a diretora?
— Aquele é o sonhador Heesong, o hyung do marketing pesado.
— Sonhador? Marketing pesado?
— Sonhador porque ele é apaixonado pela diretora e tem esperanças de conquistar ela. — Hwang virou de costas para o fundo da sala — Nossa chefe é um tanto intocável.
— Oh, espero que ele consiga.
— Acho pouco provável, ela é muito inacessível, por assim dizer. — ele riu — Mas com relação ao marketing pesado, ele cuida do setor de empresas de produto químico, construção e máquinas.
— Uau, interessante. — eu olhei para a porta da sala da diretora e ambos estavam saindo — E eu vou conseguir me lembrar de todos esses setores? — sussurrei.
— Na hora da pressão, você vai.
— Então eu espero seu relatório amanhã de manhã. — disse a diretora ao Heesong, olhando alguns papeis que estavam dentro da pasta que estava em suas mãos.

Sua voz era firme e um pouco seca para uma mulher, sua face séria, boa postura, seu olhar era profundo e enigmático, ela possuía um áurea de superioridade e poder incomum, nunca havia visto uma noona como ela.

— Venha, vou te apresentar ela. — disse Hwang ao ver Heesong se afastando.
— Sim. — eu o segui em silêncio.
— Diretora sunbae. — disse ele — Este é , nosso novo estagiário. — completou ele lendo meu nome no crachá.
— Está atrasado. — ela permaneceu com sua atenção nos papeis.
— Oh, me desculpe. — eu me curvei de leve — Não vai acontecer novamente. — pela primeira vez eu estava me sentindo intimidado por uma noona, e eu há conhecia em menos de dois minutos.
— Assim espero. — ela levantou seu olhar para mim, me olhou nos fundo dos meus olhos — Estagiários também devem ser pontuais.

Aquele olhar bateu tão fundo dentro de mim, que senti minhas pernas bambearem, quem era aquela noona intocável e inacessível, que estava fazendo meu coração acelerar com um simples olhar de desprezo e superioridade. De todas as noonas que eu havia conhecido até aquele momento, ela havia sido a única que conseguiu despertar todos os meus sentidos com único olhar.

“Noona, você é tão linda,
(Olhando para você eu)
Enlouqueço,
(Mas estou me cansando)
Mais uma vez, mais uma vez, mais uma vez.”
- Noona Is So Pretty (Replay) / SHINee

“Você é a garota que me deixa inquieto sempre que te vejo.”
- Bad / Infinite

 

O impacto daquele olhar havia me deixado o dia todo atordoado e sem reações, eu a observei durante todo aquele dia. Seu comportamento era igual com todos, sempre exigente quanto à postura dos líderes de marketing e perfeição na execução dos projetos. Neste primeiro mês, me designou para apoiar Junseo hyung do marketing de hotéis, eu trabalharia diretamente com ele e sua equipe para dar suporte e conhecer um pouco mais desta parte do conglomerado.

Após alguns minutos conversando com Junseo privadamente em sua sala, ela me chamou. Quando entrei ela estava sentada em sua cadeira aparentemente confortável, olhei discretamente a decoração da sala com mais atenção, moderna com um toque clássico e poucos adereços, ela tinha o jeito de ser uma pessoa um tanto clean, simples, porém de classe.

— Com sua licença. — eu disse num tom baixo.
— Junseo, este estagiário será de sua inteira responsabilidade este mês, quero um relatório semanal de todas as atividades dele dentro do seu setor. — disse ela com seu tom superior, olhando para uma planilha que estava na mesa.
— Sim sunbae. — ele sentiu se curvando um pouco — Mais alguma coisa?
— Quanto a isso está tudo resolvido. — ela levantou seu olhar para ele — Já relacionado ao evento no Busan Lotte World Tower, ainda não recebi a proposta do seu setor.
— Minha equipe está trabalhando em três ideias para este evento. — explicou ele de imediato, engolindo seco.
— Sua equipe precisa de mais foco. — ela se levantou continuando a olhar para ele — Escolha a melhor e trabalhe nela.
— Sim sunbae. — ele se curvou um pouco.
— Pode nos deixar à sós agora. — ela desviou seu olhar superior para mim.
— Vou sair primeiro. — Junseo hyung saiu fechando a porta, eu o olhei de relance me desejando fighting.
— Confesso que eu não esperava um estagiário no meu setor, e a Lotte só me avisou hoje de manhã. — ela caminhou até um armário vertical que tinha na parede lateral da sala, abriu e pegou uma pasta — Mas como eu sempre estou preparada para imprevistos. — ela voltou até sua mesa e jogou a pasta em cima — Aqui está o básico, quero dois relatórios por semana.
— Dois relatórios? — eu peguei a pasta e olhando sem entender — Sobre o que?
— Sobre o seu trabalho. — senti que ela havia alterado seu tom de voz de superior para impaciente, ela respirava fundo me olhando séria, um olhar que me deixava tenso e fascinado ao mesmo tempo — Já não basta chegar atrasado, eu terei que te explicar seu trabalho também?
— Não, eu já entendi. — eu engoli seco, era intenso aquela ironia vindo dela, misturado a indignação.
— Pode se retirar agora.

Eu me curvei em cumprimento e me virei para porta.

— Antes que me esqueça, seu horário de entrada é às 7 da manhã em ponto. — disse ela como se estivesse ordenando.
— Sim, diretora. — eu a olhei por um breve momento, estava determinado a confrontar ela.

Saí de sua sala ainda sem saber o que estava sentindo, se era raiva ou atração por seu lado autoritário, a única coisa que tinha certeza era que meu coração estava acelerado, minha cabeça com mil informações e estratégia se formando, mas meu primeiro passo seria observar ela.

— Então conseguiu sobreviver. — brincou Hwang hyung.
— Sim, felizmente. — olhei para a pasta em minha mão direita — Mas não sei o que fazer com isso.
— Deixe-me ver. — ele pegou a pasta e folheou um pouco — Aqui estão as informações básicas de cada setor da diretoria de marketing, desde o setor de alimentos até setor pesado. Isso vai te ajudar muito.
— Tem certeza? — eu o olhei desconfiado.
— Ele tem. — Junseo se aproximou de nós — Esta apostila da diretoria de marketing foi elaborada pela própria diretora, ninguém melhor que ela para detalhar nosso setor.
— Jinja? — agora eu estava admirado.
— Milagre ela ter te emprestado isso. — disse Heesong me olhando, com um certo mau-humor na voz — Ela não empresta para estagiários, somente para funcionários fixos.
— Eu devo ter sorte então.
— Eu não contaria com isso. — retrucou Heesong — Ela costuma cobrar o triplo da perfeição das pessoas que pegam esta pasta. — ele sorriu de canto com satisfação e saiu andando em direção a escada.
— É impressão minha ou ele gosta de ver as pessoas morrendo neste departamento? — olhei para Hwang hyung.
— Não leve ele a sério, Heesong é um amargurado possessivo. — disse Jongho ao se aproximar de nós — Sempre tratas os estagiários assim com ciúmes da diretora.
— E ele tem motivos para ficar com ciúmes de mim? — eu sorri de canto, meio presunçoso de minha parte naquele momento.
— Vai saber. — Junseo riu juntamente com Jongho.
— A conversa é boa meninos, mas nossa chefe está olhando para vocês. — alertou Seoyun ao passar por nós com alguns papeis na mão.
— Bem, acho que está na hora de você conhecer o andar das equipes de marketing. — disse Junseo.
— Mas não é aqui? — perguntei.
— Não. — Hwang hyung riu indo para sua mesa.
— Estagiário, este anda é somente dos líderes de setor. — explicou Junseo rindo — A nossa equipe fica no andar de baixo.
— Hum. — mais é claro que nem todos teriam o prazer de ficar perto da diretora intocável.
— Vamos indo, antes que a diretora saia da sua sala para saber porque ainda estamos aqui.
— Sim. — assenti o seguindo.

Saímos daquele andar e descemos de escada para economizar tempo, Junseo hyung havia me dito que tempo naquele setor era tão precioso quanto criatividade. Após descermos a escada e passar pela porta de acesso eu me deparei com várias pessoas andando de um lado para outro, várias mesas redondas de vidro e pequenas estações de trabalho espalhadas pelo lugar, todo aquele andar era reservado para as equipes de marketing.

— Bem-vindo ao que chamamos de O fundo do poço. — brincou Junseo.
— Como assim, o que seria O fundo do poço? — eu o olhei com receio.
— Me faça essa mesma pergunta daqui uma semana. — ele caminhou para esquerda daquele andar — Venha, o setor de hotéis fica por aqui.
— Ok.

Eu o segui até chegarmos ao fundo da sala, Junseo hyung havia me explicado que cada equipe tinha 10 integrantes, e que às vezes a maioria preferia trabalhar no sistema home-office, em casa, e que aparecia na empresa somente duas vezes na semana. Aquele dia era coincidente o dia da reunião da sua equipe para definir como seria o evento de marketing para o aniversário do Busan Lotte World Tower.

Junseo hyung, me liberou desta reunião para que eu pudesse conhecer melhor a diretoria de marketing através da apostila da diretora. Eu odiava ler alguma coisa que não fosse mangás ou tutoriais de fases de games, então resolvi não ler e jogar aquilo dentro da minha mochila. Coloquei minhas coisas em uma estação de trabalho que uma noona da equipe de Junseo hyung havia arrumado para mim, me sentei e debrucei minha cabeça sobre a mesa.

Aos poucos fui sentindo minhas pálpebras pesarem, mesmo não tendo feito nenhum esforço naquele dia, eu sentia meu corpo tão pesado que parecia que eu tinha construído muitas casas naquele dia. Acabei cochilando ali mesmo, não vi a hora passar e nem mesmo senti desconforto em meu corpo, estava tão cansado que era como se estivesse em coma naquelas poucas horas.

Acordei com meu celular vibrando em meu bolso, era uma ligação do para mim, tentei deixar minhas vistas voltar e atendi, ainda um pouco sonolento e zonzo.

— , onde você está? — perguntou ele, parecia que estava no viva voz.
— Yah, , esperamos sua carona. — aquela era a voz de .
— Eu acabei dormindo aqui, nem acredito nisso, dormir no meu primeiro dia de trabalho.
— Nem eu. — disse uma voz feminina vindo atrás de mim.

Senti meu corpo gelar naquela hora, eu conhecia muito bem aquela voz, conhecia tanto que além de gelar senti os pelos do meu corpo se arrepiarem também. Eu virei minha cadeira e lá estava ela com sua face séria, seus braços cruzados e sua postura correta e superior, e seu olhar de desprezo e fúria ao mesmo tempo.

— , quem está aí com você? — perguntou .
— Tenho que desligar. — eu disse já desligando o celular, me levantei a encarando — Diretora.
— Interessante, não sabia que estagiários eram pagos para dormir. — disse ela diretamente.
— Eu. — as palavras começaram a fugir da minha mente.
— Mudei de ideia. — ela descruzou os braços e deu um passo parando em minha frente — Se está com tanto tempo para dormir, agora vou querer dois relatórios por dia, um relacionado ao setor de marketing no geral e outro relacionado ao setor de hotéis que está apoiando, e todos com o mínimo de sete páginas.
— Como assim? Isso é impossível. — eu a confrontei permanecendo com meus olhos pregados nos dela — Eu não teria nem assunto para colocar.
— Você é quem sabe, a cada relatório não entregado é menos uma porcentagem no seu salário e mais uma advertência, após dez, está fora do meu setor. — ela se virou indo em direção à porta.
— Você não pode fazer isso. — eu segurei em seu braço — Quem me colocou nessa empresa, está num cargo muito superior ao seu.
— Não me importa quem te colocou aqui, ou quem você conhece nessa empresa. — ela se soltou de mim me lançando aquele olhar superior que me deixava ainda mais louco — Sou eu, apenas eu que mando na diretoria de marketing e só fica aqui quem eu quero.

Ela se virou novamente e saiu andando em direção a porta, eu respirei fundo retomando meus sentidos, senti meu coração acelerado novamente, ela estava se tornando cada vez mais um ímã que me atraída de forma involuntária e espontânea, e naquele momento meus pensamentos estavam se voltando para como eu iria tocar o intocável e alcançar o inacessível.

“Eu não preciso de um mapa,
Meu coração me leva a você
Mesmo que o caminho seja perigoso,
Eu não posso parar agora.”
- Black Pearl / EXO

“Memórias invadem meu coração
Isso machuca, quando os meus sentimentos serão reais?
O dia do adeus está próximo.”
- Noona Is So Pretty (Replay) / SHINee

No dia seguinte acordei atrasado como de costume, saí correndo e pisei com vontade no acelerador do carro, nem mesmo passei no prédio dos meus amigos para busca-los, mas nessa altura da hora, certamente eles já estavam na empresa. Quando estacionei em frente a empresa, peguei minha mochila e saí correndo em direção ao edifício.

Ao chegar em frente ao elevador, respirei fundo tomando meu fôlego, ajeitei a mochila nas costa e assim que o elevador se abriu, meu coração parou e senti meu corpo congelar na mesma hora. Era ela, a intocável das noonas, com algumas pastas em suas mãos, seu olhar superior e profundo, sua face séria.

— Atrasado novamente. — ela se moveu para sair do elevador e ao passar por mim — Você ainda possui mais nove advertências em seu saldo.

Não consegui nem mesmo me pronunciar, senti uma mão me arrastar para dentro do elevador, era Junseo hyung. Ele me aconselhou a não enfrentar a fera, mas eu queria, eu iria domá-la. Chegando ao andar das equipes, ou como todos nomeiam, fundo do poço, todos estavam em uma correria intensa, pois era final do mês e muitos relatórios teriam que ser entregues a soberana. Ainda não tinha pensado eu nenhum adjetivo para nomear , mas estava pensando nisso.

— Dormindo novamente estagiário? — brincou Junseo ao se aproximar da minha mesa.
— Ah, hyung porque não me chamou ontem? — reclamei.
— Eu ia, mas recebi uma ligação importante do hotel de Busan e tive que resolver alguns problemas antes de ir para casa. — ele riu — Mas hoje não terá tempo para isso, estamos com a corda no pescoço.
— E em que eu posso ajudar? — perguntei sem saber por onde começar e como ajudaria.
— Primeiro, leia a apostila que a sunbae te deu, e depois quero que pegue os relatórios de todos os membros do meu departamento e unifique as informações.
— E porque eu tenho que fazer isso? — cocei minha cabeça, já imaginava que aquilo seria complicado demais.
— Porque você é a pessoa com mais tempo sobrando aqui. — ele se afastou — Ah, não se esqueça que terá que apresentar seu relatório de rotina diária para sunbae, se não terá mais uma advertência.
— Nem me lembre em advertências sunbae, gostaria que isso não existisse nessa empresa.
— Bem. — ele riu — De certo, não existe, foi ela quem impôs isso na equipe de marketing.

Neste instante me paralisei de imediato, aquela mulher intocável era surpreendente e o mesmo tempo desafiadora, me dava ainda mais vontade de me aproximar dela. Tentei limpar minha mente e me focar em minha tarefa, a partir daquele momento eu trabalharia duro para conquista-la, começando em ser o melhor estagiário que a empresa já teve.

Abri a apostila e comecei a ler, era interessante conhecer mais como funcionava a empresa que um dia eu iria herdar, ainda mais vê-la no ponto de vista de um setor bem diferente do meu. Eu achava que uma empresa só permanecia de pé graças ao setor administrativo e financeiro, setor que eu curso há dois anos na universidade da Korea, mas lendo aquela apostila e conhecendo mais sobre aquele setor, percebi que o marketing de uma empresa era tão importante quanto uma boa administração.

Passei quase duas horas lendo aquelas quatrocentas e setenta e três páginas, minunciosamente detalhadas e bem escritas, cheguei até sentir um pouco de sono no meio da leitura, quando terminei olhei para meu celular e tinha duas chamadas perdidas de , tinha deixado o aparelho no silencioso. Peguei e liguei de volta.

— Finalmente, pensamos que não estivesse vivo mais. — ele riu.
— Posso saber por que?
— Está rodando boatos que o estagiário de marketing foi pego dormindo pela soberana.
— Soberana? — eu ri de leve, então era assim que era conhecida por todos.
— É, e você nem foi nos buscar hoje, pensamos que ela tinha matado você.
— Eu estou vivo. — brinquei — Vamos almoçar? Me bateu uma fome.
— Claro, estamos te esperando aqui na entrada.

Eu desliguei o celular rindo dos gritos de ao fundo, joguei a apostila novamente na mochila e saí da repartição. e já estavam entre risos perto de Amber na rua, quando me aproximei eles seguraram o riso, mas acabaram dando mais algumas gargalhadas.

— Estão rindo de mim, presumo. — cruzei meus braços olhando para eles.
— Estávamos falando sobre sua soneca de ontem.  — respondeu .
— Yah, este assunto é o único que existe aqui.
— Não. — riu — Mas é o mais engraçado.

Entramos em Amber e dei a partida em direção ao restaurante, eu tinha convidado eles e pagaria a conta. O restaurante era de uma amiga da minha mãe, e seu filho estava lá, ele nos recebeu com alegria nos acomodando em uma das mesas. Meus olhos passaram por todo o lugar até que parou em uma mesa que estava aos fundos, com seu olhar fixado em seu tablet, um prato de salada na mesa em sua frente e uma taça com água.

Após minutos admirando o quanto era ela linda, comecei a pensar se aquela refeição era a sua habitual, ou se ela era mau humorada porque não comia muito.

— Do que está rindo? — perguntou .
— Nada.  — tossi um pouco desviando meu olhar para o garçom.
— Pensa que nós não vimos a noona soberana na mesa dos fundos. — segurou o riso — Seu olhar de interesse é visível amigo.
— Yah. — eu desviei meu olhar para ela novamente — Ela é somente mais uma noona.

Assim que disse isso, levantou sua face, seu olhar veio diretamente para mim, era como se tivesse ouvido minhas palavras de longe. Ficamos nos olhando por alguns instantes até que um homem se aproximou da mesa dela, eles se cumprimentaram e ele se sentou ao seu lado, pareciam íntimos demais. e começaram a fazer algumas brincadeiras sobre aquela cena, mas não dei tanta importância para as palavras deles. Passamos todo o almoço entre alguns risos e histórias do departamento de TI onde trabalhava.

Mesmo com várias conversas e brincadeiras deles, meus olhos não conseguiam deixar de observar ela e o homem, minha curiosidade se aumentava a cada sorriso que ela dava para ele. Era estranho ver ela sorrido tão espontânea para alguém, eu só a conhecia a dois dias mais já tinha percebido e ouvido os comentários de o quanto ela era séria e reservada em seus sentimentos e sua vida pessoal, comecei a pensar que aquele homem pudesse ser alguém muito importante para ela, para conseguir um sorriso seu.

Ao final do almoço paguei a conta e saímos, percebeu que eu ainda estava com meu pensamento no restaurante e antes que eu pudesse reagir, ele tomou a chave das minhas mãos e dirigiu no meu lugar. Eu estava convencido de que aquela noona era intocável porque já tinha alguém em seu coração, por isso não deixava ninguém se aproximar dela.

— Está calado . — disse do banco de trás — Está assim por causa da noona soberana?
— Não quero falar sobre isso. — sussurrei olhando para rua — Acelere , estamos atrasados.

Fiquei em silêncio durante todo o caminho, ao chegar no anda do fundo do poço, peguei todos os relatórios, me sentei na cadeira e fiz o que Junseo havia e pedido. Não me preocupei em ser rápido, não estava mais me importando com o setor de marketing, a única coisa que me fazia querer ficar naquele lugar era , a noona soberana.

Mas eu não faria nada que pudesse prejudicar Junseo hyung, então antes de ir para casa, deixei o relatório que ele tinha me pedido em cima da mesa. Saí tranquilamente sem me importar com mais nada, e fui para casa. Quando cheguei em casa, ajumma Yuri estava ajeitando as almofadas do sofá da sala, ela cantarolava alguma coisa tranquilamente.

— Boa noite para você também. — disse ela em voz alta quando eu passei por ela.
— Boa noite ajumma, estava tão concentrada que não queria atrapalhar.
— Hum. — ela me olhou desconfiada — Que cara de criança que perdeu o brinquedo é essa?
— Não é nada.  — eu suspirei fraco — Vou para meu quarto.

Ela não me interrogou como de costume, subi as escadas e entrei no meu quarto, fui direto para o banheiro e tomei uma ducha quente. Passei alguns minutos pensando em , enquanto a água caía sob meu corpo, como pode uma noona mexer tanto assim comigo em um curto espaço de tempo. Seu olhar superior, sua voz firme, seu andar destemido, ela me tirava o foco com facilidade.

Como não havia descido para o jantar, ajumma Yuri foi até meu quarto me buscar, deitado em minha cama eu estava, deitado eu permaneci enquanto ela me jurava de um castigo terrível se não descesse para experimentar o prato novo que havia preparado.

— Estou sem vontade. — me virei para o canto.
— Criança, fará mesmo esta desfeita comigo? Sua ajumma?
— Ajumma, estou sem vontade. — me cobri e ajeitei um pouco meu travesseiro.
— E o que eu direi a sua mãe e a visita dela que está na sala?
— Diga que a criança está doente.
— Doente de que? — ajumma se sentou na cama ao meu lado.
— Ajumma. — eu me virei e a olhei — Estou doente de amor.
— Criança. — ela deu um sorriso — Você é tão jovem, nem sabe o que é se apaixonar de verdade, levante desta cama.
— Não. — me virei para o canto novamente e fechei meus olhos.
— Você é quem sabe, depois não reclame das oportunidades da vida que anda perdendo.

Ela saiu rindo, não sabia se aquelas palavras eram uma indireta, mas eu realmente não queria sair do quarto. O lado bom é que dormi tranquilamente até que o despertador tocou, abri meus olhos ainda sonolento, ainda não acreditava que já havia amanhecido.

Olhei para o celular, estava atrasado como sempre, não me importava mais, virei para o canto e dormi mais um pouco. Naquele momento eu estava desistindo de , estava desistindo de conquistar a noona soberana.

 

“Parabéns, você já está se encontrando com alguém novo,
Espero que dê certo, apesar de ser um pouco cedo,
Se você está feliz, isso é tudo que eu quero. Mas eu continuo irritado, baby,
Quem é você exatamente?”
-  Who You? / G-Dragon

“Quanto mais eu te vejo crescer,
Fico com medo de que meus sentimentos serão notados,
A verdade é que sua expressão feliz,
É o mais difícil para mim”
- Aside / SHINee

Acordei no meio da tarde com ajumma me sacudindo, minha mãe aos gritos e meu celular tocando.

— Yah. — eu me virei e as olhei — Não se pode mais dormir nesta casa?
— Dormir seu irresponsável. — gritou minha mãe — É assim que pretende herdar a empresa? Nos levará a falência na primeira semana.
— Sou uma criança, se lembra? — eu a olhei ainda com os olhos entre abertos.
— Criança. — ajumma me bateu com o travesseiro — Porque está agindo assim com sua omma?
— Ele não tem nenhuma consideração comigo, que o sustentei por nove meses, esse ingrato.
— Omma. — eu me levantei e a abracei de leve — Sabe que te amo.
— Se me amasse estaria na empresa.  — ela me bateu no braço.
— Ai. — eu me afastei dela — Eu não vou hoje, irei amanhã.
— E por acaso você acha que agindo assim vai deixar de ser criança? Vai herdar alguma coisa? — minha mãe me bateu novamente — Só Yuri consegue te aguentar.

Ela saiu gritando pela casa jurando me deserdar e me tirar o carro.

— Ajumma. — olhei para ela fazendo cara de tristeza.
— Nem me olhe assim, sabe que está errado. — ela se sentou na cama me olhando sério — Vamos, me conte porque está agindo assim.
— Ajumma, sabe que te amo muito.
— Tem algo relacionado a uma tal noona soberana? — ela segurou um pouco o riso.
— Como sabe sobre isso ajumma? — me sentei ao seu lado.
— Seu amigo ligou, depois que soube que não tinha chegado a empresa e me contou.
— Yah, aquele fofoqueiro.
— , como pode agir assim? — ela segurou minha mão — É com este comportamento que pretende conquistar ela, agindo como uma criança.
— Não quero mais ajumma, ela já tem seu coração preenchido, estou em casa porque quero que ela me demita.
— Não vou opinar.
— Ajumma, por acaso quem era a tal visita que minha mãe tinha recebido ontem?
— Pergunte a sua omma você mesmo. — ela saiu do quarto rindo novamente.

Ajumma adorava me pregar peças, mas eu me divertia com isso. No dia seguinte cheguei após o almoço na empresa, eu já estava preparado para um encontro fatal com a noona soberana, mas para minha surpresa não tive, quando entrei no fundo do poço todos me olharam boquiabertos como minha naturalidade.

— Estagiário, como pode estar tão tranquilo?  — perguntou Junseo hyung ao se aproximar de mim.
— Estava cansado de tudo isso e resolvi descansar um pouco.
— Em outras palavras você queria ser demitido. — disse Seoyun noona — E conseguiu, sua carta de demissão, era para Junseo te entregar, mas como você está aqui.
— Sério? — eu peguei o envelope rindo — Obrigada, mas ela não pode me demitir, esta empresa é minha.
— O que? — Heesong que passava perto parou e me olhou — Como assim?
— Ela só está me mudando de setor, ela não pode demitir o dono e herdeiro da Lotte. — eu olhei de forma debochada para Heesong, não gostava mesmo do jeito que ele achava que deveria me tratar, rasguei a carta e saí dali com um sorriso de canto no rosto.

Deixei todos espantados com minha atitude, mas não me importava mais com isso, fui até o andar de , passei a tarde conversando com ele e vendo como funcionava seu setor dentro da empresa, era interessante ver ele cheio de trabalhos e deveres. Ao final do expediente ao passar pelo corredor de marketing, ouvi os diretores conversando com a noona soberana.

— Mas ele é só um estagiário, aprendeu a lição, dê a ele mais uma chance. — disse noona Sora.
— Já sei porque está aqui e porque está intercedendo pelo estagiário, eu já sabia que ele é o sobrinho do presidente e um herdeiro da Lotte, foi seu próprio tio que me pediu para colocá-lo em nossa equipe. — ela parou por um momento — Mas como eu sempre disse, o setor de marketing é independente, sou eu quem escolhe quem fica e quem sai.

Não me importei com aquelas palavras e nem me importava mais em voltar para aquele departamento, quando voltei para casa me deparei com algo inesperado, tio Hong estava acompanhado pelo mesmo homem que havia almoçado com .

— Ah, aqui está ele, meu sobrinho.
— Boa noite.  — disse o homem.
— Boa noite.  — me curvei um pouco em cumprimento.
— Eu não acho que um homem tão responsável e excelente profissional como Joseph, deveria conhecer uma criança como . — disse minha mãe com olhar de desaprovação.
— Sim, soube do que ele fez na equipe de marketing. — tio Hong me olhou com tristeza.
— Um pouco de rebeldia não faz mal a ninguém. — disse o homem de nome Joseph, eu não acreditava que ele está me defendendo — Ainda mais quando se trabalha com a , eu faria o mesmo.
— Para dizer isso deve conhecer ela muito bem. — olhei para ele meio curioso.
— Claro que a conheço muito bem, são longos anos de convivência.  — ele sorriu de canto me olhando atento para ver minha reação, talvez estivesse se lembrando do almoço e me conhecesse como o garoto que não tirava o olho de sua garota.
— E pelo que soube foi uma convivência de lágrimas e sorrisos. — completou tio Hong.
— Ah, como irmão você deveria falar bem dela e não defender esta criança. — comentou omma me deixando paralisado.
— Irmão? — eu olhei para minha mãe e depois para ele.
— Sim. — ele sorriu novamente, agora olhando direito o sorriso dele me lembrava o dela — Difícil acreditar que uma mulher tão solitária tenha família, mas sim ela tem um irmão.
— Pena que não fique tanto assim por perto. — disse tio Hong rindo — Joseph é um dos acionistas da Lotte, foi ele quem nos apresentou para a diretoria de marketing.
— Uma excelente indicação, é uma profissional admirável. — disse minha omma.
— Fala assim porque nunca trabalhou para ela. — Joseph riu de leve — Eu é que sei o quanto ela é perfeccionista e exigente, nem mesmo para mim ela deu uma folga quando trabalhamos juntos.
— Talvez seja por isso que ela seja uma excelente profissional. — assim que eu falei todos me olharam sem entender — Foi um prazer conhecê-lo Joseph, estarei no meu quarto.

Subi as escadas tranquilamente, mas assim que fechei a porta do meu quarto me bateu uma paralisia total, não sabia o que pensar, o que fazer, como fazer, estava arrependido do que tinha feito, e queria meu lugar na equipe de marketing novamente, mas não sabia como eu iria recuperar. Eu estava novamente determinado a conquistar a noona soberana e deste vez não iria desistir por nada.

Passou uma semana e minha omma tinha me convocado para o evento que seria realizado no hotel de Busan, mesmo sabendo que estaria naquele evento e que era uma oportunidade para eu mostrar que queria voltar, eu não estava animado para aquilo tudo. e não poderiam ir, pois o evento seria na quarta-feira e eles tinham que trabalhar no dia seguinte. Mesmo sem meus amigos para me ajudar, daria o meu melhor para reconquistar meu cargo de estagiário.

O evento seria realizado durante todo o dia com um coquetel de encerramento logo à noite, o hyung Junseo estava presente com sua equipe para coordenar todo o fluxo de funcionários e convidados, ele ficou surpreso ao me ver no hotel.

— Estagiário. — ele riu um pouco — Ou melhor, chefe.
— Yah, hyung, só estagiário. — corrigi ele — Quero retornar para a equipe de marketing.
— E como pretende fazer isso? Vai pedir ao seu tio?
— Não, farei isso por conta própria.
— Te desejo sorte, porque a sunbae soberana está de mau humor hoje.

Eu agradeci a ele e me afastei indo em direção ao restaurante, ela estava perto da mesa preparando seu prato, me aproximei de leve pegando um prato para mim e comecei a colocar alguns vegetais cozidos dentro.

— Sunbae. — eu disse — Minha mãe disse que este evento é muito importante para o hotel.
— Sim. — ela continuou com sua atenção para a mesa escolhendo que carne colocaria em seu prato.
— Conheci seu irmão há alguns dias. — eu a olhei.
— Irmão? — ela me olhou de forma séria — Que irmão?
— Joseph?! — senti meu corpo gelar na mesma hora, será que ele era mesmo irmão dela?
— Ah, Joseph. — ela riu um pouco como se tivesse percebido minha reação — O senhor Hong me contou que tiveram um jantar com ele. — ela deixou seu olhar fixado em mim como se estivesse lendo minhas reações.
— É.  — aquele olhar me deixava ainda mais sem foco e equilíbrio, como ela conseguia fazer isso comigo eu não sabia.
— Tenha bom apetite estagiário. — ela se afastou de mim e se sentou em uma mesa ao fundo.

Como sempre sua atenção se resumia mais no tablet do que em seu quase vazio prato de comida. Meus olhos não conseguiam mudar a direção e pelo que parecia ela sabia que eu estava olhando para ela, aquela noona soberana parecia saber que eu estava interessado nela. As horas se passaram e o evento estava sendo um sucesso, porém eu notei alguma agitação de alguns funcionários do hotel, resolvi conferir o que estava havendo.

— Hyung por que estão todos agitados? — perguntei ao chegar perto de Junseo.
— Me parece que duas crianças desapareceram, elas estavam no espaço que preparamos para as crianças, mas não estão mais.
— Elas devem estar com seus pais. — imaginei.
— Não, já conferimos, elas não estão. — Junseo hyung respirou fundo — Este evento é muito importante, não poderia ter acontecido isso.
— Não se culpe hyung, estas coisas acontecem. — eu coloquei minha mão em seu ombro — Vou te ajudar a procurar, este hotel é grande, daqui estas crianças não devem ter saído.

Junseo hyung me agradeceu por minha disposição em ajudar, ele não anunciou aos pais pelo desaparecimento, pois poderia trazer uma imagem negativa para o evento. Enquanto os funcionários do hotel revistavam todos os quartos eu fui diretamente a sala dos seguranças, olharia nas gravações das câmeras para onde estas crianças haviam ido e por sorte encontra-las e leva-las em segurança.

Eu estava fazendo aquilo por dois motivos, o primeiro era pelas crianças que poderia estar correndo riscos e o segundo para obter meu cargo de estagiário de marketing de volta. Após alguns minutos olhando os vídeos, um dos seguranças conseguiu ver, as crianças estavam brincando quando seguiram o carrinho de doces até que se perderam e entraram no elevador até pararem na cobertura.

Eu saí da sala correndo, pois os riscos de caírem do beiral era grande, liguei para Junseo hyung e disse onde estavam. Quando cheguei na cobertura a menina estava chorando no canto ao lado da porta, perguntei a ela por que estava assim e ela me respondeu que seu amiguinho estava andando na beirada do telhado e que ele poderia cair. Meu coração parou e voltou a bater numa intensidade incrível, pedi a ela que permanecesse ali no canto e corri pelo telhado olhando em minha volta, quando avistei o garotinho estava na beirada olhando os carros na rua.

Eu o agarrei antes mesmo que ele pudesse se desequilibrar e cair, quando o trouxe para a porta, Junseo hyung já estava segurando na mão da menininha e ao seu lado. Mantive minha face séria, mas eu queria mandar um sorriso para ela.

— Ah, estagiário, obrigado. — Junseo pegou na mão do garotinho — Agora vamos que está na hora do lanche.

Eles saíram rindo das brincadeiras que o hyung estava fazendo, permaneceu me olhando atentamente.

— Por que ajudou? — perguntou ela.
— Junseo hyung trabalhou muito por este evento, o nome da Lotte é que está à frente de tudo isso e ainda havia duas crianças envolvidas, eu não queria que nada ruim acontecesse.
— Por que será que não acredito em setenta por cento de suas palavras?! — ela levantou a sobrancelha direita — Se quiser voltar para o departamento de marketing terá que fazer mais do que isso, estagiário.

Ela me lançou um olhar mais que superior e entrou, eu estava feliz por ter ajudado um amigo e salvado as crianças, porém estava mais feliz por aquele olhar e aquelas palavras, significava que ela sabia de minha intenções e que eu não iria desistir.

“Apareço como o vento, desapareço como fumaça,
Enganando seus olhos,
Me aproximo como uma pétala,
E desapareço como um espinho em direção ao seu coração.”
- Danger / Taemin

“Tristemente, essa garota,
Pela minha pouca idade,
Não pode aceitar os meus sentimentos de um amor verdadeiro.”
- Noona Is So Pretty (Replay) / SHINee

Passou uma semana e eu estava trabalhando no mesmo setor que , era divertido ver ele se atrapalhando com as planilhas do seu setor. Ele tentava me explicar tudo o que tinha que fazer, mas acabei me perdendo na primeira frase que ele falou, ficava sentado ao seu lado vendo ele com todas aquelas pastas revisando os relatórios de todas as empresas que pertenciam a Lotte, aquilo me cansava só de olhar.

— Já terminou? — perguntei pela décima vez enquanto mexia no meu celular.
— Você está mesmo entediado amigo. — ele riu enquanto terminava de digitar.
— Seu setor é muito parado. — eu saí do aplicativo do jogo e o olhei meio em ânimo.
— Está com saudade do setor de marketing, ou da vista que ele proporcionava?
— O que você acha? — desviei meu olhar para a porta.
— Aquela noona soberana está tirando seu sono, é isso que eu acho. — ele riu — Vamos, quando voltarmos do almoço termino esse relatório. — ele se espreguiçou um pouco — Não sabia que a vida adulta era tão cansativa.
— Por isso quero minha diversão de volta.

Nós levantamos e saímos da sala entre risos, quando o elevador abriu meu coração acelerou com tudo, ela estava lá com sua atenção voltada para o inseparável tablet, em sua mão direita e sua bolsa na mão esquerda. Ela levantou seu olhar por um instante e voltou para o tablet, eu e seguramos o riso e entramos, eu fiquei ao seu lado e em nossa frente.

Eu me virei para ela e fiquei a olhando sem medo, havia uma semana que não há via e queria memorizar bem seu rosto para aguentar mais algumas horas de trabalho após o almoço. Ela mexeu com suavidade em seus cabelos e mordeu de leve os lábios, segurando o riso, certamente havia percebido meu jogo, levantando sua face lentamente me olhou de forma séria e contínua. Nossas trocas de olhares estava tão intensa que nem percebemos o elevador parar no estacionamento.

— . — disse segurando o riso.

Ela voltou seus olhos para o tablet e saiu do elevador naturalmente, me olhou impressionado e eu ri um pouco, o elevador se fechou e abriu novamente no andar do térreo, onde ficava o hall de entrada. Eu não gostava de deixar meu carro no estacionamento da empresa, preferia mais deixá-lo na rua, e já estava encostado em Amber à nossa espera.

— Yah, vocês demoraram. — reclamou ele.
— Foi mal, os relatórios se acumularam, acho que o meu setor ficou uns três meses sem estagiário. — explicou .
— O que importa é que estamos aqui, onde vamos comer hoje?
— Conheço um lugar que vende frango frito que é muito bom. — disse .
— Então não vamos perder tempo. — eu disse olhando para a rua e vendo passar em seu carro.

Ela olhou para o lado e nossos olhares se cruzaram, meus amigos não perceberam, entramos no carro e dei a partida rumo nossa parada para o almoço. Era uma pequena barraca que ficavam na esquina de uma rua pouco movimentada, tinha uma habilidade incrível para escolher lugares desconhecidos para comer em partes de Seoul que nem eu e nem havíamos ido antes.

No meio de nossa saborosa refeição, o celular de tocou, era nos convidando para uma comemoração do noivado de sua irmã. se animou pois adorava comemorações, ele sempre encontrava uma garota para jogar seu charme, e eu estava gostando da ideia, seria bom ver outras pessoas além daqueles da empresa, já estava até sentindo falta da universidade.

Após o almoço deixei com suas planilhas e caminhei um pouco pelos corredores da Lotte, parando de andar em andar, até que ocasionalmente parei no setor de marketing. Saí do elevador e caminhei até a porta, fiquei parado por um tempo olhando os hyungs e as noonas líderes de equipe trabalhando, alguns estavam em suas estações de trabalho, outros conversando nas mesas redondas de vidro.

— Yah, estagiário. — disse Hwang hyung ao me ver.
— Hyung. — eu sorri de leve e caminhei até eles — Como estão?
— Loucos como sempre. — Seoyun rindo — Em breve será o aniversário da Lotte, imagine como estamos.
— Bem, ninguém conhece melhor a Lotte como o setor de marketing. — eu sorri de canto.
— Finalmente algo correto vindo de você. — disse ao sair de sua sala — Estagiário.
— Diretora. — eu a olhei sem me deixar intimidar, já estava acostumado com seu olhar de superioridade.
— Eu até perguntaria como está indo no setor de Logística, mas pelo que estou vendo, está bem longe do seu novo local de trabalho. — ela deu alguns passos em nossa direção.
— Vim visitar a equipe de marketing.
— Não deve entrar em meu setor a hora que quiser. — ela parou em minha frente, seu olhar fio em mim.
— Me desculpe, mas... — eu me virei para ela e fiquei a encarando — Apesar de não me querer na equipe de marketing, não pode impedir minha presença na empresa que é da minha família. — eu desviei meu olhar de leve e vi todos surpresos com o que estavam presenciando.
— Estagiário. — ela respirou fundo — Só não atrapalhe o trabalho da minha equipe.

Ela se virou em direção a saída, antes de chegar na porta seu celular tocou, eu me virei para Hwang hyung, ainda não acreditava que tinha enfrentado ela.

— Uau, como consegue fazer isso? — disse Junseo hyung ao se aproximar — Você deixou a diretora sunbae sem resposta.
— Eu também não sei. — sorri meio sem graça.
— É fácil fazer isso quando sua família é dona da empresa. — Heesong se aproximou — Difícil é conquistar um cargo elevado por mérito próprio. — ele me olhou com desprezo — Acho que nosso estagiário nunca saberá o que é isso.

Eu engoli seco enquanto Heesong se retirou da sala, ele estava meio correto, eu estava na empresa não por mérito, mas porque era da minha família, e me fez pensar sobre isso, se eu queria provar para a noona soberana que era responsável, eu deveria fazer isso por mérito próprio. Eu passei a tarde conversando com os outros hyungs e as noonas líderes das equipes de marketing, estava tentando entender o que eles planejavam para o evento de aniversário da Lotte. Queria contribuir de alguma forma em que pudesse surpreender e a minha família.

- x -

Minhas aulas retornaram e eu comecei a dividir meu tempo entre a universidade e a Lotte, mesmo alternando meus dias em ficar no setor de Logística com e ficar no setor de TI com , eu estava trabalhando um projeto particular para o aniversário da Lotte, com a ajuda de uma noona amiga de que fazia o curso de marketing na universidade, esta seria minha forma de voltar a equipe de marketing e conquistar a confiança dela.

— E como você vai conseguir sobreviver? — disse ajumma segurando as lágrimas uma blusa minha em suas mãos — Criança, você nem terminou os estudos.
— Ajumma, como vou crescer se continuar aqui? — eu a abracei de leve e limpei suas lágrimas — Estou fazendo isso porque tenho que provar para mim mesmo que estou pronto para crescer, que estou pronto para merecer aquela noona.
— Criança. — ela me bateu de leve com a blusa — Se precisar de alguma coisa me ligue.
— Prometo que te ligo todos os dias, para dizer o que estou fazendo.
— E que vai se alimentar direito, e não vai fazer nenhuma besteira. — ela me olhou com tristeza.
— Ajumma, eu vou crescer. — eu sorri de leve — Agora tenho um motivo para isso.
— Como pode uma noona te fazer mudar tanto. — ela riu de leve — Há três meses atrás você nem queria continuar a universidade, agora quer morar sozinho.
— O amor faz coisas impressionantes.

Mesmo contra, ajumma me ajudou a arrumar o restante da mala, eu iria dividir o apartamento com meus amigos, era o que meu salário de estagiário conseguiria pagar, afinal eu não queria morar no dormitório da universidade e como minha mãe era contra minha decisão, eu não teria mais o dinheiro extra que ela me dava. Quando cheguei no apartamento, estava a minha espera, havia saído para uma reunião da faculdade.

— Demorou . — disse sentado no sofá me olhando entrar.
— Despedidas são demoradas. — eu ri colocando minha mala ao lado da porta.
— E sua mãe?
— Consegui manter a Amber, se essa é sua preocupação. — eu ri de leve e me sentei no sofá ao seu lado.
— Nós te ajudamos com a gasolina. — ele riu.

Eu peguei o controle da mão dele e comecei a trocar de canal, conversamos um pouco sobre minha decisão de independência e sobre como eu iria voltar para a equipe de marketing. A próxima semana eu daria meus primeiros passos para crescer como um homem e conquistar a noona soberana.

 

“Talvez você esteja preocupada por causa da minha pouca idade
Mas olhe dentro dos meus olhos, o que eles te dizem?”
- Noona Is So Pretty (Replay) / SHINee

“Quando eu me vejo durante estes dias,
Eu sinto que eu realmente sou jovem.”
- Hello / SHINee

Segunda-feira, seis da manhã, acordei assustado com o despertador do celular tocando, me virei para desligar e caí do sofá. Sim, eu estava dormindo no sofá da sala, o apartamento de ambientes integrados, só tinha um banheiro e um quarto que era dividido por e , apartamento de agora três jovens solteiros, era um pouco contraditório ser tão organizado e limpo, mas havia uma razão, era um poço de limpeza, organização e perfeccionismo.

— Bom dia. — disse ao entrar na sala secando seus cabelos — Seu celular é tão alto que dá pra ouvir do banheiro.
— E ainda assim, tem dias que eu não o ouço. — eu ri me levantando o chão.
— O que aconteceu amigo? — ele me olhou meio confuso.
— caiu do sofá. — riu, ele estava sentado em uma banqueta que ficava em frente da pequena bancada da cozinha — E como foi dormir no sofá?
— Prefiro não expressar estes sentimentos agora. — caminhei até o banheiro — Volto em alguns minutos.
— Tem uma toalha extra no armário debaixo da pia. — disse ainda rindo de mim.
— Agradeço a consideração.

Demorei mesmo alguns minutos consideráveis debaixo no chuveiro, minhas costas precisavam daquela massagem proporcionada pela água, em duas noites já sentia falta da minha cama, mas seria forte e não voltaria atrás em minha decisão. Depois do banho vesti minha roupa e peguei a mochila, e já estavam esperando na rua, deixei dirigir em Amber desta vez.

Com o retorno das aulas, nós só iríamos trabalhar meio período na empresa, ou poderíamos compensar as horas diurnas com horas extras depois do expediente. Eu escolhi as horas extras e receber um salário inteiro, já que minha única renda seria o salário de estagiário. ficaria trabalhando em meio período já que há noite ajudava na cafeteria, já estava praticando com seu novo hobby noturno sendo DJ em um pub no centro de Seoul.

Eu estava tão ansioso para chegar a hora de ir para empresa, que parecia que as horas não passavam. No intervalo entre as aulas, me encontrei com a noona que me ajudava e finalizei as minhas ideias, ela havia confeccionado um relatório completo e muito bem confeccionado para que eu pudesse apresentar aos líderes da equipe de marketing. No final da aula me encontrei com na saída, tinha saído mais cedo para encontrar .

Chegamos desta vez mais cedo que de costume na Lotte, enquanto parou no andar do seu setor, eu segui para o setor de marketing. Quando saí do elevador ouvi algumas vozes vindo da grande sala, parei na porta e fiquei por um tempo encostado ouvindo eles discutindo sobre o grande projeto.

— Chegamos mais cedo para nada então. — reclamou a noona Ye Eun bufando — Tudo que é proposta sempre alguém coloca defeito.
— Também acho, colocam defeito e não propõe nada melhor. — Mi Nyu lançou um olhar raivoso para Heesong.
— Estamos aqui para juntar ideias e não para brigar. — Jongho respirou fundo — A diretora nos pediu que trouxéssemos uma resposta e não mais problemas.
— E você Heesong? Até agora só reclamou das nossas ideias. — Sora o olhou, sua face estava cansada — Não pensou em nada.
— Tudo que pensei percebi que havia algumas falhas, assim como todas as ideias de vocês tiveram, só fiz um favor falar, ou preferiam que a diretora dissesse tudo que eu disse.
— Odeio admitir, mas ele tem razão. — Hwang — Eu também percebi algumas falhas em nossas ideias.
— Então o que faremos agora? — Junseo olhou para Hwang hyung.
— Já até imagino as palavras da diretora.  — Seoyun olhou para o chão desanimada.
— Tenho oito líderes de marketing que não conseguem fazer um projeto em grupo. — disseram Sora e Ye Eun como um coral.
— Talvez vocês precisem de alguém que sabe toda a história da Lotte. — eu disse num tom sério.
— Oh, estagiário. — Sora olhou com surpresa.
— E o que você sabe sobre a Lotte que não sabemos? — Heesong me olhou com desdém.
— Como você mesmo disse da última vez que nos vimos hyung, minha família é dona da Lotte, posso não conhecer a Lotte como vocês conhecem, mas sei de todas as histórias dela, desde o início.

Ye Eun e as outras noonas deixaram escapar um sorriso de satisfação por eu ter calado Heesong. Hwang hyung prendeu um riso disfarçando com uma pequena tosse.

— E o que você tem planejado, estagiário? — perguntou Seoyun com curiosidade.
— Algo simples, mas que carrega o sentimento de quando a Lotte saiu do papel, uma palavra que meu pai repetia várias vezes no dia. — eu respirei fundo — Família.

Eu caminhei até eles e retirando a pasta do projeto da mochila, abri e comecei a explicar para todos cada detalhe do que eu havia projetado, era realmente uma ideia simples e nada excepcional, mas que carregava todo o sentimento do meu pai e do meu tio quando começaram a Lotte. Hwang hyung foi o primeiro a se interessar, me fez muitas perguntas sobre como eu havia chegado aquele ideia, Sora noona também se animou a cada palavra que eu dizia a eles, todos pareciam animados com meu projeto, todos menos…

— Acho isso meio superficial, um estagiário com um projeto simples e previsível, a diretora não irá aprovar. — contestou Heesong, seu olhar era o mesmo de desdém e falsa superioridade.
— Não deveria responder por outras pessoas Heesong. — disse aquela voz que fazia os pelos do meu corpo se arrepiar, da porta de entrada — Afinal, só Deus tem o poder de saber os pensamentos de todos.
— Diretora. — Hwang hyung a olhou com respeito — Estávamos reunidos para chegar a um ponto sobre o projeto de aniversário.
— E chegaram a algum lugar? — ela deu um passo para frente mantendo seu olhar para os líderes de marketing.
— Bem, diretora sunbae. — Sora a olhou meio tímida — Todos os nossos pensamentos tinham falhas, mas se ouvir o projeto do estagiário, tenho certeza que vai aprovar, é simples, mas tem os sentimentos da Lotte.
— Não preciso, enquanto estavam atentos as palavras dele, eu estava aqui ouvindo toda a sua explicação. — direcionou seu olhar para mim — Está mesmo obstinado a voltar para este setor, estagiário.
— Só quero ajudar, afinal no futuro terei mais responsabilidades pela empresa. — mantive meu olhar no dela, sentindo meu coração acelerado, aquela noona soberana tinha um olhar que me deixava desnorteado.
— Então diretora sunbae? — Junseo deu um passo para frente — A senhora aprova?

Um silêncio frio e nebuloso pairou por alguns minutos, a face de era sempre séria e enigmática, eu daria tudo para saber pelo menos um de seus pensamentos sobre mim. Sua respiração tranquila, seu olhar superior sua postura impecável, esperávamos uma resposta dela.

— Vocês possuem uma direção, mantenham o foco e façam com perfeição o trabalho de vocês. — ela se virou em direção a sua sala — Hwang, espero um relatório detalhado no final do dia.
— Sim diretora.

Após ela entrar em sua sala eu fiquei ainda estático e sem entender aquelas palavras, as noonas estavam demonstrando alívio.

— Alguém me explica o que ela acabou de dizer.
— Querido estagiário, esta foi a forma enigmática da nossa diretora de dizer que aprovou seu projeto. — Seoyun pegou minha pasta — Vou tirar algumas cópias desta salvação e já volto.
— Eu vou com você. — disse Sora — Tenho que passar no setor financeiro para pegar o valor que teremos de verba para o projeto.
— Vamos então. — Seoyun se dirigiu para porta junto com Sora.
— Ok, já vou preparar a lista de mídias para os anúncios do projeto. — Mi Nyu se dirigiu para sua mesa de trabalho.
— Preciso de um ar. — Heesong saiu com sua face sério e um pouco raivoso.
— Hum. — Junseo segurou o riso — Parece que tem uma pessoa com inveja do seu retorno.
— Será? — eu ri — E agora? O que eu faço?
— Não é óbvio? — Hwang hyung riu — Você está de volta ao setor de marketing, por um tempo, eu acho.
— Com certeza. — Jongho concordou — Mas tenha mais responsabilidade desta vez.
— Terei sim hyung, quero estar aqui por mérito e não por causa do meu sobrenome.

Eu sorri de leve e olhei de relance para a sala da , ela estava sentada em sua cadeira me olhando. Quando percebeu meu olhar em sua direção, ela disfarçou de leve e olhou para seu tablet novamente. As horas se passaram e após o expediente, eu e meus amigos fomos para a casa dos meus pais, ajumma Yuri tinha feito um jantar especial para nós. Ela estava feliz e animada me vendo lá.

— Ah, que saudade da minha criança. — ela me abraçou forte.
— Ajumma, assim como vou crescer. — eu ri um pouco.
— Eu estava com saudade, criança ingrata. — ela me olhou séria — Venham o jantar está esperando por vocês.
— Eu também te amo ajumma. — eu segurei em sua mão e sorri para ela, seguimos para a cozinha, com e rindo atrás de nós.

Nós brincamos e conversamos um pouco enquanto saboreávamos o bibimbap com bulgogi que a ajumma preparou, estava muito gostoso, comer a comida dela me fazia lembrar a infância sem preocupações que eu tinha. Não demoramos muito, pois iria para a cafeteria de e para o pub onde trabalhava à noite. Eu voltei para o prédio da Lotte, iria fazer minha hora extra, ajudaria Hwang hyung a terminar seu relatório para a noona soberana.

— Ah, finalmente acabamos. — Hwang hyung se espreguiçou da cadeira.
— Vai entregar para a diretora, hyung? — eu o olhei.
— Não, tenho que correr para casa, minha esposa não está passando bem estes dias e não quero deixá-la muito tempo sozinha à noite, pedi a vizinha para cuidar dela. — ele explicou.
— Ah, então é melhor e corra mesmo. — eu enviei o arquivo para a máquina de impressão — Eu entrego a diretora sunbae.
— Oh. — ele se levantou — Obrigado, você é um bom estagiário, está trabalhando duro, daebak! — ele pegou sua pasta e saiu com um pouco de pressa.

Eu me levantei da cadeira e olhei na direção a sala dela, ela estava concentrada escrevendo algo no computador, pelos movimentos de seus dedos e pela forma que piscava parecia um pouco sonolenta. Me levantei da cadeira e caminhei até o pequeno espaço de refeições que tinha na lateral perto da porta, preparei um cappuccino para ela e peguei um pacote de biscoitos que Sora sempre deixa, para os que ficam até mais tarde. Tomei toda coragem que tinha e fui até a sala dela, assim que eu coloquei a xícara e o pacote de biscoito na mesa, ela levantou seu olhar para mim, parecia surpresa com minha ação.

— O que é isso? — ela me perguntou séria.
— Você não comeu hoje, percebi isso. — me virei de costas e saí da sala antes que ela pudesse retrucar.

Caminhei em direção a impressora e peguei todos os papeis impressos, os coloquei em uma pasta que Hwang hyung tinha reservado e voltei para sala dela. Coloquei a pasta em cima da sua mesa lentamente e a olhei novamente.

— Aqui está seu relatório com todos os detalhes iniciais. — eu dei um passo para trás.
— Espera. — ela hesitou por um momento.
— O que?
— Geralmente eu mantenho as pessoas em minha volta ocupadas demais para se atentarem a mim. — ela desviou seu olhar por um momento e depois voltou para mim — Mas você sempre me observa, desde o primeiro dia, gentileza me trazer isso.
— Não espero que agradeça. — eu sorri de leve.
— Não vou agradecer. — ela pegou o copo e tomou um pouco me olhando — Da próxima vez coloque açúcar, eu odeio adoçante. — ela sorriu de canto.

Paralisei por um momento, meu corpo se arrepiou com aquele sorriso e meu coração acelerou com aquele olhar, sua ousadia em achar que eu faria aquilo por ela novamente me deixou sem reação. Me curvei de leve e saí da sua sala, peguei minha mochila e fui para casa. Estava tão desnorteado com aquelas palavras, será que desconfiava do meu interesse nela? Aquela noona soberana estava me deixando a cada dia mais louco.

 

“Olá, olá
Eu trouxe a coragem,
Olá, olá
Eu quero falar com você por um instante,
Olá, olá
Eu posso estar um pouco apressado,
Quem sabe? Nós podemos.”
- Hello / SHINee

“Talvez para você eu seja um pouco entendiante, muito sentimental
O seu corpo está me dando sinais
E eu acho que eu vou odiar isso garota”
— Noona Is So Pretty (Replay) / SHINee

Passei a noite em claro pensando em e nas suas palavras, aquilo estava me deixando em surto. Nos dias seguintes eu dividia meu tempo entre meus estudos na universidade e o projeto na equipe de marketing. HeeSong como previsto era o único que não estava feliz com minha presença lá, ainda depois de alguns comentários que surgiram pelos corredores que eu estava interessado na noona soberana. E certamente estes comentários chegaram rapidamente até ela, eu fingia que nada estava acontecendo e continuava focado em fazer meu projeto ser bem realizado.

Mas antes de anunciarmos oficialmente, meu projeto seria apresentado para a diretoria geral e para meu tio que era o CEO da empresa. Eu não estava preparado para aquele momento e estava com medo deles não aprovarem minha ideia, iria apresentar a ideia proposta para todos, pois ela era responsável pelo setor de marketing geral.

— Bom dia senhores. — disse tio Hong sério e inexpressivo — Como todos estão de sobre aviso o aniversário da Lotte está se aproximando e hoje marcamos esta reunião para que a nossa diretora de marketing nos apresente o projeto deste ano.

Eu estava sentado no fundo da sala, não sabia se estava ali como estagiário ou como herdeiro da Lotte, mas ficaria o mais invisível possível para não atrapalhar a reunião.

— Bom dia senhores e senhoras. — ela se levantou pegando o controle do projetor, que já estava preparando com o slide de apresentação — Para iniciar esta apresentação peço a todos que voltem ao passado da Lotte, toda a sua caminhada até nos dias atuais. — ela olhou para o slide passando para próxima página — Agora faço uma simples porém objetiva pergunta, que palavra vem à mente de vocês quando pensam em todos esses anos de trabalho duro da Lotte?

— União. — disse tio Hong.

— Parceria. — disse à ajumma da diretoria financeira.

— Lealdade. — disse o hyung da diretoria de RH.

Todos os outros diretores começaram a definir a Lotte com uma palavra só, eu não entendia o que aquela pergunta estava relacionada ao meu projeto, mas era interessante ver aquela noona soberana em ação.

— Muito bem, existe uma palavra que define todas estas que vocês disseram, uma palavra que desde o início sempre representou a Lotte. — ela direcionou seu olhar para mim — Família.

— Sim. — tio Hong concordou — Sempre vemos a Lotte como uma família.

— Uma família composta por várias outras famílias em forma de setores de empresas diferentes. — olhou para o projetor novamente trocando o slide — Seguindo este pensamento, o evento do aniversário da Lotte proposto será realizado em duas etapas, a primeira etapa cada setor da Lotte fará uma pequena promoção para encontrar uma família grande e unida para representar seu setor, e na segunda etapa de todas as famílias selecionadas, iremos escolher a família em que a história mais irá nos emocionar, e esta família irá representar a Lotte sendo seu rosto até o final do ano.

— Interessante. — disse à ajumma da diretoria financeira — Este olhar para empresa como uma grande família, assim como cada setor é uma extensão, cada empresa da Lotte sendo um membro.

— Me fez lembrar meu irmão. — tio Hong desviou seu olhar para janela, ele estava emocionado — Família era a palavra que ele mais falava.

— Eu soube disso. — respirou fundo — Devo presumir que este projeto foi aceito, então.

— Sim. — tio Hong a olhou — Quero parabenizar sua equipe por ter idealizado algo que carrega os sentimentos da empresa.

— Parabenize pessoalmente seu sobrinho, este projeto é dele. — ela colocou o controle do projetor na mesa — Senhores e senhoras, sairei primeiro.

Ela pegou sua pasta e seu tablet e saiu da sala, só naquele momento em que ela passou por mim e abriu a porta, meu tio percebeu que eu estava naquela sala. Ele pediu para que todos nos deixasse sozinhos, eu me levantei da cadeira e deu alguns passos até ele, ao olhar seu rosto vi seus olhos cheios de lágrimas, certamente as memórias do meu pai estavam em sua mente. Tio Hong me abraçou forte, senti suas lágrimas molharem minha blusa, eu também sentia falta do meu pai e aquele evento era simbolicamente para mim em sua homenagem, e estava certo que tio Hong sentia o mesmo.

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Mais duas semanas se passaram e estávamos no dia do noivado da Yoona, irmã de , os dias se passaram tão rápido que eu nem me lembrei de comprar um presente. O legal que ser estagiário e dividir o apartamento com os amigos é que o presente deles acabou sendo meu também. Eu me arrumei correndo para chegarmos na hora do almoço, pois havia passado boa parte do dia dormindo, fazia algumas semanas que eu não dormia direito, tentei me vestir formalmente, mas acabei conseguindo uma camisa social preta, jeans lavado e all star básico, porém o principal eu estava me sentindo confortável. Quando cheguei na casa de , que ficava em um bairro de casas tradicionais da cidade, meus olhos foram de encontro a pessoa mais improvável de estar naquele lugar.

— Ah. — chegou perto de mim colocando seu braço em meu pescoço de leve como se tivesse me abraçando — Eu esqueci de dizer que o noivo da Yoona é irmão da noona soberana. — ele entrou na minha frente rindo.

— Por essa nem eu esperava. — me olhou também em choque.

— Me lembre de matar o quando chegarmos em casa.

— Eu te ajudo. — entrou indo em direção a Yoona para entregar o presente.

Eu fiquei parado por um tempo na porta sem saber como reagir, estava diferente, sem aquela camisa feminina branca e a calça skinning preta acompanhada do scarpin preto que parecia mais um uniforme de trabalho, ela estava mais bonita e iluminada com aquele vestido floral com uma sapatinha preta. Aos poucos ela foi virando seu rosto e seus olhos encontraram os meus, ela não parecia surpresa em me ver, ou pelo menos, como sempre sabia não demonstrar suas reações.

se aproximou de mim e me puxou me levando para perto dos noivos, era a segunda vez que eu estava vendo ele. Eu o cumprimentei rapidamente, Joseph agradeceu o presente que tínhamos dado a eles, Yoona parecia feliz finalmente já que no passado ela tinha se declarado para mim, eu fiquei feliz por ela e por saber que seu coração estava ocupado por outra pessoa. O almoço foi servido pela ajumma mãe de e Yoona, pelo que eu me lembrava ela cozinhava muito bem também. Eu, e ficamos na sala com , a cada momento com brincadeiras e boas lembranças da nossa infância nos tempos do ensino fundamental.

Eu fiquei alguns minutos sentado no sofá da sala após o almoço, aproveitei que todos estavam distraídos com Yoona abrindo os presentes e saí da casa. Andei um pouco pelo jardim até que parei em frente ao portão e fiquei olhando para o céu por um tempo.

— Pensando na ironia de eu estar aqui? — perguntou a voz que mexia com meus sentidos.

— Também. — eu me virei e a olhei por um momento — Mas acho que eu fui o único surpreso na história.

— Parece que sim. — ela deu alguns passos até mim — Está fazendo isso pelo seu pai?

— O projeto? — eu não resisti a tentação de olhá-la dos pés à cabeça.

— Sim.

— No início não, não era por ele. — eu desviei meu olhar para o lado — Mas agora sim, é como se a memória do meu pai estivesse mais viva de alguma forma.

— Está fazendo um bom trabalho, seus sentimentos estão sendo reais e verdadeiros, por este projeto. — caminhou até mim e parou ao meu lado de frente para o portão — Posso saber qual era o motivo inicial?

— Você. — eu virei minha face para ela.

Em um piscar de olhos, ela fechou seus olhos e seu corpo desfaleceu, eu a peguei em meus braços antes do seu corpo chegar ao chão, fiquei sem entender o que havia acontecido com ela. Gritei por socorro e logo seu irmão e as outras pessoas saíram de dentro da casa, levamos ela para o quarto de Yoona, demorou um pouco até que ela finalmente retornou a consciência. Eu fiquei do lado de fora da porta, mas consegui ouvi ela se desculpando com seu irmão por ter estragado a comemoração, ouvi também quando ele a repreendeu por não cuidar da saúde por causa do trabalho.

Naquele momento eu me lembrei de todas as vezes que eu a vi se alimentar, que foram raras, ela nunca comia muito e sempre passava horas se comer. Aquilo me deixou um tanto preocupado, assim que seu irmão saiu do quarto, eu entrei e fiquei a olhando da porta.

— Está tudo bem? — perguntei.

— Sim. — ela se levantou — Fatalidades acontecem.

— Ouvi as palavras do seu irmão. — eu respirei fundo.

— Então esqueça todas. — ela caminhou até a porta — Não somos próximos e você para mim é somente o estagiário do meu setor.

Ela saiu antes mesmo que eu pudesse dizer algo, mas eu não ficaria em silêncio desta vez, se não éramos próximos eu nos tornaria próximos. Fui atrás dela, a procurei pela casa toda até que me disse que ela já estava na rua, indo para casa. Assim que cheguei do lado de fora da casa, caminhei até ela e peguei a chave do carro de sua mão, a peguei pela mão e a fiz entrar no lado do passageiro. Não me importava se ela estava ou não de acordo, mas não permitiria que ela ficasse sozinha depois daquele desmaio, eu a levei para o hospital.

Mesmo contra sua vontade, eu iria cuidar dela.

“Mantendo-a em meu abraço,
Segurando-a fortemente com meus braços.”
— Promise / EXO

“Porque é isso que eu estou implorando, baby.
Eu posso ser o único cara que estará de mãos dadas com você?
O mais importante para mim é você.
Eu tenho medo de que você vá embora.
Eu não deixaria você ir, como eu posso manter-te aqui?”
- All My heart / Super Junior

Passamos algumas horas esperando, o médico havia colocado ela para tomar soro na veia, além de ter feito alguns exames de urgência, eu paguei todas as taxas e fiquei sentado ao seu lado, enquanto ela dormia um pouco por causa do soro.

— Ommo que lindo. — disse uma ajumma que estava sentada na cama ao lado — Você me parece ser um jovem muito carinhoso.
— Hum? Eu? — eu a olhei surpreso — Que isso ajumma.
— Sua namorada certamente se sente muito protegida. — a ajumma sorriu olhando para .
— Ah, essa noona não é minha namorada.
— Não? — ela me olhou surpresa.
— Não, infelizmente essa noona ainda não abriu seu coração, mas não vou desistir. — eu olhei para aquela noona e tinha um leve sorriso escondido no canto do seu rosto.

se remexeu na maca e abriu os olhos lentamente, ficamos nos olhando por algum tempo.

— Está tudo bem? — perguntei a ajudando a erguer suas costas e apoiar em uma almofada.
— Estaria melhor se não tivesse me trago para este lugar. — ela respirou fundo.
— Já vi que voltou ao normal.
— Nossa paciente acordou. — disse o médico ao se aproximar — Tenho aqui o resultado dos exames, não são muito alarmantes, mas deve se preocupar.
— Se não são alarmantes, então posso ir? — ela ergueu ainda mais seu corpo, tenho outras preocupações.
— Mas a senhorita não quer saber o que tem? — o médico se espantou, assim como eu também.
— Não. — ela o olhou com seriedade — E quanto a minha alta?
— Bem, a senhorita deve assinar este termo de responsabilidade. — o médico entregou a prancheta que estava em suas mãos para ela e acenou para a enfermeira retirar o tubo do soro de sua veia.

assinou dois papéis e assim que a enfermeira terminou de retirar, ela pegou sua bolsa e saiu, eu me voltei para o médico, estava meio preocupado.

— Doutor, ela não quis saber, mas eu sou seu guardião, quero sabe o que ela tem.
— Meu jovem, sua namorada está com anemia leve, não é grave, mas preocupante, ela precisa se alimentar bem e regularmente, além de beber bastante água para hidratar bem seu corpo.
— Ela não é minha namorada doutor. — eu disse a ele — Mais vou cuidar dela.
— Quem sabe assim ela não se rende não é? — disse a ajumma rindo.

Eu agradeci o médico entre risos e saí atrás de , quando cheguei na rua, ela já estava entrando em seu carro, mesmo correndo não consegui chegar a tempo e ela se foi. Eu estava preocupado com ela, com sua saúde e não me importava como, eu iria cuidar dela de qualquer forma. Voltei para o apartamento de ônibus mesmo, meus amigos ainda não tinham chegado, as chaves de Amber estavam com , eu sabia que ele cuidaria bem do meu carro. Retirei a camisa indo em direção ao banheiro, tomei um banho frio, precisava esvaziar minha mente, aquela noona soberana me deixava louco e sem direção.

Manhã de segunda feira, me atrasei para a primeira aula na universidade, minha cabeça estava tão cheia de pensamentos voltados para noona soberana, tanto que nem consegui me atentar nas aulas. Antes de chegar na Lotte parei em frente a um restaurante, e comprei dois ramens para viagem, assim que cheguei no andar da diretoria de marketing fui diretamente para sala dela, os hyungs e as noonas não entenderam minha atitude, eu só os cumprimentei mantendo meus passos rápidos.

— Boa tarde. — disse ao entrar.
— Estagiário. — Heesong se virou e me olhou com desprezo — Está atrasado.
— Acho que meu horário não é mais responsabilidade do setor de marketing, apesar de estar aqui ajudando vocês.
— Se uma pessoa se compromete, deveria ser pontual. — retrucou ele.
— Heesong acho que nossa reunião terminou, faça seu horário de almoço e inicie sua reunião com sua equipe e me entregue o relatório no final do dia. — disse num tom sério e autoritário como sempre.
— Como queira. — Heesong passou mim trombando de leve como se estivesse com raiva.
— Está atrasado. — ela olhou para mim.
— Estava comprando nosso almoço, então tenho um desconto. — eu sorri de leve e coloquei a sacola em cima da mesa dela, caminhei até a parede de vidro e fechei as persianas, do lado de fora todos estavam nos olhando quase discretamente.
— E quem disse que eu te pedi para comprar almoço para mim? — ela olhou para sacola e suspirando — Você está ultrapassando a linha profissional.
— Não me importo. — caminhei até a mesa e retirei os potes de dentro da sacola, coloquei um em sua frente e outro perto de mim, sentei na cadeira e a olhei — Vamos comer bem.

Eu sorri de canto, ela respirou fundo e segurou firme, guardando para si um singelo sorriso que estava se esforçando para sair. Demoramos um pouco para terminar, ela parecia desanimada a cada momento que levantava o hashi, mas eu não iria deixar que comesse mal.

— Viu, não doeu se alimentar direito. — eu peguei o pote dela e o meu e joguei no lixo.
— Graças a você perdi minutos preciosos.
— Você ganhou minutos preciosos, sua saúde está acima desta empresa. — eu a olhei sério.
— O motivo pelo qual não quis saber o que o médico tinha para falar é que eu já sei. — ela se levantou da cadeira — Você não vai desistir disso não é?
— Não.
— Então da próxima vez traga yakisoba, pra variar. — ela pegou sua bolsa — Vamos, temos uma reunião com o setor financeiro, já que o projeto é seu, é seu dever participar de cada etapa.

Eu assenti com a face e sorri de leve, mesmo com sua superioridade ela não deixava de ser divertida para mim, principalmente quando agia daquela forma desinteressada, mas cheia de interesse. Mesmo preocupado, quando ficava perto dela conseguia me concentrar melhor no projeto, ao final da tarde, antes que Heesong pudesse entrar na sala dela e tomar mais seu tempo como se a atenção de tivesse que ser somente dele, eu a sequestrei sorrateiramente e a levei a uma cafeteria que ficava próximo a Lotte.

Sentamos bem ao fundo para não atrair muitos olhares, já que muitos funcionários da empresa frequentavam a cafeteria também.

— Boa tarde, o que vão pedir? — perguntou a atendente.
— Primeiro as damas. — eu olhei para noona soberana com um sorriso leve no rosto.
— Eu. — ela respirou fundo segurando o riso — Um cappuccino de chocolate e dois croissant de queijo.
— Três por favor. — alterei a olhando.
— Me alimentar não quer dizer comer muito.
— Neste caso sim. — eu pisquei de leve — Para mim um expresso duplo com chantilly e duas fatias de torta de morango.
— Anotado. — a moça curvou de leve e se retirou.
— A quanto tempo não faz isso? — perguntei a ela.
— Isso o que? — ela me olhou sem entender.
— Sair antes do expediente, não se preocupar com o trabalho e não me diga que está com seu pensamento naquela sala, que não acredito que esteja.
— Nunca deixei minha responsabilidade. — ela desviou seu olhar para a frente a cafeteria.

Eu acompanhei seu olhar, Sora noona e Hwang hyung estavam entrando, eles olharam para nossa direção, a reação deles era de surpresa, mas foram discretos em sentarem perto da vidraçaria e disfarçar os olhares constantes, certamente teriam muitos comentários no dia seguinte.

— Então não se importa consigo mesma? — eu a olhava atentamente analisando seus gestos, queria ter o poder de ler a mente misteriosa dela — Cuidar da saúde não significa deixar de ser responsável com o trabalho.
— Até quando vai achar que seremos íntimos no futuro? — ela me olhou diretamente com seriedade, arqueando a sobrancelha direita.
— Até quando vai fugir das minhas perguntas? — eu a retruquei.
— Você não merece as respostas. — ela suspirou de leve — Poderia estar em outro lugar, com pessoas da sua idade, ainda tem tempo de desistir.
— Você quer que eu desista de você, porque acha que sou novo de mais ou está com medo de gostar de um dongsaeng? — eu intensifiquei meu olhar.
— Acha que não notei seus olhares para mim? — ela permanecia com sua face séria porém suave e tranquila ao mesmo tempo, sua voz sempre transmitia segurança e superioridade — Mas não fez efeito nenhum, você ainda é uma criança, estagiário.
— Teremos muito tempo para eu te mostrar, que já sou homem o suficiente para cuidar de você.
— Comprando comida para mim? — ela queria rir ou sorrir, mas permanecia séria e focada em me desarmar, e sim ela estava conseguindo, pois meu coração acelerava a cada palavra dela.
— Tenho que começar a quebrar esse iceberg de alguma forma
— Com licença, aqui estão os pedidos.

A moça nos serviu e continuou em silêncio, degustamos nosso café entre muitos olhares, não só entre nós, mas também de muitos funcionários que entraram na cafeteria. Quando saímos Heesong se aproximou de nós, estava muito bom para ser verdade, ele pediu para o acompanhar em uma reunião urgente com as empresas do seu setor. Me deu uma forte vontade de socar a cara dele quando disfarçou um sorriso de satisfação quando ela entrou no carro dele.

— Disfarça seu ciúmes estagiário. — disse Hwang hyung ao se aproximar.
— É não vale a pena. — Sora parou ao meu lado — Heesong é um idiota e a diretora sunbae jamais olharia para ele, bem acho complicado olhar para uma criança como você.
— Eu realmente pareço uma criança? — eu a olhei — Noona seja honesta.
— Uma criança em fase de amadurecimento, quem sabe após você concluir esse projeto, ela possa te ver como um homem.
— Obrigado pelo apoio noona. — eu pisquei de leve para ela e atravessei a rua indo direto para meu carro.

Olhei de leve no celular e tinha algumas mensagens dos meus amigos, iria dormir em casa, seu pai estava doente e ele iria ficar lá para ajudar sua mãe, com seu trabalho noturno de DJ chegaria bem tarde. Mais uma noite o apartamento seria só meu por algumas horas, eu iria aproveitar o silêncio para estudar um pouco e me concentrar na semana de provas que estava se aproximando.

Meu celular tocou, era uma mensagem, eu não reconhecia o número, mas reconhecia a forma da pessoa me tratar e aquilo me intrigava.

“Boa noite, espero os relatórios detalhados que faltam.”

Eu sorri com aquela mensagem e enviei outra de volta.

“Não está tarde para me mandar mensagens?”
“Foi você quem saiu antes do expediente, hora extra estagiário.”
“Você realmente não brinca em serviço. kkkk”
“Te dou dez minutos para enviar o relatório.”
“E o seu jantar?”
“Que garoto insistente.”
“Hum… Estou evoluindo então?”
“O que?”
“Mais cedo me chamou de criança e agora sou um garoto, quando serei um homem para você?”
“Quero meu relatório em dez minutos.”
“Boa noite e bom jantar, coma bem.”

Eu bloqueei a tela do celular ainda rindo e liguei o notebook, realmente tinha me esquecido de enviar o relatório para ela. Passei aquela noite em claro com a cara nos livros, só a cara mesmo já que meus pensamentos estavam na noona soberana. chegou pouco antes das 4 da manhã, eu não entendia como ele conseguia dormir poucas horas, ser o primeiro a acordar, manter o apartamento organizado e limpo, fazer um curso de engenharia e ter as melhores notas da turma, trabalhar em dois empregos e ainda ter uma vida social ativa, ele deveria ser estudado pela NASA.

— Uau, ainda acordado. — brincou .
— Tenho quatro provas essa semana e um projeto na Lotte para acompanhar, minha cabeça está rodando. — eu fechei o livro.
— Vou fazer um chá para nós. — ele caminhou em direção a cozinha.
— Ainda quero saber como você é tão bom em afazeres domésticos. — eu ri de leve — Você é a versão masculina de uma mulher perfeita.
— Quando sua mãe é dona de um restaurante de comida caseira e você é filho único isso acontece. — ele riu também enquanto mexia no bule de chá — Mas, e como está indo as coisas com a noona soberana?
— Eu meio que me declarei hoje para ela, não foi bem uma declaração, mas foi quase.
— Está progredindo meu amigo, quem sabe não ganha o coração dela.
— Estou contando com isso. — eu sorri de leve.

“Tristemente, essa garota,
Pela minha pouca idade,
Não pode aceitar os meus sentimentos de um amor verdadeiro.”
- Noona Is So Pretty (Replay) / SHINee

“Talvez você esteja preocupada por causa da minha pouca idade
Mas olhe dentro dos meus olhos, o que eles te dizem?”
- Noona Is So Pretty (Replay) / SHINee

As promoções de todas as empresas da Lotte haviam começado e várias famílias se inscrevendo, os líderes de equipe faziam toda a pesquisa sobre as histórias das famílias e eram os responsáveis gerais por cada, porém a palavra de sempre seria a última. Era sábado e eu estava na casa da minha omma, iria jantar com ela, pois era seu aniversário.

— Oh, filho como está o jantar, hoje eu mesma fiz. — ela me olhou com carinho.
— Verdade? Ajumma como ela não colocou fogo na cozinha? — eu olhei para ajumma segurando o riso.
— Yah. — minha mãe bateu forte em meu braço, eu estava sentado ao seu lado e ajumma do outro — Eu fiz com tanto carinho para você, ingrato.
— Também te amo omma. — eu sorri para ela.
— Saiba que sua mãe é ótima na cozinha também. — ajumma Yuri sorriu.
— Eu comi bem. — olhei para meu prato vazio — Mas tenho que ir agora.
— Não, criança está chovendo, como pode enfrentar essa chuva agora? — ajumma segurou de leve em meu braço — Seu quarto ainda está onde deixou.
— Não posso ficar. — me levantei fazendo uma cara triste — Tenho que estudar para as provas da próxima semana, então irei com cuidado.
— Assim espero. — minha mãe se levantou e me abraçou — Vá em segurança querido.
— Obrigado omma. — eu sorri de leve e abracei a ajumma antes de partir.

Assim que saí da casa olhei para a forte chuva, parecia que o céu iria despencar de tanta água, era quase uma forte tempestade. Não poderia mesmo ficar, pois tinha muitos relatórios da universidade para escrever e apostilas para ler, entrei no carro e dei a partida, teria que dirigir com cuidado com a pista molhada e sempre me atentar a sinalização de trânsito.

Alguns minutos rodando, quando passei por uma rua que eu sempre usava para cortar caminho, ela estava interditada por causa de obras, teria que dar a volta e usar o caminho mais longo. Ao parar no semáforo, olhei para o lado e reconheci o carro que estava parado, de longe parecia que alguém estava caído no chão. Eu saí do meu carro e enfrentando a chuva forte, corri até a pessoa, quando cheguei a reconheci de imediato, ela estava com sua face abaixada.

Eu retirei meu casaco e me abaixando a cobri, automaticamente ela levantou sua face e me olhou, mesmo com a chuva eu conseguia notar que seus olhos estavam cheios de lágrimas. Queria entender o que estava acontecendo com ela, a minha noona soberana tão forte e independente estava tão frágil e delicada diante de mim, naquele momento.

— Vai embora. — ela sussurrou, uma pequena e discreta lágrima saiu do canto do seu olho direito.
— Não. — eu toquei de leve sua face.

Ficamos nos olhando por um tempo, até que eu a peguei no colo e a levei até meu carro, ela parecia tão abalada psicologicamente que assentiu minhas ações sem esforço. já havia pesquisado sobre ela no sistema na empresa, então eu possuía seu endereço já gravado na memória. Minutos depois chegamos, já em frente a porta do seu apartamento que ficava em um dos prédios mais populares e cobiçados de Seoul.

— Já pode ir agora. — ela me olhou tentando se fazer forte.
— Não vou, já disse. — eu peguei as chaves da sua mão e abri o apartamento.

Ela tentou insistir desta vez, mas eu estava decidido, a aconselhei a tomar um banho quente e colocar roupas que aquecessem seu corpo. Analisei um pouco seu apartamento, era amplo e espaçoso, extremamente organizado e limpo, encontrei o controle do aquecedor e liguei, assim o lugar ficaria mais aconchegante.

Enquanto ela tomava seu banho, eu adentrei sua cozinha e comecei a procurar por algo que me ajudasse naquele momento, fiz um chá para ela. Pouco depois que terminei, ela apareceu com uma toalha na mão.

— Já que está aqui. — ela jogou a toalha para mim — Você também está propenso a pegar um resfriado.
— Está preocupada comigo? — eu sorri de canto.
— Só não quero ser processada por nenhum motivo depois. — ela caminhou até a bancada da pia e olhou para o bule — Chá?!
— Vai te fazer bem. — eu sorri de leve e caminhei em direção ao banheiro.

Tomar banho não era o problema, menos ainda me secar, o que me preocupava era o que vestiria depois, será que a noona inconscientemente queria me ver de toalha? Eu ri ao imaginar isso, porém depois do banho quente ao abrir a porta do banheiro, olhei para o chão e lá estava algumas roupas dobradas no chão. Eu peguei e analisei, eram masculinas, de certo eram do seu irmão, me vesti tranquilamente e jogando a toalha no cesto de roupas saí do banheiro.

— Pode ir embora quando a chuva suavizar. — ela estava sentada no sofá olhando para a vista que a parede vidro da fachada proporcionava, com uma xícara na mão.
— Não se preocupe, antes que acorde, já terei ido embora. — eu sentei ao seu lado — Estou curioso.
— Não vou te contar porque estava caída na rua debaixo da chuva. — ela manteve seu olhar para a vista, sua respiração parecia tranquila — E não vou agradecer, não pedi sua ajuda
— Sei que não, mas não muda o fato de permanecer curioso. — eu a olhei.
— Estagiário, curiosidade de mais às vezes mata. — ela se levantou e me olhou com leve sorriso no canto do rosto — Boa noite.

Aquele sorriso me deixou paralisado por um tempo, até que percebi que ela tinha deixado um cobertor no sofá para mim, mesmo sabendo que não conseguiria dormir, me deixei no sofá me cobrindo. Meu coração estava acelerado e meus pensamentos todos voltados para ela, minutos antes de amanhecer me levantei, dobrei o cobertor e saí do seu apartamento em silêncio.

Quando cheguei no meu apartamento, já havia saído o sol, já estava acordado, estava surpreso por vê-lo ali, já que estava ficando mais em casa devido a saúde frágil do pai. Joguei as chaves na mesa ao lado da porta e fui em direção a cozinha, estava com certa fome. Ele já tinha preparado o café, me aproveitei do momento e peguei minha xícara.

— Estou curioso para saber onde estava. — disse segurando o riso — Sua mãe e ajumma Yuri ligaram a noite inteira te procurando.
— Se eu te contar não vai acreditar. — eu sorri de leve.
— Então conte para eu também! — saiu do quarto vestido comente com a calça do pijama secando seus cabelos com a toalha.
— Estava na casa da noona soberana.
— Não?! — disseram juntos.
— Sim. — eu ri — No meio a tempestade de ontem eu a encontrei jogada no chão ao lado de um carro, eu também não acreditaria se não tivesse sido eu, mas eu a levei para casa e dormi lá.
— Dormiu? — riu lançando um olhar malicioso para .
— Yah, pare com esses pensamentos, passei toda a noite no sofá da sala, em claro.
— E como ela reagiu com você? — perguntou .
— Houve momentos que tentou me afastar, mas assentiu tudo.
— E ela disse porque estava na rua debaixo de chuva.
— Não, .
— Acho que eu sei porque. — tomou um gole do seu café.
— Pode ir jogando tudo que você sabe, Yoona é noiva do irmão dela.
— Eu só sei de coisas que acidentalmente ouço. — se explicou com uma cara de malandro.
— Sei. — olhou para ele — Conta logo.
— Parece que ela tem trauma de chuvas e tempestades. — respirou fundo enquanto colocava seu copo na bancada — Há alguns anos ela sofreu um acidente com seu noivo, estavam no meio de uma tempestade e ela estava dirigindo, o carro derrapou na pista e capotou.
— Uau. — me olhou embasbacado — E o que aconteceu com o noivo? Por que ela sobreviveu, é fato.
— O noivo dela morreu, foi um dos motivos para ela ter aceitado trabalhar na Lotte. — terminou dando um suspiro — A família do seu noivo a culpou pela morte dele.
— Uah, nem sei o que pensar agora. — desviei meu olhar para o chão.

Minha cabeça já estava cheia de pensamentos sobre aquela noite e o passado da noona soberana, porém minhas preocupações quanto a universidade invadiram minha mente. Tinha que terminar meus relatórios, estudar para as provas finais e torcer para tirar boas notas acima de tudo. Passei o domingo lendo apostilas e mais apostilas, juntei todas as minhas anotações para me preparar o máximo possível para aquela semana.

— Boa tarde noonas, boa tarde hyung. — eu entrei retirando a mochila das costas.
— Estagiário, está com o rosto mais alegre hoje. — comentou Seoyun noona.
— Saiu algumas notas, fui bem nas provas da semana passada.
— Hum, parabéns estagiário. — Hwang hyung bateu de leve nas minhas costas — Mesmo com a correria aqui você ainda tem que estudar para a universidade.
— Sim, não posso deixar os estudos de lado. — concordei com ele.
— Estagiário. — abriu a porta da sua sala — Que bom que chegou, temos uma reunião com seu tio.
— Estou pronto.
— Então vamos. — ela veio em minha direção e me entregou uma sacola.
— O que é? — eu peguei sem entender.
— Vai mesmo fazer esta pergunta? — ela respirou fundo e se virou para porta.

Após olhar na sacola constatei que era minha roupa da noite anterior, eu joguei tudo dentro da mochila e a segui, a reunião com meu tio seria para definir as datas finais das promoções e quando iríamos apresentar a família que seria a imagem da Lotte. As semanas se passaram e os líderes da equipe de marketing já haviam selecionado suas famílias, havia me convocado para opinar sobre as famílias, eu havia aprovado todas assim como ela também, ficamos uma boa parte da manhã reunidos ao redor da grande mesa do salão dos líderes.

— Eu acho interessante a história da família Kim. — disse pegando a folha com os dados da família — Esta senhora me lembra a minha avó.
— Interessante. — disse disfarçando seu olhar para mim — Nosso segundo passo é apresentar essas famílias a diretoria e a mídia.
— E temos que preparar algo para isso? — perguntou Sora noona.
— Sim, junto com a imagem de cada família deve ter um ponto semelhante com a Lotte e a história da empresa, mas tem que ser algo que possamos destacar as qualidades principais da Lotte.
— Uau, vai ser divertido. — Ye Eun noona sorriu de canto.
— Que os jogos comecem. — brincou Junseo hyung.
— Espero que não percam o foco. — disse num tom sério — Vocês tem três dias para me apresentarem uma frase definindo cada família.
— Sim sunbae-nim. — disseram todos em coral.
— Diretora, podemos falar um pouco. — disse Heesong ao se aproximar mais dela.
— É muito importante? — ela perguntou desviando seu olhar para ele.
— Não muito. — disse ele como se estivesse se esforçando para não gaguejar.
— Então pode esperar até a volta do almoço. — eu disse me intrometendo na conversa deles.
— O que? — ele me lançou um olhar raivoso e revoltado — Como pode responder pela diretora.
— Porque ela se esqueceu que iria almoçar com meu tio e eu hoje. — olhei para a , sua face era inexpressível como sempre, porém seu olhar tinha uma ponta de surpresa.
— Ah, o almoço. — ela disfarçou um pouco assentindo minha mentira — Claro, me esqueci. — ela olhou para Heesong — Como pode ver já tenho um compromisso agora, quando voltar falaremos sobre seu assunto.
— Como quiser diretora. — ele assentiu engolindo seco, parecia ainda mais raivoso.
— Vamos. — eu caminhei na frente segurando o riso.

Ela passou todo o caminho em silêncio me observando enquanto eu segurava o riso, às vezes parecia que ela queria rir também, mas conseguia manter sua face séria e suave. Assim que entramos na sala do tio Hong, nos deparamos com uma mesa preparada com nosso almoço.

— Ok, impressionante. — admitiu ela olhando para mesa.
— Por essa não esperava. — eu ri caminhando em direção a mesa e afastei um pouco a cadeira para ela sentar — Então vamos ao nosso almoço.
— Hum, devo esperar mais surpresas? — perguntou ela se sentando.
— Reservei algo mais leve hoje, percebi que gosta de peixe então nosso almoço será japonês hoje. — eu me sentei de frente para ela e fiquei a olhando por um tempo.
— Acha mesmo que seus olhares fixos vão me deixar envolvida por você? — ela perguntou pegando o seu hashi.
— Olhe nos meus olhos e diga que não pensa no meu olhar quando estou longe de você. — a confrontei um pouco.

Ela permaneceu em silêncio me olhando fixamente também, aquilo seria uma admissão a seu estilo, quem cala consente e eu estava animado com aquele almoço, enfim a ideia da ajumma Yuri deu certo. Ao final do expediente ela estava em sua sala concentrada nos relatórios de todos os líderes de equipe, eu liguei para um delivery de comida e pedi algo para comermos. Ela ainda não se importava com a saúde e eu sempre a obrigava a se alimentar, assim que o entregador chegou, eu o paguei e peguei as sacolas.

— Te atrapalho? — perguntei já entrando na sala.
— Sempre. — ela continuou com sua atenção nas folhas que estavam em sua mão.
— Vou relevar. — eu ri — Trouxe nosso jantar.
— O que? — ela me olhou.
— Já que pretende ficar até tarde, não vou te deixar sozinha. — eu me sentei na cadeira e sorri para ela — Podemos comer agora enquanto está quente ou mais tarde, antes de irmos.
— Diretora. — Heesong entrou na sala — Algum problema aqui?
— Não. — eu respondi me levantando da cadeira.
— Não perguntei para você. — ele me olhou sério.
— Heesong, pode ir. — ela olhou para ele — Pelo que sei seu setor está adiantado, então não precisa fazer hora extra.
— E ele vai ficar aqui com você? — ele a olhou meio contrariado.
— Se este estagiário vai ou não ficar aqui comigo não é seu problema, mas para que não fiquei nenhum mal entendido propagado como comentário maldoso pelos corredores, o estagiário e eu ficaremos aqui revisando os relatórios.
— Como quiser, me desculpe incomodar. — ele se virou e saiu da sala.
— E você, tire esse sorriso do rosto. — disse ela, seu tom de voz parecia que estava irritada.
— Me desculpe, então acho melhor comermos antes de trabalhar. — eu abri a sacola e retirei os potes de dentro — Como você sugeriu há um tempo, hoje comprei yakisoba.
— Hum. — ela me olhou admirada.

Nos alimentamos tranquilamente, eu como sempre mantinha minha atenção a ela, e sempre que ela me olhava de volta, sentia meu coração acelerar ainda mais, minha concentração nos relatórios estava nula e ela percebia isso, segurava o riso, mas não tinha como não perceber, eu a divertia de alguma forma.

— Não está na hora de crianças dormirem? — perguntou ela ao olhar para o relógio em seu pulso.
— Se a indireta for para eu ir embora, desista, só saiu daqui quando você terminar.
— Deve ser divertido para você não é? — ela me olhou — Mas para mim não passa de transtorno.
— Acha transtorno alguém interessado em você? Ou ainda é porque sou mais novo?
— Só não acho que deveria se preocupar com o que não deveria. — ela desviou seu olhar — Não é o primeiro que tenta despertar minha atenção, e acho que não será o último.
— Talvez. — eu segurei de leve seu braço — Mas sou o primeiro a te decifrar.
— Do que está falando?
— Do seu acidente, da pessoa que morreu, do seu medo de chuva.
— Não tem esse direito. — ela se afastou de mim e se virou — Já disse que não teremos nenhum tipo de intimidade, saia daqui.
— Não. — eu senti que ela estava abalada como naquele dia, talvez não devesse ter mencionado que sabia, mas não sairia — Por mais que diga essas palavras, não te deixarei.

Eu segurei novamente seu braço e a virei para mim, antes que pudesse reagir a abracei de forma suave e cautelosa, queria que ela se sentisse segura em meus braços. A vendo naquele estado, percebi que seus medos e inseguranças eram maiores e que aquela máscara de superioridade só encobria uma frágil mulher que certamente sofria ainda.

Não sabia como eu poderia ajudá-la a superar todos esses medos do passado e se sentir segura comigo. Para todos eu ainda era uma criança, mas eu iria continuar meu foco para provar que eu merecia aquela noona, eu seria um homem completo para ela, nem que para isso, eu tivesse que largar tudo e ir para o exército também.

“Será que o dia que eu segurarei a mão dela chegará?
Será que o dia que eu a beijarei acima de seus olhos fechados também chegará?”
- Hello / SHINee

“Noona, você é a pessoa mais importante para mim,
As pessoas ficam com inveja, isso me deixou feliz,
Sempre centro das atenções”
- Noona Is So Pretty (Replay) / SHINee

Eu estava decidido no caminho que seguiria, essa seria minha última tentativa em mostrar para noona, que eu seria o homem que cuidaria dela para sempre. Resolvi não contar até que chegasse a hora exata, as semanas de trabalho duro passaram até que a semana do grande evento de aniversário da Lotte chegou. Há um dia do evento todos estavam correndo para que os últimos detalhes se encaixassem com precisão e nada saísse do seu lugar, a família escolhida estava devidamente instalada em um dos hotéis da companhia.

ainda estava em sua sala revisando os últimos relatórios para enviar ao setor financeiro, ela bocejou disfarçadamente, sua face cansada e seus olhos pareciam querer se fechar a qualquer momento.

— Não acha que já está na hora de ir para casa? — perguntei parando na porta e me encostando na mesma.
— Tenho responsabilidades estagiário, e você não acha que já deveria estar longe daqui. — ela manteve sua atenção a pasta que estava em sua mão.
— Sim e não, mas não irei sozinho. — caminhei até sua mesa e pegando a pasta que estava em sua mão e mais duas que estavam sob a mesa, joguei dentro da minha mochila.
— O que acha que está fazendo? — ela me olhou de forma séria e nada satisfeita.
— Deixe que eu mesmo vou revisar isso.
— Acha que pode fazer meu trabalho? — ela se levantou me lançando aquele olhar autoritário que eu adorava.
— Estou tão envolvido nisso como você. — ajeitei a mochila em minhas costas e peguei a bolsa dela também — Vamos, vou te levar para se alimentar antes de ir para casa.
— Que direito acha que tem para isso? — ela levantou a sobrancelha esquerda — Está mesmo obstinado nisso.
— Como eu te disse, mesmo não se importando, eu me importo. — estendi minha mão direita — Vamos?!

Ela olhou para minha mão e respirando fundo, passou por mim indo em direção a porta, eu ri baixo a seguindo, fomos no carro dela, mas quem dirigiu foi eu, a levei em uma daquelas barraquinhas loucas que sempre descobria nas ruas remotas. Percebi que ela havia gostando quando sorriu sem percebendo agradecendo um elogio de uma ajumma, quando direcionou seu olhar para mim, logo desfez o sorriso voltando aquela seriedade que a acompanhava.

— Por que fica tão séria, quando seu sorriso é como um brilho refletido?
— Não tenho motivos para sorri. — ela provou um pouco do ramen que estava no pote em sua mão.
— Posso ser um se quiser. — eu a olhei tranquilamente.
— Muito audacioso da sua parte. — ela começou a caminhar e a segui.

Eu já era um motivo para ela sorrir, mesmo não admitindo sempre se segurava para não rir quando eu dizia algo provocativo, a levei para casa e após deixá-la na porta do seu apartamento, voltei de táxi para a empresa para buscar Amber. Quando cheguei no apartamento, me joguei no sofá com minha mochila e comecei a revisar os relatórios, era cansativo, mas valeria a pena no final. Na noite da comemoração, Eu, e chegamos pouco depois do início oficial do evento, avistou de longe e foi ao seu encontro, eu e ficamos rodando entre as pessoas, até que meu olhar parou nela, minha noona soberana. Me afastei do meu amigo e fui até ela, olhei sem receio de baixo para cima, aquele vestido vermelho provocante me tirava o ar e o foco das palavras.

— Parabéns pela noite. — disse ao me aproximar dela, conseguia sentir o cheiro suave do seu perfume, aquilo arrepiou os pelos do meu corpo.
— A noite não é minha estagiário. — ela me olhou com tranquilidade, mal sabia que aquele simples olhar mexia comigo de uma forma inexplicável.
— O projeto é meu, mas a execução é sua. — eu sorri de canto, olhando atentamente as expressões de sua face, ela queria sorri de volta, mas se manteve séria.
— Então que esta noite seja o sucesso que a Lotte merece. — ela desviou seu olhar para o lado, me fazendo seguir com os meus.
— Estagiário. — Heesong se aproximou de nós — Não sabia que já havia chegado.
— Não perderia essa noite por nada. — mantive minha face séria e minha voz num tom controlado, porém firme.
— Bem, diretora existem algumas pessoas que querem te conhecer.
— Então não vou deixá-las esperando.

me olhou de leve e depois se afastou com Heesong, minutos depois noona Sora e Hwang se aproximaram de mim com suas taças de champanhe nas mãos.

— Se comportou muito bem estagiário. — elogiou o hyung.
— Heesong não desiste mesmo, sempre tentando monopolizar a diretora, pobre homem, acha mesmo que terá uma chance.
— Não me incomodo mais com as provocações dele, meus olhos permanecem somente nela.
— Está mesmo apaixonado. — Sora noona sorriu de leve — Ainda tem muito que crescer estagiário, mas está no caminho certo.
— Obrigado noona, vou tentar encontrar meu tio.

Me afastei deles e dei mais algumas voltas pelo prédio, estava todo iluminado e decoração para aquele dia, todos os funcionários estavam presentes e a equipe staff contratada desempenhava um excelente serviço.

— Oh, minha criança, parabéns pelo evento. — disse ajumma Yuri ao me abraçar forte — Seu pai se orgulharia disso.
— Ajumma, não sou mais uma criança. — a olhei sério, mas depois sorri de leve.
— Sempre será minha criança. — ela riu.
— Meu filho, nos deixou sim muito orgulhosas de você. — minha omma abraçou — Está crescendo bem e se tornando responsável.
— Quero ser um homem omma, que traga orgulhos a você e ao appa, onde quer que ele esteja.
— Sim. — ela sorriu — E a uma certa noona que eu sei. — ela olhou para ajumma e as duas riram de mim.
— Yah, não vou desmentir, é por isso também.
— Nossa criança está apaixonada. — ajumma riu.
— Ajumma, quando vou crescer para você?
— Nunca.
— Ainda tinha esperanças de que se nada desse certo, me casaria com você. — elas riram daquilo.

Estava feliz por elas se orgulharem de mim, desviei meu olhar para o lado direito, e lá estava noona soberana me olhando disfarçadamente, enquanto conversava com os diretores dos outros departamentos da Lotte, seu olhar era como de predadora que me deixava ainda mais sem fôlego. As horas foram se passando e resolvi sair antes do discurso final do tio Hong, no estacionamento de longe eu vi encostada em seu carro ligando para alguém, consegui ouvir algumas partes como seu carro estava sem gasolina. Me aproximei sem que percebesse e tomei o celular da sua mão.

— Me desculpe o incômodo, mas não precisamos mais. — desliguei o celular e devolvi para ela naturalmente.
— O que te levou a pensar que poderia fazer isso? — ela com seu olhar superior pegou o celular.
— Eu te levo. — respondi de forma rápida e direta.
— Não te pedi nada. — aquele era sempre suas palavras sobre todas as minhas ações para ela.
— Eu sei, mas queria fazer isso pela última vez.
— Última vez? — sua face deixou escapar traços de preocupação e surpresa.
— Sim. — eu respirei fundo tomando coragem para levar a diante o caminho que tinha escolhido — Nos próximos dois anos não me verá mais.
— Posso entender o porquê? — de surpresa sua face demonstrou decepção, acho que ela estava se habituando com minha presença.
— Não estou desistindo se é isso que está pensando. — sorri de canto meio malicioso.
— Não estou pensando nada. — ela desviou seu olhar para o lado, estava pensando sim.
— Mas percebi que para me tornar um homem para conquistar uma noona tão completa como você, terei que ser completo também. — respirei fundo e olhei para o teto e depois para ela — Eu vou para o exército amanhã.

Ela virou seu olhar para mim de imediato, após alguns anos vivendo na Korea ela sabia muito sobre nossa cultura e como era importante a ida de um jovem para o exército e de como para nós era um ato de honra e amadurecimento. Sua face naquele momento estava estática, mas pude ver a surpresa nos seus olhos, permanecemos em silêncio, não tinha mais o que ser falado.

A guiei até Amber e a deixei na porta do seu prédio, nos olhamos por alguns instantes, parecia que ela queria falar algo, mas ao invés disso ela se virou e entrou.

Não podia voltar atrás e seguir em diante talvez seria doloroso, mas eu iria me tornar o homem que ela jamais imaginou que eu seria, definitivamente na minha volta do exército serei visto com outros olhos por ela.

“Eu fiz o meu lugar próximo a ela.
Eu estou mudando,
Para um garoto,
Em vez de apenas um amigo.
Eu vou segurar ela,
E dizer que vou a proteger da tristeza.”
- Onde for me / SHINee

“Mesmo se eu estiver cansado da realidade ou de lutar,
Esse mundo realmente não é fácil,
E como eu sou um homem, eu tenho que aguentar isso.”
- Hot times / SM The ballad

A notícia que eu iria para o exército havia pegado todo mundo de surpresa, ajumma Yuri ficou tão triste que quase me bateu quando comuniquei a ela, seu argumento era que eu não estava preparado para passar por isso. Mas nem mesmo ela me faria mudar de ideia, tio Hong e meus amigos eram os únicos que estavam apoiando minha ideia louca. Devido alguns contratempos do meu tio em ter que viajar para fechar uma parceria importante, adiei meu alistamento em dois dias.

Não estava tão ansioso para ir, então minha tranquilidade era predominante, olhei para a janela, havia começado a chover, estava forte o temporal, tanto que me mandou uma mensagem dizendo que dormiria na casa dos pais onde estava e ele ficaria jogado em algum canto do pub onde trabalhava como DJ até a chuva passar, me ofereci para buscá-lo de carro, mas ele preferiu não arriscar já que alguns acidentes já haviam acontecido por causa da chuva dias atrás.

Eu não tinha muito o que fazer já que havia saído da empresa e trancado a universidade, me joguei em frente à televisão e fiquei trocando de canal até que parei em um filme que estava passando. O tempo foi passando e a chuva foi ficando cada vez mais forte, até mesmo barulhos de trovões surgiram, foi quando bateram na porta, achei estranho e cheguei a pensar que fosse o zelador do prédio. Porém meu choque foi quando abri a porta, meu coração parou e meu corpo ficou estático, a pessoa menos improvável se ser, era quem estava ali diante de mim.

— Oi. — disse ela em um sussurro, totalmente encharcada de água, com traços de lágrimas que possivelmente caíram pelo seu rosto.
— . — respirei fundo tentando voltar ao normal e entender o que ela estava fazendo ali — O que aconteceu? O que faz aqui?
— Começou a chover e não consegui dirigir. — ela desviou seu olhar para a parede ao meu lado — Eu tentei voltar para casa caminhando, mas minha mente só conseguiu se lembrar do seu endereço e aqui estou.
— Como sabe meu endereço?
— Você é ou era um funcionário da Lotte, de marketing. — ela respirou fundo, parecia tentar escolher as palavras que menos a expusesse.
— Não estou no seu setor há meses. — retruquei.
— Não importa agora. — ela me olhou — Vai me deixar entrar?
— E eu negaria isso a você? — respondi com outra pergunta.

Ela entrou e ficou ao lado da porta encolhida, assim como eu, ela parecia não acreditar que tinha ido até lá. Eu caminhei até o quarto e abrindo o armário peguei uma toalha limpa, e uma blusa grande de moletom que tinha, voltei para sala e a entreguei, ela suavemente pegou e se dirigiu ao banheiro. Eu respirei fundo e coloquei a mão na altura do meu coração, estava tudo acelerado dentro de mim, caminhei até a cozinha e coloquei a água da chaleira para esquentar, um chá talvez a esquentasse e assim não ficaria resfriada.

Ela demorou um pouco para sair do banheiro, talvez estivesse voltando a si e percebendo onde estava. O fato dela ter parado em minha porta, significava de alguma forma que ela se sentia segura perto de mim, mesmo que em um momento de surto de pânico, seu corpo, sua mente e talvez até seu coração a trouxeram para mi.

— Estagiário. — ela saiu do banheiro e caminhou até mim — Acho que devo te agradecer.
— Não precisa. — eu peguei suas roupas molhadas que estavam em sua mão e coloque atrás da geladeira para secarem mais rápido.
— Eu realmente não sei por que vim para seu apartamento. — ela se virou em direção ao sofá mantendo seu olhar no quadro de fotografia que ganhou de uma amiga, que estava na parede.
— Talvez você sabe. — eu despejei um pouco do chá que havia ficado pronto da xícara de fui até ela para entregar — E não quer admitir.
— Talvez. — ela pegou a xícara da minha mão — Como pode estar tão confiante em achar que vou te esperar por dois anos?
— Para ser sincero, não estava. — eu tomei um pouco do chá que estava na outra xícara que havia colocado para mim — Mas você aqui, neste momento me faz ter certeza.
— Momentos são passageiros. — ela tomou um gole do chá.
— Alguns não, e há outros que sempre buscamos repetir. — eu me aproximei ainda mais dela ficando a milímetros de distância.
— Acha que vir aqui é uma busca por um momento? — ela respirava fundo, talvez estivesse ansiosa pensando que eu fosse beijá-la.
— Talvez. — eu me aproximei ainda mais — Mas agora, acho que deve descansar, tome o chá, vou preparar a cama para dormir melhor.

Talvez sim, eu definitivamente devesse beijá-la, era um momento oportuno e propício onde ela estava frágil, seria eu demonstrando que estava ali para lhe dar segurança, mas assim seria muito fácil para mim e ela não manteria sua curiosidade em saber quando eu a beijaria, ela teria esperar até minha volta do exército. Mesmo negando para si mesma, nós dois sabíamos que ela me esperaria, pelo simples fato de ter se apegado a mim mesmo sem querer. Sua ida ao meu apartamento era um sinal disso, sinal de que ela queria me ver mais uma vez antes do meu alistamento.

Na manhã seguinte quando acordei, de imediato senti o cheiro do café sendo feito, abri os olhos me espreguiçando e olhei na direção da cozinha, era que estava preparando nossa refeição matinal. Ele terminou de despejar o café no seu copo e me olhou tranquilamente, eu não estava entendendo mais nada, olhei para direção do quarto e ele começou a rir.

— Se está pensando na noona soberana, ela já se foi. — disse ele tomando um gole do café.
— Como assim ela já foi? — eu me levantei o olhando sem entender.
— A chuva parou pouco antes de amanhecer, então quando cheguei até estranhei ao ver ela saindo do quarto. — ele ri.
— E quando ela se foi?
— No mesmo instante, ela veio aqui na cozinha pegou sua roupa e saiu sem dizer uma só palavra, eu comecei a imaginar coisas, mas depois percebi que você estava aí no sofá
— Yah, você e sua mente pervertida. — eu caminhei até a bancada e despejei um pouco do café na xícara que estava lá.
— Minha mente, você é louco por ela. — ele me olhou — Eu entro aqui e vejo ela saindo do quarto com uma roupa sua, claro que penso nessas coisas.
— Então não pense.

Terminei de tomar meu café e fui para o banheiro, precisava de uma ducha relaxante e clarear minhas ideias, a noite anterior com a noona no apartamento não tinha me dado sonhos tranquilos e sim muito agitados, acho que entendia agora os pensamentos de sobre ela ter estado ali.

Dois dias se passaram e meu tio havia retornado de viagem, eu estava pronto para minha nova jornada, na cerimônia de alistamento omma e ajumma Yuri me abraçaram forte e em fizeram prometer que eu iria me alimentar bem e ficar em segurança.

O treinamento seria na 17ª Infantaria de Incheon, era um pouco cansativo, ainda mais para uma pessoa meio sedentária como eu, mas logo fui me adaptando a disciplina dos horários e aos detalhes na hora de manejar os instrumentos mais pesados como na prática de tiros a longa distância. Minha primeira conquista nessa jornada militar foi no último dia do meu treinamento onde me formei com honra sendo o melhor atirador e líder do pelotão de recrutas, Ajumma Yuri tirou algumas fotos para guardar no livro de registros da família.

— Oh, nossa criança está crescendo. — ajumma me olhou emocionada.
— Só agora percebeu ajumma. — eu ri pegando a câmera da sua mão e olhando as fotos que ela tinha tirado.
— E agora meu filho, para onde vai? — perguntou minha omma.
— 53ª base militar, vou trabalhar mais duro agora para trazer orgulho para vocês.
— Eu sei que vai. — minha mãe me abraçou forte — Fique em segurança meu filho.
— Ficarei.          
— Ah, meu sobrinho, estou orgulhoso de você. — meu tio me abraçou forte — Seu pai estaria.
— Eu sei tio. — eu sorri de leve e me curvei em respeito a ele e a memória do meu pai.
— Quero que fique em segurança e trabalhe duro para nos orgulhar ainda mais. — ele sorriu com orgulho no olhar.
— Sim tio, trabalharei duro para isso, serei um orgulho para vocês.
— Oh meu filho, está pronto para se tornar um homem. — minha mãe me abraçou novamente emocionada.

Ainda abraçado a minha mãe, desviei meu olhar para a direção do portão sul, um carro muito conhecido estava estacionado, era a noona soberana dentro dele, disfarcei o sorriso ao me afastar da minha mãe, olhei novamente para a direção do portão, o carro já estava seguindo para a estrada. Assim que cheguei acompanhado de mais alguns soldados da ativa no batalhão o capitão nos recebeu com uma cerimônia de boas-vindas, nos instalamos nos quartos e voltamos para o refeitório para ouvir a lista de tarefas diárias, as regras e os direitos e deveres de cada soldado.

Respirei fundo reunindo toda a minha força e foco, viver em disciplina dobrada durante dois anos não seria fácil, mas para mim a honra e orgulho de servir meu pais estava até mesmo acima do meu desejo de me tornar um homem para . Assim que entrei no quarto à noite, o segundo sargento entrou com uma carta para mim, achei estranho pois aquele era meu primeiro dia como soldado. Peguei o envelope e me curvei em agradecimento, assim que o segundo sargento se afastou eu abri o envelope e ri de imediato, era um pequeno papel como se fosse de um bloco de notas, retirei e li.

“Good luck, estagiário.”

Não tinha nenhum remetente, mas eu sabia que era de , segurei o riso, pois outros soldados estavam entrando no quarto, coloquei o papel no bolso da camisa, aquilo seria minha inspiração para ser o melhor.

As 101 semanas se serviço militar como soldado da ativa se seguiram, enquanto eu servia, fiz com que todos mantivessem segredo sobre minha estada servindo o exército, e que principalmente não tivesse nenhuma informação sobre mim. Não comuniquei a ninguém o dia da minha dispensa, queria fazer surpresa, quando cheguei em casa com minha mala, ajumma gritou de felicidade, apesar de ter dias de folga, férias e passar alguns feriados em casa, não era a mesma coisa que conviver com elas diariamente.

— Minha criança está crescida. — ela me olhou com lágrimas se formando no canto dos seus olhos — Estou tão orgulhosa.
— Que bom ouvir isso vindo de você ajumma. — eu sorri contendo minhas lágrimas.
— Filho. — disse minha mãe parando no último degrau da escada — Ommo.

Caminhei até ela e a abracei, ela começou a chorar e limpei suas lágrimas com carinho, vi em seus olhos que ela desejava ter meu pai para que ele se orgulhasse de mim também. Ela e ajumma ficaram tão felizes que queriam promover um jantar de celebração pelo meu retorno, porém pedi a elas que mantivessem segredo sobre minha volta. Os únicos que souberam foram e , pois eu tinha que buscar minhas coisas no apartamento deles, havia pensado muito em morar sozinho depois do exército.

Contei meus planos para tio Hong, combinamos que eu iria aperfeiçoar meus estudos nos Estados Unidos e depois voltaria como o vice-presidente administrativo do grupo Lotte. E enquanto eu tivesse fora, novamente ninguém poderia saber de nenhuma informação sobre mim, principalmente a noona soberana, acho que ela teria que esperar mais de dois anos para me ver.

A vida na América era tão corrida quanto na Korea, foquei todo o meu tempo nos estudos e como planejado, em um ano estava preparado para realizar o teste que me daria meu diploma tão esperado por meu tio. Voltei para casa completo para minha família, mas para mim faltava a última parte, faltava ter a noona soberana ao meu lado.

para minha surpresa estava namorando uma noona cinco anos mais velha que trabalhava em uma imobiliária, ela me ajudou a comprar meu apartamento, escolhi um ao sul de Gangnam, amplo e com uma bela vista proporcionada pela fachada do prédio. Uma semana que havia retornado, ainda estava organizando minha vida, meus anos no exército havia me deixado com algumas qualidades a mais como a organização e a disciplina, eu ainda era o mesmo garoto que adorava uma diversão e quebrar as regras, porém havia conquistado um outro lado, o homem responsável e maduro.

— Então tio, estou pronto. — disse ao me curvar novamente para meu tio em agradecimento por toda a confiança que ele estava depositando em mim.
— Esperei muito por esse momento , seu pai ficaria tão orgulhoso quanto eu. — ele sorriu de leve, estava tão emocionado que não consegui conter e se portar formalmente — Seja bem-vindo novamente a Lotte, vice-presidente.
— É um cargo muito importante e difícil para alguém com pouca idade como eu, mas irei trabalhar duro para não decepcionar nossa família e a família Lotte. — eu me curvei novamente.
— Tenho certeza que não. — ele deu um suspiro forte de satisfação.

Ele me abraçou forte e depois chamou a secretária pelo telefone, ele pediu que ela me mostrasse a sala onde trabalharia a partir daquele dia, não se passaram nem dois minutos comigo na sala sozinho e meus amigos entraram me parabenizando.

— Uahhhh, que sala espaçosa. — disse boquiaberto olhando em sua volta.
— Bonita mesmo. — concordou — Se for para voltar e ter uma sala dessas, vou para o exército amanhã. — brincou.
— Sabe que não fui somente para o exército, tive que me preparar mais um ano para esse cargo. — eu ri de leve.
— E por falar em exército, essa sua ideia só me trouxe dores de cabeça. — reclamou .
— Por que? — perguntei me sentando na minha cadeira.
— Minha omma não para de me perguntar quando eu irei. — ele ficou em silêncio por um tempo e todos começamos rir depois.
— Está correndo muitos comentário sobre sua volta hoje. — comentou .
— E sobre meu cargo?
— Nada ainda, o fato de ser o vice agora, ainda é sigilo absoluto para todos.
— Que bom. — eu me levantei — Vou deixar vocês namorando minha sala, tenho que fazer uma visita ao setor de marketing.
— Traduzindo, tenho que ver minha noona soberana.

Eu saí rindo, mas era realmente isso que eu queria, três anos sem vê-la sobrevivendo somente com aquele pequeno papel escrito Good Luck, estagiário. Ao sair do elevador respirei fundo e me olhei de relance no espelho, eu ficava ainda mais bonito com aquela roupa social e all star. Assim que entrei na sala, fiquei um tempo olhando para os hyungs e noona trabalhando, o mesmo ritmo corrido de centre.

— Annyeonghaseyo. — cumprimentei em voz alta atraindo a atenção deles.
— Ommo, ele voltou. — Seoyun noona disse surpresa.
— Yah, aqui está ele. — Hwang veio em minha direção — Tem tido muitos rumores e comentários sobre sua volta desde o início da semana e só agora você aparece.
— Me desculpe hyung, estava meio ocupado. — eu sorri e leve e o abracei — Mas tive tempo para vir aqui e rever os hyungs.
— E as noonas também. — Ye Eun noona brincou fazendo todos rirem.
— Sim. — concordei.
— Oh, olha quem voltou mesmo, então os rumores eram reais. — disse Heesong ao sair da sala de acompanhado por ela — Veio para se juntar novamente ao departamento de marketing estagiário.
— Não, não estou aqui para me juntar à equipe de marketing e menos ainda estou aqui como estagiário. — direcionei meu olhar para — Estou aqui oficialmente como vice-presidente da Lotte, para acompanhar a rotina da equipe mais importante da empresa.

Todos fizeram barulho de surpresa e alguns comentários entre sussurros, porém minha atenção permaneceu nela, minha noona soberana estava estática, me olhando disfarçadamente da cabeça aos pés, eu queria sorrir, mas mantive meu rosto sério e meu olhar fixo nela.

— Como o vice-presidente disse, ele está aqui para acompanhar a rotina da equipe e não para atrapalhar o andamento do trabalho. — disse ela com aquela voz superior e olhar autoritário, meu corpo arrepiou como sempre — Vamos Heesong, temos que resolver aquele assunto.

A cada passo dela em minha direção, meu coração se acelerava ainda mais, assim que ela passou ao meu lado, segurei em seu braço a fazendo parar.

— Não vai dizer nada? — perguntei num tom baixo.
— O quer que eu diga? — ela me olhou — Felicitações sobre o novo cargo?
— Eu voltei.
— Está atrasado, como sempre. — ela se impulsionou para seguir e eu a fiz voltar, senti um amargo na sua voz, era sinal de que sem importava e estava com saudades.
— O que importa é que estou aqui novamente. — eu a olhei nos olhos — Espero que tenha se alimentado bem e cuidado da saúde durante esse tempo, porque agora mesmo dois andares acima, ainda vamos almoçar juntos.

Ela abaixou sua face virando de leve para o lado, deu para ver um pouco sua expressão facial, parecia um sorriso, então voltou a me olhar novamente com a face séria e olhar superior. Sem mais palavras e somente com o olhar, ela respirou fundo e deslizou de leve seu braço para se soltar de mim, e continuo a se dirigir para a porta de saída. Heesong a seguiu, ele parecia em fúria e raiva de mim, quando olhei para os líderes ele estavam todos embasbacados com o que haviam presenciado naquele momento.

— Uau, estagiário. — disse Junseo — Aish, desculpa, como devemos te chamar agora.
— Sunbae-nim, claro. — respondeu Ye Eun noona por mim fazendo todos rirem.
— Tive que me segurar para não rir da cara do Heesong. — comentou Hwang hyung.
— Verdade. — noona Sora riu também — Mas agora sim, está com postura de um homem, estamos torcendo para você conquistar de vez a diretora sunbae.
— Obrigada noona. — eu me curvei de leve, mesmo sendo vice-presidente, eu ainda considerava eles meus sunbaes e eram mais velhos que eu.

Ficamos conversando por alguns minutos, contei a eles como foi no exército e minha preparação para a vice-presidência da Lotte. O almoço foi as portas fechadas com todos os diretores da Lotte, o motivo era minha chegada a empresa e outros assuntos de trabalho como a expansão da Lotte para os países ocidentais. obviamente estava presente por ser a diretora de marketing, pude ver que ela se esforçou bastante para manter sua atenção nos assuntos abordados e não em mim, seus olhares em minha direção eram constantes, porém quando tinha que se pronunciar continuava impecável e excelente como sempre.

As horas restantes pareciam não passar, o setor de RH me mandou o assistente que trabalharia comigo, seu nome era Jinho, tinha acabado de se formar na Universidade da Korea, ele era engraçado e tinha bons assuntos para se conversar nas horas vagas, muito prestativo e observador também, ele assim como todos já sabia do meu interesse pelo noona soberana da equipe de marketing.

No final do expediente passei no andar de marketing para convidar a noona para jantar, mas para minha surpresa ela já havia ido embora. Sora noona me contou que desde o dia em que fui para o exército, passou a fazer suas horas de almoço e a sair no horário, deixando de vez as horas extras, e sem diminuir sua perfeição e excelência no modo como trabalhava.

Eu sabia que toda aquela mudança era por minha causa, por mais que ela não admitisse, eu havia me fixado de alguma forma em seu coração. Voltei para o prédio onde ficava meu apartamento, parado em frente a porta fiquei pensando no que ele estaria fazendo naquele momento, foi quando o elevador se abriu e ela saiu dele de cabeça abaixada. Me encostei na porta e fiquei esperando ela olhar para frente, assim que levantou sua face e me viu parou no meio do corredor.

— O que está fazendo aqui? — perguntou ela.
— Bem, perdi a minha chave e estou esperando o chaveiro. — respondi tranquilamente como se fosse verdade.
— Espera, você é a pessoa que comprou o apartamento que estava à venda ao lado do meu. — concluiu ela não acreditando.
— Curiosa a vida não é mesmo. — eu ri de leve — Passei no seu andar para te convidar para um jantar, mas já havia saído.
— Tinha outro compromisso. — ela passou por mim e foi até sua porta, abriu lentamente, parecia esperar por alguma reação minha, fiquei de braços cruzados olhando seus movimentos tranquilamente — Boa noite, vice-presidente.

Aquela noona não dava o braço a torcer, nem mesmo se virou para dizer aquelas palavras e entrou fechando a porta. Não deu nem tempo de contar até dez e ela abriu a porta novamente, mesmo com a face séria, seu olhar era convidativo, não precisava uma só palavra para que eu entendesse o que ela queria dizer. Eu entrei em seu apartamento, era minha segunda vez e nada naquele lugar havia mudado em três anos, ela pegou as sacolas do chão e levou para cozinha, a segui em silêncio observando todos os seus gestos.

— Está mais silencioso, isso é novidade. — disse ela quebrando todo o silêncio que pairava no ar.
— Com o tempo ficamos mais cuidadosos com as palavras. — nisso eu estava mesmo.
— O exército te fez bem então. — ela começou a mexer em alguns utensílios, parecia estar preparando algo, seria o nosso jantar?
— Parece que sim, esses dois anos foram significativos em minha vida.

Ela respirou fundo, desviando seu olhar de mim para os legumes que estavam na bancada, eu queria conversar mais com ela, mas iria manter aquele clima de mistério e olhares por mais algum tempo. Era visível seu interesse em saber sobre esses anos em que estive fora, já que minha família não tinha mencionado nada sobre mim nesse tempo, foram longos minutos até que ela terminou de preparar e colocou as tigelas na mesa.

— Por todas as vezes que me alimentou. — ela se sentou mantendo seu olhar em mim — E como foi eu quem fez…
— Só um jantar não é suficiente para ficarmos empatados. — eu sorri de canto.
— Imaginei que diria isso. — ela serviu minha tigela tranquilamente — Durante esse tempo descobri uma coisa.
— O que seria? — a olhei curioso.
— Noona soberana. — ela me olhou levantando a sobrancelha direita — Uma definição muito real sobre mim.
— Sim. — eu ri — Uma forma de falar sobre você sem que soubesse, mas parece que acabou se tornando um conhecimento de todos.

respirou fundo me olhando com um brilho a mais nos olhos, aquilo era a confirmação de que eu realmente mexia com ela, se não estava apaixonada faltava pouco para conseguir isso. Mas eu precisava saber se tinha mesmo esperado por mim ou se Heesong havia conseguido o que há tantos anos insistia.

— Você cozinha muito bem. — elogiei enquanto lavava os pratos.
— E você sabe lavar pratos muito bem também. — retrucou ela.
— Porque abriu a porta? — fechei a torneira e a olhei — Poderia não ter aberto.
— Está arrependido de ter entrado? — ela desviou o olhar.
— Não. — eu toquei de leve sua face à fazendo olhar para mim — Só estou curioso para saber.
— Quando foi para o exército, disse que retornaria como um homem para mim. — ela respirou fundo — Apesar do atraso, agora voltou, parece mesmo diferente, mas se mudou de verdade…

Não esperei que ela terminasse aquela explicação que não expressaria seus verdadeiros sentimentos, então a beijei de leve, doce e suave. Meu coração parou e meu corpo congelou, tocar seus lábios era como um sonho que não deveria ter fim, quando o beijo terminou, não sabia o que dizer.

— Só isso? — ela me olhou um pouco decepcionada — Três anos de espera e só um beijo curto e rápido?

Aquelas palavras me paralisou de vez e antes que eu pudesse reagir ela me beijou com intensidade e malícia, envolvi meus braços em sua cintura, senti o calor do seu corpo fazia o meu se arrepiar ainda mais, foi um longo e proveitoso beijo, através dele pude sentir todos os sentimentos que ela tinha por mim.

— Agora posso dizer o que sinto. — eu sorri de canto a olhando tão linda e perfeita — Saranghae.
— Eu também me amo. — ela riu tão espontaneamente, eu fiz uma cara de decepção — Meus sentimentos por você também são profundos.
— Não vai admitir não é mesmo? — eu ri também, ela assentiu com um sorriso, o lado positivo era que aquele sorriso era por mim, seu motivo — Não importa, teremos muito tempo para que seus lábios possam dizer o que seus olhos já dizem.
— Estou feliz que não tenha desistido. — e aproximando sussurrou em meu ouvido — .

Todo meu corpo se arrepiou, era a primeira vez que ela falava meu nome, senti um frio na barriga que foi interrompido pelos lábios dela que novamente com intensidade tocaram os meus. Havia conquistado o coração de e a manteria em segurança como prometido, a partir daquele momento eu era o homem completo para a mulher completa, minha noona soberana.

“Noona, você é tão linda (eu ainda penso em você)
Noona, você é tão (eu ainda sonho com você) bonita
Você já sentiu o gosto do verdadeiro amor?”
- Noona Is So Pretty (Replay) / SHINee

"PERSEVERANÇA: Dizem que a qualidade de um vencedor é nunca desistir, isso também pode se aplicar ao amor, quando gostamos de verdade de uma pessoa não é fácil conquistá-la, quando não temos uma proximidade. Se se dermos lugar a desistência, jamais vamos saber se tínhamos ou não capacidade para vencer, então jamais desista dos seus sonhos!" - by: Pâms

Nota da autora:
Minha primeira fic do SHINee, já tem um tempo que escrevi e estava enrolando para postar ela no FFOBS. Noona Is So Pretty, ou melhor Noona Neomu Yeppeo, é uma das músicas que mais gosto do SHINee, então foi muito divertido escrever ela e fofo também!!! Espero que tenha ficando legal, me desculpem qualquer erro de gramática ou betagem, não desistam de mim, kkkk... Críticas e elogios sempre serão bem-vindos!!
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Jesus bless you!!!



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