Última atualização: 01/09/2020

Capítulo 1

estava se arrumando para o anúncio dos Campeões de Hogwarts. Era Dia das Bruxas e todos sempre se animavam nesse dia por causa da decoração e das comidas, mas dessa vez tudo estava ainda mais incrível, porque Hogwarts estava sediando o Torneio Tribruxo! E ela precisava parar de ficar pensando sobre isso e se arrumar logo, antes que sua amiga brigasse com ela.
Quando desceu para a sala comunal da Corvinal, não ficou nada surpresa ao encontrar uma Padma impaciente.
— Finalmente, garota! Eu tava há tanto tempo plantada aqui que já iam achar que eu fui petrificada. – Sua amiga reclamou.
— Ai, sua dramática! Não demorei nem 5 minutos! – mostrou a língua, enquanto caminhavam animadamente em direção ao Salão Principal.
— E como Rogerio tá? Ansioso? – Padma perguntou, meio tendenciosa. Ela, assim como várias meninas de Hogwarts, tinha uma queda por seu irmão.
— Você sabe como Rogerio é. Auto confiante ao extremo. Tem certeza de que vai ser o campeão. Ele roubou toda a auto estima da família.
— Só não deixou por opção sua! – Pad a abraçou de lado. – Você sabe que é maravilhosa.
— Ah, não, eu ativei o modo Padma broncas de mãe. – resmungou, levemente irônica.
— Eu só sou sincera, ué! – Ela replicou, enquanto as duas meninas se sentavam na mesa da Corvinal.
A decoração estava incrível e milhares de murmurinhos animados invadiam o salão, com as expectativas de cada um e as apostas, o clima era de animação e tensão.
— Ah, olha quem chegou! – disse, vendo seu irmão entrar no salão cercado de seus amigos, também estrelinhas do quadribol.
— Ei, Rog, boa sorte hoje! – disse, enquanto Pad paralisou ao seu lado, completamente encantada.
— Valeu, pirralha. – Ele disse, bagunçando seus cabelos, sempre a tratando como um bebê. – E aí, Patil. – E saiu andando, com aquela aura de superioridade.
— Af, ele sempre estraga meu cabelo. – falou num muxoxo, mas sua amiga estava longe de ouvir qualquer coisa, as bochechas muito coradas.
— Patil. Ele lembrou meu nome. Ele me chamou de Patil!
— E vai te chamar de louca se você continuar gritando assim! – sussurrou apressada, recebendo vários olhares, principalmente dos meninos do seu ano.
As meninas continuaram conversando e fofocando até a chegada dos alunos de Beauxbatons, que fez todos os alunos ficarem esquisitos, como sempre. As meninas ficavam invejosas e os meninos completamente apaixonados. E tudo por causa de uma loira arrogante que era aluna de lá. e Pad ignoraram ela o melhor que puderam e continuaram com suas apostas, sempre torcendo por Rog, claro, e Pad também sempre incluía Vítor Krum no seu pódio da vitória, porque ele era outro dos seus vários crushes.
Finalmente, Dumbledore começou a falar e todos ficaram muito quietos. Padma e deram as mãos, torcendo por Roger.
O salão ficou escuro e todos encaravam o Cálice de Fogo, esperando aquele juiz tão imparcial se manifestar. De repente, as chamas azuis começaram a ficar vermelhas. As meninas seguraram as mãos ainda mais forte, enquanto um pedaço de pergaminho chamuscado era cuspido para fora do Cálice.
— O campeão de Durmstrang será Vítor Krum! – Dumbledore leu.
O salão inteiro começou a aplaudir e gritar, inclusive as duas amigas corvinas, empolgadas com aquele ícone do quadribol mundial. Quando os aplausos morreram, o silêncio e a tensão voltaram. As duas meninas agora cruzavam os dedos de expectativa, até que o fogo ficou novamente vermelho e outro pedaço de pergaminho foi cuspido.
— O campeão de Beauxbatons é Fleur Delacour!
A loira que Pad e não gostavam se levantou, recebendo vários aplausos. As meninas aplaudiram também, claro, não eram mal educadas, mas estavam muito tensas, assim como resto do salão. Afinal, isso significava que o próximo campeão era de Hogwarts.
O Cálice voltou a ficar com as chamas vermelhas e prendeu a respiração
— Que seja Rogerio Davies, que seja Rogerio Davies... – Pad sussurrava, tensa também.
— O campeão de Hogwarts – Dumbledore anunciou. – é Cedrico Diggory.
O salão irrompeu de aplausos e gritos na mesa da Lufa-Lufa. O moreno alto e bonito se levantou sorrindo largamente para todos. Um sorriso que despertou aplausos ainda mais fortes das meninas como Cho e Marieta que soltavam vários risinhos. Um sorriso que para só produzia raiva.
Para ela, Cedrico Digory era muito forçado. Na verdade, naquela afirmação havia também um tanto de inveja. Assim como seu irmão Chester, ele era muito inteligente, um aluno exemplar e o monitor. E assim como seu irmão Rogerio, ele era bonito, popular, artilheira e capitão do time de quadribol. Ele tinha que tudo sonhava em ter para impressionar seus pais. Era tão injusto como uns tinham tanto e outros tão pouco. Então, ela tinha certeza que Cedrico Diggory tinha algum defeito. Ele não podia ser tão honrado e gentil assim. Assim, na sua cabeça, tinha certeza que por trás daquele sorriso bonito existia um homem babaca, como todos eram.
Estava tão concentrada na sua raiva, que não percebeu que o Cálice brilhou de novo e as chamas vermelhas expeliram um outro pedaço de pergaminho chamuscado que Dumbledore pegou e ficou olhando, sem falar nada. e Pad se entreolharam, muito confusas com tudo aquilo, até que Dumbledore pigarreou.
— Harry Potter.
As meninas se entreolharam. Um garoto de seu ano tinha passado? O famoso Harry Potter realmente conseguia sempre ficar no centro das atenções. Depois de ser chamado mais uma vez e se encaminhar para a sala dos campeões, Dumbledore liberou os outros alunos.
— Não acredito que o Potter conseguiu se inscrever. Nem a Fawcett conseguiu e ela é muito inteligente. – Pad comentou, assombrada.
— Ele nem é um aluno muito bom, talvez a Granger tenha ajudado ele. – comentou, enquanto elas iam para a sala comunal.
— Tem razão. Vou ver com Parvati depois se ela sabe de algo. – A amiga comentou, se referindo a sua irmã gêmea que era da Grifinória.
Voltando para a sala comunal, algumas pessoas ainda comentavam o evento da noite animados e todos davam tapinhas nas costas de Rogerio, indicando que torceram por ele. Seu irmão parecia chateado, mas toda aquela atenção certamente o animava.
Depois de um tempo conversando na sala comunal, as meninas subiram para os dormitórios e se prepararam para dormir.
— Preciso dormir bem essa noite. – falou, se jogando na cama.
— Acho que você precisa dormir bem todas as noites, né? – Pad riu da amiga. – Por que hoje em especial?
— Porque amanhã vai ser um inferno! – falou para a amiga, bufando. – Quando não estiverem falando cochichando sobre como Harry Potter enganou o Cálice, vão ficar só falando de Cedrico Diggory!



Capítulo 2

O dia de Cedrico estava sendo particularmente cheio. Era segunda, ou seja, apenas dois dias depois do anúncio de que virara o Campeão de Hogwarts. Ou um dos dois campeões. Ainda achava intrigante como Potter conseguira se inscrever, mas ele não o contara como. Talvez o fato de ele ser monitor o tenha intimidado. Ele não o pressionou.
O dia começara recebendo vários pedidos de autógrafos de muitas alunas. Sempre que tentava ir para qualquer lugar, era cercado. Não conseguia dispensar aquelas pessoas que estavam sendo atenciosas torcendo por ele, então sempre acabava se atrasando para as aulas ao tentar atender todos. Por ser um monitor, isso o constrangia bastante, mas até que nenhum dos professores parecia se chatear, sempre o parabenizando. Até o professor Snape parecia menos rabugento do que o normal, talvez pela raiva entre Sonserina e Grifinória, fazendo-o apoiar a Lufa-Lufa.
Depois, ainda recebera uma resposta da carta que mandara aos seus pais. Ambos o elogiavam com tanto entusiasmo que fizeram Cedrico corar só de ler. Seu pai, principalmente, conseguia fazê-lo se sentir extremamente envergonhado de tantos elogios.
O almoço foi muito confuso. Os alunos da Lufa-Lufa o estavam endeusando e isso acabou sendo um pouco sufocante. Estava se sentindo extasiado por ter uma posição tão incrível de campeão, mas era muita pressão também. Embora, como monitor, primeiro da turma e capitão do time de quadribol, ele estava acostumado a lidar com pressão.
Mas isso não o impediu de se esconder no banheiro de monitores pelo maior tempo livre possível. Estava com um sorriso bobo colado no rosto, mas também se sentia zonzo com tanta gente em cima dele. Precisava respirar um pouco.
Quando saiu, o dia voltou a se complicar.
— Estamos com você, Diggory! – Um garoto da Sonserina falou para ele, estendendo os polegares para cima. Usava um distintivo que ele não reconheceu.
— Você é o melhor, Cedrico! – Uma menina da Corvinal disse, antes de corar e sair rapidamente dando risinhos com suas amigas. Todas usavam o mesmo distintivo.
— Ei! Diggory! – Ele ouviu a voz de Ernesto MacMillan, um menino mais novo da Lufa-Lufa. – Está indo para qual aula agora?
— Oi, Ernesto. Agora eu tenho Feitiços e você? – O mais velho perguntou, gentil.
— Adivinhação. Fica no mesmo caminho, posso ir com você? Nem acredito que estou ao lado do campeão! – Ele continuou andando e falando, sem esperar uma resposta. – Ou melhor, do verdadeiro campeão. – MacMillan disse, apontando para o distintivo em seu peito, igual aos dos outros, que Cedrico finalmente conseguiu ler:
Apoie CEDRICO DIGGORY –
o VERDADEIRO campeão de Hogwarts

— Não acredito que a escola toda está usando isso! – Cedrico se sentia envergonhado e lisonjeado com tanto apoio.
— E nem é a melhor parte. – MacMillan disse, rindo, apertando o distintivo, que fez a mensagem vermelha sumir e aparecer uma nova, agora verde:
POTTER FEDE

— MacMillan. – Cedrico disse, subitamente sério. – Isso não é legal. Não é bacana vocês usarem.
— Ah, Cedrico, não precisa bancar o gente boa, todo mundo já sabe que você é o melhor! – Ernesto disse, se despedindo e indo em direção a Torre de Adivinhação.
Diggory então entrou na sala, sendo mais uma vez cercado de alunos e do Professor Flitwick que o elogiavam e torciam por ele. Ele conseguia ver que todos usavam o distintivo, menos os alunos da Grifinória, que se revezavam em olhar feio para eles ou a nem ligar. Ele nem teve tempo de falar para seus amigos tirarem o distintivo, quando alguém bateu na porta.
— Com licença, professor Flitwick. – Era Cho Chang, uma garota da quinto ano da Corvinal. – Me pediram para chamar Cedrico Diggory. Algo sobre os campeões.
— Claro, claro! – O professor falou, animado. – Pode ir, sr. Diggory. Leve seu material de precaução.
— Obrigado, professor. – Ele comentou, guardando tudo o que tinha colocado na mesa. Esperava que seus estudos não fossem muito afetados por aquilo.
Cedrico seguiu Chang para fora de sala e parou de frente para ele, corando.
— Eles estão na sala de Runas, já que não tem aula hoje. Acho que não preciso te acompanhar.
— Obrigado, Cho. – Lembrava seu nome porque ela era apanhadora, como ele. Olhou para baixo e viu o distintivo com letras vermelhas, franzindo a testa. – Se puder, não use isso. Não acho muito bacana com Potter.
— Ah! – Ela se assustou, corando mais. – Você tem razão, desculpe.
— Não precisa se desculpar para mim. Valeu pelas dicas. Vou andando para não incomodar ninguém me atrasando.
— Tchau, Cedrico, boa sorte.
— Obrigado, Cho. – Ele acenou e a deixou para trás, tentando tirar o distintivo da roupa.
Quando chegou na sala, viu que Fleur Delacour e Vítor Krum já estavam lá. Tentou ser educado e falou com Krum primeiro:
— Parabéns! Não só por ser campeão agora, mas também pela Copa de Quadribol. Você foi o melhor jogador pelo que todos dizem.
As grossas sobrancelhas de Krum sempre franzidas complicavam para entregar sua reação, mas ele parecia ter murmurado algo perto de um “obrigado". Cedrico tentou então a moça.
— Parabéns por ser escolhida campeã! Está gostando de Hogwarts até agora?
A reação da jovem foi mais parecida com o seu dia a dia. Ela sorriu e jogou os longos cabelos prateados para trás, piscando os olhos.
— Non é como Beauxbatons, mas serria mantirra dizerr que non tem seus ancantos! – Ela disse, olhando diretamente em seus olhos ao falar desses “encantos".
Eles continuaram conversando animadamente, Ludo e Bagman em um canto e Krum no outro, quieto, até que Harry Potter chegou, mas foi arrastado por uma jornalista. Depois, quando Dumbledore chegou com os outros diretores, todos se sentaram e os campeões foram sendo chamados para a pesagem de varinhas com o senhor Olivaras. Aquilo parecia mostrar para Cedrico o quão real e sério era aquilo que estava para acontecer. Ele ainda não parecia conseguir acreditar.
— Muito obrigado a todos. – Dumbledore disse, para alívio de Cedrico. Aquele dia realmente estava sendo cheio. Incrível, mas bem cansativo. – Vocês podem voltar às suas aulas agora, ou talvez seja mais rápido descerem de uma vez para jantar, já que elas estão prestes a terminar.
— Fotos, Dumbledore, fotos! – Bagman interrompeu exclamando e assim eles foram submetidos a fotos coletivas e individuais. Cedrico já imaginava o pai completamente alucinado de felicidade, mostrando para os colegas.
Finalmente liberados, os campeões saíram para jantar, mas Cedrico achou melhor deixar seu material na sala comunal e pegou o caminho oposto para descer, indo de encontro com muitos alunos subindo.
Quando finalmente chegou em um corredor mais vazio, se deixou vagar e respirar com calma. Ser um campeão ia além de ter talento e vencer as tarefas. Era ser sempre observado. Era gerar rivalidades que podiam acabar sendo maiores do que deveriam. Quer dizer, tudo era bom. Era divertido. Mas um pouco demais. Ele sabia se ajustar facilmente aos holofotes, mas, às vezes, só queria poder ficar na sua.
Seus pensamentos foram interrompidos ao esbarrar em alguém. Primeiro, ficou confuso, achando que era uma das crianças do primeiro ano, porque era uns 30 centímetros mais baixa que ele. Mas, então, percebeu que era uma adolescente como ele. Tinha cabelos castanhos e um rosto bonito. Embora, naquele momento, parecesse bem impaciente.
Então, ele percebeu que estivera a observando o tempo todo, bloqueando seu caminho.
— Ah, me desculpa! Pode passar. Ah! – Ele disse, percebendo um livro no chão. – Você deixou isso cair.
Ela pegou o objeto rapidamente, evitando contato visual.
— Ahn... brigada. – Ela falou e saiu rapidamente com passos decididos, sem nem olhar para trás.
Cedrico ficou bem intrigado com aquela menina. Não só por sua beleza, embora ele não tivesse dúvidas de como era bonita. Também por suas atitudes com ele. E ele percebeu: ela não estava usando o distintivo.

Capítulo 3

— Bom dia, flor do dia! – Padma gritou, arrancando as cobertas de . A que estava dormindo praguejou e colocou a cabeça de baixo do travesseiro.
— Ah, não! Você vai levantar agora, sua preguiçosa. – Pad tirou o travesseiro e abriu as cortinas, gerando resmungos absurdos. Um dos resmungos se tornou audível.
— E por que eu sairia da minha cama se eu posso dormir?
— Porque hoje é seu aniversário, doida! Não me diga que esqueceu! – Padma sacudia a amiga, mas agora essa mesma levantou por conta própria.
— Já é 3 de Novembro?
— Precisamente, agora você pode parar de me xingar e descer pra gente comemorar um pouco antes que as aulas comecem?!
— Tá bom, tá bom! – mostrou a língua pra amiga, mas logo já trocava de roupa, animada. Finalmente, seus quinze anos. Infelizmente, não acordou magicamente mais bonita, mas então nada que um pouco de magia, ou melhor, maquiagem não pudesse fazer.
— Aqui, seu presente! – Padma entregou para ela um pequeno embrulho e ficou com os olhos muito abertos, ansiosa pela aprovação da amiga.
— Pad, que linda! – Uma pulseira azul e cobre, nas cores da Corvinal, com um pequeno pingente de uma clave de sol. Cantar era uma das coisas preferidas de e, assim como seu irmão Chester, ela fazia parte do Coral de Sapos da escola. – Muito, muito, muito obrigada! – Ela abraçou a amiga, sem conseguir tirar um sorriso do rosto.
Elas desceram para o Salão Principal conversando animadas, Pad ajudando a colocar seu novo presente no pulso.
Elas sentaram na mesa da Corvinal e a irmã de Padma, Parvati, e sua melhor amiga Lilá vieram dar os parabéns para também. Elas conversaram um pouco antes de se despedirem. gostava das duas, por mais que não fossem próximas.
Já estavam comendo deliciosos cookies quando Rogerio entrou no Salão. Mas, para a os surpresa de , ele não estava desacompanhado.
— O que Rogerio está fazendo andando com Cedrico Diggory?! – Ela exclamou, bufando.
— Eles são do mesmo ano, não é? E ambos são bons alunos. E populares. E bonitos. E capitães do time de quadribol. Pensando bem, eles têm bastante em comum.
— Pad, não ta ajudando! E Diggory é rival dele. No quadribol. No estudo. Para conseguir a vaga do Torneio.
— Ah, , você tem que parar com essa birra. O garoto não fez nada errado pra ninguém. Tipo, acho que nunca.
— E exatamente por isso ele deve ter muitos podres. Ninguém é tão perfeito assim.
— Ah, ele pode ter os podres que quiser, mas meus olhos não se importam nem um pouquinho. – Pad disse, suspirando e depois abrindo um sorriso malicioso do qual acabou rindo.
Rogerio continuou conversando com Cedrico, já que as mesas da Corvinal e Lufa Lufa eram as do centro e assim ficavam uma do lado da outra, parando pouco antes de onde elas estavam. As duas observavam tudo até que Rogerio apontou exatamente para ela e, assustadas, elas desviaram o olhar. Poucos segundos depois, ela sentiu o famoso bagunçar de cabelos que marcava a chegada do seu irmão.
— Parabéns, pirralha!
— Valeu, Rog. – Ela disse, ainda mal humorada.
— Ih, que cara é essa? – Ele perguntou, revirando os olhos.
— O que você tava fazendo com Cedrico Diggory? – Ela perguntou, cruzando os braços.
— Ora, caso a sua bisbilhotagem nada discreta não tenha lhe informado, nós estávamos conversando. – Ele falou e Padma corou ao seu lado, percebendo que foram notadas.
— Mas ele é seu rival! – soltou, rapidamente. – Quer dizer, você perdeu para ele a vaga do Torneio e ele também é capitão do time de quadribol rival...
— E é meu colega e amigo. – Rog interrompeu. – Olha, não sei se você tá chateada por mim, mas tá tudo beleza. Mas a culpa não é dele. Quando eu falei que tinha que vir falar com você porque era seu aniversário, ele até te mandou parabéns! – Ao contrário do que esperava que aquelas palavras causassem na irmã, ela fechou a cara. – Ah, qual é, pirralha, você vai acabar rabugenta igual ao bruxo do Caldeirão Saltitante!
— Não vou não! – A menina arquejou, mas o irmão já tinha ido se juntar aos amigos.
— Vai sim. – Pad respondeu, levando um olhar feio da amiga.
Na hora do correio, recebeu diversas cartas de parentes, além de presentes e lembranças. Sua mãe não parava de perguntar sobre seu irmão na carta e a mencionou apenas para o parabéns e perguntar sobre suas notas. Fala sério, era literalmente só isso que sempre importava para ela. Trabalhava o dia todo no Ministério, mal via os filhos e só queria cobrar excelências que era óbvio que não atingia como os irmãos. E isso a mãe vivia lhe dizendo.
Depois de um dia inteiro de aulas chatas com professores que não paravam de falar dos N.O.M.s (fala sério, só seriam ano que vem!), as meninas foram fazer seus deveres e depois teria ensaio do Coral de Sapos, enquanto Padma iria encontrar sua irmã.
Chegando no Salão Principal agora vazio, exceto por uns poucos alunos e o professor Flitwick, já se encaminhou para pegar as partituras e sentou-se em um canto onde estava apenas Colin Creevey, um menino da Grifinória, junto com uma pequena versão de si mesmo. Ele era muito desafinado para cantar, mas era o fã número um do Coral e ia em todos os treinos e apresentações com sua câmera. sentia pena do menino.
! Oi! Aqui! Sou eu, Colin! Lembra de mim? – O menino apenas um ano mais novo que ela vinha, todo contente. Ela respirou fundo e abriu um sorriso solidário.
— Claro que lembro, Colin! Como vai? – Era um erro dar corda para seus papos, mas o menino era tão gentil, pena que não sabia muito como socializar de maneira... menos entusiasmada.
— Estou bem! Esse é meu irmãozinho, Denis. – Ele apontou para o garotinho que parecia tão elétrico quanto ele. – Denis tem uma voz melhor que a minha, vim trazê-lo para assistir e já treinar as músicas para caso abra alguma vaga!
— Então que dizer que os sapos leem partituras? – O pequeno Denis perguntou encantado, mas foi salva pela voz fininha do professor Flitwick.
— Alunos, bem vindos de volta! É um prazer tê-los aqui. Com o Torneio Tribruxo chegando, Dumbledore permitiu que fizéssemos uma apresentação especial daqui há duas semanas para nossos convidados.
Vários murmúrios animados preencheram o salão.
— Professor, que música vamos cantar? – Antônio Goldstein, do seu ano da Corvinal, perguntou.
— Que tal Double Trouble? – Colin comentou animado.
— Já cantamos essa ano passado. – Reclamou Kierra Palston, uma grifinória do sexto ano.
— A gente podia cantar alguma música da Celestina Warbeck! – Romilda Vane, uma segundanista da Grifinória falou.
— Sem chance! – Rudolf Tatcher, da Sonserina, reclamou.
— E que tal alguma das Esquisitonas? – se meteu na conversa.
— Não, melhor algo como In Noctem. – Michael Fields da Lufa-Lufa falou.
— Silêncio! – O professor Flitwick falou e todos se calaram, até os irmãos Creevey. – O entusiasmo e debate de vocês é sempre produtivo e inspirador, mas temos pouco tempo de ensaio e nossa música já está escolhida.
Os olhos curiosos se fixaram em Flitwick.
— Vamos consertar o erro terrível que Dumbledore fez e cantaremos de forma organizada e bela o hino de Hogwarts!
Vários muxoxos se espalharam pelo salão. Nada contra a música, era maneira, mas sabia que existia uma fila enorme de músicas que eles preferiam cantar.
— Muito bem, já está decidido. Alunos mais novos na fileira da frente, mais velhos na de trás e os intermediários na fileira do meio.
Os alunos obedeceram ao professor e foi para a fileira do meio, junto com o sapo Trevor, do aluno Neville Longbottom, a quem há muitos anos atrás ela pedira emprestado para os ensaios. De acordo com Neville, que deixou, isso ajudava o sapo a controlar seu estresse.
Já com as fileiras organizadas, ficou completamente encoberta por alunos do segundo ano. Odiava ser tão baixa.
— Espere, espere. Quem é o aluno novo que foi para a fileira errada? – O professor Flitwick disse, subindo em vários bancos para poder enxergar. — Ah, srta. Davies, é você! Me desculpa! Achei que fosse uma criança. – Olha quem fala, ela pensou, irritada. — É... se importa de se mudar para a fileira do primeiro ano? – Ele a chamou, deixando-a corada enquanto vários alunos soltavam vários risinhos. Na frente do seu irmão, ninguém falava um pio. Mas ali, longe dos olhos de Rogerio, ela era tão piada quanto qualquer um.
E assim, uma noite longa e arrastada para Davies se desenrolou, exigindo toda sua capacidade vocal – e sua paciência. Que aniversário excelente.


Capítulo 4

Sabe quando uma pessoa estuda com você a vida inteira, mas você nunca a tinha conhecido e nem reparado nela? E então, de repente, você a vê uma vez e ela começa a aparecer em todos os lugares?
Cedrico Diggory estava passando isso com Davies.
No dia seguinte em que esbarrara com a garota misteriosa no corredor, Rogerio Davies veio entregar para Cedrico a matéria de Feitiços que ele perdera por conta da entrevista no jornal do Torneio Tribruxo. E depois, se retirou dizendo que tinha que desejar parabéns para sua irmã.
E lá estava ela de novo.
Mais tarde, Michael Fields, seu amigo da Lufa-Lufa, veio contar de uma cena engraçada que acontecera no seu ensaio do Coral de Sapos. E foi justo com uma menina chamada Davies, irmã de Rogerio.
E assim, toda vez que ele descia para alguma aula, conseguia ver seus cabelos castanhos pelas escadas. Nos corredores, ouvia sua risada que passara a identificar. Tudo referente a ela lhe chamava a atenção. E ele nem sabia o porquê.
Aquela tarde de sábado na biblioteca era outro exemplo disso.
Os campeões não haviam recebido nenhuma pista de qual seria a primeira prova, pois o objetivo era testar as habilidades deles perante a um desafio desconhecido, agir sob pressão e na ação. Por isso, Cedrico decidira pesquisar sobre antigas provas do Torneio Tribruxo selecionar feitiços úteis e de execução possível que ele teria utilizado em cada situação. Duvidava que eles repetissem uma tarefa, mas tarefas perigosas de quase morte não poderiam ser tão diferentes assim uma das outras.
E, justamente no meio daquela pesquisa, procurando entre as estantes, ele avistou aqueles cabelos castanhos e aquela silhueta que ele estava começando a memorizar sem perceber. Tentando não chamar atenção, puxou a cadeira levemente mais para a esquerda para poder ver melhor o que ela estava fazendo.
Então, teve que segurar o riso. Ela estava parada de frente a uma estante observando um livro de capa amarela que estava muito longe do seu alcance. Depois de se esticar o máximo possível para alcançar, sem sucesso, Davies bufou irritada e sacou a varinha. Tentou lançar algum feitiço, mas toda a prateleira começou a sacudir e ela parou, assustada, bufando de novo. Nessa hora, ele teve que rir baixinho. Pegou a própria varinha e apontou para o livro que ela queria e pensou “Wingardium Leviosa”. Na mesma hora, o livro flutuou e ele posicionou nas mãos da menina, atônita. Ela olhou ao redor, até que seus olhos baterem em Diggory. Ela fez uma careta quase instantaneamente.
Ele se levantou e foi até ela, confuso com aquele semblante. Quando estava perto o suficiente, perguntou:
— Peguei o livro errado?
— Não. – Ela falou, as sobrancelhas franzidas.
— Então qual o problema?
— Eu não pedi sua ajuda. – Ela disse, jogando o cabelo para trás, irritada.
— Bom, meu dever é ajudar mesmo sem pedir. – Ele sorriu.
— Já parou para pensar que nem todo mundo quer isso?
— Shhhhh! – Eles ouviram a voz de Madame Pince.
— Se você prefere, eu coloco o livro no lugar. – Ele sussurrou, devolvendo o livro para a prateleira sem mal precisar erguer o braço.
— Ótimo. Eu pego sozinha. Com licença agora.
— E vai fazer o que? – Ele perguntou, curioso e tentando não se divertir demais com a situação. Ainda tinha muito a estudar.
— E te interessa? – Ela respondeu irritada. – Posso transfigurar algum livro em uma escada, por exemplo.
— E você sabe isso? – Cedrico provocou. Por Merlin, por que ele estava se divertindo com aquilo?
— Eu... Eu...! Que parte de não te interessa você não entendeu? – Ela reclamou.
— Tudo bem, não vou te atrapalhar mais a conquistar sozinha essa importante... ahn... pegada de livro.
Assim, ele voltou a se sentar e voltou a estudar. Ou tentou. Não teve nem cinco minutos de concentração. Por algum motivo, continuava olhando para ela, que pulava em vão. Depois, ela realmente tentou transfigurar um livro em uma escada, mas formou apenas a madeira da escada. Tentou transformar o livro de volta, mas ele voltou sem a capa. Ela o escondeu no meio dos outros. Ela estava vermelha de raiva e quando pegava Cedrico observando-a ficava ainda mais nervosa, errando ainda mais feitiços. Uma pequena trilha de fumaça saía de um canto. Alguns livros voaram na direção de Diggory, embora ele não conseguisse nem dizer se fora proposital.
Por fim, ela tentou empilhar vários livros e subir na pilha. E então ela ficou na altura para conseguir alcançá-lo, abriu um sorriso triunfante e virou para Cedrico, fazendo uma cara de “eu não te disse?”. Mas a pilha, instável, se desmontou, fazendo com que ela e dezenas de livros caíssem no chão com um barulho tão alto que parecia ter tido uma explosão ali. Madame Pince, que parecia ter brotado do chão com o menor sinal de barulho, chegou vermelha e sussurrou o sussurro mais bravo e alto que Cedrico já havia escutado.
— Srta. Davies. Para fora. ! – Ela disse enfurecida enquanto saía como um gato acuado. Madame Pince colocava os livros no lugar e quase desmaiou ao achar o que estava sem capa.
— Deixe-me ajudá-la, Madame Pince. – Cedrico disse bem baixo e com a varinha trabalhou junto com ela para colocar tudo no lugar. Então, ele viu um certo livro de capa amarela.
Ficou mais um tempo estudando, agora fazendo seus deveres de casa, mas foi embora quando já estava escurecendo, a cabeça doendo de tanto estudar. Antes de sair, pegou o livro que mantivera perto de si o resto da tarde toda e perguntara a Madame Pince se podia levá-lo consigo.
Assim, ele voltou ao dormitório com o livro amarelo.
No dia seguinte, ele passou o domingo todo com aquele livro amarelo, na expectativa de encontrar Davies pelos corredores e pelo pátio. Estava com os amigos perto do pátio que já estavam ridicularizando aquela obsessão por aquele livro.
— Vocês não entendem, ela só esqueceu na biblioteca e eu queria devolver. – Cedrico rebatia pela milésima vez.
— Isso, meu caro Cedrico, não é educação, eu já chamaria de amooor! – Seu amigo Jerry Stuart provocou enquanto fingia estar envolvido num super beijo.
— Quer calar a boca? – Cedrico rebateu.
— Ah, ele ficou bravinho! Conta quem é, Diggory! Tem medo que um de nós pegue ela primeiro? – Michael caçoou dele.
— Claro que não! Vocês apenas estão vendo coisa onde não tem.
— Então por que você tá tão bobo pra encontrar essa garota? Deixa com alguém que conheça ela ou sei lá! – Jerry replicou e Cedrico até achou uma boa ideia então, quando ele avistou Terêncio Boot, deixou os amigos e foi até ele.
— Ei, Terêncio. – Cedrico chamou o menino que o olhou como se estivesse diante de um astro.
— Oi, Cedrico! Puxa, tudo bem?
— Tudo sim. Escuta, posso te pedir um favor? Prometo que é pequeno.
— Claro, Diggory, qualquer coisa para nosso campeão! – Boot deu dois tapinhas nas costas de Cedrico, depois pareceu envergonhado por ter feito isso.
— Bom, obrigado. Se puder, entregue esse livro para a irmã de Rogerio Davies. Ela esqueceu na biblioteca e... ahn... – Cedrico viu a cara do menino desconfiada e emendou – Madame Pince pediu para devolvê-lo e para ela tomar mais cuidado.
— Bem a cara da Pince mesmo, trata os livros como se fossem pufosos. E relaxa, hoje mesmo eu entrego.
— Obrigado, cara. Te vejo por aí! – Cedrico se despediu, voltando para os amigos.
— Hm, então ela é da Corvinal?
— Cala a boca, Michael.
Eles voltaram para o castelo e continuaram tendo um dia normal. Já se aproximando da noite, Cedrico estava voltando do Salão Principal quando esbarrou em Cho Chang.
— Puxa, desculpa! – Ele pediu a menina, envergonhado.
— Não se preocupe, tá tudo bem.
— Ah, vi que você não tá usando o broche. Obrigado de verdade.
— De nada. – Cho disse genuinamente. – Você tinha razão sobre ele.
— Eu tenho que ir andando, mas obrigado de novo. E desculpa também pelo esbarrão. Sabe que se precisar de qualquer coisa, pode me procurar.
— Você é muito gentil, Cedrico. – Foi a última coisa que ele ouviu antes de virar no corredor.


Capítulo 5

— Você viu o que estão todos falando? – Pad já chegou dizendo, ao sentar do lado de no Salão Principal.
— O quê? – perguntou, embora realmente olhasse para as tortinhas de amora que pareciam chamá-la para devorar a todas elas.
— Estão dizendo que Cedrico está gostando de uma menina da Corvinal! – Padma disse isso, sorrindo como boba.
travou completamente no seu lugar. Ele estava gostando de alguém da Corvinal? Poderia ser...? Não. Claro que não. Cruzes.
— E por que isso seria relevante? – tentou disfarçar o seu súbito interesse. Desde quando ligava para Cedrico Diggory? Ele se provara o que ela pensava que ele era: um garoto irritante que se acha superior e que por isso pode se meter aonde não é chamado.
— Ah, fala sério! No meio de tanta aula chata que a gente tem que ter, um pouco de fofoca não faz mal. – Padma disse, sem se ofender. Estava acostumada com o mau humor da amiga referente a essa pessoa.
— Tá bom, então conta mais. – comentou, tentando parecer irritada ainda.
— Bom, pelo que eu ouvi do Ernesto MacMillan, Michael Fields, aquele que participa do coral com você e é bem amigo de Cedrico, disse que ele passou o fim de semana todo fissurado com alguma coisa dessa menina e que Cedrico disse que ele só tava tentando ser gentil, mas Michael não acreditou e tudo indica que ela é da Corvinal.
— E tem alguma pista de quem pode ser? – falou cada palavra de maneira mais entediada possível, mas por algum motivo, seu coração estava batendo um pouco mais rápido e sua respiração acelerou.
— Bom, eu ouvi Marieta e Cho conversando, sabe como é, elas são loucas por ele. Mas parece que Cho encontrou Cedrico ontem, justamente quando começaram os boatos e que ele falou que estaria ali por ela pelo que precisasse. Tipo assim, do nada! – Padma fazia mil caras e bocas contando a história.
— Mas isso é muito típico dele, né? Querer uma chance para aparecer e bancar o herói. – O rancor da voz de nem saiu forçado dessa vez.
— Tem razão, mas ele foi extremamente solícito com ela. Imagina, Cho namorando o campeão de Hogwarts!
— Temos que ter cuidado com isso também, você sabe que Marieta aumenta todas as histórias, não vou muito com a cara dela. – disse.
— É, só que dessa vez foi a própria Cho que contou também, e ela não é de mentir ou ver coisa errada. – Padma disse, antes de morder o próprio sanduíche. – Aliás, o que Terêncio queria ontem?
— Ah, nada demais. – sentiu a garganta fechar um pouco. – Eu esqueci um livro na biblioteca e Madame Pince pediu para devolvê-lo para mim.
— Mas ela não te expulsou da biblioteca? – Padma comentou, já pegando as coisas para saírem da mesa.
— Sei lá, ela é meio doida. Sei nem como ela soube o livro que eu ia pegar, já que não cheguei a registrar. – comentou, antes de dar um último gole no seu suco de abóbora e se levantar da mesa.
As duas caminharam juntas para a então aula preferida de , a única que ela sentia que fazia algo certo: Defesa Contra as Artes das Trevas. O novo professor Moody era bem pirado da cabeça, mas as histórias dele de vida eram tão intrigantes e envolventes que deixavam a aula muito maneira. O seu professor preferido da matéria havia sido o professor Lupin, mas então ela descobriu que ele era um lobisomem e disseram que ele perseguia alguns alunos que não iam bem na aula durante a lua cheia. Parecia bem idiota para se acreditar, ainda mais quando ele era um professor tão bom, mas nunca se sabe.
Tiveram uma aula completamente assustadora e ao mesmo tempo incrível. Moody lançou em cada um deles a maldição Imperius para que eles aprendessem a resistir. Ninguém conseguiu por completo, mas, no final, algumas manobras feitas pela metade e piruetas que se desfaziam no ar aconteceram. E por isso todos eles estavam indo para a ala hospitalar.
— Ele é maluco, poderia ter matado um de nós! – Padma reclamava com os olhos lacrimosos, segurando o braço direito quebrado.
— Não sei se ele faria isso com risco de morte. Ou talvez sim. Ele parece completamente pirado. Pelo menos, quem sabe um dia poderemos resistir a maldição Imperius se necessário. – a acompanhava devagar, pois estava mancando com a perna esquerda. Tanto seu joelho quanto seu tornozelo estavam inchados e esquisitos. E um grande corte na sua bochecha havia se formado quando ela resistira a maldição e batera de cara no móvel.
— Acho que ele seria capaz de tudo! Parvati me contou que ela ouviu do Weasley que o professor Moody atacou uma lixeira só porque ela caiu.
— Ele é piradinho mesmo!
Chegando na enfermaria, Madame Pomfrey olhava tudo com os olhos arregalados de pavor e de fúria.
— Que tipo de irresponsável faz isso com crianças?! – Ela exclamava, conjurando macas para caberem todos.
Por sorte, a maioria dos problemas foram resolvidos com feitiços de cura rápidos, como o de Padma que logo tinha um braço inteiro de novo. A perna de logo estava nova em folha, mas seu corte não parava de inchar e ficar verde.
— Onde você se cortou, criança? – A enfermeira perguntou, olhando aquele corte esquisito.
— Na mesa do professor Moody. – Ela respondeu o melhor que pôde, pois o rosto inchado estava dificultando sua fala.
— Acho que aquele maluco de pedra colocou veneno na mesa, provavelmente para manter longe os inimigos imaginários dele. Já foi um grande auror, mas já perdeu todas as suas habilidades e ficou paranoico. Bem, não parece nada grave, logo devo achar o antídoto, mas acho melhor você passar a noite aqui, srta. Davies. E vou pedir para Dumbledore olhar isso e analisar o tipo de gente que ele está contratando para nossa escola. – E ela saiu, batendo o pé.
Assim, acabou ficando bem sozinha durante o dia, já que todos os outros voltavam às aulas. Ela só recebera visita do diretor Dumbledore que teve que ouvir todas as reclamações de Madame Pomfrey e do professor Snape, que identificou o veneno e começou a preparar o antídoto.
Na hora do almoço, Pad a visitou e deixou com ela o livro que ela tanto tentara conseguir na biblioteca para ler: O Uivar da Raposa. Era um romance bruxo que ela estava doida para ler sobre uma criança animaga que ficou órfã porque um bruxo assassinou seus pais e ela, assustada, fugiu para a floresta em forma de raposa, onde passou a viver. Anos depois, um jovem encontra a raposa e começa a cuidar dela, mas não sabia que ali também estava uma mulher. ficava muito boba com essas histórias românticas e dramáticas.
Passou a tarde lendo e tomou a primeira dose do antídoto que o professor Snape trouxe. Estava esperando o resto quando o rosto que menos queria que a visse entrou na ala hospitalar.
— Snape alertou que seu rosto estava estranho, mas até que imaginei bem pior. Não está nada mal, . – Cedrico disse, sorrindo, trazendo na mão um cálice com uma bebida fumegante roxa.
— Veio tirar sarro de mim, Diggory? Mais uma palavra e eu chamo Madame Pomfrey e digo que você está me perturbando.
— Como eu estaria te perturbando se eu trouxe a poção que vai te curar? – Ele disse, sorrindo docemente. – Eu só quero ajudar.
— Você sempre vem com esses papinhos de que quer ajudar, mas não engana ninguém. – Ela disse, enquanto bebia aquela substância esquisita. O gosto era de mato com açúcar.
— E quem eu estaria tentando enganar? Por quê? – Ele disse com as sobrancelhas erguidas, genuinamente surpreso.
— Ora, não se faça. Você passa essa imagem do garoto perfeito, mas você não me engana. Eu sei que você se acha superior e acha que pode se meter na vida de qualquer um só por ser o queridinho de Hogwarts, mas não pode. Nem todo mundo quer isso. – Ela disse, rapidamente. Meu Deus, realmente havia dito isso na cara de Cedrico Diggory? Esperava não se arrepender mais tarde.
Ele ficou ali um tempo com as sobrancelhas franzidas, pensando. Será que ele ficaria irritado com ela? Magoado?
— Não achei que essa fosse a imagem que eu passava ao tentar ajudar. Bom, você tem razão ao dizer que realmente não sou perfeito. Fico feliz que você enxergue. Mas já entendi que a minha presença te incomoda bastante. Acho melhor eu me retirar. – Ele disse, se levantando.
E, por algum motivo, ela não estava desejando aquilo.
— Você não ficou chateado, né? – Ela disse, antes que pudesse se conter.
— Claro que fiquei chateado ao saber que você não gosta de mim. Você parece uma menina interessante. Será uma pena não poder te conhecer. – Ele disse, fazendo-a corar.
— Não sobre isso. Sobre... – Como dizer aquilo sem repetir as ofensas?
— Ah, não se preocupe. – Ele disse subitamente, a salvando de si mesma. – Todos nós precisamos ouvir algumas verdades às vezes. – Ele olhou para sua mão, onde estava o livro amarelo. – A propósito, fico feliz que Terêncio tenha lhe entregado o livro. Ele parecia importante para você.
— Espera! – disse, antes que ele saísse. – Como você sabe que ele me entregou?
Ele a olhou nos olhos, fazendo com que seu estômago se revirasse um pouco. Provavelmente era só a poção fazendo efeito, né?
— Ora, eu que o mandei te entregar. Não queria que você saísse de lá depois de tanto esforço sem ele.
— Não precisava fazer isso. Eu não preciso da sua ajuda. – Ela disse, bufando.
Já na porta, ele virou para trás, sorrindo.
— Eu sei.


Capítulo 6

Três semanas já haviam passado desde o anúncio dos campeões Tribruxos e Cedrico continuava sem a menor ideia do que o aguardava. Era sábado, dia 21 de Novembro, três dias antes da primeira tarefa, deixando-o completamente empolgado e aterrorizado, com uma ansiedade gostosa no estômago.
Muitas coisas haviam acontecido em três semanas. O Profeta Diário havia lançado uma matéria realmente emocionante... sobre Harry Potter. Krum e Fleur saíram no final da página e ele nem fora citado. Se bem que, com toda a zoação que Potter estava enfrentando, ele nem sabia se desejaria isso. Porém, é claro que seu pai enviara uma carta de três páginas para ele reclamando sobre isso e uma de cinco para o Profeta Diário. Cedrico corava sempre que lembrava disso, mas por sorte seus colegas pareciam ainda mais empenhados em mostrá-lo como campeão de Hogwarts depois dessa ocasião.
Além disso, cada vez mais ficava cercado de pessoas para cada canto que ia, perguntando sobre como ele estava se sentindo com a primeira tarefa chegando. Às vezes, ele estava tranquilo, mas só de ouvir aquela gente se sentia ansioso e animado. Embora, o único rosto que ele quisesse ver nunca estivesse no meio da multidão que o acompanhava.
Descobrira também que vários boatos sobre ele estar gostando de uma menina da Corvinal se espalharam por culpa de seus amigos. E o pior é que ele não gostava. Quer dizer, não podia gostar, certo? Claro que sentia seu coração acelerar quando ela o encarava, mas era pura ansiedade de... de quê? Nem ele sabia. Isso não ajudava no misto de emoções que ele estava tendo que lidar.
Naquele dia, eles teriam um passeio para Hogsmeade, em que diversas garotas tentaram se convidar para acompanhá-lo, mas ele decidiu passar aquele dia com Jerry e Michael.
— Primeira passagem, Dedos de Mel! – Jerry propôs para o grupo.
— Não! Vamos para a casa dos gritos! – Michael rebateu.
— É o primeiro passeio do ano. A casa dos gritos vai estar lotada de alunos mais novos. – Cedrico, a voz da razão dos três, comentou.
— Odeio como você sempre está certo. – Michael bufou.
— Então vamos para a Dedos de Mel logo!
— Não, Jerry, devíamos primeiro ir na Zonko's. Vai que tem algo lá que Cedrico pode usar na prova. – Michael reclamou.
— Esqueceu que ele só pode levar a varinha? Cedrico, o que você acha de irmos para a Dedos de Mel? – Jerry se virou para ele. – Cedrico?
O rapaz tinha acabado de ver aquela silhueta que parecia sempre atraí-lo e se perdera em pensamentos. Só na terceira vez que os amigos o chamaram, que ele escutou.
— Quê? Ah, sim, Dedos de Mel é uma boa. – Ele afirmou.
— Tava olhando pra onde, Diggory? – Jerry disse seguindo seu olhar, mas a menina dos cabelos castanhos já havia passado, deixando outro grupo no lugar. — Pera aí... Você tava olhando para a Chang?
— O quê? – Cedrico disse, acompanhando o olhar do amigo e indo parar no grupo das meninas. – Não! Eu não estava.
— Então ela é a menina da Corvinal que você tava a fim? Bom gosto, Ced, bom gosto. – Michael lhe deu uns tapinhas nas costas.
— Mas eu tô te dizendo que não é ela! – Cedrico disse.
— Então quem é? – Jerry perguntou com um sorriso maroto.
— Ninguém. Não tem ninguém! – Cedrico rebateu.
— Então por que tá tão irritadinho se não tem ninguém? – Michael provocou.
— Justamente porque vocês inventam essas histórias e deixam a escola inteira querendo saber de uma coisa que não existe. – Cedrico bufou, perdendo um pouco a paciência.
— Tá bom, cara, foi mal. – Michael falou, levantando as mãos como se estivesse se rendendo. – Vamos ou não vamos?
Os três passaram a tarde entre a Dedos de Mel e a Zonko's. Tentaram ir no três vassouras, mas logo estavam cercados de alunos admiradores do campeão e eles acabaram fugindo para o Cabeça de Javali, que a maioria não ia por sua aparência e seus clientes incomuns.
Já estava anoitecendo quando eles voltaram a Hogwarts e foram direto jantar, embora Jerry dissesse estar com dor de barriga por ter devorado uma caixa inteira de bombons.
O jantar já estava quase acabando quando Cedrico viu levantar da sua mesa e caminhar na direção da mesa da Lufa-Lufa. Espera. Estava indo em sua direção. Por que estaria? Queria falar com ele? Iriam conversar?
Só percebeu que a estava encarando quando ela chegou na mesa, olhando-o de volta com uma sobrancelha levantada.
— E aí, Davies. – Michael a cumprimentou.
— E aí. – Ela disse, acenando para os três e se voltando para Michael. – Já deu oito horas. Flitwick ta esperando a gente.
— Puts, esqueci que hoje que é a apresentação! – Ele disse, batendo a mão na cara. – Tenho que buscar meu sapo. Avisa o Flitwick que já vou. – Michael saiu correndo em direção das portas do salão.
— Bom, eu vou indo também. Tchau, Stuart. Até, Diggory. – Ela disse, lhe lançando um olhar levemente mais demorado. Ou talvez ele tivesse imaginado.
Se sentia tão idiota. É claro que não estava indo falar com ele. Ela nunca havia feito isso por vontade própria. Na verdade, era sempre ele que ia até ela. Isso deveria ser bem decepcionante, mas deixava Diggory animado. Era como uma tarefa do torneio. Emocionante e incerta e que ele ia tentar ganhar.
— Cara, você tá legal? – Jerry disse, beliscando o amigo.
— Ai! Qual o seu problema? – Cedrico brigou com Stuart.
— Qual o seu problema? – Jerry rebateu. – De repente, ficou irritado comigo. Mas antes tava todo bobo, desde que a irmã do Rogerio chegou... pera aí... – Jerry estreitou os olhos e os arregalou rapidamente. – Você tá a fim da irmã do Rogerio?!
— Cala a boca. – Cedrico disse entre dentes. – Eu não tô a fim dela.
— Então não se importaria se eu desse em cima dela, ne? Ela é maior gatinha. – Ele disse, acompanhando a silhueta da menina. Automaticamente, o punho de Cedrico se cerrou. – Ei, era brincadeira! Eu só queria provar como você tá mentindo. Viu? Você gosta dela! Nunca ameaçou me bater antes.
— Eu não ia te bater. Nunca. – Cedrico retrucou. Por fim, soltou um suspiro. – Olha, eu quase não conheço ela. Mas admito que eu ando sentindo que ela é meio diferente. Mas, por favor – ele acrescentou rapidamente. –, não conte pra ninguém. Nem pro Michael. Quero pensar melhor como falar. Eu não quero mais um boato rodando a escola. Aí que ela nunca ia falar comigo mesmo.
— É claro, cara. Seu segredo está a salvo. – E, por mais que seu amigo caçoasse dele, Cedrico sabia que Jerry não iria contar. Porque ele era um lufano. E era seu amigo.
— Boa noite, queridos alunos e queridos convidados. – O diretor Dumbledore começou a falar, se levantando. – Agora que todos já estamos de barriga cheia e humor melhorado, gostaria de convidá-los a assistir a uma apresentação especial em homenagem ao incrível evento que em poucos dias terá início oficial. Por favor, recebam o professor Flitwick e seu maravilhoso coral de sapos.
Todos aplaudiram educadamente, Dumbledore sendo um dos mais animados, Jerry e Cedrico aplaudindo Michael entusiasmadamente.
E então, o coral começou a cantar o hino de Hogwarts, gerando algumas risadinhas, mas depois todos se calaram. A música ficava muito bonita na voz de todos. Diggory observava o amigo cantando com seu sapo Gororoba. Ele mudava rapidamente entre um semblante sério enquanto cantava para várias caretas quando Cedrico e Jerry lhe mandavam beijinhos e fingiam estar com os olhos marejados.
Diggory tentava dividir sua atenção entre o amigo e aquela figura que destoava na primeira fileira. Ele sempre acabava rindo de canto quando batia seu olho em ao lado dos alunos de primeiro e segundo ano, com altura igual a deles, mas um rosto e um corpo muito mais maduros. Ela estava bem concentrada, mas parecia um pouco constrangida de estar tão destoante assim. Às vezes, ela percebia que ele a observava, fazendo-o o sorrir mais e causando uma dramática revirada de olhos da parte dela. Mas ele percebia um sorriso de canto.
Então, a apresentação teve fim e o salão rompeu em grandiosos aplausos enquanto os alunos e o maestro faziam uma reverência de agradecimento.
— Bravo, bravo, excelente professor e maestro Flitwick, linda apresentação. Agora, com calma, vamos todos retornar a nossos dormitórios e tirar uma revigorante soneca. Eu com certeza ando precisando! – O diretor dispensou-os animadamente.
— Ai, Michaelzinho, você promete fazer uma serenata para mim? – Jerry disse, fingindo se aproximar para um beijo.
— Arrasou, cara. Você e Gororoba eram os melhores. – Cedrico disse ao amigo. Só não lhe disse que tinha mais alguém empatado nessa posição, tornando aquilo uma meia verdade.
— Ei! Diggory! – Ele ouviu alguém chamando-o.
Virou-se para trás e encontrou Rogerio Davies.
— E aí, Rogerio, tudo bem? – Cedrico perguntou, simpático, mas curioso e ansioso. O que ele queria?
— Andei sabendo que você foi visitar minha irmã na ala hospitalar. – Rogerio disse, observando-o, como se quisesse vê-lo tentar mentir.
— É verdade. – Cedrico disse, simplesmente. – Snape me pediu para entregar uma poção para ela.
Rogerio pareceu muito mais aliviado.
— Entendi. Então está tudo certo. Só fiquei... preocupado. – Davies disse, parecendo levemente constrangido e irritado.
— Com o que? – Diggory questionou, querendo entender se estava interpretando certo.
— Nossa amizade é maneira. Não ia querer estragá-la por uma pirralha, certo? Ainda mais, fico feliz que você não esteja tentando nada porque, sinto informar, mas a garota te odeia. – Rogerio disse, sério.
Sem se conter, Cedrico acabou rindo, fazendo a irritação de Rogério voltar.
— Tá rindo de que, Diggory?
— Nada, nada. – Ele disse, se contendo. – É só que eu já tinha percebido isso por conta própria.


Capítulo 7

Terça feira, 24 de novembro. O dia da primeira tarefa chegara. A escola inteira estava completamente tensa e animada com o que poderia acontecer. Todos os alunos teriam aula até meio dia e depois seriam liberados para assistir o torneio. As aulas pareceram se arrastar completamente sabendo que a qualquer minuto eles poderiam ser liberados para almoçar e depois assistir aquele momento histórico.
Padma e estavam pilhadas, como todos os outros.
Quando finalmente as meninas foram liberadas de uma exaustiva aula de Adivinhação, elas e todos os seus colegas saíram correndo da sala, se espremendo para descerem a apertada escada que os tirava daquele ambiente cheio de fumaça. Foram direto para a mesa da Corvinal no Salão Principal e em cinco minutos já haviam comido.
— A gente vai se arrepender depois de comer rápido assim, meu estômago já tá se revirando. – Padma disse, segurando a barriga com uma careta.
— Vai valer a pena, vai sim... – dizia, mas já não tinha tanta certeza.
E antes que tivesse mais certeza, o diretor Dumbledore mandou os campeões descerem para o jardim. Fleur saiu da mesa da Corvinal e caminhou para a saída, menos arrogante que o normal, e Krum a seguiu, caladão como sempre. Cedrico se levantou, parecendo perdido em pensamentos, mais quieto do que normalmente. sentiu uma pontada no coração de pena. Pena?, uma voz falou no fundo da sua cabeça, ele vai se tornar um campeão, vai mostrar de novo que é o garoto estrelinha perfeito.
Ou vai morrer tentando, outra voz respondeu, lhe dando calafrios.
Logo, ele passou bem ao lado das duas meninas e encarou por alguns segundos a de cabelos castanhos. E, pela primeira vez, pareceu menos nervoso e sorriu. estava tão perdida naquele olhar que esqueceu de fazer a costumeira careta de sempre, sentindo o sorriso de Cedrico acalmá-la ao mesmo tempo que a deixava mais nervosa. Não se conteve e sorriu de volta.
Aquele momento durou frações de segundos, mas foram tantas emoções que pareciam ter sido minutos inteiros. Pelo menos, por ter sido rápido, ela tinha certeza que havia sido a única a notar. A única além dele.
Depois que Harry Potter saiu do Salão com a professora Minerva, Dumbledore se levantou:
— Alunos, os professores irão indicar para vocês aonde a primeira tarefa ocorrerá. Aproveitem, torçam por seus campeões, porque vocês estarão vivenciando um momento histórico!
Ele mal terminou de falar e todos os alunos estavam de pé, indo atrás dos professores. Eles saíram do castelo e foram conversando animadamente até uma parte da floresta proibida que, passada uma grande tenda, haviam grandes arquibancadas esperando todos eles se acomodarem. O campo de quadribol e suas arquibancadas pareciam brincadeira de criança perto daquilo.
E provavelmente eram.
— Rápido, , achei um bom lugar aqui! – Padma berrou, agarrando a amiga pra elas não se perderem na confusão. Por coincidência, Rogerio sentou bem atrás delas com os amigos.
— Boa tarde, senhoras e senhores, alunos e alunas! – Dumbledore falou, agora da outra extremidade da arquibancada, onde ele estava com os outros dois diretores e o sr. Crouch. – Agora que estamos aqui reunidos, poderemos dar procedimento à explicação da primeira tarefa! – A plateia inteira rugiu animada com aquelas palavras. – Ela foi pensada de modo a testar nossos campeões diante de um perigo inesperado, armados apenas com suas varinhas. E para isso... – O diretor fez um gesto dramático para o espaço lá embaixo e, logo depois, oito bruxos chegaram com um grande e feroz dragão cinza-azulado. Ao seu lado, depositaram uma ninhada de ovos cinzas, com um único ovo dourado diferente no meio que se destacava.
Ai, meu Deus! – Padma exclamou, em completo choque.
Dragões? comentou, aterrorizada. – Que bom que você não entrou no Torneio, Rog.
— Tá brincando?! Olha que irado! – Seu irmão exclamou, excitado, deixando-a em completo choque.
— O objetivo de cada campeão – O diretor continuou. – será capturar o ovo dourado. Ao final da tarefa, ele receberá uma nota de cada um dos juízes que será referente à velocidade com que foi concluída a tarefa, a magia utilizada e quão ileso o campeão ficará. Além disso, ele não deve ferir a ninhada. Com isso dito, preparem suas torcidas, porque daremos início à primeira tarefa do Torneio Tribruxo!
As arquibancadas explodiram de excitação e escutou-se um apito. Todos ficaram ansiosos e, de repente, Cedrico Diggory entrou na arena dando de cara com o dragão e os alunos de Hogwarts começaram a berrar em apoio para ele.
— Vai, Diggory!
— Você consegue!
— Mostra pro monstrão quem manda!
— Eu não queria estar no lugar dele! – Um amigo de Rogerio gritou.
nem conseguia falar. Por algum motivo, ela estava extremamente nervosa. Cedrico era tão minúsculo perto daquele monstro letal. E tudo que ela podia fazer era confiar nas habilidades dele.
— Ai, não quero nem ver! – Pad disse, quando o dragão começou a avançar na direção dele.
Diggory ficou despistando o dragão cinzento, se escondendo atrás de algumas pedras espalhadas por aquela arena. Cada baforada de fogo em sua direção fazia o coração de parar. Ele poderia se machucar feio.
Ele poderia morrer.
E, por algum motivo, aquilo a assustava completamente. Não só por ser uma morte, que já seria aterrorizante por si só. Mas por ser ele. Porque, por algum motivo, se incomodava em pensar em não o ver mais.
Antes, a sua mera visão era capaz de estragar seu dia. Agora, ela torcia profundamente por continuar vendo-o.
Porque, droga, ela estava começando a gostar daquele garoto.
— Ei, mini Davies, tudo bem ai embaixo? – Olivia, a atual ficante de Rogerio, a perguntou. Ela só conseguiu acenar um fraco sim com a cabeça. Estava muito apavorada e perplexa com o que estava sentindo. – Não se preocupe, ninguém vai morrer, Dumbledore está aqui. Ei, olha! O que ele está fazendo? – Ela apontou e todos olharam.
Cedrico havia transfigurado uma das várias pedras ao seu redor em um cachorro e estava distraindo o dragão com ele. Na verdade, o dragão começou a avançar sobre o cachorro, deixando o caminho livre. Estava dando certo. Ele ia conseguir!
— Vai, Diggory! – As pessoas diziam. A arquibancada estava trilhada de animação para vê-lo ser o primeiro a concluir o desafio.
Mas, então, aconteceu.
No meio do caminho, o dragão percebeu Diggory e decidiu deixar o cachorro de lado. Na mesma hora, que estava começando a relaxar e torcer também, congelou. Ele estava ferrado. Ele estava muito ferrado.
A arquibancada inteira ficou tensa também, muitos gritavam tentando alertá-lo, mas ele não ouvia. Um grande arquejo coletivo precedeu o que estava por vir.
Então, ele pegou o ovo e ergueu os olhos. Ergueu os olhos para ela. E sorriu. Como ele estaria a vendo? Será que ele também sentia aquele negócio esquisito que sempre a fazia repará-lo no meio da multidão?
Mas isso não importava. Nada importava. Porque o dragão cuspiu um jorro de fogo exatamente em cima dele.
Diversas pessoas gritaram apavoradas na arquibancada. Mas não ouvia nada. Ela estava em completo choque.
Ela sentia Padma cutucando-a, mas ela não conseguia dar atenção. Até que começou a ficar muito forte. só teve forças pra virar para ela e sussurrar:
— O que foi?
A amiga falava algo que ela não entendia, enquanto apontava para a arena, animada. Receosa, seguir seu dedo e encontrou Cedrico ainda segurando o ovo, muito machucado, mas...
Vivo.
De repente, os ouvidos de voltaram a funcionar e ela ouviu a gritaria geral. E percebeu que estivera chorando o tempo todo sem se dar conta. O alívio que sentiu foi tão grande que ela começou a rir como uma boba, sem nem ligar para os olhares estranhos que Rogério lhe mandava.
Cedrico Diggory estava vivo.
Estava tudo bem.


Capítulo 8

Durante a semana seguinte ao desafio, Cedrico começou a dividir mais sua fama com Harry Potter. Diferentemente da raiva que isso teria causado a outros, para ele, foi um pouco de alívio ter menos gente o cercando, sem contar que o garoto merecia. E ainda o ajudara a descobrir qual seria a tarefa. Por sorte, Madame Pomfrey cuidou das queimaduras em sua cabeça e seu cabelo logo voltou a estar intacto, mas poderia ter sido muito pior se não fosse graças ao Potter. E, por isso, ele começou a pedir mais ainda que os alunos não usassem o distintivo.
Seu amontoado de fãs continuava seguindo-o para todos os cantos. De novo, ele teve que se esconder no banheiro dos monitores, mas perdeu seu disfarce ao ser seguido pela monitora do quinto ano da Lufa-Lufa. Depois desse incidente, ele passou a se esconder no Corujal. Por mais que fosse público e todos passassem por lá, ninguém ficava por muito tempo devido ao cheiro de titica de coruja.
Agora, a nova preocupação de Cedrico era com o ovo dourado que devia conter uma pista para a próxima tarefa. Mas, por enquanto, só tinha lhe dado imensa dor de cabeça.
— Talvez seja algo ligado ao medo. – Michael tentou deduzir. – Como um bicho papão. Ou um dementador!
— Dementadores são ligados à tristeza e não ao medo. – Jerry retrucou.
— Ah, e ninguém ficou apavorado com aqueles sugadores de felicidade ano passado não, né?
— Minha teoria – Jerry ignorou o outro. – é que talvez esteja em outra língua ou em um código que vocês devem decifrar.
— Sim, o código dos agoureiros. – Michael zombou. — Quanto ele grita a ponto de doer os ouvidos é a sílaba “lou".
— E quando os vidros tremerem, com certeza é a sílaba “co". – Cedrico zombou junto.
— Só estou tentando ajudar. – Jerry disse, de cara feia.
Sobrecarregado com os deveres, os estudos para os NIEMs, a perseguição dos fãs, o peso de ser um campeão e a responsabilidade de ter que se preparar para a próxima tarefa, Diggory foi levando um dia de cada vez, ansioso. Mas enfim, no intervalo de tarde da terça feira, recebeu uma surpresa consideravelmente agradável.
Todos estavam na sala comunal por conta do frio que vinha com o primeiro dia de dezembro e Cedrico decidira passar na biblioteca para buscar um livro sobre inferis para seu trabalho da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Porém, passando por uma das janelas, viu, destacada na neve branca perto do lago, uma figura de vestes pretas, cabelos castanhos e um livro amarelo. Aquela visão o fez sorrir imediatamente e apagou qualquer intenção que ele tinha de estudar da sua cabeça. Sem nem perceber, seus pés o guiavam para o pátio e para o lago.
— Sabe, você tem objetivos curiosos. – O garoto disse se aproximando. Ela não se virou. – Faz de tudo para pegar esse livro para então congelar lentamente antes de terminá-lo.
— Não se preocupe. – Ela disse, agora lhe lançando um olhar de esguelha. – Falta apenas um capítulo. Depois, eu posso congelar em paz. Até terminá-lo, tenho isso aqui. – ela sacudiu uma pequena garrafinha ao seu lado.
— E Madame Pomfrey deixou que você pegasse a poção estimulante? – Ele perguntou, desconfiado ao reconhecer o conteúdo do frasco.
— Não, fizemos ela na aula de Poções de hoje e Snape disse que se a gente quisesse arriscar beber, podíamos levar conosco, mas ele enfatizou bastante a chance de envenenamento. E, pela primeira vez, eu acho que acertei uma poção. – Ela disse, apontando para a fumaça que saía de seus ouvidos.
Cedrico se sentou do seu lado e lhe ofereceu um gole da poção.
— Não quero arriscar minha vida. – Ele disse, dispensando.
— Participar de um torneio com enorme taxa de mortalidade é de boa, mas provar minha poção é perigoso? – Ela disse, com um tom de irritação.
— Exatamente! – Ele disse, rindo.
— Então congele aí sozinho. – Ela disse, pegando suas coisas e se afastando.
— Espera, eu tava brincando! – Ele disse, indo atrás dela. – Eu sei que a poção tá certa!
Ela virou para ele, a mão na cintura.
— Olha, é muito fácil para você, senhor que nunca erra, zombar de mim, mas eu tô realmente feliz que eu consegui acertar e te ver duvidando disso só reforça o que todo mundo acha!
— O quê? – Ele perguntou, confuso, mas tentando ser educado. Como uma brincadeira terminara assim?
— Um fracasso. Um erro. Depois de tantos filhos perfeitos da família Davies, eu nasci. Sabe, já que parece que gosta tanto de mostrar que eu sou imperfeita, por que não vai conversar com minha mãe? Ela vai amar concordar. – A menina disse, saindo furiosa, deixando o garoto perplexo. Ela estava surtando do nada.
— Ei, , espera. – Ele disse, tentando correr atrás dela, embora fosse retardado pela neve. – Espera!
Ela congelou aonde estava, mas não fez nem questão de virar.
, — Ele começou a falar, recuperando o fôlego. – Eu não quis dizer aquilo. Na verdade, você me deixou meio assustado porque eu só estava brincando com a piada do próprio Snape. Nunca foi pra duvidar de você. Foi uma brincadeira que eu faria com qualquer um. Que qualquer um poderia fazer comigo. Mas eu não sabia do peso que isso ia ter.
continuou parada, mas seus ombros pareciam menos tensos, mesmo com a neve se acumulando neles.
— Desculpa. — Cedrico disse baixinho, ainda confuso, mas sem querer magoá-la. Aquilo parecia uma ferida nela. Ele nunca tivera irmãos, mas, parando para pensar, do jeito que o pai falava dele, será que seu irmão não se sentiria pressionado se existisse?
Depois de alguns segundos que pareceram muito longos, ela se virou devagar e o encarou.
— Eu surtei completamente em cima de você e você pede desculpa. — Ela disse, numa mescla de irritação e vergonha. — Você é tão irritante. Aquela mira do dragão podia ser melhor. – disse, embora seus olhos indicassem o extremo oposto.
— E por que eu sou tão irritante para você? É meu cabelo? É brilhante demais? – Ele perguntou, brincando, e isso a fez revirar os olhos.
— Porque, assim como seu cabelo, você é todo perfeito. E para pessoas normais como eu, isso é um saco completo. Especialmente porque você deve ter algo bem podre para compensar.
— Sabe, eu tô longe de ser perfeito. – Cedrico disse, fazendo a menina na sua frente bufar. – É verdade. Se eu fosse perfeito, eu ia conseguir me impor e não deixar por exemplo você falar essas coisas que me magoam de forma tão leviana. Ou talvez eu não sentiria uma pontada de raiva. E não teria meu orgulho ferido.
— Me desculpa pelo que eu falei. Às vezes quando eu sinto... inveja... eu fico bem rabugenta. – Ela falou, sincera. – Mas esses defeitos são defeitos bobos. Nem chegam a ser ruins. – Ela disse, voltando ao assunto. — Não tem nada mais podre para mim? – Ela disse, com um sorriso de canto, subindo em uma pedra alta para tentar ficar mais imponente, mas mesmo em cima dela, continuava quase um palmo mais baixa que ele
— Bom, se te ajuda, eu sou um fracote. Eu posso ter coragem de enfrentar dragões, mas não consigo enfrentar meus próprios amigos. Eu sou um fracote para enfrentar pessoas. E... – ele hesitou. – eu tenho medo de pufosos.
A garota, que estivera acompanhando tudo tentando ficar séria não se conteve e gargalhou até perder o fôlego.
— Pufosos? Mas eles são literalmente os seres mais inofensivos que existem no planeta! Nenhuma criança ou bicho no mundo teria medo deles! – Ela disse, as bochechas doendo de tanto rir.
— É tudo uma enganação! Quando eu era pequeno, eu ganhei um pufoso de aniversário e no meio da noite ele pulou da cama dele e parou no meu rosto. Ele arrancou algumas mechas do meu cabelo, e eu te digo, doeu muito! Eu gritava e meus pais não acordavam de jeito nenhum. Eles só foram descobrir no dia seguinte, quando o pufoso já tinha devolvido todo o cabelo. Vomitando! – Ele disse, um pouco afobado. Ainda sentia alguns arrepios ao lembrar.
— É mentira! – disse, rindo.
— Eu te conto meu maior segredo e é assim que você me trata? É doloroso falar disso, ok? – Ele disse, embora ouvir a risada de o fizesse esquecer de qualquer problema.
— Então o valente e corajoso campeão Cedrico Diggory prefere enfrentar outro dragão do que lidar com pufosos? – Ela questionou, zombando.
— Precisamente. – Ele respondeu, muito sério.
— Eu sabia que você teria algum segredo bizarro para compensar todo esse seu jeito certinho, mas isso foi muito maior do que qualquer coisa que eu pudesse bolar! – disse, enxugando as lágrimas e se recuperando. – Pense, seu cabelo continua intacto, talvez o vômito do pufoso tenha deixado ele mais lustroso.
— Não sei, podemos pedir algum por aí para experimentar em você. – Ele zombou de volta.
— E você vai conseguir enfrentar o grande e poderoso pufoso antes de trazê-lo até a mim?
— Não preciso. Eu peço que alguém faça por mim.
— Quem diria, além de medroso, Diggory também manipula as pessoas! – Ela disse, fingindo falso choque.
— Ei, eu não sou um medroso! Só com pufosos. E em falar o que eu penso.
— E o que você gostaria de falar que você tem medo? – Ela questionou.
Cedrico olhou em seus olhos questionadores e sentiu o estômago revirar. O que ele tinha medo? De dizer ao pai que a pressão era muito grande para ele. De dizer aos professores que ele não podia assumir todas as responsabilidades. De dizer aos amigos que eles não tinham direito de falar da vida dele para os outros. De dizer ao time de quadribol que eles são ruins por falta de dedicação da equipe. De dizer a ...
De dizer a o quanto ele queria estar com ela.
Aquele longo silêncio se estendeu enquanto ele se questionava e aquele último pensamento o deixou tenso. Já fazia um mês desde que começaram a se falar. Ele sempre a procurava na multidão e parecia haver algo que o atraía em sua direção. Sempre acabava pensando nela. Sorria ao vê-la. E conversar com ela sempre o fazia libertar esse lado seu não tão polido para ser perfeito. Um lado talvez mais corajoso para dizer o que queria.
Droga. Se ele não se cuidasse, ia acabar se apaixonando. Isso se já não estivesse.
parecia saber o que ele pensava, porque não tirava os olhos dele. Ele sentiu aquela tensão no ar. Uma tensão que o deixava nervoso. O que ele precisava fazer?
Mas ele não fez nada. Porque, antes que pudesse pensar, rapidamente uniu os lábios do garoto aos dela. Cedrico ficou sem reação. Sua boca estava quente na dele. No susto, ele acabou se afastando dela e ambos se encararam, em choque.
— Eu... – Ela tentou dizer. – Eu...
E o deixou ali, sem palavras e explicações.


Capítulo 9

Droga, droga, droga. Por que ela fizera isso?! Era óbvio que ele não a queria. Cedrico podia ter qualquer garota da escola, por que ia querer a mais sem graça e rude de todas?
estivera tão certa que estava rolando um clima, mas, quando o beijou, ele continuou lá, parado, sem retribuir. Pior, ele tinha se afastado.
Se sentia tão envergonhada, era o mais horrendo fora que recebera na vida! E nem tivera coragem de o encarar depois.
tinha se iludido com aqueles sorrisos, exatamente como qualquer garota naquela escola, se esquecendo que esse era Cedrico Diggory, sempre gentil mesmo com contratempos esquisitos como ela. Tratando todas igualmente. Ela não era ninguém para ele. Ninguém especial.
Então por que ele a procurou mais cedo? Será que sentira pena de vê-la isolada? Ou ver como ela era patética ajudava o ego dele a crescer?
Não sabia como andara o caminho de volta e nem como respondera a pergunta para entrar na sala comunal, mas, quando se deu conta, estava lá no meio dela, parada como uma tonta, recebendo olhares esquisitos.
— Ei, pirralha. – Ela ouviu Rog chamá-la num canto. – Vem cá.
Ela andou até lá em uma espécie de transe, seus pés se mexendo enquanto sua mente estava afundada em um oceano de vergonha.
— Olivia disse que te viu lá fora sozinha conversando com o Diggory. É verdade? – Ele disse, parecendo irritado.
Ela congelou onde estava, o cérebro despertando em alerta. O que Olivia havia visto?
— Sim, nós estávamos conversando. – Ela disse, cuidadosamente.
— Tá maluca? Nesse frio? Com o Diggory? Você não odeia o cara ou algo assim?
— Eu não o odeio. – rebateu.
— Você sempre se irrita se eu sequer existo perto dele. – Rogerio disse, irritado. – E agora fica atrás dele? É só por que ele é um campeão?
— Claro que não! E eu não tava atrás dele. Ele que veio atrás de mim! – disse, sem pensar.
— Atrás de você? Por que ele estava atrás de você? Ele te fez alguma coisa? Você tá bem? – Seu irmão disse, bancando o paizão preocupado.
— É claro que ele não fez nada! Ele só veio conversar. Até que ele não é tão retardado como eu achava. Mas não importa. A gente não vai mais se falar. – Ela disse, se afastando, mas ele foi atrás dela.
— Como assim não vão mais se falar? Vocês já se falavam antes? Por que vai parar agora? O que ele te fez? – Eram tantas perguntas que a cabeça de explodiu.
— Nada! Ele não fez nada! E o problema é esse! Porque eu sou uma tonta que achou que existia algo, mas, no final, ele não fez nada! Porque não somos nada! – Algumas pessoas olharam de esguelha aquela situação, mas a menina nem se importou.
— Você... você gosta dele? – Rogerio disse, assustado.
— Não importa. – Ela sussurrou de volta. – Não importa como eu me sinto. Só importa que ele não está a fim, ok? Agora eu posso ir embora ou vai me perguntar mais alguma coisa? – Ela disse, irritada.
— Quer que eu acabe com o cara? Eu estou no meu auge em duelos. – Rog disse, com sinceridade.
Aquilo deixou tão espantada que ela quase chegou a rir.
— Claro que não. Por favor, não se mete nisso. É assunto meu. E não se comporte como soubesse. E não conta pra ninguém! Já não basta saber que sou um fracasso em tudo, não quero a escola fofocando sobre isso também.
— Pirralha, aonde que você meteu nessa sua cabeça que você é um fracasso?
— É só a verdade. Não sou brilhante como você ou Chester. Não sou popular. Não vou ser monitora. E nem jogar quadribol. A única coisa que eu pareço ser realmente boa é fazer todos não gostarem de mim.
— Isso é a maior mentira que eu já ouvi. – Rog disse, olhando-a incrédula. – , você é incrível! Ninguém se iguala ao seu senso de humor e sarcasmo. Está bom, você é meio mau humorada, mas é uma das garotas mais gentis que eu conheço. Quem mais falaria com os irmãos Creevey se não fosse? E eu e Chester não somos nada perto dessa sua cabecinha. Seu maior obstáculo é você mesma. Se parasse tanto de tentar ser como Chester e eu, começaria a enxergar que você já é incrível sendo a . Só a . E nenhum garoto nem ninguém pode te dizer o contrário.
— E difícil pensar nisso com a mamãe me lembrando constantemente que eu sou um fracasso. – Ela disse, baixinho.
— Então parece que nas próximas férias alguém vai ter que falar com ela. E se não se sentir pronta, eu falo.
— E por que você faria isso?
— Porque, pirralha, diferente do que você acha, eu te amo. E não só eu, como Chester, mamãe, papai, Padma. Porque você é incrível. – Ele disse, puxando-a para um abraço e bagunçando seus cabelos.
— Onde você tirou algo tão legal dessa sua cabeça oca? – Ela disse, rindo e tentando esconder as lágrimas.
— Realmente, eu fui muito meloso. Talvez eu tenha que compensar botando um pouco de pó de arroto no seu suco de abóbora mais tarde. – Ele disse, sério.
— Nem tente ou eu conto para Olívia sobre aquela história na floresta!
— Você não ousaria! – Rog disse, com cara de pavor.
— Ousaria sim! Então espero que você volte pro seu lugar! – Ela disse, rindo. Olhou para o irmão mais uma vez. Nunca achou que ele a entenderia. Afinal, era só um garoto chato, bonito e popular. Mas agora ela via que, por trás daquele irmão inalcançável e protetor, ela estava perdendo um bom amigo.
— Eu vou subir antes que a sineta toque para a próxima aula. – falou para Rog.
— É melhor mesmo, pirralha. – Ele sorriu para ela.
subiu para o quarto com muita coisa na cabeça para pensar. Aquilo não apagava toda a situação vergonhosa com Cedrico de antes, mas botar tudo pra fora tinha ajudado um pouco.
— Aí que você tá! – Padma exclamou, quando ela entrou no quarto. – Nesse frio e você saindo pra ler. A aula é daqui a pouco! Você não... , o que houve? – Pad disse, notando as marcas de lágrimas.
Ela olhou para a amiga preocupada e, antes que se desse conta, já começara a falar.
— Ah, Pad, eu tenho tanto para te contar! – disse, desabando na cama.
Os dias foram passando e fez de tudo para evitar Cedrico: e estava sendo bem sucedida. Ficava sempre que podia na sala comunal, onde sabia que ele não a alcançaria. Não que ele fosse procurá-la. Mas não queria vê-lo nunca mais na sua vida. Isso só ia ser um pouco difícil já que ele era uma das estrelas do maior evento do ano.
Agora que contara tudo a Padma, ela tinha parado de falar dele ou de admirá-lo e ajudava a amiga a esquecer que ele existia. se esforçava o máximo que podia perto da amiga para fingir que estava melhorando, mas estava complicado lidar com a rejeição e a vergonha.
Não queria admitir, mas não podia fingir que não tinha se apaixonado por ele. Pelo garoto que mais invejava e abominava. Pelo garoto que não a queria. E aquilo doía demais.
Numa aula de Feitiços, no entanto, o professor Flitwick falou algo que tirou um pouco da sua cabeça aquela história.
— O Baile de Inverno é um grande evento que faz parte do Torneio Tribruxo que acontecerá na noite de natal! – O professor começou, com sua voz fininha. — É uma oportunidade para conhecerem novas pessoas, especialmente nossos convidados estrangeiros, ao som de músicas encantadoras e com um jantar espetacular. Além disso, vocês podem ir acompanhados de um par a sua escolha. – Nessa hora, diversas meninas soltaram risinhos, inclusive Padma. – O baile é para alunos do quarto ano em diante, mas vocês podem convidar alunos mais novos também! O traje é a rigor e a festa acontecerá no Salão Principal de oito à meia noite. Caso desejem participar, não se esqueçam de se inscrever para passar o feriado aqui. Será uma noite única na vida de vocês, eu posso garantir, e quero todos os meus alunos elegantes, comportados e mostrando a todos como se curte uma festa!
— Eu não acredito que as roupas a rigor eram para um baile. Um baile! Não é mágico? – Padma divagava.
— Realmente é incrível. – respondeu, tentando ser o mais honesta possível.
— E ainda tem essa história de pares. Quem será que irá nos convidar? Será alguém mais velho? Bom, desde que seja bonitinho e simpático, está de bom tamanho para mim! Quem será o que o Vítor Krum vai convidar? – Pad continuou encantada.
Mais uma semana se passou, agora todos com a cabeça nesse baile. Frequentemente, alguém era convidado no corredor, alguns de maneiras extravagantes com buquês e discursos e já outros eram até mesmo arrogantes. e Padma presenciaram muitos garotos e garotas saindo chorando ou tendo ataques de raiva ao serem recusados. Por outro lado, muitos eram os que ficavam bobos, envergonhados e felizes quando a resposta era sim.
Padma falava sobre isso o tempo todo, mas, para , era só uma constante lembrança de que ela não queria ir com ninguém. E era bem provável que se chamasse alguém, seria recusada.
De novo.
— Vocês não têm ideia quem chamou a Cho para ir no baile! – Marieta falou durante um jantar, sempre ávida para contar uma fofoca novinha em folha.
— Quem? – perguntou, curiosa, mas derrubou seu talher e não conseguiu ouvir a resposta. Quando levantou a cabeça, Marieta já tinha se levantado para contar ao próximo grupo e Padma parecia preocupada.
— Droga, eu não ouvi. Então, Pad, quem é assim tão importante para Marieta contar para todo mundo?
Pad continuou quieta, sem olhar para a amiga.
— Alô, Terra para Padma? Quem convidou Cho Chang para o baile?
Padma encarou a amiga e engoliu em seco. Antes mesmo de Pad abrir a boca, o estômago de já estava se revirando.
— Cedrico Diggory.


Capítulo 10

Cedrico procurou por semanas, mas nunca a encontrava. De vez em quando, a via de longe nas refeições, sentada na mesa da Corvinal, mas, sempre que pensava em falar com ela, parecia sentir um olhar mortal vindo de Rogerio Davies.
Todo intervalo de aula, procurava por ela, mas não a achava. Como ela podia beijá-lo e depois se esconder como se nada nunca tivesse acontecido entre eles? Jogando tudo fora?
Andava tão disperso que até mesmo seus amigos notaram.
— Anda, cara, o que a tal garota da Corvinal fez com você? – Michael ficava perguntando. Jerry, cumprindo sua palavra, o zoava também, mas sem nunca revelar seu segredo. Cedrico se sentia mal de omitir tanto dos amigos, mas já havia sumido. Sentia que se contasse tudo, cada momento ia perder sua intimidade. Parecia que ele ia perdê-la por completo.
Nem mesmo a notícia do Baile de Inverno parecia animá-lo. Ele estava curioso e intrigado, mas sabia que só aproveitaria aquela noite mágica se pudesse convidar a pessoa certa. E essa pessoa em questão estava o ignorando.
Depois de duas semanas sem encontrá-la, Diggory achou melhor tentar outra estratégia. Na verdade, foi uma ideia mais de momento. Estava passando pelo corredor no intervalo quando encontrou Cho no seu grupo de amigas. Ela havia sido simpática com ele todas as vezes que se falaram e tinha sido inclusive uma das primeiras a parar de usar aquele distintivo ridículo. Talvez... talvez ela pudesse ajudá-lo.
— Oi, Cho, posso falar com você rapidinho? – Cedrico a chamou.
O grupinho todo riu em conjunto em resposta, o que ele achou meio desconcertante. Não queria que ninguém pegasse uma ideia errada.
— Claro, Cedrico.
Eles se afastaram do grupinho que continuava os encarando. Ele ouvia os risos fraquinhos ainda de longe.
— Então, o que foi? – Ela lhe perguntou, educada.
Bom, como ele iria explicar? Pensando bem, não era uma ideia muito brilhante. E se Cho nem falasse com ? E se isso fizesse se fechar ainda mais? E se a deixasse com raiva? A preocupação o travou.
— É sobre o Baile de Inverno? – A menina perguntou.
— O Baile de Inverno? – Ele questionou. Bom, certamente era sobre conseguir falar com a garota que ele queria convidar. – Acho que de certa maneira, sim. É sobre isso.
A menina na sua frente corou com a sua confirmação. Será que todas as meninas sempre ficavam assim só de citar essa palavra?
— Bom, não sei como colocar isso... – Cedrico disse, ainda confuso.
— Sim. – Cho disse, de repente, ainda corada.
— O quê? – Ele perguntou confuso.
— A resposta é sim. Eu vou no baile com você. – Ela disse, sorrindo. Ela parecia tão feliz que Cedrico, em completo choque, a viu se afastar de volta até o grupo de amigas.
Meu Deus, o que tinha acabado de acontecer?
Mais tarde, quando fora jantar, os amigos o cercaram.
— Você convidou Cho Chang para o baile? – Jerry questionou.
— Eu sabia que você tava a fim dela! – Michael comemorou.
— Como vocês souberam? – Cedrico perguntou, pois nem ele estava certo do que tinha acontecido.
— A amiga dela, aquela Marieta, que nos contou. – Jerry replicou, ainda olhando pro amigo como se quisesse explicações.
— É bonitinha, inclusive. Será que ela aceitaria ir no baile comigo? – Michael disse.
— Quem diria que de todas as garotas – Jerry frisou a palavra garotas. – que você poderia convidar, você ia querer ir com a Chang.
— Puxa, as outras meninas vão ficar arrasadas. Eu vi como as meninas do terceiro ano da Lufa-Lufa estavam olhando pra você, como se reunindo coragem para convidá-lo. – Michael comentou.
O amigo estava certo. Com aquela notícia se espalhando, várias garotas passaram a olhá-lo com olhares tristes e magoados nos corredores. Outras, tentando não acreditar nos boatos, tentaram chamá-lo para o baile, mas ele, aceitando seu destino confuso, avisava que já tinha um par.
Podia estar em uma situação pior. Cho era uma garota legal, bonita, simpática, não podia negar que estaria com um bom par. Mas ainda se incomodava. No fundo, sentia que isso estragaria qualquer mínima chance que poderia ter de falar com novamente. E era tudo o que ele mais queria.
As semanas foram se passando e o baile se aproximando. O falatório na escola aumentava cada vez mais. Não havia um único aluno do quarto ano para cima que não havia se inscrito para passar o feriado na escola. Todos estavam elétricos para a noite de natal
A última semana de aula fora um desastre. Nenhum professor conseguiu manter a turma em foco. Alguns, como Flitwick, desistiram depois de alguns minutos e deixaram os alunos conversarem sobre qualquer coisa, enquanto falava com uns poucos alunos concentrados e, claro, Cedrico, oferecendo apoio e dicas que ele como campeão poderia precisar. Já Snape, por exemplo, forçara a turma a prestar atenção até o último segundo. Os dois alunos da Grifinória do sexto ano que tinham conseguido um “Ótimo” no NOMs de Poções para continuar na sala, haviam perdido 15 pontos da casa cada por se dispersarem.
Por fim, a semana de férias chegou, mas isso também indicava que logo o baile aconteceria. A essa altura, três semanas haviam passado desde que Cedrico e haviam se visto pela última vez e ela parecia ainda mais determinada em se afastar e continuar distante. Com uma decisão muito dolorosa, Cedrico percebera que era hora de deixá-la ir. Não adiantava correr atrás de alguém que não o queria ver.
A semana de férias passou como um jato, pois Cedrico se distraíra com deveres das aulas e algumas tardes com os amigos voando de vassoura no campo da escola. Mais do que nunca, sentia falta do Quadribol o distraindo. A próxima prova seria dali a dois meses, e, por mais que soubesse que não devia, acabava deixando para depois aquele mistério sem solução do ovo dourado.
E assim, como em um piscar de olhos, Cedrico se viu no dia de Natal. Acordou cercado de presentes dos pais, dos avós, dos amigos e, para sua surpresa, de muitas admiradoras secretas. Algumas o fizeram corar de tão melosas e outras, bom, ele não sabia que garotas tão novas já pudessem pensar desse jeito.
O almoço de Natal fora maravilhoso. Nunca havia passado o feriado em Hogwarts e agora até se arrependia. Gostaria de ter experimentado comidas tão gostosas assim mais vezes. No entanto, quando terminou de comer, seu olhar encontrou com o de Cho, que sorriu para ele. Ele sorriu de volta e sentiu que podia devolver todo aquele almoço. De repente, a comida lhe parecia esquisita.
Quando terminou de almoçar, respirou fundo e abordou Cho saindo do Salão, acompanhada das amigas, que pareciam estar rindo agora ainda mais alto que da última vez.
— Oi, Cho, tudo bem? – Ele perguntou, educado.
— Oi Cedrico. Tô sim. Animado para hoje? – Ela perguntou para ele.
Ele se sentia nervoso. Ansioso. Agitado com a ideia de ter que dançar na frente da escola toda. Magoado que não seria com quem ele desejava.
— Com certeza. – Ele retribuiu o sorriso da menina. – Posso te encontrar 15 minutos antes na frente da sua sala comunal para irmos juntos?
— Por mim, está perfeito. – Ela agora corava enquanto sorria.
— Então, até essa noite.
— Até. – Ela se despediu e voltou para o grupo dos risinhos agudos.
Quando estava perto das sete, Cedrico decidiu tomar um banho e se arrumar. Fez a barba, alinhou seu traje preto, penteou os cabelos, conferiu os sapatos lustrados. Sete e meia já estava pronto e mais elegante do que jamais se sentira a vida inteira e ficou enrolando com os amigos no dormitório. Michael conseguira que Marieta o acompanhasse, afinal, e Jerry iria com uma menina do quinto ano da Sonserina meio caladona, mas bem bonita.
— Então, todos prontos? – Jerry perguntou, conferindo seu traje a rigor.
— Quase, preciso de só mais um pouco de gel. – Michael respondeu.
— Michael, se você botar mais gel no cabelo, no primeiro passo que der, vai escorrer tudo para a sua cara feia. – Jerry provocou.
— Acho que já está mais do que suficiente. – Cedrico disse, também chocado com o exagero do amigo.
Assim, sete e quarenta, os amigos se separaram. Cedrico e Michael subiram para a sala comunal da Corvinal, enquanto Jerry seguiu pelas masmorras em direção a sala comunal da Sonserina.
Agora, esperavam na torre oeste que seus pares aparecessem. Assim, cinco minutos atrasadas, as duas meninas apareceram, muito arrumadas e bonitas. Cho usava vestes prateadas e bordadas com flores, enquanto Marieta usava um vermelho chamativo que combinava com seu batom e sua personalidade.
— Você está linda. – Cedrico disse honestamente para Cho.
— Obrigada. – Ela disse, sorrindo. – Você está muito bonito também.
— Obrigado. Vamos? – Ele lhe ofereceu o braço e Michael fez o mesmo com Marieta. Assim, os quatro desceram para o Salão Principal. Quando chegaram lá embaixo, as portas do Salão Principal estavam fechadas.
Eles ficaram ali fora conversando casualmente, até que as portas externas se abriram e os alunos de Durmstrang apareceram com Karkaroff, mostrando de relance um jardim mudado, com diversas fadinhas e roseiras podadas.
Então, ele ouviu a voz da professora Minerva.
— Campeões, por aqui, por favor!
— Vou encontrar Jerry. Boa sorte a vocês dois. – Michael se despediu e Marieta sorriu para a amiga.
Cedrico e Cho se encaminharam onde estava Fleur e Rogerio Davies (que ainda lhe lançava alguns olhares mortais, mas naquela noite em especial, parecia estar muito distraído com a beleza da loira que era sua acompanhante), Krum e uma garota nova, Harry e uma menina que parecia ter sua idade. Todos pareciam nervosos, mas também muito ansiosos.
Estavam prestes a entrar quando Cedrico percebeu uma silhueta familiar. Uma silhueta que ele estava há tempos desejando tanto ver que pensou que estivesse sonhando.
Em um lindo vestido dourado, com os cabelos castanhos presos com presilhas brilhantes, descia a escada com seu acompanhante, que Cedrico nem reparou quem era, completamente encantado com aquela visão. Ela estava mais linda e incrível que o sol. Seu coração parecia ter parado ao avistá-la. Teve que se lembrar de respirar. Tudo que ele queria naquele momento era encontrá-la. Tocá-la.
Mas ela se afastou como sempre. E, em segundos, ele a perdeu na multidão.
Os campeões então fizeram sua entrada e se sentaram para o jantar. Cedrico tentou conversar com Cho casualmente, mas seu olhar não parava em seus olhos, vagando em busca daquela que realmente tinha sua atenção aquela noite, mesmo que não a visse. Parecia ter se sentado propositalmente o mais longe possível dele. Às vezes, parecia imaginar um brilho dourado.
Então, as Esquisitonas foram chamadas para o palco e Cedrico se levantou, dando a mão para Cho para conduzi-la junto a ele. Ele colocou a mão em sua cintura e ela em seu ombro e eles valsaram ao som de uma música lenta e bonita. Todos os observavam. Aquele era um momento grandioso. Mas não para ele. Estava sendo até mesmo entediante.
E, quando a música estava chegando ao fim, ele viu um brilho dourado, dessa vez real, sair em direção ao jardim.
E ele sabia o que tinha que fazer.
— Cho, obrigada por me acompanhar essa noite. Você é uma garota incrível. Eu realmente gosto de você. – Ele respirou fundo. Seria agora que ele teria que vencer aquele medo e falar o que pensava, mesmo que fosse magoá-la, para não acabar se magoando. – Mas...
-Mas você não queria estar comigo essa noite. – Ela disse, ainda rodopiando com ele no ritmo.
Ele piscou perplexo.
— Como você sabe?
— Você esteve ausente a noite inteira. Não me deixou de lado nem nada, eu vi que você se esforçou. Mas o problema tá aí. Você estava se esforçando muito. E você merece estar com alguém com quem você naturalmente, sem esforço nenhum, deseja estar.
— Eu sinto tanto, Cho. – Foi tudo o que ele soube dizer.
— Eu também. – Ela disse e, na mesma hora, a música parou. – Obrigada pela dança.
— Obrigado pela companhia. – Ele disse, cumprimentando-a antes de deixá-la e seguir seu coração. Seguir para onde naturalmente queria estar. Seguir para .


Capítulo 11

não sabia porque tinha aceitado a ideia de ir naquele baile estúpido. Claro, o vestido já estava comprado e o salão estava realmente lindo, mas, toda vez que olhava na direção de Cedrico e Cho, sentia como se pudesse vomitar a qualquer momento. Nunca uma dor emocional lhe parecera tão física.
Conseguiu aturar o jantar inteiro ao se posicionar longe dele, porém, na hora da primeira dança, diferente de Padma que olhava sua irmã Parvati dançar com Harry Potter, ou de Olivia, que encarava Rogerio dançando com Fleur apenas uma semana depois de eles terem terminado, ou das meninas em geral, que olhavam com ciúme para Hermione Granger que havia sido convidada por Vítor Krum, os olhos de grudaram como ímãs no quarto casal. E ela não aguentou mais. Estava sendo uma tortura.
— Vou tomar um ar. – Ela disse para Padma e então se virou para seu par, Dino Thomas. – Eu não estou me sentindo muito bem. Vou lá fora um pouco.
— Quer companhia? – Dino, que era um menino super educado, ofereceu.
— Muito obrigada, mas acho que preciso ficar sozinha.
Ela saiu do Salão o mais rápido que pode e sentou-se perto das roseiras, completamente vazias já que todos observavam aquela noite mágica. Ela queria tanto poder aproveitar com os outros. Por que seu coração tinha que traí-la assim?
A música tocava no fundo, uma das que ela mais amava da banda, mas nem isso conseguia animá-la no momento. Quando a música por fim parou, ela ouviu a chuva de aplausos e ficou imaginando a mão de Cedrico na cintura de Cho. Será que eles tinham se beijado? Será que ele não ficara com porque estava o tempo todo apaixonado por Cho?
E então, ela levou um grande susto quando viu o maior alvo de seus pensamentos parado, em pé, ao seu lado.
— Posso me sentar aqui? – Cedrico Diggory perguntou.
Ela desviou os olhos, sem coragem para dizer sim e ser forças para dizer não. Por fim, deu de ombros.
— Vou tomar como um “você quem sabe" e aceitar. – Ele disse, se sentando ao lado dela.
O coração de parecia que ia escapulir do peito a qualquer momento de tão rápido que batia.
— Por que não está com sua linda acompanhante? – perguntou, usando a ironia como escudo para toda a sua tristeza.
— Porque tanto ela quanto eu sabíamos que eu não queria estar ali.
— Rá, até parece, vai dizer agora que não a convidou? – Ela perguntou, sabendo que ia se magoar. Por que não ficava simplesmente quieta?
— Na verdade, não intencionalmente. – Ele disse, fazendo-a tomar um susto. – Eu estava pensando em uma forma de me aproximar de uma pessoa que eu queria muito falar, mas que estava se distanciando. Sabe, ela não gosta muito de mim.
mal respirava, absorvendo cada palavra que ele dizia.
— Acontece que ela é uma garota que queria de todo modo despertar os meus defeitos. E ela conseguiu ativar o pior deles: o medo de agir. Então, quando ela me beijou, eu fiquei tão perplexo com aquilo que estava acontecendo, que nem consegui corresponder como ela merecia.
A respiração de estava entrecortada. Ela estava sonhando. Ela tinha que estar sonhando. Mas observava aquele rosto lindo na sua frente e sabia que sua imaginação não podia ser tão generosa assim.
— Sabe, — Cedrico continuou, ainda a olhando nos olhos. – o problema dela é que ela também tem muitos defeitos. É muito irritada. Um pouco grossa às vezes. Em muitas ocasiões, achei que ela ia me matar. E como é teimosa, não aceita ajuda de jeito nenhum. É tão auto suficiente. Além disso, é um pouco invejosa. – Ele disse, sorrindo, levando a mão devagar até seu rosto, onde ela o deixar a tocar. imediatamente sentiu arrepios pelo corpo. – Mas isso não é nem de longe o pior. O pior defeito dela – Cedrico suspirou – é fazer um cara se apaixonar completamente e depois largá-lo, tendo que sofrer por estar longe dela.
estava sem reação, não podia estar ouvindo aquilo.
— Mas você me rejeitou. — Ela disse, gaguejando de nervoso.
— Eu nunca te rejeitei. Mas eu sou um covarde. Esqueci de reagir. E você levou como um não enquanto todo o meu corpo gritava sim. , eu não posso perdê-la de novo. Eu descobri que esse é para mim um medo muito maior do que pufosos. – Ele disse, sorrindo.
— O que você quer dizer? – perguntou, ainda meio aérea. Droga, não conseguia dizer nada melhor do que isso?
— O que eu quero dizer – Cedrico disse, afastando uma mecha de seus cabelos castanhos da frente de seu rosto – é que eu estou completamente apaixonado por você. Acho que estou apaixonado por você desde a primeira vez que você me olhou com uma careta. – Eles riram juntos, meio encantados.
— Mas você acabou de dizer que eu tenho vários defeitos. – Ela retrucou, parecendo não conseguir aceitar aquela cena feliz.
— E tem mesmo. Um montão deles. E eu te quero com todos os seus defeitos. Porque eles são parte de você.
E, antes que ela pudesse responder, ele se inclinou e selou aquelas palavras com um beijo. Um beijo de verdade, correspondido, ao qual ela logo se entregou completamente. Aquilo parecia mais mágico do que qualquer feitiço que fizera na vida. Sentia mil coisas ao mesmo tempo. E, pela primeira vez em semanas, se sentia verdadeiramente feliz.
Depois do que pareceu uma eternidade, eles se separaram, embora ambos ainda desejassem mais.
— Cedrico... – Ela suspirou. – Você é muito irritante e meio esquisito. – O garoto riu quando ela disse isso, em parte meio nervoso. – Mas... eu nunca senti com ninguém o que eu sinto com você. Sem querer, sem eu perceber, eu perdi meu coração para a pessoa que eu mais detestava. Eu também estou completamente apaixonada por você, Cedrico.
Ela mal terminou a frase, e ele voltou a beijá-la, parecendo completamente em êxtase com aquela resposta. Aquele beijo a aquecia mais do que qualquer poção estimulante, porque também atingia seu coração.
Depois de se separarem novamente, o garoto se levantou e lhe ofereceu a mão, ajudando-a a se levantar também.
— Me acompanha em uma dança? – Cedrico disse, educado como sempre.
— Com prazer. – respondeu, sorrindo.
queria contar tudo para Padma. Para Roger. Queria beijar mais Cedrico, porque tudo ainda não parecia suficiente. E dançar a noite inteira. Queria tudo isso, mas não tinha pressa, porque sabia que teria muito tempo para viver ao seu lado.




FIm!



Nota da autora: Oi, leitora linda! Obrigada por chegar até aqui! Essa foi minha primeira short da vida e foi muito gostosinho de escrever com esse casal fofíssimo.
Amei tentar mostrar os lados mais humanos de cada um, eu me irritei várias vezes escrevendo atitudes deles, mas isso me deu certeza de que eles estavam se espondo com seus defeitos também.
E nós amamos eles com todos os defeitos, né? (Piadinha ridícula).
De qualquer jeito, obrigada mesmo e espero que tenha gostado ❤ não perca a oneshot restrita Todos os Efeitos (que você tem sobre mim) que é uma continuação!
Beijos!



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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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