Finalizada em ou Última atualização: 28/12/2022

A aposta

O que dizer quando se é irmã-adotiva de um famoso jogador, integrante da seleção brasileira de vôlei? Lucas não era exatamente um exemplo de irmão extraordinário, mas sempre fomos o mais próximos possível, contanto que eu não o atrapalhasse em seus treinos das horas vagas. Eu tinha três anos quando meus pais me adotaram, e me tornei a caçula da família Saatkamp. Inicialmente não gostava do esporte, mas ao longo dos anos, acompanhando meu irmão em sua vida de atleta profissional, acabei me permitindo gostar não somente de assistir as partidas como também de alguns jogadores. Ok, mais especificamente de um jogador: Bruno Rezende, o levantador. E talvez seja por isso a birra do Lucas comigo, ele havia deixado de ser meu jogador preferido. 

E dos raros contatos que tive com o colega de equipe do meu irmão, até comecei a assistir um anime de vôlei chamado Haikyuu, por indicação do levantador. Será que é por isso que o Kageyama se tornou meu personagem favorito? Acho que sim, mas isso é outra história. 

Voltando às complexidades da minha vida, é claro que ser a irmã do Lucas me renderia problemas, e ser dez anos mais nova que ele e seu amigo levantador mais ainda. Primeiro, eu tinha uma amiga, Dara, que era fanática pelo meu irmão, e sempre me arrumava confusão quando estava no mesmo ambiente que ele; segundo, fizemos uma aposta em comemoração a classificação da seleção masculina de vôlei para a final contra a Itália, eu teria que roubar a camisa da seleção do Bruninho e ela no meu irmão, dentro das instalações da vila olímpica; e terceiro, eu tinha minhas desconfianças de que o levantador vinha percebendo minha quedinha por ele. Por que você é tão mais velho e amigo do Lucas?

— Ok, respira fundo, e faz cara de quem sabe onde está. — sussurrei para mim, ao passar por alguns voluntários que seguiam pelo corredor dos quartos em que eu estava.

Perdida era a definição correta para mim. Eu sabia a localização exata do quarto do meu irmão, mas do capitão da seleção não, ou seja, minha amiga tinha a vantagem sobre mim. Dois andares de busca, olhando as placas com os nomes dos atletas nas portas, finalmente a encontrei.

— E agora? Como eu vou entrar? — me perguntei, tentando pensar em um plano c, d, f, qualquer letra que me ajudasse no momento.

Minutos encarando a porta, notei uma das camareiras se aproximando com o carrinho para organizar os quartos, como nos filmes da Netflix, era a minha deixa para meu momento 007. Assim que a mulher utilizou seu crachá de acesso e entrou no quarto, eu me aproximei sorrateiramente da porta, parando-a com meu pé para não fechar totalmente. Pela fresta, fiquei espiando, até que ela entrou no banheiro e eu pude entrar sem ser vista, me escondendo embaixo da cama mais do que depressa. 

Desta vez a Dara terá que reconhecer minhas habilidades de ninja! Pensei comigo. Tive que esperar um tempo até a mulher terminar sua tarefa e deixar o quarto. Assim que soltei um suspiro de alívio, e me preparei para sair debaixo da cama, ouvi o barulho da porta se abrindo novamente, com a voz do Bruninho que falava com alguém, provavelmente ao telefone.

— Mãe, eu já tenho trinta anos e não é minha primeira competição, eu estou bem e me alimentando direito. — continuou ele, em sua chamada — Preciso desligar agora, estamos em uma pausa de descanso e vou tomar um banho agora antes do almoço.

Um minuto de silêncio, comigo vendo seus passos pelo quarto. Respirando bem lentamente para que não me ouvisse, e com o coração na mão toda vez que ele se aproximava da cama.

— Eu também te amo, mãe. — ele pareceu encerrar a ligação, pois senti o celular sendo jogado na cama.

Mais uma pausa de silêncio e outra coisa sendo jogada ao chão, a camisa em seu corpo. Eu fechei os olhos, tentando lidar com a situação e em como sairia dela. Assim que ouvi o barulho do chuveiro ligando, saí debaixo da cama apressada e olhando para a poltrona ao lado da janela, ali estava meu objeto de desejo: a camisa da seleção. Sem pensar muito nos passos a seguir, apenas peguei a camisa e segui para a porta.

— Não acha que precisa disso para sair, ? — a voz dele soou atrás de mim, assim que eu toquei na maçaneta.

Meu corpo gelou na mesma hora.

— Era para você estar no banho. — eu me mantive de costas, estava com medo do que poderia ver se virasse — Como sabia que eu estava aqui.

Afinal, ele ainda era o Bruno, amigo do meu irmão.

— Seu perfume de flor de cerejeira, é inconfundível. — explicou ele, parecendo rir baixo — Pode se virar, eu estou vestido.

Eu assenti, ainda estática e me virei.

— Você disse que estava vestido. — o questionei ao me deparar com ele sem camisa, então comecei a tentativa de controlar meu olhar.
— Mas eu estou. — seu olhar se manteve sereno, assim como a suavidade do seu rosto.
— Está faltando a parte de cima. — esclareci.
— Ah, é verdade. — ele riu e brincando — Mas ela está em sua mão.

Imediatamente, coloquei a mão que segurava a camisa para trás. Fazendo-o rir mais ainda.

— Se irmão nos mataria se nos visse assim, agora. — comentou ele, mantendo o olhar fixo em mim.
— Você pode fingir que nunca aconteceu. — sugeri a ele.
— Se era somente pela camisa, poderia ter me pedido, somos amigos não somos? — indagou ele.
— Hum... Mas não valeria para minha aposta. — murmurei baixo, refletindo sobre a oferta.
— Vocês fizeram outra daquelas apostas? — Bruno já conhecia nossas loucuras momentâneas, pois não era a primeira vez.
— Em minha defesa, desta vez a ideia não foi minha. — me defendi.
— Então, vou fingir que não vi. — disse ele.
— E isso vai me custar algo? — argumentei.
— Tudo tem o seu preço. — respondeu ele, ao seu modo.
— O que você quer? — perguntei.
— Starbucks, às sete da noite, amanhã. — soou com tanta leveza aquelas palavras, são sereno — Quero comemorar a medalha de ouro com a garota mais linda que conheço.

Meu cérebro parou um pouco para entender o que estava acontecendo. Eu não sabia se surtava com o aparente convite para um encontro ou com a parte da garota mais linda, ou os dois, ou pior, meu irmão sabendo disso depois. Afinal, segundo Lucas, eu estava terminantemente proibida de aproximar dos seus amigos, imagine ter algum relacionamento mais sério.

— Mas, e se você não ganhar? — perguntei a ele, nas únicas palavras que consegui proferir.
— Bem, ainda terei a medalha de prata e você... Para me consolar. — ele sorriu de canto.

Aquele olhar. Ah sim, era aquele seu olhar que me derretia sem o menor esforço.

Quando me vejo agindo assim, admito que pareço infantil
Mesmo que esteja na frente dos meus olhos, não sei o que fazer
Como é que se começa a amar?
Pessoas apaixonadas, me digam, por favor.
- Hello / SHINee

Sentimentos: Um dia me disseram que o sorriso é uma forma de mostrarmos o quanto gostamos de alguém. Hoje me perguntaram se eu gostava de você, e eu apenas sorri.”  - Pâms.



FIM?!



Nota da autora:
Bom dia gente. E finalizamos nosso desafio Dezembro clichê, espero que tenham gostado de todas as fics que mandei. Espero todos no próximo especial.
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Jesus bless you!!!




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*as outras fics vocês encontram na minha página da autora!!

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