Capítulo Único
Yoongi conhecia Jimin há pouco mais de cinco anos. Eles fizeram o ensino médio juntos e boa parte das tentativas frustradas de cursos na faculdade. Um ano todo pulando de curso em curso, até que eles se encontraram, e o melhor: no mesmo campus. Park, na turma de dança contemporânea, e Min, na de música. Eles sempre foram apaixonados por ambas as coisas, mas não sabiam que seus hobbies seriam a certeza de seus futuros.
Quando os dois passaram mais de um semestre nos respectivos cursos, tiveram certeza de que, daquela vez, iriam seguir até a formatura. Resolveram, então, dividir um apartamento mais próximo do campus. Não tinham todo o dinheiro do mundo, mas conseguiam se virar com as economias e com o que os pais enviavam para ajudar nas despesas. Jimin fazia alguns bicos e apresentações de dança, e Yoongi participava constantemente de competições de música em que o prêmio era em dinheiro.
Yoon sempre sentiu orgulho e um carinho descomunal por Jimin. Ele não sabia se aquilo era admiração ou gratidão por ele sempre o apoiar em tudo, mesmo quando teve uma das piores discussões com seus pais, por conta da música – hoje, graças ao universo, já estava tudo resolvido –, por sempre o defender de comentários e piadinhas homofóbicas depois que ele se assumiu homossexual ou se ele amava o amigo mais do que só como um amigo.
― Tá bom, Yoongi, mas me fala: como se sente em relação a ele? ― Hoseok disse, tirando Yoon do transe que ele estava, depois que Jimin saiu do banco em que eles estavam sentados e foi até a cantina com Taehyung.
― Tá doido, Seok? ― Yoongi disse, em um tom de repreensão. ― Eu sinto a mesma coisa que eu sinto por você. ― Ele engoliu em seco, tentando desviar o assunto.
― Você sente vontade de beijar a minha boca e me ver rebolando no seu pau, Yoongi? Que nojo! Já te disse que sou top. ― Hoseok ria descontroladamente enquanto o mais velho ficava muito vermelho.
― Gatinho, você não deveria passar tanto tempo no sol. ― Jimin disse, se aproximando dos meninos com algumas bebidas em mãos. ― Toma esse suco de melão com hortelã e vamos para a sombra. ― O menor finalizou, entregando o copo tampado com um canudo já enfiado na tampa para o amigo.
Yoongi pegou a bebida e abriu seu melhor sorriso gengival.
― Vamos! ― Taehyung falou, puxando Jimin, que seguia arrastando Yoongi. ― Tem uma mesa coberta ali.
Os quatro chegaram à mesa e se acomodaram. O intervalo estava pela metade ainda, e Jimin já tinha passado pelo menos duas camadas de protetor solar em Yoongi para que ele não ficasse marcado do sol. Ji amava peles marcadas, mas que fossem feitas por ele, e sabia que a pele de Yoon era muito sensível e ele ia sofrer depois por isso.
― Já está bom, Jimin. ― Yoongi disse depois que viu o menor tirar o frasco de protetor mais uma vez da bolsa.
― Jimin? ― Ji fez um bico de choro. ― Por que está me chamando de Jimin, hyung? ― Ele encolheu os ombros e guardou o frasco na bolsa.
― Mas Jimin é o seu nome, ou eu estou louco? ― Hoseok perguntou, quase acabando com o drama moment de Jimin.
― Mas ele só me chama assim quando está bravo. ― Jimin voltou a formar o bico nos lábios carnudos, e Yoongi demorou um momento para voltar a si depois de ficar perdido na boca do rapaz.
― Me desculpa, Mochi. ― Yoon segurou as pequenas mãos de Jimin e fez um leve carinho nelas. ― Eu não estou bravo, só estou cansado dessa meleca que você está passando em mim. ― Ele fez uma careta e abriu um doce sorriso.
― Ele está mesmo parecendo um fantasma, Ji. ― Tae disse, analisando bem o rosto do amigo.
― Eu só estou cuidando do meu gatinho. ― Jimin pareceu magoado ao finalizar a frase.
― Seu gatinho está grato, meu bolinho, é que você sabe como eu me sinto com essas coisas na minha pele. Me desculpa, tudo bem? Vou te pagar um sorvete bem grandão quando formos embora, pode ser? ― Yoon abraçou o corpo do amigo e sorriu. Jimin abriu um grande sorriso e balançou a cabeça em concordância.
O sinal tocou, anunciando o final do intervalo, e os quatro voltaram, cada um para o seu prédio. Hoseok cursava dança também, porém em uma turma à frente de Jimin, e Taehyung cursava artes plásticas no mesmo prédio que Yoon. O grupo se separou e, como os prédios eram longe de onde estavam, mal conseguiram conversar pelo caminho.
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― Eu te vi com seu namorado lá no campus. ― Namjoon disse enquanto o professor de estruturação musical saiu da sala para buscar alguma coisa, que os alunos não deram a mínima, na sala dos professores.
― Eu não tenho um namorado. ― Yoon olhou surpreso para o amigo de classe.
― Não precisa mentir pra mim, hyung, você sabe sobre mim e o Seok. Eu não estou querendo te chatear, só ia dizer que vocês são lindos juntos. ― Nam sorriu sem mostrar os dentes, deixando em evidência suas covinhas.
― Mas, Joon, eu tô falando a verdade, não tenho um namorado. E por que a poc não foi comer com a gente? ― Ele olhou bravo para o amigo.
― Mas ele estava tão lindo passando alguma coisa no seu rosto, a forma com que se olhavam era tão linda. Eu jurava que estavam namorando, até apostei com o Jackson. ― Ele sorriu aberto dessa vez.
― Com o Jackson? ― Yoon questionou, sabendo mais ou menos, por aquela fala, o motivo para que o mais novo não tivesse almoçado com eles.
― Yoon, o Seok sabe que aquilo foi um mal entendido, que ele estava bêbado e confuso. Eu decidi dar um voto de confiança depois que conversamos, e Hoseok tem que confiar em mim. Eu o amo, amo mais que tudo nesse mundo, mas Jack é meu amigo de infância e ele já até está saindo com o Jooheon. Essa birra toda não faz o menor sentido. ― Nam foi sincero, e o mais velho entendia totalmente o lado dele, mas também entendia o lado de Seok.
― Vocês deveriam conversar, essas coisas vão acabar minando o relacionamento de vocês. ― Yoon também foi sincero e, antes de obter uma resposta do maior ao seu lado, o professor voltou para a sala e interrompeu o raciocínio dos dois.
O sinal de saída tocou, mas Yoongi estava tão envolvido com a partitura que estava estudando que só voltou a si quando ouviu uma voz familiar invadir a sala.
― Gatinho? ― Jimin tocou o ombro do mais velho para chamar sua atenção.
― Oi, Mochi. ― Yoon guardou suas coisas na mochila e se levantou, sorrindo.
― Vê se pode, Nam. Eles têm até apelidinhos carinhosos e ficam negando que são namorados. ― Seok se aproximou de Namjoon e passou seu braço pela cintura dele.
― Eu vi a forma fofa como eles estavam no intervalo. ― Nam aproximou mais do namorado e grudou os corpos em um abraço ladino.
― E é disso que o povo gosta! ― Yoon disse, pegando na mão de Jimin e puxando-o para fora da sala. ― O casal da nação, assim, juntinho. ― Ele finalizou, sendo seguido pelos amigos.
― Meu bebê, que é só meu, vai me levar para comer e a gente vai conversar direitinho. ― Hoseok disse, abraçando o corpo todo do namorado com os dois braços.
― Izi, que amor, pois se resolvam e me tragam chocolate. ― Jimin falou, fazendo uma carinha fofa, e Yoon sorriu todo bobo.
― Yoon hyung, depois eu preciso da sua ajuda naquele projeto da semana que vem. ― Jungkook se aproximou do grupo, que já estava quase no final do corredor, passando o braço pelos ombros do mais velho e fazendo com que ele soltasse a mão de Jimin.
― Ah, Kookie, me lembra de passar na sua casa mais tarde. Eu tenho um compromisso agora.
― Tudo bem, hyung, eu vou esperar ansiosamente. Você quer vir para o jantar? Posso comprar alguma coisa gostosa pra gente comer. ― Jun disse, abrindo o maior sorriso que ele conseguiu.
― Eu gosto de pizza, ou de hambúrguer. ― Yoon sorriu de volta, concordando com o convite.
― Você não deveria comer besteira tarde da noite, Yoongi. ― Jimin disse em um tom meio ríspido. ― Eu ia cozinhar pra você hoje à noite, se lembra? Você disse que estava com saudades da minha comida. ― O menor sorriu fraco, fazendo o coração de Min apertar.
― Poxa, nenê, me desculpa, mas ou a gente cancela o sorvete agora, ou o jantar. ― Ele olhou com seu olhar de gatinho para o amigo.
― Se você quiser, eu posso ir pra sua casa, hyung, e o Jimin hyung cozinha pra gente. Você vai me ajudar mesmo, nada melhor que marcarmos na sua casa, assim você evita se desgastar e se locomover até a minha casa. ― Jun sorriu, e Ji fechou a cara, cruzando os braços.
― Você é um folgado, Jeon Jungkook. Quem disse que eu quero cozinhar pra você? ― Ele emburrou mais o rosto.
― Por favor, Mochi, vai ser legal. ― Yoon abraçou o amigo e fez o mesmo desamarrar a feição na hora e descruzar os braços.
― Tá, tá bom, mas só porque eu sou muito, muito, muito legal e já tinha comprado os ingredientes para cozinhar. ― Jimin fingiu que não estava feliz com aquela mudança de planos. Àquela altura, os Namseok já tinham ido embora.
― Você é o melhor meu anjo, eu te amo. ― Yoongi bagunçou os cabelos do menor, que abriu um sorriso grande e fez com que seus olhos se transformassem em dois risquinhos.
― Às 19:00hs lá em casa, Jungkook. Não se atrase. ― Jimin disse, puxando Yoon para o lado da sorveteria.
― Vou chegar às 18:00hs. Tudo bem, Yoon hyung? ― Jun falou, indo em direção ao ponto de ônibus.
― Combinado, Kookie, mas não esquece o material. ― Ele sorriu, e Jimin o puxou para virarem a esquina.
― Folgado esse Jungkook, né? ― Ji disse, soltando o braço de Yoongi e andando na frente.
― Parece até alguém que eu conheço. ― Yoon apertou o passo e alcançou o mais novo.
― Você só pode estar falando de si próprio, não é? ― Jimin entrou na sorveteria e deixou o amigo para o lado de fora.
Jimin sentou-se à mesa preferida dele, a que ficava na parede dos fundos, próxima do vidro que destacava a fachada do local. Yoon parou no balcão de atendimento e fez os pedidos. Sabia de cor e salteado o que o outro iria pedir e também pediu o seu de sempre.
O atendimento demorou um pouco. A sorveteria não estava lotada, mas tinham alguns jovens das escolas e faculdades das redondezas. Depois que foi atendido, Yoon se virou para olhar a sua mesa, enquanto os pedidos ficavam prontos, e se deparou com uma cena que doeu como um soco na boca do estômago. Lá estava Jimin, lindo como sempre, com os lábios avermelhados, pela mania que tinha de morder os mesmos, só que tinha uma coisa atrapalhando aquela cena maravilhosa: um loiro alto igualmente bonito como Jimin, com lábios grossos, cabelos jogados para trás e dentes perfeitos, segurando as mãos de Ji, que seguia com as bochechas ruborizadas. Lee Wooshik era lindo, e Yoongi tinha que concordar. Sabia que ele era muito amigo de Jimin, mas alguma coisa naquela cena toda deixou o mais velho com sentimentos estranhos.
Para Seok:
HOSEOK, ME AJUDA!
De Seok:
Calma, Yoongi, eu vou chamar a polícia. Me manda a sua localização. Eu vou ligar para o Ji, ele pode saber. Meu Deus, melhor não. Se eu ligar e ele estiver com você, os sequestradores podem saber que você se comunicou. Yoongi, eu vou me vestir e tô ligando o GPS do seu celular, aqui no meu aplicativo. Não se desespera, estou chegando com a polícia.
Para Seok:
Hoseok, você bebeu? Como assim chamar a polícia? Sequestradores? Não ligue mesmo para o Jimin. E como assim se vestir, você não ia sair pra comer com o Joon?
De Seok:
Você quer me matar, seu filho de uma puta? Achei que alguém estava atrás do seu dinheiro, seu fodido. Me fez parar de rebolar no colo do mozão pra quê, então, seu bosta?
Para Seok:
Mas Seok, meu anjão iluminado, você quem se exaltou e se emocionou aqui e nem me deixou falar, pois agora meu pedido está pronto, depois eu te falo.
De Seok:
VOLTA AQUI, SEU DESGRAÇADO! Você vai me falar nem que seja na base da porrada. Eu vou comer seu cu a seco, seu salafrário.
Yoongi pegou a bandeja com os pedidos e se direcionou até a mesa, vendo de perto a cena que tinha presenciado de longe. Wooshik continuava os carinhos, e Jimin olhava doce para ele. Era a coisa mais fofa que Yoon já tinha visto. Ele não queria acreditar, mas talvez Hoseok estivesse certo, talvez ele gostasse de Ji mais do que só como um grande amigo. Se ele fosse apenas grato ou qualquer outra coisa que Yoon tenha pensado para usar a amizade como desculpa, não sentiria aquilo ao ver o toque que Woo fazia no menor. Não se incomodaria com o sorrisinho bobo que ele tinha nos lábios ou com nada daquilo que estava vendo, mas se incomodou e não foi pouco, e o pior era que ele sabia que não tinha o menor direito de se sentir daquela forma.
Assim que percebeu que Yoon estava vindo, Jimin puxou a mão e sorriu para o rapaz. Wooshik percebeu a presença do outro e abriu um sorriso, lindo e convidativo.
― Olá, Min. Como você está? ― O mais alto disse para Yoon.
― Oi, Lee. Tudo bem, e você? ― Ele se sentou ao lado de Jimin e empurrou a bandeja para ele.
― AAAH, banana split com confeitos de chocolate! ― Jimin abriu o maior sorriso que conseguiu.
― O seu favorito. ― Yoon falou em um tom apático.
― Você é o melhor, gatinho. ― O sorriso no rosto de Ji quase não cabia em seu rosto e fez o mais velho desemburrar o rosto.
― Você é tão lindo quando sorri dessa forma, Minie. ― Wooshik disse, com o olhar perdido no rosto do amigo.
― Assim você me deixa sem graça, Wooshikie. ― Ji corou e enfiou mais uma colher do doce na boca.
― Eu vou ao banheiro. ― Yoongi disse, se levantando.
― Hey, Wooshik! ― Jongin, um outro amigo da turma de Jimin, chegou à mesa dos meninos. ― Oi, meninos. ― Ele cumprimentou todos ali, e Yoon voltou a se sentar. ― Já chamou o Ji e o namorado dele para a minha festa? ― Ele se sentou na frente de Yoon e abriu um grande sorriso.
― Ah, eles não são namorados, mas, de qualquer forma, ainda não!
Yoongi só conseguia pensar o quanto Wooshik era falso. Iria esperar que o mais velho saísse para chamar apenas Jimin. Não que Yoon fizesse a mínima questão de ir a alguma festa idiota, ver e fazer coisas idiotas que ele provavelmente se arrependeria depois, mas, daquela vez, ele iria só pra ver a cara que Lee iria fazer quando o visse chegar com Ji.
― De qualquer forma, eu vou dar uma festa sábado à noite. O tema é Las Vegas, e eu quero que vocês, que não são namorados, mas que parecem muito um casal, venham. Vocês são lindos, e eu só quero gente linda na minha festa. ― Jongin disse, puxando dois papéis do bolso e entregando para os dois à sua frente. ― Aqui está o meu endereço.
― Você quer que eu te busque, Minie? ― Wooshik direcionou a pergunta para o menor, pegando na mão do mesmo, que estava repousando em cima da mesa.
― Eu posso levar um amigo? ― Yoon tentou ignorar a enorme vontade que estava de socar a cara de Woo.
― Quem? ― Jimin ignorou a pergunta de Taemin e puxou sua mão da do rapaz para cruzar os braços.
― Tava pensando em chamar o Seok ou o Kook. ― Ele abriu um sorriso grande, e Ji torceu ainda mais o bico que se formou em seus lábios.
― Pode levar quem você quiser, docinho. ― Jongin disse, passando a mão de forma carinhosa pelo braço de Yoon, adorando a forma com que Jimin se mordia de ciúmes. ― Vejo vocês no sábado. ― Ele finalizou. ― Vamos, Woo! ― Pegou o maior pelo braço de forma carinhosa e saiu praticamente arrastando pelos corredores da sorveteria.
― Por que você não chama o Tae? ― Yoon disse, mexendo no celular. ― Eu te coloquei como adm no grupo. Coloca ele e o Seokjin e vamos todos encher o cu de cachaça de graça na festa do Kai. ― Ele terminou de beber o resto do seu americano gelado, e Jimin ficou momentaneamente irritado. Já não bastava ter que aturar Jeon em cima do amigo na faculdade, agora iria ter que aturar em um grupo o grude daqueles dois.
― Tá bom, mas eu não sei se vou nessa festa. Não tenho roupa. ― Ji comeu o resto do seu sorvete.
― Vamos ao shopping, então. Tem uma loja de fantasia legal lá, você pode escolher uma roupa linda de dançarina de despedida de solteiro. ― Yoon guardou o celular no bolso e começou a rir, sentindo o tapa que recebeu no braço.
― Você me respeita, ridículo. ― O menor se levantou. ― Vamos? ― pegou a bandeja com a travessa suja, deixou em cima do balcão e foi seguido pelo mais velho, depois dele ter jogado seu copo vazio fora.
― Vamos ao shopping. ― Yoon agarrou o amigo pela cintura, e eles começaram a andar juntos na rua.
― Não, hyung, eu vou ver com o Tae se ele me empresta alguma coisa e vou. ― Os dois seguiram abraçados até chegarem ao apartamento, que não ficava muito longe dali.
Ao chegarem em casa, Yoongi foi tomar um banho, enquanto Jimin arrumava a sala para que os meninos conseguissem estudar ali. Depois que o mais velho saiu do banho, foi até onde o amigo estava e o ajudou com a bagunça, ao mesmo tempo que o menor ia tomar um banho também para começar a cozinhar.
Quando Jimin voltou, viu os livros e o notebook de Yoongi pela mesa de centro, mas o rapaz não estava por lá.
Foi até a cozinha, pensando que provavelmente o outro tinha ido até seu quarto pegar mais alguma coisa que tinha esquecido. Ao chegar no cômodo, viu Yoon descascando alguns legumes que ele tinha deixado na bancada.
― Eu vou te ajudar, Mochi. ― Yoon subiu o olhar para o amigo e abriu um sorrisinho lindo.
― Eu não quero bagunça no meu local de trabalho. ― Ji disse em um tom brincalhão.
Os dois começaram a descascar as coisas, e, quando Jimin foi até a pia lavar os legumes, Yoon deixou os descascadores e facas dentro da pia, na parte em que o menor não estivesse usando. Os dois ficaram com os corpos a centímetros de distância. O perfume da pele limpa de ambos inebriava o local, e os corpos estavam se aproximando mais e mais, como se tivessem ímãs, os rostos a uma distância em que sentiam a respiração do outro bater nas bochechas e os olhos oscilavam entre se fixar e ir até as bocas. Corações batiam forte quando o hálito quente de um batia de maneira carinhosa no rosto do outro.
Os olhos já estavam se fechando, sorrisos bobos nos rostos e lábios a milímetros de distância quando a campainha da porta tocou. Antes de subirem para o apartamento, o mais velho tinha liberado a entrada de Jungkook com o porteiro, e, assim, o mais novo só teria que bater na porta deles.
― Droga! ― Yoongi resmungou baixinho e se afastou de Jimin, ainda com o coração acelerado, indo até a porta.
O ódio que Jimin sentiu de Jungkook era mortal. Finalmente estava quase lá, e aquele pirralho tinha interrompido.
― Oizinho, Jimin hyung. ― Jeon cumprimentou o rapaz da porta da cozinha e voltou com Yoongi para a sala.
Ji colocou as coisas no fogo e resolveu mandar uma mensagem para Taehyung com a força do ódio.
Para Tata:
Eu vou comer o cu do Jeon com farinha.
De Tata:
Como assim? Jurava que tu era bottom kkkkkk
Para Tata:
Vai dar meia hora de cu com o relógio parado, Taehyung. Eu já disse mil vezes que sou flex, e essa não é a questão aqui. Aquele fodido empata foda me paga.
De Tata:
Empata foda? Jimin, quem estava te fodendo? Garoto, me conta essa história direito!!!
Para Tata:
Taehyung surtado, se acalma, meu pão de mel. Foi assim: eu e Yoon estávamos há segundos de nos beijarmos quando aquele fedelho fedido chegou.
De Tata:
Mas espera, Ji. Eu vou te ligar, não estou entendendo nada.
Para Tata:
Tata, depois eu te ligo. Os dois estão aqui na sala, e eu não sei se vou conseguir não fazer um escândalo rsrs. Até mais, te amo.
Jimin seguiu cozinhando com a força do ódio. Conseguia ouvir as risadas e tapas sendo desferidos contra corpos alheios, e aquilo realmente estava incomodando mais do que gostaria.
― Mochi? ― Sentiu a mão gélida de Yoongi tocar seu antebraço, que estava descoberto pela camiseta que usava.
― Ah, oi, gatinho. A comida já, já está pronta. ― Ele saiu do devaneio e se dirigiu ao forno para checar se a torta de atum que Yoon amava estava pronta.
― Kookie e eu terminamos o projeto. Vamos até o mercado comprar umas cervejas, quer alguma coisa? ― O olhar doce de Yoongi atingiu Jimin em cheio e fez seu coração se encher de amor.
― Estou bem, meu amor. ― O menor devolveu um sorriso doce.
― Chama o Taehyung, eu sei que ele não está fazendo nada. ― Yoon disse, rindo, e saiu pela porta.
― Não demorem, senão a comida vai esfriar. ― Ji gritou assim que ouviu a porta ser destrancada.
Jimin ligou para Tae e contou o que tinha acontecido. Aproveitou e chamou o mais novo para jantar com eles. Ele protestou, mas depois que Ji dramatizou sobre se sentir uma vela, aceitou e ainda chegou antes dos meninos voltarem. Eles não demoraram muito, levando em consideração que o mercado que vendia a cerveja preferida de Jimin ficava um pouco mais distante e Yoongi caminhava como uma tia velha de 96 anos. Assim que entraram na cozinha, deram de cara com um Taehyung com as bochechas cheias de espetinho de polvo que Jimin tinha preparado para a entrada e um Jimin com o rosto vermelho de raiva, xingando o amigo de nomes fofos, mas com um tom agressivo.
― A culpa é toda de vocês, eu estava morrendo de fome. ― Tae apontou para os dois rapazes que tinham acabado de chegar, e Kook levantou os braços, se desculpando e mostrando as sacolas que carregava.
― Agora a gente pode comer. ― Jimin disse, ainda irritado com Taehyung.
― Fica calmo, Mochi. Eu trouxe a sua cerveja preferida e aquela torta de uva que você adora. ― Yoon falou, calmo, levando a torta até a geladeira e colocando algumas cervejas sobre o balcão.
― Torta de uva? Credo, Jimin! ― Taehyung torceu o nariz.
― É ótima, Taehyung-sii. Eu gosto muito, mais uma coisa que temos em comum, Jimin hyung. ― Jun sorriu lindamente, o que fez Jimin odiar ainda mais ele. Não tinha como não se apaixonar quando ele era tão gentil e tinha um sorriso tão fofo de coelho.
― Qual a outra coisa? ― Yoon perguntou, ansioso.
“Gostar de você” , Taehyung pensou.
― Ah, a gente gosta de dançar, de jogar vídeo-game, de beber boas cervejas e de você, hyung. ― Jun respondeu, com as bochechas cheias de espetinho, que tinha enfiado há pouco na boca.
― Como assim gostar do Yoongi? ― Jimin ficou nervoso e não conseguia nem disfarçar.
― Ué, como assim? Todo mundo gosta de mim. ― Yoon se sentou ao lado de Jimin no balcão da ilha da cozinha, que eles usavam de mesa.
― Você é um anjo mesmo. ― Jun disse, abrindo novamente um sorriso lindo.
― Ah, esse tipo de gostar, claro. Todo mundo gosta mesmo de você assim, gatinho. ― Ji enfiou um pedaço grande de torta de atum na boca.
― Olha, há controvérsias, mas tudo bem. ― Tae disse, levando todos ali a rirem.
Depois de muita risada, conversa, comida e cerveja, Tae e Jun foram embora, deixando somente Yoongi, Jimin e um monte de louça para lavar. Yoon percebeu que o menor estava pingando de sono e, mesmo também estando cansado, juntou a louça e arrumou na máquina de lavar louças, fazendo o amigo segui-lo com os olhos.
― Amanhã você guarda. ― O mais velho disse para o outro, que se levantou com certa dificuldade, e os dois seguiram para seus quartos depois de apagarem as luzes dos outros cômodos.
Jimin não queria se separar do abraço do amigo, que tinha envolvido o corpo do outro com o braço até chegarem na porta dos quartos. Ji sempre amou aqueles braços em volta de si e, naquela noite, mais que nunca, sentia como se precisasse deles, mais do que já precisou de alguma coisa na vida.
Yoon parou o corpo junto com o menor na porta do quarto dele e soube que o amigo queria dormir junto quando o mesmo não soltou seu corpo. Ele, então, entrou no quarto com Jimin e viu o amigo se deitar depois de tirar os sapatos e a camisa. Ele seguiu da mesma forma, mas permaneceu com a sua camisa e se acomodou abraçando o corpo de Ji por trás, se aconchegando com o corpo no dele. Aquela cena era até normal entre os dois, muitas noites eles dormiam juntos daquela maneira.
O dia amanheceu, e Jimin acordou com o sol batendo em seu rosto. Agradeceu mentalmente não ter aulas às sextas-feiras e, principalmente, naquela manhã. Odiava ter que se exercitar de ressaca. Mexeu-se na cama e percebeu que estava sozinho nela. Por muitas vezes, acordava assim quando dormia com o amigo. Yoongi sempre acordava antes, independentemente de que horas fosse se deitar na noite anterior. Ele gostava de se alimentar nos horários certos, e isso queria dizer que nunca, jamais e em hipótese nenhuma – salvo quando estava doente de cama e quando, mesmo assim, não conseguia fazer com que Jimin fizesse isso – tomava seu café da manhã depois das 8:00hs. Já era normal. Às vezes, o cheiro da refeição era tão maravilhoso que acordava Ji, mas, muitas vezes, o sono vencia a fome. Aquela manhã estava sendo um desses dias – a ressaca venceu qualquer competidor, principalmente o cheiro docinho do café.
Jimin se mexeu mais uma vez confortavelmente na cama, se alongando, e viu uma xícara com um bilhetinho preso nela.
“Bom dia, princeso. Espero que não acorde às 15:00hs hoje. Não esquece que tem que trabalhar de noite. Tem mais café quente lá na cozinha. Fui pra aula e, de tarde, tenho aquele compromisso que eu te disse com o Seok. Talvez não nos veremos até seu retorno, então coma direito e beba bastante água. Eu amo você. Yoon”
Ele não conseguiu conter o sorriso grande, que podia facilmente dividir seu rosto no meio, ao ler aquilo. Amava quando o maior fazia aquilo. Tinham toda a tecnologia a seu favor, mas ele dedicava um tempo todo escrevendo à mão aquelas coisas, que, mesmo lembrando a mãe dele, deixava-o cheio de amor. Amava a forma com que Min cuidava dele, a forma que se sentia protegido e bem cuidado – ninguém mais no mundo o fazia se sentir daquela forma.
O que pegava naquele sentimento todo era que ele não sabia se todo aquele jeitinho e cuidado eram por um amor forte de irmão e gratidão por tudo o que já passaram juntos ou se Yoon gostava dele da mesma forma. Jimin era perdidamente apaixonado, o amava mesmo e tinha certeza disso desde o primeiro ano de amizade, mas tanta coisa tinha acontecido com ambos, e o mais novo lutou por tanto tempo contra aquele sentimento que nunca teve coragem de se declarar. Min não costumava se relacionar com muitas pessoas, pelo menos não na frente dele. Às vezes, alguns rumores chegavam aos ouvidos de Jimin, e, outras vezes, ele mesmo presenciou alguns casinhos, mas nada que não parecesse superficial ou frio.
Daquela vez, era diferente. A relação do amigo com Jeon fazia Jimin sentir que, se perdesse mais tempo, talvez ele nunca tivesse chances com Yoon. Também não sabia se o amigo sentia a mesma coisa por ele e não conseguiria viver de jeito nenhum sem o melhor amigo, mesmo que, para isso não acontecer, tivesse que o ver se relacionando com outras pessoas.
Jimin seguiu, então, seu dia, depois de toda aquela reflexão, com um grande sorriso no rosto, mas com o coração triste pelos pensamentos. Era ridículo, mas era impossível não sentir ciúmes de Jeon. Era impossível não se iludir com os gestos do amigo, era impossível não o amar com todas as forças de seu corpo.
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― Seok, ele é um anjo dormindo. Quase que eu não levanto para fazer meu café. ― Yoon mastigou o sanduíche de atum que segurava entre os dedos.
― Logo você, que não consegue não seguir esses seus horários chatos de alimentação? ― Jung disse meio debochado, comendo parte de seu ramyun.
Os dois tinham ido até uma empresa depois que saíram da faculdade para fazer alguns testes para a parte de composição e produção musical, além de outras “vagas” que estavam sendo oferecidas para alunos cursando o ano de Hobi. Estavam “jantando” em uma loja de conveniência que encontraram no meio do caminho, devido justamente aos horários de comer do mais velho.
― Você acredita? ― Min falou, realmente incrédulo.
― Sintomas da paixão, meu amigo. ― O outro disse, enfiando mais do macarrão instantâneo na boca.
― Eu acho que é isso mesmo. ― Yoon soltou o sanduíche por um instante em cima da bandeja na mesa.
― O QUÊ? ― Jung gritou, atraindo alguns olhares para eles.
― É isso mesmo, Seok. Eu acho que eu gosto do Jimin do jeito errado. ― Ele colocou a cabeça no tampo da mesa e se sentiu sem energia. Era a primeira vez que falava aquilo em voz alta.
― Pera, como assim jeito errado? ― Seok empurrou o pote com a comida ainda quente para frente, intrigado com o amigo.
― Do jeito errado, Hoseok. Do jeito que não deveria ser, do jeito que ele gosta do Wooshik. ― Yoon levantou o olhar frustrado para o amigo.
― Você jura, Yoongi? ― Hoseok disse em um tom sem paciência, atraindo o olhar espantado do menor. ― Você me jura por Deus que acha que ele gosta do Lee? Você não enxerga a forma com que aquela praga anã te olha! Você jura pra mim que nunca rolou um clima entre vocês, ou um pau duro da parte dele, quando estavam juntos sozinhos? ― Ele estava com um tom assustador de raiva, e Yoon não conseguia de forma nenhuma ver a situação daquela forma.
― Ele me olha como olha para qualquer pessoa, Hoseok. Ele carrega aquele carinho no olhar até por quem não conhece, ou acaba de conhecer, e, ok, a gente quase se beijou algumas vezes e ele já ficou de pau duro em algumas situações, mas ele estava carente e é uma reação normal do corpo humano. ― O tom inocente dele era tão forte que Hoseok se sentiu frustrado pelo amigo ser tão, tão burro e tão cego daquela forma.
― Yoongi hyung, presta a atenção no pai aqui, que eu vou te falar uma única vez. ― Seok pegou o rosto do amigo com as duas mãos e o fez olhar fundo nos seus olhos. ― Jimin não olha pra você como ele olha pra mim, pro Joon, pro Seokjin, nem pro Tae. A forma como ele te olha é tão apaixonado que, há anos, quando eu os vi pela primeira vez juntos, achei que já namoravam há muito tempo. ― Os olhos dos dois permaneciam presos uns nos outros. ― E a resposta é não. ― Seok soltou o rosto de Yoon.
― Não o quê, Hoseok? ― Yoongi perguntou, levando o sanduíche novamente à boca.
― Não é normal sentir vontade de beijar um amigo quando estão sozinhos ou ficar de pau duro quando o abraça, e não há carência suficiente pra isso. Nunca aconteceu entre a gente, ou acontece? ― Hoseok continuava sério enquanto voltava a comer também.
― Não faz sentido, Seok. Você está é louco com toda essa sua teoria. ― Yoongi não queria se iludir mais do que já se sentia iludido diariamente pelos sinais que não sabia identificar do amigo.
― Você vai acabar o perdendo por ser uma mula. ― Jung desistiu ali da conversa e deixou o mais velho pensativo.
Yoongi chegou cansado em casa, mas passou antes no restaurante próximo de onde morava para comprar o jantar para Jimin. Sabia que ele chegaria tarde da boate e que provavelmente não teria se alimentado bem. Yoon, acima de tudo, queria arrumar um emprego de verdade em uma daquelas grandes agências para ter uma vida legal e conseguir arrastar Jimin com ele. Não conseguia ser feliz ou se sentir tranquilo com o rapaz naquele tipo de ambiente, com mulheres e homens olhando seu corpo e chegando tão tarde sempre.
A vida dos dois seria mais fácil e tranquila se Jimin conseguisse ser dançarino de algum daqueles muitos mil artistas espalhados por aquelas agências, cidade a fora.
Era de manhã quando Yoon sentiu seu corpo ser subitamente esmagando por outro corpo, que parecia estar ligado no 220v.
― Já são 8:30hs, hyung. ― A voz animada de Jimin entrou pelos ouvidos do mais velho.
― O que você está fazendo acordado tão cedo, Mochi? ― Yoon perguntou, ainda com os olhos fechados.
― Não sei, perdi o sono. Deve ser por causa da festa do Woo, de mais tarde.
“Ah, claro, Wooshik”. Yoon pensou se deveria se levantar ou fingir alguma doença.
― Ah é, eu já tinha esquecido. ― Min abriu os olhos e viu o menor com um sorriso lindo no rosto. ― Achei que a festa era do Jongin. ― Ele abraçou o corpo do outro, que se aconchegou em seus braços.
― Tanto faz, gatinho. O que importa é que tem festa hoje. ― Ji se levantou para que o amigo fizesse o mesmo. ― Vamos você, Tae, Jin, Joon, Seok e eu. Vai ser maravilhoso. ― Ele puxou Yoon da cama, praticamente arrastando para fora do quarto.
― Kook vai passar aqui mais tarde pra ir com a gente. Tudo bem, né? ― Yoon esfregou os olhos para despertar antes de entrar no banheiro para sua higiene matinal.
― Ah, ok. ― Ji parou na porta do banheiro, esperando o amigo, sem a mesma animação de minutos atrás.
Jeon, sempre Jeon no meio dos dois. Yoongi e Jungkook andavam muito juntos atualmente para o gosto de Jimin, e isso era um péssimo sinal. Nunca tinha visto o mais velho daquela forma com outra pessoa antes – nem com Hoseok e Namjoon, que eram os melhores amigos do rapaz. Depois dele, é claro.
Os dois tomaram café da manhã e resolveram assistir mais um episódio de Grey’s Anatomy, antes que Taehyung chegasse com as roupas que ele tinha conseguido para eles. Talvez ele chegasse antes do previsto, Jimin sentia que ele iria fazer isso. Eles demoravam horrores para se arrumar, e Tae não se permitia sair para lugar nenhum estando menos que perfeito. Depois, eles iriam encontrar com Seokjin, Hoseok e Namjoon lá na casa do Kai.
Kim Taehyung, para a surpresa de Park Jimin, demorou mais do que o imaginado, e Yoongi e o menor se empolgaram com a maratona do seriado. Quando Min percebeu, Park dormia tranquilamente em seu peitoral. A feição dele era tão tranquila e tão serena que o mais velho sentiu uma enorme vontade de protegê-lo do mundo todo. Queria poder se transformar em um super-herói para não deixar que nada acontecesse com o rapaz.
O barulho da campainha, que soava pela segunda vez, tirou Yoon do transe causado pela visão que estava tendo e fez com que Ji acordasse com um susto, quase caindo do sofá.
― Já vai. ― Yoongi gritou e segurou firme o corpo do amigo para que ele não se estabacasse no chão.
― Tá tudo bem, hyung. Jeon não sabe mesmo esperar, vai lá. ― Jimin sentou no sofá, ainda sonolento.
― Não é o Kookie, ele só vem mais tarde. Deve ser o Taehyung. Eles foram os únicos que autorizamos na portaria, aquele desesperado. ― O mais velho disse em um tom meio mau humorado.
Não queria estar daquela forma com o comentário de Jimin, mas não podia evitar. Gostava demais da amizade de Jungkook e não entendia o porquê de toda aquela implicância. O próprio Jimin era cercado de amigos e Yoon não se importava com isso, sabia o que significava para o mais novo e era seguro daquela amizade.
― Espero não ter interrompido a foda, mas eu mandei mensagem e nenhuma das madames me respondeu. ― Tae disse, rindo, ao entrar.
― Cala a sua boca, meu chegado. ― Ji protestou do sofá, ainda despertando.
― Eu vim vestir as bonitas, mas achei que pelo menos um banho as princesas já iam ter tomado. Não me digam que estavam maratonando Grey’s de novo! ― O rapaz fez uma cara de decepção quando olhou para a TV e viu que estava no meio de uma cena do seriado de médico que ele simplesmente detestava.
― Não aceitamos julgamentos nesse lar. ― Yoon disse, rindo e pegando o controle do aparelho, desligando o mesmo.
― Vai tomar banho logo, hyung. Daqui a pouco o Jeon tá aí, e eu não quero ficar fazendo sala pro seu amiguinho. ― Ji falou, abrindo a sacola do terno estampado de oncinha que tinha seu nome em uma etiqueta.
― Você fala demais do Jungkook, acho que está apaixonado por ele. ― Yoon foi em direção ao banheiro com raiva e bateu a porta do mesmo.
― Você viu isso, Tata? ― Jimin disse com um nó na garganta.
― O vi com raiva das suas implicâncias e com ciúmes de você. ― O mais alto disse enquanto vestia a calça do seu terno dourado.
― Não, sua mula, ele estava com ciúmes do Jeon. Ele gosta daquele moleque, eu sabia. ― O menor analisava o rosto do amigo.
― Ai, Jimin, cala essa sua boca. Seu rosto é muito lindo pra eu te meter um socão. ― Tae vestia os sapatos pretos brilhantes e resolveu ficar sem camisa para não sujar a seda branca da vestimenta.
― Eu desisto dele. ― Ji olhou para o mais novo, que voltava da cozinha comendo alguma coisa que achou na geladeira.
― Desiste do quê, se você nunca nem insistiu? Larga de ser otário. ― Tae estava mesmo ficando de saco cheio daquilo. ― E vai levar a roupa do seu macho, que eu não quero que ele venha nu aqui. ― Finalizou, jogando o saco com o terno roxo com bolinhas prateadas para Jimin.
O menor não sabia o porquê da irritação do mais novo. Era para ele o apoiar, eles eram amigos, afinal, e toda vez que falavam sobre, as pessoas insistiam que Yoongi se sentia do mesmo jeito, só que não era assim que as coisas aconteciam de verdade. Ji seguiu o corredor que dava acesso ao banheiro e deu de cara com o mais velho com a toalha amarrada na cintura, cabelos molhados e com algumas gotas de água espalhadas pelos ombros. O cheiro de loção e sabonete de amêndoas que ele usou penetraram em todos os sentidos de Jimin, que, por um instante, não se lembrou o que estava fazendo ali.
― Obrigado, Mochi. ― Yoon sorriu e pegou a roupa da mão do amigo. ― O banheiro já está livre, vê se não demora muito. ― Ele deixou Ji parado sem reação (ou quase) no corredor, com a cara de tonto e o pau duro.
Jimin foi calado até a sala, com o pau doendo e duro depois daquela visão, pegou seu terno e levou para o quarto. Antes de voltar para o banheiro, ouviu alguns barulhos estranhos vindo do quarto de Yoon. Era quase um sussurro, mas o barulho de alguma coisa molhada sendo friccionada era muito conhecido pelo rapaz. Podia estar se aliviando pela cena do corredor. Lembrou do próprio pau duro e correu para o banheiro. Precisava urgentemente de um banho frio e parar de se iludir dessa forma. Desligou a resistência e realmente tomou um banho gelado para esfriar toda aquela loucura que estava sentindo.
Assim que terminou de se arrumar, ouviu a campainha tocar novamente. Dessa vez, não podia ser outra coisa: com a maior certeza, era Jungkook. Saiu do quarto e conseguiu gostar do mais novo por um minuto, quando ele estava lindo em um terno rosa brilhante e algumas sacolas de bebidas nas mãos.
― Grande Jeon. ― Jimin disse, animado, abraçando o outro.
― Tá tudo bem, Park? ― Jun estava meio incrédulo. Sabia que o menor pouco gostava dele.
― Ótimo. Como não estaria, quando não vou ter que gastar o meu precioso dinheirinho com cachaça, quando meu grande amigo Jeon trouxe pra todo mundo? ― Ele pegou as sacolas das mãos do garoto e indicou com a cabeça o sofá para ele se sentar.
― Agradecimento pela minha nota linda que eu vou receber e pela comida maravilhosa. ― O mais novo sorriu sincero e sentou.
― Não se sente, o Uber chegou. ― Yoon disse, se levantando de onde estava e puxando Jun com ele. ― Vamos. Se esse porra cancelar, eu mato vocês.
Jeon pegou as sacolas da mão de Ji e saiu ajudando para que ele fechasse a porta do apartamento. Seguiram para o carro.
A casa de Kai não era longe do apartamento dos meninos, mas eles não queriam caminhar os 40min que eles tinham que andar até o local. O trajeto foi tranquilo. Conversaram com o clima daquela noite com o motorista e tudo correu perfeitamente bem. Chegaram mais rápido que o previsto. A rua já estava tomada de carros – era inconsequente dirigir depois de beber, mas os jovens não estavam nem aí para nada. O som era alto, e já dava para ouvir os gritos saindo do local.
Antes de entrarem, procuraram os amigos, que já estavam a postos na frente da casa. Assim que a turma toda estava reunida, eles entraram, e a típica festa de “adolescente” estava bombando. Bocas e corpos enroscados pelos cantos, jogos que envolviam ingerir quantidades absurdas de álcool, fumaça de cigarro e outras coisas sendo baforadas no ar, nada muito novo das festas universitárias que iam eventualmente.
Jimin e Jungkook procuraram o anfitrião da festa para entregar as bebidas enquanto os outros foram procurar algo para beber. Muitas pessoas conhecidas passaram pelos olhos de Jimin, e era difícil para ele cumprimentar todo mundo. Assim que saíram para a parte de trás da casa, Jeon avistou Wooshik dançando com Jongin na beira da piscina. Quando o mais velho viu Jimin e o outro garoto se aproximando, soltou a cintura do mais novo e caminhou em direção ao menor, deixando Kai com cara de tacho, mas logo Jun se aproximou do dono da festa. Eles seguiram para a cozinha para colocar as coisas para gelar.
― Oi, Minie. ― Wooshik cumprimentou Jimin com um beijo no rosto.
― Oi, Wooshikie. ― Jimin retribuiu o cumprimento, e os dois começaram uma conversa animada.
Yoongi saiu para a área externa da casa no momento exato em que Wooshik puxou Jimin pela cintura, colando seus lábios. Min carregava duas cervejas nas mãos, uma delas que levaria para o amigo. Antes que Jimin pudesse empurrar o corpo do outro para longe, Yoon voltou para dentro, desnorteado. O ar faltou, e ele precisava desesperadamente beber toda a bebida daquela festa. Sabia que talvez o mais novo estivesse tendo algo com o mais alto, mas definitivamente ver aquilo com os próprios olhos o deixou péssimo e, em segundos, virou as duas cervejas goela abaixo.
― Você está louco, Lee Wooshik? ― Jimin esbravejou, limpando o beijo que o outro tinha depositado nos seus lábios. ― Você tá saindo com o Kai e nem perguntou se eu estava a fim de te beijar. Você não pode sair beijando as pessoas sem o consentimento delas. ― Ele falou, magoado, e ficou ainda mais magoado quando seu olhar cruzou com o de Jongin, que estava parado atrás deles estático e com o Jungkook a tiracolo.
― Vamos, Jimin hyung. ― Jeon pegou a mão do menor e os dois seguiram para o lado de dentro da casa.
Assim que chegaram perto do espaço onde os amigos estavam, os dois ouviram a voz alta de Hoseok advertindo alguém.
― Vai devagar, meu filho. Você não é um Opala para beber tanto álcool em tão pouco tempo, e eu não vou limpar o vômito de ninguém. ― Ele era firme nos dizeres.
― Cala essa sua boquinha, Seok. Vai usá-la pra beijar seu amor, me deixa beijar a boca da garrafa, já que a boca que eu quero beijar já está beijando outra. ― A voz alta em um tom magoado era de Yoongi, e eles a escutavam nitidamente, igual a de Hoseok.
― Você é um babaca, eu disse que ia perder a sua chance por ser uma mula. ― Jung disse em um tom irritado.
― Você é um grande imbecil. Como pôde ficar com outro e deixar que Yoon o visse! ― Jimin falou para Jungkook, que estava ao seu lado, desferindo um tapa forte em sua cabeça. O rapaz esfregou automaticamente o local para amenizar a ardência. As mãos podiam até ser pequenas, mas a força era grande.
― Au. ― O mais novo formou um bico nos lábios. ― Eu não beijei ninguém, seu sequelado, e por que você acha que ele estava falando de mim? ― Jeon olhou para o menor sério, louco para revidar o tapa, mas manteve o controle.
― Porque ele gosta de você, seu animal. ― Park perdeu toda a paciência que ainda restava em seu corpo.
― Você está usando drogas? ― Jun perguntou, meio que fazendo uma afirmação, e deixou o outro para trás, indo até onde os amigos estavam.
― Vamos amigão, me dá essa garrafa. ― Park ouviu Jeon falar.
Ao entrar no local, recebeu um olhar magoado de Yoon e entendeu tudo. Aquele era o mesmo olhar que viu no rosto de Kai momentos atrás. Sentiu algo se quebrando dentro dele e soube ali que o causador de toda aquela tristeza era ele. Como nunca tinha percebido que o amigo gostava dele da mesma forma? E ele viu Wooshik o beijando, e aquele não era um sentimento legal. Sentia-se a pior pessoa do mundo.
― Gatinho, a gente precisa conversar. ― Jimin segurou o amigo pelo braço e puxou o corpo dele carinhosamente, porém o corpo do outro não se moveu.
― Não acho que tenho nada pra falar agora, Jimin. ― Min puxou o braço pra si. ― Acho que Wooshik está se sentindo solitário sem seus lábios grudados no dele. ― Ele se segurou para não chorar, todos aqueles sentimentos fundidos com a grande quantidade de álcool que ele tinha ingerido em tão pouco tempo.
― Hyung, eu quero falar sério com você. Vamos pra casa, você toma um banho gelado, a gente come alguma coisa e depois conversa, por favor! ― Jimin pegou novamente no braço do amigo, com seus olhos cheios de lágrimas e a voz cheia de súplicas.
― Jimin, de verdade, eu não quero ir embora. Estou enchendo meu cu de cachaça com toda a bebida dessa festa, como eram nossos planos de mais cedo, não eram? E eu não quero ir embora pra te ouvir chorando por mais um macho. O que foi? Descobriu que ele te pega e pega a metade da faculdade toda? Ou que ele só queria te comer, como todos os outros, pra saber que você rebolava divinamente não só no palco, mas também no colo deles? ― Yoon disse com desdém.
― Yoongi hyung, vamos tomar uma água. Você pode falar alguma coisa que pode se arrepender depois, se continuar assim. ― Jun tentou chamar a atenção do mais velho.
― Não, Jeon, tá tudo bem! ― Jimin ficou extremamente magoado com os últimos dizeres do amigo. Ele já estava sensível por Woo desrespeitá-lo daquela maneira, não precisava de mais nenhum sentimento ruim em si daquela forma. ― Ele sempre é o dono da razão, não é? As outras pessoas ao seu redor têm que adivinhar o que ele está sentindo pra não o magoar, e, no final, ele nunca se arrepende de nada mesmo. ― Dito isso, o menor saiu, abrindo passagem entre as muitas pessoas que bloqueavam o acesso até a porta da frente da casa.
― Wooshik roubou um beijo dele, ele o empurrou, e ainda deu a maior lição de moral. ― Jungkook disse em um tom absurdamente sério, olhando nos olhos de Yoon. ― O hyung achou que você gostava de mim, não tinha como ele saber dos seus sentimentos. Se você nunca disse nada, Yoongi, a última coisa que ele precisava agora era o melhor amigo ser um babaca com ele, como você acabou de ser. ― Ele finalizou, procurando alguma garrafa de água próximo de onde estavam.
― Eca! Eu gostar de hétero? ― Yoon fez uma careta e tomou um pouco da água que um dos outros rapazes tinham trazido para ele.
― Eu não sou hétero e essa não é a questão aqui, Yoongi. A questão é que você foi tão imbecil quanto ou mais que o Wooshik essa noite. ― Jeon fechou a cara, e Yoon não sabia o que fazer.
― Você vai atrás do Jimin ou vai ficar aqui de cuzice com a sexualidade do Jungkook? ― Hoseok disse, também irritado com toda aquela situação, praticamente empurrando o mais velho na direção em que o menor tinha ido.
Yoongi ainda estava meio tonto pela quantidade de álcool que tinha ingerido, mas toda aquela discussão e a garrafa de água que tomou o ajudaram a ficar mais sóbrio. Resolveu, então, ir atrás do amigo. Criou coragem não sabia da onde, se era o álcool no sangue ou o sentimento que teve ao pensar que tinha perdido sua chance de viver algo a mais com o outro, mas iria falar para ele tudo que sentia, como ele se sentia em relação a tudo e iria ver depois como tudo ficaria. Correu para fora da casa e avistou Jimin sentado na frente do portão do vizinho da frente de Kai, olhando para o celular, semblante extremamente abatido, provavelmente esperando o Uber.
De canto de olho, Yoon avistou a silhueta de Wooshik um pouco mais distante de onde ele estava. Ele, então, se virou para o maior e percebeu que o mesmo olhava para a mesma direção em que Yoongi tinha sua atenção minutos atrás. Viu-o dar o primeiro passo em direção a Jimin, com um sorrisinho malicioso nos lábios. Aquilo fez com que o mais velho ali reunisse toda a força que seu estado permitia naquele momento e correu em direção a Woo, empurrando-o antes que chegasse à calçada do outro lado, fazendo com que caísse no meio da rua.
― Qual a porra do seu problema, tá louco? ― Wooshik gritou, atraindo alguns olhares na direção dos dois.
― Eu estou mesmo muito, muito louco, louco de vontade de quebrar a sua cara. ― Min disse alto, no mesmo tom alterado.
― O que eu te fiz, seu idiota? ― Woo tinha levantado do chão.
― Pra mim mesmo, nada, mas você nasceu, e isso já é motivo o suficiente pra isso. ― Yoon foi para cima do outro, ficando a alguns centímetros de distância.
― Você está com ciúmes porque eu tomei a porra da coragem que você nunca teve, Minzinho? ― Lee riu, debochado, e aproximou ainda mais os corpos com o intuito de intimidar o menor.
― Ao contrário de você, seu filho da puta, eu respeito as pessoas. Não invado o espaço delas para satisfazer os meus desejos. Eu nunca magoaria quem eu amo para me satisfazer em nenhum sentido. ― O tom enfurecido de Yoon transparecia em seu rosto.
― Você fez todo esse discurso patético para se convencer de que Jimin nunca olharia pra você da mesma forma que você olha pra ele, não é? O Park precisa de um homem de verdade. Ele gosta de mim, mas a convivência com você o deixa covarde para assumir isso. Você não passa de um... ― Antes que Woo continuasse a despejar as asneiras que estava falando, Yoon deu um soco tão forte na cara dele, que fez com que ele voltasse ao chão, agora com a boca cheia de sangue.
― Se você chegar perto do Jimin sem o consentimento dele mais uma vez, não vai ser só um soquinho que eu dar nesse seu rostinho bonito, seu imbecil. ― Yoongi se virou e deixou Lee cuspindo sangue no chão.
Poucos passos dos dois, estava um Jimin chocado com tudo que tinha acabado de ver e ouvir e um monte de gente ao redor, assistindo tudo também. Yoon só conseguiu se mover para abraçar o amigo à sua frente.
― Caiam fora. A festa não é aqui, e vocês também não perderam nada por aqui. ― Jongin gritou alto para que as pessoas fossem se dispersando do local. ― Você é um escroto, Wooshik. ― Ele disse com desprezo. ― Vai embora daqui, por favor. ― Virou as costas e voltou para dentro de sua casa.
― Você está bem, gatinho? ― Jimin perguntou, apertando Yoongi mais dentro do abraço.
― Eu estou ótimo, mas minha mão precisa de gelo. ― Ele riu. ― Mochi, eu preciso te falar uma coisa, e essa coisa pode destruir a nossa amizade. Eu não queria que fosse assim, comigo nesse estado, pra você não pensar que eu só estou falando e fazendo isso por causa da bebida ou algo do tipo, mas eu, eu... ― Jimin surpreendeu Yoon, afastando um pouco os corpos e grudando seus lábios uns nos outros, demorando alguns minutos para afastar os rostos.
― Eu também, gatinho. ― Ele voltou com os lábios juntos com os do mais velho, mas, dessa vez, pedindo passagem com a língua para começar um beijo estranho, calmo, lento, atrapalhado e com um gosto de bebidas misturadas, porém, com a maior certeza, o melhor beijo que os dois já tinham dado na vida. As bocas se encaixavam perfeitamente, parecia até que tinham sido moldadas especialmente uma para a outra. Eles separaram os lábios quando ouviram os amigos gritando e assobiando positivamente.
― Aleluia! ― Seokjin disse, atraindo os olhares de todos os meninos.
― Até seu namorado, Tata? ― Jimin perguntou, escondendo o rosto no peitoral de Yoongi, que o mantinha confortável em seus braços.
― Ai, amigo, estava tão óbvio que até o Jin, que pouco convive com vocês, por ser um aluno dedicado e de outro campus e ter preguiça de caminhar até o nosso refeitório, muitas vezes percebeu, e nada das duas margaridas se mancarem. ― Taehyung disse, debochado, e Ji se encolheu ainda mais nos braços do outro.
― Vamos então beber toda a bebida dessa festa para comemorar esse marco histórico nas nossas vidas! ― Namjoon disse, animado, e os outros concordaram.
― Tudo bem por você, Mochi, ou quer ir descansar? ― Yoon perguntou, fazendo carinhos nas costas do rapaz.
― Por mim tudo bem, gatinho. Contanto que eu possa te beijar mais um pouco ainda essa noite, eu topo. ― Ele separou o abraço e pegou na mão do amigo.
― A gente conversa sobre isso amanhã, então? ― Min falou, sério, mas abrindo um sorriso e se sentindo ser puxado pelo mais novo.
― Tá bom, meu amor. ― Ji se aproximou dos outros rapazes, e eles conseguiram curtir a festa do jeito que realmente deveria ser.
Dali em diante, a festa foi uma loucura. Muita bebida e a música era excelente – Kai realmente tinha um gosto musical maravilhoso. A animação tomou conta do local e do grupo de amigos, que curtiram aquela noite como se a festa tivesse sido feita exclusivamente para eles. Sem a presença de Lee lá, o clima estava leve, e, no início da manhã, finalzinho da noite, quando todos estavam indo embora, Jun ficou com Jongin e mais uma menina na casa. Para o pequeno Jeon, a festa estava apenas começando. Todos foram para as suas respectivas casas.
Jimin e Yoongi seguiram para seu apartamento. Como de costume, dormiram juntos de conchinha, e, ao despertar pela tarde, Ji se encontrou sozinho na cama. Levantou com certa dificuldade, pois a cabeça doía. Na cômoda do lado da cama, viu uma garrafinha de água e uma aspirina, que tomou prontamente antes de seguir até a cozinha.
Ao entrar no cômodo no final do corredor, viu Min Yoongi dormindo todo encolhidinho no sofá da sala, com a TV ligada na série que eles assistiam geralmente juntos. Não conseguiu ficar irritado com aquilo, pois o amigo estava tão lindo todo pitiquinho dormindo tão tranquilamente que a traição por ver sozinho a série não foi maior que o quentinho que invadiu o coração de Ji. O mais novo seguiu seu caminho para a cozinha e comeu seu “café da manhã”, que se transformou em café da tarde, e, depois de limpar a cozinha, voltou para a sala, se aconchegou no sofá com o outro ainda dormindo e colocou um filme de comédia romântica adolescente qualquer que encontrou no catálogo da Netflix. Algum tempo depois, Yoongi acordou com uma das risadas que Jimin deixou escapar.
― Desculpa, gatinho, eu não queria te acordar. ― Ji disse, se sentando no sofá para que o mais velho fizesse o mesmo.
― Tudo bem, Mochi. Foi bom, senão de noite eu fico parecendo um zumbi. ― Ele se esticou e também sentou no sofá.
― Então, hyung, vamos conversar agora? ― Jimin olhou fundo nos olhos de Yoongi.
― Pode ser, bebê. ― O mais velho ajeitou a coluna e respirou fundo. ― Eu, eu sou apaixonado por você desde o dia em que te conheci, mas eu não sabia que era esse tipo de amor. Eu pensava que podia ser, sei lá, um grande carinho ou uma grande gratidão por tudo, mas... ― Ele tomou fôlego depois de falar tudo aquilo praticamente sem respirar, e Jimin tinha toda a sua atenção para ele. ― Eu descobri, Jimin, que o que senti e sinto por você é maior que qualquer sentimento que já senti na minha vida, e você sabe que eu sou péssimo com essa coisa de sentimentos e tudo mais. ― Abaixou a cabeça, fazendo o contato visual se perder.
― Yoongi, eu... ― A voz de Jimin sumiu por um minuto. ― Eu sempre gostei de você também.
― Mas? ― O mais velho interrompeu a linha de raciocínio do menor.
― Mas nada, Yoon. Você me trata como nenhuma outra pessoa no mundo me tratou. Você cuida tão bem de mim e me protege, me alimenta e, mesmo me traindo vendo série sem mim, eu gosto de você de verdade. Gosto de você desde o primeiro “oi, você é novo na cidade”, que você me disse quando eu me mudei pra sua escola. Eu só nunca te disse nada porque não queria estragar a nossa amizade. O que a gente tem e tinha é tão mais importante que eu preferia morrer de amor por você em silêncio que perder a sua amizade. Eu tinha medo de estragar tudo, e ainda tenho, mas não quero mais sofrer sem nunca ter tentado nada e... ― Yoongi interrompeu o discurso do amigo com um beijo calmo, só um selar nos lábios.
― Tá tudo bem, Jimin. Eu também tenho muito medo, mas não podemos deixar o medo tomar conta da nossa felicidade. Temos que ser sinceros um com o outro daqui pra frente, e, se não tiver mais dando certo, a gente continua com a amizade. ― Yoon segurava as mãos de Ji entre as suas.
― Vamos tentar, então? ― Os olhos do mais novo eram de ansiedade e receio.
― Por mim, sim! ― Yoon respondeu e abraçou o outro. Eles ficaram assim, só curtindo o calor um do corpo do outro.
Eles resolveram que iriam se dar uma chance. Tudo poderia dar muito errado, mas as chances de dar certo eram grandes também. Eles eram melhores amigos, se entendiam como ninguém e se amavam. Esperavam realmente que tudo desse certo. Um na vida do outro era realmente a coisa mais importante do mundo.
Três meses depois…
― Olha, eu fiz até promessa pro Jimin e o Yoongi ficarem juntos, mas quem aguenta esse grude todo? ― Taehyung disse, olhando os outros seis meninos que estavam sentados na mesa do refeitório.
― Mas, Tae, eles já eram esse nojo todo. Você está vivendo essa amizade errado. ― Seok falou, jogando uma bolinha de papel no outro.
― Realmente, a única coisa que muda é que agora eles deixaram de cu doce e se beijam no lugar. ― Jeon completou o raciocínio de Hoseok.
― Ai, gente, vocês não têm mais o que fazer além de cuidar da minha vida e da vida do meu namorado? ― Jimin perguntou, separando os lábios dos de Yoongi para protestar sobre o assunto.
― Como assim namorado? ― Nam perguntou, surpreso. A mesma expressão seguiu no rosto dos outros rapazes.
― Eu o pedi em namoro ontem. ― Yoon apertou mais Jimin em um abraço que eles estavam dando desde que pararam de se beijar.
― Enquanto fodiam? ― Tae perguntou, animado.
― Enquanto ele te chupava? ― Hoseok foi no embalo do amigo.
― Enquanto ele estava amarrado e você o chicoteava? ― Jeon disse, e todos na mesa, incluindo Jimin e Yoongi, olharam estranho para ele.
― Como assim amarrado? ― Jimin perguntou, perplexo.
― Shibari, meu anjo. Se você quiser, a gente pode tentar qualquer dia. ― Yoon respondeu. ― E a resposta é não, seus pervertidos. Foi depois do último episódio dessa temporada de Grey’s Anatomy. ― Ele ficou todo bobo olhando o rosto do agora namorado.
― Aff, aquela bosta! ― Tae disse em um tom brincalhão.
― Que papo é esse, Taehyung? ― Seokjin indagou, fingindo tom magoado. ― Grey’s é a melhor série já existiu nesse mundo, eu quero o divórcio.
Todos começaram a rir do comentário do mais velho.
Quando os dois passaram mais de um semestre nos respectivos cursos, tiveram certeza de que, daquela vez, iriam seguir até a formatura. Resolveram, então, dividir um apartamento mais próximo do campus. Não tinham todo o dinheiro do mundo, mas conseguiam se virar com as economias e com o que os pais enviavam para ajudar nas despesas. Jimin fazia alguns bicos e apresentações de dança, e Yoongi participava constantemente de competições de música em que o prêmio era em dinheiro.
Yoon sempre sentiu orgulho e um carinho descomunal por Jimin. Ele não sabia se aquilo era admiração ou gratidão por ele sempre o apoiar em tudo, mesmo quando teve uma das piores discussões com seus pais, por conta da música – hoje, graças ao universo, já estava tudo resolvido –, por sempre o defender de comentários e piadinhas homofóbicas depois que ele se assumiu homossexual ou se ele amava o amigo mais do que só como um amigo.
― Tá bom, Yoongi, mas me fala: como se sente em relação a ele? ― Hoseok disse, tirando Yoon do transe que ele estava, depois que Jimin saiu do banco em que eles estavam sentados e foi até a cantina com Taehyung.
― Tá doido, Seok? ― Yoongi disse, em um tom de repreensão. ― Eu sinto a mesma coisa que eu sinto por você. ― Ele engoliu em seco, tentando desviar o assunto.
― Você sente vontade de beijar a minha boca e me ver rebolando no seu pau, Yoongi? Que nojo! Já te disse que sou top. ― Hoseok ria descontroladamente enquanto o mais velho ficava muito vermelho.
― Gatinho, você não deveria passar tanto tempo no sol. ― Jimin disse, se aproximando dos meninos com algumas bebidas em mãos. ― Toma esse suco de melão com hortelã e vamos para a sombra. ― O menor finalizou, entregando o copo tampado com um canudo já enfiado na tampa para o amigo.
Yoongi pegou a bebida e abriu seu melhor sorriso gengival.
― Vamos! ― Taehyung falou, puxando Jimin, que seguia arrastando Yoongi. ― Tem uma mesa coberta ali.
Os quatro chegaram à mesa e se acomodaram. O intervalo estava pela metade ainda, e Jimin já tinha passado pelo menos duas camadas de protetor solar em Yoongi para que ele não ficasse marcado do sol. Ji amava peles marcadas, mas que fossem feitas por ele, e sabia que a pele de Yoon era muito sensível e ele ia sofrer depois por isso.
― Já está bom, Jimin. ― Yoongi disse depois que viu o menor tirar o frasco de protetor mais uma vez da bolsa.
― Jimin? ― Ji fez um bico de choro. ― Por que está me chamando de Jimin, hyung? ― Ele encolheu os ombros e guardou o frasco na bolsa.
― Mas Jimin é o seu nome, ou eu estou louco? ― Hoseok perguntou, quase acabando com o drama moment de Jimin.
― Mas ele só me chama assim quando está bravo. ― Jimin voltou a formar o bico nos lábios carnudos, e Yoongi demorou um momento para voltar a si depois de ficar perdido na boca do rapaz.
― Me desculpa, Mochi. ― Yoon segurou as pequenas mãos de Jimin e fez um leve carinho nelas. ― Eu não estou bravo, só estou cansado dessa meleca que você está passando em mim. ― Ele fez uma careta e abriu um doce sorriso.
― Ele está mesmo parecendo um fantasma, Ji. ― Tae disse, analisando bem o rosto do amigo.
― Eu só estou cuidando do meu gatinho. ― Jimin pareceu magoado ao finalizar a frase.
― Seu gatinho está grato, meu bolinho, é que você sabe como eu me sinto com essas coisas na minha pele. Me desculpa, tudo bem? Vou te pagar um sorvete bem grandão quando formos embora, pode ser? ― Yoon abraçou o corpo do amigo e sorriu. Jimin abriu um grande sorriso e balançou a cabeça em concordância.
O sinal tocou, anunciando o final do intervalo, e os quatro voltaram, cada um para o seu prédio. Hoseok cursava dança também, porém em uma turma à frente de Jimin, e Taehyung cursava artes plásticas no mesmo prédio que Yoon. O grupo se separou e, como os prédios eram longe de onde estavam, mal conseguiram conversar pelo caminho.
― Eu te vi com seu namorado lá no campus. ― Namjoon disse enquanto o professor de estruturação musical saiu da sala para buscar alguma coisa, que os alunos não deram a mínima, na sala dos professores.
― Eu não tenho um namorado. ― Yoon olhou surpreso para o amigo de classe.
― Não precisa mentir pra mim, hyung, você sabe sobre mim e o Seok. Eu não estou querendo te chatear, só ia dizer que vocês são lindos juntos. ― Nam sorriu sem mostrar os dentes, deixando em evidência suas covinhas.
― Mas, Joon, eu tô falando a verdade, não tenho um namorado. E por que a poc não foi comer com a gente? ― Ele olhou bravo para o amigo.
― Mas ele estava tão lindo passando alguma coisa no seu rosto, a forma com que se olhavam era tão linda. Eu jurava que estavam namorando, até apostei com o Jackson. ― Ele sorriu aberto dessa vez.
― Com o Jackson? ― Yoon questionou, sabendo mais ou menos, por aquela fala, o motivo para que o mais novo não tivesse almoçado com eles.
― Yoon, o Seok sabe que aquilo foi um mal entendido, que ele estava bêbado e confuso. Eu decidi dar um voto de confiança depois que conversamos, e Hoseok tem que confiar em mim. Eu o amo, amo mais que tudo nesse mundo, mas Jack é meu amigo de infância e ele já até está saindo com o Jooheon. Essa birra toda não faz o menor sentido. ― Nam foi sincero, e o mais velho entendia totalmente o lado dele, mas também entendia o lado de Seok.
― Vocês deveriam conversar, essas coisas vão acabar minando o relacionamento de vocês. ― Yoon também foi sincero e, antes de obter uma resposta do maior ao seu lado, o professor voltou para a sala e interrompeu o raciocínio dos dois.
O sinal de saída tocou, mas Yoongi estava tão envolvido com a partitura que estava estudando que só voltou a si quando ouviu uma voz familiar invadir a sala.
― Gatinho? ― Jimin tocou o ombro do mais velho para chamar sua atenção.
― Oi, Mochi. ― Yoon guardou suas coisas na mochila e se levantou, sorrindo.
― Vê se pode, Nam. Eles têm até apelidinhos carinhosos e ficam negando que são namorados. ― Seok se aproximou de Namjoon e passou seu braço pela cintura dele.
― Eu vi a forma fofa como eles estavam no intervalo. ― Nam aproximou mais do namorado e grudou os corpos em um abraço ladino.
― E é disso que o povo gosta! ― Yoon disse, pegando na mão de Jimin e puxando-o para fora da sala. ― O casal da nação, assim, juntinho. ― Ele finalizou, sendo seguido pelos amigos.
― Meu bebê, que é só meu, vai me levar para comer e a gente vai conversar direitinho. ― Hoseok disse, abraçando o corpo todo do namorado com os dois braços.
― Izi, que amor, pois se resolvam e me tragam chocolate. ― Jimin falou, fazendo uma carinha fofa, e Yoon sorriu todo bobo.
― Yoon hyung, depois eu preciso da sua ajuda naquele projeto da semana que vem. ― Jungkook se aproximou do grupo, que já estava quase no final do corredor, passando o braço pelos ombros do mais velho e fazendo com que ele soltasse a mão de Jimin.
― Ah, Kookie, me lembra de passar na sua casa mais tarde. Eu tenho um compromisso agora.
― Tudo bem, hyung, eu vou esperar ansiosamente. Você quer vir para o jantar? Posso comprar alguma coisa gostosa pra gente comer. ― Jun disse, abrindo o maior sorriso que ele conseguiu.
― Eu gosto de pizza, ou de hambúrguer. ― Yoon sorriu de volta, concordando com o convite.
― Você não deveria comer besteira tarde da noite, Yoongi. ― Jimin disse em um tom meio ríspido. ― Eu ia cozinhar pra você hoje à noite, se lembra? Você disse que estava com saudades da minha comida. ― O menor sorriu fraco, fazendo o coração de Min apertar.
― Poxa, nenê, me desculpa, mas ou a gente cancela o sorvete agora, ou o jantar. ― Ele olhou com seu olhar de gatinho para o amigo.
― Se você quiser, eu posso ir pra sua casa, hyung, e o Jimin hyung cozinha pra gente. Você vai me ajudar mesmo, nada melhor que marcarmos na sua casa, assim você evita se desgastar e se locomover até a minha casa. ― Jun sorriu, e Ji fechou a cara, cruzando os braços.
― Você é um folgado, Jeon Jungkook. Quem disse que eu quero cozinhar pra você? ― Ele emburrou mais o rosto.
― Por favor, Mochi, vai ser legal. ― Yoon abraçou o amigo e fez o mesmo desamarrar a feição na hora e descruzar os braços.
― Tá, tá bom, mas só porque eu sou muito, muito, muito legal e já tinha comprado os ingredientes para cozinhar. ― Jimin fingiu que não estava feliz com aquela mudança de planos. Àquela altura, os Namseok já tinham ido embora.
― Você é o melhor meu anjo, eu te amo. ― Yoongi bagunçou os cabelos do menor, que abriu um sorriso grande e fez com que seus olhos se transformassem em dois risquinhos.
― Às 19:00hs lá em casa, Jungkook. Não se atrase. ― Jimin disse, puxando Yoon para o lado da sorveteria.
― Vou chegar às 18:00hs. Tudo bem, Yoon hyung? ― Jun falou, indo em direção ao ponto de ônibus.
― Combinado, Kookie, mas não esquece o material. ― Ele sorriu, e Jimin o puxou para virarem a esquina.
― Folgado esse Jungkook, né? ― Ji disse, soltando o braço de Yoongi e andando na frente.
― Parece até alguém que eu conheço. ― Yoon apertou o passo e alcançou o mais novo.
― Você só pode estar falando de si próprio, não é? ― Jimin entrou na sorveteria e deixou o amigo para o lado de fora.
Jimin sentou-se à mesa preferida dele, a que ficava na parede dos fundos, próxima do vidro que destacava a fachada do local. Yoon parou no balcão de atendimento e fez os pedidos. Sabia de cor e salteado o que o outro iria pedir e também pediu o seu de sempre.
O atendimento demorou um pouco. A sorveteria não estava lotada, mas tinham alguns jovens das escolas e faculdades das redondezas. Depois que foi atendido, Yoon se virou para olhar a sua mesa, enquanto os pedidos ficavam prontos, e se deparou com uma cena que doeu como um soco na boca do estômago. Lá estava Jimin, lindo como sempre, com os lábios avermelhados, pela mania que tinha de morder os mesmos, só que tinha uma coisa atrapalhando aquela cena maravilhosa: um loiro alto igualmente bonito como Jimin, com lábios grossos, cabelos jogados para trás e dentes perfeitos, segurando as mãos de Ji, que seguia com as bochechas ruborizadas. Lee Wooshik era lindo, e Yoongi tinha que concordar. Sabia que ele era muito amigo de Jimin, mas alguma coisa naquela cena toda deixou o mais velho com sentimentos estranhos.
Para Seok:
HOSEOK, ME AJUDA!
De Seok:
Calma, Yoongi, eu vou chamar a polícia. Me manda a sua localização. Eu vou ligar para o Ji, ele pode saber. Meu Deus, melhor não. Se eu ligar e ele estiver com você, os sequestradores podem saber que você se comunicou. Yoongi, eu vou me vestir e tô ligando o GPS do seu celular, aqui no meu aplicativo. Não se desespera, estou chegando com a polícia.
Para Seok:
Hoseok, você bebeu? Como assim chamar a polícia? Sequestradores? Não ligue mesmo para o Jimin. E como assim se vestir, você não ia sair pra comer com o Joon?
De Seok:
Você quer me matar, seu filho de uma puta? Achei que alguém estava atrás do seu dinheiro, seu fodido. Me fez parar de rebolar no colo do mozão pra quê, então, seu bosta?
Para Seok:
Mas Seok, meu anjão iluminado, você quem se exaltou e se emocionou aqui e nem me deixou falar, pois agora meu pedido está pronto, depois eu te falo.
De Seok:
VOLTA AQUI, SEU DESGRAÇADO! Você vai me falar nem que seja na base da porrada. Eu vou comer seu cu a seco, seu salafrário.
Yoongi pegou a bandeja com os pedidos e se direcionou até a mesa, vendo de perto a cena que tinha presenciado de longe. Wooshik continuava os carinhos, e Jimin olhava doce para ele. Era a coisa mais fofa que Yoon já tinha visto. Ele não queria acreditar, mas talvez Hoseok estivesse certo, talvez ele gostasse de Ji mais do que só como um grande amigo. Se ele fosse apenas grato ou qualquer outra coisa que Yoon tenha pensado para usar a amizade como desculpa, não sentiria aquilo ao ver o toque que Woo fazia no menor. Não se incomodaria com o sorrisinho bobo que ele tinha nos lábios ou com nada daquilo que estava vendo, mas se incomodou e não foi pouco, e o pior era que ele sabia que não tinha o menor direito de se sentir daquela forma.
Assim que percebeu que Yoon estava vindo, Jimin puxou a mão e sorriu para o rapaz. Wooshik percebeu a presença do outro e abriu um sorriso, lindo e convidativo.
― Olá, Min. Como você está? ― O mais alto disse para Yoon.
― Oi, Lee. Tudo bem, e você? ― Ele se sentou ao lado de Jimin e empurrou a bandeja para ele.
― AAAH, banana split com confeitos de chocolate! ― Jimin abriu o maior sorriso que conseguiu.
― O seu favorito. ― Yoon falou em um tom apático.
― Você é o melhor, gatinho. ― O sorriso no rosto de Ji quase não cabia em seu rosto e fez o mais velho desemburrar o rosto.
― Você é tão lindo quando sorri dessa forma, Minie. ― Wooshik disse, com o olhar perdido no rosto do amigo.
― Assim você me deixa sem graça, Wooshikie. ― Ji corou e enfiou mais uma colher do doce na boca.
― Eu vou ao banheiro. ― Yoongi disse, se levantando.
― Hey, Wooshik! ― Jongin, um outro amigo da turma de Jimin, chegou à mesa dos meninos. ― Oi, meninos. ― Ele cumprimentou todos ali, e Yoon voltou a se sentar. ― Já chamou o Ji e o namorado dele para a minha festa? ― Ele se sentou na frente de Yoon e abriu um grande sorriso.
― Ah, eles não são namorados, mas, de qualquer forma, ainda não!
Yoongi só conseguia pensar o quanto Wooshik era falso. Iria esperar que o mais velho saísse para chamar apenas Jimin. Não que Yoon fizesse a mínima questão de ir a alguma festa idiota, ver e fazer coisas idiotas que ele provavelmente se arrependeria depois, mas, daquela vez, ele iria só pra ver a cara que Lee iria fazer quando o visse chegar com Ji.
― De qualquer forma, eu vou dar uma festa sábado à noite. O tema é Las Vegas, e eu quero que vocês, que não são namorados, mas que parecem muito um casal, venham. Vocês são lindos, e eu só quero gente linda na minha festa. ― Jongin disse, puxando dois papéis do bolso e entregando para os dois à sua frente. ― Aqui está o meu endereço.
― Você quer que eu te busque, Minie? ― Wooshik direcionou a pergunta para o menor, pegando na mão do mesmo, que estava repousando em cima da mesa.
― Eu posso levar um amigo? ― Yoon tentou ignorar a enorme vontade que estava de socar a cara de Woo.
― Quem? ― Jimin ignorou a pergunta de Taemin e puxou sua mão da do rapaz para cruzar os braços.
― Tava pensando em chamar o Seok ou o Kook. ― Ele abriu um sorriso grande, e Ji torceu ainda mais o bico que se formou em seus lábios.
― Pode levar quem você quiser, docinho. ― Jongin disse, passando a mão de forma carinhosa pelo braço de Yoon, adorando a forma com que Jimin se mordia de ciúmes. ― Vejo vocês no sábado. ― Ele finalizou. ― Vamos, Woo! ― Pegou o maior pelo braço de forma carinhosa e saiu praticamente arrastando pelos corredores da sorveteria.
― Por que você não chama o Tae? ― Yoon disse, mexendo no celular. ― Eu te coloquei como adm no grupo. Coloca ele e o Seokjin e vamos todos encher o cu de cachaça de graça na festa do Kai. ― Ele terminou de beber o resto do seu americano gelado, e Jimin ficou momentaneamente irritado. Já não bastava ter que aturar Jeon em cima do amigo na faculdade, agora iria ter que aturar em um grupo o grude daqueles dois.
― Tá bom, mas eu não sei se vou nessa festa. Não tenho roupa. ― Ji comeu o resto do seu sorvete.
― Vamos ao shopping, então. Tem uma loja de fantasia legal lá, você pode escolher uma roupa linda de dançarina de despedida de solteiro. ― Yoon guardou o celular no bolso e começou a rir, sentindo o tapa que recebeu no braço.
― Você me respeita, ridículo. ― O menor se levantou. ― Vamos? ― pegou a bandeja com a travessa suja, deixou em cima do balcão e foi seguido pelo mais velho, depois dele ter jogado seu copo vazio fora.
― Vamos ao shopping. ― Yoon agarrou o amigo pela cintura, e eles começaram a andar juntos na rua.
― Não, hyung, eu vou ver com o Tae se ele me empresta alguma coisa e vou. ― Os dois seguiram abraçados até chegarem ao apartamento, que não ficava muito longe dali.
Ao chegarem em casa, Yoongi foi tomar um banho, enquanto Jimin arrumava a sala para que os meninos conseguissem estudar ali. Depois que o mais velho saiu do banho, foi até onde o amigo estava e o ajudou com a bagunça, ao mesmo tempo que o menor ia tomar um banho também para começar a cozinhar.
Quando Jimin voltou, viu os livros e o notebook de Yoongi pela mesa de centro, mas o rapaz não estava por lá.
Foi até a cozinha, pensando que provavelmente o outro tinha ido até seu quarto pegar mais alguma coisa que tinha esquecido. Ao chegar no cômodo, viu Yoon descascando alguns legumes que ele tinha deixado na bancada.
― Eu vou te ajudar, Mochi. ― Yoon subiu o olhar para o amigo e abriu um sorrisinho lindo.
― Eu não quero bagunça no meu local de trabalho. ― Ji disse em um tom brincalhão.
Os dois começaram a descascar as coisas, e, quando Jimin foi até a pia lavar os legumes, Yoon deixou os descascadores e facas dentro da pia, na parte em que o menor não estivesse usando. Os dois ficaram com os corpos a centímetros de distância. O perfume da pele limpa de ambos inebriava o local, e os corpos estavam se aproximando mais e mais, como se tivessem ímãs, os rostos a uma distância em que sentiam a respiração do outro bater nas bochechas e os olhos oscilavam entre se fixar e ir até as bocas. Corações batiam forte quando o hálito quente de um batia de maneira carinhosa no rosto do outro.
Os olhos já estavam se fechando, sorrisos bobos nos rostos e lábios a milímetros de distância quando a campainha da porta tocou. Antes de subirem para o apartamento, o mais velho tinha liberado a entrada de Jungkook com o porteiro, e, assim, o mais novo só teria que bater na porta deles.
― Droga! ― Yoongi resmungou baixinho e se afastou de Jimin, ainda com o coração acelerado, indo até a porta.
O ódio que Jimin sentiu de Jungkook era mortal. Finalmente estava quase lá, e aquele pirralho tinha interrompido.
― Oizinho, Jimin hyung. ― Jeon cumprimentou o rapaz da porta da cozinha e voltou com Yoongi para a sala.
Ji colocou as coisas no fogo e resolveu mandar uma mensagem para Taehyung com a força do ódio.
Para Tata:
Eu vou comer o cu do Jeon com farinha.
De Tata:
Como assim? Jurava que tu era bottom kkkkkk
Para Tata:
Vai dar meia hora de cu com o relógio parado, Taehyung. Eu já disse mil vezes que sou flex, e essa não é a questão aqui. Aquele fodido empata foda me paga.
De Tata:
Empata foda? Jimin, quem estava te fodendo? Garoto, me conta essa história direito!!!
Para Tata:
Taehyung surtado, se acalma, meu pão de mel. Foi assim: eu e Yoon estávamos há segundos de nos beijarmos quando aquele fedelho fedido chegou.
De Tata:
Mas espera, Ji. Eu vou te ligar, não estou entendendo nada.
Para Tata:
Tata, depois eu te ligo. Os dois estão aqui na sala, e eu não sei se vou conseguir não fazer um escândalo rsrs. Até mais, te amo.
Jimin seguiu cozinhando com a força do ódio. Conseguia ouvir as risadas e tapas sendo desferidos contra corpos alheios, e aquilo realmente estava incomodando mais do que gostaria.
― Mochi? ― Sentiu a mão gélida de Yoongi tocar seu antebraço, que estava descoberto pela camiseta que usava.
― Ah, oi, gatinho. A comida já, já está pronta. ― Ele saiu do devaneio e se dirigiu ao forno para checar se a torta de atum que Yoon amava estava pronta.
― Kookie e eu terminamos o projeto. Vamos até o mercado comprar umas cervejas, quer alguma coisa? ― O olhar doce de Yoongi atingiu Jimin em cheio e fez seu coração se encher de amor.
― Estou bem, meu amor. ― O menor devolveu um sorriso doce.
― Chama o Taehyung, eu sei que ele não está fazendo nada. ― Yoon disse, rindo, e saiu pela porta.
― Não demorem, senão a comida vai esfriar. ― Ji gritou assim que ouviu a porta ser destrancada.
Jimin ligou para Tae e contou o que tinha acontecido. Aproveitou e chamou o mais novo para jantar com eles. Ele protestou, mas depois que Ji dramatizou sobre se sentir uma vela, aceitou e ainda chegou antes dos meninos voltarem. Eles não demoraram muito, levando em consideração que o mercado que vendia a cerveja preferida de Jimin ficava um pouco mais distante e Yoongi caminhava como uma tia velha de 96 anos. Assim que entraram na cozinha, deram de cara com um Taehyung com as bochechas cheias de espetinho de polvo que Jimin tinha preparado para a entrada e um Jimin com o rosto vermelho de raiva, xingando o amigo de nomes fofos, mas com um tom agressivo.
― A culpa é toda de vocês, eu estava morrendo de fome. ― Tae apontou para os dois rapazes que tinham acabado de chegar, e Kook levantou os braços, se desculpando e mostrando as sacolas que carregava.
― Agora a gente pode comer. ― Jimin disse, ainda irritado com Taehyung.
― Fica calmo, Mochi. Eu trouxe a sua cerveja preferida e aquela torta de uva que você adora. ― Yoon falou, calmo, levando a torta até a geladeira e colocando algumas cervejas sobre o balcão.
― Torta de uva? Credo, Jimin! ― Taehyung torceu o nariz.
― É ótima, Taehyung-sii. Eu gosto muito, mais uma coisa que temos em comum, Jimin hyung. ― Jun sorriu lindamente, o que fez Jimin odiar ainda mais ele. Não tinha como não se apaixonar quando ele era tão gentil e tinha um sorriso tão fofo de coelho.
― Qual a outra coisa? ― Yoon perguntou, ansioso.
“Gostar de você” , Taehyung pensou.
― Ah, a gente gosta de dançar, de jogar vídeo-game, de beber boas cervejas e de você, hyung. ― Jun respondeu, com as bochechas cheias de espetinho, que tinha enfiado há pouco na boca.
― Como assim gostar do Yoongi? ― Jimin ficou nervoso e não conseguia nem disfarçar.
― Ué, como assim? Todo mundo gosta de mim. ― Yoon se sentou ao lado de Jimin no balcão da ilha da cozinha, que eles usavam de mesa.
― Você é um anjo mesmo. ― Jun disse, abrindo novamente um sorriso lindo.
― Ah, esse tipo de gostar, claro. Todo mundo gosta mesmo de você assim, gatinho. ― Ji enfiou um pedaço grande de torta de atum na boca.
― Olha, há controvérsias, mas tudo bem. ― Tae disse, levando todos ali a rirem.
Depois de muita risada, conversa, comida e cerveja, Tae e Jun foram embora, deixando somente Yoongi, Jimin e um monte de louça para lavar. Yoon percebeu que o menor estava pingando de sono e, mesmo também estando cansado, juntou a louça e arrumou na máquina de lavar louças, fazendo o amigo segui-lo com os olhos.
― Amanhã você guarda. ― O mais velho disse para o outro, que se levantou com certa dificuldade, e os dois seguiram para seus quartos depois de apagarem as luzes dos outros cômodos.
Jimin não queria se separar do abraço do amigo, que tinha envolvido o corpo do outro com o braço até chegarem na porta dos quartos. Ji sempre amou aqueles braços em volta de si e, naquela noite, mais que nunca, sentia como se precisasse deles, mais do que já precisou de alguma coisa na vida.
Yoon parou o corpo junto com o menor na porta do quarto dele e soube que o amigo queria dormir junto quando o mesmo não soltou seu corpo. Ele, então, entrou no quarto com Jimin e viu o amigo se deitar depois de tirar os sapatos e a camisa. Ele seguiu da mesma forma, mas permaneceu com a sua camisa e se acomodou abraçando o corpo de Ji por trás, se aconchegando com o corpo no dele. Aquela cena era até normal entre os dois, muitas noites eles dormiam juntos daquela maneira.
O dia amanheceu, e Jimin acordou com o sol batendo em seu rosto. Agradeceu mentalmente não ter aulas às sextas-feiras e, principalmente, naquela manhã. Odiava ter que se exercitar de ressaca. Mexeu-se na cama e percebeu que estava sozinho nela. Por muitas vezes, acordava assim quando dormia com o amigo. Yoongi sempre acordava antes, independentemente de que horas fosse se deitar na noite anterior. Ele gostava de se alimentar nos horários certos, e isso queria dizer que nunca, jamais e em hipótese nenhuma – salvo quando estava doente de cama e quando, mesmo assim, não conseguia fazer com que Jimin fizesse isso – tomava seu café da manhã depois das 8:00hs. Já era normal. Às vezes, o cheiro da refeição era tão maravilhoso que acordava Ji, mas, muitas vezes, o sono vencia a fome. Aquela manhã estava sendo um desses dias – a ressaca venceu qualquer competidor, principalmente o cheiro docinho do café.
Jimin se mexeu mais uma vez confortavelmente na cama, se alongando, e viu uma xícara com um bilhetinho preso nela.
“Bom dia, princeso. Espero que não acorde às 15:00hs hoje. Não esquece que tem que trabalhar de noite. Tem mais café quente lá na cozinha. Fui pra aula e, de tarde, tenho aquele compromisso que eu te disse com o Seok. Talvez não nos veremos até seu retorno, então coma direito e beba bastante água. Eu amo você. Yoon”
Ele não conseguiu conter o sorriso grande, que podia facilmente dividir seu rosto no meio, ao ler aquilo. Amava quando o maior fazia aquilo. Tinham toda a tecnologia a seu favor, mas ele dedicava um tempo todo escrevendo à mão aquelas coisas, que, mesmo lembrando a mãe dele, deixava-o cheio de amor. Amava a forma com que Min cuidava dele, a forma que se sentia protegido e bem cuidado – ninguém mais no mundo o fazia se sentir daquela forma.
O que pegava naquele sentimento todo era que ele não sabia se todo aquele jeitinho e cuidado eram por um amor forte de irmão e gratidão por tudo o que já passaram juntos ou se Yoon gostava dele da mesma forma. Jimin era perdidamente apaixonado, o amava mesmo e tinha certeza disso desde o primeiro ano de amizade, mas tanta coisa tinha acontecido com ambos, e o mais novo lutou por tanto tempo contra aquele sentimento que nunca teve coragem de se declarar. Min não costumava se relacionar com muitas pessoas, pelo menos não na frente dele. Às vezes, alguns rumores chegavam aos ouvidos de Jimin, e, outras vezes, ele mesmo presenciou alguns casinhos, mas nada que não parecesse superficial ou frio.
Daquela vez, era diferente. A relação do amigo com Jeon fazia Jimin sentir que, se perdesse mais tempo, talvez ele nunca tivesse chances com Yoon. Também não sabia se o amigo sentia a mesma coisa por ele e não conseguiria viver de jeito nenhum sem o melhor amigo, mesmo que, para isso não acontecer, tivesse que o ver se relacionando com outras pessoas.
Jimin seguiu, então, seu dia, depois de toda aquela reflexão, com um grande sorriso no rosto, mas com o coração triste pelos pensamentos. Era ridículo, mas era impossível não sentir ciúmes de Jeon. Era impossível não se iludir com os gestos do amigo, era impossível não o amar com todas as forças de seu corpo.
― Seok, ele é um anjo dormindo. Quase que eu não levanto para fazer meu café. ― Yoon mastigou o sanduíche de atum que segurava entre os dedos.
― Logo você, que não consegue não seguir esses seus horários chatos de alimentação? ― Jung disse meio debochado, comendo parte de seu ramyun.
Os dois tinham ido até uma empresa depois que saíram da faculdade para fazer alguns testes para a parte de composição e produção musical, além de outras “vagas” que estavam sendo oferecidas para alunos cursando o ano de Hobi. Estavam “jantando” em uma loja de conveniência que encontraram no meio do caminho, devido justamente aos horários de comer do mais velho.
― Você acredita? ― Min falou, realmente incrédulo.
― Sintomas da paixão, meu amigo. ― O outro disse, enfiando mais do macarrão instantâneo na boca.
― Eu acho que é isso mesmo. ― Yoon soltou o sanduíche por um instante em cima da bandeja na mesa.
― O QUÊ? ― Jung gritou, atraindo alguns olhares para eles.
― É isso mesmo, Seok. Eu acho que eu gosto do Jimin do jeito errado. ― Ele colocou a cabeça no tampo da mesa e se sentiu sem energia. Era a primeira vez que falava aquilo em voz alta.
― Pera, como assim jeito errado? ― Seok empurrou o pote com a comida ainda quente para frente, intrigado com o amigo.
― Do jeito errado, Hoseok. Do jeito que não deveria ser, do jeito que ele gosta do Wooshik. ― Yoon levantou o olhar frustrado para o amigo.
― Você jura, Yoongi? ― Hoseok disse em um tom sem paciência, atraindo o olhar espantado do menor. ― Você me jura por Deus que acha que ele gosta do Lee? Você não enxerga a forma com que aquela praga anã te olha! Você jura pra mim que nunca rolou um clima entre vocês, ou um pau duro da parte dele, quando estavam juntos sozinhos? ― Ele estava com um tom assustador de raiva, e Yoon não conseguia de forma nenhuma ver a situação daquela forma.
― Ele me olha como olha para qualquer pessoa, Hoseok. Ele carrega aquele carinho no olhar até por quem não conhece, ou acaba de conhecer, e, ok, a gente quase se beijou algumas vezes e ele já ficou de pau duro em algumas situações, mas ele estava carente e é uma reação normal do corpo humano. ― O tom inocente dele era tão forte que Hoseok se sentiu frustrado pelo amigo ser tão, tão burro e tão cego daquela forma.
― Yoongi hyung, presta a atenção no pai aqui, que eu vou te falar uma única vez. ― Seok pegou o rosto do amigo com as duas mãos e o fez olhar fundo nos seus olhos. ― Jimin não olha pra você como ele olha pra mim, pro Joon, pro Seokjin, nem pro Tae. A forma como ele te olha é tão apaixonado que, há anos, quando eu os vi pela primeira vez juntos, achei que já namoravam há muito tempo. ― Os olhos dos dois permaneciam presos uns nos outros. ― E a resposta é não. ― Seok soltou o rosto de Yoon.
― Não o quê, Hoseok? ― Yoongi perguntou, levando o sanduíche novamente à boca.
― Não é normal sentir vontade de beijar um amigo quando estão sozinhos ou ficar de pau duro quando o abraça, e não há carência suficiente pra isso. Nunca aconteceu entre a gente, ou acontece? ― Hoseok continuava sério enquanto voltava a comer também.
― Não faz sentido, Seok. Você está é louco com toda essa sua teoria. ― Yoongi não queria se iludir mais do que já se sentia iludido diariamente pelos sinais que não sabia identificar do amigo.
― Você vai acabar o perdendo por ser uma mula. ― Jung desistiu ali da conversa e deixou o mais velho pensativo.
Yoongi chegou cansado em casa, mas passou antes no restaurante próximo de onde morava para comprar o jantar para Jimin. Sabia que ele chegaria tarde da boate e que provavelmente não teria se alimentado bem. Yoon, acima de tudo, queria arrumar um emprego de verdade em uma daquelas grandes agências para ter uma vida legal e conseguir arrastar Jimin com ele. Não conseguia ser feliz ou se sentir tranquilo com o rapaz naquele tipo de ambiente, com mulheres e homens olhando seu corpo e chegando tão tarde sempre.
A vida dos dois seria mais fácil e tranquila se Jimin conseguisse ser dançarino de algum daqueles muitos mil artistas espalhados por aquelas agências, cidade a fora.
Era de manhã quando Yoon sentiu seu corpo ser subitamente esmagando por outro corpo, que parecia estar ligado no 220v.
― Já são 8:30hs, hyung. ― A voz animada de Jimin entrou pelos ouvidos do mais velho.
― O que você está fazendo acordado tão cedo, Mochi? ― Yoon perguntou, ainda com os olhos fechados.
― Não sei, perdi o sono. Deve ser por causa da festa do Woo, de mais tarde.
“Ah, claro, Wooshik”. Yoon pensou se deveria se levantar ou fingir alguma doença.
― Ah é, eu já tinha esquecido. ― Min abriu os olhos e viu o menor com um sorriso lindo no rosto. ― Achei que a festa era do Jongin. ― Ele abraçou o corpo do outro, que se aconchegou em seus braços.
― Tanto faz, gatinho. O que importa é que tem festa hoje. ― Ji se levantou para que o amigo fizesse o mesmo. ― Vamos você, Tae, Jin, Joon, Seok e eu. Vai ser maravilhoso. ― Ele puxou Yoon da cama, praticamente arrastando para fora do quarto.
― Kook vai passar aqui mais tarde pra ir com a gente. Tudo bem, né? ― Yoon esfregou os olhos para despertar antes de entrar no banheiro para sua higiene matinal.
― Ah, ok. ― Ji parou na porta do banheiro, esperando o amigo, sem a mesma animação de minutos atrás.
Jeon, sempre Jeon no meio dos dois. Yoongi e Jungkook andavam muito juntos atualmente para o gosto de Jimin, e isso era um péssimo sinal. Nunca tinha visto o mais velho daquela forma com outra pessoa antes – nem com Hoseok e Namjoon, que eram os melhores amigos do rapaz. Depois dele, é claro.
Os dois tomaram café da manhã e resolveram assistir mais um episódio de Grey’s Anatomy, antes que Taehyung chegasse com as roupas que ele tinha conseguido para eles. Talvez ele chegasse antes do previsto, Jimin sentia que ele iria fazer isso. Eles demoravam horrores para se arrumar, e Tae não se permitia sair para lugar nenhum estando menos que perfeito. Depois, eles iriam encontrar com Seokjin, Hoseok e Namjoon lá na casa do Kai.
Kim Taehyung, para a surpresa de Park Jimin, demorou mais do que o imaginado, e Yoongi e o menor se empolgaram com a maratona do seriado. Quando Min percebeu, Park dormia tranquilamente em seu peitoral. A feição dele era tão tranquila e tão serena que o mais velho sentiu uma enorme vontade de protegê-lo do mundo todo. Queria poder se transformar em um super-herói para não deixar que nada acontecesse com o rapaz.
O barulho da campainha, que soava pela segunda vez, tirou Yoon do transe causado pela visão que estava tendo e fez com que Ji acordasse com um susto, quase caindo do sofá.
― Já vai. ― Yoongi gritou e segurou firme o corpo do amigo para que ele não se estabacasse no chão.
― Tá tudo bem, hyung. Jeon não sabe mesmo esperar, vai lá. ― Jimin sentou no sofá, ainda sonolento.
― Não é o Kookie, ele só vem mais tarde. Deve ser o Taehyung. Eles foram os únicos que autorizamos na portaria, aquele desesperado. ― O mais velho disse em um tom meio mau humorado.
Não queria estar daquela forma com o comentário de Jimin, mas não podia evitar. Gostava demais da amizade de Jungkook e não entendia o porquê de toda aquela implicância. O próprio Jimin era cercado de amigos e Yoon não se importava com isso, sabia o que significava para o mais novo e era seguro daquela amizade.
― Espero não ter interrompido a foda, mas eu mandei mensagem e nenhuma das madames me respondeu. ― Tae disse, rindo, ao entrar.
― Cala a sua boca, meu chegado. ― Ji protestou do sofá, ainda despertando.
― Eu vim vestir as bonitas, mas achei que pelo menos um banho as princesas já iam ter tomado. Não me digam que estavam maratonando Grey’s de novo! ― O rapaz fez uma cara de decepção quando olhou para a TV e viu que estava no meio de uma cena do seriado de médico que ele simplesmente detestava.
― Não aceitamos julgamentos nesse lar. ― Yoon disse, rindo e pegando o controle do aparelho, desligando o mesmo.
― Vai tomar banho logo, hyung. Daqui a pouco o Jeon tá aí, e eu não quero ficar fazendo sala pro seu amiguinho. ― Ji falou, abrindo a sacola do terno estampado de oncinha que tinha seu nome em uma etiqueta.
― Você fala demais do Jungkook, acho que está apaixonado por ele. ― Yoon foi em direção ao banheiro com raiva e bateu a porta do mesmo.
― Você viu isso, Tata? ― Jimin disse com um nó na garganta.
― O vi com raiva das suas implicâncias e com ciúmes de você. ― O mais alto disse enquanto vestia a calça do seu terno dourado.
― Não, sua mula, ele estava com ciúmes do Jeon. Ele gosta daquele moleque, eu sabia. ― O menor analisava o rosto do amigo.
― Ai, Jimin, cala essa sua boca. Seu rosto é muito lindo pra eu te meter um socão. ― Tae vestia os sapatos pretos brilhantes e resolveu ficar sem camisa para não sujar a seda branca da vestimenta.
― Eu desisto dele. ― Ji olhou para o mais novo, que voltava da cozinha comendo alguma coisa que achou na geladeira.
― Desiste do quê, se você nunca nem insistiu? Larga de ser otário. ― Tae estava mesmo ficando de saco cheio daquilo. ― E vai levar a roupa do seu macho, que eu não quero que ele venha nu aqui. ― Finalizou, jogando o saco com o terno roxo com bolinhas prateadas para Jimin.
O menor não sabia o porquê da irritação do mais novo. Era para ele o apoiar, eles eram amigos, afinal, e toda vez que falavam sobre, as pessoas insistiam que Yoongi se sentia do mesmo jeito, só que não era assim que as coisas aconteciam de verdade. Ji seguiu o corredor que dava acesso ao banheiro e deu de cara com o mais velho com a toalha amarrada na cintura, cabelos molhados e com algumas gotas de água espalhadas pelos ombros. O cheiro de loção e sabonete de amêndoas que ele usou penetraram em todos os sentidos de Jimin, que, por um instante, não se lembrou o que estava fazendo ali.
― Obrigado, Mochi. ― Yoon sorriu e pegou a roupa da mão do amigo. ― O banheiro já está livre, vê se não demora muito. ― Ele deixou Ji parado sem reação (ou quase) no corredor, com a cara de tonto e o pau duro.
Jimin foi calado até a sala, com o pau doendo e duro depois daquela visão, pegou seu terno e levou para o quarto. Antes de voltar para o banheiro, ouviu alguns barulhos estranhos vindo do quarto de Yoon. Era quase um sussurro, mas o barulho de alguma coisa molhada sendo friccionada era muito conhecido pelo rapaz. Podia estar se aliviando pela cena do corredor. Lembrou do próprio pau duro e correu para o banheiro. Precisava urgentemente de um banho frio e parar de se iludir dessa forma. Desligou a resistência e realmente tomou um banho gelado para esfriar toda aquela loucura que estava sentindo.
Assim que terminou de se arrumar, ouviu a campainha tocar novamente. Dessa vez, não podia ser outra coisa: com a maior certeza, era Jungkook. Saiu do quarto e conseguiu gostar do mais novo por um minuto, quando ele estava lindo em um terno rosa brilhante e algumas sacolas de bebidas nas mãos.
― Grande Jeon. ― Jimin disse, animado, abraçando o outro.
― Tá tudo bem, Park? ― Jun estava meio incrédulo. Sabia que o menor pouco gostava dele.
― Ótimo. Como não estaria, quando não vou ter que gastar o meu precioso dinheirinho com cachaça, quando meu grande amigo Jeon trouxe pra todo mundo? ― Ele pegou as sacolas das mãos do garoto e indicou com a cabeça o sofá para ele se sentar.
― Agradecimento pela minha nota linda que eu vou receber e pela comida maravilhosa. ― O mais novo sorriu sincero e sentou.
― Não se sente, o Uber chegou. ― Yoon disse, se levantando de onde estava e puxando Jun com ele. ― Vamos. Se esse porra cancelar, eu mato vocês.
Jeon pegou as sacolas da mão de Ji e saiu ajudando para que ele fechasse a porta do apartamento. Seguiram para o carro.
A casa de Kai não era longe do apartamento dos meninos, mas eles não queriam caminhar os 40min que eles tinham que andar até o local. O trajeto foi tranquilo. Conversaram com o clima daquela noite com o motorista e tudo correu perfeitamente bem. Chegaram mais rápido que o previsto. A rua já estava tomada de carros – era inconsequente dirigir depois de beber, mas os jovens não estavam nem aí para nada. O som era alto, e já dava para ouvir os gritos saindo do local.
Antes de entrarem, procuraram os amigos, que já estavam a postos na frente da casa. Assim que a turma toda estava reunida, eles entraram, e a típica festa de “adolescente” estava bombando. Bocas e corpos enroscados pelos cantos, jogos que envolviam ingerir quantidades absurdas de álcool, fumaça de cigarro e outras coisas sendo baforadas no ar, nada muito novo das festas universitárias que iam eventualmente.
Jimin e Jungkook procuraram o anfitrião da festa para entregar as bebidas enquanto os outros foram procurar algo para beber. Muitas pessoas conhecidas passaram pelos olhos de Jimin, e era difícil para ele cumprimentar todo mundo. Assim que saíram para a parte de trás da casa, Jeon avistou Wooshik dançando com Jongin na beira da piscina. Quando o mais velho viu Jimin e o outro garoto se aproximando, soltou a cintura do mais novo e caminhou em direção ao menor, deixando Kai com cara de tacho, mas logo Jun se aproximou do dono da festa. Eles seguiram para a cozinha para colocar as coisas para gelar.
― Oi, Minie. ― Wooshik cumprimentou Jimin com um beijo no rosto.
― Oi, Wooshikie. ― Jimin retribuiu o cumprimento, e os dois começaram uma conversa animada.
Yoongi saiu para a área externa da casa no momento exato em que Wooshik puxou Jimin pela cintura, colando seus lábios. Min carregava duas cervejas nas mãos, uma delas que levaria para o amigo. Antes que Jimin pudesse empurrar o corpo do outro para longe, Yoon voltou para dentro, desnorteado. O ar faltou, e ele precisava desesperadamente beber toda a bebida daquela festa. Sabia que talvez o mais novo estivesse tendo algo com o mais alto, mas definitivamente ver aquilo com os próprios olhos o deixou péssimo e, em segundos, virou as duas cervejas goela abaixo.
― Você está louco, Lee Wooshik? ― Jimin esbravejou, limpando o beijo que o outro tinha depositado nos seus lábios. ― Você tá saindo com o Kai e nem perguntou se eu estava a fim de te beijar. Você não pode sair beijando as pessoas sem o consentimento delas. ― Ele falou, magoado, e ficou ainda mais magoado quando seu olhar cruzou com o de Jongin, que estava parado atrás deles estático e com o Jungkook a tiracolo.
― Vamos, Jimin hyung. ― Jeon pegou a mão do menor e os dois seguiram para o lado de dentro da casa.
Assim que chegaram perto do espaço onde os amigos estavam, os dois ouviram a voz alta de Hoseok advertindo alguém.
― Vai devagar, meu filho. Você não é um Opala para beber tanto álcool em tão pouco tempo, e eu não vou limpar o vômito de ninguém. ― Ele era firme nos dizeres.
― Cala essa sua boquinha, Seok. Vai usá-la pra beijar seu amor, me deixa beijar a boca da garrafa, já que a boca que eu quero beijar já está beijando outra. ― A voz alta em um tom magoado era de Yoongi, e eles a escutavam nitidamente, igual a de Hoseok.
― Você é um babaca, eu disse que ia perder a sua chance por ser uma mula. ― Jung disse em um tom irritado.
― Você é um grande imbecil. Como pôde ficar com outro e deixar que Yoon o visse! ― Jimin falou para Jungkook, que estava ao seu lado, desferindo um tapa forte em sua cabeça. O rapaz esfregou automaticamente o local para amenizar a ardência. As mãos podiam até ser pequenas, mas a força era grande.
― Au. ― O mais novo formou um bico nos lábios. ― Eu não beijei ninguém, seu sequelado, e por que você acha que ele estava falando de mim? ― Jeon olhou para o menor sério, louco para revidar o tapa, mas manteve o controle.
― Porque ele gosta de você, seu animal. ― Park perdeu toda a paciência que ainda restava em seu corpo.
― Você está usando drogas? ― Jun perguntou, meio que fazendo uma afirmação, e deixou o outro para trás, indo até onde os amigos estavam.
― Vamos amigão, me dá essa garrafa. ― Park ouviu Jeon falar.
Ao entrar no local, recebeu um olhar magoado de Yoon e entendeu tudo. Aquele era o mesmo olhar que viu no rosto de Kai momentos atrás. Sentiu algo se quebrando dentro dele e soube ali que o causador de toda aquela tristeza era ele. Como nunca tinha percebido que o amigo gostava dele da mesma forma? E ele viu Wooshik o beijando, e aquele não era um sentimento legal. Sentia-se a pior pessoa do mundo.
― Gatinho, a gente precisa conversar. ― Jimin segurou o amigo pelo braço e puxou o corpo dele carinhosamente, porém o corpo do outro não se moveu.
― Não acho que tenho nada pra falar agora, Jimin. ― Min puxou o braço pra si. ― Acho que Wooshik está se sentindo solitário sem seus lábios grudados no dele. ― Ele se segurou para não chorar, todos aqueles sentimentos fundidos com a grande quantidade de álcool que ele tinha ingerido em tão pouco tempo.
― Hyung, eu quero falar sério com você. Vamos pra casa, você toma um banho gelado, a gente come alguma coisa e depois conversa, por favor! ― Jimin pegou novamente no braço do amigo, com seus olhos cheios de lágrimas e a voz cheia de súplicas.
― Jimin, de verdade, eu não quero ir embora. Estou enchendo meu cu de cachaça com toda a bebida dessa festa, como eram nossos planos de mais cedo, não eram? E eu não quero ir embora pra te ouvir chorando por mais um macho. O que foi? Descobriu que ele te pega e pega a metade da faculdade toda? Ou que ele só queria te comer, como todos os outros, pra saber que você rebolava divinamente não só no palco, mas também no colo deles? ― Yoon disse com desdém.
― Yoongi hyung, vamos tomar uma água. Você pode falar alguma coisa que pode se arrepender depois, se continuar assim. ― Jun tentou chamar a atenção do mais velho.
― Não, Jeon, tá tudo bem! ― Jimin ficou extremamente magoado com os últimos dizeres do amigo. Ele já estava sensível por Woo desrespeitá-lo daquela maneira, não precisava de mais nenhum sentimento ruim em si daquela forma. ― Ele sempre é o dono da razão, não é? As outras pessoas ao seu redor têm que adivinhar o que ele está sentindo pra não o magoar, e, no final, ele nunca se arrepende de nada mesmo. ― Dito isso, o menor saiu, abrindo passagem entre as muitas pessoas que bloqueavam o acesso até a porta da frente da casa.
― Wooshik roubou um beijo dele, ele o empurrou, e ainda deu a maior lição de moral. ― Jungkook disse em um tom absurdamente sério, olhando nos olhos de Yoon. ― O hyung achou que você gostava de mim, não tinha como ele saber dos seus sentimentos. Se você nunca disse nada, Yoongi, a última coisa que ele precisava agora era o melhor amigo ser um babaca com ele, como você acabou de ser. ― Ele finalizou, procurando alguma garrafa de água próximo de onde estavam.
― Eca! Eu gostar de hétero? ― Yoon fez uma careta e tomou um pouco da água que um dos outros rapazes tinham trazido para ele.
― Eu não sou hétero e essa não é a questão aqui, Yoongi. A questão é que você foi tão imbecil quanto ou mais que o Wooshik essa noite. ― Jeon fechou a cara, e Yoon não sabia o que fazer.
― Você vai atrás do Jimin ou vai ficar aqui de cuzice com a sexualidade do Jungkook? ― Hoseok disse, também irritado com toda aquela situação, praticamente empurrando o mais velho na direção em que o menor tinha ido.
Yoongi ainda estava meio tonto pela quantidade de álcool que tinha ingerido, mas toda aquela discussão e a garrafa de água que tomou o ajudaram a ficar mais sóbrio. Resolveu, então, ir atrás do amigo. Criou coragem não sabia da onde, se era o álcool no sangue ou o sentimento que teve ao pensar que tinha perdido sua chance de viver algo a mais com o outro, mas iria falar para ele tudo que sentia, como ele se sentia em relação a tudo e iria ver depois como tudo ficaria. Correu para fora da casa e avistou Jimin sentado na frente do portão do vizinho da frente de Kai, olhando para o celular, semblante extremamente abatido, provavelmente esperando o Uber.
De canto de olho, Yoon avistou a silhueta de Wooshik um pouco mais distante de onde ele estava. Ele, então, se virou para o maior e percebeu que o mesmo olhava para a mesma direção em que Yoongi tinha sua atenção minutos atrás. Viu-o dar o primeiro passo em direção a Jimin, com um sorrisinho malicioso nos lábios. Aquilo fez com que o mais velho ali reunisse toda a força que seu estado permitia naquele momento e correu em direção a Woo, empurrando-o antes que chegasse à calçada do outro lado, fazendo com que caísse no meio da rua.
― Qual a porra do seu problema, tá louco? ― Wooshik gritou, atraindo alguns olhares na direção dos dois.
― Eu estou mesmo muito, muito louco, louco de vontade de quebrar a sua cara. ― Min disse alto, no mesmo tom alterado.
― O que eu te fiz, seu idiota? ― Woo tinha levantado do chão.
― Pra mim mesmo, nada, mas você nasceu, e isso já é motivo o suficiente pra isso. ― Yoon foi para cima do outro, ficando a alguns centímetros de distância.
― Você está com ciúmes porque eu tomei a porra da coragem que você nunca teve, Minzinho? ― Lee riu, debochado, e aproximou ainda mais os corpos com o intuito de intimidar o menor.
― Ao contrário de você, seu filho da puta, eu respeito as pessoas. Não invado o espaço delas para satisfazer os meus desejos. Eu nunca magoaria quem eu amo para me satisfazer em nenhum sentido. ― O tom enfurecido de Yoon transparecia em seu rosto.
― Você fez todo esse discurso patético para se convencer de que Jimin nunca olharia pra você da mesma forma que você olha pra ele, não é? O Park precisa de um homem de verdade. Ele gosta de mim, mas a convivência com você o deixa covarde para assumir isso. Você não passa de um... ― Antes que Woo continuasse a despejar as asneiras que estava falando, Yoon deu um soco tão forte na cara dele, que fez com que ele voltasse ao chão, agora com a boca cheia de sangue.
― Se você chegar perto do Jimin sem o consentimento dele mais uma vez, não vai ser só um soquinho que eu dar nesse seu rostinho bonito, seu imbecil. ― Yoongi se virou e deixou Lee cuspindo sangue no chão.
Poucos passos dos dois, estava um Jimin chocado com tudo que tinha acabado de ver e ouvir e um monte de gente ao redor, assistindo tudo também. Yoon só conseguiu se mover para abraçar o amigo à sua frente.
― Caiam fora. A festa não é aqui, e vocês também não perderam nada por aqui. ― Jongin gritou alto para que as pessoas fossem se dispersando do local. ― Você é um escroto, Wooshik. ― Ele disse com desprezo. ― Vai embora daqui, por favor. ― Virou as costas e voltou para dentro de sua casa.
― Você está bem, gatinho? ― Jimin perguntou, apertando Yoongi mais dentro do abraço.
― Eu estou ótimo, mas minha mão precisa de gelo. ― Ele riu. ― Mochi, eu preciso te falar uma coisa, e essa coisa pode destruir a nossa amizade. Eu não queria que fosse assim, comigo nesse estado, pra você não pensar que eu só estou falando e fazendo isso por causa da bebida ou algo do tipo, mas eu, eu... ― Jimin surpreendeu Yoon, afastando um pouco os corpos e grudando seus lábios uns nos outros, demorando alguns minutos para afastar os rostos.
― Eu também, gatinho. ― Ele voltou com os lábios juntos com os do mais velho, mas, dessa vez, pedindo passagem com a língua para começar um beijo estranho, calmo, lento, atrapalhado e com um gosto de bebidas misturadas, porém, com a maior certeza, o melhor beijo que os dois já tinham dado na vida. As bocas se encaixavam perfeitamente, parecia até que tinham sido moldadas especialmente uma para a outra. Eles separaram os lábios quando ouviram os amigos gritando e assobiando positivamente.
― Aleluia! ― Seokjin disse, atraindo os olhares de todos os meninos.
― Até seu namorado, Tata? ― Jimin perguntou, escondendo o rosto no peitoral de Yoongi, que o mantinha confortável em seus braços.
― Ai, amigo, estava tão óbvio que até o Jin, que pouco convive com vocês, por ser um aluno dedicado e de outro campus e ter preguiça de caminhar até o nosso refeitório, muitas vezes percebeu, e nada das duas margaridas se mancarem. ― Taehyung disse, debochado, e Ji se encolheu ainda mais nos braços do outro.
― Vamos então beber toda a bebida dessa festa para comemorar esse marco histórico nas nossas vidas! ― Namjoon disse, animado, e os outros concordaram.
― Tudo bem por você, Mochi, ou quer ir descansar? ― Yoon perguntou, fazendo carinhos nas costas do rapaz.
― Por mim tudo bem, gatinho. Contanto que eu possa te beijar mais um pouco ainda essa noite, eu topo. ― Ele separou o abraço e pegou na mão do amigo.
― A gente conversa sobre isso amanhã, então? ― Min falou, sério, mas abrindo um sorriso e se sentindo ser puxado pelo mais novo.
― Tá bom, meu amor. ― Ji se aproximou dos outros rapazes, e eles conseguiram curtir a festa do jeito que realmente deveria ser.
Dali em diante, a festa foi uma loucura. Muita bebida e a música era excelente – Kai realmente tinha um gosto musical maravilhoso. A animação tomou conta do local e do grupo de amigos, que curtiram aquela noite como se a festa tivesse sido feita exclusivamente para eles. Sem a presença de Lee lá, o clima estava leve, e, no início da manhã, finalzinho da noite, quando todos estavam indo embora, Jun ficou com Jongin e mais uma menina na casa. Para o pequeno Jeon, a festa estava apenas começando. Todos foram para as suas respectivas casas.
Jimin e Yoongi seguiram para seu apartamento. Como de costume, dormiram juntos de conchinha, e, ao despertar pela tarde, Ji se encontrou sozinho na cama. Levantou com certa dificuldade, pois a cabeça doía. Na cômoda do lado da cama, viu uma garrafinha de água e uma aspirina, que tomou prontamente antes de seguir até a cozinha.
Ao entrar no cômodo no final do corredor, viu Min Yoongi dormindo todo encolhidinho no sofá da sala, com a TV ligada na série que eles assistiam geralmente juntos. Não conseguiu ficar irritado com aquilo, pois o amigo estava tão lindo todo pitiquinho dormindo tão tranquilamente que a traição por ver sozinho a série não foi maior que o quentinho que invadiu o coração de Ji. O mais novo seguiu seu caminho para a cozinha e comeu seu “café da manhã”, que se transformou em café da tarde, e, depois de limpar a cozinha, voltou para a sala, se aconchegou no sofá com o outro ainda dormindo e colocou um filme de comédia romântica adolescente qualquer que encontrou no catálogo da Netflix. Algum tempo depois, Yoongi acordou com uma das risadas que Jimin deixou escapar.
― Desculpa, gatinho, eu não queria te acordar. ― Ji disse, se sentando no sofá para que o mais velho fizesse o mesmo.
― Tudo bem, Mochi. Foi bom, senão de noite eu fico parecendo um zumbi. ― Ele se esticou e também sentou no sofá.
― Então, hyung, vamos conversar agora? ― Jimin olhou fundo nos olhos de Yoongi.
― Pode ser, bebê. ― O mais velho ajeitou a coluna e respirou fundo. ― Eu, eu sou apaixonado por você desde o dia em que te conheci, mas eu não sabia que era esse tipo de amor. Eu pensava que podia ser, sei lá, um grande carinho ou uma grande gratidão por tudo, mas... ― Ele tomou fôlego depois de falar tudo aquilo praticamente sem respirar, e Jimin tinha toda a sua atenção para ele. ― Eu descobri, Jimin, que o que senti e sinto por você é maior que qualquer sentimento que já senti na minha vida, e você sabe que eu sou péssimo com essa coisa de sentimentos e tudo mais. ― Abaixou a cabeça, fazendo o contato visual se perder.
― Yoongi, eu... ― A voz de Jimin sumiu por um minuto. ― Eu sempre gostei de você também.
― Mas? ― O mais velho interrompeu a linha de raciocínio do menor.
― Mas nada, Yoon. Você me trata como nenhuma outra pessoa no mundo me tratou. Você cuida tão bem de mim e me protege, me alimenta e, mesmo me traindo vendo série sem mim, eu gosto de você de verdade. Gosto de você desde o primeiro “oi, você é novo na cidade”, que você me disse quando eu me mudei pra sua escola. Eu só nunca te disse nada porque não queria estragar a nossa amizade. O que a gente tem e tinha é tão mais importante que eu preferia morrer de amor por você em silêncio que perder a sua amizade. Eu tinha medo de estragar tudo, e ainda tenho, mas não quero mais sofrer sem nunca ter tentado nada e... ― Yoongi interrompeu o discurso do amigo com um beijo calmo, só um selar nos lábios.
― Tá tudo bem, Jimin. Eu também tenho muito medo, mas não podemos deixar o medo tomar conta da nossa felicidade. Temos que ser sinceros um com o outro daqui pra frente, e, se não tiver mais dando certo, a gente continua com a amizade. ― Yoon segurava as mãos de Ji entre as suas.
― Vamos tentar, então? ― Os olhos do mais novo eram de ansiedade e receio.
― Por mim, sim! ― Yoon respondeu e abraçou o outro. Eles ficaram assim, só curtindo o calor um do corpo do outro.
Eles resolveram que iriam se dar uma chance. Tudo poderia dar muito errado, mas as chances de dar certo eram grandes também. Eles eram melhores amigos, se entendiam como ninguém e se amavam. Esperavam realmente que tudo desse certo. Um na vida do outro era realmente a coisa mais importante do mundo.
Três meses depois…
― Olha, eu fiz até promessa pro Jimin e o Yoongi ficarem juntos, mas quem aguenta esse grude todo? ― Taehyung disse, olhando os outros seis meninos que estavam sentados na mesa do refeitório.
― Mas, Tae, eles já eram esse nojo todo. Você está vivendo essa amizade errado. ― Seok falou, jogando uma bolinha de papel no outro.
― Realmente, a única coisa que muda é que agora eles deixaram de cu doce e se beijam no lugar. ― Jeon completou o raciocínio de Hoseok.
― Ai, gente, vocês não têm mais o que fazer além de cuidar da minha vida e da vida do meu namorado? ― Jimin perguntou, separando os lábios dos de Yoongi para protestar sobre o assunto.
― Como assim namorado? ― Nam perguntou, surpreso. A mesma expressão seguiu no rosto dos outros rapazes.
― Eu o pedi em namoro ontem. ― Yoon apertou mais Jimin em um abraço que eles estavam dando desde que pararam de se beijar.
― Enquanto fodiam? ― Tae perguntou, animado.
― Enquanto ele te chupava? ― Hoseok foi no embalo do amigo.
― Enquanto ele estava amarrado e você o chicoteava? ― Jeon disse, e todos na mesa, incluindo Jimin e Yoongi, olharam estranho para ele.
― Como assim amarrado? ― Jimin perguntou, perplexo.
― Shibari, meu anjo. Se você quiser, a gente pode tentar qualquer dia. ― Yoon respondeu. ― E a resposta é não, seus pervertidos. Foi depois do último episódio dessa temporada de Grey’s Anatomy. ― Ele ficou todo bobo olhando o rosto do agora namorado.
― Aff, aquela bosta! ― Tae disse em um tom brincalhão.
― Que papo é esse, Taehyung? ― Seokjin indagou, fingindo tom magoado. ― Grey’s é a melhor série já existiu nesse mundo, eu quero o divórcio.
Todos começaram a rir do comentário do mais velho.
Epílogo
Cinco anos depois…
A decoração do salão estava deslumbrante, Jimin tinha que admitir que Seokjin havia feito um trabalho lindo. Tudo estava perfeito, as cores e as flores da estação ornando. Ficou a coisa mais delicada do mundo.
― Tio Jimin. ― O pequeno Kwan puxou a roupa do mais velho, o fazendo abaixar até sua altura.
― Oi, meu pequeno! ― Jimin ajeitou a pequena gravata borboleta que o menino vestia.
― Eu estou bonito? ― Os olhinhos do pequeno eram cheios de vida e expectativa.
― O mais lindo da festa, meu amor! ― Ji sorriu, acariciando o rosto do garotinho.
― Mentira, tio. A pessoa mais bonita dessa festa não sou eu. ― Ele estava todo animado enquanto falava.
― Ah, não? Então quem é, meu anjo? ― Jimin perguntou, animado da mesma forma, esperando por um elogio.
― O tio Yoongi. Ele está muito bonito naquele terno roxo. ― O menor deu uma risadinha sapeca.
― Seu pai Hoseok está te criando errado, menino. ― Jimin pegou o pequeno, que tinha aproximadamente 5 anos de idade, no colo e encheu suas bochechas com beijinhos.
― Você não pode colocar a culpa de ser sincero nas costas do Hoseok. O mais sensato dessa família, depois do Kwon, com certeza é o Namjoon. ― Yoongi disse, se aproximando dos dois.
― Olá, meu marido! ― Jimin deu um breve selar nos lábios do outro. ― E cala a sua boca, vai deixar o menino confuso. ― O mais novo terminou, rindo.
― Quem diria que Seokjin hyung e Taehyung seriam os últimos a se casar. ― Yoon falou, suspirando.
― Pois é, e eles já namoravam antes da gente. ― Ji sentiu o garotinho deitar a cabeça em seu ombro enquanto ele o balançava no ritmo da música.
― Estamos ficando velhos, meu amor! ― O mais velho disse, fazendo carinhos leves nas costas de Kwan.
― Não deixem essa criança dormir, pelo amor de Deus! ― Hoseok chegou até os dois rapazes, fazendo Kwan levantar de onde estava deitado, procurando pela voz familiar do pai.
― Se ele dorme agora, não dorme à noite, e, olha, depois de toda essa festa, eu preciso descansar. ― Namjoon entrou no campo de visão do pequeno, e o mesmo estendeu os braços, manhoso para o pai. ― Vamos, meu bebê, tem seu doce preferido ali. Titio Seokjin mandou fazer especialmente para o sobrinho preferido dele.
― Eu, papai? ― O menino se animou e despertou alegre nos braços do pai.
― Sim, meu amor! ― Nam se afastou dos amigos com a criança nos braços.
― Daqui a algumas semanas, vão ser vocês. ― Hobi passou um dos braços pelos ombros de Yoongi.
― Eu não vejo a hora de ter uma vidinha me chamando de pai. ― Jimin suspirou.
― Vai ser a nossa vidinha. ― Yoongi sorriu o sorriso gengival que Ji tanto amava e pegou a mão do marido.
A decoração do salão estava deslumbrante, Jimin tinha que admitir que Seokjin havia feito um trabalho lindo. Tudo estava perfeito, as cores e as flores da estação ornando. Ficou a coisa mais delicada do mundo.
― Tio Jimin. ― O pequeno Kwan puxou a roupa do mais velho, o fazendo abaixar até sua altura.
― Oi, meu pequeno! ― Jimin ajeitou a pequena gravata borboleta que o menino vestia.
― Eu estou bonito? ― Os olhinhos do pequeno eram cheios de vida e expectativa.
― O mais lindo da festa, meu amor! ― Ji sorriu, acariciando o rosto do garotinho.
― Mentira, tio. A pessoa mais bonita dessa festa não sou eu. ― Ele estava todo animado enquanto falava.
― Ah, não? Então quem é, meu anjo? ― Jimin perguntou, animado da mesma forma, esperando por um elogio.
― O tio Yoongi. Ele está muito bonito naquele terno roxo. ― O menor deu uma risadinha sapeca.
― Seu pai Hoseok está te criando errado, menino. ― Jimin pegou o pequeno, que tinha aproximadamente 5 anos de idade, no colo e encheu suas bochechas com beijinhos.
― Você não pode colocar a culpa de ser sincero nas costas do Hoseok. O mais sensato dessa família, depois do Kwon, com certeza é o Namjoon. ― Yoongi disse, se aproximando dos dois.
― Olá, meu marido! ― Jimin deu um breve selar nos lábios do outro. ― E cala a sua boca, vai deixar o menino confuso. ― O mais novo terminou, rindo.
― Quem diria que Seokjin hyung e Taehyung seriam os últimos a se casar. ― Yoon falou, suspirando.
― Pois é, e eles já namoravam antes da gente. ― Ji sentiu o garotinho deitar a cabeça em seu ombro enquanto ele o balançava no ritmo da música.
― Estamos ficando velhos, meu amor! ― O mais velho disse, fazendo carinhos leves nas costas de Kwan.
― Não deixem essa criança dormir, pelo amor de Deus! ― Hoseok chegou até os dois rapazes, fazendo Kwan levantar de onde estava deitado, procurando pela voz familiar do pai.
― Se ele dorme agora, não dorme à noite, e, olha, depois de toda essa festa, eu preciso descansar. ― Namjoon entrou no campo de visão do pequeno, e o mesmo estendeu os braços, manhoso para o pai. ― Vamos, meu bebê, tem seu doce preferido ali. Titio Seokjin mandou fazer especialmente para o sobrinho preferido dele.
― Eu, papai? ― O menino se animou e despertou alegre nos braços do pai.
― Sim, meu amor! ― Nam se afastou dos amigos com a criança nos braços.
― Daqui a algumas semanas, vão ser vocês. ― Hobi passou um dos braços pelos ombros de Yoongi.
― Eu não vejo a hora de ter uma vidinha me chamando de pai. ― Jimin suspirou.
― Vai ser a nossa vidinha. ― Yoongi sorriu o sorriso gengival que Ji tanto amava e pegou a mão do marido.
Fim
Nota da autora: MINHA PRIMEIRA FANFIC DE SHIPP NO SITE, É ISSO MESMO BRASIL? POIS BEM, AQUI ESTAMOS COM ESSA YOONMIN QUE É O AMOR DA MINHA VIDA. OKAYOKAY EU SHIPPO TODO MUNDO DO BANGTAN COM TODO MUNDO, INCLUSIVE COMIGO? EU SHIPPO SIM, MAS PRECISO CONFESSAR DE SHIPPER PRA SHIPPER QUE: YOONMIN, TAEJIN E NAMSEOK SÃO DEMAIS MEU PONTO FRACO, NÃO TEM JEITO. SURUBANGTAN É MINHA RAZÃO DE VIVER E ESSE CLICHÊ MELHORES AMIGOS É TUDO PRA MIM, ESPERO QUE GOSTEM <3
ps: Ah minha lista de fic vai estar aí embaixo, mas vocês conseguem achar também, tanto clicando no ícone do Facebook que vai te direcionar ao meu grupo de autora (tá pequenininho ainda rs, não reparem), quanto clicando no ícone do Obsession, que dá acesso a minha página de autora no site. Meu tt tá sempre disponível também. Vocês podem me gritar por lá, aqui pela caixa de comentários ou onde me acharem kkkkkk
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.
SHORTFICS:
Baby How You Like That [Restritas – Kpop – Shortfics]
Baby, I Like You [Kpop – BTS – Shortfics]
Baby, I Want You Forever [Kpop – BTS – Shortfics]
Baby We Have A Happy Ending [Kpop – BTS – Shortfics]
Do What We Do [Kpop – Restritas - Shorthfics]
Eyes, Nose, Lips [Kpop – BigBang – Shortfics]
Put'em Up [Restrita – Outros – Shortfic]
FICSTAPES:
02. Teenager [Ficstape #104: GOT7 – 7 for 7]
02. Nobody’s Perfect [Ficstape #122: Jessie J – Who You Are]
03. Crazy 4 U [Ficstape #148 – Move – Taemin]
03. 잡아줘 (Hold Me Tight) [Ficstape #103: The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever]
03. Let Go [Ficstape #178 – BTS – Face Yourself]
03. Trivia: Love [Ficstape #181 – BTS – Love Yourself: Answer]
04. Até o Sol Quis Ver [Ficstape #137: Exaltasamba – Ao Vivo Na Ilha da Magia]
04. Clap [Ficstape #120: Seventeen: Teen, Age]
06. Good Day For A Good Day [Ficstape #108: Super Junior – Replay]
07. Magic Shop [Ficstape #133: BTS – Love Yourself 轉‘Tear’]
07. 소름 Chill [Ficstape #111 – EXO – The War]
07. Shift [Ficstape #112 – Shinee – 1 Of 1]
07. OI [Ficstape #149: Monsta X – Shine Forever]
07. Dengo [Ficstape #150: AnaVitória – AnaVitória]
08. Tonight (오늘밤; feat. Zico) [Ficstape #119: Taeyang: White Night]
09. Retro [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
10. Fire [Ficstape #103: The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever]
11. I Want You [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
12. Undercover [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
16. Not Today [Ficstape #080: BTS – You Never Walk Alone]
MUSIC VIDEO:
MV Beautiful Liar [Music Vídeo - KPOP]
MV Darling [Music Vídeo - KPOP]
MV Sexy Trip [Music Vídeo - KPOP]
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.
SHORTFICS:
Baby How You Like That [Restritas – Kpop – Shortfics]
Baby, I Like You [Kpop – BTS – Shortfics]
Baby, I Want You Forever [Kpop – BTS – Shortfics]
Baby We Have A Happy Ending [Kpop – BTS – Shortfics]
Do What We Do [Kpop – Restritas - Shorthfics]
Eyes, Nose, Lips [Kpop – BigBang – Shortfics]
Put'em Up [Restrita – Outros – Shortfic]
FICSTAPES:
02. Teenager [Ficstape #104: GOT7 – 7 for 7]
02. Nobody’s Perfect [Ficstape #122: Jessie J – Who You Are]
03. Crazy 4 U [Ficstape #148 – Move – Taemin]
03. 잡아줘 (Hold Me Tight) [Ficstape #103: The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever]
03. Let Go [Ficstape #178 – BTS – Face Yourself]
03. Trivia: Love [Ficstape #181 – BTS – Love Yourself: Answer]
04. Até o Sol Quis Ver [Ficstape #137: Exaltasamba – Ao Vivo Na Ilha da Magia]
04. Clap [Ficstape #120: Seventeen: Teen, Age]
06. Good Day For A Good Day [Ficstape #108: Super Junior – Replay]
07. Magic Shop [Ficstape #133: BTS – Love Yourself 轉‘Tear’]
07. 소름 Chill [Ficstape #111 – EXO – The War]
07. Shift [Ficstape #112 – Shinee – 1 Of 1]
07. OI [Ficstape #149: Monsta X – Shine Forever]
07. Dengo [Ficstape #150: AnaVitória – AnaVitória]
08. Tonight (오늘밤; feat. Zico) [Ficstape #119: Taeyang: White Night]
09. Retro [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
10. Fire [Ficstape #103: The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever]
11. I Want You [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
12. Undercover [Ficstape #168 – SHINee – The Story of Light]
16. Not Today [Ficstape #080: BTS – You Never Walk Alone]
MUSIC VIDEO:
MV Beautiful Liar [Music Vídeo - KPOP]
MV Darling [Music Vídeo - KPOP]
MV Sexy Trip [Music Vídeo - KPOP]