31 de Outubro de 1981, Parte 4

Última atualização: 01/09/2020

Capítulo único

Não tinha conseguido contato com ninguém da Ordem desde que saíra em missão uma semana antes. A guerra estava em seu auge e tinha sido mandado para conversar com outros lobisomens para que não aderissem ao lado das trevas.
Particularmente Remo achava que era trabalho perdido, já que não tinha nada de melhor para oferecer aos lobos. Voldemort prometia liberdade e carnificina, nunca aceitariam andar de acordo com as regras da ordem.
Estava exausto de tentar o impossível, tinha recebido mais ameaças de morte do que poderia contar e não gostava de se relacionar com aqueles da sua espécie. Mas tinha aprendido a nunca questionar as ordens de Dumbledore, ainda mais uma ordem direta. Se o diretor achava que valia a pena tentar, então ele tentaria.
Tentava a todo custo tirar do peito a sensação ruim que tomava conta de si toda vez que pensava em seus amigos, sua única família. Sirius, James e Lily sabiam se cuidar e cuidariam de si mesmos e de Peter. Em cerca de quatro dias visitaria o último bando e voltaria para casa. Tudo ficaria bem.

Quanto mais ansioso Lupin ficava, mais lentamente os dias passavam, então o pouco tempo que faltava para voltar a Inglaterra pareceram semanas. Quando finalmente acabou, foi aparatando aos poucos para mais perto da Inglaterra e depois da sede da ordem. Estranhou ao entrar no local e encontrá-lo vazio, sentindo o peito doer novamente. Era 5 de novembro, quinta-feira, e todas as quintas os aurores e voluntários se reuniam na sede da Ordem da Fênix para debater as próximas estratégias de guerra. Chamou por Dumbledore, Sirius, Moody ou qualquer outra pessoa que pudesse lhe explicar o que estava acontecendo, mas não obteve resposta.
Aparatou então para perto de onde Sirius morava, mas estava vazio. Pensou na casa de Peter e apareceu na frente do local, mas também não parecia ter ninguém. Desde que tudo complicou, evitou ao máximo visitar os Potter. Não queria correr o risco de ter algum comensal por perto e acabar denunciando a localização dos amigos. Mesmo sabendo que enquanto o fiel do segredo se mantivesse fiel a família eles não correriam perigo algum. Estava desesperado demais para pensar direito e quando percebeu já estava na frente da casa desgastada e com janelas grandes que parecia melhor por dentro do que era por fora. Mas dessa vez, a casa estava completamente destruída. Telhas arrancadas e faltava um pedaço da parede do segundo andar.
Sentiu que poderia desmaiar ao entrar na casa e encontrá-la também vazia. Mas pelo menos era melhor do que encontrar algo, ou alguém, jogado no chão. Não sabia mais onde procurar, não sabia onde seus colegas poderiam estar e muito menos se poderia ir até o ministério sem acabar morto. Então aparatou o mais péssimo possível que podia de Hogwarts e foi atrás do então diretor.
Hagrid estava por perto e o deixou entrar. O homem o olhava como se tivesse uma notícia terrível e Remo não pode deixar de pensar em milhares de coisas horríveis que poderiam ter acontecido. Perguntou se Dumbledore estava no castelo e o guarda-caça se limitou a assentir, sem saber muito bem o que falar.
O lobisomem subiu correndo para o escritório do diretor e só lembrou que não tinha ideia de qual era a senha quando chegou na escada. Suspirou frustrado pensando se procurava Minerva para lhe dar passagem, o que particularmente seria uma péssima ideia já que ela provavelmente estaria dando aula, ou se ficava sentado esperando alguém aparecer. Mas como Dumbledore sempre parecia saber de tudo, também parecia saber que o homem o aguardava, descendo as escadas enquanto todos os pensamentos ainda rodavam sua cabeça.
— Podemos conversar na minha sala, Remo?
Aluado assentiu, começando a sentir as pernas tremerem. Subiu cambaleante se segurando no corrimão e sentindo que estava para descobrir algo muito ruim.
— Sente-se, por favor — o diretor disse assim que entraram na sala, indicando uma poltrona a frente de sua mesa — Que assunto gostaria de tratar?
Se fosse possível, Alvo parecia feliz e triste ao mesmo tempo, pendendo a cada segundo que passava para o lado triste.
— Eu voltei hoje da missão para qual me mandou — começou, estranhando a surpresa que tomou conta do rosto do rosto do homem por menos de um segundo. De fato, tanta coisa tinha acontecido que Dumbledore tinha se esquecido que tinha mandado o homem para falar com os outros de sua espécie.
— Sim, a missão com os lobisomens. Por quanto tempo esteve fora, Remo?
— Quase duas semanas.
— Sem nenhum contato com a Ordem?
— Exatamente.
— Ah…
O mais novo respirou fundo, temendo a resposta da pergunta que estava presa em sua garganta.
— Diretor… Eu fui direto para a sede da Ordem mas estava vazia. As casas de Sirius e Peter também… Já a casa dos Potter estava completamente destruída. O que está acontecendo?
— Bom, acho que devo começar pelo início. A guerra acabou e Voldemort foi derrotado.
— Então isso é bom. James e Lily estão bem?
— Não exatamente — o homem pegou um pote com balas de hortelã e ofereceu, recebendo uma negação em resposta — James e Lily se sacrificaram para que essa guerra acabasse.
Foi como se o chão se abrisse aos seus pés e se conseguisse pensar em qualquer coisa, agradeceria por estar sentado.
— Eles estão mortos? — perguntou incerto, recebendo um breve aceno de confirmação — E o bebê? O que aconteceu com Harry?
— Sobreviveu e está morando a irmã de Lily.
Respirou fundo mais uma vez, tentando puxar o máximo de ar que conseguiu para dentro dos pulmões. Não estava mais conseguindo raciocinar. James estava morto, Lily sua melhor amiga e que foi tão boa para ele quando mais precisou, estava morta também.
— Peter e Sirius?
— Pettigrew está morto — o homem falou calmamente — E Sirius está em Azkaban.
— Diretor eu não… Eu acho que não consigo…
— Vou te deixar sozinho — Dumbledore decidiu lhe entregando um jornal com a data de 01/11 — Está tudo nesse jornal, leve o tempo que for preciso para processar. Mas acho que nesse momento você precisa ficar um tempo consigo mesmo.
Remo passou os olhos pela manchete que exibia algo sobre um menino que sobreviveu, mas a última coisa que queria no momento era ficar sozinho, muito menos com seus pensamentos. Não era justo que todos eles tinham partido e ele ainda estava ali. Todos eram muito melhores do que ele.

E tudo o que se passou na cabeça do homem pelos próximos anos, era que ele que deveria ter morrido.



Fim



Nota da autora: Quem nunca imaginou como foi para Remo quando ele descobriu que todos os amigos estavam presos ou mortos? Isso é o que eu imagino





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