Finalizada em ou Última atualização: 20/02/2021

Tiana

Foi assim que Rumple deu início a primeira e maior agência de investigação do mundo, segundo alguns da Continuum, a Solarium. Fazendo acordos e recrutando primogênitos para desenvolver habilidades específicas.

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New Orleans, verão de 1933

Não é fácil realizar seus sonhos, mas também não é impossível! Era o que meu pai me dizia quando criança, todas as noites antes de eu dormir e ele sair para sua dupla jornada de trabalho. E agora, quem estava fazendo o mesmo trabalhando em dois empregos era eu. Infelizmente meu pai não viveu para ver nosso sonho se realizar, mas dentro de mim a esperança continuava firme. Só faltava um pouquinho para conseguir o dinheiro necessário para comprar o imóvel e abrir meu próprio bistrô.

— Dr. Sollary. — disse ao ver o cliente fiel da confeitaria do senhor Brox — Bom dia.

Sollary ia pontualmente todas as manhãs tomar café na Sweet Crush. Tomar café e intencionalmente me ver. Claro que o doutor sabia que meu foco era restrito ao meu futuro bistrô e não tinha tempo para paixonites e romances em minha vida. O servi com as tostadas de sempre, minhas especialidade, dando um toque especial com um chuvisco de açúcar refinado por cima. 

— Bom dia, . — ele sorriu com suavidade e retirou o estetoscópio do pescoço.
— Como sempre, o hospital não sai de você. — ri de leve.
— Ossos do ofício que fala? — brincou ele — Hoje foi uma madrugada turbulenta.
— Eu ouvi sobre o incêndio na velha fábrica de barbantes. — comentei, escorando de leve na mesa — Houve muitos feridos?
— Sim, parece que ainda tinha funcionários trabalhando quando aconteceu. — respondeu ele, mantendo o olhar fixo em mim — O que importa é que o fogo foi controlado e os feridos foram tratados pelo melhor médico da cidade.
— Hum… — sorri de canto.

O que ele tinha de bonito, tinha de convencido sem nenhuma modéstia.

— Meu plantão acabou. — comentou ele.
— E? — instiguei a continuar.
— E?! — ele manteve a intensidade no olhar.
— E eu tenho um novo plantão daqui a pouco em outro lugar. — ri de sua cara e me afastei de sua mesa, seguindo para a porta da cozinha.

Continuei minhas tarefas ali até encerrar meu expediente à tarde. Ao cair da noite, meus clientes na confeitaria me encontravam em outro lugar e outra função. À noite meu improviso financeiro era como cantora do Moonlight Bar. Um dom que descobri ter herdado da minha mãe. Ela havia nos deixado para seguir seu sonho de ser cantora profissional em Paris, pouco antes do papai adoecer. Felizmente, tive minha tia Hana para me apoiar e cuidar de mim. 

— Querida. — tia Hana estava na cozinha preparando algo, quando cheguei correndo em casa para pegar a roupa de apresentar no bar.
— Boa noite, tia Hana. — gritei seguindo para meu quarto.

Era triste olhar para aquele lugar todo bagunçado, com minhas roupas espalhadas por todo lado. E por mais que tia Hana se esforçasse, ela já tinha desistido de arrumar aquela parte da nossa pequena casa. Revirei ainda mais as roupas pelo chão até que encontrei o vestido preto que tanto procurava, o joguei dentro da mochila e voltei para sala.

, não vai comer um pouco antes de ir? — ela me olhou preocupada.
— Não tia Hana, eu estou bem. — assegurei a ela — E atrasada, eu como algum petisco no bar.

Acenei para ela e saí correndo para conseguir pegar o transporte público até meu emprego noturno. Assim que cheguei em frente ao prédio do bar. Soltei um suspiro cansado ao ler o letreiro escrito Moonlight e tomando coragem para mais uma noite movimentada, entrei.

— Está atrasada. — comentou John, assim que passei por ele na entrada.
— Me desculpe senhor John, eu já estou indo me trocar. — garanti a ele.
— Não precisa, hoje teremos um grupo de músicos tocando, preciso que ajude a Beth a servir as mesas e os clientes. — disse ele.
— Sim senhor. — assenti.

E lá vamos nós. A parte boa daquilo é trabalhar com uma pessoa extremamente dócil e otimista como a Beth. Assim como eu, ela tinha seus sonhos de mudar para Manhattan e dar aulas de ballet clássico. Vivia dizendo que um dia se apresentaria com seus alunos do célebre teatro da Broadway. Eu não a recriminava por sonhar tão alto, assim como ela, todos os dias eu nutria meu sonho de abrir meu bistrô e ser uma referência gastronômica na cidade.

— Hoje está mais movimentado que ontem. — comentou Beth ao se aproximar do balcão do bar para pegar mais bebidas — Está sabendo de alguma coisa?
— Bem, estamos na melhor época do ano para se ter turistas na cidade. — respondi a ela, me lembrando das próximas festividades — Se aproxima a data do solstício de verão.
— Verdade, tinha me esquecido que a cidade promove muitas festas nessa época do ano. — concordou Beth, colocando as garrafas em sua bandeja — Vamos trabalhar dobrado.
— Acho que é por isso que o velho John me colocou servindo mesas. — comentei.
— Você é a melhor nisso. — ela ri e se afastou.

Me mantive no balcão atendendo os clientes que se aproximavam. Logo notei estar sendo observada por um homem estranho que aparentava ter baixa estatura, sentado na banqueta. Me aproximei dele, curiosa e sorri de leve.

— Deseja outra bebida senhor?! — perguntei.
— O que me sugere senhorita? — retrucou ele.
— Tenho várias opções. — disse apontando para algumas garrafas.
— Estou intrigado, você não é a moça que servia na confeitaria Sweet Crush, hoje pela manhã? — ele parecia ser um bom fisionomista, logo apontou para uma das garrafas atrás de mim.
— Sim, sou eu mesmo. — confessei, pegando a garrafa para ele — Porque?
— Fiquei encantado com as tostadas que comi, me disseram que foi você quem preparou. — disse ele.
— Sim, será uma especialidade no cardápio de sobremesas do meu bistrô, quando eu abrir. — assenti.
— Hum… Quer abrir um restaurante ao estilo francês. — comentou ele se mostrando interessado — Estou surpreso.
— Sim, era um sonho do meu pai, trazer um pedaço de Paris para New Orleans.  — expliquei a ele — Mas, qual o motivo do seu interesse?
— Bem, estou ajudando um amigo a organizar uma recepção para o solstício de verão e achei que suas tostadas pudessem estar no cardápio oferecido. — respondeu ele com tranquilidade.
— Sério?! — por aquilo eu não esperava.
— Sim, apenas me diga quanto vai cobrar, vamos precisar de no mínimo trezentas dessas tostadas para sexta à noite. — confirmou ele.
— Sexta à noite, é daqui três dias. — fiz os cálculos em minha cabeça.
— Você conseguiria fazer? — perguntou ele.
— Sim. — respondi prontamente.

Era dinheiro fácil e não podia recusar. Quem liga se ficar mais duas horas sem dormir? Era uma oportunidade única para fechar o valor que eu precisava para adquirir o prédio do meu bistrô.

— Claro que posso. — confirmei.
— Muito bem, amanhã pela manhã passarei em sua confeitaria e lhe entregarei o dinheiro. — ele retirou um papel do bolso juntamente com uma caneta — Apenas preciso que escreva o valor aqui.
— Tudo bem. — peguei a caneta de sua mão e escrevi o valor que considerava justo pela sua encomenda de tostadas — Aqui.
— Perfeito. — disse ele ao olhar para os números escritos.
— Posso saber o nome do homem que me encomenda minhas tostadas?
— Rumpelstiltskin. — respondeu ele.
— Bem, foi um prazer fazer negócios com você, senhor Rumple. — me afastei dele e segui para o outro lado, para atender um casal.

Foi mesmo surreal imaginar que um desconhecido pagaria por minhas tostadas. Como de fato aconteceu e o senhor Rumple voltou a confeitaria pela manhã e me entregou um envelope com o dinheiro solicitado. Nunca tinha visto tantas notas de uma só vez. A primeira coisa que fiz, foi ir até a imobiliária com o dinheiro e tentar mais uma vez negociar a venda do prédio.

— Sabe o que acontece senhorita Naveen, com o solstício se aproximando e a cidade cheia de turistas, as propriedades tem se valorizado acima do esperado e propriamente este imóvel, sofreu um reajuste no preço. — explicou Hilte, o homem que gerenciava o lugar — Não acho que este dinheiro vá cobrir todos os custos que envolvem tal negociação.
— O senhor está me dizendo que… Eu não tenho dinheiro para comprar este prédio? — minha mente não conseguia absorver toda a informação.
— Sim, estou assegurando que não poderá comprar a menos que consiga dobrar o valor que me oferece. — reforçou ele, suas palavras.

Meu mundo caiu naquele momento. Minha tia que estava ao meu lado, tentou me amparar. Assenti devolvendo o envelope para dentro da minha bolsa e seguimos para casa. Estava tão abalada que nem mesmo consegui responder as perguntas preocupadas dela. Apenas me tranquei em meu quarto e comecei a chorar como uma criança abandonada. Não acreditava que meu sonho estava sendo levado de mim, de uma forma tão cruel assim. A cada vez que eu me encontrava com o senhor Hilte, ele dobrava o valor o imóvel.

Os dias se passaram e finalmente entreguei a encomenda das tostadas. Por mais que eu não tivesse comprado o prédio, ainda tinha um compromisso para honrar. O senhor Rumpel me pediu para ficar um pouco mais na recepção e auxiliar os garçons a servirem minha especialidade. Assenti sem problemas, após ele me oferecer um valor simbólico por minha ajuda no evento. Curiosamente reconheci um rosto familiar entre os convidados da glamorosa recepção para a elite da cidade. O doutor Sollary estava presente e acompanhado de uma mulher muito bonita e de sorriso marcante. 

Mais um choque de realidade para deixar minha vida mais no fundo do poço. Claro que um homem bonito, inteligente, bem sucedido e rico como ele jamais iria querer algo sério com uma fracassada como eu. Dei um passo para trás e sai apressadamente daquele lugar, estava me sentindo com falta de ar por tudo que tinha me acontecido em um curto espaço de tempo.

— Está tudo bem? — ouvi uma voz feminina, e logo duas mãos me ampararam.

Voltei meu olhar para o lado, era a mesma mulher que estava ao lado do dr. Sollary há minutos atrás.

— Nossa, você está pálida, está se sentindo bem? — seu olhar para mim ficou ainda mais preocupado.
— Sim, estou… — nem mesmo consegui terminar minha frase e já senti meu corpo cambalear.

Minhas vistas escureceram e tudo se apagou. Acordei ouvindo algumas vozes. Tive dificuldade por minhas pálpebras pesadas, mas assim que os abri os olhos, a claridade quase me cegou. Mesmo com a visão ainda embaçada, pude notar que não estava em casa. Voltei o olhar para baixo e vi meu braço estendido, recebendo soro. Então, eu estava no hospital. Mas qual?

— Olha só, nossa princesa das tostadas acordou. — a voz conhecida era do doutor Sollary.
— Onde estou? — perguntei para minha confirmação — Minha cabeça dói.
— Está no meu hospital. — disse ele, com propriedade — Você teve um quadro de exaustão, por isso seu corpo desligou geral, sua cabeça não está doendo, mas sim dolorida por ter que processar todas as informações do que anda acontecendo com você, por isso tem a sensação de que esteja doendo.

Ele tinha mesmo um charme incomum. Ah não… O que estou dizendo? Certamente, minha mente não estava em bom funcionamento.

— Fique tranquila e descanse, sua tia já foi avisada e você só sairá daqui quando eu achar que está melhor. — garantiu ele, como se mandasse em mim.
— Não tenho tempo e nem dinheiro para ficar em um hospital. — disse erguendo meu corpo — Me dê a alta hospitalar, que eu descanso em casa.
— E correr o risco de te se matando naquela confeitaria durante o dia e no bar à noite? — ele parecia conhecer bem a minha rotina de sacrifícios.
— Nem todos nascem em berço de ouro doutor. — retruquei, mantendo o olhar sério para ele.
— Eu não vou te deixar sair daqui, se dinheiro é o problema, sua internação ficará às minhas custas. — garantiu ele.
— E desde quando se preocupa comigo? — soltei um suspiro cansado.
— Pode não perceber, mas desde sempre. — respondeu ele.
— Minha vida não é da sua conta. — disse com um tom áspero.
— Porque está agindo assim? Indiferente a minha preocupação com você? — perguntou ele, se mostrando confuso aos meus atos.
— Tenho certeza que possui outras pessoas para se preocupar, doutor Sollary. — o confrontei, estava chateada demais com a minha vida.
, voltei do meu plantão… — a mulher bonita que me amparou entrou no quarto em que estava, vestida com um jaleco — Olha só, ela já acordou.
— Sim. — ele se afastou da cama hospitalar em que me encontrava deitada e olhou para ela — Obrigado por tê-la socorrido.
— Que isso irmãozinho, família é para isso. — ela abriu um largo sorriso e me olhou — Você está melhor agora?
— Irmão? — olhei para ele e depois voltei para ela.
— Sim. — confirmou — Esta é Nina Sollary, minha irmã mais nova, médica especialista em obstetrícia.

Eu já não tinha mais palavras, menos ainda reação. Estática permanecia ao ouvir Nina contar sobre as muitas comparações que sua família de médicos faziam entre ela e o irmão prodígio. Assim que Nina se retirou para atender uma paciente de urgência, retirou o estetoscópio do pescoço e o jaleco, colocando na cadeira do acompanhante.

— O que está fazendo, doutor?! — perguntei intrigada.
— A partir de agora, não sou mais seu médico. — disse ele ao olhar o relógio na parede — Agora sou apenas , e vou ficar aqui cuidando de você.
— E porque perderia seu tempo cuidando de uma desconhecida como eu? — perguntei.
— Você não é uma desconhecida para mim. — retrucou ele, se aproximando novamente e sentando na beirada da cama — Porque se esforça tanto para me manter longe de você?
— Porque se esforça tanto para se aproximar de mim? — devolvi a pergunta na mesma moeda, por assim dizer.
— Não consegue perceber? — retrucou ele.
— O que eu deveria perceber? — agora estava mais confusa.
— Que eu gosto de você. — desta vez, ele foi ainda mais direto comigo.
— Não diga besteiras. — voltei o olhar para o lado — Não brinque com essas coisas.

Não conseguia encará-lo.

— Quem disse que estou brincando. — ele tocou em minha face, fazendo-me olhá-lo — O que digo, é o que sinto de mais profundo dentro de mim. Só me entristece saber que…

Em meio a minha loucura e impulsos involuntários, ergui meu corpo e o silenciei com um beijo. Desesperado, insano e doce ao mesmo tempo, que se intensificou com a ousadia dele.

— Me desculpe. — disse me retraindo — Não sei o que deu em mim.
— Não peça desculpas, por algo que venho desejando a muito tempo. — pediu ele, deixando o olhar mais sereno ainda.

Confesso que já se completava dois anos desde a primeira vez que o vi. Tinha acabado de ler no jornal da cidade a compra do velho Hospital Fox, pela família Sollary, quando ele entrou na confeitaria pedindo um café. Foram seis meses de reforma até que o hospital se tornasse referência de ética e profissionalismo na cidade. Todos desejavam ser atendidos pelo doutor Sollary. 

Senti meu coração pulsar mais forte e fechei meus olhos tentando voltar à realidade. Eu era somente uma garçonete tentando vencer na vida. Mas em instantes novamente os lábios dele chegaram aos meus, me fazendo esquecer todas as diferenças econômicas e sociais que me distanciavam dele.

— Você não pode fazer isso. — sussurrei, o afastando um pouco.
— Pois tem minha permissão. — ouvi a voz de tia Hana vindo da porta.
— Tia Hana?! — eu queria repreendê-la, mas só consegui ficar feliz por sua presença ali.
— Então este é o doutor que tem cortejado minha sobrinha. — comentou ela, entrando mais um pouco.
— Prazer senhora Naveen. — disse ele, esticando a mão em cumprimento.
— Prazer doutor. — ela segurou a mão dele, aceitando o cumprimento — Como você está querida?
— Estou melhor agora, tia. — assegurei a ela, com tranquilidade.
— Vou deixá-las à vontade. — disse , ao se afastar de mim e seguir para a porta.

Assim que ele saiu, minha tia voltou um olhar curioso para mim, com um sorriso bobo no rosto. Eu sabia que ela torcia pela minha felicidade e pelo sucesso do meu sonho. Foram várias as noites que ela me consolou em meio as lágrimas de tristeza, por sentir meu sonho cada vez mais distante de mim.

— Está mesmo bem?! — perguntou ela, se sentando na ponta da cama.
— Sim, foi somente pela exaustão, mas estou mesmo melhor agora. — respondi com segurança.
— E o doutor? — indagou ela.
— O que tem ele? — perguntei confusa.
— Vejo no olhar dele o quanto se interessa por você. — comentou ela.
— Não tenho tempo para isso tia. — voltei o olhar para a janela.
— E quando terá? Quando tiver oitenta anos de cabelos brancos? — seu tom de repreensão estava oculto naquela frase — Querida, nosso futuro é a consequência do que fazemos hoje, você quer mesmo se matar de tanto trabalhar para realizar um sonho que não era seu?
— O bistrô não é somente um sonho do papai. — retruquei certa de minhas palavras — Eu também sonhei com ele e agora, é como se ele ainda estivesse aqui comigo, é um sonho meu também.
— Tem sido algo muito pesado para se carregar sozinha. — argumentou ela — Talvez se dividisse com alguém que goste de você…
— Não, não quero conseguir nada assim, sabe que tenho os princípios de mérito próprio, eu sei que vou conseguir só preciso me esforçar mais um pouco.

Tinha coisas que a tia Hana não entendia. Mas para mim, realizar aquilo sozinha era como realizar com meu pai. Com um juramento de tia Hana, o doutor Sollary me deu alta hospitalar e nos levou em seu carro até nossa casa. Nos despedimos dele na porta, minha tia entrou dentro da casa e continuei no portão com ele. mantinha um olhar sereno para mim, com um sorriso no canto do rosto.

— Obrigado por tudo. — disse a ele antes de entrar.
… — ele segurou em minha mão — Eu…
— Doutor Sollary. — tentei interrompê-lo.
— Não vou me declarar se é isso que te deixa temerosa. — ele riu.
— Não?! — fiquei surpresa e meio decepcionada também.
— Apesar de querer muito, mas… Só queria saber se vai participar da festa do solstício de verão? — explicou ele — Queria muito que fosse comigo.
— Vou pensar sobre isso. — disse a ele.

Nos despedimos e entrei. Na manhã seguinte, lá estava eu fugindo dos olhares da minha tia e seguindo para a confeitaria. Fiquei surpresa ao ver o senhor Rumpel, sentado na mesa esperando para ser servido.

— O senhor por aqui?! — disse ao me aproximar de sua mesa, com um prato de tostadas.
— Olha só, a princesa das tostadas. — brincou ele, dando uma risada estranha.
— Por conta da casa, um agradecimento a você. — disse ele — Pelas tostadas da sua recepção.
— Oh, estavam boas as tostadas. — elogiou ele — Mas, pelo seu olhar, não parece estar feliz com a entrega da encomenda.
— Não saiu como planejei, e vou ter que começar tudo de novo. — contei a ele, num tom de desabafo.
— Planejou? — seu olhar ficou curioso e confuso — O que planejou.
— Com o dinheiro que ganhei pelas tostadas, planejada juntar ao que tinha guardado e comprar um prédio para abrir meu bistrô, mas parece que a vida não tem dado créditos a mim. — expliquei a ele.
— Hum… E que prédio seria esse? — indagou ele.
— O prédio cinza na rua do porto, caindo aos pedaços mas tem tanto potencial. — suspirei fraco.
— E se eu te disser que conheço o dono?! — disse ele.
— Sério?! — um fio de esperança veio em meu coração, seguido de insegurança — Mas o que importa, com certeza ele não vai vender para alguém como eu.
— Não, se não tiver uma indicação… Tenho certeza que se eu te ajudar, vai conseguir. — disse ele confiante.
— E porque me ajudaria? O que quer em troca? — perguntei.
— Porque acha que vou querer algo em troca? — ele se mostrou intrigado.
— No mundo em que vivemos, nada vem de graça. — respondi prontamente.
— Esperta você. — ele riu — Vamos fazer um acordo então, eu te ajudo e no futuro, você me ajuda.
— Fechado. — disse.

Foi surpreendente quando o senhor Rumpelstiltskin realmente me apresentou ao dono do imóvel. Coincidentemente a mesma pessoa dona da recepção que eu fiz as tostadas. Foi o contrato mais esperado da minha vida, mas só de ter visto a cara do Hilte ao me ver reunida com o dono. Um momento memorável que levarei para vida. Principalmente a parte que o senhor Roosevelt disse que me cobraria metade do valor de mercado devido às muitas reformas que eu teria que fazer no imóvel. Finalmente estava dando o primeiro passo real para realizar meu sonho.

Os dias se passaram e finalmente o festival do solstício de verão deu início aos primeiros sinais do sol da manhã de sábado. Sollary bateu em minha porta pontualmente às 8 da manhã com um sorriso inacreditável.

— Pronta para festejar o solstício de verão?! — perguntou ele, mantendo o olhar sereno.
— Pronta. — disse dando um sorriso largo para ele.

Seguimos caminhando até o centro da cidade, já tinha muitos turistas pelas ruas festejando com os sons que saíam dos bares e das casas. Além dos muitos músicos que tocavam com seus grupos em cada esquina. New Orleans era mesmo muito barulhenta nesta época do ano.

— Porque aquele homem está te olhando tanto? — perguntou intrigado.
— Que homem?! — perguntei, olhando em volta.
— Aquele baixinho ali. — ele apontou discretamente para a direção do senhor Rumpel.
— Ele é um cliente da confeitaria. — expliquei — Deve estar estranhando me ver acompanhada, como todo mundo.
— Hum… Acho que me lembro dele… — o doutor segurou em minha mão, entrelaçando em nossos dedos — Mas é bom que todos vejam mesmo que estamos juntos.
— Doutor Sollary. — o olhei com carinho.
— Para você somente , ou se quiser ser mais profunda… Pode me chamar de seu, amor. — ele sorriu de leve.

Ele se inclinou para me beijar, porém o parei no meio do caminho.

— Estou curiosa com uma coisa. — disse.
— O que seria? — ele fez uma cara de chateado por minha recusa.
— De onde conhece o senhor Rumpel? Da confeitaria? — curiosa eu estava.
— Não, acho que o vi uma vez em um jantar da minha sociedade. — comentou ele.
— Sua sociedade? — fiquei confusa — Como assim?
— Ah, é que eu e um grupo de amigos criamos uma sociedade entre nós mesmo, chamada Continuum. — começou a explicar — De tempos em tempos, nos reunimos e trocamos experiências.
— Continuum… E esse nome teria algum tipo de significado profundo? — perguntei brincando.
— Sim, essa palavra vem de contínuo, significa que nossa amizade será contínua para sempre, se estendendo às nossas gerações futuras. — respondeu ele.
— Realmente, muito profundo mesmo. — disse impressionada — E quem são seus amigos?
— Bem, somos um grupo bem diversificado, tem a nossa jornalista francesa Louise Tenebrae, ela sempre sabe tudo sobre todo mundo, um militar russo chamado Victor Bellorum, ele é o mais silencioso e mal-humorado de todos. — ele riu ao falar do amigo — Tem a louca do grupo, nossa cientista britânica Dorothy Baker, eu o exímio médico…
— Hum… Quanta modéstia! — comentei em sussurro.
— E por fim, o comerciante americano Charlie Dominos, o mais viajado de nós, já conheceu vários países ao redor do mundo. — completou ele.

Ficamos em silêncio por um tempo, até que ele se mostrou incomodado.

— Eu realmente não estou gostando do olhar dele para você. — me puxou para longe da multidão.
— O que foi agora?
— Não quero encarar aquele Rumpel te olhando. — disse ele.

Eu comecei a rir, enquanto o deixava me guiar para um lugar mais afastado.

— Você realmente está com ciúmes, doutor Sollary?! — eu o parei, o fazendo me olhar.
— E se eu estiver? — disse ele num tom mais baixo, porém sério.
— Então devo lhe dizer doutor, que não me importa os olhares de outros. — assegurei a ele — Somente o seu, faz meu coração pulsar mais forte.

não perdeu os segundos que seguiram da minha declaração. Um beijo doce e suave partiu dele, que me envolveu em seus braços, trazendo meu corpo para mais perto do dele.

— Quero te amar cada vez mais. — sussurrou ele, me abraçando forte e apertado, me fazendo aninhar em seus braços — Daria me a honra de casar-se comigo, Naveen?!
— Sim, Sollary. — sussurrei de volta, abrindo um largo sorriso.

Você é a melhor coisa que eu nunca soube que eu precisava,
Quando você estava aqui eu não tinha ideia ...
Você é a melhor coisa que eu nunca soube que eu precisava,
Por isso agora é tão claro que eu preciso de você aqui, sempre.
- Never Knew I Needed / A Princesa e o Sapo (Ne.Yo)

Continuum: Um destino, várias histórias.” - by: Pâms




FIM...



Nota da autora:
E aqui estamos nós novamente em outro especial me perdendo de novo! Espero que tenham gostado e convido todos a acompanha as novidades pelas minhas redes sociais de autora: facebook, instagram e grupo do whatsapp.
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Jesus bless you!!!




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