You make me feel like (like what?)






A garota olhou-se uma última vez no espelho de seu quarto, a incerteza batendo em seu peito, o sorriso vacilante em seus lábios vermelhos.
Passou a mão por seus cabelos bem presos, confirmando se todos os fios estavam em seus devidos lugares.
Curvou-se em direção à penteadeira, pegando seu perfume favorito e esborrifando uma vez em cada lado de seu pescoço, e em cada um de seus pulsos antes de colocar o pequeno vidro verde de volta ao lugar.
Sentiu o tecido do vestido sob suas mãos trêmulas, checando milimetricamente o seu mais novo look.
Parecia bonita.
Sentia-se bonita.
Mas também se sentia estranha.
O vestido vermelho parecia muito chamativo.
O decote em V no busto parecia muito grande.
Ela tinha certeza que o vestido deveria ser mais comprido.
Assim como sabia que seus saltos deveriam ser mais baixos.
Respirou fundo uma última vez antes de sorrir para si mesma, um tanto mais confiante.
Vai dar tudo certo. Tudo será maravilhoso. Você será como a Taylor Swift no vídeo do You Belong with me, ele vai olhar para você e sorrir. Só vai faltar uma placa com o “I love you”.
pegou sua bolsa preta, a qual emprestara da irmã mais velha, assim como o vestido, o sapato encontrou no fundo de seu armário (ganhara meses antes, mas nunca usara), e andou até a porta de seu quarto, devagar, com calma para não cair.

A festa estava lotada.
Bem, ao menos era o que ela achava, não costumava ir a festas como aquela.
Não costuma ir a festa nenhuma, para falar a verdade, não depois dos doze anos, quando a sociedade, aparentemente, decidira que ela já era muito velha para festas infantis.
Ainda não entendera qual era o problema em ir comer um cachorro quente e uns docinhos em festa de crianças.
Crianças são fofas. Inocentes. Não julgam suas roupas, querem apenas dar e receber toda a atenção do mundo, se você as proporciona isso, elas te amarão.
Mas, a partir do momento em que se chegava à adolescência, a coisa toda mudava. A sociedade começava a julgar suas escolhas.
De alguma forma parecia ser a fase em que se determinava o rumo no qual sua vida seguiria a partir de suas decisões.
Era oito ou oitenta.
Era preto ou branco.
Tudo influenciava nessa fase.
Os cortes de cabelo, as roupas, as notas, as amizades, a vida social.
Tudo era importante.
Era necessário aderir a moda, seguir os padrões e ainda continuar mantendo as expectativas que todos tinham sobre você.
E além de tudo já citado, outro ponto importante, e um dos principais tópicos em reuniões familiares: relacionamentos.
Era necessário ter uma paquera para não ser taxada como virjona.
Mas também não deveriam ser muitas, para não ser chamada de puta.
Não poderia ser alguém muito certinho, ou o bullying começaria na escola, embora seus pais e familiares fossem gostar dessa escolha.
Não poderia ser algum bardeneiro da escola porque, mesmo que lá o rapaz em questão fosse okay, aos olhos de sua família, ele não seria uma boa escolha e todos a julgariam por isso.
Em outras palavras, adolescência era uma fase extremamente irritante e confusa.

Infelizmente, ou felizmente, dependendo do ponto de vista, nunca fora o tipo de garota que escolhe o certo ou o errado logo de cara.
Era oito ou oitenta? Ela gostava do número 17.
Preto ou branco? Ela sempre fora fã daqueles vestidos pretos com bolinhas brancas que um dia foram moda.
gostava de não perder seu tempo com futilidades.
Não se preocupava em andar na chuva e estragar o cabelo que levara horas arrumando. Ela nem mesmo o arrumava, achava suficiente escová-lo e deixá-lo solto.
Ou prender quando estava com preguiça de acordar cedo para lavá-lo.
Não se importava em usar suas roupas um número ou dois maiores que o seu, ou tênis. Gostava de camisetas e jeans. Não era grande fã de saias e vestidos, não como as garotas descoladas de sua escola.
Não tinha muitos amigos, mas gostava das pessoas com quem conversava.
Preferia ficar em casa colocando suas séries em dia no Netflix, a passar horas se arrumando para ir a uma festa cheia de pessoas com quem não tinha nada em comum.
Não tinha relacionamentos.
Achava que tinha faltado as aulas em que disseram como conseguir um namorado.
Nunca soubera o que fazer depois da troca de olhares que, às vezes, acontecia.
Qual era o próximo passo mesmo?
Dizer 'oi'?
Sorrir?
Acenar?
Pedir o telefone?
Talvez o facebook?
Não sabia, nunca descobrira.
Na verdade, enquanto andava pelo jardim a caminho da entrada da casa de dois andares, não entendia o porquê de ser tão importante arranjar um namorado.
Não que ela não quisesse ter alguém para poder comentar sobre o trailer de Civil War ou Batman vs. Superman. Ou que ela não quisesse compartilhar suas opiniões sobre o último episódio de Supernatural ou Game of Thrones.
Ela realmente gostaria de poder sair para comer uma pizza ou tomar um sorvete com alguém que a fizesse rir por qualquer besteira.
Mas tudo parecia um tanto quanto estranho quando tinha alguém próximo. As mãos não pareciam saber o local para pararem, nunca sabia qual era o próximo passo.
lembrava-se do primeiro, e até então, único garoto que ficara, quase dois anos antes.
Ainda sentia-se desconfortável e as bochechas ficando vermelhas ao pensar naquilo.
Não soubera o que fazer, mas lembrava-se vividamente das mãos dele apertando certos lugares, a língua invadindo sua boca. Estranhamente desajeitado.
Nada como todos diziam que deveria ser, talvez por ter sido o primeiro, mas depois de alguns minutos achava que deveria ter se acostumado e o beijo melhorado.
Bem, não foi exatamente o que aconteceu.
Sempre que pensava naquela cena sentia-se boba, e sempre que o via pelos corredores, preferia desviar o olhar, a vergonha ainda estava presente.
Fora um primeiro beijo extremamente desajeitado e embaraçoso.

Ao passar pela porta, não demorou muito para vários olhares caírem sobre ela, e menos de meio segundo depois comentários começarem.
Vários que ela consideraria ofensivos, mas era o que ela escutava as outras garotas serem chamadas, e, de alguma forma, eram algum tipo de elogio.
Outros comentários eram referentes à sua roupa, parecia ter agradado na escolha.
Mas a grande maioria questionava quem seria aquela garota que eles nunca viram antes.
Poderia dizer que estava tudo indo bem, embora ela não conseguisse andar rápido devido aos saltos, eram passos extremamente calculados e lentos, ao que parecia os garotos achavam que era seu jeito para seduzi-los.
Ela só não queria passar a vergonha de cair na frente de todos.
Encontrou Melanie na sala, com um copo de bebida na mão, usava uma saia preta, que deixava visível parte de sua bunda quando a garota se mexia, um salto altíssimo e uma blusinha frente única meio transparente. Os cabelos soltos e brilhosos como sempre.
Andou até a aniversariante que se virou assim que aproximou-se o suficiente para entrar em seu campo de visão. Olhou-a dos pés a cabeça, analisando com calma o vestido vermelho.
Por um momento pareceu que Melanie ficara na dúvida de quem era a garota, mas quando estendeu um pequeno pacote prateado à outra sorriu de lado.
- Ora, ora, . Não achei que você apareceria...
As pessoas em volta, a grande maioria da sua sala, pararam olhando-a de olhos arregalados.
“Essa é a ?”
“A nerd?”
“O que ela faz aqui?”
“Penetra!”
“Quem é ?”

Sentiu o rosto esquentar e respirou fundo para controlar as lágrimas que queriam descer por seu rosto.
- Ahn... Bem... Bryan disse que não tinha problema... – disse sem jeito, o tom baixo enquanto olhava para baixo.
Melanie riu concordando com a cabeça. Nunca imaginara que aquela estranha realmente apareceria na festa, menos ainda que estivesse usando um vestido como aquele, mas até era bom que tivesse ido.
- Tudo bem... Aproveite! – a morena aproximou-se tocando em seu ombro e sussurrando em seu ouvido – Bryan está na cozinha.
Ela afastou-se em tempo de ver o rosto de ficar ainda mais vermelho. E a mesma olhá-la quase desesperada.
e Melanie não eram amigas, nem nunca foram.
pouco se misturava na escola, fazendo o necessário para passar de ano com notas boas o suficiente para conseguir uma vaga numa boa universidade, e tendo apenas duas pessoas com quem conversava sempre no intervalo - não era nem bem amigos, apenas conhecidos, invisíveis, para o resto dos colegas.
Melanie, por outro lado, era a garota que estava em todas as festas, que dava muitas festas. Era sempre a mais bonita, a mais querida, a mais amada. Tinha um grande círculo de amigos e um maior ainda de admiradores. Todas as garotas a invejavam, todos os garotos a desejavam. Melanie Cupper, diferente da maioria, jamais seria vista como uma qualquer, mesmo beijando vários.
Ela era Melanie Cupper no final das contas, e só isso bastava.

deu dois passos vacilantes para trás, andando timidamente pelo local, a música alta preenchia todos os cômodos. Andou pelo corredor, o qual Cupper indicara, e parou na porta em frente à cozinha. Viu Bryan enchendo um copo vermelho com alguma bebida desconhecida por ela, os cabelos pretos jogados para trás.
O jeans escuro um pouco justo, e a camisa com gola V azul escura destacando ainda mais seus olhos, também azuis. Bryan Castilho era o crush de e de 99,9% da população feminina da escola, e ela diria até da parte homossexual também.
Ele não era só mais um bonitão do time de basquete.
Deus tinha sido muito bom com Bryan.
Dera-lhe um corpo maravilhoso, um sorriso que fazia a perna de qualquer garota tremer, e olhos que as faziam suspirar. Além do dom natural para basquete.
Bryan sempre parecera simpático com , o suficiente para fazê-la criar expectativas, mesmo sabendo o quão patético era aquilo.
Fora apenas por causa dele que ela decidira ir à festa, fora por causa de Bryan Castillo que ela estava agora, encostada na bancada da cozinha com um vestido vermelho e salto alto.

Três dias antes

ainda olhava para o corredor no qual John, Kennedy e Garrett tinham acabado de passar, fazendo bagunça e gritando como sempre. Rolou os olhos assim que os viu dobrar o corredor em direção à cantina, e assustou-se quando escutou uma voz próxima chamar seu nome. Deu um pequeno pulo ao notar que era Bryan quem estava parado, sorrindo para ela. Ligeiramente perto.
- O-oi.
- ! – ele passou o braço por seus ombros, fechando o armário em que ela terminava de colocar suas coisas, e puxando-a para caminhar com ele. – Eu estava aqui me perguntando se você vai à festa da Cupper sexta-feira...
negou com a cabeça, colocando uma mexa de cabelo atrás da orelha, sem jeito.
- Por quê? – insistiu parando em frente à garota.
olhava para o chão, sentindo o rosto esquentar ao notar a proximidade de Bryan, a respiração dele batendo levemente em seu rosto.
- Eu... Hm... Eu...
- Qual é, vamos, será divertido!
virou-se nervosa, viu John O’callaghan voltando do outro lado do corredor, parando em seu armário e pegando um caderno. O loiro olhou ao redor sorrindo levemente para a garota quando seu olhar caiu sobre ela. acenou brevemente com a cabeça, as bochechas rosadas, atraindo a atenção de Bryan, que rolou os olhos ao notar o outro.
John sorriu erguendo a mão e mostrando o dedo do meio para o meio irmão.
Ainda não conseguia acreditar que Bryan era filho de Susan.
Ela era tão legal para ter um filho tão panaca como aquele... Mas era como diziam, nem tudo pode ser perfeito.
- Então, ?
- Ahn... Bem... Não fui convidada...
- Não se preocupe, já conversei com Melanie, você vai como minha convidada. Nos encontramos lá às oito horas, ok? Não aceito uma negativa.
Bryan beijou-lhe a bochecha antes de sair, afastando-se pelo corredor, passando as mãos pelos cabelos sedosos. Viu O’callaghan parado no mesmo lugar, o olhar desconfiado na garota, que deu de ombros sem graça, antes de virar-se e caminhar em direção a sua próxima aula.


O garoto virou-se pronto para voltar á festa quando seus olhos azuis focaram-se na menina à sua frente. Piscou duas vezes para garantir que não estava bêbado o suficiente para estar confundindo-se.
- ? – perguntou surpreso, o sorriso alargou-se por seu rosto quando ela confirmou timidamente. – Você está... Gostosa!
- Hm... Obrigada... – respondeu sem graça, encarando os pés.
Parte de si estava feliz com o que ele tinha dito, queria que ele se sentisse atraído por ela, fora por isso que colocara aquela roupa.
Parte de si sentia-se estranha, como se aquilo não fosse certo. Gostosa deveria ser apenas a palavra que se escuta quando alguém prova alguma refeição e quer elogiar. Não deveria ser usada como elogio para uma garota. Mas a parte que ficou feliz em ouvir aquilo prevaleceu em sua cabeça.
- Achei que não viesse mais, fico feliz que tenha aparecido! Aceita uma bebida? – sorriu esperto, entregando-lhe o próprio copo enquanto pegava outro.
- Não, obrigada, não bebo.
Sentiu-se estúpida por dizer aquilo quando ele a olhou.
Quem vai á uma festa e não bebe? Ela já tinha dezessete anos, não era mais uma garotinha boba. Mas agora devia ser exatamente isso que Bryan pensava dela.
- Não quer experimentar? Já que está aqui, ajuda a se divertir, sabia? – sorriu novamente, pegando o copo vermelho da mão da garota e levando aos lábios vermelhos dela.
- Eu...
- Só precisa dar uns goles, você se acostuma com o gosto, prometo!

tinha certeza que havia exagerado, sua cabeça doía como nunca com todo aquele barulho. Mas ao mesmo tempo sentia-se extremamente leve.
Como se nada no mundo importasse.
Sorria de tudo, mesmo sem entender nada.
Sentia-se estranhamente livre.
Em algum momento entre um copo de cerveja e dois de vodka ela perdera a noção do tempo, não parecia estar a tantas horas na festa, mas sentiu o celular vibrar em sua bolsa com uma ligação dos pais, já passava da uma da manhã e o trato tinha sido chegar em casa à meia-noite. Por algum motivo não se importou.
Só queria continuar aproveitando a companhia de Bryan, que passara a maior parte da noite ao seu lado, e as poucas vezes que saíra para falar com algum amigo, continuava a olhando à distancia e rindo.
As coisas não poderiam ficar melhores do que aquilo.
Talvez por causa dele, talvez porque ela tivesse julgado mal todas aquelas pessoas, mas todos pareciam legais demais com ela naquela noite.
O que era estranho, visto que na escola poucos a olhavam.
Talvez tudo tivesse sido um grande mal entendido, e agora, estando ali com todos eles, podiam se conhecer de verdade e, aos poucos, tornarem-se amigos.
Mas sabia que boa parte daquilo era por estar junto com Bryan.
O único que, aparentemente, não estava importando-se muito com a legal era John, não que fosse relevante.
Entretanto, ela notara que só ele não parecia ligar para nada daquilo, não apenas ela, mas todos, no geral.
Mantinha-se à distancia com alguns amigos, que pareciam tão alheios ao resto das pessoas quanto o loiro, tomando algo em seus copos vermelhos e vez ou outra tragando um cigarro.
odiava cigarros.
E detestava pessoas fumando, mas pegou-se analisando tempo demais John e seus amigos. O loiro era muito alto, tão alto quanto Bryan, mas ele não estava no time de basquete.
John tinha o corpo magro e algumas tatuagens espalhadas pelo peito, dava para ver um pouco das escritas pela gola da camiseta, e eram realmente muito bonitas.
Mas a palavra que tinha em mente, embora nunca fosse admitir nem para si mesma, era sexy. As tatuagens davam a O’callaghan um ar extremamente sexy.
John tinha os cabelos curtos e bagunçados, olhos verdes e uma barba rala abaixo do queixo.
Mãos grandes e dedos longos.
E um perfume maravilhosamente bom.
lembrava-se bem disso.
Por mais que os beijos que trocaram não tivessem sido tão bons quanto o esperado por ela, o perfume dele ficou impregnado em sua jaqueta e em seus cabelos.
E ela tinha gostado muito daquele cheiro.
Olhando bem para John - que agora estava sentado no degrau da escada do lado de fora da casa, as pernas esticadas e as costas encostadas na grade do corrimão -, pegou-se imaginando o quão melhor ele teria ficado nos beijos, porque sabia que ele tinha saído com váaarias garotas depois dela.
Muitas mesmo.
Mais de metade das meninas da sua sala já tinham saído com ele.
E das outras salas também.
Analisando bem, John era tão bonito quando Bryan, mas o moreno sempre se destacava mais por ser jogador de basquete, por ter muitos amigos e por outros mil motivos.
John sempre andava com os quatro melhores amigos, que também nunca se misturavam, Pat, Jared, Kennedy e Garrett.
Todos bonitos e charmosos de uma forma diferente, ao que sabia, Pat era o único que não tinha muitos encontros, mas apenas por ser tímido demais.
Eles eram muito na deles, poderiam ser mil vezes mais descolados se quisessem de verdade.
Lembrava-se que John até tinha entrado para o time de basquete, junto com Kennedy, mas ambos desistiram depois de algumas semanas, ela nunca soubera exatamente o que acontecera, mas pelo que entendia do esporte, eles eram bons.
- ? – a garota olhou assustada para os lados, até focar-se em Bryan, parado ao seu lado. – No que estava pensando? Estou te chamando faz tempo...
- Eu só me distraí, desculpe... – falou lentamente.
Olhou para frente novamente, vendo John gargalhar de algo que Garrett dissera, antes de levar o cigarro à boca e tragá-lo lentamente. O’callaghan virou-se em sua direção enquanto soltava a fumaça, arqueando a sobrancelha ao encontrar o encarando, fez uma careta engraçada, vendo-a sorrir, ele riu levemente em seguida, piscando divertidamente.
- Vamos?
- O que? Desculpe...
- Poxa, ... – Castilho bufou começando a ficar irritado – Estou dizendo que quero passar mais um tempo com você, te chamando para irmos a um lugar mais reservado... – estendeu a mão, o sorriso calmo em seus lábios, olhou-o por um segundo. Poderia dizer que bons sessenta por cento de si queria acompanhá-lo.
Outros quarenta, entretanto, estavam em dúvida.
Por fim sorriu, segurando em sua mão e levantando-se lentamente, o medo de cair ainda não tinha passado.

De longe, John acompanhava com o olhar seguir com seu irmão pelas escadas em direção ao segundo andar, rolou os olhos balançando a cabeça.
- Você deveria fazer algo, cara. – ouviu Kennedy falar ao seu lado, virou-se confuso. – Vai mesmo deixar a ir com o seu irmão preferido?
Suspirou dando de ombros.
- Não acho que ela iria fazer algo se não quisesse. é esperta, sabe se virar. E, pelo amor, Bryan, graças a Deus, é o único irmão que tenho e único que pretendo ter. Não aguentaria outro como ele em minha vida.
- Mas ela estava visivelmente bêbada. – Pat lembrou, ainda rindo da última frase do amigo.
- E gostosa! – Garrett comentou com um sorriso de lado, recebendo um tapa de Jared em seguida – Quis dizer bonita! estava bonita!
John fez um barulho com a boca, como quem não se importava, mesmo que soubesse que seus amigos não acreditariam.
Eram os únicos que sabiam que tinha ficado com a garota tanto tempo antes, e que, no fundo, gostaria de repetir a dose.
Mais de uma vez.
- Ela gosta do Bryan. Todo mundo gosta dele.
- Todo mundo do ciclo de amizades, não acho que quem é de fora gostaria tanto assim dele se soubessem como ele é... – Jared comentou olhando sério para as escadas.
- Por isso eu prefiro o irmão fracassado... – Kennedy apontou com o dedo para o loiro, que fez uma cara de ofendido, mas depois riu.
- Tanto faz, se eu aparecer lá e ela estiver toda feliz, seria mil vezes mais humilhante do que só saber que ela ficou com ele. Principalmente quando ela visivelmente não gostou de ter ficado comigo.

pediu algumas vezes em voz baixa, mas vendo que não estava fazendo efeito, empurrou a mão de Bryan para o lado, tentando afastá-lo de si.
Não demorou mais de dois segundos para ele estar agarrando-a novamente.
sentiu seu corpo cair com força contra o colchão e o corpo do garoto fazer pressão sobre o seu. As mãos de Bryan seguravam com força seus pulsos, enquanto ele beijava seu pescoço.
Pediu novamente para ele afastar-se, a voz um pouco mais alta do que antes.
Ou ele não a escutava, ou simplesmente não se importava.
Por fim, juntou toda a força que podia e empurrou-o novamente, fazendo-o rolar para o lado, levantou-se apressada, tentando afastar-se da cama, mas sua cabeça girou e por um segundo ela perdeu o equilíbrio, segurando-se na penteadeira logo a frente.
Bryan também se levantou rapidamente, tornando a segurá-la e se aproximar o suficiente para beijá-la novamente.
queria entender como tudo chegara aquele ponto.
Em um minuto estava tudo bem, estavam conversando e, aos poucos, Bryan aproximou-se para beijá-la.
Um beijo diferente do que se lembrava de que fora com John.
Mais molhado. Mais apressado. Quase violento, ela diria.

Com John tinha sido devagar, com calma e quase delicado nos primeiros minutos, ele tentava fazê-la sentir-se confortável, pois sabia que era o primeiro beijo da garota.
Aos poucos, quando já estavam um com a língua na boca do outro, O’callaghan tirou as mãos de sua cintura e começou a passeá-las por seu corpo.
Segurando em seus cabelos, apertando sua cintura, puxando-a para mais perto.
Perto o suficiente para sentir que o garoto estava ficando animado muito rápido, o que a deixou extremamente constrangida, e foi nesse momento que ela o afastou. Lembrava-se dos olhos verdes dele um tanto surpresos pela interrupção, para John estava tudo indo muito bem.
Poucos segundos depois O’callaghan pareceu perceber o que acontecera, e adquiriu um tom avermelhado em suas bochechas, assim como em seu pescoço. Passou a mão pelos cabelos curtos, olhando para o lado, tão constrangido quanto ela.
Por fim desculpou-se, dizendo que não era para ter seguido daquela forma.
Que ele gostava dela e não queria que ela pensasse algo errado.
O beijo tinha sido estranho, mas mesmo que ele tivesse ficado um tanto excitado, John, em momento algum tentou forçá-la a voltar a beijá-lo, ou qualquer outra coisa.
Diferente de Bryan.
O beijo já começara errado a seu ver, e agora ela sentia-se extremamente boba por ter realmente se imaginado beijando o garoto mais bonito da escola, o mais popular, apenas porque ele gostava dela.
Sentia-se completamente idiota por ter achado que ele realmente iria querer apenas uns beijos, ou qualquer coisa tão simples quanto isso.
Era óbvio que ele não iria passar a noite com ela para receber apenas um ou dois beijos depois.
Bryan tinha a garota que quisesse em sua cama, e obviamente pensou que não seria diferente com .
Era óbvio que se fosse apenas para ficar com ela, ele não a levaria para outro cômodo, afastado de todos os outros convidados.
Foi quando Bryan desceu as mãos por seu corpo, apertando-lhe a bunda e subindo seu vestido, que as lágrimas começaram a descer por seu rosto.

John conferiu o relógio novamente, já fazia bons vinte minutos que o irmão tinha sumido com .
Não conseguia mais se concentrar no assunto dos amigos, e as cervejas que tomava não pareciam mais tão boas.
Não estavam quentes nem geladas, nem fortes nem fracas. Não estavam boas.
John simplesmente não as sentia descendo por sua garganta, tomava porque enchiam seu copo, e apenas por isso.
Batia os pés nervosamente no degrau, e todos os amigos já tinham reparado, tentando distraí-lo da imagem de saber que seu adorado irmão estava aos beijos com a garota que ele gostava, começaram a contar piadas e histórias tão ridículas quanto podiam.
John era grato pelos amigos que tinha, e sorria vez ou outra para amenizar a situação, mas no fundo ainda queria subir as escadas, invadir o quarto e arrebentar a cara de Bryan, apenas porque ele podia.
Não se importava com nada que o outro fazia na escola ou em casa.
Não se importava que seu pai preferisse acreditar no senhor certinho/ótimo jogador do que no próprio filho.
Era indiferente ao fato do pai não apoiá-lo em seu sonho de ter uma banda com os amigos, e ainda por cima o criticá-lo tanto.
Pelas roupas, pelo cabelo, pelas tatuagens, pelos amigos, pela banda, pelas notas, por tudo.
Até os pôsteres na parede de seu quarto e seu violão pareciam irritar o O’callaghan mais velho.
Doía, mas John aprendeu a deixar de se importar.
Susan, por outro lado, era sempre carinhosa com John e ele gostava dela por isso, sempre desejava o melhor para ele e dizia para seguir seus sonhos.
Disse uma vez, e isso é claro era o segredo dos dois, que se John realmente queria tocar em uma banda com os amigos, que ele corresse atrás de uma gravadora. Susan já tinha ido a dois ensaios da banda na garagem de Pat, e dissera que eram todos muito talentosos.
Mas era óbvio que ela gostava mais de Bryan, era seu filho afinal de contas.
John entendia perfeitamente essa preferencia.
De Susan, de seu pai, da escola, de 97% dos colegas e de todo o resto da sociedade.
Bryan era o garoto perfeito que conseguira uma bolsa de estudos em uma universidade legal, graças ao basquete.
John era só o cara que queria terminar o ensino médio e continuar tocando sua música em alguns bares.
Para a sociedade, John O’callaghan era um fracassado e Bryan Castilho era um exemplo a ser seguido.
Mas John não ligava mais para nada disso, na verdade, até ria junto dos amigos quando alguém fazia algum comentário para compará-los.
Deus, ele não queria ser comparado com Bryan.
Não queria ter relação nenhuma com aquele mauricinho filho da puta - com todo o respeito à Susan, é claro.
Fora por causa de Bryan e dos amigos dele que John e Kennedy largaram o basquete.
Não era algo que eles queriam seguir carreira, mas até que eram muito bons no esporte para tê-lo como hobby. Infelizmente não faziam parte do time, não de verdade.
E foi assim que, um belo dia depois de um treino - no qual Kennedy roubou a bola de Derek e marcou uma cesta de três pontos, que decretou a vitória do time dos dois -, que Bryan e o resto do time os pararam no meio da rua, na saída da escola.
Se apenas John e Kennedy tivessem apanhado, talvez eles tivessem continuado no time, apenas para mostrar que não se intimidavam.
Mas aqueles filhos da puta tinham pego Pat também.
Pat nem mesmo assistia jogos de basquete.
Eles simplesmente rasparam o cabelo do amigo, além de deixarem os três com alguns hematomas e muito sangue.
Aquele fora um dos piores dias de sua vida, John viu um dos melhores amigos apanhar e ser humilhado daquela forma e não pôde fazer nada para ajudá-lo.
Os dois não pensaram duas vezes antes de deixarem suas vagas no time, nenhuma briga ridícula com o irmão valia tanto quanto seus amigos.
Só continuaram indo às festas para irritá-los, e porque as bebidas e a comida eram de graça. E, bem, sempre tinha algumas garotas disponíveis.
Com tudo isso na cabeça, a única coisa que John não conseguia aceitar era saber que gostava de Bryan.
Ela poderia gostar de qualquer um, até dos outros babacas do time de basquete.
Ela poderia ser apaixonada por um de seus melhores amigos que não doeria tanto.
Mas a vida era como um chute no saco, e era apaixonadinha pelo cara que ele mais desprezava na face da Terra.
E como se isso não fosse o suficiente, agora Bryan resolvera que queria sair com ela.
John sentia vontade de vomitar só de imaginar beijando o outro.
Imaginava que ele deveria ter sido Hitler na outra vida, ou alguém tão ruim quanto, para agora estar se fodendo tanto.
Só isso explicaria.
Ou alguém lá em cima realmente não gostava dele, apenas por ser John O’callaghan.

Bryan tirou a própria camiseta, antes de empurrá-la novamente em direção à cama, puxando seu vestido com tanta força que acabou rasgando próximo ao fecho do zíper nas costas.
sentia as lágrimas escorrendo em seu rosto, o medo tomando conta de si. Não sabia o que fazer para parar a situação. Tentara gritar, mas a música estava alta demais, ninguém escutara. E quando o fizera, sentiu as mãos de Bryan pressionarem com força sua boca, fazendo-a calar-se.
Sentia-se idiota por ter ido até lá com ele, sentia-se uma boba por achar que ele gostava dela. Mas, principalmente, sentia raiva de si mesma, por não conseguir sair de uma situação como aquelas.
E foi inevitável lembrar-se uma vez mais de John, e como ele sempre fora legal com ela, mesmo depois dela tê-lo afastado dois anos antes.
Achava que John jamais a colocaria em uma situação daquelas.
Assim como Bryan, John podia ter a garota que quisesse, ele era legal e bonito o bastante para isso, mas diferente do moreno, O’callaghan sabia o que um não significava. E de todas as vezes que vira o loiro com alguma garota, ele nunca tentara forçar algo que a parceira não quisesse.
Se ela não queria mais sair com ele, tudo bem, ele seguia em frente.
Se ela não estava afim de ir para a cama com ele – como escutara meses antes, depois de uma aula de educação física –, John concordava e deixava as coisas como estavam.
Simples assim.
Sem ameaças.
Sem gritos.
Sem roxos.
Foi quando percebeu Castilho abrindo o cinto e abaixando o zíper da calça jeans, que percebeu que não conseguiria ajuda, e que teria de fazer algo para defender-se sozinha. Engolindo o choro, ela juntou toda a força que podia em seu corpo, empurrando-o com força necessária para tirá-lo de perto dela.
Ele estava bêbado e enrolado com as calças que tentava tirar, então não fora tão difícil, embora ele fosse maior e mais pesado que a garota.
virou-se, sem importar-se com o estado em que estava, e foi quase correndo até a porta do quarto, tropeçando duas vezes no caminho.
Destrancou-a e andou apressada pelo corredor, escutando um grito ou dois de Bryan, que vinha logo atrás.

John levantava-se com certo esforço, estava a tempo demais sentado apenas bebendo, e sentiu o efeito do álcool assim que se colocou em pé.
Olhou uma última vez para dentro da casa, antes de virar-se para os amigos e dizer que estava indo embora.
A noite já tinha acabado para ele, na verdade, tinha acaba fazia quase quarenta minutos, desde o momento que vira saindo com Bryan.
Apenas agradecia mentalmente o irmão não saber que ele tinha um certo interesse nela, ou, além de precisar conviver como os últimos minutos – com sua mente formando várias imagens de beijos e outras coisas que ele preferia fingir que não imaginara -, teria que aguentar as piadas feitas pelo mais novo, por ter conseguido a garota que John queria.
John já tinha descido as escadas da entrada quando escutou um grito alto e risadas vindo de dentro da casa, olhou curioso por sobre o ombro, e foi quando seus olhos verdes focalizaram uma garota de vestido vermelho, maquiagem borrada e uma expressão de pânico, sendo apontada por todos os convidados.
Voltou correndo assim que seu cérebro lhe mandou a mensagem de que aquela garota era .
E ao passo que entrava pela porta, seguido dos quatro amigos, viu Bryan segurá-la com força pelo braço, começando a gritar algo para que todos escutassem, um sorriso arrogante em seus lábios.
John tentara passar por entre os colegas, mas tinham fechado uma rodinha em torno da garota, para que ela não conseguisse sair correndo como pretendia. Viu Melanie rindo, assim como os demais, logo ao lado de Bryan.
- Você acha que está bonita, não é? Que pode se comparar a nós, só porque resolveu usar um vestido e salto alto? – Cupper gargalhou enquanto apontava para uma assustada. – Acha que só porque resolveu vestir-se como uma pessoa normal pode frequentar nossas festas? Que pode sentar conosco?
- Você não pensou que eu gosto de você, pensou, ? – Bryan cruzou os braços em frente ao peito, olhando zombeteiro para a garota. – Ninguém gosta de você. Ninguém se importa com você.
- Você não tem nada aqui que agrade uma pessoa, . – Melanie disse tocando em uma mecha de cabelos da garota – Você não está vivendo um conto de fadas, para sua fada madrinha vir até aqui e te transformar em alguém melhor. Você sempre será você.
- Você sempre será feia. Você sempre será um fracasso, .
Kenny e Jared conseguiram empurrar dois jogadores do time de basquete para o lado, tempo suficiente para John passar por eles e entrar no meio da roda. olhou-o por um segundo, sem saber ao certo o que ele faria ali, mas suspirou em alivio quando ele a puxou para o lado, para sair.
- E falando em fracasso, olha só quem resolveu salvar o dia! – Bryan gargalhou, seguindo dos outros.
John sorriu tranquilo, o braço em torno da garota que escondia-se contra seu peito.
- Eu prefiro ser esse fracasso a ser um bostinha igual á você e seus amigos, que realmente pensam serem alguém importante. Sabe o que vai acontecer com você depois da escola, Bryan? Você vai ser esquecido. Ano que vem vai aparecer outro grupinho filho da puta e também vão achar que mandam no lugar, é um ciclo sem fim, infelizmente. Mas o lado bom, é que ninguém se lembrará de vocês!
John não esperou para ouvir a resposta, simplesmente virou as costas tentando sair dali com . Mas não fora rápido o suficiente.
Sentiu uma dor forte do lado esquerdo da sua cabeça, entre a nuca e a orelha, quando se virou, atordoado, viu a mão fechada de Bryan vir em sua direção novamente.
Acertando-lhe em cheio.
No segundo seguinte já estava no chão, o lábio doendo, o gosto de sangue em sua boca. Puxou o outro e, em um movimento rápido, estava por cima de Bryan, socando-o. Os dois rolaram enquanto os convidados dividiram-se em tentar ajudar Bryan, segurando John, e gritar incentivando a briga.
Kenny e Jared passaram pela rodinha, puxando os garotos que tentavam segurar O’callaghan para Castilho bater.
Enquanto Jared acertava um soco em um ruivo qualquer, Kenny levou um no estômago, mas deu dois no rosto do adversário.
Pat pulou nas costas de um cara moreno amigo de Bryan, tentando equilibrar-se e dar uns tapas enquanto o garoto tentava puxá-lo.
Garrett estava ali também, gritando para os amigos darem um gancho de direita.
Um gancho de esquerda.
Um mata-leão.
A maioria das garotas tinha dado mais espaço para a briga, enquanto os dois irmãos ainda rolavam no chão, aos socos.
virou-se para Garrett, indignada com o rapaz que não fazia nada para ajudar os amigos, puxou-o para tentarem separar as brigas, inutilmente.

A briga só parou cerca de vinte minutos depois, quando uma viatura da polícia chegou na casa e dois policiais separaram todos os garotos, desligaram o som e acabaram com a festa – que já incomodava há muito tempo os vizinhos.
Escutaram a versão de Melanie, dona da casa, sobre como aqueles cinco penetras invadiram a festa e começaram uma briga sem sentido com seus convidados. John e Kenny já estavam sendo algemados quando aproximou-se defendendo os garotos e tentando explicar o que realmente tinha acontecido.
- Querida, quem você pensa que é para dizer que eu estou mentindo? deu de ombros.
- , filha do advogado e promotor George . – ela virou-se para os guardas – Eu posso ligar para ele, para vir resolver tudo.

Depois que os policiais foram embora, após garantir que todos os adolescentes já tinham ido embora, e inclusive ligando para três ou quatro responsáveis – incluindo os pais de John e Bryan -, Melanie voltou para dentro de casa furiosa, ignorando todos os comentários vindos dos vizinhos que saíram para olhar a confusão.
Bryan e John ainda escutavam o sermão vindo dos pais, enquanto Kenny e Jared – de rosto inchado e dolorido – estavam sentados no muro baixo na saída da casa dos Cupper, junto com Pat, Garrett e , a qual se desculpara por toda a confusão, visto que foi uma das responsáveis.
Queria também conversar com John, mas o mesmo parecia que nunca mais escaparia da bronca que estava levando do pai. Embora, de longe, parecesse que Bryan estava ainda pior, já que a mãe do garoto gritava aos quatro ventos que não o tinha criado para ter aquele tipo de atitude, e, inclusive, disse que John não tinha razões para ficar de castigo, já que fora o único a ter uma atitude de homem e tentar ajudar .
Mesmo que isso envolvesse cair aos socos com o irmão.
Depois de mais uns dez minutos, e três ligações de casa, acabou despedindo-se dos outros quatro e pegando um táxi para casa, sem conversar com O’callaghan.

Tinha acabado de deitar – após explicar rapidamente o que acontecera, e escutando o pai dizer que iriam, sim, dar parte de Bryan na polícia -, quando escutou uma batida leve na janela. Ignorou-a, apagando a luz do abajur e fechando os olhos, confortável e pronta para dormir.
Então novamente escutou uma batidinha, e por um segundo considerou sair correndo ou chamar os pais. Tinha assistido onze temporadas de Supernatural para saber que esse barulho, talvez, não fosse um bom sinal.
Foi só quando escutou um sussurro, muito parecido com seu nome, que se levantou hesitante, por garantia, pegou o spray de pimenta de dentro da bolsa jogada ao chão, antes de abrir a cortina e olhar pela janela.
Segurou um grito ao ver John parado, agarrado nas grades da pequena varanda. Como ele tinha subido até ali era um mistério.
Abriu a janela vendo-o sorrir, mesmo com o lábio inchado e alguns machucados no rosto.
- O que você ‘tá fazendo aqui? – foi à primeira coisa que conseguiu falar.
- Queria saber se estava tudo bem, ué. – deu de ombros, o sorriso ainda presente em seu rosto.
balançou a cabeça.
- Acho que você está pior do que eu. – apontou para seus machucados.
- Eu ficarei pior se cair daqui, sabe?
riu concordando com a cabeça, afastando-se para dar espaço para John entrar em seu quarto.
- Sabe o que vai te acontecer se meu pai aparecer aqui? – sussurrou vendo-o olhar seu quarto, mesmo parcialmente escuro.
- Tenho certeza que não será boa coisa, se até os policiais resolveram não me prender quando você falou o nome dele... – riu baixinho tornando a olhá-la – E obrigado por isso, não seria legal ter uma ficha criminal no currículo...
concordou com a cabeça, voltando a sentar em sua cama.
- Achei que não se importasse com seu currículo...
- Não me importo, – deu de ombros novamente – mas mesmo assim não seria legal para um futuro popstar, não é mesmo? – piscou sentando-se na beirada da cama. – De qualquer jeito, obrigado. Foi legal...
- Não precisa me agradecer, O’callaghan – sorriu para ele – Na verdade, sou eu quem te deve algumas desculpas e muitos obrigados.
- Vamos fazer um trato, ninguém agradece ninguém. – fez careta apontando de um para o outro, ela concordou com a cabeça – Mas não entendo o porquê de você me dever desculpas...
- Bem... – colocou uma mexa atrás da orelha, olhando para baixo – eu poderia ter sido mais legal com você...
- Você nunca me tratou mal, . Até ria das minhas piadas...
Ela o encarou por um momento, o rosto corado, voltou a olhar para baixo antes de respondê-lo.
- Acho que você entendeu o que eu quis dizer...
Foi a vez de John parecer constrangido, passou a mão pelo pescoço olhando para a parede com um pôster de Harry Potter colado.
- Hm... Digamos que foi tudo um mal entendido, não é? Quer dizer... Não era para as coisas terem acontecido daquele jeito... Eu... Hm... Hm... Bem...
pigarreou chamando a atenção do garoto.
- Tudo bem, John... Podemos deixar isso pra lá... Já faz tempo... – deu de ombros, ainda parecendo sem graça.
O’callaghan mordeu o lábio inferior por um momento, negando com a cabeça em seguida.
- Eu não quis estragar as coisas daquele jeito, ... Eu realmente sinto muito. Achei que... Sei lá... – passou a mão pelos cabelos curtos, um suspiro escapou por seus lábios – Que seria diferente...
sentiu o rosto esquentar, agradeceu mentalmente o quarto estar parcialmente escuro, talvez John não reparasse em seu rosto vermelho. Mexeu-se inquieta.
- Sinto muito... Quer dizer... – estralou as mãos sem jeito – Eu... Você sabia... Digo... Eu disse que não tinha beijado ninguém antes... Eu...
John olhou-a por alguns segundos em dúvida, o cenho franzido.
- O quê?
A garota suspirou mordendo a língua levemente.
- Você sabia que eu não tinha beijado ninguém antes... Não foi minha culpa se fiz errado...
O’callaghan ficou em silencio por alguns segundos, abriu a boca duas vezes, porém não soube o que falar. No segundo seguinte estava rindo, gargalhando. Alto.
- Shiu! – pediu desesperada, inclinando-se em sua direção, colocando as mãos em sua boca para abafar o som – Vai acordar meus pais!
John ainda sorria, quando conseguiu afastá-la o suficiente para voltar a falar.
- Você realmente acha que fez algo errado? É por isso que tem me evitado desde aquele dia? – ela o olhou em dúvida por breves segundos – Eu sempre pensei que você me evitava porque... Bem... Eu fiquei um pouco excitado demais aquele dia, e você foi embora de repente, e não falou muito comigo depois daquilo... Imaginei que você me achava algum tipo de tarado do parque, ou sei lá...
- Como é? – negou com a cabeça – Você me pediu desculpas, achei que tinha se arrependido e que eu tinha feito algo errado.
- Deus! – ele ergueu as mãos, fazendo uma careta engraçada – Você é louca! Eu não estava pedindo desculpas pelo beijo, . Eu pedi desculpas por ter ficado um pouco animado. Não era pra ter acontecido, muito menos pra você perceber. Foi um tanto constrangedor...
fez um barulho com a boca, ainda sentindo o rosto quente.
- Hm... Bom, não tinha como eu adivinhar, não é mesmo? Quer dizer... Você foi o primeiro... Então... Bem...
John riu colocando a mão na boca na garota, antes que ela falasse mais alguma coisa sem sentido, que no final o fizesse rir e acordar os pais dela.
- Você é estranha.
Ela deu um tapa em sua mão, ressentida.
- Não foi uma ofensa, , foi um elogio.
- Você me chama de estranha, diz que é um elogio, e eu que sou estranha? – questionou com a sobrancelha arqueada, um sorriso leve em seu rosto.
O loiro riu concordando.
- Você poderia se sentir ofendida se eu dissesse que você é igual ao pessoal da escola. Mas você é estranha em um bom sentido. Por exemplo, não acho que Cupper e as outras garotas usem um pijama do Batman, ou que ainda tenham pôsters de filmes nerds no quarto, igual a você. Ou que tenham os filmes d’O Senhor dos Aneis, e o livro do Hobbit. E, me desculpe, mas acho que a maioria não tem tantas séries na prateleira.
olhou ao redor, reparando em cada coisa que ele dizia, um sorriso sem graça permanecia em seu rosto.
- Você sabe que eles são uns babacas, não é? – o encarou confusa – O pessoal da escola, Cupper, Bryan, o time de basquete e todos eles... Você não deveria escutar o que eles dizem, nem tentar ficar parecida com nenhum deles, nenhum vale á pena... Eu prefiro você exatamente assim... – apontou com a cabeça.
- De pijama? – ela riu, ele gargalhou.
- Como você preferir... – ele piscou sedutor.
John mordeu o lábio inferior, inclinando-se para perto da garota.
- Gosto das curvas do seu rosto quando você sorri, é bonito.
- Gosto dos seus olhos, O’callaghan.
John aproximou-se, piscando várias vezes, e a encarando, de forma a mostrar continuamente seus olhos verdes. A garota riu mais alto, tapando a boca em seguida e olhando para porta, esperando qualquer sinal de que os pais estivessem acordados.
- Eu posso te beijar agora, ou eu deveria esperar mais um pouco? – perguntou tocando-lhe o rosto, antes mesmo que ela pudesse responder – E não se preocupe, podemos treinar bastante para você não correr o risco de me beijar errado nunca mais...



Nota da autora: (11.03.2016) Ooi!
Eu só queria agradecer a Lannes linda maravilhosa, por ter ajudado em mais uma short do The Maine. JOHN MOZÃO <3 E obrigada por quem parou uns minutinhos para ler! Vocês são A+! That’s all folks!

Xx Reh
PS: Pra quem quiser conhecer outras fanfics, tem várias aqui no grupinho.
Incluindo New Frontier e Uma Nova Historia. E a outra short do TM, Up In Some Hotel Room!




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