Última atualização: 02/07/2020

Princeton University

Eu estava num misto de insegurança e euforia. 
Era minha primeira vez longe de casa. Morar sozinha sempre foi meu sonho, mas em outro estado seria um desafio e tanto para mim. Me mudar de Middleton, um pequena cidade com menos de 20 mil habitantes em Wisconsin, para a Universidade de Princeton em New Jersey, foi minha escolha mais radical até o momento. E mesmo com meu pai dizendo que eu poderia fazer veterinária ou biomedicina na Universidade de Wisconsin, eu não queria passar a minha vida administrando a fazenda da família ou em algum laboratório das empresas locais. Isso eu deixaria por conta do meu irmão, Joseph.

Minha recepção começou assim que desembarquei no aeroporto local da cidade, um garoto de óculos e sarda nas bochechas, camisa xadrez acompanhado de um suéter bege, estava segurando uma placa com meu nome. Será que ele era um monitor ou algo assim?

?! — perguntou ele, assim que me aproximei.
— Sim. E você? — tentei disfarçar minha análise que fazia de seus movimentos.
— Prazer, eu sou Matt, seu guia do campus. — ele deu um sorriso envergonhado — Me disseram na secretaria para te buscar.
— Agradeço a preocupação deles. — sorri de volta e olhei para minha única mala — Você me ajuda?
— Ah, claro, deixa que eu levo para você. — ele pegou a mala e saiu puxando na frente.

Um táxi nos aguardava do lado de fora e nos levou ao campus. Ao descer do carro, fiquei admirada com o fluxo de calouros e veteranos pelo lugar. Grupos de amigos se encontrando após as férias e muita animação com o primeiro dia do ano letivo. Início do outono e todos animados para mais um semestre cheio de estudos, festas e agitação. Matt me levou até a república que haviam me instalado, guiando-me até meu quarto e deixando a mala ao lado da minha cama. Ele me entregou a chave e antes de se despedir, me entregou alguns folhetos com os eventos que teria na primeira semana de recepção. Ele parecia ser um jovem bem simpático, além de muito educado e cavalheiro, um pouco tímido também.

— Uau! — disse assim que fechei a porta e olhei com mais atenção para meu novo quarto — Finalmente estou aqui.

Só então notei que o dividiria com outra pessoa. O lado direito era meu, e o outro já estava totalmente decorado e não muito organizado. Seu estilo era um misto de Gossip Girl e cheerleader fora do comum. Eu me aproximei da minha mala e coloquei em cima da cama, abri e logo retirei minha colcha de patchwork, presente da vovó por ter conseguido minha bolsa de estudos. Ao estender a minha colcha sobre a cama, comecei a retirar as poucas roupas da mala e guardar no pequeno guarda-roupas de duas portas que estava aos pés da cama. Fiquei feliz por não ter levado muita coisa, pois não caberia naquele espaço tão pequeno. 

Não demorou muito até que minha desconhecida colega de quarto apareceu. 

— Uau. — ela paralisou por instantes — Colega de quarto?
— Sim. — eu sorri de leve — Prazer, meu nome é .
— Bem vinda a Princeton, eu sou Margareth, mas pode me chamar de Marg. — ela sorriu de volta — Já conheceu o campus?
— Ainda não, um menino chamado Matt ficou de passar aqui para me mostrar. — respondi.
— Ah não, aquele nerd não é nenhum pouco divertido. — ela pegou em minha mão — Você vem comigo, eu serei sua guia hoje.
— Tudo bem. — não contestei e só a segui.

Marg parecia conhecer muito bem o campus. Visivelmente melhor de Matt, já que ele me fez entrar pela porta da cozinha, por ter errado o caminho. Dividi minha atenção entre ouvir as mais diversas histórias das quatro realezas de Princeton, as fraternidades mais importantes dali e mais rivais também, e apreciar a paisagem que se misturada a arquitetura local. Uma cidade grande era totalmente diferente da minha pacata Middleton.

— E agora, vamos correndo comprar nosso ingressos para a festa de boas-vindas. — disse ela ao pisar no gramado seguindo para o leste — Bem, nunca foi um festa de boas-vindas, é mais um evento para avaliar o potencial dos calouros.
— Do que está falando? — perguntei ela.
— Fire Party. — respondeu prontamente — A festa de recepção oferecida pela Delta Pi, a fraternidade dos gatos, e eu como uma cat anfitriã, vou te levar como minha convidada. 
— Nossa… — aquilo me impressionou — Nem sei o que dizer.

Ela nem me conhecia direito e já agia como se fôssemos íntimas.

— Você é a anfitriã e vai comprar o ingresso? — disse em análise ao que ela tinha dito anteriormente da explicação.
— Nós compramos para dar bom exemplo, e porque a arrecadação será revertida em doação para o orfanato local, que a Delta Pi apadrinhou recentemente. — explicou ela.
— Que legal, sua fraternidade parece ser bem caridosa. — eu a olhei impressionada.
— Isso conta muitos pontos e méritos acadêmicos, cola na gente e se entrar pra Delta Pi, será muito bem vinda, menina de Wisconsin. — disse ela soltando uma risada rápida.
— Como sabe de onde eu sou? — perguntei curiosa.
— Achou mesmo que eu iria ficar na inocência sobre minha colega de quarto? Precisava saber se você não era psicopata. — brincou ela soltando uma gargalhada maldosa — Agora vamos que os ingressos são limitados.
— Ok.

Ela segurou em minha mão e saiu me puxando consigo. Assim que entramos no prédio de engenharia, seguimos até o laboratório de informática B. Calton já estava de posse dos ingressos vendendo para os alunos seletos. A festa ser para os calouros não significava que todos poderiam ir, somente os convidados por membros das fraternidades e com alto potencial para serem aceitos. Eu me afastei por um momento de Marg, caminhando aleatoriamente pelo corredor movimentado. Até que esbarrei em uma pessoa.

— Me desculpe. — disse num tom baixo.
— Tenha mais cuidado. — disso o rapaz ao me segurar para que não caísse.

Eu precisava de um desconto, o chão estava escorregadio naquela parte, por um garoto ter jogado água em outro. Eu poderia ter me machucado, mas só esbarrei em uma pessoa.

— Ah! Você está aqui. — disse Marg ao me encontrar de repente, e olhando para o rapaz — Oh, Alpha.
— Cuide da sua convidada. — disse ele num tom mais rígido.
— No problem. — retrucou ela, me pegando pelo braço novamente e me puxando consigo.
— O que aconteceu? — perguntei a seguindo — O que eu fiz agora? Quem era ele?
— Miga, aquele é Baker, o aluno mais promissor de Princeton. — explicou ela, apontando discretamente para um grupo de pessoas reunidas perto da árvore próximo a entrada — E presidente da fraternidade Alpha Omega, a mais famosa e seleta do campus.
— Seleta? — eu voltei meu olhar para a árvore e vi se aproximando do grupo de pessoas e os cumprimentando, até que uma garota se aproximou dele de forma mais sensual.
— E aquela é a futura primeira dama, Louise. — continuou sem ouvir minha indagação — Ouvi dizer que seus pais são amigos de longa data, e suas famílias as fundadoras da fraternidade, mas ele nunca deu chance pra ela. 
— Você é bem informada. — comentei.
— Minha função é essa, saber tudo sobre todos, foi assim que fui aceita na Delta Pi, após ser rejeitada pela Alpha Omega. — ela riu com certa amargura — Além do mais, curso jornalismo, preciso ser uma pessoa bem informada.
— Marg, como ele sabia que eu era sua convidada?! — perguntei curiosa.
— Uma caloura com um veterano de fraternidade só pode ser convidada, é bem óbvio por aqui. — respondeu ela com naturalidade.
— E como ele sabe que você é veterana? — tudo aquilo me impressionava.
— Por isso. — ela enfatizou o colar em seu pescoço com um pingente de gato — Todo mundo tem sua forma de identificação, quando não é muito popular.
— Você é a garota da informação, pensei que já fosse popular aqui. — brinquei.
— Quem me dera, ainda estou subindo meus degraus. — ela seguiu na minha frente — Mas um dia eu chego lá.

Eu ri dela e desta vez a arrastei comigo para uma cafeteria que tinha visto no caminho até a universidade. Estava com fome e precisava que um cappuccino para me manter alerta a todas as fofocas fornecidas por ela.

— O que você quis dizer com a Alpha Omega ser seleta? — perguntei assim que pegamos nosso pedido e nos sentados ao lado da vidraça lateral.
— Está interessada neles? Vai me abandonar? — ela me olhou meio ofendida e indignada. 
— Não, não é isso, me sinto honrada por teoricamente já ter uma vaga na Delta Pi. — acalmei ela segurando o riso — Mas estou curiosa pelos intocáveis.
— Intocáveis? Ele apelido foi bom. — ela riu um pouco — Bem, digamos que se você não for de uma família muito rica ou do meio social privado deles, jamais vai entrar. Nós meros mortais não somos dignos disso.

Ela parecia frustrada por ter sido rejeitada por eles. 

— Nem a Molly, filha do prefeito foi aceita e olha que ela nasceu em berço de ouro. — continuou comentando — Imagina eu, bolsista e filha de um entregador de correspondência.
— Você também ganhou uma bolsa. — fiquei impressionada, Marg não tinha  jeito de nerd estudiosa e nem aluna aplicada, parecia mais uma patricinha sem recursos financeiros.
— Minha notas não me dão orgulho, mas sou mestre em redações, foi assim que fui aceita pelo coordenador do meu curso. — revelou sem vergonha — Em troca, sou estagiária no jornal do campus. 
— Boa troca. — comentei.
— Também achei, e James, o editor chefe é um gato, apesar de não ser da minha fraternidade. Mas leão também é um felino, então tá valendo. — ela deu uma piscada maliciosa.
— Leão? Me explica essa. — eu ri e tomei um gole do cappuccino.
— As quatro mais influentes fraternidades de Princeton possuem um animal que a representa além do brasão. — respondeu ela — Nós da Delta Pi somos os gatos, os Theta Nu Gama, de onde James é são os leões, as garotas da sororidade Tau Sigma são as cobras, não se envolva com elas, são as cheerleaders mais traiçoeiras do campus, e por último os lobos da Alpha Omega.
— E eu vou me lembrar de tudo isso amanhã de manhã? — brinquei fazendo-a rir.
— Fique tranquila, com o tempo você se acostuma.

Me acostumando ou não com a hierarquia de Princeton. Eu manteria meu foco no futuro acadêmico que sempre sonhei para mim. Cursar e me formar em design, conseguir um estágio e provar para meu pai que ser criativa também dava futuro. Após sair da cafeteria, me perdi de Marg assim que ela foi parada na rua pelo famoso James. Não quis segurar vela, então usei minha estratégica saída à francesa, e voltei a caminhar pelo campus. 

Logo à noite, me arrumei para a tal Fire Party que seria recepcionada na mansão da fraternidade Delta Pi. Eu tinha questionado Marg, o motivo dela não morar na mansão com os outros, e a resposta foi meio óbvia, ela era bolsista e não teria dinheiro para pagar as contribuições mensais. Claro que o capitalismo sempre reinava entre qualquer sociedade, principalmente no meio acadêmico. Fiquei indecisa no que vestir, já que meus looks básicos da fazenda não faziam fama entre a moda atual de Princeton.

— Agora sim, você não vai me matar de vergonha. — Marg abriu um sorriso ao ver suas roupas modernas em meu corpo.

Eu me olhei no espelho dela e foquei no vestido que nada combinava comigo.

— Eu te agradeço amiga, mas prefiro meus jeans rasgados. — ri de leve e retirei o vestido, colocando minha roupa novamente.

Minha ideia inicial era jeans surrado, regata branca e um suéter cinza porque a noite estava fria. Não me importava se era simples, básico ou pouco chamativo e nada atraente. Eu só almejava algo confortável e que não me custasse dores nas pernas. Por isso, finalizei com meu all star preto. 

— Agora sim. — me olhei novamente no espelho — Mais eu.
— Miga, você é tão sem graça. — reclamou ela — O vestido te valorizava mais.
— Não gosto de chamar atenção. — ri dela — Vamos amiga, quem quer ser popular aqui é você.
— Isso é verdade. — ela se levantou da cama e ajeitou o vestido sensual que usava, pegou sua carteira e sorriu — Estou pronta para causar.
— Vamos lá. 

Nós saímos do quarto em risos. Observei algumas calouras como eu, me olharem com desdém e certa inveja. Sendo Marg, estavam assim por não terem sido convidadas por nenhum veterano. Tentei relevar isso e continuei seguindo-a, enquanto ouvia a histórias da festa do ano passado. Fatos que tinham causado muitos comentários ao longo do ano todo. A mansão da fraternidade Delta Pi era bonita e glamorosa, muito bem decorada pela presidente Joy Tenebrae do curso de arquitetura, e havia passado por uma reforma recente nas férias. Era de deixar qualquer hotel de cinco estrelas no chinelo.

— Aqui é… Uau. — não conseguia escolher os adjetivos para classificar tamanho bom gosto.
— Não é… Por isso é caro morar aqui. — traços de frustração soaram dela — Enfim, você está com o bracelete de convidado, vou te deixar aproveitar um pouco sem mim.
— Vai correr atrás do seu felino? — brinquei.
— Preciso ir a luta. — ela piscou de leve e deu um sorriso malicioso — Hoje a noite será longa para mim.

Eu ri dela ao se afastar de mim. Seria complicado sobreviver a minha primeira vez sem ela, mas não iria embaçar a noite da minha nova amiga. Andei pelo lugar observando as pessoas em minha volta, não procurava algo específico. Até que parei na mesa de comida e me perdi um pouco em meus pensamentos.

, não é?! — perguntou um veterano ao se aproximar de mim.
— Depende de quem você seja. — retruquei mantendo o mistério.
— Eu vi você hoje mais cedo com a Marg. — comentou ele.
— Você conhece a Marg? Achei que ela não fosse popular. — cruzei os braços intrigada por suas palavras.
— Digamos que eu precise saber quem é a garota que dorme com meu irmão. — ele riu baixo.
— Está explicado. — disfarcei o riso e voltei meu olhar para o outro lado.

Avistei encostado na parede conversando com outros veteranos, porém seu olhar permanecia em minha direção.

— Hum… Parece que eu não sou o único interessado. — comentou o veterano.

Voltei meu olhar para ele e vi que sua atenção também estava em .

— Você o conhece? — perguntei.
— O que eu ganho se responder? — retrucou sorrindo de canto.
— Você não é daqueles homens que adoram uma barganha não é?! — perguntei voltando meu olhar para a mesa de comidas.
— E se eu for? — ele riu — Devo confessar que sou bastante competitivo. 
— Eu já vi esse filme, então já devo lhe informar que não serei o troféu de disputa de ninguém. — afirmei com segurança.
— Nossa, Fletcher, desse jeito eu apaixono à primeira vista. — brincou ele me fazendo rir.
— Que pena. — peguei um prato e comecei a me servir com os aperitivos — Saiba que só estou aqui pela comida então.
— É uma indireta para que eu lhe convite para jantar? — insistiu ele de forma descontraída — Posso ser o prato principal.

Eu não me contive em rir. Aquele veterano era insistente, mas sabia ser mais divertido que os rapazes da minha cidade em Wisconsin.

— Tentador, mas terei que recusar. — sorri de leve e me virei para frente.
— Você não é fácil de conquistar mesmo. — ele riu.
— Se conhecesse os garotos da minha cidade, saberia que sou PhD em ouvir cantadas baratas. — brinquei.
— Ah, eu não te cantei, ainda. — ele se colocou em minha frente — Só te convidei para sair.
— E eu neguei. — ri um pouco — Nem mesmo sei o seu nome, como aceitaria. Pior, o fato de ter me abordado assim sabendo tudo sobre mim, só me faz pensar que é um psicopata. 
— Nossa, agora pegou pesado. — ele colocou as mãos nos bolsos da calça — Dominos.
— Boa noite . — eu me afastei dele segurando o riso e preocupada em apreciar meus aperitivos.

Estava com fome e comida grátis não dispensaria.
Enquanto a maioria aproveitava a noite para beber, dançar, beijar ou fazer coisas mais proibidas para menores, eu aproveitaria a distração de todos para explorar o lugar e observar mais a pequena sociedade que compunha Princeton. Foi assim durante um longo tempo, até que em um dos corredores da parte leste da mansão encontrei uma porta entreaberta, não me contive de curiosidade e espiei um pouco. 

Se a pupila dos meus olhos dilataram com a cena, eu não sei, mas fiquei estática por um tempo. estava quase se fundindo a uma garota. Seria outra caloura, uma mais iludida do que eu? De repente, sem querer meu celular começou a tocar. O volume era baixo mais serviu para que o casal da biblioteca parar o que estava fazendo. Dei alguns passos para trás e saí correndo, na pressa trombei em uma pessoa que surgiu do nada no corredor e quase a fiz cair. Eu deveria ter pedido desculpas, mas estava tão assustada que continuei correndo até chegar no prédio do meu dormitório.

— Uau… Que corrida. — comecei a rir automaticamente — Acho que tive muita aventura pra uma noite só. 

Me espreguicei sentindo um leve cansaço, o dia foi cheio e não estava acostumava a ficar até tarde acordada. É claro que a partir desse primeiro dia, minha rotina mudaria radicalmente.

- x -

— Como se atreve a ficar popular antes de mim? — disse Marg quase aos berros ao entrar no quarto.

Não exatamente assim que eu esperava ser acordada na manhã seguinte. Mas foi assim que aconteceu.

— Marg?! — descobri meu rosto e a olhei ainda com os olhos semicerrados — Bom dia para você também.
— Não me venha com cordialidades e me conte tudo. — ela se sentou em minha cama.
— Contar o que? — ergui meu corpo.

Logo notei que ela não vestia suas roupas, mas estava com uma blusa de moletom masculina no corpo.

— Você dormiu aqui? — perguntei.
— Claro que não. — ela sorriu com malícia — Mas minha vida não vem ao caso e sim a sua.
— Do que está falando? 
— Da famosa garota de Wisconsin, despertando interesse nos lords do campus.
— O que?! — eu soltei uma gargalhada — Você me viu ontem, como posso ter feito isso, e olha que eu voltei para o dormitório antes das onze.
— Achou mesmo que não te veriam conversando com Dominos? — ela cruzou os braços e arqueou a sobrancelha direita.
— Ah, tá falando dele. — ri novamente — Fica tranquila que ele logo superou meu fora com outra caloura na biblioteca.
— Sério? Que babado é esse?
— Pensei que soubesse, a garota informada aqui é você. — retruquei com ironia.
— Eu estava ocupada. — ela se levantou — Mas não muda o fato de todos estarem falando sobre você.
— Logo passa. — me espreguicei.
— Imagina se tivesse ficado com ele.
— Aí não estariam falando de mim, eu seria só mais uma pra estatística. — me levantei e fui até o armário — Meu nome só está rodando porque dei um fora nele, aposto.
— Me diz que não foi proposital.
— Não foi. — garanti — Eu realmente só estou focada nos meus estudos.

Aquilo era a máxima verdade sobre ter ido para Princeton.

— Está falando assim tão naturalmente porque não sabe quem é Dominos. — retrucou minha amiga.
— Descobri que ele é irmão do seu felino James. — comentei.
— Ele é o presidente da Theta Nu Gama, lion king amiga, é quase o Mufasa de tão charmoso. — explicou ela enfatizando as palavras.
— Só isso tudo? Está mais para Scar do que Mufasa. — brinquei fazendo-a rir junto.
— Garota, você terá que se decidir até amanhã de manhã. — alertou ela de forma enigmática.
— Me decidir com o que? — terminei de escolher minhas roupas e a olhei.
— Lobo contra leão sempre foi a maior rivalidade no campus querida, e você despertou o interesse de ambos os lordes. — respondeu ela.
— E como sabe que ambos estão interessados por mim? — coloquei a mão na cintura e observei seus movimentos.

Ela se sentou na cama e me olhou curiosa.

— Há boatos que seu nome foi indicado na reunião dos lobos de hoje cedo. — minha amiga era mesmo uma fofoqueira — Indicação direta do alpha, parece que o dono da matilha também está interessado.
— É alcateia. — a corrigi — Matilha são para cães.
— E daí, um late e o outro uiva, é tudo igual. — ela deu de ombros — No fim, os felinos são os melhores.

Nós rimos.

— Já percebi sua preferência, espero que não seja por causa da rejeição.
— Já superei esse passado. — garantiu.
— Vou tomar um banho. — juntei minhas roupas e peguei minha toalha, então parti para o banheiro.

Foi estranho ser o centro das atenções e cochichos enquanto passava pelo corredor. Ao chegar no banheiro, me tranquei no box que tinha vazio e tomei meu banho. Mantive silêncio todo o tempo, ouvindo as fofocas atravessadas com meu nome, sobre o mais novo motivo de rivalidade entre lobos e leões. 

— Marg!? — disse ao entrar repentinamente em nosso quarto, cheia de perguntas na cabeça — Ops!

Me deparei com minha amiga aos beijos em sua cama com James.

— Me desculpem. — me encolhi um pouco constrangida pela cena.
— Ouh. — James se afastou um pouco de Marg meio sem graça por minha presença.
— Não foi nada amiga, Jam só veio ver se estamos bem. — explicou ela com naturalidade.
— Ah. — entrei rapidamente e coloquei a toalha pendurada na porta do guarda-roupa — Eu vou deixar vocês à vontade.
— Não, eu já estava de saída. — ele se levantou da cama e olhou para Marg — Te vejo à noite?
— Claro. — ela piscou de leve para ele e mordeu os lábios inferiores.

Minha amiga era meio maliciosa.

— Meu irmão ficou triste por ter saído cedo da festa. — comentou ele ao desviar seu olhar para mim.
— Digamos que sou mais caseira. — expliquei debochadamente — Mas seu irmão não deveria ficar preocupado, ele estava muito bem acompanhado.
— Então era você a pessoa que espiou ele? — James riu.
— Em minha defesa, estava procurando o banheiro. — disse com um tom inocente na voz.
— Banheiro.
— Sou caloura. — ri baixo.
— Está convidada também. — disse ele.
— Para que? — perguntei curiosa.
— Para a Closer Party, a recepção dos leões. — respondeu Marg no lugar dele.
— Closer Party? — desviei o olhar para Marg.
— James, estragou a surpresa, eu ia contar a ela depois da aula. — Marg cruzou os braços indignada.
— Desculpa gatinha. — ele deu um selinho nela e se afastou seguindo para a porta — Vejo vocês mais tarde.

Assim que James saiu eu olhei para Marg intrigada.

— Que Closer Party é essa? — perguntei.
— Só uma pequena recepção para vips que os leões fazem no segundo dia de aula. — ela sorriu.
— Devo presumir que cada fraternidade dá festas assim cada dia? — analisei um pouco a situação.
— Não exatamente. — ela riu — Nós da Delta Pi damos as boas vindas. Os leões promovem a recepção dos vips, as najas lançam o desafio das fraternidades e os lobos nos dão a honras de participar da festa dos aprovados.
— Que organização, me deixou impressionada com a programação, só festas. — brinquei.
— Precisamos nos divertir, já que o prazer dos professores é nos ver sofrer com as provas e notas baixas.
— Agora você me deixou preocupada. — estava mesmo preocupada.
— Ai amiga, não precisa disso tudo. — ela deu uma gargalhada.
— Você me assustou. — eu ri junto e me sentei na cama — Então, pode ir explicando essa coisa de desafio das fraternidades.
— Ah não, isso você só vai descobrir amanhã. — ela se levantou da cama — Primeira semana é cheia de eventos e nada de aulas, você tá afim que dar umas voltas?
— Ah não, agora não, vai você. — a encorajei — Já que perdi o horário do café, vou ficar de bobeira aqui e pedir um brunch pelo aplicativo.
— Podemos comer em uma lanchonete do campus. — sugeriu.
— Acho melhor não.
— Já sei, você não quer é ser vista, porque todos estão falando de você. — concluiu ela com rapidez.
— Se você já entendeu, não vai mais insistir. — fui sincera.
— Ok… Mas na Closer Party você não me escapa. — ela me fitou com o olhar.
— Se eu puder ir de jeans e all star. — brinquei.
— Um dia eu ainda queimo seus roupas. — brincou de volta rindo comigo.

Esperei até que ela terminasse de se trocar e sair do quarto. Caminhei até na minha mesa de estudos e me sentei na cadeira. Mesmo que as aulas começassem somente na semana seguinte, não deixaria para organizar meus horários e minha agenda de estudos depois. Mesmo com o dia lindo e convidativo a ficar sentada na grama da frente do dormitório, o melhor para mim era ficar no quarto e elaborar meu planner semestral. Enquanto eu escrevia e avaliava meu quadro de aulas, tentava relacionar isso com minha meta de leitura atual. 

— Deixe-me ver… — continuei concentrada.

Voltei meu olhar para os livros indicados como referência para as disciplinas. E logo me bateu uma vontade de visitar a biblioteca. Me lembrava que Matt tinha mencionado a localização dela, ao lado do prédio de Ciências Humanas. Coloquei meu all star branco e peguei a mochila, jogando a carteira dentro com minha agenda e uma caneta junto. Deixei o celular no bolso de trás da calça e saí do quarto. Precisei parar alguns monitores pelo caminho e conferir que o meu mapa improvisado na agenda não estava errado. 

— Boa tarde senhorita, posso ajudar? — disse Hana, a senhora da recepção da biblioteca.
— Boa tarde, eu estou com a lista dos livros indicados e queria pegar alguns. — respondi.
— Olha, você é a primeira caloura que visita esse lugar. — ela soltou um riso fraco — Espero que seja uma boa aluna.
— Eu também. — concordei rindo com ela.
— Você pode pegar até cinco livros por vez, e tem exemplares que são restritos a biblioteca, eles estão marcados com um adesivo azul. — explicou ela — Você tem até quinze dias para devolver ou renovar o empréstimo.
— Ok. — assenti e apontei no papel os livros que eu queria.

Ela me indicou os setores e prateleiras que estavam os livros. Me afastei e comecei a andar pelo lugar. Nunca tinha visto tanto livro em um lugar só. A biblioteca pública de Wisconsin era um terço daquela, estava fascinada.

— Cedo demais para pegar livros. — comentou uma voz masculina a esquerda. 

Eu segurei o riso e olhei para ele.

— Você está me seguindo? — perguntei olhando-o de cima a baixo discretamente.
— Ah… Que mal pensamento tem sobre mim? — ele se fez de ofendido.
— Os piores possíveis. — disse o fazendo rir.

estava vestido casualmente, eu tentava identificar nele algo que pudesse ligá-lo a sua fraternidade, assim como Marg tinha seu cordão com pingente de gato. Mas claro que o presidente do Theta No Gama não precisava disso, ele por sí já representava os leões.

— Você é bastante observadora. — comentou ele.
— Aprendi com meus avós. — voltei meu olhar para a prateleira a minha frente e peguei o livro que queria.
— Quer ajuda? Parece pesado. — ofereceu ele.
— Não precisa, estou bem. — mantive minha atenção na tarefa que executava procurando o último da lista, quando senti seu olhar fixo em mim — Não tem mais nada a fazer?
— De importante não. — respondeu.
— Tem certeza? — encontrei o livro e peguei, então o olhei novamente — Me disseram que a festa de hoje seria organizada por você.
— Eu estou oferecendo, mas tenho quem faça em meu lugar. — explicou ele — Minha prima é nossa cerimonialista em todas as ocasiões.
— Olha só, você, James, sua prima, Theta Nu Gama é adepta ao nepotismo? — perguntei num tom irônico.
— Minha família fundou esta fraternidade, e cuidamos dela à gerações. — respondeu mantendo a seriedade na voz, mas com o olhar suave — Somos uma grande família.
— E enfatizou isso por qual motivo? Não sabe que eu sou quase uma Delta Pi. — retruquei.
— Até a festa dos lobos, tudo pode mudar. — assegurou ele.

Agora eu entendia as palavras maliciosas de Marg sobre lordes se interessarem por mim. O que me levou a pensar se iria se aproximar de mim da mesma forma que , ou com mais intensidade. Era insano e ao mesmo tempo surpreendente imaginar uma rivalidade por minha causa. Poderia agora me considerar uma Katniss Everdeen em meio ao Jogos Vorazes de Princeton, só tinha que identificar qual dos dois teria a chance de ser o Peeta Melark. Comecei a rir do nada com esse pensamento, por um momento, me esqueci que estava sendo seguida por ele.

— Eu serei sincera, não é assim que se conquista uma mulher. — disse a ele que vinha atrás de mim.
— E como você quer que eu haja? — ele parou em minha frente — É sincero quando digo que estou interessado em você.
— Também é sincero quando eu digo que não me importo. — sorri de leve para ele e me desviei, indo até a recepção. 

Coloquei os cinco livros sobre o balcão e completei minha ficha de cadastro de aluno, pré-aprovada no sistema. Assim que coloquei todos na mochila me afastei para voltar ao dormitório.

— Pelo menos terei o prazer da sua presença logo à noite? — perguntou assim que saímos do prédio.
— Talvez. — deu um passo para frente e voltei meu olhar para o lado.

Para nossa surpresa e de forma coincidente, vinha em nossa direção. Será que ele também estava me seguindo? 

— Ora, ora, se não é o Alpha. — o sarcasmo podia escorrer da boca de que não seria surpresa — Onde está sua matilha.

Claro que era uma provocação.

— Dominos. — o olhou de forma irrelevante — Não sabia que gostava da biblioteca, semestre passado nem pisou dentro dela, aprendeu a ler nas férias?

A voz de era um pouco rouca, grossa e transmitia firmeza. Mesmo com o tom sarcástico, tinha uma vibração diferente. Enquanto tinha seu ar debochado e divertido, mantinha o mistério e intensidade no olhar.

— Que irônico não, você sabe falar. — devolveu .
— Acho melhor eu ir, não atrapalhar o romance de vocês. — brinquei desbancando ambos.

Eles riram de forma discreta.

— Não é você que está sobrando aqui . — disse , me deixando intrigada.
— O que você disse? — deu um passo pra frente, porém eu segurei em seu braço.
— Vocês não vão mesmo brigar aqui não é?! — intervi.
— Vim falar com você. — me olhou com serenidade — Você perdeu alguma coisa na festa de ontem?
— Eu?! — avaliei mentalmente meus passos naquela festa, não me lembrava de ter perdido algo — Não que eu saiba.
— Sugiro que procure melhor em suas coisas. — voltou seu olhar para , como se o desafiasse em silêncio — Precisará encontrar até amanhã, ao meio dia.

se afastou de nós e eu notei que se segurava com os punhos fechados e em fúria. Eu não entendia o motivo dele ter me perguntado aquilo, mas tinha uma pessoa que poderia me explicar. Me despedi de e segui para meu dormitório com o celular na mão ligando para Marg.

— O que houve? — disse ela ao entrar no quarto ofegante, parecia ter corrido — Vim o mais rápido de pude.
— Eu não me importo com essa coisa de fraternidade e festas, mas você precisa me dizer o porque me perguntou se eu perdi algo. — iniciei alto e claro — E você vai me dizer agora.
— Não, sério? O próprio alpha te fez a pergunta? — ela parecia ainda mais estática que eu.
— Marg não enrola e vai dizendo tudo. — apontei para sua cama, para que sentasse.
— Então, eu ia deixar como surpresa pra amanhã, mas como te fizeram a pergunta hoje. — ela riu — O lobo alpha queria mesmo marca território.
— Foco Margareth. — a repreendi.
— Desculpa. — ela segurou o riso — Então, no desafio das fraternidades os escolhidos por cada uma deve encontrar uma coisa valiosa para eles que foi perdida na primeira festa, a Fire Party. É como se fosse um trote para os calouros e sua entrada oficial para a fraternidade.
— E eu perdi algo. — conclui.
— Sim, e o que você perdeu aparentemente está com o Alpha. — acrescentou ela sem segurança — Já que foi ele que te fez a pergunta.
— Era só o que me faltava, vocês não tem mais nada para fazer que inventar essas coisas?! — perguntei.
— É divertido, você que não está acostumada com isso. — defendeu ela.
— Para quem está animado com a ideia de se juntar a realeza. — comentei jogando meu corpo para trás e me deitando.

Eu realmente não estava animada com todo aquele universo de lobos, leões e a savana inteira. Me virei para o canto e fiquei mexendo no celular. Esvaziei minha mente de tudo aquilo e mantive minha atenção nas mensagens que Beth, minha melhor amiga me enviava de Wisconsin. Ainda não sabia como o babaca do meu irmão tinha conquistado uma garota tão fofa e meiga como ela. 

Ao final da tarde, fiquei observando Marg se aprontar para a festa, enquanto eu me mantinha deitada lendo um livro sobre arquitetura clássica. É claro que ela estava curiosa para saber se eu iria ou não, mas não ousou perguntar. Marg saiu pontualmente às sete do quarto, e pela janela eu vi James a esperando em sua moto. Achei interessante. A mansão dos leões era relativamente próxima ao campus, eu ainda estava no misto de indecisão e curiosidade.

Com a pergunta de voltando a minha mente, me levantei da cama e comecei a olhar minhas coisas. Precisava saber o que realmente eu tinha perdido, foi então que dei por mim que minha pulseira dos sonhos não estava em meu pulso e já fazia um bom tempo. Então era isso que eu tinha perdido naquela noite. O que me fazia pensar que era a pessoa em quem eu esbarrei no corredor ao sair correndo como uma louca. Ele tinha achado minha pulseira ou aproveitado a deixa para pegar. Isso me chocava ainda mais.

Me aproximei do espelho de Marg e olhei para minha roupa. Básica e sem graça, nas palavras de Marg. Não podia ser melhor. Coloquei o all star, celular e documento no bolso. Saí em direção a tal mansão Theta Nu Gama. Quando cheguei em frente, fiquei parada por um tempo do outro lado da rua, vendo alguns alunos entrarem e outros tentarem como penetras. Coincidentemente o grupo da fraternidade dos lobos estavam chegando em seus carros luxuosos e invejáveis. De todos ali, meu olhar se voltou para somente um. 

Eu precisava tirar a dúvida com resposta óbvia. Assim que dei o primeiro passo para ir até eles, um dos veteranos olhou em minha direção e comentou discretamente com . O mesmo deu um sorriso de canto e olhou para mim. Não precisei me mover, ele veio ao meu encontro naturalmente, com seu olhar de sempre.

— Não vai entrar?! — perguntou ele.
— Talvez. — respondi.
— Estava me esperando? — assim como eu o analisava, ele fazia o mesmo comigo.
— Talvez. — novamente.

Ele sorriu de forma espontânea.

— Estava me esperando. — constatou ele — Descobriu o que perdeu?
— Está com você, não está?
— Talvez. — devolveu meu sarcasmo na medida certa.
— Aproveite a festa. — dei um passo para me afastar.
— Não vai mesmo entrar?! — indagou.
— Quer que eu entre com você e me exiba como um troféu? — retruquei com certa aspereza.
— Se você fosse tivesse uns 40 cm de altura, folheada a ouro maciço e fosse um objeto, talvez sim. — ele se segurou para não rir de mim — Mas você respira, e deve ser tratada com respeito.

Aquela resposta me silenciou por um momento. E fez meu coração pulsar estranhamente mais forte.

— Para o Dominos pode até ser uma competição, mas para mim não. — seu olhar transmitia sinceridade — Espero que me encontre amanhã até o meio dia, se quiser ser uma Alpha Omega, caso contrário, não se preocupe que eu devolverei sua pulseira ao final do dia.

Sem mais pronunciamento, ele se afastou de mim e seguiu para a entrada da manhã. Onde Louise o esperava. Intrigante o quanto minha mente consegue me deixar sem foco quando quer. Fiquei minutos ali imaginando que tipo de relacionamento ele tinha com a loira de traços franceses. Seus pais eram amigos, ela era a vice, a um passo de ser primeira dama, como diria Marg. Respirei fundo e voltei a realidade, segui de volta ao dormitório, porém desviei meu caminho para a biblioteca. 

Um lugar tranquilo, silencioso e escondido nessa época do ano letivo. Os alunos só se lembravam daqui na semana de provas e com sorte, antes de entrega de trabalhos. Hana tinha gostado de mim, então me deixou entrar e ficar algum tempo lá. Eu realmente achei que seria tranquilo e silencioso, como a paisagem no final da tarde na fazenda da família. Mas eu estava em Princeton agora, e era a notícia do momento.

Fletcher. — a voz de uma mulher soou a esquerda, me fazendo mover do olhar para ela.
— Estou admirada de como é fácil as pessoas saberem quem eu sou. — comentei com ironia, estava sentada no chão lendo — A quem eu devo agora?!
— Isla Baker. — respondeu a garota com um sorriso discreto em seu rosto e estilo Blair Waldorf nas roupas. 
— Me deixe adivinhar, é prima ou irmã de ?! — deduzi.
— Irmã mais velha. — respondeu se aproximando de mim — Achei que fosse entrar na mansão, mas depois de dez minutos encarando o lugar, fiquei surpresa por ter vindo para cá. 
— Você também tem o hábito de seguir as pessoas? Isso é o que? Um hobby entre os alunos daqui? — perguntei chocada.
— Não. — ela riu — Você é muito engraçada.
— Não diga, você acha? — nessa altura não estava mais medindo o sarcasmo na minha voz.
— Eu sempre chego atrasada nas festas por demorar me arrumar, e quando vi meu irmão conversando com você, fiquei curiosa. — explicou ela se sentando no chão de frente para mim — Fiz uma aposta comigo mesma que você entraria, mas acho que perdi, agora me devo um dia no spa. 

Uau. O que Cedrico tinha de reservado e misterioso, sua irmã tinha de aberta e excêntrica.

— Interessante, e me seguiu depois disso? — continuei.
— Bem, eu ainda estava com a esperando de você mudar de ideia e ir na festa, mas acabou entrando aqui. — seu olhar curioso para mim era perceptível — Fiquei curiosa, marcou um encontro na biblioteca?
— Não, a última vez que fiz isso não deu muito certo. — respondi fazendo-a rir sem dificuldade.
— Você me parece ser bem divertida. — comentou ela — Deve ser por isso que chamou a atenção do meu irmão.
— Eu te garanto que minha intenção é ser totalmente invisível aqui. — assegurei — Já foi complicado chegar aqui, imagina se eu arrumar confusão.

Desabafei um pouco.

— Fiquei impressionada quando indicou seu nome. — comentou ela desviando seu olhar para as unhas perfeitamente feitas.
— Ainda me intriga saberem tanto sobre mim. — sussurrei.
— Meu irmão não confia facilmente nas pessoas, esse e o ponto que mexeu comigo. — revelou ela.
— E por isso está aqui? Para me testar?
— Você é inteligente. — observou ela.
— Então minha dedução está correta? — a olhei curiosa.
— Sim e não. — ela suspirou fraco — Alpha Omega é bem mais que uma fraternidade de uma Ivy League, somos mesmo uma família, para nós que somos herdeiros, nos tornamos lobos assim que nascemos. E para é algo importante, não desapontar nossos pais.
— Sei bem o que é isso. — sussurrei.
— Ele se tornou presidente da fraternidade aos 12 anos. — ela riu fraco — Acredite se quiser, e não tinha nem entrado no ensino médio ainda, e após todos esses anos, você foi a única pessoa que ele indicou.
— Isso deve ter causado um alvoroço. — comentei.
— Você nem imagina. — ela manteve o olhar fixo em mim.

Se tinha uma coisa que eu me identificava com os lobos, era o olhar observador e analítico. Disso eu entendia muito bem.

— Bem, vou deixá-la em paz com sua leitura. — ela se levantou — Espero que possa nos dar uma chance e entrar para a família. Não estou dizendo para se casar com meu irmão… — ela riu de si mesma — Mas espero que possa dar uma chance a Alpha Omega.
— Agradeço.
— Pelo que?!
— Pela companhia repentina.
— Não há de que. — ela se afastou e seguiu para a saída.

Permaneci um tempo em meio aos meus devaneios. A conversa com Isla foi uma surpresa. Mas algo que me deixou pensativa sobre ser ou não uma loba. 

- x - 

— Calouros aqui presentes… Bem-vindos ao desafio da fraternidade. — anunciou Maya Sollary, a presidente da sororidade Tau Sigma.

Nas palavras de Marg, a naja mais esperta e eclética da fraternidade. 

— Todos sabem que muitos calouros chegam a nossa amada Princeton, somente os convidados vão a primeira festa, porém, só os vips tem a oportunidade no segundo dia de ser escolhido por uma fraternidade. — continuou ela olhando para os poucos calouros enfileirados a sua frente — E cada um de vocês tem até o meio dia para encontrar o membro da fraternidade que detém o que perderam, isso significa que possuem menos de uma hora para isso… Eles podem estar em qualquer lugar, prédios, laboratórios, bosques, mansões.

Os cochichos começaram de repente. E notei que a atenção de todos estava em mim. Não somente lobos e leões, mas segundo Marg, até mesmo Joy estava interessada na minha entrada para a Delta Pi. Não seria uma má ideia ir na contramão do que todos esperam e ficar em um lugar neutro.

— Se até meio dia não encontrarem o objeto. — finalizou Maya — Não poderão entrar em nenhuma fraternidade por um ano.

Essa ideia também era boa. 
Ao som da contagem de Maya, meu coração já começou a acelerar. Assim que o tiro soou, os calouros começaram a correr para todos os lados, sendo assistidos pelos veteranos que riam de seu desespero. Eu permaneci parada onde estava calculando prós e contras de entrar ou não entrar em uma fraternidade. Claro que a conversa com Isla também veio em minha mente. Devido ao fato dela estar presente ali e me observando. Tentei não encará-la, mas foi difícil, ela mantinha um sorriso de curiosidade no rosto, como se torcesse para ver algum movimento de minha parte. 

— Eu quero isso? — me perguntei em sussurro.

Eu queria entrar para a alcateia? Queria desvendar o mistério chamado ? Ou iria esperar um ano para quem sabe dar espaço para o insistente ? Não deveria estar preocupada com isso. Meu foco em Princeton era estudar. Sonhava com isso desde criança. Mas se fraternidades faziam parte do pacote, precisava encarar de frente. Dei um passo para trás e mais uma vez percebi o olhar de todos atentos a única que ficou parada. Eu não iria sair correndo como uma louca sem direção. Eu tinha que pensar, analisar a situação e traçar a melhor rota.

Alpha Omega era uma fraternidade que tinha lobos como referência. Lobos gostam de florestas e caçam em bando, mas estaria sozinho. Onde ele estaria? A mansão seria óbvio demais e não me deixariam entrar mesmo nessa ocasião. A biblioteca seria provável já que passou a ser meu local favorito, mas o pouco que notei dele, não estaria lá por causa de . Baker pode até não ser competitivo, mas tinha seu lado provocador.

Então… Onde ele estaria? No bosque? Tinha dois parques na região. Qual poderia ser? Voltei meu olhar para Isla, que ainda mantinha sua atenção em mim. Ela parecia querer me dar alguma dica e eu aceitaria. Logo, ela ergueu a mão e passou em seus cabelos cacheados, mostrando um anel. Seria aquilo o objeto que identificava os lobos? Mas o que ela queria dizer. Seu olhar continuou fixo e de repente se moveu para baixo focando no copo com água em sua mão. Se ele estava em algum parque ou bosque, seria perto do canal. era isso que ela queria me dizer?

Dei dois passos para trás e finalmente saí correndo. Minha sorte foi ter levado meu mapa improvisado. No meio do trajeto, passei próximo a entrada da biblioteca e vi de relance com a caloura da primeira noite. Voltei ao foco e continuei na direção que tracei. Retirei o celular do bolso e olhei a hora, tinha perdido tanto tempo em minhas indecisões que só me restava vinte minutos. O que eu fazia com 20 minutos?

— Ai, droga! — gritei frustrada.

Respirei fundo retomando o fôlego e guardando o celular no bolso. Desejando matar quem tinha inventado essa brincadeira. Continuei passando pelas árvores olhando para todos os lados. Eu já conseguia ouvir o barulho das águas no canal, poderia significar que eu estava perto demais ou totalmente longe e perdida. Parei por um instante e olhei em volta novamente. Já me sentia cansada e com pensamentos negativos de desistir. Fechei os olhos e lá no fundo, ouvi um assobio baixo, minha audição sempre foi boa. 

Abri os olhos e olhei para o leste, voltei a correr novamente por mais alguns minutos até que vi um homem parado em frente a uma árvore de costas para mim. Parei em sua frente e sem fôlego quase, curvei de leve meu corpo, colocando as mãos no joelho. Precisava me recuperar. Olhei de relance e o vi se virar para mim.

— Você poderia ter escolhido um lugar mais fácil. — reclamei, com dificuldade em falar. 
— Você escolheu vir. — a serenidade estava em seu olhar, mesmo com a ponta de intensidade.
— É, eu escolhi, quero minha pulseira de volta. — disse convicta.
— Por que escolheu vir? — perguntou ele tirando minha pulseira do bolso para que eu visse — Eu não roubei de você, se foi isso que pensou, ela caiu quando esbarrou em mim.
— O prendedor está com defeito. — sussurrei.
— Notei, e consertei. — ele colocou no bolso novamente.
— Agora já pode me dar. — dei um passo para frente.

Porém, não me atentei onde pisava e escorreguei caindo.

— Ai. — senti uma fincada no tornozelo direito — Não, não…
— Você está bem? — perguntou ele se aproximando e abaixando — Se machucou.
— Não, está tudo bem. — disse de imediato, sentindo meu tornozelo latejar — Não foi nada, só me ajude a levantar.
— Tudo bem.

Ele segurou em meu braço me amparando. Eu tomei impulso para levantar, porém senti uma dor mais forte, que me fez gritar. percebeu que não era tão simples assim e que eu havia mentido. Sem cerimônias ele me pegou no colo e começou a me carregar, seguindo de volta ao campus.

— Para onde está me levanto? — perguntei enquanto me sentia envergonhada por estar em seus braços, com todos me olhando.
— Para a enfermaria. — respondeu ele num tom sério.

Ele parecia zangado por eu ter mentido estar bem. Permaneci em silêncio até que chegamos na enfermaria e uma veterana veio nos ajudar.

. — ela sorriu para ele — Uau, o que aconteceu?

Seu olhar veio direto para o meu tornozelo que já se mostrava inchado.

— Então, vai ter que amputar? — brinquei.
— Não. — ela riu de mim.

Olhei rapidamente para , que se mantinha sério e inexpressivo.

— Como eu sei que já sabe meu nome… — iniciei — Posso saber o seu?

Perguntei a observando avaliar o estrago. 

— Pode me chamar de Freya. — disse ela mantendo o bom humor.
— Faz enfermagem?
— Não, estou no quarto ano de medicina, quase fazendo minha residência, mas por enquanto sou estagiária aqui. — respondeu ela — Você torceu o tornozelo como previ, não force muito e coloque bolsa de gelo para desinchar, se continuar com dores vá ao hospital.
— Ok. — assenti.
— Tenho certeza que com um guardião como , você não terá esforços. — comentou ela segurando o riso, enquanto enfaixava meu tornozelo — Vou colocar isso para ajudar e tome analgésicos para dor, mas não conta que fui eu que indiquei.
— Sem problema. — eu ri — Mais alguma recomendação?
— Não, ah… Bem-vinda a alcateia. — soou com empolgação.
— Obrigada. — abri um largo sorriso de satisfação.
— Ela ainda não é um lobo. — disse se aproximando de mim.

Estraga prazeres. 

— Vou te levar até seu quarto. — continuou ele me pegando no colo novamente — Obrigado Freya.
— Não há de quem. — ela sorriu para ele.

Eu já tinha visto que nem todos os lobos eram iguais. E tinham os legais como Freya e Isla. O que me empolgava a conhecê-los.

— Por que disse a ela que eu não sou uma de vocês? — reclamei enquanto era carregada por ele.
— Só entrará oficialmente na festa de sexta feira. — respondeu.
— Hum. — não me dei por vencida.

Que os alunos dali gostavam de uma festa, eu já tinha percebido. Estava então curiosa para saber como era uma festa recepcionada pelos lobos. E rolava os boatos que quem orquestrava tudo era Isla. Chegando no meu quarto, entramos e nos deparamos com Marg e James. Eles se surpreenderam por me ver sendo carregada, foi então que Marg olhou para meu tornozelo enfaixado.

— Oh, , o que houve? — ela se afastou do seu felino e se levantou já indo ajeitar o travesseiro para mim.
— Eu caí, só isso. — respondi enquanto me colocava na cama.
— Só caiu?! — o olhar dela ficou confuso e embasbacado com minha resposta.
— É, nada de mais. — voltei meu olhar para — Obrigada.
— Tenha cuidado. — foram suas únicas palavras antes de sair, ele olhou para James — Dominos.
— Baker. — James o cumprimentou.

Marg também dispensou James, para que ficássemos sozinhas. Assim que fechou a porta ela me olhou curiosa.

— O que aconteceu? — perguntou vindo sentar na minha cama — Amiga, você ficou um tempão parada olhando pro nada e depois saiu correndo, agora volta assim.
— A história é longa Marg. — respondi.
— Pois trate de me contar tudo, não tenho nada para fazer hoje. — ela cruzou as pernas e ficou me esperando.

Só tinha três dias de convivência e eu já tinha conhecido todos os lados dela. Ficamos conversando por um tempo, até que ela recebeu uma chamada da sua fraternidade e teve que ir. Pensei que ficaria tranquila, mas meu momento solo durou pouco. Isla invadiu meu quarto com um saco de papel com analgésicos dentro. 

— O que está fazendo aqui? — perguntei.
— Te trouxe seus analgésicos. — respondeu ela adentrando mais um pouco e puxando a cadeira para sentar — Me conta, como conseguiu entender meu código?
— Talvez eu tenha sangue de lobo. — brinquei fazendo rir.
— Você é mesmo divertida. — ela jogou o cabelo para trás do ombro com a mão direito — Mas…
— Mas?!
— O que você fez para meu irmão ter ficado zangado?
— Ele estava zangado? — por essa talvez eu esperava.
— O que disse a ele? Não conseguiu chegar a tempo?
— Eu o achei faltando três minutos para meio dia. — respondi — Acho que foi por causa do meu tornozelo, eu disse que estava bem.
odeia quando mentem para ele. — ela fez uma cara preocupada — Mas o que importa é que está tudo bem com você. E bem-vinda a alcatéia.
— Eu ainda não sou um lobo. — disse meio emburrada — Segundo seu irmão.
— Aquele bobo. — Isla riu.
— Ele nem me devolveu minha pulseira. — reclamei.
— Agora eu eu estou ansiosa pela festa de sexta. 

Só tinha dois dias até lá, que passaram tão devagar quando o pior dos anos letivos. E nesse tempo, tive um pequeno desentendimento com , quando tentou me carregar no colo até a biblioteca e eu não deixei. A coisa mais estressante que já fiz foi ter dito a ele que não precisava de ajuda. Isso me renderia dor de cabeça depois.

Sexta à noite, Isla fez questão de me buscar no dormitório, e com a sua ajuda, cheguei a salvo a mansão da fraternidade Alpha Omega. Eu já conseguia caminhar, ainda com desconforto, mas conseguia. Bem no meio do discurso que Maya fazia, a atenção de todos se voltou para mim. Me encolhi um pouco ao lado de Isla, que transbordava glamour. 

— Parece que agora somos a atração da festa. — brincou Isla.
— É o que parece. — voltei meu olhar para e depois para .

Eu não estava nada apropriada para aquela festa. O mesmo look básico de sempre. Após a entrada formal dos calouros nas fraternidades, a pista de dança foi liberada e todos começaram a se diverti. Eu me afastei um pouco de Isla e dei algumas voltas pela mansão. 

— Então agora você é um lobo. — disse ao se aproximar de mim.
— Parece que sim. — eu o olhei.
— E está me evitando por isso? — ele segurou em minha mão.
— Não, para ser sincera, meu tornozelo não me dado descanso. — desviei meu olhar para sua mão segurando a minha — A distância nos tornou íntimos?
— Bem que eu gostaria. — ele se aproximou mais — Você me permite?
— Isso poderia causar a terceira guerra mundial? — devolvi a pergunta.
— Quero pagar para ver. — ele me beijou de surpresa, com um toque de malícia.

Fiquei em um misto de consentir ou não. Mas acabei me afastando dele. 

— O que foi? Não gostou?
— Não esperava. — respondi — Bem, esperava, mas achei que não faria isso em terras inimigas.
— É por isso que eu fiz. — ele voltou seu olhar para trás de mim, me fazendo acompanhar.

nos observava de longe.

— Agora entendi. — disse dando um passo para trás.

A competitividade de era surreal.

— Onde vai?! — perguntou ele segurando minha mão novamente.
— Me alimentar, como sabe, só vim pela comida. — soltei minha mão dele e me afastei.

Me aproximei de Isla e pedi ajuda para ir embora. Meu tornozelo havia começado a doer novamente. Ela enviou uma mensagem a Chester, seu namorado, para que viesse até nós. Porém, apareceu em seu lugar.

— Pode deixar, eu a levo. — disse ele.
— Não precisa, posso ir sozinha. — disse o dispensando.
— Ou pode pedir ao seu felino amigo. — Louise apareceu ao lado de com uma taça de vinho na mão — Me conta, como é se relacionar com o iludido rei da selva?
— Deixa de ser desagradável Louise. — Isla a repreendeu. 
— Nossa, só foi uma brincadeira. — Louise se explicou — Além do mais, há cinco minutos atrás ela estava aos beijos com ele.

Desviei meu olhar para que me mantinha indiferente aos comentários de Louise, como se não importasse com nada.

— Eu vou levá-la, e ponto final. — garantiu ele de forma a não ser mais contestado.
— Bem, desejo melhoras ao seu tornozelo. — disse Louise ao passar por mim.

Acidentalmente ou não, ela fingiu um tropeço e derrubou o vinho em minha blusa. Situação que sempre imaginei não passar na universidade. Respirei fundo.

— Oh… — Isla se moveu para ir brigar por mim, porém eu a impedi.
— Não se chateie com isso. — pedi a ela — Foi só um acidente e já estou indo embora mesmo. 
— Tudo bem, mas se precisar de qualquer coisa, me avise. — ela me olhou com gentileza.
— Obrigada. — sorri para ela e olhei .

No início ele bem que tentou reunir paciência para me amparar e esperar que eu caminhasse em segurança. Mas antes de chegar na rua, ele me pegou no colo e me levou até o prédio do meu dormitório. Chegando no meu quarto, ele me colocou de pé em frente a porta e se afastou.

— Espera. — segurei em sua mão no impulso.
— Tome um analgésico e descanse. — ele se soltou de mim.
Baker. — moderei meu tom o deixando seguro e consistente.
— O que?
— Podemos conversar? — perguntei.

Ele assentiu com a cabeça. 
Abri a porta do meu quarto e entramos. Ele ficou encostado na parede com as mãos nos bolsos da calça me olhando.

— Deveria trocar a blusa. — comentou ele.
— Se importa de se virar? — pedi.

Ele sorriu de canto e se virou.

— Quer que feche os olhos?
— Não seria uma má ideia. — brinquei retirando a blusa e colocando a do pijama que tinha deixado embaixo do travesseiro — Pode se virar.
— O que quer? — ele foi direto e preciso ao me olhar novamente.
— Você não me devolveu minha pulseira. — respondi superficialmente.
— Só por isso, poderia ter me pedido lá fora. — retrucou.
— Você está com ela aí?
— Talvez. — ele sorriu de canto — Por que a chama de pulseira dos sonhos?
— Por que cada pingente representa um sonho que eu quero realizar. — respondi.
— Interessante. — ele continuou me olhando, com sua forma discreta de tentar ler meus movimentos e reações.
— Está zangado por que fui beijada por seu rival? — indaguei cruzando os braços.
— Eu deveria?
— Me responda você. — devolvi a pergunta — Está me ignorando agora.
— Não estou te ignorando, estou respeitando seu espaço. — explicou ele — Quanto ao beijo, você tem liberdade para beijar quem quiser.
— Por que é assim? — perguntei um pouco irritada por seu jeito pacífico.
— Assim como? — ele atentou ainda mais a mim.
— Inexpressivo, não mostra o que sente nem fala o que realmente pensa. — bufei um pouco frustrada.
— Não me dou muito bem com palavras. — confessou ele — Aprendi que o silêncio é o melhor caminho, lobos sempre observam mais antes de atacarem.
— E está se preparando para me atacar? — brinquei.
— É o que você quer? — ele se afastou da parede e se aproximou de mim — Está esperando um segundo beijo?
— Para ser honesta, estou considerando descartar até o primeiro…

Nem mesmo pude terminar a frase. O suave toque dos lábios de me deixaram estática por um segundo, até que correspondi em plena confusão interna. Não era para ser assim? Não pedi para ser beijada por ninguém naquela noite e ficar ainda mais confusa. Claro que no fundo para era somente um jogo em que me conquistar o definiria como vitorioso. Mas eu achava divertido nosso momentos de sarcasmos e indiretas. Já com , era um misto de curiosidade e ironia, que me deixava maluca ao ver que na mesma proporção que eu o observava, ele me analisava. E não havia silêncio entre nós, mesmo que fôssemos de poucas palavras.

— Eu… — desviei o olhar para meu pulso e vi minha pulseira nele.

tinha aproveitado minha distração no beijo para me devolver.

— Como fez isso? — perguntei erguendo o braço e mostrando.
— Todo alpha tem seus segredos. — ele sorriu de canto e piscou de leve.

Eu sorri de leve e senti meu celular vibrando no bolso. Era uma mensagem de , me convidando para para conhecer a mansão do Theta Nu Gama, já que não tinha ido a Closer Party. Notei que leu a mensagem discretamente, óbvio pois sua face ficou séria.

— A escolha é sua. — assegurou ele.

Sim. Eu sabia que a escolha era minha. Tinha duas opções, ficar ali no quarto com ele e desvendar ainda mais o mistério Baker, ou sair e ter uma noite possivelmente cheia de jogos e sarcasmos com o Dominos. 

Olhei para que se mantinha sério, porém sereno no olhar e sorri, eu sabia que não iria me arrepender da minha escolha.

Basta ficar como esta,
A medida que você só olha para mim,
Eu nunca vou deixar você ir,
Apenas observe. 
- Growl / EXO

Escolhas: A vida é feita de escolhas. Quando você dá um passo à frente, inevitavelmente alguma coisa fica para trás.” - by: Pâms



FIM?!



Nota da autora:
E lá vamos nós com minha primeira fic de universidade... Espero que tenham gostado e me contem, quem vocês escolhem? Lobo ou leão?
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Jesus bless you!!!




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