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Última atualização: 13/02/2017

Bring The Boys Out


“Se ainda não começou por estar com medo
Então pare de reclamar! (GG)
Se hesitar, todas as oportunidades passarão por você
Pois então abra seu coração e mostre-se! (T.R.X).”
- The Boys / Girls’ Generation

Quando vemos um cantor debutando, entre shows e apresentações impecáveis, não imaginamos o quanto ele sofreu para chegar onde está, só quem foi trainee por pelo menos um ano sabe o que estou falando. Porém ninguém foi tão longe quanto eu, para conseguir realizar seu sonho de debutar em um grupo de kpop, e pior na maior e melhor gravadora da Coreia do Sul, a desejada por todos os trainees, Moonlight Company.

— Acorda dorminhoca. — disse minha avó rindo da poltrona ao lado.
— Não, me deixa aqui. — resmunguei jogada no sofá, estava cansada demais até para falar.

Eu tinha chegado tarde na noite anterior, não era fácil sustentar dois empregos, dar aulas de ballet para completar a renda e ainda servir de Dj na casa noturna do irmão de um amigo. Era de se esperar que eu não tivesse mesmo uma vida social, e não tinha mesmo, desde que me formei no ensino médio, não tenho feito outra coisa a não ser trabalhar e juntar grana para me mudar para Seoul, viver em Daejon era monótono e todas as grandes gravadoras estavam na capital do país.

Felizmente eu tinha minha avó e meu amigo para conversar, assim minha vida social estava meio salva, tinha também meu irmão gêmeo, mas ele estava vivendo seu sonho em Londres, o nerd tinha ganhado uma bolsa de estudos em Oxford e estava estudando engenharia química, tudo que eu não tenho afinidade. Pelo menos se nada desse certo para mim, ele salvava a honra da família, brincadeira, tudo daria certo sim, eu seria uma idol definitivamente.

— Porque não deita na cama para descansar melhor? — perguntou minha avó.
— Porque o sofá foi o primeiro lugar que encontrei para desabar, agora não tenho força para levantar, me deixa aqui mais um pouco.
— E não vai comer? Você precisa se alimentar, senão vai acabar com anemia.
— Prometo comer mais tarde. — foi fechar os olhos e apagar.

Minha sorte é que a folga que tinha, de todas as minhas ocupações profissionais, coincidentemente eram no mesmo dia, ou seja, nesse dia eu entrava em coma para o mundo e recarregava minhas energias. Foram longas horas dormindo naquele velho sofá, até que o intruso do apareceu e me derrubou do sofá.

— Yah. — acordei assustada e gritando, abri os olhos e o vi rindo de mim enquanto sentava no sofá — Você quer morrer? — perguntei aos berros — Jamais acorde uma pessoa desse jeito, principalmente se essa pessoa for eu.
— Eu avisei a ele. — disse minha avó da cozinha.
Halmeoni, é engraçado acordar ela. — ele continuou rindo do sofá.
— Eu vou te matar. — eu me joguei contra ele tentando derrubá-lo do sofá.
— Cuidado vocês dois, ainda vão acabar se machucando. — alertou minha avó.
— Antes eu estrangulo ele. — disse em risos, tinha começado a fazer cócegas em mim — Yah, isso é golpe baixo.

era meu melhor amigo, crescemos junto e ele era mais próximo de mim que meu próprio irmão, eu sempre compartilhava com ele meus sonhos loucos e expectativas para o futuro. Ele que tinha inventado de eu ser Dj na casa noturna do irmão dele, Donghwa era uma pessoa legal, pagava até mais do que deveria só para me ajudar, e porque eu era amiga do irmão dele.

— Então, já viu a notícia ruim que saiu hoje de manhã? — disse ele se sentando no chão.
— Você viu meu estado quando chegou, que pergunta é essa. — me deitei novamente no sofá suspirando fraco.
— Ui, não precisa ser tão ríspida. — ele riu — Sua empresa favorita cortou as audições para trainees femininas. — continuou ele tranquilamente.
— O que? — ergui meu corpo permanecendo sentada no sofá, o olhando surpresa — Não, eles não podem fazer isso comigo, agora que estou quase lá, justo quando eu vou fazer minha audição, não pode.
— É a vida minha querida. — disse minha avó enquanto preparava o almoço — Nem sempre as coisas saem como esperamos.
— Mais vó, isso não é justo, como eles fazem isso comigo? — questionei indignada.
— Eles são simplesmente a Moonlight Company. — respondeu me olhando — O que pretende fazer agora?
— Não sei, sinto como se meu sonho tivesse descido pelo ralo, levado pela enxurrada.
— Quanto drama. — ele deu uma risada debochada — Você fala como se não existisse mais nenhuma gravadora.
— A Moon não é qualquer gravadora, ela é A GRAVADORA. — respirei fundo — Você não entende meu sentimento.
— Vou tentar. — ele riu — Halmeoni, o que está fazendo para o almoço?
— Um pouco de kimbap para animar essa garota.
— Preciso mesmo, só comendo para esquecer essa notícia péssima. — a olhei fazendo cara de tristeza — Vovó, parece que eu não serei uma trainee de sucesso.
— Calma, garota dramática, a vida ainda não acabou.
está certo. — minha avó sorriu da cozinha — Você ainda tem todo um caminho de sucesso pela frente.
— Verdade vovó. — sorri de volta para ela e desviei meu olhar para — E você, porque veio tão cedo aqui?
— Não está cedo, estamos quase na hora do almoço. — retrucou ele — Vim para contar a minha novidade.
— Hum. — dei de ombros não demonstrando interesse.
— Pare com essa cara de nojo. — ele riu — Recebi minha carta da Seoul National University, vou começar meu curso de design no próximo semestre.
— E eu devo ficar feliz por você? — perguntei.
— Claro, você é minha melhor amiga. — retrucou ele emburrando a cara.

Minha avó riu da cozinha, mas eu tinha mesmo que ficar feliz por ele, tinha uma habilidade incomum para artes, sua criatividade e talento era surreal. Saboreamos o almoço e fomos para meu quarto, vovó ficou na sala vendo tv acompanhada pelo seu cachorro, um pug mini chamado Bob.

— E agora, o que vai fazer? — perguntou se jogando na minha cama.
— Não sei. — suspirei fraco olhando para o espelho que tinha ao lado da porta — Estava sonhando com o dia da minha audição, porque justo agora?!
— Eu li que isso foi ideia do novo CEO, o filho do senhor Kim.
— Novo CEO? — o olhei para ele surpresa — Como assim? O senhor Kim se aposentou?
— Sim, não sabia? — ele ainda parecia ainda mais surpreso por minha falta de informação.
— Me desculpa, mas nos últimos meses não estou tendo tempo para acompanhar as notícias.
— Bem. — ele segurou o riso — Ao que tudo indica, por um problema de saúde ele teve que se aposentar mais cedo, e o filho mais velho dele, , assumiu.
? Aquele idiota que tentou debutar as custa da gravadora do pai? — eu me segurei para não entrar em pânico — Ele vai destruir a Moonlight com o mau gosto dele.
— Pelo menos ele tem um vocal legal. — retrucou não se segurando e começando a rir.
— O vocal dele não encobre sua falta de bom senso, a começar por cortar as audições femininas. — cruzei os braços — Não acredito nisso, que raiva.
— Calma, você está com uma cara de causar medo. — ele desviou seu olhar para o teto rindo — E quando você faz essa cara, tenho a certeza que vai quebrar alguma regra, sempre foi assim.
— Regra. — sussurrei desviando meu olhar para o espelho — Você está certo, eu sempre quebrei as regras e não será desta vez que não vou quebrar. — deu um sorriso de canto, enquanto olhava meu reflexo — Se eles só querem garotos, são garotos que eles terão.
— Em que loucura está pensando? — ele ergueu seu corpo e me olhou assustado — , conheço esse seu olhar de garota travessa.
— O que se fazer quando é igual a uma pessoa? — perguntei desviando meu olhar para ele.
— Não. — ele parecia ter entendido minha ideia louca — Não vou deixar você fazer isso.
— Você sabe que sempre dá certo, eu fazia isso sempre na escola, foi assim que passei em química.
— Definitivamente não, não vou deixar você se passar por seu irmão, não desta vez. — disse ele revelando minha ideia em voz alta — É loucura, se eles descobrirem, você estará acabada.
— Só irão descobrir se você contar. — o encarei num olhar ameaçador.
— É claro que não vou contar, sempre guardei seus segredos. — retrucou ele de forma fria e indignada.
— Então, ninguém saberá.
— Existe uma coisa chamada pesquisa, é claro que quanto mais você ganhar visibilidade, vão querer saber quem é você. — ele me encarou dessa vez — Como vai fazer? Porque seu irmão está lá em Londres.
— Simples, eu tenho um melhor amigo maravilhoso, que além de criativo, é hacker e pode manipular algumas informações para mim. — eu dei um sorriso de satisfação — Basta só você fazer com que eu esteja em Londres e meu irmão aqui, para todo mundo.
— Simples assim? — ele deu de ombros inacreditado.
— Sim simples assim, eu sei que você consegue. — eu pisquei para ele.
— E você acha mesmo que vou me envolver na sua loucura?
— Claro que vai, você é meu melhor amigo, tem obrigação de me ajudar.
— Como pode uma mente como a sua... Ser tão brilhante arquitetando planos surreais e tão ineficiente em provas de cálculo?
— Tudo depende do ponto de interesse. — retruquei o olhando — Por acaso o senhor hacker sabe ler uma partitura, ou tocar algum instrumento? Eu sei!
— Continuo não concordando.
— Mas mesmo sem concordar, você vai me ajudar.
— Vai ficar me devendo mais uma. — disse ele se levantando da cama.
— Põe no caderno que depois a gente acerta a conta. — ri de leve o fazendo rir junto.
— E quando você pretende iniciar essa loucura que está arquitetando? — perguntou ele.
— Quando você vai para Seoul?
— Na próxima semana, apesar das aulas começarem só mês que vem, tenho que ir para encontrar um lugar para ficar, não quero depender dos dormitórios da universidade.
— Fechou então, vou com você, ainda terei uma semana para deixar meus empregos e terminar de juntar minha grana. — respirei fundo determinada — Já que você não vai ficar no dormitório da universidade, vou morar com você.
— O que?
— É, e trate de arrumar um lugar com dois quartos.
— Quem você pensa que é? — ele me olhou.
— Sua melhor amiga, agora kojo. — eu ri — Tenho que trocar de roupa.
— Eu estava indo embora mesmo. — ele deu de ombros saindo do meu quarto.

Eu fechei a porta e abri o guarda-roupa, peguei meu pijama e a toalha, tomei um merecido e relaxante banho, coloquei a roupa e me joguei na cama. Sim, eu iria passar o dia na cama, com o notebook no colo, ouvindo música, enquanto arquitetava meu plano de ser uma trainee e futura artista da Moonlight Company.

“Vivendo somente pela razão
Esta ideia amadureceu você?
Você está bem?”
- The Boys / Girls’ Generation



Into The New World


“O desejado fim da nossa caminhada sem destino,
Eu deixo de lado a tristeza sem fim deste mundo.”
- Into The New World / Girls' Generation

A semana se passou e com ele meus preparativos para a viagem, foi triste deixar minhas pequenas e fofas alunas de ballet, um grupo de cinco garotinhas de sete anos. Monótona foi a despedida na padaria onde trabalhava no período da manhã, a ajumma dona gostava muito de mim. Já na loja de instrumentos musicais onde eu era vendedora na parte da tarde, o gerente fez uma breve comemoração de despedida, eu era a melhor vendedora que ele tinha, seria triste para ele obter boas vendas sem mim. Por fim a casa noturna do Donghwa, não foi uma novidade para ele minha saída, afinal eu só estava ali temporariamente para completar a quantia que eu estava juntando.

Morar sozinha em um país como a Coreia do Sul não era muito fácil, e eu não queria depender do dinheiro da minha avó, o que ela recebia da aposentadoria do meu avô que foi um fuzileiro naval da Coreia, não era muito, mas eu não estaria sozinha, iria dividir as despesas com . Sexta pela manhã, já estava com tudo em mãos e as coisas mais importantes jogadas na mochila, tinha passado a noite toda arrumando minha mala. Foi estranho pegar as roupas do meu irmão, que tinha ficado e colocar na mala, não seria as minhas roupas que eu iria vestir a partir daquele dia, não seria meu nome que as pessoas falariam. Mas isso tinha um objetivo, mostrar ao novo CEO da Moonlight, com quantas garotas se faz um boy grupo.

— Yah, pensei que tinha desistido. — reclamou assim que cheguei no aeroporto.
— Só demorei alguns minutos. — retruquei — Estava me despedindo da vovó.
— Hum, vamos, nosso voo é daqui dez minutos.

Foram 11 minutos de voo até chegarmos no Aeroporto de Incheon, e mais uma hora e meio de ônibus até Hongdae, o bairro onde iríamos morar. Hongdae não era um lugar qualquer, era o point dos artistas de rua, o bairro que possuía as noites mais badaladas de Seoul, eu estava me sentindo em casa. Assim que chegamos em frente ao prédio, fiquei um pouco intrigada, a arquitetura não tinha traços de modernidade, mas tradicional também não era, o prédio não parecia nenhum pouco novo, mas enfim era o que dava para pagar.

Eram quatro andares com dois lofts por andar, e moraríamos no terceiro andar, a vista não era tão ruim assim e tinha uma praça perto, que era muito frequentada. Sala e cozinha integrada, fazia o lugar parecer mais amplo e espaçoso, um banheiro e uma pequena varanda na lateral do prédio, que tinha a saída pela cozinha, única má notícia é que não tinha dois quartos, eu e teríamos que dividir o único que tinha, pelo menos tinha uma beliche, já era uma boa notícia.

— Eu fico com a cama de cima. — disse ao jogar minha mochila na cama como se tivesse marcando território.
— Vá em frente, nunca gostei de altura. — nem se importou e abriu o pequeno guarda-roupa que tinha — Lado direito é meu.
— Sim minha esposa. — brinquei com ele rindo da sua cara de senhor certinho.
— Muito engraçado. — ele se espreguiçou e abriu sua mala, para colocar suas coisas no lugar — Como pretende fazer sua audição?
— Hum, eu li os novos regulamentos hoje de madrugada enquanto arrumava minha mala, me parece que eles vão fazer uma audição especial. — me sentei na cama e baixo o olhando organizar suas coisas — Os interessados devem que se gravar, fazendo sua performance em algum lugar do país e enviar para a empresa, os trinta melhores serão escolhidos para fazer a audição presencial, uma audição que somente dez irão passar. — suspirei fraco — Então esses dez serão avaliados durante um ano e depois escolherão os cinco melhores para treinar para o debut.
— Que complicado. — ele me olhou — Vamos supor que consiga ficar entre esses dez, como vai fazer para esconder seu segredo por um ano?
— Já disse, com sua ajuda.
— E você acha mesmo que não vai ter me morar no dormitório da empresa? — ele riu da minha cara — Só quero ver.
— Digo a eles que tenho onde ficar. — retruquei — Eu dou um jeito, apenas faça sua parte e me ajude.

Ele ficou em silêncio, mas segurava o riso, sabia que quando eu queria uma coisa e conseguia de alguma forma. Nos juntamos para limpar todo o loft, a decoração ficou relativamente a nossa cara, outra coisa em comum, tínhamos os mesmo gostos até para grupos de kpop e gêneros de filmes. No final do dia eu estava desabando de cansaço, aquele lugar era pequeno mais tinha muita sujeira, mas era divertido fazer aquelas tarefas domésticas com meu melhor amigo, ele sempre dava um jeito de ser divertido.

— Fazia tempos que eu não fazia uma faxina tão pesada. — me joguei no sofá de pallet com futon.
— Você não ajudava a halmeoni?
— Ela sempre estava com tudo no lugar quando eu chegava. — eu o olhei — Além do mais, eu nunca teria disposição para essas coisas com minha rotina pesada.
— Isso é verdade. — ele riu.
— Mas agora eu estou livre. — abri os braços sorrindo, erguendo meu corpo — Posso fazer o que realmente quero com minha vida, e para começar, já sei onde vamos gravar meu vídeo.
— Surpreenda-me.
— Pensei em gravarmos vários takes de mim performando em frente a obras de grafite que existe pelo bairro, então você edita montando todos os trechos de forma legal encaixando a música.
— Uma mesma performance em lugares diferentes, pode ser legal, se você manter a sincronia dos passos.
— Sincronia é meu sobrenome. — estava mais do que confiante.
— Hum, vou comprar algo para comer, você quer? — perguntou ele pegando sua carteira.
— Estou meio sem fome, mas vou com você, quero me adaptar com o ambiente. — me levantei do sofá — Preciso de ideias para meu vídeo.
— Vamos lá.

Nós saímos em risos e comentários sobre nossa nova situação, o objetivo de de somente comprar comida, foi desviado para um longo passeio pelo bairro, o que proporcionou e muito minha escolha dos lugares para o vídeo. A semana foi passando comigo escolhendo a música e desenvolvendo a coreografia, não queria chegar com nada cover, queria mostrar uma dança original.

Enquanto isso , que não precisava se preocupada com os estudo no momento, estava se empenhando em trocar minha identidade virtual e fazer com que não descobrissem que meu irmão estava em Londres, o que seria segredo até mesmo para meu lindo gêmeo. Ele odiava quando tinha que se passar por mim para fazer minhas provas de cálculo, mas nunca me deixava ficar de dependência em nenhuma matéria, afinal eu era a maknae por uma questão de sete minutos de diferença.

Das várias habilidade que o meu melhor amigo tinha, uma delas era de edição de vídeo, de certa forma tudo que envolvida artes gráficas era seu universo. E foi ele próprio que gravou todos os takes necessários, foram cerca de sete pontos diferentes, muitas vezes repetindo a mesma coreografia, dois dias de gravação e mais três para a edição. Isso porque era rápido e eu estava sempre em sincronia com os passos da dança.

Após muito trabalho, fiz meu cadastro no site da Moon e enviei meu vídeo, meu próximo passo era esperar o resultado final que seria divulgado no final do mês. Eu aproveitaria esse momento de calmaria, como um momento de férias prêmio, descansar, relaxar e me divertir já estava nos meus planos e como ainda tinha tempo, ele me ajudaria a me adaptar em minha nova identidade.

E eu que pensei que me passar por meu irmão era uma coisa fácil, era porque eu só fazia isso por alguns minutos, agora eu teria que fazer isso por um ano ou mais. Respirei fundo diante do espelho do banheiro e saí, estava vestida com a roupa do meu irmão, já tinha até cortado o cabelo com um corte que me deixava ainda mais idêntica a ele.

— Uah. — ele me olhou impressionado — Você está, uau, a cara dele, não por ser gêmea, mas realmente parece que estou olhando para o hyung.
— Essa é a ideia. — expliquei.

Era fofo quando chamava meu irmão de hyung, por mais que ele fosse mais velho que nós, ele sempre tratava meu irmão como se fosse mais novo que ele, já eu. me explicou de forma desajeitada como eu poderia me comportar, sem comprometer meu irmão e estragar meu disfarce, até mesmo me ensinou a paquerar meninas, essa parte achei desnecessário, mas se eu fosse me fazer de garoto, tinha que saber como tratar uma garota sendo um garoto.

Foi nesse momento que me lembrei que meu melhor amigo era bem popular na época do colégio, tanto ele quanto meu irmão arrancavam suspiros das garotas sem esforços. Após minha aula básica de como ser um garoto, eu fiz o jantar como gratidão, algo rápido e gostoso, ramen.

— Do que está rindo? — perguntei para ele que não parava de rir desde que começamos a comer.
— Nada, só estou lembrando de coisas. — respondeu ele.
— Ah, fala o que é, me deixa rir também.
— Te olhando com as roupas do hyung, me lembrei de quando você se passou por ele e uma menina veio se confessar, pensando que era ele e você ficou sem saber o que fazer.
— Verdade. — eu comecei a rir — E acabei fazendo a menina chorar.
— E depois fez o hyung pedir desculpas no seu lugar.
— Sim. — ri um pouco mais.
— Foi engraçado ver sua cara de desespero quando a garota saiu correndo e chorando.
— Eu quase acabei com a imagem do meu irmão por causa disso, o oppa sempre ficava pra me matar.
— Mas ele sempre te protegeu.
— Porque ele é meu irmão mais velho, tem que me proteger.
— Sei. — ele riu — Como se você precisasse.

Lembrar das vezes que eu fingia ser o oppa, me fazia pensar no que deveria ou não fazer e como agir estando disfarçada dele, ainda mais que eu não queria que ele soubesse, não queria trazer problemas para ele. Os dias foram se passando, até que finalmente recebi o e-mail de resposta, eu tinha passado, estava entre os trinta que fariam a audição presencial, não sabia se ficava feliz ou apavorada, tinha passado não como , mas sim como meu irmão.

— Você passou. — disse parando atrás de mim e olhando meu e-mail.
— É, tenho dois dias para me preparar. — disse desviando meu olhar para ele — Em dois dias passarei a ser meu irmão.
— Te desejo sorte. — disse ele se afastando um pouco.
— Obrigada. — fechei o e-mail — Vou precisar e da sua ajuda também.
— Yah, já me envolvi o suficiente. — ele caminhou em direção a geladeira — E a partir de amanhã, vou focar nos meus estudos.
— Aish. — murmurei — Menino chato.

Nesses dois dias que tinha, utilizei todo meu tempo para praticar ainda mais o jeito do meu irmão andar e falar, era estranho, mas não poderia deixar passar cada detalhe, teria que ser impecável. Eu estava concentrada na minha audição, enquanto isso estava animado com sua primeira semana de aula, ainda mais com os materiais de artes que ele tinha comprado. Até eu fiquei admirada com a variedade de cores de lápis que ele comprou, meu amigo estava mais empolgado que criança em festa infantil.

— É hoje. — disse pegando minha mochila — Já estou indo.
— Quer que eu te acompanhe? — perguntou ele pegando sua pasta de desenho.
— Você não tem aula? — perguntei.
— Tenho, mas só daqui duas horas, agora pela manhã eles resolveram fazer palestras de prática de desenho ocidental, não preciso disso.
— Ai, rei do desenho. — eu segurei o riso — Então, vamos.
— Sou mesmo. — ele riu.

Como prometido, me acompanhou até a porta da Moon, nos olhamos por alguns segundos e ele deu um impulso para me abraçar, porém parou no meio e voltou seu corpo, estendendo sua mão direita levou até o alto da minha cabeça e bagunçou meu cabelo um pouco. Eu ri de leve, com ele me desejando boa sorte e dizendo para eu ligar assim que tudo terminasse, assenti e me afastei indo em direção a porta do prédio.

— Hum. — eu tossi um pouco ao me aproximar de uma staff, precisava engrossar um pouco minha voz — Bom dia, eu vim para a audição.
— Ah. — a moça me olhou de baixo para cima e desviou sua atenção para um papel em sua mão — Qual seu nome?
— Joseph, Park Joseph. — respondi com o nome do meu irmão, entregando a folha com o e-mail impresso.
— Hum, vejamos. — ela passou o olho na lista — Me acompanhe por favor.
— Tudo bem.

Saímos da recepção e seguimos por um corredor largo e longo, descemos algumas escadas e chegamos no grande auditório, já tinha muitos garotos esperando lá também. Respirei fundo e continuei caminhando atrás dela até chegar no palco, outro staff se aproximou e me colocou sentada em uma das cadeiras do auditório. Pelo que entendi, todos os candidatos estavam sentados enfileirados e seriam numerados, de acordo com sua nota na primeira aprovação. Meu número era o sete, não estava triste já que eu gostava daquele número e para uma garota vestida de garoto, aquilo era muito.

“Não espere por um milagre,
Existe uma difícil estrada em nossa frente
Com obstáculos e um futuro que não pode ser sabido,
Mesmo assim eu não vou mudar, eu não posso desistir.”
- Into The New World / Girls' Generation

— Cavalheiros, sejam bem vindos a segunda etapa da audição especial da Moonlight Company. — disse uma mulher ao subir ao palco, ela trajava um vestido preto com um sapato maravilhoso, eu a reconheci logo, era a senhorita Yuri — Nessa etapa teremos duas partes, a primeira formaremos dois grupos de quinze, que terão que seguir uma coreografia estipulada pelo senhor Hwang, nosso coreógrafo geral, o grupo que mais se destacar será escolhido para a segunda parte.

Já poderíamos imaginar que o grupo perdedor já voltaria para casa.

— A segunda parte vamos dividir o grupo vitorioso em três equipes e cada equipe terá uma hora para preparar uma performance improvisada… — continuou ela num tom ainda mais rígido.

Os garotos começaram a cochichar entre si, era sim um massacre em forma de audição, como ouvi do garoto atrás de mim.

— E por fim, será escolhido os dois melhores grupos para serem os dez trainees durante um ano. — concluiu ela — Vocês serão avaliados por mim, pelo senhor Hwang, sela senhorita Mills nossa treinadora vocal e pelo CEO da empresa, o senhor Cho .
— Filho da… — sussurrei para mim mesma.
— Então vamos começar pelo primeiro grupo a se apresentar. — Yuri deu dois passos para a borda do palco — Para que não houvesse nenhuma forma de privilegiar nenhum dos candidatos, principalmente os mais pontuados, decidimos dividir os grupos em par e ímpar, então todos os candidatos com número par, são do grupo um e os candidatos com números ímpares, são do grupo dois.   

Em ordem todos os candidatos do primeiro grupo foram para o palco, o senhor Hwang se posicionou de frente para eles, a primeira fileira da plateia estava reservada para os jurados. Por mais que eu não quisesse, meus olhos estavam fixados em uma pessoa, o monstro que poderia destruir a Moon, com suas ideias idiotas.

Foram dez minutos de coreografia para o primeiro grupo, e não eram quaisquer passos, aquele coreógrafo era nascido de um boombox, era outro massacre em forma de passos de dança, mas olhando de longe eu conseguia assimilar o ritmo aos passos, era uma pena que certamente na minha vez seria outros passos. Assim trocamos de lugar, o grupo um foi para seus lugares e o grupo dois subiu ao palco, para minha sorte ou não, eu estava na primeira fileira, eles me veriam com clareza, mas se eu errasse, seria meu fim.

Mais dez minutos, os movimentos pareciam mais difíceis quando se dançava eles, mas tinha pegado com rapidez e clareza, aquela era minha especialidade, afinal dançava desde criança por influências do meu falecido avô. Quando terminamos voltamos para nosso lugar, os jurados se retiraram por alguns minutos, eu estava aflita pois a vitória não dependia somente de mim, mas de todos do meu grupo.

— Bem, vou anunciar nossa decisão agora. — disse Yuri desviando seu olhar para por alguns instantes.
— Dois, dois, dois. — sussurrei.
— O grupo que fará a segunda parte será. — ela olhou para todos nós fazendo um pouco de suspense — O grupo dois.

Um suspiro de alívio saiu de mim, estava com a mão no meu coração. Os eliminados saíram do auditório, todos frustrados e decepcionados, mas aquilo era a vida, uma hora se ganha, outra se perde. Enfim, Yuri foi falando os números de forma aleatória para formar os três grupos da segunda parte, agora seria uma batalha de gladiadores, eu fiquei no grupo dois novamente.

Os garotos até eram legais e muito comunicativos, exceto um, chamado Junseo, fiquei até meio incomodada do jeito que ele me olhava. Passamos vinte minutos discutindo sobre as músicas, não conseguindo entrar em acordo com nada, era complicado ter que trabalhar com mais quatro pessoas com estilo e gosto diferente do seu. Com certeza isso fazia parte do teste, afinal o ponto principal dessa fase era saber trabalhar em grupo.

— Por que não fazemos uma junção de tudo? — sugeri — Ele não querem ver um cover de outro grupo, eles querem ver algo novo e improvisado, mas que seja de qualidade.
— Não dá para gravar uma música em quinze minutos. — Jinho me olhou com desdém — Menos ainda uma coreografia.
— Eles querem artistas de verdade e não rosto bonito. — joguei essa verdade na cara dele, tinha que admitir que ele era lindo — Se não consegue, pode desistir.
— O que sugere então? — retrucou ele com olhar desafiador.
— Poderíamos começar com os rappers, é mais fácil improvisar no rap, então os vocais poderiam polar um refrão fácil de gravar. — expliquei — E quanto a coreografia, fica por conta dos dancers.
— A ideia não é ruim. — disse Junseo — Dependendo do que os rappers vão dizer, acho que posso pensar em algo que se encaixe.
— Devo presumir que você é vocal? — perguntei.
— Com muito orgulho.
— Já que é para improvisar, podemos quebrar a banca? — perguntou Jung — Uma letra desafiando os jurados a nos escolher, dizendo que somos a melhor opção.
— Achamos nosso rappers, dependendo do que você quer falar, posso te acompanhar. — disse gostando da ideia.
— Legal. — concordou Jung.
— Você também é rapper? — perguntou Joy — Porque eu sou vocal.
— Eu sou mais dancer, mas gosto de rap também. — respondi.
— E você Jinho? O que é?
— Visual. — disse lançando uma indireta.
— Visual? — ele me olhou dando um sorriso irônico — Eu sou um dance machine.

Aquilo soou como uma declaração de guerra. Enquanto eu e ele permanecemos nos encarando, os outros nos olhavam assustados, até que Junseo entrou no meio e nos vez perceber que nossos rivais eram os outros grupos. Naquele momento só faltava trinta minutos, nossa meta era entrar em harmonia e conseguir fazer algo que chamasse a atenção dos jurados, era difícil, mas não impossível.

O tempo terminou, aproveitamos enquanto o primeiro grupo se apresentava, para terminar de sincronizar nossos movimentos do refrão, acertar o tempo para o rap e definir a parte em que os dancers iriam se destacar. Para algo preparando em dez minutos, eu fiquei impressionada com o grau de dedicação de cada um, inclusive de mim.

Subimos no palco enfileirados e nos posicionamos, todos de costas para os jurados, a melodia que tínhamos pedido para tocarem iniciou, então começamos cantando o refrão, Jung foi o primeiro a se virar iniciando o rap, depois o Joy e o Junseo viraram para cantar o refrão. Eu e Jinho seríamos os últimos, viramos juntos fazendo alguns movimentos mais complexos, enquanto eu fazia minha parte de rap.

Mais uma vez cantamos o refrão juntos e para finalizar, todos os outros se viraram inda cantando o refrão e Jung fazendo algumas partes de rap sincronizada, deixando apenas eu e Jinho virados. Aquele era nosso momento de mostrar o poder dos dancers, nossos passos não estavam sincronizados, mas era harmônico cada um a seu estilo, finalizando tudo com um free step improvisado.

Eu pude perceber a surpresa nos olhos de Yuri, antes de descer do palco, depois da apresentação do terceiro grupo, os jurados se retiraram novamente para a decisão, porém somente Yuri retornou. Ela já estava com o destino de todos nós nas mãos, respiramos fundo quando ela começou a agradecer por termos escolhido a Moon, e não sei quanto mas percebi que tinha parado de respirar quando ela disse que um grupo tinha se destacado mais que os outros.

— Por fim, não vou mais me prolongar, os grupos que vão passar são grupo dois e grupo três.

Eu voltei a respirar na mesma hora, estava aliviada, tinha passado e era oficialmente uma trainee da Moonlight Company, ou melhor, um trainee.

— Aos eliminados agradeço a presença, os staffs acompanharão vocês até a saída, para ambos os grupos escolhidos, gostaria que se sentassem, tenho algumas coisas para falar.

Nós nos sentamos nas fileiras da frente, enquanto ela pegava uma cadeira para se sentar no palco, Yuri parecia ser uma pessoa legal de se trabalhar, mas sua face era muito sério, dava medo.

— A partir de agora vocês são oficialmente trainees da Moonlight Company, então espero que se comportem como trainees. — ela olhou para alguns papéis que estavam em sua mão — Continuando, você permanecerão com os mesmos grupos, essa foi uma decisão do CEO, por achar que vocês ficam bem separados assim, o grupo dois se chamará T1 e terá Junseo como líder por ser o mais velho, já o grupo três se chamará T2 e terá Dong como líder por ser o mais velho também. — ela se levantou da cadeira — Vocês terão dormitórios separados para cada um dos grupos, e daremos duas horas para trazerem suas coisas, o treinamento de verdade começa amanhã às seis da manhã.

Agora era real, mas só tinha um problema, como eu poderia ficar naquele dormitório? Yuri se afastou indo em direção a saída, eu me levantei correndo e fui atrás dela, tive que me desviar de alguns staffs até alcançá-la.

— Senhorita, senhorita?! — disse recuperando o fôlego.
— O que?
— Eu não posso ficar no dormitório. — disse.
— Por que não? — ela parecia confusa.
— Problemas pessoais, mas eu prometo que independentemente de estar lá ou não, estarei aqui às seis da manhã, se quiser chego às cinco. — pedi quase implorando.
— Você é quem sabe, mas espero que isso não atrapalhe seu rendimento.
— Eu juro, não vai, serei a melhor trainee que essa empresa já teve.
— Tudo bem então.

Sim, eu seria a melhor trainee que a Moon poderia ter, e não seria a distância do loft à empresa que me atrapalharia. Assim que cheguei em casa, já estava sentado em frente à mesa de desenho, eu cheguei por trás e o abracei.

— Adivinha quem passou?! — disse empolgada.
— Sério? — ele me olhou sorrindo — Parabéns.
— Sim, sobrevive ao massacre da audição.
— Mas e agora? E vai poder ficar aqui?
— Sim, desde que consiga chegar às seis na Moon e não atrapalhe meu rendimento.
— Te desejo sorte então. — ele me abraçou — Não se preocupe, vou te acordar todos os dias e se quiser te acompanho até lá, agora que tenho uma moto, será mais fácil chegar lá.
, você é o melhor amigo do mundo.
— Eu sei, por isso quando você for famosa, vai me descolar o número de telefone da Ailee para mim.
— Yah, seu interesseiro. — o empurrei de leve o fazendo rir.

Interesseiro ou não, eu sabia que podia contar com ele, e isso me deixava ainda mais animada para meu um ano como trainee. Acho que não seria tão ruim assim me passar pelo Joseph durante aquele tempo.



"Caminhando pelos diversos e desconhecidos caminhos,
Eu sigo uma luz fraca,
É algo que faremos juntos até o fim,
No novo mundo."
- Into The New World / Girls' Generation




You Think


“Garoto, você não é melhor que eu, não
Você acha que você é realmente bacana
Você acha que você é realmente bacana
Está na hora de acabar com a sua ilusão
Garoto, você não é melhor que eu, não.”
- You Think / Girls' Generation

Os dias se passaram e deu para sentir, a rotina era sim muito desgastante, estava com dó de por me acompanhar todos os dias, eu realmente não imaginava que era tão dolorido ser um trainee. Nosso treino começava às seis em ponto, fazíamos exercícios físicos e uma hora de corrida, depois do café da manhã, aula de canto com a Mills. Aprendi que ela era ainda mais exigente que o coreógrafo, ela sempre nos colocava para fazer uma série de exercícios vocais e aquele que desafinasse, sempre ficava uma hora a mais na aula.

Após o almoço, era a aula de rap, eles tinham convidado o artista rapper da empresa H.B para nos ajudar nessa parte e teríamos aula com ele duas vezes na semana. Até mesmo os vocais participariam, todos tinham que saber pelo menos o básico, e enfim após o café da tarde era a aula de dança. Retiro o que eu disse, o senhor Hwang era sim o pior de todos, fazia até pessoas apaixonadas com a dança, como eu, querer não dançar por um bom tempo.

Para a não surpresa de alguns, eu e Jinho éramos os únicos que conseguia acompanhar os passos sem errar, acho que já estava visível a nossa rivalidade. Yuri acompanhava a maioria das aulas, ela era a responsável por nós, e sempre estava perguntando sobre meu rendimento, acho que ela não acreditava que eu conseguiria, morando longe.

— Boa tarde trainees. — disse Yuri após nos reunirmos na sala de ensaio — Amanhã vocês terão um ensaio fotográfico, vamos anunciá-los oficialmente a imprensa e colocar seus perfis no site da empresa.
— Uah, que legal. — sussurrou Joy atrás de mim — Vamos ser reconhecidos na rua agora.
— Durmam cedo hoje que amanhã o carro da empresa estará aqui para pegar vocês às seis na porta. — ela olhou para mim como um tipo de indireta — Eu irei acompanhar pessoalmente o ensaio, trabalhem duro, pois a partir disso vocês terão que brigar pela popularidade entre os trainees.

Ela saiu da sala tranquilamente, deixando a faísca para uma terceira guerra mundial acesa, os times se olharam, meu olhar estava fixo em Jinho, eu sentia que ele era o único rival a minha altura. O T2 saiu da sala de ensaio também, acho que eles iria confabular algum plano para conquistar a vaga.

— Que comecem os jogos. — brincou Joy rindo — E que a sorte esteja sempre a seu favor.
— Estou mesmo me sentindo em um jogos vorazes. — comentou Jung — Ela falou como se quisesse que a gente se matasse.
— Isso é tudo para colocar mais pressão na gente. — disse Junseo — Vamos continuar trabalhando duro e mostrando a eles que somos a melhor escolha.
— Será que eles mantiveram os grupos inalterados para isso? — sibilei um pouco — Porque no final, ou eles debutam o grupo T1, ou o T2?
— Sempre pensei que eles formariam o grupo no final e nós seríamos avaliados individualmente. — Jung me olhou — Mas agora, concordo com você Joseph, acho que estamos sendo avaliados em grupo.
— Então, não somos rivais, mas sim aliados. — concluiu Junseo — E se for mesmo assim, acho melhor vocês dois pararem de competir entre si e se unir.

Aquela era para Jinho e eu, acho admitir, mas nosso líder estava certo, tínhamos que nos unir como grupo para ganhar nosso debut.

— Acho que uma trégua é válida. — concordei.
— Como vocês são mais carismáticos, poderia até usar isso para dar popularidade ao nosso grupo. — sugeriu Jung.
— É um caso a se pensar, de qualquer forma eu serei o mais popular. — Jinho sorriu de canto.
— Veremos. — eu não iria deixar barato aquela afronta.

As horas se passaram e eu voltei para casa, para minha surpresa estava vendo televisão, eu deixei minha mochila ao lado da porta e me aproximei dele e coloquei a mão em sua testa para me certificar que ele não estava com febre.

— O que está fazendo? — perguntou ele.
— Vendo se está bem.
— Por que?
— Você não está desenhando. — expliquei.
— É porque estou vendo um documentário sobre arte cubista. — disse ele.
— Está explicado. — eu ri indo para o banheiro — Tem comida esposa?
— Sim, eu fiz ramen, marido. — brincou ele respondendo.

Tomei um banho relaxante, comi o ramen e me joguei na cama, não era difícil pegar no sono com tanto cansaço acumulado em meu corpo, a coisa estava tão intensa que eu não consegui acordar a tempo de chegar no dia seguinte. Fiquei desesperada quando cheguei atrasada na empresa e o carro já tinha saído, olhei frustrada para , sem saber o que fazer e com medo de ser repreendida.

me acalmou primeiro, então com a mente mais clara, consegui pegar o endereço do lugar com a professora Mills, o que foi um milagre, ela me ajudando. Com o endereço na mão, eu poderia ir de táxi até o lugar, mas não deixou, ele mataria a sua aula para me levar de moto até o lugar. Eu já estava devendo tanto para ele, aquilo entraria para a lista.

Assim que cheguei no lugar, desci da moto tão rápido que nem agradeci a carona, corri em direção ao prédio, entrei desesperada na recepção, a moça me mostrou o caminho. Subindo escadas e correndo pelo corredor, acabei trombando em uma pessoa, eu me desequilibrei e caí a puxando junto comigo. Paralisei ao ver quem era.

— Me desculpe. — sussurrei para ele, nossos olhos estavam um no outro.
— Quem é você? Sai de cima de mim. — parecia nervoso e sua voz estava bem alterada
— Me desculpe. — eu me levantei rapidamente, mantendo minha cabeça abaixada — Me desculpe sunbae.
— Você, reconheço seu rosto, é um trainee? — disse se aproximando um pouco mais.
— Sim. — assenti.
— O que está fazendo aqui sozinha? Não deveria estar com os outros?
— Bem, eu perdi a saída do carro, então vim direto. — me curvei de leve, eu estava odiando aqui, ter que pedir desculpas para ele — Eu me atrasei.
— Atrasou? — ele riu de leve — Na verdade, você foi o primeiro a chegar.
— O que? — não acredito nisso.
— Qual o seu nome?
— É… — respirei fundo, quase que dizia meu nome de verdade — Joseph.
— Hum, o trainee do grafite. — ele me olhou de baixo para cima — Seu vídeo me impressionou, gosto de pessoas criativas.
— Obrigado. — seu elogio que me impressionou, pensei.
— Bem, me parece que seus companheiros chegaram. — ele olhou para frente.

Eu me virei, e os outros estavam vindo em nossa direção acompanhados pela Yuri, a cara dela de surpresa em me ver ali, foi a salvação do meu dia. Eu fiquei intrigada foi com o sorriso de Junseo ao me ver, parecia que ele estava feliz por eu ter conseguido.

— Bom dia. — disse cumprimentando eles.
— Como chegou aqui antes de nós? — perguntou ela.
— Bem, acho que o que importa é que estou aqui. — respondi num tom educado e baixo.
— Bom dia . — Yuri olhou para ele — Me desculpe pelo contratempo.
— Não foi nada. — olhou para mim — Gosto de pessoas pontuais.

Todos se espantaram, acho que eles estava se referindo a mim, dois elogios no mesmo dia, eu não estava bem. Yuri nos acompanhou até os camarins que estavam preparados para nós, cada time tinha o seu, teríamos vinte minutos para nos arrumar.

— O que você fez? — perguntou Joy ao sentar na cadeira.
— Eu juro que não fiz nada. — respondi a ele — Ou melhor, entrei correndo achando que estava atrasada e trombei nele.
— Você o que? — Junseo me olhou — E o que ele fez?
— Nada, só perguntou quem eu era e disse que tinha gostado do meu vídeo para a audição.
— Que bom. — ele suspirou aliviado.
— Por que ficou tão preocupado? — perguntou Jinho.
— Porque somos um grupo, temos que nos proteger. — explicou Junseo — Além do mais, estamos sendo avaliados em conjunto.
— Isso é verdade. — concordou Jung.
— Estou aqui pensando, acho que estamos em vantagem e podemos tirar proveito disso. — Joy me olhou com uma cara de quem estava planejando algo.
— No que está pensando? — perguntei.
— Ele gostou de você. — explicou ele — Se você virasse amigo dele, poderíamos ter mais créditos.
— O que? — aquilo era um absurdo, eu não seria amiga, ou melhor amigo, de alguém que eu não gostava — Não.
— Não é de todo uma má ideia. — Jinho me olhou — Vale lembrar que a senhorita Mills gosta mais do T2 por causa do Dong, e já percebemos que a senhorita Yuri não vai com a sua cara.

Aquilo era um absurdo, mas tinha que concordar, ela não gostava mesmo de mim e eu nem sabia porque.

— Ou seja, dois pontos para o T2. — concluiu Joy — Se você for amiga dele, podemos igualar, ele é o CEO, seu voto dele valer por dois, ou três.
— Vocês são uns mercenários, querendo me usar para ganhar vantagem. — falei com um tom de ofendida.
— Joseph meu amigo. — Jung colocou a mão do meu ombro — Você quer ou não debutar? Tenho que admitir que a ideia do Joy é maravilhosa.
— Junseo. — olhei para ele — O que você acha?
— Não acho certo, me parece uma forma de trapacear. — ele parecia do meu lado — Mas, é você quem deve decidir.
— Ele tem razão. — Jung se afastou um pouco de mim — A decisão é sua.
— Mas pensei na vantagem que seria. — completou Joy.
— Vou pensar, não prometo nada. — respondi.

Os meninos continuaram conversando, enquanto isso eu peguei minha roupa e saí, tinha que me trocar no banheiro, quando cheguei na porta, fiquei alguns segundos olhando. Não conseguia me decidir se entrava no masculino, ou me arriscava no feminino, foi quando senti uma mão atrás de mim.

— Também tem vergonha de se trocar na frente dos outros? — perguntou Junseo aparecendo ao meu lado.
— Sim. — respondi aliviada.
— Com o Jinho perto dá até inveja. — ele riu um pouco — Vamos, a não ser que seja um pervertido e queira entrar no banheiro feminino. — brincou ele.
— Não. — protestei entrando no banheiro masculino antes dele.

Junseo era uma pessoa muito observadora, às vezes eu ficava intrigada com seus comentários, ele sempre estava preocupado comigo e me defendendo dos outros membros, acho que ele fazia isso por eu ser a maknae do grupo. Nos trocamos no reservado e voltamos ao camarim, após arrumar o cabelo e fazer a maquiagem, seguimos para o espaço que seria a seção de fotos.

Como nos demoramos muito, o T2 já estavam fazendo as fotos na nossa frente, mas a culpa do nosso atraso foi do Joy e suas brincadeiras, ele acabou demorando para se trocar. Primeiro foram as fotos individuais, depois em grupo, não era porque eu estava no grupo, mas o T1 era muito fotogênico, e eu tinha que admitir que Jinho ficava maravilhoso nas fotos, tive que conter meu olhar de admiração.

— Vai ser difícil competir com essa máquina de sedução chamada Jinho. — brincou Joy enquanto fazíamos a pausa das fotos.
— É, ele parece um modelo. — concordei.
— E você parece um bebê, suas fotos ficaram fofas. — elogio Junseo rindo — O rei do aegyo.
— Fala assim porque eu sou o mais novo. — disse rindo.
— Talvez. — concordou ele enigmaticamente.
— O que importa é que nossas fotos ficaram perfeitas. — Jinho se aproximou de nós — Tenho certeza que seremos os mais votados.
— Já estou escolhendo até o nome para meu fandom individual. — disse Joy com cara de pensativo — Acho que vou chamá-las de jolys.
— O que? — Jung riu dele — Só você.
— Eu gostei. — disse rindo também — Jolys é legal.
— Vocês viram, que o CEO parou para ver nossas fotos? — comentou Jung.
— Não reparei. — disse olhando discretamente para a direção de .
— E eu volto a lembrar na vantagem que podemos ter. — Joy me olhou sugestivamente.
— Já disse que vou pensar. — voltei meu olhar para o cenário.
— Quanto tempo será que vamos ficar aqui? — perguntou Jinho — Ouvi a Yuri dizendo que tinha cancelado todas as nossas aulas.
— Acho que vamos ficar o tempo que for necessário. — concluiu Junseo — e no que depender daquele fotógrafo, vamos passar o dia aqui.

De fato, passamos o dia naquele lugar, e tiramos algumas fotos ao luar também, eu estava quebrada e destruída de tão cansada, nunca mais falo mal de modelo, foi tão difícil agradar aquele fotógrafo, para ele o ângulo nunca estava bom o bastante. O carro nos deixou na porta, os outros entraram, enquanto eu fui para o ponto de ônibus acompanhada por Junseo.

— O que achou de hoje? — perguntou ele.
— Cansativo, mas divertido. — respondi — Gostei de ser fotografado.
— Eu também, ser um trainee está sendo uma experiência marcante e única, imaginar que deixei muitas coisas para estar aqui. — ele me olhou — Você também se sente assim, como se tivesse incompleto às vezes?
— Incompleto como?
— Longe de casa, da família.
— Me sinto às vezes, mas estou morando com um amigo, isso me dá forças para continuar.
— Deve ser muito duro para você ir e voltar todos os dias.
— Sim, mas vale o sacrifício.
— Por que? Fico me perguntando o motivo de não morar no dormitório.
— Bem. — eu nunca tinha dado o motivo certo — Coisas pessoais.
— Mesmo tendo coisas pessoais, acho que não deveria se arriscar tanto, vejo quando chegar com seu amigo, mas sempre vai embora sozinho. — ele desviou seu olhar para o céu — Mesmo sendo um garoto, o mundo é perigoso, além do mais, hoje você quase se atrasou, se você não estivesse lá quando chegamos, poderia prever que a senhorita Yuri de expulsaria.
— Ela não gosta mesmo de mim. — eu respirei fundo — Mas não se preocupe hyung, eu vou ficar bem, já temos três meses, eu acho que consigo ir além.
— E se debutarmos? Como vai ficar, já pensou nisso? — ele me olhou novamente — Você não vai poder morar longe da empresa para sempre.
— Oh, o ônibus. — desviei meu olhar para a rua — Até amanhã, hyung.
— Até. — sussurrou ele.

Entrei no ônibus pensando em suas palavras, ele estava certo, a cada dia eu tinha ainda mais dificuldade de chegar pontualmente, mesmo com a ajuda de , eu tinha que dar um jeito de conseguir ficar no dormitório e ninguém descobrir meu segredo. Quando cheguei em casa já passava das onze, o ônibus tinha quebrado no meio do caminho.

— Uau, hoje você superou na hora de chegar. — disse assim que entrei.
— O ônibus que eu estava quebrou, tive que esperar pelo próximo que passou atrasado.
— Que falta de sorte.
— Nem me fale, mas tenho que te agradecer por ser a minha sorte hoje de manhã. — eu o abracei — Komaweyo!!!
— Então conseguiu?
— Não só consegui, como cheguei antes deles.
— Que bom. — ele se afastou um pouco de mim indo em direção a cozinha — Está com fome? Te faço um sanduíche.
— Não, eu comi lá. — sentei no sofá respirando fundo — Preciso te pedir um conselho.
— Diga, sou sua esposa, estou aqui para isso. — ele se virou me olhando, se encostou na bancada.
— Acho que não terei como escapar, estou me dando conta que tenho que morar no dormitório, o que você acha?
— Já pensei sobre isso hoje, você se atrasar, está ficando mesmo complicado para você fazer esse trajeto todo dia. — concordou ele.
— É, se não tem outro jeito, acho que terei que me mudar.
— Seja cuidadosa, mais ainda.
— Pode deixar, eu serei, ninguém vai saber que eu sou uma garota.

"Garoto, se você não for confiante, é melhor cair fora, uh~
Por que você está aqui, olhando para mim assim?
Seja claro, o que o que quer?
Por que você não pode ser um pouco ousado?"
- You Think / Girls' Generation

Foram se passando as semanas, eu tinha me mudado para o dormitório, era complicado conviver com quatro garotos que eu não conhecia, e fazer eles acharem que eu era um garoto também. Eu sempre tinha que trancar a porta do banheiro e do meu quarto, que por sorte era só meu, já que Junseo aceitou dividir o quarto com Jung, para que eu pudesse ficar com o quarto que estava sobrando. O ponto mais crítico era saber que Jinho dormia somente de cueca e sempre saía do banheiro enrolado na toalha, imagina meu sacrifício em não olhar para as pequenas gotas de água que escorriam pelo seu abdômen.

Joy sempre fazia algumas piadas de como eu agia como uma garota em alguns momentos, isso fazia meu corpo gelar. Mas Junseo sempre me defendia, ficando do meu lado, e ainda estranhava aquilo dele, mas era legal ter alguém cuidando de mim.

— Aonde você vai? — perguntou Jung que estava vindo da cozinha com um sanduíche na mão.
— Vou ensaiar um pouco. — respondi tranquilamente.
— A essa hora?
— Bem, estou compus uma música, e agora estou ensaiando uma coreografia para ela, para mostrar para o CEO. — expliquei — Então vou usar a sala de ensaio, enquanto não tem ninguém.
— Você está mesmo se empenhando para virar amiga dele.
— Não é esse o plano. — o lembrei.

Sim, após muita insistência de Joy, eu dei início ao plano de me tornar próxima de , não seria difícil já que ele começou a acompanhar também nossas aulas e ensaios. A cada dia que eu convivia ainda mais com ele, mais eu ficava confusa com meus sentimentos, eu tinha raiva e repulsa por ele, mas quando estávamos perto um do outro conversando, ele parecia ser uma pessoa totalmente diferente do que eu pensava. era uma pessoa educada e gentil, além de inteligente ele era bonito, e pior a voz dele era sim perfeita quando ele cantava.

— Ah, não está dando certo isso. — disse ao errar pela quinta vez minha própria coreografia, sentei no chão por um momento e olhei meu reflexo no espelho da sala.
— Joseph?! — disse alguém da porta.
hyung. — eu me levantei o olhando.
— O que faz aqui? — perguntou ele.
— Estava ensaiando, mas acho que vou desistir.
— E desde quando trainees desistem? — ele riu vindo em minha direção.
— Não estou conseguindo conectar meus passos na música.
— Posso ver? — perguntou ele.
— Não. — respondi — É uma surpresa para você, em agradecimento por de dar tantas dicas e conselhos, quero ser a melhor trainee do Moonlight.
— A?! — ele me olhou confuso.
— O, eu quis dizer o melhor trainee.
— Está tão cansado que está até trocando as palavras. — ele riu — Acho melhor parar por hoje e descansar, um trainee deve cuidar da saúde também.
— Tem razão, obrigado por mais um conselho. — eu não entendi, como ele podia ser tão legal comigo, logo comigo.
— Vem, vamos dar uma volta.
— Para onde? — perguntei.
— Vamos só caminhar, preciso de um amigo para conversar e você é meu amigo agora.
— Ok. — assenti meio sem entender.

Nós saímos do prédio da gravadora e começamos a caminhar pela rua sem um destino certo, eu não imaginava o que ele queria falar, mas ele parecia triste, dava para ver que ele queria desabafar.

— Você tem estado muito triste ultimamente. — comentei — Aconteceu alguma coisa?
— Várias. — ele respirou fundo — São coisas que vem acontecendo, se acumulando em minha vida, as pessoas pensam que eu tirei a sorte sendo fico do meu pai, outra pensam que entrei na empresa para destruir tudo, está sendo difícil ser eu.

Acho que eu me incluía na segunda leva de pessoas, estava começando a me sentir mal, por julgar alguém sem conhecer, mas ainda não engolia o fato dele tirar as audições femininas.

— Com grandes poderes vem grandes responsabilidades. — disse tentando descontrair.
— Sim. — ele riu — Só você para me fazer rir disso.
— Sou seu amigo, amigos são para isso.
— Eu também achava isso. — ele continuou olhando para frente — Mas há dois anos me decepcionei com meu melhor amigo.
— O que ele fez? — perguntei curiosa.
— Estragou meu debut, roubou minha noiva e colocou meu pai contra mim. — ele fez uma pausa, parecia segurar as lágrimas — Só não fui expulso da empresa, porque metade era da minha mãe e ela ficou do meu lado, mas nunca mais terei a confiança do meu pai de novo, nada vai voltar a ser como antes.
— Que amigo filho da mãe. — sussurrei para mim mesma, olhei para ele e o parei — Mesmo que não volte a ser como antes, você pode fazer com que seja melhor que antes, não pode mudar o passado, mas pode decidir seu futuro.
— É o que estou fazendo, este grupo que quero debutar, será uma prova para meu pai que sou capaz, conto com sua ajuda, meu novo amigo. — ele sorriu de leve.
— Eu vou te ajudar, seu pai irá se orgulhar de você. — eu o abracei no impulso.

ficou imóvel, parecia não saber como reagir, de repente eu me lembrei que não deveria fazer aquilo, eu era um garoto aos olhos dele, logo me afastei meio sem saber o que dizer.

— Abraço encorajador. — ele riu — Você é um garoto meio incomum, soube disso desde que vi seu vídeo.
— Obrigado. — estava meio envergonhada, e meu coração acelerado.
— Fico triste por Yuri pegar tanto no seu pé. — ele desviou seu olhar para frente — Ela é uma amiga de infância, crescemos juntos, o pai dela era diretor da empresa, ela sempre fica com ciúmes de alguém que desperta meu interesse.
— Ciúmes? — eu o olhei — Interesse?

Será que ele era gay agora?

— Não. — ele riu — Não me olhe com essa cara, o único interesse que você despertou em mim foi profissional, você é determinado, evolui rápido, é criativo, esforçado, além de inteligente, toca muito bem, dança muito bem, é um dos melhores no rap, é fotogênico, é um artista completo. — ele suspirou um pouco — Às vezes eu te invejo, eu só tenho minha voz e nenhum carisma.
— Sua voz vale por todas as minhas qualidades, sua voz é incrível, pode acreditar. — eu o olhei — E o carisma vem com o tempo, para ser sincero, eu acho que você é muito sério, para alguém com um sorriso tão bonito.
— Você acha meu sorriso bonito? — ele me olhou confuso.
— Acho. — respondi meio sem jeito — E sua voz é incrível.
— Você já disse isso. — ele riu — Não precisa ficar nervoso, não vou achar que está gostando de mim.
— O que? — o olhei assustada.
— Você é muito engraçado, obrigado por me fazer rir.
— Mudando de assunto, fiquei curioso com uma coisa.
— O que?
— Você disse ciúmes, a Yuri noona, gosta de você?
— Sim. — ele foi direto — Descobri isso no dia que fui deixado pela minha ex, a Yuri se confessou para mim, mas eu não consigo ver ela como uma mulher, para mim ela é minha irmãzinha.
— Hum.  

Agora fazia sentido porque ela não ia com a minha cara, imagina se ela soubesse que eu era uma garota. Conversamos mais um pouco sobre a empresa e os planos dele para o debut do grupo escolhido, chocante foi descobrir que a decisão sobre cancelar as audições femininas partiram do senhor Kim, o seu pai.

Aquilo me deixou ainda mais confusa com meus sentimentos por , eu não estava mais odiando ele, me sentia triste por ele ter sido traído por pessoas me amava. Me sentia bem quando estava conversando com ele, e para minha surpresa eu estava começando a pensar nele quando não estávamos perto um do outro, aquilo me preocupava muito.

Eu sempre relatava tudo para , minha esposa era minha conselheira, e a única conclusão dele para isso, era que eu estava me apaixonando por . Não, eu não poderia sentir isso por alguém que um dia eu detestei, ou podia?

Mais semanas foram se passando com a dura e fatigante rotina de trainee, eu dividia meu tempo em treinar, encontrar nos finais de semana e folga, conviver com os outros fingindo ser meu irmão, ser o novo melhor amigo de e não me apaixonar por ele, o que estava sendo uma provação.

— Estamos a alguns passos para o debut. — disse Jung se jogando no sofá.
— É, só falta uma semana para a escolha final. — concordou Junseo sentado na cadeira — Vocês estão arrependidos de algo? Algo que não fez ou que fez?
— Eu não, acho que dei o meu melhor. — disse Jinho.
— Falou o mais popular de todos. — brincou Joy — Eu queria ter mais likes, mas estou satisfeito, a Mills tem me dado boas notas.
— Eu também estou satisfeito. — disse me sentando no último degrau da escada — Não tenho ressentimentos.
— Você está no céu, mesmo se não formos escolhidos, é tão popular que Jinho ou mais até, amiga do CEO, todos os professores te elogiam. — Joy me olhou inconformado — Você me faz ter inveja, isso não é legal.
— Me desculpe se sou o melhor no que faço.
—Yah, sai daqui. — brincou ele fazendo todo mundo rir.

Meu celular começou a tocar, pensei que fosse , mas era uma mensagem de .

“S.O.S”

Eu não sabia o que significava, mas eu peguei minha mochila e saí correndo, eu já tinha ido na casa dele uma vez, então sabia o caminho, quando cheguei toquei o interfone e logo o portão se abriu. Assim que entrei ele estava caído no chão.

— Hyung. — gritei indo até ele — O que ouve.
—Acho que estou doente. — sua voz estava baixa e ele estava muito quente, parecia ter febre.
— Eu vou te ajudar a se deitar. — eu o ajudei a se levantar e o coloquei no sofá.

Respirei fundo tentando pensar no que fazer, antes mesmo de chegar em uma conclusão, ele me pediu para ligar para o médico da família. Eu liguei para o médico e expliquei a situação, ele já tinha a resposta para mim, era um dos muitos ataques alérgicos que possuía durante sua vida. O que eu tinha que fazer era simples, simples para um garoto normal, tinha que colocar debaixo do chuveiro com água fria para baixar a febre, e para complicar eu tinha que ficar com ele e não deixá-lo adormecer. Ou seja, eu estava ferrada!

Não poderia esperar ninguém chegar ou seria tarde demais para , a vida dele estava nas minhas mãos e eu teria que fazer o que não deveria fazer. Respirei fundo, o ajudei se levantar e o levei para o banheiro, assim entrei no box com ele e abri o chuveiro, tive que retirar sua blusa para dar mais efeito, foi um momento embaraçoso para nós dois. Ele adormeceu algumas vezes, mas eu sempre o chamava, não estávamos abraçados, mas nossos corpos estavam bem próximos, o suficiente para eu sentir sua respiração e ouvir seus batimentos.

— Preciso te agradecer. — disse ele ao sair do banheiro com a roupa trocada.
— Basta me emprestar uma roupa que estamos quites. — disse sorrindo.
— Claro. — ele sorriu meio sem jeito e abriu seu armário — Você é um pouco pequeno, acho que isso vai ficar meio largo.
— Largo é sinônimo de conforto. — peguei a roupa da mão dele — Vou me trocar.

A parte ruim era que a faixa que usava para reduzir meus seios estava molhada, seria um problemas, mas poderia ser resolvido com uma blusa de frio de moleton, coloquei a blusa e o short dele, estava mesmo largo. Assim que saí do banheiro, abri seu armário e peguei outra blusa para ajudar a esconder, voltei para a sala onde, ele estava atendendo a porta, era seu médico, o doutor Han, trazendo seu remédio.

— Que bom que o doutor chegou. — disse parando no meio da sala.
— Sim. — concordou ele — Doutor Han, este é meu salvador.
— Um prazer, me falou como foi corajoso em ajudá-lo.
— Ele é meu hyung, não poderia deixá-lo daquele jeito. — sorri de leve.
— Você está bem? — o doutor me olhou estranho.
— Estou sim, por que? — aquilo me deixou confuso.
— É que você está sangrando. — ele apontou para minha perna.

Eu desci meu olhar lentamente, até ver aquele sangue escorrendo pela minha perna, eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo, não agora, não naquele momento. Olhei para , sua face estática, seus olhos confusos, minha primeira reação foi sair correndo até o banheiro. Me tranquei lá, não acreditava naquilo, eu estava menstruada, tanta pressão, estresse e preocupação, fizeram ela descer antes da hora.

Aquilo seria meu fim, ele tinha um médico na sala que poderia comprovar que eu era uma garota, eu não conseguia aceitar e admitir o que estava acontecendo. Mas estava sendo traída pela minha própria natureza feminina.



“Sob a chuva que cai
As lágrimas que escondi
As cicatrizes que recebi
Você simplesmente não deu a mínima
Você simplesmente escolhe as coisas que quer e não dá a mínima, oh~”
- You Think / Girls' Generation



Mr. Mr.


“Por que você ainda não é capaz de acreditar?
Eu irei te dizer o verdadeiro segredo
Do motivo de você ser um senhor especial
Oh oh oh~, oh oh oh~
Você tem a chave para abrir o futuro
Então, tenha um sonho que é maior do que o de uma criança
Me coloque nos seus olhos brilhantes.”
- Mr. Mr. / Girls' Generation

Tive que confirmar a verdade para , sua primeira atitude foi pedir segredo ao doutor, principalmente por causa da empresa, e pela situação, um trainee na sua casa de noite, e ainda mulher, poderia causar mais confusão ainda. O doutor era compreensível e assentiu sem problemas, assim que saiu, direcionou seu olhar de decepção para mim.

— Você tem consciência do que fez? — pronunciou ele com uma voz amarga.
— Sim, assumo que o que fiz foi errado, mas foi em um momento de revolta, estava revoltada porque a Moonlight não teria mais audições femininas e esse era meu sonho. — eu segurei as lágrimas — Admito que não justifica o que fiz, mas…
— Você me enganou, enganou seus colegas de time, enganou a empresa, você brincou a cara de todos nós.
— Não, não foi assim. — senti a primeira lágrima do meu rosto cair.
— Você tem ideia do que, de como eu estou me sentindo agora? — ele desviou o olhar para o teto — Por um ano eu acreditei que você era um garoto, você se tornou meu amigo, eu compartilhei seus sentimentos com você, eu. — ele riu de nervoso — Eu comecei a achar que eu estava ficando maluco, que estava gostando de um garoto, e você é… Não é que diz ser.
— Você estava gostando de mim? — minha voz estava mais baixa que o normal.
— Não faz diferença agora, eu já deveria estar acostumado a ser traído. — ele me olhou, tinha raiva em seus olhos — Só me diga quem é Joseph, é seu namorado? — o tom da sua voz estava mais frio e amargo ainda.
— Não. — respirei fundo — Joseph é meu irmão gêmeo, ele está estudando em Londres.
— Ele sabe sobre isso?
— Não. — eu já estava em lágrimas — Eu não contei, não queria atrapalhar a vida dele.
— Parabéns, acabou atrapalhando. — ele passou por mim indo para o quarto — Fiquei aqui esta noite, pode dormir no sofá, amanhã de manhã, vamos desfazer seu erro.

Assenti com a face, não era assim que eu pretendia que tudo terminasse, uma hora eu iria contar a eles, mas não agora e não com me odiando. E ele estava gostando de mim, o que eu iria fazer, tinha que ser forte, peguei meu celular e liguei para , ele precisava saber que tudo tinha desabado.

— Esposa, acabou. — disse assim que ele atendeu.
— Do que está falando? — sua voz estava sonolenta — Marido, você sabe que horas são?
— Sei, ele descobriu, sabe que eu sou uma garota.
— O que? — sua voz ficou mais alta — Como ele descobriu?
— Da pior forma possível, depois de conto, mas o que importa é que acabou e que amanhã eu vou contar tudo para os outros.
— Tem algo que eu possa fazer por você?
— Prepare meu caixão.
— O que?

Eu desliguei o celular e deitei no sofá, fechei meus olhos, não conseguia parar de pensar que aqueles um ano de trabalho duro, estava sendo levado pela correnteza de mentiras que eu construí.

No dia seguinte, seguimos para o dormitório do T1 após o café, convocou todos do meu grupo para que eu revelasse meu segredo, para minha surpresa ele não tinha chamado Yuri, já que ela era responsável por nós. Todos se sentaram no sofá e eu comecei a falar, a cara de espanto de alguns, tranquilidade de outros e um sorriso disfarçado de outro, terminei me curvando e pedindo desculpas.

— Então, você é a gêmea que estava na Inglaterra. — concluiu Joy se sentindo mais confuso ainda — Seria muito atrevimento pedir para levantar a blusa? Só pra confirmar.
— Yah. — Junseo bateu na cabeça dele — Seu pervertido, respeite ela.
— Ai. — Joy esfregou a mão na cabeça — Desculpa.
— Obrigada hyung, quer dizer Junseo sunbae. — respirei fundo — Mas sim, eu sou uma garota, meu irmão Joseph está em Londres nesse momento.
— Que loucura, estávamos morando com uma garota. — Jung ainda surpreso por tudo.
— Eu já sabia. — disse Junseo.
— O que? — os membros disseram como um coral.
— Eu já sabia. — confirmou Junseo desviando o olhar para mim — Ela sempre foi diferente, desde a audição, quando fomos dispensados, eu fui ao banheiro, e vi de longe ela saindo do banheiro feminino. Depois disso comecei a observá-la mais, então percebi que ela usava algo debaixo da roupa, sempre que ela dançava não conseguia fazer seus movimentos ficarem mais rígidos. — ele riu — Sem perceber ela começava a se mover de forma delicada e sexy, ela nunca se trocava na nossa frente, sempre tomava banho por último, e tinha dias que ela parecia mais cansada e fraca. — ele respirou fundo — Porém, o que confirmou, foi o dia que eu a vi trocando de roupa, ela tinha esquecido de trancar a porta do quarto e ficou uma fresta, eu vi ela ajeitando uma faixa no corpo, então liguei tudo.
— Mesmo sabendo, não disse nada. — estava impressionada.
— O significado real de um grupo é cumplicidade e lealdade. — explicou ele, me deixando emocionada.
— Se fosse Jinho, teria falado. — brincou Joy.
— Pelo contrário, apesar de não parecer, tenho o mesmo pensamento que Junseo, sou leal aos meus amigos. — retrucou Jinho se defendendo.
— Mas, o que vai acontecer agora? — perguntou Jung.
— Por isso estou aqui. — disse — Quero a opinião de vocês, conviveram com ela e foram os mais enganados e prejudicados.
— Para mim, ela ainda é uma T1. — Junseo sorriu e piscou de leve para mim.
— Para mim também. — concordou Joy — Apesar de tudo, é minha amiga.
— E para mim também. — Jung me olhou — Ela trabalhou duro tanto quanto nós.
— É, desta vez tenho que ficar do seu lado. — disse Jinho com seu olhar sério.
— De qualquer forma, eu não posso ficar, foi uma audição masculina. — disse os trazendo para a realidade.
— Então, você vai desistir? — perguntou Junseo.
— Não quero prejudicar vocês. — segurei as lágrimas — E ir embora não é desistir, e sim uma saída estratégica para recomeçar.
— Talvez não precise recomeçar, de qualquer forma, você treinou por um ano. — disse — Mas não poderá mesmo debutar com eles, vou anunciar a todos que você está se afastando por problemas pessoais, e que mesmo que o T1 seja escolhido, você não irá debutar com eles.
— Mas ela é a mais popular junto com o Jinho. — disse Jung — Como ficará nossa popularidade.
— Lançarei uma nota dizendo que Joseph pretende seguir outro caminho em outro país. — me olhou — Mesmo sendo errado, contarei a verdade de uma forma distorcida.
— Se souberem que meu irmão não está mesmo aqui, a empresa será prejudicada. — confirmei.
— E quem disse que não estou aqui? — disse Joe aparecendo de repente pela porta.
— Oppa?! — estava surpresa, o que ele fazia aqui?
— Pentelha. — ele entrou seguindo pelo , que fechou a porta — Não posso te deixar por um tempo que acaba causando encrencas.
— Oppa! — eu fui até ele e o abracei — Mianhae, desculpa, sorry.
— Eu sei que sou irresistível, mas não precisa ficar se passando por mim para conseguir algo. — brincou ele passando a mão na minha cabeça.
— Ai. — eu o empurrei — Convencido.
— Olha só quem fala. — disse Joy fazendo todos rirem.
— Uah, vocês são mesmo cópia um do outro. — comentou Jung.
— Joe, como chegou aqui?
— De avião. — brincou ele — me ligou assim que você contou, ele já sabia que eu estava aqui na Coreia, então vim para Seoul. — explicou ele — Me desculpem por minha irmã causar tanto problema, ela realmente gosta de tirar as pessoas do sério. — ele se curvou de leve.
— Oppa, esse é o CEO da empresa. — disse ele.
— Aquele cara que você ficava xingando na frente do computador? — ele riu.
— Oppa?! Não estraga ainda mais minha situação.
— Me desculpem. — Joseph riu.

Os membros riram.

— E você ?
— Queria te ajudar, e aproveitar para ver algumas celebridades. — ele riu.
sunbae, este é o Joseph.
— São mesmo idênticos. — disse ele — A decisão já foi tomada, melhor voltar para casa.

saiu de forma rápida, eu estava me sentindo ainda mal pelas palavras do meu irmão, agora ele acharia que eu era uma mercenária, que queria se aproveitar da posição dele. Nós ficamos mais um pouco conversando, Joseph ficou na sala com os membros, enquanto isso foi me ajudar a fazer as malas.

— Você gosta mesmo dele. — disse ele colocando as últimas peças na mala.
— É tão óbvio assim? — perguntei.
— Está nos seu olhar. — ele se aproximou de mim e me abraçou — Lamento que tenha terminado assim.
— Ele não era daquilo que eu pensava. — a primeira lágrima caiu — E eu ainda consegui piorar ainda mais a vida dele.
— Você vai superar isso, te conheço e sei que vai mudar essa situação.

Assim que voltamos para o loft de , Joseph entro na internet e viu o comunicado sobre minha saída, ou melhor a saída dele do grupo. Ainda tinha uma fresta de perigo se alguém descobrisse que meu irmão estava mesmo em Londres, afinal não tinha como uma pessoa estar em dois lugares ao mesmo tempo. Porém, quando achamos que tudo está perdido…

— Como assim você saiu da universidade? — não estava entendendo mais nada — Como assim você está a um ano na Coreia sem me contar?
— Simples, percebi que não queria mais fazer engenharia química em Londres, logo no primeiro dia de aula não me adaptei, depois do primeiro mês as coisas ficaram mais chatas.
— Você estava indo para seu segundo ano de universidades, Joseph. — entrou na conversa — Se você ficou todo esse tempo fora da universidade, onde você estava?
— Boa pergunta. — concordei.
— Estava confeccionando projetos pessoais. — respondeu ele.
— E onde ficou?
— Na casa da vovó. — ele riu — Eu já tinha contado a ele que não queria mais a universidade, então ela me contou sobre você ter vindo para fazer a audição. — ele se espreguiçou — Então decidi voltar para te apoiar, mas cheguei um pouco atrasado. Acha mesmo que eu não saberia? Da sua loucura? Você tem sorte de eu ter saído da universidade e voltado.
— Como? — dissemos eu e juntos.
— Por uma leve coincidência, eu voltei um dia antes da sua audição, e fiquei na casa da vovó, dias depois a filha de uma vizinha me parou na rua, dizendo que queria tirar uma foto comigo, no início não entendi, mas depois eu vi minha foto no site da Moonlight. — ele riu se sentando no sofá — Eu nem precisava pensar, para saber que era você.
— E guardou segredo todo esse tempo? — perguntei desacreditando daquilo.
— Eu sabia que você ia conseguir se passar por mim, e para todos os efeitos, eu estava mesmo em casa, não teria como alguém te descobrir por divergência de informações. — ele me olhou tranquilamente — Além do mais, já sabia que eu estava de volta, só não sabia que eu tinha descoberto tudo.
— Depois eu é que sou a estrategista mercenária. — o olhei com medo — Mesmo assim, não sei o que fazer agora.
— Faça o que você sempre faz, não desista. — disse ele — Você é a garota mais obstinada que conheço.
— Estou curioso, e você pretende fazer o que agora, hyung? — perguntou .
— Vou fazer engenharia robótica aqui em Seoul. — respondeu ele — E acho que vou morar com você.
— Claro, cunhado. — suspirou fraco brincando — Esse lugar sempre cabe mais um.
— Verdade. — eu ri.

Fui até o banheiro, lavei meu rosto e fiquei me olhando no espelho por um tempo, mesmo com tudo parcialmente resolvido, ainda tinha uma coisa. Eu realmente não iria desistir, correria atrás do meu sono de qualquer forma, e só conseguia ver como a solução para isso.

"Vamos lá! Você está preocupado com o quê?
Você está com medo de quê?
Se você continuar a comparar as coisas, será tarde demais."
- Mr. Mr. / Girls' Generation

Mais dias se passaram, eu precisava dar um tempo para passar a raiva que ele deveria estar sentindo de mim. Enquanto isso eu acompanhava as notícias sobre os trainees, com o T1 sem um membro, ficaria em desvantagem, mas eu acreditava que eles conseguiriam, e estava exatamente certa.

Não tinha muito o que fazer durante o dia, então continuava a praticar normalmente como se eu ainda fosse uma trainee, era monótono fazer aquilo sozinha, porém melhor do que não fazer nada. tinha suas aulas integrais, que o fazia ficar fora o dia todo, e suas horas livres ele era monitor e dava aulas extras de desenho técnico industrial. Joseph estava reiniciando sua vida acadêmica, tinha entrado em um projeto na universidade, para alunos do próximo semestre letivo, seria uma forma dele já se habituar com a nova área de escolha dele.

A notícia sobre a equipe vencedora demorou um pouco, mas na sexta pela manhã a Moonlight lançou uma nota de imprensa anunciando que o grupo T1 havia sido escolhido para debutar, com somente os quatro integrantes, sem adição de qualquer outro trainee do grupo T2. Não pensei duas vezes e corri para a empresa, precisava parabenizar eles, as pessoas acharam que era o Joseph a primeiro momento, mas logo notaram que eu estava com roupas de garota, logo começaram os comentários e cochichos entre os corredores.

— Parabéns hyungs. — disse entrando no dormitório, eles estavam em volta da mesa de centro comendo.
— Uau, Joseph. — disse Joy — Ou melhor, qual o seu nome mesmo?
— Ela não nos disse. — Jung riu dele — E obrigado pelas felicitações.
— Me desculpem. — eu ri indo até eles — Meu verdadeiro nome é , mas podem me chamar de .
— Uah, nome legal. — Junseo sorriu — E você veio só para nos parabenizar.
— No momento sim. — olhei para os potes de ramen em cima da mesa de centro — Atrapalho vocês?
— Estamos no nosso momento de descanso, depois vamos para uma sessão de fotos teasers.
— Nossa, que legal. — eu me empolguei um pouco — Joy tente se destacar mais dessa vez e não deixe toda a fama para o Jinho. — brinquei.
— Como se ele conseguisse. — Jinho riu — Tenho que admitir que na popularidade, você era a única que podia competir comigo.
— Yah, seu convencido. — Joy o olhou fazendo careta — Eu vou representar ela muito bem.
— Com certeza, estarei torcendo por vocês. — estava feliz por ele, mesmo não podendo estar com eles no palco — E já podem me considerar a fã número 1.
— Joseph?! — disse Yuri ao entrar no dormitório de repente.
— Ah, não, não é o Joseph, é a irmã dele. — disse Joy se levantando.
— Bem, esta é a , irmã gêmea do Joe. — explicou Junseo.
— O que faz aqui, garota?
— Eu… — não sabia como reagir, o olhar dele estava assustador.
— Ela veio nos dar os parabéns e entregar um recado do Joe, eles está feliz por termos ganhado, mas não consegue vir pessoalmente, por estar com vergonha de ter nos deixado. — Jinho era bom em inventar desculpas, ele falava de uma forma tão natural.
— Então, o momento de visita acabou, vocês tem um compromisso e o carro da empresa está esperando. — até a voz dela estava mais séria que o normal.
— Eu já estava mesmo indo embora.

Me despedi deles e saí para o corredor, decepcionante esse sentimento de nadar e morrer na praia, fiquei olhando para o chão enquanto andava pelo corredor, até que trombei em uma pessoa. E novamente a mestre em desequilíbrio, tropeçou e caiu no chão arrastando a pessoa junto, desta vez eu não para paralisei, meu coração simplesmente acelerou.

… — sussurrei olhando ele nos olhos, aquilo me lembrava a primeira vez que trombei nele há um ano atrás.
— Você realmente nunca olha por onde olha. — disse ele, desta vez era ele que estava em cima de mim.
— Me desculpa. — sussurrei novamente.

Nos levantamos e ficamos nos olhando, ele se desviou e passou por mim para ir embora, eu peguei sua mão pedindo para conversarmos, eu não desistiria assim tão fácil. Mesmo relutante, assentiu e me levou até uma cafeteria ao lado do prédio que pertencia a Moonlight. Sentamos em um espaço mais reservado e pedimos um café.

— O que tem para falar? — ainda dava para sentir a amargura na voz dele.
— Eu vim te fazer uma proposta. — fui direta e objetiva.
— O que? — ele ficou confuso.
— Eu sei que você não vai me perdoar tão fácil, e eu não vou desistir do meu sonho, não quero que meu um ano de treinamento seja em vão. — respirei fundo — Então, eu andei pensando em uma coisa.
— No que?
— Em formarmos um dueto, eu e você.
— O que? — seu rosto parecia ainda mais confuso.
— Você canta maravilhosamente bem, e sempre disse que eu tinha qualidade que invejava, poderíamos juntar tudo isso em algo que beneficia nós dois. — era uma ideia maluca mas eu tinha esperanças que poderia dar certo.
— E quanto a seu irmão? Vocês são iguais.
— Desde o início sabiam que ele tinha uma irmã gêmea, não será tão difícil para as pessoas me aceitarem, eu consegui conquistar elas sendo ele.
— E o que te faz pensar que eu vou aceitar?
— Porque tem uma coisa que você quer tanto quanto eu.
— E o que seria.
— Nós dois queremos uma segunda chance. — respondi com convicção.

Esse era o ponto que tínhamos em comum, queríamos uma chance de mostrar que nosso talento era real e obter o sucesso merecido, ele me olhou por um momento em silêncio, desviou seu olhar várias vezes para a xícara de café.

— Não entender se não aceitar. — suspirei fraco mantendo meu olhar nele.
— Desta vez, sem mentiras? — perguntou ele.
— Sim. — eu estendi minha mão direita para ele — Que tal começarmos de novo, prazer meu nome é , e meu sonho é debutar na Moonlight Company.
— Prazer, eu sou . — ele pegou na minha mão mantendo seu olhar em mim — Sou o CEO da Moonlight, e aprecio muito seu talento.

Um olhar sincero e um sorriso fofo, olhar para ele fazia meu coração disparar, não imaginava que pudesse gostar de alguém que detestava há um ano atrás, os sentimentos são traiçoeiros quando nós conhecemos as pessoas, quando convivemos com elas. Mas estava gostando desse recomeço, agora eu iria conviver com ele como , quem eu realmente era e o mais legal, iria definitivamente mostrar que não tinha mais nenhum sentimento negativo por ele.

Passamos a tarde no escritório dele, conversando sobre nossos possíveis projetos para o futuro, tentava não demonstrar nenhum sentimento positivo quanto a nossa parceria, mas eu conseguia ver em seu olhar uma certa empolgação. Voltei para casa no final da tarde, e quando cheguei, para surpresa minha, Joe e já estavam em casa, fui logo contando a novidade para eles.

— Então você vai mesmo fazer um dueto com ele? — Joseph estava embasbacado com aquela notícia.
— Sim. — confirmei novamente me sentando no sofá — Seremos um dueto completo.
— E quanto aquela conversa que ele não servia para ser idol? — segurou o riso — O que aconteceu?
— As pessoas mudam em um ano. — expliquei — Eu tinha pensamentos errados sobre ele.
— O que uma paixonite não faz. — brincou ele.
— Yah, esposa, se continuar assim eu peço o divórcio de você. — brinquei rindo — E nada de ciúmes.
— Claro, se você me descolar o telefone da HyunAh, eu me divorcio e nem peço pensar alimentícia.
— Quem ouve, até pensa que vocês são mesmo um casal. — comentou Joseph nos olhando estranhamente.
— Mas nós somos, do nosso jeito. — retruquei abraçando — Não é esposa?
— Claro, marido.

Nós rimos um pouco, para comemorar a notícia, saímos para beber um pouco, bom só eles, já que minha esposa não me deixava beber, por ter pouco tolerância a álcool, sempre cuidando de mim, melhor que o Joseph. Foi uma noite longe de comemoração, e ainda tive que ajudar a carregar Joseph, meu irmão tinha se empolgado demais, tanto que até cantou um grupo de amigas que estavam lá no barraquinha que ficamos.

No dia seguinte, um ensolarado sábado, logo pela manhã me acordou sem a menor preocupação, quase me derrubando da beliche.

— Yah, você quer me matar? — perguntei me levantando.
— Não, é que saiu uma nota oficial da Moon, falando sobre a nova aposta da empresa, seu dueto com .
— Sério? — corri para frente do computador para ler a matéria — Não acredito que já colocaram isso, disse que iria conversar com a diretoria primeiro e ainda tinha que ter a aprovação do seu pai.
— Me parece que ele conseguiu em tempo recorde. — comentou .
— O novo CEO da Moonlight Company está com um projeto novo e inédito na empresa, após o anúncio do cancelamento da segunda audições feminina, e após anos sem lançar uma artista. — Joseph começou a ler em voz alta ao se aproximar de nós — Cho anunciou que irá lançar um dueto com uma trainee, a garota treinou durante um ano e agora está iniciando a preparação para debutar neste projeto com ele. O CEO também afirmou que seu rosto será um pouco reconhecido pelas pessoas, pois essa talentosa garota é irmã gêmea do ex trainee Park Joseph que deixou recentemente o grupo rookie T1.
— O que acha? — eu olhei para Joe.
— Que esse sabe guardar um segredo muito bem. — ele me olhou nenhum pouco impressionado — Ele foi muito sensato de não deixar a verdade vazar, enfim, você conseguiu, vai debutar na Moonlight Company.
— Sim. — eu me levantei da cadeira e o abracei — Vou ser uma estrela oppa.
— Parabéns pentelha. — ele retribuiu o abraço — E se comporte, não vai ficar tirando as pessoas do sério.
— Eu serei uma ótima artista.
— Já quero o telefone de todas as garotas do SNSD. — disse indo para cozinha.
— Yah, nem debutei e você já quer tirar vantagens. — reclamei.

Como sempre ele riu da minha cara, mas eu não me importava com aquilo, era divertido ver a empolgação dele quando falava de girl groups. Dois meses se passaram, entre treinos e ensaios, o T1 já estava com quase todos os preparativos para o debut pronto, uma surpresa foi eles me convidarem para participar do MV de debut, como eu era trainee e irmã de um “ex-membro”, seria legal aparecer no MV.

— Mais uma vez obrigada por me convidarem. — disse me curvando de leve em agradecimento.
— Foi legal ter você com a gente de novo, mesmo que sendo você. — Junseo sorriu um pouco — E você faz parte dessa história, não seria justo não estar no nosso primeiro MV.
— É, foi uma forma que encontramos para você estar com a gente mais uma vez. — continuou Jung.
— Assim eu fico emocionada. — sorri para eles.
— Vocês estão fazendo muita cerimônia por causa disso, não é como se ela não pudesse colaborar com a gente no futuro. — Jinho olhou para mim, não nos dávamos bem, mas ele parecia legal às vezes — Agora ela será uma artista da Moonlight, poderemos fazer outras músicas com ela.
— Tem razão, seria legal. — Joy se animou um pouco.
— Eu iria adorar isso. — suspirei um pouco imaginando — Mas vocês ainda não revelaram o nome do grupo, não vão dizer para a fã número 1?
— Claro que vamos. — Junseo riu — Será J4, somos quatro membros que os nomes começam com J.
— Simples, mas preciso. — disse pela explicação dele — Vou dar muito amor ao grupo de você.
— Vamos cuidar muito bem de você depois que formos famoso, nossa trainee. — Joy colocou o braço no meu ombro brincando.
— Não serei trainee para sempre, sunbae disse que assim que passar o debut de vocês, começaremos o marketing do nosso dueto.
— Seremos seus fãs número 1 também. — disse Jung.
— Estou vendo que terei muitos fãs número 1. — comentei fazendo eles rirem.

As gravações demoraram um pouco para ficarem prontas, mas foram um sucesso, pude perceber o quanto eles aperfeiçoaram ainda mais suas habilidades, enquanto eu estive longe deles. Mas eu não estava atrás, exatamente três meses após o debut do J4, a empresa começou a preparar meu debut com o retorno de .

Eu estava um pouco nervosa e ansiosa, uma mistura de sentimentos que se formava dentro de mim, eu iria realizar o sonho que lutei muito para conseguir. Mas o que me mexia ainda mais comigo, era trabalhar com , passávamos horas juntos e nos víamos todos os dias, deveria ser normal por causa do nosso dueto.

Porém internamente nada estava normal, ainda mais quando ensaiávamos as coreografias, meu coração sempre acelerava um pouco e eu sentia que o dele também. Pensar que ele estava começando a gostar de mim, quando pensava que eu era o Joseph, e agora conviver com ele como eu mesma, isso não me ajudava a me concentrar. Mas sempre respirava fundo para voltar ao meu foco inicial, o debut.

— Você está bem? — perguntou ao parar de mexer nos equipamentos do estúdio de gravação.
— O que? — o olhei meio desconcentrada.
— Já vi que não. — ele virou sua atenção para a tela do computador novamente — Pensei que fosse mais profissional, já que era isso que tanto queria.

Ele sempre me relembrava isso, uma forma indireta de jogar meu erro do passado na cara.

— Até quando vai me tratar assim? — perguntei.
— Assim como? — ele me olhou.
— Como se eu não representasse nada além de um dueto. — estava a um passo de explodir.
— E representa? — retrucou ele se levantando e me encarando.
— Claro que sim. — tomei impulso e o beijei de surpresa.

O que eu estava fazendo? Não sei, mas estava revoltada com toda a indiferença dele, eu sentia que ele ainda gostava de mim, mas ficava me tratando como se eu fosse uma estranha. Os únicos momentos em que não estávamos sozinhos, eram quando Yuri insistia em assistir os ensaios, com ciúmes dele, ou quando Joseph e nos visitava para dar apoio. Até mesmo os membros do J4, em raros momentos de folga aparecia para desejar boa sorte para mim.

Juntando todo esse tempo, desde que esbarrei nele pela primeira vez, já se completava quase uma ano e seis meses, de muitos sentimentos confusos e misturados, não poderia deixar se arrastar mais, tinha que me decidir se de fato iria ou não me permitir gostar dele. A resposta foi aquele beijo, que demorou um pouco para acabar, acho que ele também desejava que acontecesse.

— Eu… — não sabia o que falar, o que iria falar, não iria pedir desculpas por ter beijado ele, ele também queria.
— Você… — ele se aproximou de mim e devolveu o beijo, ainda mais intenso que o que eu dei nele.
— Nós. — eu me afastei um pouco dele — Precisamos terminar essa gravação.
— Por que não passamos a noite aqui? — sugeriu ele com um olhar malicioso.
— O que?
— Ei, não me olhou como se eu tivesse sugerindo algo além de somente trabalhar, não existe duplo sentido nessa frase. — ele riu — Isso que dá conviver com muitos homens.
— Yah. — empurrei ele de leve — Eu me divirto com isso.

Com ou sem duplo sentido, seria complicado me concentrar no trabalho depois daqueles dois beijos, e eu já queria repetir a dose. Foram duas semanas de muito trabalho e ensaio, eu e já formávamos uma harmonia incrível, meus raps se encaixavam perfeitamente em suas partes vocais.

Finalmente tudo estava pronto, até mesmo o MV, em uma quinta-feira chuvosa a Moonlight disponibilizou nosso vídeo em seu canal no youtube, eu oficialmente estava estreando na indústria musical, em um dueto com , chamado SC, uma sigla para Second Chance. Era tudo que eu e ele buscamos, uma segunda chance para mostrar nosso talento ao mundo.

— Parabéns, você conseguiu debutar. — disse ele ao entrar na sala de ensaio.
— E você conseguiu mostrar quem você realmente era. — olhei para seu reflexo no espelho e sorri — Eu ouvi alguns comentários sobre seu pai ter gostado do nosso dueto.
— Sim. — ele sorriu dando alguns passos até mim — Formamos uma bela dupla.
— Bem mais do que isso. — eu me virei para ele — Formamos um belo casal, e não sou eu quem disse, mas nossos fãs.
— Só tem dois meses que estreamos e já estão nos considerando um casal? — ele se aproximou ainda mais, envolvendo seus braços na minha cintura — Estou gostando da ideia, será que sua esposa me concederia você?
— Não se preocupe, minha esposa não é ciumenta, basta você dar o número do telefone da Taeyeon para ele. — eu brinquei rindo.
— Bom saber.
— Você tem o telefone dela?
— Talvez. — ele sorriu e piscou de leve.

Era divertido a forma como reagia a minha amizade com , ele não tinha ciúmes e já tinha até se acostumado com a brincadeira de esposa e marido. Ficamos alguns minutos nos olhando, era diferente olhar para ele agora, se me dissessem que a pouco menos de dois anos atrás eu viveria tudo aqui e ainda terminaria nos braços de , eu jamais acreditaria.

— Obrigada. — disse ele.
— Pelo que?
— Por ter feito tudo o que fez, mesmo tendo me deixado… — ele riu — Te conhecer foi a melhor coisa que me aconteceu.
— Eu também acho, e digo isso como um amigo que ouviu seus desabafos por um ano. — eu ri um pouco.

Sua reação a minha brincadeira foi com um beijo, aquele era especial, doce, suave e cheio de chances para o futuro!



“Você faz vidro quebrado,
Se tornar estrelas,
O escolhido para me fazer brilhar,
Esse é você.”
- Mr. Mr. / Girls' Generation



The End!!!



Nota da autora: (13.02.2017)
Meu primeiro mixtape *-*, fiquem à vontade para deixarem seus coments, críticas e elogios sempre serão bem-vindos!!
Deixo também aqui o link das redes sociais, lá vocês poderão encontrar mais fics escritas por mim
e ficar por dentro de novidades e atualizações das fics aqui no Fanfic Obsession!!!
Bjinhos...
By: Pâms!!!!




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