Última atualização: Fanfic Finalizada

3pm On my feet and staggering
Through misplaced words and a sinking feeling
I got carried away
Sick, Sick of sleeping on the floor
Another night another score
I'm jaded, bottles breaking


abriu os olhos, a claridade o acertou em cheio e ele sentiu a cabeça doer fortemente. Tinha um gosto estranho na boca e sensação de que tinha sido atropelado por um caminhão, mesmo que isso nunca tivesse acontecido. Tateou a mesa de cabeceira, procurando pelo celular e quando achou, viu que eram três da tarde. Merda, pensou, sem nem pensar em levantar. Ele tinha perdido todas as aulas da manhã e estava quase perdendo todas as da tarde também, mas não tinha nenhuma condição de levantar, muito menos de assistir aula de física aplicada. Colocou um travesseiro no rosto e tentou dormir novamente, mas o barulho do celular chamou sua atenção.

“Espero que ainda esteja vivo, rs.”
, recebido às 15:09

Tentou lembrar do que tinha acontecido na noite anterior, principalmente, onde se encaixava nisso, mas só alguns flashs surgiam em sua mente. Tinha sido a festa de recepção dos calouros na Kappa Kappa Gamma e essas festas, geralmente, saiam do controle. Mas para estar preocupada com ele, pelo menos de alguma forma, algo tinha acontecido. O rapaz ficou pensando no que responder, mas resolveu ser bem superficial.

“Vivo eu estou, bem eu já não sei.”
Enviado às 15:11


Ele ficou olhando para a tela do celular, esperando que ela respondesse, mas depois de dez minutos, desistiu. Tudo estava do mesmo jeito, afinal. Desistindo de dormir novamente, ele jogou as pernas para fora da cama e esticou o corpo, tentando despertar. Só que a cada movimento mais brusco que fazia, mais a sua cabeça latejava. Então desistiu e pegou a toalha, seguindo para o banheiro, ele precisava de uma ducha gelada e uma ou duas aspirinas.
Enquanto a água caia sobre seu corpo, ajudava um pouco a clarear sua mente. Ele lembrou vagamente de encontrar na festa e depois de estar deitado no chão gelado de um dos banheiros do prédio da fraternidade. Riu sem humor, precisava encontrar algum tipo de limite para si mesmo. Apesar de que o seu porre sem controle deve ter sido de fato por causa dela, da . Tinha tanto tempo que não a via, que não conseguiu lidar com tudo. Ele pensava que ela ainda estava no Canadá, mas como ela não dava mais notícias ou se preocupava em falar com ele há quase um ano, entendeu que não tinha mais direito de saber coisas sobre a vida da menina. Isso é, se é que ele teve esse direito em algum momento.
Sentou na cama, secando os cabelos molhados na toalha, encarando o celular pelo canto dos olhos. Nenhuma notificação. Nenhuma mensagem. Nada dela. Talvez ela só estivesse preocupada e agora que já sabia que ele estava bem, não iria mais procurar. Talvez ela só estivesse sendo simpática... Ou talvez estivesse se agarrando nos últimos fios de esperança que restavam, mesmo sabendo que não daria em nada. Suspirou, pegando o celular e abrindo uma nova mensagem para a menina, mas sem saber o que escrever. Pensou em pedir desculpas, mas seria ridículo demais fazer isso por mensagem de texto, ainda mais depois de tanto tempo. Pensou em puxar conversa de uma forma natural e espontânea, mas sabia que não soaria assim. Então desistiu, sendo apenas sincero. Se sentiu um idiota, mas sincero.

“Eu não sei bem o que aconteceu, na verdade eu não lembro. Mas agradeço a sua preocupação.”
Enviado as 15:38


e tiveram um envolvimento há quase um ano. Eles pareciam perfeitos um para o outro, se completavam em tudo, gostavam das mesmas coisas, davam risada, saiam para se divertir todo final de semana, o sexo era incrível, mas alguma coisa no meio do caminho fez com que tudo acabasse. E essa coisa foi o próprio . Depois de quase oito meses juntos, eles ainda não estavam juntos. Não havia um relacionamento, um comprometimento, nenhuma certeza. E se sentia muito mal com aquela situação, porque ela era louca pelo rapaz e queria ficar com ele, mas não dessa maneira. Queria estar com alguém que quisesse estar com ela, não com alguém que não fizesse muita questão. Ou que, pelo menos, desse a entender que era isso. Sempre que ela tentava conversar sobre os dois, ele dava alguma desculpa, dizia que não estava preparado para algo mais sério, que eles estavam tão bem daquela forma, que não precisava mudar. aguentou, por mais algum tempo, mas não muito. Ela recebeu uma proposta, seis meses de intercâmbio no Canadá. E não pensou duas vezes. Sentou com e disse que não havia nada que a prendesse aqui, que se ele se mostrasse um pouco mais preocupado com o que tinham, ela poderia até cogitar não ir, mas da forma que o “relacionamento” deles andava, ela não via motivos para continuarem juntos. E foi isso que aconteceu, cada um foi para o seu lado. continuou em Dartmouth e ela seguiu para a Universidade de Toronto, de onde voltou há cerca de dois meses. Eles não se viam ou se falavam desde o dia em que terminaram. Bem, até ontem...

“Não lembra de nada? Nadinha? Não acredito.”
, recebido às 15:47

“Lembro de você, da festa, do chão gelado e, com certeza, lembro da bebida.”
Enviado às 15:48


ficou encarando o telefone, esperando uma resposta da menina. Mal acreditava que eles estavam mantendo uma conversa depois de tanto tempo. Uma conversa civilizada, até. Pensou que não conseguiriam, que ele não conseguiria, porque ele gostava demais de , mais do que realmente queria. E tê-la perdido de uma forma tão idiota, só porque achou que ela estaria a sua disposição, fez com que ele pensasse muito em como levava a sua vida. Só que não adiantava muito agora, o mundo tinha girado, o tempo passado e ela ido embora.
Ele se assustou quando o telefone vibrou e anunciou uma ligação da menina. O toque irritante ecoou pelo quarto, enquanto ele permanecia sem reação por cerca de cinco segundos, até que limpou a garganta brevemente antes de atender.

- Eu estou na rua, é muito ruim andar e digitar ao mesmo tempo. – a voz da menina soava tranquila, leve, como se ela não estivesse com nenhuma mágoa pelo o que tinha passado. – Você tá podendo falar?
- Posso, posso sim. – respondeu rapidamente, escutando rir do outro lado da linha.
- Tudo certo com você, ainda está apenas vivo? - brincou, arrancando um riso breve do rapaz.
- Minha cabeça vai explodir, mas vou sobreviver. E você, como está? Como foi de viagem, não sabia que tinha voltado.
- Jesus, , você me perguntou isso ontem. – ela gargalhou – Essa bebedeira foi caprichada. Algum motivo especial?
- Não é como se eu tivesse algum motivo especial para beber, não é? – ele mentiu, porque dessa vez tinha motivo, sim. Tinha até nome: . Só que ele não queria dizer, para que ela não entendesse errado. Porque era mais culpa do que qualquer coisa.
- Então você esqueceu tudo o que falamos ontem, não acredito. - a voz dela foi abafada pelo barulho de um carro. - O que é bem ruim, porque eu acho que você foi sincero comigo pela primeira vez em, sei lá, dois anos. sentiu o sangue gelar, preocupado com os absurdos que provavelmente falou para a menina.
- , se eu te disse alguma besteira, me descu...
- Não, você não falou nenhuma besteira. Aliás, se eu soubesse, tinha te embebedado dessa forma antes, teria me poupado muita coisa. - ela ficou em silêncio por alguns segundos, como se pensasse em alguma coisa. – Eu queria confirmar algo, mas se você não lembra de nada, não adianta coisa nenhuma.
- Confirmar o que? – ele perguntou, curioso.
- Você realmente não lembra que ficamos presos no banheiro do segundo andar por horas?
- Presos no banheiro? – a voz dele ficou mais alta e fina e riu de forma escandalosa depois, sendo acompanhando pela menina.
- Presos no banheiro da Kappa por umas duas horas ou mais, sei lá, enquanto você estava sentado no chão e confessava sua vida pra mim...


2am I'm on a blackout binge again
You know I don't need sleep
And I lost my keys,
But I've got so many friends
And they keep, keep me coming back for more
Another night, another score
I'm faded, bottles breaking


HORAS ANTES

estava numa rodinha com seus amigos, ele já tinha perdido as contas de quantas cervejas já tinha bebido. Eles falavam sobre diversas coisas, desde quando seria o próximo jogo do futebol americano universitário, passando pelos trabalhos que teriam que entregar nas próximas semanas e chegando até as meninas que tinham chegado à universidade naquele semestre e como elas eram lindas. A festa estava cheia delas e estava de olho numa de cabelos bem cacheados e coloridos que estava perto da entrada. Os olhares deles se cruzaram algumas vezes e ela até sorriu em sua direção, então ele estava apenas esperando o momento certo. Até que ele olhou novamente e viu alguém entrando pela porta. Ele reconheceu de imediato, mesmo pela silhueta de perfil e com várias pessoas na frente: era . Sentiu seu coração acelerar e sua fisionomia se fechou no mesmo instante. Ele não estava preparado para encontrá-la novamente. Deixou os rapazes falando sozinhos e caminhou até o outro lado da sala, indo direto para a cozinha. Ainda sentia o coração acelerado e tinha a sensação que não tinha mais controle sob si mesmo. Acha estranho e bizarro o poder que ela exercia sobre ele, mesmo depois de todo esse tempo. Mesmo depois de seis meses longe, depois de seis meses sem trocarem uma palavra, sem que seus olhos se cruzassem, ele ainda se sentia da mesma forma, ainda sentia o coração bater mais rápido do que queria, as mãos suarem e a vontade louca, quase desesperada de ter aquela menina em seus braços.
Viu uma garrafa de tequila na mesa e respirou fundo antes de puxá-la em sua direção. Serviu mais doses do que conseguiu contar, e do que se orgulharia. Tudo por causa de uma garota. Na esperança frustrada que isso fosse tirá-la de sua cabeça. Mas parecia que a cada copo que ele virava, estava mais longe de ter controle sob si mesmo e mais perto de fazer uma loucura qualquer. Largou a garrafa quando estava quase vazia e caminhou na direção da festa, pegando duas garrafas de cerveja no caminho. Quando percebeu que seu caminho se cruzaria com o da menina, subiu as escadas. Caminhou meio cegamente, pegando mais duas cervejas que tinham numa mesa no caminho e entrou na primeira porta que viu pela frente. Quando percebeu, estava no banheiro, então fechou a porta, colocou as garrafas no chão e se sentou com o corpo apoiado na parede de ladrilhos brancos. Batia a cabeça contra a superfície gelada, enquanto tentava pensar em como se meteu naquela situação. E em como chegou àquele estado, de nem conseguir olhar para a menina sem se sentir mal. Seria tudo culpa? Ou será que tinha uma parte de arrependimento também?
Enquanto bebia suas cervejas e perdia o restante da consciência que ainda tinha, chegou à conclusão que o fato de não conseguir ficar no mesmo lugar que era simples: ele ainda gostava dela, mais do que realmente imaginava. E a culpa de tudo ter acabado da forma que foi era toda dele, toda, completa e apenas dele. E ele não conseguia lidar com isso, não tão diretamente. Era fácil quando ela estava longe e ele sabia que eles não se encontrariam, que ela não estava, literalmente, ao seu alcance. Mas agora que estavam novamente no mesmo campus, com grandes chances de se esbarrarem por aí, ela continuava fora do seu alcance, mas num sentido maior. Maior e pior.
Quando a quarta garrafa verde de cerveja rolou pelo chão, não sabia nem onde estava direito, não tinha condições de levantar, muito menos de ir para casa. Com a luz acessa e a porta fechada, as pessoas, provavelmente, achavam que tinha alguém no banheiro, ou alguéns, logo não tentavam entrar. Então ele pensou que seria uma boa ideia se deitar no chão por alguns instantes, só para descansar. Seus olhos se fecharam pelo o que pareciam alguns segundos, mas quando abriu novamente, viu a imagem desfocada de olhando em sua direção. Ela estava em pé, a uns dois passos de sua cabeça, o encarando com a expressão preocupada. Num primeiro momento o rapaz achou que era coisa da sua cabeça, porque seria azar demais.

- ? – ouviu a voz da menina soar alarmada, porém ainda distante. Ela se abaixou, tocando seu rosto com suavidade. E ele logo percebeu que não era uma alucinação de sua cabeça bêbada, ela estava ali. – , você tá bem? – ela repetiu, vendo que ele não respondia. Suspirando pesadamente, ela tentou colocá-lo sentado, mas ele era muito pesado e não ajudava. Com muito custo, ela o apoiou na parede e pegou um pouco de água na pia, jogando em seu rosto. Quando os pingos gelados o acertaram, o reclamou e abriu os olhos rapidamente, resmungando qualquer coisa que ela não entendeu. – Vou tentar achar alguém pra me ajudar. – disse mais para si mesma que para ele, caminhando até a porta. Tentou girar a maçaneta uma, duas, três vezes, mas ela estava travada. Usou um pouco mais de força, só que o resultado foi desastroso: o pedaço de ferro escuro veio parar em suas mãos. – Puta que pariu. – xingou baixo, encarando a parte interna da maçaneta, que não queria encaixar novamente. Respirou fundo, batendo na porta com força algumas vezes e gritando, para ver se alguém a escutava, mas a música estava alta demais para isso. Colocou a mão no bolso, pegando o celular, mas logo lembrou que estava sem bateria. – Claro, perfeito. É lógico que essa merda está sem bateria. – murmurou para si mesma. Olhou na direção de , que a encarava com uma expressão estranha, mas ela ignorou, colocando as mãos em seus bolsos, sem cerimônia.
- Hey, o que é isso? – ele perguntou, com a voz arrastada.
- Preciso do seu celular. – respondeu, abaixando para ficar da mesma altura que ele. ficou um tempo em silêncio, como se precisasse pensar para responder uma simples pergunta.
- Eu não trouxe celular.
- Ótimo, maravilha. – a voz da menina estava carregada de ironia, enquanto ela deixava o corpo cair e também se sentava no chão. – Estamos presos aqui.

Os minutos se passavam de forma arrastada, enquanto encarava o teto, se mantendo em silêncio, e parecia focado em não morrer. A menina encarou as garrafas pelo chão e avaliou o estado do rapaz. Tombou o corpo para frente, olhando atentamente em seu rosto, vendo que ele não aparentava estar bem. Precisava de água, de um banho gelado e de uma noite de sono, mas isso não seria possível aqui, talvez apenas uma parte disso.

- . – ela chamou a atenção dele, levantando seu rosto. – Olha pra mim. – ele abriu os olhos com dificuldade. – Você consegue levantar e caminhar até o chuveiro? – ela apontou para o lado inverso do banheiro e o rapaz apenas balançou a cabeça, dizendo que não. Rolando os olhos, não parecia muito disposta a lidar com pirraça de bêbado. Ela levantou e usou toda a sua força para trazer o corpo do rapaz pra cima. Eles cambalearam juntos até o chuveiro, onde ela o jogou de roupa e tudo, ligando a água gelada. deu um grito pelo susto e ela começou a rir, mordendo o lábio em seguida, para disfarçar.
- O que? O que você tá fazendo? – ele perguntou, assustado.
- Te ajudando na sua ressaca, seu mal agradecido. – respondeu, fazendo uma careta. Ele deve ter entendido, porque deixou a cabeça debaixo da água por algum tempo, desligando o chuveiro logo depois. jogou uma toalha de rosto que tinha por perto na sua direção e voltou a sentar onde estava antes.
- Obrigado. – ele murmurou um tempo depois, quando se sentou de frente pra ela, do outro lado do cômodo, aparentando estar um pouco melhor. – Estamos presos, né? – balançou a cabeça afirmando e depois apontou para a maçaneta no chão ao seu lado.
- Era pra lembrar ou pra esquecer? – a menina perguntou, com a sombra de um sorriso em sua voz. O rapaz a olhou com a expressão confusa, então ela apontou para as garrafas no chão. – Acredito que você não tenha ficado nesse estado apenas com essas cervejas, né? E também acho que você não ficaria nesse estado, aqui sozinho, por nada. Então tava brincando se era para lembrar ou para esquecer alguma coisa. – ponderou por alguns segundos, encarando o próprio pé e o chão. Ele poderia falar que tinha bebido para esquecer, sim. Para esquecê-la para ser mais exato, só que isso não mudaria nada. Pelo contrário, poderia causar uma confusão desnecessária e só Deus sabia quanto tempo eles ficariam ali. Então decidiu não ser tão sincero.
- Pra esquecer. – ele deu de ombros, como se não fosse muito importante. – Tanto que já esqueci.
- Que bom então, valeu a pena. Pelo menos por agora, amanhã já não terei tanta certeza. – sorriu de lado, tentando manter o ambiente agradável, mas não sentia o mesmo vindo de , que estava visivelmente desconfortável. Ela mordeu o lábio inferior encarando a parede e depois voltou o olhar para o rapaz, que ainda evitava olhar muito em sua direção. – Tem algum problema com você? – perguntou, não num tom de preocupação, mas de incômodo mesmo. Eles sempre se deram bem, nunca tiveram problemas de manter uma conversa ou se manter perto um o outro sem que criasse uma atmosfera estranha. Mas ali, naquele banheiro, era como se eles não se conhecessem, ou pior, era como se eles não se suportassem. – Eu estou tentando manter uma conversa, fazer essa situação ser menos desagradável do que já é, mas você tá me tratando de uma forma que eu sei que não mereço. Se alguém tivesse que ser distante e frio aqui, você sabe que esse alguém sou eu, não é mesmo?
- , olha, eu não queria conversar sobre isso agora. – falou rapidamente, com a voz baixa, quase morta.
- Eu acho que você não quer falar sobre nada. Ou melhor, não quer falar comigo. Tudo bem, ficarei calada. – e ela ficou como prometeu. Por longos e longos minutos, se manteve em silêncio, com os olhos fechados, pensando em tudo que queria falar, mas não falaria, porque não daria esse gostinho a ele. Já ficou encarando a porta, como se isso fosse fazê-la abrir de uma forma mágica. Porque ele queria sair dali, queria fugir, porque não era capaz de encará-la, não tinha coragem nem de encarar o que sentia, como iria ficar ali, mantendo uma conversa casual com a menina por quem é apaixonado, mas que perdeu por pura covardia? Era isso que ele era, um covarde.
- Desculpa. – o rapaz murmurou, fazendo com que a menina o olhasse. Ele ainda encarava os pés, mas levantou os olhos até ela, lendo todas as reações de seu rosto. – Não só por hoje, por ter sido estúpido agora, mas por tudo, principalmente pela forma que terminamos. – foi a vez de desviar o olhar, encarando a parede. Ela ficou em silêncio e pensou que agora era ela que não queria conversar.
- Eu só acho engraçado que você poderia ter pensado nisso antes de ser estúpido. Mas não hoje ou quando terminamos, mas meses atrás, quando estávamos juntos, mas você se recusava aceitar isso. Não adianta agora você tentar me evitar, porque não vai mudar nada, . Nada. Então poderia começar a agir como um adulto para variar. – respondeu, despejando tudo o que estava sentindo.
- Ouch! Acho que mereço isso. – exclamou, vendo a menina rolar os olhos em sua direção.
- Você acha? – perguntou, de forma irônica.
- Ok, nós temos tempo, eu acho. Por que você não fala tudo o que sempre quis me falar e eu faço a mesma coisa depois. Podemos sair daqui com nossos problemas resolvidos e prontos para seguir adiante. – ele propôs, vendo-a arquear uma das sobrancelhas.
- Você tem certeza? Isso pode ter atingir mais forte que a ressaca que se aproxima. – sorriu de lado, vendo o rapaz dar de ombros, como se não se importasse.
- Não tenho mais nada a perder. Nem mesmo a minha dignidade, porque olhe pra mim. – comentou, de forma retórica, apontando para si mesmo, mostrando seu estado atual. Completamente molhado, bêbado e preso num banheiro.
- Tudo bem, então. Eu acho que você tem medo, . De absolutamente tudo. – disse, olhando em sua direção. – Medo de se envolver, medo de crescer, medo de avançar. Por isso fica sempre pelas festas, bebendo, não procura nada concreto para a vida, independente para o que seja. Sempre fugindo de responsabilidades, de qualquer coisa que possa vir a se tornar algo importante na sua vida. E foi por isso que você fugiu de nós dois. – se mantinha calado, porque não tinha o que falar, era tudo verdade. se mexia muito, parecendo um pouco desconfortável, mas continuou falando. – Foram oito meses, acredito que seja tempo suficiente para saber se você quer estar com alguém e não apenas ficar empurrando com a barriga. Eu queria estar com você... Deus sabe como eu queria. Só que chegou um momento que não valia mais a pena sacrificar a minha vida, a minha felicidade, por alguém que não estava disposto a fazer a mesma coisa. Eu passei seis meses fora, longe de você, só que não teve um único dia em que eu não tenha pensado em você. Às vezes pensando como teria sido se eu tivesse ficado e forçado mais um pouco ou imaginando se você estaria pensando em mim também. Só que depois eu parava e pensava: não tem que ser assim, você não tem que forçar alguém a gostar de você, querer estar ao seu lado. E você não queria estar comigo...
" - Eu queria, . – falou, respirando fundo em seguida e passando a mão pelo cabelo ainda úmido. – Queria até demais, só que eu não sabia lidar com isso. Nunca soube na verdade. É idiota, eu sei, mas enquanto não tinha nenhum rótulo entre nós dois, parecia mais fácil, mais leve. Era como se no momento em que colocássemos num nome naquilo, que oficializássemos aquele relacionamento, ele daria errado e eu não queria que ele desse errado.
- Então me afastar era a forma que você tinha de me manter por perto? – ela riu sem humor, balançando a cabeça lentamente. – Isso não faz sentido nenhum.
- Qualquer coisa que eu fiz relacionado a nós dois faz algum sentido? – o rapaz perguntou e se manteve em silêncio, porque era realmente verdade. Ele soltou o ar pesadamente, como se tivesse cansado. Cansado de tentar se esconder de tudo, do que sentia, do que queria. sabia que, muito provavelmente, tinha perdido sua chance com ela, então o mínimo que poderia fazer era ser sincero a respeito de tudo. – Eu vim parar aqui no banheiro fugindo de você.
- Como é? – ela disse, surpresa, enquanto ele coçava levemente a cabeça, tentando pensar em como continuar.
- Eu não sabia que você estava de volta, não sabia que você estaria aqui na festa e quando eu te vi… Foi como um soco no estômago. Nunca soube lidar com o nosso término, nunca soube lidar com o fato de precisar realmente de você por perto, porque eu nunca precisei de ninguém, pelo menos nunca me permiti precisar de alguém. Não dessa forma. Você pareceu lidar tão bem com isso, seguiu sua vida, viajou, estudou, conheceu o mundo. E eu continuei aqui, parado no mesmo lugar, preso nessa casca que criei e que não consigo me libertar. – ele sorriu de lado, passando a língua pelo lábio inferior, como se não soubesse o que falar ou como continuar. – É foda, e eu só estou falando essas coisas pra você porque estou bêbado. Se não estivesse, iria continuar tudo do mesmo jeito, com você, provavelmente, me odiando por coisas que eu não tive coragem de falar quando deveria. Eu sabia o que você queria ouvir quando conversamos antes da sua viagem. Queria que eu dissesse pra você ficar. E eu queria que ficasse. Lembro de só pensar nisso, só desejar que você desistisse de tudo e ficasse. Mas como eu poderia pedir que você desistisse de algo tão importante por mim? Logo por mim? Eu não tinha esse direito. Só que ter direito ou não, acaba nem sendo um impedimento, não é, porque aqui estou eu falando tudo isso pra você de qualquer forma. E agora eu não consigo parar de falar, porque eu olho pra você e vejo o que eu perdi e… – ele suspirou, balançando a cabeça e encostando a mesma na parede, enquanto fechava os olhos. – Eu não mereço você, nunca mereci.
- … – falou, com a voz suave, fazendo o rapaz estremecer levemente. Era a primeira vez que ela usava seu apelido em muito tempo. Ela queria se aproximar, queria abraçá-lo, dizer que não precisava se sentir mal por ser daquela forma. Era o que ele era, caso estivesse disposto a mudar, era só tentar. Só que não sabia se estavam bem o bastante para uma aproximação dessas, mas depois ela pensou e chegou à conclusão que ela sempre foi a emoção naquela relação, não faria mal ser mais uma vez. Então a menina se aproximou lentamente, colocando-se bem à frente do rapaz. não estava esperando a aproximação e arregalou brevemente os olhos. sorriu de lado, para deixar claro que estava tudo bem. E então passou os braços pelos ombros dele, o puxando para um abraço. Sentiu enrijecer e então apertou ainda mais seus braços ao seu redor. – Você não precisa ser tão durão sempre. – sussurrou em seu ouvido, tocando a base de sua nuca com a ponta de seus dedos. relaxou um pouco, respirando fundo e sentindo o perfume de , aroma que sentia tanta falta. Fechou os olhos e aproveitou o momento, porque sabia que não duraria para sempre.
- Eu vou deixar sua roupa toda molhada. – comentou, sentindo o corpo da menina balançar um pouco enquanto ria.
- Não tem problema.

continuou sentada ao lado de , o clima pesado dissipou e eles começaram a conversar sobre tudo. Ele estava muito interessado sobre o que aconteceu na viagem da menina, o que ela aprendeu, as coisas que viu, as pessoas que conheceu. Queria se sentir parte da vida da menina, pelo um pouco que fosse e somente por aquela noite. Ela contou tudo o que podia, eles riram, brincaram e se divertiram mais do que esperavam. Mais do que conseguiam na época que estavam juntos. E foi durante uma das muitas risadas que compartilharam, que a porta de abriu e uma menina, que eles não conheciam, ficou surpresa ao vê-los.

- Ai, desculpa, eu não sabia que tinha gente aqui. – se apressou em falar, já saindo e fechando a porta, mas os gritos dos dois chamou sua atenção novamente.
- Não fecha a porta, por favor. – pediu, rindo de nervoso. – A gente tá preso aqui há horas. A maçaneta quebrou, ninguém ouvia nada, estamos sem celular, você foi enviada por Deus.
- Ah, que bom então, eu acho. Vocês precisam de ajuda? – ela perguntou, enquanto via levantar e depois ajudar a fazer o mesmo.
- Não, acho que estamos bem. – respondeu, olhando de lado para o rapaz, que ainda parecia meio tonto. – Estamos, né?
- Estamos sim. – sorriu de lado, balançando a cabeça, afirmando. Eles saíram do banheiro, caminhando lado a lado. Desceram as escadas e viram que a festa já estava quase vazia. não enxergou seus amigos e também não encontrou o pessoal que tinha vindo junto com ela.
- Acho que perdemos a festa toda. – a menina comentou. – Acho que vou pedir um táxi para voltar pra casa. Você sabe como vai embora?
- Não. – confessou, se sentando numa cadeira que tinha perto da escada, sentindo a cabeça pesada. – Eu sei que já gastei muito do seu tempo, já ocupei seus ouvidos, mas eu queria te pedir uma última coisa. – ele apoiou a cabeça na parede, fechado os olhos e fazendo uma careta, como se estivesse com dor. – , você me levaria pra casa?


Eles estavam sentados no banco de trás do táxi, uma música antiga tocava no rádio e a menina cantarolava baixinho, enquanto o rapaz mantinha a cabeça apoiada em seu ombro. tentava não dormir, então se concentrava na voz de . sentia o coração acelerar de uma forma muito louca, só o fato de estar ali ao lado de , de ouvir sua voz, sentir seu perfume, ele já se sentia bem. Não queria pensar no depois, queria viver apenas aquele curto momento que ainda tinham juntos. olhou em sua direção, como se estivesse checando se estava tudo bem. Ele levantou os olhos e eles sorriram um para o outro brevemente, deixando o silêncio ainda predominar entre os dois. O carro parou em frente ao prédio do alojamento que morava e pediu que ele esperasse, que ela já voltava. A menina saiu do carro e deu a volta para ajudar o rapaz a sair.
Quando entraram no quarto, ajudou a deitar, tirando o tênis molhado de seu pé, mas não quis mais incomodar, porque ele parecia confortável. Sentou ao seu lado por um instante, passando a mão pelo seu rosto. Ele parecia que estava quase dormindo, então ela só beijou o alto de sua cabeça e levantou para ir embora.

- ... – disse, com a voz embargada. Ela não sabia se ele estava acordado de verdade ou sonhando, mas se aproximou novamente. – Eu te amo.


- ... Mas se você não se lembra de nada, não adianta. - disse ao telefone, ouvindo o rapaz suspirar do outro lado da linha.
- Você poderia me contar ou me ajudar a lembrar. Eu tenho a sensação que falei mais do que deveria e acho que tenho o direito de saber o que. – brincou, ouvindo a risada leve da menina em resposta.
- Um café seria bom pra você, não é? - ela sugeriu e sentiu o coração acelerar de uma forma que ele não esperava. – Eu estou na cafeteria perto do prédio de matemática, posso te esperar aqui e...
- Estarei aí em cinco minutos. – disse, se atropelando nas palavras. riu percebendo a pressa do rapaz. – Talvez dez, eu moro um pouco longe.
- , calma. Estarei aqui te esperando... - disse, ansiando que ele entendesse o real significado de suas palavras. – Como sempre.




Fim.



Nota da autora:
Oi, migas. Eu amo demais essa música, sei que há grandes chances de vocês terem esperado A e eu ter entregado B, mas eu gostei do resultado e espero que vocês também.
Beijos grande e até a próxima.



Outras Fanfics:
»Ficstapes&Mixtapes«
01. Mama Do - Ficstape #088: Turn It Up
03. As Long As You Love Me - Ficstape #029: Greatest Hits – Chapter One
03. Stay With Me - Ficstape #010: In A Lonely Hour
04. 18 - Ficstape #003: Four
04. I'm With You - Ficstape #069: Let Go
05. Love Yourself - Ficstape #052: Purpose
05. Stella - Ficstape #096: Nothing Personal
06. N° 1 Party Anthem - Ficstape #001: AM
06. No Worries - Ficstape #011: AM
08. Kennedy Curse - Ficstape #063: Forever Halloween
08. Sandcastles - Ficstape #064: Lemonade
08. Tenerife Sea - Ficstape #009: X
08. When I'm at Home - Ficstape #084: Pioneer
09. Cherry Bomb - Ficstape #075: Guardians of The Galaxy
09. Sad Songs - Ficstape #063: Forever Halloween
10. Fire Meet Gasoline - Ficstape #007: 1000 Forms of Fear
10. Hey Stephen - Ficstape #025: Fearless
10. How You Get The Girl - Ficstape #004: 1989
10. I Only Wanna Talk To You - Ficstape #071: Lovely Little Lonely
11. Same Mistakes - Ficstape #024: Up All Night
14. Everything Has Changed - Ficstape #027: Red
Bônus: Grown Woman - Ficstape #027: Red
Mixtape: I Don't Want to Miss a Thing - Awesome Mix: Vol 1 "80/90's"
Mixtape: Salute - Awesome Mix: Vol 4 "GirlPower"
Mixtape: Fênix - Awesome Mix: Vol 5 "Brasil 2000's"

»Shortfics«
100 Vezes Você - McFLY/Finalizadas
Aquela dos Trinta - McFLY/Finalizadas
Antes das Seis - Especial de Agosto
Midnight in Paris - Especial de Agosto
Nothing Left To Lose - Especial do Dia dos Namorados
Raining in Paris - Especial da Saudade
Untangle Me - Especial da Equipe
We Could've Fallen in Love - Especial de Agosto
What Goes Around... Comes Around - Restritas/Finalizadas
What Goes Around... Comes Around II - Restritas/Finalizadas

»Andamento«
Dylan - Outros/Em Andamento
Pretty Hurts - Restritas/Em Andamento

»Finalizadas«
Enchanted - McFLY/Finalizadas
When I'm Hurt - McFLY/Finalizadas



comments powered by Disqus