Finalizada em ou Última atualização: 20/02/2021

Rapunzel

Foi assim que Rumple deu início a primeira e maior agência de investigação do mundo, segundo alguns da Continuum, a Solarium. Fazendo acordos e recrutando primogênitos para desenvolver habilidades específicas.

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Brooklyn, outono de 1934

— Até que não estou tão mal assim. — sussurrei ao me olhar para meu reflexo no espelho.
— Está medindo novamente seu cabelo? — brincou Susan, ao se aproximar de mim — Ainda não entendo como aguenta viver com esse cabelo arrastando nos pés.

Eu soltei uma gargalhada boba e a olhei. 

— Fiz uma promessa à minha falsa mãe que nunca cortaria esse cabelo. — ri dela — Apesar de tudo, ela sempre me deu amor e cuidou de mim.
, você também prometeu a tia Justine que não seria cabeleireira e aqui estamos, trabalhando no salão da vovó. — ela cruzou os braços, me olhando atravessado — Pelo menos nossa tia é sua família de verdade.
— Ai, você se incomoda tanto com meu cabelo. — voltei meu olhar para a porta, se aproximava a minha cliente das 9 — Eu estou muito bem comigo mesma.

Ela deu de ombros e se aproximou da cadeira de manicure, seu cantinho de trabalho. Me movi para a entrada do salão e recebi a cliente marcada para aquele horário. Meus dias naquele salão de beleza eram tumultuados e bem divertidos em momentos alternados, ainda mais por se localizar em um bairro do subúrbio de Seattle. Para mim de família humilde, era complicado ambicionar chegar à elite da cidade, mas não impossível, somente precisava de uma oportunidade. Conhecer as pessoas certas e me tornar influente.

— Nossa que cansaço. — disse ao me espreguiçar, olhando para a vidraça.

Já era noite e parecia que o dia tinha passado tão devagar.

— Esperei tanto para finalmente tirar esse avental. — reclamou Susan, ao jogar seu avental rosa dentro da gaveta do armário do caixa — Não estou mais aguentando de fome.
— A única coisa que só pensa em fazer é comer. — eu ri dela.
— É a melhor hora do dia. — ela soltou uma gargalhada alta.

Seguimos juntas para a casa de nossa família. Era incrível como uma pequena casa acomodava tanta gente. Mas estava feliz por ter aquela família barulhenta. Ao entrarmos em casa, meus primos menores vieram correndo me abraçar. Logo fomos recebidas por minha avó e seu olhar terno para mim. Mesmo com tantas ambições internas, estava grata por finalmente ter encontrado minha família. Minha história é o que chamam de milagre dos céus. Eu tinha dois anos quando fui sequestrada por uma mulher surtada, de nome Gothel, que me criou como sua filha da forma mais carinhosa e segura possível.

Apesar de ter sido apenas uma forma que ela encontrou de forçar o homem que gostava a se casar com ela. Fingir que eu era a filha deles foi somente o início de tudo. Não posso reclamar muito, pois foram 12 anos morando em uma grande casa, com a mesa farta e dois pais que me amavam. Como descobri que eu não era filha deles? Um fatídico dia em que esbarrei na minha mãe verdadeira na rua e ela me reconheceu por uma pinta de nascença. Toda a verdade se revelou e agora estava eu vivendo com minha família verdadeira e sem notícias do homem que um dia achou ser meu pai. A única coisa que sabia é que ele tinha se divorciado de Gothel e voltado para sua antiga família, a quem deixou no passado.

— Como foi seu dia querida? — perguntou minha avó.
— Mais cansativo que ontem, com certeza, mas foi divertido de certa forma. — assegurei a ela.
— Estou feliz por isso, vá tomar um banho e desça para o jantar. — ordenou ela, com um toque de carinho.

Segui para o segundo andar da casa e tomei um banho quente, após me vestir adequadamente, retornei para meu quarto que era no sótão. Foi meio improvisado que conseguiram fazer toda uma estrutura ali para meu conforto. Se comparar com o quarto que tinha na minha antiga casa. Mas não ficarei me movendo ao passado. Eu tinha planos e sonhos para realizar no futuro, então precisava me emprenhar o bastante para isso. Após o jantar, saí pelas ruas para caminhar um pouco. Mesmo com uma doce família se empenhando para que me sentisse amada, em certos momentos me sentia sufocada por eles. Precisava do meu tempo e do meu espaço.

— Conversando sozinha? — a voz de soou atrás de mim.
? — virei meu corpo e o olhei surpresa, adorava chamá-lo pela inicial do seu nome — O que faz nessa parte da cidade?

Mantive minha curiosidade no olhar, mediante o sorriso singelo que tinha em seu rosto.

— Estava com saudades de você, Rider. — respondeu ele, me chamando pelo meu agora, novo sobrenome.
— Saudades?! — arqueei a sobrancelha.
— Sabe que digo a verdade. — ele segurou em minha mão e me puxou para perto — Quando vai me aceitar como seu namorado?
— Quando ficar rico, quem sabe. — ri da cara dele.
— Rejeitando meu coração… De novo. — ele fez uma cara de cão abandonado.
— Porque fica me pressionando. — aleguei com propriedade — Sabe que não tenho pensamentos para isso, quero ser uma mulher independente nesta sociedade machista.
— Ser minha namorada não quer dizer que será dependente de mim. — argumentou ele — Mas estou interessado em saber o porque quer que eu seja rico.
— Bem, se eu serei uma mulher bem sucedida, quero ter um homem à minha altura do meu lado. — meu argumento era melhor ainda.
— Hum… — ele sorriu de canto e me roubou um beijo.
— Abusado! — disse ficando estática.
… — ele manteve segurando em minha mão, entrelaçando nossos dedos.
— Sim?! — o olhei.
— Terei que me ausentar da cidade por um tempo. — sua face se fechou, revelando um olhar triste.
— Vai para onde? — indaguei.
— Não posso dizer. — ele manteve o olhar distante agora.
— E ainda quer ser meu namorado, com segredos para mim? — me afastei dele, mantendo a seriedade no rosto.
— Prometo um dia lhe contar. — garantiu.
— Hum…
— Não me olhei assim, sabe que meu coração bate apenas por você, desde o dia em que nos conhecemos. — ele sorriu de leve e me roubou outro beijo.

Ao mesmo tempo que estava desconfiada, eu sabia que podia acreditar nas palavras de . E me lembrava muito bem do dia em que nos conhecemos. Eu havia sido roubada por um garoto de rua, era o dinheiro do aluguel da loja e para comprar mais materiais de trabalho. Estava tão desesperada que a atenção de do outro lado da rua se voltou para mim. No impulso, ele começou a correr atrás da criança e recuperou meu dinheiro. Meu herói? Talvez. Mas neste dia começamos uma amizade sólida.

— Como foi seu trabalho hoje? — perguntou ele, para descontrair e espantar o silêncio que se formou.
— O mesmo de sempre. — respondi.
— Não está mais sendo divertido? — indagou.
— Claro que sim, eu sinto que tenho afinidades com essa profissão e a fórmula do shampoo caseiro da vovó é um sucesso. — assegurei a ele — Tenho certeza que um dia, ficaremos ricos com isso.
— Torço pelo seu sucesso. — disse ele.
— Mas…
— Mas?
— Às vezes fico cansada da mesma rotina sem nenhuma coisa nova na minha vida, de casa para o salão, do salão para casa. — reclamei.
— E eu? Acaso virei uma rotina para você? — ele se fez ofendido.
— Claro que não, seu bobo. — sorri de leve.

Mas no fundo, eu tinha saudade de partes da minha vida com a família falsa que tinha. Eu ainda não tinha lhe contado nada sobre minha vida passada. Ele apenas sabia sobre eu ter uma grande e barulhenta família, além de trabalhar como cabeleireira no salão da vovó. Continuamos nossa caminhada noturna até que ele me deixou próximo a minha casa. Nos despedimos de uma forma bem demorada, consegui sentir lá no fundo que ele não queria mesmo ir embora.

Os dias passaram... 
Até vi no anúncio do jornal, que uma grande e famosa empresa de cosméticos estava contratando funcionários para trabalhar na equipe de uma nova fórmula capilar. Se aquilo não era provisão do céu, não sei o que era, mas meus olhos brilharam ao ler sobre o assunto. Porém, um banho de água fria caiu em cima de mim ao ler que apenas aceitavam profissionais formados em universidades. Fiquei frustrada e revoltada. Sério que a capacidade de uma pessoa seria mesmo medida por um pedaço de papel?

— Legal, vi isso para nada. — disse ao amassar o jornal e o jogar na lixeira.

Susan já havia retornado para nossa casa mais cedo, quanto a mim, continuei mais um pouco no salão. Assim que fechei as portas e segui para ir embora. De repente, ouvi um gemido no beco ao lado. Era a parte mais úmida e nojenta do nosso bairro e estava bem ao lado de onde eu trabalhava, acho que isso seria o motivo do aluguel ser tão barato. Olhei superficialmente, não enxergando nada, porém novamente ouvi outro gemido de dor. Dei alguns passos para dentro, tampando minha boca com nojo dos mofos visíveis nas paredes. Foi quando me deparei com um homem caído no chão e totalmente machucado. Me aproximei dele e tentei ajudá-lo.

— Moço? — disse ao erguer suas costas do chão frio — Está tudo bem? O que aconteceu?
— Me ajuda, por favor. — sussurrou ele, tinha vestígios de sangue em sua boca.
— Sim, claro. — eu o levantei do chão com certa dificuldade, e o levei para dentro do salão.

O ajudando a se deitar sobre o velho sofá da sala dos fundos, corri até o banheiro para pegar a caixa de primeiros socorros. Limpei seu rosto com cuidado, com ele fazendo caretas de dor pela ardência do líquido que passava para desinfeccionar. Ele parecia mesmo muito mal, tanto que acabou desmaiando depois que eu notei seu braço deslocado e o coloquei de volta no lugar. Bem, a tia Judy era enfermeira e tinha me ensinado algumas coisas depois que cheguei em nossa família.

— Hum… — ouvi o homem resmungar algo do sofá.
— Acordou. — sussurrei, levando para perto dele, uma xícara de chá.

A ideia de fazer uma sala de descanso aos fundos do salão não tinha sido tão má assim. Além de ser meu refúgio para momentos de paz, quando não queria ficar trancada no sótão, tanto eu como Susan tínhamos um lugar para fazer nossas refeições durante o trabalho. Deixei a xícara na mesinha ao lado e puxei uma cadeira para me sentar. Encostei de leve as costas de minha mão em sua testa.

— Você está com febre. — comentei.
— Estou com frio. — sussurrou ele.
— Infelizmente essa manta é tudo o que tenho aqui. — assegurei.

E ainda pertencia a minha prima.

— O que te aconteceu para estar nesse estado? — perguntei curiosa.
— Sabe guardar segredo? — perguntou ele.
— Sim. — assenti.
— Eu também! — mesmo moribundo, ele soltou uma risada esquisita — Brincadeira, digamos que tenho pessoas que não gostam de mim, porque sei demais.
— Uai. — aquilo me impressionou.
— Mas obrigado por me ajudar. — ele ergueu seu corpo — Não quero incomodar, mais.
— E vai sair assim? — coloquei minha mão sobre seu tórax — Pode voltar a se deitar, fique pelo menos até amanhecer, senhor estranho.
— Pode me chamar de Rumpelstiltskin, ou apenas Rumpel. — respondeu ele.
— Prazer Rumpel, meu nome é . — me apresentei, sorrindo de leve — E não há de que.

Me referi ao seu agradecimento.

— Que lugar é esse? — perguntou ele.
— Você está no salão de beleza da minha avó, ela não trabalha mais aqui por ter se aposentado, mas para sua sorte, eu trabalho. — brinquei ao responder — De onde você é Rumpel?
— Paris. — respondeu ele.
— E o que um homem de Paris está fazendo levando uma surra no Brooklyn? — confesso que tinha um lado debochado de ser, características que ganhei convivendo com a Susan.
— Negócios. — respondeu ele — Sou um homem de negócios, vim para New York encontrar alguns amigos.
— E como acabou no beco aqui do lado? — continuei minhas indagações.
— Você é bem curiosa. — observou ele.
— Vai me dizer que não ficaria curioso também?! — cruzei os braços.
— Digamos que sim. — admitiu ele, soltando uma risada estranha — Eu andei vendo coisas que não deveria ver, por isso as marcas no meu rosto, para que eu me lembre de não contar o que vi para ninguém.
— Uau, não quero nem imaginar o que você viu. — comentei.
— E então… — ele respirou fundo — O que mais faz aqui no Brooklyn? Além de arrumar cabelos?
— Sonho em ter minha própria marca de cosméticos. — contei a ele, não era certo sair contando para estranhos minhas ambições.

Mas estranhamente sentia uma tranquilidade perto dele.

— Uau, você sabe sonhar. — brincou ele — Se tiver pensamento positivo no futuro pode conseguir.
— Agradeço o apoio. — sorri de leve.
— Se eu não me engano, li essa manhã no jornal algo sobre uma empresa de cosméticos…
— Nem adianta falar sobre isso, eu também li, mas não rola para mim. — o interrompi.
— E porque não?
— Olha para mim! — mantive o olhar sério — Não tenho diplomas.
— E quem disse que para ter talento precisa de diplomas? — retrucou.
— Bom, para ser honesta o talento não é bem meu, mas da minha avó, ela até tem me ensinado alguns segredos, me ajudou a entender a fórmula do shampoo dela. — soltei um suspiro fraco — Acho que estou gostando bastante de aprender sobre isso, mas não sou tão expert quanto gostaria.
— Hum… Eu não gosto de ficar devendo ninguém, mas e se eu conseguir para você, dez minutos com um amigo que tenho nessa empresa? — ele me olhou pensativo.
— Sério?! Faria isso?
— Sim, como um agradecimento por ter me socorrido. — explicou ele — O que me diz?
— Incrível, nossa, eu aceito, quero muito! — fiquei empolgada de imediato.

Não só empolgada como também cheia de esperança. 

Em dois dias, Rumpel ligou para o telefone do salão da vovó. Minha reunião com um diretor da empresa fora agendada para quinta à tarde. Meu coração estava a mil por hora, assim como o da vovó Somália que não acreditava que isso seria possível. Ela ficou mais do que surpresa com minha ideia louca de comercializar sua fórmula para uma grande empresa. Claro que o shampoo de aloe vera não era somente a única receita cosmética que ela tinha guardada, e mais outras loucas experiências tínhamos em testes caseiros nos fundos da cozinha. Eu me sentia uma perfeita alquimista ao seu lado.

— Tudo bem, agora é a hora. — sussurrei para mim mesma, ao chegar diante da empresa.

Dei o primeiro passo e entrei no prédio. Assim que anunciei meu nome para a recepcionista, uma mulher veio me buscar no hall de entrada do prédio. Seguimos de elevador até o décimo quinto andar. Eu estava deslumbrada com tudo o que estava vendo diante de mim. Um lugar tão bonito, luxuoso e transmitia toda a modernidade. Meus olhos seguiam brilhando a cada passo que eu dava.

— Senhorita?! — a mulher me olhou.
— River, River. — disse a ela.
— Senhorita River, espere aqui por favor, em breve o senhor Marcellus irá atendê-lo. — pediu ela — Se quiser se sentar, fique à vontade.

Ela apontou para as cadeiras de espera. Eu assenti com um sorriso e permaneci de pé. Voltei meu olhar para o quadro atrás de mim e fiquei admirando a pintura. Foi quando uma voz conhecida soou em meus ouvidos.

— Marcellus, sabe que não podemos dar favoritismos a ninguém. — era a voz de .

Eu voltei meu olhar para o lado e o vi. Trajando um terno vermelho bordô e sapatos certamente de marca. Nem mesmo parecia o de sempre com roupas velhas de bazar.

— Só acho que deveria se preocupar mais com sua futura noiva e menos com minhas tarefas na empresa. — o homem grisalho riu.
— Ah, senhor Marcellus, aqui está a senhorita River, a indicação do senhor Rumpelstiltskin. — disse a secretária que me levou até aquele andar.

O olhar de chegou até mim e de imediato ele paralisou com minha presença. Eu também estava estática com tudo aquilo. Em um piscar de olhos, o elevador ao lado se abriu e uma mulher de vestido azul marinho, saiu de dentro.

— Amor! — disse ela ao se aproximar dele e lhe dar um selinho — Que bom que te encontrei antes do meu pai, viemos te convidar para o almoço.

Meu mundo foi ao chão e voltou. Eu senti que deu impulso para vir até mim, porém antes que isso acontecesse, entrei no elevador e apertei o botão para sair dali. As lágrimas de decepção vieram em meio a minha corrida desesperada para sair daquele prédio. Cheguei em casa seguindo direto para o sótão, não queria ver ninguém. 

Somente precisava chorar e me lembrar que minha vida agora tinha uma realidade que me impedia de ter sonhos altos.

--

— Vamos para casa? — perguntou Susan.
— Não vou agora, pode ir na frente. — soltei um suspiro cansado, enquanto terminava de varrer o salão.
— Tudo bem! — ela pegou sua bolsa e saiu.

Finalmente um pouco de paz para minha mente que só conseguia remoer a cena da mulher beijando . Mesmo depois de algumas semanas, a cada pensamento, algumas lágrimas. Passei mais algum tempo trocando os produtos de cabelo de lugar, até que ouvi a porta se abrindo.

— Estamos fechados. — disse ao me mirar — Rumpel? O que faz aqui?
— Bom dia, flor do dia. — ele soltou uma risada sarcástica.
— Não tem sido bons dias. — retruquei — O que ainda faz na cidade? Não disse que estava seguindo para a Itália?
— Sim, mas um amigo me convidou para uma festa de gala e não tive como recusar. — ele manteve a tranquilidade no olhar — Sabe… Eu conversei com o Marcellus e ele me disse que você saiu correndo antes mesmo de ser apresentada a ele.
— Ah… Sim. — soltei outro suspiro fraco — Me desculpe por desapontá-lo, o fiz me ajudar e acabei perdendo a oportunidade. 
— Você estava tão confiante… O que aconteceu? — ele ficou intrigado.
— Bem, tive algumas desilusões com minha vida, nada demais. — senti meu olhar ficando triste.
— E se eu dissesse que a festa em que vou, é na casa do próprio dono da empresa? — simulou ele.
— Você conhece o dono? — agora eu estava curiosa.
— Sim… 
— E você por acaso poderia me levar? — juntei as mãos em promessa — Eu juro que desta vez não vou desperdiçar a oportunidade.
— bem, eu posso levar uma acompanhante. — analisou ele, a situação — Mas…

Pelo seu olhar, já tinha entendido tudo.

— Nem tudo vem de graça, não é?! — conclui.
— Sim, da outra vez, eu te fiz o favor, pois estava em dívida com você, mas agora…
— O que quer?
— O que eu quero, você ainda não possui, mas pode ficar me devendo e te cobro depois. — sugeriu ele — O que acha?
— Fechado! — disse sem pensar duas vezes.

Eu não queria mais perder nenhuma oportunidade em minha vida. O dia da festa chegou e ao lado de Rumpel, em um vestido preto discreto, entramos pela porta da frente de uma mansão em Upper East Side, o bairro rico de Manhattan. Era surreal estar de volta a um ambiente daqueles, em que a elite da cidade frequentava. Rumpel me apresentou alguns conhecidos que já estavam presentes, até que me aproximou do dono da casa.

A coisa mais absurda aconteceu ali.

. — disse Dominic Baker estático ao me ver.

Mais sem reação ainda, estava eu ao ver o homem que por 12 anos acreditou ser meu pai e eu sua filha. A vida estava mais uma vez me colocando em seu caminho.

— Vocês já se conhecem? — perguntou Rumpel surpreso.
— Sim. — sussurramos juntos.
— Uau, por essa eu não esperava. — confessou meu novo amigo.
— E como você está, ?! — perguntou Dominic.
— Bem, minha família verdadeira é bastante acolhedora e amável comigo. — disse a ele.
— Isso é bom, fico feliz por estar bem. — ele não sabia como reagir a minha presença ali — Mas, o que faz aqui? Como se conhecem?
— Isso eu respondo. — disse Rumpel — É uma história longa, mas essa bela jovem me ajudou um dia e nos tornamos amigos… E o que ela faz aqui? veio como minha acompanhante para te conhecer.
— Porque me conhecer? — perguntou ele.
— Ela quer uma chance de mostrar seus conhecimentos químicos e trabalhar em sua empresa de cosméticos. — explicou Rumpel.
— Sério?! — ele me olhou admirado.
— Bem, meu trabalho aqui terminou e vou deixá-los à vontade. — Rumpel se afastou.
— Eu ainda não acredito que minha, bem… Que esteja aqui. — ele sorriu mais animado.
— Nem eu. — ri novamente — É bom vê-lo de novo, Dominic Baker.
— Ás vezes sinto saudades de ouvi-la me chamar de pai. — confessou ele — Mas venha, vamos ao meu escritório, quero saber tudo sobre seu desejo de trabalhar em minha empresa, estou curioso.
— Claro.

Quem diria que a vida me daria essa surpresa de reencontrar meu ex-pai, e ainda descobrir que ele pode ser meu chefe. Assim que entramos em seu escritório, nos sentamos no sofá e começamos a conversar sobre as fórmulas da vovó e minha proposta de parceria. Claro que a patente de todas as invenções da minha avó seriam assinadas no nome dela e eu seria sua representante. Baker me propôs um acordo benéfico a ambas as partes e ainda me convidou para trabalhar diretamente em sua empresa. Mesmo não tendo diplomas ou sendo uma perfeita cientista, do qual sua família era recheada, ele demonstrou acreditar em meu potencial.

— Ah, aqui está ele. — Dominic se levantou do sofá — , quero que conheça meu filho do primeiro casamento, . Filho, esta é minha… Ainda é difícil não te chamar de filha .

O que?! Disse internamente. Se tinha um momento para entrar em surto, era esse. Mas me mantive serena externamente, enquanto entrava em colapso por dentro.

— Prazer. — disse ele, num tom baixo e inexpressivo.
— Prazer. — disse de volta, então olhei para Dominic — Eu preciso ir.
— Oh não, fique aqui esta noite, está tarde para voltar e certamente Rumpel já foi embora. — pediu Dominic.
— Eu não quero incomodar. — tentei recusar.
— Não incomoda. — disse , fazendo meu corpo paralisar — Meu vive falando sobre a filha que ele sempre quis ter, mas não era sua. Estou curioso para conhecê-la.

Curioso para me conhecer? Que falso! Isso me deixou realmente indignada. Com um olhar esperançoso de Dominic, assenti a seu pedido. Ele pediu à empregada que me levasse ao quarto de hóspedes e me conseguisse roupas para me trocar. Assim que retirei meu discreto vestido e coloquei o pijama que me foi dado, vesti também um casaco de tricô que encontrei sozinho no closet. Saí do quarto e voltei para sala, a casa já estava tão limpa que nem parecia que foi realizada uma festa ali. E nem mesmo aproveitei a ocasião, passei todo o tempo trocando novidades da minha atual vida com meu ex-pai.

— Como é bom vê-la de novo. — comentou Dominic.
— Você já falou isso. — eu ri.
— Estava mesmo com saudade de você. — ele se aproximou e segurou em minha mão, parecia que ele estava contendo seus sentimentos até o momento — Pensei várias vezes em te procurar, mas fiquei com medo de atrapalhar seu relacionamento com sua família real.

Não me contive de emoção por suas palavras e o abracei forte. Eu ainda o tinha como pai. Já que ele me criou com todo o amor de um. Além do mais, meu pai biológico havia morrido quatro anos depois que eu desapareci, então em toda a minha vida, Dominic sempre seria minha única referência paterna.

— Minha garotinha. — sussurrou ele — Que saudade.
— Também senti sua falta, papai. — foi difícil não chamá-lo assim.

Comecei a chorar em seus braços, mas rapidamente me recompus.

— Me desculpa. — sussurrei.
— Minha querida, pode me chamar de pai, sempre que quiser. — ele tocou de leve em minha face, secando a lágrima de caía.
— Mas, e seu filho? — perguntei.
— Ele entenderá. — seu olhar ficou compreensivo — E você, em meu coração sempre será minha filha.
— Eu te amo, pai! — declarei.
— Também te amo, querida! — ele beijou de leve minha testa — Descanse um pouco e amanhã, conversamos mais um pouco sobre nossa parceria, tenho muito a lhe mostrar naquela empresa.
— Mas antes, terei que ir na casa da minha avó, ela precisa saber que você é o dono da empresa. — pedi a ele.
— Claro, tem razão. — assentiu ele.

Meu coração estava em surtos de alegria. Mesmo com a louca revelação que era seu filho. No meio da noite, despertei do meu sonho e senti sede. Me levantei e segui até a cozinha, após beber a água, voltei para o quarto. No susto, me deparei com na porta do meu quarto, de braços cruzados me esperando.

. — sussurrei ao vê-lo.
, eu…
— Se estiver planejando me dar alguma desculpa pela sua noiva, esqueça. — disse com firmeza — Não me importa mais sua vida.

Tentei afastá-lo da porta para entrar, porém ele segurou em minha mão.

— Eu confesso que foi errado não te contar sobre a Peggy, mas ela não é minha noiva, não é ela que eu amo. — disse ele, mantendo a transparência no olhar.
— E ela sabe disso? — perguntei curiosa.
— Sim, agora ela sabe. — assegurou ele — Me perdoe por não ter feito isso antes e ter causado aquela confusão na empresa quando foi conversar com o diretor Marcellus.
— Por que eu devo acreditar em você? — cruzei os braços.
— Porque eu te amo, quando disse que não queria ter sentimentos por mim, confesso que isso me deixou sem chão, tentei te esquecer e seguir como se não existisse, mas cada vez que fecho meus solhos é você quem eu vejo diante de mim. — senti um tom de desespero — Me dá outra chance.

Meu coração acelerou com seu olhar sincero para mim. Se meu caminho estava destinando a cruzar o dele novamente através de Dominic, talvez eu pudesse lhe dar uma chance.

— Se eu te der? O que acontece depois? — perguntei.
— Se daqui um ano, você estiver me amando como eu te amo, gostaria que o nosso casamento acontecesse depois. — seus olhos se encheram de esperança — O que me diz?!

Eu apenas sorri de canto, e antes que pudesse lhe responder, fui surpreendida com mais um de seus beijos roubados.

 

E, finalmente, eu vejo a luz
E é como o nevoeiro levantou
E, finalmente, eu vejo a luz
E é como o céu é novo
E é quente e real e brilhante
E o mundo mudou de alguma forma
Tudo tudo ao mesmo tempo parece diferente
Agora que eu te vejo.
- I See The Light / Enrolados

Continuum: Um destino, várias histórias.” - by: Pâms




FIM...



Nota da autora:
E aqui estamos nós novamente em outro especial me perdendo de novo! Espero que tenham gostado e convido todos a acompanha as novidades pelas minhas redes sociais de autora: facebook, instagram e grupo do whatsapp.
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Jesus bless you!!!




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