Corvin
Inverno de 2017
- Mansão Fallin, Lisboa
O natal na casa dos Dominos em Chicago havia sido sensacional para Fallin. Porém, a vida continua e nem tudo são flores para a herdeira legítima da família. Com uma reunião extraordinária da família marcada para a manhã do dia 28 de dezembro, a mulher precisou retornar para sua casa em Lisboa. Quarta pela manhã, ela acordou vendo o mínimo de sol entrar pela janela. O inverno europeu sabia ser rigoroso e a neve ainda caía pelo lado de fora. Felizmente, dentro da mansão tudo estava quente e transmitindo conforto térmico através do sistema de aquecimento.
Levantando-se da cama, permaneceu descalço ao sentir o piso laminado de madeira aquecido. Ela se espreguiçou e olhou para o relógio em cima da mesa de cabeceira. Dando alguns passos até o espelho, olhou para seu reflexo e sorriu de canto mantendo a face erguida. Assim como os outros herdeiros da Continuum, também tinha inimigos em sua própria família. O que resultava em uma rede de intrigas e golpes para derrubá-la. Entretanto, havia se preparando a vida toda para ficar à frente dos negócios da família, com sua Indústria Têxtil como carro chefe.
— Mais um dia ao topo, mais um dia enfrentando os Fallin. — sussurrou para si mesmo ao entrar no seu closet.
Assim que se trocou, ela ouviu um barulho estranho e alto vindo do andar debaixo. Não esperava por ninguém e menos ainda estava acompanhada. Os seguranças tinham ordens explícitas para se manterem bem longe do interior da mansão e as outras funcionárias estavam de folga. O que seria então?
— Que estranho. — ela colocou um suéter por cima da regata que vestiu e seguiu para a porta do quarto.
Seguindo lentamente pelo corredor, ao chegar na escada se deparou com a cena de um homem armado dois degraus do topo, apontando para seus seguranças.
— Ah! — ela soltou um grito de susto, colocando a mão na boca novamente.
A atenção do homem se voltou para ela, e em poucos movimentos ele a rendeu, colocando a arma em sua cabeça.
— Eu não sei quem você é, nem o que quer, mas não sairá daqui vivo. — a mulher disse segura de suas palavras.
— E quem disse que pretendo sair daqui vivo? — a voz dele também se manteve firme — O que eu mais quero, é destruir aquilo que Benício Fallin mais ama, como ele fez comigo.
Ela soltou uma gargalhada espontânea.
— Se acha mesmo que o que ele mas ama é sua filha única e bastarda, está enganado, mas o deixarei pensar isso. — ela se manteve tranquila, tinha nascido com o dom da persuasão, e claro que em algum momento isso se tornaria a seu favor.
— Pare de gracinhas e mande eles se afastarem. — ordenou o homem já ficando nervoso.
— Tudo bem, se é isso que quer. — ela assentiu — Senhor, quero que se afastem, larguem as armas e sigam as ordens deste senhor.
Ela manteve a superioridade, mesmo com a ameaça em sua vida. Assim seus seguranças fizeram como ela mandou. O homem estranho a guiou até a garagem da mansão e fazendo-a entrar no carro que tinha lá, deu a partida para afastá-los daquele lugar.
— Sabe… Me matando, fará um favor ao meu pai e toda a sua família. — assegurou ela com tranquilidade no olhar, enquanto colocava o cinto de segurança — Eles só me suportam por eu ter o sangue dos Fallin.
— Pare de mentiras, você é a herdeira. — gritou o homem — Seu pai pagará na mesma moeda.
Ele acelerou mais o carro e seguiu pela estrada secundária, para evitar chamar atenção. Em alguns minutos ele percebeu algo errado com o carro.
— O que aconteceu? — não sei, o freio não está funcionando.
— Como eu disse, você quer me matar, entra na fila. — ela sorriu de canto já sabendo que pudesse ser uma sabotagem de sua família.
Ele fez uma manobra perigosa e para parar o carro o jogou contra a grade de proteção, porém imprevisivelmente bateu em outro carro causando um acidente mais grave. O conversível de Fallin capotou algumas vezes até parar de cabeça para baixo. O homem desconhecido foi arremessado para fora do carro, por não ter colocado o cinto, porém, mesmo zonzo com tudo, ele parecia bem. Quem estava em problema era Fallin, que permanecia desacordada dentro do carro, que vazava gasolina com risco de explodir.
— Fallin. — sussurrou o homem ao se apoiar no asfalta para se levantar.
Cambaleando pelo caminho, ele conseguiu chegar no carro e puxando o cinto, perceber estar emperrado.
— Você não vai morrer aqui. — ele bufou raivoso e retirando o canivete do bolso — Eu mesmo vou matá-la.
Ele cortou-o e a retirou do carro. Carregando-a em seu colo, assim que ganharam certa distância, a grande explosão de deu atrás deles. O impacto o fez cair com ela em seus braços. Não demorou muito, até que o mesmo perdesse a consciência.
— Senhorita Fallin?! — disse a assistente de , assim que notou-a mover as pálpebras.
— Hum… Mercedes?! — sussurrou ela sentindo sua cabeça latejar — O que aconteceu?
— A senhora foi sequestrada e teve um acidente. — explicou a funcionária.
Logo se lembrou dos acontecimentos intensos e ergueu seu corpo.
— Onde está ele?! — perguntou.
— Quem senhora? — a mulher a olhou confusa.
— O homem que estava comigo. — explicou.
— Está preso, senhorita. — respondeu.
respirou fundo e mandou que chamasse o médico. Após uma bateria de exames e adiar a reunião da família para o dia 28, ela exigiu alta hospitalar do médico responsável do Sollary Lisboa Hospital. E dali ela seguiu diretamente para a delegacia onde o homem misterioso estava detido.
— Corvin. — disse o delegado Portinho — O nome do meliante é Corvin.
— Corvin. — sussurrou ela.
se lembrava daquele sobrenome de algum lugar, só não sabia de onde. Ela pediu para conversar com o homem a sós e sem câmera filmando. Mesmo relutante, Portinho assentiu e os deixou conversar em sua sala, mantendo Corvin algemado.
— Está convencido agora? — perguntou ela ao se sentar na cadeira do delegado — Não é o único que me quer morta.
— Porque o seu pai a quer morta? Você é a herdeira. — ele se mantinha confuso.
— Ser a herdeira não garante que é amado por sua família. — retrucou ela.
— Se expliquei então. — se manteve atento a ela.
Ela respirou fundo.
— Eu sou a filha bastarda e indesejada que Benício Fallin teve com uma dispensável empregada. — iniciou ela a sua história — Resumindo, minha mãe quase foi morta pela esposa traída, enquanto me carregava, nos mantivemos a salvo deles na periferia de Coimbra, com uma leve ajuda de Isador Dominos…
— Isador, o pai de Sebastian Dominos?! — perguntou ele.
— Sim, e pelo visto, você conhece bem a Continuum. — ela sorriu de canto.
— Ouvi sobre. — explicou o homem.
— Continuando, Isador Dominos foi um anjo para mim e para minha mãe. — prosseguiu ela — Ao passar dos anos, por ironia do destino, Benício ficou doente e precisou de um doador compatível, como sua esposa sendo estéril não lhe deu nada, a filha bastarda foi a sua salvadora.
— E em troca de salvar a vida do pai carrasco, exigiu o reconhecimento perante a Continuum como herdeira legítima da família Fallin. — concluiu ele sem se esforçar muito.
— Bingo. — brincou ela com ironia — Como eu disse, me matando faria um favor a ele.
— E o que me sugere? — ele deu alguns passos até ela, parando em sua frente.
— Te proponho um acordo. — ela se levantou da cadeira e o olhou com segurança, dando um sorriso malicioso — Se torne meu sliter e te ajudo a se vingar do meu pai, te ofereço o resto da família se quiser.
— Tentador. — ele disse ela.
suspirou um pouco. Só neste momento, com mais tranquilidade, ela finalmente pode notar o quão interessante e charmoso o Corvin vingativo era. Além de bonito e atraente.
— Então o que me diz? — insistiu ela, esperando a resposta.
— Se deixá-la viva, mantêm seu pai mais irritado. — ele sorriu de canto — Darei a minha vida para te proteger.
Ela assentiu com o olhar e caminhando até a porta, abriu-a.
— Solte-o. — disse ela ao delegado.
— Mas senhorita Fallin, ele é o vosso sequestrador? — Portinho já não entendeu mais nada.
— Engano seu, Corvin é meu sliter. — disse ela segura — O que aconteceu foi um treinamento, estava checando se minha segurança era capaz de me proteger, mas eles falharam.
— Mas… — ele tentou argumentar.
— Solte-o agora. — num tom mais forte de ordem, ela manteve o olhar firme.
Portinho assentiu e soltou as algemas do homem.
Assim que saíram da delegacia, seguiram para sua mansão. Onde prontamente repetiu a mesma história para seus seguranças que agora seriam coordenados e treinados por Corvin. Ao anoitecer, a herdeira Fallin tirou alguns minutos para relaxar em sua banheira de hidromassagem. Mesmo não estando 100% recuperada, precisava se preparar para a reunião no dia seguinte com sua família.
Após sair do banheiro vestida somente com o roupão de banho. Se deparou com em seu quarto, instalando alguma coisa na janela.
— O que está fazendo? — perguntou ela.
— Instalando um sensor de calor, vai captar movimentos em seu quarto, caso mais alguém invada... — respondeu ele ao terminar e se virar para ela, ficando um pouco paralisado, lutando para não olhar para as pernas dela que estavam à mostra — Sua casa.
— Interessante. — ela suspirou — E funciona mesmo?
— Garanto que sim. — assegurou ele.
— Estou impressionada, não tem nem 24 horas de contratado e já está tão empenhado assim. — ela cruzou os braços o olhando.
— Não menti quando disse que daria a minha vida para protegê-la. — sua voz soou tão firme que estremeceu por dentro.
— Fico mais aliviada então. — ela sorriu de canto — Boa noite?
Seu olhar para ele traduzia como: Já terminou?
— Boa noite. — ele se retirou após recolher rapidamente suas ferramentas.
Corvin sendo agora seu sliter, tinha o acesso a todas as câmeras visíveis da casa. Porém as suas térmicas, somente ele poderia acessar. Ele recrutou mais quatro pessoas de sua confiança, trocou alguns seguranças que achou suspeitos, como também as funcionárias que trabalhavam na casa. Todos os dispensados haviam coincidentemente sido indicados por um familiar de .
--
— Aperte este botão em seu brinco, caso se sinta coagida. — disse Corvin assim que desceu do carro para se encontrar com seus familiares.
— Ok. — ela assentiu movendo seu olhar para sua tia que a encarava com desdém — Não gosto de ter que encará-los assim.
— Como disso, seguranças não podem entrar na sala. — Corvin a lembrou das regras — Mas não levarei nem cinco minutos para chegar até você, caso me chamar.
Ela respirou fundo e reunindo sua coragem, o deixou do lado de fora seguindo para a sala de reuniões na nova casa matriz da família Fallin em Coimbra. já se sentiu pressionada assim que entrou na sala e se sentou na cadeira do herdeiro. Assim que seu tio Alfonso deu início à reunião, sobre o posicionamento da família quanto a guerra interna dos fundadores da Continuum. notou o olhar de fuzilamento de sua tia Clarice. Quanto mais eles falavam, mas ela se sentia mal e desprotegida naquele ambiente hostil.
E quando chegaram no assunto de seu sequestro e do acidente de carro, não se conteve e apertou o botão escondido em seu brinco de forma discreta. Ela queria sair dali o mais rápido possível, mas sentia que presa naquele lugar no subsolo da casa, não sairia viva daquela sala. E por mais que se mantivesse firme, ela só desejava desabar no chão.
Do lado de fora, ao ouvir o chamado dela, Corvin se moveu para entrar sendo barrado por um dos seguranças dos outros familiares. Seria ele contra muitos e não se importou com isso. Ele havia garantido menos de cinco minutos e cumpriria sua palavra como sempre fez a vida toda. O homem destemido lutou contra os outros seguranças, forçando sua entrada. Assim que chegou em frente à porta e viu que não conseguiria abrir, arrastou uma cadeira próxima e retirando o canivete do bolso, mexeu nos fios do alarme de incêndio, o disparando.
Logo, a porta de segurança da sala de reuniões se abriu, e todos saíram correndo de lá de dentro. permaneceu imóvel sentada na cadeira e com seu rosto encharcado pelas lágrimas escondidas em meio a água que derramava do teto.
— Cinco minutos. — disse ela ao parar ao seu lado — Você está segura agora.
— Corvin. — sussurrou, ela se levantou da cadeira e o abraçou no impulso do medo e de forma espontânea.
Mesmo segurando o medo, deixou mais lágrimas se derramarem, enquanto estava sendo abraçada por ele. E esta foi a segunda vez que verdadeiramente se sentiu protegida, a primeira foi com a presença de Isador Dominos em sua vida.
Assim que chegaram na porta de saída, Corvin tocou de leve no meio das costas dela, fazendo-a erguer sua postura, de forma superior.
— Seus inimigos ainda a observam, mantenha-se firme diante deles. — sussurrou para ela — Estarei bem aqui ao seu lado.
— Obrigado. — sussurrou ela de volta — Meus inimigos jamais me verão com medo.
Nós discutimos, ficamos em silêncio,
Todas essas coisas nos aconteceu,
E mesmo assim, sua voz me dá uma sensação de alívio.
- Indestructible / Girls' Generation
“Indestrutível: quando menos se espera, sua segurança está em quem menos imagina.” - by: Pâms
FIM?! Continua em Continuum...
E vamos de mais uma família da Continuum, espero que tenham gostado. Não é fácil ser a melhor amiga de Sebastian Dominos.
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Outras Fanfics:
SAGA 4 Estações do Amor
| Manhã de Primavera | Noite de Verão | Madrugada de Outono | Tarde de Inverno |
SAGA BatB
| Beauty and the Beast | Beauty and the Beast II | 12. Brown Eyes | Londres | Cingapura
SAGA DC
| 14. Goodnight Gotham [Batman] | Gotham [Batman] | Aqua [Aquaman] |
SAGA Continuum
| Bellorum | Cold Night | Continuum | Darko | Dominos | Fallin | Invisible Touch | Sollary Hospital |
SAGA CITY
| Austin | Berlim | Chicago | Cingapura | Daejeon | Havana | Londres | Manaus | Manhattan | New York | Ouro Preto | Paris | Seoul | Tokyo | Vancouver | Vegas |
SAGA INYG
| I Need You... Girl | 04. My Answer | Mixtape: É isso aí | Seoul
SAGA MLT
| My Little Thief | Mixtape: Quem de nós dois | New York |
SAGA School
| School 2018 | School 2019 | School 2020 | School 2021 |
PRINCIPAIS
| 04. Swimming Fool | 05. Sweet Creature | Amor é você | Coffee House | Crazy Angel | Cygnus | Destiny's | Finally Th | First Sensibility | Genie | Love Shot | Midnight Blue | Mixtape: I Am The Best | Mixtape: Piano Man | Moonlight | Noona Is So Pretty (Replay) | Photobook | Purple Line | Princess of GOD | Smooth Criminal |
*as outras fics vocês encontram na minha página da autora!!