Postada em: 11/10/2020

Capítulo Único

O American Idol começou suas audições em agosto de 2017. nunca pensou que estaria em uma sala cheia de estranhos fazendo treinamento vocal e tentando se concentrar na letra de 1-800-273-8255, do Logic, que tocava alto em seus fones de ouvido – mas estava ali e era acompanhada de sua melhor amiga, , e sua avó paterna, com quem foi morar em Dallas, no Texas, a 5 anos atrás.
Ela mantinha os olhos fechados e não percebeu a hora que passou apressado pela porta de vidro, adentrando também espaço.
A primeira coisa que ele fez ao entrar pela porta foi ver a garota, com traços fortes estrangeiros, cabelos volumosos, em uma mescla de verde e azul. Não conseguiu tirar seus olhos dela – o jeito que ela estava envolvida com a música em seus fones de ouvido fez com que a boca dele ficasse seca de repente. Seu devaneio foi interrompido quando sua mãe e seu melhor amigo o alcançaram e o puxaram para o outro lado para confirmar a presença dele na audição.
. ― chamou pela amiga, que estava chegando ao fim da música. ― ! ― A amiga chamou de novo, tocando de leve o braço da garota, que tirou os fones dos ouvidos e balançou a cabeça, esticando o pescoço antes de dar a atenção para a mais nova.
, cadê a vovó? ― perguntou, olhando em volta.
― Ela foi ao banheiro. ― disse, entregando uma placa com um número e uma garrafa de água para a amiga. ― Ela pediu para te entregar isso, e eu também acabei de encontrar o amor da minha vida. Você viu o asiático lindo que entrou não tem cinco minutos pela porta? ― A garota olhava para os lados, tentando avistar novamente o garoto.
― Obrigada, . ― pendurou a placa com o número no pescoço e tomou um gole da água. ― Infelizmente não vou poder te ajudar, amiga. Eu não prestei a atenção em nada, até você me chamar. ― Ela olhou ao redor. ― E vai ser difícil achar essa pessoa no meio dessa multidão.
Antes que ela terminasse a frase, alguém deu um esbarrão nela. Parecia apressado, derrubando algumas folhas que ele carregava nas mãos.
― Me desculpe! ― Uma voz masculina baixa soou, e se virou imediatamente, fazendo com que seus olhares se encontrassem e os dois perdessem pelo menos um minuto naquela posição.
Os acompanhantes de começaram a juntar os papéis do chão e o puxaram novamente em direção ao caminho que ele estava fazendo quando se esbarraram. Eles pediram desculpas, e seguiu sustentando o olhar no dele até que ele sumisse novamente na multidão.
― Não mesmo! ― disse, brava, entrando na frente da amiga.
― Não mesmo o quê, ? ‘Tá doida, mulher? ― respondeu, rindo, olhando em volta.
― Pode parar de procurar pelo amor da minha vida. ― A amiga falou, cruzando os braços na frente do corpo.
― Não brinca? ― disse, rindo. ― Eu não acredito que, pela primeira vez nesses cinco anos que eu te conheço, temos um interesse pelo mesmo tipo de garoto. ― colocou a mão no rosto, ainda rindo.
― Eu o vi primeiro. ― afirmou, olhando nos olhos da amiga.
― Relaxa, bebê. Agora eu só quero saber do Logic e, já que estou nessa palhaçada por vocês, quero passar nessa bagaça. ― Ela finalizou, colocando os fones novamente nos ouvidos.
As audições começaram uma hora depois do incidente. se despediu das suas acompanhantes e foi com os outros candidatos para outro espaço, onde só eram permitidos os participantes. Ela se acomodou no chão perto de uma tomada, mantendo seu telefone carregando enquanto lia novamente a letra da música para que seu inglês saísse perfeito.
Ela falava fluente inglês, mas, como conversava bastante em português com sua avó e sua amiga, precisava treinar – não era nativa do país e não queria parecer que era uma estrangeira querendo aparecer.
― Oi. ― disse, se aproximando da garota, que estava com o rosto enfiado nas folhas de papel – levantou o olhar para o rosto do rapaz.
― Oi, posso te ajudar? ― Ela disse, surpresa, ao reconhecer o rosto familiar, abaixando as folhas de papel da frente do rosto.
― Sim, quer dizer, não! Aish. ― O garoto começou a coçar a cabeça e rir de nervoso. ― Eu quero saber se posso usar a tomada junto com você, porque eu preciso carregar meu celular e não achei nenhuma tomada disponível.
olhou para a parede e avistou a tomada dupla em que seu carregador estava conectado.
― Ah, claro. Fica à vontade.
A garota pegou as coisas dela e colocou do outro lado do corpo. Olhou o rapaz se abaixar e plugar o carregador do iPhone, se sentar ao seu lado e ficar olhando descaradamente para ela.
― Que foi? Tem alguma coisa na minha cara? Meu dente ‘tá sujo de batom? ― Ela perguntou, curiosa do motivo pelo qual ele não parava de olhar.
― Você não é americana, não é? ― Ele perguntou sem rodeios, esticando seu corpo.
― Sou sim. ― Ela riu com a espontaneidade dele.
― Sério, de onde? ― Ele continuava olhando para a garota.
― Do sul. ― Ela sorriu um sorriso extrovertido e brincalhão, que tirou por alguns minutos de órbita.
― Mississipi? ― Ele questionou e abriu um sorriso com os dentes perfeitamente alinhados, que fez com que se perdesse em todo aquele branco.
― Oi? ― estava meio perdida no que ele tinha acabado de falar.
― Você é do Mississipi? ― Ele perguntou novamente.
― Ah, não, eu sou sul-americana. Do Brasil, já ouviu falar? ― Ela olhou com os olhos de curiosidade.
― Realmente, não deixa de ser americana. ― Ele riu, colocando as mãos no rosto e abaixando levemente a cabeça. ― Ah, sim, Brasil, UAU! É longe, né? Eu conheço São Paulo, mas só de nome mesmo. ― Ele baixou os olhos para as mãos
― Sim. Olha, pra Dallas, que é onde eu moro atualmente, são dez horas e meia de avião. E você? Deve ser de algum lugar da Ásia, eu nunca seria capaz de chutar. ― Ela riu alto, jogando a cabeça para trás e atraindo um pouco de atenção das pessoas ao redor.
― Caramba, tudo isso? ― Ele soltou uma risada baixa ― Se bem que, de onde eu sou pra onde eu nasci, são treze horas e meia de avião. ― Os dois riram alto. Algum tempo depois de recuperarem o fôlego, olhou para o rosto dele, meio confusa.
― Calma aí, acho que não entendi muito bem sua analogia. ― voltou a rir e colocou a mão no braço do rapaz, apertando de leve, fazendo com que uma pequena corrente elétrica passasse pelo corpo dele.
― Vamos lá. Eu sou americano de Los Angeles, mas meus pais são sul-coreanos, então...
― Ah, ah, sim, agora eu captei. Por favor, não me deixe parecer mais burra. ― A menina disse em um tom divertido e continuou com a mão no braço do rapaz.
O tempo pareceu ter parado só para eles se conhecerem mais naquela conversa.
Aos poucos, os candidatos foram diminuindo no espaço. Eles tinham voltado cada um para a sua concentração e para seus fones de ouvidos.
tomou um susto ao perceber a cabeça da menina muito próxima à dele.
― Me desculpa! ― disse quando o rapaz virou o rosto para ela, deixando centímetros do seu. ― Eu sou muito curiosa. ― Ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. ― Ed Sheeran? ― Ela perguntou com dificuldades para respirar, olhando bem nos olhos dele.
― Ahaaam. ― Ele disse, também com a mesma dificuldade de respirar, focando na íris dos olhos dela.
― Candidato número 2346. ― Uma voz firme soou alto e fez com que os dois olhassem para a porta. olhou para a placa da garota, e ela olhou junto.
― Ai, meu Deus, sou eu. ― disse, agitada, se levantando. Ele se levantou junto, segurou a garota pelos ombros e olhou nos olhos dela.
― Calma, vai dar tudo certo. ― Ele sorriu. ― Pode deixar que eu cuido das suas coisas. ― Ele falou, empurrando-a de leve em direção à porta.
― Obrigada! ― Ela beijou de leve o rosto dele e saiu correndo em direção à entrada, ajeitando a roupa que vestia.
ficou olhando para a porta e viu-a entrar. Sabia que ela ia se dar bem – era uma menina incrível. No tempo da apresentação dela, ele juntou suas coisas em sua bolsa, e as dela também. Ficou mais próximo à saída e conseguiu ver duas mulheres que ele não tinha visto antes naquele espaço perto da porta se abraçando. Uma senhora de mais ou menos uns sessenta e poucos anos e uma jovem de não mais de vinte anos. Ele observou as duas enquanto esfregava as mãos uma na outra, em nervosismo com a nova amiga.
Algum tempo depois, ele viu a porta se abrindo e ela indo em direção às duas figuras femininas, as abraçando e mostrando o cartão de aprovação para a próxima fase. Vê-la daquele jeito tão feliz o fez abrir um sorriso enorme e uma felicidade surgiu pelo seu corpo, deixando-o mais quente. Quando deu por si, a garota tinha jogado os braços em seus ombros, apertando seus corpos em um abraço. Ele passou os braços pela cintura dela por um minuto involuntariamente. Um momento depois, eles se afastaram, e ela agradeceu por ele ter cuidado das coisas dela.
― Candidato 2350.― Outra vez a voz ecoou, e, dessa vez, ele olhou a própria placa, abrindo um sorriso torto.
― Acho que é a minha vez. ― Ele disse, se despedindo.
― Boa sorte! ― falou, dando um abraço rápido nele. ― Arrasa para irmos juntos para Hollywood. ― Ela sorriu e piscou enquanto ele se virava em direção à porta.
Não muitos passos à frente, ele parou e se virou para ela.
― Ah, esqueci de uma coisa. ― Ele deu uma pausa, abrindo seu melhor sorriso.
― O quê? ― disse, arregalando um pouco os olhos e batendo os cílios devagar, esperando a resposta.
― Eu acho que não sei o seu nome. ― Ele riu meio desconsertado.
― É verdade. ― disse, rindo junto. ― , , mas pode me chamar de James Bonde. ― Os dois riram alto. ― Brincadeira, pode chamar de .
― O meu é , mas sou mais conhecido aqui na América por . ― Ele abriu um sorriso que quase escondeu completamente seus olhos.
― Segunda chamada, candidato número 2350. ― A Voz soou mais impaciente dessa vez.
― Acho melhor eu ir. ― ele disse, coçando a cabeça e acenando.
― Boa sorte, . ― Ela gritou, e, então, a porta atrás do garoto se fechou.
ficou parada onde estava, olhando para a porta, quando sentiu um tapa atingir sua cabeça. Ela passou a mão no local e olhou na direção de onde o golpe veio.
― Aaaaau. ― Ela reclamou, olhando para a amiga, que estava atrás dela com os olhos semicerrados.
― “Eu só quero me concentrar na música e ganhar”. ― fez uma voz fina, como se fosse a amiga falando. ― Que cena de amor foi essa que eu acabei de ver? ― A garota disse, séria, com as mãos na cintura.
― Nem eu sei, amiga. Não sei o que ‘tá rolando. ― deu um longo suspiro, esfregando a cabeça. ― Não sei.
Quando a amiga ia abrir a boca para falar alguma coisa, um rapaz com traços asiáticos fortes e cabelos em um preto profundo se aproximou das duas com um sorriso tímido.
― Oi. ― Ele disse em um tom baixo, se curvando para as meninas, que, por um minuto, ficaram sem saber o que fazer.
― Oi. ― falou, sorrindo. ― Ãhn, eu já não te conheço? ― Ela perguntou, olhando para o rosto dele quando ele voltou o corpo para cima. Ele confirmou, balançando a cabeça e abrindo um sorriso tímido. ― Ah, naquela hora dos papéis do , lembrei. ― Ela abriu um sorriso grande. ― Em que eu posso te ajudar? ― Olhou para ele, depois para a amiga, que estava paralisada, olhando para o garoto descaradamente.
― Eu sou amigo do , . Prazer. ― Ele respondeu, olhando para as meninas e se curvando de leve mais uma vez
― Eu sou , e essa é . ― disse, puxando a amiga pelo braço e agarrando-se nele. ― É um prazer te conhecer. Deixa-me adivinhar, coreano? ― Ela disse, sorrindo e mexendo nos cabelos
― Provavelmente foram meus olhos puxados ou meu inglês péssimo que me entregaram, não foi? ― Ele riu, e os olhos dele fecharam, quase sumindo.
me disse que ele é meio coreano, então eu deduzi. ― Ela riu junto com ele.
― Eu só queria cumprimentar vocês e saber quem era a garota que estava abraçando. Ele geralmente não é tão rápido assim. ― Ele disse com um sorriso amarelo, chutando o algo imaginário no chão.
― Relaxa, . ― falou pela primeira vez depois que o garoto tinha chegado ali. ― Com certeza isso é coisa da . Sabe a fama que os brasileiros têm de serem calorosos e, mesmo com o calor absurdo que faz lá, eles insistem no contato físico. Espero que ela não tenha te assustado, e já deixo claro que não sou igual a ela. ― Ela riu alto, e ele riu tímido junto, enquanto fechava a cara. Quando ia se defender, uma mulher de não mais de 45 anos puxou o rapaz pelo braço, se desculpando e se aproximando da porta. Àquela altura, se agarrou mais ao braço da amiga, sentindo a boca ficar seca e o estômago revirar. Não entendia por que estava tão nervosa, mas ali estava ela. No meio de um grande salão cheio de estranhos, câmeras e algo crescendo dentro do seu peito.

Duas semanas depois…

A exatos quinze dias da sua audição, desembarcou no aeroporto internacional de Los Angeles. A segunda fase estava prestes a começar, e ela não via a hora de voltar a ver . Eles vinham trocando mensagens desde o dia das audições e estavam extremamente felizes por ter a oportunidade estar juntos também naquela segunda fase. ainda não sabia o que estava rolando, mas as borboletas no estômago dela toda vez que se falavam por FaceTime davam algum sinal de que ela estava emocionalmente ligada a ele. Há uns bons anos não sabia como era se sentir daquela maneira, mas ela gostava.
Estar em Los Angeles por aquele tempo todo – já que teria que ficar por lá em função do programa, caso passasse a segunda fase – implicaria em uma pequena mudança em sua vida.
Teve que trancar seu curso de desenho e ilustração e usar suas economias, fora o dinheiro que os pais mandavam todos os meses para ajudar sua avó com as despesas. Pensou em arrumar um emprego de meio período o tempo que estivesse pela cidade. Se passasse naquela fase, não teria como voltar a Dallas durante uma gravação e outra.
Agradeceu a Deus pelos organizadores do programa providenciarem estadia para ela naqueles dias que estaria pela cidade. Estava a 35 minutos do endereço do hotel que a assessora passou para ela na última ligação antes do embarque. Um táxi seria a melhor opção, pois, mesmo estando tanto tempo nos Estados Unidos, ela era perdida da vida no transporte público.
― Ô, . ― disse, empurrando o carrinho de aço com muitas malas nele. ― Você vai me ajudar aqui ou só vai ficar olhando pro nada, igual a uma turista? ― Ela estava com um tom irritado pelo esforço
― Amor da minha vida, por que tão ríspida, meu bebê? ― disse, dando alguns passos para trás em direção à amiga. ― Estou procurando onde podemos pegar um táxi. ― Ela finalizou, passando um dos braços pelos ombros da amiga.
― Você ‘tá me zuando, né? ― parou no meio do caminho, freando o carrinho de uma só vez. ― Enlouqueceu de vez? Bateu a cabeça? Perdeu o juízo? Assaltou um banco? ― olhava para amiga, incrédula.
explodiu em uma gargalhada alta com a reação que a amiga teve, atraindo muitos olhares para elas.
― Cala a boca, ! ― tapava o rosto com as mãos. ― Vamos chamar um Uber ou alugar um carro, que sai mais barato. Você não sabe que estamos em LA e uma corrida daqui para Hollywood custa um rim? Já pesquisou quanto custa um rim no mercado negro?
riu ainda mais alto, não conseguia parar a crise de riso. Estava toda vermelha já, ficando sem ar, quando conseguiu se acalmar.
― Ai, , eu vou fingir que não te conheço. ― disse, empurrando o carrinho com a bagagem e deixando a amiga para trás. ― O Uber está esperando. Se quiser ir comigo, é melhor parar de fazer escândalo no meio do aeroporto. ― Ela finalizou, rindo, enquanto seguia em direção à porta.

Dois dias depois…

, meu amor, vamos nos atrasar! ― gritou do corredor enquanto esperava o elevador.
― Já vou, mais dois minutos! ― Ela gritou de dentro do quarto do hotel, fazendo um barulho de coisa caindo no chão.
― Quando esse elevador chegar, eu juro que te deixo e vou embora. ― , impaciente, apertava freneticamente o botão do elevador. Tinha ficado muito grata da amiga acompanhar essa loucura dela. Felizmente, trabalhava na agência publicitária da mãe, e poder trabalhar do canto do mundo onde quisesse ajudava muito quando ela queria viajar, principalmente naquele momento, em apoio à melhor amiga em sua jornada.
era grata por não estar sozinha nessa, já que sua avó não pôde acompanhar a garota, pois estava cuidando de alguns negócios da família.
― O elevador chegou. Adeus, . ― gritou mais uma vez, entrando no grande elevador.
saiu correndo de dentro do quarto, quase se esquecendo de fechar a porta, e, por pouco, não perdeu o elevador. Ao chegar ao saguão, se deparou com mais uma dezena de candidatos do programa esperando o ônibus da emissora chegar. Ela se sentia nervosa, mas confiante. Naquela semana, teria que dar seu melhor se quisesse passar para a próxima fase e continuar na cidade de .
Eles queriam se encontrar antes das apresentações – porém, foi meio difícil com os ensaios e tudo mais. Decidiram se ver somente no dia, e isso deixou ainda mais nervosa.
Assim que o ônibus chegou ao hotel, ela respirou fundo, colocou os fones no ouvido e se concentrou na voz firme de Adele cantando Skyfall alto, decorando a letra mentalmente. Quando ela abriu novamente os olhos, já estavam estacionando nos estúdios da emissora.
A certo momento, ela se separou de e foi encaminhada para o grande salão, onde todos os outros candidatos estavam esperando para novas informações das apresentações. Naquela primeira semana em Hollywood, eles iriam se apresentar sem serem julgados pelos jurados com canções solos e em grupo. Então, ela tinha que dar tudo de si para passar entre as 12 melhores mulheres daquela competição.
Assim que passou pela porta automática, correu os olhos pelo grande salão, não encontrando . Tentou se concentrar, então, na sua música – dado o dia em que se conheceram, ele devia ser sempre atrasadinho.
Estava de olhos fechados, passando a letra mentalmente uma última vez, antes de abrir os mesmos e procurar pelo rapaz mais uma vez, quando sentiu uma mão tocar seu ombro. Pela eletricidade que sentiu percorrer pelo seu corpo, soube que era quem ela estava ansiosa para ver. Abriu os olhos e tirou os fones do ouvido. Assim que ela olhou o rosto do rapaz, que esboçava um sorriso largo, ela pulou em cima dele, o envolvendo em um abraço e apertando forte.
! ― Ela falou mais alto do que imaginou que seria, atraindo olhares para eles. ― Que saudades, bebê. Como você está? ― Ela perguntou, ainda nos braços dele, colocando alguns fios do cabelo dele para trás da orelha.
, você estava linda toda concentrada na música. Foi isso que chamou a minha atenção a primeira vez que eu te vi, sabia?― Ele disse, apertando mais seus braços na cintura dela. ― Eu estou bem, melhor agora que te vi de novo. E você? ― Ele questionou, fazendo carinhos onde as mãos dele estavam fechando o abraço.
― Eu? Eu estou com vontade de te beijar! ― disse, enfiando as mãos nos cabelos dele. ― Nossas conversas online fizeram com que eu me sentisse ainda mais conectada a você, e eu vou te beijar agora. ― Ela falou de uma forma tão natural que a única coisa que ele conseguiu fazer foi fechar os olhos.
Os lábios dela tocaram os dele devagar. Antes que ele abrisse a boca para as línguas se encontrarem ela sentiu o corpo todo se arrepiar com aquele contato. Assim que as bocas se abriram, ela sentiu o gosto de menta do hálito dele, percorreu a boca minuciosamente e brincou com a língua dele. Estava esperando por aquele momento há muito tempo, e a sensação que teve foi a melhor possível.
Eles foram interrompidos quando alguém tocou no ombro de , dizendo que família e amigos tinham que esperar na outra sala. Assim que eles deram um espaço dos corpos, a pessoa da produção riu, passou a mãos pelos cabelos e saiu de perto deles, se desculpando. Os dois começaram a rir também e seguiram com os outros candidatos para as instruções.
Aquela semana começou puxada. Foram separados em duas turmas para se apresentarem com a canção solo para os jurados. ficou no grupo do primeiro dia, e , no último. Também foram separados para as apresentações que teriam que fazer com um pequeno grupo de três a cinco pessoas.
O grupo de ficou com o segundo dia de apresentações, e de , com o terceiro. Mas, de qualquer forma, eles tinham que comparecer todos os dias para as gravações e, ainda, no último dia, para saberem quem seriam os 24 homens e mulheres que passariam para a próxima fase.
Os acompanhantes puderam assistir todas as apresentações em um ponto mais alto das poltronas, no grande auditório, onde os juízes estavam atentos a todas as vozes, e os participantes ficaram um pouco mais abaixo.
― Oi, ? ― disse, se aproximando do menino, fazendo menção de se sentar ao lado dele.
― Ah, oi, ! ― Ele sorriu tímido, como sempre, e tirou a mochila do assento ao seu lado para que ela se sentasse.
Os dois trocaram os números há mais ou menos uma semana antes, quando ele tinha pedido para que pedisse para o número de . Desde então, eles vinham trocando mensagens.
― Como estão as coisas? ― A garota disse, baixo, para que a conversa não incomodasse ninguém.
― Estão boas. Melhorou agora que eu não estou mais sozinho. Vamos combinar de ficarmos juntos nessas apresentações, por favor! ― Ele se curvou ao fazer o pedido, e segurou o riso para não explodir em uma gargalhada.
― Eu adoro quando você faz essas coisas. ― disse, colocando a mão no braço do rapaz, que enrijeceu o corpo instantaneamente.
― O quê? Me curvo? É algo comum na Ásia. Muitas pessoas me falam que isso é engraçado ou diferente. ― Ele sorriu, olhando nos olhos dela.
― Não faz isso, . ― Ela disse, com certa dificuldade de se lembrar como respirava quando os olhos dele prenderam os seus.
― Fazer o quê? ― Ele parecia confuso.
― Quanto tempo vai ficar na América? ― Mudou rapidamente de assunto, olhando para o palco.
― Uns seis meses para aprimorar meu inglês.
― Vamos aproveitar enquanto estiver por aqui, então. ― Ela disse, segurando a mão dele e fazendo carinhos.
A apresentação de começou, capturando atenção de toda a plateia, que incluíam os concorrentes, acompanhantes e jurados. Assim que ele começou a cantar as primeiras palavras de When I Was Your Man, do Bruno Mars, todos os olhos foram para ele.

Algumas semanas depois…

e tiveram uma semana muito corrida em decorrência do programa, mas estavam mais próximos que nunca. Os dois passaram na competição entre os 24 colocados, e, naquela semana estava começando, seriam as competições ao vivo para a votação do público. Ambos estavam nervosos e apreensivos. Seria a primeira vez de cantando ao vivo na TV – já , como sempre, teve o sonho de ser famoso. Ele estava habituado com algumas apresentações desse tipo na Coreia as poucas vezes que esteve por lá.
A notícia do namoro dos dois nos bastidores do show também era assunto comentado – tanto entre a produção e membros do programa, quanto em alguns veículos de fofocas e nas redes sociais. Aquilo tudo acontecendo na vida deles era surreal, mas estavam vivendo aquele momento juntos. Quando ia imaginar estar ali e, ainda por cima, ter encontrado o amor da sua vida naquele lugar? Sonhos não estavam nem perto do que ela estava realizando.
As performances naquela semana foram um pouco menos tensas para a garota no palco. As rotinas dos ensaios e das gravações tinham feito crescer muito como artista, e algumas de suas inseguranças ela tinha deixado para trás. Como as semanas de eliminatórias estavam cada dia mais próximas, os dois passavam pouco tempo juntos durante as gravações ou os ensaios, mas sempre davam um jeito de se verem, nem que fosse por meia hora antes de irem embora.

Mais algumas semanas depois…

Os dois estavam tão envolvidos com todo aquele ambiente e um com o outro que mal notaram que o programa tinha passado tão rápido. Aquela última etapa deixou todos os três participantes nervosos demais. e quase não acreditaram que estavam ali, vivendo a grande final juntos.
tinha com ela o namorado naquele momento – mas aquilo a deixava infinitamente mais nervosa. Queria ganhar, mas também queria que ganhasse. Aquele era o sonho da vida dele.
Ela tinha preparado a música Because You Love Me, da Celine Dion. Sabia que era arriscado – porque Celine Dion era só a diva, com a voz mais incrível do universo –, e aquela era uma das músicas favoritas da garota. Se ela alcançasse a notas certas, com certeza ganharia pontos extras.
Estava no backstage com , segurando firme sua mão, enquanto o outro participante terminava os últimos versos de Youth, do Troye Sivan.
― Você está nervosa, meu amor? Relaxa, vai dar tudo certo. Você é incrível. ― disse, fazendo carinhos na mão da garota.
― Eu sei, meu anjo, mas isso é meio inevitável. ― Ela sorriu, nervosa, e devolveu o carinho.
― Mas ficar nervosa só vai te prejudicar. Pensa que você está na sala de prática, sozinha, e dê o seu melhor. Não se preocupe com as câmeras ou a plateia. Qualquer coisa, eu vou estar aqui. Olha pra mim e só pra mim. ― Ele olhou fundo nos olhos dela, passando uma sensação de conforto e tranquilidade.
Alguns minutos depois, o nome do rapaz foi anunciado pelo apresentador do programa, e se guiou para o ponto marcado no centro do palco.
e assumiram o namoro publicamente algumas semanas depois do pedido de namoro feito nos bastidores do programa – e aquilo tomou proporções enormes. Muitas pessoas apoiando o casal e muitas outras atacando, dizendo que era um jogo de marketing da emissora para aumentar a audiência – que realmente foi algo que subiu muito com o anúncio –, assim como os fã clubes nas redes sociais.
O casal não ligava para as chuvas de comentários maldosos que recebiam diariamente depois do anúncio. Eles sabiam o que sentiam e o que significavam um para o outro. Resolveram aproveitar o máximo todo o tempo que tinham juntos para nutrir somente sentimentos bons.
A notícia sobre o namoro dos dois rendeu muitos fãs e entusiastas do mundo todo – e, naquela final, não só os fãs estavam de olho no casal, mas muitas pessoas e empresas do entretenimento estavam. Além de serem a sensação do momento, ainda eram super talentosos, e com certeza seria um bom marketing para qualquer um que assinasse contrato com qualquer um deles, ou até mesmo os dois.
As primeiras estrofes de Somebody To Love, do Queen, ecoaram pelo estúdio da emissora e desviaram a atenção da garota de seus pensamentos para o palco. parecia brilhar. Ele estava firme e confiante. O jeito que ele levava o público era uma coisa inexplicável. se sentia tão envolvida que mal notou quando a música acabou. Ela queria muito correr para o palco e abraçar o rapaz, mas teve que se esperar o comentário dos jurados e a reação do público para poder parabenizá-lo lá nos bastidores, onde ela aguardava ansiosa.
A comemoração do desempenho impecável do rapaz não durou muito tempo. Momentos depois, quem ocupava o lugar no palco era , que sentiu toda a energia da plateia e teve vontade de chorar ali mesmo. Porém, assim que os acordes iniciais preencheram seus sentidos, ela tomou ar nos pulmões e começou a cantar com o coração. Logo nas primeiras notas, conseguia sentir o público explodir em palmas, e ela continuou no mesmo tom e harmonia. Ao final da apresentação, a garota caiu em lágrimas e seus joelhos fraquejaram. Aquela energia e sentimentos eram tão fortes que ela não conseguia segurar a emoção.
saiu correndo ao encontro de , a sustentando em um abraço apertado, assim que percebeu que o corpo dela iria cair no chão.
O momento foi lindo, ele acalmando a garota, o público indo à loucura e os jurados aplaudindo em pé. Poucos minutos depois, já tinham viralizado na internet, e eles foram para os bastidores. Lá, tudo estava mais calmo.
Logo após os comerciais, todos os três finalistas já estavam no palco, ansiosos pelo grande anúncio – a ansiedade e o nervosismo iam desde os olhos apreensivos dos amigos e familiares na plateia até o público geral, que acompanhava pelas redes sociais.
― E o grande nome da noite é... ― O apresentador disparou a última frase alto e forte, depois de todo um discurso – pré-programado –, com o envelope em mãos, com os votos dos jurados e do público já computados.
segurava forte a mão do namorado, que segurava também a mão do outro rapaz, os três em uma corrente de emoção e ansiedade. Aqueles três minutos seguintes passaram com uma eternidade.
é a nossa campeã. ― ouviu as palavras, mas custou a assimilar. Sentiu pelo menos três pessoas diferentes abraçando-a e, só depois que sentiu selar seus lábios ao dela, ela processou o que tinha ocorrido. Mal conseguiu formalizar o discurso de agradecimento de tanto que chorava.
Sua família e amigos subiram ao palco pouco antes do apresentador anunciar o encerramento do programa, e a festa estava feita.

Algumas semanas depois…

estava com um contrato assinado, com uma grande produtora e muitas entrevistas programadas para os próximos dois meses. teve que voltar a Dallas, e estava enfrentando aquilo praticamente sozinha – salvo sua agente, que a acompanhava sempre, já que tinha viajado para a Coreia para participar de alguns programas de idols por lá e analisar algumas propostas. Ela estava muito feliz pelo namorado. Ambos estavam alcançando seus objetivos, e nada a deixava mais feliz que a felicidade dele.
Os horários dos dois eram complicados, mas sempre davam um jeitinho de se falar entre um compromisso e outro. Eles se amavam, e esse amor era palpável. Entretanto, depois que começou a promover seu álbum e se mudou definitivamente para a Coréia – depois de conseguir fechar um contrato legal, com uma das maiores agências do país; logo ele debutaria com um grupo de sete rapazes, incluindo o amigo –, eles, em comum acordo, resolveram que o rompimento e o foco cada um na sua carreira seria o melhor.
Eles estavam em diferentes fusos horários e com agendas realmente muito cheias. Um comunicado oficial foi divulgado nas redes sociais e portais de informações dos dois sobre a separação – o que devastou não só os envolvidos, mas também os fãs, que custavam a acreditar naquilo.
A dor que sentiu era enorme. Ela ficou quase um mês sem conseguir dormir sem chorar. Achou que iria melhorar com o tempo, afinal, o tempo cura tudo, mas, um ano depois, ela ainda sentia falta dele e de tudo o que ele significava na vida dela.
Sabia que tinha passado mais tempo longe de do que ao lado dele, mas não conseguia superar aquilo. O sentimento ainda era forte, e ela estava se cansando, também, de toda aquela badalação. Gostava de cantar – e como gostava –, mas aquele nunca foi seu sonho, ser famosa, viver da música ou nada daquilo.
Empolgou-se na época do programa, tinha que confessar, e, por um tempo durante todo aquele momento, acreditou que era realmente seu sonho. Porém, naquele um ano de carreira agitadíssima e na sua segunda turnê mundial, estava exausta e com saudades de fazer suas ilustrações. Cantar já não estava fazendo bem a ela.
― Você tem certeza, ? ― perguntou para a amiga assim que o jatinho particular que elas estavam decolou.
vivia acompanhando a amiga, já que conseguia trabalhar de qualquer lugar. Adorava aquela vida – viver novas aventuras e conhecer novos lugares, ainda mais na companhia da melhor amiga.
― Na verdade, eu não sei, amiga, mas é algo que não está mais me fazendo bem. Eu sinto falta dos meus desenhos, sinto falta da minha vó, sinto falta de mim. ― tinha uma feição desanimada, e sabia que a amiga estava no seu limite.
― Meu amor, você tem que fazer o que for melhor pra você. Pensa direitinho. Temos uma viagem longa pela frente, e, independentemente de qualquer coisa, eu sempre vou estar aqui pra te apoiar e te amar. ― A mais nova disse, sorrindo, deixando o ambiente mais confortável.
Elas estavam indo para o último destino da turnê de . Brasil, a terra natal da garota, foi escolhido como palco final daquela maratona de shows que ela havia feito por muitos lugares do mundo.
Lá nas nuvens – pensando sobre tudo e se sentindo vazia –, teve a certeza de que amava os palcos e seus fãs e era muito grata por tudo que tinha conquistado graças a eles, mas nada daquilo era verdadeiramente o grande amor da sua vida. Sentia falta da sua privacidade e de ter alguma noite sem ter que tomar algum tipo de remédio para que sua mente desligasse e a deixasse descansar.
Queria verdadeiramente aproveitar tudo aquilo, queria ser forte o suficiente para não se quebrar lentamente como vinha fazendo, mas não conseguia. Aquilo não fazia bem a ela, e, se continuasse, talvez não conseguisse seguir em frente e acabaria por se perder no meio do caminho, como tinha acontecido, de fato, com muitos artistas que ela conheceu e acompanhava quando mais nova.
O contrato com a gravadora iria encerrar dentro de algumas semanas – e ali, vendo um vídeo de apresentação de , ela decidiu que preferia lutar sempre por quem era e acabar sozinha do que se perder ao tentar ter o mundo todo.
― Tem certeza disso, meu amor? ― A mãe de perguntou, apreensiva, para a filha no último momento das duas no backstage do show, antes da mais nova subir ao palco.
― Tenho, mãe. Me desculpa por decepcionar vocês e parecer até mesmo ingrata por tudo que todos vocês vêm fazendo por mim. Como eu já conversei com a senhora, é algo que vem me quebrando aos poucos, e eu gostaria de permanecer inteira. Não quero perder quem eu sou de verdade. ― A voz de estava embargada, e as lágrimas, prestes a cair.
― Xiu! ― A mais velha abraçou a filha ― ‘Tá tudo bem, meu bebê. O ser humano que você se tornou é de quem eu mais me orgulho, não pelo que você tem. Seu caráter é lindo, e vamos sempre apoiar as suas decisões. ― Ela acariciou as costas de , e elas ficaram naquela posição por alguns minutos. ― Você já conversou com a sua gravadora, meu anjo? ― A mulher perguntou, ainda com os corpos unidos.
― Já sim, mãe. Estão todos cientes, e eu quero fazer isso aqui, na minha terra natal.
― Chegou a hora! ― adentrou o pequeno cômodo, informando sobre o horário. Todos estavam lá por – eram sua força e sua felicidade.
O show foi o mais incrível de todos os tempos. A energia estava incrível, tanto pelo lado de , quanto dos fãs. Luzes brilhavam do palco e no mar de gente que cantava todas as músicas do começo ao fim. Tudo aquilo deixou a despedida da garota mais dolorida e mais linda também
― O show de hoje é três vezes mais especial pra mim. ― começou o discurso antes da última música do show. ― Porque é aqui, na minha terra natal, junto das pessoas que eu amo. ― Ela controlava as lágrimas, que insistiam em rolar ― Por ser o último dessa tour maravilhosa, que a verdadeira estrela foram vocês, meus fãs lindos, e eu não poderia estar mais grata e feliz por isso. ― Estava agarrada ao microfone, com uma bandeira do país enrolada no corpo. ― E a terceira coisa é uma novidade que talvez não seja tão boa assim, mas é o que vai me fazer bem de verdade. Vocês me fazem um bem danado. ― Apontou para todos os lados do estádio, que estava lotado de pessoas. ― Cantar me faz bem demais, mas esse também é o último show da minha carreira. Eu decido por parar por aqui, não renovar meu contrato, que se encerra em breve, não assinar com ninguém e me afastar dos palcos, pelo menos por enquanto. ― falava em meio às lágrimas, mas com o coração totalmente leve. Estava decidida, e, por mais que aquilo tudo fosse angustiante, era também libertador. O local estava tomado pelo silêncio do público. ― Eu amo muito todos vocês, todos os meus fãs e apoiadores, todas as boas energias que chegam até mim. Espero, do fundo do meu coração, que me entendam. Muito, muito obrigada por tudo mais uma vez. Eu não sou ninguém sem o amor de vocês.
Ela finalizou o discurso limpando as lágrimas e com uma explosão de aplausos, que fez com que se sentisse abraçada por quem mais importava para ela naquele momento, que eram as pessoas que deram sua voz e vez. Os fãs reagiram melhor do que ela esperava, e não cabia mais num sorriso tanta felicidade e sensação de dever cumprido.
O show acabou da forma mais linda do mundo, com uma energia que não se dissipou, mesmo depois do anúncio, e o coro de “eu te amo” com mais de 50 mil vozes nele – que encheu o coração da garota com todo amor que ela sempre sentia quando estava perto dos fãs.
Algumas coisas e comentários maldosos e negativos rondavam as redes sociais naquele momento, mas ela definitivamente não queria pensar naquilo. Logo após o encerramento, se encaminhou para o camarim.
― Foi um show lindo. ― Uma voz grave masculina, conhecida, invadiu todos os sentidos de . Assim que colocou os olhos na figura alta que estava poucos metros à sua frente, sentiu o coração errar algumas batidas. Quase não acreditou.
? ― Ela esfregou momentaneamente os olhos. Podia ter desmaiado depois que saiu do palco e estava alucinando. A emoção que sentiu foi grande, podia muito bem ser aquilo.
― Oi, , você está radiante. ― Ele disse, se aproximando dela e apertando-a em um abraço. ― Você tem certeza de que é isso mesmo que você quer? ― A voz dele era reconfortante, e aquele abraço parecia o paraíso.
― Eu pensei muito sobre tudo isso, sabe, e tinha como me perder pelo caminho. Eu estou realmente muito longe do que realmente quero pra minha vida. Eu quero voltar a desenhar, quero poder cuidar da minha avó, quero viajar por aí e fazer coisas normais, que não envolvam pegar um jatinho e passar mais tempo dentro dele do que com as pessoas que me amam por quem eu sou, e não pelo que eu tenho. ― Apertou mais os braços em volta do corpo do rapaz para se certificar de que não era de fato uma alucinação. ― E o que você está fazendo aqui? ― Se afastou um pouco para olhar o rosto dele e ver um sorrisinho nascer em seus lábios.
― Então, talvez a amiga de alguém, que, por acaso, namora o amigo de alguém, tenha deixado escapar sobre o show de hoje e, como estamos com algum tempo livre, aqui estou. ― Ele sorriu aberto, e ela quase morreu ao ter novamente aquela visão tão de perto.
― Não sorria assim, eu ainda não superei a gente. ― foi sincera e abaixou a cabeça.
levantou o rosto de e sustentou seu olhar no dela por alguns longos segundos.
― Eu fico feliz em saber disso. Também não superei o que tivemos e, na realidade, eu nem sei como estou em pé aqui na sua frente sem derramar uma lágrima sequer. Foi tão difícil. ― Aproximou o rosto do dela. ― Eu ainda te amo tanto. ― Ele finalizou e iniciou um beijo lento e calmo, cheio de saudades e desejos.
se sentiu completa naqueles lábios, como há muitos meses não se sentia. Sentiu cada parte do seu corpo viva, como se ele fosse a tomada que ligava todas as luzes que piscavam dentro dela, e tudo que a estava deixando magoada nos últimos tempos parecia ter ido embora.
voltou para Dallas com a avó depois de tudo aquilo, de ter se acertado com a gravadora, assessores e afins, que cuidavam de sua carreira. voltou para a Coreia, e eles seguiram a vida e seus sonhos, só que, dessa vez, juntos – um na vida do outro, um sendo a força que o outro precisava. Com os horários mais flexíveis, conseguiram manter a relação, sempre arrumando tempo entre um compromisso e outro do rapaz, ou um trabalho da faculdade e outro da garota. Mesmo depois que ela já estava em um emprego fixo, eles continuavam dando um jeito de nunca mais saírem da vida do outro.


Epílogo

― Caramba, , eu vou embora sem você. ― disse na porta do elevador do andar do apartamento em que as duas dividiam.
― Se acalma, meu biju. ― gritou de dentro do apartamento. ― Eu já vou! ― escutou o barulho de algo caindo pelo chão do local.
, meu amor, se esse elevador chegar, eu juro que te deixo aí. ― riu sozinha depois que terminou a frase, se lembrando do passado. Assim que parou de rir, ouviu o barulho do elevador, anunciando a sua chegada. ― Tchau, meu biju. ― Ela gritou do corredor e viu tropeçando nos próprios saltos, quase deixando a porta do apartamento aberta.
― Deus! Por que eu aceitei isso? ― A mais nova resmungou enquanto ajeitava o vestido longo azul marinho no corpo.
― Porque você me ama e não cabia mais ninguém nesse lugar a não ser você. ― disse, sorrindo um sorriso largo.
― Não me faça chorar. Se eu borrar essa maldita maquiagem, eu te mato. ― disse, abraçando forte a amiga.
As duas chegaram com dois minutos de atraso – não chocando ninguém. vivia atrasada para os compromissos, e um atrasinho estava incluso no protocolo daquela cerimônia.
Assim que saiu do carro, sentiu uma onda forte de emoção e ansiedade invadir o corpo todo. Ver seu pai a postos, esperando na porta, a deixou ainda mais emocionada.
As cenas seguintes passaram em câmera lenta na mente dela. As pessoas sorrindo e muito bem arrumadas, a decoração impecável e lindo, esperando, emocionado, no altar.
Os dois já estavam juntos há três anos. Depois do final da carreira de , ela estava muito bem no ramo em que seguiu depois que parou de cantar. Era ilustradora de quadrinhos. Seus desenhos estavam cada dia melhores e, há um ano e meio, se mudara com a melhor amiga para a Coreia. Tinha recebido uma proposta muito boa de uma editora de manhwa* e estava super feliz.
também estava fazendo muito sucesso com o grupo, tanto dentro quanto fora do país. Aquele momento foi o que eles escolheram para concretizar as metas. Os dois estavam seguindo verdadeiramente seus sonhos, fazendo suas coisas, e o melhor de tudo era que estavam vivendo aqueles momentos incríveis juntos.
Assim que o mestre de cerimônias finalizou a união, os dois deram um beijo tímido, devido à presença da imprensa no local. E ali estavam, o senhor e a senhora , os dois melhores sorrisos, cercados das suas pessoas favoritas no mundo. Felizes, como tinha que ser.

*Manhwa é um termo geral coreano para designar histórias em quadrinhos.


Fim



Nota da autora: Booooom gente, essa fic era pra ter entrado no ficstape do svt (e eu fiquei triste demais com isso, porque antes de terminar ela e entrei em um bloqueio filho da mãe) mas não desisti da minha neném, então aqui está ela. Eu sou perdida de amor nessa estória, porque essa PP é maravilhosa, e talentosa e tudo que eu não sou kkkk então digamos que ela é uma projeção de tudo que eu desejava fazer, mas com meu total de 0 talentos eu não consigo, mas é isso, eles se conhecem no american idol (imagina que delicia) e seguem mesmo longe um da vida do outro apaixonados e eu amo isso, e amo mais ainda que eles não deixaram de seguir suas convicções para ficarem juntos, o destino se encaminhou de unir esse amor e é isso, eu amo essa neném e espero que vocês gostem também.
Como sempre quero deixar meu beijo pras minhas meninas do Aquário, sem as quais eu não teria nenhuma linha publicada até hoje. EU AMO VOCÊS GAROTAS.

ps: Ah minha lista de fic vai estar aí embaixo, mas ela atualizada vocês podem achar, tanto no grupo de autoras de kpop que temos em conjunto com algumas autoras do site, clicando no ícone do Facebook, quanto na minha página de autora aqui do site, que é só clicar no ícone com o F do Obsession. Meu tt tá sempre disponivel também, podem me gritar por lá, aqui pela caixa de comentários ou onde me acharem kkkkkk
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS





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