Finalizada em: 22/11/2018

Capítulo Único

respirou fundo quando se sentou na sua cama depois de tomar um banho demorado, sentindo os olhos pesarem pelo cansaço de ter virado a noite inteira acordada. olhando para a jaqueta que estava dobrada nas suas mãos. O cheiro agradável de ainda estava impregnado no seu corpo, e o perfume dele exalava da peça de roupa. Ela ia guardá-la no armário, jurava que ia… Mas estava tão cansada que seus olhos pesaram a ponto de nem mesmo conseguir se levantar.
Seu corpo tombou pro lado de uma forma um pouco desconfortável, mas que se arrumaria conforme a noite fosse passando, e a blusa de frio se aninhou em seus braços carinhosamente enquanto seus cílios bateram contra sua bochecha, fechando seus olhos de uma vez quando ela finalmente pegou no sono.

❥❥❥❥

acordou, mas com tanta preguiça que nem mesmo abriu os olhos, e mesmo que a vontade de se espreguiçar fosse grande, ele o fez apenas com um braço para usar a outra mão para cobrir o seu bocejo. Houve algo porém, que o deixou um pouco mais incentivado a levantar, e o rapaz estranhou o fato de se sentir tão disposto um dia após um jogo. Geralmente, ficava tão cansado que não iria querer sair da cama durante toda a tarde, principalmente quando virava a noite em uma festa com os amigos - o que não era o caso da noite anterior, mas ainda se aplicava.
Abriu os olhos finalmente, tentando se livrar da preguiça para descobrir que horas eram, e então eles saltaram ao perceber onde estava. Quer dizer, não que ele soubesse exatamente onde estava, porque não fazia ideia, mas definitivamente era algum lugar no mínimo… Curioso.
Os tons pastéis de roxo, lilás e areia que pintavam aquele céu eram no mínimo fascinantes como em um quadro, assim como o tamanho da lua que parecia tão próxima que ergueu a mão até o céu, como se pudesse tocá-la.
― Gostou?! ― a voz que ainda estava fresca em sua memória soou atrás de si, e ele deu um pulinho com a mão instantaneamente indo até o coração pelo susto, arrancando uma risada de que deu passos ao seu redor, parando ao seu lado.
― Isso aqui… Você já viu esse lugar antes?! É incrível! ― e não conseguiu segurar o pequeno surto, agora com o olhar abaixando até as montanhas as quais pareciam ser moldadas com areias de ouro, o dourado cintilante tão admirável que parecia uma miragem.
― Bom, digamos que sim… ― riu um pouco de nervoso, mas iniciou uma caminhada tranquila de passos lentos para algum local, algo que sinceramente não seria uma coisa que iria reclamar, dada a sua vontade de explorar e observar o máximo que pudesse daquele universo mágico.
― Você traz muitos caras aqui, ou eu posso me sentir especial?! ― arqueou as sobrancelhas exageradamente para acentuar o seu sarcasmo, e a garota revirou os olhos quando o ouviu, segurando a vontade de sorrir.
― Por que você acha que sou eu quem te trouxe aqui? ― ela questionou, fingindo não entender e estar confusa com as insinuações que ele fazia pela segunda vez desde a noite passada, quando tinha falado.
― Porque nunca, nos meus dezoito anos de vida, eu tinha tido sonhos tão legais e mágicos quanto os de ontem e esse que estou tendo agora. E, olha só, você esteve nos dois! ― ele explicou com convicção, porque de alguma forma, aquilo fazia um sentido enorme na sua cabeça.
― Bom, talvez eu desperte um lado mais artístico na sua mente. ― respondeu baixinho, já começando a se afastar dele para disfarçar o quão sem graça havia ficado com as palavras do rapaz, não o deixando ver a sua expressão encabulada.
A menina andava calmamente até um lago arredondado que refletia aquele céu cósmico, e parou outra vez para observar a paisagem, só que agora com em seu enquadramento. Teve vontade de agredir a si mesmo porque por mais que se esforçasse para olhar para a cena como um todo, seus olhos eram atraídos para a figura feminina sentada na beirada automaticamente.
― Talvez eu só esteja pensando demais em você. ― sussurrou ao se sentar ao lado de , falando propositalmente para observar a sua reação já que ela não poderia fugir outra vez.
― É, talvez… ― a mais nova manteve o tom de voz frio, mas pode assistir de pertinho o fenômeno que era as suas bochechas ganhando um tom mais rosado gradativamente, mesmo que ela estivesse tentando disfarçar com os cabelos.
― Então, já que estamos aqui… O que você quer fazer? Outro passeio espacial? Ou uma exploração intergaláctica? Inclusive… Você sabe onde nós estamos? ― ele indagou empolgado, erguendo o rosto para olhar para os lados e procurar algum ponto que chamasse a sua atenção.
― Sei, estamos em um planeta que existe entre a lua e Vênus, mas nós não podemos vê-lo porque ele não existe na nossa dimensão. ― explicou tão detalhadamente que ficou em choque, sua mente ficando um pouco confusa se aquilo era mesmo real ou ela estava só zoando com a sua cara.
― C-como assim…? ― ele questionou com a boca entreaberta, esperando que a sua pergunta fosse fazê-la começar a rir e falar que era brincadeira.
― O quê? Você nunca achou que existissem outras dimensões, outros mundos? ― a garota o encarou como se ele fosse completamente louco de nunca ter cogitado essa hipótese, e como se não fosse ela que estivesse soando como doida aos olhos de qualquer pessoa com bom senso.
― Pra falar a verdade… ― começou meio sem graça, com medo de ser agredido dependendo de sua resposta e tentando formular um jeito convincente de dizer que acreditava sem que ela pensasse que estava falando aquilo só pra concordar com ela… O que era meio verdade.
― Ah, nossa… ― suspirou desanimada, como se houvesse sido uma enorme decepção para ela. ― Tudo bem, me dê sua mão. ― ela apontou, virando um pouco o corpo para ficar de frente para o rapaz que não entendeu nada, mas obedeceu mesmo assim.
Antes de pegar a mão dele, ela levou a sua própria até o chão que estavam sentados para juntar um pouco daquele pó cristalizado que refletia a cor do céu e formava a camada em cima do solo rochoso. A forma que o vento fraco balançou os cabelos dela quando virou levemente a cabeça para o lado o deixou tão desnorteado que ele nem mesmo viu o que ela fazia tão concentradamente na sua mão, mas assim que ela fez menção de se afastar, sentiu a necessidade de trazê-la mais para perto e foi isso que fez, segurando delicadamente a mão da garota e a puxando para si.
se deixou levar por seus desejos naquele momento, esquecendo como tinha a fama de príncipe ou como as boas maneiras tinham que vir primeiro em qualquer situação. Ele estava simplesmente sonhando, não tinha a liberdade de fazer o que queria no seu sonho?! Como alguém poderia descobrir ou se incomodar em como estava agindo em uma situação que apenas seu subconsciente conheceria? Não soaria ofensivo simplesmente beijá-la, ou soaria?
Ele provavelmente descobriria a resposta se a porta do seu quarto não houvesse sido abruptamente aberta, com tanta violência que quebrou automaticamente o seu estado de sono para fazê-lo pular no próprio colchão.
, você esqueceu que vamos almoçar na casa da sua tia hoje?!
Aish, era verdade, ele havia esquecido completamente! De repente, mesmo sonolento, a sua memória foi guiada para as últimas palavras que sua mãe havia falando no dia anterior antes de lhe deixar no estádio. “Você pode sair para se divertir, mas não esqueça que vamos sair cedo amanhã”... Rapidamente se livrou de todo o sono que lhe rodeava para fingir disposição, sabendo que ela lhe mataria caso contrário.
― Eu fico pronto em dez minutos.

❥❥❥❥

desprendeu o coque que estava feito em seu cabelo quando a partida terminou, somente para soltar um suspiro desanimado e olhar para a tela bloqueada do celular, se segurando para não olhar de novo, coisa que estava fazendo a cada cinco minutos. Ligara o computador e começara a jogar para tentar se distrair da ansiedade, mas estava ficando impossível…
― Já são três da manhã, se toca, . ― murmurou para si mesma, percebendo que estava ali desde as oito, mas todo fim de partida desbloqueava o celular apenas para se frustrar com o fato de não ter nenhuma mensagem de algum número desconhecido.
Enquanto desligava o eletrônico e girava a cadeira para levantar, seus olhos vagaram para a jaqueta de que estava apoiada na lateral cabeceira da sua cama. Seus lábios automaticamente se crisparam, e assim que estava com o corpo ereto andou rapidamente até ela, pegando e a jogando dentro do seu armário, apenas para deitar na sua cama e cobrir o rosto com o cobertor.
Dane-se ele. Dane-se aquele casaco idiota. nunca mais apareceria nos seus sonhos. E também faria questão de não ir até os dele.



Seis meses depois



Conciliar a faculdade e o seu novo time de futebol americano era bem mais difícil do que imaginava que era, e quando terminou a última prova do semestre, tudo o que mais queria era cair na cama e descansar com os melhores sonhos possíveis, porque ultimamente a ansiedade de ter notas altas e um bom desempenho para manter sua bolsa acadêmica só lhe fazia ter pesadelos.
Falar em sonho, inclusive, o fazia ter memórias ruins e o deixava ainda mais tenso. Era uma lembrança corriqueira que lhe atingia praticamente todas as vezes que encostava a sua cabeça no travesseiro para descansar, porque isso sempre lhe lembrava de . Nunca mais havia sonhado com a garota, era como se ela se recusasse a lhe visitar seus sonhos e, sinceramente, ela estava certa nisso.
Não era como se não quisesse ter mandado uma mensagem para ela no outro dia, ou até mesmo quando chegou em casa. Ele só estava tão cansado, havia dormido tão pouco… E, assim que se sentiu um pouco mais disposto após chegar da casa de sua tia, descobriu que sua mãe já tinha colocado a calça jeans para lavar. Com o papel no bolso, que se tornou nada mais que um borrão azul no meio do branco.
Ele ainda não sabia lidar com essa história e nem mesmo como superar isso, porque era difícil lembrar do sorriso de e não querer vê-lo. Era difícil olhar para a palma da sua mão e não lembrar de quando ela passara aquele pó nela, algo que ele ainda esperava se manifestar em qualquer momento do seu dia apenas para se certificar que o que havia acontecido naquele sonho era real.
Mas ela também havia se formado, e apenas com o primeiro nome não conseguia encontrar nada nas redes sociais, mesmo já tendo procurado em todos os lugares possíveis. Aparentemente, não havia solução na Terra para o seu problema, e alguma coisa parecia conspirar para impedi-los de se ver outra vez. aceitou seu triste destino, mas mesmo meio ano depois ainda não havia sido capaz de superá-lo. Às vezes quando fechava os olhos ainda conseguia vê-la.
Como uma mentira, ele a via e não podia fazer nada, era simplesmente uma memória projetada no espaço negro de seus olhos fechados em um piscar. Esse era o máximo que tinha de além de seus constantes pensamentos, um lampejo de sua imagem que nem mesmo nos seus sonhos conseguia alcançar novamente.
, você precisa fazer alguma coisa para se distrair agora que as provas acabaram. ― tentou animá-lo quando chegaram no ponto de ônibus, local onde se separavam.
― Eu preciso é dormir… ― respondeu preguiçoso, e o mais velho revirou os olhos e balançou a cabeça negativamente.
― Eu vou falar com o , ver se não tem nada interessante acontecendo no campus dele pra você conhecer novos ares. Talvez um pouco de novidade te faça parar de viver no passado. ― o amigo provocou porque sabia exatamente o que sondava os pensamentos de quando ele ficava aéreo daquela forma, algo que se tornara bem frequente, na verdade.
Ele apenas balançou a cabeça negativamente, com o lábio repuxando para baixo em uma clara expressão de tédio. Novidade ou não, ele nunca poderia comparar ninguém à ela, então aqueles esforços dos amigos eram inúteis.
― Veja o que você consegue fazer, mas já sabe que não vai adiantar nada… ― afinal, a única nos seus pensamentos era também a única que já estreara os seus sonhos.

❥❥❥❥

― Já acordou, princesa?
Como toda vez que ouvia a amiga falando aquilo, teve que crispar os lábios para segurar a risada que subiu pela sua garganta, revirando os olhos e balançando a cabeça dramaticamente para fingir que não gostava. Aquela piada já havia se tornado praticamente um bordão para , uma provocação pelo fato de constantemente passar as madrugadas em claro jogando on-line e só aparecer na sala de prática depois do meio dia.
― A competição é na sexta, não posso ficar abusando da sorte, preciso treinar. ― respondeu ainda com a voz um tanto sonolenta, sinalizando que talvez ainda não houvesse acordado totalmente.
Normalmente, costumava ser um pouco difícil para as pessoas conseguirem mentalizar como uma dançarina, inicialmente porque ela costumava ter uma postura relativamente sedentária e hábitos, mas a forma que a garota colocava o coração nos seus passos contradizia completamente o estereótipo que tinham. Ela até podia ser um pouco preguiçosa para algumas coisas específicas, mas não para a dança. Nunca para a dança.
― Que bom que você chegou cedo, já tenho uma ideia do que nós vamos fazer hoje. ― a mais velha abriu um sorriso quando viu que eram oito e meia e da manhã, pegando os papéis que estavam na mesa a sua frente e se levantando enquanto recebia um olhar questionador da outra. ― Vamos para o seu campus, entregar alguns convites.
― O quê? Você tá falando sério? ― arqueou uma das sobrancelhas em choque, observando a melhor amiga se aproximar de si e pegar seu pulso para começar a arrastá-la pra fora.
, é uma competição que se ganha por votos. Se ninguém conhecer você, ninguém vai votar em você. ― a largou quando chegaram na rua, e então fechou a porta da sala para dividir os folhetos antes de começarem a andar em direção ao campus que ficava no final da rua.
― E o que aconteceu com o discurso de que “as pessoas vão votar em você se você tiver talento e for boa, não precisa se pressionar por isso”?! ― sua voz saiu um pouquinho mais alto que planejava por conta do desespero, fazendo revirar os olhos e colocar o dedo em cima dos lábios.
― Sim, as pessoas que você convidar vão votar em você se você for boa e tiver talento, então, convide. ― e então ela empurrou na frente de uma pessoa qualquer que andava na direção da entrada da faculdade.
― D-desculpa! ― ela pediu automaticamente mesmo que nem houvesse esbarrado no rapaz que cantarolava calmamente no seu caminho, e abriu um sorriso gentil ao vê-la sem graça, um sorriso que logo sumiu quando ele a encarou por um segundo e a reconheceu facilmente como a garota que fazia o seu melhor amigo sofrer há seis meses.

❥❥❥❥

não estava entendendo aquilo, sinceramente. e nunca foram muito chegados em dança, mas de uma hora pra outra irem naquele festival parecia ser a coisa mais importante do mundo pra eles. Sentia que os dois estavam escondendo alguma coisa de si, mas não tinha muita certeza disso…
Quando chegaram no campus da faculdade de artes, ele não teve escolha senão apenas suspirar em desânimo e segui-los pelo local até o auditório ao qual a competição seria. Não era como se ele não gostasse ou achasse uma arte interessante, mas também não era como se fosse algo que ele escolheria ir ver em uma sexta feira a noite.
Sentiu uma coceira um pouco irritante na palma da sua mão quando entrou no espaço, mas simplesmente ignorou sem nem mesmo olhar para ela, vendo que os amigos ainda por cima haviam lhe obrigado a chegar tão cedo que ainda estava na hora dos ensaios. Quando ergueu o olhar após se sentar, teve certeza que viu um casaco da sua antiga escola sendo usado por uma pessoa que andava para fora do palco, mas não deu atenção. Não era impossível alguém do Colégio estar participando, afinal, ainda estavam na mesma cidade.
A primeira coisa que fez quando desceu do palco e chegou nos bastidores, foi arrancar aquele casaco e jogá-lo na cadeira que estava chamando de sua aquele dia, agradecendo pelo calor da performance ter lhe esquentado e permitido tirá-lo. Céus, como estava odiando usá-lo, mas não tinha opção alguma com a friaca que fazia do lado de fora e entrava para dentro do local.
Estava tão concentrada em separar as roupas para a apresentação, terminando a maquiagem e estando atrasada para chegar logo no campus que quando viu que estava frio pegou a primeira peça que estava jogada no seu guarda-roupa para colocar por cima da regata e do short, porque claro, quarenta minutos antes de sair, enquanto escolhia a roupa que usaria, o sol rasgava o céu sem nuvem nenhuma para atrapalhá-lo.
Apenas percebeu que estava com o casaco daquele que preferia não pronunciar o nome quando chegou no auditório e lhe olhou torto, afinal, elas estudaram juntas para saber qual casaco era o do time de futebol da escola delas, e, definitivamente, não era aquele. Por sorte, aquela história não era desconhecida à amiga, e apenas teve que explicar os motivos que lhe levaram a usar aquilo, não de onde ele havia saído.
― Pessoal, nós vamos começar em dez minutos, o que precisarem fazer, façam agora. ― um dos staffs gritou de algum lado sinceramente não prestou atenção, e ela respirou fundo para manter sua calma, sentindo uma mão repousar em seu ombro.
― Vai dar tudo certo, relaxa, nós vamos ir bem. ― ah sim, sempre fora a mais calma das duas naquelas situações. A amiga sabia contornar seus erros de forma magistral como se eles nunca houvessem ocorrido, enquanto não se permitia errar e se cobrava em um nível muito além do devido. Era bom tê-la ali naquele momento para lhe injetar um pouco de tranquilidade.
― Sim…
― Então vamos lá, nós precisamos trocar de roupa agora. ― a expressão de se escancarou quando ela se lembrou disso, e então rapidamente foi até a cadeira para buscar a sua bolsa e ir até o vestiário improvisado que haviam montado em um dos cantos do local.
A apresentação das duas era uma das últimas, então ainda tinha um bom tempo para se arrumar e retocar a maquiagem que provavelmente já estava derretendo por conta do seu suor de nervosismo. A primeira coisa que fez quando terminou de colocar o vestido logo foi ir buscar um papel para passar na testa e, amarrando o cabelo, se curvou à frente do espelho que ficava acima da prateleira onde as suas maquiagens estavam. Tentou controlar a tremedeira para retocar o delineador, e apesar de não ter sido seu melhor desempenho, ninguém perceberia que havia borrado levemente o puxado do olho direito em relação ao esquerdo. Pelo menos não enquanto estivesse no palco e todos a olhassem apenas de longe.
― Vem, ! ― chamou pela milésima vez quando viu que ela terminava de repassar o batom, querendo que as duas ficassem na lateral do palco para assistir os adversários e as reações das pessoas a eles.
Aquilo, na verdade, apenas deixava ainda mais desesperada e tensa, mas foi apenas para fazer a amiga feliz. Aquele clima de competição era capaz de enlouquecê-la, e toda vez que alguém descia a encarando, ou chorando por ter feito algo errado ou comemorando por ter tido uma boa reação do público, o seu coração acelerava mais, tanto que poderia ser ouvido por quem estava perto de si.
― Dá pra você se acalmar?! ― questionou a segurando pelos ombros e obrigando-a olhar para si antes que começasse a chacoalhá-la.
― Eu estou calma! ― mentiu descaradamente, com a mente tão branca que demorou até mesmo para processar as palavras da melhor amiga.
― Você não tem vergonha na cara?! ― foi obrigada a parar a discussão quando a música alta se encerrou e o apresentador do evento começou a falar outra vez.
As duas sabiam que seriam as próximas a serem chamadas, mas nenhuma delas estava exatamente preparada para subir no palco. Não que tivessem tido alguma opção quando simplesmente começaram a se empurrar até chegarem no fim da escada lateral, quando foram obrigadas a retomar alguma postura para se apresentar. E, como se um holofote estivesse apontado naquela direção da plateia, a primeira pessoa que ela viu ao sentar no chão e antes de fechar os olhos para iniciar a performance, foi ele.
A euforia que tomou conta de no momento em que a viu fora algo que ele nunca havia sentido antes. Mesmo que ela estivesse em um palco ainda escuro e sem iluminação, ela mesma brilhava e não precisava de mais nada pra isso. O seu foco era apenas ela, e foi como se tivesse acontecido um apagão em sua mente. Um apagão com apenas um ponto de luz que se tornava mais forte a cada segundo. .
Seus dedos inconscientemente apertaram o apoio da poltrona e suas pernas tremeram de vontade de se levantar para segui-la quando a viu descendo do palco correndo, mas não o fez. Não soube dizer se ela havia lhe visto ou não, mas estava nervoso para saber qual seria a reação dela se sim. Estava ansioso para vê-la entrando outra vez, quando anunciariam o resultado e poderia admirá-la um tanto mais antes de sair correndo e finalmente tentar conversar com a garota, mas ela simplesmente não apareceu.
― O-Onde ela foi?! ― questionou para os dois amigos, cada um sentado em um lado, com seu pescoço inconscientemente se esticando para tentar encontrá-la por trás de alguém mais alto ou meio escondida próxima as laterais. Mas não, ela simplesmente havia sumido e nem mesmo subido ao palco.
Mas não ia deixar assim. A melhor amiga dela ainda estava lá, e sabia que ela poderia lhe dar alguma luz caso conversassem.

❥❥❥❥

― Em uma escala de zero a mil, o quão idiota será que você é? ― provocou a amiga quando fez questão de bater à porta da casa dela às nove e meia da noite, assim que o anúncio dos vencedores terminou e correu também para ir embora e infernizar a vida da amiga.
― Por que…?
― Resposta errada. ― a mais velha fingiu uma expressão decepcionada, enfiando o pé pela pequena abertura da porta e a forçando para trás, ganhando na luta de força de e abrindo a passagem. Luta essa que não existiu, porque a outra apenas desistiu e se jogou na cama. ― Provavelmente mais de oito mil.
― Você veio aqui pra contestar o meu fracasso? ― murmurou com a voz abafada por sua cara estar pressionada contra o travesseiro.
― Sim. ― e então soltou um gemido de frustração quando a resposta foi exatamente aquela que esperava, mas não exatamente aquela que queria ouvir. ― Quer dizer, também. ― tentou consertar quando percebeu o desânimo instaurado no fundo da alma da amiga, já até imaginando o que iria acontecer.
― O que foi? ― sabia que ela iria dar a notícia que as duas não haviam ganhado pelo tom de voz que ela usava, mas sinceramente, estava preparada. Com a sua estima, nunca esperava algo positivo vindo, mesmo que acreditasse que a mais velha merecia.
― Nós vamos ter que fazer uma visita para a faculdade do seu querido embuste . ― soltou um suspiro digno de atriz, fingindo que não era por um motivo decente.
― O quê?! POR QUÊ? ESPERA! V-Você também o viu?! Eu não tava louca então, não é? ― se levantou em um pulo que bagunçou completamente seus cabelos, parando de frente para a menor que estava sentada na ponta do seu colchão. ― E COMO ASSIM? Você falou o QUE pra ele?!
― Calma, CALMA, mulher! Primeiro, sim, ele estava lá. Segundo, eu não falei nada com ele. ― ok, essa parte era uma pequena omissão. Ela claramente havia falado, se não como é que poderia saber que aquela era a faculdade dele? Porém, a amiga estava tão eufórica que nem percebera e era melhor assim, não podia contar nada apenas porque o próprio havia pedido, com medo de que se soubesse disso, fugiria de novo de si. ― O que acontece é que a próxima fase do nosso campeonato vai acontecer exatamente no campus da faculdade que ele frequenta, então… Você não tem escolha, princesa. Vai ter que pisar no mesmo lugar que ele de novo.
― Espera… A gente ganhou? ― arregalou tanto os olhos que eles quase saltaram para fora, completamente atônita. Fora embora tão desnorteada que havia esquecido desse pequeno detalhe na história: detalhe que iniciava um novo capítulo quando tirou do bolso da jaqueta uma medalha dourada e um pequeno troféu.
― Você perdeu a nossa coroação como Rainhas daquele lugar, sua imbecil.

❥❥❥❥

Estava terminando de passar o rímel, e aquele assunto não deixava que se concentrasse no exercício de respiração que constantemente fazia para se acalmar quando estava muito tensa. simplesmente não saia de sua cabeça de forma alguma e perguntava a si mesma se ele estaria na plateia dessa vez também. Na verdade, não sabia nem mesmo se ele a havia reconhecido daquela distância que estava do palco do auditório no outro dia, ou lembrava da doida do dia do jogo.
fizera questão que nunca mais sonhasse consigo, mas quando fez isso contava que nunca mais se veriam e que ele não se importava com o que haviam tido, mesmo não sendo nada. E agora, depois de vê-lo, ela estava insegura porque queria que ele se lembrasse e se importasse, mas não conseguia pensar em uma resposta plausível para aplacar sua própria ansiedade. Inspirou fundo antes de pegar o gloss rosado para passar nos lábios, e quando terminou de amarrar o cabelo a porta da sala de aula que as deram como camarim se abriu e finalmente pôde relaxar um pouco, feliz porque a companhia de sempre lhe deixava mais tranquila antes das apresentações.
― Onde você estava?! Já tava achando que você que tava fugindo. ― reclamou da demora da amiga que havia dito que iria apenas encher as garrafas d'água delas, mas já tinha saído fazia meia hora.
Estranhou porém a falta de resposta, e ainda mais o fato de estar ouvindo uma respiração descompassada depois da porta ter sido fechada. Acabou virando o rosto preocupada para ver se a amiga estava bem, com um bico nos lábios que se desfez assim que encontrou quem é que era que estava com a respiração acelerada. estava ali, na sua frente, e ela ficou em estado real de choque ao encontrá-lo e vê-lo tão de perto.
Ele não havia mudado exatamente nada além do corte de cabelo, que agora estava mais curto do que era antes. Os traços angelicais, mas másculos e jovens ainda continuavam os mesmos sem parecer que ele tinha envelhecido nem mesmo um dia, e o cheiro inebriante de perfume refrescante que lembrava-se bem ser o mesmo que estava impregnado naquele casaco até hoje era o mesmo, mas agora emanava de sua fonte principal. Ela não sabia como reagir a sua presença, além de continuar sentada, o encarando perplexa.
― Oi… ― ele soltou o que pareceu mais normal falar naquela situação, mesmo que sua vontade fosse mesmo a de sair correndo até ela, abraçar forte e pedir desculpas por ser burro, mesmo que de início ela não entendesse bem porque.
― Você não ligou. ― teve a exata reação que dissera que ela teria, ressaltando que a menina era relativamente rancorosa. Mas isso sinceramente o fez feliz, assim poderiam resolver aquele tópico rapidamente. ― Eu fiquei esperando.
Aquilo fez uma pontada atingir o coração de , que fechou os olhos um segundo se obrigando a se sentir o idiota que era. Então, ele se obrigou também a ignorar a voz, o rabo de cavalo, os lábios e os olhos de que o atraíam tanto por serem o seu tipo. Os seus olhos eram como dois buracos negros que acabariam com toda a sua concentração caso o puxassem, e, sinceramente, estava louco só por vê-la de perto e poder analisar todas as mudanças que haviam acontecido em seus traços naquele espaço de seis meses. Era como se a adolescente tímida e discreta houvesse se transformado em uma mulher linda e que não conseguiria ser discreta nem mesmo se quisesse, e ele estava admirado.
Aquilo era tão perigoso… Precisava explicar e torcer para que ela acreditasse que não estava inventando uma história mirabolante, mas era difícil não gaguejar ou se abobalhar quando a olhava.
― Eu sei e eu fui um idiota. ― tudo bem, aquele provavelmente não era o melhor começo. Todos falavam isso quando aprontavam alguma coisa, não?! ― Eu devia ter te ligado até antes de chegar em casa, mas eu estava tão cansado que dormi assim que pisei no meu quarto, e esqueci que eu tinha que sair com a minha família naquele dia. Quando eu voltei, a minha mãe já tinha colocado as minhas roupas na lavadora e o papel com o seu número estava no bolso da calça jeans. ― soltou um muxoxo de lembrar o quanto doeu constatar isso naquela época. ― Desculpa, de verdade. Eu juro que te procurei em todos os lugares possíveis, mas não consegui achar de jeito nenhum. Entrei até mesmo no site da sua escola pra procurar as fotos do baile e tentar descobrir seu sobrenome, mesmo que estivesse com medo de te ver com outro cara como acompanhante… Eu fiz de tudo. ― o desespero na voz de foi tão latente que tudo que conseguiu ficar foi boquiaberta, observando-o contar os detalhes e se aproximar de si alguns passos, pegando suas mãos que estavam pousadas no encosto da cadeira e as segurando. Ele abaixou para que olhasse em seus olhos e, mesmo sentindo suas bochechas corarem, ela o fez. ― Eu queria muito te ligar. É sério. Esses meses, tudo o que eu fiz foi pensar em você e em tudo que tinha haver com você. Eu estava apenas esperando o dia que eu ia te ver de novo, e quanto mais o tempo passava, mais eu pensava em você.
Inconscientemente, a língua de passou pelos lábios que ela mordeu logo após, o nervosismo por não saber se acreditava nele ou não lhe cutucando o suficiente para que nem mesmo conseguisse olhá-lo nos olhos. Não acreditava que mentiria, mas, ao mesmo tempo, parecia uma história mirabolante. Suspirou, tentando retornar a sanidade para respondê-lo a altura quando a maçaneta do local foi puxada para baixo com força, mas não se abriu. Eles arquearam as sobrancelhas, sem entender por que a pessoa estava tentando freneticamente abrir a porta, mas ela estava trancada.
?! ― questionou, se aproximando da entrada e tentando abri-la também, mas sem sucesso. E a pior parte era que nem se lembrava de que tinha uma chave ali naquela porta, jurava que ela ficava sempre aberta.
?! Você trancou a porta? ― questionou frisando o cenho com aquilo, sem entender o porquê estava fechada sendo que tinha certeza que havia a deixado aberta quando saiu.
― Eu não tranquei! ― e claro, já começava a ficar desesperada ao perceber que não sabia como iria sair dali.
― Como assim?! ― se aproximou entre os gritos pedindo explicação de , tocando no ombro de levemente para pedir para que ela desse um passo para o lado.
, vai pra trás, por favor! ― ele pediu antes de pegar impulso e jogar o corpo com força contra a porta, mas não deu certo. Repetiu o processo, fazendo aquilo outra vez e com mais impulso, mas tudo o que recebeu de volta foi uma dor insuportável que queimou o seu ombro e lhe fez levar a mão até ele rapidamente, trancando o maxilar para segurar a exclamação que subiu pela garganta.
, ai, que droga… ― não precisou nem ver a expressão de dor que ele direcionou para o outro lado para saber o que tinha acontecido, e ficou em dúvida do que deveria fazer naquele momento. ― , acha alguém da faculdade que pode abrir isso, por favor! ― gritou para a amiga, que concordou e saiu andando pelo corredor.
Parecia surreal. Não era verdade, né? Talvez só tivesse dormido com o casaco de outra vez e estivessem compartilhando um sonho de novo. Suspirou, se aproximando do rapaz para erguer a mão suavemente até o seu outro ombro e andar com ele até uma cadeira, ficando em pé de frente. Ele lembrava de ter fechado a porta quando entrou, mas não trancá-la e não fazia sentido agora. Se distraiu tanto na conversa com que não ouviu quando alguém passou a chave?
― Machucou muito? ― questionou preocupada, tentando examinar de alguma forma impossível o braço coberto por uma jaqueta de couro. Mas sabia que ainda doía, porque o rosto dele estava vermelho e sua outra mão segurava o braço para mantê-lo imobilizado.
― Não é nada, já vai passar. ― sorriu de canto para esboçar alguma confiança e deixá-la mais tranquila. Não era mentira, fora apenas a força do impacto contra algo sólido, mas estranhou o fato de que aquela porta não era tão reforçada assim para aguentar uma empurrada daquelas. era um jogador de futebol americano, conhecia bem a sua força e sabia que dobradiças comuns cediam de primeira. Tinha alguma coisa errada…
― Tem certeza? Não precisa ir pro médico?! ― murmurou outra vez, ainda com a feição preocupada e o olhar direcionado ao rapaz que sorriu e balançou a cabeça negativamente.
― Não mesmo. ― porém, estava internamente feliz dela estar tão preocupada, indagando a si mesmo se havia alguma chance de ter acreditado na sua história e lhe desculpado, ou se ela só estava se sentindo compadecida por vê-lo com dor. ― Estou mais preocupado com te fazer sair daqui pra sua apresentação. ― olhou discretamente para o próprio relógio que apontava três e quarenta e faltavam menos de vinte minutos para as apresentações começarem.
― Isso… ― ela arregalou os olhos assim que se lembrou, porque ficara tão desligada que até mesmo se esqueceu que ainda tinha o concurso. Tinha que sair dali, não sabia em qual ordem ela e seriam chamadas para o palco e se fosse no começo poderia não dar tempo. ― E-eu esqueci disso!
― Calma, tenho certeza que a sua amiga vai encontrar alguém com a chave mestra e tirar você daqui… E vai ser logo. ― tentou tranquilizá-la quando percebeu que ela tinha esquecido desse pequeno detalhe e ficou até mesmo mais pálida ao relembrar.
― Você está certo… ― assentiu com a cabeça e então respirou fundo, se apegando aquela realidade. ― Eu preciso terminar de me arrumar. ― avisou e assentiu com a cabeça. Já havia atrapalhado o suficiente, não queria fazê-lo ainda mais.
voltou a sentar de frente para o espelho que haviam colocado em uma carteira para usar como uma penteadeira improvisada e olhando que ainda não havia passado o seu batom, que começou a procurar dentro da bolsa enquanto seus pensamentos ainda estavam bagunçados. A garota acreditava em muitas coisas. Outras dimensões, universos paralelos, a força do pensamento e em destino. Principalmente destino.
E era idiota não dizer para si mesma que talvez tudo aquilo tinha sido uma brincadeira de mal gosto do destino enquanto seguia a sua rotina normal de retoques após cobrir com uma toalha o vestido de tecido leve branco, saia irregular e mangas borboletas que dariam efeito aos movimentos ao balançar com a leveza de seus passos cortando o vento. Não queria correr o risco de deixar alguma coisa que manchasse cair nele, principalmente porque estava com a cabeça na lua com aquela situação.
Os dois trancados juntos, de novo. Se não dissesse que aquilo era destino ia ser idiota… Devia acreditar em , não? Devia desculpá-lo e levar em consideração a suas tentativas, não era…?
Fechou os olhos com força. Não era hora de pensar nisso. Tinha que se concentrar, se continuasse deixando que dominasse seus pensamentos, seria péssima na apresentação e acabaria prejudicando . Precisava respirar fundo e deixar aquilo pra trás, pelo menos até a última batida da música.
Se imergiu tão profundamente na distração que era contabilizar os segundos que manteria o ar preso em seu pulmão, que tornou-se impossível ouvir as vozes contrastantes vindas do corredor. Uma, da sua melhor amiga, desesperada e ao menos três tons mais aguda do que normalmente era, gritando qual era a sala a qual estavam presos. E a outra calma, dizendo que já iria abrir a porta para ela. Apenas acordou quando a entrada abriu e entrou correndo e pegando na sua mão, lhe obrigando a levantar.
― Pelo menos você está pronta. ― o alívio entre a guerra fora o necessário para que respirasse com um pouco menos de pesar, e então a puxou pela mão com tanta força outra vez que não pode fazer nada se não começar a correr para não cair, acompanhando os passos da mais velha.
Quando saiu da sala seus olhos encontraram os de por um relance. Ele estava sorrindo ao observar-lhe indo embora, e isso a deixou ainda mais perplexa. Queria algum tipo de confirmação de que podia confiar nele, mas não fazia a mínima ideia de como ia consegui-la… Limpou a sua mente outra vez, sentindo apertando a sua mão e subindo de uma vez no palco. Parece que já estavam as esperando e quase estouraram os minutos de tolerância de atraso.
teve que sair correndo para pegar seu lugar entre e , mas agradeceu por ser bem na primeira fileira, onde poderia ver todos os detalhes e os nuances do talento da garota de rabo de cavalo. Torcia tanto para que ela ganhasse daquela vez, para que ela tivesse o prazer de poder comemorar a sua vitória em cima daquele palco, sem se importar com a sua presença ou não…
A iluminação mudou de tom para um roxo misturado com dourado assim que as duas se colocaram nas posições iniciais e um sentimento familiar atingiu o coração de quando o primeiro movimento que foi feito foi um erguer a mão direita para o alto e deixá-la ser iluminada pelo tom dourado de luz.
Ele arregalou os olhos ao assistir aquilo, tanto quanto arregalaria no resto daqueles cinco minutos, contemplando a história daquele momento sendo contada através do corpo. A temática era óbvia com o contraste entre os vestidos escuro e claro que voavam sempre que as duas giravam em trezentos e sessenta graus ou tiravam o pé do chão, mas aquela iluminação dava um significado especial àquela performance. Ao menos para ele. Era como vê-la flutuando outra vez naquele planeta desconhecido e ter certeza que ele existia em seus brilhos em tom pastel de areia.
Era como ter certeza que ela estava lá também.

❥❥❥❥

Naquele momento, ele não sabia bem o que devia fazer. O sentimento de empolgação em poder sorrir para ela ainda estava presente em seu coração, mas para isso, deveria encontrá-la, e não sabia por onde ia sair. Não sabia se ela ia fugir outra vez de si pela porta dos fundos ou então agir normalmente e ir pela frente, e estava em choque de perdê-la outra vez. saiu do prédio sozinha, e o coração dele se quebrou quando a viu falando no telefone animadamente.
― Você estava falando a verdade? ― o sussurro que veio por trás de si lhe interrompendo de começar a seguir a garota foi tão baixo que ele teve a impressão de estar imaginando, e não de ser real.
― Sim! ― virou e respondeu automaticamente, de uma forma tão confiante que nem parecia estar nervoso. ― Eu juro pra você, eu estava enlouquecendo. Pode perguntar pros meus amigos, até pra minha mãe. Tudo o que eu pensei durante esses meses, desde aquele dia, foi você.
analisou bem a expressão de , como se procurasse algum traço de incoerência em seus olhinhos brilhosos e pedintes, mas não achou nada. Teve que respirar devagar, e, como se soubesse que ela ainda estava em dúvida, ele voltou a falar.
― Você acredita em destino, eu sei disso. Acha que tudo o que a gente viveu foi coincidência? ― outch, aquele golpe era baixo e fez a expressão de ficar feia por alguns segundos.
Não podia discordar, ele estava certo. Sabia que ela acreditava que não era coincidência, sabia qual seria a sua resposta…
― Me dá uma chance de provar que eu estou falando a verdade. ― se aproximou mais um passo, pegando a sua mão e a segurando entre as duas. A lua pareceu brilhar mais forte naquele momento, e uma estrela arroxeada no céu entre ela e Vênus apareceu por alguns segundos.
― Tudo bem. ― se deu por vencida de uma vez, desarmando a sua guarda e se permitindo fazer o que queria desde quando havia visto pela primeira vez depois daquele tempo. ― Eu acredito em você.
Quando ouviu aquelas palavras saindo dos lábios de , teve vontade de sair rodopiando e imitar um daqueles giros que ela havia feito enquanto dançava mais cedo. A alegria no rosto e no coração de eram tão nítidas e fortes que ele teve vontade de abraçá-la fortemente até tirar seus pés do chão e então finalmente beijar aqueles lábios que estava desejando tanto. Mas se acalmou. Havia sido apenas um passo da maratona, e haviam muitos outros que precisava dar até alcançar aquilo que queria.
― Então eu faço questão de te levar até a sua casa, porque assim eu vou saber onde te procurar em qualquer situação. ― se ofereceu praticamente sem dar nenhuma opção de escolha para a garota pelo desespero de perdê-la outra vez do seu radar, mas claro que respeitaria se ela não quisesse.
― Não precisa ficar com medo, eu estudo na mesma faculdade do . ― comentou casualmente, lembrando-o daquele detalhe que ele provavelmente nem mesmo pensara, começando a andar na direção da saída e sendo prontamente acompanhada.
― Eu prefiro não arriscar. ― ele riu de nervosismo, e ela acabou acompanhando, balançando a cabeça negativamente de leve. ― Se você quiser, claro.
― Tudo bem, eu aceito. ― sorriu, chegando na frente do portão encostado do campus e então fazendo menção de abri-lo antes do rapaz. Puxou uma vez, duas, e então começou a ficar nervosa… ― … Está trancado! ― ela arregalou os olhos em um tom de voz até mesmo meio falho, e ele só faltou cair pra trás. Não. Podia. Ser. Possível. Não era como se não gostasse de ficar trancado com , principalmente agora que estavam em bons termos outra vez, mas sinceramente… ― É brincadeira. ― ela explodiu em risadas quando ele se aproximou para tentar abrir, puxando o portão que se abriu facilmente.
― Você…! ― apesar da notícia ter causado um certo alívio nos ombros dele, ele ficou perplexo com o susto que a peste lhe dera. ― Depois dessa até desisto de te levar até em casa. ― murmurou manhoso, arrancando outra risada alta dela que balançou a cabeça negativamente.
― Bom, vai perder de pegar algo seu que está lá. ― forjou uma expressão decepcionada, apertando os lábios tristemente e deixando o seu corpo mais próximo de , o suficiente para que ele se atrevesse a passar o braço por trás de seu ombro.
― O quê, o meu casaco? ― ele não acreditou muito que era isso. Depois de seis meses, imaginava que já sabia que aquele casaco era dela por direito, mas foi tudo o que conseguiu pensar.
― É… Pode-se dizer que sim.

Fim!




Nota da autora: Primeiro quero mandar um obrigada e um beijo pra Kadine que me deu essa ideia da continuação de Love Me Right! Esse plot, essa fic toda na verdade era completamente outra coisa, maaas não estava combinando com a música e ai quando eu li seu comentário eu pensei que seria melhor mudar e ia combinar mais USHASHUAHSA Espero que quem tenha lido tenha gostado, um beijo ♥









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