Finalizada Em: 18/09/2020

Capítulo Um

As primeiras notas de Fairy of Shampoo começaram a sair pelos auto falantes da velha vitrola. A música invadia a biblioteca da casa por completo. Os dedos enrugados e já meio trêmulos dedilhavam junto ao som em sintonia a mesinha de carvalho que ficava ao lado da poltrona e servia de descanso de uma taça de vinho tinto pela metade. Os olhos de estavam cheios de lágrimas e o peito cheio de amor e saudades. Faziam exatos cinco anos que o amado havia partido para seu merecido descanso. Foi duro e ela sabe o quanto ele tentou ser forte para que vivessem ainda mais juntos. Mas não demoraria muito para que eles se encontrassem na eternidade e ficassem juntos. Aquela canção era especial de todas as formas possíveis e imagináveis para a mulher. Foi à primeira canção que o ouviu tocar há mais de 60 anos atrás naquele bar de Jazz. A primeira vez que colocou seus olhos no rapaz. A primeira vez que se apaixonava à primeira vista. Quando a voz de se fez presente embalada pelo som ritmado, se tele transportou para a noite em que assistiu pela primeira vez a apresentação daquela canção. Ela conseguia reviver todos os momentos quando escutava a canção. Era como se ela conseguisse sentir o gosto daquele momento.

60 anos atrás...



― Vamos , por favor. ― disse unindo as mãos em súplica para a mais velha arregalando os olhos e fazendo cara de filhotinho abandonado.
― Já disse que não , eu tenho que estudar. ― disse sem tirar os olhos do livro que lia.
― Mas , é só uma noite, por mim, uh? ― O tom de insistência na voz da mais nova deixava querendo esganar ela. ― faz questão, poxa, ele e abriram Eternity já tem um mês e a melhor amiga deles e da namorada de um deles não separou um tempo sequer de seus preciosos estudos para prestigiar os irmãos. ― instalou um bico enorme nos lábios.
Ela tinha razão. era muito amiga dos , e claro de que namorava – inclusive por intermédio da mais velha. e eram dois irmãos apaixonados por música. Ele com aquela voz angelical conquistava qualquer um e ela a melhor pianista de todos os tempos, suas melodias e notas tocavam a alma até dos mais duros dos seres humanos, era irreal o talento e paixão dos dois pela música. Como ser artista e viver somente de arte sempre foi um negócio inviável. Eles abriram então um bar de Jazz onde podiam fazer sua música, animar as noites e finais de semana dos estudantes, pois era localizado próximo ao campus da faculdade e também, conseguiam manter-se e ajudar novos artistas a fazerem sua arte. Os sempre foram as melhores pessoas do planeta. E principalmente com , que enfrentava pequenos problemas com a família por querer estudar e ser uma poetisa. Eles foram os primeiros e quase únicos amigos que sobraram na vida da mais velha depois que ela resolveu tomar aquela decisão, mas foram os primeiros a incentivar e apoiar a paixão da amiga. devia uma visita ao Eternity, sabia que sim, mas ela não queria desviar o foco dos estudos, realmente não queria ir aquele final de semana há lugar nenhum, a não ser para seu quarto na pousada de sua tia, com quem ela morava atualmente, depois que seu pai a expulsou de casa, devido a insistência em estudar e não querer um marido e filhos, como “muitas damas” da idade dela.
disse que vai lançar uma música nova, que ele fez em parceria com um amigo que ele tinha perdido o contato. ― adicionava mais motivos, na intenção de convencer a amiga. ― me disse que ele é ótimo.
conhecia há alguns bons anos, a mais nova vivia na pensão da tia da mais velha. Havia se mudado para a cidade alguns anos atrás com sua avó e as duas moravam lá. Elas eram muito apegadas, depois que o tratamento da mais velha não deu bons resultados, que só tinha a mulher de parente resolveu ficar por ali e estudar, Ela já tinha a dona da pensão como sua família e de sua avó e agora ela e estudavam na mesma turma. E se tinha uma coisa que a mais nova era e que a mais velha sábia, essa coisa era a insistente.
― Mas temos que estudar, . ― estava quase sendo vencida pelo cansaço.
― Ah , tenha dó, nós estudamos muito todos os dias, você praticamente me obriga a isso, é só uma noite, a gente não volta tarde, eu prometo. ― continuou insistindo
sabia que era também pelos amigos, que insistia tanto que ela fosse ao bar, mas também tinha um fundinho da mais nova querer que ela conhecesse alguém especial mesmo que não fosse no âmbito romântico. achava que se privava demais de viver e se relacionar. Sabia que a situação em sua casa, mesmo antes de ser expulsa era intragável e que pensava que todos os relacionamentos homem, mulher, eram infelizes e desgastantes como o de seus pais e por isso se privava, pelo menos enquanto ainda vivia seu sonho, de se interessar e de se relacionar com pessoas.
Ela também, já por si, não gostava muito de viver em sociedade e ter que socializar com outros seres humanos. Talvez pelas decepções, talvez por sua personalidade, mas ela preferia ficar ali, na presença de seus livros e suas enormes xícaras de chás, mornos e levemente adocicados.
― O leva e traz a gente. ― Os olhos pidões de pestanejavam.
― Eu o que? ― perguntou parado na porta que dava acesso a sala de leitura da pensão.
― Lugar nenhum primo, eu não vou , já disse. ― fechou o livro que estava lendo e encarou a amiga que não mudou a expressão facial, continuava com aquela cara de pidona.
― Eu to querendo levar essa rabugenta para o Eternity sábado à noite, e ela está impossível, será que meu irmãozinho favorito não convence essa cabeça dura? ― A mulher virou para o mais novo e fez a mesma carinha de pidona que havia feito para a amiga esse tempo todo.
― Se ela não amoleceu com esses olhos pidões, ela não amolece com mais nada , sinto muito. ― Ele abriu um meio sorriso.
― O que aconteceu , você está meio abatido. ― perguntou ao primo.
― Ah não foi nada . ― O mais novo se aproximou, cuidava do rapaz, mesmo ele sendo apenas dois anos mais novo que ela como se ele fosse um neném, eles sempre foram muito ligados, mesmo quando ela mal tinha contato com a sua tia – Seu pai a detestava, mesmo sendo irmão mais velho dela, porque ela era desquitada de um relacionamento em que só vivia por apanhar e ser traída. Quando foi expulsa de casa, eles a acolheram de braços abertos e eram sua família agora.
― Essa cara não é de fome irmãozinho. ― observou o rapaz se sentar perto delas.
― Titia acabou de nos servir o almoço, se for fome, você está com vermes no estômago. ― riu e fez com que risse também, mas não as seguiu, certamente havia algo de errado.
― Piada sobre seres nojentos e ele não riu, é mais grave do que imaginamos. ― disse séria.
― Aconteceu alguma coisa no jornal? ― sabia que o primo estava esperando por uma promoção para ser o colunista da sessão de arte e entretenimento, podia ser algum problema com isso.
― Eu sei que não deveria reclamar, porque eu fui promovido. ― Ele suspirou olhando para os próprios pés. ― Levando em conta que eu não sou formado ainda e tudo mais, eu sou sortudo demais.
― Mas... ― colocou a mão sobre o ombro do mais velho e afagou o local.
― Eles me colocaram na coluna política. ― Ele disse soltando uma risada sem humor. ― Vocês sabem o quanto eu detesto política.
Tanto , quanto sabiam que a coluna de política era a única que detestava com todo o coração, o posicionamento e pensamentos políticos dele eram totalmente contrários aos que o dono do jornal tinha.
― Sabe o que animaria meu querido irmão? ― disse sorrindo de orelha a orelha.
Todos os anos em que ela morava naquela pensão tinha sido tratada como alguém da família e isso fez com que ela e se aproximassem e se tratassem como irmãos, tanto é que se chamavam assim e se apresentavam para as pessoas como sendo legítimos. E eles tinham personalidades muito parecidas, era como se eles tivessem realmente nascido do mesmo ventre.
― Não começa . ― disse bufando.
― Acho que minha irmãzinha com essa cara de pestinha está certa. ― O rapaz disse abrindo um sorriso mais convidativo dessa vez. ― Preciso distrair a mente, começo na nova coluna na próxima segunda feira, seria bom que saíssemos os três e curtíssimos uma boa música. ― Ele sutilmente a olhou com olhos de súplica.
― Vai com a . ― além de tudo, odiava dar o braço a torcer.
― Não vai ser a mesma coisa, sem a minha prima preferida. ― disse unindo as mãos, assim como tinha feito antes.
― Eu odeio vocês. ― revirou os olhos, se levantando da poltrona que estava sentada e guardando o livro de volta a estante de livros. ― Eu vou, mas não vamos voltar muito tarde e nunca mais me peçam nada. ― Ela saiu se sentindo derrotada pela dupla implacável, deixando e super contentes no cômodo, ela conseguiu ouvir parte dos planos dos dois enquanto se afastava.
Os três mosqueteiros como sua tia gostava de chamar eles, eram realmente inseparáveis, faziam todas as refeições juntos, pelo menos aos finais de semana. Iam a faculdade juntos, estudavam juntos. Agora tinha menos tempo para passar com as meninas devido ao emprego que tinha arrumado no jornal local, mas tudo que eles conseguiam fazer juntos – salvo as saídas para se socializar, que sempre recusava – faziam juntos.
O sábado tinha finalmente chegado, e estavam muito animados. Não pararam de falar como seria incrível conhecer o amigo de , ele tinha recém chegado de Paris e tocava incrivelmente bem. não poderia negar, se os tinham aquilo, era porque realmente era verdade, eles entendiam como ninguém de talentos musicais. Mas de toda forma não era como se aquela informação fosse afetar , ela adorava música e sempre ouvia alguma coisa no rádio enquanto estudava e vez ou outra assistia a programas musicais com sua tia. Mas estava longe de ser tão ligada a isso que se encantaria com essas coisas sobre um rapaz que nunca nem tinha ouvido falar.
Quando chegaram ao Eternity aquela noite, o lugar já estava cheio todas as mesas no salão principal estavam ocupadas. Pessoas bebiam suas bebidas, fumavam seus cigarros e riam entre uma conversa e outra. O clima era aconchegante e trouxe uma sensação de lar ao coração de assim que ela colocou seus pés no estabelecimento. O som ambiente ainda saia das caixas de som espalhadas estrategicamente pelo lugar, eram um som calmo, sem voz, somente o instrumental, brincando nos tímpanos dela. Era como se aquela música fizesse cócegas em seus ouvidos e desse um abraço apertado em sua alma. Jazz com certeza era o estilo de música preferido dela. Como namorava um dos donos do estabelecimento a mesa deles estava separada no deck do lugar, claro que ficariam em um lugar mais reservado e perto do palco. Era a cara dos fazer aquilo. Encaminharam-se ao local e relaxou o corpo na cadeira aproveitando o clima. Pouco tempo depois eles estavam com suas bebidas na mesa. E ela estava procurando algum sinal dos amigos para cumprimentá-los
― Onde estão os ? ― perguntou no ouvido da amiga devido a música meramente alta do lugar.
― Em dias de apresentações especiais eles passeiam pouco pelo salão, pelo menos nas primeiras horas, se eu conheço o , ele deve estar concentrado, assim como lá atrás. ― sorriu, estava realmente radiante, era perdidamente apaixonada pelo rapaz e qualquer pessoa mesmo sem sua visão podia sentir aquilo. não ficava para trás, era tão apaixonado por , que até uma música para ela já tinha feito.
Alguns poucos minutos passaram e a música que sentia passear pelo seu corpo, como se seu próprio sangue estivesse espalhando a melodia dentro dela, foi bruscamente interrompida, fazendo com que a mulher abrisse os olhos e saísse de seu transe.
― Boa noite, damas e cavalheiros. ― falava de maneira profissional e elegante ao microfone. O rapaz vestia um terno azul escuro, quase preto bem alinhado, camisa branca e uma gravata vermelha linda que combinava perfeitamente com o vestido que estava trajando. ― Espero que estejam satisfeitos com o nosso atendimento até aqui. ― Ele abriu aquele sorriso, que conseguia iluminar todo o quarteirão. não tinha percebido, pois a presença de palco do amigo era tão forte e magnífica que ainda não tinha tirado os olhos de cima dele, mas o palco já estava quase pronto para receber os artistas que tocariam ali aquela noite. já estava apostos em seu piano e alguém arrumava o saxofone mais ao fundo. ― Vamos abrir a essa noite magnífica com a presença de um dos músicos mais talentosos e inteligentes que eu tenho o prazer de chamar de amigo. Ele já tocou em muitos lugares por aqui, mas acabou de voltar de uma longa estadia em Paris e está mais maravilhoso do que nunca. E, como convidados especiais para essa primeira música, que é uma parceria nossa, eu e minha lindíssima irmã vamos acompanhar.—
viu os olhos do amigo brilhando enquanto ele fazia o enunciado, sem medos, sem nervosismo. nasceu para os palcos, como os palcos foram feitos exclusivamente para receber-lo. Era aquilo que pensava e era daquela forma que ela via as coisas. Ele percorreu o olhar pelo público e quando avistou ao canto não só a namorada como sua melhor amiga, pela primeira vez em seu estabelecimento, escancarou ainda mais o sorriso. Aquilo o deixava ainda mais iluminado, era lindo de se ver.
― Com vocês, e nossa música nova, Fairy of Shampoo. ― disse estendendo a mão para trás do palco, indicando o rapaz que prontamente levou o instrumento aos lábios.
A luz do palco que a princípio só focava no rapaz ao microfone mudou, e agora iluminada todos que estavam no palco. A melodia começou e a voz impecável de adentrou as entranhas de . Ela sabia que aquela sensação não era só por causa da linda voz do amigo. Sentia seu corpo todo arder em uma sensação que nunca tinha sentido antes ao colocar os olhos em . O fôlego faltou e seus olhos não saiam de cima do rapaz. A forma com que ele se entregava ao tocar o saxofone, como tudo se encaixava perfeitamente bem. O som entrava pela alma da mulher e fazia abrigo ali. O cheiro de tabaco, vinho branco e chuva, pela pequena tempestade que caia ao lado de fora do estabelecimento, se faziam presentes nos sentidos de , como se seu subconsciente quisesse marcar aquele momento pra sempre na mente dela de forma afetiva, ligando essas sensações de um dos seus cinco sentidos. Os olhos que sabe-se lá deus porque estavam cheio de lágrimas, não saiam de cima do saxofonista de jeito nenhum, era como um imã, que a deixava simplesmente magnetizada nele. , um homem esguio, alto, tinha os cabelos encaracolados em um tom de castanho caramelo tão único que parecia até que ele pintava as madeixas para que ficassem naquele tom, Suas mãos longas seguravam o instrumento em dourado brilhante, com destreza e de forma firme. Vestia uma calça marrom e um blazer no mesmo tom, uma blusa bege sem gravata, estava mais despojado que , mas igualmente de tirar o fôlego e não era só que achava aquilo, pelos suspiros que escapavam dos lábios das muitas mulheres no local, era evidente o sucesso que o homem vinha fazendo. Mas o que teve certeza que a fez se apaixonar à primeira vista por aquele homem, era a paixão que ela conseguia sentir que ele tinha pela música que fazia. Os olhos dele estavam fechados desde o início da canção e mesmo quando o saxofone não era presente, ele continuava com os olhos fechados sentindo cada nota e melodia, até que seu instrumento fosse necessário outra vez. Ela se apaixonou pela forma que ele era visivelmente apaixonado pelo que fazia. Assim que a música acabou, um estouro de aplausos e assobios invadiu todo o lugar, não era de costume todo aquele alvoroço ao final de cada apresentação. Mas a música era simplesmente perfeita e a apresentação tinha sido impecável. disse alguma coisa ao microfone, que claramente não prestou a atenção, por estar ainda com o olhar preso a . Viu seus olhos castanhos brilhando e um sorriso quadrado iluminar de forma tímida o semblante do homem. Só percebeu que os tinham saído do palco, quando outra melodia começou a tocar e novamente, levou o sax aos lábios.

― Acho que ela deu defeito. ― escutou ao fundo de seus sentimentos arrebatadores por conta da nova canção que o homem no palco tocava falar.
― O poder de meus amigos. ― Dessa vez era a voz de , mas simplesmente não conseguia tirar os olhos do palco, nem mesmo para dar atenção ao amigo.
― Eu não duvido. ― disse se sentando próximo a amiga e balançando a mão em frente ao rosto dela. ― Planeta terra chamando. ― Ela riu e sentiu segurar sua mão no ar, sem tirar os olhos do músico.
― Oi gente, que lugar incrível, vocês arrasaram. ― disse aos amigos, mas sem olhar para eles.
― Ela está estudando muito, não liguem por favor, deve ter entrado em colapso. ― jogou um guardanapo na amiga que só conseguiu balançar a cabeça em afirmação, sem nem ter entendido de fato o que eles estavam falando na mesa.
― Coitada da minha amiga. ― disse levantando a mão que não estava segurando para chamar o garçom

Uma nova rodada de bebidas chegou a mesa, quando terminava o que não sabia, ser a última canção da noite. Os amigos conversavam de forma animada na mesa, e não poderia se importar menos. Só queria aproveitar a paixão que sentia emanar daquele homem, enquanto ele estava envolvido com a sua arte.

― Obrigado a todos. ― A voz grossa de saiu pelos alto falantes, e ali naquele momento pensou que pudesse derreter os desmaiar. ― Vocês foram um público incrível e eu não poderia estar mais grato, por uma volta aos palcos tão acalorada. Espero que curtam o resto da noite e dos artistas que estão por vir. ― O homem sorriu grande e carregando seu instrumento musical, saiu do palco e do campo de visão de .

era como um poema aos olhos da mulher. Uma bela e tocante escrita, que ela poderia passar a vida toda declamando. Aquele tipo de texto que seria relido, lido, fraseado e parafraseado muitas vezes, por muitas décadas a fio. Como as palavras imortalizadas que ela lia em seus livros.

― Ah, oi pessoal. ― se virou do palco para finalmente olhar para os que estavam em uma conversa animada sobre qual era o melhor conhaque já feito no mundo.
― Estamos aqui há exatos quinze minutos . ― disse, olhando para as sua mão, que ainda segurava sem perceber, e riu.
― Uma honra ter alguém com tantos compromissos inadiáveis aqui em nosso estabelecimento. ― disse em um tom de brincadeira, fazendo com que todos a mesa rissem.
― Em minha defesa, eu fui fortemente coagida a estar aqui hoje. ― disse rindo.
― Mas pelo visto valeu a pena. ― disse, sorrindo de orelha a orelha. ― Pelo jeito gostou da atração principal. ― Ela deu uma piscadinha para a mais velha.
― Se ela não gostou de , eu não sei o que é gostar de um artista. ― disse, bebericando seu conhaque.
― Fiquem quietos, eu só estava hipnotizada pela forma que ele é apaixonado pelo que faz. ― protestou cruzando os braços.
― Então não vai querer que eu os apresente? ― disse sorrindo.
― Mesmo se ela não quiser, você vai, tirei a borboleta do casulo para que ela se relacione com o mundo humano. ― disse em um tom mandão, que fez o sorriso de se abrir ainda mais.
― Você quem manda, meu amor. ― O homem se levantou de onde estava e se direcionou aos fundos do bar, onde os artistas se preparavam para as apresentações.

No palco já estavam outros artistas tocando de forma singela para que as pessoas que estivessem por ali, conseguissem conversar de maneira confortável e mesmo assim ainda conseguissem escutar e apreciar o som.
Pouco tempo depois apareceu novamente para o grupo de amigos, e junto a ele veio para os cumprimentar e receber alguns elogios.

― Estimados amigos, esse é . ― disse sorrindo e apontando para o amigo que era de longe mais alto que ele. ― , esses são: , minha namorada. ― Ele apontou para a mulher.
― Um prazer , ouvi falar muito de você. ― disse pegando uma das mãos de e depositando um beijo fraco no local. As ondas sonoras que saíram da garganta dele, atingiram de uma forma peculiar, eram como se borboletas estivessem querendo escapar de seu estômago e como se as suas orelhas pegassem fogo. apenas sorriu e logo observou a amiga que parecia novamente hipnotizada.
― Esse é meu grande amigo . ― Apontou para o homem que estava sentado a uma distância pequena de .
― E cunhado, pode me chamar de . ― disse estendendo a mão para um aperto.
― E por fim, mas não menos importante. Essa é a minha melhor amiga no mundo todo, depois da minha querida irmã é claro. ― deu uma piscadinha para que mandou um beijo no ar para ele. ― .
― É um prazer conhecer finalmente a grande poetisa e os grandes olhos castanhos que me observaram a apresentação toda. ― disse, dando um beijo mais demorado na mão de que abriu um sorriso enorme, não podia ser, mas realmente estava apaixonada de forma avassaladora pelo homem que pouco conhecia.
― Grande é por sua conta. ― sorriu ― Se sente conosco. ― Ela ofereceu uma cadeira próxima ela, que estava vazia para que ele se sentasse e assim ele o fez. ― E, em minha defesa, meus olhos só se grudaram a você por que a sua paixão me deixou perdida no tempo. ― Ela finalizou olhando profundamente nos olhos dele.
― Sempre uma honra ser elogiado de forma tão elegante como essa. ― Ele sorriu grande.

A conversa na mesa se estendeu por mais algumas horas. Os seis estavam em sintonia com o papo e tudo fluía muito bem. Ninguém disse nada, mas era nítido o clima entre e . Depois de um tempo a mulher já tinha se acostumado com a presença do mais novo e as sensações que seu corpo sentia. Então já estava até se bicando com ele, como fazia com todos os amigos. A noite estava agradabilíssima e ao fundo de todo aquele cenário de risadas e bebidas, começou a tocar Maze In The Mirror, àquela altura ninguém mais se apresentava, somente a vitrola tocava alguns discos e nesse momento tocava o primeiro disco dos irmãos . era simplesmente apaixonada por aquela canção.

― Eu preciso dançar essa! ― disse, olhando para o primo que torceu o nariz, detestava dançar aquele tipo de música. ― Por favor, , você me deve uma. ― Ela finalizou fazendo biquinho.

jogou o corpo derrotado na cadeira e quando estava prestes a se levantar, viu o fazer e estender a mão para a prima. abriu um lindo sorriso, nem que tivesse que convencer uma das meninas a dançar com ela, iria dançar aquela música, e ficou feliz quando se disponibilizou.
Eles seguiram para o espaço vazio no bar, onde as pessoas ali usavam de pista de dança e por sorte não estava cheia como costumava estar. passou um dos braços pelo pescoço de enquanto ele repousava levemente uma das mãos nas costas dela. A música fluía e eles seguiam seu ritmo com os corpos. Era como se o que os movesse fosse só aquela melodia, como se não tomassem conta dos próprios movimentos, só seguiam a sintonia.

― Então quer dizer que você estava na cidade luz. ― perguntou a enquanto uma nova música começava a tocar.
― Estava, dei aulas de violino por lá, Paris é realmente muito linda. ― Ele disse com o rosto mais próximo ao ouvido dela.
― Uau, então você toca outras coisas além do saxofone, isso é incrível. ― juntou mais os corpos para que pudessem se escutar melhor. ― E o que trouxe o incrível de volta para cá?
― Toco violino, violoncelo, saxofone e arranho algumas notas de piano. ― Ele sorriu, e mesmo que não conseguisse ver direito o rosto dele, soube que o fez só pela movimentação dos músculos das bochechas do rapaz. ― Minha alma é inquieta sabe, eu amo muito a frança e tudo o que ela me proporcionou, mas meu coração e mais importante, minha alma clamou por lar e o único lugar em que eu pude pensar no momento foi aqui. ― Ele afastou um pouco o corpo da mulher para poder girar ela na pista e logo depois voltarem a posição de antes.
― Não me diga que é dançarino também! ― riu se segurando novamente ao ombro do mais alto ― Suas palavras são tão poéticas. ― Ela encostou a cabeça no ombro dele. ― Você todo é, poesia em forma de gente, seu amor e sua arte, eu não sei explicar. ― Suspirou alto, deixando que o ritmo da terceira música que dançavam aquela noite levasse seu corpo na dança.
― Danço só por diversão. ― Ele a aninhou em seus braços, e sentiu que era aquilo que estava faltando para se sentir verdadeiramente completo. ― Mas faço outras coisas profissionalmente, como pintar. Acho que a arte é uma extensão do meu ser. ― Encostou de leve a cabeça na cabeça dela. Aquela era uma posição tão confortável para ambos, que era difícil de se explicar.
― É, e eu fico feliz que veja e entenda isso. ― podia facilmente dormir ou até mesmo ronronar como um gatinho satisfeito pela sensação de conforto e lar que de repente sentiu nos braços do mais alto. ― Acho que é isso que te faz tocar as pessoas realmente. Você exala a paixão e apaixona as pessoas.
― Você é uma mulher muito observadora, poucas foram as pessoas fora do meio musical que me elogiaram dessa forma. Que elogiaram a minha paixão e não somente a minha habilidade. ― se movia de forma graciosa. ― Então quer dizer que eu sou poesia aos olhos de uma poetisa? ― O tom de descontração fez com que soltasse uma risadinha.
― Aspirante a, e sim, se sinta especial por isso, poucas são as almas que tocam a minha dessa forma. ― Ela afastou um pouco os corpos, se ficasse mais um tempo naquela posição era capaz de cair no sono. E abriu um grande sorriso ao olhar a expressão de relaxamento no semblante de também.
― Poucas foram as pessoas que tocaram meu coração, da forma que você tocou, apenas por ser quem é. ― parou no meio da música fazendo com que parasse também. Olhou profundamente nos olhos dela, enquanto o piano da música ao fundo se fazia presente. ― Pode parecer loucura e eu mesmo não acredito em amores à primeira vista. ― Ele engoliu em seco. ― Acho que estou apaixonado por você, na verdade não tenho como ter certeza, porque não ficamos separados desde que nos conhecemos, mas só de pensar que uma hora vamos embora eu já sinto saudades. ― O sorriso quadrado se instalou no rosto dele e só conseguia guiar a sua atenção para os lábios finos do homem.
― Que bom que eu não sou a única a me sentir assim. ― disse, desviando momentaneamente o olhar dos lábios para os olhos dele. ― Isso é loucura.
― É sim. ― Ele colou a mão na cintura dela e puxou para mais perto de seu corpo. ― Quer viver essa loucura comigo e descobrir se precisamos nos casar, ou sermos internados? ― disse sem desviar o olhar do dela e aproximou mais os rostos.
― Não sou uma pessoa que comete muitas loucuras. ― abriu um sorriso. ― Bom talvez brigar com meus pais e ser expulsa de casa por querer estudar, seja a maior loucura que eu já cometi. Mas em se tratando de romance eu não sei. ― As palavras foram serias.
― Você ficou triste por tomar a decisão de embarcar nessa loucura? ― Ele perguntou.
― Sim, bastante para dizer a verdade. ― Ela baixou o olhar, momentaneamente.
― E você se arrepende? ― Ele levantou o olhar dela para que eles se reconectassem.
― Nem um único minuto da minha vida. ― Ela voltou a abrir um sorriso grande.
― Então, loucuras existem para sentirmos medo de as fazer, aproveitarmos elas e se der errado, tirarmos o que de bom nos trouxe. ― colocou uma das mãos no rosto de ― E eu aposto meu saxofone com você, que não vamos nos arrepender. ― Ele disse em um tom amigável e se odiava por sentir tanta confiança em alguém que acabara de conhecer. Como ela podia agir como uma donzela indefesa daquela forma, se sentir como uma das mocinhas que lia em alguns livros. Era insuportável aquela sensação de que as almas tinham finalmente se encontrado, que se conheciam de outras vidas, que estavam predestinadas.
― Eu vou me odiar pelo resto dos meus dias se isso que você está me dizendo, for só lábia para se aproveitar de uma dama como eu. ― disse abrindo um sorriso tão lindo, que soltou um suspiro sem nem perceber. ― Se eu me arrepender eu lhe jogo uma praga. ― Ela finalizou dando uma curta risada.
― Então a resposta é Sim? ― perguntou deixando seus lábios a centímetros dos dela.
― Sim. ― aproveitou o pouco espaço entre os corpos e uniu os lábios.
O primeiro beijo dos dois aconteceu de forma calma, primeiro com um selar demorado, que depois se transformou em um beijo lento, feliz, e de tirar o fôlego de quem o viu, parecia que estavam apaixonados a longos anos e não de que tinham acabado de se conhecer, praticamente.
Os amigos a mesa viram a cena de longe, e, todos, unanimemente ficaram atônitos. era a pessoa mais difícil que eles conheciam de se envolver romanticamente com qualquer outro ser humano. Muitos rapazes já tentaram se aproximar, porque além de extremamente inteligente, era muito bonita e sabia se comunicar – mesmo não gostando muito de o fazer – maravilhosamente bem. Certo que o clima entre eles era palpável, mas já estiveram em situações similares em roda de amigos e nada além de altos papos acontecia. Era como se estivessem uma nova pessoa naquela pista de dança. Depois do beijo eles continuaram agarradinhos na pista de dança por mais algumas músicas, parecia que só os dois estavam dançando, aos olhos deles e pelas últimas músicas foi o que de fato aconteceu. Não queriam voltar até a mesa, mas o corpo e pernas cansados anunciavam que já estavam afastados a muito tempo e pior. A hora de ir embora estava próxima. Voltaram para seus lugares de mãos dadas e se sentaram como antes um ao lado do outro.
― A gente prometeu que não ia falar nada. ― disse depois de longos minutos, observando a amiga e o rapaz, de mãos dadas mesmo depois de sentados.
, fique quieta, sim. ― disse para a mulher, com uma cara de sério, afim de passar alguma autoridade, e falhou miseravelmente quando sequer deu atenção a suas palavras.
― Tudo bem primo, eu estou curiosa sobre o que prometeram não comentar sobre mim. ― disse rindo e endireitando a postura na cadeira.
― Viu, ela é uma descarada. ― riu. ― Mas me diga, o que foi aquilo na pista de dança? ― Ela disse depositando toda a atenção na amiga.
― Um beijo, oras. Pensei que a namorada do maior beijoqueiro da cidade saberia o que era um beijo. ― disse levando o copo com água aos lábios e observando o melhor amigo ficar vermelho como uma pimenta.
― Hey, como assim, eu sempre fui um rapaz sossegado. ― disse coçando a cabeça de leve para não bagunçar o penteado.
― Ai, nos poupe , todo mundo nessa cidade sabe que seus lábios só tiveram freios quando encontraram os de . ― disse revirando os olhos para o irmão.
― Que bom que o senhor lábios de mel, parou de distribuir beijocas por aí então. ― disse olhando para o namorado e sorrindo lindamente.
― Agora meus lábios só pertencem a uma única boca nesse mundo todo. ― Ele se aproximou selando os lábios aos da namorada e abrindo um sorriso doce logo em seguida.
― Não comecem todos a se beijar, por favor. Vou ser obrigado a levar outro fora de , e isso já está ficando humilhante. ― disse bebendo um pouco mais de sua bebida.
― Você não ouse tentar nada com a minha irmã, seu fedelho. ― disse, lançando um olhar fuzilador para o amigo.
― Você beija minha irmã e eu nem falo nada, para de graça . ― disse relaxando seu corpo na cadeira.
― Nem tem que falar nada, eu sou mais velho e você tem que me respeitar. ― disse.
― Toda hora essa conversa de mais velho, ta bom o vovô, mas se por algum acaso sua irmã quiser me beijar ela vai sim. ― disse dando uma piscadinha para o mais velho.
só revirou os olhos para os dois e voltou a conversar com sobre o repertório escolhido para aquela noite.
A noite acabou como começou, de forma agradável , e foram para o seu lado da cidade, enquanto e os foram para os deles. A cidade não era muito grande, mas o bar ficava bem no meio de tudo, fazendo assim com que cada um deles e seus respectivos grupos seguissem caminhos diferentes.


Capítulo Dois

― Vovó? ― Soobin chamou a mulher que curtia a mesma música por vezes incontáveis naquela manhã, com os olhos fechados e os dedos tamborilando pelo móvel.
― Binnie meu amor! ― disse ao avistar o jovem que não tinha mais que vinte anos sorrindo a sua frente.
― Como à senhora está vovó? ― O rapaz se aproximou e abraçou o corpo dela. ― Melhor agora com a presença do meu querido neto. ― Ela afagou as costas dele.
― Estamos todos lá na cozinha esperando a senhora, só falta a titia Jennie chegar. ― Ele estendeu a mão depois que se afastou do corpo de e ela pegou se levantando do lugar. Desligou a música e foi com o neto até o cômodo no andar de baixo.
Lá estava sua família, quase toda reunida. Quatro de seus cinco filhos, todos os netos e bisnetos espalhados pela sala e pelo jardim, onde uma mesa enorme já tinha sido arrumada por e uma de suas netas na noite anterior. Aquela tradição da família reunida naquela data tinha começado um ano depois que se foi. O patriarca da família sempre gostou de ter a família reunida. Ele quis muitos filhos, para sempre ter netos e bisnetos correndo pela casa, eles tinham um quintal grande e mesmo depois quando só sobraram os dois naquela casa enorme ele não quis se mudar, gostava de como a casa ficava sempre cheia aos domingos, mesmo que nem todos os filhos e netos estivessem presentes, sempre haviam pessoas com eles. Nenhum dos filhos mudou de pais e os netos sempre estavam nas casa deles, fossem lá somente para passar uma noite ouvindo música com eles, alguns dias com os feriados prolongados ou as férias de verão, para os que estavam mais distantes. simplesmente adorava observar o marido e a forma que ele demonstrava pela família o mesmo amor que emitia quando ainda tocava seus instrumentos. Ele era doce, mas sabia ser firme e responsável quando necessário. Ela sabia que ele era a figura preferida na vida de toda a família, era pra ela também, não podia negar. não a decepcionou por embarcar naquela loucura anos atrás, como também e surpreendeu mais ainda quando foi o melhor companheiro, marido, pai, avô e bisavô que ela já conheceu na vida dela.
― Bisa! ― A voz da pequena Dae encheu o coração de de amor. A pequena correu até ela e deu um abraço tão gostoso, e era aquilo que ainda a mantinha forte e viva, mesmo longe daquele que ela acreditava ser a sua alma gêmea.
Era lei, que todos os membros de sua família, sendo eles seus filhos netos e bisnetos estivessem naquela data com ela. Ela não fazia questão deles irem até ela em nenhuma data festiva ou feriados importantes. O que eles sempre faziam, nem todos apareciam todas as vezes, mas ela nunca estava sozinha. Mas ali era diferente, mesmo que os integrantes da família estivessem em outros países, eles voltavam para a casa dela para aquele evento. Eles celebravam a vida e legado que deixou na memória de todos. Era um dia para se comer comidas deliciosas, fazer jogos divertidos e se conectarem como a família que eles eram e aprenderam a ser durante todos aqueles anos.
― Dae amor da bisa, como vocês está grande meu amor. ― deu um beijo leve no topo da cabeça da pequena. ― Seu dentinho já caiu meu amor, que maravilha e a fada do dente veio te visitar? ― Ela disse ao ver a “janelinha” no sorriso grande que a bisneta tinha dado.
― Ahaam. ― A pequena balançou a cabeça em afirmação. ― Ela me deu um monte de moedas e eu guardei pra comprar um unicórnio. ― Ela tinha uma animação tão grande na voz que deixava mais feliz do que nunca por ter a oportunidade de viver aquela fase da geração de sua família.
― Dae minha linda, vem com o primo, seu papai está te procurando, sim. ― Um dos netos de veio ao encontro da mais nova ― Vovó, como a senhora está? ― O rapaz perguntou, dando um beijo demorado na bochecha dela.
― Melhor agora com todos vocês aqui comigo, meu amor. ― Ela passou a mão nas costas do rapaz, que sorriu e foi praticamente puxado por Dae para que ele a levasse a seu pai.
― Vamos nos sentar lá fora vovó, os outros terminam de arrumar as coisas. ― Soobin disse sorrindo e ajudando a mais velha a se locomover até os fundos da casa, não que , mesmo na casa dos 80 precisasse de ajuda para andar, cozinhar e fazer as coisas básicas de qualquer ser humano comum. Mas os mais novos gostavam de mimar e fazer coisas para ela e ela não reclamava, adora o tratamento que recebia, todos sabiam seus limites e respeitavam os limites alheios, mais uma coisa que aprenderam bem com .
Já sentada em uma das cadeiras que compunham a decoração do jardim, bem protegida por um grande guarda sol, foi servida de uma nova taça de vinho, dessa vez branco e observava os menores brincando de correr sobre o vasto gramado e por cima da piscina que estava coberta pela proteção reforçada, era época de frio, ela não precisava estar descoberta e aquela proteção deixava o quintal ainda maior para receber todos.
― CHEGUEEEEI ― escutou a filha mais nova gritar de algum cômodo distante de onde ela estava. ― Binnie amor da titia, cadê a sua avó? ― a voz de Jennie se aproximava mais dos ouvidos da mais velha.
― Já está lá fora, tia. ― Ela conseguiu ouvir o rapaz soltar uma risadinha, provavelmente era pelo fato de Jennie ter mexido em seu cabelo. Ela tinha aquela mania de sempre pentear os cabelos dos homens da família com seus dedos, mesmo que os cabelos estejam bem arrumados. ― Quer que eu guarde sua bolsa e seu casaco, ou quer que eu leve isso pra cozinha? ― O neto era realmente um rapaz de ouro. De todos os mais novos que incluíam os filhos e os bisnetos, Soobin sempre fora o mais apegado a família, ele sempre adorou os tios e primos e principalmente os avós. Todas as férias e tempo livre que eles se lembram o rapaz estava presente. Ele realmente apreciava a companhia dos seus e sempre foi muito educado e prestativo. Não era atoa que com tão pouca idade fosse tão bem sucedido e resolvido com a vida.
― Obrigada meu amor, mas deixe que seu tio guarda minhas coisas, me ajuda com esse bolo, eu quero levar até minha mãe, mas seu primo anda chutando tanto minha barriga que é capaz dele dar uma bica no pacote e voar tudo no chão. ― A mulher riu nasalada. ― Com cuidado meu bem, obrigada!
Eles pararam de falar por um minuto e tinha se ajeitado na cadeira esperando que eles aparecessem em seu campo de visão. Abriu um grande sorriso, quando viu o neto equilibrando o grande pacote branco em um dos braços e ajudando a tia a descer o degrau que dava acesso a parte arborizada do imóvel.
― Mamãe! ― Jennie disse sorridente ao ver a figura materna sentada.
― Jennie minha linda. ― abriu um sorriso similar ao da filha.
― Oh mamãe, a senhora está magnífica. ― Ela deu um beijo na bochecha de .
― Olha quem fala. ― fez um breve carinho na barriga da filha. ― Vem, se sente aqui comigo, seus tornozelos devem estar inchados. ― bateu no lugar vazio ao lado dela.
― Ah mamãe, como é difícil estar grávida na minha idade, por que a senhora não me disse que era essa loucura? ― Jennie se sentou com certa dificuldade perto da mãe, estava no último mês de gestação, então o barrigão atrapalhava de fazer coisas simples do cotidiano, como se sentar por exemplo.
― Não seja mole Jennie, você só tem trinta e nove anos, quando eu te tive estava prestes a completar quarenta e dois, e me sentia ótima. ― disse rindo, e afagando as costas da filha.
― Mamãe, mas a senhora teve cinco filhos, nenhuma experiência de força e determinação vinda da senhora vale como parâmetro. Guerreira demais aguentar cinco crianças. ― A filha riu também. Ela admirava muito seu pai, mas sua mãe era como uma deusa em seus olhos. Todos os filhos sabiam como tinha sido a vida da mais velha no passado antes de conhecer seu marido e o quão já era forte e decidida naquela época, como vinha sendo sua vida toda.
― Seu pai estaria tão feliz te vendo assim meu amor. ― Ela disse, passando a mão com mais carinho e de forma mais lenta na barriga da filha.
― Tenho certeza de onde quer que ele esteja, ele está muito feliz por mim e por todos nós mamãe. ― A mais nova disse com os olhos cheios de lágrimas. Ela mais que ninguém gostaria de ter o pai ao seu lado, todos eles sabiam o tão importante a família era para o homem. ― Sem conversas tristes, hoje é dia de celebrar e falando no papai, eu achei uma coisa. ― Ela sorriu doce, limpando algumas lagrimas que insistiram em escorrer. ― Binnie, por favor. ― Ela pediu para que o mais novo colocasse o embrulho sobre a mesa que estava próximo a elas
Soobin colocou o pacote lá e levou a mesa ainda mais para perto delas. Cuidadoso como sempre ele sorriu mostrando o sorriso similar ao do avô.
― Quer que eu abra, tia? ― Ele se afastou um pouco da mesa, olhando para as mais velhas.
― Por favor meu amorzinho. ― Jennie estava grata por ter um sobrinho tão incrivelmente atencioso como aquele rapaz. Ele era com certeza o xodó de toda a família.
Soobin abriu o pacote e se certificou de jogar todo o papel no lixo que tinha na área externa, ele detestava bagunça. Retirou a proteção de plástico fosca de cima do doce e revelou um bolo branco com morangos frescos e inteiros em cima. Bolo de baunilha com morangos frescos, o preferido de . começou a chorar na hora que viu o doce, não um choro de tristeza ou frustração, mas um choro de saudade e agradecimento pela família maravilhosa que criou junto ao amor de sua vida. Aquele bolo não lembrava só a melhor coisa que tinha acontecido na vida dela, que foi conhecer o amado, mas a puxava diretamente para o seu casamento, que com a maior certeza da vida, junto com o nascimento de todos os filhos,tinha sido o momento mais especial de toda a sua vida. Foram meses estressantes, mas completamente compensadores.
55 anos atrás.



― Absolutamente não! ― disse olhando para que tinha um piquinho nos lábios.
― Mas porque não, meu amor? ― Ele indagou , olhando como um filhotinho pidão.
― Não tem onde colocar os noivinhos se a gente fizer um bolo cheio de morangos no topo. ― Ela cruzou os braços.
― Ah, mas quem precisa de noivinhos? ― Ele parecia decepcionado.
― Todo mundo , é tradição. ― estava prestes a socar o noivo.
Depois de cinco anos entre o namoro e o noivado, lá estavam eles, escolhendo os últimos detalhes da cerimônia de casamento que aconteceria em menos de um mês, já tinham quase tudo pronto. Já tinham escolhido a comida, os padrinhos, a lua de mel, as vestimentas e o local. Faltavam poucos detalhes como o que tocaria durante a recepção, as bebidas servidas os docinhos e claro, o bolo de casamento, que o rapaz queria que fosse feito do sabor de seu bolo favorito.
― Mas nosso casamento não vai ser tradicional , poxa, não vamos assinar os papeis em uma igreja e nem fazer a festa em um desses salões chiques, como todo mundo faz. Quantas pessoas você conhece que se casam em um bar de Jazz com o primo sendo o mestre de cerimônias? ― disse abrindo aquele sorriso que tanto enchia o coração da mulher de amor, era patético como ele conseguia desmontar todo e qualquer argumento dela, só abrindo aquele sorriso.
― Você não vai me fazer escolher esse bolo , sem chances, acho que eles não fazer ele em versão de casamento. ― passava o catálogo de doces, enquanto esperavam mais amostras na grande confeitaria da cidade.
― Por favor, senhorita! ― levantou o olhar do cardápio e olhou para o homem com a mão levantada, tentando chamar a atenção de alguma atendente no salão.
, pelo amor de Deus, abaixa essa mão. ― disse afundando a cabeça atrás do pedaço de papel plastificado.
― Desculpem a demora. ― A moça que estava atendendo eles, disse com a bandeja e pelo menos seis pedaços de bolo nela.
― Não demorou, não foi por isso que eu chamei, me desculpe. ― foi gentil e continuava sorridente. ― Eu gostaria de saber, se vocês conseguem fazer esse bolo aqui. ― Ele apontou a foto do bolo com os morangos frescos em cima, no cardápio para a mulher. ― Em formato de casamento, sabe um estilo desses com andares? ― Os olhos dele brilhavam como de uma criança olhando uma vitrine na loja de doces.
― Nós fazemos qualquer bolo em formato de casamento senhor. ― Ela sorriu doce. ― Podemos fazer se quiserem, só escolher um desses modelos aqui ― Ela apontou um outro papel, que tinham os designs dos bolos que eles faziam. ― E a gente faz.
― Mas com os morangos em cima assim? ― Ele estava muito empolgado, conseguia sentir a animação fluir pelo sistema nervoso dele.
― Olha, posso pedir ao nosso chef, mas isso não vai atrapalhar na colocação dos noivinho? ― Ela parecia confusa.
― Não vamos ter noivinhos. ― Ele disse tão feliz, que momentaneamente não ficou brava por ele ter tomado aquela decisão sozinho.
A mulher viu o semblante franzido de para o rapaz
― Vou deixar que provem essas amostras e já volto, decidam da melhor maneira e qualquer coisa é só me chamar. ― Ela sorriu, e logo se afastou da mesa.
― Como assim não vamos ter noivinhos, sério , é sério isso? Não vai nem me perguntar se eu faço questão? ― cruzou os braços, estava realmente chateada com aquela situação.
― E você faz questão, meu amor? ― O tom dele era doce, mas não fez com que a mulher se sentisse melhor.
― Essa não é a questão, o evento não é só seu, achei que decidíamos as coisas juntos. ― Ela pegou um pratinho com bolo da bandeja e enfiou quase o pedaço todo na boca.
― Me desculpe, meu amor, é que esse tipo de bolo é o meu favorito e não é a mesma coisa sem os morangos em cima. Os morangos são a minha parte favorita. ― Ele baixou o olhar para as mãos. ― Esse bolo me lembra as manhãs de domingo que eu passava com a minha mãe no hospital, sempre comíamos uma fatia enorme, achei que assim ela poderia estar presente no nosso momento tão especial. ― viu lágrimas pousarem nos olhos dele.
― Ah meu amor, não fique assim. Eu também gosto desse bolo, você sabe, comi metade de um outro dia. ― Os dois deram risadas curtas. ― Eu sei que é uma memória afetiva que você tem com esse sabor, mas eu só fiquei chateada porque você decidiu sozinho, eu queria que fizéssemos isso juntos. ― Ela passou as mãos nas costas dele, afagando carinhosamente.
― Eu fui um tolo, me desculpe. ― Ele levantou o olhar e olhou nos olhos dela.
― Tudo bem meu amor, vamos pensar juntos então, aí tomamos uma decisão, pode ser? ― Ela deu um breve selar nos lábios do amado e pegou mais um pedaço de bolo.



Capítulo Três

Depois de tudo organizado e escolhido, o grande dia tinha finalmente chego. estava se arrumando nos fundos do bar dos amigos, em uma parte reservada para que os músicos se preparassem, estava no escritório de , que ficava na parte de cima do local, também se arrumando. Aquele bar nunca tinha estado tão lindo e organizado, mesmo não sendo um casamento tradicional, eles tiveram a vontade de flores da estação por todo o lugar, alguns toldos com tecidos de seda e a área dos comes e bebes também estava impecável. Mais os dois impossível.
― Quem diria que veríamos se casando um dia. ― disse alisando a barriga que estava saliente no longo vestido carmim que usava.
― Eu mesmo não apostaria nisso. ― disse abraçando a mulher por trás. Ele também já estava em sua roupa de padrinho, em um terno bem alinhado preto e a gravata na mesma cor que a do vestido da mulher.
― Os dois se apaixonaram à primeira vista, isso é tão mágico. ― disse, e sentiu as mãos do rapaz repousarem sobre sua barriga, fazendo leves carinhos.
― Tão mágico, quanto é acordar ao seu lado todos os dias meu amor. ― Ele depositou um beijo no pescoço da mulher. ― Quanto sentir nosso bebê se mexer em seu ventre. ― Ele a virou de frente, logo passou os braços pelo pescoço dele e sentiu as mãos em sua cintura. depositou um beijo suave nos lábios dela ― Quanto ser casado com a mulher mais linda. ― Mais um selar foi dado. ― Maravilhosa. ― E outro. ― E perfeita para mim que já existiu nesse mundo.
estava com os olhos cheios de lágrimas, poderiam ser os hormônios da gestação já no seu sexto mês, podia ser o amor absoluto que sentia pelo marido. A emoção de ver a melhor amiga, depois de enfrentar tantos monstros e curando algumas cicatrizes, prestes a vencer mais um de seus medos e constituir uma família, ser feliz, como ela merecia ser, ou se era pela melodia que saia pelos alto falantes. Mas ali naquele momento, sentiu uma vontade indescritível de chorar, de extravasar todo o amor e todos os sentimentos que carregava em si.
― Céus, eu te amo tanto . ― Ela disse, limpando algumas lágrimas que insistiam em escorrer e estragar sua maquiagem.
― Eu também te amo . ― Ele abriu um sorriso lindo e logo em seguida tomou os lábios da esposa, iniciando um beijo calmo, terno e cheio de carinho. Poucas vezes se sentiu tão completamente apaixonado por alguma coisa, quanto era pela mulher, podiam não ter se apaixonado à primeira vista como os amigos, mas a amava tanto, que não se lembrava como eram os dias antes de ter-la em sua vida.
― Cena linda meu Deus! ― disse descendo a escada de caracol que dava acesso ao salão principal, que era onde e estavam conversando. ― O casal mais meloso e melado de toda a cidade ataca novamente. ― Ele riu, fazendo com que os dois interrompessem o beijo e olhassem pra ele. ― Eu sei, eu sei, sou um inconveniente, mas em minha defesa, preciso que se aprontem e façam com que os noivos não surtem, a cerimônia começa em menos de meia hora, preciso da aqui pra me ajudar e recepcionar os convidados.
― Uau, desde quanto você é tão responsável assim? ― perguntou olhando para o irmão. ― No nosso casamento você só estava preocupado em com qual madrinha ia terminar a noite. ― disso rindo.
― Eu era imaturo e agora eu sou o responsável pela união, diferentemente de vocês que escolheram uma pessoa aleatória para a celebração, minha prima e meu futuro primo me amam. ― Ele fez um bico.
― Ah , você mudou tanto de dois anos para cá, eu sou muito orgulhosa do meu irmãozinho. ― bagunçou os cabelos dele de leve quando ele se aproximou.
― Eu amo vocês mesmo assim, agora, por favor. ― disse sorrindo e separando o abraço que o casal ainda dava.
Pouco tempo depois, todos os convidados, que apesar de conhecerem bastante gente, não eram muitas pessoas ali, eles optaram por uma celebração mais íntima, apenas com os amigos mais próximos e alguns familiares, aos quais pelo menos pelo lado de , eram os quais ela ainda tinha contato. Mesmo depois de todos aqueles anos, não teve mais nenhum contato com seus pais ou irmãos. Ela até tinha tentado, mas como anos atrás, a mesma porta branca com detalhes em ferro e bordas pretas, foi fechada na sua cara. Então ela já tinha aceitado quem eram a verdadeira família dela. Sua tia estaria lá, seu primo, seus amigos e nada mais importava para a mulher se não aquilo. e já estavam em seus lugares, quando Winter Bear começou a tocar.
tinha feito aquela composição algum tempo atrás e dedicado a amada na sua primeira apresentação da canção. então resolveu usar a trilha para guiar seus passos até o momento em que poderia se considerar plenamente feliz. Ao qual se permitiria a mais uma loucura, que seria dividir a vida com outra pessoa. Todos que conheciam o casal se emocionaram ao ver aquela cena, estava tudo tão perfeito e tão eles, nada diferente daquilo os representaria mais na vida, até aquele momento pelo menos e isso fazia de tudo, ainda mais especial. Aos olhos de , estava perfeita. O vestido branco levemente bufante que ia até um pouco acima das canelas, sem mangas, o véu era curto também, e chocando um pouco, mas não muito, afinal estavam fazendo o casamento em um bar de jazz, os sapatos de salto alto, em carmim, assim como o pequeno buquê que carregava. Era como se ela fosse uma de suas pinturas que tomou vida e estava prestes a se tornar sua mulher para sempre. Foi um sentimento inenarrável, era como se seu coração pudesse explodir em mil, e com a maior certeza da vida, se em algum momento pensou em desistir, aquela visão e todo aquele sentimento o fizeram ter a mais absoluta clareza de que era a coisa certa e não só isso. Eles tinham nascido um para o outro e pronto final. A cerimônia seguiu como qualquer outra comum, palavras bonitas por parte do cerimonialista foram ditas. tinha nascido com o dom da palavra e aquela celebração foi a prova viva daquilo. Todos incluindo os noivos, padrinhos e até o pessoal do Buffet ficaram emocionados com tais palavras. E isso porque os noivos nem tinham dito seus votos ainda.
― Eu, , aceito você, como minha esposa. ― O homem pegou a mão esquerda da mulher que estava parada à sua frente. ― Como dona da minha existência terrestre, celestial e cósmica. ― Colocou a aliança na base do dedo anelar dela. ― Como companheira de vida, amor, felicidade e tudo que nos propomos a viver juntos. Quero estar bem velhinho ao seu lado, levando bronca por ler seus processos de criação das poesias ou de algum livro que esteja escrevendo. ― Desceu mais a jóia até o meio do dedo. ― Quero te ter como base de toda minha paixão e dedicação, não só na música ou no ateliê, mas em tudo na minha vida. Te quero comigo, dividindo a experiência que é viver por muito tempo. Eu te amo , agora e para sempre. ― Terminou de colocar a aliança no dedo dela e depositou um beijo dele sobre ela.
As lágrimas escorriam livres pelas bochechas da mulher, que precisou de alguns bons segundos para se recompor e conseguir dizer seus votos.
― Meu Deus, eu te amo tanto. ― disse, secando as lágrimas com um lenço de pano que tinha recebido de seu primo. ― Eu , aceito você, como meu marido. ― Ela fez como o rapaz anteriormente e pegou a mão esquerda dele. ― Te aceito de corpo e alma na minha vida, aceito dividir com você todas as minhas felicidades e tristezas, todos os meus anseios e chateações. Aceito que você faz com que minha vida pareça e permaneça completa. Você meu amor, mais que ninguém sabe o quanto foi difícil de eu aceitar que teria que viver e dividir a minha vida com você, não por você ser uma pessoa ruim. ― As lágrimas voltaram a rolar sem permissão de seus olhos. ― Eu que tinha monstros enormes me impedindo de viver coisas boas. Obrigada por ser paciente e estar comigo sempre. Quero mais que nunca que você seja minha base e minha fortaleza, te quero para sempre e quando o sempre não nos couber mais, quero continuar te amando. Você é toda a minha felicidade agora e eu espero dividir com você mais momentos felizes como esses. Te amo meu amor. ― E ela deslizou a aliança pelo dedo do rapaz, que usou a mão para secar as lágrimas dela.
― Com essas palavras lindas, assim como esse casal lindo. ― disse, fungando o próprio choro, para que conseguisse terminar o discurso. ― Pelo poder em mim investido, eu os declaro, marido e mulher, podem se beijar. ― O sorriso no rosto do rapaz ao ver o beijo dos dois recém casados, era o mesmo que estampava boa parte dos rostos ali, a outra parte ainda chorava demais, para conseguir sorrir daquela maneira.
A festa de casamento foi maravilhosa também, a música impecável, nenhuma briga, nenhuma confusão, os padrinhos e o próprio noivo tocaram e cantaram ao vivo para os convidados, e a festa foi longa e bem aproveitada por todos, e mesmo sem nenhum noivinho em cima do bolo de morangos frescos, tudo saiu de forma perfeita e satisfatória, como eles tinham planejado.


Capítulo Quatro

E lá estava a grande família deles. Um sentimento tão único para , ter tantas pessoas do seu próprio sangue, ao seu redor. Com sorrisos tão abertos e almas tão lindas. Aquela visão, da ponta da mesa do almoço onde ela tinha a visão de todos os membros de sua família comendo e cuidando uns dos outros, é que pareciam como uma pintura feita pelo marido dela. Nem se alguém quisesse pintar algo, sairia tão magnífico como aquela sensação que ela sentia no peito. Era lindo, era mágico, era surreal, era dela. Era deles.




Fim



Nota da autora: Eu não sei vocês, mas eu absolutamente amo essa história. Preciso confessar que eu estou perdida de amor por jazz já faz um tempo (inclusive tenho umas playlists ótimas no spotify, podem me pedir por qualquer meio ou rede sociais que quiserem kkkk) E assim que esse álbum foi lançado (AMÉM ETERNITY, AMÉM TXT, AMÉM BIGHIT) Eu fiquei perdidamente apaixonada por tudo e por ele todo, mas Fairy Of Shampoo, foi algo que tocou a minha alma de um jeito que eu absolutamente não sei como explicar, E aqui estamos, com uma fanfic, que eu achei que nunca postaria em lugar nenhum, por que ela é minha fav da vida e o medo de flopar é grande kkkkk para um especial Maravilhoso, que, apareceu na minha vida e eu tive que tirar essa maravilhosidade da gaveta e cá estamos, eu miando de amor e esperando que vocês também, estejam <3 ps: Ah minha lista de fic vai estar ai embaixo, mas vocês conseguem achar também, tanto clicando no ícone do Facebook que vai te direcionar ao meu grupo de autora (ta pequenininho ainda rs, não reparem), quanto clicando no ícone do Obsession, que dá acesso a minha pagina de autora no site. Meu tt ta sempre disponível também. Vocês podem me gritar por lá, aqui pela caixa de comentários ou onde me acharem kkkkkk AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PUBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.



Outras Fanfics:


SHORTFICS:
Baby How You Like That [Restritas – Kpop – Shortfics]
Baby, I Like You [Kpop – BTS – Shortfics]
Baby, I Want You Forever [Kpop – BTS – Shortfics]
Baby We Have A Happy Ending [Kpop – BTS – Shortfics]
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10. Fire [Ficstape #103: The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever]
11. I Want You [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
12. Undercover [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
16. Not Today [Ficstape #080: BTS – You Never Walk Alone]

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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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