28/10/2024

Capítulo 1: Parabéns! Você agora é pai.

6:30 da manhã e o celular de não parava de tocar. Era folga dela, na verdade, era feriado, um com emenda, e ela não teria que acordar cedo pelo menos quatro dias aquela semana, uma das bênçãos de se trabalhar em uma escola, mesmo sendo uma particular católica e com trabalho que a deixava exausta quase todos os dias, bom, o salário e os benefícios faziam tudo valer a pena.  estava planejando acordar depois do meio dia, tinha desativado o despertar, mas o aparelho não parava de tocar.

, você precisa me ajudar. — A voz de era apavorada, nervoso era pouco.
— O que aconteceu? Você mato… — Que barulho de choro é esse ?? — ainda estava sonolenta, mas o melhor amigo sabia que só podia ligar para ela aquela hora da manhã se tivesse entre a vida e a morte.
— Então, é com isso que eu preciso de ajuda, alguém largou um bebê na porta da minha casa e ela não para de chorar. — A voz dele ainda estava no mesmo tom de desespero, mas conhecendo o melhor amigo, como conhecia, aquilo estava com cara de pegadinha, ele era idiota o suficiente para aquilo e estava prometendo uma das grandes para se vingar da que ela tinha feito com ele na última estação.
— Eu não acredito que me acordou de madrugada no dia da minha folga, poxa , colasse chiclete no meu cabelo ou então riscasse meu carro, mas isso é sacanagem, desliga esse Youtube com esse neném chorando e volta para a cama, a gente sabe que não somos pessoas diurnas, eu porque tenho poucos dias para acordar tarde e você porque é um vagabundo mesmo. — Ela riu não foi seguida e ainda ouvia ao fundo não somente o neném chorando, mas também.
— É sério , eu estava dormindo lindo e confortável na minha cama quando a campainha tocou, como qualquer pessoa que me conhece sabe que eu não levanto cedo, nunca! Porque sou músico e não um vagabundo, já peguei o taco de beisebol e desci, porque a pessoa na porta não parava de tocar. Quando eu cheguei perto da porta abri sorrateiramente e aí não tinha ninguém, quando eu me virei ela começou a chorar e está chorando até agora, já tem pelo menos uma meia hora.
 Desespero era realmente o que o amigo estava passando naquela ligação e quis que aquela história de bebê fosse verdade, porque se não fosse ela ia chegar lá em ser presa por homicídio duplamente qualificado, porque estava planejando matar ele ali mesmo, enquanto levantava da cama e procurava um casaco grosso para esconder o pijama, se a criança estava chorando há meia hora, não podiam mais perder tempo dela se trocar, ela poderia ficar doente, isso se já não estivesse, fazia muito frio aquela época do ano para alguém largar uma criança a deriva na porta das pessoas.
— Eu estou indo, mas vê se essa desnaturada deixou alguma mamadeira e leite em algum lugar, porque aí eu já passo no mercado. — disse séria, estava preocupada e aquilo seria a maior vigarice de se fosse mentira.
— Ah, ok, eu não sei se consigo fazer isso com uma criança no meu colo. — Ele parecia atrapalhado.
— Bom, você vai ter que aprender, mas por agora só coloca ela de volta na cesta que ela tava e vê, aproveita e vê a fralda, se tem mais ou se tô tem a que ela tá usando e vê se a que ela tá usando está suja. — Ela procurava as chaves e a carteira, provavelmente precisaria passar no mercado e fazer outras coisas durante o dia, então, usaria o automóvel, não gostava muito de usar o carro, mas em ocasiões como aquela que eram emergência, era necessário e ela sentiu que a partir dali não pararia mais de usar, porque estavam lidando com uma criança e não tinha nem carteira de motorista, quem dirá carro.
— Meu Deus, como eu vejo se a fralda está suja? — que fazia barulho de procurar coisas parou e o tom de desespero ainda estava lá.
— Olha, geralmente as pessoas abrem a fralda para ver, mas eu mesma, na correria enfio o dedo dentro da fralda, se estiver molhada na frente é que tem muito xixi e se tiver com coco, bom, você vai saber. — Ela começou a rir finalmente achando a bendita chave, já estava com a bolsa e o necessário.
— Eu não vou fazer isso, ela tem leite aqui e mamadeira, mas não está pronto, e tem um pacote pequeno de fraudas fechado e um monte de coisa se higiene de bebê. — Ele disse para que a amiga pudesse sair de casa, sabia tanto quanto ela que o caso era grave demais para tanta demora.
— Bom, veja logo a fralda dela, porque precisamos eliminar algumas possibilidades. — A essa altura, já estava no carro e tinha colocado a ligação no viva voz do automóvel. — Ah, vê também se ela estava aquecida o suficiente, ela estava ou está enrolada em pelo menos um cobertor e com roupas quentes? — Já estava no meio do caminho, felizmente não morava tão longe da casa do amigo.
— Ela está embalada do jeito que eu a encontrei, estava enrolada em uma manta com um cobertor mais pesado em cima, você quer que eu desenrole ela da manta? — estava mesmo perdido tadinho, dava para sentir que o amigo estava ficando doido e se fosse só uma pegadinha, ele deveria mudar o nicho dele de cantor para ator.
— Claro que sim, as vezes ela não tá com roupas quentes o suficiente para ser deixada na porta da casa das pessoas nesse frio e claro, você vai ter que checar a fralda, então precisa desenrolar ela. — O tom de estava sendo calmo o tempo todo, o amigo já estava agitando o suficiente para que ela pilhasse ainda mais. Estava surtando por dentro, a possibilidade de ser real era assustadora para ela também.
— Está com um macacão de pelinho, igual aquela sua jaqueta rosa e com minis roupinhas por baixo. — Ele soltou uma risadinha, provavelmente achando engraçado as mini roupinhas que ela usava.
— Perfeito, não é frio, viu a fralda?
— Você não vai deixar passar, né? — Ele ria de nervoso.
— É que pode assar ela e depois você que vai sofrer, e é uma judiação, para de frescura e vê logo eu estou chegando. — A voz dela era mais séria naquele momento e soube entender a gravidade.
— Ok, ok. Pera aí…— Ele ficou um tempo em silêncio e pode ouvir um barulho de plástico abrindo.
— Espero que saiba fechar isso sem apertar ela depois. — disse do outro lado da linha, parando o corro em frente a garagem da casa dele.
— Porque você me assusta assim? Ela tá seca, o que eu faço agora? — parecia exausto.
— Abre a porta que eu te ajudo! — Ela sabia a senha da porta, mas não queria que um balde com alguma coisa gosmenta caísse em cima dela, ainda estava com um pé atrás sobre aquela história de neném, quem seria a maluca que largaria uma criança tão pequena ainda por cima sob a responsabilidade daquele homem?


Ele desligou a ligação e ela ouviu passos até a porta e um choro forte, que não acompanhava os passos, então, na cabeça dela poderia ser a tv, mas ele estava meio que trocando a pequena, então também fazia sentido ser um neném também. O choque de foi mesmo ter um neném com metade da fralda aberta e chorando muito no meio do sofá imenso que tinha na sala, agradeceu a Deus pelo amigo não ser tão irresponsável e ter colocado almofadas ao redor da bebê para que ela não caísse enquanto ele abria a porta.

— Meu Deus do céu, , é verdade! — passou por ele só colocando a sua bolsa na mão dele e saiu em disparada até o sofá.
— Você achou mesmo que eu tava te zuando? — colocou as coisas dela no móvel específico e foi até ela.
— Claro, você é o mais sem noção dessa terra! Achei que fosse trolagem e já estava preparada para te matar e te jogar no valão lá da esquina!
— Mas as pessoas iam encontrar meu corpo rápido.
— O intuito é esse e todos iam saber que não devem me pregar peças de manhã na minha folga.
— Eu tenho medo das suas brincadeiras. — disse rindo.
— Eu não estou brincando, não deveríamos estar tendo essa conversa enquanto a sua filha não para de chorar. Vai lá esquentar 200ml de água pra mim, e aproveita e ferventa essa mamadeira, não sabemos o que passou aí, a gente já sabe que a mãe dela é doida e…
— Pera aí , que papo é esse de filha? — nunca tinha arregalado tanto os olhos como estava fazendo ali e caiu na risada.
— Meu amor, olha a cara dessa criança, ela é cagada e cuspida você e ninguém deixaria de graça uma criança na sua porta, aposto que ela deixou uma carta para você em algum lugar, primeiro vamos alimentar ela e depois a gente procura. Vai anda logo. — Ela terminou de vestir a menina que não parecia ter mais que 4 meses, e a pegou no colo fazendo ela se acalmar, embora ainda choramingasse, podia ser fome, saudades da mãe, cólica por ter pego friagem, quente ela não estava, então não estava doente. queria logo ajudar a menina e ficou parado igual uma estátua com a cara do meme da Nazaré.
— Não é possível! — voltou à realidade quando jogou uma almofada nele.
— É possível sim, você transa, lembra? E uma dessas vezes deve ter sido sem camisinha, porque né? A gente sabe que mêses atrás, quando entrou na puberdade aos 26 anos comia tudo o que tinha buraco e a gente sabe também como são os hormônios na puberdade, então sim, eu acho que é imensamente possível e você acha que alguém que teve um romance com você ou sei lá, saiu com você na vida ia abandonar uma criança incapaz de se cuidar na sua porta se não fosse sua filha? Caia na real e vai logo para a gente procurar alguma pista da mãe dela, pelo menos do nome dela né? — carregava a bebê, a bolsa e o pote de leite, e empurrava para a cozinha para que começasse logo a fazer o que ela pediu.
— Mas
meu querido…— pegou a leiteira e encheu de água o suficiente para jogar na mamadeira e para fazer o leite, ainda segurando a criança nos braços e embora atordoado ficou impressionado, ele quase não conseguiu ligar para ela enquanto segurava a menina. Sabia que ela trabalhava com crianças pequenas na escola, mas não sabia que tinha tanta experiência assim, ela era a "prô" e eles conversavam sobre o trabalho dela, mas era realmente impressionante o tato que ela tinha com crianças. — O que está feito, está feito e embora eu ache de uma irresponsabilidade enorme largar uma criança na porta da casa de alguém, ela deve ter tido os motivos dela e essa criança é tão responsabilidade sua quanto dela, se quiser fazer um exame de DNA a gente faz, hoje em dia é menos invasivo e sai o resultado em horas, mas agora, ela sendo a sua filha ou não, a gente tem que focar no bem estar dela. Se você vai ficar e cuidar dela, se vai entregar para o conselho tutelar e ela vai ser adotada ou ficar na custódia do estado, a gente resolve depois, agora eu preciso que você ligue esse fogo, coloque essa mamadeira na pia ou pegue ela que eu faço. — O tom de era calmo, mas sério e conseguiu entender que cuidar da criança era prioridade naquele momento.
— Certo!

Eles fizeram, esterelizaram a mamadeira e fizeram o leite. Depois que ela mamou ficou mais calma e dormiu. Improvisaram o mesmo lugar no sofá e acomodaram a pequena.

Capítulo 2: O nome dela é Amélie.

— Pega a bolsa dela e o bebê conforto que ela estava. — sussurrou para e se levantou de onde estava para se sentar na mesa de jantar que graças a Deus e ao pequeno espaço daquela casa ficava na sala também, precisavam procurar por alguma coisa.
— Aqui! — colocou tudo em cima da mesa com cuidado para não fazer barulho.
— Bom vamos ver, um pacote de fraudas, duas latas de leite, duas mamadeiras, uma chupeta, duas trocas de roupa, mais uma mantinha e um envelope. — foi dizendo ítem por ítem para não deixar escapar nada.
— O que tem neste envelope? — que mexia no bebê conforto parou o que estava fazendo e deu atenção para a mulher.
— Está pesadinho, vamos ver agora. — Ela abriu o papel pardo e puxou o primeiro papel de lá. — Bom… Isso aqui parece ser uma carta. — Ela passou os olhos bem por cima, mas parecia mesmo uma carta redigida à mão.
— Vamos ler ela primeiro. — disse rápido, queria desvendar aquele mistério antes de saber o que mais tinha no envelope.
— Ok… "…" começou a ler com a voz afetada e baixa, como se estivesse dublando um personagem. —... espero que para o bem da nossa filha, você esteja bem, ou pelo menos melhor que eu… olhou para e abriu um sorriso vitorioso. — Eu sabiaaaa, eu te disseeee. — Gritou em voz baixa para não acordar a bebê.
— Mas isso não prova nad…
— Cala a boca , vamos ouvir o que a moça tem a dizer. — interrompeu a ladainha do amigo e voltou a atenção para a carta. — … Você não deve estar acreditando em mim com todo esse negócio de filha, pois saímos pouquíssimas vezes, mas eu tenho toda a certeza do mundo, é só olhar para o rostinho dela, ela é a sua cara e também, desde a época em que saímos até agora, você foi o único homem com quem eu transei, então não tem erro, claro que você pode também fazer um exame de DNA para acreditar nas minhas palavras. Sabe , eu tentei criar minha menina, não quis te falar nada, pois não queria que ficasse com a gente por dó ou formalidades e nem assumisse uma responsabilidade que era uma escolha minha, eu nunca ia tirar minha criança, e eu não sabia e nem sei qual seria a sua reação, enfim, eu falhei, não consigo criar ela sozinha, eu não tenho uma rede de apoio como você, você tem sua família por perto, seus amigos e você sabe, não sei se lembra, eu fui para um abrigo muito pequena, mas nunca consegui criar vínculo com nenhuma família com quem eu passei, sem irmãos ou família próxima e os  "amigos" que eu tinha se afastaram de mim depois que eu engravidei, eu quero viver a minha vida, , quero ir atrás dos meus sonhos, quero ser a estrela que eu mereço ser, então, como essa vida também é responsabilidade sua, cuide bem dela, o nome dela é Amélie, como aquela personagem do filme que gostamos, dentro desse envelope também tem a certidão de nascimento dela, carteira de vacinas, um documento consentindo que você assuma a paternidade e outra abrindo mão da minha parte da guarda, espero que ela seja feliz. Ass: Natalie"
estava vermelha, mas não como costumava ficar quando estava prestes a chorar e sim quando estava prestes a virar a mão na cara de alguém, a conhecia muito bem
— Essa vagabunda, como ela pode? Ela sabe o sentimento de ser abandonada pelos pais e faz isso com a filha, essa história de que não tem rede de apoio é balela, se ela tivesse te contato todos nós estaríamos do lado dela agora, e não era nescessário que se casassem se não quisessem, a gente não vive mais no século passado, quer seguir os sonhos? Pensasse antes de sair transando sem camisinha por aí, ou pelo menos tivesse contado para o pai da criança que estava grávida, ela com certeza conseguiria seguir os sonhos com a sua ajuda, meu Deus, que ódio, onde essa desgraçada mora, eu vou lá esfregar a cara dela no asfalto quente.
, se acalma. — disse, quando Amélie começou a resmungar no sofá, pelo barulho de coisa caindo, quando a mulher se levantou de uma vez da cadeira e derrubou o que estava no envelope.
Além dos documentos que ela tinha citado na carta ainda tinham alguns ultrassons e algumas lembrancinhas de quando a menina era uma recém nascida, como fotos e pequenos objetos.
— Como uma mãe pode abandonar uma filha, ? Como ela some assim, sem nem te dar a oportunidade de fazerem isso juntos, ela é sua obrigação também, mas… — começou a soluçar, parecia que ela não tinha um coração, porque era a mulher mais durona que conhecia, mas ele sabia o quão doce e incrível ela era, sensível e amorosa, fiel e amiga. As lágrimas quentes escorriam pelas bochechas dela. — ela precisa de uma mãe, ela precisa de todo amor do mundo, não de ser abandonada desse jeito, o que a gente vai falar para ela quando ela perguntar porque as outras crianças têm mamães e ela não?
estava mesmo muito chateada, conseguia ver em seu semblante e no tom de voz dela também.
 — Ela não vai sentir falta de uma mãe, ela vai ter você na vida dela, quem tem você na vida não precisa de mais nada, eu posso garantir, agora a gente precisa resolver isso não é? — pegou as mãos de com delicadeza e acalmou a mulher, não que ele estivesse levando de boa todo aquele rolê, mas sabia que era difícil a amiga ficar naquele nível de chateação e caindo na real, ele ia mesmo precisar resolver aquilo.

— O que você quer fazer primeiro? Hoje é feriado, então não vamos conseguir resolver as coisas burocráticas. — Depois de se recompor, disse, arrumando as coisas que estavam espalhadas pelo chão.
— Hmmm, que tal irmos às compras? Não acho que seja confortável dormir no sofá. — disse pegando as coisas que tinha juntado e agrupando para guardar no armário da sala onde absolutamente todos os seres humanos que frequentavam a casa dele sabia que ele guardava seus documentos e coisas importantes para não perder.
— Ainda bem que eu tô de carro, mas você não acha que a gente deveria contar para a sua família? — arrumava algumas coisas na bolsa da bebê, para que não passassem dificuldades na rua.
— Eu acho que manter ela confortável é a minha prioridade, sabe, meu pai vai vir com um milhão de perguntas, minha mãe querendo se meter e o , sabe como ele é, é o irmão mais velho, mas parece que ele tem 5 anos de idade. — conseguia ver a exaustão na fala de , conhecia BEM a família dele também, sabia como eles eram amáveis, mas que sufocavam muitas vezes.
— Tá bom, hoje fazemos as compras necessárias, e amanhã falamos com as pessoas que temos que falar, você com a sua família e eu com o nosso advogado. — tinha terminado de arrumar as coisas e eu estava esperando se arrumar, não ia para o shopping com ele de pijama, já bastava ela, embora, aquele pijama fosse belíssimo e nem parecesse um.
— Que escritório de advocacia vamos contatar em ponte de feriado? — nem deixou que a amiga respondesse e já caiu em si. — Ah não, aquele João bobão não! — Protestou fazendo um bico e cruzando os braços.
— Olha, é o meu melhor amigo e é um ótimo adv…
— Alto lá! Eu sou seu melhor amigo. — sabia que a maior birra que sentia de era pelo fato dele ser um dos melhores amigos de e ele sentia ciúmes de suas amizades sim, às vezes parecia que ele tinha 13 anos e ele não ligava.
— Meu OUTRO melhor amigo é um ótimo advogado, provavelmente não vai cobrar nada da gente e não o chame de João bobão, ele é muito competente. — sentia orgulho de todos os amigos, mas com era diferente, ela o admirava, ele era um ser humano magnífico, além de lindo, atencioso, carinhoso e um excelente amigo, não tinha como reivindicar o posto de melhor amigo somente para si, ele tinha que aceitar que ocupava um espaço imenso na mesma salinha que ele no coração dela.
— Mas…
, a gente já vai gastar dinheiro com muita coisa, porque não pensamos no futuro da Amélie e poupamos dinheiro, não sei se você sabe, mas fralda é caro e gasta muito e leite é caro também, quando a gente chegar no hipercenter você vai ver, por favor, vamos falar com o , ele é gente boa, você devia dar uma oportunidade para ele.
— Como assim a gente?
— Caia na real, quanto dinheiro guardado você tem? E o seu limite de crédito? Você é um músico independente meu amado ou seja, zero de estabilidade financeira e acabou de investir seu fundo para emergência naquele projeto com os rapazes. Eu, como sou uma pessoa precavida, tenho bastante dinheiro guardado e ainda uma carteira assinada, então sim, a gente e…
— Mas isso é responsabilidade minha, você não tem que dar dinheiro ou pagar alguma coisa, eu tenho que me virar.
— Meu mel, não é porque a filha é sua que você tem que aguentar e fazer as coisas sozinhos, você disse que ela não vai sentir falta da mãe porque eu vou estar ao lado dela, não disse? Então me deixa estar do lado de vocês, afinal, eu sou a tia preferida dela e se isso não for o suficiente para você, eu viro a madrinha e sabe o que os padrinhos fazem? Eles cuidam dos seus afilhados na ausência dos pais, então, na ausência da mãe dela, quem vai ajudar a criar sou eu, e eu não quero saber de protestos, eu já decidi isso e se o seu "se virar"... — Fez aspas com os dedos — … for pedir ajuda financeira para os seus pais, você já sabe que vai virar refém, eles vão te fazer procurar um emprego de verdade, tá, isso eu deveria fazer também. — Ela riu. — E todas as coisas pelas quais não quer contar para eles agora vai se agravar em 1.000%. Sabe, eu não vou me meter na sua vida, eu só vou ajudar a Amélie a ter uma vida mais confortável. — disse com sinceridade, ela sabia da condição do amigo, sabia que a música era tudo na vida dele e mesmo ela brincando sobre não ser uma profissão, ela sabia que ele se virava bem e estava prestes a abrir um estúdio em sociedade com os 3 amigos e companheiros de música, então, até o negócio dar certo ninguém sabe quanto tempo demoraria.
— Tudo bem, mas eu vou te pagar de volta e…
— Santo Cristo, , eu não vou discutir isso com você, então, vá trocar de roupa para que possamos começar às compras.
Claro que ele tocaria no assunto em outra oportunidade, não seria o que ela conhecia há anos se não fosse daquela forma, mas evitaria o máximo possível, não iria debater aquilo, não estava fazendo ou planejando fazer nada por dó ou qualquer outro sentimento ruim, ela queria e iria ajudar o amigo e mais que tudo a criança, a pequena não tinha culpa de nada naquela situação e ela faria de tudo para amenizar aquela loucura para aquela menina.

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— Eu sabia que essa fralda estava apertada. — disse ao pegar alguns pacotes da fralda M na mesma marca que a mãe tinha deixado na bolsa de Amélie, pelo fato de não estar assada quando a trocou para saírem, sabia que ela se dava bem com a marca.
— É, aqui nesse pacote tá P. — verificou mais uma vez, estavam tão atônitos com todas as novidades antes que nem repararam que a fralda que a mulher deixou era pequena demais para Amélie, talvez não a incomodasse tanto, porque não estava muito pesada, mas mesmo assim, ainda apertava em um pouco e devia não devia ser confortável
— A gente precisa marcar um pediatra para ela o mais rápido possível, acho que está abaixo do peso. Falando nisso, depois que terminarmos aqui vamos ver os leites. — disse indo até a sessão de pomadas e lenços umedecidos. — Olha, a gente vai levar uns só para emergência, mas vamos limpar ela com algodão e água, entendeu? Vamos comprar bastante algodão e sabonete líquido. Meu Deus, é coisa demais para lembrar, acho que você devia fazer um chá de bebê. — riu, mas não muito alto, estava carregando Amélie no "canguru" que dormia enquanto eles faziam aquelas compras, ainda iam passar em lojas de roupas e móveis então, podia deixar a menina descansar um pouco.
— Você acha? — a olhava com um olhar de filho, parecia que ela era a mãe dele e ele estava prestes a ser educado.
— Olha, não seria ruim não, a gente vai ter que comprar o grosso, mas seria legal fazer uma festinha para apresentar a Amélie aos nossos amigos e ganhar presentes, olha o preço do pacote de fraudas mais baratinho. — tinha falado na brincadeira, mas parando para analisar não era um mau negócio.
— Podemos ver isso sim, eu preciso contar mesmo para os caras que agora eu sou pai de família e vou precisar que a gravadora dê certo ou dê certo. — Ele riu, indo até a prateleira com algumas coisas de bebê, por sorte aquele mercado era completo e eles acharam tudo o que precisavam para higiene e alimentação da neném.
< Seguiram para o shopping mais próximo, lá também era um lugar completo, tinha loja de tudo, incluindo roupas para bebê e móveis.

Estavam saindo da segunda loja de roupas quando o celular de começou a tocar, nesse momento Amélie estava acordada e era ele quem a carregava.

— Alô! Mãe, aconteceu alguma coisa? — atendeu assustado, a mãe dificilmente ligava, geralmente mandava mensagem ou ia até ele pessoalmente.
— Meu filho, o que está acontecendo? Eu vim até a sua casa e você sabe, eu tenho a senha e tudo mais e eu toquei a campainha e você não atendeu, daí eu entrei e vi coisas de bebê espalhadas pela sala…
Nesse momento Amélie se sentiu desconfortável e começou a choramingar.
, você está machucando ela, me dá, deixa que eu pego, quando terminar essa ligação quero que pegue aqueles bodys que estão naquela sessão, são do tamanho dela e estão baratinhos, eu vou ver se ela quer mamar. — pegou a menina do canguru que continuou vestindo e saiu para longe dele, pegando a mamadeira na bolsa que ele carregava.
— Mãe, eu preciso te contar uma coisa — Ela já tinha descoberto mesmo, pelo menos não faria drama de ser avisada por último e blá, blá, blá.
, essa voz aí no fundo era a , vocês… meu Deus, ela teve um filho seu e você não me disse nada, ai minha pressão…


Capítulo 3: Olá Vovó.

— O que? Não mãe, não é nada disso…
— Não minta para mim , eu te coloquei no mundo, como vocês puderam esconder isso de mim? Eu sempre apoiei a relação de vocês, mesmo vocês jurando que eram só amigos, essa foi a maior traição que vocês puderam fazer comigo, eu vi não tem um mês e ela não me falou nada. — ouviu a mãe fungar do outro lado da linha.
— Como eu pude ter um filho com se você viu ela não tem nem um mês e seis meses atrás vocês estavam se vendo quase todos os dias por conta daquela promoção do mercado que fica perto da sua casa? — entendia que a mãe talvez estivesse em estado de choque, mas não tinha mais tempo para dramas, precisavam terminar as compras e ainda faltavam os móveis e o carrinho.
— O que isso tem a ver? — A mulher estava mais agressiva naquele momento.
— Quer dizer que a conta não fecha, minha senhora, se ela não estava grávida há seis meses atrás e nem há um mês. E as roupas que eu tenho certeza que você mexeu, são de uma criança de que idade? Pelo menos uns 3 meses! Então me deixa explicar, por favor? — foi o mais paciente possível, nem parecia que tinha surtado também há algumas horas atrás.
— Está bem, me explique direitinho. — Ela pigarreou esperando que ele falasse.
— Tá, mas te explico quando eu chegar em casa, estou no shopping com as meninas e temos que terminar de comprar umas coisas, pode ir para a sua casa mamãe, nós falamos mais tarde, te amo.
— Meninas?

Mas antes dela terminar de falar, desligou o celular e respirou fundo, sentindo a tensão do momento se dissipar ligeiramente. Ele olhou para , que estava ao seu lado, segurando Amélie nos braços.
— Era a sua mãe? — perguntou apreensiva.
, estou em pânico! Minha mãe está convencida de que você estava grávida e nós escondemos isso dela! — Ele riu um tom nervoso, conhecia a mais velha como ninguém, seria difícil fazer a mulher entender.
— Grávida?! Mas eu... Eu nem tive tempo de comer um pote de sorvete sozinha, imagina gerar um bebê!
Enquanto faz um gesto exagerado de espanto, começou a imitar os cálculos matemáticos da mãe, exagerando nos movimentos das mãos e nas expressões faciais.
— Ela contou os meses, fez equações... Foi tipo "CSI". Eu explique para ela que era impossível, porque ela te viu mês passado e há alguns meses atrás, mas sabe, acho que ela não estava convencida. — Ele foi andando até a sessão de bodys que ela tinha indicado antes.
soltou uma risada nervosa, imaginando a mãe de como uma detetive obstinada.
— Será que ela está tomando algum remédio controlado ou bebendo mimosas logo de manhã? Ela é uma mulher esperta, não é possível… Quer dizer, ela é sua mãe, é possível sim! — riu, seguindo e escolhendo mais algumas roupas enquanto Amélie brincava com um brinquedo de morder que eles acharam nas coisas dela mais cedo.
riu, imaginando sua mãe como uma espiã matinal.
— Não sei, , mas acho que seria bom se você pudesse conversar com ela depois, sabe, talvez ela acredite mais em você ou sei lá.
faz uma pose teatral, imitando uma negociadora habilidosa.
— Sabe, eu te disse para contar para eles primeiro, mas é claro, eu posso tentar, mas não garanto que ela vai acreditar. Afinal, ela já fez uma investigação mais minuciosa do que a CIA.
faz uma expressão dramática, como quem pede desculpas e súplica com o olhar para que a amiga o ajude mais uma vez.
— Estamos em uma situação digna de um filme de espionagem familiar.
— Parece que toda a sua família precisa de uma ajuda psiquiátrica. — Ela riu e por mais improvável que parecesse, riu também.
e trocam olhares cúmplices, prontos para enfrentar a loucura que era aquela mulher.
— Mas vamos terminar as compras e depois resolvemos tudo, certo? — Ele tentou manter o tom tranquilo, apesar da confusão que pairava sobre eles naquele momento.
— Viemos aqui para isso, não é mesmo! Ainda precisamos comprar as coisas mais importantes, um carrinho para colocarmos essa belezinha para passar menos tempo apertada na gente. Não é meu amor? — Fez voz de neném enquanto falava com Amélie e voltou a atenção para . — O berço, e uma cômoda para colocar todas essas roupinhas e brinquedos que já compramos. Sabe o que vai ser ótimo também? Aquelas cadeirinhas que o bebê fica deitado e a gente balança sabe? Acho que vi uma naquela loja de móveis infantis. — A medida que falava fazia cara de espanto, achou que não demorariam muito ali, ainda tinha a questão da família que quando saíssem dali todos os membros da familia já saberiam que ele era pai e todo o resto, mas tinha que aceitar e viver aquilo com confiança, afinal, aquela vida era responsabilidade dele agora.
Depois de todas as roupinhas necessárias para aquele primeiro momento, porque claro, não deixou que levasse a loja toda, porque a menina ia crescer e perder metade das roupinhas que ele queria levar, foram direto para a loja de móveis que também tinham os carrinhos e outras coisas que eles iam precisar também.
Para o carrinho escolheram um modelo Fisher Price passeio 2 em 1, dobrável moisés, modelo Jazz na  cor preto já o berço foi o de cabeceira baby delight beside me dreamer bassinet & bedside sleeper, daqueles que encostam na cama, preferiu, pelo menos naquele primeiro momento em que precisavam se adaptar à nova rotina, e aquele modelo também se transformava em um berço solo para o quarto dela que eles iam montar no futuro. Embora o berço fosse na cor preta para combinar com os móveis do quarto do homem, era lindo, e já estava procurando kits berço para deixar um pouco mais feminino e delicado. Daí saíram os travesseiros, protetores de berço, mosquiteiro, enxoval e tudo mais que precisavam para a boa hora de sono da pequena. Compraram também uma cômoda e a cadeira de descanso e balanço dobrável Spice na cor rosa. que além de linda era super funcional e ia agradecer a amiga depois daquele investimento.
Por sorte tudo coube perfeitamente no porta malas do carro e no espaço do banco de trás e do carona, já que foi atrás com a bebê.
Quando chegaram a casa de tinha passado da hora do almoço, as coisas de Amélie estavam arrumadas e agrupadas em um canto e o cheiro maravilhoso de comida que sentiram ao estacionar em frente a casa anunciou que lá havia uma senhora ainda esperando por eles e fazendo o almoço.

— Filho… — A mulher disse com um avental pendurado no pescoço e um pano de prato enxugando as mãos quando ouviu a porta abrindo e vendo uma com um bebê conforto pendurado em uma das mãos junto com umas sacolas e as chaves na outra.
— Olá senhora , pode dar uma olhadinha na Amélie rapidinho, vou ajudar o com as compras, ela está dormindo, vou deixar-la aqui no sofá, obrigada! — disse com pressa deixando as coisas junto com a menina no sofá e deixando uma senhora parada no passagem da cozinha para a sala, imóvel e pálida ao ver a bebê no bebê conforto e as sacolas com as roupinhas que eles tinham comprado.

Capítulo 4: Bem vinda a família.

Depois de tudo descarregado e colocado em seu devido lugar para a montagem, e , embora exaustos, estavam famintos, nem lembravam se tinham tomado café da manhã e o cheiro do almoço inebriava todos os sentidos.
Chegaram até a sala, já que, foi até o carro para colocar na garagem e eles tirarem as compras mais confortavelmente pelo acesso da garagem na casa que ficava mais perto das escadas também e por este motivo não tinham passado pelo cômodo novamente e encontraram a senhora cantando uma musiquinha de bebê, que ela costumava cantar para quando ele era pequeno.
— Mãe, a gente pode conversar? — perguntou, chegando perto da mulher que estava tão envolvida com a canção que nem tinha percebido que eles estavam ali.
— A gente precisa explicar direi… — Um barulho de estômago roncando fez parar o raciocínio no meio.
— Vamos almoçar primeiro? Aposto que essas compras deixaram vocês com fome. — A mais velha disse em um tom estranhamente calmo, pegou o bebê conforto e o levou até a mesa de jantar, que já estava posta.
— Jubileu…
— Está estranho!
completou a frase de , mas eles estavam com tanta fome, que nem estavam muito chocados com o fato de que parecia que a mulher tinha sido abduzida e trocado de skin com outra pessoa.
— Eu cuido dela enquanto vocês comem. — Ela tinha colocado a cadeirinha do carro que Amélie estava em uma cadeira ao seu lado e estava esperando que os outros sentassem.
— Senhora , eu sei que pode parecer estranho, porque estou em uma situação assim com o seu filho, mas eu garanto que, embora eu já cuide da sua neta como se fosse minha filha, ela não nasceu de mim, a gente tem como provar e…
— Eu sei , agora eu sei! — embora trajasse um belo sorriso nos lábios, seu tom era de tristeza e solidariedade de uma certa forma.
— Como assim a senhora sabe? Fez um escândalo no telefone mais cedo. — perguntou e deu um tapão na cabeça do homem que estava sentado ao seu lado. — Aí, isso doeu. — Ele reclamou.
— Cala a boquinha, ela disse que sabe, então ela sabe, dá para parar de me colocar em uma situação difícil? — disse entre dentes, sorrindo  e pensando que estava disfarçando a bronca que estava dando nele da mãe.
— Eu encontrei a carta e tudo mais, eu entendi agora o que o irresponsável do meu filho e daquela mulherzinha fizeram e que nem você  e nem a minha neta tem culpa disso. Eu agradeço sua ajuda até aqui, mas você tem coisas maiores em se preocupar, como arrumar um marido, construir uma família e essas coisas das moças da sua idade, então, pode deixar que daqui em diante eu vou cuidar da minha neta. — Ela sorria um sorriso doce e genuíno, o que deixava a situação toda muito bizarra, parecia mais que ela estava possuída do que abduzida.
— Que história é essa de dispensar a pessoa que EU chamei para me ajudar nessa situação e esse papo de "eu vou cuidar da minha neta"? — que até o momento só usava a boca para encher de comida disse incrédulo com as falas da mãe, quer dizer, não tão incrédulo assim, sabia como a mais velha gostava de controlar as coisas.
— Você acha que vai dar conta de uma criança sozinho? — A gargalhada que saiu do fundo da garganta dela era tão espantosa quanto ela querer impor que arrumasse um marido, quando todo mundo sabia que casamento era a última escolha de sua vida.
— Ele não vai estar sozinho, senhora , não sei se a senhora leu a carta toda, mas nela a Mãe da Amélie diz que confiou a vida da filha nas mãos de , porque ele tem uma rede de apoio, ele tem com quem contar, não vai ser um momento fácil, não estão dizendo que ele vai tirar de letra, mas seu filho é um homem adulto, que tem que arcar com as próprias consequências e eu vou estar aqui, porque eu fiz uma promessa a sua família toda quando virei melhor amiga do seu filho de que nunca o deixaria na mão, porque eu sei que ele nunca me deixaria também. — era firme nas palavras, mas em momento nenhum desrespeitosa, sabia como era o relacionamento e os egos daquela família, ela os conhecia há muito tempo. — Eu espero do fundo do coração que a senhora não fique chateada com a decisão que seu filho está tomando de assumir essa paternidade, como tem que ser, e que ainda possamos contar com a sua ajuda sempre que precisarmos. Mas não se preocupe, sua neta estará em boas mãos, eu moro aqui perto e vou estar aqui sempre.
ficou tão atônito e sem palavras quanto a mãe. A aura de leoa protegendo seu filhote exalava da mulher, embora, é claro, sem nenhum tipo de agressividade ou falta de respeito. achou lindo que desde o primeiro momento, teve consideração e apego com aquela criança, mesmo quando ele mesmo questionava a paternidade, mesmo quando ele não sabia o que estava acontecendo. Ele sempre admirou a amiga, porque ela corria atrás dos sonhos, era batalhadora, trabalhadora e decidida, mas cada segundo que passava parecia que ela brilhava mais, como algo precioso, que ele facilmente passaria o resto da vida admirando. Ele sentia orgulho do ser humano, e do adulto que a melhor amiga de anos tinha e estava se transformando.
— Eu acho que isso não é uma questão a ser discutida. — A mais velha disse, depois de se recompor daquelas palavras que ouviu de .
— Eu concordo. — disse, se levantando da cadeira ao lado de , dando a volta na mesa e indo até a filha que brincava com os pés. — Não vamos mesmo discutir sobre isso com a senhora, mãe, a Amélie é a minha filha, e eu vou cuidar dela, eu vou me virar e dar um jeito. E como a disse perfeitamente, espero que ainda tenha seu apoio e ajuda, quando eu precisar, mas eu não vou deixar que criem essa criança longe de mim, ela já foi abandonada por um adulto de confiança uma vez, não vou permitir que essa criança se sinta abandonada, eu sei mamãe. — disse aquela última parte com uma voz afetada conforme ia pegando a filha do bebê conforto e balançando a pequena no ar.  — Filho, eu só quero o seu bem, você vai poder continuar sustentando a sua filha e isso é quase como se estivesse criando. Agora vai ter que arrumar um emprego de verdade e empregos de verdade não te dão flexibilidade de horário para cuidar de crianças e você não tem nenhuma experiência com isso, sabe, nem com crianças e nem com empregos de verdade…
— Senhora , a senhora pode me desculpar, mas nos meus anos trabalhando com crianças, o pai que só sustenta não é a mesma coisa do pai que acompanha o crescimento, desenvolvido e formação do caráter da criança, além de não criar quase vínculo nenhum, que somente o financeiro, eles não sabem qual foi a primeira palavra da criança, quantos anos tem, quanto pesa, qual seu animal favorito, o que elas gostam de fazer, o que acalma elas. Eu sei que a senhora nunca viveu uma família disfuncional, pois vem de uma boa estruturação familiar, com pais, avós, tios todos casados e com suas famílias, embora isso não signifique necessariamente uma família funcional, mas a gente pode deixar esse papo para outra hora. — Tomou um gole de água, porque percebeu que estava falando e quase esquecendo até mesmo de respirar. — Mas sabemos que a senhora tem um casamento sólido e que o pai dos meninos é hiper presente na vida deles. Assim como a senhora é…
— As vezes é até demais. — murmurou enquanto caminhava com Amélie nos braços, até a cadeira que estava antes, ao lado da mulher.
simplesmente ignorou o comentário do amigo, fingindo que ele não tinha falado nada e retomando para a fala.
—... E não sabe como uma criança de pais ausentes sofre, no início é doloroso ver como elas criam independência precoce ou então uma dependência emocional do parente que as criam, com medo de que esse também vá se ausentar e depois a gente sabe, cresce e vira um adulto cheio de traumas e essas coisas que estamos cansados de ver todos os dias. — Ela sempre ficava triste quando tocava naquele assunto. — Sabe, eu sei que nem todo relacionamento parental faz bem para a criança, já vi casos de negligência que uma avó como a senhora salvaria a vida da criança, mas a gente sabe que aqui é diferente, a senhora é a primeira a saber o que eu acho da falta de responsabilidade que o tem às vezes, é o desvio de caráter dele, mas dessa vez é diferente, e como eu disse, eu confio nessa decisão dele e vou estar ao lado deles a todo tempo, eu serei a primeira a ligar para a senhora vir buscar sua neta se esse cabeça oca — Deu um tapa de leve na cabeça do rapaz que estava ao seu lado. — estiver fazendo tudo errado. Então, por favor, não se ofenda com a vontade dele de ser um pai responsável e seja uma avó presente na vida dessa criança, ela vai precisar de todo amor possível, depois que aquela mulher a abandonou. Não faça com que o pai a abandone também.
Mesmo com o tapão na cabeça, até ficou emocionado com o discurso da mulher, a única coisa que ele pensava em fazer para que a mãe se mancasse era falar "a filha é minha e eu não vou te dar ela, não está satisfeita, a porta é a serventia" , mas sabia que era muito mais racional que ele e que ela sabia que qualquer atrito a mãe o ignoraria e ignoraria a criança também, pelo menos por um tempo e eles não tinham aquele tempo a perder, embora trabalhasse com crianças, a única pessoa naquela conversa que tinha colocado no mundo e cuidado 24 horas por dia de um bebê era a mais velha e eles precisariam dela com a mais absoluta certeza.
— Tudo bem! Eu vou me comportar como uma avó, mas, por favor, me promete que vai me dando notícias? Meu coração vai ficar apertadinho.
A mais velha tinha baixado a guarda naquele momento, podia ser orgulhosa e egoísta o quando fosse, mas sabia que tinha razão, tudo o que ela disse era verdade, deveria ser pelo menos, ela trabalhou e trabalhava  com muitas crianças durante aqueles anos que tinha se formado em pedagogia. Se ela não soubesse, ninguém mais saberia.
— Ok, eu mesmo te aviso mãe, agora eu acho que a senhora deveria voltar para a casa, o papai deve estar preocupado, a senhora está a manhã toda fora e já é hora do almoço, duvido que o vá cozinhar, ele vai para o restaurante mais tarde. — As defesas de também estavam desarmadas, eles pareciam mais civilizados aquela altura.
— Eu acho que você deveria acompanhar a sua mãe e conversar com os outros, o que você acha? — mantinha o tom doce enquanto questionava sobre a próxima decisão, e a senhora "shippava" os dois mais ainda naquele momento.
— Acho que não tenho muitas escolhas não é? Mas você vem comigo? — Sentia que precisaria da mulher com aquele discurso incrível ao lado dele todas as vezes que alguém fosse questionar a sua responsabilidade com aquela criança.
— Eu acho que isso é um assunto de família , eu não posso me meter nessas coisas assim, vai acabar pegando mal.
sabia que havia um limite ou deveria haver um limite até onde ela poderia se meter naquele assunto de família, com a senhora era diferente, pois ela estava achando que aquela criança era dela no início, mas com o senhor e o irmão de as coisas eram mais embaixo, não é mesmo?
— Mas você é da família, você mesmo disse que ia me ajudar com a Amélie, e eu preciso da sua ajuda agora. — fez um beicinho e quase derreteu, porque era o mesmo que Amélie fazia quando ia começar a chorar, era impressionante a semelhança dos dois, mesmo com aquele tempo tão curto de convivência entre eles.
— Venha conosco , talvez assim a gente evite do meu marido ter um ataque cardíaco. — A senhora disse se levantando da mesa e tirando o avental que usava, para guardar no lugar em que achou.
  — Tudo bem! Eu vou, porque a conversa provavelmente vai ser longa e eu posso ficar tomando conta da Amélie enquanto isso acontece. Ela vai querer descansar, já saiu bastante, deve estar cansada. — disse juntando a louça da mesa e colocando na máquina de lavar louça e depois pegou o que sobrou e guardou na geladeira. permaneceu sentado à mesa brincando com a filha.

                     
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estava nervoso enquanto dirigia em direção à casa dos pais, acompanhado por sua mãe que estava sentada no banco do carona e Amélie na cadeirinha ao seu lado no banco de trás. A brisa suave da tarde que entrava pelo vidro aberto do automóvel acalmava seus nervos, mas a notícia que estava prestes a compartilhar com os outros membros importantes da sua família, ainda pesava em seu coração.
Ao chegarem à porta da casa dos pais de , a mãe abriu a porta suavemente. O pai de , estava perto da porta com um sorriso caloroso. A senhora avisou que estava chegando, então, como de costume, quando ela saia sem ele e ele estava em casa, resolveu esperar a mulher na porta.
Surpreso ao ver e acompanhados pela esposa, o mais velho disse:
— Oi, pessoal! Que surpresa agradável. O que os traz aqui?
Aparentemente ele não tinha percebido Amélie com as perninhas balançando no canguru que o filho usava, nem a bolsa escandalosamente rosa pendurada nos ombros de .
— Querido, precisamos conversar sobre algo importante. — A senhora disse com um olhar sério e compreensivo.
— Claro, venham, entrem. — O homem disse notando a seriedade e abrindo caminho para que todos passassem.

Eles se foram para a sala de estar, onde , o irmão mais velho de , estava assistindo televisão.
, mãe, , o que está acontecendo? — disse levantando o olhar da tv para todas aquelas pessoas na sala, inclusive percebendo que o irmão carregava algo a mais.
— Pai, , eu tenho algo para contar. É sobre Amélie. — disse fazendo menção a criança que continuava com as perninhas balançando no canguru.
— Amélie? Quem é Amélie? — Senhor perguntou surpreso, notando finalmente a garotinha ali.
— É sobre a filha do , senhor . Uma criança que foi deixada hoje pela manhã na porta dele. — disse intervindo, prometeu que não se envolveria, mas lá estava ela, envolvida até o pescoço.
— Como assim você é pai, ? — O mais velho disse incrédulo.
— Sim, pai. Amélie é a minha filha. Ela foi deixada na minha porta e eu decidi cuidar dela. — Ele disse firme, segurando o canguru como se fosse uma barriga de grávida.
parecia congelado processando a informação.
— Meu filho, isso é sério. Você está preparado para isso? — Senhor perguntou olhando para o filho com preocupação e um certo orgulho.
— Sim, pai. Eu sei que é um grande desafio, mas estou disposto a enfrentá-lo. — disse determinado.
— Eu acho que você será um ótimo pai para Amélie. — finalmente disse, depois que foi em silêncio até perto do irmão e viu a garotinha dormindo com a cabeça apoiada no peito dele. — Claro que eu serei um tio ainda melhor, porque sou mais legal e muito mais bonito. — Ele riu, aquela risada esganiçada e contagiante dele. — Conte conosco para o que precisar. — Finalizou, quando queria, sabia se comportar como um irmão mais velho.
A conversa continuou, com explicando mais detalhes sobre Amélie e como eles estavam lidando com essa nova fase da vida. No final, mesmo com a surpresa inicial, a família de mostrou-se solidária e disposta a apoiá-lo nessa jornada como pai.

Capítulo 5: Sr. Advogado

O escritório de era acolhedor e discreto, com estantes cheias de livros e certificados emoldurados nas paredes.
tinha ligado previamente para o amigo e explicado a situação, então, mesmo sendo ponte de feriado, ele aceitou receber os dois, para aquela orientação juridica.
sentia a tensão de enquanto ele segurava os documentos deixados pela mãe de Amélie. Ela o acompanhava não apenas como amiga, mas como alguém que ele sabia que podia confiar naquele momento. E para ajudar a cuidar da neném, que respirava tranquila em seu colo, enquanto tirava o cochilo da tarde. , sentado atrás da mesa, ajustou os óculos e analisou os papéis em silêncio antes de começar a explicar o que precisava saber.
, esses documentos significam que a mãe de Amélie abriu mão da guarda e da responsabilidade legal dela. Ao assinar, você estará assumindo a paternidade e a guarda total — disse , olhando diretamente para ele. — Isso significa que, de agora em diante, você será o responsável integral pela vida dela.
suspirou, absorvendo as palavras. Ele sabia mais ou menos o que aquilo significava quando leram a carta e viram os documentos, mas ali, na sala de um advogado, pareceu que peso daquela responsabilidade, que vinha e ia era esmagador.
— Eu… eu não tenho certeza se estou pronto para isso — ele confessou, a voz baixa e cheia de insegurança. — Sabe, eu aceitei que sou o pai dela, mas tudo está acontecendo tão rápido. Não sei se tenho capacidade de ser o único responsável legal de tomar decisões sobre a vida da Amelie.
apertou levemente a mão dele, um gesto silencioso de apoio, e o observou com um olhar compreensivo, deixando de lado um pouco o papel de advogado. Embora não fosse próximo de , nesses anos todos em que muitas vezes era a mãe que ele tinha de acolher e apoiar, sabia que ele precisava de uma palavra que viesse de fora de seu seio familiar.
, ninguém está realmente pronto para ser pai ou assumir tamanha responsabilidade sobre a vida de outra pessoa. O que importa é o compromisso e o amor que você está disposto a oferecer. A decisão da mãe de Amélie de abrir mão da guarda foi definitiva, e é claro que ela confiou em você para cuidar dela, além disso, agora ela só tem a você mesmo, pode parecer assustador, mas aposto que nem sua família e nem seus amigos, te deixaram sozinho nessa. — Olhou primeiro para a mão livre de que segurava a mão dele e depois para o rosto de , que olhava atento suas palavras.
respirou fundo, os olhos baixos. Ele sentia uma mistura de medo e uma responsabilidade imensa, mas também uma necessidade de fazer a coisa certa por Amélie.
— E se eu não for capaz? E se eu errar com ela? — perguntou ele, a voz embargada.
trocou um olhar significativo com , antes de dizer, com firmeza:
— Você vai errar, . Todos erramos. Mas você estará presente, fazendo o melhor por ela. Esse é o maior presente que você pode dar. Ser um pai presente é muito mais importante do que ser perfeito.
Houve um momento de silêncio enquanto deixava aquelas palavras penetrarem. Ele olhou para , que assentiu com um sorriso suave.
— Eu vou assinar os papéis — disse ele finalmente, tomando coragem. — Amélie merece alguém que a ame e cuide dela. Eu vou fazer o meu melhor para ser esse alguém.
sorriu e começou a preparar a documentação, enquanto sentiu uma onda de alívio e orgulho ao lado dele.
— Eu não sei nem como te agradecer. — disse a , apertando o mais alto em um abraço. segurava a filha que já estava acordada e brincava com as próprias mãos.
— Você sabe que é sempre um prazer para mim poder te ajudar, não é o primeiro caso de criação solo que trabalhamos juntos e eu gostaria que fosse o último, mas a gente sabe como essa sociedade e o abandono parental é. — Ele sorriu exibindo os dentes irritantemente brancos e as covinhas mais fofas do mundo, mesmo querendo dar um chute, por todo aquele discurso dele, tinha que admitir que o cara tinha um sorriso lindo.
— Te pago um jantar então, em gratidão, de todos os casos que te trouxe até agora esse é o mais especial para mim e eu preciso de agradecer de maneira mais efetiva. — parecia que ia derreter de tanto que sorria e embora também estivesse grato por todo aquele aconselhamento jurídico gratuito, estava achando toda aquela lambeção dos dois insuportável.
— Não precisa pagar jantar para ele, quanto que custam seus honorários? Eu pago. — Ele não conseguia esconder o tom de voz carregado de ciumes e incomodo com aquele papo dos dois.
— Não sera necessário, , todo amigo da , é meu amigo também, e eu fico extremamente feliz por poder ajudar um amigo, principalmente em um caso tão interessante, como o seu. — Ele abriu novamente aquele sorriso que detestava profundamente.
— Não vamos mais ocupar o seu tempo. — pegou a bolsa de Amelie que descansava em uma terceira cadeira a frente da mesa e se posicionou para porta de saida do escritório. — A gente vai se falando para marcar o Jantar. — Sorriu é mandou um beijo no ar para o amigo, antes de sair e ser seguida por e Amelie.
o final do encontro, saíram do escritório com o caminho mais claro, e , apesar das dúvidas, sabia que estava tomando o primeiro passo para ser um pai de verdade para Amélie. E depois da assinatura daqueles papéis, não tinha como voltar atrás.
— Até que seu amigo é bom! — disse assim que eles saíram do estacionamento, com no volante, indo em direção a casa dele.
— Ele é o melhor, eu confiaria minha vida jurídica de olhos fechados na mão dele. — Pelo retrovisor conseguia ver o sorriso enorme que deu depois de pronunciar aquelas palavras e aquilo o incomodava demais.
— Faz o favor de não babar, eu só trouxe fralda de boca para a Amelie. — O tom de ciúmes estava presente e sabia, mas aquilo a divertia, morria de rir quando o melhor amigo tinha ciúmes do seu outro melhor amigo.
— Você é uma comédia. — riu enquanto parava no sinal vermelho. — E aí, casa, gravadora ou outro lugar? — O escritório de ficava exatamente entre a casa e a gravadora, que os meninos ainda trabalhavam, antes da inauguração da deles.
— Vamos para casa, precisamos organizar um chá de apresentação para a Amelie, precisamos apresentar ela logo aos mais chegados, antes que a notícia chegasse por terceiros.
— E eu achando que ia descansar nesse feriadão. Doce ilusão. — disse rindo e fazendo a curva para seguirem até o endereço dele.



Continuaa...



Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos? Demorei com essa att? Por favor, não sufoque a artista kkkkkk
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.   



 

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