1. Into The New World
“Meu reflexo estava na janela do trem,
Enquanto eu embarcava numa nova cidade.”
- All My Love Is For You / Girls Generation
— Ah… — dei um suspiro cansado assim que desembarcamos no Aeroporto Internacional de Incheon, era visível minha insatisfação naquele momento.
— Pandinha, pare com essa cara. — minha mãe se aproximou de mim e segurou em minha mão, me dando o braço para me apoiar nela — Pensei que será um ano mais divertido em sua vida.
— A senhora sabe que meu currículo acadêmico não fica nada divertido com essas mudanças. — a olhei contrariada — Aish¹, que menina mais nerd. — ela riu de leve — Eu deveria ser grata por isso, mas você está se sobrecarregando antecipadamente de mais por causa dos seus estudos.
— Mesmo assim…
— Além do mais… — ela me interrompeu — Olhe pelo lado bom, agora você vai estudar em um país onde alunos passam até dezesseis horas por dia, até sete dias por semana. — mamãe me lançou um olhar de: te peguei — Não deveria estar animada e contente por isso.
— Omma²?! — a suspirei novamente — Eu sou nerd, não masoquista.
Ela soltou uma gargalhada alta, fazendo as pessoas que passavam perto olhar para nós.
— Agora te peguei, panda nerd. — ela riu mais um pouco — Tenho certeza que minha filha querida vai sobreviver a isso, você tem um ponto positivo.
— Qual? — agora estava curiosa.
— Seus pais não irão te crucificar se você não entrar no top10 dos melhores alunos. — ela riu mais um pouco, parecia estar zoando a minha cara, era típico da minha mãe.
Porém, amava esse seu lado descontraído já que meu pai era um pouco mais sério e fechado, isso era mais visível do que suas diferenças culturais.
— Está tudo bem? — perguntou papai ao se aproximar de nós, empurrando o carrinho de bagagens.
— Sim. — assentiu mamãe ao sorrir para ele, voltando sua face para meu irmão — Jinho largue esse game portátil, acabamos de chegar e só pensa em jogos.
— Omma, estava entediado. — resmungou ele mantendo seu olhar para o jogo — Passamos mais de doze horas em um avião.
— Por isso mesmo, este primeiro momento é crucial para respirar ar puro e ver paisagens novas. — retrucou ela.
— O que sua mãe disse?! — meu pai em seu tom reconhecível de autoridade, o olhou sério — Precisarei guardar eu mesmo?
— Aniyo³. — disse ele desligando o aparelho e guardando na mochila, claro que sua cara estava emburrada.
Omma segurou o riso e deu uma piscada disfarçada para papai, que sorriu de canto. Meu pai era muito rigoroso quanto ao respeito que deveríamos ter com nossa mãe, isso me fazia admirá-lo ainda mais, o carinho que ele demonstrava de forma discreta por ela era fofo e em alguns momentos engraçados. O que me fazia ficar curiosa se todos os outros homens coreanos eram assim.
— Então vamos? — disse minha mão, continuando de braços dado comigo.
— Sim, vamos. — meu pai ajeitou a bolsa transversal que estava em seu ombro e seguiu na frente.
— Vamos de táxi? — perguntei a minha mãe, enquanto seguíamos ele.
— Não, seu pai reservou um carro para irmos mais confortáveis.
— Quando foi isso? — meu pai era sempre precavido.
— Pouco antes de embarcarmos de Lisboa. — respondeu ela — Ele ligou para a companhia e reservou um.
— Faz sentido. — desviei meu olhar para as pessoas que passavam por nós, todas pareciam apressadas com sua vida.
Assim era a rotina coreana, as pessoas sempre estavam com pressa para fazer algo.
— Omma, estou com fome — reclamou Jinho com uma voz desanimada.
— Você comeu no avião. — disse minha mãe de forma despreocupada.
— Mas ainda estou com fome. — reclamou ele novamente.
— Assim que entrarmos no carro te dou algo. — ela deu um suspiro fraco — Esse menino só come e joga.
— Agradeça por ele ter o metabolismo acelerado. — brinquei rindo.
— Yah4, isso é coisa que se brinca?! — ela me olhou como se tivesse matado minha indireta — Este ano Jinho não me escapa, colocarei ele em uma aula de natação, não o deixarei nessa vida sedentária. — seu tom estava confiante.
— Está falando como uma mãe coreana. — eu ri de leve.
— Sua boba. — ela riu também — Morreu aí Jinho.
— Não omma. — ele se aproximou mais de nós — Mas se não comer…
— Yah, deixe de ser manhoso little Jini. — disse o chamando pelo apelido que minha mãe sempre lhe dava, assim como o meu pandinha.
— Ahhh… Só a omma pode me chamar de little Jini. — reclamou ele assim que eu esfreguei minha mão em sua cabeça atrapalhando seu cabelo.
— Sou sua irmã mais velha, por isso vou te chamar assim, sim. — retruquei.
— Jini e Pandinha… — minha mãe nos olhos, como se dissesse que se aquela brincadeira rendesse, sairia briga.
— Omma, não nos olhe assim, não está vendo o amor exalando de nossos corações. — brinquei fazendo ela rir.
— Chegamos. — disse papai parando pouco mais a frente, diante de um carro que parecia ser da empresa — Todos entrando, temos mais duas horas até Daejon.
Duas horas a mais… Pelo menos teríamos paisagens pelo caminho.
Appa5 é um coreano que passou parte da sua juventude estudando nos Estados Unidos, já minha mãe uma brasileira que após lutar muito para conquistar seu sonho, conseguiu se graduar em gastronomia tendo a chance de fazer MBA na França, o país onde se conheceram. E 18 anos após o casamento mais rápido do mundo, eles ainda são muito apaixonados um pelo outro, mesmo depois de tantos anos, muitas dificuldades e preconceitos de diversas pessoas. Uma dessas pessoas eram meus avós, que não aceitaram muito essa mistura cultural, porém mesmo assim eles se casaram e graças a isso estou completando 16 anos nesta data.
Eu sou a mistura dos dois que nasceu quando eles tiveram que morar em Sydney, na Austrália e meu irmão Jinho de 10 anos é a mistura que nasceu em Tóquio, no Japão. Deveria ser uma data alegre já que era meu aniversário, mas depois de 3 meses tentando me adaptar a nova rotina que tínhamos em Lisboa, mudar novamente, fez meu dia ser esquecido por todos. Nossa nova localização seria Daejon, há 150km da capital Seoul.
— Estão muito calados, dormiram aí atrás? — perguntou minha mãe rindo.
— Estou comendo. — respondeu Jinho após terminar de engolir — Não posso jogar.
— Não mesmo, aproveite a paisagem, tenho certeza que sua imaginação te ajudará a não se entediar. — sugeriu meu pai que mantinha sua atenção na estrada.
— Appa deu uma boa sugestão. — desviei meu olhar novamente para a janela do carro, ajeitando o fone direito que estava no ouvido — Mas eu prefiro fazer isso com um fundo musical.
— O que está ouvindo? — perguntou ela — Música clássica?!
— Não. — eu ri — Estou ouvindo a ost de Boys Over Flowers.
— Primeiro dorama a gente nunca esquece. — comentou ela — Sempre me pego ouvindo a ost de Hana Kimi.
— Clássicos da vida. — eu ri.
Tinha mesmo que distrair a minha mente, pois a cada vez que me lembrava da minha nova vida escolar, nesta altura do ano letivo europeu, eu teria que sobreviver o dobro e não me deixar ser prejudicada. Toda essa mudança veio através da multi-concessionária onde papai trabalhava, sendo um membro da diretoria muito competente o fazia ter que mudar com frequência, afinal, sempre que surgia um problema em alguma filial era ele quem resolvia.
Enquanto meu irmão estudaria na Song Elementary School, que ficava perto de onde moraríamos, eu iria estudar na Daejon Cho High School, um colégio particular onde o dono era amigo de infância do papai, nem queria imaginar como será meu primeiro dia de aula.
Quando appa estacionou o carro e nós descemos, não resisti em soltar um suspiro desmotivado, depois de tantas casas lindas e espaçosas, moraríamos em um apartamento. Entramos no edifício, um rapaz que ficava na recepção nos cumprimentou e ajudou a carregar as bagagens, como sempre nos mudávamos, então não acumulávamos muita coisa além das roupas do corpo.
Sétimo andar, apartamento 702, mantive meu olhar desinteressado no telefone ao sair do elevador, aquela distração me fez derrubar minha pasta de desenhos, que estava carregando comigo.
— Eu te ajudo. — disse um homem ao se aproximar, ele pegou a pasta e me entregou — Aqui.
— Oh, obrigada. — eu me curvei em agradecimento, meio sem graça, ainda não tinha me acostumado com o lado mais formal dos coreanos, pois sempre era tão informal com meus pais.
— Espero que se acomodem bem. — ele deu um sorriso de boas vindas que me fez ficar encantada.
— Obrigada. — disse minha mãe ao se posicionar ao meu lado — O senhor mora aqui também?!
— Sim, sou o professor Han. — ele abanou a cabeça — Se precisarem de ajuda.
— Agradecemos, mas está tudo sob controle. — minha mãe se curvou de leve — Vamos querida.
Nos despedimos dele e fomos até nossa porta, demorou em pouco para appa configurar o sistema de segurança e escolher a senha da fechadura. Quando entramos, me deparei com um apartamento todo decorado e mobiliado num estilo simples, porém aquela sofisticação básica da minha mãe exalava em cada um dos móveis. Me perguntava como aquele lugar tinha sido decorado e se ela realmente tinha parte nisso, por mais que sua profissão fosse da gastronomia, mamãe amava assuntos referentes a decoração.
Uma notícia boa?! Três quartos, ou seja, eu teria minha privacidade.
Isso me deixou mais animada, quando entrei no meu quarto reconheci rapidamente a colcha de patchwork que a vovó Margarida tinha me dado de presente de aniversário, senti que podia fazer daquele pequeno espaço o meu novo refúgio do mundo. Abri as malas e comecei a organizar minhas roupas no armário, ao final olhei para meu amigo de infância meu gato de pelúcia que eu chamava de Heebum, retirei da mala e o coloquei em cima da cama.
Abri as cortinas e deixei o vento entrar, ainda era dia, acho que estava quase na hora do almoço. Terminei minha arrumação e fui para cozinha, omma estava preparando um lanche rápido para o nosso almoço.
— Veio me ajudar pandinha? — perguntou ela quando entrei.
— Sim, por onde começo? — eu sorri.
— Pegue os pratos e os copos naquele armário. — ela apontou para a minha esquerda — Coloque na mesa de jantar para mim.
— Tudo bem! — caminhei até o armário e abri a porta — A senhora parece muito familiarizada com esse apartamento, além da decoração ser do seu gosto.
— Está se perguntando como fui capaz de fazer isso antes de nos mudarmos para Daejon? — ela riu de leve.
— Basicamente. — retirei primeiro os pratos para colocar na mesa.
— Estava fazendo isso desde as férias do natal passado. — explicou.
— Hum, por isso ficamos na casa da vovó Margarida.
— Exatamente. — confirmou.
— O que estão fazendo? — perguntou Jinho ao entrar na cozinha.
— O que mais gosta? — respondeu omma com outra pergunta.
— Vocês não sabem fazer jogos. — brincou ele rindo — Omma, o que vamos comer
Não demorou muito e finalmente fizemos nossa primeira refeição, na nova casa e como não tínhamos muita coisa para fazer nesse primeiro dia, minha mãe nos fez ir as compras com ela no mercadinho que havia perto de casa. Logo à noite, me confinei em meu quarto para trocar algumas mensagens com minha única amiga real, Lira, nos conhecemos de uma temporada que morei no rio Grande do Sul no Brasil, e continuamos a ser amigas sempre mantendo contato através do mensenger do facebook.
Quando o sol saiu, senti que meu corpo não queria se desfazer do conforto da nova cama, ainda estava com sono, tinha ido dormir tarde, após passar horas conversando com a Lira. Me levantei assim que o despertador tocou pela 3ª vez, me alonguei, espreguicei e até pensei em me deitar novamente, mas um toque na porta me alertava que era minha mãe garantindo que eu havia acordado.
— Estou me arrumando. — eu disse.
Me arrumando?!
Nem consegui me arrumar direito, pois a troca de olhares que eu tinha com minha cama eram tão intensos. Quando cheguei na cozinha segurando a mochila, minha mãe me convenceu a acordar me dando uma xícara de chocolate quente.
— Aqui querida. — ela esticou o copo e sorriu.
— Komaweyo6 omma. — eu peguei, estava meio quente.
— Hum, se quiser posso levar você e seu irmão de carro.
— Não! — eu a olhei, tomei todo o chocolate e coloquei o copo em cima da mesa — Prefiro ir sozinha.
— Como assim sozinha? É seu primeiro dia. — ela me olhou espantada — E se você se perder?
— Omma, passei a noite pesquisando no google maps, eu ficarei bem.
— Então, vá em segurança. — ela sorriu de leve — E fighting!
— Fighting!
Não queria passar por algum constrangimento por causa da minha mãe. Eu saí primeiro após mais algumas observações dela sobre a estação que deveria parar e como eu deveria me comportar no meu primeiro dia. Uma curiosidade, o sistema educacional coreano é um pouco diferente, as aulas começam em março e se finalizam em fevereiro, tendo recesso em meados de julho agosto por causa das férias de verão, e finais de dezembro para as férias de inverno, por causa do natal e ano novo.
Eu finalmente iria conhecer a linda rotina dos alunos asiáticos, que estudavam as vezes até quase 18 hrs por dia, minha aula seria das 7:30 da manhã até às 17hrs da tarde, seria mais um desafio passar pouco mais de 9 horas estudando. Como não fazia amigos nos lugares que morava, meu passatempo era livros e estudo, então não seria tão ruim assim!
Era legal começar a estudar em plena segunda-feira, foi neste mesmo dia que minha vida entrou em um ritmo de adrenalina. Quando cheguei na escola, fui diretamente para secretaria, precisava assinar alguns documentos e pegar minha folha de horários. Foi um leve momento de distração, procurando meus documentos na mochila que me fez trombar em uma pessoa, derrubando minhas coisas no chão.
— Yah! — disse o garoto num tom alto e rude.
— Ah, me desculpa. — eu olhei me curvando e logo abaixei para pegar tudo que tinha caído.
— Olha por onde anda novata. — ele se abaixou e pegou justo meu passaporte, já abrindo para ler — — ele esticou a mão me entregando com um sorriso prepotente.
— Obrigada. — me curvei de novo e quando fui pegar ele deixou cair de propósito.
— Ops. — seu olhar continuou sério — Acho que deixei cair.
— … Yah, vamos. — gritou um menino que estava perto da escadaria.
— Vou me lembrar disso novata estrangeira. — ele saiu tranquilamente, reparei que em sua mão, ele balançava uma corrente de prata.
— Belo primeiro dia. — sussurrei para mim enquanto pegava meu passaporte.
Após preencher o resto dos papéis que faltava, uma senhora muito simpática meu deu minha folha de horários e me disse onde era minha sala, a prestigiada 2-2. Ao chegar na porta outra surpresa, mas esta era boa, o professor responsável era o senhor super legal que havia oferecido ajuda na noite anterior, professor Han.
— Annyeonghaseyo7! — eu sorri e entreguei o papel da minha transferência.
Ao ler o que estava escrito, ele caminhou até a frente da classe e enunciou a minha presenta, segundo constrangimento: me apresentar para todos.
— Annyeonghaseyo, imnida8. — sorri de leve — Cuidem bem de mim.
— Seja bem vinda. — o professor Han sorriu com gentileza — Novamente.
— Obrigada. — me curvei em respeito novamente e caminhei até uma carteira ao lado da janela que estava vazia.
Aquela providencial janela, dava vista para o pátio central e a quadra de esportes, bem debaixo de uma árvore deitado em um banco estava o pesadelo de nome , com mais quatro garotos, incluindo o da escadaria.
— Aqueles são o Prince Line, se acham os donos da escola. — disse o menino que estava sentado na minha frente com um tom amargo.
— Percebi. — eu respirei fundo desviando meu olhar para ele.
— Prazer, sou ! — ele sorriu gentilmente, seu olhar era sereno e ao mesmo tempo profundo.
— Prazer, pode me chamar de se quiser. — sorri de volta.
Ele se virou para frente, o professor Han iria começar a falar sobre a importância da Literatura nos dias atuais, além de nos passar o primeiro trabalho no semestre. Mesmo tendo um professor tão lindo e gentil, eu não conseguia me concentrar, acho que meu cérebro estava meio travado por causa da recepção na secretaria. Sorte que percebeu e se ofereceu para me passar suas anotações.
No intervalo eu e sentamos em uma mesinha perto do refeitório, ele era realmente gentil e super educado, me contou um pouco como era a rotina de estudos no país e me deu algumas dicas para que eu pudesse me adaptar com facilidade. Nossa conversa estava interessante até o grupinho se aproximar, comecei a respirar fundo vendo aquele presunçoso vir em nossa direção.
— Novata estrangeira. — disse ao se aproximar sentando ao meu lado ficando de costas para a mesa encostando-se à ela.
— O meu nome é… — eu olhei tentando manter minha educação.
— . — ele me interrompeu — Eu sei.
Os amigos dele se encostaram na parede que tinha perto e ficaram nos olhando.
— Desculpe, mas está nos atrapalhando. — disse com uma voz séria.
— Ha...ha...ha… — deu uma gargalhada e se virou para ele — Quem é você? Namorado dela?
— O que? — eu me levantei — Ele é meu novo amigo e você está realmente nos atrapalhando.
— Não vou demorar. — ele se levantou e me encarou — Graças a você me atrasei para aula, e isso me custou uma punição.
— Eu já pedi desculpas. — olhei não demonstrando fraqueza.
— Suas desculpas não são suficientes. — ele pegou a maçã que estava na minha bandeja — Nos vemos na saída.
Ele deu uma leve piscada para mim antes de se afastar, me deixando paralisada por um momento.
— O que você fez? — perguntou .
— Eu trombei nele quando fui a secretaria, mas pedi desculpas. — eu o olhei meio sem entender.
— Bem, ele não é muito de aceitar desculpas. — ele suspirou fraco — Como eu disse, Prince Line se acham os reis da escola.
Eu respirei fundo tentando não ficar revoltada, não podia criar problemas, não no primeiro dia, o que meus pais pensariam? Eu era o orgulho acadêmico deles. Voltamos para sala para mais uma jornada e exercícios, pediu dispensa mais cedo, ele tinha que ir ao médico pegar uns exames para sua mãe. Passei o resto da aula tentando me concentrar nas tarefas de geometria e como iria preencher os relatórios de literatura, porém a gentileza do professor Han me fazia perder um pouco a noção do tempo e espaço. Assim como todo o restante das meninas da sala!
Quando me dei conta já era 17:15, todos da sala já haviam ido quando o professor veio me chamar para realidade.
— Ah! — disse ao acordar do transe.
— Estava me ouvindo? — perguntou ele.
— Oh, desculpa o que disse?
— Está na hora de ir. — ele deu um sorriso.
— Ah, sim. — eu curvei a cabeça — Obrigada!
— Até amanhã. — ele se afastou, pegou sua pasta e saiu.
Eu me espreguicei e comecei a guardar minhas coisas quando meu estojo de lápis caiu, senti que alguém havia pegado e esticando para mim, eu peguei agradecendo, guardei e quando olhei de volta.
— Você?
— Eu disse que voltaria. — estava sentado na mesa da frente me olhando.
— Veio sozinho? — eu olhei para porta e um dos seus amigos estava lá — Ah, claro que não. O que você quer?
— Cobrar sua dívida. — seu olhar era sereno.
— Dívida? — eu o olhei indignada — Te conheci hoje de manhã e já tenho uma dívida?
— Como eu disse, levei punição por sua causa. Você tem uma dívida comigo.
— Foi um acidente. — eu me levantei e olhei sério — Não pode me culpar.
— Posso, a culpa foi sua. — ele se levantou se mantendo parado em minha frente, seu olhar tranquilo já estava me irritando.
— Não mesmo. — eu peguei minha mochila e coloquei nas costas — Se continuar me perseguindo eu delato ao diretor.
— Eu sou o melhor aluno desta escola, meu pai é o dono e o diretor meu tio, em quem acha que vão acreditar? E pior, poderão te expulsar por tentar espalhar conflito e difamar um aluno que só foi prejudicado, desde o primeiro momento que você chegou aqui.
— Não acredito. — eu respirei fundo, queria poder jogar ele pela janela.
— Te vejo amanhã então. — ele caminhou até a porta — Há, diga ao seu namorado para não interferir.
— Ele não é meu namorado. — disse num tom mais alterado.
— Que seja. — ele piscou de leve novamente e saiu rindo.
Eu engoli seco aquelas palavras, não iria me curvar a ele, jamais.
“Você está em perigo
Você mexeu com a pessoa errada, saia daqui
Porque eu, porque eu sou perigoso.”
- Badman / B.A.P
Dicionário Coreano:
1. Aish: usado para expressar falta de paciência ou ansiedade.
2. Aniyo: não
3. omma: mamãe
4. Yah: Ahhh.
5. Appa: papai
6. Komaweyo: Obrigado (informal/polido)
7. Annyeonghaseyo: Oi
8. imnida: eu sou (para apresentação)
2. Danger
“Apareço como o vento, desapareço como fumaça,
Enganando seus olhos
Me aproximo como uma pétala,
E desapareço como um espinho em direção ao seu coração.”
- Danger / Taemin
— Idiota. — sussurrei respirando fundo.
Como uma pessoa que eu conhecia a menos de um dia, podia me deixar tão irritada com facilidade?
— Preciso ir para casa. — disse fechando minha mochila e ajeitando nas costas.
Peguei o celular e olhei novamente no aplicativo coreano de rotas e transportes, que havia me passado, foi uma boa dica dele para que eu não me perdesse com tanta facilidade. A distância entre a escola e a estação não era tão grande assim, mas para quem havia passado algumas horas sentada, seria uma bela caminhada.
— Boa noite querida. — disse ela da cozinha ao ouvir o barulho da porta.
— Boa noite, omma! — passei por Jini que já estava com seus olhos pregados na televisão jogando — Você não cansa garoto?!
— Não. — ele riu.
Passei direto para o quarto, continuaria meus estudos por mais algum tempo revisando minhas anotações da aula e analisando as que havia me emprestado. Minha mãe veio até meu quarto com uma bandeja de lanche, eu estava tão concentrada em minha revisão do primeiro dia, que pensei em fugir das perguntas dela sobre o 1º dia de aula. Porém, como o esperado, quando entrou foi logo perguntando as novidades.
— Trouxe seu lanche. — disse ela me fazendo parar de escrever e colocando a bandeja em cima de alguns papeis ao lado.
— Obrigada, omma. — sorri de leve e olhei para o bolo de chocolate que me aguardava — Foi ao mercado novamente?!
— Sim. — ela deu alguns passos até a cama e se sentou — Senti que faltava algumas coisas para comprar, sabe como sou, não consigo me acostumar a comer fora.
— Mas aqui na Coreia é normal. — comentei.
— Ahhh… E eu não sei?! — ela me olhou com tristeza — Os preços são tão altos no mercado, mas eu gosto tanto de cozinhar.
— Então continue cozinhando. — ri dela.
— Vamos mudar de assunto. — ela sorriu — estou curiosa sobre seu primeiro dia.
— Ai mãe, não podemos deixar para depois? Estava estudando.
— Pandinha. — ela me olhou com carinho — Me conte só as partes boas então?!
Eu fiz alguns rodeio e tentei mudar de assunto novamente, mas acabei contando a parte sobre e o professor Han que era o nosso vizinho, assim que vi uma certa satisfação em sua face, pedi a ela para ficar sozinha, pois ainda tinha matérias para estudar. Consequentemente, passei o resto da noite colocando toda minha vida escolar no lugar, percebi que nunca havia feito tanta anotação em um único dia de aula, a parte boa era aquele professor fofo e gentil, a parte má é que sempre me distraía muito com o seu sorriso, eu e todas as outras meninas da sala.
— , se concentre. — me repreendi um pouco ao desviar meu foco das anotações para meus pensamentos sobre a vida do professor Han — Onde parei mesmo?! Hum...
Tentei me concentrar em absorver tudo o que tinha aprendido, porém a imagem de invadiu minha mente de forma inesperada.
— Garoto ridículo… — sussurrei me lembrando das suas provocações — Acha que sou culpada, eu me recuso a aceitar ter uma dívida com ele.
Mantive meu olhar para o livro por um tempo, porém não conseguia deixar de pensar sobre isso. Quando terminei meus estudos já era madrugada, completaria mais uma noite de 4 horas de sono e foram as melhores quatro horas que eu poderia ter, revigorante e confortável aquela cama. Acordei bem quando o celular tocou e mesmo não dormindo muito tempo, senti meu corpo leve e descansado, me levantei, troquei de roupa colocando meu uniforme e fui para a cozinha tomar café.
— Que milagre não estar atrasada. — comentou minha mãe ao servir Jini — Vi quando apagou a luz do seu quarto.
— A senhora estava acordada àquela hora?! — perguntei permanecendo de pé e pegando um biscoito para comer.
— Acha mesmo que conseguiria dormir sabendo que estava acordada estudando?! — ela me olhou como se tivesse demonstrando que sempre estaria preocupada comigo em qualquer situação — E você Jinho, também vi quando desligou o tablet e foi para cama.
— Eu estava sem sono omma. — explicou ele.
— Sem sono, e criança nessa idade não tem sono? — ela colocou a mão na cintura — Ainda chegará o dia em que ficará sem toda essa tecnologia.
— Eita. — ri da cara dele — Já até te vejo nesse jejum, farei questão de jogar na sua frente.
— Yah. — ele me olhou — Sua chata.
Ri um pouco mais e terminei meu café, era divertido nossos momentos no café da manhã.
Já que appa havia saído primeiro para um café da manhã de negócios, minha omma levaria Jinho para a escola e passaria na casa de um amigo do papai, a esposa dele iria apresentá-la a algumas amigas. Já eu saí tranquilamente para ir ao colégio, de acordo com meu cronograma chegaria na hora exata, porém quando você pensa que seu dia não vai te surpreender, eu me perdi na estação e peguei o metrô na direção errada.
Tinha que acontecer isso justo hoje, teríamos teste de aptidão na aula de educação física logo no 1º horário.
— Oh, não! — disse para mim mesma tentando não chorar.
Peguei o metrô na direção certa, depois de esperar por quase 30 minutos. Fui correndo até chegar no portão da escola que já estava fechado.
— Senhor, por favor me deixe entrar. — eu gritei.
— Me desculpe. — o homem com cabelos grisalhos se aproximou — Mas não poderá entrar.
— Senhor, esse é meu segundo dia, não posso ficar fora da escola.
— Não posso fazer nada, esse portão não abrirá, da próxima vez chegue mais cedo.
— Por favor. — eu segurei na grade, estava meio desesperada — Eu peguei o metrô errado.
— Senhor Kim. — disse alguém se aproximando — O que está acontecendo?!
— Ah, jovem príncipe. — ele se virou e eu pude ver o rosto da pessoa — É uma aluna que chegou atrasada.
— Interessante. — disse ao se aproximar mais — Novata estrangeira.
— Oh não, você não. — eu suspirei fraco, era o que eu menos queria naquele momento.
— Senhor Kim, esta aluna deveria estar em um lugar muito importante.
— Jovem príncipe?! — ele me olhou não entendendo.
— Podia abrir o portão para ela, por favor. — ele desviou o olhar para mim e sorriu.
— Não. — eu gritei no impulso — Eu prefiro suspensão.
— Acho que não tem escolha, sua turma já está na quadra e se não chegar terá um castigo e tanto, quer mesmo isso? Logo no segundo dia?!
— Droga. — eu sussurrei — Não. — concordei com ele — Não quero.
O senhor Kim abriu o portão e eu entrei, parei frente , ele estava com um sorriso debochado no canto do rosto, ficamos nos encarando por alguns instantes até que.
— Acho que ainda está atrasada. — disse ele apontando para quadra.
— Por que fez isso? — eu perguntei.
— Te vejo na biblioteca no primeiro intervalo — ele saiu andando — Ah, agora você me deve duas vezes.
— Yah… — um grito preso soltou da garganta.
Eu gostaria de ter dado uma boa resposta a ele, mas estava mesmo atrasada. Saí correndo em direção à quadra, aquela aula era importante para mim. Quando cheguei levei uma bronca do treinador Lee, que me mandou ir correndo trocar de roupa, assim me troquei o mais rápido que pude no vestiário e saí correndo de novo para quadra.
— Como conseguiu entrar? — perguntou ao chegar perto de mim.
— Se eu contar não vai acreditar. — eu o olhei.
— Me surpreenda.
— Uma palavra. — eu respirei fundo — .
— Como?
— Digamos que ele tem influências pela escola.
— Típico, só porque é filho do dono. — bufou, deu pra perceber sua frustração.
— Mais uma coisa para ele dizer que eu devo. — suspirei fraco.
— Idiota. — sussurrou, parecia mais revoltado do que eu.
Acho que não vou aguentar isso...
O professor nos mandou formar duas filas, uma de meninas e uma de meninos, ele iria testar nossas habilidades para separar os alunos por esportes. Eu fiquei na modalidade do basquete, eu realmente era boa isso, ainda mais por que tinha assistidos muitos jogos com meu pai na temporada que morei em Chicago, nos Estados Unidos.
— Mal começamos e já está cansada? — comentou ao se aproximar de mim rindo.
— Meu forte nunca foi educação física. — expliquei permanecendo sentada no chão da quadra — Não consigo mais sentir minhas pernas.
— Não acha exagero? — ele sentou ao meu lado.
— O professor Lee nos colocou para dar cinquenta voltas pela quadra, não que eu seja uma sedentária, mas… — suspirei fraco — Já tive que correr para chegar a tempo.
— Você é mesmo fraca. — ele continuou rindo, o que me fez empurrá-lo de leve.
— E você um bobo. — reclamei virando meu rosto para a direção de onde estava um grupo de meninas — O que tem de errado comigo?
— Oo que? — ele me olhou confuso.
— Me pergunto o que tem de errado comigo. — repeti.
— Por que teria algo de errado com você?! — indagou ele.
— Todos os meninos me trataram super bem, mas desde que cheguei hoje percebi que ainda não sou bem vinda pelas meninas. — disse mantendo meu olhar na direção delas — Por isso me pergunto se tenho algo de errado.
— Deixe elas, garotas são mesmo estranhas. — ele riu do próprio comentário — Uma hora elas se cansam e te aceitam.
— Não sabia que existia tanta rejeição… Só porque sou estrangeira. — cruzei os braços — Nem sou tanto assim, meu pai é coreano.
Ele riu de novo.
— Não se sinta chateada. — ele deu um breve pausa e se levantou esticando a mão para mim — Você tem a mim.
— O que?! — o olhei.
— Disse que você tem a mim. — repetiu continuando com a mão esticada — Podemos ser amigos?!
— Claro. — segurei em sua mão e apoiada nele, me levantei com facilidade — Só espero que ninguém fique com ciúmes disso, já percebi que você também é popular.
— Onde que sou?! — ele fez uma careta.
— Existem meninas que gostam de nerds, além do mais, você é o presidente da turma. — eu ri e brinquei — Você pode até se candidatar para ser um Prince Line.
— Yah, Deus me livre, não quero ser arrogante como eles. — reclamou ele — Prefiro permanecer como estou.
Eu ri um pouco mais dele.
— Posso tirar uma dúvida?!
— Claro. — assentiu ele.
— Se você é o presidente, quem é o vice?! — perguntei.
— Kim Yuri. — respondeu ele — Nossa medalhista em redação.
— Uau.
— É aquela com o livro na mão e cabelo amarrado com uma presilha verde. — mostrou ele discretamente.
Ah! Justo a garota que não olhava na minha cara sempre que eu estava perto de , bem, quando eu estava longe ela também agia assim.
— E vocês dois são namorados? — perguntei curiosa, para ela agir assim comigo.
— Não, somos amigos de infância apenas. — ele segurou o riso — Por que a pergunta.
— Nada, é que vocês parecem ser muito próximos. — disfarcei já entendendo qual era a da Yuri — Como um casal.
— Ah, não… — ele riu sem graça — O que você vê é somente a nossa amizade e nossos pais, são amigos também.
— Ela parece ser um pouco tímida, mas se dá muito bem com as outras meninas. — observei.
— Bem, ela é um pouco silenciosa, sempre que estudamos juntos ela não perde o foco com facilidade. — ele me olhou — Você já tem um clube?!
— O que?! Clube?!
— É! Na escola tem muitos clubes, eu participo de dois o de estudos e o de xadrez. — ele pensou um pouco — Você pode se juntar a nós no grupo de estudos, vai te ajudar muito agora, estamos eu, a Yuri, o Chang e a Holly, eles participam do grupo de leitura também, ajudam muito na biblioteca.
— Grupo de estudos… Hum, geralmente gosto de estudar sozinha, de preferência com fones no ouvido.
— Sério?! — o espanto estava em seu olhar — Como consegue estudar ouvindo música?
— Não sei, acho que é costume, faço tudo ouvindo músicas. — eu ri — Desde bebê minha mãe me colocava para dormir ouvindo música, cantava para mim o dia todo, cresci com a música.
— Que loucura. — ele riu — Eu preciso de silêncio para conseguir estudar, sem isso não dá.
— Cada um com sua loucura. — desviei meu olhar para as meninas se alongando — Sinto que devo disfarçar estar participando, se não ficarei sem nota.
— Concordo. — ele segurou em minha mão com respeito e me puxou até o colchão que estava estendido — Vamos alongar, enquanto o professor Lee não volta.
Passaram-se algumas horas e finalmente havia chegado a hora do intervalo, eu fiquei em dúvida se iria ou não me encontrar com . Decidi não ir, para mostrá-lo que não cederia às suas chantagens e loucuras sobre dívidas. Me sentei no pátio embaixo de uma árvore, estava com meu sketchbook desenhando um pouco.
— Quem você pensa que é? — disse uma voz conhecida, parando em minha frente.
— Quem eu penso que sou? — eu me levantei e o olhei firme — Que você pensa que é? Não cederei às suas vontades.
— Ah!? — ele se aproximou mais de mim, eu recuei um pouco até encostar na árvore, seu olhar era um pouco intimidador, pude ver que ele não estava bem com que eu tinha feito — Corajosa. — ele se aproximou ainda mais de mim, eu podia sentir sua respiração, nossos olhos encontrados, ele possuía um olhar profundo que em fazia perder o foco — Mas eu não aceito não, como resposta. — ele ergueu sua mão direita e tocou de leve em meus cabelos, lentamente foi percorrendo sua mão pelo meu ombro, braço, até que chegou até meu sketchbook — Da próxima vez, não se faça de difícil. — ele pegou meu sketch book e se afastou — Te devolvo no final da aula.
— O que?! — sussurrei tentando raciocinar o que tinha acontecido.
Estava paralisada com aquilo tudo, respirei fundo e senti um cheiro suave e doce, era seu perfume que ainda havia permanecido no ar. De repente voltei a realidade, aquele garoto sabia como me deixar revoltada e pior, me fazia querer devolver na mesma moeda suas chantagens. Assim que o sinal tocou, voltei para a sala e me sentei ainda querendo arrancar o pescoço dele, que estava na porta de trás da sala, conversando com uma menina, veio até mim e se sentou na sua habitual carteira que ficava na minha frente, virando para trás em seguida.
— Está tudo bem? — perguntou ele com um olhar preocupado.
— Não. — resposta curta e direta, ainda estava irritada.
— Até imagino por que. — ele olhou para janela, eu segui seu olhar e vi em sua aula de esportes na pista de corrida, com seus amigos.
— Não quero falar sobre isso. — eu virei minha face para o quadro, nem percebi que o professor Han já estava na sala.
— Então respire fundo, teremos mais longas horas de estudo. — sugeriu ele se virando para frente.
— Farei isso. — concordei exatamente ao respirar fundo.
Nosso professor começou a aula falando sobre capitalismo e a economia atual coreana, enquanto explicava as anotações que fazia no quadro, eu escrevia e fazia minhas anotações como de costume, seria mais uma aula, em que eu teria que escolher entre estudar ou tentar me acalmar.
Professor Han era tão simpático e atencioso com todos, eleito o melhor professor de história de Daejon pela secretaria de educação e pelos pais, aparentava seus 30 ou 35 anos, quem me dera se eu tivesse pelo menos uns 23 ou 25, não teria dúvidas em demonstrar um certo interesse por ele. Será que tinha namorada? Ou esposa? Eu não deveria pensar nisso, não deveria nem mesmo me deixar viajar naquele olhar gentil que ele tinha, eu era uma aluna que deveria me focar nos estudos, afinal teríamos uma importante prova na próxima semana e muitas matérias para absorver.
No meio da aula, me senti como se estivesse injetando o Google Academics no meu cérebro, e uma leve dor de cabeça começou a me atrapalhar. As horas se passaram e ao final da aula, após todos se despedirem e irem, novamente ao recolher minhas coisas e ajeitar a mochila nas costas, percebi que fui a última a deixar a sala. Passei pelo corredor tranquilamente, porém quando cheguei nas escadas estava lá me esperando, encostado na parede de braços cruzados.
— Novata estrangeira. — ele deu um sorriso de canto.
— Meu nome é….
— . — ele me interrompeu — Eu sei.
— Então por que insiste em me chamar assim? — eu o olhei meio furiosa, detestava quando me chamavam de novata ou estrangeira.
— Por que eu gosto de ver você assim, fica muito mais bonita quando está brava. — ele deu um riso baixo — Não diga isso ao seu namorado, ele pode ficar com ciúmes.
— não é meu namorado. — mantive minha voz nivelada.
— Que seja. — ele deu de ombro e olhou para trás, era seu amigo dando sinal para irem — Bem, eu não posso demorar agora, toma isso. — ele esticou um papel.
— O que é? — eu peguei o papel e li — Trabalho de francês? — eu o olhei — Você não quer que eu faça né?!
— Que bom que entendeu sem que eu tivesse que explicar.
— O que?! — eu o olhei indignada — Eu não vou fazer.
— Vai sim. — ele tocou em meus cabelos novamente, eu retirei a mão dele — Soube que é boa em francês, preciso de pontos extras em línguas estrangeiras para acrescentar no meu currículo acadêmico. Além do mais, você ainda me deve duas vezes.
— Ok. — eu queria acabar com aquilo, duas dívidas, significava que eu teria que fazer duas coisas, não queria mesmo fazer, mas queria me livrar rápido dele.
— Sério?! — ele me olhou surpreso — Concordando assim tão rápido?!
— Quero me livrar logo de você. — fui sincera e direta.
— Se você diz. — ele sorriu e piscando de leve para mim, desceu as escadas na minha frente.
— Yah!? — eu gritei.
— O que? — ele se virou.
— Meu sketchbook!
— Eu o perdi. — seu olhar estava tranquilo.
— O que? — eu fiquei em choque, meus desenhos perdidos.
— Até amanhã e não se esqueça do meu trabalho.
Ele saiu rindo, tudo que eu mais queria era rasgar aquela folha dele, mas isso seria mais uma desculpa para ele me perseguir. Não acreditava que ele tinha perdido meu sketchbook, meus desenhos, não queria acreditava, eu queria matar ele, como uma pessoa que eu conhecia há dois dias pudesse me deixar com tanta raiva.
— Calma . — respirei fundo — Yahhh… — comecei a raciocinar — Se ele realmente perdeu, alguém achará e levará para o achados e perdidos, é uma regra da escola.
Eu havia decorado todas as regras da escola.
Cheguei em casa transpirando revolta, até minha omma percebeu que meu bom humor estava inativo. Me tranquei no quarto, não estava para mais ninguém, tinha tanto o que estudar, o professor Han queria dar um teste antecipado para testar nossos conhecimentos antes da prova mensal. Além do trabalho daquele tirano filho da mãe, que eu teria que fazer, como será que ele tinha descoberto que eu sabia francês?
Isso não importava naquele momento, a cada tópico do trabalho dele minha raiva aumentava, ainda mais quando me lembrava da forma que ele se aproximou de mim na árvore, ou pior naquele perfume que tinha bambeado meus sentidos.
— Vou me livrar de você, . — sussurrei enquanto traduzia o segundo texto do trabalho dele.
No relógio bateu meia noite e eu estava quase caindo da cadeira, acho que tinha cochilado sentada, foi neste momento que minha mãe bateu na porta, eu levei um susto tão grande que realmente caí.
— ?! Está tudo bem? — perguntou ela demonstrando preocupação.
— Estou! — eu gritei me levantando — Estou indo. — caminhei com dificuldade até a porta, minha bunda estava doendo.
— Ah, querida. — disse omma quando eu abri — Trouxe um lanche, você ficou trancada aqui desde que chegou.
— Muitos deveres. — eu peguei a bandeja que estava na sua mão — Mas komaweyo omma. — dei um beijo em seu rosto e fechei a porta em seguida.
Com certeza minha omma não entendeu nada, mas eu tinha muitos problemas que não queria falar com ela. Comi aquele lanche gostoso, acho que a melhor hora do meu dia estava sendo aquela, o que a comida não faz com meu humor. E com isso concluí a terceira noite em claro, e eu tinha certeza que isso iria me deixar de mau-humor e louca o dia todo.
Amanheceu e tomei um banho relaxante, coloquei meu uniforme e fui para a escola, minha sorte é que finalmente tinha decorado o caminho e as estações que desceria.
“Me apaixonei por você,
Mas gostaria de ter pelo menos metade da sua personalidade
Em outras palavras, você é uma menina má,
Mas eu me sinto atraído por você.”
- Yeowooya / Lunafly
3. Bad
“Você é a garota que me deixa inquieto sempre que te vejo.”
- Bad / Infinite
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Desci as escadas correndo, juntamente com Junhae que não parava de me perguntar o que eu queria com a novata estrangeira. Assim que chegamos no portão, os outros já haviam ido embora, cada um tinha seu compromisso naquela noite e Junhae havia me convidado para jogar um pouco na casa dele, já que sua mãe estaria de plantão no hospital.
— Chegamos. — disse ele assim que entramos no pequeno apartamento onde moravam e jogando a mochila no sofá — Acho que a omma deixou alguma coisa pra comermos.
— Ajumma Nya é daebak9.
Ele riu caminhando até a cozinha para vasculhar a geladeira, deparou com um enorme bilhete na porta dizendo que o jantar estava no forno, era só esquentar. Enquanto Junhae preparava nossa refeição, me joguei no sofá e abri minha mochila, meu olhos foram imediatamente no sketchbook dela, que falsamente tinha desaparecido.
— Vejamos o que tem aqui dentro. — sussurrei o retirando da mochila e abrindo — Interessante.
Havia vários desenhos espalhados em páginas alternadas, a novata estrangeira tinha muito talento para artes, conseguia notar isso só de olhar para seus traços ora delicados e bem contornados, ora rabiscados porém extremamente detalhados. Senti meus olhos encherem de fascínio por cada página que olhava, sua beleza não estava somente nela, mas também em seus desenhos escondidos naquele sketchbook.
— Vem comer. — disse Junhae em voz alta da cozinha.
— Estou indo. — fechei-o e guardei novamente na mochila, estava curioso para folhear mais quando chegasse em casa.
— Uahhhh… Que fome. — disse ele já sentado na banqueta em frente a bancada de refeição — Nem parece que almocei.
— Confesso que também estou sentindo um fundo no estômago. — me sentei de frente para ele — Yah… Ela fez sopa de algas com broto de feijão e pasta de peixe, minha preferida.
— Disse a omma que viria para o jantar. — comentou ele — Ela disse que fez com muito carinho, mas recebeu a ligação para voltar ao hospital.
— Aish… — resmunguei — Vida de médico é complicado.
— Ela não é médica. — corrigiu ele — É enfermeira.
— Dá no mesmo, ambos não tem vida depois do diploma. — meu argumento era válido.
— Verdade. — concordou ele.
Comemos com todo prazer e fome que tínhamos, a sopa estava mesmo muito boa, fazer minhas refeições na casa dos meus amigos era a melhor parte do meu dia, após o final das aulas. Voltar para casa que sempre se tornava a parte mais difícil e desprezível.
— Você vai se inscrever no concurso de artes?! — perguntou ele.
— Por que faria isso?!
— Mais prêmios, mais méritos para o currículo acadêmico. — explicou ele.
— Como se ganhar um concurso artes fosse influenciar no meu currículo. — ri — Sabe que meu curso é exatas e não artístico.
— Verdade. — ele suspirou — Seu pai quer mesmo você fazendo administração?!
— Sim. — dei um suspiro cansado — Tenho que aprender a administrar os negócios da família.
— Ah… Família… Me pergunto se as aulas extras que Mijun está fazendo dará resultados. — comentou Junhae — Ele não para de falar da noona que parece k-idol.
— Acho que não. — ri — Será dinheiro jogado fora se ele continuar atento somente as curvas da Nara sunbae10.
— Aquela criança travessa. — Junhae riu também — Se não tirar boas notas na próxima prova de destaque, seus pais vão linchá-lo.
— Vamos torcer que não, o ajuhssi é militar, certamente tem muita força para bater.
— Verdade. — concordou ele.
Eu estava um pouco preocupado com meu amigo, além de ser o maknae11 do Prince Line, seus pais eram militares e sua vida era ainda mais disciplinada que a minha em casa, o que me levava a pensar que com certeza serviria as Forças Especiais assim como o ajuhssi, ou seria oficial médico do exército como sua mãe.
— Cada um com seus problemas paternos. — sussurrei.
— Falando em problemas paternos… Por que não dorme aqui hoje? — sugeriu ele.
— Não dá. — respondi — Já dormi ontem na casa do Hwang, preciso voltar hoje.
— Aigoo12. — ele suspirou fraco — E como estão indo as coisas com seu pai? Ele já se acalmou?
— Eu bati a moto há duas semanas, escondi dele sobre isso, acha mesmo que passaria assim tão rápido? — o olhei — Isso foi mais uma coisa para aumentar o peso sobre mim.
— Yah!!! A culpa também foi sua. — reclamou ele com razão — Não deveria dirigir enquanto está com raiva, você sempre fica cego quando briga com ele.
— Não pensei nisso, só queria me distanciar dele o máximo que conseguiria. — expliquei em minha defesa.
— E acabou fazendo idiotices. — ele bufou — Não quero perder meu amigo tão jovem, além do mais, você será meu padrinho de casamento.
— Hum.
— Não quero ficar sem aquele presente caro que você prometeu me dar. — brincou ele rindo.
— Yah, seu interesseiro. — fiz um gesto rápido de que iria bater nele com o hashi que segurava — Estou melhor agora, ficarei sem dirigir por um tempo.
— Isso porque ele confiscou sua carteira de habilitação.
— Não precisava me lembrar deste detalhe. — mantive meu olhar na tigela de sopa.
Deixei o tempo passar e aproveitei meu momento de tranquilidade, jogando algumas partidas de Warcraft com ele e próximo de dar meia noite, recebi uma mensagem dele me lembrando que havia ordenado que chegasse em casa antes do dia terminar. Me despedi do meu amigo e fui para o apartamento onde morava com meu pai, o pior lugar do mundo para se estar.
— Eu disse para voltar antes do dia terminar. — seu tom era o mesmo de sempre, rude e frio.
— São exatamente onze e cinquenta e oito. — o olhei deixando minha face fria também — O dia não terminou ainda.
— Criança arrogante. — ele se levantou da sua poltrona de estimação — Acha que pode falar comigo nesse tom?
— E como quer que eu fale?! — juro que tentei mais meu olhar de ironia foi mais forte.
— Continue agindo assim, que outras pessoas sofrerão as consequências. — ameaçou ele.
Respirei fundo e engoli seco, simplesmente odiava quando ele achava que me ameaçando conseguiria respeito de mim, ajeitei a mochila em minhas costas e me virei para a escada que dava para os quartos. O prédio onde morávamos era luxuoso, dois apartamentos por andar e como o nosso ficava na cobertura, tínhamos o privilégio de ter dois pavimentos no apartamento.
Ao passar pelo corredor, percebi que a porta do quarto dele estava entreaberta, ouvi o barulho do chuveiro ao longe, certamente uma de suas amigas estava aqui, só não imaginava qual delas. Respirei fundo e continuei seguindo até entrar em meu quarto, joguei a mochila no chão e já entrei no banheiro retirando a camisa da escola, após um banho quente que serviu para mudar o rumo de meus pensamentos, me deitei na cama.
Fiquei olhando o teto por um longo tempo, pensando em minha vida acadêmica e tudo que havia acontecido nos últimos dois dias, a escola este ano aparentemente seria tão chata, até que ela apareceu. Confesso que foi proposital ter trombado nela na secretaria, estava tão distraída mexendo na mochila, que nem me viu me aproximar. Aquela novata estrangeira.
— Meu nome é . — disse imitando ela enquanto ria — Como uma garota pode ficar tão linda quando está brava?! Mas ela já é linda!
Era engraçado perturbá-la, seu rosto ficava mais iluminado quando deixava transparecer a raiva, e como ela ficava com raiva tão fácil perto de mim. Me espreguicei e levantei lentamente pensando em seu rosto, quando disse que tinha perdido seu objeto, então fui até minha mochila, abri e retirei o sketchbook dela.
— Então, agora vamos ver o que mais tem aqui — disse indo até minha cama novamente.
Me deitei meio inclinado encostando minhas costas na almofada, comecei a folhear de onde parei, nem mesmo senti sono olhando cada páginas desenhada, o que resultou em um longo tempo apreciando cada desenho dela, ela tinha talento para desenho artístico. Fechei o sketchbook e o coloquei na mesa de cabeceira do lado, peguei meu celular e abri o kakaotalk, tinha algumas mensagens no grupo de conversa Prince Line. Ignorei um pouco os comentários do Junhae, contando aos outros sobre eu ter pedido ela para fazer meu trabalho de francês.
Bem, eu já tinha feito aquele trabalho, porém fiquei curioso para saber como ela reagiria se eu pedisse, só não imaginava que ela faria e isso me deixou impressionado. O que me levou a pensar no meu próximo pedido, queria algo que me fizesse ficar mais tempo perto dela. Felizmente, essa ideia de dívidas foi genial da minha parte, voltei para a página inicial do kakaotalk e fiquei olhando para o nome dela, será que eu deveria mandar uma mensagem de boa noite?
— Hum. — me espreguicei um pouco — Acho que vou dormir.
Coloquei o celular ao lado do meu travesseiro e me deitei direito me cobrindo com o lençol, fechei meus olhos sorrindo um pouco, estava curioso pelo dia seguinte.
“Meus pensamentos são muito para você, eu não sei o que fazer
O que eu vou fazer comigo mesmo?
Você tem que algo que eu preciso.”
- Seeing You Or Missing You / Lunafly
-
Primeira boa notícia do dia? Consegui chegar cedo na escola!
Primeira má notícia do dia? Quando cheguei na porta da sala, já estava me esperando.
Respirei fundo ao vê-lo, acho que em minha mente eu conseguia ver sua morte em 100 maneiras diferentes. Ele estava encostado na parede de braços cruzados me olhando.
— Aqui está, formatado e impresso. — eu estiquei uma pasta para ele.
— Nossa. — ele pegou admirado — Além das minhas expectativas.
— , que bom que já chegou. — disse se aproximando com algumas folhas na mão — Você me ajuda a colocá-las em cima das mesas?
— Claro. — eu o olhei pegando as folhas — Claro que ajudo, .
— Bom dia, . — disse com um tom irônico.
— Bom dia. — a voz de se manteve firme, porém no seu tom baixo e habitual.
— Se nos dá licença, temos algo a fazer. — disse para .
— Hum... — deu uma risada debochada — Vou deixar o casal a sós.
— Idiota. — eu disse meio estressada com ele — Não somos um casal.
— Se você diz. — ele se afastou da parede — Te vejo na quadra no intervalo.
Ele saiu andando, eu respirei fundo controlando minha raiva.
— Qual é a dele?! Idiota. — resmungou .
— Ai que raiva. — eu bufei — Me desculpe .
— Não precisa se desculpar. — ele segurou de leve em minha mão e sorriu — Fique calma, ele não merece isso.
— Obrigada. — eu dei um sorriso fraco, era tão gentil comigo, ao contrário do , eu me sentia bem ao lado dele.
— Então, me ajuda?! — ele ergueu as folhas.
— Claro. — assim que entramos, o ajudei a distribuir as folhas em cada carteira.
— O que está acontecendo? — perguntou Yuri ao entrar na sala com mais uma menina, certamente do clube de estudos.
— Ah, Yuri, já chegou. — a olhou surpreso — Disse que chegaria atrasada por causa da sua mãe.
— Consegui chegar na hora. — pela primeira vez ela desviou o olhar para mim — O que ela está fazendo?
— Ah, pedi a para me ajudar a distribuir essas folhas antes de todos chegarem. — explicou .
— Este é o meu dever. — Yuri veio até mim e pegou as folhas — Agradeço, mas eu sou a vice da sala.
— Tudo bem, só estava ajudando um amigo. — disse recuando um pouco.
Aquilo confirmava minhas suspeitas, Yuri gostava de e certamente tinha ciúmes de mim, preferi não criar mais desconforto para mim, já estava cansada de mais por causa da minha noite mal dormida. Assim que sentamos, o professor Han entrou na sala juntamente com os outros alunos, nossa aula de história seria sobre a guerra do Vietnã. Após algum tempo, percebeu que eu estava passando mal e pediu ao professor para me levar a enfermaria.
Andamos lentamente pelos corredores até chegar, eu realmente estava com a pressão baixa e meio zonza, será que era estresse de mais? Quando cheguei só consegui ver a luz da enfermaria e logo tudo se apagou, ao abrir meus olhos novamente, já estava deitada na maca que tinha lá, tomando soro na veia, acho que estava mesmo mal.
— Você está melhor agora? — perguntou sentando ao meu lado.
— Oh! — eu o olhei — Acho que sim, ainda estamos na escola?
— Sim, a enfermeira foi reportar ao diretor. — ele estava segurando em minha mão, como era doce e gentil.
— Obrigada, por ter ficado comigo.
— Eu até gostei de ficar aqui. — ele me olhou com carinho — Você sorri enquanto dorme.
— Por quanto tempo fiquei apagada?
— Umas duas horas. — ele levantou minha mochila — Enquanto a enfermeira estava cuidando de você, peguei nossas coisas na sala.
— O que a enfermeira disse?
— Que talvez deva ser estresse ou exaustão por causa da sua nova rotina, como é seu terceiro dia aqui, seu corpo ainda não se acostumou.
— Hum, pode ser mesmo. — eu desviei meu olhar para a porta e lá estava ele, encostado na parede de braços cruzados, a causa dos meus problemas — !?
— Você está bem? — ele entrou caminhando até nós — A escola inteira está comentando.
— O que está fazendo aqui? — eu perguntei.
— Vim ver se estava bem.
— , eu vou buscar algo para você comer, a enfermeira disse que você precisaria se alimentar ao acordar. — soltou minha mão lentamente, era como se ele não quisesse se afastar — Eu já volto.
— Espero que não fique com ciúmes se eu ficar aqui até voltar. — disse num tom de provocação.
— Nós somos amigos, mas isso não é da sua conta. — se afastou e saiu, era impressionante, até mesmo uma resposta rude parecia tão sutil ao sair dele.
— Já disse, ele não é meu namorado. — o olhei séria.
— Se você diz. — ele permaneceu parado em minha frente — O que aconteceu com você?
— Você aconteceu. — sussurrei olhando para janela, respirei fundo — Estresse, meu corpo reagiu assim.
— Parece que não dorme há dias.
— Está tão visível? — eu o olhei.
— Sim. — ele sorriu de canto — Mas até que mesmo com olheira você continua bonita.
— Hum. — tentei ignorar aquilo que parecia um elogio — Acho que ainda não me adaptei ao ritmo escolar coreano.
— Tenho certeza que seu namorado irá te ajudar.
— Já disse que ele não é meu namorado. — eu gritei.
— Não é o que parece, não da parte dele... Mas enfim, espero que melhore. — ele caminhou até a porta — Logo teremos um baile de primavera.
Baile de primavera? O que ele queria dizer com isso?
Assim que ele saiu, voltou com uma bandeja nas mãos, ele havia levado um sanduíche, suco de laranja e maçã. Eu comi meio que sendo incentivada por ele, logo na hora de ir para casa, meus pais foram me buscar, eles conversaram com o diretor, o professor Han e a enfermeira. Acho que eu havia ganhado o direito de ficar em casa por dois dias.
O lado bom é que o professor Han iria me explicar as matérias na minha casa à noite, e eu ficaria dois dias sem na minha vida. Me despedi de antes de entrar no carro do appa, minha omma o convidou para jantar em nossa casa no sábado, mesmo ficando com vergonha pelo convite eu percebi seus olhos brilharem um pouco.
Comecei a me perguntar se estaria certo e estaria interessado em mim. , por que a cada 10 pensamentos 9 envolvia ele.
“Agora na minha frente existem duas pessoas brilhantes,
E eu que estou agindo pobremente,
Embora eu tente me repreender por ser um idiota,
Meu coração continua se curvando na sua direção.”
- Aside / SHINee
Dicionário Coreano:
9. Daebak: termo usado para indicar um sucesso como: "o melhor", "incrível", "maravilha", "muito bom".
10. sunbae: termo usado pelos mais novos como forma de tratamento de respeito para os que estão em um nível superior de graduação seja na escola, ou no trabalho.
11. maknae: nome dado ao mais novo, seja de grupo de amigos ou musical, família ou escola.
12. Aigoo: expressão usada como se fosse "Ai meu Deus".
4. Need U
“Eu preciso de você, garota
Por que eu me apaixono e
Digo adeus sozinho?
Eu preciso de você, garota
Por que eu preciso de você mesmo sabendo que vou me machucar?”
- I Need U / BTS
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Eu estava feliz por ter sido convidado pela mãe dela, nos conhecemos há três dias e eu não conseguia deixar de me sentir atraído pela sua simpatia e amizade. era uma garota que despertava muita curiosidade em mim, eu queria realmente conhecê-la mais, passar mais tempo conversando com ela. Nossos intervalos no pátio eram tão cheios de assunto, ela falava sobre tudo, até mesmo Champions League da UEFA, algo novo para mim uma menina saber tanto sobre futebol.
Eu confesso que me sentia irritado toda vez que se aproximava dela, ele e sua arrogância de sempre, principalmente hoje na enfermaria foi ainda pior. Será que ele estaria interessado em ? Não, ela é muito boa para ele!
— Espero que não fique com ciúmes se eu ficar aqui até voltar. — disse imitando a voz dele, fazendo uma careta — Idiota.
— Falando sozinho querido?! — perguntou minha mãe ao adentrar a sala.
— Não, só estava pensando alto.
— Que parar os estudos e ir comer alguma coisa? — sugeriu ela — Barriga vazia a mente não funciona.
— Vou daqui a pouco, sem falta. — assenti abrindo mais uma vez o livro de física — Só preciso terminar uma conta que comecei.
— Estou indo dormir primeiro. — ela se aproximou e deu um beijo de leve em meu cabelo, de forma carinhosa — Não faça muito barulho quando for comer e ir dormir, seu pai já está dormindo também.
— Sim senhora. — fiz um gesto de continência e sorri — Serei silencioso.
Ela sorriu de forma gentil e seguiu pelo corredor dos quartos, me voltei para a folha do caderno e logo me veio algumas reflexões sobre falar que eu e namorávamos desde o primeiro dia dela na escola, isso me irritava um pouco, mas olhando agora, não era um comentário ruim.
era uma garota de uma beleza simples, mas um sorriso de gravar na memória, seu olhar era profundo e tinha uma ponta de brilho, sua voz doce, porém firme, era inacreditável uma garota gostar de games e mangás como ela gostava. Ela era única e especial.
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Quando chegamos em casa, seguimos para a cozinha, estava com muita sede, foi neste momento que o sistema de interrogações da minha mãe ativou, ela parecia muito animada com a ideia de jantar em nossa casa. Mais ainda por sua filha ter encontrado um amigo legal que pudesse cuidar dela, o que a motivou a querer saber sobre tudo, como começamos a conversar, como ele era comigo, se ficávamos perto no intervalo...
— , deixe se ser discreta e vai falando mais sobre seu amigo. — insistiu ela novamente.
— Já disse mãe, ele só é um garoto legal que está me ajudando nos estudos, um bom amigo.
— Só amigo?
— Só amigo! — eu ri ajeitando minha mochila nas costas — Vou descansar um pouco.
— Vá sim, já que não quer me contar mais, ficarei aqui sozinha sem assunto preparando o nosso jantar. — naquele tom dramático.
— Quanto drama. — eu saí rindo em direção ao meu quarto.
— Não é drama, são sentimentos de uma mãe. — retrucou ela gritando da cozinha.
Curiosidade era o sobrenome da minha mãe, o que me deixava impressionada com ela, mas eu havia dito realmente a verdade e o que importava, era sim um bom amigo para mim. Logo que entrei no quarto coloquei a mochila nos pés da cama e me espreguicei, estava mesmo cansada, após um banho quente só conseguia pensar em me jogar na cama e dormir, mas a fome estava lá para me lembrar que deveria comer algo antes.
O lado bom da minha família é que eles respeitam nosso espaço e silêncio, mesmo com suas curiosidades minha mãe nunca avançava o sinal e sempre me dava liberdade para falar com ela quando quisesse. Me respeitando, ela nem tocou mais no assunto do e nossa amizade, o jantar foi tranquilo e cheio de informações sobre o rendimento escolar de Jinho e sua futura excursão ao zoológico.
No dia seguinte acordei na metade do dia, fazia tempos que isso não me acontecia, me levantei espreguiçando. Ao chegar na sala vi um bilhete da omma deixado na mesa de centro, ela tinha deixado meu almoço no microondas, almocei e voltei para o quarto. Peguei meu celular e tinha uma mensagem de no kakaotalk13, nós tínhamos trocado os contatos para nos comunicar melhor, nossa sorte é que estava no horário do intervalo, trocamos algumas mensagens.
“como está tudo aí?” — perguntou ele.
“bem, acabei de acordar e fui comer.”
“sortuda.”
“e você?”
“aqui eu estou fazendo cálculos de matemática.”
“que tristeza”
“o professor perguntou se estava melhor”
“que fofo da parte dele”
“ele ficou preocupado, todo mundo ficou”
“diga a todos que estou bem agora.”
“vou dizer sim, estou fazendo muitas anotações para te emprestar”
“komawo14 *-*!”
“tenho que ir agora, se recupere bem!”
“vou sim, só preciso dormir mais! kkkkkkkkk”
Deixei meu celular em cima da cama e liguei o meu notebook, coloquei minha playlist do EXO para tocar enquanto desenhava um pouco em algumas folhas brancas soltas. Quando a noite chegou appa e omma chegaram juntos com Jinho, não demorou muito e o professor Han tocou em nossa porta. Ele estava com sua maleta, sentamos na mesa do jantar e ele começou a me passar toda a matéria dos dois dias me explicando de forma rápida e superficial os pontos mais importantes.
Como sempre eu passei 50% do tempo admirando aquele sorriso tímido que ele tinha, passou um tempo até que ele recebeu uma mensagem, tivemos que acelerar as últimas tarefas e ele se foi. Após o jantar, ajudei omma com a louça suja, nós conversamos mais um pouco sobre minha saúde,quando terminamos voltei para meu quarto e fui dormi. Amanheceu o dia, uma linda sexta-feira de chuva, felizmente eu amava o clima chuvoso e não iria a aula também. Isso sim era boa notícia, ajudei omma a organizar a casa, meu appa traria um amigo de infância para o jantar de hoje, já não bastasse ela estar ansiosa pelo jantar com o , mais do que eu por sinal, graças ao appa hoje também teríamos visitas.
As horas se passaram, e à noite os convidados do appa chegaram com ele, eu ainda estava no meu quarto me arrumando. Coloquei uma regata branca com uma camisa xadrez vermelha e um jeans surrado, aquele era meio que um estilo que eu vestia muito em Londres. Saí do quarto e quando entrei na sala meu corpo congelou na hora, havia um rosto conhecido sentado entre as almofadas com meu irmão jogando Xbox, um rosto que eu não esperava ver tão cedo.
— Ah, aqui está minha princesa. — disse meu pai dando um largo sorriso — DongHo esta á minha filha .
— Prazer senhor. — eu sorri de leve e me curvei em cumprimento.
— Que jovem simpática. — ele me olhou com gentileza — E bonita.
— E aquele é , seu filho. — appa apontou para ele.
— Annyeonghaseyo. — me curvei formalmente novamente ainda não acreditando no que presenciava, mas iria agir como se nada tivesse acontecido entre nós.
— Oi. — ele se levantou e caminhou até nós — Já nos vimos na escola, uma vez.
Uma vez?! Ok, segue o fluxo! Também iria ignorar brevemente o que estava rolando nos bastidores.
— Ah, então já se conhecem. — minha omma me olhou sorrindo, seus olhos estavam felizes.
— hyung, vamos terminar nossa partida. — protestou meu irmão vendo que toda a atenção estava sendo voltada para mim.
— Claro. — sorriu de canto e voltou para onde estava sentado.
— Fiquem à vontade. — minha omma pegou em minha mão — Vem querida, me ajude a colocar a mesa.
Eu segui minha omma até a cozinha, demoramos um pouco para colocar os pratos e as travessas com comidas, omma chamou eles e nos sentamos todos à mesa, nossa mesa era redonda de vidro, se sentou justamente de frente para mim. Aquele idiota de sorriso nebuloso, eu notei que ele não parava de me olhar.
“Quanto mais você me perturba
Mais eu gosto de você
E eu não sei porquê.”
- Yeowooya / Lunafly
Após o jantar, appa e o senhor Dongho foram para o escritório beber, meu irmão ficou na cozinha ajudando a omma, era a noite dele. Já eu fui para a varanda tomar um ar, estava mesmo precisando.
— Bonita a decoração. — disse ao chegar na porta.
— Minha mãe tem bom gosto. — eu mantive minha atenção nos prédios iluminados.
— Conseguiu voltar ao normal? — ele caminhou até mim e debruçou um pouco no guarda-corpo que era de vidro.
— Longe de você. — eu olhei — Tudo fica perfeito.
— Yah… Quanta sinceridade. — ele me olhou meio ofendido — E só temos três dias.
— Irônico não é?
Ficamos parados nos olhando por um tempo até que seu pai o chamou para ir.
— Bem, nos vemos na segunda. — ele deu um sorriso de canto — Te desejo boa prova.
— Cínico. — eu sussurrei.
— Ah! — ele se virou — Você ainda tem uma dívida.
Eu desviei meu olhar engolindo seco, não queria mais olhar aquele sorriso pretensioso dele. Fui para meu quarto, troquei de roupa e me joguei na cama, o sono veio com a mesma rapidez que as horas se passaram, eu mal comecei a sonhar e já estava na hora de levantar. Bem aquilo não era um sonho, estava mais para pesadelo, sonhei que estava fazendo uma prova para aquele idiota do , ainda não acreditava como uma pessoa conseguia me irritar tanto como ele.
As horas se passaram, sábado à tarde levei meu irmão ao parque, nunca o vi tão sociável quanto aquele dia com as crianças que estavam lá. Nos divertimos bastante até que recebi uma mensagem da omma, nos mandando retornar. Quando chegamos em casa, Jinho foi correndo para o banho, eu enviei o endereço do apartamento para , havia esquecido. Ele chegou sozinho, seus pais tinham viajado, estava tão diferente, bonito e descontraído sem o uniforme da escola, vestia uma camisa do Hillsong United, uma calça jeans meio rasgada na região da coxa e all star preto.
O sorriso gentil carismático era o mesmo.
— Que bom que não se perdeu. — eu sorri para ele — Fiquei preocupada, eu não sabia explicar direito o caminho.
— Não se preocupe, nada como o google maps para ajudar. — ele riu e entrou.
— Omma! — eu fechei a porta — chegou.
— Oh! Que bom, bem na hora. — minha omma o abraçou de leve — Que bom que veio, fico feliz que tenha arrumado um amigo.
— Bem, é um pouco difícil não ser amigo da sua filha. — ele me olhou, senti um certo carinho naquele olhar.
— Você que é muito gentil. — eu sorri devolvendo o elogio dele.
— Hum. — meu pai tossiu de leve se levantando do sofá — Estamos mesmo felizes por ter vindo.
se curvou em agradecimento, sua educação era admirável. O jantar foi tranquilo, appa sempre perguntando como eu me comportava em sala de aula, e me elogiando com um disfarçado sorriso, omma tinha preparado um jantar meio italiano e muito saboroso. Depois que começamos, eu e juntamos os pratos e levamos para cozinha, ele se ofereceu para ajudar a lavar a louça. Fiquei admirada com isso, conversamos sobre os acontecimentos na escola durante os dias que eu estive fora.
— Vou ser sincero, está meio chato sem você. — ele riu timidamente — Ainda mais as aulas de literatura.
— Sério? — o olhei chocada — Agora me deixou surpresa.
— Claro, você disse que citaria alguns poemas para mim, fiquei cheio de expectativas para isso. — ele fez cara de chateado.
— Que dó, me desculpe , mas eu realmente precisava ficar em casa, foi férias forçadas, porém merecidas.
— Te dou um desconto, só se entrar no clube de leitura. — disse ele.
— Ah, ainda estou pensando sobre os clubes, eu vi que tem um de arte e desenho, me interessei um pouco. — expliquei minha demora em decidir.
— Se é o que gosta, acho que deveria entrar nos dois. — ele riu.
— Vamos ver, vou pensar direito, não tenho nem uma semana direito que cheguei, ainda me sinto meio perdida em tudo isso. — suspirei fraco.
— Se precisar de um guia, estou aqui. — ele sorriu — Amigos são para isso.
— Você é um amigo muito fofo! — sorri de volta — Obrigado pela ajuda, vou mesmo precisar!!!
Ele também me contou sobre os boatos que foi visto aos beijos atrás da quadra com uma menina do segundo ano, aposto que se eu tivesse lá ele ficaria me perseguindo com a desculpa da dívida. retirou seu caderno na mochila e me emprestou para que eu pudesse colocar em dia tudo que tinha perdido, antes dele ir embora minha omma entregou uma pequena vasilha com a sobremesa para que ele levasse para seus pais.
-
Foi pura sorte tê-la visto naquele parque pela manhã, mesmo não a deixando me ver, fiquei de longe a observando brincar com seu irmão. Aquele foi um momento raro que pude ver ela sorrindo expontaneamente, e seu sorriso me encantava de uma forma inexplicável, meu coração acelerou ainda mais. Naquela noite de sábado me reuni com a Prince Line na casa de Junhae, estávamos fazendo nosso mensal campeonato de Starcraft. Mesmo sendo meu jogo favorito, havia algo me incomodando, eu estava sentindo falta de alguma coisa.
— Parece que alguém aqui não está entre nós de fato. — comentou Hwang jogando a almofada em mim.
— Está pensando na notava estrangeira?! — sugeriu MiJun.
— Yah!! — peguei a almofada e joguei nele — O nome dela é , e só eu posso chamada de novata estrangeira.
— Hummmm…. Estava pensando nela. — constatou Junhae.
— YAHHHHH… Pare você também, não estava…
— Estava sim, seus olhos estavam brilhando, mais ainda que no dia me que comprou sua moto. — MinSoo riu de mim — Confesse logo.
— Confessar o que?! — o olhei confuso.
— Que foi amor a primeira vista e está apaixonado. — explicou ele.
— Claro que não, não estou apaixonado por ela, porque estaria?
— Negou demais. — Junhae soltou uma gargalhada estranha, fazendo os outros rirem.
— Não estou negando, só estou…
— Hyung18, você está apaixonado, só não percebeu ainda. — MiJun me olhou suas palavras pareciam sinceras.
— Desde quando você sabe sobre o amor?
— Desde que conheci a Nara noona15, porém sei que nunca serei correspondido, então prefiro esquecê-la. — respondeu.
— Aish, sua criança. — joguei a outra almofada nele.
Voltei meu pensamento novamente para e me senti desanimado e sem vontade de fazer nada, e mesmo gostando de estar entre meus amigos que considerava irmãos, eu não estava feliz naquele lugar. Certamente aquele sentimento fosse o fato de não vê-la na escola, um pouco de culpa interna por irritá-la demais, pensar que ela teria ficado mal por minha causa me deixava ainda mais agoniado.
“Porque as pessoas que gosto se machucam comigo?!” Pensei comigo mesmo, talvez fosse aquilo que me impedia de querer assumir algum sentimento por ela, não queria machucá-la.
— Estou indo primeiro. — disse me levantando do sofá e pegando minha mochila.
— A omma está fazendo o jantar, não vai esperar? — perguntou MinSoo.
— Não, preciso chegar mais cedo hoje, se divirtam por mim. — me dirigi para a porta.
Meus amigos entendiam que quando eu precisava chegar mais cedo, eu realmente não podia me atrasar ou levantar a fúria do meu pai, tínhamos nos dado uma trégua por causa do jantar na casa de . Tive que dar meu braço a torcer só para poder ir lá, que coisa mais boba da minha parte, mas vê-la naquele dia foi como recarregar minhas energias.
— Yahhh… Não posso me apaixonar por você. — sussurrei enquanto caminhava pela rua — Você é boa demais para mim!
Sim, ela era!
Assim cheguei no apartamento na cobertura do meu pai, o encontrei conversando com uma “amiga” na sala, virei meu rosto não demonstrando interesse e subi as escadas, me tranquei em meu quarto. Definitivamente não queria sermões aquela hora, já estava antes das dez da noite em casa, então não haveria reclamações quanto a isso.
Fiquei alguns minutos jogado na cama olhando para o teto pensando qual poderia ser minha próxima forma de cobrar a suposta dívida.
— Desta vez tem que ser alguma coisa mais demorada. — eu sussurrei ao olhar para o relógio na escrivaninha.
Eu havia passado mesmo muito tempo afogado em meus pensamentos, todos se resumindo a uma única pessoa, era divertido fazer tudo aquilo.
“Meu dia está cheio de você depois de conhecer você
Vendo você ou sentindo sua falta
Meus pensamentos são muito para você, eu não sei o que fazer.”
- Seeing You Or Missing You / Lunafly
5. Beautiful
“O curso de tudo se interrompe apenas com o tocar de seus dedos
Parece que eu vejo você por onde quer que eu passe
Você é a resposta,
E eu não consigo voltar atrás agora
Eu não consigo me parar,
Eu apostarei em você.”
- Bad / Infinite
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Domingo de manhã, acordamos cedo para sair, visitamos a igreja J-US Ministry, onde um outro amigo do appa era pastor. O lugar era bonito e muito bem decorado, havia um jardim na lateral do templo que tinha alguns desenhos grafitados pelos jovens da igreja no muro, desenhos representando algumas histórias da Bíblia, fiquei impressionada com a riqueza de detalhes nos desenhos.
Na hora do almoço, fomos convidados por esse amigo para participar da refeição em sua casa. Ele tinha uma esposa super simpática e um filho de 9 anos. Passamos a tarde em sua casa, como sempre enquanto todos os adultos conversavam na sala, eu fiquei com meu irmão e o pequeno MiNam na sala de tv jogando PS3.
Fomos para casa no final da tarde, eu ainda tinha que estudar para prova de segunda, e foi o que fiz até que minha mãe me mandou ir dormir ameaçando cortar a energia do meu quarto. Assim terminou meu final de semana, mais ou menos divertido.
- 6 horas da manhã / segunda-feira
E acordei assustada com o despertador do celular tocando, fiquei meio aliviada por não estar atrasada. Deu tempo até para o café da manhã, quando cheguei na escola fui direto para sala, já estava na porta me esperando.
— Meus pais pediram para agradecer pela sobremesa.
— Ah, não foi nada. — nós entramos e eu me sentei no meu lugar — Minha omma adora sair distribuindo doces para os amigos.
— E como foi o domingo? — ele se sentou de lado e ficou me olhando.
— Almoçamos na casa de um amigo do meu appa, foi legal, estudei um pouco à noite.
Não demorou muito e o professor Han entrou na sala, e com uma boa notícia, nossa prova de destaque havia sido adiada para terça-feira da próxima semana. Eu fiquei feliz pois teria mais tempo para absorver aquela triste matéria de logaritmo que estava me dando preocupações. Desta vez a aula foi produtiva, acho que dois dias a mais em casa me descansaram muito, e mesmo que eu me distraísse me imaginando num encontro impossível com o professor Han, consegui entender todas as matérias que ele havia anotado no quadro, e quanta matéria, cheguei até cogitar a ideia de fotografar ao invés de escrever no caderno.
Finalmente o sinal tocou e fomos liberados para o intervalo.
— Vamos sentar no pátio hoje? — perguntou colocando sua mochila nas costas.
— Ah, não. — eu o olhei — Eu vou a biblioteca primeiro se não se importa, mas pode me esperar em alguma mesa.
— Se quiser eu posso ir com você.
— Não precisa, sério. — eu segurei firme os livros que estava em minha mão e me aproximei dele dando um beijo de leve em sua bochecha — Te vejo daqui a pouco.
Eu o deixei sem reação, isso era um fato, mas tinha que passar na biblioteca sozinha, já que o idiota do tinha me mandando uma mensagem que estaria me esperando lá, como será que ele descobriu meu id no kakaotalk? Até aquele momento eu não tinha entrado na biblioteca, fiquei surpresa com tamanha organização, meus olhos brilharam até que uma certa pessoa se aproximou.
— Pensei que não viria. — disse parando ao meu lado.
— Se eu não viesse, me buscaria. — eu o olhei — Então, como vou quitar a última dívida?
— Hum. — ele me olhou tranquilamente, aquele olhar era profundo e tinha um charme que me dava raiva — Eu tenho um teste de francês e…
— Quer que eu faça pra você?
— Bem. — ele sorriu de canto — Eu não tinha pensado nisso. — e rindo — Queria que me ajudasse a estudar.
Oh! Fiquei sem reação, em todos os sentidos, achei mesmo que fosse uma pessoa que levasse vantagem sobre os outros. Mas olhando assim, ele parecia uma pessoa diferente do que aparentava, como se escondesse algo por trás do status de filho do dono da escola.
— Minha ajuda? — ainda não conseguia digerir aquilo.
— Está surpresa? — ele riu mais um pouco — Não sou tão mercenário assim.
— Ha...ha...ha… — eu caminhei até uma estante e fiquei olhando entre os livros.
— Então podemos começar no final da aula. — ele se aproximou de mim — Prometo te levar para casa. — ele saiu rindo.
— Abusado. — eu sussurrei — Tenho outra escolha?
— Bem, se você quer saldar sua dívida! — reforçou ele.
— Tudo bem, final da aula começamos. — voltei minha atenção aos livros, guardando minha indignação para mim.
Não acreditava que iria passar alguns dias ensinando o básico de francês a ele, durante aquela semana, todos os dias no final da aula eu e nos encontrávamos na biblioteca para estudar francês. Eu ainda achava aquilo tudo uma loucura, mas ele se mostrava atento a cada ensinamento e dica que eu dava.
“Quando eu me ver durante estes tempos
Eu sinto que eu realmente sou jovem
Mesmo com você na minha frente
Eu não sei o que fazer
Pessoas apaixonadas me digam por favor.”
- Hello / SHINee
No sábado ele havia me mandado uma mensagem para ir de manhã em sua casa, junto com uma foto de um desenho meu que estava no meu sketchbook. A princípio eu não ia, mas a curiosidade estava tomando conta de mim, logo após tomar meu café da manhã, avisei minha omma que iria na casa de um amigo estudar, primeiro ela pensou que poderia ser , quem me dera, mas eu expliquei que estava ajudando com a matéria de idiomas.
Quando cheguei na frente de sua casa, toquei a campainha e fiquei esperando no portão que era de grade. Do lado de fora dava para ver o pequeno jardim estilo oriental do lado de fora da casa, havia um caminho de madeira no estilo de um deck até a porta da casa, eu reconheci algumas plantas e fiquei encantada com outras, havia uma árvore bonsai dentro de um vaso de porcelana ao lado da porta, e uma fileira de bambus plantados nas duas paredes laterais da casa, era um jardim muito harmônico que me despertou um forte desejo de desenhá-lo.
Não demorou muito e abriu a porta com um sorriso de canto no rosto, vindo em minha direção abriu o portão me deixando entrar, assim que eu entrei me curvei um pouco em cumprimento. Logo olhei disfarçadamente para uma das janelas do segundo andar, então vi uma mulher que aparentava ter seus quarenta anos. Entramos em silêncio e logo a mulher desceu as escadas.
— Oh! Aqui está ela. — disse a mulher — Que bom que pode vir.
— Hum?! — eu olhei para sem entender.
— esta é minha omma, Kim Seohyun. — explicou ele segurando o riso.
— É um prazer conhecer a senhora. — eu disse meio sem jeito a olhando.
— Eu que fico feliz em ter aceitado almoçar conosco hoje, eu estava mesmo muito curiosa para conhecer a garota de ajuda nosso nos estudos.
— Almoçar?! — eu olhei para novamente e olhei para ela tentando disfarçar — Ah, sim, eu que agradeço pelo convite.
— Vou deixar vocês estudando um pouco, preciso buscar sua irmã na casa do seu pai e voltar para preparar nosso almoço. — ela saiu com um sorriso largo em seu rosto demonstrando animação.
— Almoço? Irmã? — eu olhei para ele — Você poderia me explicar agora?
— Se eu te dissesse que minha omma estava te convidando não viria, então.
— Então achou que deveria me forçar a vir sem saber o que estava acontecendo de fato? — analisei os fatos.
— Nossa, você realmente acha que tenho uma mente tão calculista assim?!
— Não acho, tenho certeza. — eu cruzei os braços permanecendo séria — E por acaso, onde está meu sketchbook?
— Eu o perdi, já disse.
— Mas e a foto?
— Ah, eu tirei antes de perder, agora venha, temos que estudar. — ele pegou em meu braço de leve e me puxou para a sala de estudos, me explicando que aquele lugar era o antigo escritório do pai dele, antes dos seus pais se divorciarem.
O lugar era descontraído e muito confortável, deveria ser interessante estudar em um lugar tão legal como aquele, minha concentração seria mais produtiva ali do que na escrivaninha do meu quarto. Nos sentamos no chão, em cima do carpete, e colocamos os livros e cadernos sob a mesa de centro, apoiamos nossas costas no sofá e passamos os primeiros trinta minutos concentrados até que sua omma e irmã chegaram.
— Oppa16!!! — disse a garotinha que aparentava ter seus 7 anos ao entrar correndo na direção dele — Senti sua falta.
— Eu também princesinha! — ele a abraçou e me olhou — esta é minha irmãzinha Sunny, ela tem oito anos.
— Annyeonghaseyo unnie17. — ela me olhou e sorriu de leve — Ela que é sua namorada, oppa?
— Não! — eu gritei — Sou uma aluna da escola dele.
— Ela já tem um namorado e não é o oppa. — disse ele ao olhar para mim.
— Eu não tenho namorado. — respirei fundo tentando não ficar irritada, ele virou o rosto segurando o riso.
— Princesa o oppa está estudando, por que você não vai ficar com a omma, prometo que depois do almoço te levo para comprar sorvete.
— Oba! — ela se afastou dele com seus olhos brilhando e saiu da sala correndo.
— Muito fofa sua irmã. — comentei.
— Sim. — ele me olhou — Vocês não estão mesmo namorando?
— O que?
— É que estão sempre juntos. — ele desviou seu olhar para o livro tranquilamente.
— Não, não estamos, é meu amigo, e mesmo que se fosse, minha vida pessoal não interessa a você.
— Hum. — ele riu — Você fica mais linda quando está assim.
— O que? — eu o olhei — Assim como?
— Irritada. — ele me olhou com um sorriso leve.
Eu paralisei um pouco com aquele sorriso, mas logo voltei ao meu normal, eu realmente ficava irritada com muita facilidade quando ele estava perto de mim. Sua omma terminou o almoço pontualmente ao meio dia, ante de me sentar à mesa liguei para minha omma avisando que ficaria para o almoço e voltaria mais tarde para casa. A senhora Seohyun cozinhava muito bem, o almoço estava muito delicioso. Como prometido, foi com Sunny até a sorveteria, e eu fiquei ajudando a ajumma Seo a arrumar a cozinha, ela me contou algumas histórias da infância de e de como ele era um menino muito agitado e comunicativo.
Após o retorno de , eu e ele passamos a tarde estudando, enquanto isso a ajumma e Sunny ficaram brincando no jardim.
— Acho que com isso encerramos, já te ensinei tudo que podia, você fará uma boa prova na segunda. — eu disse fechando um dos livros.
— Com certeza, tive uma boa professora. — ele olhou para a janela meio desanimado.
— Bem, então encerramos minha dívida. — eu o olhei de forma séria.
— Sim, encerramos, você está livre de mim agora. — sua voz estava um pouco estranha.
— Hum, onde tem um banheiro aqui? — perguntei me levantando.
— Ah. — ele se levantou também. — Você pode subir as escadas, primeira porta à esquerda.
— Ok. — eu me afastei dele saindo da sala.
Subi as escadas, ao entrar no segundo andar, tinha um hall um pouco amplo com uma estante e duas poltronas na parede que ficava a janela, percebi que aquela era a mesma janela que eu tinha visto a ajumma, cada uma das paredes laterais tinha duas portas, com certeza três eram os quartos, eu segui até a primeira porta à esquerda como ele disse e abri, era o banheiro.
Entrei me trancando e utilizei de acordo com minha necessidade, quando saí olhei rapidamente para a porta ao lado e vi que estava entre aberta, tentei segurar minha curiosidade, mas não resisti a tentação e entrei, era o quarto de . Na parede da porta tinha algumas prateleiras com vários dvd’s de games e alguns carros clássicos em miniatura.
Sua cama ficava do lado direito do quarto e o guarda roupa do lado esquerdo, eu olhei para a mesinha ao lado da cama que reconheci um objeto que me pertencia. Caminhei até lá e peguei meu sketchbook, o abracei automaticamente dando um longo suspiro.
— Por que será que eu sabia que você não iria resistir. — disse ele rindo encostado na porta do quarto.
— . — eu olhei — Você deixou a porta aberta de propósito não foi?
— Talvez. — ele riu mais um pouco.
— Por que mentiu? — eu mostrei meu sketchbook.
— Queria ver sua reação. — ele caminhou um pouco adentrando o quarto — Foi engraçado.
— Não vou nem comentar isso. — eu o olhei atravessado.
— Minha omma está chamando para o lanche. — ele riu — E acho melhor não recusar.
Eu assenti com a face e nós descemos para a cozinha, sentamos à mesa que estava convidativa, ajumma tinha feito um bolo de cenoura com calda de chocolate e chá de camomila. Naquele momento eu estava mesmo aceitando ficar mais calma, ainda mais depois dos olhares de ironia de para mim.
Depois do lanche me levou para casa no carro da omma dele, nem acreditava que ele já tinha carteira de motorista. Quando cheguei em casa, no relógio já marcava sete da noite, minha omma não estava muito preocupada, pois eu havia mantido ela informada de todos os meus passos naquele dia, e meu pai estava tranquilo por que eu estava na casa da mãe do filho do melhor amigo dele, ou seja eu estava quase em família.
Ficamos um bom tempo reunidos na sala vendo alguns programas de entretenimento que estava passando na televisão, até que omma foi para cozinha preparar o jantar. Eu a acompanhei e fiquei ajudando, após o jantar brinquei um pouco com Jinho no seu xbox e depois fui para o quarto dormir, estava um pouco cansada.
-
Foi divertida aquela tarde, e ter ela em minha casa foi surpreendente. Eu não imaginava que viria mesmo com a foto do seu desenho, mais descobri algo hoje, era muito curiosa e isso seria divertido no futuro.
— Ah…. Acho que desta vez acabou. — sussurrei para mim, enquanto guardava os livros na estante — Foi divertida essa tarde.
— Oppa!!! — disse Sunny se aproximando.
— Sim princesinha! — eu a olhei — O que deseja?
— Oppa gosta da unnie que veio aqui hoje?
— Por que pergunta?
— Por que você nunca trouxe uma unnie aqui.
— A unnie que veio aqui hoje faz seu oppa se divertir bastante, por isso ela veio.
— Eu gostei dela, vocês vão namorar?
— O oppa não sabe ainda.
Eu a abracei de leve a pegando no colo e a levei para o quarto, a coloquei na cama e cantei um pouco a música do pequeno urso para ela, quando adormeceu deixei seu abajur ligado e sai fechando a porta do quarto. Me sentei na poltrona do hall e fiquei pensando em tudo que havia acontecido naquela tarde e de como me diverti muito mais com ela naquele dia do que no sábado passado que estava na casa de Junhae.
— Ela é só uma garota . — disse para mim mesmo, mas era nítido que ela estava marcando presença na minha rotina.
Eu não imaginava que uma garota como ela iria despertar algum interesse em mim, principalmente sem querer. Mas analisando meus pensamentos, eu sempre me pegava pensando nela e em seu sorriso e de como ela fica mesmo muito mais linda quando está irritada comigo.
— Aish , como você conseguiu fazer isso? — eu ri de leve — Não acredito que estou mesmo interessado nela, novata estrangeira, não quero te machucar.
Eu estava convencido que não queria ficar afastado dela, mesmo meu lado racional não querendo, deixaria meu coração comandar isso, então definitivamente deveria fazer alguma coisa para que ela permanecesse em dívida comigo novamente.
Mas o que eu poderia fazer para trazê-la de volta?
-
Acordei um pouco antes do despertador do celular tocar, me espreguicei um pouco e levantei, tomei um banho gelado para acordar mais rápido e coloquei o uniforme. Quando entrei na sala, meu pai já estava se despedindo da omma com um beijo para ir para o seu trabalho, ele acenou rapidamente e saiu apressado.
Saí um pouco mais adianta que de costume, após tomar meu café tranquilamente, segui para o metrô, o meio de transporte mais rápido para a escola. Quando cheguei na escola o portão não tinha nem aberto ainda, alguns alunos já estavam esperando na entrada também.
— ?! — disse ao se aproximar de mim.
— . — eu o olhei e sorri.
— Não costuma chegar tão cedo assim! — disse ele admirada.
— Tive uma boa noite de sono. — eu me espreguicei de leve novamente.
— Estou vendo, ao que se deve isso?
— Não tenho mais dívidas!!! — eu sorri novamente — Estou livre dele!!!
— E por falar nele. — virou sua face para o portão evitando olhar para a direção onde o Prince Line estava.
— Que bom que logo iremos entrar.
Assim que o portão se abriu nós fomos os primeiros a entrar, eu queria o máximo de distância de e seu grupo de amigos. Quando entrei na sala, uma garota que sentada no fundo caminhou em minha direção, ela estava com a cara séria e fechada, ela esbarrou em mim como se não tivesse me visto no caminho, a reconheci como uma das poucas amigas de Yuri.
— Bom dia alunos. — disse o professor Han ao entrar na sala.
— Bom dia senhor Choi. — dissemos todos em coral.
— Bem, como amanhã teremos nossa prova de destaque, hoje vamos revisar algumas matérias mais complexas. — disse ele olhando para mim, acho que ele ainda estava preocupada por eu ter passado dois dias em casa.
— E vamos para mais uma aula cheia de cálculos. — brincou ao olhar para mim.
— Good Luck! — eu sorri de leve para ele.
As horas se passaram e meu caderno já estava transbordando de anotações, o sinal tocou para o intervalo, eu e juntamos nossas coisas e saímos da sala, caminhamos um pouco pelo corredor. De repente senti alguém pegar em minha mão e me puxar para longe de , era , não entendia por que ele estava fazendo aqui.
— Ei, me solta. — eu tentei fazer com que ele me largasse sem sucesso.
— Você reclama de mais. — ele riu de canto e me virou, fazendo com que eu encostasse na parede — Está com medo?
— Não. — eu o olhei séria, não sabia se prendia minha respiração para não sentir aquele perfume maravilhoso que ele tinha passado, ou se respirava fundo tentando não deixar me levar com aquele momento — O que você quer agora?
— Agradecer. — ele me olhou com gentileza, aquilo me fez paralisar por uns instantes.
— Agradecer? — estava surpresa com aquilo, no choque deixei minha mochila cair — Não podia fazer isso na frente do ?!
— Sim e não. — ele se abaixou e pegou minha mochila — Por que está surpresa? — ele olhou fixamente nos meus olhos, prendendo minha atenção — Você estudou comigo, graças a você consegui fazer uma boa entrevista hoje mais cedo, meu professor ficou admirado.
— Ah, isso. — tentei manter minha respiração natural e controlada, mas olhar para aquele olhos dele estava me deixando desnorteada, ele tinha algo que me hipnotizava. — Quem bom… que… conseguiu.
— Sim. — ele se aproximou mais de mim e apoiou sua mão direita na parede na altura do meu rosto.
— Se isso for tudo, eu… — parei por um momento sentindo meu coração acelerar — , você está...
— Só queria que soubesse que minha irmãzinha quer te ver de novo. — ele sorriu de canto me entregando minha mochila e se afastou de mim — Até mais. — ele piscou de leve e saiu andando.
“Eu não sei, meus amigos me dizem que eu sou louco
É a minha primeira vez se sentindo assim desde que nasci
Você não é completamente meu tipo ideal, nem o corpo
O que você fez para mim.”
- Seeing You Or Missing You / Lunafly
Dicionário Coreano:
13. kakaotalk: aplicativo de celular semelhante ao WhatsApp.
14. komawo: Obrigado (informal/não polido).
15. noona: termo usado por garotos para chamar garotas mais velhas e próximas.
16. oppa: termo usado por garotas para chamar garotos mais velhos e próximos.
17. unnie: termo usado por garotas para chamar garotas mais velhas e próximas.
18. hyung: termo usado por garotos para chamar garotos mais velhos e próximos.
6. Good Boy
“Quero ser como seu diário, para saber os segredos do seu coração,
Quero ser como seu gato por apenas um dia,
Você me alimenta com leite quente e o abraça ternamente.”
- Hug / TVXQ (Dong Bang Shin Ki)
Fiquei por um tempo ali parada olhando para o nada tentando me recuperar, como sempre estava perplexa pelas atitudes dele. Minutos depois se aproximou de mim, estava com um pacote em suas mãos.
— . — ele me olhou — O que aconteceu?
— Nada.
— Tem certeza? O que ele queria? — esticou o pacote — Trouxe para você.
— Obrigada. — eu peguei o pacote e sorri de leve — Ele só queria me agradecer por ter estudado com ele.
— Hum. — disfarçou um pouco — Pelo menos isso vindo dele.
— Sim. — eu olhei para a escada — Vamos, antes que o intervalo termine.
— O que tem nesse pacote? — perguntei curiosa.
— Aqueles mangás que fiquei de te emprestar. — respondeu.
— Hum… Então é melhor eu guardar eles no armário antes de voltar para a sala.
— Se quiser eu te acompanho. — se ofereceu.
— Oh não, a última vez você chegou atrasado por minha causa, deve dar exemplo senhor presidente da classe. — eu ri de leve e saí correndo na sua frente, subi algumas lanças de escadas até chegar ao corredor onde ficava meu armário.
Deixei minha mochila no chão e abri o armário tranquilamente, enquanto estava ajeitando o pacote dentro, percebi que havia duas cartas que pareciam de declaração ali dentro, algo que não imaginava receber tão cedo. Do lado externo nenhuma das duas tinha remetente, me deixando ainda mais intrigada para saber de quem era, a única coisa escrita era a data, uma escrita hoje e a outra escrita há três dias.
— Olha só quem está aqui… — disse uma voz feminina bem próxima.
— O que?! — eu fechei o armário e me afastando, vi uma menina escorada nele, parecia estar mascando chiclete.
— Eu te conheço?! — não reconhecia seu rosto.
— Não, mas logo vai. — ela endireitou seu corpo e chutou minha mochila para trás — Novata estrangeira.
— Ah não, mais uma com isso. — eu me movi para cima dela, vendo que tinha mais duas garotas atrás acompanhando ela — Me devolve a mochila.
— Acho que não. — a primeira garota se colocou na minha frente e me empurrou com força, me fazendo cair.
— Você é louca, o que acha que está fazendo?! — disse assustada.
Eu já havia pesquisado sobre bullyings nas escola coreanas, não eram somente exageros o que tinha visto em alguns doramas colegiais como The Heirs ou School 2013, era real que às vezes chegavam ao extremos na maldade de alguns alunos, mas nunca imaginaria que fosse sofrer isso, já que aparentemente gostavam de estudantes de outros países.
— Achou mesmo que seria amiga do Prince e sairia ilesa?! — perguntou ela.
— Eu não sei do que está falando. — me levantei sentindo uma leve dor em meu joelho, havia ralado quando caí — Quem é prince?
— Não deveria estar em outro lugar? — aquela sim era a voz que certamente eu não imaginava ouvir — Você ainda está suspensa.
— Oppa. — a garota se virou e lá estava a ele.
— … — sussurrei me encolhendo um pouco, ele conhecia elas.
— Acho que isso não é seu. — ele pegou minha mochila da mão da menina que tinha algumas fitas no cabelo e veio em minha direção — Não posso te liberar nem um pouquinho que já arruma confusão. — ele sorriu de canto — Você está bem?!
— Acho que sim. — disse pegando a mochila de sua mão, ao mesmo tempo tentando esconder meu joelho machucado.
— Você mente muito mal. — seu olhar sério me estremeceu por dentro, então ele desviou o olhar para as garotas — Eu só vou dizer uma vez, então prestem atenção, fiquem longe dela.
segurou em minha mão e me guiou até as escadas, seguimos em silêncio até chegar na enfermaria, quando chegamos a porta estava trancada, ele olhou pelo vidro da janela e constatou que estava vazia.
— Eu vou ficar bem, não se preocupe. — disse me afastando dele.
— Pare de dizer besteiras. — ele pegou seu celular e mandou mensagens para alguém, se manteve sério todo o tempo, nem parecia aquele pesadelo que me irritava.
Eu tentei mais uma vez ir embora sem sucesso. Ele me fez ficar sentada no banco ao lado da porta enquanto esperávamos, foi quando uma garota veio correndo em nossa direção com uma caixinha nas mãos, consegui reconhecê-la, era uma das líderes de torcida.
— Aqui está . — disse ela ao parar, esticando a mão com a caixinha para ele, tentando recuperar o fôlego — Vim o mais rápido que pude.
— Komawo Hari. — ele sorriu pegando a caixinha — Pode ir agora.
Ela sorriu e brincando bateu continência, então se virou e saiu correndo de novo.
— Hari…
— Vai perguntar se ela é minha namorada? — ele riu baixo, se ajoelhando na minha frente, colocou a caixinha ao lado, era branca e estava escrito primeiros socorros de rosa — Não, ela já tem um namorado e não sou eu.
— Não era isso que eu ia perguntar. — cruzei os braços.
— Tem certeza? — ele me olhou confiante e sorriu de canto, então voltou a atenção para a caixinha e abriu.
— O que vai fazer?
— Não é óbvio?! — ele riu pegando um pedaço de algodão.
— Porque está fazendo isso?!
— Também não é óbvio?! — ele me olhou novamente — Se quiser, pode segurar em minha camisa, vai arder um pouco.
Ele começou a limpar o arranhado no meu joelho, me retraía a cada vez que sentia dor, não me segurei e em um momento acabei segurando mesmo em sua camisa. Após limpar e desinfeccionar, ele colocou o band-aid de forma cautelosa, me deixando ainda mais impressionada.
— Pronto, pode ir agora. — disse ele fechando a caixinha e se levantando.
— Obrigada doutor. — eu ri de leve pela brincadeira — Alguma recomendação médica?!
— Não arrume mais confusões. — disse ele com um tom de estresse.
— Como se fosse eu a culpada. — peguei minha mochila que tinha deixado no banco e me levantei — Foram elas que começaram, chegaram de repente dizendo…
— Termine. — ele se levantou também.
— Não importa agora, tenho que ir para sala, o sinal já bateu. — me afastei dele e segui para a direção do prédio da minha sala.
Me esforcei muito para não ficar mancando, apesar de não doer mais, ainda sentia um formigamento e desconfortos no local. Assim que cheguei em frente a porta da frente da sala, o professor Han já estava à frente com sua face séria e apreensiva, acompanhado do senhor Song, o supervisor e a pedagoga da escola. O assunto parecia sério.
— Senhorita Kim. — o professor me olhou parada na porta — Entre, por favor, depois falaremos sobre seu atraso.
Eu assenti em silêncio e entrando, corri para meu lugar. Olhei de relance para , ele parecia preocupado com minha demora.
— Alunos, serei direto. — ele se levantou da cadeira e olhou para todos já sentados em suas carteiras — O gabarito das provas de amanhã, foi roubado. — ele respirou fundo — E recebemos uma denúncia de que foi por um aluno do segundo ano.
Os alunos começaram a conversar entre si perguntando quem poderia ter feito aquilo.
— Quem será que pode ter feito isso? — me olhou espantado.
— Não imagino. — olhei para ele.
— Silêncio, juseyo. — disse o professor Han — O senhor Song está aqui para fazer uma revista geral nos pertences de todos os alunos.
Primeiro, o senhor Song fez um discurso longo sobre como é errado o que a pessoa tinha feito e que seria punida severamente. Assim ele passou de carteira em carteira olhando todas as mochilas, mesmo achando aquilo errado, não podíamos reclamar, ele era o supervisor e devíamos respeito a ele.
— Nós iremos passar em todas as salas e irá revistar a mochila de todos os alunos, sem restrições. — disse senhor Song com firmeza, segurando firme aquela varinha de madeira que o fazia se sentir o rei da escoda.
— Mais isso não é justo. — gritou Donghwa se levantando — E nossa privacidade?!
— Por acaso você está com algo na sua mochila que seja indevido? — perguntou Song fazendo todo mundo rir de Donghwa.
— Não senhor. — ele se sentou novamente — Não tenho nada para esconder.
— Então será a primeira que eu irei checar. — disse indo até sua carteira.
Não demorou muito até que chegou na minha vez. Coloquei minha mochila em cima da mesa, ele pegou e a abriu, passou alguns instantes revirando meus cadernos até que retirou um papel azul dobrado. Eu nunca havia visto aquele papel e não tinha ideia de como havia parado ali. Pior ainda, era justo o que ele estava procurando.
— Aqui está. — ele desdobrou o papel e verificou — Encontramos o ladrão. — a sala toda me olhou surpresa — Ou melhor, a ladra.
— Não. — eu me levantei — Não foi eu.
— Supervisor Song. — se levantou também — Isto é um engano, ela não faria isso, estive com ela desde o início da aula até o intervalo, nem passamos perto da sala dos professores.
— Sim. — concordei com ele.
— Então explique o que o gabarito da prova está fazendo na sua mochila mocinha? — retrucou ele — Além do mais, este gabarito não foi roubado hoje pela manhã, ao que tudo indica foi roubado ontem.
— Eu não sei como foi para aí, minha mochila sempre fica comigo o tempo inteiro. — tentei explicar.
— E você sempre fica com o aluno o tempo todo na escola? — perguntou o pedagoga.
— Bem, não. — eu olhei para ela — Não o tempo todo, mas não foi eu, eu juro.
— Vamos à sala do diretor, você terá que nos explicar isso direitinho. — disse o supervisor Song.
"Fique, tudo está seguindo de acordo com seus planos
A verdade está em suas mãos."
- Danger / Taemin
Mesmo não aceitando aquela acusação, eu segui para a diretoria em silêncio, não sabia como explicar que aquilo não tinha sido feito por mim. queria ir junto, mas o professor Han achou melhor ele não se envolver naquilo, e eu também, a última coisa que eu queria era que se prejudicasse por minha causa. Fiquei alguns longos minutos esperando do lado de forma, enquanto o supervisor relatava tudo ao diretor Lee.
— Muito bem senhorita Kim. — disse o diretor, me chamando pelo sobrenome também, assim que entrei em sua sala — Agora se explique.
— Eu não sei como isso aconteceu, eu juro que não foi eu. — segurei as lágrimas que se formavam no canto dos meus olhos.
— Estava em sua mochila. — ele insistiu — Vai negar os relator do supervisor Song?!
— Não senhor. — estava mesmo em minha mochila, só não sabia como havia chegado lá.
— Terei que notificar isso aos seus pais, o que fez foi muito grave, suspensão não será o bastante. — disse ele mantendo seu tom moderado — Talvez a senhorita terá que ser expulsa da escola.
— Não. — eu o olhei deixando a primeira lágrima cair — Diretor Lee, não foi eu. — limpei minhas lágrimas rapidamente.
— Lamento, mas a gravidade do delito me obriga a seguir as regras da escola.
Bateram na porta de repente.
— Entre. — disse o diretor.
— Diretor Lee. — abriu a porta e nos olhou — Preciso conversar com o senhor.
Ele respirou fundo, parecia ter corrido para chegar ali.
— , o que faz aqui? Não posso ouvi-lo, estou ocupado.
— É sobre o roubo do gabarito. — ele entrou na sala fechando a porta — Fui eu quem roubou.
— O que? — eu o olhei sem entender mais nada.
— Isso é muito grave. — o diretor se levantou de sua cadeira — Está ciente de suas palavras?
— Sim. — ele me olhou — Eu roubei por que queria ajudar esta aluna, queria que ela tirasse uma boa nota, assumo toda a responsabilidade, ela não sabia de nada.
— . — eu sussurrei seu nome o olhando, estava indignada com aquilo tudo.
— , por que fez isso? Por que está ajudando esta aluna?
— Por que. — ele me olhou — Eu gosto dela.
O diretor suspirou fraco, parecia estar indignado como eu e ao mesmo tempo se controlando para não explodir de fúria.
— Muito bem, por que assumiu, irei ligar para seu pai. — ele caminhou até sua mesa — Não posso te expulsar pois é o filho do dono da escola, e meu sobrinho, mas não ficará impune o que fez.
— Eu sei diretor e arcarei com as consequências dos meus atos, só quero que o nome dessa garota continue limpo.
— Sim. — o diretor olhou para mim — Senhorita Kim, pode retornar a sua sala, se alguém perguntar diga que está tudo resolvido e encontramos o verdadeiro culpado.
— Sim diretor. — caminhei até a porta e saí.
Ouvi alguns gritos do diretor até chegar no corredor, eu estava perplexa com aquilo tudo, havia roubado as provas, mas como tinha colocado na minha… Mas é claro que ele havia me puxado para longe mais cedo para fazer isso, não acredito nisso. Quando cheguei na sala, disse exatamente o que o diretor havia mandado, o culpado havia confessado seu erro ao diretor limpando meu nome.
— Obrigada por tentar me defender. — disse ao ao me sentar na minha carteira.
— Somos amigos e amigos são para isso. — ele sorriu de canto e virou para frente.
— Mas me diga, quem foi? O verdadeiro culpado? — perguntou curioso.
— Prefiro não comentar mais sobre isso, daqui a pouco todos saberão. — e debrucei sobre a mesa e fechei os olhos tentando descarregar toda a minha raiva de .
Minutos depois o diretor começou a fazer um discurso pelo alto-falante, esclarecendo o aparecimento do culpado e informando que a prova seria dada no dia seguinte normalmente. Os suspiros de tristeza de alguns alunos pode ser notado e o sorriso de alegria do professor Han também.
Ao final da aula, fui a última a sair da sala, como sempre. tinha ido na frente, precisava ir na farmácia comprar algo para sua mãe. Saí da sala tranquilamente e quando fui descer as escadas, dei de cara com , ele estava encostado na parede me esperando.
— Seu pabo. — eu o empurrei, estava com raiva — Fez isso por que? O que você tem contra mim? O que eu te fiz?
— Yah. — ele segurou em meu braço me fazendo parar de bater nele — Eu te ajudo e é assim que retribui.
— Me ajuda?! Você colocou aquelas provas na minha mochila. — eu tentei me soltar dele, sem sucesso — Eu quase fui expulsa.
— Eu assumi no seu lugar e livrei seu pescoço, deveria me agradecer. — ele bufou soltando meu braço e se afastou — Não fui eu que fiz aquilo, jamais te prejudicaria assim.
— Eu me lembro do início da aula, você pegou minha mochila… Se não foi você foi quem?! — cruzei os braços o olhando ainda com raiva.
— Essa é a questão… — ele olhou para o teto pensando — Apesar da ideia ser boa, eu não sou tão mercenário assim… Mas…
— Mas o que?
— Ah não. — ele se virou para parede e a socou, parecia ter resolvido o mistério — Droga.
— O que foi?! Dá pra me dizer.
— Já sei quem foi, mas não podemos provar. — disse ele.
— Como assim, não podemos… — minha mente já estava ficando ainda mais confusa — , você pode, por favor, falar direito. Quem foi?
— Suas novas fãs. — ele voltou seu olhar para mim de forma tranquila.
— Ah não…
Logo me lembrei da pequena desavença que tive quando fui até meu armário, aquelas três garotas tinham mexido com a minha mochila, claro que enquanto a líder me distraída, as outras duas poderia implantar o gabarito.
— Droga… — xingou ele aumentando o tom — Por que só agora eu pensei nisso.
— Então a culpa é sua. — eu o empurrei novamente.
— Yah, por que?
— Porque elas vieram por sua causa. — expliquei — Nem as conheço e já estou sendo odiada, por que não me deixa em paz.
— Yoona me persegue a muito tempo, mas não imaginei que ela pudesse fazer isso com você. — ele voltou seu olhar para meu joelho, sua voz estava amarga novamente.
— Mas… Ainda temos como provar, a escola é cheia de câmera de segurança.
— Sim, exceto o corredor onde você escolheu ter um armário. — retrucou ele respirando fundo — Com tanto armários, foi escolher justo aquele, no corredor onde as câmeras não funcionam?
— Eu lá ia saber. — o olhei mais indignada ainda — Está colocando a culpa em mim? A garota é sassaeng19 sua, não minha.
Ele encostou na parede e ficou me olhando com um sorriso malicioso no rosto.
— O que foi? Porque está me olhando assim?
— Já te falei que você fica mais linda ainda, quando está com raiva. — seu olhar era tão malicioso quanto o sorriso.
— Babaca. — bufei de leve e ajeitei a mochila no ombro.
— Eu te levou.
— Não preciso.
— Não me importo com a sua rejeição, eu vou te levar. — ele pegou retirou a chave do bolso — Vamos chegar mais rápido.
— Pegou o carro da sua mãe de novo? — perguntei.
— Garota curiosa. — ele riu — Vamos logo.
“Fique, no momento a ponta dos meus dedos te seguem
Só você brilha no mundo todo.”
- Danger / Taemin
7. Growl
“Meu dia está cheio de você depois de conhecer você
Vendo você ou sentindo sua falta
Meus pensamentos são muito para você, eu não sei o que fazer
O que eu vou fazer comigo mesmo?
Você tem que algo que eu preciso.”
- Seeing You Or Missing You / Lunafly
-
Eu não conseguia parar de pensar naquele jeito fofo que ela tinha de me xingar, aquela garota estava mesmo monopolizando meus pensamentos para si. Permaneci por alguns minutos dentro do carro olhando para a entrada do prédio onde morava, pensando se deveria ou não subir para fazer uma rápida visita aos seus pais. Seria engraçado se ela saísse do banho e me visse jogando com seu irmão, como da primeira vez.
Logo meu celular vibrou, era uma mensagem privada de Junhae
“onde está?”
“o que foi agora?”
“estamos indo na casa do Hwang, vem também? ou vai pra casa ficar com seu pai?”
Fiquei pensando alguns instantes.
“????”
“Yah! Junhae, tenha paciência de me esperar responder”
“venha rápido, estamos curiosas para saber sobre o roubo do gabarito. tenho certeza que não foi você”
“aish… vocês estão sendo muito curiosos, assim não ajudo ninguém com suas namoradas”
“yah hyung, deixa de moleza e vem logo kkkkkkkkkkk”
Eu coloquei o celular dentro da mochila novamente e liguei o carro. O caminho foi curto até a casa de Hwang, quando cheguei, sua mãe já estava preparando a mesa de centro da sala com alguns biscoitos que tinha feito e um bule de chá.
— Ajumma, não precisava. — disse Junhae largando sua mochila no chão perto da porta e se encostando na parede.
— Fale por você. — MinSoo caminhou até a mesa com seus olhos brilhando. — Precisava sim.
— Yah, maknae. — eu joguei minha mochila de leve nele — Olha os modos na casa da ajumma.
— Oh!!! , não se preocupe. — ela sorriu para mim, seus olhos haviam gentileza — Se estão com fome fiquem à vontade, mas antes lavem as mãos. — ela saiu sorrindo em direção à cozinha.
— Mais respeito em minha casa MinSoo. — disse Hwang indo em direção ao banheiro.
Todos lavamos nossas mãos e voltamos para sala, nos sentamos no chão e começamos a devorar os biscoitos feitos pela ajumma.
— Pode ir desembuchando hyung, sabemos que não foi você o ladrão. — disse MinSoo com a boca cheia de biscoitos.
— Yah, já disse para ter modos aqui. — Hwang mandou a almofada nele.
— Vocês estão muito curiosos. — tomei um gole de suco.
— Claro, se tem a envolvida, queremos saber. — afirmou Junhae.
— Aish… — eu o olhei fazendo careta — Foi a Yoona.
— O que? — disseram em coral.
— Aquela louca não estava de suspensão? — perguntou MiJun.
— Ainda está, mas parece que teve tempo para fazer isso. — bufei de novo contrariado — Tive que ficar no seu lugar, pois não tem como provar que foi a louca — me espreguicei um pouco — Meu tio me dei algumas tarefas que vou adorar cumprir com meus fiéis amigos.
— A yahhhh… Você fica se fazendo de herói e a gente tem que pagar junto.
— Claro. — olhei sério para MinSoo por sua reclamação.
— Já entendi hyung.
— Vamos mudar de assunto?! — sugeriu Junhae — Depois descobrimos o que teremos de fazer.
— Que tal o baile de primavera? — disse MinJu com animação — Está se aproximando a data.
— Isso é bom. Este ano quem vocês levaram? — perguntou Junhae — Lembrando que é o nosso último ano.
— Tem que ser com a garota. — enfatizou Hwang — A minha já está escolhida.
— E quem pretende levar? — perguntou MinSoo.
— Vou levar a YeJin. — ele tomou um pouco do chá que estava na sua xícara — Ela me entregou uma carta de amor na sexta, acho que devo dar uma chance.
— Ohhhhhh. — dizemos todos juntos.
— Carta de amor é legal, ela já te chama de oppa? — perguntou MiJun.
— Sim. — ele riu — Ainda me sinto sem jeito quando ela diz.
— Está apaixonado. — eu disse fazendo todos rirem.
— Eu vou levar Hari. — Junhae me olhou — Se o hyung me ajudar, ela ainda está brava comigo.
— É claro que vou. — assenti pegando mais um biscoito.
— Eu decidi levar Sooyong. — disse MinSoo — Ela é uma das garotas mais bonitas do segundo ano e entrou para o grupo das líderes de torcida.
— Não vai dar falsas esperanças para garota. — advertiu Junhae.
— É claro que não hyung. — ele fez cara de inocente nos fazendo rir.
— A minha não é novidade. — disse MiJun — Vou levar minha namorada Chohee.
— E o pai dela vai deixar? — perguntou Hwang — Sabemos que ele é muito bravo.
— Claro que vai, nada como uma garrafa de Soju para deixá-lo mais gentil.— ele riu baixo, já pegando outro biscoito — Estou descobrindo os pontos fracos dele aos poucos.
— Você é o único que não disse nada hyung. — MinSoo me olhou curioso.
— Aposto que ele vai leva a estrangeira. — comentou Junhae — Com tantas garotas mais bonitas e que estão caindo por ele.
— Verdade. — MiJun pegou mais um biscoito.
— Yah, fique calado. — eu olhei atravessado para Junhae — Quem levarei não interessa, de qualquer forma será a melhor garota da festa.
— É a estrangeira. — concluiu MinSoo fazendo todos rirem.
— Parem de falar dela. — protestei — Não sei se a levarei, e se for quero que se comportem perto dela.
— Você que manda hyung. — brincou Junhae batendo continência.
— Idiota. — ri de leve o olhando.
Passamos longas duas horas, conversando e jogando um pouco no xbox de Hwang, estávamos em uma competição de Mortal Kombat desta vez. Ao sairmos da casa de Hwang, eu convenci os outros a me acompanharem até a casa da minha mãe, eu tinha que devolver seu carro. Depois, fomos para o metrô, entre risos e mais brincadeiras sobre o que faríamos no baile, tínhamos que deixar nossa marca do Prince Line.
Aos poucos cada um parou em sua estação, quando cheguei em frente o edifício do apartamento do meu appa, dei um suspiro cansado, a cada dia estava ficando mais difícil de morar com ele. Porém, não tinha escolha, só podia passar os finais de semana com minha linda omma. Quando entrei no apartamento, fui direto para meu quarto, ouvi algumas vozes vinda do escritório do meu pai, com certeza ele estava com mais uma de suas “amigas”, queria poder fugir dessa realidade.
— Que bom, pelo menos não terei que ouvir sermão hoje. — sussurrei ao chegar na porta do meu quarto.
Me tranquei como de costume, joguei minha mochila no chão ao lado da cama e caminhei para o banheiro já tirando minha camisa do uniforme, tomei uma ducha quente e voltei para o quarto com a toalha enrolada em minha cintura. Caminhei até minha mochila e tirei meu celular dela, fiquei olhando para tela por um breve momento. Naquele instante eu tinha reparado que havia colocado a foto de como protetor de tela, ainda não me lembrava em que momento e o motivo de ter feito isso.
Fiquei alguns minutos olhando aquela foto e resolvi mandar uma mensagem a ela pelo kakaotalk, segurei o riso ao me lembrar dela gritando comigo no corredor. Mas este pensamento me trouxe aquela afirmação da qual vinha fugindo, eu estava mesmo apaixonado por ela.
— Sim. — caminhei até meu armário e abri a gaveta que ficava meus pijamas — Agora irei te conquistar de verdade, novata estrangeira. — eu ri de leve pegando minha calça de um pijama que tinha ganhado de minha omma, e imitando a voz dela — Meu nome é !
-
Não consegui dormir direito aquela noite, o que havia feito por mim, havia me deixado sem reação e sem palavras. Por duas vezes, havia sido defendida por ele, estranhamente meu coração acelerou ao me lembrar dele cuidando do meu joelho machucado. Apesar da culpa ser dele, inicialmente, ainda assim, foi um estranho fofo ele cuidar de mim, com tanta atenção.
“O mundo inteiro tenta me agitar
Até mesmo meus amigos tentam animar as coisas
Dizendo que você e eu
Ficamos bem juntos.”
- How Nice Would It Be / Lunafly
Me levantei da cama, toquei minha ducha matinal e coloquei meu uniforme, ouvi um barulho vindo do meu celular, era o despertador que não tinha desligado. Mexi um pouco nele quando percebi que tinha uma mensagem no kakaotalk para mim, abri o aplicativo e olhei.
“Espero que seu joelho não esteja mais doendo, te espero no portão da escola.
- ”
Sorriu de forma automática e meio boba, era admirável ele ter me enviado uma mensagem àquela hora da noite. Guardei o celular na mochila, saí do quarto ainda meio sonolenta e fui para cozinha.
— Querida, o que aconteceu? — minha omma estava colocando a jarra de suco na mesa, me olhou preocupada — Você nem quis jantar ontem.
— Desculpa omma. — eu sentei na cadeira e coloquei uma fatia do bolo de chocolate no meu prato — Estava sem fome, acho que é preocupação com a prova de hoje.
— Ah, sim, esta prova. — ela sorriu para mim — Espero que consiga fazê-la bem.
— Eu também, estudei muito. — despejei um pouco de leite no meu copo e misturei açúcar mesmo, comecei a comer permanecendo em silêncio.
— E este machucado aí? o que aconteceu? — ela veio toda preocupada olhar mais de perto.
— Eu caí, não prestei atenção. — odiava mentir para a mamãe, mas não iria dizer que sofri uma tentativa de bullying na escola — Não está mais doendo, está tudo bem.
— Tem certeza?! — ela continuou me olhando desconfiada.
— Sim. — assenti de imediato, realmente não estava doendo mais.
— Bom dia unnie, bom dia omma. — disse Jinho sorrindo.
— Nossa que animação. — disse minha mãe servindo um chocolate quente para ele — Bom dia para você meu pequeno ninja.
— Omma, teremos uma excursão, eu poderei ir? — ele pegou um pedaço do bolo e colocou no seu prato também e começou a comer.
— Claro, mais terei que saber mais sobre isto.
— Onde está o appa? — perguntou ele.
— Já saiu para o trabalho. — ela se sentou na cadeira em frente a mim e me olhou — Está muito calada hoje , isto é somente pela prova mesmo?
— Sim omma, estou tentando me manter concentrada.
— Ah, então coma bem, assim sua mente funcionará direito. — ela colocou alguns biscoitos no meu prato e no de Jinho — e você também pequeno ninja, comendo tudo para ir para escola.
Eu sempre me sentia bem quando minha omma cuidava de mim daquela forma, ela me fazia sorrir mesmo quando queria chorar. Minutos depois de terminar meu café, voltei ao banheiro e escovei meus dentes, peguei minha mochila, me despedi dos dois e saí. Estações depois cheguei na escola, o portão já estava aberto.
Poucos passos até o bloco onde ficava minha sala, me puxou pelo braço me levando para trás da quadra de basquete. Tentei me soltar, mas era sempre sem sucesso, ele estava com sua face séria, não me deixei intimidar, ficamos nos olhando por alguns instantes.
— Seu joelho melhorou?! — perguntou ele, direto e sério.
— Sim, não está mais doendo.
— Te vejo depois da prova. — ele se virou e seguiu em direção onde estava seus amigos.
Eu fiquei paralisada com aquilo, ele havia me levado para longe só para perguntar como estava meu joelho, e foi assim, sem me irritar ou fazer onda com a minha cara? Nem de novata estrangeira, ele me chamou.
— Aish, agora eu estou irritada, não acredito que estou preocupada com a forma dele me tratar. — respirei fundo e ouvi o sinal bater.
Tomei fôlego e corri até a sala, quando entrei felizmente o professor ainda não estava, caminhei até minha carteira e me sentei ficando em silêncio. se virou e ficou me olhando, ele mexeu no meu cabelo tentando chamar minha atenção para a realidade, mas eu não conseguia parar de pensar em tudo que tinha acontecido no dia anterior
.
— ? ? — disse ele.
— Hum?! — eu o olhei.
— Está tudo bem? — ele me olhou preocupado — Eu vi quando te arrastou até os fundos da quadra de basquete.
— Sim, ele só queria saber como estava meu joelho.
— Verdade, você não me contou como se machucou. — ele me olhou curioso.
— A história é longa e tem relação com o roubo de ontem.
— Sério?
— Sim.
Contei a em detalhes o que havia acontecido, desde a desavença no corredor dos armários até quando eu e descobrimos quem de fato era o ladrão. Assim como nós, ele também ficou revoltado por não podermos provar, contudo ficou ainda mais surpreso por ter tomado a culpa para si, para que eu não saísse prejudicada.
Foram três horas de prova, 120 questões e muita concentração de minha parte, quando terminei já estava sentindo que minha coluna não existia mais de tanta dor e desconforto. Saí da sala pouco depois de , ele estava no corredor me esperando com sua mochila meio caída no ombro direito.
— Então, como foi? — perguntou ele.
— Acho que não passarei vergonha. — eu brinquei um pouco caminhando até a sacada olhando o pátio — Para a primeira vez, posso declarar que sobrevivi.
— Com certeza, todos somos sobreviventes. — ele riu de mim me seguindo — Mas mesmo chegando depois, você estudou muito, trabalhou duro, então agora é esperar o resultado.
— Espero que seja um resultado positivo. — eu ajeitei a mochila no meu ombro e o olhei de leve sorrindo — Conto com isso para pedir um tablet novo aos meus pais.
— Good luck. — ele riu de leve virando sua atenção para o corredor.
— Vou precisar. — eu virei de costas para o pátio e encostei de leve na sacada.
— Hoje mais cedo ouvi alguns comentários sobre o baile de primavera.
— E pretende levar alguém? — eu o olhei ficando curiosa.
— Bem, eu estava pensando em convidar uma amiga, mas não sei se ela vai aceitar.
— Hum. — eu imaginava que essa amiga fosse eu, mas não queria levantar falsas esperanças, era um amigo e nada mais que isso — Mesmo não sabendo quem seja essa garota, eu te aconselho a convidar a Yuri, eu vejo os olhares dela para você.
— Nunca percebi. — ele desviou seu olhar para o chão.
— Mas deveria, acho que até sei porque ela não conversa comigo, acho que Yuri gosta de você.
— E você? — ele me olhou.
— Eu o que? — me senti um pouco intimidada com aquele olhar.
— Você vai ao baile? — ele reformulou a pergunta, acho que percebeu que eu havia entendido algo a mais.
— Não. — eu desviei meu olhar para a escada — Não gosto dessas coisas, para dizer a verdade nunca tive interesse em ir, nem quando eu morei na América.
— Que pena, seria legal se fosse. — disse ele num tom de frustração — Geralmente os bailes promovidos pela escola são divertidos.
Meu celular tocou, era uma mensagem de , olhei rapidamente e coloquei no bolso novamente.
— Preciso ir agora.
— Era o ? — ele voltou sua atenção para o chão novamente, seu olhar estava triste.
— Sim. — eu me afastei um pouco — Mas pense no que te falei, Yuri gosta mesmo de você, deveria dar uma chance a ela.
Me virei e segui pelo corredor, desci as escadas tranquilamente e caminhei em direção a quadra de basquete, chegando na porta, abri um pouco e entrei. Os garotos do time estavam treinando, pois os jogos do campeonato intercolegial deste ano estavam próximos. Haviam umas meninas sentadas na arquibancada, pareciam ser as líderes de torcida, elas além do professor de educação física/treinador Chang e sua auxiliar, eram as únicas que podiam ver o treino.
— Aluna , o que está fazendo aqui. — perguntou o treinador Chang — Este treino é fechado.
— Ah, aqui está você. — disse se aproximando — Bem na hora.
— O que ela faz aqui? — o treinador o olhou sério.
— Então treinador, o senhor disse que precisava de alguém para ser sua auxiliar nos treinos, aqui está ela. — me olhou com um sorriso nebuloso.
— O que? — dissemos eu e o treinador juntos.
— Isso mesmo. — confirmou segurando o riso.
— Bem, contando que esta aluna não atrapalhe. — o treinador se afastou indo para o centro da quadra.
— Que história é essa de auxiliar? — eu coloquei a mão na cintura o olhando séria.
— Você novamente está se superando em ficar bonita. — ele sorriu de canto.
— Não tem graça.
— Bem, eu te salvei lembra? Voltou a ficar em dívida comigo.
— O que? Preciso te lembrar que a culpa foi sua? Aquela louca fez isso por sua causa.
— Não importa… — ele continuou me olhando tranquilamente — Você precisa participar de no mínimo dois clubes, até agora você só entrou no grupo de estudos que nem sei o motivo… E como só podia escolher o segundo até ontem, ou então levaria um demérito, achei que deveria te ajudar.
Oh céus, aconteceram tantas coisas na minha vida em pouco tempo, que já estava me esquecendo dos pequenos detalhes daquela escola, além de suas chatas regras.
— Estou esperando.
— Esperando o que?
— Até se sentir confortável para me agradecer. — ele piscou de leve — Mais uma vez te salvei.
“Basta ficar como está,
A medida que você só olha para mim,
Eu nunca vou deixar você ir,
Apenas observe.”
- Growl / EXO
8. Colorful
“Eu quero dizer
Não sou um cara maneiro ou bonito
Eu sou apenas um honesto bad boy.”
- Ring Ding Dong / SHINee
Fiquei o olhando sem reação, enquanto se afastava indo em direção aos outros. Permaneci parada, ainda perto da porta olhando o treinador Chang orientar cada um deles. Após alguns minutos vendo eles trocando alguns passes dentro da quadra, o treinador se aproximou de mim com uma lista na mão.
— Aqui está. — ele esticou a lista.
— O que é isso? — eu peguei o papel olhando assustada.
— Este são os horários do treino e suas tarefas, no verso tem um pedido meu para que você possa se ausentar das aulas que precisar, para acompanhar os treinos quando necessário.
— Ah. — eu assenti meio sem reação novamente, acho que não estava preparada psicologicamente para aquilo.
Eu olhei novamente para lista e comecei a ler:
“Horário:
9am — 10am — treino leve*
1pm — 1:30pm — prática de arremesso*
4pm — 6pm — treino intenso*
Tarefas:
— manter toda a quadra limpa
— manter as bolas guardadas
— levar as toalhas para lavanderia
— auxiliar os jogadores com a hidratação, fazendo a manutenção das garrafas de água
— manter sigilo quanto aos treinos
* indispensável a presença da assistente”
— Legal, porque o asterisco se já deu pra perceber que terei que estar aqui em todos os treinos? — sussurrei de leve tentando absorver tudo aquilo.
Como aquele dia tinha sido reservado para a prova dos alunos do segundo ano, o time ficaria todo o horário dedicando-se aos treinos, e eu teria que ficar lá com eles. Dobrei o papel e guardei no bolso, coloquei minha mochila ao lado do armário das toalhas e fiquei olhando o treino mais um pouco, a cada cesta que eles faziam as líderes de torcida gritavam um pouco mais alto.
— Ei ajudante. — disse Minsoo.
— Hum?! — eu o olhei sem saber o que faria.
— Preciso de água. — ele segurou o riso.
— Eu também. — gritou Junhae após dar uma enterrada na cesta.
— Ok. — eu caminhei até a máquina de água e retirei duas garrafas e levei para eles — Aqui está. — disse entregando.
— Preciso de outra toalha, ajudante. — disse ao chegar perto, dando um sorriso de canto.
— Mais alguém quer mais alguma coisa? — eu disse segurando minha raiva.
— Precisamos comer alguma coisa, ajudante. — disse Hwang ao se aproximar — Você terá que ir pegar comida para nós.
— O que? — eu o olhei.
— Não podemos parar o treino. — explicou Hwang — Se quiser posso chamar o treinador.
— Não. — eu disse engolindo seco — Eu vou. — me afastei indo em direção à porta.
— Minha toalha. — riu baixo.
Respirei fundo indo até o armário, peguei uma toalha e levei até ele, joguei em sua cara com toda raiva que consegui reunir. Fui até a cantina, estava tão afundada em minha revolta que me distrai e trombei em uma pessoa.
— Mianheyo. — disse quase em sussurro.
— Sem problema . — disse .
— Oh, você. — eu sorri de leve.
— Sim. — ele me olhou curioso — O que estava fazendo na quadra?
— Hum. — eu me encolhi um pouco — Estou ajudando o time de basquete agora.
— Você gosta de basquete? — ele me olhou surpreso.
— Digamos que sempre tive curiosidade. — eu menti, mas por uma causa nobre, não queria dizer que era por causa de .
— Espero que consiga fazer um bom trabalho. — ele sorriu de leve.
— Eu também! — o olhei curiosa — E você? Não voltou para casa, porque?
— Me juntei ao clube de ciências. — explicou ele — Hoje foi nossa reunião sobre a feira de ciências que vamos organizar.
— Que legal. — o olhei admirada, até que me lembrei da minha missão — , tenho que ir agora, nos vemos amanhã.
Me afastei dele e segui. Quando cheguei na cantina, pedi a ajumma super simpática que separasse o lanche do time de basquete, ela havia preparado vários sanduíches para eles, ela me deu duas sacolas, uma com os sanduíches e a outra com as latas de suco.
— Aqui querida, este é para você. — disse ela colocando um embrulho feito com papel de alumínio dentro da sacola dos sanduíches.
— O que é ajumma? — perguntei a ela.
— Um bolo de cenoura, espero que goste.
— Oh, não precisava.
— Ah. — ela sorriu para mim — Você me parece ser uma menina muito especial, é para adoçar seu dia.
— Obrigada ajumma, comerei feliz. — eu sorri de volta e me afastei dela.
Retornando, andei um pouco devagar olhando para o céu, estava um dia lindo e ensolarado, ao chegar perto da quadra ouvi alguns risos vindo de dentro e quando entrei, eles já estavam sentados no chão no centro da quadra com as líderes de torcida comendo, fiquei paralisada por um tempo.
Meus olhos se encheram de lágrimas, deixei as sacolas caírem de repente e eles olharam para mim. Não consegui continuar ali, estava muito chateada com aquilo, saí correndo da quadra antes mesmo que eles pudessem dizer alguma coisa.
-
No momento em que vi as lágrimas se formarem em seus olhos senti meu coração apertar um pouco, acho que havia exagerado demais naquela brincadeira, não sabia o que havia dado em mim. Eu era mesmo um babaca, sempre errado ao invés de acertar.
Me levantei automaticamente e saí correndo atrás dela, não sabia onde procurá-la primeiro, corri por toda a escola meio desesperado. Parei no meio do pátio para recuperar meu fôlego sem saber o que fazer, eu tinha magoado ela mais uma vez e desta vez, eu não estava feliz com o resultado final.
— hyung. — gritou Junhae correndo até mim — Encontrou ela?
— Não. — eu desviei meus olhos para o chão.
— Não precisa se explicar, já entendemos o que sente por ela, hyung. — ele colocou a mão direita no meu ombro — Vamos procurar juntos de novo.
— Junhae?! — eu o olhei surpreso.
— Prince Line toda. — ele se afastou um pouco e eu pude ver os outros de longe nos olhando — A escola não é tão grande assim, vamos achá-la.
— Sim. — eu assenti agradecendo a ajuda.
Cada um correndo em uma direção olhando de sala em sala, de repente eu me lembrei que não havia ido a biblioteca antes, estava tão desesperado que nem estava pensando direito. Quando entrei na biblioteca a ajumma veio até mim em silêncio, ela apontou para o fundo, já estava entendendo o que ela queria me dizer, aquela ajumma era muito gentil comigo e sempre me ajudava quando eu precisava.
Pedi a ela para não deixar ninguém entrar e me afastei, segui em silêncio até o fundo, ela estava sentada no chão abraçada aos seus joelhos chorando. Parei em sua frente e fiquei a olhando por um tempo, estava pensando no que iria falar para ela, não sabia como me desculpar. Nunca havia pedido desculpas a uma garota antes, acho que este meu lado malvado estava entrando em conflito comigo, este era o lado do meu pai que eu odiava, mas havia herdado também.
— .
-
“Você é a garota que me deixa inquieto sempre que te vejo.”
- Bad / Infinite
Aquela era a primeira vez que ele havia falado meu nome, senti meu corpo arrepiar quando ouvi sua voz. Mesmo chorando, chateada, aquela única palavra tinha me aquecido por dentro, levantei minha face e o olhei deixando algumas lágrimas caírem.
— O que está fazendo aqui? — eu fixei meus olhos nos dele — Veio rir de mim de novo?
— Não. — ele pegou em minha mão e me puxou de repente.
Meu corpo levantou com seu impulso indo em direção ao corpo dele, ao ficarmos bem próximos me abraçou imediatamente de forma suave. Eu não deveria demonstrar fraqueza, mas seu abraço era tão acolhedor que desabei em lágrimas novamente.
Não acreditava naquilo, como ele conseguia fazer eu me sentir tão mal e depois tão bem, não conseguia entender como ele tinha esse controle sobre mim, e isso me deixava ainda mais irritada e intrigada com ele. Ficamos por um tempo abraçados, até que ele se afastou um pouco e secou minhas lágrimas com sua mão suavemente, seu olhar era tão encantador que me fazia esquecer de tudo.
— Vamos, o treino ainda não terminou.
— Ah?! — eu o olhei de novo sem reação, isso já estava virando um costume, ele fazia isso comigo.
Ele sorriu de canto, que sorriso, vontade de matar ele de tão lindo, segurou em minha mão e me guiou em direção à saída. Quando entramos na quadra, as sacolas não estavam mais no chão e os amigos dele estavam treinando naturalmente como se nada tivesse acontecido.
O treinador estava monitorando os passes deles atentamente, soltou minha mão de forma discreta e correu para o centro da quadra. Eu fiquei no canto olhando até que o treinador se aproximou de mim ainda atento aos meninos.
— Espero que não esteja muito cansada.
— Não, não estou. — eu desviei meu olhar colocando a mão na barriga, estava sentindo fome.
— Não comeu ainda não é? — perguntou ele.
— Não.
— Vá se alimentar na minha sala, os meninos deixaram seu lanche lá.
Eu assenti meio admirada e corri até a sala dele, ao entrar perto da mesa da porta estava meu bolo de cenoura, um sanduíche e uma lata de suco me esperando, meus olhos brilharam de imediato. Puxei a cadeira e me sentei, nada como a comida para me fazer esquecer . Quando estava terminando me virei para porta e lá estava ele encostado na porta, meu pesadelo.
— Estava gostoso o bolo? — perguntou ele.
— Sim. — eu desviei meu olhar para a lata de suco na minha frente não dando importância para ele.
— Que bom, fui eu quem pediu para ajumma fazer para você.
— Hum?! — eu o olhei novamente meio surpresa — Você?!
— Sim. — ele sorriu de canto — Disse a ela que uma garota especial iria buscar.
— ?! — eu sussurrei.
— Agora que já terminou seu lanche, ainda tem tarefas a cumprir. — ele se afastou um pouco da porta — O treino acabou e a quadra deve ficar organizada.
Ele saiu mantendo aquele sorriso em sua face, e eu fiquei novamente indignada com ele, como uma mãe tão simpática e fofa como a ajumma Seohyun pode ter um filho como ele? E como eu, depois de tudo poderia ficar encantada com aquele sorriso? Comecei a fica indignada comigo mesma.
— Babaca. — eu sussurrei.
Ele era mesmo um pabo20, que me fazia ficar maluca e irritada a todo momento. Joguei as embalagens do lanche no lixo e saí da sala do treinador, todos os jogadores e as líderes de torcida estavam sentados conversando na arquibancada. Exceto MinSoo estava em pé no canto com uma menina também do segundo ano chamada Sooyong, ela tinha entrado recentemente para o grupo das líderes de torcida.
Eles ficaram em silêncio quando me viram, respirei fundo e comecei a juntar as toalhas primeiro, andando de uma ponta a outra da quadra, parecia que eles tinham espalhado as toalhas de propósito, e isso não era surpresa para mim. Depois que coloquei todas as toalhas no cesto, passei para as bolas que também estavam espalhadas.
Permaneci em silêncio todo o tempo com eles olhando para mim entre risos e cochichos, aquilo me dava uma raiva, mas preferi manter minha tranquilidade mínima e continuar minha tarefa. Felizmente a única coisa que não precisava fazer, era varrer ou limpar a quadra, isso o zelador faria com uma máquina apropriada.
Voltei para a sala do treinador e comecei a organizá-la, o que me levou a pensar como ele conseguia se localizar no meio de tantos papeis soltos pela mesa. Assim que terminei, percebi um silêncio estranho do lado de fora, saindo da sala, vi que todos já haviam ido embora. Peguei minha mochila e dei alguns passos em direção à porta, até que me pegou pela mão me virando.
— Aonde está indo? — perguntou ele.
— Para casa.
— Você ainda não terminou. — ele mostrou a bola em sua mão.
— É sério isso? — eu o olhei respirando fundo para não bater nele.
— Você quer? — ele sorriu esticando a bola.
— Não vou jogar seu jogo infantil. — eu tentei pegar, mas ele fez um movimento de jogo se desviando de mim.
— Assim você me ofende. — ele se posicionou e lançou a bola, que caiu perfeitamente dentro da cesta — Se tivesse pedido, eu te daria a bola. — ele piscou de leve para mim e saiu rindo.
— Aish, babaca. — eu gritei extravasando minha raiva acumulada durante o dia todo.
Caminhei bufando até a bola e a peguei, segurei algumas palavras de xingamento e soltei outras, coloquei a bola no lugar e saí da quadra, fechando a porta. Eu o avistei de longe saindo pelo portão com seus amigos e aquelas garotas que me enojam, acho que agora eu entendia o porquê de nunca gostava de líderes de torcida.
Demorei um pouco para chegar no metrô, meus passos estavam bem lentos e minha atenção bem longe dali, pela primeira vez não estava pensando em nada relacionado ao pesadelo. Assim que me sentei na cadeira do vagão que entrei uma pessoa sentou ao meu lado, olhei automaticamente.
— Aish. — porque eu olhei.
permaneceu em silêncio, estava com fone no ouvido, fechou seus olhos tranquilamente agindo com naturalidade. Como ele conseguia fazer aquilo mesmo? Me deixava irritada e odeio admitir, fascinada ao mesmo tempo, intrigada a todo momento. Quando chegou na minha estação, eu me levantei e ele também, fiquei calada para ver o que ele iria fazer.
E como eu previ, ele saiu atrás de mim e ficou me seguindo, eu parei e me virei o olhando, ele parou e ficou me encarando ainda com seus fones no ouvido. Seu rosto suave, seu olhar envolvente, um sorriso se formando no canto da boca, respirei fundo e me aproximei dele, retirei seus fone.
— Está me seguindo?
— Não. — ele pegou os fones e guardou na mochila — Estou te acompanhando.
— Como?!
— Acha mesmo que te deixaria ir para casa sozinha? — ele me olhou sério e pegou em minha mão — Vamos antes que seus pais fiquem preocupados, vou te levar até a porta.
Por essa eu não esperava mesmo, inacreditável seria a palavra certa. E como dito, ele me acompanhou até a porta do apartamento. Quando eu abri, fiquei meio sem graça de não convidar ele para entrar, mesmo me fazendo raiva, eu queria agradecer por ter me acompanhado, e meus pais iriam gostar de ver ele.
— Omma, appa!? — eu disse ao entrar.
— Ah, querida, que bom que chegou. — disse minha mãe vindo da cozinha com uma forma com biscoitos — Oh, .
— Ele me acompanhou hoje omma. — eu expliquei meio com vergonha.
— Fico feliz por ter vindo. — ela me olhou — Mas porque ele te acompanhou?
— Sua filha se inscreveu para ser auxiliar do treinador no clube de basquete. — ele respondeu tranquilamente como se fosse a coisa mais normal do mundo, cínico.
— É! — eu concordei meio que automaticamente.
— Que legal, seu pai vai ficar feliz, ele jogou basquete nos tempos de colegial. — ela sorriu animada — Eu vou colocar os biscoitos em uma bandeja melhor, você vai ficar para o jantar não é ?
— Não, não quero incomodar.
— Incômodo nenhum, faço questão. — ela se virou indo para cozinha.
— Hyung. — gritou meu irmão correndo em direção a ele.
— Nada de correr. — repreendeu minha mãe do corredor.
— Desculpa omma. — Jinho riu — Hyung, veio jogar comigo?
— Não exatamente, mas podemos fazer isso agora.
— Legal. — Jinho ligou seu xbox animado e se sentou no chão pegando uma almofada para apoiar suas costas melhor, no sofá.
Naquele momento eu percebi que já estava totalmente fora de foco, e me virei em direção ao corredor dos quartos.
— Não demora. — disse com sua atenção na televisão.
Eu ri alto enquanto caminhava, entrei no meu quarto colocando minha mochila em cima da cama, peguei uma roupa aleatória e fui em direção ao banheiro. Tomei uma ducha rápida e coloquei a roupa no banheiro mesmo, quando saí estava na porta de braços cruzados me olhando.
Por causa de você, meu coração é colorido
No mundo em preto e escuro, no momento em que tento fechar meus olhos
Você faz minha vida colorida.
- Colorful / SHINee
Dicionário Coreano:
19. sassaeng: fã obcecada que persegue a pessoa/artista em todos os lugares.
20. pabo: bobo/tolo
9. Last Romeo
“Não ligo se é veneno, tomo tranquilamente
Nenhuma tentação pode ser mais doce ou forte que você.”
- Last Romeo / Infinite
— O que está fazendo parado aqui? — perguntei a ele.
— Você demorou. — ele riu de canto — Sua mãe está chamando para o jantar.
Eu segurei o riso para não dar motivos a ele, fomos juntos para sala de jantar e nos sentamos à mesa. Omma tinha feito lasanha à bolonhesa, arroz branco e salada, bem simples para ela que adorava caprichar quando o assunto era receber visitas para o jantar.
— Onde está meu appa? — perguntei.
— Ele teve que viajar de última hora para Busan. — ela serviu o prato de primeiro, e sorriu disfarçadamente — Assuntos da empresa.
Aquele sorriso já me dizia que ela não estava gostando muito daquilo, realmente omma sempre detestava quando meu pai se ausentava pela empresa, principalmente por nossa causa. Esse era um dos principais motivos de nos mudar tanto, ela queria que meu pai acompanhasse a todo custo nosso crescimento, mesmo que isso custasse um preço.
— Obrigado ajumma. — ele sorriu de leve pegando o prato das mãos dela.
— Espero que goste. — omma serviu o prato de Jinho em seguida, enquanto eu me servia.
— Tenho certeza que vou. — a olhou — O cheiro está maravilhoso.
— Omma é a melhor na cozinha. — comentei de forma espontânea.
— Não posso dizer isso, tenho minha mãe… — sussurrou ele rindo baixo.
Confesso, ele sabia ser fofo e gentil quando queria, somente com as outras pessoas, mas era legal ver como ele tratava minha omma. Após o jantar, o acompanhei até a portaria a pedido da minha mãe.
— Obrigado. — disse ao sairmos do prédio.
— Por te acompanhar ou por sua mãe ter ficado animada com sua entrada para o clube de basquete?
— Vamos fazer um pacote fechado para todos os obrigado que ainda te devo.
— Pacote fechado. — ele sussurrou rindo, depois voltou a me olhar tranquilamente — Então…
— Então?!
— Não está mais zangada?! Pelo clube?!
— Ainda estou, mas de qualquer forma teria que entrar em algum mesmo. — cruzei meus braços mantendo meu olhar nele, séria.
Me dei por vencida desta vez, mas a guerra não havia terminado, eu ainda pensaria em como dar o troco nele, por tudo que estava me fazendo passar desde o início.
— Que bom. — ele sorriu de forma fofa, que não imaginava que pudesse — Me desculpe…
O que?! Ele pedindo desculpas?
— Pelo que? — o olhei surpresa.
— Pacote fechado. — ele se virou e saiu sem dizer mais nada.
Permaneci mais alguns instantes o olhando ir, paralisada. Pacote fechado?! O que aquilo significava?? Quando voltei para o apartamento, minha omma já estava terminando te arrumar a cozinha, ela ficou me olhando de forma esquisita segurando o riso.
— O que foi omma? — eu a olhei.
— Posso te fazer uma pergunta? — ela guardou o último prato no armário e me olhou.
— Pode.
— Você está gostando do ?
Aquela pergunta tinha me pegado de surpresa, e eu não sabia o que responderia a ela.
-
Fiquei um tempo vagando pelas ruas, queria demorar o máximo de tempo possível até ir para casa, eu já estava considerando menos aquele lugar, não era mais um lar, e agora se tornou menos ainda uma casa. Retirei o celular do bolso e enviei uma mensagem a Junhae, pedi que me encontrasse na lojinha de games que descobrimos na quinta série, aquele havia se tornado nosso refúgio de todas as horas.
— Uahhh, pra me mandar uma mensagem a essa hora… — disse ele ao chegar já jogando sua mochila ao meu lado no sofá onde estava sentado — Brigou de novo com seu pai?
— Não. — me inclinei um pouco encostando nas almofadas e fechei meus olhos — Nem fui pra casa ainda.
— Não foi pra casa? — seu tom de surpresa era esperado — Onde estava todo esse tempo? Na escola? Com sua mãe?
— Não. — sussurrei desanimado — Estava na casa dela.
— Notava estrangeira?
— O nome dela é . — o corrigi, levemente me lembrei dela dizendo essa frase, o que me fez soltar um sorriso espontâneo.
— Você está se tornando muito próximo dela. — comentou ele, senti seu movimento, parecia se sentar na poltrona ao lado — Está ficando perigoso.
— E eu não sei. — suspirei fraco — Sinto que não sou capaz de me manter longe dela, mas não acho que…
— Vai quebrar aquela promessa? — perguntou.
— O que acha?! — abri meus olhos e o olhei.
— Está no seu olhar, só não admitiu ainda. — ele tentou não rir sem sucesso — Hyung, deixe de se torturar, não será como ele.
— Tento repetir isso todos os dias para mim mesmo. — me espreguicei no sofá e olhei para a luminária do teto — Não acredito que isso está acontecendo comigo.
— Acho que ainda demorou muito. — ele riu.
— Aish… É doloroso confessar… Mas estou realmente apaixonado por ela.
Junhae permaneceu em silêncio, então se levantou e foi até a mesa de pebolim.
— Yah, levante daí e venha jogar. — reclamou ele — Não podemos perder a oportunidade de estar aqui e não rolar nem uma partida.
Eu ri dele e me levantei. Meu amigo conseguia ser mais viciado em jogos do que eu, seu sonho era se tornar um jogador profissional de League of Legends, mas seria difícil ajumma Nya permitir isso. Passamos mais alguns minutos jogando, até que Junhae me aconselhou a voltar para casa, eu já estava acumulando muitos problemas com meu pai e certamente, a notícia do roubo das provas haviam chegado até ele.
Senti meu corpo cansado assim que entrei no elevador, ao entrar na cobertura estranhei sua ausência, não me importei de imediato, quanto mais longe melhor para mim. Segui direto para meu quarto, joguei minha mochila em cima da cama e desci novamente indo em direção a cozinha. Peguei uma lata de coca e fechei a geladeira, rindo da cara dela quando falei sobre o clube de basquete para sua mãe, era divertido suas reações quando estava perto da família. Ainda me lembro da sua cara quando fui em sua casa pela primeiro vez.
— Por que tudo me faz pensar em você?! — sussurrei ao caminhar até o armário, peguei um pacote de salgadinho e me virei em direção a porta.
Meu sorriso se desfez na mesma hora, uma das muitas “amigas” do meu pai estava na porta com uma garrafa de soju nas mão direita com um sorriso meio sem graça. Meu pai entrou atrás dela rindo de alguma coisa, mas seu sorriso também se desfez ao me vez.
— Oh, filho, não sabia que ainda estava acordado. — seu tom era um pouco desconcertado.
— DongHo, eu vou te esperar no escritório. — a mulher se curvou de leve e saiu.
Eu permaneci em silêncio com minha face séria olhando meu pai, tentava não demonstrar em meu olhar a raiva que ainda sentia dele, quando me movi para sair da cozinha, ele segurou em meu braço.
— Temos que conversar.
— Não tenho nada para falar. — disse mantendo meu olhar para frente.
— Seu tio me falou sobre o roubo das provas e sobre uma garota envolvida. — ele começou tentando manter sua voz baixa.
— Não falarei sobre isso com você. — eu me solte e deu mais dois passos para frente — Só estou aqui, por que minha irmã não merece viver nesta casa.
— Olha como fala comigo. — ele alterou sua voz — Sou seu pai e me deve respeito.
— O senhor também devia respeito a minha mãe. — eu saí da cozinha o deixando sozinho.
Não me importava se ele iria me tirar o pouco dinheiro que me dava mensalmente ou se iria me trancar em algum internato, eu não o tinha mais como meu pai. Entrei no meu quarto e tranquei a porta, senti algumas lágrimas de raiva sair de meus olhos, coloquei a lata e o pacote em cima da escrivaninha e retirei meu celular que estava no bolso. Olhei para minha mão e ela estava tremendo, respirei fundo, sentia lá no fundo que as palavras que disse para meu pai eram as que eu queria dizer a muito tempo.
Desbloqueei a tela e olhei para a foto de no papel de parede, disquei o número dela e liguei.
— Yeobosseyo! — sua voz continuava atraente ao telefone, era doce como a da minha mãe e delicada como da minha irmã, eu gostava disso, ela de alguma forma me lembrava as duas mulheres da minha vida.
Eu desliguei o telefone, respirei fundo e liguei novamente, percebi um leve riso saindo espontaneamente de mim.
— Yeobosseyo!? — ela disse novamente, eu permaneci em silêncio, senti mais algumas lágrimas caindo de meus olhos — ?!
Ela sabia que era eu, tinha a opção de desligar, mas mesmo assim ela continuou na linha, mesmo sem eu dizer uma só palavra. Por que? Por que ela continuava sendo tão boa para mim?!
“Apenas deixe-me ficar ao seu lado
Não importa como você pense (é você).”
- My Answer / EXO
-
Eu me mantive meio sem reação a pergunta da minha mãe, desconversei no início e a deixei sem resposta, afinal, nem eu mesma sabia a resposta. A deixei na cozinha terminando de guardar os pratos e fui para meu quarto, assim que abri a porta meu celular tocou, o peguei no bolso de fora da mochila e olhei, era ele, será que queria dizer que tinha chegado em segurança?
— Yeobosseyo! — disse naturalmente.
Em menos de cinco segundos ele desligou, eu não entendi por que, mas se tratando de , certamente ele estava fazendo alguma brincadeira sem graça comigo. O celular tocou novamente e outra vez era ele, pensei em desligar na sua cara, mas resolvi atender, afinal talvez a ligação pudesse ter caído. Ele ainda tinha o benefício da dúvida.
— Yeobosseyo?! — disse novamente num tom calmo, ele permaneceu em silêncio, eu comecei a notar bem lá no fundo que alguma coisa estava errada, que ele não estava bem, como se estivesse precisando de companhia — ?! — disse seu nome.
Eu poderia desligar, mas não, senti que não deveria, talvez ele tivesse brigado com seu pai e quisesse desabafar com alguém que não fosse seus amigos, ou que só precisava ouvir minha voz para se sentir mais confortável. Eu não sabia o que estava acontecendo com ele, mas não desligaria aquela ligação até que ele fizesse antes de mim.
— , eu… — nem sabia o que dizer — Não sei porque me ligou, mas espero que tenha se divertido hoje no jantar, aqui.
Eu não sabia mesmo o que dizer, ficamos longos minutos em silêncio, um ouvindo a respiração do outro, e parecia estar em sincronia.
— Hum, … — hesitei um pouco, mas tinha que falar, olhei para o relógio na cabeceira da minha cama e já passava de meia noite — Ainda temos aula ao acordar, mas eu não irei desligar até você desligar.
Demorou mais alguns minutos até que ele encerrou a ligação, senti meu coração na mão, queria entender o que ele estava passando, mas não sabia nem mesmo entender o que eu estava sentindo. A pergunta da minha mãe voltou em minha mente, o que eu sentia por ? Será que ficar mais de uma hora no telefone sem dizer uma só palavra poderia ser definido como amizade? Será que talvez ele quisesse bem mais que amizade?
— Não, não, não… — balancei a cabeça tentando me livrar de qualquer pensamento sobre ele e suas possíveis segundas intenções — , hora de dormir, somente dormir e nada mais.
Troquei minha roupa e me deitei, fechei meus olhos uma vez e a imagem dele invadiu minha mente, abri os olhos e respirei fundo, estava com medo de dormir e acabar sonhando com ele.
— seu bobo, não posso me apaixonar por você. — sussurrei ao apagar a luz do meu abajur.
Dormi tranquilamente e por ironia não sonhei com ele, não consegui definir se era alívio ou frustração, mas acordei descansada e preparada para mais um dia de aula. Me espreguicei de leve ao levantar da cama e fui direto para o banheiro, estava criando um leve hábito de tomar uma ducha quente antes de ir para aula quando acordava cedo. Por incrível que pareça, mesmo indo dormir tarde eu havia acordado antes do despertador tocar.
Ao retornar para o quarto coloquei o uniforme e calcei meu inseparável all star, verifiquei se tudo que precisava estava na mochila. Foi então que me lembrei das duas cartas que havia encontrado no meu armário, tantos acontecimentos causados por que já estava me esquecendo daquilo. Pensei alguns tempo em lê-las, mas ao olhar para o celular, vi que não dava tempo para mais nada, então as coloquei de volta no fundo da mochila e saí do quarto.
Minha mãe já estava cantarolando na cozinha enquanto preparava o café, Jinho estava sentado à mesa saboreando seu chocolate quente.
— Omma! — disse meio empolgada, peguei um cookie que estava no prato de Jinho — Não ficarei para o café, tenho que chegar mais cedo hoje.
— Noona, pegue um que não seja meu. — reclamou Jinho.
— O seu vem com amor dobrado. — retruquei dando um sorriso para ele.
— Está animada, vai mais cedo por que? Vai encontrar ? — insinuou ela com um sorriso malicioso no rosto.
— Omma?! Não. — eu desviei meu olhar para meu celular que estava na mão esquerda e olhei a hora —Tem reunião do clube de basquete e eu devo participar.
— Sei. — ela me lançou um olhar desconfiada — Vá em segurança.
— Até mais tarde. — eu sorri e pegando outro cookie do prato de Jinho saí correndo.
Corri até a estação de metrô, após esperar alguns minutos, entrei no segundo vagão e lá estavam os membros da Prince Line rindo de alguma coisa. Exceto que estava encostado na janela em silêncio com seu headfone no ouvido. Permaneci onde estava e fingi que não tinha visto eles, quando parou na estação da escola, desci primeiro e tentei andar o mais rápido de pude. De repente senti uma mão segurar a minha, olhei para o lado era .
— Bom dia. — disse em sussurro.
— Bom dia. — disse ele olhando pra trás, seus amigos já estavam se aproximando — Espero que tenha dormido bem.
Ele sorriu de canto como se respondesse positivamente a minha pergunta, o que honestamente me deixou aliviada e feliz por aquilo. Caminhamos lentamente em silêncio o resto do caminho, deixando seus amigos nos ultrapassaram permanecendo a alguns passos na nossa frente. Discretamente eu olhava para ele, tentando decifrar aquele olhar sereno e concentrado que mantinha, foi quando me dei conta que ainda estávamos de mãos dadas. Eu me soltei dele e cruzei os braços deliberadamente.
— Está com medo que fale algo sobre nós?! — ele riu baixo.
— Não é isso, ou melhor, não teriam nada para falar. — respondi — Não há nada entre nós.
Senti uma forte convicção em minha voz.
— Hum… — ele virou a face para o lado — Se você diz.
— Porque sempre diz essa frase? — o olhei curiosa.
— O que gostaria que eu dissesse? — ele parou e me olhou — Acaso que ser minha namorada?! — um sorriso de canto malicioso surgiu no canto do seu rosto.
— O que?! — fiquei um tanto atordoada com aquilo, me voltei para frente e segui primeiro.
Estava um tanto perplexa com aquela pergunta cheia de suposições. Ele se manteve dois passos atrás de mim, entre risos baixos aleatórios. Assim que chegamos na quadra o professor já estava a nossa espera. Os garotos sentaram na arquibancada e o treinador começou seu discurso sobre o primeiro jogo e o início do campeonato intercolegial. Fiquei encostada nos armário ouvindo tudo aquilo também, até que deu a hora de eu ir para a sala e pedi para sair da quadra.
Quando entrei na sala, já estava sentado em sua carteira escrevendo alguma coisa no caderno, como sempre suas anotações superavam as minhas, caminhei até lá e me sentei atrás dele como sempre.
— Bom dia. — disse meio sem jeito.
— Bom dia. — ele se virou para trás e sorrio de leve — Então como está indo com o clube de basquete?
— Comecei ontem, então, não tem muita novidade, mas acho que vou sobreviver. — eu ri e ele riu também — E você? Já convidou a garota que queria para o baile?
— Ainda não. — ele desviou seu olhar para a mesa — Ainda estou tomando coragem, não sei se ela vai querer ir comigo.
— Que garota seria louca de não querer ir com você? — eu ri de leve — Espero que ela aceite.
— E você?
— Eu o que?
— Acha que alguém vai te convidar? — ele respirou fundo, parecia ter medo da resposta.
— Não sei, mas eu não iria mesmo.
— E se te convidar? — ele me olhou sério.
— Definitivamente eu não iria.
— Bom dia alunos. — disse o professor Han ao entrar na sala — Quem está curioso para saber como foram as notas? — ele deu um sorriso tão fofo que vários suspiros surgiram pela sala.
Eu também suspirei baixo, vi rindo ao se virar para frente, tinha que admitir que o professor Han era mesmo de causar suspiros. A aula foi bem produtiva e engraçada, com vários comentários a parte de , no intervalo eu e resolvemos ficar na biblioteca estudando juntos, já que agora eu estava no clube de basquete, tinha que estudar dobrado nas horas vagas. E por falar em horas vagas, meu horário após este segundo intervalo seria na quadra.
— Podemos ter uma pausa, não aguento mais arquitetura barroca.
— Estamos estudando literatura clássica. — ele riu.
— Viu, nem minha mente está sabendo mais o que eu estou lendo. — eu ri junto.
— Ah, aqui está você. — disse ao se aproximar do sofá onde estávamos sentados.
— O que está fazendo aqui?
— Vim te buscar para o treino. — ele parou na minha frente — Ah, oi, .
— Oi. — o olhou sério.
— Hum, vai ao baile ? — perguntou ele.
— Por que quer saber? — estava com um tom de voz áspera e fria, eu já sabia que ele não gostava de .
— Por nada, é que eu vou com a , e certamente ela iria gostar de ter um amigo por lá, caso fique entediada com as líderes de torcida.
— Eu vou? — olhei surpresa para — Não, eu não vou.
— Vai sim. — pegou minha mão e me puxou para perto dele — Todos os integrantes do time de basquete estão convocados e você vai comigo, o capitão do time.
O que?!
Eu olhei para sem saber o que dizer, vi uma certa decepção em seu olhar, mas antes que pudesse dizer algo, me puxou para sair de lá. Fui um pouco contrariada, mas não tinha outra escolha, fiquei sentada na arquibancada vendo eles treinando, estava tão disposto correndo de uma ponta da quadra a outra fazendo cestas. Nem parecia que tinha me ligado na noite anterior, com traços depressivos.
“Agora na minha frente existem duas pessoas brilhantes,
E eu que estou agindo pobremente,
Embora eu tente me repreender por ser um idiota,
Meu coração continua se curvando na sua direção.”
- Aside / SHINee
10. My Little Princess
“Por favor, permita-me entrar,
Em seu coração, a qualquer hora que eu quiser.”
- My little princess / TVXQ (DBSK)
— Que tédio. — sussurrei vendo eles fazendo uma sequência de cestas de três pontos, respirei fundo me lembrando vagamente das cartas que estavam na minha mochila.
Desci da arquibancada e caminhei até a sala do treinador, assim que sentei em sua cadeira, abri minha mochila e retirei as duas cartas. Já tinha visto em alguns doramas colegiais, sobre essas cartas de confissão que os alunos entregavam, o que me deixou intrigada ao receber duas, que possivelmente poderiam ser da mesma pessoa. Um sorriso escapou dos meus lábios, era a primeira vez que teoricamente um garoto confessava pra mim, o que me levou a pensar que o remetente pudesse ser o .
— Hum… Que frio na barriga. — ri baixo já abrindo a primeira com escrita com a data da semana passada — Vejamos…
Comecei a ler:
“Não sei como começar esta carta, mas sei que desde a primeira vez que a vi na secretaria, meu coração acelerou de forma inesperada. Gostaria de me confessar pessoalmente, mas não tenho coragem suficiente para isso…
Posso te chamar de Nalla?
ass: PJM”
Eu ri de imediato, achei aquela confissão fofa. Dobrei a primeira carta e guardei na mochila novamente, então assim que abri a segunda carta, a porta se abriu junto, então me levantei no susto e abaixei a mão.
— O treino já terminou? — o olhei.
— Sim. — respondeu ele encostando na porta e cruzando os braços — O que estava fazendo aqui?
— Fiquei entediada de ver vocês jogando. — respondi tranquilamente.
— Entediada? Que garota fica entediada de me ver jogando? — ele me olhou confuso e meio indignado.
— Prazer, novata estrangeira. — disse de forma irônica e pisquei de leve.
Ele começou a rir de imediato, uma risada espontânea.
— Se o treino já terminou, porque não foi embora? — perguntei curiosa.
— Já escureceu, não poderia te deixar ir embora sozinha. — ele se afastou da porta e deu alguns passos até mim, me olhando de forma avaliativa.
— Está preocupado comigo? — sorri de leve.
— Não. — manteve seu olhar atento em mim — Você faz parte do clube de basquete, eu sou o capitão do time, de certa forma sou meio responsável por você.
— Meio?! — não me contive em rir.
— O que está tentando me esconder? — ele se aproximou mais e em instantes pegou a carta da minha mão — O que é isso?
— Me devolve. — disse tentando pegar sem sucesso.
— Não. — ele deu alguns passos para trás — Sem antes me dizer o que é isso.
— Não é da sua conta. — permaneci séria.
— É uma carta de confissão? — ele elevou a carta até a luz para conseguir ler.
— Ei. — elevei minha voz — Isso é invasão de privacidade.
— Quem é PJM? — ele me olhou novamente entregando a carta.
— Por que quer saber? — peguei logo e guardei na mochila — Está com ciúmes?
— Ciúmes? Eu? — ele coçou a cabeça me olhando meio desconsertado — Por que teria ciúmes de você?
Eu ri, estava estampado no olhar dele. Confesso que não havia nem sequer namorado antes, mas ver ali na minha frente, naquela situação. Foi um tanto embaraçoso e engraçado para mim, porém no fundo, achei estranhamente fofo.
— Sei. — ajeitei a mochila nas costas — Estou indo e não precisa me levar, não está tão tarde assim e não vou pra casa agora.
— Como assim não vai para casa? — ele cruzou os braços.
— Simplesmente não vou. — sorri — E como você não está com ciúmes de mim, não precisa saber o motivo.
Pisquei de leve e sair segurando o riso.
Sim, eu realmente não voltaria para casa. Descobri recentemente que sábado seria o aniversário de , então compraria um presente para meu mais novo amigo, só não sabia o que comprar. Fui até o shopping mais famoso de Daejon, após olhar algumas vitrines com a leve sensação de que estava sendo seguida, retirei o celular do bolso e conferi se Lira havia me respondido. Ela era ótima em me dar dicas para presentes, tinha certeza que havia pensado em algo para me ajudar.
— Vejamos. — sussurrei ao olhar — Mangás... Livros… já tem tudo isso…
Continuei olhando a lista de sugestões dela, até que cheguei ao item “caneca personalizada”, não era de todo uma má ideia. Me aproximei do segurança e perguntei se teria uma loja nessa especialidade, segui na direção indicada e adentrei na loja, tinha várias canecas e outros objetos todos serigrafados e personalizados. Logo me lembrei que gostava de fotografia, então tive uma ideia legal.
— E vai demorar quanto tempo para ficar pronto? — perguntei assim que expliquei a atendente o que eu queria.
— Sábado. — respondeu ela com segurança.
— Hum… Acho que terei que vir aqui antes de ir para a festa de . — conclui — Tudo bem, posso pegar após o almoço?
— Sim, ficará pronto pela manhã. — assentiu ela dando um sorriso cativante — Mais alguma coisa?
— Não, só isso mesmo, gostaria que não mudassem a embalagem que escolhi para embrulhar. — assegurei, havia escolhido uma caixa de madeira serigrafada com o nome dele.
Ao voltar para rua, parei em uma barraquinha de biscoitos caseiros e comprei um pacote da ajumma, que vendia atenciosamente sem desfazer o sorriso do rosto. Mantive meu ritmo lendo cantarolando pela rua, enquanto pensava na cara de ciúmes de , o que me fazia dar algumas gargalhadas. Foi quando esbarrei em alguém.
— Hum?! Junhae?! — disse surpresa.
— Ah, . — ele me olhou confuso e curioso — O que faz na rua a essa hora?
— Estava resolvendo assuntos pessoais, acaso não está me seguindo, não é?! — o olhei desconfiada.
— Claro que não. — ele riu — Por que te seguiria?
— Você é amigo do .
— Ah… Fiquei tranquila, eu estava no hospital universitário que fica aqui perto, minha mãe trabalha lá. — explicou ele — Você parece um pouco longe de casa, estava no shopping?
— Como sabe?
— Pelo pacote de biscoitos, essa ajumma só fica na porta do shopping. — respondeu rindo da minha cara — Você tem manias de perseguição mesmo? Ou é impressão minha?
— Nem um, nem outro. — guardei o pacote na mochila e o olhei — Você mora aqui perto?
— Não, tenho que pegar o metrô. — respondeu — E você?
— Acho que estou há duas quadras da minha rua. — respondi tranquilamente.
— Uau, você realmente mora longe da escola. — constatou ele.
— Sim. — admiti rindo — Mas é legal o lugar onde moro.
— Quer companhia?
— Não precisa.
— Ah… Precisa sim, se souber que te deixei ir pra casa sozinha, ele me mata. — ele se posicionou ao meu lado — Vamos senhorita, vou te acompanhar.
— Nossa. — eu ri e brinquei — Só vou aceitar, porque não quero vê-lo morrer.
— Agradeço. — ele riu junto — Posso te fazer uma pergunta?!
— Sim. — começamos a caminhar na direção da minha rua.
— Você e o hyung estão tendo algum relacionamento?
— O que? — o olhei surpresa — Por que teríamos?
— Bem, vocês tem ficado muito próximos. — respondeu ponderadamente.
— Não temos nada, nem sei se posso dizer que somos amigos. — expliquei — implica comigo desde que cheguei na escola.
— Ele é assim desde sempre, primeiro implica com todas as pessoas que acha que vai fazer parte da vida dele. — Junhae soltou uma gargalhada — Foi assim no jardim de infância, quando nos conhecemos, ele implicou comigo desde o primeiro dia, um ano depois já nos considerávamos irmãos.
— Por que ele é assim? — perguntei.
— Hum… Por causa do pai, é complicado explicar, hyung sempre que tenta afastar as pessoas, acaba gostando delas. — ele me olhou como se estivesse direcionando aquilo para mim.
O que me deixou ainda mais confusa e intrigada. Será que implicava comigo para me afastar dele? Mas no fundo ele gostava de mim?!
Agradeci Junhae ao chegarmos em frente o meu prédio e logo entrei. Assim que o elevador se abriu, o professor Han surgiu ao meu lado entrando comigo, o que me deixou impressionada.
— Não está tarde para estar na rua mocinha? — disse ele num tom de brincadeira.
— Hum… Estava comprando um presente para um amigo. — expliquei — Mas não vim para casa sozinha.
— Isso é bom, por mais que este país seja tranquilo, devemos ser prudentes, você ainda é menor. — atentou ele de forma séria.
— Sim. — assenti mantendo meu olhar na porta — Serei mais cuidadosa.
Quando entrei no apartamento, Jinho estava jogando xbox na tv e meus pais estavam na cozinha conversando.
— Boa noite família.
— Boa noite noona! — Jinho continuou com sua atenção para seu jogo.
— Querida, chegou um pouco mais tarde hoje. — disse minha mãe.
— Sim, o campeonato está perto, então os treinos estão demorando mais para acabar. — expliquei — E também tive que ir comprar o presente do .
— está fazendo aniversário? — minha mãe me olhou curiosa.
— Descobri que será no sábado. — respondi — Não posso deixar passar em branco.
— Fez muito bem. — concordou ela, piscando de leve.
— Sua mãe me contou sobre o clube de basquete, isso é legal, eu era o capitão na minha época. — disse papai com satisfação.
— Que bom que gostou. — sorri.
— Até nisso sua filha é igual a mãe. — minha mãe riu.
— Como assim? — meu pai a olhou.
— Omma?! — eu a olhei.
— Não disse nada. — ela guardou o prato no armário — Está com fome filha?
— Um pouco, vou me trocar!
Após comermos o lanche que meus pais prepararam, ficamos um pouco na sala vendo um dorama novo que tinha estreado. Resolvi ir para meu quarto antes de todos, estava com sono e sentindo um leve cansaço por aquele dia tumultuado, era visível que o clube de basquete estava sugando 70% da minha energia diária. Além da parte em que minha mente lutava sem sucesso para não ficar pensando em , eu queria entender por que ele agia assim comigo, entender o que estava acontecendo de fato em sua vida.
— Como pode uma pessoa mudar de humor com tanta rapidez. — comentei assim que me deitei na cama — Queria entender melhor seus problemas.
Somos amigos?!
Aquela indagação invadiu meus pensamentos. O barulho do meu celular tocando me despertou, era uma ligação dele, pensei por um instante em não atender, só para deixá-lo intrigado. Entretanto, me lembrei da noite em que havia me ligado pela primeira vez, então atendi.
— ?! — disse num tom baixo.
"Eu não quero estar aqui,
E eu nem ao menos sei porque eu estou sozinho ou assustado."
- Hot times / SM The ballad
Ele permaneceu em silêncio, me levando a acreditar que não estava bem como na noite anterior. Respirei fundo e continue mantendo a ligação, queria que ele dissesse algo, desabafasse ou simplesmente me desse boa noite.
— Você não vai mesmo dizer nada? — perguntei, conseguia ouvir sua respiração, parecia raivosa — Está tudo bem com você.
Logo um barulho veio do outro lado da linha, me deixando assustada. Então, ouvi a voz do seu pai o chamando ao longe, pouco antes de encerrar a ligação.
— O que será que está acontecendo?! — olhei para o celular e entrei no kakaotalk, para mandar uma mensagem a ele.
Fiquei alguns minutos esperando pela resposta, porém nenhum sinal de vida. A preocupação tomou conta de mim, consequência disso foi minha noite mal dormida, acordando de uma em uma hora para saber se já estava na hora de ir para aula. A primeira coisa que fiz ao chegar na escola, foi correr para a quadra, sabia que todos do time se reuniram para um treino rápido antes da aula.
— Oh, novata estrangeira. — disse MiJun.
— Yah, devemos chamá-la pelo nome. — Hwang o repreendeu, batendo de leve em sua cabeça.
— Não me importo mais com isso. — disse me aproximando deles.
— Mas o hyung sim. — MinSoo que estava jogado no chão, ergueu seu corpo — O que a trás aqui? Não precisava chegar cedo hoje, só nos dias que o treinador vem.
— Queria falar com . — respondi.
— Ele não vem hoje. — respondeu Junhae.
— Não vem ao treino?! — olhei para ele.
— Não vem a aula. — explicou Junhae.
— Aconteceu alguma coisa? — insisti, a mesma preocupação que me acompanhou pela madrugada retornou.
— Ele e o pai tiveram um desentendimento. — Junhae me olhou com tranquilidade, como se aquilo não fosse novidade para ele — Não precisa se preocupar, ele está bem.
Não preciso me preocupar?!
Ora essa, eu já estava assim. Me afastei deles um pouco contrariada e segui em direção a sala de aula, sentei em minha cadeira e no impulso, acabei enviando mais três mensagens para ele.
— Isso é que é uma surpresa. — disse ao aparecer ao meu lado — Você chegou antes de mim.
— Ah. — desviei o olhar para ele, guardando o celular no bolso — Não dormi direito à noite, então resolvi vir cedo.
— Não me diga que está preocupada com a prova de classificação?! — ele me olhou confuso — Você ficou em segundo na nossa turma, suas notas estão ótimas.
— Não, não é isso, nem estava me lembrando dessa prova. — soltei um suspiro fraco.
— O que foi?! — ele se sentou em sua cadeira e ficou virado para mim — Aconteceu algo?
— Ando preocupada com um certo pesadelo. — desviei o olhar para a janela.
— Está falando de ?!
Assenti com a face.
Pensar nele durante a aula me fez perder toda a explicação do professor Han sobre geometria analítica. As horas se passaram e após o professor nos dispensar, me despedi rapidamente de e saí correndo em direção ao meu armário, quando cheguei no corredor, um menino encapuzado passou por mim. Não dei tanta importância assim e continuei, assim que abri meu armário para tirar o livro que deveria entregar na biblioteca, vi outra carta.
— Hum… — virei minha face para o lado novamente, a imagem do menino encapuzado veio — Será?!
havia tomado tanto meus pensamentos, que por um momento me esqueci que tinha um admirador secreto na escola, guardei a carta na mochila e fechei o armário, após pegar o livro. Depois que entreguei o livro na biblioteca, passei rapidamente na sala do treinador aos fundos da quadra, precisava pegar os formulários do torneio do colegial para preencher e entregar a secretaria na segunda pela manhã.
Estranhamente o caminho de volta para casa estava muito monótono para mim, então, coloquei meus fones no ouvido pouco antes de sair do metrô, meu cérebro entrou no automático, não me deixando prestar atenção em mais nada. Em um piscar de olhos quando fui atravessar a rua, vi uma luz forte se aproximar de mim, meu corpo gelou no mesmo minuto e fiquei paralisada, fechei meus olhos e logo senti uma pessoa me puxar fazendo meu corpo cair no chão. Ao longe o barulho de carros freando surgiu.
— Yah, sua louca. — gritou um homem.
— Hum. — eu abri meus olhos e encontrei o olhar de , estávamos caídos no chão da rua.
— Ommo, vocês estão bem? — perguntou uma ajumma ao se aproximar de nós.
— Sim, estamos. — disse ele num tom sério e baixo, ele se levantou me ajudando a levantar também.
Olhei em minha volta e tinha algumas pessoas paradas olhando, segurou em minha mão, pegou minha mochila que estava no chão e me tirou dali. Ele continuou segurando em minha mão, não sabia para onde estava me levando, porém, lá no fundo me senti segura de uma forma inexplicável.
Logo paramos em frente a um edifício luxuoso, imediatamente pensei que pudesse ser onde morava com seu pai. E estava 100% certa, assim que entramos na cobertura, me deparei com um lugar sofisticado e elegante, totalmente diferente da casa simples e aconchegante da mãe dele. colocou minha mochila no sofá e me levou até a cozinha e me colocou sentada em uma banqueta que havia em frente a bancada de refeições.
Fiquei alguns instantes observando tudo ao meu redor, aquele lugar branco com alguns pontos de cor aleatórios, sem vida. Se minha mãe visse aquela cozinha, se sentiria desmotivada a cozinhar. Ele voltou com uma caixinha de primeiros socorros na mão, até então não havia percebido, mas meu braço estava com um pequeno arranhão proveniente de nossa queda.
— Komaweyo. — sussurrei o observando limpar mais um machucado meu.
— Não posso me afastar um dia, que você provoca isso? — disse num tom de repreensão, parecia bravo comigo — Você deve ser mais atenta quando estiver na rua.
— Mianheyo. — eu levantei minha face, ele estava sério e concentrado — A culpa é sua.
— Minha?! — ele me olhou.
— Sim, se tivesse ido a escola, teria me acompanhado em casa. — expliquei tentando não me comprometer — Não é você que diz ser responsável por mim?!
— Você quer isso? — ele sorriu de canto — Sentiu minha falta?!
— Eu estava preocupada com você...
Ele se virou, parecia ter ouvido um barulho vindo da sala.
— Já volto.
Ele saiu da cozinha e em instantes comecei a ouvir alguns gritos vindo da sala. Certamente era seu pai, comecei a pensar no que poderia fazer para ajudar. Então, tomei impulso e fui em direção a sala.
— , eu preciso ir… — disse ao adentrar e deixar o pai dele sem reação — Boa noite, senhor Cho.
— Ah… . — ele pareceu sem graça e meio desconfortável ao me ver, então desviou o olhar para .
— Ah, minha mochila. — caminhei até e peguei minha mochila de suas mãos, seu olhar ele fixo em seu pai — Eu realmente preciso ir.
— Ah não, fique mais um pouco. — disse Dongho — Como está seu pai? Ando querendo visitá-lo.
— Está muito bem, acabou de chegar de uma viagem a Busan. — respondi voltando minha atenção para ele.
— Ah sim, meu amigo e sua vida de viagens. — ele soltou uma gargalhada — Janta conosco?!
— Não quero incomodar.
— Vou levá-la para casa. — disse voltando seu olhar para mim.
— Ah, que pena, eu e cozinhamos muito bem. — insistiu ele — Mas atualmente não temos feito isso.
— Prometo que da próxima vez, ficarei para o jantar. — disse pegando na mão de sem receio do seu pai ver — Mas agora preciso mesmo ir.
ficou um pouco surpreso com minha atitude, porém um sorriso disfarçado surgiu em sua face, antes de sairmos, seu pai jogou a chave do seu carro, para que me levasse em casa em segurança. Assim que chegamos em frente ao meu prédio, ele saiu do carro junto comigo e me levou até a porta, permanecendo em silêncio ele se virou para sair, então peguei no seu braço o fazendo parar e me coloquei na sua frente.
— Você está bem?!
— Por que está perguntando? — ele desviou seu olhar para rua — Está tarde, você precisa entrar.
— Não agora. — eu respirei fundo — Você me ligou duas noites seguidas, me deixou preocupada, e agora vendo-o brigar com seu pai...
— Eu estou bem. — ele se aproximou de mim e me abraçou forte, senti meu corpo se arrepiar — Komawo, por se preocupar.
“Eu posso parecer forte, até mesmo sorrir, mas na verdade eu estou tão sozinho
Pode até parecer que eu não tenho nenhuma preocupação,
Mas na verdade eu tenho muito a dizer
A primeira vez que te vi, me senti tão atraído por você,
Andando sem rumo,
Não pude dizer uma palavra.”
- My Answer / EXO
11. Stand by Me
“Quanto mais te vejo, mais fico feliz,
Às vezes até me pego cantarolando,
Repentinamente quero comprar uma rosa,
Este lado de mim nem mesmo eu conhecia.”
- Stand By Me / SHINee
Assim que deitei na cama, eu finalmente consegui dormir tranquilamente. Aquele abraço não tinha acalmado somente seu coração, mas também o meu, assim como Junhae havia garantido, ficaria bem. Porém, percebi que ele só estaria assim, estando perto das pessoas que o amava, mesmo ele tentando nos afastar.
Desta vez acordar cedo, nem foi sacrifício. Mas ainda assim, saí correndo meio atrasada em direção a escola, o clube de basquete faria seu treinamento matinal de sábado. Um ponto positivo, sempre que mencionava sobre o clube papai soltava um sorriso de satisfação, o que me motivava ainda mais a não decepcioná-lo. Ainda que tivesse meus sentimentos indefinidos sobre ficar perto de , já estava me acostumando a conviver com o Prince Line.
— Não está cedo demais para ir embora?! — disse ao se aproximar de mim.
— Vocês não precisam de mim. — fechei minha mochila e ajeitei nas costas — Podem muito bem continuar sozinhos.
— Você é a assistente, deveria ficar até o final. — questionou ele.
— O treinador disse que eu podia ir embora mais cedo hoje. — retruquei — Além do mais, tenho outro compromisso agora.
— Que compromisso? — ele cruzou os braços.
— Eu não deveria te contar, mas hoje é aniversário do , vou a sua festa mais tarde.
— Hum… — ele tentou disfarçar o olhar de ciúmes.
— Até segunda.
Me afastei dele indo até a saída da quadra, corri até a loja de canecas do shopping, precisava pegar antes do almoço, assim conseguiria chegar em casa a tempo de escrever um cartão de felicitações e me arrumar a tempo.
— Como está linda. — disse minha mãe assim que saí do quarto — Este vestido cai bem em você.
— Obrigada mãe. — conferi de leve se meus documentos estavam na minha bolsa e peguei o pacote com o presente de — Não irei voltar muito tarde.
— Se quiser posso pedir seu pai para te buscar.
— Não precisa, vou voltar cedo. — sorri de leve e segui para porta.
Não demorou muito até que o ônibus passou, assim que cheguei na casa de , sua mãe me recebeu com gentileza. Sua casa não era modesta no tamanho e já tinha algumas pessoas, me senti meio deslocada, porém logo avistei meu amigo conversando com o pessoal da sala que também havia ido.
— . — sorriu ao me ver — Que bom que veio.
— Sua mãe me convidou, não pude recusar. — sorri de volta — Aqui seu presente.
— Hum… Sério, não precisava. — ele pegou a sacola de minha mão.
— Claro que sim, meu mais novo amigo.
— Obrigado, vou guardar com muito carinho. — disse ele abrindo — Uau, uma caneca personalizada.
— Gostou?
— Nossa, demais, achei incrível. — ele retirou a caneca em formato de lente, com seu nome serigrafado.
— Como você gosta muito de fotografia, achei que seria divertido ter uma caneca assim.
— Vou guardá-la com muito carinho. — ele colocou de volta na sacola — Obrigado.
— Fico feliz que tenha gostado.
Eu me juntei ao pessoal da sala, o assunto do momento era a prova de classificação que rolaria antes do baile de primavera, eu não estava preocupada com a prova, minha preocupação era com o baile. Mas não iria pensar sobre isso agora, era o aniversário do meu melhor amigo e queria aproveitar para me enturmar um pouco. Apesar da única curiosidade de todos em relação a mim, é perguntar como havia me tornado próxima dos reis da escola.
Depois de um tempo, meu celular tocou, me afastei de todos para atender, era uma ligação de , daquelas que ele sempre ficava em silêncio. Isso me preocupava um pouco, principalmente por saber que a causa daquilo era seu relacionamento com o pai. Estranhamente senti de sair da casa de e ir para rua, minha intuição estava certa, permaneci na linha falando sozinha para que ele não desligasse. Quando cheguei na rua, avistei ele do outro lado parado com o celular no ouvido.
— Deveria estar em casa. — disse parando em sua frente, já tirando o celular do ouvido e desligando.
— Como sabia que eu estava aqui? — perguntou ele colocando seu celular no bolso.
— Não sabia. — respondi sinceramente.
— Não deveria ter saído da festa do seu amigo. — sua voz estava estranha, tinha traços de tristeza.
— vai entender, e tem muitas pessoas lá, então… — respirei fundo — Quer sorvete?
— Sorvete? — ele me olhou confuso.
— Sim.
— Está me convidando para um encontro? — seu olhar sugestivo estava lá.
— Não. — o cortei — Só estou com vontade de tomar sorvete.
— Sei. — começou a rir de mim.
Seguimos caminhando em silêncio até chegarmos em uma loja de conveniência, felizmente vendiam sorvete lá.
— Matou a sua vontade? — perguntou ele.
— Sim. — ri de leve, saboreando meu sorvete.
— Que bom. — ele continuou seguindo, parecia uma pessoa sem direção.
— Está tudo bem? Você e seu pai? — perguntei.
— É complicado estarmos bem. — respondeu ele — Não quero falar sobre isso com você… Não quero te preocupar.
— Você não está me preocupando.
— Então não se preocupa comigo? — ele me olhou.
— Não foi isso que eu disse. — fiquei séria — Você me deixa preocupada quando me liga no meio da noite e não diz nada.
— Gosto de ouvir sua voz. — disse ele sorrindo maliciosamente.
— Pare com isso… — desviei o olhar para a rua.
— Se quiser não te ligo mais. — sua voz ficou séria.
Eu poderia até concordar, mas…
— Você pode me ligar se quiser. — sorri de canto também.
Mesmo não sabendo tudo sobre ele, eu já me sentia bem em ajudá-lo daquela forma. parou e pegando em minha mão, me puxou para perto me abraçando, isso vez meu coração acelerar como das outras vezes.
Passaram-se os dias e sempre após o intervalo eu era liberada para acompanhar os treinos intensos da semana. O campeonato já se aproximava, porém, naquela tarde de sexta, tiramos uma pausa no cronograma de treinos, para festejar o aniversário da mãe de MinSoo, afinal, o clube todo tinha sido convidado para uma pequena comemoração, em sua casa.
— Onde pensa que vai? — perguntou .
— Para casa. — respondi tranquilamente seguindo minha direção.
— Não. — ele segurou em minha mão e me virou para a outra direção — Quando MinSoo disse o clube, você está inclusa, então não seja mal educada.
— . — tentei argumentar.
— O clube de basquete não é só treino, vamos para a diversão. — ele sorriu de canto — Já liguei para sua mãe avisando.
— O que?! — por essa eu não esperava.
Quando chegamos, me senti meio deslocada, todos se conheciam e eu era a intrusa, por mais que a ajumma, mãe de estivesse lá com a irmanzinha dele, eu ainda sim não me sentia à vontade. Fiquei um tempo sentada na poltrona ao lado da porta, a mãe de MinSoo me ofereceu um copo de suco, sorri e me curvei um pouco em agradecimento ao pegar o copo. MiJun e Hwang, estavam entre risos com as líderes de torcida sentados entre as almofadas no chão, Junhae havia saído para a varanda da frente acompanhado de Hari.
Me levantei da cadeira e comecei a procurar por , como eu estava um pouco invisível naquele lugar, então não notariam minha ausência. Entrei na cozinha e ouvi um barulho vindo do jardim que tinha nos fundos da casa, dei alguns passos silenciosos até a porta de saída, meu coração parou por um momento com o que meus olhos viram.
— , oppa. — disse Taeyeong, a capitã das líderes de torcida, ela estava parada frente a ele.
— O que? — ele estava encostado na parede com suas mãos no bolso da calça, seu rosto sério e sua atenção totalmente voltada para ela.
— Você não me respondeu. — ela se aproximou mais um pouco dele e segurou de leve em sua blusa, dando um sorriso malicioso — Vamos ao baile juntos?
Eu dei um passo para trás para sair dali, porém minha sorte me fez tropeçar em minha própria perna e cair, consequentemente um pouco do suco se derramou na minha blusa, olhei para frente e os dois estavam me olhando, me levantei rápido e saí de lá correndo. Eu não deveria ficar triste, teoricamente não me importava com e quem ele levaria ao baile, mas percebi algumas lágrimas se formando em meus olhos.
Por que estava chorando?!
Pergunto-me como pude passar um dia sem você,
Fico curioso pensando o quanto você gosta de mim.
- Hug / TVXQ (Dong Bang Shin Ki)
Parei no ponto de ônibus e me sentei no banco, fiquei alguns minutos com a cabeça abaixada, percebi alguém se aproximar de mim. A pessoa pegou em minha mão e me puxou me fazendo levantar.
— Hum!? — eu o olhei, era — O que está fazendo?
— Por que pergunta tanto. — ele segurou em minha mão e me puxou, percebi que minha mochila estava em seu ombro.
Alguns minutos a mais de caminhada, chegamos na escola, estranhei aquilo.
— Deveria tirar essa blusa molhada. — ele retirou sua blusa de frio, então me entregou.
— Não precisa, logo vai secar. — recusei.
Ele respirou fundo, mantendo a mão esticada. Peguei sem mais protestos, sabia que sua intenção era cuidar de mim, caminhei até a sala do treinador e lá retirei aquela blusa molhada e coloquei a dele. Assim que retornei para quadra, guardei minha blusa no bolso externo da mochila.
— Por que estamos aqui? — perguntei curiosa, tentando não me concentrar no perfume dele que estava naquela blusa.
— Semana que vem será o primeiro jogo, como capitão do time, carrego toda a responsabilidade. — entramos com a permissão do porteiro ajhussi e fomos em direção à quadra.
— Isso não é resposta. — questionei cruzando os braços.
— Você é a auxiliar do técnico, seu trabalho é ajudar o time, então você vai treinar comigo.
— Mas eu não sei jogar isso, a teoria eu entendo, mas a prática... — expliquei enquanto o observava ir buscar a bola.
— Apenas faça o que eu disser. — ele me entregou a bola dando um sorriso de canto.
— Vou tentar. — assenti pegando a bola, estava com receio de atrapalhar ao invés de ajudar, porém animada com aquilo.
Ele me explicou o básico dos principais movimentos e passes entre os jogadores, foi mais uma aula misturada à um treino. A única coisa que eu teria que fazer era tentar bloqueá-lo e impedir que fizesse cestas. Era meio complicado isso, era um jogador excepcional e muito talentoso, tinha curiosidade em saber se como aluno ele também era assim, já que suas notas eram as mais altas do ranking geral da escola.
— Tive uma ideia. — disse ele ao se aproximar de mim.
— Qual? — eu o olhei.
— Vou te ensinar a fazer uma cesta.
— Acho melhor não. — eu me afastei um pouco com receio.
— Deixe de ser medrosa. — ele pegou em minha mão suavemente e me rodou de leve, e segurando em minhas mãos me forçou suavemente, a me posicionar em frente a cesta — Respira fundo e relaxe, você é quem controla o jogo.
— Controlo? — eu o olhei, sua face estava bem perto da minha.
Parecia que o mundo havia parado naquele momento, ele moveu minhas mãos me fazendo arremessar a bola, meus olhos continuaram o olhando fixamente. virou de leve sua face para ver a trajetória da bola.
— Viu. — ele se virou para mim com um sorriso — Você acabou de fazer sua primeira cesta.
Eu não conseguia reagir a nada, internamente estava lutando comigo mesma para não me deixar encantar por aquele olhar charmoso e sorriso fatal. Fechei meus olhos tentando voltar a realidade e deu um passo para trás, em segundos senti sua mão tocar de leve meus cabelos, de forma a me acariciar singelamente.
— . — eu me afastei um pouco dele — Você não pode ficar fazendo isso assim, tão repentinamente.
— Isso o que? — ele tombou um pouco a cabeça dando um sorriso de canto malicioso.
— Quero ir para casa. — eu me afastei mais indo em direção a minha mochila.
—Tudo bem. — ele me seguiu e assim que peguei minha mochila ele segurou em minha mão — Já que você quer, vou te levar para casa.
Passei todo o caminho olhando para rua para não encará-lo, quando chegamos em frente ao meu prédio, ele parou em minha frente e ficou me olhando.
— Você está meio estranha. — disse ele tranquilamente — Aconteceu algo?
— O que? — eu olhei — Não estou estranha, boa noite.
Eu me afastei rapidamente dele e entrei, quando cheguei no apartamento fui direto para meu quarto. Coloquei minha mochila na poltrona e peguei meu celular, fiquei olhando para a tela por um tempo, em um piscar de olhos uma mensagem chegou, era dele desejando boa noite. Um sorriso brotou espontaneamente do meu rosto, quando percebi fiquei séria.
— Yah, , não faça isso. — disse comigo mesma — Esse pabo implica com você desde o primeiro dia, pare de querer se apaixonar por ele.
-
Eu não sabia porque ela tinha ficado meio estranha, mas já imaginava, será que ela está pensando que eu tenho algo com Taeyeong? Seria divertido ver ela com ciúmes de mim, me virei rindo de tudo aquilo e voltei para casa de MinSoo para pegar minha mochila, no meio do caminho enviei uma mensagem de boa noite para ela. Quando cheguei, os membros ainda estavam lá conversando sobre o primeiro jogo e o baile que seria duas semanas depois.
— Yah, , pensamos que tinha ido embora. — disse Junhae.
— Vocês não viram, mas ele saiu atrás da novata. — comentou YeJin — É o nome dela, não é?
— Ah, sim, é . — confirmou Hwang.
— Agora que já sabem. — eu encostei na parede e coloquei minhas mãos nos bolsos da calça.
— E ficou todo esse tempo com ela? — Minsoo riu de leve — Hyung, temos um novo couple?
— Não. — eu o olhei sério — Estávamos treinando na quadra da escola.
— Jinja? — todos falaram em coral e me olharam surpresos.
— Sim. — eu me afastei da parede e peguei minha mochila que estava no chão ao lado de Taeyeong, olhei sério para ela e saí em direção a porta — Espero vocês para o treino extra de amanhã, sem atrasos MinSoo.
— Sim, capitão. — disseram todos eles em coral.
Como era final de semana eu poderia ir para casa da minha mãe e foi o que eu fiz, quando cheguei, fui recebido com um abraço de Sunny. Minha omma estava na cozinha fazendo ramem para o jantar, deixei minha mochila ao lado da porta do meu quarto e fui para cozinha, fiquei um pouco encostado na porta da cozinha a olhando preparar tudo.
— Filho. — ela olhou para mim com um sorriso singelo no rosto — Que olhar brilhoso é esse?
— Estou onde quero estar. — senti Sunny parando ao meu lado e me abraçando.
— Oppa, senti sua falta. — ela sorriu de leve.
— Eu também. — eu a peguei no colo — Uau, está pesada, andou comendo muito essa semana?
— Oppa?! — ela riu — Estou crescendo.
— Estou vendo. — eu a coloquei no chão — E está ficando mais linda do que já é.
— Poderei ter namorado? — ela me olhou séria.
— Vou pensar.
— O jantar está pronto. — minha mãe segurou um pouco o riso e colocou a tigela em cima da mesa — Pensei que demoraria mais na casa de MinSoo.
— Estou um pouco cansado dos treinos, resolvi vir mais cedo. — me sentei na cadeira e ajudei Sunny a se sentar.
— Hum, quando voltamos para casa, não encontramos você, onde estava? — ela serviu minha tigela.
— Fui levar uma garota em casa. — respondi pegando minha tigela.
— unnie? — Sunny me olhou.
— Sim. — assenti movendo a cabeça.
— Ela é uma garota adorável, fico feliz que tenha convidado ela para o baile.
— Sim. — eu assenti novamente.
Era legal que minha mãe aprovasse ela, afinal era a primeira garota de muitas que apresentei, que tinha conquistado a simpatia da minha omma. Após o jantar me ofereci para arrumar a cozinha, enquanto minha mãe foi assistir televisão com Sunny, os dias que eu passava com elas eram os únicos que eu tinha motivos para sorrir, até que entrou na minha vida e sem perceber me deu ideias para melhorar meu dia.
Mesmo que não conseguisse dizer a ela, eu já sabia que estava apaixonado pela novata estrangeira que me fazia sorrir sem nem saber. Terminei de arrumar tudo na cozinha e fui para meu quarto, ao passar pela sala, via as duas dormindo, fui até o quarto da minha mãe e peguei uma manta do seu armário, voltei na sala e as cobri de leve e desliguei a televisão. Eu me sentia bem quando via minha mãe dormir tão tranquilamente, após todo o sofrimento que ela passou pouco antes e depois do divórcio dela, com aquele que um dia chamei de pai.
Apaguei as luzes deixando somente a do corredor da cozinha acesa e fui para meu quarto, fechei a porta e troquei de roupa, peguei a mochila que estava no chão e coloquei na escrivaninha. Estava sem sono e não mesmo sentindo meu corpo um pouco dolorido devido aos treinos excessivos, abri o caderno de anotações que Ha Ri tinha me emprestado e comecei a estudar. Eu ainda tinha que me preocupar com a prova para as universidades e mesmo sendo um aluno destaque, não queria depender daquele homem ou da sua influência para nada em minha vida.
“Óh, você é diferente
Definitivamente você não é como as outras garotas
Quanto mais eu te vejo, estranhamente, mais eu me apaixono por você
Onde quer que eu olhe nesse mundo
Não há garota como você
Eu sei disso, baby
Você é a única que eu quero.”
- Need U / MONSTA X
12. Dilema
"Quem foi que fez você trancar seus sentimentos,
Quando você era antes tão honesta e gentil?
Foi como se você tivesse construído uma muralha,
Para se trancar dentro dela e se proteger de seu coração fragilizado."
- Dilema / INFINITE
O professor havia me liberado do treino de sábado, estava feliz por isso, assim teria meu primeiro fim de semana de descanso realmente. Fiz questão de acordar depois das dez da manhã e ver um pouco de anime na Netflix, após o almoço minha mãe me chamou para dar um passeio no parque com ela, papai e Jinho, porém meu corpo estava tão cansado que preferi ficar em casa dormindo.
Acordei já no final da tarde, ainda sonolenta peguei minha mochila e abri um dos bolsos menores, foi então que vi a terceira carta lá dentro, havia me esquecido totalmente dela.
— Aquele pesadelo toma tanto meu tempo que até me esqueço das coisas. — peguei a carta e voltei para cama, me sentando — O que será que ele escreveu desta vez… A primeira se confessou, a segunda foi um poema…
“Annyeonghaseyo Nalla,
vejo você com muita frequência indo para a quadra, soube que participa do clube de basquete, eu deveria fazer o mesmo para me aproximar de você? Se sim, me espere na porta da quadra na segunda após o treino, quero me declarar pessoalmente.
PJM”
Senti um breve frio na barriga carregado de curiosidade. Quem será meu admirador secreto?
Meu domingo se passou com um piscar de olhos. Segunda de manhã acordei mais cedo para não chegar atrasada, assim que cheguei na escola, Prince Line já estava treinando na quadra antes das aulas, o que me levou a imaginar que horas teriam chegado. Não demorou muito até que apareceu, ele também havia chegado cedo para entregar alguns formulários do clube de leitura na secretaria.
— Então, como foi seu fim de semana? — perguntou ele assim que entramos na sala.
— Foi tão bom. — abri os braços em comemoração — Dormi muito, pena que passou rápido.
— Uau, mas e os treinos senhorita auxiliar?! — ele me olhou curioso.
— O treinador me dispensou dos treinos dessa semana, já que semana que vem já teremos as provas do quadro de classificação, ele disse que meu foco terá que ser nos estudos. — expliquei contente — Uma semana livre.
— Você está bastante contente por isso. — ele riu de mim — Uma semana sem .
— Bem… Difícil de acreditar, mas de certa forma ele não me incomoda mais. — adimiti sem receio — Acho que estou me acostumando com o Prince Line.
— Você gosta dele? — senti uma preocupação vindo de sua voz.
Eu realmente não sabia o que responder, ao mesmo tempo que tomava a maior parte dos meus pensamentos fazendo meu coração acelerar, eu queria afastá-lo e não me preocupar com ele.
— Eu…
— Não precisa responder. — desviou o olhar — Vejo que está confusa com seus sentimentos.
— Você me entende muito bem. — sorri disfarçadamente — É um bom amigo.
— Amigo… — ele respirou fundo e se virou para frente, parecia frustrado.
Logo os outros alunos começaram a entrar, permaneci toda a aula em silêncio, pensando em um assunto aleatório para falar com .
— , espera. — disse assim que ele saiu da sala.
— O que? — ele se virou para mim.
— Podemos conversar?! — perguntei.
— Claro. — ele deu um sorriso fechado — Vem comigo.
Assenti o seguindo, me levou até o terraço do prédio onde estávamos, havia muitas cadeiras quebradas entulhadas em um dos cantos, e dois bancos ao lado da porta. Demos alguns passos até o beira e ficamos olhando o horizonte.
— Não precisa me explicar nada se não quiser. — iniciou ele como se soubesse o que eu estava pensando em dizer.
— Não quero que fique chateado comigo. — expliquei — Sei que não gosta do , vejo como fica incomodado com a presença dele.
— Não fico incomodado por causa dele, eu só… — ele se calou, apoiando as mãos no beiral.
— So?! — o olhei insistindo.
— Fico triste que goste de alguém como ele. — manteve seu olhar para frente, parecia um desabafo.
— Eu não sei se gosto dele… Mas também não sei se não gosto… — suspirei fraco — Sinto que não sou capaz de responder sobre isso agora.
— É claro que gosta dele, só não percebeu ainda. — ele abaixou as mãos, fechando os punhos.
— Com pode dizer isso. — ri baixo — Com tanta certeza.
— Porque vejo como fica, quando ele está perto. — ele se virou para mim — Eu preciso ir.
— . — segurei em sua mão — Ainda vamos ser amigos?!
— Eu jamais deixaria de ser seu amigo por causa disso. — ele sorriu de forma fofa, então me puxou para perto e me abraçou forte — Eu sempre estarei aqui.
— Obrigado. — sussurrei, retribuindo o abraço.
se despediu de mim, ele realmente tinha que ir, iria passar na farmácia novamente para sua mãe. Permaneci mais um tempo ali no terraço, olhando o movimento dos alunos no pátio, foi então que me lembrei da carta e do meu admirador secreto. Desci correndo para quadra, a porta estava aberta e os membros do Prince Line estavam todos presentes reunidos perto do vestuário, o clima não parecia estar dos melhores.
— O que está acontecendo?! — perguntei me aproximando.
Todos permaneceram em silêncio, então movi meu olhar para que estava de costas perto da parede, notei que sua mão direita estava sangrando.
— ?! — corri até ele e parei em sua frente — O que está acontecendo?
Ele manteve seu olhar para o lado, parecia não querer me encarar.
— Não se preocupe Nalla, ele está bem. — disse Junhae, pelo seu tom já imaginava que fosse relacionado ao senhor Dongho.
— Não vai mesmo dizer? — insisti.
— Vai embora. — disse num tom firme, virando seu olhar para mim — Não precisamos de você aqui hoje.
“Tenho medo de me ver arruinado por você,
Você acena para mim e então se vira.”
- Bad / Infinite
Senti uma breve chateação naquele momento, queria entender o motivo dele estar tão frio comigo. Saí correndo da quadra, só queria realmente ir para mais longe possível dele, entre o percurso até a estação de metrô algumas lágrimas surgiram no canto dos olhos. Foi então que trombei em alguém.
— Me desculpe. — mantive minha face baixa, não entendia porque estava triste com o tratamento de , eu nem queria gostar dele mesmo.
— Está tudo bem Nalla?! — disse a voz desconhecida.
— Hum?! — ergui minha face, o olhei confusa — Como sabe meu nome?!
O garoto sorriu de canto, era um pouco alto e usava um óculos bvlgari, vestia uma jaqueta preta de couro, aparentemente sintético.
— Estudamos na mesma escola, como não saberia. — respondeu entre linhas.
— Isso não é resposta.
— Me desculpe, é que sempre fico nervoso quando te vejo. — ele riu meio tímido.
— PJM?! — perguntei instintivamente, cheia de teorias na minha mente.
— Prazer, pode me chamar de , Park . — afirmou — PJM é meu nome de gamer.
— Ah… — limpei os vestígios das minhas lágrimas disfarçadamente.
— Você estava chorando. — observou ele — Meu primo te incomodou novamente?!
— Seu primo? — agora estava confusa.
— Sou enteado do diretor Lee. — esclareceu ele, dando um sorriso leve.
Oh não…
— é seu primo? — por essa eu não esperava.
— Bem, curiosamente nossas mães são amigas desde o ensino médio, eu tinha quatro anos quando o diretor Lee se casou com minha mãe. — explicou — Como o diretor se considera meu pai, nos consideramos primos, principalmente por nossas mães.
— Entendi. — desviei o olhar para a rua.
— Quer dar uma volta?! — perguntou.
Pensei por alguns instantes, ele me olhou esperançoso por uma resposta positiva, mas eu já estava tão cansada das alterações de humor de , que não queria me aproximar de mais ninguém dessa família maluca.
— , sobre aquelas cartas… — iniciei.
— Calma, não estou pedindo para ser minha namorada e nem te chamando para um encontro, só quero ser seu amigo. — disse me interrompendo — Sei que não posso competir com meu primo.
— Não acredito… — sussurrei — Por que tiraram o dia para dizer que gosto daquele grosso?
— O que disse?! — perguntou confuso.
— Nada… Não disse nada.
Não havia como negar, estava chateada com , mas não deixaria que isso interferisse ainda mais em meus sentimentos. Acabei aceitando, ruim certamente não poderia ficar, ou pelo menos era o que eu imaginava...
— Chegamos. — disse parando em frente a uma cafeteria rosa e branco — Bem vinda a Rabbit House Coffee.
— O nome é bem interessante. — comentei o seguindo até a entrada.
— Minha mãe é a dona, ela gosta muito de coelhos. — explicou ele abrindo a porta — Você vai gostar, as tortas daqui são as menores.
— Preciso mesmo adoçar meu dia. — sussurrei.
Infelizmente sua mãe não estava naquele momento, mas me contou a história de como sua mãe montou a cafeteria após ganhar alguns concursos de culinária. Ela ainda não havia se casado naquela época, tinha que se sustentar e cuidar do filho ainda recém-nascido. Ele contou que Seohyun ajumma a ajudou muito nessa época, foi assim que a senhora Sora conheceu o diretor Lee.
— Obrigado por hoje, não estava mesmo bem. — agradeci assim que chegamos em frente ao meu prédio — Mas, ainda não falamos das suas cartas…
— Não precisamos falar sobre isso agora, apenas saiba que eu gosto de você. — seu olhar sincero me deixava estranhamente constrangida — Apesar de nem me conhecer direito.
— Nem sei o que dizer. — sorri sem graça — Tenho que entrar agora.
— Espera. — ele segurou em minha mão.
— O que?
— Sei que não é da minha conta, mas…
— Mas?!
— Se você e meu primo estão próximos, quem é o garoto da foto?! — perguntou.
— Que foto?!
respirou fundo e retirando o celular do bolso da calça, me mostrou uma foto minha abraçada a , notei que o lugar era o telhado. Alguém havia nos seguido e tirado aquela foto, depois espalhado para todos que éramos o novo casal da escola. Logo meus pensamentos foram até , na forma como ele me tratou na quadra.
Será que ele havia visto aquela foto também?
Não consegui raciocinar direito, somente senti meu corpo se mover na direção contrária e sair correndo. Mesmo que eu não soubesse meus reais sentimentos por , mesmo que eu não devesse nenhuma explicação para ele, neste momento meu corpo não estava mais seguindo minha mente, mas talvez meu coração.
— Nalla?! — disse o Dongho ao abrir a porta do apartamento — Fiquei preocupado quando o recepcionista disse que estava aqui.
— Me desculpe pela hora senhor Cho, mas… — desviei o olhar para frente, estava descendo as escadas.
— Entendi. — ele se virou e olhou para o filho.
se manteve em silêncio, certamente paralisado por me ver ali.
— Vou deixar vocês a sós, estava mesmo de saída. — ele olhou para o filho e retirando as chaves do bolso, jogou para ele — Leve-a para casa.
Adentrei um pouco mais e esperei até que o senhor Dongho saísse.
— O que faz aqui?! — perguntou ele, sua voz continuava áspera.
— Sua mão está melhor?! — perguntei, vendo que estava enfaixada.
— Veio para me perguntar sobre minha mão? — ele tombou a cabeça tentando entender.
— Não… Vim porque tenho que te explicar sobre…
— Se for pela foto, não me importa. — me interrompeu ele — Não deveria ter vindo.
— Você quer parar de agir assim e olhar para mim? — alterei minha voz, já estava ficando irritada com ele.
— Como você quer que eu haja?!
— Como alguém que não está com ciúmes. — respondi.
— Quem disse que estou com ciúmes. — ele desviou o olhar, me fazendo rir.
— Pabo. — sussurrei.
— Vamos, vou te levar para casa. — ele veio em minha direção para seguir até a porta.
— . — segurei em sua mão enfaixada — O é somente meu amigo.
— Por que está me dizendo isso? — perguntou ele.
— Porque não quero que acredite em falsas informações. — respondi — Se for para acreditar em alguém, que seja em mim.
— Quem disse que não acredito em você?! — seu olhar intenso estava ali — Vocês realmente são amigos?
Eu comecei a rir, mas me controlei.
— Nada de ciúmes não é?! — ri mais um pouco.
— Yah, pare com isso, já disse que não tenho ciúmes de você. — ele olhou para o lado inconformado.
— Eu acredito.
Apesar de ser engraçado… Quanto mais agia daquela forma, mais eu ficava confusa dentro de mim. Uma louca indecisão entre gostar ou não gostar dele.
Eu mudei depois que eu te conheci,
Eu não me assusto ou me machuco mais,
Dia após dia eu vivo me antecipando, e está tudo bem, porque é você
- Hot times / SM The ballad
13. Hug
Quero te dar todo o amor que há no mundo,
Ainda que isso esteja apenas nos meus sonhos,
Meu coração continua como antes.
- Hug / TVXQ (Dong Bang Shin Ki)
-
Ainda permaneci um tempo dentro do carro, do outro lado da rua olhando para seu prédio, depois que ela entrou. Estava me sentindo um babaca por ter agido daquela forma, ela e eram próximos, então uma parte de mim acreditava na foto, o que me levou a querer afastá-la de imediato.
— O que você fez comigo?! — sussurrei — Essa garota me deixa louco.
Assim que cheguei em casa, ouvi vozes vindo do escritório dele. Deixei as chaves em cima da mesa de centro e fui direto para meu quarto, assim que entrei meu celular vibrou no meu bolso, era uma mensagem do meu primo. Estranhei de início, já havia um certo tempo que não tinha notícias dele, pois havia se mudado há dois anos para Seoul a pedido do pai biológico.
“Hello... querido primo, adivinha quem voltou?! Saudades??!! kkkkk”
Olhei para aquela mensagem e ri, costumava ser piadista e sarcástico em alguns momentos, principalmente quando se tratava de falar mal de Cho Dongho, mas era um cara legal. Tínhamos a mesma idade e crescemos juntos, lembro-me do seu grande apoio quando meus pais divorciaram. Já estava curioso para saber sobre sua volta.
“o que faz em daejon?” — perguntei.
“estava com saudade de casa”
“diga a verdade”
“a verdade? aquela casa é um tédio, minha madrasta é escandalosa e…”
“e?”
“soube que anda brigando demais com seu pai,
pq não me contou sobre seu acidente?”
“não era importante”
“como não? meu primo favorito se acidenta e não é nada de mais?”
“sou seu único primo”
“na verdade não, mas isso não vem ao caso kkkkkkk”
“aish… desde quando está em daejon?”
“já tem alguns dias”
“e não me contou? cretino.”
“queria fazer uma surpresa kkkkk mas acabei ficando interessado em outra coisa”
“que coisa?”
“sua namorada”
“namorada?”
“ou devo chamá-la de novata estrangeira?”
“como sabe de tudo isso?”
“as paredes da escola tem ouvido kkkkk”
“yah, estou falando sério”
“eu tbm”
“eu te conheço muito bem, fique longe dela”
“yah, não vou fazer nada”
“”
“como poderia competir com você, até o amigo da foto não consegue”
“você também viu?”
“fui eu quem mostrou pra ela”
“como assim?” — fixei ainda mais meu olhar na tela do celular.
“prazer PJM”
“era você?”
“não acredito que não lembrou desse nickgamer, você está ficando fora de forma”
“o que escreveu naquelas cartas?”
“não vou contar, pergunte a sua namorada, isso, se ela for a sua namorada”
Joguei o celular na cama controlando minha raiva.
— Aish. — me alterei chutando a mochila no chão.
Meu primo sabia como me deixar nervoso. O que ele estaria aprontando? era meu grande amigo, o considerava mais que primo, um irmão, porém ele tinha um leve costume de me pregar peças. O que me levou a não querer que ele se aproximasse de .
- x -
— Yah, vocês demoraram. — reclamei assim que os membros da Prince Line apareceram.
— Hyung, porque nos fez vir aqui a esta hora? — reclamou MiJun.
— Deveríamos estar na aula, não aqui. — completou Hwang — Porque estamos em frente a cafeteria da sua tia?
— Nós vamos trabalhar aqui. — respondi tranquilamente.
— O que? — disseram eles em coral.
— Isso mesmo. — sorri de canto.
— E de onde veio essa ideia? — perguntou Junhae me olhando confuso.
— Vocês andam falando que estão sem dinheiro, eu não quero mais depender daquela pessoa, então tive essa brilhante ideia. — expliquei — Já falei com minha tia, vamos trabalhar aqui no turno da noite.
— Uahhh, já estou gostando. — MiJun se animou — A noite sempre é movimentado pelas noonas da universidade.
— Yah, MiJun se contenha, você está quase comprometido com a Chohee. — Hwang o repreendeu.
— E você Minsoo? Qual sua opinião? — perguntou Junhae.
— Se o hyung disse, por mim tudo bem. — respondeu ele, sempre no seu jeito tranquilo de receber notícias — Só espero conseguirmos dar conta de tudo.
— Verdade. — concordou Hwang — Temos os treinos extras, os estudos, a preparação para as provas das universidades, agora a cafeteria.
— É impressão minha ou você quer manter sua mente mais do que ocupada? — Junhae me olhou desconfiado.
— Já disse, não quero depender dele. — dei o primeiro passo para entrar — Vamos logo, antes que minha tia desista.
Ao entrarmos, logo avistei conversando com tia Sora em frente ao caixa.
— Olha só quem chegou. — abriu um largo sorriso.
— Então realmente voltou. — me aproximei dele.
— Claro que voltei, você não vive sem mim. — ele começou a rir, me fazendo rir junto.
— Você é que não vive sem mim.
Ele me abraçou e olhou para meus amigos.
— E vocês? Sentiram minha falta? — perguntou.
— É claro que sim, só você pra colocar o nos eixos. — brincou Junhae.
— Yah, é assim a consideração que tem por mim, vou pedir a Ha Ri para terminar com você. — ameacei brincando.
— Hyung, de onde saiu tanto rancor? — Junhae me olhou com ar de ofendido, fazendo todos rirem.
— Yah, esse pabo é assim mesmo, mas agora tem uma garota que faz ele ficar derretido. — riu de mim — Não é senhor raivoso?!
— Já falei para ficar longe dela. — fechei a cara, fazendo eles rirem mais ainda.
— Eu disse que ele estava apaixonado. — brincou Junhae.
— Ok meninos, vocês vieram para conversar ou se divertir?! — minha tia nos interrompeu cruzando os braços.
— Viemos tratar de negócios. — respondi com segurança.
— Estão mesmo dispostos a trabalhar aqui no turno da noite?! — ela nos olhou desconfiada.
— Sim. — dissemos em coral.
— Muito bem, irá acompanhá-los.
Meu primo me olhou e piscou de leve para mim.
— Por que? Não vai voltar para Seoul? — perguntei.
— Não, não quero morar mais com meu pai, prefiro ficar aqui com vocês. — respondeu ele.
— Eu disse a vocês, que ele me amava. — brinquei.
Nós rimos mais um pouco, até tia Sora retornar com os contratos de trabalho de meio período, ao mesmo tempo que seria cansativo e trabalhoso, também seria divertido. Eu queria aproveitar cada segundo que tinha deste último ano com meus amigos, afinal não sabia que caminho meu futuro reservava para mim. Já que o senhor Cho sempre mudava de pensamento sobre a universidade em que cursaria.
— Você não está zangado comigo, não é?! — perguntou ao pular em cima de mim, no sofá do escritório da tia Sora na cafeteria — Pela brincadeira com a .
— Não é certo entregar cartas falsas de confissão. — o olhei com repreensão — Você é mestre em fazer isso.
Sempre odiei esse tipo de comportamento dele. tinha fama de destruir corações apaixonados, ele sempre fazia uma garota se apaixonar por ele e depois a rejeitava na frente de todos. Por mais que não admitisse, ele estava descontando em outras a rejeição que teve no passado, a garota que foi seu primeiro amor. Porém, ainda assim eu não concordava.
— Já disse para ficar tranquilo, jamais me envolveria com a sua garota. — ele riu — Além do mais, quem sou eu para competir com você.
— Ainda não confio, conheço seu histórico. — o olhei sério — Irá se desculpar com ela.
— Sim senhor. — ele bateu continência brincando — Ahhhh… Garotas como ela, são fofas e boas demais para mim…
— Falou o destruidor de corações. — desviei o olhar para a porta.
— Eu juro que mudei, agora sou um novo homem. — ele segurou o riso.
— Sei, a que se deve isso? Foi rejeitado novamente?
— Jamais, jurei que nunca mais seria rejeitado de novo. — ele se espreguiçou no sofá — Por que não voltou para escola com os outros?
— Não estava afim. — soltei um suspiro cansado — Queria poder fazer algo errado pelo menos um dia.
— Que tal hoje? — ele retirou as chaves do bolso — Vai uma volta?
— Sério?
— Desde quando eu eu brinco com isso. — ele se levantou do sofá — Vem, você precisa extravasar um pouco.
Me levantei ficando mais animado. me deu a chave de sua moto e pegou a de um dos funcionários emprestado, seguimos pela estrada até chegar ao Gyeryongsan National Park. Caminhamos mais alguns minutos a pé, até chegar em um dos mirantes no topo da colina, ele começou a gritar como um louco me instigando a fazer o mesmo.
— AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!! — fiquei gritando até cansar e logo me sentei no chão.
— Já cansou?! — ele riu se sentando ao meu lado.
— Estou cansado a muito tempo. — confessei — Não sei como continuo de pé.
— Minha mãe me contou que não tem sido fácil nestes últimos meses. — disse ele mantendo seu olhar no horizonte, assim como eu.
— É como se ele quisesse controlar cem por cento de mim agora. — suspirei fraco — Isso está me deixando com mais raiva ainda.
— Aposto que começou depois do acidente do ano passado. — observou ele — Por que não me contou?
— Yah… Já disse que não foi nada de mais, a única pessoa a se machucar foi eu. — dei de ombros — Além do mais, ele transformou o que sobrou da minha moto em sucata, na minha frente.
— Que pesado… Mas onde você estava com a cabeça?
— Eu presenciei uma briga dele com minha mãe, tomei partido e defendi ela… Não quero mais lembrar disso. — me espreguicei.
— Da próxima vez que tentar se matar, me avisa, que eu mesmo te mato. — repreendeu ele de uma forma meio maluca.
— Eu não tentei me matar, só estava nervoso e fui louco o bastante para pilotar uma moto em alta velocidade. — expliquei.
— Yah. — ele me deu um soco de leve no ombro — E ainda diz assim nessa tranquilidade.
— Mas foi exatamente isso que aconteceu. — eu ri dele.
— E quanto ela?!
— Por que está mencionando a novamente? — o olhei meio enciumado.
— Está com ciúmes… — ele caiu na gargalhada — Essa garota realmente te dominou, estou curioso para saber como.
— Nem eu sei... — sussurrei.
— Aposto que começou implicando com ela, e quando se deu conta, já estava pensando nela o dia todo. — ele riu mais — Você é sempre assim, afasta as pessoas que quer estar perto… Desistiu mesmo daquela promessa?
— Estou pensando ainda. — tombei meu corpo para trás, me deitando na grama — Aquela garota é especial demais para mim.
Ficamos mais algum tempo ali, até voltarmos para a cafeteria para devolver a moto do funcionário, então me deu uma carona até a escola. Mesmo que não tenha participado das aulas de manhã, não poderia faltar aos treinos, principalmente em consideração aos membros.
— Não vai mesmo ficar para treinar com a gente?! — perguntei.
— Sabe que não gosto muito de esportes, só pratico por causa do diretor Lee. — ele sorriu de canto — Meu lance é música.
— Exibido. — dei de ombros.
— ?! — surgiu na porta da quadra — ?!
— Oi . — sorriu para ela, como se fosse íntimos.
— Yah. — engrossei minha voz e o empurrei.
— Aish. — ele me olhou segurando o riso.
— Peça desculpas a ela. — o lembrei, então passei por ele para entrar na quadra.
não entendeu de início, mas assim que passei por ela, sorri discretamente, arrancando outro sorriso dela. As horas foram passando, senti que o treino estava mais pesado e todos desatentos, então resolvi finalizar mais cedo, assim os outros foram pra casa antes, enquanto eu resolvi ficar sentado na quadra olhando guardar os instrumentos.
— Não vai me ajudar?! — ela parou e me olhou.
— Pensei que não precisasse. — ri me levantando — O que deseja senhorita?!
— Ainda falta recolher as bolas. — respondeu jogando em minha direção a que estava na mão dela.
— Tudo bem. — peguei a bola no ar e terminei de descer, rindo dela.
Começamos a juntar as bolas e colocar na cesta, naquele momento eu percebi o quão trabalhoso era essa parte de ser assistente, tinha que fazer isso todos os dias e sempre mostrava dedicação. Quando estávamos no fim, peguei a última bola e comecei a brincar com ela, fingindo que guardaria, mas jogando na cesta.
— , devolve… — disse ela correndo atrás de mim.
— Vem buscar. — ri mais um pouco me desviando dela.
Deixei que ela se aproximasse mais um pouco, após um movimento meu que avançou para pegar a bola de mim, ela pisou em falso escorregando, no susto eu larguei a bola e a puxei para mim, para que não caísse. Porém o impacto do seu corpo contra o meu nos derrubou ao chão, fazendo-a ficar sobre mim. Nosso olhos encontrados e fixos um no outro, senti que sua respiração estava tão descoordenada quanto a minha, além do coração acelerado.
— … Acho que devemos ir. — ela desviou o olhar envergonhada.
— Porque?! — intensifiquei meu olhar e sorri maliciosamente, mantendo minha mão apoiada em sua cintura de leve.
Ela ficou paralisada por um tempo. Senti meu coração pulsar mais forte naquele momento, não consegui entender o que estava acontecendo, como se minha razão estivesse saído de mim. Meu corpo se moveu no impulso do momento e quando dei por mim, meus lábios já estavam encostando nos dela.
Aquele beijo era como o fogo que fazia meu coração se aquecer.
Por favor, espero que você veja como eu cresci.
Quero ser um homem que combine com você.
Por favor permita-me entrar,
Em seu coração a qualquer hora que eu quiser.
- My little princess / TVXQ (DBSK)
14. Ace
“Eu quero ser o seu único campeão.”
- Ace / Taemin
-
Dois dias se passaram e finalmente chegamos ao nosso primeiro jogo do campeonato, era quinta-feira e por causa do jogo não haveria aula, mas os alunos tinham que assistir a partida. Eu tentei permanecer um pouco focado para a partida, mas sempre que olhava para , me lembrava daquele beijo. Ela continuava agindo como se não tivesse acontecido nada, isso me deixava ainda mais louco.
— Animado para começar a sequência de vitórias? — perguntou se colocando ao meu lado.
— Tentando. — soltei um suspiro fraco mantendo meu olhar em , que conversava com o treinador.
— É o seu último ano do colegial e está assim? — ele parecia desacreditado.
Continuei em silêncio, até que vi a mão dele passando na frente do meu rosto, chamando minha atenção.
— Terra chamando . — disse.
— O que?! — desviei meu olhar para ele — Ah, por um instante me perdi em meus pensamentos.
— Tem certeza que foi isso. — ele riu — Te desejo bom jogo.
— Não vai ficar? — perguntei vendo que ele segurava as chaves da moto.
— Não, tenho um encontro daqui a pouco. — ele piscou de leve.
— Vai me trair assim? — brinquei.
— É só o primeiro jogo da temporada e eu sei que vocês vão ganhar. — ele sorriu de canto — Te vejo na festa da vitória?
— Sim. — assenti.
Logo Taeyeong se aproximou de nós, ela esperou até que se afastasse e me deu uma correntinha, com um pingente com o nome dela.
— Oppa, para te dar sorte. — disse ela com seu sorriso tendencioso de sempre.
— Komawo, vou precisar. — eu peguei o pingente das mãos dela e sorri de leve.
— Espero que marque muitos pontos, vou comemorar em todos.
— Tenho que ir agora, trocar de roupa, até após o jogo.
— Sim. — ela sorriu — A comemoração da vitória será na casa de Hwang.
Eu virei minha face e vi parada ao lado do vestiário nos olhando, segurei o riso e segui em sua direção, deixei minha blusa cair de propósito ao passar por ela e entrei. Os membros já estavam terminando de se vestirem, os jogadores rivais já estavam em quadra, haviam chegado já uniformizados.
Eu retirei minha calça e coloquei a bermuda, me encostei ao lado do meu armário e cruzei meus braços de leve esperando. Hwang me olhou sem entender minhas ações.
— Por que está assim hyung? Temos um jogo.
— Eu sei. — olhei para a porta e lá estava parada me olhando — Poderiam nos deixar sozinhos?
-
Assim que os membros saíram, eu caminhei até ele e estiquei sua camisa que estava em minha mão.
— Deixou cair.
— Sabia que viria me entregar. — ele sorriu de canto e retirou sua camisa de uniforme na minha frente e jogou no seu armário.
Fiquei paralisada de início, queria mover meus olhos mais minha visão continuava fixa naquelas linhas do seu abdômen, respirei fundo enquanto ele pegou a camisa da minha mão e vestiu.
— Não vai me desejar sorte? — perguntou ele.
— Não. — eu o olhei tentando demonstrar desprezo — Taeyeong já fez isso. — eu me virei para sair.
— Vai sim. — ele segurou em minha mão de leve e me virou para ele, antes mesmo que eu pudesse reagir ele me abraçou com carinho — Agora sim, terei sorte.
— … — fiquei com receio dele me beijar de surpresa novamente.
Confesso que ainda não sabia lidar com o que havia acontecido. Aquele havia sido meu primeiro beijo, havia me feito sentir como se o mundo tivesse parado e só existisse nós dois, o gosto de uma mistura louca de doçura e rebeldia. Algo que certamente, só ele poderia provocar.
— Feche meu armário para mim. — ele se afastou e saiu tranquilamente como se nada tivesse acontecido.
Como sempre estava em choque com tudo aquilo, quanto mais tentava não gostar dele, mais ele me provocava com seus abraços quentes e confortáveis. Respirei fundo e me virei para seu armário, quando fui tentar fechar sua blusa estava travando a porta, a peguei para dobrar direito e percebi que algo tinha caído no chão, era a correntinha que a Taeyeong tinha dado a ele. Senti meus olhos brilharem, era ridículo da minha parte esse sentimento de venci, mas eu estava gostando de ser sua sorte.
— Seu mercenário. — sussurrei — Aposto que foi de propósito que me pediu para fechar o armário.
Quando finalmente retornei a quadra o jogo já tinha começado, tentei me lembrar das explicações de e entender os passes que eles tinham planejado, demorei um pouco para relembrar o que era cada passe que ele trocava com Junhae que era o ás do time. Era emocionante ver ele jogando, tão rápido e preciso em seus lances, o jogo foi equilibrado e o time rival parecia animado também.
Felizmente vencemos com o placar de 97 x 94, a cesta final de três pontos havia sido feita por MinJu, assim que o juiz apitou todos os membros do time se abraçaram e os alunos começaram a gritar de alegria. Olhei de relance para o diretor e vi um olhar de orgulho, eu sabia que não era somente pelo time, mas também por seu sobrinho . Voltei minha atenção para a arquibancada e só naquele momento percebi que não estava presente, achei estranho, ele não era de faltar na aula.
Será que era por causa do jogo?
também não estava mais, o cumprimentei mais cedo quando cheguei na quadra antes dos times, o treinador havia me pedido para organizar tudo para o jogo. Realmente pensei que ele jogaria com a Prince Line, mas Junhae me contou que o primo de gostava mais de música que de esportes e seus planos para o futuro, era se tornar um dos maiores Djs da Coreia. Ele parecia mesmo ser uma pessoa descolada, confesso que tinha ficado chateada pela brincadeira sem graça dele com as cartas falsas de confissão. Mas prometi lhe dar uma segunda chance de ser meu amigo, já que me pediu desculpas sinceras.
Saí da quadra sem que vissem e permaneci no refeitório por um tempo, teria uma comemoração na casa de Hwang, mas eu não iria, não estava animada e já tinha tido experiências de mais em ficar no mesmo ambiente com as líderes de torcida. As outras garotas eram legais, mas meu problema era Taeyeong, e eu nem queria admitir a causa. Saí da escola antes que os membros do time, mais precisamente saísse da quadra, certamente ele me obrigaria a comparecer a festa e eu não queria mesmo ir.
— Não deveria estar em outro lugar? — disse uma pessoa ao chegar ao meu lado antes que eu atravessasse a rua, escorando seu braço sobre meu ombro.
— Hum?! — olhei para o lado e era , usando óculos escuros desta vez, com um largo sorriso — ?!
— Está longe da escola garota. — comentou ele.
— Digo o mesmo sobre você. — retirei seu braço do meu ombro, o olhando desconfiada — O que faz aqui?
— Estou com uma amiga. — respondeu tranquilamente.
— Em um encontro?! — perguntei curiosa.
— Não, não saio em encontros. — respondeu desviando o olhar para os carros.
— Oppa. — uma garota se aproximou de nós com duas sacolas na mão, notei que vestia o uniforme da escola do time rival do jogo — Espero não ter demorado muito.
— Não. — ele me olhou — Tenho que ir agora, me desculpe por não poder te acompanhar.
— Não se preocupe comigo.
Ele piscou de leve e se afastou com a menina, ouvi de relance ela perguntando quem eu era, mas não dei tanta importância assim. Minha mente estava em outro lugar, em outro tempo, mas precisamente naquele beijo. Fiquei caminhando pelos quarteirões enrolando um pouco para ir para a estação, desta vez estava atenta e sem meus fones de ouvido, me peguei cantarolando algumas vezes e sorrindo como uma boba de tempos em tempos, parei em frente uma cafeteria e fiquei olhando as tortas que estavam expostas na vidraçaria.
Elevei a mão na barriga de leve e senti que não tinha comido nada até aquele momento, estava com fome e sem dinheiro, tinha esquecido minha carteira em casa e só estava com a grana da passagem no bolso. De repente senti uma mão segurar a minha mão e me puxar para porta de entrada da cafeteria, olhei para o lado e era .
“Ele só vai aumentando,
Mesmo me censurando não adianta.
Continua fazendo o inverso, como uma criança,
E eu peço que pare,
Mesmo calando meu coração, eu penso somente em você,
Desde o começo até o fim, é você.”
- No Matter What / Master's Sun OST (Seo In Gook)
— O que está fazendo? — perguntei ao entrarmos.
— Vou alimentar meu amuleto da sorte. — respondeu tranquilamente olhando as mesas, de certo estava escolhendo onde sentaríamos.
— Não é isso. — eu me deixei ser guiada por ele, até uma mesa que ficava mais aos fundo da cafeteria — Estou perguntando o que está fazendo aqui?!
— Estou aqui, porque estou com fome, preciso recarregar as energias e me parece que você também está com fome. — ele se sentou e sorriu de leve.
— Não era para você está em uma festa de comemoração? — eu me sentei e o encarei.
— Este é só o primeiro jogo e não estava animado para festa.
Ficamos nos olhando por um tempo, por um momento eu senti que ele havia dito aquilo não por ele mesmo, mas que subjetivamente estava ali por minha causa. Meu coração acelerou um pouco naquela hora, deixei um sorriso transparecer de leve. A atendente se aproximou e pedimos chocolate quente acompanhado de duas fatias de torta de morango, foram momentos saborosos entre eu a aquela fatia de torta.
Demoramos um pouco para terminar, pois ele havia pedido mais duas fatias de torta para ele, fiquei impressionada com sua fome. pagou a conta e me levou para casa, quando chegamos em frente ao prédio, ele segurou de leve em minha mão e me puxou envolvendo seus braços em mim me abraçando. Não entendia o motivo mais retribui o abraço de leve.
— Komawo. — sussurrou ele em meu ouvido.
— Não fiz nada. — sussurrei de volta.
— Você entrou em minha vida. — ele se afastou alguns milímetros e me olhou com carinho, tinha um sorriso de canto.
— . — eu me afastei de um pouco mais dele — Eu não quero.
— Não quer o que? — ele me olhou confuso.
— Entrar na sua vida. — eu dei mais dois passos para trás — Desde o primeiro dia que nos vimos temos um certo conflito, e eu quero evitar muitas coisas entre eu e você, e vamos começar pelo baile.
— Por que está dizendo isso?
— Não tem um motivo, só não quero ser próxima de você. — respirei fundo — E acho que deveria levar Taeyeong ao baile, certamente você já tinha combinado com ela antes de dizer ao que me levaria, não se preocupe, eu nunca quis ir ao baile.
Eu me virei e entrei no prédio, não daria a chance de dizer mais nada.
Assim que entrei no elevador, comecei a me sentir uma idiota e burra por ter dito aquelas palavras, talvez pela insegurança de estar gostando de um garoto pela primeira vez, ou por medo de me aprofundar neste sentimento e me machucar.
Minha razão estava em conflitos com meu coração, sentia que eu deveria me afastar agora que eu ainda estava inteira, ao mesmo tempo que meu coração acelerava assim que lembrava daquele beijo. Ao entrar no apartamento, disfarcei as lágrimas que caíram quando saí do elevador e fui para meu quarto. Me joguei na cama com aquela roupa mesmo e fiquei olhando para o teto enquanto ouvia a música mais bad do SHINee.
-
Eu voltei para minha casa estático com suas palavras, não acreditava no que havia dito. Só havia um motivo para ela querer se afastar de mim, o motivo que eu tanto queria, tinha se apaixonado por mim e estava com medo daquele sentimento. Comecei a ficar um pouco mais empolgado com aquilo tudo, coloquei a mão em meu coração e ele estava acelerado.
— Ah! — olhei para o céu e sorri — Acho que entendi porque ela mencionou a Taeyeong, não acredito que consegui duas coisas em um mesmo dia. — eu soltei um riso ao me aproximar da rua onde minha mãe morava — Ela está apaixonada e está com ciúmes, não acredito que foi tão fácil assim fazer ela ficar com ciúmes.
Entrei em casa, elas não estavam, mas haviam deixado um bilhete na mesa de centro em frente o sofá, haviam ido a casa da vovó. Subi as escada e entrei no quarto, coloquei minha mochila na cadeira e retirei a blusa do uniforme, peguei a toalha e fui para o banheiro.
— Hum. — eu me olhei no espelho por um momento — , acho que já sei o que vou fazer para que admita que está apaixonada por mim.
Sexta-feira à noite, o dia mais movimentado na cafeteria da tia Sora, lá estava eu e meus amigos, os melhores garçons de toda Daejon. também se apresentou naquele primeiro dia, segundo ele, estava ali para nos dar apoio moral e físico, já que no futuro aquele lugar seria dele de certa forma. Meu primo era realmente muito bom em finanças e administração, mas já tinha metas para seu futuro na música e não deixaria de realizar por nada. Sorte a dele.
— Nossa, nem começamos direito e já estou cansado. — comentou Junhae ao se aproximar de mim no balcão — Sinto que tem mais pessoas que o normal, é o nosso primeiro dia hyung.
— Sério? Quem disse que trabalhamos aqui? — perguntou Hwang chegando com a bandeja vazia — Meu fã clube está aqui.
— Sério? — o olhei surpreso.
— Hum… Talvez eu tenha mencionado a Ha Ri algo. — Junhae coçou a cabeça — Mas pedi a ela para não contar as outras, sabem como é a Ha Ri quando está com ciúmes.
— E por falar nela. — apontei para porta vendo Ha Ri entrar com as outras líderes de torcida.
Curiosamente Taeyong não estava entre elas.
— Não disse. — sussurrou Junhae — Pode deixar que eu cuido delas.
Eu ri baixo.
— E agora hyung?! — Hwang me olhou sério — Os treinos estão puxados e se todos souberem da cafeteria, ficaremos mais cansados ainda.
— Hum… Fica tranquilo, trabalho em equipe. — sorri de canto — Estamos juntos, quer dizer que vamos nos divertir.
Assim que fechei minha boca, virei minha face para porta, neste momento exato adentrou na cafeteria com sua mãe e seu irmão. Senti um frio na barriga gelar meu corpo, porém meu coração se aqueceu no momento em que seu olhar veio de encontro ao meu.
Eu me apaixonei,
Então por que você está fazendo isso comigo,
Não fuja de medo e tente confiar em mim,
Minha dama.
- Ring Ding Dong / SHINee
15. Miracles
Desde a primeira vez que te vi
Um milagre
Eu senti um milagre, era você.
- Miracle / Super Junior
Eu estava em choque por encontrar naquela cafeteria, primeiro por não lembrar que era da sua tia e segundo por não saber que ele e os outros membros da Prince Line estavam trabalhando lá de meio período. Curiosamente foi que veio atender a nossa mesa, com seu sorriso chamativo e extrema educação.
— O que as belas damas e o pequeno cavalheiro desejam comer nesta noite. — perguntou ele.
— Nossa quanta formalidade. — brincou minha mãe — Como está sua mãe? Não a vi ainda.
— Ela precisou sair e me deixou no comando. — respondeu ele.
— Olhando assim, parece mesmo um profissional. — brinquei tentando não rir junto.
— Garota, eu sou um profissional. — Seo piscou de leve para mim.
— Ok, senhor profissional, o que nos sugere então? — minha mãe entrou na brincadeira.
— Para as damas sugiro torta holandesa e para o pequeno brownie recheado, acompanhado de iced latte de baunilha. — sugeriu ele.
— O que você acha Jini? — perguntei ao meu irmão.
— Eu gosto de chocolate, brownie é feito com chocolate. — respondeu abrindo um largo sorriso.
— Já entendemos que gostou. — eu ri dele ao esfregar de leve a mão em sua cabeça, brincando.
— Para unnie, vai estragar meu penteado. — resmungou ele.
— Eu também gostei da sugestão. — minha mãe me olhou — O que acha?
— Pode ser, já que nosso atendente está sendo tão atencioso. — ri novamente.
— Está pronto em alguns minutos. — disse ao confirmar no pequeno tablet que segurava nosso pedido.
Assim que se retirou, meu campo de visão se abriu mais um pouco e pude ver atendendo uma das mesas centrais que estava com algumas garotas da escola, certamente as que participavam do seu fã clube. E sim, ele e todos os outros tinham fã clubes espalhados não só na escola, mas pela cidade, não somente pelo time da escola, mas a fama do Prince Line corria longe. Lembro-me de uma vez de comentar que algumas universitárias de Busan também se interessaram por eles, após participarem de um jogo contra o time da universidade.
— Vai continuar assim? Só olhando para ele? — perguntou minha mãe.
— O que? — a olhei surpresa pela pergunta — Do que está falando?
— Um jovem pesadelo. — brincou ela rindo de mim.
— Mãe? Como sabe sobre isso?
— Acha mesmo que pode esconder as coisas da sua mãe? — ela me olhou como se soubesse te tudo, ou quase tudo — Ouvi algumas de suas conversas com a Lira.
— Sabia que é feio ouvir a conversa dos outros? — cruzei meus braços.
— Não me olhe assim. — ela se fez de inocente — E juro que foi intencionalmente, mas se quiser conversar sobre isso.
— Do que estão falando? — perguntou Jini.
— De nada. — respondi.
— Se for do hyung, eu acho que ele também gosta de você noona. — meu irmão me olhou com tranquilidade.
— Jinho?! — minha mãe tentou repreendê-lo.
— Espera aí, como assim? Também?!
— Ah noona, todo mundo sabe que você gosta do hyung. — ele riu baixo.
— Desde quando você se liga em coisas de adulto, e quem disse que gosto dele?! — o olhei indignada.
— Você não é adulto! — retrucou ele.
— E você não gosta dele? — perguntou minha mãe.
— Mãe?! — a olhei.
— Com licença. — se aproximou novamente da nossa mesa com a bandeja nas mãos — Aqui está.
Eu estava estática com as interpretações da minha família em relação ao que eu sentia por . Pedi para que não falassem mais sobre o assunto, naquele momento eu só queria aproveitar minha torta holandesa. Mesmo com a ausência do papai, foi divertido sairmos juntos e ter uma noite em família, Jini contou várias histórias da sua escola e de como tem se tornado um menino muito popular. Meu irmãozinho tinha mesmo um charme de personagem de anime shoujo, daqueles em que as meninas ficam todas derretidas que nem Irie de Itazura na Kiss.
Assim que mamãe pagou a conta, saímos da cafeteria seguindo em direção ao táxi que nos aguardava, antes que eu entrasse no carro uma mão segurou a minha, o que fez meu coração acelerar instantaneamente.
— ! — a voz de estava baixa e um pouco falha.
— Hum?! — o olhei meio confusa — O que está fazendo aqui?
— Eu… Podemos conversar? — seu olhar estava triste.
— Vai com ele filha. — minha mãe me encorajou do carro.
Assenti com a face.
me entregou um capacete e me guiou até a moto do seu primo, seguimos pelas ruas mas parecia que não tinha uma direção certa, até que chegamos a um mirante que dava vista para cidade. Ao descer da moto e retirar o capacete, senti meus olhos brilharem ao contemplar a paisagem, porém me desliguei disso e voltei minha atenção para que me olhava com certo carinho. De triste, seu olhar estava mais sereno.
— Estamos aqui, o que você quer? — perguntei.
— Eu passei o dia pensando no que disse ontem… — ele virou seu rosto para o lado, parecendo não querer me encarar no momento.
— Por que quer falar sobre isso novamente? Não pretendo mudar meus sentimentos sobre isso. — me encolhi um pouco, mantendo meu olhar nele.
— Não te culpo por isso. — ele suspirou forte, voltando seu olhar para mim.
Um grande silêncio parou em nosso meio.
— Posso te fazer um pedido? Antes de voltarmos?
— Um pedido?
Ele assentiu.
— Sim, pode fazer.
Ele deu três passos e parou em minha frente, então pegou em minha mão.
— Eu deveria não me importar com suas palavras… — seu olhar triste voltou — Mas me importo, porém não forçar minha presença, a partir de amanhã será como se não nos conhecêssemos.
— Você quer me pedir que finja que não te conheço?! — perguntei entendendo tudo errado.
— Não, quero pedir que não se afaste de mim, somente por hoje. — havia sinceridade em seus olhos, de uma forma surpreendente.
Eu não sabia o que dizer, apenas segui o impulso do meu coração, que me fez lhe abraçar de uma forma singela e carinhosa. Acho que eu poderia adiar por um dia, e esquecer meu lado racional e medroso, naquele momento eu só queria abraçá-lo.
“Eu posso parecer forte, até mesmo sorrir, mas na verdade eu estou tão sozinho
Pode até parecer que eu não tenho nenhuma preocupação,
Mas na verdade eu tenho muito a dizer
A primeira vez que te vi, me senti tão atraído por você
Andando sem rumo,
Não pude dizer uma palavra.”
- My Answer / EXO
Duas semanas se passaram e estava cumprindo sua palavra.
Era estranho passar por ele nos corredores da escola e nada acontecer, cada um seguindo sua direção e nenhum olhar seu para mim. Não imaginava que seria assim, e não estava me sentindo tão confortável com isso, eu já não sabia nem o que estava sentindo. Mas me convencia que era melhor assim.
Na sexta-feira de manhã.
Meus planos seriam dormir até mais tarde, ver animes após o café da manhã e curtir o feriado regional que me permitia não ter aula. Entretanto, mesmo com o afastamento de , ainda existiam três palavras em minha vida que estragaram todos os meus planos e me fizeram acordar cedo sem direito a reclamações: Clube de Basquete.
Sim, eu poderia ter saído do clube, já que não estava mais próxima dele, que nem mesmo me dirigia a palavra nos treinos. Contudo, eu já estava mais do que afeiçoada ao time no geral e me divertia muito durante os treinos, mesmo com seus amigos sempre me fazendo brincadeiras bobas. Eram quatro crianças chatas que tinham bom coração e sempre me levavam pra casa todos os dias ao final dos treinos, certamente a pedido de .
Agora que o campeonato intercolegial havia começado, o treinador estava mais inspirado ainda nos treinos, senti o cansaço e a fadiga vendo o rosto dos titulares e dos reservas, o nível de habilidades entre eles não era tão grande assim, porém Prince Line tinha experiência de sobra para deixar os reservas sem fôlego. E meu dia foi correndo de uma ponta a outra da quadra para levar toalhas, água, limpar o chão onde caía gotas de suor, e que gotas.
Era ridículo? Sim! Eu tentava controlar meus olhos que a todo momento insistia em olhar para , sua camisa suada que já colava em seu corpo, seu rosto escorrendo suor quando pausava para tomar água, até mesmo o modo em que secava as gotas parecia ser uma técnica de sedução proposital. Daquelas que só vemos em doramas colegiais.
Minha felicidade era que ele não sabia o quanto aquilo estava mexendo comigo, nem gosto de me lembrar das palavras que disse a ele, menos ainda das que ele me disse. Estava se tornando estranha e difícil essa distância, e lá no fundo eu ainda sentia que quanto mais longe dele ficasse, menos eu iria me machucar no futuro.
— Ajudante, precisamos comer agora. — disse após fazer sua décima segunda sexta no treino.
Aquela havia sido a primeira vez que ele falava comigo em duas semanas.
— Hum? — eu o olhei surpresa — Oh, eu vou ver se está pronto o almoço.
— Vê se não demora, a quadra está escorregadia. — gritou Junhae ao sentar no chão.
Eu respirei fundo e saí da quadra resmungando um pouco, os amigos de estavam muito mandões ultimamente, quando se tratava de pedir que eu fizesse algo, aquilo estava me deixando ainda mais irritada. Quando cheguei no refeitório avistei a ajumma cantarolando enquanto colocava algumas tigelas sobre a mesa onde o time comeria, fiquei um tempo a olhando sem fazer barulho quando uma pessoa se aproximou de mim.
— ? O que faz aqui? — era .
— Oh, você, estou aqui com o time, treino extra pelo campeonato, mas e você?
— Clube de leitura, estamos catalogando todos os livros da biblioteca novamente. — ele sorriu de leve.
— Oh, parece um pouco cansativo, mas legal.
— Sim, melhor que correr pela quadra. — ele riu me fazendo rir também.
— Hum, aproveitando que está aqui, aquele livro que te emprestei, você trouxe hoje?
— Coincidentemente sim, eu terminei de ler ele no metrô. — olhei de relance para a ajumma que estava voltando para cozinha — , me espere só um momento, tenho que perguntar uma coisa para a ajumma.
Eu corri até ela e confirmei quando seria servido o almoço, ela me pediu um espaço de dez minutos para terminar de colocar as tigelas na mesa, assenti com um sorriso e voltei para , o convenci a ir até a quadra para pegar o livro, com muita insistência. Quando chegamos, ele ficou me esperando da porta enquanto corri até a sala do treinador, onde tinha deixado minha mochila. Não demorei nem dois minutos e assim que retornei para a quadra, e estavam se enfrentando, respirei fundo e corri até eles.
— Não deveria trazer terceiros para o treino, ajudante. — a voz de estava um pouco amarga e rancorosa.
— Ele só veio pegar um livro que estava comigo, e também vocês não estão mais treinando. — olhei para — A quadra está escorregadia, como reclamaram.
— Regras são regras. — ele me olhou, parecia irritado pelo fato de eu ter amizade com e se afastou um pouco.
— Já estava de saída. — me olhou e sorriu — Espero que tenha gostado do livro.
— Sim, inspirador.
Eu o levei até a porta e trocamos mais algumas palavras, quando deixou uma bola rolar para nosso lado. Ele me gritou pedindo que eu levasse a bola para ele, pegou a bola e arremessou de leve, uma surpresa para todos é que a bola caiu exatamente dentro da cesta onde estava perto, todos ficaram surpresos com aquilo, já parecia ainda mais raivoso. sorriu de leve para mim e pegando seu livro saiu da quadra, eu estava em choque e sem saber como reagir aquilo, mas tinha que admitir que ele tinha me impressionado muito.
— Assistente, quem é o menino que estava com você? — perguntou o treinador ao se aproximar de mim.
— Hum?! Ah, ele é um amigo, estudamos na mesma turma.
— Diga a ele para fazer um teste para o time, um arremesso daquele não pode ser desperdiçado.
— Já temos jogadores suficientes treinador. — retrucou .
— Sim, mas esse é o último ano do time titular e tenho que pensar nos próximos anos.
— Será um prazer dizer isso a ele treinador, agora eu vou limpar a quadra. — eu olhei para segurando o riso — Ah, a ajumma disse que o almoço estará servido em dez minutos, então contando com os minutos passados, acho que já podem ir.
Eu me afastei dele indo em direção ao armário de limpeza e pegando o rodo, comecei a secar todo o perímetro da quadra, ficou da porta me olhando, até que Taeyeong se aproximou dele e o puxou para ir comer. Respirei fundo ao ver aquela cena, eu não deveria senti nada vendo ela perto dele, mas meu coração insistia em bater de frente com meu lado racional.
Eu estava na sala do treinador quando ouvi as vozes surgirem na quadra, não demorou muito até que entrasse com uma tigela na mão e colocasse na mesa na minha frente. Será que ele havia se esquecido da sua promessa e resolveu ter algum tipo de lapso de bondade e fofura comigo, me deixando sem reação. Naquela altura do dia eu já estava sim, admitindo para mim que estava tendo algumas acelerações no coração devido aos seus olhares para mim.
Terminando de comer, voltei para a quadra e acompanhei todo o restante do treino, o treinador reuniu todos no centro da quadra, incluindo eu para falar sobre o baile de primavera, olhei no relógio do celular de relance e já batia quatro da tarde. Seria de responsabilidade do clube de basquete os preparativos do baile, eu estava com um mau pressentimento com relação a isso.
E estava certa, quando o treinador perguntou quem seria o responsável geral, todos os dedos foram em minha direção, engoli seco com aquilo. O treinador me olhou como se tivesse confiando em minha capacidade de fazer aquilo certo, me entregou uma planilha com o orçamento inicial e o valor que a escola estava disposta a gastar. Era pouco e eu teria que fazer milagre para dar certo.
Na volta para casa, fiz questão de me perder dos olhos dos meninos do Prince Line, não queria mais um dia de escolta. Surpreendentemente, encontrei dentro do metrô, assim que contei que estaria responsável pelo baile ele riu sem nenhum remorso.
— Não acredito que vai mesmo cuidar disso. — ele respirou fundo recuperando o fôlego.
— Pois é, tenho um investimento pequeno e um baile grande. — dei um suspiro fraco e cansado — O que fazer?!
— Se quiser posso te ajudar, meu pai é contador e podemos ter a ajuda dele para separar o dinheiro de uma forma que dê para fazer tudo o que precisa.
— Não brinca. — eu o olhei, senti meus olhos brilharem.
— Claro, venha a minha casa amanhã e conversamos sobre isso.
— Tudo bem. — assenti rapidamente, não acreditava que ele me ajudaria mesmo.
Cheguei em casa sentindo minhas costas doloridas e minhas vistas pesadas de sono, olhei para o sofá da sala e eis que a pessoa mais inesperada no momento estava sentado no chão jogando FIFA com meu irmão.
— ... — sussurrei incrédula com a cena.
— Annyeong. — ele largou o joystick e se levantou me olhando sério.
— O que está fazendo aqui? — perguntei.
“Depois de passar duas semanas fingindo não me conhecer.” Pensei comigo.
— Vim para me certificar que chegou em segurança. — explicou ele — O treino acabou tarde e você desapareceu.
— Não deveria. — desviei meu olhar para a janela, não queria encará-lo.
— Sou o capitão do time, tenho que cuidar de todos que fazem parte, até mesmo quem não joga.
— me acompanhou, como vê, cheguei em segurança. — retruquei — Então, pode ir embora.
— A mamãe convidou ele para o jantar. — Jini interviu com um olhar maldoso.
continuou com seu olhar fixo em mim em silêncio, eu olhei para sua mão e seus punhos estavam fechados. Será que ele ainda sentia ciúmes de mim?
Segurei um friso de sorriso que queria sair e me virei para meu quarto.
Eu poderia até inventar uma linda e disfarçada desculpa para não jantar, mas minha mãe não aceitaria e me forçaria a jantar com a visita. passou a maior parte do jantar em silêncio me olhando, mantive minha face abaixada. Para meu pai estava tudo normal, mas notei que minha mãe percebeu uma leve tensão entre eu e ele. Minutos depois que foi embora, entrei em meu quarto e me joguei na cama, minha mãe entrou logo atrás e se sentou ao meu lado.
— Pode fazer cena para seu pai, mas para mim não.
— Não sei do que está falando. — eu a olhei.
— . — assim como sua face preocupada, sua voz estava séria.
— Eu não quero me apaixonar por ele, omma. — segurei as lágrimas no canto dos olhos.
— Por que está dizendo isso querida? — ela suavizou a face.
— Porque ele não me pediu para entrar, invadiu meu coração sem medo e agora não quer sair. — a primeira lágrima rolou na minha face — Não sei se quero mesmo gostar dele.
— Mas está gostando?
— Acho que estou, mas não quero. — desabei a chorar — Não quero gostar dele.
— Oh, querida. — ela me abraçou com carinho mexeu de leve em meus cabelos — Às vezes não mandamos no coração.
-
Passei todo o caminho de volta para casa pensando nela e em como ela sorria quando estava ao lado do seu amiguinho. Não acreditava que depois de duas semanas tentando reprimir meus sentimentos, ainda permanecia com ciúmes de .
O feitiço estava virando contra o feiticeiro, pela primeira vez me sentia vulnerável ao meu coração, ao amor. A novata estrangeira iria saber o que sinto, nem que para isso eu tivesse que me declarar para todo o colégio ouvir.
— Yah, o que está acontecendo com você ? — me perguntei um um sussurro ao entrar no meu quarto trancando a porta — Não acredito que uma garota tão diferente está mesmo mexendo assim comigo.
Fui para o banheiro tirei a roupa e tomei uma ducha fria, tinha que manter o foco, quando me dei conta algumas lágrimas começaram a rolar junto com as gotas de água do chuveiro, soquei a parede tentando aliviar meu estresse. Voltei para o quarto vestido somente com a calça do pijama e deitei na cama, apesar do meu corpo estar totalmente dolorido por causa do treino, eu não me importava, pois a dor maior estava no meu coração.
Minhas próximas ações seriam definitivas para fazer ela gostar de mim, e desta vez eu não iria desistir dela.
“Eu que era egoísta e só sabia de mim mesmo
Eu que era negligente e desconhecia os seus sentimentos
Eu não consigo acreditar que eu tenha mudado assim
O seu amor continua mexendo comigo assim.”
- Miracles in December / EXO
16. Boy In Luv
“Porque é isso que eu estou implorando, baby.
Eu posso ser o único cara que estará de mãos dadas com você?
O mais importante para mim é você.
Eu tenho medo de que você vá embora.
Eu não deixaria você ir, como eu posso manter-te aqui?”
- All My heart / Super Junior
Me encontrei com na tarde de sábado, fomos até a casa dele para conversar com seu pai, passamos umas duas horas aprendendo sobre planejamentos versus custos, a maioria das anotações que eu tinha estavam no meu bloco de notas em casa. Então tive a ideia de convidar para ir até minha casa e caso ficasse meio tarde ele jantaria com minha família e eu.
Entramos no apartamento entre risos até que olhei para e sua face ficou séria, senti um frio na espinha e virei minha face, estava sentado no sofá nos olhando. Tentei disfarçar, porém estava boquiaberta com a tranquilidade dele, ele se levantou com um sorriso meio cínico de canto.
— Posso entender a sua presença aqui? — perguntei.
— Falta duas semanas para o baile e vim te ajudar nos preparativos.
— Ela não precisa da sua ajuda, já estou ajudando ela.
— Precisando ou não, com ou sem você, sou o responsável por tudo que envolve o time de basquete, então minha presença é indispensável. — ele retrucou olhando diretamente para mim.
— Bem, três cabeças pensam melhor que duas. — respirei fundo tentando contornar a situação.
— Depende da cabeça. — comentou .
— Está insinuando alguma coisa? — fitou seu olhar nele, parecia com raiva.
— Ok, vocês dois sentem aí no sofá, que eu vou buscar minhas anotações. — eu olhei para cada um deles como se quisesse falar para tentarem não se matar na minha ausência.
Para minha felicidade eles ficaram silenciosos até meu retorno, me sentei no meio deles e começamos a discutir no bom sentido todos os detalhes, desde a decoração e alimentos, até a playlist que tocaria no dia. Nosso maior desafio seria conseguir fazer algo legal com a pequena verba que a escola havia disponibilizado, então deu a ideia de pedirmos ajuda financeira dos alunos, mesmo que pouca nos daria oportunidade de realizar algo mais elaborado e completo.
— Ok, e supondo que concordamos com sua ideia, como iremos pedir dinheiro aos alunos?
— E o que garante que terão dinheiro para nos dar? Somos colegiais. — disse de forma racional.
— Simples, todos os treinos do time são fechado e muitos alunos sempre pediram para ver, podemos promover um treino beneficente e vender ingressos vips para os alunos que quiserem ver, não só os alunos, mas também pais e familiares.
— E isso vai funcionar? — perguntei desacreditada — O treinador vai querer matar a gente.
— Claro que vai funcionar, principalmente com as garotas. — piscou maliciosamente para mim, me fazendo respirar fundo — E deixa que do treinador, cuido eu.
— Se você diz. — deu de ombros, desviando seu olhar para as folhas que estavam em cima da mesa de centro.
— Então vamos promover esse treino especial para o próximo sábado, assim dá tempo dos alunos comparem o ingresso até na sexta. — finalizei o assunto anotando alguns detalhes no meu bloco de notas.
Eles assentiram sem problema.
Minha mãe se empolgou um pouco nos preparativos do jantar, comemos tranquilamente e ambos foram no mesmo momento para casa. Minha mãe preferiu não me fazer mais perguntas sobre meus sentimentos por , mas me pediu para não tentar esquecer ele envolvendo uma terceira pessoa, pois eu faria mais duas pessoas sofrerem além de mim.
Acordei pela manhã não acreditando no quanto tinha dormido bem naquela noite, eu e minha família passamos o dia no parque fazendo piquenique, um momento divertido e saudável que fazíamos com frequência. Que para minha surpresa, me rendeu a oportunidade de esbarrar em , Sunny e sua mãe, também se divertindo naquele dia ensolarado.
— Surpreendente vê-los aqui. — comentei ao nos afastarmos um pouco da nossa família.
— Meu pai está viajando, sempre isso acontece aproveitamos para passar mais tempo juntos. — explicou ele mantendo seu olhar para frente.
— Hum…
— Eu conversei com o treinador pelo celular. — disse ele.
— E o que ele disse?
— Concordou, desde que não usássemos nenhuma jogada secreta nos treinos. — ele sorriu de canto — E disse que conseguiria a autorização.
— Quem diz não para o capitão do time?! — brinquei.
— A garota que está ao meu lado. — respondeu ele de forma serena.
Suspirei fraco.
— … — eu sussurrei, parando.
— O que? — ele me olhou atento a mim.
— O que deu em você? Primeiro diz que vai se afastar de mim e passa duas semanas fingindo não me conhecer, e agora… — olhei para o lado me calado, conseguia ver a emoção fluir forte em mim — Eu realmente não consigo te entender.
— Acredite, eu realmente tentei fingir que você era somente alguém normal, mas não consegui. — seu olhar sincero, tentava esconder uma ponta de tristeza — Me perdoe por ter feito o pior pedido da minha vida.
— Pabo. — me afastei dele, seguindo em direção aos meus pais.
tinha umas variações de humor que me deixava estática, não sabia se era consequência da sua relação conturbada com o pai, ou se ele era tão desnorteado quanto eu em relação a entender seus sentimentos.
Na semana que seguiu eu, e focamos na divulgação do treino especial.
Até quarta-feira nenhum aluno demonstrou interesse, porém na quinta-feira após a aula, uma fila se formou na porta da minha sala de aula para a compra os ingressos vips. me ajudou organizando a fila, enquanto eu ia arrecadando o dinheiro e passando os ingressos, e menos de vinte minutos todos que tínhamos feito numa estimativa de lugares na quadra havia sido vendidos e ainda tinha pessoas querendo comprar.
Então teve a ideia que abrir um segundo dia de treino especial no domingo, assim poderíamos arrecadar ainda mais, e em menos de dez minutos a mesma quantia de ingressos se esgotaram, o louco é que até os professores compraram.
O treinador não havia gostado muito da ideia, pois os jogadores poderiam revelar seus movimentos, mas assentiu sem muito esforço, após se comprometer em fazer o teste para o time na próxima semana. Assim se ele entrasse, seria nosso elemento surpresa, já que seus arremessos eram tão precisos quanto de e Mijun. A quantia levantada tinha sido razoável e ajudaria a muito em nosso orçamento, era hora de começar a comprar o que precisava e para isso tivemos a ajuda da ajumma Seohyun, mãe de .
Ela nos seus tempos de escola também tinha sido ajudante no time de basquete e sabia de várias lojas que poderia fazer preços bons e com qualidade nos produtos fornecidos.
— Obrigado ajumma, por nos deixar guardar tudo aqui. — disse assim que empilhamos as poucas caixas na garagem da casa da mãe de .
— Não precisa agradecer. — ela sorriu com gentileza — É um prazer poder ajuda-la.
— Com isso acabamos por hoje, agora só esperar para poder fazer a decoração na quadra. — disse .
— Eu vou indo então. — guardou o celular que estava em sua mão no bolso.
— Eu vou com você. — disse ao pegar minha mochila.
— Oh não, eu preparei um lanche para vocês. — ajumma nos olhou de forma carinhosa, que não tinha como resistir.
Assentimos e nos acomodamos na sala, enquanto ela trazia a bandeja de bolo e suco, com a ajuda de .
— Mas confesso que fiquei surpresa por ter sido você este ano. — disse ajumma ao colocar a bandeja em cima da mesa de centro — Geralmente é a Taeyeong que organiza as festas da escola.
— A é?! — olhei para .
— A é a auxiliar do clube de basquete, o próprio treinador pediu para ela. — explicou o capitão demonstrando felicidade pelo fato.
— Pois é, não tive como dizer não. — conclui — Mas pelo menos arrumei dois ajudantes, então estou no lucro.
— oppa é seu namorado? — perguntou Sunny aleatoriamente.
— Não. — dissemos eu, e em coral.
Então nos olhamos meu constrangidos.
— Sunny, de onde tirou isso?! — repreendeu-a, a ajumma.
— Desculpa. — Sunny abaixou o olhar de forma tímida.
— Está tudo bem. — sorri de leve e segurei em sua mão — e eu somos apenas amigos, bons amigos.
— Sim. — confirmou .
— Então você pode namorar o oppa. — disse ela com empolgação.
— Sunny?! — ajumma a repreendeu novamente.
Neste momento, nenhum de nós três teve ação, todos estáticos.
- x -
— Ok, todos com o ingressos para este primeiro dia façam uma fila única e organizada. — disse na porta da quadra.
— Obrigada por ter vindo, estava com medo de não conseguir sozinha. — eu sorri de leve em agradecimento.
— Amigos são para isso. — sorriu de volta — Pode entrar que eu cuido da entrada.
Eu assenti com a face e entrei, a quadra já estava organizada somente esperando as pessoas se acomodarem para ver o treino. Assim que todos assentaram eu chamei o time e os reservas que estavam no vestiário, seria o mesmo treino de todos os dias, porém alguns passes secretos seriam omitidos, pois poderia ter rivais de outros times disfarçados de alunos. Foram os quarenta minutos mais demorados e acelerados que já vi de um treino deles, no final todos estavam caídos no chão da quadra pedindo água, até me ajudou a entregar as garrafas.
— Então, não vai dizer nada? — me olhou meio presunçoso.
— Parabéns, funcionou. — eu virei de costas e ele pegou em minha mão — O que foi agora?
— Não precisa ser tão agressiva assim. — ele sorriu de canto — Obrigado por me dar sorte até nos treinos. — ele piscou de leve e saiu andando em direção aos membros da Prince Line.
— Disponha. — sussurrei respirando fundo sem saber como reagir aquela piscada.
— Está tudo bem? — se aproximou.
— Sim, até que a ideia dele deu certo.
— É, só não contava comigo tendo que fazer o teste para entrar no time.
— Obrigada mais uma vez por nos ajudar a convencer o treinador.
— Amigos são para isso. — ele sorriu.
O treino do domingo foi o mesmo sucesso e divertimento da plateia, e realmente como disse a maioria eram garotas que insistiam em gritar a cada cesta feita por ele. Uma semana para o baile e eu estava ainda comprando algumas últimas coisas para a decoração, já tinha acertado todo a parte de alimentos com a ajumma do refeitório, que foi um amor de pessoa em se oferecer para ajudar em minha tarefa.
Outro jogo realizado na quinta-feira, e com algumas dificuldades à parte, pois MiJun em uma trombada com o membro do time adversário caiu e torceu o tornozelo, nosso time venceu por 70x47. Sexta após a aula, convoquei todos do clube de basquete para me ajudar com a decoração da quadra, eu havia preparado algo bem clássico porém de impacto, como pedia meu tema escolhido: 007.
— Uma pena não termos comemorado a vitória. — reclamou Ha Ri enquanto segurava um balão branco na mão direita o balançando.
— Comemoraremos no baile. — Junhae sorriu de leve para ela.
— O que importa é terminarmos a decoração da quadra a tempo para o baile amanhã. — MinSoo subiu na escada que estava escorada na cesta de pontos.
— Então ajudante, está como imaginou? — perguntou Yejin sentando no chão ao lado de Hwang.
— Hum?! — eu que estava com a cabeça baixa olhando meu bloco, levantei e olhei a quadra — Melhor do que imaginei.
Deixamos os balões todos monocromáticos, enfeitando o lugar junto com algumas fitas soltas prateadas. As duas mesas que ficariam com as comidas foram colocadas cada uma em lados opostos debaixo das cestas, todo o equipamento de som ficaria na sala do treinador com as caixas de som nos quatro cantos da quadra e uma pista de dança bem no centro. Enfim estava tudo no seu lugar em tempo record. Os outros foram embora, e eu fiquei ajeitando os últimos detalhes na sala do treinador, quando ouvi uma pequena discussão vinda da quadra.
— Ninguém pediu sua ajuda aqui, você nem é do time. — disse com seus punhos já fechados.
— Não estou aqui por causa desse time, estou aqui pela . — o olhou diretamente — Somos amigos e amigos se ajudam.
— Amigos? — deu um riso sarcástico — Não acho que seja isso.
— Yah! — eu gritei indo em direção a eles — Não podem nem um minuto trabalharem juntos e em paz? Se não for para ser assim e me ajudarem direito, prefiro fazer isso sozinha.
Eles assentiram em silêncio com a face, mesmo contrariados.
Respirei fundo e voltei para a sala do treinador para pegar minha mochila, voltamos para casa em silêncio, ambos me deixaram na portaria do meu prédio e depois seguiram lados opostos. Eu estava exausta com toda aquela correria dividida em estudos, treinos e preparativos do baile, mas no final tudo daria certo e eu ficaria em casa descansando. Minha mãe não estava satisfeita com minha decisão de não ir ao baile, mas não iria insistir ou me obrigar a ir, já que a escolha era minha.
Meu sábado foi tranquilo e cheio de maratona de séries na netflix, somente isso para me fazer esquecer que não, me impedir de chorar ou me arrepender por não ir. Passei o dia trancada no quarto jogada na cama com meu tablet e minhas séries atrasadas, era tudo que eu precisava para ocupar minha mente e minha noite também, foi quando ouvi minha mãe me chamando da sala.
-
Enfim era o dia do baile, eu não tinha muito jeito para vestir roupas formais, quando me olhei no espelho levei um susto com minha falta de conhecimento no assunto, eu estava um tanto desengonçado de mais. Bufei um pouco decepcionado comigo mesmo, até que ouvi uma risada feminina vindo da porta do quarto, me virei, era uma das amigas do meu pai.
— Me desculpe, não pude evitar, seu pai me disse que estava se arrumando para o baile da escola e fiquei curiosa para ver como os jovens de hoje se vestem. — ela segurou um pouco o riso.
— Pode ter certeza que não é desta forma. — desviei meu olhar para o chão ainda chateado.
— Eu posso te ajudar? — ela deu um passo entrando no quarto.
— Acho que pior não fica. — eu sempre tentei tratar as amigas do meu pai bem, pelo menos elas não tinham culpa do meu rancor por ele e não mereciam pagar por isso, mas não conseguia ser tão gentil assim.
— Bem, vamos ver o que tem aqui. — ela caminhou até meu guarda-roupa e abriu olhando o que tinha lá — Hum, você tem um estilo bem esportivo, onde achou isso que está vestindo?
— Um amigo me emprestou. — respondi meio sem jeito — O tema do baile é 007.
— Acho que pode ficar no estilo com o que tem aqui no armário. — ela pegou algumas peças e me deu para que eu vestisse.
Mesmo com receio peguei os cabides e fui para o banheiro, quando voltei ela já estava com um all star branco meu na mão me mandando calçar, quando me olhei no espelho parecia mais eu. Da cabeça aos pés, aquela calça jeans preta com o paletó preto e a camisa de dentro branca estavam combinando com o all star branco que ela tinha me dado.
— Hum, obrigado. — me curvei de leve em respeito e gratidão.
— Agora sim, está mais bonito do que já é, espero que aproveite a o baile com sua namorada.
— Vou sim, mais uma vez obrigado.
Aquela ajumma havia sido legal de verdade e estava grato por ter me ajudado, peguei minha carteira e coloquei no bolso, antes de sair meu pai se aproximou de mim e me deu as chaves do carro dele, fiquei impressionado com aquele gesto, agradeci me curvando e saí. Antes de chegar no baile, tinha que passar em um lugar importante, pois estava me sentindo um pouco incompleto naquela noite. Estacionei o carro em frente ao edifício em que mais frequentava e toquei na porta, assim que a ajumma abriu entrei cumprimentando, ela já estava entendendo minha presença naquela noite e não precisou que eu dissesse uma palavra para ela logo gritar.
— !!!
— Me chamou… — ela paralisou do corredor mesmo ao me ver — .
— Vim te buscar. — eu sorri de canto maliciosamente — E você está atrasada.
— Mas eu disse que não iria. — ela num tom baixo quase sussurro.
— Como assim não vai, o menino veio aqui te buscar. — reforçou sua mãe.
— Te dou dez minutos para se arrumar. — intimei me sentando no sofá.
— Ela estará pronta em nove. — sua mãe sorriu de leve e a puxou para dentro do quarto.
Parecia mesmo um desafio aceito pela ajumma, nove minutos depois apareceu na sala, eu me levantei a olhando de cima para baixo, estava mais linda ainda com aquele vestido azul marinho tomara que caia um pouco rodado. Eu não era de reparar em roupas femininas, mas aquele vestido parecia ter sido feito sob encomenda para ela, senti meu coração acelerar na hora.
— Eu prometo não trazê-la muito tarde ajumma e ajusshi. — me curvei em respeito a eles e segurei na mão dela.
— Assim espero. — disse o pai dela escondendo o sorriso.
— Espero que se divirtam. — ajumma estava com um sorriso alegre e um brilho nos olhos.
estava sem palavras por eu ter feito aqui, mas naquela noite só estava começando e eu iria mostrar para todos que o coração dela possivelmente era meu, pois o meu já pertencia a ela.
“Porque eu me importo tanto com você?
Você me faz agir como uma criança,
Mas eu vou mudar as coisas, iremos de relação para relacionamento."
- Boy In Luv / BTS
17. My Answer
“Quanto mais te vejo, mais fico feliz,
Às vezes até me pego cantarolando,
Repentinamente quero comprar uma rosa,
Este lado de mim nem mesmo eu conhecia.”
- Stand By Me / SHINee
Meu coração me manteve acelerado todo o caminho até o colégio, porém ao entrarmos juntos na quadra ele parou de vez, meus olhos percorreram todo o lugar e todos nos olhavam, até que avistei com Yuri conversando com os membros do clube de leitura. Até aquele momento ele não tinha me visto, mas em um movimento involuntário olhou para a direção onde eu estava, ele logo desviou novamente para Yuri. Não sabia se podia ou não me sentir mal por ele, mas antes tinha que fazer meu coração voltar a bater novamente, ou pelo menos sentir ele batendo direito.
— Yah, finalmente chegaram. — comentou Hwang de mãos dadas a Yejin.
— Estávamos programando uma entrada triunfal. — me olhou com malícia.
— Bobo. — sussurrei tentando soltar minha mão da dele, porém sem sucesso.
— Pensei que não viria ajudante. — Taeyeong se aproximou de nós com seu par, um garoto que era membro reserva do time.
— Eu também. — concordei num tom baixo.
— Vamos dançar, olha a pista toda vazia. — MinSoo pegou na mão de Sooyong a levando para a pista de dança.
— Ele tem razão, Prince Line tem a missão de eternizar esse baile. — Junhae riu pegando Ha Ri pela mão e levando ela também.
Os outros membros da Prince Line também foram com suas acompanhantes. ficou me olhando por um tempo até que soltou minha mão e pegou na mão de Taeyeong e a levou para a pista. Aquilo me deixou boquiaberta e sem reação. Já imaginava que ele faria algo para me deixar irritada, respirei fundo e caminhei até a mesa de guloseimas que estava no fundo da quadra, fiquei olhando para a parte dos doces tentava me decidir qual pegaria primeira, porém meus pensamentos estava em outra parte daquela quadra.
— Indecisa? — perguntou ao se aproximar de mim.
— Hum?! Ah, um pouco. — eu sorri de leve — Estou feliz que tenha convidado Yuri.
— Ah, acho que estava meio certa, Yuri me deu uma carta de declaração ontem. — ele estava um pouco envergonhado — Na verdade, foi ela quem me convidou.
— Sério? — por aquela eu não esperava.
— Sim, ainda não consegui absorver tudo que ela escreveu na carta. — afirmou.
— Ela parece ser uma garota legal e interessante. — reforcei.
Como minha mãe havia me aconselhado, não iria usar para afastar de mim, por mais que essa ideia fosse tentadora.
— Mas, surpreendente é você aqui, disse que não viria. — comentou meu amigo.
— É, está sendo até para mim, foi me buscar e não tive como dizer não. — desviei meu olhar para mesa e peguei um doce no formato de estrela que estava lá — Minha mãe me arrastou para o quarto e me fez trocar de roupa.
— Imagino, sua mãe é bem animada.
— Sim, um dos motivos de eu ter vindo.
— Pelo menos hoje terá a chance de saber como é o baile de colegial.
— Verdade. — eu ri de leve e olhei para o lado, Yuri estava se aproximando de nós.
— Oppa. — ela me olhou meio tímida — Annyeonghaseyo.
— Oi. — suspirei meio fraco, pois já percebia que Yuri tinha ciúmes da minha amizade com .
— Estava te procurando oppa. — disse ela ao olhar para ele.
— Agora me encontrou. — ele a olhou como aqueles crushs de dorama olham para as protagonistas — Estava conversando com a .
era mesmo um cavalheiro. Ele deu um sorriso tímido para ela, fazendo seus olhos brilharem um pouco, ambos formavam um casal bonito e fofo. Eu me afastei um pouco deles indo para a outra ponta da mesa.
— Ora ora, nossa ajudante veio. — disse ao se aproximar de mim.
— O que faz aqui? me disse que não viria.
— Também achei que não viria. — ele retrucou.
— Vim, pois não tive escolhas. — respondi.
— Eu vi pois queria ver se meu primo realmente te traria. — ele riu — Você já deve ter percebido que meu primo sente algo por você.
— Não sei do que está falando. — desconversei desviando o olhar para a direção de onde estava a cabine do dj.
— Sabe sim. — ele riu — Tem uma coisa sobre meu primo que você não sabe.
— O que?
— Quanto mais ele gosta de alguém, mais ele tenta afastar essa pessoa. — respondeu — Ele tem medo de magoar as pessoas como o pai dele.
— não é o Dongho. — retruquei.
— Diz isso pra ele. — sorriu de canto e apontou para seu primo que vinha em nossa direção — Diga isso e confesse o que sente a ele.
Eu não queria concordar ou discordar de , mas parecia que ele conhecia tanto eu como melhor que nós mesmo. Eu já havia provado do afastamento dele, mas não sabia que o motivo pudesse ser… Será que ele realmente gostava de mim?
— Ah, aqui está você. — chegou e segurou em minha mão — Espero que não esteja implicando com minha acompanhante. — ele se virou para o primo.
— Yah, quem pensa que eu sou? Eu gosto da minha futura cunhadinha. — brincou ele.
— ?! — o repreendi.
— Ele não está tão errado assim. — sorriu de canto.
— ?! — o olhei.
— Hum, acho que está na hora da nossa dança. — ele segurou o riso e me olhou com intensidade.
— Dança? Ah, não, você não vai mudar de assunto e me arrastar para dançar em público. — eu me encolhi toda.
— Não mudando de assunto, só estou dando uma pausa. — ele sorriu de canto — Prometi sua mãe que iria se divertir hoje. — ele começou a me puxar para direção da pista.
— , vem você e a Yuri também. — eu o olhei para meu amigo que estava perto, como um pedido de ajuda para não passar vergonha sozinha — Juseyo21. — gritei.
Ele assentiu rindo e segurando na mão de Yuri e nos seguiu. Propositalmente ficamos no centro da pista, eu não era muito de me soltar em público e nunca havia ido a um baile em nenhum aspecto. E quando não dá pra “melhorar” a situação, de pura agitação, colocaram uma música mais lenta, tentei fugir daquilo, mas me pegou pela cintura e aproximou nossos corpos, tentei não encará-lo para não piorar ainda mais meu estado interior, pernas meio bambas e coração acelerado. A cada respiração mais funda me deparava com o aroma do seu perfume que estava ali para me enfeitiçar ainda mais. Bem ao final da música e aos olhos de metade da quadra, me beijou, segurei forte no paletó dele, a primeiro momento só queria empurrá-lo para longe, mas não deu muito certo e me agarrei ainda mais.
Ficamos parados no meio da pista nos olhando, enquanto todos nos olhavam e cochichavam entre si, eu desviei meus olhos para que estava atrás de nós por um momento, vi um pouco de preocupação no se olhar. Não conseguia distinguir se era aquilo ou não que eu esperava deste baile. Me afastei de e saí andando entre as pessoas até chegar na saída da quadra, muitos pensamento invadiram minha cabeça e estava confusa com meus sentimentos, ou pelo menos não queria admitir que todos estavam voltados para .
Me afastei o máximo que pude da escola, não queria voltar para casa pois teria que explicar por que havia me adiantado no horário, então fiquei vagando pelas ruas até que que me sentei no ponto de ônibus qualquer. Fiquei ali, ao som de alguns carros passando pela rua, mantendo meu olhar no chão absorvendo tudo que tinha acontecido naquela noite. Estava feliz por ter finalmente se rendido aos sentimentos de Yuri, feliz por todos estarem se divertindo com o baile que eu organizei. Apesar de eu estar em plena confusão.
— Espero que não tenha sido pelo beijo. — disse a voz que fazia meu coração acelerar.
— Você. — eu o olhei me levantando — O que está fazendo aqui?
— Por que faz perguntas que sabe a resposta. — ele sorriu de canto.
— Pode ir embora, não quero sua companhia. — me virei de costas.
— Não me importo com suas palavras. — ele segurou em meu braço me virando para ele — Seus olhos dizem outra coisa, não vou mais deixar que essas palavras sejam pronunciadas novamente.
— Do que está falando? — perguntei um pouco assustada.
— A partir de hoje não irei mais esconder meus sentimentos por você…
— , pare de brincar comigo. — o interrompi.
— Não estou brincando. — ele segurou em minha mão — Eu amo você, e não importa o que diga, eu sei que seu coração também bate por mim.
Ele me beijou novamente, era doce e suave com aquele toque de malícia que me fazia sentir um frio na barriga, depois do beijo me aninhei nos braços dele. Não acreditava que ele tinha conseguido, meu coração batia mesmo por ele mesmo com todas aquelas coisas que ele tinha feito para mim.
—Yah. — eu me afastei dele — Com que direito diz estas palavras para mim?
— Sinto por não tê-las dito antes. — ele acariciou meus cabelos — Quero te perguntar uma coisa.
— O que?! — o olhei.
— Acho que não preciso te perguntar, seu olhar para mim já responde. — ele sorriu tranquilamente e segurou em minha mão.
— O que você quer perguntar?! Diga logo.
— Quer ser minha namorada? — direto e preciso.
Eu não sabia o que responder, mas certamente meus olhos já estavam respondendo por mim.
— Viu, seus olhos já responderam.
— E como sabe que é positiva a resposta?
— Porque eles estão brilhando. — ele sorriu mantendo sua mão segurando a minha — Ainda temos tempo e certamente você não quer voltar para o baile.
— Não, não quero. Aonde vamos agora?
Ele me guiou até onde tinha estacionado seu carro e deu a partida, fomos até a casa da sua mãe. Ajumma Seohyun me recebeu gentilmente com um sorriso e a face surpresa por estarmos lá àquela hora da noite. Enquanto subiu para o quarto de Sunny para consertar algum brinquedo dela que havia quebrado, eu fiquei na cozinha com a ajumma a ajudando a arrumar a mesa, ela havia feito um bolo caseiro de milho, receita que aprendeu misteriosamente com minha mãe.
— Poderia por favor colocar os pratos na mesa para mim querida?
— Sim ajumma. — eu peguei os pratos que estavam no escorredor e secando acomodei na mesa — Não sabia que conhecia minha mãe com tanta intimidade.
— Ah, sim. — ela riu de leve — Conheci ela pouco depois que me casei com o pai de , nos tornamos amigas facilmente, sua mãe é muito simpática e adorável, herdou muita qualidade dela.
— Obrigada. — eu sorri sem jeito.
— E como foi o baile? — ela colocou a travessa de vidro com o bolo em cima da mesa — Não me surpreendeu o fato de ter te levado, vocês ficam bem juntos.
— Ah, eu não iria ao baile hoje, nem sei por que ele foi me buscar.
— Se ele te convidou, com certeza vocês iriam juntos. — ela me olhou — Apesar de não terem começado de uma forma suave, tenho certeza que são verdadeiros os sentimentos dele por você.
— Por que está me dizendo isso?
— Porque vejo nos seus olhos que ainda tem medo de tudo isso. — ela suspirou — tem algumas características que me faz lembrar seu pai quando estávamos no colegial, mas também tem muitas qualidades que o pai não tem.
— Como o pai dele te conquistou?
— Não gosto muito de falar sobre isso, foi um passado bom e ruim ao mesmo tempo, o pai de tem o dobro do gênio dele. — ela riu de leve e suspirou como se estivesse se lembrando do passado — Apesar de tudo, foram bons tempos.
— Voltamos. — disse acompanhado de Sunny.
— E qual o estado do brinquedo? — perguntou ajumma.
— Vai sobreviver, era a pilha que estava fraca demais. — ele riu olhando para a irmã — Nada dura para sempre Sunny.
— O que importa é que meu ursinho vai viver. — ela sorriu espontaneamente.
Após comermos eu e nos oferecemos para lavar os pratos e os copos, enquanto eu secava tudo meio distraída ele se aproveitou jogando um pouco de água em mim, eu cheguei perto dele e joguei água de volta, brincamos um pouco até percebermos que o chão da cozinha estava molhado e escorregadio. fechou a torneira e foi buscar o rodo e um pano para secar tudo, quando estava voltando ele fingiu se desequilibrar e quando eu fui ajudá-lo inocentemente ele me derrubou me fazendo cair, ele caiu em cima de mim rindo da minha cara.
— Yah, assim não vale, agora meu vestido está todo molhado. — reclamei batendo no seu ombro.
— Continua linda, toda molhada. — ele riu ainda mais.
Ficamos nos olhando por um tempo, quando ele se aproximou um pouco mais para me beijar.
— Uau, o que aconteceu aqui? —perguntou ajumma aparecendo da porta.
— Tivemos um problema de percurso omma. — ele se levantou me ajudando a levantar também.
— Vão se trocar antes que fiquei resfriados, pode pegar uma roupa minha. — ela pegou o rodo que estava no chão — Eu vou limpar essa bagunça.
— Me desculpe por isso ajumma. — eu me curvei de leve.
— Não se preocupe, agora vai se trocar.
pegou em minha mão segurando ainda mais o riso e me levou para o quarto da sua mãe. Ele me deu uma toalha seca antes de sair e me aconselhou a tomar um banho quente, assim iria prevenir ainda mais de pegar uma doença, assenti ao pegar a toalha de sua mão, e fechei a porta do quarto.
-
Tomei uma ducha quente e coloquei roupas confortáveis que pudesse me manter aquecido, assim que saí do quarto também abriu a porta do quarto da minha mãe, ficamos nos olhando por um tempo, até que ela ficava atraente vestindo o casaco de moletom da omma. Sunny apareceu subindo as escadas enquanto cantarolava não sei que música.
— Oppa, unnie, começou a chover.
— O que? — se assustou — Como vou voltar para casa?
— Não vai. — minha mãe apareceu atrás de Sunny — Liguei para seus pais dizendo que estava aqui e eles assentiram passar a noite aqui, sair nessa chuva mesmo de carro é perigoso, amanhã cedo você volta para casa.
assentiu com a face, segurei minha cara de satisfação e meu sorriso malicioso, era interessante ter ela ali mesmo que não acontecesse nada naquela noite. Descemos para a sala de tv e ficamos vendo filmes, não demorou muito até que omma sentisse sono e subisse para seu quarto, porém antes de se deitar omma arrumou a cama de Sunny para , e minha irmãzinha dormiria com ela.
Eu não estava com sono e fiquei vendo um filme atrás do outro, quando me dei conta e olhei para o lado, estava com sua face apoiada em meu ombro adormecida. Eu a peguei no colo e levei para o quarto de Sunny, coloquei na cama a cobrindo de leve para não acordá-la. Assim que cheguei perto da porta ela se remexeu na cama, apaguei a luz e abri a porta.
— Boa noite. — sussurrou ela de forma inocente.
Eu ri baixo, ela estava acordada aquele tempo todo fingindo. Entrei o meu quarto e me joguei na cama, seria complicado conseguir dormir, ainda mais sabendo que ela estava a um quarto de distância.
“A resposta é você
Minha resposta é você
Eu já abri o meu coração para você há muito tempo
Você é tudo para mim, esse é o meu jeito de confirmar.”
- My Answer / EXO
Dicionário Coreano:
21. Juseyo: por favor
18. Promise
“Épocas quentes, quando você abriu meus olhos,
Toda a minha vida, eu só preciso de você,
E eu preciso reconhecer,
Que mesmo se você disser que não me quer ou me fizer sofrer,
Você vai ser a única pessoa pra mim.”
- Hot times / SM The ballad
Na manhã seguinte após o café da manhã, me levou para casa, antes de entrar ele me deu um cordão com um anel, segundo ele aquele anel representava o seu coração. Era fofo, mas me mantive séria e desacreditada, por mais que ele soubesse que eu gostava dele, era divertido também não demonstrar assim o tempo todo. Quando cheguei em casa minha mãe estava em uma curiosidade fora do normal para saber como tinha sido o baile e em qual momento paramos na casa da mãe dele.
— Yah , deixe de ser sem graça e conte a sua mãe o que aconteceu. — reclamou ela andando atrás de mim pelo apartamento.
— Omma, não aconteceu nada de mais. — eu virei para ela.
— Esse brilho nos seus olhos não é nada de mais. — ela colocou a mão na cintura — Não acredito que não me considere sua melhor amiga para me contar essas coisas.
Minha mãe conseguia ser mais dramática que eu quando queria.
— Omma, não pense assim, somos amigas, mas…
— Mas sua mãe não merece saber como foi seu primeiro baile.
— Merece sim. — eu abri a porta do meu quarto e segurando em sua mão a puxei para dentro.
— Quero que me conte tudo. — ela se sentou na minha cama com olhos brilhando — O que aconteceu entre você e o ? Como foi parar na casa da mãe dele?
— Calma mãe, uma coisa de cada vez.
— O baile foi bom, tudo saiu bem graças a Deus. — respondi — Todos se divertiram bastante.
— E o ?!
— Ele… — estava com certa vergonha de contar.
— Vocês dois se beijaram? — minha mãe parecia ainda mais empolgada do que eu.
Assenti não dando muitos detalhes, era meio vergonhoso falar sobre isso com ela, principalmente por ser minha primeira vez namorando. Ela parecia animada em ter sua filha namorando, descuidadamente meu pai ouviu essa parte da conversa. Fiquei com medo dele não aceitar, mas como se tratava do filho de seu melhor amigo, meu pai demonstrou satisfação de imediato.
Passei o dia ajudando minha mãe a faxinar o apartamento, enquanto planejamos nossa viagem de férias de verão que teríamos em Okinawa no Japão, visitaríamos nossos avós paternos que moravam lá agora.
— Preciso me lembrar de comprar um vaso para sua avó. — disse omma ao terminar de limpar o banheiro.
— Ela ainda reluta em te aceitar omma?
— Sim… Mas finjo não perceber para não chatear seu pai. — respondeu ela meio triste — Ele já brigou muito com sua família por minha causa.
— É tão bonito o amor de vocês mesmo de culturas diferentes, conseguiram superar todos os desafios. — sorri de leve.
— Tenho certeza que você e também irão superar. — ela sorriu de volta — Eu percebi o olhar sincero dele por você Pandinha.
— Mesmo sabendo que ele me ama, e que eu sinto o mesmo por ele, ainda tenho receios e preocupações.
— Com o que?
— , o primo dele…
— O menino da carta falsa?
— Ele mesmo…
Era incrível, que por mais que eu tivesse certa vergonha de contar as coisas para minha mãe, eu sempre acabava me desabafando com ela e com Lira no Brasil, ambas eram minhas confidentes melhores amigas.
— Ele me disse no baile que sempre afastava as pessoas que ele mais amava, por medo de magoá-las. — confessei a ela — Isso me preocupa, ele já me afastou uma vez, e se…
— Não pense bobagens. — ela me interrompeu — Apenas viva um dia de cada vez e aproveite seu amor da juventude.
— Omma…
— É a primeira vez que você se apaixona Pandinha, é normal ficar com medo de se machucar, mas tenho certeza que vocês serão muito felizes.
— Komawo, omma. — eu a abracei.
Ela retribui o abraço.
— Agora, vamos continuar com o nosso plano de férias. — disse ela pegando o balde e o rodo para levar para a cozinha — Preciso pedir ao seu pai para comprar a camisa xadrez para seu avô, não me deixe esquecer.
— Não vou. — ri dela — Omma, onde está o Jini?
— Na casa de um amiguinho do prédio, ele pediu depois que terminou de arrumar as malas.
— Pra isso ele é rápido. — critiquei de leve.
— Deixe seu irmão, ele foi um bom aluno esse ano, e muito popular entre as menininhas da escola.
— Vai ser conquistador que nem o papai?! — brinquei.
— Conquistando a garota certa. — ela riu.
Como sempre seria divertido passar as férias na casa dos nossos avós, para minha surpresa desta vez sem meus pais, pois papai já tinha planos de uma viagem de casal com nossa mãe para a ilha de Jeju. O lado ruim desta viagem para o Japão, é que ficaria todo aquele tempo longe de , não acreditava que já estava acostumada a ter ele me irritando todos os dias. Se aquela era uma forma do meu namorado mostrar que gostava de mim, era uma forma estranha, mas divertida em certos momentos.
As semanas passaram e para nossa surpresa passou no teste e foi aceito pelo time, com a condição de ser o capitão após a formatura da Prince Line. O treinador ficou empolgado com isso e fez o comunicado de imediato a todos. Quem não gostou muito foi , que mesmo disfarçando seu ciúme de mim, sempre implicava com usando seu poder de capitão. Os outros membros do time gostaram da ideia, principalmente porque MiJun não estava recuperado da torção no seu tornozelo e iria jogar em seu lugar nos próximos jogos. Estar no clube de basquete estava mais divertido e engraçado, eu tinha meu melhor amigo presente e sempre parávamos para conversar e arrancar alguns olhares enciumados de para nós.
— Ainda não acredito que vocês dois estão namorando. — comentou ao se sentar ao meu lado na arquibancada.
— Nem eu. — ri de leve — Se me dissesse isso no meu primeiro dia de aula aqui, riria na sua cara.
— O que você viu naquele convencido? — perguntou.
— Não sei… Ele me irrita, sempre fico nervosa perto dele. — ri de novo — Mas, ao mesmo tempo, ele atrai minha atenção sem esforço.
— É difícil admitir, mas vocês ficam bem juntos.
— Assim como você e a Yuri. — eu o olhei — E por falar em Yuri… Quando vai pedir ela em namoro? Vai esperar ela fazer o pedido também?
— Não. — respondeu ele — Estou esperando pelo momento certo.
— Hum… Não deixe para a nossa formatura no ano que vem.
— Eu não vou deixar. — ele pegou a garrafinha de água em minha mão e tomou um gole.
Nós rimos.
— Yah, acabou os minutos de descanso. — disse ao olhar para nós.
— Já estava voltando. — o olhou tranquilamente.
— Quer água? — estiquei a outra garrafa que estava em minha mão para , que se aproximava de mim.
Segurei o riso.
— Komawo. — ele pegou a garrafa mantendo seu olhar em mim — Sobre o que conversavam?
— Está com ciúmes? é meu amigo.
— Eu sei que ele é seu amigo. — ele colocou a garrafinha ao meu lado.
— Você tem jogado bem.
— Está fugindo da minha pergunta.
— Você é meu namorado mas ainda temos nossa privacidade, eu não fico perguntando o que você conversa com os meninos no grupo de vocês no kakaotalk. — retruquei cruzando os braços.
— Você quer entrar lá? — ele sorriu com malícia.
— Claro que não, não quero ver a conversa de vocês. — fiz uma careta.
Ele riu.
— Quem você pensa que somos? Pervertidos? — manteve seu olhar sereno — Noventa por cento de nossas conversas se resume a games e basquete.
— E os outros 10?
— Falamos de nossas namoradas.
— Hum… — desviei meu olhar fingindo o não interesse — Começamos a namorar a pouco tempo, sobre o que falava antes?
— Eu sempre falei de você. — ele se aproximou e me deu um beijo na bochecha rapidamente, depois se afastou voltando pra quadra.
Meu coração acelerou com aquilo. Era fofo saber que sempre falava sobre mim. Eu me diverti um pouco mais com ele e disputando em quadra quem arremessa mais, estava na cara que minha amizade com era o ponto fraco dele, tirando essa pequena rivalidade entre eles, ambos tinham uma sincronia fora do comum quando jogavam juntos. Era estranho ver o como um aluno popular agora, e com algumas meninas se derretendo por ele. Não tinha ciúmes, mas não queria que ele ficasse com nenhuma garota interesseira, por isso resolvi me tornar amiga de Yuri e ajudá-lo a finalmente se declarar para ela também.
Isso ocasionou numa ideia genial, um encontro duplo de casais, dei a ideia de irmos assistir um filme de comédia romântica que estava em cartaz há alguns dias. ficou meio relutante a primeiro momento, mas logo o convenci a convidar Yuri pois seria sua chance de pedi-la em namoro. ficou entusiasmado com a ideia, pois eu havia contado que estava ajudando a descobrir seus sentimentos por Yuri.
— Uah, finalmente chegaram. — reclamou do nosso atraso.
— Pensamos que vocês duas tinha nos dado um bolo. — concordou já pegando em minha mão.
— Me desculpa, mas garotas precisam de tempo para ficarem prontas. — expliquei olhando para Yuri.
— Concordo. — ela olhou para mim rindo — Mas agora podemos entrar oppa, vocês já compraram os ingressos?
— Sim. — respondeu levantando a mão esquerda com os ingressos.
— Mas, não vamos comer nada? — reclamei — Quero pipoca.
— Eu também oppa. — Yuri o olhou de forma meiga.
— Eu compro as pipocas. — soltou minha mão de leve e foi até o balcão de alimentos.
voltou com dois baldes de pipoca e mais duas latas de coca, entramos rapidamente e nos acomodamos mais no fundo. e Yuri sentaram na poltrona da frente, eu queria que eles tivessem mais privacidade. O filme era legal e tinha partes engraçadas, os momentos mais românticos eram sempre interrompidos por algum beijo surpresa de . Aquilo me deixava com vergonha e sem jeito, mas era legal de qualquer forma, ao término do filme, saímos da sala e entramos em um fliperama que tinha dentro do shopping, aquele parecia o momento dos garotos.
— Parece que eles se esqueceram de nós Yuri. — comentei vendo eles se divertindo enquanto jogava Mortal Kombat.
— Verdade unnie, vamos fazer alguma coisa que gostamos também? — sugeriu ela.
— Eu vi uma loja de álbuns de kpop, que tal irmos lá? — sugeri também.
— Seria legal.
Aproveitamos a distração momentânea deles e nos afastamos, ao entrarmos na loja de música meus olhos brilharam com a quantidade de álbuns espalhada por todo lugar. Eu a puxei para perto de uma banca que tinha álbuns clássicos de grupos antigos do kpop como o H.O.T.
— Nossa, isso é raridade. — comentei.
— Uau. — ela olhou admirada — Minha unnie tem a discografia completa deles.
— Sério? — eu peguei um álbum e fiquei olhando com mais atenção aos detalhes da arte da capa — Fantástico isso, eu admiro muito grupos como o deles.
— Unnie.
— Sim? — a olhei tranquilamente.
— Mianhaeyo.
— Pelo que?
— Por achar que você era chata. — ela abaixou a cabeça — Eu sempre gostei do oppa, mas nunca tive coragem de me declarar, e quando você entrou no Daejeon Cho High School e se tornou amiga dele tão facilmente, fiquei com raiva de você.
— Ah. — eu já sabia disso, ou melhor, suspeitava — Eu já imaginava, por isso você sempre evitava ficar perto de mim, quando eu me aproximava de vocês.
— Mianhae.
— Não precisa se desculpar, desde quando você me tratou mal pela primeira vez eu desconfiei que fosse por causa do . — eu ri de leve — Mas eu sempre vi ele como um amigo, que se tornou meu melhor amigo.
— Por me ajudar a conquistar ele, komaweyo unnie. — ela me abraçou de leve e eu retribui.
Depois que eu a conheci mais a fundo, descobri que Yuri era realmente fofa e meiga, não tinha como ficar com raiva dela por isso. Ficamos alguns minutos mais babando naqueles álbuns até os garotos nos encontrarem, eles pareciam um pouco mais amigáveis do que de costume.
— Finalmente achamos vocês. — disse .
— Oppa, achamos que tinham se esquecidos de nós. — disse Yuri ao se aproximar de e segurar em sua mão.
Eles pareciam um casal saído de dorama de tão fofos.
— Verdade, ficaram tão empolgados no fliperama.
— Não foi proposital. — sorriu sem jeito.
— Vamos nos separar agora. — segurou minha mão — Quero te levar a outro lugar.
— Sim. — concordou — Vejo vocês na segunda.
Eu me despedi de Yuri e segui com em direção a saída do shopping, entramos no carro dele que estava estacionado próximo e seguimos em direção sabe onde. estacionou o carro perto do parque, descemos e pegando em minha mão ele me guiou até um pequeno mirante que tinha lá. Ficamos alguns minutos em silêncio olhando toda a paisagem da natureza sendo misturada a arquitetura da cidade, era uma vista linda e inspiradora.
— Por que me trouxe aqui? — perguntei curiosa.
— Porque queria eternizar um momento com você este ano. — ele me abraçou por trás mantendo seu olhar na paisagem.
— Está falando como se não fôssemos nos ver mais. — eu suspirei de leve.
Ele permaneceu em silêncio. O que me fez pensar que realmente era isso.
— Você vai se formar este ano. — continuei — Mas ainda assim manteremos contato, mesmo que mude para Seoul.
— Vamos deixar este assunto para outra hora, apenas vamos aproveitar este momento. — sussurrou ele.
Ele deu um suspiro meio fraco, ficamos em silêncio por um longo tempo, até que ele se afastou de leve e me virou para ele, seu olhar mesmo perto parecia um pouco distante.
— …
— Não dizer nada por alguns minutos, por favor. — ele pediu mantendo seu olhar fixo em mim.
Assenti com a face. Estávamos sim chegando ao final do ano letivo e sua formatura estava próxima, mas não significava que nossos sentimentos um pelo outro também acabaria. Ele foi se aproximando lentamente até que seus lábios tocaram os meus suavemente, eu sempre sentia meu corpo arrepiar quando ele me beijava.
— Saranghae22. — sussurrou ele.
— Eu também te amo. — sussurrei de volta — Me promete uma coisa?
— O que você quiser.
— Jamais pense que você será como seu pai. — o olhei com firmeza.
— Por que está falando isso? — ele parecia confuso com meu pedido.
— Sei que tem medo de me machucar como o seu pai fez com a ajumma23…
— . — ele tentou me interromper.
— . — segurei em sua mão — Você não é ele. Me prometa.
— Eu prometo. — disse dando um sorriso fofo.
Eu o abracei no impulso.
me levou para casa pouco antes do jantar, havia recebido uma mensagem do seu pai. Eu o convidei para subir e jantar com minha família, mas ele recusou, parecia meio estranho, mas resolvi não perguntar nada e após me despedi entrei no prédio. Quando entrei em meu quarto, peguei meu celular e conferi as mensagens do messenger do facebook, tinha muitas da Lira perguntando as novidades, para minha surpresa ela estava online e pudemos conversar muito sobre minha nova realidade em Daejeon.
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havia sido muito ousada e corajosa ao me fazer aquele pedido. E por mais difícil que fosse eu me livrar dos maus pensamentos, lutaria para merecer o amor dela.
Confesso que estava um pouco assustado com a ideia de me formar e ter que me mudar para Seoul, não queria deixar , nem minha mãe e minha irmã. Menos ainda me separar dos meus amigos, todos eles iriam cursar algo em Busan. Essa era mais uma das causas das frequentes discussões entre eu e aquele que eu deveria chamar de pai, eu queria uma coisa para minha vida e ele queria outra. A pior parte era ameaçar de tirar a guarda de Sunny da minha mãe caso eu não concordasse, aquilo só me deixava ainda com mais raiva dele.
Assim que cheguei em casa, peguei meu celular, tinha uma mensagem de boa noite de , sorri instantaneamente ao ler. Me espreguicei um pouco e colocando o celular em cima da escrivaninha, saí do quarto indo para cozinha.
— Boa noite. — disse ele num tom sério enquanto mantinha seu olhar na tigela.
— Boa noite. — mantive meu olhar na geladeira indo até ela.
— Precisamos conversar sobre a prova do vestibular, já está quase chegando a data.
— Não temos mais nada para conversar. — abri a geladeira e tirei uma garrafa pequena de suco.
— Pode achar que estou fazendo o errado, mas isso irá se refletir no seu futuro. — ouvi o som dele colocando o hashi sobre a mesa, parecia irritado — Não quero que vá para longe por que quero te afastar de sua mãe ou dos seus amigos, estou preocupado com seu futuro.
— Não deveria. — fechei a porta da geladeira bruscamente e fui até o armário.
— Você é meu filho, mesmo que não me trate como pai, cuidarei para que no futuro seja bem sucedido.
— Já disse que não quero falar sobre isso. — peguei um pacote de biscoitos no armário e o fechei.
— Te olhando agir assim, pode pensar que não, mas somos parecidos de alguma forma. — ele respirou fundo — Um dia irá me agradecer por isso.
— Espero que esse dia não chegue.
Saí da cozinha e me tranquei no quarto. Coloquei o pacote de biscoito e a garrafa de suco em cima da escrivaninha, havia perdido a fome, as palavras dele havia ficado entaladas na minha garganta, passei a noite pensando sobre isso. Se eu realmente era tão parecido com ele, comecei a pensar que no futuro também poderia fazer sofrer como ele fez com minha mãe, esse pensamento me atormentava. Mesmo com a promessa feita, precisava ser forte.
“Às vezes, eu fecho os meus olhos e penso em você
Seu habitual pensamento daquela imagem familiar de mim
Apesar da minha falta de jeito, você continua gostando de mim não importa o que
Mas eu mereço ser amado por você?”
- Promise / EXO
Dicionário Coreano:
22. saranghae: eu te amo
23. ajumma: termo usado tanto por homens como por mulheres para tratar mulheres mais velhas/senhoras casadas.
19. Kiss, kiss, kiss
“Com um sorriso inocente,
Sua voz sempre brilha para mim,
Porque você está (comigo), eu posso sorrir.”
- Kiss kiss kiss / SHINee
As semanas passaram mais rápido que eu pude acompanhar e enfim estávamos há uma semana das férias de verão, e há dias do último jogo do ano já que após as férias, os alunos iriam se concentrar nas provas finais. Para os meninos da Prince Line seria ainda mais intenso, pois focariam nas provas de vestibular das Universidades, era um pouco perturbador esse assunto ainda mais que sempre fugia quando eu mencionava.
— Você está tão sério hoje. — comentei ao me sentar ao seu lado no chão.
Estávamos na biblioteca da casa da ajumma, estudando um pouco para as provas. Sábado de manhã, folga dos treinos e me convidou para estudar em sua casa, era brincadeira. E o que me levou a aceitar? Um áudio super fofo da Sunny dizendo que estava com saudades de mim. Chantagista maldoso. Mas não resisti.
— Estamos estudando. — disse ele.
— Você está estudando, eu estou olhando para o teto. — reclamei — Pensei que a Sunny estaria aqui com a ajumma.
— Elas estão no parque com meu pai. — ele me olhou — Está tão ruim assim passar a manhã com seu namorado? Olhe para mim ao invés do teto.
— Apesar de você ser lindo, não supre minhas necessidades. — brinquei.
— O que você quer então? — ele largou o caderno do lado e segurou em minha cintura se aproximando de mim — Hum?
— Pode ir desfazendo esse seu olhar malicioso de predador. — eu o afastei com receio — Seu pervertido.
— O que achou que eu estava pensando? — ele riu — Você que está me saindo a pervertida, sua mente está muito suja ultimamente.
Ele continuou rindo, e eu permaneci séria. Óbvio.
— Não estou achando graça.
— Você fica ainda mais linda assim. — ele piscou de leve e me roubou um beijo.
— Seu bobo. — o empurrei de leve.
Suspirei fraco.
— ...
— Sim?! — ele voltou novamente seu olhar para mim.
— Sei que não gosta de falar sobre a universidade, mas...
— Mas?!
— Acho que me deve algumas respostas. — o olhei séria — Sei que vai para Seoul, não é tão longe de Daejeon, podemos nos ver nos finais de semana, nos feriados, todos os dias pelo notebook.
— Sim. — ele sorriu, mas seu olhar estava triste — Meu coração se aquece com seu entusiasmo.
— É somente um ano, logo estarei lá também. — cruzei os braços — Não vai se ver livre de mim.
— Estou contando com isso. — ele me envolveu em seus braços me aninhando a ele — Quero estar sempre ao seu lado.
— Ter certeza?
— Essa é a única certeza que tenho.
— Hum...
— Não acredita?
— Só estou pensando...
— No que? — ele se afastou um pouco e me olhou curioso.
— O que viu em mim? Desde o primeiro dia implicou comigo.
— Você acha?
— Acho.
Ele riu.
— O que?! — bati nele de novo — Para de rir de mim e me explica.
— Hum... Você acha mesmo que seu primeiro dia de aula foi a primeira vez que te vi?
— E não foi?
— Não.
— Sério? — eu estava surpresa — E quando foi?
— Há dois anos, em uma festa da empresa do seu pai, eu e meu pai fomos convidados também, você estava de mau humor naquele dia, mas desde o momento em que coloquei meus olhos em você, meu coração bateu mais forte. — revelou ele — Me encantei com seu sorriso, até que nos esbarramos e você derramou o suco de manga em minha camisa.
— Ai não, o garoto da camisa verde água. — agora eu me lembrava vagamente daquela festa — Eu estava chateada com meus pais, pois iria passar seis meses morando na casa dos meus avós em Okinawa, e teríamos que estudar em casa.
— Está explicado seu olhar furioso. — ele riu.
— Eles resolveram me contar na festa, assim eu não faria nenhum escândalo.
— Mas acabou derramando suco em mim. — ele continuou rindo — E nem me pediu desculpas, o que me deixou ainda mais intrigado.
— Que vergonha, naquela época eu era uma menina mimada. — reconheci — Bem, ainda sou, mas pelo menos agora peço desculpas.
Brinquei.
— Como soube que meu pai era amigo do seu, antes de mim? — perguntei.
— Seu pai se aproximou de mim depois que você saiu sem me pedir desculpas, então me falou que você era filha dele e se desculpou. — explicou ele — Mas eu já conhecia o tio Jong, ele e meu pai tem muitas fotos juntos.
— Sou sempre a última a saber. — reclamei.
Ele sorriu e acariciou minha face. Eu observei por um tempo, até olhar para seu braço direito e perceber o que nunca tinha percebido antes, uma cicatriz.
— Onde conseguiu isso? — perguntei ao pegar em seu braço e tocar com o indicador na cicatriz.
— Ano passado. — respondeu.
— Como? — insisti.
— Um acidente de moto. — ele me olhou sério — Estava bravo com meu pai e acabei saindo de casa de moto, estava com raiva, não me atentei a estrada.
Era doloroso saber que sua relação com seu pai era tão difícil a ponto dele colocar em risco sua própria vida.
— Mas não se preocupe, meu pai fez minha moto virar sucata, ou pelo menos o resto que sobrou.
— Foi muito perigoso o que fez. — comentei.
— Prometi pra mim mesmo que não faria novamente.
— Fico feliz por isso. — beijei de leve seu rosto — E ainda estou surpresa por não ter esquecido de mim, desde aquele tempo.
Foram dois anos... Dois longos anos.
— Como poderia esquecer esse olhar fatal. — brincou ele — Você faz meu coração acelerar, sem muito esforço.
— Não deveria revelar isso com tanta facilidade.
— Eu disse que não iria esconder meus sentimentos.
— Estou contando com isso.
Ele foi se aproximando lentamente de mim, até que me beijou com suavidade. Não era somente seu coração que acelerava, o meu também fazia isso sempre que ele estava perto de mim.
— Hum... — disse uma voz vinda da porta.
— Ajumma. — me afastei dele e olhei para ela.
Fiquei ainda mais surpresa ao vê-la acompanhada de Sunny e do senhor Dongho.
— Atrapalhamos o estudo de vocês? — perguntou Dongho.
— Não senhor Cho. — sorri sem graça, com ao meu lado segurando o riso.
Notei o olhar de orgulho do seu pai para ele, certamente aprova nosso namoro.
— Vamos deixá-los estudar mais um pouco Dongho. — propôs ajumma — Precisamos preparar o almoço.
— Tem razão. — ele segurou a mão de Sunny — E você mocinha, para o chuveiro, está toda suja depois do nosso passeio.
Ela sorriu para o pai e assentiu. Era estranho e intrigante aquela cena, o senhor Dongho nem parecia ser aquele pai carrasco que detestava, para Sunny ele parecia ser o melhor pai do mundo. Assim que eles saíram, olhei para , seu olhar frustrado estava acompanhado de um semblante amargo.
— . — sussurrei.
— Não diga nada, por favor. — sua voz estava seca.
— Tudo bem. — segurei em sua mão com carinho — Só não esquece que eu estou aqui.
Ele se virou para mim de imediato e me abraçou.
— Komawo. — sussurrou ele.
Sua voz ficou ainda mais estranha, parecia que ele estava reprimindo algum sentimento relacionado a isso. Finalmente o dia do último jogo chegou, e com ele a euforia de todos os alunos da escola, já eu estava animada com a ideia de ter um pouco de descanso do basquete e poder passar minhas tardes livres em casa. Apesar de agora amar muito aquele clube.
— Te desejo sorte oppa! — disse Yuri ao se aproximar de .
— Obrigado. — ele sorriu sem jeito a olhando com carinho, parecia que estava mesmo gostando dela finalmente.
— Até que eles ficam bem juntos. — comentou ao se aproximar de mim sorrindo de canto — E você? Quando vai me chamar de oppa?
— De novo essa pergunta. — eu ri — Não me vejo te chamando de oppa.
— Que decepção, todas as garotas dessa escola exceto você, me chamam de oppa.
— Sei o quanto essa palavra significa para você, por isso não te chamo assim. — eu ri mais, o olhando fazer uma cara triste.
— Pelo menos vou ter meu amuleto da sorte hoje. — ele foi se aproximando mais de mim e encostei meu dedo indicador em seus lábios.
— Não. — eu conseguia conter meu riso — Desta vez como é o último jogo, terá somente o beijo da vitória, espero que trabalhe duro.
— Você é má. — resmungou ele.
— Eu sei. — ri.
Eu me aproximei de Yuri e juntas fomos para a direção a arquibancada. , e os outros membros entraram na quadra, esse além de último, era o jogo mais importante de todos, era contra a escola que tinha mais rivalidade com a nossa. Tanto eu como Yuri ficamos apreensivas quando os adversários faziam pontos, mas o alívio veio com as cestas de e do prodígio , meu amigo era um ótimo jogador assim como meu namorado.
Ao final do jogo a festa da vitória seria na casa de , acho que o local era um tanto proposital para que eu não deixasse de ir. Ajumma Seohyun era sempre gentil comigo, educada e simpática com todos que foram convidados para a festa. Eu estranhei um pouco os olhares de Taeyeong para mim, mesmo sabendo que eu estava com , ela insistia em se jogar para ele quando tinha oportunidades.
— Por que me trouxe para seu quarto? — perguntei vendo ele fechar a porta — Nem pense em fazer nada malicioso, seu pervertido.
— Yah. — ele me olhou rindo — Você é quem sempre está pensando besteira, só estamos aqui por que queria privacidade para ficar com minha namorada.
— Hum. — eu o olhei cruzando os braços.
— E agora quero meu beijo da vitória. — ele sorriu de canto de forma fofa.
— Você quer destruir meu coração com esse sorriso? — perguntei segurando o riso, e pensando comigo mesma ele conseguiu.
— Estou conseguindo? — perguntou ele.
O beijo da vitória foi doce e intenso. Se estava todo mundo se divertindo na sala não sabíamos, nosso refúgio dos olhares alheios estava sendo uma boa ideia para ficarmos o máximo de tempo juntos o possível, já que minhas férias de verão seria longe dele. Ficamos aninhados por um tempo, eu tentava sincronizar minha respiração com a dele, mas meu coração acelerado não deixava.
Eu não sabia se era bom ou ruim aquele silêncio todo entre nós. Havia ouvido a mãe dele conversando no telefone com minha mãe, sobre a pressão que ele estava passando com seu pai. Me perguntava se deveria ou não invadir ainda mais aquela parte íntima da sua vida e perguntar sobre sua relação com o pai, mas tinha medo dele ficar ainda mais distante por causa disso.
— Está muito calado. — comentei.
— Gosto de ouvir os batimentos acelerados do seu coração. — ele riu de leve — É minha música favorita.
— Sério? — eu ri também — E o que meus batimentos cantam?
— Que você me ama.
— Hum. — eu olhei para sua escrivaninha e vi uma carta, me afastei um pouco dele e peguei aquele envelope — O que é?
— Uma carta de amor que deixaram no meu armário. — respondeu ele.
— E você nem leu? — olhei a data, era de alguns dias atrás, comecei a abrir — Isso é falta de respeito com a pessoa que te admira.
— Não me importo com outros corações, já tenho o que eu quero. — sua voz sempre tranquila para aquelas respostas que eram simplesmente o espelho da sua personalidade.
— Yah, seu grosso. — eu o olhei meio irritada com aquilo e comecei a ler a carta da menina com atenção — Você deveria se importar com o sentimentos dos outros.
— E você se importa? — retrucou ele.
— Claro. — eu o olhei.
— Não parece. — ele respirou fundo — Esta não é a primeira carta que recebo, só lamento que não seja da garota que eu gosto.
Ele se afastou e saiu do quarto. Suas palavras diretas foram uma indireta para mim. Fiquei me perguntando o quanto era importante para ele saber meus sentimentos, eu passava tanto tempo tentando não demonstrar muita coisa para não me machucar, que não percebi que estava machucando ele de alguma forma. Para mim aquele era o ponto final da festa e nem teria a chance de perguntar sobre seu problema com o pai.
Liguei para minha mãe e pedi que me buscasse de táxi, me despedi da ajumma Seohyun e de Sunny, também já estava de saída e iria levar Yuri para casa. Antes de ir procurei para me despedir, quando finalmente o encontrei ele estava de conversas com Taeyeong, mesmo querendo ir até lá, não tive coragem. Passei todo o caminho de volta para casa em silêncio, mesmo com as perguntas preocupadas da minha mãe, assentia forçadamente que não tinha nada.
— Tem certeza que está tudo bem? — insistiu ela assim que entramos no hall do prédio.
— Estou mãe, não foi nada, só estou cansada.
— Eu percebi que não se despediu do seu namorado. — comentou ela ao apertar o botão do elevador — Quer falar sobre isso?
— Você e o papai também brigavam por coisas bobas? — perguntei.
— O que foi desta vez?
— ... Eu realmente preciso chamar ele de oppa e escrever uma carta de confissão? — expliquei entrando no elevador.
— Bem, demorou um pouco para que eu me tocasse que essas duas coisas são importantes para os coreanos. — respondeu ela — É uma demonstração de carinho, dos sentimentos.
— Mas eu já disse que amo ele.
— Cada cultura tem suas demonstrações. — sua voz suave me acalmava um pouco.
— Eu não vejo a senhora chamar o papai de oppa. — retruquei.
Ela me olhou com certa malícia e se calou.
— Mamãe. — fiz uma careta — Que nojo.
— O que eu disse.
— Seu olhar te condenou.
— Você acha mesmo que seu pai e eu não temos nossos momentos?
— Por que eu te fiz essa pergunta.
Ela soltou uma gargalhada doida. Assim o elevador se abriu no nosso andar, meu celular vibrou: era uma mensagem de . Minha mãe saiu e me olhou como se dissesse: Desça agora. Assenti e voltei ao hall.
— Oi. — disse ao parar em sua frente.
Ele continuou em silêncio me olhando sério.
— ... — sussurrei — O que foi? Está me assustando.
— Estou esperando minha namorada se despedir de mim.
— Pensei que estivesse chateado comigo. — retruquei.
— Estou a um passo de passar minhas férias longe de você. — ele pegou em minha mão e me puxou para ele, me abraçando — Não vou gastar nosso precioso tempo brigado com você.
— ... — sussurrei.
— Não se sinta pressionada... Eu posso esperar, o que tempo que for preciso.
— Komawo. — disse num tom baixo.
— Eu te amo. — sussurrou ele me aninhando em seus braços — Minha Pandinha.
Pandinha? Como ele sabia sobre isso?
"Creio em você,
E neste amor,
Que me fez indestrutível,
Que deteve minha queda livre."
- Creo en Ti / Lunafly
20. Hot Times
“Você e eu fomos borrados e apagados
O mundo é o mesmo mas quando olho em volta,
Apenas você não está ao meu lado.”
- My Love, My Kiss, My Heart / Suju
Os dias que passaram e não tinha ido para aula, tinha viajado com seu pai, tentei pensar que o dia do jogo não seria o último que eu veria ele. As férias chegaram e a única notícia do meu namorado era que estava nos Estados Unidos com o pai, resolvi deixar minha mente vazia e longe de todo aquele talvez mal entendido. Eu e Jinho viajamos para Okinawa como programado e nossas férias de verão seriam aproveitadas na casa dos nossos avós.
Logo no aeroporto a recepção do vovô foi calorosa, quando chegamos na casa deles que era bem tradicional de estilo milenar, nossa avó já estava retirando os biscoitos que tinha feito do forno.
— Oh, meu amores. — ela nos abraçou com alegria — Que bom que estão aqui e chegaram em segurança.
— Sim vovó. — assenti ao olhar para Jinho que já estava observando os biscoitos.
— São para nós vovó? — perguntou ele.
— Sim querido, mas espere um pouco que está quente. — assentiu ela sorrindo para ele.
— Ah, já coloquei as malas de vocês no quarto. — disse o vovô entrando pela cozinha.
— Estamos tão felizes por terem vindo. — vovó revirou os biscoitos da forma em uma bandeja de porcelana.
— Nós também, gostamos de vir aqui. — Jinho sorriu mantendo seus olhos nos biscoitos.
— Eu vou subir primeiro, preciso dizer aos nossos pais que chegamos e trocar de roupa.
— Ah, vai sim. — vovó assentiu e olhou para meu irmão — Lave as mãos primeiro pequeno Jini.
Eu sorri de leve e voltei para sala e fui em direção ao meu quarto, a casa era de apenas um andar e os quartos ficavam nas laterais da sala. Ao entrar fechei de leve a porta e liguei o wi-fi do meu celular, mandei uma mensagem para minha mãe pelo kakaotalk, ela estava bem com meu pai aproveitando nossas férias para viajarem também, o destinos deles seria mais quente ainda que o nosso: Rio de Janeiro.
Abri minhas malas e ajeitei o pouco de roupa que levei no armário e nas araras, não tinha guarda-roupas, escolhi algo confortável para vestir e troquei de roupa tranquilamente. Quando voltei para cozinha a mesa já estava toda posta e Jinho comendo como se o mundo fosse acabar a qualquer momento, dava para notar que a saudade do seu estômago pelos biscoitos da vovó eram grandes.
— Uah, deixou alguns para mim? — brinquei me sentando ao lado dele.
— Sim noona. — ele sorriu de leve — Estão uma delícia vovó.
— Ah, que bom que gostou querido.
— Hum, vou provar alguns também. — sorri pegando um biscoito e olhei para o vovô que estava servindo minha xícara com chocolate quente — Obrigada vovô.
Era confortável passar aquele tempo com eles, estava mesmo com saudades, principalmente das caminhadas noturnas que fazia com o vovô, ele era ótimo em contar histórias milenares para nós. Agora estando de férias eu sentia um pouco a falta dos treinos e do clube de basquete, aquela correria louca da semana de provas e as implicações de , que até aquele momento não tinha dado nenhum sinal de vida. Desviei minha atenção para uma mensagem de boas férias de , curiosamente ele estava online naquele momento.
“Yah, o que está fazendo aqui a esta hora ?”
“? Pensei que estivesse dormindo agora. kkkkk…..”
“Não, eu estava lendo, e você?”
“Conversando com a Yuri, ela está em Jeju com seus pais.”
“Hum, com saudades dela?”
“Um pouco…”
“Um pouco?”
“Yah, não me pressione. kkkkkkk…. Ainda estamos no início do nosso namoro e não entendo 100% dos meus sentimentos.”
“Pois eu acho que você gosta dela tanto quanto ela gosta de você”
“Foi o que minha mãe disse, ficamos mesmo bem juntos, ela é uma garota interessante e atenciosa.”
“que fofo você elogiando ela assim, que orgulho de mim mesma, já que fui eu que ajudei você a perceber isso.”
“humm... e você?”
“Eu o que?”
“Tem falado com ?”
“Não exatamente.”
“Ele voltou para cidade ontem.”
“Jinja24”
Por essa notícia eu não esperava. O que custava ele me mandar uma mensagem dizendo?
“Sim, foi Junhae que me contou, nos esbarramos no shopping.” — explicou .
“Yah, ele não me mandou nenhuma mensagem.”
“Deve estar muito ocupado, ainda mais que as provas de vestibular dele serão antecipadas, acho que o pai dele conseguiu uma bolsa para ele em Harvard.”
Harvard? Pensei comigo. Como assim Harvard? Eu não ia para a Korea University?
“...”
“Junhae me disse que ele vai viajar de novo daqui dois dias, mas não se preocupe, ele deve te mandar alguma mensagem.”
Certamente já imaginava minha paralisia com toda aquela informação sendo jogada por ele e não pelo meu namorado.
“Sim.”
“Está tudo bem?”
“Sim *-* Eu vou dormi agora, boa noite”
“Boa noite”
Sai do aplicativo e deitei na cama. Mil pensamentos fervilhando em minha cabeça.
Como assim Harvard?
Será que ele estava mesmo muito ocupado por causa do seu pai mesmo ou estava me evitando?
Não queria pensar negativo, então peguei o celular novamente e mandei uma mensagem para ele, para minha surpresa sua visualização foi rápida, porém a resposta continuou nula. Queria poder ajudá-lo a lidar com toda aquela pressão que seu pai estava fazendo com seu futuro acadêmico e profissional, mas nem sabia por onde começar e se conseguiria ajudar.
“?
soube de Harvard.
não quer falar nada?
???”
Fiquei olhando no visor do celular o que tinha escrito, esperando que ele pelo menos me desse um boa noite.
Senti que mesmo longe, minhas férias seria toda com meus pensamentos nele, pelo menos tinha algumas pessoas ao meu redor para me distrair. Consegui aproveitar o máximo que pude mesmo com minhas preocupações constantes com , minha avó estava tão animada com nossa estadia que nem percebeu, mas meu avô sempre me perguntava se eu estava bem.
— Obrigada vovô, por caminhar comigo. — disse ao nos distanciarmos um pouco de casa.
— Estava com saudades das nossas caminhadas. — confessou ele — Estou feliz por estarem aqui.
— Eu também.
— Mas não é o que seu olhar está dizendo. O que está acontecendo com a minha Pandinha?
— Ah vovô, sua Pandinha está meio saudosa atualmente. — respondi.
— Saudades do namorado?
— Sim.
— E é somente isso?
— Por enquanto, sim… Apesar de não ter muitas notícias. — mantive uma certa tristeza.
Eu queria mesmo saber o que estava acontecendo. Mesmo no verão, eu conseguia sentir o frio que o silêncio de me causava.
“Épocas quentes, quando você abriu meus olhos
Toda a minha vida, eu só preciso de você
E eu preciso reconhecer,
Que mesmo se você disser que não me quer ou me fizer sofrer
Você vai ser a única pessoa pra mim.”
- Hot times / SM The ballad
Dicionário Coreano:
24. jinja: sério
21. Smile Flower
“Assim como o céu é alto, os ventos são frios
E o oceano é grande e azul
Estou com medo de
Não te dar valor.”
- Smile Flower / Seventeen
A despedida no aeroporto de Okinawa foi um pouco triste, mas a saudade nos faria voltar nas próximas férias. Assim que chegamos em casa não houve nenhuma recepção, somente um bilhete da minha mãe dizendo que ficaríamos alguns dias sozinhos, pois papai tinha que resolver alguns problemas da empresa em Seoul e ela iria junto com ele. Respirei fundo ao ler aquele singelo bilhete e ainda mais a observação para sermos responsáveis enquanto estivermos sozinhos.
— Como se fosse a primeira vez que ficamos sozinhos. — resmungou Jinho lendo comigo.
— Tirou as palavras da minha boca. — concordei — Eles acham mesmo que não temos responsabilidade, de quem eles acham que somos filhos? — brinquei.
— Vou levar minhas malas para meu quarto. — Jinho me olhou.
— Eu também, depois podemos fazer algo para comer.
— Boa ideia. — assentiu ele.
Era legal ficar sozinha com ele.
Mesmo sendo diferentes e tendo idades distantes, tínhamos nossa cumplicidade de irmãos que não deixava que nossos pais soubessem de nada negativo que acontecesse enquanto estavam fora. Um exemplo disso foi quando Jinho caiu de skate quando moramos na Califórnia e torceu o tornozelo, conseguimos esconder aquele gesso durante todo o tempo, ainda me pergunto se minha mãe realmente não descobriu, ela sempre agia de uma forma suspeita.
Preparamos o mais fácil e básico para o jantar, ramem tradicional, Jinho me ajudou com todo o preparo e até na parte de deixar a cozinha em ordem após comermos. Vimos um pouco de televisão antes de ir dormir, era um pouco visível o cansaço de Jinho que desmaiou no sofá, foi difícil levar ele para o quarto, quase o arrastei durante a trajetória. Eu demorei um pouco mais para pegar no sono, antes de apagar de vez, meu celular tocou, era uma chamada de .
— Yeoboseyo. — disse esperando alguma reação dele e nada, comecei a sentir que não era algo bom, ele sempre agia assim, sempre ficava em silêncio quando me ligava após uma briga com seu pai — , meu coração está cantando agora.
E eu sempre não sabia o que falar, mas sabia que aquela frase o deixaria mais calmo e em paz, ficamos alguns minutos em silêncio um ouvindo a respiração um do outro. Na manhã seguinte recebi uma mensagem de me convidando para um piquenique no parque, aceitei e ainda carreguei meu irmão comigo, não deixaria Jinho ser absorvido pelos games.
— Até que seu irmão está se divertindo. — brincou esticando sua perna em cima da grama.
— Ah, sim. — olhei para meu irmão e me ajeitei sentada em cima da toalha de mesa — Disputando corrida online, que ironia, tirei ele de casa para não jogar e ele encontra um amigo de escola que o convida para jogar.
— Veja pelo lado bom, estamos ao ar livre e parece que ele fez novos amigos com isso. — riu de leve.
— Obrigada por tentar amenizar. — o olhei séria.
— Está meio pensativa hoje. — comentou ele — Geralmente você fala mais que eu.
— Sim. — suspirei fraco — Desta vez não tem como não concordar, estou preocupada.
— Com ?
— Sim. — olhei para o céu, estava bonito e claro — Acho que está passando por momentos difíceis com o pai, e nem sei como ajudar.
— Você já perguntou a mãe dele? Talvez ela saiba de algo.
— Não, fico com receio de me intrometer nesses assuntos íntimos de família, só sei que o pai dele tem um gênio pior que ele e sua mãe não gosta de falar sobre esses assuntos.
— Entendo. — ele suspirou também — Eu me lembro de quanto eles se separaram.
— Você acompanhou? — eu o olhei surpresa.
— Mais ou menos, minha mãe e a mãe de estudaram juntas, são amigas.
— Ah, e o que sua mãe te contou?
— Nada. — ele me olhou — Eu que ouvia as conversas dela com meu pai escondido, foi uma fase muito difícil para , depois que seu pai traiu sua mãe, ele teve que ver os dois brigando pela guarda deles. — parou por um momento respirando fundo — começou a ir mal na escola, suas notas caíram e ele sempre faltava muito, foi então que o dia da decisão final de guarda saiu e para não ver sua mãe sofrendo fez um acordo com o pai.
— Ele ficaria com o pai, enquanto a mãe poderia ficar com a Sunny. — conclui de imediato.
— Mais que isso, seu pai exigiu o direito de escolher o futuro acadêmico e profissional de e que o filho fosse o melhor aluno da escola em todos os sentidos. — olhou para frente, desta vez parecia com um pouco de pena de — O pai o fez jurar que jamais iria contrariar as escolhas e ordens dele, caso contrário sua mãe perderia a guarda da irmã.
— Nossa. — eu me encolhi um pouco, não imaginava que por trás de todo aquele temperamento rebelde e malvado, havia alguém que certamente sofreu muito no passado.
— Nem sempre é bom ter um pai com dinheiro. — observou ele.
Era doloroso para mim imaginar a relação que ele tinha com o pai depois que me esclareceu a história, estava triste por não ter descoberto pelo próprio , e mais ainda confusa sem saber como ajudar ele.
— A nossa Yuri? Continua na casa dos avós? — mudei de assunto, para distrair um pouco.
— Sim. — ele riu — Ela me liga três vezes ao dia perguntando o que estou fazendo nas férias.
— Uau. — eu o olhei — Você contou a ela que me convidou para vir ao parque?
— Sim. — ele apoiou as mãos na grama e olhou para o céu — Ela quase surtou, até eu dizer que seu irmão viria junto.
— Mesmo se tornando minha amiga, Yuri ainda tem ciúmes.
— Claro, o namorado dela é um arraso. — brincou.
— Hum… Desde quando ficou tão convencido?
— Acho que tenho andado muito com o Prince Line.
— Concordo. — nós rimos — Posso constatar que você já faz parte do grupo?
— Acho que sim.
— Nossa, nem acredito que as férias estão no fim.
— Passou tão rápido mesmo.
— O verão está acabando e logo chega o outono. — comentei.
— Já estou pensando nas provas de vestibular. — disse ele.
— Já escolheu a universidade e o curso? — perguntei curiosa.
— Sim, inicialmente pensei em ingressar na Universidade da Coreia, depois Hwang disse que ele e os outros iriam para Busan, mas agora estamos todos pensando em ir para Yosen.
— Não quero nem imaginar a bagunça que farão naquele lugar. — ri dele.
— Hum… Nós seremos os melhores da universidade.
— Convencido. — o empurrei de leve.
Ao final da tarde, o céu começou a ficar nublado e alguns pingos foram caindo sem pedir licença, nos acompanhou até a frente do nosso prédio e depois pegou um táxi para chegar mais rápido em casa.
Enquanto Jinho foi tomar um banho quente eu coloquei nosso jantar no microondas para esquentar, segui os passos do meu irmão e tomei um banho quente também, colocando roupas quentes e confortáveis. Voltei para cozinha e comi meu jantar, Jinho comeria em seu quarto, acho que ele estava iniciando uma maratona de League of Legends que iria durar sabe Deus quanto tempo.
Assim que terminei de lavar as vasilhas que sujamos, voltei pra sala já que a televisão seria minha, iria fazer também uma maratona, só que de doramas. Após alguns episódios de Descendants of the Sun, olhei de relance para a janela, lá fora parecia um temporal caindo do céu, quando foi que começou a chover? Eu não tinha nem reparado. Bateram na porta de repente. Achei estranho, afinal que louco bateria na porta de alguém naquela hora da noite? E mesmo assim o porteiro deveria ter anunciado a visita. Ao abrir a porta, meu corpo paralisou.
— ?! — sussurrei ao vê-lo todo molhado em minha frente — O que houve?
— Eu… — ele olhou para o chão, talvez só naquele momento tivesse se dando conta de onde estava.
— ? — insisti.
— Me desculpe, não posso ficar. — ele se virou indo embora.
— Não. — eu segurei sua mão o fazendo parar — Não importa o que diga, nem o que aconteceu para que viesse até aqui, não vou te deixar ir embora assim.
— Seus pais não estão em casa e não posso ficar. — ele tentou se soltar de mim e no impulso eu o abracei.
— Já disse que não vou te deixar ir. — envolvi meus braços na cintura dele, não me importava se ele estava molhado ou não.
— Komawo. — ele sussurrou de leve — Não quero mesmo ir.
— Mas ainda assim não pode ficar. — disse uma voz vinda do final do corredor.
— Hum?! — eu me afastei um pouco de e olhei, era o professor Han.
— Professor. — o olhou e se curvou em respeito.
— Além de minha aluna, é uma garota que está em casa sem seus pais, não quer que ela seja mal vista pelas pessoas. — o professor Han estava com uma voz um pouco rouca, mas firme.
— Não. — concordou .
— Mas profe… — segurou em minha mão me fazendo ficar calada.
— Venha para meu apartamento . — ele abriu a porta — É mais apropriado.
— Sim. — assentiu e olhou para mim, dando um sorriso fechado foi até onde o professor estava parado.
Eu vi ambos entrarem e a porta sendo fechada, estava um pouco agoniada em não poder fazer nada naquele momento, mesmo o professor estando certo, eu queria que tivesse entrado comigo.
Continuei em silêncio assim que entrei, não queria deixar , mas deveria. O professor Han fechou a porta e seguiu em direção ao corredor, esperei por alguns instantes até que ele voltou com uma toalha na mão.
— Tome um banho quente para não pegar um resfriado, tem roupas limpas no armário, alguma deve te servir. — ele jogou a toalha para mim — Vou fazer um chá para nós.
— Obrigado professor. — eu me curvei em agradecimento.
— Fora da escola pode me chamar apenas de Han. — ele sorriu de leve indo em direção a cozinha.
Han hyung parecia ser legal, era considerado o professor mais bonito e educado de toda a escola, às vezes eu ria da forma em que as garotas suspiravam quando ele passava, principalmente as professoras. Entrei no banheiro e tomei uma ducha quente e rápida, encontrei algumas coisas que me caíram bem ao corpo, quando voltei para sala que observei melhor o quanto seu apartamento era organizado e limpo. Parecia mesmo o apartamento de um homem solteiro, bem simples e funcional.
— Aqui, tome isso vai melhorar. — disse ele me entregando a xícara.
— Obrigado sunbae. — peguei a xícara, estava mesmo quente, esperei um tempo para tomar o primeiro gole.
— Não está aqui só porque gosta de andar na chuva. — comentou ele me olhando sério porém tranquilo — Não é a primeira vez que te vejo parado em frente a porta dela em plena madrugada.
— Hum.
— Só que desta vez você teve coragem de bater. — ele respirou fundo parecia estar me analisando — Desta vez a briga foi pior, não foi?
— Sim. — assenti segurando minha frustração em não conseguir confrontar aquele homem como queria — Ele ainda diz ser meu pai, mas não sinto isso.
— Talvez ele esteja querendo te ajudar da forma errada. — explicou Han hyung.
— Ele quer que eu seja como ele. — engoli seco, estava com um grito de raiva preso na garganta — Se eu for como ele, farei as pessoas que amo sofrer.
— Ser parecido não é ser igual, você tem qualidades que seu pai não tem. — ele tomou um gole do seu chá — Ele quer que você siga os passos profissionais, agora se vai se espelhar em outras áreas é com você.
— Ele planeja algo para mim que eu não quero e por isso me afastei de todos que amo, por mais que não queira, não posso lutar contra. — desviei meu olhar para o chão — Isso só me faz odiar ele ainda mais.
— O ódio só vai te tornar igual a ele, livre-se desse sentimento e tenha a esperança de um dia poder seguir seus próprios passos.
— E enquanto esse dia não chega? — eu o olhei — Vou continuar ouvindo ele ameaçar a felicidade da minha mãe? E de Sunny? Não quero minha irmã com ele.
— Infelizmente sempre temos que fazer alguns sacrifícios na vida. — Han hyung respirou fundo — Mas se sinta confiante, existe alguém que te abraça mesmo não sabendo seus problemas, aquele coração inocente pode te manter aquecido.
Sim eu tinha ela, mesmo com todos os meus problemas eu tinha a garota mais especial do mundo, e quanto mais eu pensava em mais eu pensava em como meus pais se conheceram e em como terminaram. Mais eu tinha medo de machucar ela, não queria que sofresse como minha mãe sofreu, seu coração batia por mim mesmo ela não admitindo na maior parte do tempo.
Mas ainda, tinha medo ver ele parar por minha causa, me perguntava até quando eu iria manter o sorriso em seus lábios e se algum dia eu a faria chorar.
“Eles disseram que dizermos adeus é doloroso
Mas eu nem mesmo tive tempo para sentir isso
Eu apenas pensava que essa era a forma de ficar calmo.”
- 7 Years of Love /
22. Clear Day, Cloudy Day
“Ontem foi um dia claro, hoje é um dia nublado
Você sabe sobre o tempo de amanhã?
A previsão de tempo não está certa
O céu está escuro e silencioso
Está chovendo aqui, está chovendo dentro de mim.”
- Clear Day, Cloudy Day / Lunafly
Passei a noite toda em claro tentando imaginar o que tinha acontecido com ele durante todo aquele tempo que ficou afastado de mim e o motivo dele ter batido na minha porta. Claro que seu pai era o motivo central, mas eu queria muito saber como estava indo a relação deles, queria ajudar da melhor forma que eu pudesse. Mandei algumas mensagens para ele, algumas não, varias, estava começando a parecer aquelas namoradas grudentas, mas estava tão preocupada.
— Unnie. — sussurrou Jinho da porta do meu quarto — Bom dia.
— Bom dia pequeno. — eu o olhei me espreguiçando — Dormiu bem?
— Sim. — assentiu ele colocando a mão na barriga — Estou com fome.
— Vamos preparar nosso café então. — me levantei da cama e segui em direção a cozinha com ele — O que faremos hoje?
— Café da manhã americano. — sugeriu ele — Mamãe não está fazendo mais ovos mexidos com bacon desde que viemos para Seoul.
— Verdade. — abri a geladeira e peguei a pequena cartela com os ovos e o pacote com as tiras de bacon — Então vamos matar a vontade já que temos dias de liberdade.
— Isso. — concordou ele rindo um pouco.
Logo a campainha tocou, eu e Jinho olhamos para a direção da porta juntos, porém eu fui atender, era , senti um leve alívio ao ver aquele sorriso lindo em sua face, ele parecia mais calmo e tranquilo agora.
— Bom dia, vim para o café. — disse ele de forma natural como se nada tivesse acontecido na noite anterior.
— Mas e o professor?
— Ele vai entender que tomar café da manhã com minha namorada é melhor do que com ele.
— Hum. — eu ri de leve, parecia um elogio, mas se fosse o contrário, acho que eu tomaria um café com o professor só para deixá-lo zangado.
— Do que está rindo? — perguntou ele.
— Nada. — eu abri mais a porta para que ele entrasse.
— Hyung. — gritou Jinho ao vê-lo — Uah, que legal você aqui.
— Sim. — ele sorriu um pouco mais — Vim para o café.
— Hyung, você está mesmo namorando minha noona?
— Sim.
— Jinja? Uah, ela nem é tão bonita assim.
— Yah. — gritei — É assim que você vê sua noona?
— Tenho que ser realista noona, existem garotas mais bonitas que você, como a Hermione. — explicou ele.
— Hermione? — perguntou .
— Emma Watson, de Harry Potter. — respondi — Mas tenho que admitir, não dá pra competir com ela, ela é diva.
— Verdade, ela é linda.
— Não precisava concordar. — retruquei cruzando os braços.
— Mas você é linda também. — ele sorriu de canto maliciosamente — E fica ainda mais linda quando está brava.
— Yah. — eu o olhei — Se começar com suas brincadeiras vai ficar sem café da manhã.
— Eu não disse, está ficando mais linda ainda. — ele se aproximou de mim e me deu um selinho rápido e se dirigiu para a cozinha.
Eu fiquei parada sem reação e olhei para Jinho que estava rindo de mim, respirei fundo e fui para cozinha arrastando Jinho comigo. Cheguei na cozinha, já estava na bancada quebrando os ovos na tigela.
— Ei, sou eu que vou fazer isso. — disse a ele.
— Preciso treinar, vou precisar saber fazer isso no futuro. — explicou ele tranquilamente.
Será que era uma breve resposta para o futuro, ele não ficaria na Korea e iria mesmo para os Estados Unidos?
— Mesmo assim. — dei alguns passos até ele e fiquei ao seu lado — Eu moro aqui.
— Deixe de ser chata e me permita preparar seu café da manhã. — ele me olhou com carinho dando um sorriso singelo.
— Hyung você sabe mesmo cozinhar? — perguntou Jinho se sentando à mesa.
— Sim, garotas legais gostam de garotos que cozinham para elas. — ele olhou para mim com suavidade — Estou certo ?
— Talvez. — eu mordi os lábios prendendo um sorriso — Depende se esse garoto também é legal.
— Hum. — meu irmão deu de ombros e resmungou — Espero que vocês dois não fiquem chatos e esqueçam que estou aqui.
— Não se preocupe, serei o melhor cunhado do mundo. — o olhou e piscou de leve para ele.
— Quer dizer que você vai entrar no meu time de LoL?
— Hum, eu não vou poder, mas já encontrei uma pessoa que pode.
— Vivaaa.
Nós rimos um pouco dessa pequena comemoração, eu ajudei a preparar o café, fizemos ovos mexidos com bacon, panquecas que foram acompanhadas com a geléia caseira de morango da mamãe, cookies e brownies, foi divertido cozinhar com ele. Parecia que estar ali comigo, fazendo uma pequena coisa o deixava mais leve e menos pensativo nos seus problemas. Eu estava feliz por poder ajudar mesmo que de uma forma tão pequena.
— Estava tão gostoso hyung, quando crescer vou querer cozinhar tão bem quanto você.
— Você pode pedir sua irmã para te ensinar. — me olhou — Ela também cozinha bem.
— Está impressionado? — perguntei retribuindo o olhar.
— Não, já imaginava que fosse perfeita nisso também, cozinha tão bem quanto desenha.
— Yah. — sussurrei — Você tem formas tão loucas de me elogiar.
— Não foi um elogio. — disse ele rindo.
— ?! — o olhei meio ofendida.
Ele e Jinho riram um pouco de mim, me levantei e peguei os pratos fazendo uma cara séria como se estivesse brava com ele. pediu para que Jinho o esperasse na sala para jogarem um pouco juntos.
— Sabia que me deixa louco quando fica assim? — ele deu alguns passos até mim — Tão brava, seus olhos brilham quando está com raiva de mim.
— Prefiro não comentar. — peguei os copos da mão dele e coloquei no bojo da pia — Vá jogar antes que meu irmão te grite da sala.
— Já vou. — ele saiu da cozinha rindo.
Demorei um pouco para lavar as vasilhas do café, e como tinha vasilhas acumuladas na bancada, era sim ótimo na cozinha, mas tinha o mesmo defeito de todos os homens: vasilhas sujas acumuladas. Eu ri de leve, não me importava por ele ter sujado quase todas as colheres do armário, sequei tudo e deixei minha cozinha e ordem. Comecei a pensar em almoçar fora com meu irmão, já que nossos pais tinham deixado uma grana para reserva.
— Hum, quem está ganhando? — perguntei ao entrar na sala, encostando na parede observando o jogo deles.
— hyung. — respondeu Jinho parecendo estar chateado — Ele é melhor até que você noona.
— ? — me olhou surpreso — Você joga?
— Eu tenho um irmão de dez anos que é gamer. — eu caminhei até o sofá e me sentei ao lado de Jinho — Acha mesmo que eu não aprenderia a jogar?
— Uah. — sorriu de leve.
— Bem. — eu peguei o joystick que estava na mão de Jinho e olhei para a televisão — Vamos ver o quanto você é melhor que eu.
— Let’s go, my girl. — ele riu um pouco virando sua atenção para a televisão também.
Jinho ficou vibrando do meu lado durante toda a partida, estávamos jogando Need For Speed, foi uma diversão e tanta, quando acabou por um golpe de sorte eu ganhei dele. Fiquei rindo de sua cara por um tempo, até que ele tomou o joystick da minha mão e me beijou de surpresa. Fiquei um pouco envergonhada pelo meu irmão que ficou de pé nos olhando de braços cruzados.
— Yah, meu irmão. — disse empurrando ele de leve.
— Não se faça de inocente por minha causa. — disse Jinho fazendo uma careta de nojo — Vejo nossos pais se beijando quase todos os dias nessa cozinha de manhã.
— Jinja? — riu um pouco me olhando — Ela é minha garota inocente, cunhado.
— Sem comentários. — eu olhei para minha roupa — Nossa só agora percebi que ainda estamos de pijama.
— Hum, eu percebi o quanto você se sentiu à vontade com essa roupa comigo aqui. — comentou com um sorriso nebuloso.
— Yah, seu pervertido. — eu me levantei do sofá me encolhendo.
— Não falei nada demais. — ele riu um pouco.
— Vamos trocar de roupa Jinho. — disse indo para o corredor.
— Você tem planos noona?
— Claro. — olhei para meu irmão — Ainda estamos de férias, vamos ao parque de novo.
Eu sorri de leve e desviei meu olhar para , este era meu desajeitado plano de manter a mente de ocupada para não pensar nos seus problemas familiares, agora que eu sabia como seu pai era com ele, ficava ainda mais com vontade de ajudá-lo. Entrei em meu quarto e abri o guarda-roupa, passei alguns minutos pensando que roupa deveria usar. Acho que estava demorando um pouco demais, pois abriu a porta e caminhou até mim e ficou parado me olhando.
— O que está fazendo no meu quarto? — perguntei cruzando os braços.
— Vim descobrir porque as garotas demoram tanto para se arrumarem. — respondeu ele tranquilamente desviando seu olhar para meu guarda-roupa.
— Você está no quarto de uma garota, sabia? — continuei o encarando — Não é bem visto pela sociedade.
— E você entrar no meu quarto é? — retrucou ele rindo — Me diga o que você tanto olha que ainda não se trocou?
— Não tenho nada para vestir.
— Tem certeza? — ele riu de mim — O que é tudo isso aqui? Descartável?
— Você não entende. — eu desviei meu olhar para o guarda-roupas — Uma garota sempre quer vestir algo importante quando vai a encontros.
— Não vamos a um encontro, seu irmão vai estar conosco. — ele começou a olhar por entre as blusas que estavam no cabide e pegou uma blusa geek minha — Além do mais, você fica linda vestindo qualquer roupa.
— Você realmente não entende a mente feminina — eu peguei a blusa da mão dele — Agora espere lá fora que eu vou me arrumar.
— Vou ter que esperar mais quantos dias?
— Yah, seu chato, saia logo. — gritei com ele segurando o riso.
Ele saiu rindo, foi divertido, mas realmente chato.
Ele não entendia que mesmo com meu irmão por perto, para mim todas as vezes que saímos junto era um encontro. Ao contrário do que ele havia proposto, escolhi vestir algo mais leve e delicado, um vestido floral que tinha ganhado da vovó, combinado a uma sapatinha preta bem básica. Peguei uma bolsa pequena e joguei meu celular dentro com meus documentos, então saí do quarto, quando cheguei na sala ficou me olhando com cara de bobo.
— Uah, agradeço por realmente não entender as garotas, você está perfeita. — disse ele com aquele seu jeito tosco de elogiar.
“Mesmo se parecer que você está prestes a cair de um penhasco
Eu definitivamente não vou soltar a sua mão
Indestrutível...
Porque eu vou proteger você até o fim.”
- Indestructible / Girl's Generation
23. Goodbye Summer
“Eu já abri o meu coração para você há muito tempo
Você é tudo para mim, esse é o meu jeito de confirmar
Eu deveria ser cuidadoso e me amar mais, desse jeito eu nunca irei me machucar.”
- My Answer / EXO
Tenho que admitir que não tinha um plano completo e o parque veio mais de improviso em minha mente, mas fomos ao Bomunsan Park de metrô. Foi um dia de sorte já que estava tendo uma apresentação de danças típicas da cultura coreana, foi bonito ver toda a decoração que tinham feito no espaço do evento. Ficamos um tempo vendo alguns grupos que se apresentavam, Jinho se sentou logo mais à frente todo curioso, parei por um momento e desviei meu olhar para , seus olhos estavam brilhando, deixei um sorriso escapar em meus lábios, ele parecia estar se divertindo.
— Você conseguiu, komawo. — comentou ele mantendo seu olhar na apresentação.
— Consegui? — estava confusa ri de leve sem saber o que ele queria dizer com aquilo — Consegui o que?
— Ocupar minha mente. — ele sorriu de leve e desviou seu olhar para mim, estava sereno e tranquilo — Percebi que está tentando me ajudar.
— Como?
— Você não para de me mostrar as coisas como se eu nunca tivesse estado aqui. — ele riu um pouco e voltou a olhar para a apresentação — Mas estou gostando disso, está mesmo funcionando.
Ele sorriu de novo, me fazendo sorrir junto, agora tinha certeza que estava dando certo minhas boas intenções. Assim que a apresentação terminou nos levou a um cafeteria da ajumma Sora para almoçarmos, para minha surpresa os meninos do Prince Line estavam trabalhando lá naquele dia. O lugar estava muito movimentado, até estava presente.
— Yah, estava tão preocupada com você criança. — disse ajumma ao abraçar ele — Como está? Como foi passar as férias com aquele ogro?
— Estou bem ajumma. — respondeu ele num tom sério porém baixo — Só estamos aqui para almoçar, podemos?
— Claro. — ela sorriu meio sem graça, deve ter percebido que ele não queria falar sobre o assunto do pai, então ela me olhou curiosa — E quem é essa garota bonita, é sua namorada?
— Sim. — eu disse de imediato.
— Não. — disse ele ao mesmo tempo que eu, me fazendo olhar para ele — Brincadeira. — ele segurou em minha mão e olhou para a tia com um sorriso de canto — Sim, esta é minha garota.
Senti um arrepio ao ouvir aquilo, “minha garota” queria gritar um pouco, a ajumma nos acomodou em uma mesa bem ao fundo para não sermos incomodados. se aproximou da nossa mesa para nos atender, seu sorriso debochado misturado aos comentários maliciosos fizeram ficar um pouco irritado. Isso me divertiu um pouco.
— Hum, está mesmo muito gostoso hyungs. — disse Jinho já terminando seu prato.
— Eu disse que o prato especial da casa era o melhor. — comentou ao nos observar.
— Estamos tendo uma ótima refeição. — sorri de leve — Teremos sobremesa também?
— Claro, o que seria da vida sem doces. — piscou de leve para mim e voltou sua atenção para seu parto.
— Então eu já vou providenciar a sobremesa de vocês. — disse ao se afastar da nossa mesa.
— Adoro doces. — Jinho sorriu com animação.
— Quem não gosta? — olhei para ele sorrindo — O que vamos fazer depois?
— Depois de que? — perguntou Jinho.
— Do almoço. — respondi tranquilamente.
— Diga você. — riu de leve — O plano é seu.
— Yah, vocês podem me ajudar. — resmunguei pensando — Que tal cinema?
— Uah, seria legal. — concordou Jinho.
— Nada de romance. — deu de ombros desviando seu olhar para a frente do lugar — Quero algo mais divertido que isso.
— Não sabemos que filme está em cartaz, mas não me importo que não seja romance. — suspirei fraco, ele era mesmo um chato.
Foi mesmo um bom e proveitoso almoço, nossa sobremesa foi a torta trufada de morango indicada por , que segundo ele era uma receita experimental de ajumma que mais parecia ser o especial da parte de confeitaria. Assim que terminamos nossa sobremesa ajumma se aproximou com um sorriso e disse que o almoço seria um presente dela para nos dar força para o final das férias, muito fofo e legal da parte dela. Antes de sair ela puxou para o canto e ambos trocaram algumas palavras, deu para perceber na face dele que o assunto era o que ele não queria lembrar, seu pai.
— Está tudo bem? — perguntei a , mantendo meu olhar em ajumma e .
— Não se preocupe sabe se cuidar, ele já está vacinado contra os mandados do ajusshi. — assegurou .
— Não consigo deixar de me preocupar com ele . — olhei para ele — A relação de com seu pai é sempre tão conturbada que me deixa com medo.
— Medo de que?
— Dele me afastar de novo. — aquele pensamento sempre passava pela minha cabeça.
— Você gosta do meu primo? — seu olhar ficou sério.
— Sim, claro que gosto.
— Então, aconteça o que acontecer, vocês dois não irão se afastar. — garantiu ele com firmeza — gosta de você de verdade.
Assim que saímos da cafeteria, damos algumas voltas pelo centro da cidade até que chegamos em frente o complemento do nosso dia, o cinema. Para a felicidade de todos escolhemos uma animação que estava em cartaz, assim teríamos ação, aventura, comédia e quem sabe algum romance na história. comprou as pipocas, não entendia o porquê daquilo, já que eu ainda sentia o almoço fazendo efeito dentro de mim. Para minha surpresa, ele e Jinho que sentou na fileira da frente, comeram tudo.
— Foi mesmo uma boa escolha. — comentou ele sussurrando para mim.
— O filme? Ou virmos ao cinema? — perguntei desviando meu olhar para ele.
— Passar o dia com você. — ele desviou seu olhar para mim e sorriu — Você é a melhor escolha de todas.
Meu coração acelerou e parou ao mesmo tempo, em instantes senti os lábios dele tocarem os meus, fechei meus olhos e retribui aquele beijo, por dentro sentia um frio na barriga e minhas pernas meio bambas. Ele tocou de leve minha nuca me fazendo arrepiar um pouco, aquele beijo parecia ainda mais especial que os outros, de alguma forma parecia ser o beijo para ser guardado na memória. Seria o início de uma despedida, já que aquele era o último ano dele na escola e provavelmente iria mudar de cidade por causa da universidade.
— . — sussurrei um pouco receosa — Este será nosso último encontro?
— E quem disse que estamos em um encontro? — ele sorriu — Seu irmão está aqui na frente.
— Você sabe o que eu quis dizer. — retruquei.
— As aulas ainda não terminaram, apenas fique tranquila sobre isso, afinal você ainda está em um plano para me distrair. — ele riu.
— É que tem coisas que eu não sei e... — fui interrompida por outro beijo dele, acho que ele gostava de me interromper com um beijo.
Um pouco antes do filme terminar, o celular do começou a vibrar, disfarçadamente olhei para o visor, era o pai dele. Em uma respiração funda e cansada ele me olhou dizendo que tinha que atender, assenti de leve e o acompanhei com o olhar até que ele saiu da sala. Após o final do filme, eu e Jinho saímos da sala juntos, ficamos um tempo do lado de fora esperando ele voltar, até que recebi uma mensagem.
“Me desculpe, tive que voltar para casa.”
Senti um aperto no coração, voltamos para casa antes que escurecesse e assim que entramos meu celular tocou, eram nossos pais para se certificar que estávamos em casa e em segurança. Enquanto Jinho foi tomar um banho, preparei o jantar, meu prato preferido e prático: o famoso lamen. Deixei tudo em cima da mesa e saí do apartamento por alguns instantes, estava preocupada com , mas não tinha coragem de ligar e perguntar se ele estava bem, então iria tirar minha dúvida com quem poderia saber.
— Ah, aluna . — disse o professor Siwon surpreso ao abrir a porta e me ver — Posso ajudar?
— Não sei, acho que sim. — respondi ainda receosa.
— Bem, entre. — ele abriu um pouco a porta para que eu entrasse — Hum, Aha essa é , uma aluna da escola.
Explicou ele para uma mulher de cabelos ondulados e castanhos, estatura média e um pouco magra, que estava na cozinha com uma chaleira na mão, a mulher sorriu para mim e se curvou de leve.
— esta é minha noiva Aha. — explicou o professor para mim.
— Prazer unnie. — eu me curvei de leve em respeito.
— Prazer. — disse ela — Ela que é a aluna estrangeira?
— Sim. — assentiu o professor voltando seu olhar para mim — Houve algum problema?
— Sim, está acontecendo alguma coisa com e não sei o que é, nem sei como ajudar.
— Hum. — ele esticou a mão para que eu me sentasse no sofá e se sentou — Entendo.
— Professor, você sabe sobre o problema dele com o pai? — perguntei me sentando também.
— Sei de algumas partes, mas é delicado esse assunto.
— Eu sei, por isso estou aqui. — desviei meu olhar para Aha unnie que estava vindo com uma bandeja com xícaras de chá, ela me entregou uma, eu peguei me curvando de leve em agradecimento.
— é aquele garoto, filho do Dongho? — perguntou ela se sentando ao lado do professor e entregando uma xícara para ele.
— Sim, ele mesmo. — assentiu o professor.
— Professor Siwon, eu não posso perguntar sobre isso para a mãe dele, é algo de família, e também tenho medo de perguntar a ele, não sei como ajudá-lo.
— A única coisa que sei é que está passando por um momento conturbado em sua vida, para proteger sua irmã e mãe ele fez um acordo com o pai, mas seguir as vontades do seu pai agora está indo em confronto com suas próprias escolhas e... — ele hesitou por um momento em terminar a frase.
— E? — aquilo me preocupava ainda mais.
— Você está sendo a maior escolha dele.
Eu não sabia o quanto intenso aquela frase era e nem o quanto representava na vida de . Já imaginava que ele não queria ir embora por minha causa e isso fazia com que as brigas com seu pai se tornassem ainda mais frequentes. Eu agradeci a unnie pelo chá e após tomá-lo voltei para casa. Estava um pouco desnorteada e sem saber o que fazer da vida para deixar mais confortável. Eu não queria que as ações dele caísse sobre sua mãe e a Sunny, não por minha causa.
— Noona, você está tão calada. — reclamou Jinho sentado na minha frente na mesa.
— Desculpa, estou pensando em algumas coisas. — dei um sorriso fraco para ele desviando meu olhar para minha tigela de lamen que nem tinha mexido ainda.
— Está pensando no hyung?
— Sim. — assenti — Estou preocupada com ele.
— Ele gosta muito de você noona, não fique preocupada. — Jinho sorriu inocentemente.
— Eu sei. — olhei para ele com carinho — Vamos comer.
Após o jantar Jinho me ajudou a lavar os pratos e deixar a cozinha limpa e arrumada, dei “boa noite” para ele e fui para meu quarto, tinha certeza que minha noite não seria tranquilo, ainda mais com meu pensamento em . Alguns dias se passaram e as aulas enfim voltaram, assim como meus pais, estava feliz por ter eles de volta. As semanas se passaram e estávamos no dia das provas de vestibular, seria um dia muito importante para todos do Prince Line.
Minha sala não teria aula no dia e eu poderia ter dormido até mais tarde, porém acordei cedo para esperar na porta da escola. Assim que cheguei todos os amigos dele estavam lá, achei estranho, já que seu pai queria tanto que ele se dedicasse nos estudo já era para estar na porta da escola esperando pelo portão se abrir.
— Bom dia. — disse ao me aproximar deles.
— Oh, bom dia. — Junhae se assustou em me ver ali — O que faz aqui? Você não terá aula hoje.
— Eu sei. — sorri meio sem graça — Estou aqui para desejar boa sorte a vocês.
— Sei. — MiJun riu — Você veio pelo hyung, mas ele não vai fazer a prova.
— Como assim? — agora eu tinha ficado mais confusa ainda.
— Ele já fez, nas férias quando foi para América. — explicou Junhae — não vai cursar em nenhuma universidade da Coreia, ele vai estudar em Harvard.
— Oh. — algo que eu imaginava se confirmou.
— Pelo visto o hyung não te contou. — Hwang suspirou desviando seu olhar para as meninas líderes de torcida que estavam se aproximando.
— Não, ele não tem me contado muita coisa. — respondi meio sem o que pensar.
— Ele está na casa da mãe hoje. — comentou Junhae — Acho que ele não quer te preocupar.
— Obrigada Junhae. — eu me afastei deles seguindo para a rua novamente, quando trombei em alguém — Oh, me desculpe.
— Pams?! — ela — Está tudo bem?
— Sim ou não. — respirei fundo já não sabendo o que responder — E você? O que faz aqui?
— Vim para ajudar o treinador nos teste para o time, Prince Line saindo temos que montar um novo time para o próximo ano. — respondeu ele tranquilamente.
— Então eu não vou te incomodar, preciso ver alguém agora.
— Já até imagino quem. — ele sorriu de canto — Vou ficar aqui esperando a Yuri.
— Espero que tenha um bom dia .
Eu sorri de leve para ele e me afastei, caminhei até a estação e peguei o metrô que parava perto da casa de . Assim que cheguei em frente ao portão, ajumma Seohyun estava chegando com algumas sacolas na mão, eu ajudei ela pegando algumas das sacolas.
— Sunny foi para um passeio com o pai e eu aproveitei para comprar os ingredientes para o almoço de amanhã. — explicou ela enquanto levávamos as sacolas para a cozinha.
— Ajumma, está em casa? — perguntei.
— Sim, está no quarto, pode ir até lá. — ela se voltou para mim e sorriu — Sei que veio por ele, acho que precisam conversar sobre o futuro.
— Obrigada ajumma. — eu me curvei de leve em agradecimento e saí da cozinha.
Assim que subi as escadas, hesitei um pouco em ir até o quarto dele, fiquei alguns minutos parada no meio daquele hall para os quartos olhando para a porta, foi então que a maçaneta girou e ele saiu.
— Omma você viu... — assim que me viu ele ficou em silêncio, de certo não esperava me ver ali.
Desde aquele dia do cinema eu não o tinha visto ainda. Ele não ia na escola e nem respondia minhas mensagens, era estranho quando ele atendia minhas ligações e não dizia nada. Eu estava sentindo algo ruim em relação a isso, estava com medo que aquela parte de nosso relacionamento seria a parte em que eu me machucaria de verdade.
“Você chorou muito antes do dia da nossa graduação
E você segurou o choro
Afinal, você é um cara
Não conseguimos dizer o que queríamos.”
- Goodbye Summer / F(x) feat. D.O)
24. Love Song
Aqueles dias de apenas coisas bonitas,
Vendo juntos apenas as coisas boas sobre nós
Comendo junto, se divertindo juntos
Chorando juntos e rindo juntos
Obrigado por acreditar em mim que eu não vou cair
E por estar ao meu lado, realmente muito obrigado.
- From U / Super Junior
— Oi — eu disse após ficarmos minutos nos olhando em silêncio.
— Oi. — ele respirou fundo — O que faz aqui?
— Vim saber se está bem. — me encolhi um pouco — Não te vejo desde... Você não vai à escola... Não responde minhas mensagens... Eu fiquei preocupada...
me interrompeu em um abraço. Fiquei em silêncio, estava esperando ele dizer alguma coisa, eu só queria que ele desabafasse e me contasse tudo. Fechei os olhos por um momento, era confortável estar ali, aninhada nos braços dele, nossas respirações ficaram em sincronia.
— Mianhae. — sussurrou ele — Por te fazer ficar preocupada.
— Não precisa se desculpar. — me afastei um pouco dele e o olhei dando um sorriso singelo — Senti sua falta.
— Eu também. — ele respirou fundo — Pensei que ficando o mais longe possível de você, achei que conseguiria me acostumar, mas estava me esquecendo de aproveitar o tempo que me resta.
— Fala como se nunca mais fossemos nos ver. — retruquei — Podemos nos ver nas férias.
— Sim. — ele sorriu de canto — Minha mãe vai fazer um almoço de despedida amanhã, queria que viesse.
— Estarei aqui. — sorri animada, mas fiquei séria novamente.
— O que foi?
— Queria que você me contasse, sobre tudo. — disse.
pegou minha mão e me levou até seu quarto, talvez aquele seria o momento em que ele se abriria comigo, me sentei na cama dele, enquanto ele encostou de leve suas costas no beiral da janela.
— Não sei como falar sobre isso... Com você. — hesitou ele.
— Eu sei de toda a história, mas foi contada por outras pessoas. — desviei meu olhar para do chão para ele — Eu só queria ouvir de você, todo esse tempo.
— Você fica tão fofa quando se preocupa comigo. — ele sorriu me olhando.
— Estou sendo sincera.
— Eu também.
— Vai ficar me enrolando?
— Você já sabe de tudo.
— Não sei o que você está pensando. — respirei fundo e me levantei da cama — Por que é tão difícil se abrir comigo?
— Porque não quero te preocupar com esse assunto. — ele suspirou fraco — O único momento em que não penso sobre isso, é quando estou com você.
— . — sussurrei de leve dando alguns passos até ele — Se não falar sobre isso te faz bem, então não vamos, apesar de eu querer muito.
— O que você quer saber mais? — ele me olhou com carinho.
— O almoço de amanhã, será a última vez que vou te ver? — perguntei diretamente.
— Provavelmente sim.
Fechei meus olhos e o abracei, envolvendo meus braços na cintura dele.
— Eu...
— Será o melhor almoço da minha vida se você estiver nele. — disse envolvendo seus braços na altura do meu ombro.
— Me desculpe. — disse sentindo as lágrimas caírem.
— Pelo que?
— Por fazer você ter que escolher. — sussurrei, me lembrando das palavras do professor.
— Você sempre será minha resposta. — sussurrou ele de volta.
Aquelas palavras me fizeram arrepiar, de alguma forma estranha eu estava me sentindo mais leve, aninhados me um abraço em silêncio, gostaria que aquele momento se congelasse.
— Por que não foi fazer a prova? Não precisa mais?
— Por que pergunta se sabe a resposta?
— Por que quero ouvir de você. — expliquei.
— Quando viajei com meu pai, tinha um propósito. — respondeu ele — A universidade adiantou minha prova e entrevista.
— Então o melhor aluno conseguiu a vaga. — conclui brincando.
— Sim e uma vaga no time de basquete da universidade. — completou ele concordando.
— Nossa, meu namorado é mesmo o melhor. — brinquei novamente me afastando dele e o olhando.
Mesmo naquele momento, a face de ainda estava triste, talvez porque tínhamos poucas horas para estarmos juntos, eu não queria que ele fosse embora, não antes do baile de formatura e do final do ano.
— E como é lá? Já entrou em alguma fraternidade?
— Não. — ele riu de leve — Só irei decidir isso no próximo ano.
— Aproveite a distância com sabedoria. — disse a ele rindo de canto — Porque estou pensando em me candidatar na escola de artes de Harvard.
— Hum, não consegue mesmo viver longe de mim. — brincou ele — Novata estrangeira. — ele riu.
— Yah. — empurrei ele de leve — Já passamos desta fase do novata.
— Ainda é divertido te chamar assim.
— ? — disse a ajumma ao bater na porta — Ah, me desculpe atrapalhar a conversa.
— Não atrapalhou nada. — eu a olhei.
— Deseja algo omma? — perguntou ele.
— Sim, preparei um almoço rápido para todos, seu pai acabou de chegar com Sunny.
Eu olhei para , seu sorriso havia desfeito. Mesmo que eu quisesse que ele desabafasse, não iria tocar no assunto do pai dele, essa parte parecia machucá-lo mais do que deveria. Descemos em silêncio, Sunny logo veio correndo em minha direção e me abraçou dando um sorriso, o pai dele ficou surpreso em me ver, eu o cumprimentei me curvando de leve. segurou em minha mão forte, permanecendo em silêncio. Eu coloquei minha outra mão em cima da dele, queria mostrar que eu estava ao seu lado em qualquer momento.
Após o almoço, e seu pai tinham outros compromissos, eu queria passar a tarde com ele, mas não seria possível. Eles me levaram de carro, me deixando na porta do meu prédio, assim que cheguei em casa, vi minha mãe no telefone, ela estava falando com a mãe de . Ignorei um pouco meu pai e irmão que estavam na sala jogando e fui direto para meu quarto. Não demorou nem cinco minutos e minha mãe bateu na porta.
— Posso entrar? — perguntou ele abrindo uma fresta da porta.
— Pode. — sorri de leve.
— Está tudo bem?
— Sim.
— Tem certeza? — insistiu ela, omma me conhecia melhor que eu mesma.
— Não. — a olhei com cara de choro.
— Oh, minha princesa. — ela veio até mim e me abraçou — Fique tranquila, é só um momento, isso passa.
— Mesmo se eu me candidatar para Harvard, ficarei um ano sem vê-lo. — retruquei.
— Em certos momentos a saudade fortalece o sentimento. — disse ela com aquela voz tranquila e serena — Pandinha.
— Omma.
— Não é um adeus querida. — ela sorriu de leve — É somente um até logo.
As palavras dela faziam parecer fácil, mas eu não queria que ele fosse embora. Era óbvio que ficaríamos mais distantes um do outro, ele era um ano mais velho que eu, mas naquele momento a razão estava perdendo para a emoção.
-
Passei todo o caminho em silêncio, me restringia a falar somente o necessário com ele. Olhando para a janela do carro enquanto pensava que teria somente mais um dia com . Fomos até o advogado da empresa, todos os papéis de transferência e visto de estudante já estavam prontos, minhas passagens compradas para a noite de amanhã. Como seria minha última noite em casa, eu ganhei a chance de passar com minha mãe, não pensei duas vezes em pegar um táxi, de volta para minha verdadeira casa.
Minha mãe ficou surpresa em me ver lá novamente após escurecer, expliquei a ela que ganhei a liberdade de escolher onde dormi aquele dia. Passamos horas vendo filmes na televisão, me fez lembrar minha infância, nas férias eu minha mãe sempre fazíamos maratonas que filmes clássicos. Meu preferido era mesmo: O poderoso chefão.
— Tem certeza que irá dormir bem? — perguntou ela da porta do quarto.
— Sim, tenho. — assenti dando um sorriso — Estou em casa.
— Tenha bons sonhos então.
O sorriso da minha mãe tinha o efeito de me tranquilizar, era tão bom quando ela sorria daquela forma, serenidade no olhar e sorriso singelo. Me fez lembrar de , estava pensando sobre nosso namoro e de como poderia continuar com toda aquela distância que estaria entre nós. Passei a noite acordado, em meus pensamentos foi como se o filme de minha vida estivesse passando, desde o divórcio dos meus pais até aquele momento.
De fato, eu não me importava em ficar longe dela, o que realmente me faria ter medo, era de machucar ela como meu pai machucou minha mãe. Não queria ver chorar por algum erro de minha parte, quanto mais eu pensava nisso, mais as horas se passavam. Logo amanheceu, minha mãe estava animada, pois a casa ficaria cheia com meus amigos, para minha despedida.
Todos da Prince Line chegaram pouco depois do café da manhã, inclusive meu primo, faríamos a última competição de FIFA do ano.
— Yah, pare de roubar . — reclamou Junhae ao perder para mim pela sétima vez.
— Eu? Roubando? — ri da cara dele — Você que é muito ruim.
— Hyung, você é o melhor. — brincou MinSoo rindo.
— Viu. — concordei.
— Yah, fique quieto você MinSoo, não conseguiu ganhar nenhuma até agora.
— Nosso maknae está triste hoje. — explicou Hwang.
— O que houve com ele? — perguntou MiJun.
— Brigou com a Sooyong. — Hwang riu de leve — Ou ela brigou com ele.
— Yah, parem de falar da minha vida. — ele deu de ombros se jogando no sofá.
— O que aconteceu MinSoo? — eu estava curioso.
— Ela é muito ciumenta. — explicou ele.
— Acho melhor voltarmos para nosso jogo. — Junhae pegou o joystick novamente — Desta vez eu vou ganhar.
— Minha vez então. — Hwang pegou o joystick da minha mão.
— À vontade, acabe com ele. — disse ao Hwang rindo de Junhae.
— Está aproveitando só porque está de partida. — reclamou .
— Yah, não discuta, eu sempre fui o melhor mesmo. — ri dele.
Deixei eles jogando e fui para a cozinha, minha mãe estava preparando o almoço com a ajuda da ajumma mãe de Junhae, ela eram amigas de infância. Assim que voltei para sala, a campainha tocou, era e sua mãe, havia me esquecido que nossas mães eram amigas também. Por milagre ele não estava com Yuri, então o convidei para entrar no torneio da Prince Line, surpreendente foi descobrir que ele era muito bom nos games.
As horas passaram, meu pai chegou acompanhado do pai de , chegou acompanhada dos seus pais e Jinho, Yuri tinha encontrado eles no caminho e veio junto. Estava quase completo, até que as meninas líderes de torcida chegaram, então minha casa estava cheia, como minha mãe gostava. Eu e ficamos juntos durante todo o tempo, para aproveitar cada segundo que tínhamos juntos, após o almoço eu a perdi de vista por um momento, então comecei a procurá-la pela casa.
— Se perdeu no meu quarto? — perguntei assim que abri a porta e a vi perto da minha mala.
— Não. — ela riu — Eu só estava vendo se organizou tudo para a viagem.
— Hum, quase tudo.
— É?
— Sim. — eu sorri e a peguei no colo — Falta colocar você na mala.
— Yah, me coloque no chão. — disse ela rindo — Eu não vou caber ali dentro.
— Tenho certeza que sim. — eu ri a colocando no chão — O que realmente estava fazendo aqui? — perguntei novamente.
— Nada, já falei. — ela riu — Vamos descer, não quero que nossos pais pensem que estamos fazendo algo errado aqui.
— Essa ideia também é boa. — eu sorri com malícia.
— Yah. — ela bateu de leve no meu ombro — Seu pervertido.
— Foi você quem tocou no assunto. — eu ri dela saindo do quarto.
Descemos para sala em risos, como meu voo estava marcado para ser à noite, todos se despediram de mim, pouco depois da minha mãe servir a sobremesa. Mesmo não tendo ninguém em lágrimas, consegui perceber o quanto meus amigos estavam tristes por minha partida. Acompanhei e sua família até em casa, recebi abraços apertados da sua mãe e de Jinho, seu pai apertou minha mão me desejando boa sorte na universidade. Eles subiram na frente, deixando eu e a sós.
— Então, é aqui que dizemos até logo?! — brincou ela sorrindo.
— Não. — eu desviei meu olhar para o chão, não conseguia encará-la, não naquele momento — É aqui que dizemos adeus.
— Como? — ela não estava entendendo, mas eu tinha tomado a melhor decisão ao meu ver — Do que está falando?
— Estou falando que, não quero que chore por minha causa, não farei com você o mesmo que meu pai fez com minha mãe.
— , suas palavras estão me assustando. — ela se encolheu.
— O que quero dizer é que...
Foi a coisa mais idiota e egoísta que eu fiz, mas era o certo a fazer, estava terminando com ela, seria melhor assim.
tentou argumentar, mas eu estava decidido, no final eu abriria mão dela, assim ela poderia ser feliz sem mim, não a forçaria esperar por alguém durante um ano. Antes que a primeira lágrima pudesse cair de seus olhos, eu beijei de leve o alto da sua testa e me afastei dela. Certamente no final de daquele dia, eu iria me olhar no espelho e ver um idiota, mas naquele momento eu só pensava em deixá-la livre de mim e dos meus problemas.
Fui direto para casa do meu pai, ele tinha levado minhas malas para lá, com a passagem e o passaporte em mãos, fui de táxi até o aeroporto. Eu já tinha combinado com meus pais que iria fazer isso sozinho, não gostava de despedidas. Foram pouco mais de 15 horas até Boston e mais trinta minutos de Boston até Cambridge, cidade onde Harvard localizava.
O coordenador do meu curso de administração já estava me aguardando no aeroporto quando cheguei. Me instalei sem nenhuma dificuldade no quarto da Fraternidade que o coordenador havia me indicado, pelo que soube era uma das mais respeitadas na universidade. Assim que abri a mala, reconheci um objeto que não era meu e não estava lá desde a última vez que tinha aberto a mala, era o sketchbook da , logo me lembrei de quando eu a peguei em meu quarto.
— O que você andou fazendo?! — sussurrei pegando o sketchbook.
Comecei a folheá-lo, havia muito desenhos de mim, minha face, meus olhos, minha boca, e outros de paisagens de lugares onde ela já tinha morado com seus pais. Se aquilo era um presente de viagem, era o melhor presente do mundo, percebi que tinha uma flor servindo de marcador para uma página específica. Assim que abri, senti meu corpo gelar automaticamente, tinha uma carta, não conseguia acreditar que ela tinha escrito uma carta para mim.
“...
Eu realmente não acredito que estou escrevendo uma carta de confissão para você, mas como você vai estar um ano longe de mim, e esta é uma forma de demonstrar meus sentimentos, e você disse uma vez que queria muito...
Tenho que admitir que desde que te conheci, eu te chamava de pesadelo, mas depois que você disse para todos que eu era sua namorada, comecei a ver que não era tão ruim assim ser a novata estrangeira, de pesadelo, você se tornou um sonho, daqueles que eu não queria acordar.
Confesso também que estava com medo, mas quando você disse que eu era sua resposta, senti meu coração se aquecer novamente, então estou aqui escrevendo esta carta para você, não importa a distância nem o tempo, minha resposta também será você... Always!!!
Eu te amo.”
— . — sussurrei, sentindo a primeira lágrima cair.
Eu sabia que iria me arrepender, sabia que eu era um idiota, mas ler aquela carta me fez querer voltar para Daejeon naquele momento.
“Fecho os olhos, sinto sua respiração e sonho com você
Um sorriso percorre meus lábios, você está respirando comigo agora
Tempo por favor pare, não separe nós dois
Vento pare de soprar, esta é minha última carta para você.”
- Love Song / Big Bang
25. Because I'm Stupid
“Provavelmente não faço parte do seu dia,
E nem devo estar no seu pensamento,
Mais eu passo meus dias pensando em você,
E minhas lágrimas continuam caindo.”
- Because I'm Stupid / Boys Over Flowers OST (KHJ)
Eu estava estática, aquelas palavras vindas dele que não conseguia se encaixar em nenhuma lógica, segurei as lágrimas enquanto o via se afastar de mim, acho que ainda não tinha caído a fixa que ele tinha mesmo terminado comigo. Não conseguia entender, nem mesmo imaginar o que se passava na cabeça daquele bobo, assim que ele desapareceu no meu campo de visão a primeira lágrima caiu.
Babaca, a única palavra que eu conseguia pensar em classificá-lo. Ele disse que não queria me fazer sofrer e o que era aquilo mesmo? Ele terminou comigo. E eu estava chorando por isso, quando me dei conta já estava ajoelhada no chão xingando ele, como se fosse me ouvir. Demorou alguns minutos até que minha mãe apareceu, ela ficou meio desesperada por me ver jogada no chão em lágrimas.
— Querida. — ela me ajudou a levantar — O que houve?
— Mãe, se eu matar alguém, seria presa? — perguntei vendo a cena de um possível estrangulamento — Sou de menor.
— Do que está falando? , o que aconteceu?
— Ele é um idiota. — gritei em lágrimas ainda — Aquele idiota, é mesmo um pesadelo.
— O que fez?
— Não quero falar. — me afastei dela e saí correndo na frente.
Nem mesmo o elevador conseguiu acompanhar minha vontade de sumir, subi as escadas correndo e assim que cheguei no apartamento, desapareci no meu quarto, trancando a porta. Não queria ver ninguém, não queria falar com ninguém, só conseguia chorar e pensar o quanto eu queria jogar pela janela. Comecei a sentir raiva de mim mesma por ter começado a gostar dele e pior, por ter escrito uma carta de confissão.
— ?! , querida abra a porta, fale comigo. — disse minha mãe batendo na porta.
— Não quero! — gritei da cama, naquela altura já estava abraçada ao travesseiro — Me deixa sozinha.
— Querida, preciso entender o que aconteceu.
— Por favor mãe, agora não.
Minha mãe era muito insistente, mas eu era mais teimosa ainda, não abri a porta e nem saí do quarto, aproveitando que o próximo dia seria domingo, teria uma leve desculpa para não sair do quarto. As horas se passaram e no meio da madrugada, senti uma fome descomunal, eu poderia estar triste, depressiva, mas minha fome nunca me abandonava. Saí do quarto e fui até a cozinha preparar algo para comer, meu lanche foi rápido e simples, quando estava voltando para o quarto, minha mãe me parou no corredor e me abraçou. Mesmo não sabendo o motivo real da minha tristeza, ela queria me consolar de alguma forma.
Omma saranghaeyo!
Me afastei dela, dando um sorriso disfarçado e entrei no quarto. Me tranquei novamente para o mundo, fiquei deitada na cama olhando para teto, enquanto segurava as lágrimas. Era impossível não pensar em todos os momentos que tive com ele, desde o nosso esbarrão perto da secretaria até o término sem sentido dele. Eu queria odiar ele, mas só conseguia querer voltar o tempo e fazer ele deixar de ser tão trouxa.
— Aish, , como é difícil transformar um pesadelo em sonho, agora aquele pabo virou pesadelo de novo. — bufei um pouco limpando algumas lágrimas que saíam — Você vai ter que esquecer ele... Como se fosse possível.
Não, não seria possível esquecer uma pessoa que entrou na minha vida igual o cometa Halley. Minha noite foi sim em claro, em lágrimas e lembranças, como eu consegui ter tantas memórias com ele em um curto espaço de tempo, o conhecia a quase um ano. Pouco tempo para muitas dores, como se faz para não gostar mais de uma pessoa?
O final de semana acabou e na segunda eu tinha aula novamente, pensei mil vezes em inventar uma doença para não ir à escola, sair do clube de basquete, mudar de cidade, mas comecei a pensar que não adiantaria. Por mais que eu quisesse esquecer, ainda sim seria um momento da minha vida, um momento que eu queria estender para sempre, e isso me fazia pensar a pior das ideias, será que ele não gostava de mim de verdade?
— Bom dia. — disse ao se aproximar de mim no portão da escola.
— Fale por você. — disse quase sussurrando.
— O que aconteceu? — ele me olhou, aquilo me fez virar o rosto — Já está com saudades do ex capitão do time de basquete? — ele brincou rindo, mas depois ficou sério quando não dei importância — Vocês dois brigaram?
— Pior. — olhei para , ele era meu amigo e conseguia me abrir para ele, apesar de amar minha mãe, ela às vezes queria resolver por mim — Não existe mais eu e ele.
— Não acredito. — sua cara era de surpresa — Você terminou com ele?
— Não, o contrário. — a resposta foi ainda mais baixa.
— Lamento. — me puxou de leve e me abraçou — Aquele tapado não deveria ter feito isso.
— Diga isso para ele. — sussurrei de novo — Mas vou ficar bem, me dê uma semana de lágrimas, chocolate, potes de sorvete e músicas do SHINee que eu melhoro.
— Não acredito. — ele riu um pouco — Até triste você consegue ser fofa e engraçada.
— Pare de falar igual a ele. — fiz cara de emburrada.
— Oppa… — disse Yuri ao se aproximar de nós.
— Ah… Oi Yuri. — disse ele se afastando um pouco de mim.
— O que aconteceu? — ela perguntou ao olhar para mim.
— Nada. — eu sequei uma pequena lágrima que se formou no canto do olho disfarçadamente — Eu vou na biblioteca, vejo vocês na sala.
Traduzindo: “Eu vou no banheiro chorar, vejo vocês na sala.”
Me afastei deles indo em direção ao prédio 2, que ficava a biblioteca. Nunca, entrar no privado do banheiro, sentar no vaso e chorar foi tão poético, como agora. Eu tinha prometido a mim mesma, antes de sair de casa, que não choraria na escola. Mas como eu iria conseguir essa proeza, pela lógica, eu estava nos primeiros dias de um término, e cada tijolo daquela escola me lembrava ele, um absurdo isso, mas a minha realidade. Já imaginava que isso aconteceria, aquele tinha sido meu primeiro namoro, mas eu tinha experiências vivenciadas em doramas colegiais.
E pensar que no intervalo de todas as aulas ele aparecia sem ser convidado, me arrastando para o clube de basquete. Me fazia pegar água sempre que eu tentava sair da quadra, espalhava todas as bolas pra eu sempre ser a última a sair e ele me levar em casa. Como eu conseguiria apagar essas lembranças? Como eu conseguiria passar aquele tempo longe dele? Como ele conseguiu terminar comigo? Eu que alegrava o dia dele.
— Não. — gritei para mim mesma — Foi ele quem terminou, eu me proíbo de ficar pensando nele com dó.
Limpei meu rosto, saí do privado, lavei o rosto e segui em direção a sala, quando fui parada na escadaria por Junhae. Tentei me desviar, mas ele me pegou pelo braço de leve me fazendo parar.
— Está com pressa? — perguntou ele segurando o riso.
— Se você não ouviu, o sinal tocou. — dei de ombros, desviando meu olhar para a escada, olhar para ele me fazia lembrar — Não sou como você que está quase saindo da escola.
— Nossa, que menina mais ríspida. — brincou ele — Não precisa me tratar assim, ainda somos amigos.
— Hum. — o olhei sem interesse — O que você quer?
— Quero saber se está bem. — respondeu ele tranquilamente — Seus olhos estão meio vermelhos, andou chorando?
— O que? — não acredito, será que ele sabia do término? Ele era melhor amigo daquele pesadelo — Estou muito bem, obrigada. Por que o interesse? — agora minha voz estava fria.
— Calma, é que uma pessoa me pediu para perguntar se estava bem. — explicou ele segurando o riso.
Uma pessoa chamada . Posso matar?
— Diga a essa pessoa que estou muito bem, tão bem que nem penso mais nela. — desviei meu olhar.
— Tem certeza? Porque seu olhar diz outra coisa.
— Diga a ele o que você quiser, eu tenho que ir para a sala. — empurrei ele de leve para que saísse da minha frente e continuei subindo as escadas.
Aish, seus amigos conseguiam me irritar tanto quanto ele, o que me deixava ainda mais louca. Assim que cheguei na sala, o professor Han ainda estava escrevendo algumas coisas no quarto, acho que eram avisos, pedi licença e entrei já indo rapidamente para minha carteira. me explicou que eram as datas das provas finais e nossas férias, que legal, eu estava tão mal e ainda teria que passar por uma semana de provas. Será que tinha atestado médico para quem terminou o namoro, tipo motivos depressão pós-término ou algo do tipo?
— Você está melhor agora? — perguntou ele ao virar pra trás.
— Estou. — respirei fundo — Só demorei, porque fui parada no meio da escada.
— Ah. — ele ficou me olhando — Você não foi na biblioteca né?
— Pare de fazer perguntas que eu não quero responder, você é meu melhor amigo, não quero mentir para você.
— Hum. — ele riu de leve — E por falar em mentir, tive que contar a Yuri seu problema, mas pedi a ela para guardar segredo.
— Sem problemas, eu sei que a Yuri é um pouco ciumenta. — suspirei fraco desviando meu olhar para o quadro — Ah, acho que vou sofrer em dobro, não queria uma semana de provas, não agora. — me debrucei sobre o caderno querendo chorar.
— Não se desespere, você tem a mim, os amigos servem para te ajudar a estudar.
— Por um segundo, pensei que você diria que os amigos servem para passar cola. — levantei a face e o olhei.
ficou fazendo alguns comentários engraçados, sobre minhas possíveis respostas nas questões abertas da prova, só ele para me fazer rir num momento de desespero. Mesmo não querendo, me convenceu a continuar no clube de basquete, ele disse que precisava de mim para ajudá-lo com os novos membros. Os dias se passaram, e quanto mais eu queria me afastar, mais ele me enchia em tarefas, já que ele era o novo capitão.
— Me deixa ir embora. — reclamei pegando mais uma bola que ele tinha mandado na cesta, parecia mesmo empenhado em se preparar para o próximo ano — Você já foi mais legal.
— Desculpa, . — parou me olhando enquanto segurava o riso — Eu juro que é a última cesta. — se posicionando ele lançou a bola que caiu perfeitamente dentro da cesta.
— Você não deveria treinar tanto, nem teremos mais jogos, só no próximo ano.
— E sempre bom praticar. — ele riu — Para manter a boa forma.
— Não vejo nenhum lado bom nisso, eu que sempre tenho que ficar. — peguei a bola que ele tinha jogado e coloquei junto com as outras — Você tem uma namorada, porque ela não está aqui?
— Você sabe que basquete e Yuri não se dão bem na mesma frase. — ele caminhou até a mochila — Ela até tentou, mas clube de leitura funciona mais com ela.
— Não me convenceu. — peguei minha mochila que estava na arquibancada e caminhei até a porta.
— Deixa de ser chata. — ele pegou a mochila dele e me seguiu até a porta — Vai me dizer que ficar em casa chorando é melhor?
— Ficar em casa sim, chorando não. — respondi suspirando um pouco — Podemos ir agora?
— Sim. — ele riu novamente — Ah, ia me esquecendo, o convite chegou na minha casa.
— Que convite? — olhei sem entender.
— Do seu aniversário. — ele me olhou surpreso por eu não saber — Você não mandou?
— Minha mãe. — conclui — Acho que ela já está se preparando para isso, e ainda faltam alguns meses.
— Não é todo dia que fazemos 17 anos, ou melhor 18, você está na Coreia.
— Não estou animada para isso. — dei de ombros andando em direção ao portão.
— Mas, e o natal? — perguntou ele.
— O que tem?
— Minha mãe está planejando fazer uma comemoração entre amigos, talvez ela convide sua família.
— Talvez? — eu o olhei quase indignada — Somos amigos, você é obrigado a colocar minha família na lista de convidados.
— Ah, agora você se animou.
— Natal é legal, gosto de ver filmes.
— Hum, não sei se você vai ficar mais animada quando souber quem vai também. — sibilou ele.
— Quem vai? — o olhei curiosa, pedindo a Deus para não ser quem eu estava pensando.
— Seu pesadelo.
— Mudei de ideia, odeio o natal.
Fomos em direção ao metrô, com ele rindo da minha cara, mas eu realmente não estava preparada para ficar em um mesmo ambiente que .
“O meu amor não consegue te alcançar,
Tanto quanto as lágrimas que já derramei, ainda vão demorar para alcançar,
Eu tenho que te esquecer, sinto tanto a sua falta,
Mesmo que você nunca saiba como dói, eu esquecerei.”
- Miss You / SM The Ballad
Os dias foram passando e com eles, minha preparação para as provas finais, eu já não sabia se chorava mais por causa do pesadelo ou das provas que estavam se tornando outro pesadelo. A vida não estava ajudando aqueles dias e para piorar, me bateu uma tpm que me fazia querer matar até quando ria da minha cara.
Enfim a semana de provas tinha chegado, por sorte eu tinha mesmo um melhor amigo que estava me dando todo suporte nos últimos dias de quase depressão. E apesar dos constantes olhares de ciúmes de Yuri, nossa amizade continuava a mesma, até ela estava me apoiando aqueles dias. Tenho que admitir que foi uma surpresa ela ter me chamado para uma festa do pijama na sua casa, certo que foi somente nós duas e passamos a madrugada vendo mini dramas colegiais, mas até que foi legal.
— Animada para hoje? — perguntou se sentando na minha frente.
— Me faça essa pergunta daqui um mês e eu respondo. — olhei para a janela suspirando fraco, vi a Prince Line reunida em um banco conversando — Não tinha mesmo coisa melhor para aparecer nesse pátio.
— Vire seu rosto para o quadro. — sugeriu ele rindo de mim — Mas, você está com um olhar de, hum... Está faltando algo nesse pátio.
— Yah, pare de tentar ler meus olhares, você é meu amigo, tem que me ajudar e não piorar as coisas. — cruzei os braços e o olhei séria.
— Desculpa, só fui sincero. — ele riu novamente — Hum, depois das provas, pelo menos teremos nossas férias, e o natal.
— Não me lembra desse natal, que estou querendo explodir a ceia. — descruzei os braços e abri a mochila retirando a bolsinha de lápis.
— Garota, que tanto ódio no coração. — ele se virou para frente rindo — Você fala como se lá no fundo, não quisesse mesmo ver ele, mas no final você quer, nem que seja para bater nele.
— Não deixa de ser verdade. — eu ri.
— Você disse que em uma semana estaria boa. — comentou ele.
— Se não fosse as provas para piorar. — expliquei — Agora preciso de uma válvula de escape.
— Bater em . — ele riu.
— Sim. — assenti rindo junto.
Isso era verdade, mas pensando bem, eu faria mais do que bater, eu faria o que 100% das pessoas odiavam ser, eu iria ignorar por completo como se ele não existisse. Assim que o sinal bateu, o professor Han entrou na sala, me veio até um frio na barriga quando ele me entregou a prova. Respirei fundo e parti pra guerra, tinha que tirar uma boa nota para passar com meu índice de aproveitamento no topo, aquilo iria direto para meu currículo acadêmico junto com os elogios do treinador do time de basquete. Eu era a melhor auxiliar que ele havia tido até aquele momento.
Nunca uma semana de aula passou tão devagar assim, a cada dia de prova era um fuzilamento a mais, eu até poderia estar exagerando, mas eu nunca tinha imaginado que as provas de escolas coreanas fossem tão level HARD. E finalmente na sexta, após a última leva de provas, eu a saímos da sala entre risos e piadas da parte dele.
Yuri estava do seu lado de braços dados com ele, enquanto eu estava do outro lado rindo da minha ironia de achar que estava indo bem e ao mesmo tempo mal.
— Ah... Finalmente estou livre!!! — disse um pouco alto abrindo os braços de leve.
— Livre? — Junhae se aproximou de mim colocando seu braço envolvendo meu pescoço e rindo — Acha mesmo que férias significa liberdade?
— Claro que sim. — me virei para esse afirmando — Por exemplo, estarei livre da Prince Line.
— Acha mesmo? — ele riu ainda mais — E por falar nisso, animada para o natal?
— Ha... Ha... Ha... — desviei meu olhar para frente — Está querendo o que, substituir alguém?
— Claro que não, aquele que não deve ser nomeado é insubstituível. — brincou ele.
— Todas as pessoas no mundo são, principalmente ele. — o olhei novamente — Já ouviu o termo, a fila anda?
— Hum, isso é uma previsão para o futuro? — Junhae me olhou confuso.
— Só estou dizendo que ele não faz mais falta na minha vida, minhas duas semanas de depressão passou graças às provas finais. — expliquei de forma tranquila e serena.
— É, você realmente parece estar bem.
— Estou maravilhosamente bem. — assenti retirando seu braço do meu ombro e seguindo na frente.
Yeah!!! Agora eu iria deixar se remoendo de remorso, e estava me sentindo completamente bem por isso. Quando cheguei em casa, encontrei um bilhete da minha mãe, ela estava na casa da mãe de planejando a ceia de natal, se eu soubesse tinha ido com ele para casa dele. Olhei pelos cômodos da casa e não havia mais ninguém, certamente papai estava no trabalho e Jinho teria ido com ela, ele já estava de férias desde a semana passada, sortudo.
— Ah, que estranho estar sozinha em casa. — respirei fundo indo para meu quarto — O que vou fazer agora?
Tomei uma ducha rápida e troquei de roupa, liguei meu notebook e chequei meus e-mails, tinha um testamento da Lira no messenger do facebook, contando sobre seus planos para as férias no final do ano e sua experiência de ter feito a prova do ENEM, mal sabia ela que existia coisa pior. Eu enviei outra mensagem de resposta, depois abri o link da Netflix e comecei a ver Descendants of the Sun. Estava mesmo pensando em outras coisas, principalmente em como iria preencher meus dias, já que o clube de basquete estava temporariamente fechado.
Não sei se era para pagar minha língua, mas tinha que admitir que continuar no clube salvava minhas tardes livres e manhãs tediosas, além de sempre chegar tarde em casa e já ir direto para a cama. A parte ruim, era cansativo, a parte boa, era cansativo, e me dava motivos suficientes para não pensar em pessoas indesejadas. Meus primeiros dias em casa era repletos de maratonas na Netflix, que duravam o dia e a noite toda, eu somente parava para comer e ir ao banheiro, percebi que todas as minhas séries, animes e doramas favoritos estavam atrasadas.
Trancada no quarto, as horas se passaram e eu adormecia sempre no meio dos episódios, era a madrugada de sexta e estava desmaiada na cama, quando acordei, meu notebook estava desligado, ao lado da cama tinha uma bandeja com um lanche. Aquilo era sinal de que minha mãe tinha passado no meu quarto, me espreguicei de leve e comi tudo que ela tinha deixado, estava mesmo com fome.
Ao amanhecer acordei com um fundo musical soando pela casa, minha mãe estava animada e ouvindo os clássicos dos anos 80, coisa que ela não fazia a muito tempo. Quando cheguei na cozinha ela estava dançando com Jinho, ao som de Dirty Dance, como se aquele pequeno espaço da cozinha fosse uma pista de dança, eu encostei na porta rindo e olhando eles. Assim que minha mãe percebeu minha presença, me puxou para o meio da cozinha me fazendo dançar com eles, como negar a um pedido da minha mãe mesmo?
— Ah, fazia tempos que eu não me divertia tanto com vocês. — disse ela nos abraçando apertado.
— Calma omma, assim vai nos sufocar. — reclamou Jinho.
— Deixa de ser fresco, amor de mãe não mata. — disse rindo dele.
— Ouviu? — ela o olhou — Escute sua irmã.
— O que deu na senhora para estar dançando na cozinha a essa hora da manhã? — perguntei me sentando na cadeira.
— Ando percebendo que algumas pessoas dessa casa precisam simplesmente sorrir, sem precisar de motivos. — explicou ela abrindo a geladeira de forma tranquila.
— Ui, peguei a indireta. — eu ri desviando meu olhar para Jinho.
— Então, você vai contar o que ouve? — perguntou ele se sentando ao meu lado — Isso tudo é saudade do hyung?
— Antes fosse. — respirei fundo — Eu e ...
Pensei um pouco, se ele não tinha tido a coragem de dizer a todos que não estávamos namorando, porque eu teria que fazer isso, não mesmo, o idiota foi ele. Me levantei da cadeira e ajudei minha mãe a arrumar a mesa do café, inacreditavelmente naquele dia meu pai estava em casa. Fizemos um longo programa em família e visitamos o Daejeon Park, com direito a piquenique e jogos de cartas, algo tradicional, mas que eu estava sentindo falta, minha família também me fazia sorrir.
— Hum?! Yeoboseyo! — disse ao atender meu celular.
— Oi . — disse da outra linha — Finalmente me atendeu.
— O que você está fazendo me ligando a essa hora? É sábado! — disse rindo — Não deveria estar com sua namorada?
— Eu estou com minha namorada. — ele riu — Mas, é que acabei de receber um convite para uma partida especial de basquete, e preciso de você.
— Como assim você precisa de mim? O capitão do time da escola aqui é você. — retruquei.
— Mas você é a auxiliar que tanto me ajuda e me dá forças, sou seu melhor amigo.
— A Yuri não pode mesmo suprir essa necessidade? — perguntei me afastando um pouco da minha família no parque.
— Não, eu preciso de você, você é do time também.
— Yah, seu chato. — suspirei fraco — Me manda o endereço, estou indo.
— Ok.
Eu desliguei a ligação, e voltei para perto da minha família, como é que eu iria explicar aos meus pais, que eu teria que comparecer a um jogo de basquete àquela hora da tarde? Mas tive e meu pai assentiu a minha ida, me dando a grana para o táxi. Assim que cheguei em frente ao Daejon University avistei e Yuri, me esperando.
— Yah, como pode me ligar me pedindo para me deslocar assim. — disse ao me aproximar empurrando ele — Me desculpa Yuri, mas seu namorado é um folgado.
— Eu sei. — ela riu dele — Mas ele não pode recusar.
— E de onde veio esse convite?
— O time universitário da Korea University está fazendo uma grande conferência com os melhores times de universidades do mundo, e um time universitário americano soube do grande destaque do nosso time nesse ano. — explicou ele — Sejamos sinceros, quebramos muitos recordes para um time do colegial.
— E? — o olhei desinteressada.
— Esse time americano soube, eles nos desafiaram a uma partida. — ele respirou fundo — Junhae me ligou hoje na hora do almoço, ele aceitou o desafio e eu nem tive chance de recusar.
— Que espécie de capitão é você?
— Juro, eu realmente tentei. — ele me olhou com uma carinha de inocente.
— Como você consegue namorar ele? — olhei para Yuri — Ele está arruinando seu sábado.
— Ele me prometeu não falar sobre basquete durante as férias todas. — explicou ela segurando o riso.
— E você ainda acredita? — desviei meu olhar para ele.
— Yah, pare de querer acabar com meu namoro. — reclamou ele.
— Unnie, oppa disse que falaria sobre isso só com você. — ela riu de mim.
— Vocês dois se merecem mesmo.
— Uah, aqui estão. — disse Junhae ao se aproximar — Estávamos esperando vocês.
— A acabou de chegar. — explicou .
— Ainda acho que eu não deveria nem estar aqui. — retruquei cruzando os braços — Estava tendo um maravilhoso sábado no parque com minha família.
— Só porque não joga, não quer dizer que não faça parte do time. — disse uma voz vinda de trás de mim, eu reconhecia aquela voz — Vamos, vocês estão atrasados.
Assim que passou por mim, senti um frio na barriga, meu coração acelerou e minha perna bambeou um pouco. Seu corte de cabelo estava um pouco diferente, suas roupas mais adultas e sua postura mais madura, até sua voz estava mais firme que o normal.
Acho que a universidade estava fazendo muito bem a alguém, e já estava prevendo que eu não conseguiria sair viva daquele jogo.
“Mesmo se você evitar o meu olhar,
Mesmo se você ficar trocando de assunto,
Você não pode esconder esses seus sentimentos, yeah
Quer que eu tente adivinhar seus sentimentos?
O tambor e baixo daqui e as minhas palavras,
Fazem o seu coração bater.”
- Don't Lie / SM The Ballad (feat. Henry Lau)
Continua aqui >>> capítulo 26 em diante
Annyeonghaseyo pessoa linda que está lendo, essa é oficialmente minha primeira fic colegial e gosto muito dela, espero que gostem também! Já deixo meu agradecimento a querida Jane, amiga da minha tia que mora na Coréia e que tem me ajudado bastante em minhas pesquisas. E convido a todos a lerem minha outra fic colegial cristã Princess of God!!!
Em breve mais fics colegiais, porque estou vendo muito dorama kkkkkk...
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
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