Capítulo Único
“I told you I'd ride this out
It's gettin' harder every day
Somehow,
I'm burstin' out of myself
vinha de uma família respeitada em toda a cidade. Anos e anos sendo uma das maiores famílias no ramo automobilístico. Suas oficinas, que começaram lá atrás com seu bisavô, que por sua vez havia ido do Brasil para a Coréia quando esta ainda era unificada, se apaixonou e se casou com uma linda mulher coreana. Muitas coisas haviam acontecido com aquela família, que, mesmo tendo toda uma estruturação coreana, ainda carregada o sangue e muitas tradições latinas.
Com o passar do tempo, a pequena oficina aberta pelo bisavô, intitulada como Morin’s, se tornou a maior marca de oficinas de toda Seul e estava prestes a dominar o país todo.
Na época em que , seu tio mais novo, assumiu os negócios da família, era somente uma criança, seu avô tinha acabado de morrer, seu tio mais velho estava morando com sua esposa e filhos no Brasil e sua mãe não tinha a menor vontade de comandar os negócios. Ela era a filha do meio, das três crianças que seus avos tiveram. Adorava trabalhar na parte jurídica, havia estudado e ainda fazia uma especialização na área, justamente para poder administrar todo o império e não ter jamais que fazer o “trabalho sujo”, que era lidar com aqueles homens irritantes e mal educados que vira e mexe se filiavam a eles. Além de detestar com toda a sua alma corridas.
Nos anos em que o avô de comandava, já o auxiliava e foi ele quem deu a ideia e encabeçou todo o esquema de corridas. De início, as competições eram somente alguns rachas para exibir os trabalhos feitos com os carros tunados e divulgar a rede de oficinas pros corredores que precisassem de qualquer auxílio ou reparo em seus carros. Eles não tinham medo de associar o nome da empresa a essas coisas “fora da lei”, já que muitos magnatas e gente importante frequentava esse tipo de “eventinho” e era disso que a Morin’s sobrevivia – dinheiro e pessoas poderosas. Não de boa fama ou aprovação de quem quer que fosse.
A família sempre foi muito unida. era filha única de sua mãe e, tirando os primos do Brasil, era a única mulher de três netos que o mais velho deixou, na Coréia. Seu tio, que era o chefe depois da grande perda que a família teve, tinha dois filhos e nenhum deles quis seguir seus passos. O filho mais velho entrou para a polícia e, vez ou outra, ajudava com algumas informações para auxílio em alguma vingança ou acerto de contas, quando os homens de não conseguiam se virar. E o mais novo tinha apostado suas fichas nas artes, tinha se formado em cinema e era um diretor de cinema aspirante, seu sonho era ser famoso, então estava tentando a sorte nos Estados Unidos.
pouco tinha interesse em assumir o cargo também. Sua paixão mesmo eram as corridas. Antes de tirar a carteira de motorista, já dirigia escondida de sua mãe. O carro de treino na pista que seu tio tinha feito para treinamentos e testes dos novos carros e ela era muito melhor que qualquer um dos pilotos ali. Até a chegada de .
era um rapaz, poucos anos mais velho que ela, que chegou até os depois de salvar a vida de em uma emboscada que ele tinha caído com um “parceiro” de negócios, há algum tempo atrás. Depois de um tempo, a família toda meio que abrigou ele e fez com que ele virasse, não só parte deles, mas também o piloto oficial dos negócios.
Antes de conhecer os , competia em corrias menores, mas havia feito aquilo sua vida toda, então era mais que qualificado para o cargo. Tinha cortado laços com a família e qualquer coisa ou pessoa que viesse de sua cidade natal. Não tinha se envolvido com pessoas boas e os negócios que o deixavam orgulho lá, pelos que acreditavam ser a base de sua vida. E quando a dor de ser traído por eles e o peso de tudo o que vinha vivendo por lá foi grande demais, o rapaz fugiu da cidade e assim que virou parte da família de , pelos serem uma família bem influente, eles pagaram a dívida do rapaz e conseguiu se livrar de todo o peso que carregava nas costas e, em troca, ele trabalhava duro para quem o acolheu tão bem.
Ele era apaixonado pelas pistas e ainda lutava como ninguém. Ensinou novos tipos de defesa pessoal para , que já era ótima dando uns socos por aí, e sempre acompanhava a mulher em seus treinos de boxe e MMA.
adorava lutar e dirigir, pensou que se não fosse uma coisa seria outra, mas nunca almejou ser dona de todo império da Morin’s um dia.
Ela sentiu o gostinho do poder pela primeira vez aos dezoito anos, quando seu estimado tio estava em uma viagem de negócios fora do país, para a expansão comercial das oficinas e seus serviços. Estava em contato com os países vizinhos para fechamento de contratos e expansão dos novos horizontes para a marca. Nessa época alguns funcionários acharam que conseguiriam tomar conta dos negócios no lugar dos .
Alguns anos atrás...
― Não, tio. Eu entendi tudo muito bem. Qualquer coisa peço para ficar de olho. Pode deixar. Fica bem, se alimente direito e volte logo!
desligou a ligação que estava com e deitou a cabeça na mesa de madeira maciça que ficava na sala do mais velho. Era meio sufocante ficar naquele lugar, mesmo tendo um espaço considerável e grandes janelas. Toda aquela aura de chefiar as coisas era bem estressante.
Ela já esteve naquela sala muitas vezes, mas nunca como “chefe”. Sempre ajudava seu tio com as coisas da empresa e ia lá às vezes encher o saco do homem para que ele a deixasse competir em algumas das corridas. Mesmo sendo um cargo honorário enquanto não voltava para a coréia, era um grande peso para ela.
― Senhorita? ― chamou da porta que estava entreaberta.
―Sim? ― disse, levantando a cabeça com dificuldade.
― Estamos tendo um problema na loja três. ― O homem se aproximou com um tablet nas mãos.
― Aqueles imbecis! ― disse ao ver as gravações e constatar que alguns funcionários estavam tratando mal alguns de seus mais antigos clientes, tendo conversas sobre negócios com pessoas as quais os não faziam a menor questão de se aliar.
― Aparentemente, eles acham que a Morin’s está às moscas. ― disse um tanto quanto impaciente. ― Se a senhorita quiser eu posso dar um jeito. ― Ele foi extremamente solícito, estava realmente afim de colocar um basta naquilo.
― Eu estou cansada disso, . Semana passada foi a mesma coisa na loja sete, ontem na cinco e hoje na três. ― se esparramou na cadeira, exausta. ― Marca, pra mim, uma reunião no galpão principal com todos os nossos funcionários, os das oficinas, seguranças, pilotos, e qualquer outro homem que preste qualquer tipo de serviço pra gente, por favor. ― Ela desbloqueou uma das gavetas que era trancada por senha, separando em cima da mesa, uma pistola, munição e um saquinho de camurça para colocar as coisas dentro.
― Certo, pra quando? ― O mais velho perguntou, observando o que a garota fazia, quando ela começou a colocar as balas no tambor da arma.
― Amanhã, no final da tarde. ― Respirou fundo, colocando as outras munições que sobraram na mesa dentro do saco. ― Preciso visitar minha mãe pela manhã. ― Guardou tudo em sua bolsa, pegou mais alguns pertences que estavam pela sala e se encaminhou para a saída.
― Garanto que todos estarão lá. ― Ele anotou algo no tablet em suas mãos. ― Já está indo? Quer que eu leve a senhorita? ― Foi solicito, abrindo um grande sorriso.
― Obrigada, , mas eu vou passar algum tempo na academia ainda. Qualquer coisa você me liga, tudo bem? ― Ela foi gentil e abriu um grande sorriso também, saindo da sala.
estava cheia de toda aquela situação. As ordens eram claras, tanto sobre o tratamento com os clientes, quanto, e principalmente, sobre negociações e parcerias com quem quer que fosse em nome da Morins. Ainda mais quando era com pessoas da “lista restrita” da família.
Os funcionários, quando ficaram sabendo que ficaria no comando dos negócios no lugar de , que era quem vinha assumindo o lugar de , até então, durante suas ausências, por se tratar do braço direito do , pensaram que, por se tratar de uma “garotinha mimada, inexperiente e burra”, a Morin’s , durante esses meses de distanciamento de , viraria terra de ninguém, sem comando e sem ação. Alguns dos empregados acharam um absurdo “deixar” o cargo, mesmo que por um breve momento, nas mãos de alguém, que, na visão deles, era fraca, frágil e incapaz de gerenciar um império daquele tamanho.
sabia que iria ser difícil, quando o tio a convenceu que era a hora de experimentar a chefia e tudo o que vinha com ela para ter plena certeza de que não era nada daquilo que ela queria. Ela aceitou, pois sempre estava envolvida nas coisas internas e, muitas vezes, já ajudou dando ideias ao mais velho. Se ela não quisesse chefiar tudo, pelo menos teria uma experiência para ser alguém como sua mãe lá dentro entre uma luta e outra se fosse o caso.
via um potencial absurdo na sobrinha, sabia que aquela paixão pelo poder que corria nas veias dele, também pulsava nas dela. só precisava acordar todo aquele sentimento, mas eles não imaginavam que seria tão complicado lidar com tantos homens babacas de mente fechada.
Chegou à academia, que era da família e que ela usava como segunda casa, pois passava mais tempo lá do que em qualquer outro lugar do mundo. Amava o boxe e toda aquela atmosfera de luta. Precisava urgentemente extravasar sua raiva e frustração. Era odioso ser tratada como nada, só por ser mulher. Mesmo que seu sobrenome fosse imponente e forte, de nada valia, pelo simples fato do machismo existir e imperar naquela sociedade.
Dentre as coisas que a desmotivava a tomar conta dos negócios da família, aquele tipo de estresse e pressão era o que mais pesava na decisão dela. Se fosse qualquer um dos outros primos, mesmo eles sendo zero engajados no que acontece internamente na Morin’s e até quando seu tio e avô assumiram, não tiveram ou teriam de provar nada a ninguém, seriam e foram aceitos apenas por ser um do sexo masculino. Sabe que os mais velhos em sua família não tiveram que mostrar nenhum tipo merecimento para serem aceitos como chefes.Para ela, além de todo o estresse natural do cargo de ficar a frente de uma gama tão grande de lojas, corridas e colaboradores, ainda tinha aquilo de provar todos os dias que merecia ocupar aquele lugar.
Duas horas depois e ela ainda socava o saco de areia, quando seu celular começou a tocar:
― Notícias boas, por favor. ― atendeu ao telefone um pouco ofegante pelos exercícios.
― Tenho duas notícias, uma, digamos que boa e a outra ruim. ― respondeu com um tom desanimado.
― Ah não, ! Pelo visto a notícia ruim supera a boa, não é? ― Ela riu de desespero.
― Sinto muito. Vou falar a boa primeiro. ― Ele soltou um longo suspiro.
― Manda ver. ― Ela estava menos estressada pelos exercícios feitos e, talvez, não ficasse tão abalada.
― Bom, consegui contato com todas as pessoas que a senhorita pediu, agora é só esperar que eles compareçam. ― O tom de voz dele era mais relaxado naquele momento.
detestava ver como aquelas pessoas tratavam . Ela era totalmente atenciosa e sempre que dava estava no escritório central aprendendo e ajudando . Fora os trabalhos que já fazia de forma fixa, como representante da marca em eventos e promovendo o nome nas redes sociais e ciclos sociais mais jovens. Fora nas corridas, nas quais ela quem fechava todos os contratos em nome da Morin’s e corria vez ou outra, deixando o tio de cabelo em pé. Como era emancipada desde os 16 anos, conseguia atender todas aquelas demandas. A mãe não queria, mas a garota insistiu. Sabia que precisava ajudar de uma forma ou de outra e arrastar a mãe por um mero detalhe jurídico para essas coisas, seria perda de tempo.
, na visão do homem, que já trabalhava há anos ao lado de , era a pessoa certa para aquele cargo, quando fosse o momento certo de renovação. Muitas vezes era mais brilhante e inteligente que o próprio tio.
― Tivemos duas pessoas que receberam a notificação, mas não confirmaram a presença. ― Ele limpou a garganta.
― Depois me passa os nomes, vou monitorar. ― respondeu, respirando fundo.
― Vamos para a coisa ruim. ― ficou sério. ― Então, tivemos uma reincidência na loja sete. ― Ele suspirou frustrado.
― Olha, , isso é um desrespeito sem tamanho, nós demos a porra da advertência, isso só pode ser brincadeira. Não dá mais pra manter esse gerente. Ele confirmou a presença amanhã? ― Ela estava visivelmente desapontada.
― Confirmou sim. Com tom de deboche e desdém, mas confirmou. ― Ele foi sincero.
― Pois bem, . Muito obrigada por tudo hoje. Pode ir descansar, você é o melhor. ― disse em um tom descontraído e gentil. Não podia jogar sua frustração em cima do homem. Ele, quando seu tio não estava por perto, parecia ser o único que estava do lado dela, no meio de toda aquela loucura.
― Boa noite, . Vê se não fica aí até tarde, se alimente e descanse. ― Ele foi mais informal, como ela gostava que ele fosse. E ele realmente se preocupava com o bem estar da garota.
Após encerrar a ligação, sentiu seu corpo todo fervilhar de raiva. Chegava a ser ridículo – homens, adultos, que deveriam ser responsáveis, pois ocupavam cargos de liderança em seus postos de trabalho, se comportarem daquela maneira, como crianças birrentas. Nem as crianças da atualidade se portavam como aqueles homens.
A cada soco que voltava a dar naquele saco de areia, lágrimas escorriam pelo seu rosto. Era como se toda a existência dela fosse simplesmente apagada, só por ela ser uma mulher. Como se a voz dela não existisse. Aqueles homens estavam tentando calar tudo e qualquer coisa que ela tentasse falar. Quantas outras vezes, mesmo com todo o apoio de sua família, já havia se sentido daquela forma, invisibilizada e calada. Era um sentimento amargo de se engolir.
Era com certeza uma das sensações mais horríveis que ela já sentiu na vida. Sentia como se sua vida fosse menos importante. Não podia se permitir sentir isso, principalmente por causa de um monte de homem escroto e babaca.
Precisava fazer algo por si. Cansada já nem era a palavra certa. Estava esgotada de ser tratada daquela maneira, ainda mais estando onde estava no momento, na frente de toda aquela merda de empresa, de precisar de uma que uma voz masculina, seja de seu tio ou de , para reforçar o que ela falava, ou para repreender pessoas para que elas a obedecem para validar qualquer fala dela dentro daquela merda.
Estava no seu limite, e aquela reunião do dia seguinte, seria primordial para que sua voz fosse ouvida, junto de sua fala de uma vez por todas, sem intermediários ou qualquer homem para que os outros a entendessem e a respeitassem como a chefe que ela era. Independente de ter no país ou não, eles teriam de respeitar a porcaria da hierarquia que a colocava acima deles há todo momento. Sem choro e sem mimimi de macho.
Nunca chorou tanto na vida, como chorou aquela noite socando o saco. Nem quando perdeu seu avô, que era como um pai para ela, se sentiu tão invadida, tão destruída. Perder um ente querido era dolorido, mas “perder” sua existência ainda estando vida, por causa de homens tão repulsivos, babacas e misóginos doía mil vezes mais.
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Na manhã seguinte, era praticamente uma nova pessoa, estava mais animada e mais confiante que nunca.
― Mamãe? ― chamou a matriarca da sala da casa da mesma. Tinha usado sua chave reserva para entrar na residência.
― Bebê! ― A mais velha respondeu animada da cozinha. ― Aqui na cozinha, meu amor. Mamãe está preparando o café da manhã. Seu preferido: omelete de queijo.
― Mamãe, não precisava se cansar, eu trouxe comida para o café da manhã, passei na nossa padaria preferida. ― respondeu, já entrando no cômodo e avistando a mulher em frente ao fogão, mexendo na frigideira.
― Minha filha é tão preocupada com sua velha mãe. ― Ela sorriu e depois de tirar os ovos da panela, foi até a mais nova e a abraçou forte.
― A senhora não é velha, mãe. Para com isso. ― retribuiu o abraço, apertando ainda mais. E depois que separaram o contato, ela colocou as sacolas com as comidas sobre o balcão.
― A que devo a honra da ilustre presença da minha única filha que esqueceu que tem mãe e agora é babá de infinitos marmanjos? ― A mãe de disse, apontando a mesa, para que a filha se sentasse.
― Cheia de gracinha a senhora, não? ― ajudou a mãe a colocar as coisas na mesa, antes de se sentar. ― Senti saudades da pessoa mais importante da minha vida. ― Terminou de colocar os pães doces sobre o móvel e abraçou o corpo da mãe por trás.
― Sei, sei, senta sua bunda aí na cadeira pra comer, não me atrapalha, vai. ― Ela riu, dando um tapinha na bunda da filha e voltando para o fogão para pegar o chá que tinha feito, quando a soltou. ― Não sei como aquele irresponsável do seu tio some por tanto tempo e deixa os negócios nas suas costas. Uma criança ainda. ― Resmungou, enquanto tirava a bebida quente do fogo e se esticava para pegar as xícaras no armário.
― Mamãe, eu não mais uma criança tem muito tempo, aliás. ― protestou, formando um bico.
― Você ainda está no colégio, . Acabou de sair das fraudas. ― A mais velha retrucou.
― Mas, mãe, eu já tenho dezoito anos e a senhora sabe que um dia eu vou ter que aprender as funções de chefia de qualquer forma. ― Ela encheu a xícara com o líquido quente da chaleira.
― Não. Se você não quiser, não precisa não, você nem gosta disso.
― Eu não gosto do fato de ter que validar tudo que eu faço por ser mulher, mamãe. ― baixou o olhar para a fumaça que saia da xícara que tinha em mão.
― Mas, você sabe que em qualquer lugar que vá ou fizer algo, vai ter alguém querendo invisibilizar sua existência ou calar a sua voz, seja nessas malditas corridas que você tanto gosta, no boxe, MMA, ou à frente da Morin’s. Cabe somente a você deixar que isso te afete ou afete seu desempenho profissional, docinho. Daí, ou você abaixa essa sua linda cabeça e dá a eles o que eles querem, ou mostra quem é que manda e faz com que eles engulam qualquer coisa ou ação contra você. ― A mais velha disse, abrindo um grande sorriso e tomando em seguida um gole de seu café.
― Eu sei, mamãe. Ontem eu percebi que macho nenhum, nem os que prestam, muito menos os que não valem o chão que pisam, merecem que eu me sinta da forma que eu vinha me sentindo nessas últimas semanas. ― enfiou um pedaço da omelete na boca depois da fala.
― Isso aí, meu diamantinho. Nós mulheres temos que ser infinitamente mais fortes pra vencer nessa vida e as são as mais fortes do mundo.
― Obrigada por isso, mamãe. Eu te amo muito, mais do que eu já amei qualquer outra coisa na minha vida.
― Eu te amo, meu bebê!
A manhã seguiu tranquila depois do café. ajudou a mãe com a louça, depois as duas aguaram as plantas e ficaram jogando conversa fora até pouco antes do almoço. Na hora do almoço, tinha um compromisso de negócios com um parceiro da Morin’s. Uma renegociação e renovação de contrato que não podia ser adiada, mesmo que ela quisesse passar mais tempo com sua mãe. Alguns pontos precisavam ser conversados e alterados o quanto antes. tinha assumido aquela função de tratar das renovações e ou alterações de contrato com os parceiros, antes mesmo de sair em viagem. Então, boa parte dos aliados já a conheciam e respeitavam como porta voz da empresa.
O almoço, como o café da manhã, foi muito tranquilo. Formalizou e reestabeleceu a parceria entre as suas partes e ainda estendeu o acordo por mais dois anos. Comeu uma comida realmente deliciosa como há muito tempo não comia. Era sua primeira vez naquele restaurante, era novo na região e já estava na lista de preferidos dela.
Quando chegou ao escritório, faltavam poucas horas para a reunião e uma pilha de papéis para analisar em sua mesa. O dia estava sendo mais puxado do que ela imaginou e tudo ficou ainda mais cansativo quando. no meio das aprovações e análises dos documentos, seu telefone começou a tocar incansavelmente.
― Diga, ! ― atendeu o telefone, sem tirar os olhos do papel que estava a sua frente.
― Cadê o respeito, minha filha? É titio , amado e querido do meu coração, pra você! ― Ele tinha um humor ótimo no tom de voz.
― , eu estou bem ocupada. ― Ela estava concentrada demais nos documentos para retrucar a piadinha dele.
― Falou a grande mulher de negócios. ― riu do outro lado da linha.
― Tá, então você ligou só para tirar sarro da minha cara? ― deixou de prestar a atenção um minuto nos relatórios para checar a hora.
― Ai, , comeu seu senso de humor foi? ― O mais velho falou em um tom emburrado.
― Comi, titio lindo. Agora me diz, a que devo a honra de uma ligação tão ilustre do magnata das redes automobilísticas? ― Ela esparramou o corpo na cadeira, parando o que estava fazendo antes e relaxando um pouco os músculos.
― Linda! ― estava super animado. ― Recebi algumas ligações aqui, de gente reclamando de você. ― Ele falou um pouco mais sério.
― Grande novidade. O que foi dessa vez? Tentei fazer meu trabalho e a quinta série não quis obedecer? ― Ela perdeu qualquer vestígio de importância para aquela conversa, os bebês chorões sempre reclamavam dela.
― Que você marcou uma mega reunião hoje a tarde, fazendo com que as oficinas e outros serviços fiquem nas mãos das funcionárias mulheres. ― Ele disse, mais relaxado.
― Isso mesmo, mas eu achei que você confiasse em mim e no que eu julgo ser necessário ou não com os funcionários. Se eu fiz isso, é porque tenho um bom motivo. ― entrou, sem nem perceber, em modo defensivo.
― Se acalma, meu bebê, eu nem terminei de falar. Titio só te ligou para te parabenizar. Se esses idiotas não tem decência de respeitar quem quer que seja que estiver no comando, eles merecem ser repreendidos sim. ― A voz dele era terna. ― Só quero te lembrar que você é a mulher mais forte, determinada, aplicada e foda que eu já conheci nessa minha vida e fico imensamente grato por sermos da mesma família.
― Obrigada por isso, tio. Eu te amo.
― Também te amo, bebê. Vai lá e acaba com aqueles imbecis, depois me liga contando tudo. Tenho um jantar daqui a pouco, até mais.
desligou a ligação antes que pudesse responder alguma coisa. Aquela ligação, a conversa mais cedo com sua mãe e as muitas horas socando coisas na academia deram a ela a força que precisava para dar início e sustentar sua posição na reunião de mais tarde.
― Senhorita! ― chamou da porta.
― Grande . ― foi solicita, abrindo um sorriso enorme.
― Acho que deveríamos ir. ― Ele olhou para o relógio em seu pulso.
― Ah, claro. Tem transito agora, né? ― Ela se levantou pegando suas coisas e recebendo somente um aceno positivo com a cabeça do mais velho.
Acompanhou em silêncio até o carro. Lá estava mais um dos homens de confiança do braço direito e os três seguiram juntos até o galpão principal. e conversaram sobre os detalhes alterados do contrato de mais cedo e sobre algumas informações importantes que ela pontuou dos relatórios que analisou aquela tarde.
Chegaram ao local mais cedo do que pretendiam. Mais um grupo de plena confiança do mais velho já estava espalhado pelo lugar, alguns na portaria fazendo controle de acesso e contagem de pessoal. Outros posicionados em pontos estratégicos dentro e fora do galpão.
ficou esperando na sala que ficava no andar de cima do espaço, mais de uma hora até que todos os convocados estivessem no lugar. Todos sem exceção estavam lá. Talvez para assistir, o que a grande maioria, apostou ser uma ceninha ou um grande piti protagonizado pela mulher. Talvez tivessem ido para provocar e ver algum “surto infantil” de , ou só tinham criado juízo e finalmente estavam obedecendo às ordens dela. O que quer que fosse o verdadeiro motivo, estava satisfeita por todos estarem ali.
Assim que a avisou que todos estavam dentro do galpão, ela desceu as escadas de ferro, fazendo o maior barulho possível, queria chamar a atenção para a sua presença ali. Estava vestindo suas botas de salto alto em couro que subiam até um pouco acima dos joelhos, calças jeans em uma lavagem escura e um pouco justa e uma camisa social de mangas longas, em seda verde água - Como era a marca registrada de , talvez uma homenagem ao mais velho e levar uma imagem familiar àqueles homens os faziam assimilar melhor tudo o que ela queria transmitir com aquela reunião. A camisa estava dentro da calça, bem alinhada, seus cabelos presos em um alto rabo de cavalo. Nos lábios, o já habitual batom vermelho, que, com aquela composição de cores das roupas, se destacava ainda mais.
Toda a atenção do local foi diretamente para ela. Assim que ela pisou no último degrau, todo o burburinho e conversas paralelas se silenciaram. colocou a bolsa que carregava junto a seu corpo, sobre uma mesa grande que ficava perto da escada, pegou o megafone e o tablet que estava sobre o móvel também e se aproximou mais da multidão de homens.
― Boa noite! ― disse, olhando para o brilhante relógio de ouro que enfeitava seu pulso, constatando que já era um horário noturno. Havia começado com o cumprimento, mais para testar o objeto em suas mãos do que para desejar aquilo. ― Bom, eu pedi essa reunião aqui hoje para entender e saber se algum de vocês tem algum tipo de problema, com a função e ou serviço que presta pra mim. ― Ela ouviu algumas risadinhas debochadas ao final de sua frase. Mas permaneceu plena. ― Ou se o problema real mesmo é por serem comandados por uma mulher.
Todos seguiram em silêncio e respirou fundo, revirando os olhos.
― Mais uma chance! ― disse, olhando para as unhas que estavam pintadas com um esmalte azul marinho, que começava a descascar.
― Não tem o que dizer, você não é nossa chefe. ― Uma voz masculina no meio da multidão se pronunciou, depois de longos minutos em um silêncio coletivo.
― Certo, senhor... Hum, senhor JP. Gerente da loja cinco, trabalha para a Morin’s há cinco anos e meio. Tem dois filhos, um de seis anos e outro que acabou de completar três e está casado há doze anos, pobre mulher. Mora de aluguel, porque gasta metade do salário em jogos de azar invés de economizar e dar uma vida melhor para a sua família. ― disse, tranquila, sem ler todas daquelas informações em lugar algum, mesmo tendo todas elas no tablet que segurava com a mão livre. No eletrônico haviam todas as informações dos muitos homens naquele lugar. ― E se eu não sou a chefe de vocês, ou sua, né? Porque eu não entendi direito se o senhor é o porta voz de todas as pessoas aqui, ou se fala por si só. Pensei que tinha entendido que dizia em nome de todos, mas vamos deixar esse equívoco momentâneo de lado agora e vamos ao que interessa. ― Ela ainda usava o megafone para que todos ali pudessem ouvir suas palavras, mas já não olhava mais para o grupo de homens, estava agora concentrada em algo no tablet. ― Se eu não sou a chefe, como acabei de enviar a sua demissão para o RH da empresa, agora mesmo? ― Terminou de digitar algo e voltar a olhar para eles, que estavam atônitos e o homem que já tinha dado um passo à frente vermelho como sangue, quase soltando fogo pelas ventas.
― VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO, SUA VADIAZINHA. ― O homem gritou, enraivado. ― Foi quem me contratou, só ele pode me mandar embora. Você acha que somos burros? Temos acesso a informação, sua... Sua vagabunda.
― Primeiro, eu gostaria que o senhor parasse de falar em nome de seus colegas, talvez eles ou nem todos eles compactuem com sua posição. ― Ela voltou a atenção para o tablet. ― E respondendo a sua pergunta, sim, eu acho que você seja burro. Não sei em qual conto de fadas vive, em que só a pessoa que te contratou é a que pode te demitir. ― Continuou com a atenção no aparelho. ― Não sei se o senhor sabe, mas quem te contratou não foi a pessoa física, , e sim o estabelecimento comercial Morin’s Automotive e eu, , como chefe em exercício e responsável pela sede da instituição que acabei de citar, nesse país, no dia de hoje, não só posso te demitir, como o fiz. E eu acabei de mudar sua demissão para justa causa por ter me xingado gratuitamente agora na frente de tantos colegas e testemunhas a meu favor, caso o senhor queira se queixar da demissão. ― Ela abriu um sorriso encantador, voltando a atenção para o homem à sua frente, que antes estava vermelho e naquele momento estava começando a empalidecer. ― Mais uma coisinha, nada demais, só pra avisar, que usei minha influência, como a porra de uma , para garantir que o senhor não seja contratado por pelo menos metade de todas as empresas espalhadas pelo país, sendo ela no ramo automobilístico ou não. Esquece Seul.
Ele estava com uma expressão de incredulidade tão forte no rosto, que teve que segurar a sua postura para que não caísse na risada.
― Co-como assim? Você é louca? ― Ele disse, tomado pela raiva.
― A Morin’s é uma das melhores empresas para se trabalhar no país, pagamos acima do piso salarial, damos bônus, ajuda de custo, muitos presentinhos e brindes incríveis da marca. ― Ela andava de um lado para o outro olhando para todos enquanto falava. ― Pagamos todos os direitos, somos super flexíveis com questões familiares e afins. Além de fazermos o mínimo como empresa, que é pagar o décimo terceiro, e ainda damos um bônus incrível de final de ano, plano de saúde, alimentação, e todas essas coisas que vocês, mais do que eu, sabem muito bem.
deu uma pausa e respirou fundo, bebendo um pouco de água de uma garrafa que estava sobre a mesa, antes de continuar. Todo aquele papo já estava deixando ela cansada demais, era o cúmulo ter que fazer aquele longo discurso só para provar para um bando de marmanjo que ela era a chefe ali.
― Não somos pessoas desagradáveis nunca, muito menos abusivas. Como chefes, sempre tentamos resolver da melhor forma possível e sempre consideramos nossos colaboradores como uma grande família. ― Ela voltou a falar e estava plena, enquanto olhava um a um a sua frente ― A única coisa que pedimos para vocês é respeito. Respeito com nossos clientes, sempre e em qualquer situação. Quando for uma coisa que fugir dos nossos limites como prestadores de serviço, pedimos que continuassem com o respeito e nos reportem, nós resolvemos isso, tanto para preservar a integridade de vocês, tanto para zelarmos o nome de nossa marca.
Podia parecer óbvio e todos os funcionários eram treinados com aquela informação como base principal de trabalho, mas algumas pessoas ali, simplesmente não entendiam um simples pedido como aquele.
― Respeito entre si, com seus colegas, com os colabores de outras lojas, para proporcionar um ambiente de trabalho confortável e seguro para todos. ― Ela tomou mais um gole de água, carregava a garrafinha em mãos agora. ― Respeito com as regras de não fazer nenhum negócio ou parceria usando nossa marca, nome ou influência por ser um colaborador da empresa. ― Todos tinham a atenção fixa nas palavras dela. ― E respeito a nós, os chefes de vocês. Assim como nós os respeitamos, ouvimos e olhamos cada um de vocês e cada um que colabore em nossa empresa, que esteja sob a nossa supervisão! Nada mais, não exigimos um grande sacrifício de ninguém.
Todos permaneceram calados, podia parecer que aquelas informações eram irrelevantes, mas não eram, eram a base da empresa, era a missão e os valores que os instituíram como essenciais para abertura e crescimento dos negócios.
― Então, por que quando sou eu no comando esse respeito não existe? A empresa por acaso fica mais rígida, perde o respeito e começa a tratar seus funcionários como se não fossem pessoas com vidas e razões de estarem ali, ou algo do tipo? ― Ela finalizou todo aquele discurso, olhando para todo o galpão.
― Os negócios ficam mais vulneráveis. ― Outro homem se pronunciou depois que ela terminou.
― Senhor TJ, responsável majoritário pela loja três, está conosco há mais de sete anos, solteiro, mora com os pais idosos e diferente do nosso estimado JP, tem casa própria e uma estabilidade financeira. ― Novamente, ela despejou as informações do funcionário sem ler em nenhum lugar. Estava olhando em direção ao homem o tempo todo. ― Por que o senhor acha que ficamos mais vulneráveis comigo no comando? Seria por eu ser mulher, mais nova que o senhor, os dois, nenhum dos dois...? Qual a sua visão sobre isso? ― Estava realmente curiosa.
― Na verdade, eu acho que você é incapaz de assumir um papel tão importante em uma empresa tão grande como essa. ― Ele respondeu, com um tom de superioridade.
― E, com base em quais dados o senhor, que aparentemente é um especialista em empresas e negócios, tem essa opinião? ― estava ficando de saco cheio de todo aquele papo furado.
― Bom, só quem é cego não chega a essa conclusão. Não basta você ter nascido em berço de ouro e com um bom sobrenome para entender de negócios de homens, sabe? Você entende o que eu estou dizendo, não entende, minha querida? ― Ele continuou com aquele tom escroto em cada palavra que dizia.
― Cala a boca, TJ, ela trabalha no interno da empresa desde os 16 anos. Você acha mesmo que o seria inconsequênte de colocar qualquer pessoa a frente da empresa? Toma vergonha na cara. ― Outro homem na multidão disse, chamando a atenção do companheiro.
― Obrigada! ― agradeceu ao homem pelo seu pronunciamento. ― Só retificando, estou a minha vida toda por dentro dos negócios da minha família, mas no interno mesmo, eu comecei com quinze anos, quando meu avô morreu. Eu realmente não tenho muito contato com vocês das lojas. Meu tio insiste em me deixar mais efetiva nessa parte quando ele estiver perto de se aposentar ou em momentos extremos como esse, no qual ele não está por aqui. E eu aceito que isso pode influenciar na visão que muitos de vocês tem de mim. ― Ela respirou fundo pela vigésima vez durante aquela reunião. ― Eu trato com os parceiros e aliados, com a coordenação de eventos e das corridas. Não que eu deva algum tipo de satisfação pra ninguém aqui, nem justificar minha escolha para o cargo, mas achei importante deixar claro que a minha voz é tão audível quanto a de meu tio ou qualquer outro homem que esteja em cargos acima do de vocês. ― Voltou a mexer no tablet depois que finalizou a fala.
― Fala que tem tanto poder quanto qualquer outro homem, mas precisa de um homem para te defender de uma bela surra, que é o que você está merecendo. Cresceu sem pai, só pode. Tá precisando de um corretivo para voltar pro seu devido lugar, que é na cozinha ou gemendo gostosinho embaixo de um homem de verdade, para satisfazer os desejos dele. ― Outro dos muitos homens que estavam ali, veio do fundo do grupo, falando em um tom totalmente desrespeitoso e parou mais a frente, mais próximo de onde estava.
― Meu Deus! Que nojo.
Foi um dos comentários indignados que captou de alguns de seus colaboradores, depois de ouvirem o discurso do outro.
― Eu não acredito que você disse isso! ― disse, cheio de raiva, quase voando no pescoço do homem, mas foi impedido pelo braço de , que estava com um semblante muito plácido.
― Antes de responder esse ataque, quero dizer ao senhor TJ que, como acha que sou incapaz de chefiar seu serviço, você não trabalha mais pra mim e, mesmo eu sentindo certo asco do seu tom, não vou te mandar embora por justa causa nem barrar que arrume um novo emprego na cidade. Seus pais são idosos e precisam de cuidados especiais, se eu puder te dar um conselho, tente melhorar sua postura profissional e pessoal daqui pra frente, ok? ― Ela finalizou com o mais velho e esticou o pescoço a fim de aliviar um pouco a tensão e alongar a coluna.
― Esqueceu de mim ou ficou com medinho? ― O homem de antes voltou a se pronunciar. ― Arrogantezinha de merda!
respirou fundo mais uma vez, perdendo qualquer resquício de paciência que ainda restava.
― Senhor Bob, infelizmente, gerente da loja sete. Está conosco há pouco mais de dez anos. Estou impressionada que esteja há tanto tempo conosco com esse pensamento tão asqueroso. ― disse e se aproximou devagar do homem. ― Divorciado há sete anos. Eu não esperava menos. Pai de dois meninos lindos e inteligentes, que infeliz ou felizmente, não vêem o pai alcoólatra, por medo e raiva pelo que fez com a mãe deles durante muitos anos. Olha, realmente com esse seu histórico, ainda não entendi porque te deixou a tanto tempo à frente de um dos nossos estabelecimentos.
entregou o tablet que tinha em mãos para e aquela altura não usava mais o megafone. O tom alto de sua voz passeava por todo o galpão sem nenhum problema de entendimento e ficou a centímetros do homem.
― Sabe, Bob, é por homens como você, que eu acabei por decidir, que ser chefe da Morin’s é meu novo objetivo de vida. Eu sinto nojo e vergonha por ter você como membro da minha equipe. E, não, eu não tenho medo de caras como você, eu sinto ódio. Não preciso que nenhum homem me defenda, muito menos, que um ser desprezível como você, me diga onde eu devo ou não estar. ― Ela tinha chego perto do homem e estava cara a cara. ― Eu sugiro que você não dê as caras mais por nenhuma de nossas lojas, já que claramente foi mandado embora por justa causa e eu nem preciso mexer meus pauzinhos para que não arrume um emprego por aí. Quem em sã consciência vai dar trabalho para um velho, alcoólatra sem nenhuma referência do trabalho anterior? E mais uma coisa, comece a tratar as mulheres como seres humanos e não da forma nojenta que vem fazendo, objetificando elas. ― Encarou o homem.
― Ou o que? Vai pedir pro seu cafetãozinho de merda ali me dar uma surra? ― Ele disse, apontando com a cabeça em direção a . A maldade brilhava nos olhos dele.
― Não, meu querido. Felizmente para você, o é um homem muito ocupado, não tem esse tempo pra perder, mas não se preocupe, eu tenho meios de te colocar atrás das grades se o fizer. ― tinha alguma coisa brilhando nos olhos também, mas não era maldade, era poder.
― Nossa, eu estou morrendo de medo. ― O homem disse, soltando uma gargalhada.
― Pois deveria mesmo. ― piscou para ele.
― Você que deveria sentir medo de mim, docinho. Se eu te pego por aí, não sobra nem um fio de cabelo para contar história. ― Ele passou a língua nos lábios de forma pejorativa e nojenta.
― Mas, qual cabelo? O meu ou o seu? ― Ela disse, em um tom desafiador.
Conseguia ver nos olhos dele, a raiva invadir seu sistema nervoso, seu rosto estava super vermelho e suas sobrancelhas arqueadas, com a provocação.
― Sua...! Ele levantou a mão com o punho fechado, pronto para golpear a mais nova. havia calculado todos os movimentos dele, desde o momento em que ele cerrou o punho, até aquele momento. O fato dele estar fora de forma e com certeza não ter aprendido a lutar em nenhuma academia de luta ou treinado nenhuma modalidade. Foi fácil para ela desviar e acertar um soco direto no maxilar dele.
Bob cambaleou um pouco para trás, com o golpe inesperado. sorriu, divertida com a cena e se colocou em posição de ataque, acertando mais um soco no rosto e uma joelhada no estomago dele. O mar de homens que se encontrava no local, ficou atento com a cena e todos deram um passo para trás. Ninguém ousou se meter ou comprar aquela briga.
Bob se recompôs e tentou golpear novamente e, mais uma vez, não obteve sucesso. A mulher era mil vezes mais rápida que ele, mesmo usando aqueles saltos tão altos. Ela parecia adivinhar o próximo movimento que ele ia fazer. A raiva dominava ainda mais o homem, enquanto ele recebia outro golpe, dessa vez nos lábios , que o fez sentir o líquido viscoso e metálico preencher sua boca e descer por sua garganta.
― Você tirou sangue de mim, sua ninfetinha. ― Ele grunhiu, colocando a mão na boca machucada.
― Pois é, sujei minha mão com esse seu sangue asqueroso. ― já tinha se afastado de Bob e estava procurando algo em sua bolsa, puxando em seguida alguns lenços de papel para limpar o líquido avermelhado dos dedos.
― Eu vou ter que tirar sangue seu também então, docinho. ― Ele fez uma voz amedrontadora, mas que nem por um segundo atingiu .
Ela ainda estava de costas para ele, mexendo em sua bolsa, quando escutou um sonoro “Uou” de alguns homens e o barulho de uma arma sendo destravada. Sabia que Bob estava apontando uma arma para as costas dela. Olhou de canto de olho para , que imediatamente entendeu o recado da mulher e não atirou no mais velho, mas ficou com a mão em cima de sua própria arma, em caso de emergência.
― Você se acha super poderosa, não acha, docinho? ― Ele se aproximou devagar, com a arma em punho, de , que já tinha pegado sua arma de dentro da bolsa e engatilhado, sem que ninguém ali percebesse. ― O gato comeu sua língua, docin...
Um barulho alto de tiro tomou conta de todo o galpão. olhou incrédulo para a cena, e um barulho de corpo caindo no chão, também pode ser ouvido, assim como o do ferro da arma bater no piso. Todos conseguiram ouvir aqueles sons, já que o silêncio tomou conta do local.
― Odeio que me chamem de docinho. ― disse, abaixando a arma que tinha acabado de usar, contra Bob. Um belo tiro certeiro, direto na cabeça, que acabara de tirar a vida do homem, que agora estava no chão, em cima de uma poça de seu próprio sangue.
O clima ficou pesado e ninguém ali conseguia esboçar qualquer tipo de reação ao acontecido.
― Então, espero que todos aqui, tenham entendido que, primeiro, eu sou uma , e como uma , sou chefe de todos vocês, e de qualquer outro funcionário dessa instituição. Meu tio estando na cidade ou não. ― passou com cima do corpo sem vida no chão e se aproximou mais dos outros homens ali. ― Segundo, eu trabalho duro nessa empresa, como qualquer outro colaborador e tenho total competência para administrar qualquer uma das infinitas áreas com as quais trabalhamos. ― Ela olhou diretamente para o rosto de um por um. ― Terceiro e último, como puderam ver, eu luto box, sei alguma coisa de MMA, sou ótima em tiro e sei me defender muito bem sozinha. Espero que nunca mais nenhum de vocês me subestime. E em nenhum momento, minha intenção com vocês era de chegar nos finalmentes ou colocar medo. Eu quero o respeito que eu dou a cada pessoa que trabalha pra mim, nada mais que isso. ― Respirou fundo, esgotada. ― Mas, foi bom o Bob passar dos limites. Foi bom para que todos vocês vejam com seus próprios olhos que a vida é assim. Um grande jogo de consequências e eu não vou medir esforços para me proteger e proteger meu patrimônio, estamos entendidos? ― O tom dela era firme.
― Sim, senhora. ― Todos, incluindo , responderam juntos.
― Alguém mais com algum problema comigo no poder ou qualquer outra insatisfação em fazer parte do time da Morin’s quer seu desligamento de forma amigável e pacífica? ― Mais uma pergunta foi feita pela mulher, mas nenhum deles respondeu dessa vez. ― Vou levar o silêncio de vocês como um consentimento geral da nossa situação atual. No mais, meu escritório está sempre aberto, vocês podem me procurar com qualquer sugestão ou insatisfação . Eu estou morta de fome, então, estão todos dispensados. ― finalizou, virando de costas pros homens, pegando suas coisas e saindo do local.
ficou para liberar todo mundo e limpar o local. Essa era uma das funções principais dele e ele simplesmente adorava aquilo.
No banco do carro, se sentia exausta, física e psicologicamente. Não tinha sido a primeira vez que havia atirado em alguém na vida, mas foi a primeira que tirava a vida de alguém. Não se arrependeu, nem por um minuto, até porque ele não pensaria duas vezes em tirar a dela. Naquele momento, se sentiu poderosa, como nunca antes e, pela primeira vez desde que tinha começado a trabalhar na Morin’s, sentiu que era aquela sensação que ela queria sentir pra sempre.
Atualmente...
― , o está te procurando. ― interrompeu os devaneios da mais nova.
― Eu não tenho um minuto de paz. ― Ela disse, rindo, tirando as luxas de boxe e secando o suor do rosto com uma toalhinha.
― Quanto drama. ― disse, rindo também.
― Drama? Diz isso porque não é você que está prestes a assumir todo um império. ― disse, recolhendo suas coisas.
― Império esse que você ajudou a construir e expandir, não é, meu anjinho? ― ajudou ela com a bolsa da academia.
― Me ama demais, meu Deus. ― disse, rindo, passando os braços, pelos ombros do rapaz
― Como a minha própria vida. ― Ele respondeu, indo com ela até a saída da academia da família.
― Puxa saco! ― Ela riu e bagunçou de leve os cabelos do maior.
Em pouco tempo assumiria o cargo de maior importância na Morin’s e aquilo era uma loucura, mas era aquela loucura que a fazia se sentir viva.
It's gettin' harder every day
Somehow,
I'm burstin' out of myself
Eu te disse levaria isso adiante
Está ficando mais difícil a cada dia
De alguma forma,
estou explodindo para fora de mim mesma”
vinha de uma família respeitada em toda a cidade. Anos e anos sendo uma das maiores famílias no ramo automobilístico. Suas oficinas, que começaram lá atrás com seu bisavô, que por sua vez havia ido do Brasil para a Coréia quando esta ainda era unificada, se apaixonou e se casou com uma linda mulher coreana. Muitas coisas haviam acontecido com aquela família, que, mesmo tendo toda uma estruturação coreana, ainda carregada o sangue e muitas tradições latinas.
Com o passar do tempo, a pequena oficina aberta pelo bisavô, intitulada como Morin’s, se tornou a maior marca de oficinas de toda Seul e estava prestes a dominar o país todo.
Na época em que , seu tio mais novo, assumiu os negócios da família, era somente uma criança, seu avô tinha acabado de morrer, seu tio mais velho estava morando com sua esposa e filhos no Brasil e sua mãe não tinha a menor vontade de comandar os negócios. Ela era a filha do meio, das três crianças que seus avos tiveram. Adorava trabalhar na parte jurídica, havia estudado e ainda fazia uma especialização na área, justamente para poder administrar todo o império e não ter jamais que fazer o “trabalho sujo”, que era lidar com aqueles homens irritantes e mal educados que vira e mexe se filiavam a eles. Além de detestar com toda a sua alma corridas.
Nos anos em que o avô de comandava, já o auxiliava e foi ele quem deu a ideia e encabeçou todo o esquema de corridas. De início, as competições eram somente alguns rachas para exibir os trabalhos feitos com os carros tunados e divulgar a rede de oficinas pros corredores que precisassem de qualquer auxílio ou reparo em seus carros. Eles não tinham medo de associar o nome da empresa a essas coisas “fora da lei”, já que muitos magnatas e gente importante frequentava esse tipo de “eventinho” e era disso que a Morin’s sobrevivia – dinheiro e pessoas poderosas. Não de boa fama ou aprovação de quem quer que fosse.
A família sempre foi muito unida. era filha única de sua mãe e, tirando os primos do Brasil, era a única mulher de três netos que o mais velho deixou, na Coréia. Seu tio, que era o chefe depois da grande perda que a família teve, tinha dois filhos e nenhum deles quis seguir seus passos. O filho mais velho entrou para a polícia e, vez ou outra, ajudava com algumas informações para auxílio em alguma vingança ou acerto de contas, quando os homens de não conseguiam se virar. E o mais novo tinha apostado suas fichas nas artes, tinha se formado em cinema e era um diretor de cinema aspirante, seu sonho era ser famoso, então estava tentando a sorte nos Estados Unidos.
pouco tinha interesse em assumir o cargo também. Sua paixão mesmo eram as corridas. Antes de tirar a carteira de motorista, já dirigia escondida de sua mãe. O carro de treino na pista que seu tio tinha feito para treinamentos e testes dos novos carros e ela era muito melhor que qualquer um dos pilotos ali. Até a chegada de .
era um rapaz, poucos anos mais velho que ela, que chegou até os depois de salvar a vida de em uma emboscada que ele tinha caído com um “parceiro” de negócios, há algum tempo atrás. Depois de um tempo, a família toda meio que abrigou ele e fez com que ele virasse, não só parte deles, mas também o piloto oficial dos negócios.
Antes de conhecer os , competia em corrias menores, mas havia feito aquilo sua vida toda, então era mais que qualificado para o cargo. Tinha cortado laços com a família e qualquer coisa ou pessoa que viesse de sua cidade natal. Não tinha se envolvido com pessoas boas e os negócios que o deixavam orgulho lá, pelos que acreditavam ser a base de sua vida. E quando a dor de ser traído por eles e o peso de tudo o que vinha vivendo por lá foi grande demais, o rapaz fugiu da cidade e assim que virou parte da família de , pelos serem uma família bem influente, eles pagaram a dívida do rapaz e conseguiu se livrar de todo o peso que carregava nas costas e, em troca, ele trabalhava duro para quem o acolheu tão bem.
Ele era apaixonado pelas pistas e ainda lutava como ninguém. Ensinou novos tipos de defesa pessoal para , que já era ótima dando uns socos por aí, e sempre acompanhava a mulher em seus treinos de boxe e MMA.
adorava lutar e dirigir, pensou que se não fosse uma coisa seria outra, mas nunca almejou ser dona de todo império da Morin’s um dia.
Ela sentiu o gostinho do poder pela primeira vez aos dezoito anos, quando seu estimado tio estava em uma viagem de negócios fora do país, para a expansão comercial das oficinas e seus serviços. Estava em contato com os países vizinhos para fechamento de contratos e expansão dos novos horizontes para a marca. Nessa época alguns funcionários acharam que conseguiriam tomar conta dos negócios no lugar dos .
Alguns anos atrás...
― Não, tio. Eu entendi tudo muito bem. Qualquer coisa peço para ficar de olho. Pode deixar. Fica bem, se alimente direito e volte logo!
desligou a ligação que estava com e deitou a cabeça na mesa de madeira maciça que ficava na sala do mais velho. Era meio sufocante ficar naquele lugar, mesmo tendo um espaço considerável e grandes janelas. Toda aquela aura de chefiar as coisas era bem estressante.
Ela já esteve naquela sala muitas vezes, mas nunca como “chefe”. Sempre ajudava seu tio com as coisas da empresa e ia lá às vezes encher o saco do homem para que ele a deixasse competir em algumas das corridas. Mesmo sendo um cargo honorário enquanto não voltava para a coréia, era um grande peso para ela.
― Senhorita? ― chamou da porta que estava entreaberta.
―Sim? ― disse, levantando a cabeça com dificuldade.
― Estamos tendo um problema na loja três. ― O homem se aproximou com um tablet nas mãos.
― Aqueles imbecis! ― disse ao ver as gravações e constatar que alguns funcionários estavam tratando mal alguns de seus mais antigos clientes, tendo conversas sobre negócios com pessoas as quais os não faziam a menor questão de se aliar.
― Aparentemente, eles acham que a Morin’s está às moscas. ― disse um tanto quanto impaciente. ― Se a senhorita quiser eu posso dar um jeito. ― Ele foi extremamente solícito, estava realmente afim de colocar um basta naquilo.
― Eu estou cansada disso, . Semana passada foi a mesma coisa na loja sete, ontem na cinco e hoje na três. ― se esparramou na cadeira, exausta. ― Marca, pra mim, uma reunião no galpão principal com todos os nossos funcionários, os das oficinas, seguranças, pilotos, e qualquer outro homem que preste qualquer tipo de serviço pra gente, por favor. ― Ela desbloqueou uma das gavetas que era trancada por senha, separando em cima da mesa, uma pistola, munição e um saquinho de camurça para colocar as coisas dentro.
― Certo, pra quando? ― O mais velho perguntou, observando o que a garota fazia, quando ela começou a colocar as balas no tambor da arma.
― Amanhã, no final da tarde. ― Respirou fundo, colocando as outras munições que sobraram na mesa dentro do saco. ― Preciso visitar minha mãe pela manhã. ― Guardou tudo em sua bolsa, pegou mais alguns pertences que estavam pela sala e se encaminhou para a saída.
― Garanto que todos estarão lá. ― Ele anotou algo no tablet em suas mãos. ― Já está indo? Quer que eu leve a senhorita? ― Foi solicito, abrindo um grande sorriso.
― Obrigada, , mas eu vou passar algum tempo na academia ainda. Qualquer coisa você me liga, tudo bem? ― Ela foi gentil e abriu um grande sorriso também, saindo da sala.
estava cheia de toda aquela situação. As ordens eram claras, tanto sobre o tratamento com os clientes, quanto, e principalmente, sobre negociações e parcerias com quem quer que fosse em nome da Morins. Ainda mais quando era com pessoas da “lista restrita” da família.
Os funcionários, quando ficaram sabendo que ficaria no comando dos negócios no lugar de , que era quem vinha assumindo o lugar de , até então, durante suas ausências, por se tratar do braço direito do , pensaram que, por se tratar de uma “garotinha mimada, inexperiente e burra”, a Morin’s , durante esses meses de distanciamento de , viraria terra de ninguém, sem comando e sem ação. Alguns dos empregados acharam um absurdo “deixar” o cargo, mesmo que por um breve momento, nas mãos de alguém, que, na visão deles, era fraca, frágil e incapaz de gerenciar um império daquele tamanho.
sabia que iria ser difícil, quando o tio a convenceu que era a hora de experimentar a chefia e tudo o que vinha com ela para ter plena certeza de que não era nada daquilo que ela queria. Ela aceitou, pois sempre estava envolvida nas coisas internas e, muitas vezes, já ajudou dando ideias ao mais velho. Se ela não quisesse chefiar tudo, pelo menos teria uma experiência para ser alguém como sua mãe lá dentro entre uma luta e outra se fosse o caso.
via um potencial absurdo na sobrinha, sabia que aquela paixão pelo poder que corria nas veias dele, também pulsava nas dela. só precisava acordar todo aquele sentimento, mas eles não imaginavam que seria tão complicado lidar com tantos homens babacas de mente fechada.
Chegou à academia, que era da família e que ela usava como segunda casa, pois passava mais tempo lá do que em qualquer outro lugar do mundo. Amava o boxe e toda aquela atmosfera de luta. Precisava urgentemente extravasar sua raiva e frustração. Era odioso ser tratada como nada, só por ser mulher. Mesmo que seu sobrenome fosse imponente e forte, de nada valia, pelo simples fato do machismo existir e imperar naquela sociedade.
Dentre as coisas que a desmotivava a tomar conta dos negócios da família, aquele tipo de estresse e pressão era o que mais pesava na decisão dela. Se fosse qualquer um dos outros primos, mesmo eles sendo zero engajados no que acontece internamente na Morin’s e até quando seu tio e avô assumiram, não tiveram ou teriam de provar nada a ninguém, seriam e foram aceitos apenas por ser um do sexo masculino. Sabe que os mais velhos em sua família não tiveram que mostrar nenhum tipo merecimento para serem aceitos como chefes.Para ela, além de todo o estresse natural do cargo de ficar a frente de uma gama tão grande de lojas, corridas e colaboradores, ainda tinha aquilo de provar todos os dias que merecia ocupar aquele lugar.
Duas horas depois e ela ainda socava o saco de areia, quando seu celular começou a tocar:
― Notícias boas, por favor. ― atendeu ao telefone um pouco ofegante pelos exercícios.
― Tenho duas notícias, uma, digamos que boa e a outra ruim. ― respondeu com um tom desanimado.
― Ah não, ! Pelo visto a notícia ruim supera a boa, não é? ― Ela riu de desespero.
― Sinto muito. Vou falar a boa primeiro. ― Ele soltou um longo suspiro.
― Manda ver. ― Ela estava menos estressada pelos exercícios feitos e, talvez, não ficasse tão abalada.
― Bom, consegui contato com todas as pessoas que a senhorita pediu, agora é só esperar que eles compareçam. ― O tom de voz dele era mais relaxado naquele momento.
detestava ver como aquelas pessoas tratavam . Ela era totalmente atenciosa e sempre que dava estava no escritório central aprendendo e ajudando . Fora os trabalhos que já fazia de forma fixa, como representante da marca em eventos e promovendo o nome nas redes sociais e ciclos sociais mais jovens. Fora nas corridas, nas quais ela quem fechava todos os contratos em nome da Morin’s e corria vez ou outra, deixando o tio de cabelo em pé. Como era emancipada desde os 16 anos, conseguia atender todas aquelas demandas. A mãe não queria, mas a garota insistiu. Sabia que precisava ajudar de uma forma ou de outra e arrastar a mãe por um mero detalhe jurídico para essas coisas, seria perda de tempo.
, na visão do homem, que já trabalhava há anos ao lado de , era a pessoa certa para aquele cargo, quando fosse o momento certo de renovação. Muitas vezes era mais brilhante e inteligente que o próprio tio.
― Tivemos duas pessoas que receberam a notificação, mas não confirmaram a presença. ― Ele limpou a garganta.
― Depois me passa os nomes, vou monitorar. ― respondeu, respirando fundo.
― Vamos para a coisa ruim. ― ficou sério. ― Então, tivemos uma reincidência na loja sete. ― Ele suspirou frustrado.
― Olha, , isso é um desrespeito sem tamanho, nós demos a porra da advertência, isso só pode ser brincadeira. Não dá mais pra manter esse gerente. Ele confirmou a presença amanhã? ― Ela estava visivelmente desapontada.
― Confirmou sim. Com tom de deboche e desdém, mas confirmou. ― Ele foi sincero.
― Pois bem, . Muito obrigada por tudo hoje. Pode ir descansar, você é o melhor. ― disse em um tom descontraído e gentil. Não podia jogar sua frustração em cima do homem. Ele, quando seu tio não estava por perto, parecia ser o único que estava do lado dela, no meio de toda aquela loucura.
― Boa noite, . Vê se não fica aí até tarde, se alimente e descanse. ― Ele foi mais informal, como ela gostava que ele fosse. E ele realmente se preocupava com o bem estar da garota.
Após encerrar a ligação, sentiu seu corpo todo fervilhar de raiva. Chegava a ser ridículo – homens, adultos, que deveriam ser responsáveis, pois ocupavam cargos de liderança em seus postos de trabalho, se comportarem daquela maneira, como crianças birrentas. Nem as crianças da atualidade se portavam como aqueles homens.
A cada soco que voltava a dar naquele saco de areia, lágrimas escorriam pelo seu rosto. Era como se toda a existência dela fosse simplesmente apagada, só por ela ser uma mulher. Como se a voz dela não existisse. Aqueles homens estavam tentando calar tudo e qualquer coisa que ela tentasse falar. Quantas outras vezes, mesmo com todo o apoio de sua família, já havia se sentido daquela forma, invisibilizada e calada. Era um sentimento amargo de se engolir.
Era com certeza uma das sensações mais horríveis que ela já sentiu na vida. Sentia como se sua vida fosse menos importante. Não podia se permitir sentir isso, principalmente por causa de um monte de homem escroto e babaca.
Precisava fazer algo por si. Cansada já nem era a palavra certa. Estava esgotada de ser tratada daquela maneira, ainda mais estando onde estava no momento, na frente de toda aquela merda de empresa, de precisar de uma que uma voz masculina, seja de seu tio ou de , para reforçar o que ela falava, ou para repreender pessoas para que elas a obedecem para validar qualquer fala dela dentro daquela merda.
Estava no seu limite, e aquela reunião do dia seguinte, seria primordial para que sua voz fosse ouvida, junto de sua fala de uma vez por todas, sem intermediários ou qualquer homem para que os outros a entendessem e a respeitassem como a chefe que ela era. Independente de ter no país ou não, eles teriam de respeitar a porcaria da hierarquia que a colocava acima deles há todo momento. Sem choro e sem mimimi de macho.
Nunca chorou tanto na vida, como chorou aquela noite socando o saco. Nem quando perdeu seu avô, que era como um pai para ela, se sentiu tão invadida, tão destruída. Perder um ente querido era dolorido, mas “perder” sua existência ainda estando vida, por causa de homens tão repulsivos, babacas e misóginos doía mil vezes mais.
Na manhã seguinte, era praticamente uma nova pessoa, estava mais animada e mais confiante que nunca.
― Mamãe? ― chamou a matriarca da sala da casa da mesma. Tinha usado sua chave reserva para entrar na residência.
― Bebê! ― A mais velha respondeu animada da cozinha. ― Aqui na cozinha, meu amor. Mamãe está preparando o café da manhã. Seu preferido: omelete de queijo.
― Mamãe, não precisava se cansar, eu trouxe comida para o café da manhã, passei na nossa padaria preferida. ― respondeu, já entrando no cômodo e avistando a mulher em frente ao fogão, mexendo na frigideira.
― Minha filha é tão preocupada com sua velha mãe. ― Ela sorriu e depois de tirar os ovos da panela, foi até a mais nova e a abraçou forte.
― A senhora não é velha, mãe. Para com isso. ― retribuiu o abraço, apertando ainda mais. E depois que separaram o contato, ela colocou as sacolas com as comidas sobre o balcão.
― A que devo a honra da ilustre presença da minha única filha que esqueceu que tem mãe e agora é babá de infinitos marmanjos? ― A mãe de disse, apontando a mesa, para que a filha se sentasse.
― Cheia de gracinha a senhora, não? ― ajudou a mãe a colocar as coisas na mesa, antes de se sentar. ― Senti saudades da pessoa mais importante da minha vida. ― Terminou de colocar os pães doces sobre o móvel e abraçou o corpo da mãe por trás.
― Sei, sei, senta sua bunda aí na cadeira pra comer, não me atrapalha, vai. ― Ela riu, dando um tapinha na bunda da filha e voltando para o fogão para pegar o chá que tinha feito, quando a soltou. ― Não sei como aquele irresponsável do seu tio some por tanto tempo e deixa os negócios nas suas costas. Uma criança ainda. ― Resmungou, enquanto tirava a bebida quente do fogo e se esticava para pegar as xícaras no armário.
― Mamãe, eu não mais uma criança tem muito tempo, aliás. ― protestou, formando um bico.
― Você ainda está no colégio, . Acabou de sair das fraudas. ― A mais velha retrucou.
― Mas, mãe, eu já tenho dezoito anos e a senhora sabe que um dia eu vou ter que aprender as funções de chefia de qualquer forma. ― Ela encheu a xícara com o líquido quente da chaleira.
― Não. Se você não quiser, não precisa não, você nem gosta disso.
― Eu não gosto do fato de ter que validar tudo que eu faço por ser mulher, mamãe. ― baixou o olhar para a fumaça que saia da xícara que tinha em mão.
― Mas, você sabe que em qualquer lugar que vá ou fizer algo, vai ter alguém querendo invisibilizar sua existência ou calar a sua voz, seja nessas malditas corridas que você tanto gosta, no boxe, MMA, ou à frente da Morin’s. Cabe somente a você deixar que isso te afete ou afete seu desempenho profissional, docinho. Daí, ou você abaixa essa sua linda cabeça e dá a eles o que eles querem, ou mostra quem é que manda e faz com que eles engulam qualquer coisa ou ação contra você. ― A mais velha disse, abrindo um grande sorriso e tomando em seguida um gole de seu café.
― Eu sei, mamãe. Ontem eu percebi que macho nenhum, nem os que prestam, muito menos os que não valem o chão que pisam, merecem que eu me sinta da forma que eu vinha me sentindo nessas últimas semanas. ― enfiou um pedaço da omelete na boca depois da fala.
― Isso aí, meu diamantinho. Nós mulheres temos que ser infinitamente mais fortes pra vencer nessa vida e as são as mais fortes do mundo.
― Obrigada por isso, mamãe. Eu te amo muito, mais do que eu já amei qualquer outra coisa na minha vida.
― Eu te amo, meu bebê!
A manhã seguiu tranquila depois do café. ajudou a mãe com a louça, depois as duas aguaram as plantas e ficaram jogando conversa fora até pouco antes do almoço. Na hora do almoço, tinha um compromisso de negócios com um parceiro da Morin’s. Uma renegociação e renovação de contrato que não podia ser adiada, mesmo que ela quisesse passar mais tempo com sua mãe. Alguns pontos precisavam ser conversados e alterados o quanto antes. tinha assumido aquela função de tratar das renovações e ou alterações de contrato com os parceiros, antes mesmo de sair em viagem. Então, boa parte dos aliados já a conheciam e respeitavam como porta voz da empresa.
O almoço, como o café da manhã, foi muito tranquilo. Formalizou e reestabeleceu a parceria entre as suas partes e ainda estendeu o acordo por mais dois anos. Comeu uma comida realmente deliciosa como há muito tempo não comia. Era sua primeira vez naquele restaurante, era novo na região e já estava na lista de preferidos dela.
Quando chegou ao escritório, faltavam poucas horas para a reunião e uma pilha de papéis para analisar em sua mesa. O dia estava sendo mais puxado do que ela imaginou e tudo ficou ainda mais cansativo quando. no meio das aprovações e análises dos documentos, seu telefone começou a tocar incansavelmente.
― Diga, ! ― atendeu o telefone, sem tirar os olhos do papel que estava a sua frente.
― Cadê o respeito, minha filha? É titio , amado e querido do meu coração, pra você! ― Ele tinha um humor ótimo no tom de voz.
― , eu estou bem ocupada. ― Ela estava concentrada demais nos documentos para retrucar a piadinha dele.
― Falou a grande mulher de negócios. ― riu do outro lado da linha.
― Tá, então você ligou só para tirar sarro da minha cara? ― deixou de prestar a atenção um minuto nos relatórios para checar a hora.
― Ai, , comeu seu senso de humor foi? ― O mais velho falou em um tom emburrado.
― Comi, titio lindo. Agora me diz, a que devo a honra de uma ligação tão ilustre do magnata das redes automobilísticas? ― Ela esparramou o corpo na cadeira, parando o que estava fazendo antes e relaxando um pouco os músculos.
― Linda! ― estava super animado. ― Recebi algumas ligações aqui, de gente reclamando de você. ― Ele falou um pouco mais sério.
― Grande novidade. O que foi dessa vez? Tentei fazer meu trabalho e a quinta série não quis obedecer? ― Ela perdeu qualquer vestígio de importância para aquela conversa, os bebês chorões sempre reclamavam dela.
― Que você marcou uma mega reunião hoje a tarde, fazendo com que as oficinas e outros serviços fiquem nas mãos das funcionárias mulheres. ― Ele disse, mais relaxado.
― Isso mesmo, mas eu achei que você confiasse em mim e no que eu julgo ser necessário ou não com os funcionários. Se eu fiz isso, é porque tenho um bom motivo. ― entrou, sem nem perceber, em modo defensivo.
― Se acalma, meu bebê, eu nem terminei de falar. Titio só te ligou para te parabenizar. Se esses idiotas não tem decência de respeitar quem quer que seja que estiver no comando, eles merecem ser repreendidos sim. ― A voz dele era terna. ― Só quero te lembrar que você é a mulher mais forte, determinada, aplicada e foda que eu já conheci nessa minha vida e fico imensamente grato por sermos da mesma família.
― Obrigada por isso, tio. Eu te amo.
― Também te amo, bebê. Vai lá e acaba com aqueles imbecis, depois me liga contando tudo. Tenho um jantar daqui a pouco, até mais.
desligou a ligação antes que pudesse responder alguma coisa. Aquela ligação, a conversa mais cedo com sua mãe e as muitas horas socando coisas na academia deram a ela a força que precisava para dar início e sustentar sua posição na reunião de mais tarde.
― Senhorita! ― chamou da porta.
― Grande . ― foi solicita, abrindo um sorriso enorme.
― Acho que deveríamos ir. ― Ele olhou para o relógio em seu pulso.
― Ah, claro. Tem transito agora, né? ― Ela se levantou pegando suas coisas e recebendo somente um aceno positivo com a cabeça do mais velho.
Acompanhou em silêncio até o carro. Lá estava mais um dos homens de confiança do braço direito e os três seguiram juntos até o galpão principal. e conversaram sobre os detalhes alterados do contrato de mais cedo e sobre algumas informações importantes que ela pontuou dos relatórios que analisou aquela tarde.
Chegaram ao local mais cedo do que pretendiam. Mais um grupo de plena confiança do mais velho já estava espalhado pelo lugar, alguns na portaria fazendo controle de acesso e contagem de pessoal. Outros posicionados em pontos estratégicos dentro e fora do galpão.
ficou esperando na sala que ficava no andar de cima do espaço, mais de uma hora até que todos os convocados estivessem no lugar. Todos sem exceção estavam lá. Talvez para assistir, o que a grande maioria, apostou ser uma ceninha ou um grande piti protagonizado pela mulher. Talvez tivessem ido para provocar e ver algum “surto infantil” de , ou só tinham criado juízo e finalmente estavam obedecendo às ordens dela. O que quer que fosse o verdadeiro motivo, estava satisfeita por todos estarem ali.
Assim que a avisou que todos estavam dentro do galpão, ela desceu as escadas de ferro, fazendo o maior barulho possível, queria chamar a atenção para a sua presença ali. Estava vestindo suas botas de salto alto em couro que subiam até um pouco acima dos joelhos, calças jeans em uma lavagem escura e um pouco justa e uma camisa social de mangas longas, em seda verde água - Como era a marca registrada de , talvez uma homenagem ao mais velho e levar uma imagem familiar àqueles homens os faziam assimilar melhor tudo o que ela queria transmitir com aquela reunião. A camisa estava dentro da calça, bem alinhada, seus cabelos presos em um alto rabo de cavalo. Nos lábios, o já habitual batom vermelho, que, com aquela composição de cores das roupas, se destacava ainda mais.
Toda a atenção do local foi diretamente para ela. Assim que ela pisou no último degrau, todo o burburinho e conversas paralelas se silenciaram. colocou a bolsa que carregava junto a seu corpo, sobre uma mesa grande que ficava perto da escada, pegou o megafone e o tablet que estava sobre o móvel também e se aproximou mais da multidão de homens.
― Boa noite! ― disse, olhando para o brilhante relógio de ouro que enfeitava seu pulso, constatando que já era um horário noturno. Havia começado com o cumprimento, mais para testar o objeto em suas mãos do que para desejar aquilo. ― Bom, eu pedi essa reunião aqui hoje para entender e saber se algum de vocês tem algum tipo de problema, com a função e ou serviço que presta pra mim. ― Ela ouviu algumas risadinhas debochadas ao final de sua frase. Mas permaneceu plena. ― Ou se o problema real mesmo é por serem comandados por uma mulher.
Todos seguiram em silêncio e respirou fundo, revirando os olhos.
― Mais uma chance! ― disse, olhando para as unhas que estavam pintadas com um esmalte azul marinho, que começava a descascar.
― Não tem o que dizer, você não é nossa chefe. ― Uma voz masculina no meio da multidão se pronunciou, depois de longos minutos em um silêncio coletivo.
― Certo, senhor... Hum, senhor JP. Gerente da loja cinco, trabalha para a Morin’s há cinco anos e meio. Tem dois filhos, um de seis anos e outro que acabou de completar três e está casado há doze anos, pobre mulher. Mora de aluguel, porque gasta metade do salário em jogos de azar invés de economizar e dar uma vida melhor para a sua família. ― disse, tranquila, sem ler todas daquelas informações em lugar algum, mesmo tendo todas elas no tablet que segurava com a mão livre. No eletrônico haviam todas as informações dos muitos homens naquele lugar. ― E se eu não sou a chefe de vocês, ou sua, né? Porque eu não entendi direito se o senhor é o porta voz de todas as pessoas aqui, ou se fala por si só. Pensei que tinha entendido que dizia em nome de todos, mas vamos deixar esse equívoco momentâneo de lado agora e vamos ao que interessa. ― Ela ainda usava o megafone para que todos ali pudessem ouvir suas palavras, mas já não olhava mais para o grupo de homens, estava agora concentrada em algo no tablet. ― Se eu não sou a chefe, como acabei de enviar a sua demissão para o RH da empresa, agora mesmo? ― Terminou de digitar algo e voltar a olhar para eles, que estavam atônitos e o homem que já tinha dado um passo à frente vermelho como sangue, quase soltando fogo pelas ventas.
― VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO, SUA VADIAZINHA. ― O homem gritou, enraivado. ― Foi quem me contratou, só ele pode me mandar embora. Você acha que somos burros? Temos acesso a informação, sua... Sua vagabunda.
― Primeiro, eu gostaria que o senhor parasse de falar em nome de seus colegas, talvez eles ou nem todos eles compactuem com sua posição. ― Ela voltou a atenção para o tablet. ― E respondendo a sua pergunta, sim, eu acho que você seja burro. Não sei em qual conto de fadas vive, em que só a pessoa que te contratou é a que pode te demitir. ― Continuou com a atenção no aparelho. ― Não sei se o senhor sabe, mas quem te contratou não foi a pessoa física, , e sim o estabelecimento comercial Morin’s Automotive e eu, , como chefe em exercício e responsável pela sede da instituição que acabei de citar, nesse país, no dia de hoje, não só posso te demitir, como o fiz. E eu acabei de mudar sua demissão para justa causa por ter me xingado gratuitamente agora na frente de tantos colegas e testemunhas a meu favor, caso o senhor queira se queixar da demissão. ― Ela abriu um sorriso encantador, voltando a atenção para o homem à sua frente, que antes estava vermelho e naquele momento estava começando a empalidecer. ― Mais uma coisinha, nada demais, só pra avisar, que usei minha influência, como a porra de uma , para garantir que o senhor não seja contratado por pelo menos metade de todas as empresas espalhadas pelo país, sendo ela no ramo automobilístico ou não. Esquece Seul.
Ele estava com uma expressão de incredulidade tão forte no rosto, que teve que segurar a sua postura para que não caísse na risada.
― Co-como assim? Você é louca? ― Ele disse, tomado pela raiva.
― A Morin’s é uma das melhores empresas para se trabalhar no país, pagamos acima do piso salarial, damos bônus, ajuda de custo, muitos presentinhos e brindes incríveis da marca. ― Ela andava de um lado para o outro olhando para todos enquanto falava. ― Pagamos todos os direitos, somos super flexíveis com questões familiares e afins. Além de fazermos o mínimo como empresa, que é pagar o décimo terceiro, e ainda damos um bônus incrível de final de ano, plano de saúde, alimentação, e todas essas coisas que vocês, mais do que eu, sabem muito bem.
deu uma pausa e respirou fundo, bebendo um pouco de água de uma garrafa que estava sobre a mesa, antes de continuar. Todo aquele papo já estava deixando ela cansada demais, era o cúmulo ter que fazer aquele longo discurso só para provar para um bando de marmanjo que ela era a chefe ali.
― Não somos pessoas desagradáveis nunca, muito menos abusivas. Como chefes, sempre tentamos resolver da melhor forma possível e sempre consideramos nossos colaboradores como uma grande família. ― Ela voltou a falar e estava plena, enquanto olhava um a um a sua frente ― A única coisa que pedimos para vocês é respeito. Respeito com nossos clientes, sempre e em qualquer situação. Quando for uma coisa que fugir dos nossos limites como prestadores de serviço, pedimos que continuassem com o respeito e nos reportem, nós resolvemos isso, tanto para preservar a integridade de vocês, tanto para zelarmos o nome de nossa marca.
Podia parecer óbvio e todos os funcionários eram treinados com aquela informação como base principal de trabalho, mas algumas pessoas ali, simplesmente não entendiam um simples pedido como aquele.
― Respeito entre si, com seus colegas, com os colabores de outras lojas, para proporcionar um ambiente de trabalho confortável e seguro para todos. ― Ela tomou mais um gole de água, carregava a garrafinha em mãos agora. ― Respeito com as regras de não fazer nenhum negócio ou parceria usando nossa marca, nome ou influência por ser um colaborador da empresa. ― Todos tinham a atenção fixa nas palavras dela. ― E respeito a nós, os chefes de vocês. Assim como nós os respeitamos, ouvimos e olhamos cada um de vocês e cada um que colabore em nossa empresa, que esteja sob a nossa supervisão! Nada mais, não exigimos um grande sacrifício de ninguém.
Todos permaneceram calados, podia parecer que aquelas informações eram irrelevantes, mas não eram, eram a base da empresa, era a missão e os valores que os instituíram como essenciais para abertura e crescimento dos negócios.
― Então, por que quando sou eu no comando esse respeito não existe? A empresa por acaso fica mais rígida, perde o respeito e começa a tratar seus funcionários como se não fossem pessoas com vidas e razões de estarem ali, ou algo do tipo? ― Ela finalizou todo aquele discurso, olhando para todo o galpão.
― Os negócios ficam mais vulneráveis. ― Outro homem se pronunciou depois que ela terminou.
― Senhor TJ, responsável majoritário pela loja três, está conosco há mais de sete anos, solteiro, mora com os pais idosos e diferente do nosso estimado JP, tem casa própria e uma estabilidade financeira. ― Novamente, ela despejou as informações do funcionário sem ler em nenhum lugar. Estava olhando em direção ao homem o tempo todo. ― Por que o senhor acha que ficamos mais vulneráveis comigo no comando? Seria por eu ser mulher, mais nova que o senhor, os dois, nenhum dos dois...? Qual a sua visão sobre isso? ― Estava realmente curiosa.
― Na verdade, eu acho que você é incapaz de assumir um papel tão importante em uma empresa tão grande como essa. ― Ele respondeu, com um tom de superioridade.
― E, com base em quais dados o senhor, que aparentemente é um especialista em empresas e negócios, tem essa opinião? ― estava ficando de saco cheio de todo aquele papo furado.
― Bom, só quem é cego não chega a essa conclusão. Não basta você ter nascido em berço de ouro e com um bom sobrenome para entender de negócios de homens, sabe? Você entende o que eu estou dizendo, não entende, minha querida? ― Ele continuou com aquele tom escroto em cada palavra que dizia.
― Cala a boca, TJ, ela trabalha no interno da empresa desde os 16 anos. Você acha mesmo que o seria inconsequênte de colocar qualquer pessoa a frente da empresa? Toma vergonha na cara. ― Outro homem na multidão disse, chamando a atenção do companheiro.
― Obrigada! ― agradeceu ao homem pelo seu pronunciamento. ― Só retificando, estou a minha vida toda por dentro dos negócios da minha família, mas no interno mesmo, eu comecei com quinze anos, quando meu avô morreu. Eu realmente não tenho muito contato com vocês das lojas. Meu tio insiste em me deixar mais efetiva nessa parte quando ele estiver perto de se aposentar ou em momentos extremos como esse, no qual ele não está por aqui. E eu aceito que isso pode influenciar na visão que muitos de vocês tem de mim. ― Ela respirou fundo pela vigésima vez durante aquela reunião. ― Eu trato com os parceiros e aliados, com a coordenação de eventos e das corridas. Não que eu deva algum tipo de satisfação pra ninguém aqui, nem justificar minha escolha para o cargo, mas achei importante deixar claro que a minha voz é tão audível quanto a de meu tio ou qualquer outro homem que esteja em cargos acima do de vocês. ― Voltou a mexer no tablet depois que finalizou a fala.
― Fala que tem tanto poder quanto qualquer outro homem, mas precisa de um homem para te defender de uma bela surra, que é o que você está merecendo. Cresceu sem pai, só pode. Tá precisando de um corretivo para voltar pro seu devido lugar, que é na cozinha ou gemendo gostosinho embaixo de um homem de verdade, para satisfazer os desejos dele. ― Outro dos muitos homens que estavam ali, veio do fundo do grupo, falando em um tom totalmente desrespeitoso e parou mais a frente, mais próximo de onde estava.
― Meu Deus! Que nojo.
Foi um dos comentários indignados que captou de alguns de seus colaboradores, depois de ouvirem o discurso do outro.
― Eu não acredito que você disse isso! ― disse, cheio de raiva, quase voando no pescoço do homem, mas foi impedido pelo braço de , que estava com um semblante muito plácido.
― Antes de responder esse ataque, quero dizer ao senhor TJ que, como acha que sou incapaz de chefiar seu serviço, você não trabalha mais pra mim e, mesmo eu sentindo certo asco do seu tom, não vou te mandar embora por justa causa nem barrar que arrume um novo emprego na cidade. Seus pais são idosos e precisam de cuidados especiais, se eu puder te dar um conselho, tente melhorar sua postura profissional e pessoal daqui pra frente, ok? ― Ela finalizou com o mais velho e esticou o pescoço a fim de aliviar um pouco a tensão e alongar a coluna.
― Esqueceu de mim ou ficou com medinho? ― O homem de antes voltou a se pronunciar. ― Arrogantezinha de merda!
respirou fundo mais uma vez, perdendo qualquer resquício de paciência que ainda restava.
― Senhor Bob, infelizmente, gerente da loja sete. Está conosco há pouco mais de dez anos. Estou impressionada que esteja há tanto tempo conosco com esse pensamento tão asqueroso. ― disse e se aproximou devagar do homem. ― Divorciado há sete anos. Eu não esperava menos. Pai de dois meninos lindos e inteligentes, que infeliz ou felizmente, não vêem o pai alcoólatra, por medo e raiva pelo que fez com a mãe deles durante muitos anos. Olha, realmente com esse seu histórico, ainda não entendi porque te deixou a tanto tempo à frente de um dos nossos estabelecimentos.
entregou o tablet que tinha em mãos para e aquela altura não usava mais o megafone. O tom alto de sua voz passeava por todo o galpão sem nenhum problema de entendimento e ficou a centímetros do homem.
― Sabe, Bob, é por homens como você, que eu acabei por decidir, que ser chefe da Morin’s é meu novo objetivo de vida. Eu sinto nojo e vergonha por ter você como membro da minha equipe. E, não, eu não tenho medo de caras como você, eu sinto ódio. Não preciso que nenhum homem me defenda, muito menos, que um ser desprezível como você, me diga onde eu devo ou não estar. ― Ela tinha chego perto do homem e estava cara a cara. ― Eu sugiro que você não dê as caras mais por nenhuma de nossas lojas, já que claramente foi mandado embora por justa causa e eu nem preciso mexer meus pauzinhos para que não arrume um emprego por aí. Quem em sã consciência vai dar trabalho para um velho, alcoólatra sem nenhuma referência do trabalho anterior? E mais uma coisa, comece a tratar as mulheres como seres humanos e não da forma nojenta que vem fazendo, objetificando elas. ― Encarou o homem.
― Ou o que? Vai pedir pro seu cafetãozinho de merda ali me dar uma surra? ― Ele disse, apontando com a cabeça em direção a . A maldade brilhava nos olhos dele.
― Não, meu querido. Felizmente para você, o é um homem muito ocupado, não tem esse tempo pra perder, mas não se preocupe, eu tenho meios de te colocar atrás das grades se o fizer. ― tinha alguma coisa brilhando nos olhos também, mas não era maldade, era poder.
― Nossa, eu estou morrendo de medo. ― O homem disse, soltando uma gargalhada.
― Pois deveria mesmo. ― piscou para ele.
― Você que deveria sentir medo de mim, docinho. Se eu te pego por aí, não sobra nem um fio de cabelo para contar história. ― Ele passou a língua nos lábios de forma pejorativa e nojenta.
― Mas, qual cabelo? O meu ou o seu? ― Ela disse, em um tom desafiador.
Conseguia ver nos olhos dele, a raiva invadir seu sistema nervoso, seu rosto estava super vermelho e suas sobrancelhas arqueadas, com a provocação.
― Sua...! Ele levantou a mão com o punho fechado, pronto para golpear a mais nova. havia calculado todos os movimentos dele, desde o momento em que ele cerrou o punho, até aquele momento. O fato dele estar fora de forma e com certeza não ter aprendido a lutar em nenhuma academia de luta ou treinado nenhuma modalidade. Foi fácil para ela desviar e acertar um soco direto no maxilar dele.
Bob cambaleou um pouco para trás, com o golpe inesperado. sorriu, divertida com a cena e se colocou em posição de ataque, acertando mais um soco no rosto e uma joelhada no estomago dele. O mar de homens que se encontrava no local, ficou atento com a cena e todos deram um passo para trás. Ninguém ousou se meter ou comprar aquela briga.
Bob se recompôs e tentou golpear novamente e, mais uma vez, não obteve sucesso. A mulher era mil vezes mais rápida que ele, mesmo usando aqueles saltos tão altos. Ela parecia adivinhar o próximo movimento que ele ia fazer. A raiva dominava ainda mais o homem, enquanto ele recebia outro golpe, dessa vez nos lábios , que o fez sentir o líquido viscoso e metálico preencher sua boca e descer por sua garganta.
― Você tirou sangue de mim, sua ninfetinha. ― Ele grunhiu, colocando a mão na boca machucada.
― Pois é, sujei minha mão com esse seu sangue asqueroso. ― já tinha se afastado de Bob e estava procurando algo em sua bolsa, puxando em seguida alguns lenços de papel para limpar o líquido avermelhado dos dedos.
― Eu vou ter que tirar sangue seu também então, docinho. ― Ele fez uma voz amedrontadora, mas que nem por um segundo atingiu .
Ela ainda estava de costas para ele, mexendo em sua bolsa, quando escutou um sonoro “Uou” de alguns homens e o barulho de uma arma sendo destravada. Sabia que Bob estava apontando uma arma para as costas dela. Olhou de canto de olho para , que imediatamente entendeu o recado da mulher e não atirou no mais velho, mas ficou com a mão em cima de sua própria arma, em caso de emergência.
― Você se acha super poderosa, não acha, docinho? ― Ele se aproximou devagar, com a arma em punho, de , que já tinha pegado sua arma de dentro da bolsa e engatilhado, sem que ninguém ali percebesse. ― O gato comeu sua língua, docin...
Um barulho alto de tiro tomou conta de todo o galpão. olhou incrédulo para a cena, e um barulho de corpo caindo no chão, também pode ser ouvido, assim como o do ferro da arma bater no piso. Todos conseguiram ouvir aqueles sons, já que o silêncio tomou conta do local.
― Odeio que me chamem de docinho. ― disse, abaixando a arma que tinha acabado de usar, contra Bob. Um belo tiro certeiro, direto na cabeça, que acabara de tirar a vida do homem, que agora estava no chão, em cima de uma poça de seu próprio sangue.
O clima ficou pesado e ninguém ali conseguia esboçar qualquer tipo de reação ao acontecido.
― Então, espero que todos aqui, tenham entendido que, primeiro, eu sou uma , e como uma , sou chefe de todos vocês, e de qualquer outro funcionário dessa instituição. Meu tio estando na cidade ou não. ― passou com cima do corpo sem vida no chão e se aproximou mais dos outros homens ali. ― Segundo, eu trabalho duro nessa empresa, como qualquer outro colaborador e tenho total competência para administrar qualquer uma das infinitas áreas com as quais trabalhamos. ― Ela olhou diretamente para o rosto de um por um. ― Terceiro e último, como puderam ver, eu luto box, sei alguma coisa de MMA, sou ótima em tiro e sei me defender muito bem sozinha. Espero que nunca mais nenhum de vocês me subestime. E em nenhum momento, minha intenção com vocês era de chegar nos finalmentes ou colocar medo. Eu quero o respeito que eu dou a cada pessoa que trabalha pra mim, nada mais que isso. ― Respirou fundo, esgotada. ― Mas, foi bom o Bob passar dos limites. Foi bom para que todos vocês vejam com seus próprios olhos que a vida é assim. Um grande jogo de consequências e eu não vou medir esforços para me proteger e proteger meu patrimônio, estamos entendidos? ― O tom dela era firme.
― Sim, senhora. ― Todos, incluindo , responderam juntos.
― Alguém mais com algum problema comigo no poder ou qualquer outra insatisfação em fazer parte do time da Morin’s quer seu desligamento de forma amigável e pacífica? ― Mais uma pergunta foi feita pela mulher, mas nenhum deles respondeu dessa vez. ― Vou levar o silêncio de vocês como um consentimento geral da nossa situação atual. No mais, meu escritório está sempre aberto, vocês podem me procurar com qualquer sugestão ou insatisfação . Eu estou morta de fome, então, estão todos dispensados. ― finalizou, virando de costas pros homens, pegando suas coisas e saindo do local.
ficou para liberar todo mundo e limpar o local. Essa era uma das funções principais dele e ele simplesmente adorava aquilo.
No banco do carro, se sentia exausta, física e psicologicamente. Não tinha sido a primeira vez que havia atirado em alguém na vida, mas foi a primeira que tirava a vida de alguém. Não se arrependeu, nem por um minuto, até porque ele não pensaria duas vezes em tirar a dela. Naquele momento, se sentiu poderosa, como nunca antes e, pela primeira vez desde que tinha começado a trabalhar na Morin’s, sentiu que era aquela sensação que ela queria sentir pra sempre.
Atualmente...
― , o está te procurando. ― interrompeu os devaneios da mais nova.
― Eu não tenho um minuto de paz. ― Ela disse, rindo, tirando as luxas de boxe e secando o suor do rosto com uma toalhinha.
― Quanto drama. ― disse, rindo também.
― Drama? Diz isso porque não é você que está prestes a assumir todo um império. ― disse, recolhendo suas coisas.
― Império esse que você ajudou a construir e expandir, não é, meu anjinho? ― ajudou ela com a bolsa da academia.
― Me ama demais, meu Deus. ― disse, rindo, passando os braços, pelos ombros do rapaz
― Como a minha própria vida. ― Ele respondeu, indo com ela até a saída da academia da família.
― Puxa saco! ― Ela riu e bagunçou de leve os cabelos do maior.
Em pouco tempo assumiria o cargo de maior importância na Morin’s e aquilo era uma loucura, mas era aquela loucura que a fazia se sentir viva.
Fim
Nota da autora: Olá, venho por meio desta dizer que: ESSA É A MINHA PERSONAGEM PREFERIDA DE TODAS AS PERSONAGENS QUE EU JÁ ESCREVI NA MINHA VIDA TODA. Ela é forte e poderosa e dona de si. Eu não agüentaria nem metade de toda essa merda que ela aguentou. Sério, eu sou cadelinha demais dela. E eu amei demais escrever essa fic, que aliás faz parte de uma trilogia que eu estou querendo lançar, a primeira de todas é Game do ficstape do Super Junior, mostra o par romântico dela (desculpa não ter um romance em Ashley) haha. Daí tem Amigos con derechos do ficstape do Reik, que é mostrando como ela e seu braço direito se conheceram e toda a luta e fuga e sangue hahaha e a terceira é Ashley que é essa e fala da Vida da PP quando toma a decisão de ficar a frente da empresa. Todas cheias de socos, força feminina e algumas com sexo, porque ninguém é de ferro. (Espero que nenhum dos ficstapes citados flopem) kkkkkkk e é isso, espero que gostem.
ps: Ah minha lista de fic vai estar ai embaixo, mas ela atualizada vocês podem achar, tanto no grupo de autoras de kpop que temos em conjunto com algumas autoras do site, clicando no icone do Facebook, quanto na minha pagina de autora aqui do site, que é só clicar no ficone com o F do Obsession. Meu tt ta sempre disponivel também, podem me gritar por lá, aqui pela caixa de comentarios ou onde me acharem kkkkkk
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PUBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS.
Caixinha de comentários: A caixinha de comentários pode não estar aparecendo para vocês, pois o Disqus está instável ultimamente. Caso queira deixar um comentário, é só clicar AQUI
Outras Fanfics:
SHORTFICS:
Baby How You Like That [Restritas – Kpop – Shortfics]
Baby, I Like You [Kpop – BTS – Shortfics]
Baby, I Want You Forever [Kpop – BTS – Shortfics]
Baby We Have A Happy Ending [Kpop – BTS – Shortfics]
Do What We Do [Kpop – Restritas - Shorthfics]
Eyes, Nose, Lips [Kpop – BigBang – Shortfics]
Put'em Up [Restrita – Outros – Shortfic]
FICSTAPES:
02. Teenager [Ficstape #104: GOT7 – 7 for 7]
02. Nobody’s Perfect [Ficstape #122: Jessie J – Who You Are]
03. Crazy 4 U [Ficstape #148 – Move – Taemin]
03. 잡아줘 (Hold Me Tight) [Ficstape #103: The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever]
04. Até o Sol Quis Ver [Ficstape #137: Exaltasamba – Ao Vivo Na Ilha da Magia]
04. Clap [Ficstape #120: Seventeen: Teen, Age]
06. Good Day For A Good Day [Ficstape #108: Super Junior – Replay]
07. Magic Shop [Ficstape #133: BTS – Love Yourself 轉‘Tear’]
07. 소름 Chill [Ficstape #111 – EXO – The War]
07. Shift [Ficstape #112 – Shinee – 1 Of 1]
07. OI [Ficstape #149: Monsta X – Shine Forever]
07. Dengo [Ficstape #150: AnaVitória – AnaVitória]
08. Tonight (오늘밤; feat. Zico) [Ficstape #119: Taeyang: White Night]
09. Retro [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
10. Fire [Ficstape #103: The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever]
11. I Want You [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
12. Undercover [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
16. Not Today [Ficstape #080: BTS – You Never Walk Alone]
MUSIC VIDEO:
MV Beautiful Liar [Music Vídeo - KPOP]
MV Darling [Music Vídeo - KPOP]
MV Sexy Trip [Music Vídeo - KPOP]
Nota de Beta: Todo mundo ama uma personagem forte, não é mesmo? Eu me apaixonei por essa pp!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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02. Nobody’s Perfect [Ficstape #122: Jessie J – Who You Are]
03. Crazy 4 U [Ficstape #148 – Move – Taemin]
03. 잡아줘 (Hold Me Tight) [Ficstape #103: The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever]
04. Até o Sol Quis Ver [Ficstape #137: Exaltasamba – Ao Vivo Na Ilha da Magia]
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06. Good Day For A Good Day [Ficstape #108: Super Junior – Replay]
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07. 소름 Chill [Ficstape #111 – EXO – The War]
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08. Tonight (오늘밤; feat. Zico) [Ficstape #119: Taeyang: White Night]
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Nota de Beta: Todo mundo ama uma personagem forte, não é mesmo? Eu me apaixonei por essa pp!