let's write a song together


counter
Finalizada em: Ago/2023

capítulo único.

Nada. Simplesmente nada. E olha que ele tentava.

Com uma das mãos, apoiava a própria cabeça para o lado e olhava o caderno posto à sua frente, em branco. Aquele lápis já estava suando entre os seus dedos, por isso, o rapaz o soltou fazendo com que um barulho chato invadisse os seus ouvidos.
Ouviu a porta ser aberta alguns segundos depois e sabia que era ela. De um jeito qualquer, fechou o caderno e o jogou para longe, fazendo com que ele caísse no chão.
— Trouxe a sua favorita! — Ouviu a voz da garota mais longe. No entanto, ela logo apareceu no seu campo de visão e um sorriso brotou em seus lábios.
— Pepperoni? — fez um bico rápido, mas continuou sorrindo.
A viu colocar a caixa de pizza em cima da mesa e notar o caderno no chão. Se abaixou, o pegando.
— Tá tudo bem aqui? — soltou uma risada fraca ao tirar a alça da bolsa envolta do seu corpo.
O rosto dela estava levemente corado por conta do frio lá fora, sua pele branca em contraste com o escuro dos seus cabelos.
— Hã? Sim. Sempre. De verdade. Estou. Estou sim. — deu de ombros, no entanto, logo riu, mas foi uma risada nervosa. — Vamos comer?
Como ele faria aquilo? Queria fazer de um jeito diferente.
Ambos se conheceram com 14 anos de idade, na escola. De início, fizeram uma aula de Biologia juntos, ela era estudiosa e ele até que gostava de estudar; seu maior sonho era se tornar um cantor famoso.
Ela escrevia bem e deu uma ideia para ele: podia ajudá-lo nesse quesito, a fazer com que ele ficasse famoso. Escreveria as letras e ele cantaria. Cada um com o seu dom. Gravaram vídeos das performances dele. Demorou, contudo, depois de bons meses ele foi chamado para performar em um programa de TV famoso.
— Posso colocar ketchup? Eu gosto! — a viu fazer um biquinho, e riu.
Seu coração disparava tanto naqueles momentos, tanto. Mordeu a pizza e balançou a cabeça positivamente.
— Minha casa é sua, !
A garota deu um gritinho e saiu em direção a cozinha, deu mais uma mordida na pizza pensando em como que raios faria isso?
Com 20 anos nas costas e não conseguia ter uma ideia decente? Nenhuma? Passou uma das mãos pelos cabelos, os jogando para trás e suspirou.
— Agora sim! — voltou enquanto colocava ketchup em sua pizza e imediatamente mordeu. — Quer?
— Credo! — resmungou.
Comeu em silêncio por alguns segundos, pois a sua mente estava a mil pensando em como poderia se declarar para a sua melhor amiga.
Nada melhor do que uma...
Música! Letra! É isso, !
No momento em que a ideia brotou em sua mente, ele se levantou da cadeira e sorriu.
— Que foi? Tá passando mal?
Voltou a se sentar e a olhou.
— Podemos ver Titanic hoje, não acha? — mordeu mais uma vez a pizza.
semicerrou os olhos e acabou rindo, afinal conhecia há muito tempo.
— Só se for agora. — a animação predominava em sua voz. — Eu busco as cobertas.
— Eu pego a coca cola na geladeira! — o cantor se colocou de pé novamente.
E não demoraram nada para chegar à sala do apartamento do rapaz, era grande e ele morava sozinho. Com o sofá retrátil, suas pernas ficariam bem à vontade durante as mais de 3h do filme.
Colocou a caixa de pizza entre os dois, e aproveitou para pegar as latinhas geladas, as deixando por ali também.
— Você pode dormir aqui, né? — a olhou brevemente depois de dar o play.
— Não saio naquela nevasca tão cedo. — alcançou mais um pedaço da pizza.
Riu e sentiu seu coração ficar quentinho com aquela fala.
— Você sabe que eu sou eternamente grato por tudo que faz, não é? — a olhou sorrindo. — Você é minha compositora favorita desde sempre.
A morena se virou um pouco e sentiu seu rosto esquentar de leve.
— Eu sei, obrigada. Sou grata a você por trabalharmos juntos e sermos amigos. É muito bom. — deu uma mordida na pizza que estava em sua mão. — Mas você precisa melhorar as suas coreografias. — sua boca estava cheia, então as palavras saíram cortadas.
— Me... Co... Quê? — fez uma careta.
riu, terminando de comer e pegou o guardanapo limpando as mãos.
— Melhorar as suas coreografias! — assumiu, no entanto, acabou suspirando ligeiramente.
— Tá muito ruim? — se virou um pouco para poder olhá-la melhor.
— Não, mas você quase caiu no palco no último show! — gargalhou.
— O cadarço do meu tênis estava desamarrado, ! — confessou, como se aquilo fosse um absurdo.
Riram juntos enquanto se olhavam e a garota negou com a cabeça.
— Tudo bem, mas talvez eu deva te ensinar alguma coisa. — apontou para o rapaz a sua frente.
— Você não sabe dançar! — rebateu.
— Oh! — fez um bico e fingiu-se de ofendida.
Novamente, riram juntos, ainda olhando um para o outro e pensou: e se a música desse certo? O único problema é que ele era péssimo escrevendo.
Voltaram a focar no filme e, como sempre acontecia, no instante em que a história do Titanic era realmente contada, desandava a falar.
— Sabia que existe uma teoria do Jack ser um viajante do tempo? — concordou com a cabeça, tendo em vista que aquele assunto era trazido à tona com frequência.
A noite entre os dois foi bem aproveitável, contudo, a pizza não durou. Tiveram que fazer pipoca e pegar alguns chocolates que estavam na despensa. O mais importante eles fizeram, que foi desfrutar da companhia um do outro.

————


As duas semanas que se seguiram foram de trabalho árduo para , sem falar dos compromissos como cantor solo. O rapaz se encontrava fazendo algo que ele não costumava fazer: escrever. Andava com aquele caderno debaixo do braço pra cima e pra baixo, em todos os momentos possíveis.
Tomou café da manhã com a sua mãe e empresária com o caderno ao lado da xícara de café fumegante, foi jogar futebol com os seus amigos do prédio em uma noite de terça-feira com o caderno dentro da mochila no meio das suas roupas, saiu com os rapazes da banda e levou o caderno no bolso do agasalho que usava.
Dormia com ele ao seu lado. Acordava com ele ao seu lado.
No entanto, depois de tanto nervosismo, sentia-se pronto.
— Não me sinto 100% pronto, é claro que não. Nunca — resmungou ao telefone com o baterista.
Deixou o celular sobre a mesa da cozinha e se levantou para pegar o leite que estava dentro da geladeira.
— Vai dar tudo certo. Você me mandou a letra. É legal — ouviu o amigo responder.
— Legal?
— Legal. É!
Legal, David? — esbravejou.
Colocou tanto leite na caneca que quase derrubou.
— Olha, eu preciso ir — foi pra desligar o aparelho.
— Não fica bravo. Vai dar tudo certo.
E foi a última coisa que David falou antes de desligar o celular, e notou que a tela estava manchada de pasta de amendoim e murmurou algumas palavras com isso. Pegou a caneca ao lado e ingeriu um pouco do líquido e achava maravilhoso o poder do café em seu corpo.
— Vai dar tudo certo — fez um biquinho ao segurar a caneca e já beber novamente.

Poucas horas depois, ele se encontrava ensaiando com a banda. David estava na bateria e ele na guitarra e no solo. Era bom nisso, conseguia fazer várias coisas ao mesmo tempo, se surpreendia na maior parte delas, porém, naquelas últimas horas o cantor não conseguia parar de pensar em sua melhor amiga.
— Opa! — fez uma careta e parou de cantar, olhou para trás a fim de ver David. — Desculpa, eu errei de novo.
David revirou os olhos, ficando levemente impaciente com o amigo, por mais que ele soubesse o real motivo dele estar se comportando assim.
O ensaio acontecia em um dos maiores quartos da cobertura de . O local era arejado, todo em branco, com janelas e espumas antirruído.
Era um dos locais que ele mais gostava de estar na vida, além do palco.
— De novo — usou um tom mais alto para chamar a atenção de David, mas algo fez com que ele parasse.
Era . imediatamente engoliu em seco, sentindo seu coração triplicar de batimentos, a certeza é que ele passaria mal.
E ela estava brava. Muito brava. Notou a expressão fechada da garota, seus cabelos escuros jogados pra frente e as sobrancelhas juntas.
— Tá tudo bem?
— Que tudo bem? Como assim tudo bem? Como você ousa falar que a minha letra é ruim, ?
Foi a vez de ele juntar as sobrancelhas em uma confusão enorme, no entanto, ao ouvir uma risada vinda da bateria entendeu o que acontecia ali. Olhou por cima do próprio e deu uma expressão fechada a David.
— Vou fazer uma pipoca. Já volto!
Ligeiramente ficaram sozinhos naquele lugar, que no momento parecia mil vezes menor. A sensação era que as paredes se aproximavam cada vez mais. Olhou para e piscou algumas vezes antes de começar a falar.
— Tenho uma coisa pra te falar. Te mostrar. Confia em mim — pediu.
Sentiu 1% de calma quando ela concordou, mesmo brava e com os braços cruzados. Tirou do bolso da sua calça jeans a letra que escrevia há dias.
— Que isso? — se aproximou dele e pegou o que estava nas mãos do cantor, ele não teve tempo de reagir.
— E-eu...
Seus olhos tomaram o papel, algumas linhas completas, outras não. Determinadas estrofes prontas, outras não. Entretanto a junção de palavras chamou a sua atenção, fazendo com que seu coração quase parasse.
Sorte de estar apaixonado pela minha melhor amiga
Sorte de ter estado onde estive
Sorte de estar voltando pra casa novamente
O papel começou a tremer nas mãos da compositora e ela não sabia o que fazer. Se lia mais ou se olhava pra ele ou se chorava ou se desconfiava que aquilo era uma brincadeira; afinal, ele era piadista.
— Isso é pra quem? — o questionou com medo.
— Pra minha melhor amiga.
— Caroline?
— Não! Não! Não! Credo! Não. Ela é como uma irmã pra mim. Você, . Você é minha melhor amiga. Você trabalha comigo, me aguenta e está comigo o tempo inteiro. Me entende como ninguém, me conhece, sabe das minhas qualidades e defeitos...
— Mais defeitos do que qualidades — soltou uma risada fraca. fez um bico, porém concordou.
— Aceito! — acrescentou ao levantar um dos dedos — A propósito...
O que aconteceu a seguir não estava nos planos do rapaz e ele não fazia ideia do que faria se aquilo acontecesse. Tanto que a sua reação foi ficar parado quando se aproximou e uniu seus lábios em um selinho comportado.
Ficou com os olhos abertos por alguns segundos. Contudo, logo usou as mãos no rosto da garota e imediatamente aprofundou o beijo. Era algo que sempre quis: sentir os lábios dela nos seus, a maciez e a forma como pareciam ter um gosto próprio deixaram o cantor maluco.
— Vamos escrever uma música juntos — a ouviu dizer assim que se separaram.
O sorriso brotou em seu rosto de um jeito gigante como a felicidade em seu peito.



FIM



Nota da autora: Sem nota.

NOTA DA REVISÃO: Menina, que coisinha mais fofa! Me abriu um baú de lembranças essa fic, principalmente de infância com Austin & Ally. Que saudade desses dois! A Disney devia ser processada por não ter feito umas 15 temporadas deles hahahaha. Adorei esse Austin todo perdido e apaixonado, e bem determinado também, pra carregar o caderninho pra tudo que é canto. E que bom que tivemos essa benção de David pra dar um empurrãozinho, porque o Austin não faria nada sozinho, coitado 😂 fanfic fofa, quentinha, perfeita pra qualquer ocasião! Eu amei 💖



OLÁ! DEIXE O SEU MELHOR COMENTÁRIO BEM AQUI.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus