Finalizada em: 25/04/2018
Visitas:

Prólogo

A cafeteria nunca pareceu tão distante da casa de como ele imaginou que fosse. Depois de andar por mais de cinco quarteirões naquele vento gelado de Busan, ele soltou um longo suspiro, sabendo que podia ao menos ter sido mais esperto e usado o carro para não sofrer com o clima que não estava nada amigável aquela manhã. A busca incansável por uma xícara enorme de chocolate quente fez com que ele perdesse a noção do frio e fizesse uma loucura simplesmente em pleno sábado 8:00 horas com um frio cortante de -2 graus. O que podia ser feito a essa altura era manter as mãos aquecidas dentro do bolso do casaco e o cachecol vermelho aveludado em volta do pescoço. E dentro do coração a esperança que o Jungang estivesse próximo antes mesmo dele ser capaz de morrer congelado e sozinho naquela calçada.
— Eu vou morrer de frio, sinto isso. — Ele resmungou sofrido ao sentir um vento entrar por debaixo do seu casaco e todo o seu corpo enrijecer com o frio intenso. As vezes ele não acreditava que o seu estômago era capaz de comandar mais que o cérebro. — Cadê essa cafeteria? Jungang, onde você está? Por que me torturar desse jeito? — Uma bufada entre cortou o vento forte que bateu no seu rosto e ele torceu para que ao chegar ao no Jungang não tivesse que lutar por um lugar em uma das mesas.
Com o passar dos anos e de várias gerações, o Jungang ainda era a única cafeteria mais disputada do bairro e o único lugar que buscava para relaxar e pedir a sua enorme xícara de chocolate quente acompanhado por um enorme pedaço de bolo com cobertura de chocolate. E não existia outro lugar no mundo que tivesse essa combinação perfeita a não ser somente ali, na sua cidade natal. Busan era maravilhosa e não apenas por causa do clima, da praia e nem da maior loja de departamentos do mundo. Busan era especial, aconchegante e ali ele sentia a proximidade com os familiares e o sossego que era a loucura em Seoul em dias da semana.
— Busan é Busan. — Sorrindo, ele tirou as mãos do casaco, esfregando uma na outra por dentro da luva. — Finalmente. — comemorou quando os olhos conseguiram encontrar o enorme letreiro piscando em azul o nome “Jungang”. As pernas involuntariamente começaram a andar em um ritmo mais apressado e a primeira coisa que ele sentiu quando entrou rapidamente pela porta de vidro da cafeteria foi um ar quente no rosto e o cheiro de café por todo o ambiente. inspirou aquele aroma delicioso, deixando aquela sensação de prazer percorrer por toda parte do corpo, “Jungang” não era qualquer lugar e sim o melhor lugar do planeta e o seu coração bateu mais acelerado imaginando aquele enorme pedaço de bolo.
— Por favor, preciso de um chocolate quente e dois pedaços desse bolo de chocolate. — Apressado para buscar um lugar para sentar no balcão, ele fez o pedido para uma senhora e logo avistou um lugar no lado direito. Ele, sem esperar muito, andou para o lugar e antes que pudesse alcançar o seu objetivo uma garota de cabelos cruzou a sua frente roubando o lugar. — Ei, ei, ei, ei, ei, ei…
— Oi? — Ela virou o rosto na direção dele, reparando o quanto ele parecia angelical e a pele lisa sem nenhuma marca ou imperfeição. — Que anjo é esse? Deus resolveu cuidar de mim agora? — abriu um enorme sorriso ao vê-lo parado daquela maneira, sem entender nada do que ela havia falado. — Oi, anjo. Você engasgou com as suas penas?
— Anjo não tem penas. — Ele resmungou, cruzando os braços. — Anjos são seres iluminados e que tem plumas. — mandou uma piscadinha para a garota abusada que tinha roubado o seu lugar. — Não tente me chamar de maravilhoso sem antes devolver o meu lugar.
— O anjo é bem convencido, não tem algum mandamento no céu que fala sobre isso? — Divertida, ela apoiou o cotovelo no balcão, esperando que ele fosse mais rápido na resposta. Ele de fato tinha chamado a sua atenção.
— Temos o mandamento de não roubar lugares. — devolveu a resposta afiada agora dando mais um passo na direção dela. — Isso é considerado um pecado e você pode queimar no inferno por causa disso.
— Pecado seria se eu oferecesse meu colo para você sentar, anjo. — disse, imaginando que ele não era o tipo de garoto que fosse para a casa engolindo esse tipo de conversa sem antes despejar tudo o que estava em sua cabeça. Ele ficou em silêncio, não expressando nenhuma reação e aquilo fez ela estudar melhor as possibilidades sobre esse anjo. Lindo, maravilhoso, cheiroso e também tinha uma boca fantástica. — Com um anjo desses, Deus quer testar a minha fé? Ele sabe que eu sou bem fraca.
— Garota…
.
— Quem? — perguntou, perdido.
— Eu, anjo.
— Não sou anjo, me chamo . — Ele cortou.
— Oi, Anjo . — estendeu a mão para ele e balançou a cabeça desacreditando no que estava acontecendo. Ele só queria um momento de paz. Sentar no balcão com a sua xícara de café e o seu bolo. Por que era tão complicado querer somente isso? — O que foi? Anjos tem outro tipo de cumprimento? — O sorriso nos lábios da garota demonstrou totalmente que estava curtindo aquele momento com ele. Principalmente essa conversa mais sem sentido do mundo.
, prazer. — Educado e cordial, segurou na mão dela e imediatamente um choque percorreu seu corpo e ele puxou a mão para trás. pareceu sentir também aquela eletricidade, balançando a mão no alto de um lado para o outro. — O que foi isso? — Ele perguntou, sem saber o porquê daquela sensação estranha.
— Nossa, que choque foi esse? — Assustada, a garota olhou dentro dos olhos de , buscando alguma explicação para aquela sensação que não sabia ao certo da onde surgiu. O coração bateu em um ritmo mais rápido, as mãos começaram a ficar frias e algo pareceu surgir em seu estômago. O contato com ele tinha sido tão curto, mas trouxe uma bagagem de reações e sensações inexplicáveis que ela não soube ao certo o que sentir ou falar. Ele ainda estava bem à frente parecendo também um pouco assustado com essa novidade e ela manteve o silêncio daquele momento, sentindo medo daquele garoto estranho e lindo.
— Quem é você de verdade? O seu nome verdadeiro? Da onde… — De repente, o tempo congelou e as pessoas em sua volta ficaram paralisadas. olhou para o rosto da garota e ela estava totalmente sem vida e o desespero começou a invadir todo o seu corpo. — Socorro! O que significa isso? — Ele caminhou de um lado para o outro na cafeteria, buscando descobrir o que estava acontecendo ali. Todos pareciam estátuas e ninguém respondia aos seus gritos de desespero. — O que é isso? O que está acontecendo? — Parando de frente à garota, ele esticou um dos dedos em direção ao rosto dela e de repente tudo desapareceu com um piscar de olhos. A escuridão tomou conta do local e ele se sentiu perdido sem saber o que estava acontecendo. Não existia mais o “Jungang”, o aroma de café, a senhora e muito menos a garota ruiva que tinha roubado o seu lugar. em pânico fechou os olhos na esperança que tudo isso fosse apenas um sonho.


Capítulo 1

E de repente quando o celular despertou exatamente às 12:00 horas, assustado moveu os braços de um lado para o outro e no movimento de lá pra cá derrubou o aparelho no chão, ficando ainda mais desesperado para desativar o alarme.
— Que droga! — Ele reclamou, passando a mão no corpo e empurrando o enorme cobertor de lã de lado. Buscou rapidamente o aparelho no chão e com muita dificuldade o encontrou, apertando a tela de todos os lados possíveis para desligar aquele barulho infernal. O peso da cabeça dolorida da noite anterior pareceu não ter aliviado e ele forçou as têmporas com os dedos, sentindo cada parte daquele local latejar. — Por que esse mesmo sonho? Meu Deus, não aguento mais isso. — passou diversas vezes a mão pelo rosto e pelo cabelo, querendo livrar-se daqueles sonhos e da sensação estranha que sempre sentia ao acordar. Estando no verão de Seul olhou boquiaberto para a grossa coberta em cima da cama, que fazia menos sentido ainda. Seul estava com temperaturas altas e a necessidade de usá-la era somente quando o inverno rigoroso surgia. — Como é possível eu sonhar com essa garota todos esses dias? É alguma mensagem subliminar? Eu devia saber o que é? É Deus falando comigo? — Uma risada saiu bem alta quase não acreditando naquelas divagações a essa hora da manhã, a pouca claridade que entrou pela janela mostrou à ele que o dia provavelmente seria de muito sol e calor, ao contrário de Busan em seus sonhos que estava frio e congelante com uma garota maluca o chamando de “anjo”.
não conseguia achar uma explicação para em todos os seus sonhos acontecerem sempre as mesmas coisas. Por exemplo, a mesma cafeteria, Busan, o frio e a garota. Três dias seguidos ele estava sonhando com e a maldita sensação e o choque quando tocava em suas mãos. Tudo parecia tão real que ele acordava dessa maneira, enrolado em enormes cobertas e agitado por tê-la perdido novamente daquela maneira e todas essas perguntas tirando a sua paz e o seu sossego. — Essa garota vai me deixar maluco. — Outra risada saiu pela sua garganta e ele balançou a cabeça, achando que isso o iria deixá-lo perturbado. — Ela é linda e maravilhosa. — Cortou a risada, dando espaço para um longo suspiro, fechando os olhos e jogando o corpo para trás na cama. Não podia ser tão distraído para não notar o quanto ela tinha o sorriso, a pele, o formato do rosto e também o olhar mais penetrante e determinado que ele já tinha visto no rosto de uma garota. , logo não era qualquer garota em Busan. Era diferente, elétrica, espontânea e sem medo de falar qualquer coisa. — Meu Deus. — Em deboche, ele contorceu-se na cama com o corpo, reparando que estava ficando interessado pela garota do seu sonho. — O próximo passo é eu ficar babando? Ter algum tipo de crise? Ou um raio atingir bem no meio da minha cabeça? — O celular debaixo do cobertor começou a tocar e ele perdido em meio a tudo o que estava em sua cabeça, escutou ao longe o barulho dele e foi tateando até encontrá-lo. — ? — Ele fez uma careta ao ver o rosto do amigo na chamada.
— Bom dia, raio de sol. — atendeu, logo tirando onda com a cara do amigo que detestava que ele o chamasse assim.
— Bom dia, princesa. — respondeu, devolvendo a gracinha. — Resolvi ligar cedo para te perguntar…
— De novo. — falou, cortando-o sem nem ao menos terminar de escutar completar o pensamento. Ele sabia exatamente do que ele estava falando e provavelmente hoje cederia ao convite do amigo para ir até a sua avó que é uma das grandes Xamãs de Seoul. — Sonhei com a de novo. — Confirmou, reparando a risada de aumentar no fundo. — Já estou ficando de saco cheio de acordar todo suado e me irritando por sempre tentar descobrir quem é ela e onde ela mora, vive ou o que quer comigo e sempre o sonho acabar.
— Já disse que é uma garota predestinada a mudar sua vida. — aumentou o tom da voz, parecendo animado em falar sobre aquele assunto. Cresceu com a avó em meio a todos os rituais, crenças sobre diversas energias no mundo e ele acreditava veemente que todo sonho tinha um significado. — , vamos encontrar com a minha avó, . — Ele o chamou novamente, perdendo a conta de quantas vezes tinha feito esse convite para que ele fosse fazer uma consulta para saber o que estava acontecendo com a sua energia e todos aqueles sonhos seguidos.
— É uma garota qualquer, . — tentava não deixar que isso ficasse muito em destaque na sua cabeça, imaginar que existia ou que todo aquele encontro fosse uma maneira de comunicação do além era a última coisa que ele conseguia acreditar.
— Você é um idiota, . — o julgou, sabendo que era errado o comportamento dele. — , você acha que não existe uma força sobrenatural? Um acontecimento. Um milagre? Coisas além da nossa compreensão? — Ele lotou o amigo de perguntas, notando que a cada minuto estava ficando mais sem paciência para esse lado cético dele. — Nem tudo você pode ver e nem tudo pode ser tocado.
— Eu acredito em coisas do além. Só não consigo acreditar em energias, cosmos e aquelas coisas que acontecem em animes...
— Não vou ficar discutindo com você sobre isso! — desistiu de argumentar, as vezes essa descrença e era tão irritante.
— Tudo bem. — cedeu, parecendo não querer mais descobrir sozinho o porque de sonhar com aquela garota assim. — Tudo bem, hoje nós estamos de folga e podemos ir falar com a sua avó? Eu só tenho que passar em um lugar primeiro e te encontro na porta.
— Fechado. — comemorou. — Passo a localização e te espero daqui duas horas, não entre sem antes eu chegar. Minha avó é muito sensível.
— Tudo bem, raio de sol. — provocou.
— Ótimo, princesa. — devolveu desligando o celular não dando espaço para que ele falasse nada. Hoje, iria conhecer a sua avó e descobrir de uma vez o porquê de todos esses sonhos.

xxx


Ao chegar no local onde ele esperava ser um salão cheio de penduricalhos, fotos espalhadas, panos coloridos e todas essas coisas que normalmente são encontradas em casas de Xamãs em filmes de assombração, o maior medo de era descobrir que ao ter contato com esse mundo ele fosse puxado por algum espelho, banheira ou qualquer coisa que fosse um portal para outra dimensão. E se ele fosse para o mundo dos mortos? E se a noite alguma alma aparecesse no pé da sua cama?
— AI MEU DEUS. — Ele deu um pulo ao sentir algo tocar as suas costas. O pano da cortina caiu levemente, desenrolando, e ele precisou segurar em para que não cair no chão. — Deus me livre, me proteja, me ame e fique ao meu lado. — Ele fez um sinal de proteção em frente ao corpo em desespero.
, se fecha. — o empurrou, percebendo que ele não estava levando o lugar a sério. Ele precisou de muito tempo para acostumar com a avó e agora não permitia que ninguém faltasse com respeito ao lugar sagrado que ela chamada de templo de luz.
— Me fechar? Eu bem que tento. — Os olhos dele começaram a reparar em outros detalhes e de repente uma senhora surgiu um pouco mais a frente. Ele soltou um grito, colocando a mão no coração. — PELO AMOR DE DEUS! Que isso, o que é isso?
— Oi, . — Ela o cumprimentou, acenando com a cabeça e indo para o lado de . — Amor da vovó. — beijou as bochechas do neto. — Como o meu bebê cresceu, sinto tanto a sua falta. — Carinhosamente, ela sorriu e o abraçou com tanto amor.
— Ele é mesmo um bebê e um raio de sol. — tirou onda com a cena fofa desenvolvendo um pouco mais à frente. A avó do amigo agora estava apertando as bochechas dele e passando uma das mãos pelo seu corpo.
realmente tem uma luz que nenhuma outra pessoa tem. Fico tão feliz por você ser essa alma tão pura e iluminada. — Ela concordou, passando ambas as mãos pelo rosto do neto. — Ao contrário da sua luz que anda bem fraca. — colocou a mão no queixo, deixando de lado e indo para a frente de .
— Oi…? — Ele sorriu sem graça.
— O que acontece em seus sonhos? Como ela é? — quis saber, olhando dentro dos olhos de sem desviar a atenção para nenhum outro lugar. — Ela é linda? Imagino que seja, você anda bem ansioso. E essa garota vai mudar a sua vida e a sua crença. — tampou a boca, escondendo um risinho debochado ao vê-lo abrir os olhos atentos para tudo o que ela falava.
— Esqueci que tenho um compromisso. — Sabendo que tinha sido uma péssima idéia, tentou desvencilhar da senhora, procurando a porta por onde tinha entrado. — Muito graciosa a senhora. — Ele a cumprimentou, dando pequenos passos de lado em rumo à saída.
— Fique onde você está. — o empurrou para o mesmo lugar. — Vó, ele tem sonhado com uma garota. O mesmo sonho em dias seguidos. — O amigo jogou logo na roda a situação toda, fazendo semicerrar os dentes nervoso com a entrega fácil da sua vida pessoal. — Ela tem cabelos , os olhos lindos e marcantes. Sem contar na voz suave, na energia e no sorriso mais maravilhoso.
— E os olhos dele brilham toda você que a encontra. — andou para longe, sentando-se no chão ao lado de uma mesinha bem pequena. — Sentem-se, podemos começar a falar sobre essa garota. — Ela estendeu a mão para dois lugares vagos bem à sua frente.
— Vamos! — o puxou pelo braço, cruzando as pernas uma da outra e sentando em cima de uma pequena almofada. seguiu o amigo, imaginando que não tinha outra solução.
— O que você ela está fazendo? Eu devo ficar com medo? — tapou a boca com uma das mãos, controlando a risada para não parecer escandaloso demais. A mulher logo à frente começou a balançar um chocalho no ar e na outra mão segurava um bastão dourado cheio de fitas coloridas. Ela balançava o corpo de um lado para o outro no mesmo ritmo que os itens e tudo aquilo foi demais para que ele pudesse controlar a gargalhada contida ao vê-la daquela maneira engraçada e ao mesmo tempo assustadora.
— É sério? Você vai ficar rindo assim da minha avó? — o empurrou de lado, chamando a atenção. estava quase roxo com a encenação da avó. Ninguém além dele acreditava na sua família sobre os poderes sobrenaturais desenvolvidos ao longo dos anos por ela. era o único que ainda a visitava e passava horas ajudando a senhora com os rituais que frequentemente ela tinha que fazer para forças do bem. — Preste atenção no ritmo dela, olha como ela trabalha e entra em harmonia com todos os cosmos do universo. — Boquiaberto e com uma mão estendida ele apontava para a senhora que agora estava de olhos fechados balançando a cabeça de um lado para o outro e começando bem baixinho a cantar um mantra. — Vó, a senhora é uma grande Xamã e em todo o universo não existe outra pessoa que tem essa ligação forte e compreensão sobre a vida humana e cósmica. O que anda acontecendo com o meu amigo?
, não se preocupe, meu pequeno. Ele vai acreditar no momento certo porque eu, , nunca errei e nunca estive longe dos cosmos e das forças do bem. — Ela falou de maneira suave e carinhosa ao abrir os olhos e encarar o neto. — , tudo bem? — tentou não olhar para e assustá-lo, mas sentiu uma força estranha surgir dele que trouxe uma paz para o seu coração.
— Não tanto como eu gostaria. — Finalmente ele confessou. Esperava sair daquele lugar logo, mas tinha que descobrir o porquê daqueles sonhos e o que significava aquela garota. — Eu a vejo nos meus sonhos e parece tudo real demais. O toque, cheiro e a maneira que eu me sinto como se conhecesse ela há décadas. É algo que eu não consigo explicar, uma eletricidade por todo o meu corpo. Uma sensação descontrolada. Um misto de desejo com euforia. — Sem notar um sorriso surgiu nos lábios e a sensação do sonho voltou por todo o seu corpo. foi capaz de sentir a eletricidade e em algum lugar daquele imenso mundo, algo gritava dentro da sua cabeça que essa garota existia. E ele apenas torcia para que fosse real. Mesmo sabendo que isso era quase impossível.


Capítulo 2

Depois de receber tantas informações para um único dia, almoçar com o amigo era quase uma tortura que parecia não estar disposto a enfrentar. tinha a capacidade de deixar a situação mais conflitante do que parecia e muito mais maluca do que o necessário. O fato de estar com a cabeça pesada e com os sentimentos à flor da pele foi o suficiente para que ele precisasse apenas de um descanso físico e mental, talvez o silêncio do apartamento fosse a solução para colocar as ideias em ordem e absorver toda aquela explicação sobre a sua atual situação energética. não havia parado de falar durante uma hora e achou que sua cabeça fosse explodir com esse “efeito butterfly” que o mundo resolveu jogar em sua vida. Já não bastassem todas as complicações do dia a dia na empresa. E agora com esse efeito ele tinha que lidar com uma garota desconhecida em algum lugar desse mundo trocando energias por sonho. Porque a chance para isso acontecer é de uma em um milhão e justamente com ele foi acontecer nesse momento mais delicado.
— Efeito Butterfly — riu, lembrando-se da avó de . Ele custava ainda acreditar sobre esse tal efeito “butterfly” que ela explicou de todas as maneiras possíveis para que ele ao menos pudesse dar uma chance de acreditar no que ela dizia. — Efeito Butterfly? Eu estou sobre o efeito de viver sonhando com essa garota. E em momento nenhum nesses sonhos eu posso saber sobre ela? — A gargalhada saiu de maneira suave enquanto ele tirava os sapatos e caminhava lentamente para a geladeira. Puxou a porta de maneira suave e procurou com os olhos uma garrafa de suco natural de uva que ele sabia que estava ali em algum lugar. — Não é possível que eu esteja conectado com uma garota através de sonhos. — Ele encontrou o suco, sentindo-se muito cansado e frustrado pela conversa com a avó de . Ela não tinha noção do tanto de informação que disse e tudo parecia ficar ainda mais confuso com o passar das horas. Jogou-se no sofá, cobrindo o rosto com as mãos pensando novamente na explicação dela sobre Butterfly.

“Butterfly é um fenômeno raro de se ver no mundo de hoje. A cada dia as pessoas ficam mais alienadas e distantes de todas as energias boas que existem ao nosso redor. Elas não acreditam em forças, luzes e energias que podem mudar acontecimento em nossas vidas. Antigamente era mais fácil encontrar duas pessoas com uma sintonia perfeita de energias. Não é por acaso que você está sonhando com essa garota. Em algum lugar do mundo ela também está sob o efeito Butterfly e pode não saber isso e muito menos entender os motivos que a estão levando a sonhar com você, . A sintonia perfeita acontece raramente, por exemplo, quando vocês estão conectados em todos esses sonhos é possível que ela sinta tudo o que você está sentindo e vice e versa. É uma troca de energia tão única que não pode ser forçada. Tudo tem que acontecer naturalmente, ou seja, você nunca deve fazer nada para descobrir sobre ela e nem quebrar essa ligação. O tempo é capaz de lhe mostrar o que exatamente significa isso. Continue sonhando, continue buscando nesses sonhos qual é o significado e o que essa garota tem para acrescentar na sua vida espiritual. Seja a sintonia dela e deixe que ela seja a sua, .”

Deitado daquela maneira no sofá ele deixou que o cansaço dominasse o corpo e lentamente foi fechando os olhos, dando espaço para que novamente o sonho começasse a desenvolver.

caminhou pelas ruas de Busan como em todos os outros sonhos, entrou no Jungang e fez o mesmo pedido de sempre. Chocolate quente com dois pedaços de bolo de chocolate. O lugar estava agitado e nada novo parecia acontecer, mas ao virar o rosto para o lado onde iria encontrar a garota e brigar pelo lugar, encontrou dois lugares vagos e isso despertou a sua atenção. O certo era somente um, mas agora no Jungang havia dois lugares naquele mesmo espaço perto do balcão.
— Por que diferente assim? — ficou tenso e chocado com essa mudança repentina, não era certo surgir aquele lugar. Não era certo ele estar sentindo esse peso nas costas e nem essa tremedeira nas pernas.
— O seu chocolate quente, jovem. — A senhora chamou a atenção dele para a enorme xícara em cima de uma bandeja com dois pedaços enormes de bolo. colocou a mão no coração, assustado com o rosto daquela senhora que era exatamente o mesmo que a da avó de . Em todos os sonhos ele nunca tinha nem ao menos chegado perto dessa xícara de chocolate e nem reparado na fisionomia da atendente. — Jovem? Onde coloco o seu pedido? — Ela perguntou novamente, chamando a atenção dele para a bandeja ainda nos braços.
— Ali. — Ele apontou para os dois lugares vagos, observando a senhora deslocar por entre os outros funcionários na parte de dentro e deixar em cima do balcão a xícara e um prato com o bolo. — Obrigado. — Ele agradeceu, percebendo que ela voltou a encará-lo. — Será que eu fiz alguma coisa de errado? — questionou completamente sem foco para continuar o sonho, não sabendo como ele iria conseguir acordar. — Que cacete! — Ele xingou irritado por não saber como desaparecer daquele lugar.
— Anjos são ensinados a xingar dessa maneira? — A voz dela, suave, surgiu logo atrás, bem ao pé do ouvido, deixando assustado e ao mesmo tempo estático, não conseguindo reagir com rapidez. Ele buscou inflar um pouco de ar para dentro do corpo devidamente assustado por outra mudança na linha de tempo do sonho. — Anjo, você é muito bonito para ficar falando algo assim. Deus não deve gostar nada disso e eu acho que estraga o seu charme angelical.
— Sou um anjo e às vezes também cometo erros. — disse, dando alguns passos para frente posicionando o corpo à uma distância confortável dela. Precisou contar até certo número para não parecer desesperado e lentamente girou o corpo, encarando a garota sem tirar os olhos daquele sorriso maravilhoso.
— É um anjo cheio de pecados. — Ela fez uma careta, colocando as mãos na cintura como uma mãe quando precisa repreender o filho. Ao vê-lo afastar e virar o corpo, voltando a atenção para ela, a garota escondeu o entusiasmo quando viu os olhos dele explorar dos pés à cabeça e depois voltar para um contato visual mais intimista. — Com um rosto tão maravilhoso e lindo desses pode ser tão pecador? — quis focar em sua boca, mas algo além daqueles lábios vermelhinhos chamou a sua atenção. Ele tinha o rosto angelical mais iluminado e perfeito daquele lugar.
— Quer um chocolate quente e bolo de chocolate? — ofereceu prontamente sem qualquer tipo de espaço para outro convite. — Aposto que você adora e é seu preferido. — Ele sabia que ela iria aceitar por ser curiosa demais e muito teimosa também.
— Chocolate quente e bolo? — Ela passou a mão na barriga, fechando os olhos. — É sim meu preferido.
é meu nome, . — Desconfiado sobre a apresentação ele estendeu a mão, esperando que ela fosse pegá-la, mas hesitou por um momento olhando para ele. — O que foi? Não posso saber o seu nome? — Ele questionou, estranhando aquele olhar confuso e desconfiado.
? Eu não te conheço de algum lugar? — A garota fechou um dos olhos, colocando a mão no queixo. — , … — Ela buscou nas lembranças algum fato importante ligando o rosto ao nome dele. Não era estranho e nem peculiar, apenas diferente e uma sensação estranha que surgiu ao escutar aquele nome. Ela tentava descobrir porque esse garoto chamava tanto a sua atenção e o porque do rosto dele ganhar esse destaque fabuloso entre todos os outros que havia ali no Jungang.
— Você aceita, ? — Ele fez o mesmo convite, a chamando pelo nome direto. sabia sobre os detalhes que a avó de havia informado, lembrava sobre o contato, sobre a troca de energia e o importante detalhe de nunca se interessar demais em saber localidade, cidade e situações sobre a sua vida pessoal da garota.
— Como você sabe o meu nome? — Ela chocada não conseguiu sorrir, mas não deixou de demonstrar interesse e curiosidade em saber mais sobre aquele garoto.
— Acreditaria se eu falasse que conheço você de algum lugar? E que sei o seu nome porque escutei ele diversas vezes essa semana? — Ele falou, querendo saber se ela também tinha alguma informação a respeito de Butterfly. O silêncio da garota foi a resposta para a sua dúvida, ela não sabia a respeito do efeito, mas parecia bastante atenta quando ele disse sobre conhecê-la de algum lugar. — Acreditaria ainda se eu falasse que em todos os meus sonhos eu consigo ver o seu rosto, conversar e exatamente assim as coisas começam a acontecer entre nós dois sentados naquele balcão? — apontou com a cabeça para os bancos.
. — abaixou a cabeça sorrindo e depois levantou na altura do rosto dele. — Acredito em anjos, forças naturais e sobrenaturais, acredito em vidas passadas, em energias cósmicas e também acredito que duas almas podem ter uma ligação e que é possível duas pessoas se conhecerem sem ao menos terem se visto uma única vez na vida. — O estado de choque nos olhos de foi a grande certeza que ela precisava para tirar todas aquelas questões da sua cabeça. não era um estranho e sim alguém que ela já havia conhecido em algum momento da sua vida. Talvez nessa vida, talvez na anterior ou eles estivessem ligados através de uma força maior que ela não conseguia determinar o tamanho ou a complexidade. Ela só compreendia que aquele encontro não era natural e que aquele garoto não era qualquer um, ele tinha os olhos, o sorriso e a pele mais perfeita e iluminada de Busan. não era qualquer ser humano, não era uma simples pessoa, ele era além da expectativa e difícil demais acreditar que existisse. Talvez ele fosse isso, apenas um sonho ou talvez até mesmo um anjo.


Capítulo 3

Vinte dias depois
O elevador parecia demorar mais do que de costume ou estava muito ansioso para chegar em casa. Os andares passavam de maneira lenta e ele observava no painel o correr dos andares e o número do seu andar nunca aparecer. só queria finalmente entrar no seu aconchego do lar e tomar um bom banho de banheira e relaxar um pouco o corpo. Hoje era sexta-feira e durante toda a última reunião da semana a atenção dele estava totalmente para o relógio que existia em cima daquela enorme mesa de vidro com todos os advogados sentados em volta atentos ao que estava sendo discutido. Menos ele que torcia para que Steven fosse mais prático e rápido ao falar sobre certos assuntos, ele não precisava de mais uma aula sobre o que fazer com os seus clientes. Discutir sobre o andamento da empresa devia ser uma reunião específica e determinada em apenas um dia na semana. Steven sempre marcava essas malditas reuniões para depois do expediente e também quase todos os dias da semana, assim era obrigatório todos os nove advogados permanecerem as vezes até às 22:00 horas conversando sobre finanças, processos, juízes e tudo o que envolvia a sua vida chata e monótona naquele escritório. E ele não queria mais ficar preso daquela maneira naquele lugar que deixava o seu corpo todo pesado e sua cabeça estressada com causas e clientes insuportáveis.
E em alguns minutos depois o último andar chegou e foi o tempo de digitar a senha na porta e jogar a chave do carro em cima do aparador que já estava no quarto tirando a roupa na esperança de entrar dentro daquela banheira para acalmar os pensamentos e o mau humor desenvolvido por cauda de Steven. não buscava nada durante a entrada da noite, apenas queria paz, sossego e descanso para conseguir sonhar com a garota novamente.
— Preciso do seu sorriso hoje, . O dia foi tão ruim que não vejo a hora de adormecer e encontrá-la. Por favor, esteja em meus sonhos hoje. — Depois de quarenta minutos mergulhado dentro da água com a hidromassagem ligada, perfumes, relaxantes e sais espalhados por toda banheira, com cuidado para não escorregar no chão molhado buscou apoio para levantar-se na sequência, enrolando a toalha em volta da cintura. O closet era enorme e todo arrumado por preferências, cores, estações do ano de uma maneira que ele conseguia sentir paz ao entrar naquele local que era a sua parte preferida da casa. — Cueca, ok. Perfume, ok. Creme, ok. — Ele falou, terminando de vestir uma boxer branca e indo em direção à cama. — Cama, ok. Celular, ok. — Mentalmente foi checando a lista antes de se jogar completamente na cama e esperar que o sono chegasse e ele encontrasse a garota que tanto estava deixando o seu corpo ansioso.

— Então? — rolou os olhos sem graça, observando todo mundo arrumando um parceiro para dançar. ainda parecia uma estátua ao seu lado, tão desligado para reparar que ela também queria ser convidada para dançar como os outros casais por todo aquele salão. A festa estava animada e só queria que seu companheiro fosse mais ativo e prestasse atenção nos gestos corporais e nas dicas que ela dava tossindo, suspirando e resmungando o tempo todo.
— Acho que sobramos…
— Pois é. — Ela suspirou, abrindo um sorriso sem graça com a situação. Será que esse anjo era tão lerdo para não entender o que ela queria? não era um anjo tão esperto como ela imaginou que fosse.
— É. — controlou a risada presa em sua garganta para não parecer muito ansioso ao vê-la incomodada com a inércia dele. — Vou parecer muito ousado se eu pedir uma dança na próxima música? — Ele estendeu a mão quando começou a trocar Told You So. O olhar de prendeu ao dela quando a garota inclinou um pouco a cabeça de lado começando a rir. — Não fale que só eu sinto vontade e esse interesse em saber como o meu corpo fica quando entra em contato com o seu, . — A adrenalina falou mais alto e não conteve as palavras para demonstrar exatamente o que queria para aquela noite. Ele a queria precisava dela e daquele contato mais íntimo.
— Achei que você fosse demorar pedir, . — Ela ficou totalmente apaixonada por aquele sorriso. — Você nem tem ideia do interesse e de todas as vontades que eu sinto toda vez que me olha dessa maneira. — segurou forte na mão dele, deixando ser conduzida para o meio do salão.
— É agora o nosso momento. — sussurrou intencionalmente para que ela não entendesse nada.
— Oi? O que você disse… — Ela não esperou que ele fosse tão rápido e apenas sentiu as mãos envolvendo sua cintura e juntos começaram a dançar aquela música lenta, colando o corpo de um no outro. — Nada, não precisa falar nada. — Os braços dela passearam pelas suas costas, subindo em direção ao pescoço buscando toda a intimidade e a liberdade para explorar cada detalhe daquele corpo. — Você consegue deixar o meu coração em conflito. — Ela assumiu, reconhecendo que não sabia explicar o que acontecia com o coração e com o seu corpo quando entrava em contato com o dele. Não sabia porque sentia aquela eletricidade surgir junto com essa leveza em seu estômago, exatamente a mesma sensação que sente ao estar dentro de um avião há muitos pés de altura.
— Eu me sinto assim também. — aproximou o rosto um pouco mais, deixando que sua testa apoiasse a dela. — Sinto meu coração diferente e é algo que eu gosto, é algo que eu sinto que preciso todos os dias. — Ele disse, aproximando o seu rosto, deixando que os lábios tocassem aos dela de propósito. — Sentindo um leve tremor em seu corpo, ele sorriu ao escutar o longo suspiro dela pelo canto da boca. — Você sente isso? É maravilhoso. — A eletricidade que surgiu com aquele simples contato foi tão intensa que ele precisou controlar o desejo que pegá-la no colo e sair daquele lugar.
— Sinto. — Foi a única coisa que conseguiu dizer. Com uma das mãos ela começou a acariciar o cabelo dele, fechando os olhos e curtindo o momento, deixando ser levada pela música e pelo corpo dele que moldava exatamente ao seu.
— Eu acho que estou de uma forma que eu sempre quis… — Ele sussurrou no ouvido dela. — Com a pessoa que eu sempre quis também. — afastou um pouco o rosto dela e a olhou intensamente, mostrando através daquele olhar a sinceridade ao dizer todas aquelas palavras. ficou sem reação procurando compreender como ele conseguia ter esse domínio impressionante sobre ela.
, isso é certo... — Ela começou a falar, mas ele tapou a boca dela com um dedo, interrompendo a garota em terminar aquela frase. O momento não era para questionamento, eles estavam dançando em um lugar maravilhoso e tudo o que eles precisavam era curtir o momento, o contato e aquela sensação profunda e inexplicável.
— E isso importa? — Ele perguntou, segurando o queixo dela com a ponta dos dedos. O corpo pareceu reagir com aquele olhar e cada parte dele estremeceu, buscando sensações que ela sabia que só iria sentir com aquele garoto. Ela não tentou nenhuma outra palavra, frase, pergunta ou explicação, nada parecia urgente ou importante. Ela estava ali, envolvida nos braços dele e isso era tudo o que estava precisando para deixar aquele momento mais especial e único.
— Não. — Ela passou os braços em torno do seu pescoço e ele estreitou os braços em volta da sua cintura, colando os corpos. deslizou a boca até o ouvido dela, dando uma leve mordidinha no lóbulo da orelha. sentiu um frio percorrer por toda sua espinha, depois ele veio roçando os lábios e o queixo pela linha da mandíbula até que encontrou os lábios dela e ansiosos iniciaram um beijo urgente, permitindo que se misturassem, que fossem descobrindo aos poucos a intimidade e o gosto de cada um. A eletricidade novamente surgiu, deixando o ambiente quente e se afastou um pouquinho, permanecendo ainda com os olhos fechados por um instante, e então quando ela abriu os dela o encontrou encantadoramente sorrindo.
— Eu realmente estou sonhando. — Ele disse, balançando a cabeça agora tocando levemente as bochechas dela com o polegar. — É um sonho que eu não quero acordar, nunca. Tudo em você é o que eu preciso, o que eu necessito e nada me deixa mais completo e feliz a não ser você, garota. — Carinhosamente ele a puxou contra o seu peito desejando nunca mais ficar longe daquela garota e daquela boca que tirava o seu fôlego e o seu chão.


Quarenta dias depois
nunca tinha parado para analisar a sua atual situação e nem ao menos teve a coragem de contar para os últimos acontecimentos envolvendo todas as energias, ligações, sintonia e forças do além. Ele seguia a linha de permanecer em silêncio, escondendo os sonhos do amigo e fingindo nunca mais ter sonhado com a garota ou então acreditar em todas as coisas que a avó tinha falado sobre o efeito butterfly. Mas no fundo, bem ali, sozinho em seu apartamento o lugar onde ele ficava desesperado para encontrar razões para sempre estar dormindo, sabia o quão maluco e complicado sua vida estava. E ele não sabia como controlar e nem como acabar com todos aqueles conflitos. Ele nem tinha a intenção de acabar com nada. Só queria descansar, adormecer e novamente sonhar com a sua garota.
— Eu só posso ser um idiota por ficar dessa maneira. — Ele riu, colocando a mão no rosto. Sonhar daquela maneira, ficar ansioso, tomar banho, perfume e toda uma preparação para simplesmente deitar na cama? O que estava acontecendo com a sua cabeça e com o seu coração para comportar-se daquela maneira? soltou uma longa risada começando a entrar em conflitos por estar com aquele comportamento estranho. E daquela maneira, com a cabeça cheia de dúvidas e com o corpo cansado ele adormeceu.

sentiu um frio percorrendo por todo seu corpo, levou a cabeça para trás e sentiu o corpo de perto do seu. Fechou os olhos e tentou resistir às carícias que ela estava fazendo com os dedos. Não podia fazer isso, não era certo. se aproximou mais dele, ainda em cima da mesa, e de leve encostou os lábios em seu pescoço. já não estava mais dando conta de se segurar. desceu os lábios e a língua pelo seu pescoço e, de leve, começou a dar pequenas mordidas. Parou em seu ouvido e sussurrou algumas coisas, e em seguida segurou seu cabelo com força e o puxou para trás. Ele fechou as mãos, tentando se controlar, mas um calor começou a invadir seu corpo e, sem pensar muito, se virou com tudo. Em um ato de desespero, agarrou com toda força, puxando o corpo da garota para mais perto e a beijou com paixão e loucura.
— Você não deveria ter feito isso. — Ele falou, separando os lábios e passando seu rosto pelo dela. — Eu perco o controle toda vez que você se aproxima.
— Mas eu fiz, agora chega de falar. — o puxou pela camiseta e foi o beijando com mais força e intensidade. Aos poucos, ela foi tirando toda a camisa dele e passou a mão pelo seu peito.
parecia ainda não estar acreditando no que estava acontecendo. Ele jogou algumas coisas que estavam em cima da mesa no chão e se ajeitou, dando espaço para que pudesse se deitar. Ao encostar suas costas na mesa gelada, conseguiu sentir as mãos leves e quentes de pelo seu corpo. Algo dentro dela pulsava e a fazia desejá-lo cada vez mais.
— Eu sou louco por você, garota. — Ele sussurrou no ouvido dela e mordeu de leve seu pescoço. Ainda com os lábios, se aproximou da pele quente e macia de , ela fechou os olhos e estava mais decidida do que nunca a ter em seus braços. Com o toque dele, se contorceu e soltou um pequeno gemido abafado. Ele desceu os lábios pelo colo dela, parou em sua barriga e foi descendo lentamente a saia dela. Conforme descia, os beijos também, e a cada milímetro abaixo ela ofegava mais alto.
Mordeu de leve a barriga da garota e jogou os cabelos para frente, passando a língua e explorando a região. Novamente subiu os lábios pelo corpo e ansiava encontrar novamente sua boca. Naquele momento, seu coração seguia em ritmo tão acelerado que lhe faltava até mesmo a respiração. A respiração dela acelerava e , ao perceber isso, continuava e intensificava cada beijo, cada passada de língua. começou a tremer de frio e ele sentiu o corpo da garota amolecer. Ele, apenas com um toque suave, quase tímido, a puxou novamente para si e cobriu todo o corpo dela com o seu, e o calor de ambos os corpos e as trocas de carícias continuaram por um longo período de tempo com a necessidade e o desejo queimando contra o corpo e ela sussurrou um breve “eu te amo” pelos lábios, querendo que ele não tivesse escutado, mas era exatamente esse sentimento que estava sentindo por ele naquele exato momento.


Cinquenta e três dias depois
Seul estava fazendo -6ºC e nada que pudesse vestir de agasalhos garantia uma caminhada tranquila em meio meio a todo aquele vento e flocos caindo por toda parte da cidade. Era lindo admirar as ruas brancas cobertas de neve e as pessoas coloridas, cada uma vestindo algo diferente para proteger o corpo daquela tempestade. O tempo, segundo o noticiário local, era de grande chances de tempestades curtas durante o dia e maior parte da noite. Na madrugada a temperatura sempre sofria uma queda brusca e para aquela estação era a pior do ano para trabalhar e principalmente dormir enrolado em todos aqueles cobertores. Ele já estava deitado há mais de uma hora e ainda rolava de um lado para o outro buscando uma posição agradável para descansar, mas na realidade ele sabia que aquilo tudo era a sua ansiedade gritando por saber que em pouco tempo estaria sonhando novamente com ela. Esforçou para que seu cérebro desligasse e depois de mais de uma hora lutando contra a ansiedade o cansaço surgiu fazendo com que ele entrasse em um sono profundo.

! — Ela gritou, correndo na frente dele para dentro da loja de conveniência para fugir da enorme nevasca que começou a cair de repente. — , corre! — A garota balançou as mãos pelo vidro para ele que estava do lado de fora terminando de caminhar lentamente pela calça. — , anda! — Aflita com a tempestade aproximando, ela passou as mãos uma na outra sentindo o frio um pouco mais intenso do que o de costume.
— Amor, você precisa tomar cuidado para não escorregar. — Ele chamou a atenção dela ao entrar no ambiente quente, seco e com um perfume agradável.
, eu sou rápida demais. — Ela comemorou, tirando as luvas e indo para um dos lugares no balcão.
— Isso me lembra muito minha cidade natal. — comentou, olhando em volta da loja parecendo muito o lugar onde eles se encontraram pela primeira vez. — Na realidade isso é ela. — Ele olhou para o lado de fora do lugar, notando pela primeira vez Busan.
— Quando nós vamos começar a falar sobre Butterfly? — Ela perguntou distraída, com medo daquela conversa. Era complicado as vezes aceitar a realidade, mas ela sabia que também em algum lugar estava sonhando e que nada daquilo era real. era apenas um sonho e conforme os dias iam passando a necessidade de trazer esse assunto era a parte mais complicada entre ambos. Butterfly em um acordo tinha sido um assunto proibido.
— Amor, não podemos falar a respeito disso. — cortou segurando as mãos dela por entre as suas, conforme a avó de tinha instruído eles não podiam quebrar a ligação e muito menos saber detalhes sobre a vida pessoal um do outro. — Não fique assim. — Ele sentiu um peso no coração ao vê-la ficar triste. — Nós precisamos um do outro e eu não estou pronto para quebrar essa ligação. — Era difícil ele assumir assim dessa maneira que em todos aqueles dias cada vez mais estava envolvido com aquela garota e que seu maior medo era de repente nunca conseguir sonhar com ela novamente.
— Isso não é certo. — Ela disse, tirando as mãos de perto da dele e encarando um enorme letreiro bem a sua frente. Há dias esse assunto estava em sua cabeça e não podia mais aceitar fugir daquela maneira. não podia aceitar que a sua vida e a vida dela estava apenas interligada por duas energias, ela precisava de algo mais real e não somente um sonho. — , nós não podemos continuar vivendo dessa maneira. É errado e parece uma loucura, nesse exato momento nós estamos sonhando um com o outro e quando eu acordo vejo que tudo isso não passou de uma mentira. — conteve as lágrimas, sentindo-se fraca e impotente diante da atual situação sobre viver presa a um romance que nunca iria existir. — Eu estou me apaixonando por você a cada minuto. Fico ansiosa para dormir, fico ansiosa se você não aparece e quando eu te encontro o meu coração só falta sair pela boca. Olha a loucura de tudo isso, olha onde todos esses sonhos levaram? Eu te amo, droga! — Ela confessou, entregando-se às lágrimas. — É errado eu sentir tudo isso por você e não conseguir nenhuma informação da onde eu posso te encontrar? É difícil saber que você existe em algum lugar e eu impotente sem… — Ela atrapalhou toda com as palavras e o choro persistente molhando todo o seu rosto.
— Amor, não fica assim. — Ele puxou o rosto dela para o peito envolvendo ela com as mãos. beijou o topo da cabeça dela enquanto entrava em uma crise de choro e ele mantendo o silêncio não conseguiu encontrar palavras a altura para que ela ficasse calma, a verdade era que estava certa sobre eles viverem presos a esse sonho e cada dia mais ficarem envolvidos em algo que nunca iria existir na vida real.
— Eu quero você. — afundou o rosto ainda mais agarrando com ambas as mãos os braços dele. — Quero você, quero na minha vida, na minha cama e eu não quero outra pessoa, .
— Eu também quero você, . — As mãos dele seguraram firme o corpo dela, imaginando que a qualquer momento aquilo podia acabar e ele nunca mais encontrá-la. — Sinto medo de perder você, sinto muito medo de dormir e não te encontrar me esperando. — Um tremor e uma pontada surgiram em seu peito e ele soltou um suspiro triste. — Sinto medo de amar você dessa maneira e meu coração não aguentar a dor de nunca mais sonhar.
— E o que eu faço com o meu coração? — Ela perguntou afastando um pouco o rosto dele. A garota tinha os olhos marejados de lágrimas e todo o seu rosto marcado por causa do zíper da sua jaqueta. — O que eu faço com o meu coração, ? — Irritada ela perguntou novamente, esperando por respostas e o silêncio de a deixou completamente atordoada.
— Amor…
— Chega. — Ela o empurrou de lado, colocando-se em pé.
— O que foi? — assustado segurou a garota pelo braço. — Aonde você vai? Espera. — O desespero surgiu ao vê-la se afastar daquela maneira.
— Então o seu nome é … — caminhou alguns passos em direção a porta do local, tinha os olhos fixos nela sentindo o ar faltar em seu pulmão. Ela não podia começar a fazer essas perguntas. — , eu só sei o seu nome e sei qual é seu rosto…
— Para com isso…
— Da onde você veio? O nosso primeiro encontro foi em… — Ela continuou ligando os fatos e os acontecimentos um a um. foi ficando com uma dor no peito por saber que era errado. — Nós sempre estamos nessa cidade, e os nossos encontros são sempre em lugares diferentes...
— Cala a boca! — gritou, implorando que ela parasse fazer aquilo com eles. Ela sabia sobre as consequências. — Não faça isso com a gente, não quebre essa sintonia…
— Qual o nome desse lugar? Que cidade nós estamos? Ela tem relação com você? — Ela o ignorou agora, a porta de vidro sentindo o vento cortar o seu rosto de tanto frio. — É a mesma cidade, sempre a mesma cidade em todos os sonhos. — caminhou pela calçada, observando as lojas. Ela sentiu um frio absurdo por todo o corpo e algo dentro dela gritava para que ela parasse de procurar.
! — gritou, correndo atrás dela querendo alcançá-la. A forte neblina que descia de maneira rápida atrapalhou a sua visão e ele conseguia apenas ver um ponto vermelho do casaco dela correndo bem a sua frente. — NÃO! PARE COM ISSO. — Ele voltou a implorar, querendo que suas pernas corressem mais rápido que aquele vento gelado.
— Eu reconheço essa cidade. — Ela parou em frente a uma cafeteria, analisando a fachada com um letreiro em neon em azul. Em algumas fotos do seu álbum de viagem ela lembrava vagamente de ter ficado impressionada com as cores e também com a simplicidade e aconchego daquela cafeteria. Lembrou-se de ter tomado um chocolate quente maravilhoso e também de ter gostado do enorme pedaço de bolo que comeu. — Só pode ser ela, eu sei que cafeteira é essa e que cidade nós estamos. — Completamente aturdida em meio à todas as informações, ela sentiu o choque quando correu, envolvendo o braço com o corpo em suas costas. O cheiro do perfume dele fez o seu coração saltar e ela respirou fundo mais uma vez buscando não esquecer-se de todos aqueles detalhes. A cafeteria, o letreiro com o nome do lugar e principalmente o nome da cidade.
— O que você está fazendo? Por que está fazendo isso? — tinha as pernas fracas e a sua voz embaçada e sem fôlego de tanto correr por aquela calçada. Ele tinha que lutar para que não colocasse um fim naquela sintonia. — Não podemos fazer isso, ! — Ele voltou a implorar com a voz mais fraca.
— Você não entende. — Ela disse com muito esforço, afastando o corpo dele do seu. nunca iria compreender que ela precisava acordar e começar a viver aquilo na vida real. — Eu preciso de você e por isso eu estou me afastando e quebrando essa sintonia. — Lentamente ela girou o corpo, olhando diretamente para o rosto do garoto. Ela o encontrou exatamente como a primeira vez. tinha o rosto mais angelical, admirável e maravilhoso que já conheceu em toda a sua vida. A força para afastá-lo foi tanta que suas pernas estavam fracas, não conseguindo sustentar o próprio peso do corpo. — Me perdoe por isso. — Sua expressão era tão aflita e surpresa que novas lágrimas começaram a escorrer por toda a extensão do seu rosto. — É isso que eu quero e sei que você vai me encontrar em… — Ela fez uma pausa agora limpando os olhos e buscando naquele olhar o único motivo e a sua certeza por essa decisão. — Eu te amo.
— Eu também. — Ele estendeu a mão para frente buscando o rosto dela que a cada minuto parecia ficar mais distante. — Eu te amo. — Ele insistiu, caminhando em direção à ela com as mãos na frente do corpo.
— Eu sei, por isso eu vou esperar.
— Não. — de repente sentiu a mesma sensação que o primeiro sonho, o seu corpo pesou, sua cabeça latejou e ele cobriu o rosto com as mãos querendo que aquela sensação horrível fosse embora. — Não. Não. Não. — Ele fechou os olhos diversas vezes e uma escuridão surgiu cobrindo a neve, as lojas e tudo ficaram em completo silêncio. — Volta, não vai embora. Não! — Implorando ele espalmou as mãos para frente do corpo, buscando naquela escuridão a sua garota. Ela não estava. Ele não conseguia encontrá-la. — Amor? Onde você foi? Amor? — O vazio e o silêncio tomou conta do corpo e o que antes ele sentia como uma eletricidade foi dando espaço para uma sensação de peso e uma vontade desesperada de gritar. — ? Consegue me ouvir? — continuou buscando na esperança que suas mãos encontrassem algo naquele lugar, mas o passar dos minutos a dor persistiu em sua cabeça e por cada parte do corpo que ele lembrava existir. — Por que você fez isso com a gente? Por que você não me escutou? — Ele questionou, sabendo que não existia nada ali, apenas o silêncio e a escuridão. — Eu perdi. Eu te perdi. — Ajoelhando-se no chão seguido por um ataque de pânico o choro surgiu em meio ao desespero por saber que o vazio que estava sentindo não era somente a quebra daquela sintonia, mas a certeza que nunca mais iria sonhar com a garota.


Epílogo

Busan, é a segunda maior metrópole da Coréia do Sul após Seul, com uma população de aproximadamente 3,6 milhões. A população da área metropolitana, incluindo as cidades adjacentes de Gimhae e Yangsan, é de aproximadamente 4,6 milhões. A cidade está localizada na ponta sudeste da maior parte da península coreana. As mais densamente construídas áreas da cidade estão situados em uma série de vales estreitos entre o rio Nakdong e Rio Suyeong, com as montanhas que separam alguns dos distritos.
E exatamente ali, em Busan, compartilhou momentos incríveis com a família, amigos de infância e namoradas por um curto período de tempo. Busan era a sua terra, sua cidade e o seu porto seguro para onde corria sempre que sentia alguma coisa de errado com a sua saúde mental. Busan era o seu aconchego, a necessidade e a paz que buscava para esquecer tudo o que havia acontecido nos últimos meses em Seul. Lembranças, sentimentos, sintonia e sonhos que nunca mais aconteceram. E ali, voltar para a cidade natal era exatamente o que precisava para desligar-se de toda a sua vida e também da tristeza profunda que estava sentindo por não encontrá-la.
A compilação e a tristeza por não sonhar, o vazio e a sensação no peito de ter perdido algo transformou as suas madrugadas em insônias e inquietação por toda a casa. Ele não lembrava mais quando foi a última vez que conseguiu dormir ou ao menos descansar de verdade o corpo e a mente ao deitar em uma cama. Acordava no meio da noite assustado, gritando e com a cabeça querendo explodir de tanta dor e isso acontecia com frequência. não conseguia mais sonhar, não conseguia encontrar a sua sintonia e aquela tristeza cada vez mais foi tomando conta dos seus dias. E agora tudo o que ele buscava era restaurar a sua felicidade em algum lugar daquela cidade onde sempre foi o palco de grandes sentimentos, carinhos e ternura.
— O que aconteceu? Por que você resolveu de repente ir para Busan? Sentiu saudades do colo da mamãe? — perguntou, querendo saber porque o comportamento do amigo tinha mudado tão de repente. Ele quase não saia de casa, nada de happy hour depois do escritório ou ligações em meio a madrugada depois de sonhar com a garota. Nem perguntas aleatórias, suspiros em meio a relatos do último sonho ou qualquer situação que tenha acontecido com ele de estranho.
… — Ele ajeitou o aparelho no ouvido, caminhando em direção ao lugar que ele sabia que iria ajudar um pouco o seu mau humor e tristeza. O peso e o aperto ainda existiam e nem sabia as palavras certas para explicar o que havia acontecido com ele. — Preciso ficar um tempo sozinho e vou aproveitar essas férias para ficar longe da loucura de Seul, relaxar um pouco com a minha família e amigos de infância. — Mentiu, preferindo não contar toda a verdade para .
— Tenho certeza que é mentira, mas não vamos falar a respeito disso. — Ele sacou a mentira mesmo há quilômetros de distância, porém não quis forçá-lo a falar sobre um assunto que não estava a vontade. — Espero que fique bem e que descanse um pouco, tenha esperanças, . Nem tudo acontece em nossa vida por acaso, sempre tem um significado. — Aconselhou, mantendo o tom da voz pacífica.
— Obrigado, . — agradeceu, parando em frente ao enorme letreiro e antes de empurrar a porta com uma das mãos ele manteve o silêncio, respirando entrecortado. Era a primeira vez durante meses que não sonhava com aquele lugar. — Não fique tão fofo assim comigo que eu posso me apaixonar. Adoraria que você fosse o meu raio de sol toda manhã. — Ele tirou onda, rindo um pouco para não demonstrar tanto como estava em pedaços. O lugar de costume estava lotado e ele precisou de um pouco de malabarismo para chegar ao balcão e pedir o seu famoso chocolate quente e bolo de chocolate.
— Já rola um bromance entre a gente, . — usou um tom sensual, fazendo o amigo gargalhar ainda mais alto daquela insinuação. — Fique comportado, não gosto de ter nada enfeitando a minha cabeça. — Ele advertiu, começando a rir também.
— Por favor, um chocolate quente grande e dois pedaços de bolo de chocolate. — pediu, desviando a atenção um pouco do celular e encarando a atendente jovem garota de cabelos pretos e um sorriso animado demais para essa hora. — Fique tranquilo, não sou desses tipos que ficam traindo. Afinal… — Ele fez uma pausa abaixando a cabeça um pouco relembrando algo. — Eu sou um anjo. — Ele terminou a frase, sentindo um impacto terrível ao dizer “anjo” em voz alta.
— Finalmente você apareceu. — Ele escutou aquela voz bem próxima do seu ouvido, fazendo todo o seu corpo ficar paralisado. Não podia ser. Não podia ser real. Sua mente gritou em desespero. — Achei que nunca mais fosse aparecer, anjo. — A voz da garota saiu suave, causando um impacto em que ele pensou que fosse desabar no chão sem conseguir sustentar o peso do próprio corpo. — Vai ficar parado dessa maneira? Não é hora para ficar orando… — provocou, esperando que ele virasse o rosto e a reconhecesse.
— Isso é um sonho? Voltei a sonhar com você? — Ele tomou distância dela, esfregando a mão no rosto com medo de olhar para essa garota que tinha exatamente a voz de . O estômago embrulhou e ele precisou buscar ar para não desmaiar exatamente ali no meio de todo mundo.
— Não, eu sou real. — Ela respondeu, dando mais alguns passos em direção dele. — Olhe, sou tão real que eu posso… — pausou quando os lábios gentilmente encostaram-se no lóbulo da orelha esquerda de . — Consegue sentir esse toque? É exatamente essa eletricidade que eu estou sentindo e nada aqui é um sonho, .
— Meu Deus. — Ele reagiu, não conseguindo mover o corpo do lugar. Novamente a eletricidade, o coração acelerado e aqueles lábios que tirava o seu chão. — É real? Como pode ser? — queria acreditar que não estava sonhando e fechou os olhos contando mentalmente alguns números para que pudesse sair daquele lugar e acordar em sua cama em Seul.
— Abra os olhos e veja que eu sou real. — deu a volta, parando de frente com ele tocando levemente o rosto com as pontas dos dedos.
— Como é possível? — mergulhou em lembranças quando abriu os olhos, vendo a garota exatamente diante dos seus olhos. Linda. Maravilhosa e com a mesma cor de cabelo que sempre tinha em todos os sonhos, o mesmo formato do rosto, o sorriso marcante e cada traço bem desenhado e contornado da sua boca.
— Depois do nosso último sonho eu quebrei a nossa sintonia e busquei por você em todos os lugares dessa cidade. — Ela explicou sorrindo, encantada em vê-lo angelical, iluminado e com a mesma sensação que ela sentia ao ficar tão próxima assim. — Ligações, Xamãs e qualquer meio de contato que pudessem levar até você, e de repente algo óbvio surgiu. Eu só precisava me concentrar e lembrar onde foi o nosso primeiro encontro, e de repente Busan e essa cafeteria. — lembrou-se de várias semanas buscar em suas memórias alguma coisa que pudesse ser um detalhe para reconhecer onde todos os sonhos aconteciam. E durante três semanas que adormeceu nada novo aconteceu, não apareceu e o silêncio tomou conta de todos os seus pensamentos. Sempre quando acordava a dor em seu peito era presente e ela apenas chorava desesperada com medo que pudesse ter feito uma grande burrada em quebrar aquela sintonia entre eles. — Fiquei na cidade por seis meses na esperança que você surgisse, estava com as esperanças quase perdidas e algo aconteceu na noite anterior, não sonhei com você, mas eu tenho a certeza que escutei a sua voz gritando por meu nome.
— Eu gritei. — Ele lembrou-se do sonho que ele estava correndo por entre ruas e avenidas. — Gritei o seu nome em todos os lugares, já não aguentava mais ficar longe e não conseguir mais tê-la em meus sonhos. Senti a sua falta, senti saudades e… — Ele fez uma pausa não conseguindo acreditar que ela era real. por impulso envolveu a cintura da garota colando seu corpo ao dela e suas mãos buscaram imediatamente a sua nuca. — Você é real e eu consigo tocar e beijar.
— Eu escutei você me chamando e todo esse tempo eu estive aqui, no Jungang esperando que você aparecesse, . — A garota tinha os olhos marejados de lágrimas não escondendo a felicidade por realmente estar ali nos braços dele. — Consigo sentir e consigo saber que tudo isso é real e que não é apenas um sonho. — Ela chorou não sabendo realmente como estava, mas tinha certeza que a qualquer momento o seu coração saltaria pela boca.
— Eu te amo. — Ele inclinou levemente o corpo na direção dela. — Nunca mais preciso sonhar, toda a sintonia que eu preciso encontrei em você, amor. — Então finalmente as bocas se encontraram em um beijo suave, quase inocente, mas ela abriu os lábios mais rápido deixando que as línguas encontrassem matando a saudades daquele beijo maravilhoso, intenso e único.
— Você sabe que estamos em um local público, certo? — Ela afastou um pouco, tentando chamar a atenção dele.
— Quem liga? — A mão dele subiu para o rosto dela, envolvendo o pescoço e a nuca. — Tudo o que eu quero é beijar você até a minha boca ficar dormente. — Ele voltou a puxá-la, dando um beijo mais intenso que o anterior. deixou que a língua dele desenhasse o contorno da sua boca, fez alguns movimentos para sugar de leve seus lábios e enroscou os dedos em seu cabelo, mantendo-a ali com ele.
— Eu te amo tanto, anjo. — O coração dela já estava disparado outra vez, mas não era mais de medo ou desespero. Era de emoção, de desejo. Ela então voltou para os lábios dele com uma urgência incrível, enquanto ele a segurava com mais força contra o corpo. soltou um longo suspiro pelo canto da boca, controlando o desejo e aceitando que tinha necessidade dela. Como aquela garota em seus braços alienava todos os seus sentidos e ele voltou a sentir toda a sintonia e energia percorrer todos os músculos. Precisava dela em sua vida todos os dias, minutos e segundos. Nada do que pudesse acontecer iria mudar esse sentimento e essa sintonia. Ela era exatamente a pessoa que ele estava esperando esse tempo todo. Ela a única que pessoa que conseguiu mudar a sua vida em tão pouco tempo e além de desejar, mentalmente torceu para que todas as energias do mundo fossem abençoá-los por esse encontro. Por esse amor e paixão que agora era real.


Fim.



Nota da autora: Como a gente começa essa nota de autora? Bem! Alguma coisa acontece com Butterfly, é a música da minha vida, mas confesso que não sei, não me sinto realizada com essa história. HAHAHAHAHA crise existencial. No fundo eu espero que tenha sido só coisa da minha cabeça e que vocês curtam mais um ficstape!

Não deixem de comentar e obrigada por todo carinho e amor.
AMO VOCÊS!



Grupo no Facebook com spoilers e datas de atualizações das fanfics:





Outras Fanfics:

FICSTAPES:
01. Call Me Baby [FICSTAPE #062: EXO – Exodus]
03. Best Of Me [FICSTAPE #070: BTS – Love Yourself: Her]
03. This Is How I Disappear [FICSTAPE #068: My Chemical Romance – The Black Parade]
03. You Are [FICSTAPE #104: GOT7 - 7 for 7]
04. Permanent Vacation [FICSTAPE #067: 5SOS -Sounds Good Feels Good]
05. Butterfly [FICSTAPE #103: BTS - Young Forever]
05. Stigma [FICSTAPE #080: BTS – You Never Walk Alone]
05. I'm Sorry [FICSTAPE #084: The Maine – Pioneer]
07. Let’s Dance [FICSTAPE #065: Super Junior – Mamacita]
10. Fire [FICSTAPE #103: BTS - Young Forever]

SHORTFICS:
Hug Me [Doramas – Shortfics]
It's You [EXO – Shortfics]

MUSIC VIDEO:
MV: Don't Forget [Music Video - KPOP]
MV: One More Chance [Music Video - KPOP]
MV: That One [Music Video - KPOP]

EM ANDAMENTO:
Fake Love [KPOP - BTS – Em Andamento]
I NEED U [KPOP – Restritas – Em Andamento]
Love Is Not Over [KPOP – Restritas – Em Andamento]
Let Me Know [KPOP – Restritas – Em Andamento]
Spring Day [KPOP – BTS – Em Andamento]
Time To Love [KPOP - BTS – Em Andamento]
That's Love [KPOP - EXO – Em Andamento]


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus