Enviada em: 21/11/2019

Capítulo Único

encarou o copo vazio em sua frente, e olhou ao redor, tentando encontrar o garçom.
- Ei, me vê mais uma dose. - Ele pediu, vendo o garçom revirar os olhos.
- Já estamos fechando, cara. Hora de ir embora. - O homem respondeu enquanto secava alguns copos com um pano de prato.
- Só mais uma. - Insistiu, se levantando, sentindo tudo girar logo que o fez.
- Acabou pra você por hoje. - Respondeu simplesmente. - Vou ali dentro fechar o caixa, e quando eu voltar, não quero mais te ver aqui.
bufou contrariado, mas seguiu para fora do bar cambaleando, se apoiando nas paredes do lado de fora quando saiu. A brisa fria bateu em seu rosto e ele encolheu um pouco o corpo. Se sentou no meio fio, no meio da rua vazia, e pegou a carteira de cigarros de seu bolso, acendendo um rapidamente, levando-o até a boca, dando uma longa e profunda tragada. Seu estômago revirou e ele sentiu que poderia vomitar a qualquer momento. Fazia tanto tempo que não fumava. Com a mão livre, procurou seu celular no bolso, desbloqueando-o.
Sentiu seu coração se apertar excessivamente quando viu o plano de fundo.
Porém, tão rápido quanto a foto apareceu, ela sumiu.
- Merda. - Xingou, batendo o celular na perna, como se aquilo fosse fazer o aparelho se carregar magicamente.
Claro que não adiantou.
bufou, guardando o aparelho.
Mesmo assim, a foto permaneceu em sua mente.
Era uma foto dele e de , abraçados, sorrindo um para o outro, no dia em que descobriram que ela estava grávida pela terceira vez.
Era a última chance dos dois.
E então, todas as memórias dos últimos meses voltaram a sua mente.
Era extremamente triste e doloroso pensar que ele e a esposa - ou ex esposa? - tinham chegado naquele ponto.
A gravidez tinha sido perfeita, diferente das outras, conseguiu manter o bebê até os seis meses, sendo que nas outras duas não havia passado do terceiro e quarto mês. Dessa vez, estava confiante, tinha até aceitado montar o quartinho do filho ou filha, optando pela cor amarela, já que não queria descobrir o sexo. Tudo estava correndo muito bem. Eles mal podiam acreditar que realmente seriam pais.
Até que o inesperado aconteceu.
Os pais de faleceram de repente em um acidente de carro e, por ser filha única, e já ter o constante medo dentro de si de, um dia, ficar sozinha no mundo, ela se perdeu dentro de si mesma. O trauma foi tão, mas tão grande, que o estresse acabou causando a morte do bebê - que só depois eles descobriram ser um menino.
E isso foi o estopim, não só para que ela se perdesse, mas para que o relacionamento dos dois afundasse completamente.
sentiu seus olhos arderem, acendendo rapidamente outro cigarro enquanto se levantava cambaleante, tragando-o de maneira profunda, começando a andar sem rumo pela rua.
Fazia quatro meses que tudo isso tinha acontecido.
E havia o deixado. Na verdade, ele havia sido consequência.
Ela havia deixado a si mesma.
E, para , isso doía mais do que o fim do relacionamento dos dois.
Todos os planos, as promessas, os sonhos, tinham ido por água abaixo. Ele a viu se perder dentro de si, sucumbindo a tristeza, a depressão e a solidão. Não se lembrava de tê-la visto chorar uma vez sequer desde que tudo tinha acontecido. Era como se algo dentro de tivesse se desligado. Era como se... Ela tivesse perdido sua humanidade.
E ele não a julgava.
Filha única, o sonho dela sempre foi ser mãe, e ter uma família grande e feliz. E isso foi tirado dela não só uma, nem duas, mas três vezes.
não conseguia entender como alguém tão doce, tão cheia de vida e tão alegre podia morrer, ainda em vida, dessa maneira.
E isso o entristecia imensamente.
Mesmo assim, em um pequeno pedaço de seu coração, ele ainda mantinha uma faísca de esperança de que, um dia, mesmo longe dele, encontraria o caminho de volta para si mesma.
Pensando nisso, ele decidiu tentar, apenas mais uma vez.
"A última", prometeu silenciosamente a si mesmo.
Viu um orelhão um pouco mais a frente e acelerou o passo, tirando o telefone do gancho e discando os números que provavelmente nunca esqueceria, nem se quisesse.
Tu.
Tu.
Tu.
- Alô? - A voz sonolenta de atendeu, e sentiu seu coração dar um pulo.
- ? - Ele disse um pouco relutante. Não houve resposta além da respiração da mulher. - Eu...
- O que você quer? - Ela perguntou friamente.
- Conversar. Por favor, eu só... Preciso conversar. - Encostou o corpo na cabine do telefone público. Novamente recebeu o silêncio como resposta. - Como você tá?
- Respirando. - Foi a única coisa que ela disse.
sentiu seu estômago se revirar, se sentindo extremamente burro, pois não sabia o que falar.
A linha seguiu muda até que ele decidisse dizer algo.
- Eu... Sinto sua falta. - Disse baixo, mas alto o suficiente para que ela ouvisse. Ouviu um suspiro pesado. - Eu tô tão machucado, ... Eu não... - Passou a mão livre pelos cabelos, bagunçando-os. - Dói tanto.
- Eu não me importo. - Ela respondeu simplesmente, e, mesmo não sendo a primeira vez que ouvia aquilo, as palavras o atingiram como facas afiadas em sua barriga.
- Eu não acredito em você. - mentiu, pois, bem no fundo, àquela altura da situação, ele sabia que era verdade.
- Eu vou desligar. - avisou.
- Não! - Pediu alto. - Espera, eu... Espera. - Suspirou enquanto uma lágrima solitária escorria. - Você... Você imagina como ele era?
- Ele morreu. Não quero e não vou imaginar. - Respondeu friamente.
- Eu imagino que ele tinha os seus olhos. O cabelo eu vi que era meu. - Sorriu triste ao se lembrar de quando segurou o corpinho falecido do menino nos braços. - O nariz... O nariz também era seu, assim como a boca.
- ... - o interrompeu, mas ele não parou de falar.
- Acho que ele teria a sua personalidade, sabia? - Fez uma pausa ao imaginar como seria. - Nós tínhamos tantos planos, e...
- Tínhamos. O bebê morreu e nós dois não existimos mais. - Mais uma vez ele sentiu como se estivesse sendo agredido.
- , por favor... Você não sente mais nada? Falta do que tínhamos? Dos planos que fizemos, das promessas... Na saúde e na doença, lembra? Seríamos felizes para sempre, e... - Mordeu o próprio lábio com força, balançando a cabeça em negação - Nada? - Perguntou, aquela pequena faísca de esperança ardendo dentro de si.
Houve uma pausa.
Um silêncio, apenas um momento, que pareceu uma eternidade.
E, quando ela voltou a falar, teve seu coração quebrado.
Mais uma vez.
- Não. Adeus, .
Tuuuuuuuuu.
O telefone escorregou de sua mão e caiu, ficando pendurado pelo fio, balançando para lá e para cá, enquanto ele caía sentado no chão.
Então, era realmente isso.
As promessas que fizeram sobre serem felizes para sempre não significavam mais nada.
Tudo o que eles construíram juntos foi destruído.
O sol, que sempre brilhava para ambos, havia se posto.
E não podia estar mais quebrado.


FIM



Nota da autora: Fic extremamente curtinha e bem triste, nada de novo vindo de mim hahaha Espero que tenham gostado, não deixem de comentar, por favor! <3


   

   

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