G'G
“Se ainda não começou por estar com medo,
Então pare de reclamar! (GG)
Se hesitar, todas as oportunidades passarão por você,
Pois então abra seu coração e mostre-se!”
- The Boys / Girl's Generation
Mas um dia comum em Upper East Side, correria, hora do rush, compras, luxo, moda e um pouco de tédio social. Bem, não por muito tempo, no que depender de mim, apesar de Dan Humphrey ter simbolicamente matado nossa existência, Gossip Girl deixou de uma simples página de um blog que pode ser hackeado, para uma sociedade impenetrável agora e eu sou a herdeira de Manhattan. Para os íntimos, podem me chamar de G’G, estou aqui e pronta para acabar com seu tédio!
E começamos pelo reinado atual em Constance Billard School of Girls e em St. Jude’s School for Boys. Nossas realezas? Britany Collins e James Bale, o casal mais quente do momento. Andei revisando as mensagens de minhas informantes VIPs nessas últimas férias de verão e descobri para o próximo ano letivo a chegada de uma nova aluna de passado enigmático que promete acabar com a soberana Collins, será que Bale vai permitir isso?
E o nome dela? Sollary, uma desconhecida e misteriosa bolsista que logo no primeiro dia de aula fez amizade com a garota mais rica do Constance, a tímida e apagada Vidal. O que dizer dessa amizade, por interesse? Será que se tornará verdadeira? É o que vamos descobrir!
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém!
- Xoxo, G’G.
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1: Welcome Upper East Side
“New York,
Concrete jungle where dreams are made of,
There’s nothing you can’t do,
Now you’re in New York,
These streets will make you feel brand new,
Big lights will inspire you,
Let’s hear it for New York, New York, New York.”
– Empire State Of Mind / Jay Z (feat. Alicia Keys)
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— Senhorita . — Disse Alfred, ao se aproximar de minha cama.
— Estou acordada. — Eu até poderia rolar para o canto e cobrir minha face, mas resolvi me levantar, espreguiçando. — Não consegui dormir direito, estou ansiosa pelo ensino médio.
— A senhorita tanto esperou que acabou chegando. — Ele sorriu para mim e abriu as cortinas com cautela para meus olhos irem se acostumando com a claridade. — Animada para rever os amigos?
— Amigos? — Eu dei uma risada fraca ao me levantar. — Você sabe que não tenho amigos, não seria agora que teria.
— High School é mágica, tenho certeza que terá boas novidades este ano. — Ele permaneceu parado ao lado da porta me olhando com carinho, Alfred era o melhor mordomo do mundo, me tratava como uma filha mais ainda que meus pais.
— Torça por mim. — Eu sorri de leve e me dirigi para o banheiro.
Ainda não estava acostumada com aquela mansão ao norte de Upper East Side, mesmo minha mãe mantendo o mesmo estilo simples e clássico na arquitetura do lugar, e seus móveis assinados por grandes designers e arquitetos que pareciam valer mais que eu para ela. Sem dúvidas, preferia mais nosso apartamento em frente ao Central Park; não pela vista, mas porque dois andares acima do nosso, se localizava a cobertura onde Bellorum morava com seu primo e mais dois amigos, dentre eles, meu irmão mais velho Matt. Eu era apaixonada por ele desde o dia em que o vi na sétima série, mas é claro que ele, o vice capitão do time de lacrosse e aluno destaque da Jude’s, não olharia para uma garota tímida e desajeitada como eu.
Alfred preparou uma banheira de espumas para mim, nada como um banho relaxante para afastar minha ansiedade, certamente eu não teria nenhuma surpresa, continuaria sendo a herdeira milionária e solitária do Constance que ninguém se aproximava. Meu único desejo era ter uma amiga de verdade, não me preocupava com holofotes, não possuía o mesmo carisma que minha mãe, a socialite mais respeitada de Manhattan. Coloquei meu uniforme do Constance que me aguardava no closet, ajeitei minha bolsa no ombro direito e saí do quarto mexendo em meus cabelos; desci as escadas rapidamente, não teria tempo para o café e nem conseguiria tomar. Alfred me levou na Mercedes preta do papai, aquele carro conseguia chamar mais a atenção do que eu. Logo que desci do veículo me encolhi um pouco, os olhares vinham para minha direção, mas não eram para mim e sim para o carro. Me afastei mais que depressa e caminhei diretamente para a sala onde seria o primeiro horário, abri meu livro do Nicholas Sparks que comecei a ler no final das férias de verão e me concentrei em minha leitura.
Minutos depois o sinal tocou, olhei para frente e uma garota entrou na sala, seu rosto era desconhecido, certamente tinha se mudado para aquele ano letivo, seu uniforme não parecia ter sido feito sob medida, será que ela era bolsista?
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Início das aulas e a tímida perde sua chance de ser o centro dos olhares para o carro do seu querido pai, como sobreviver a isso? Vamos aguardar pelo melhor até o intervalo, pois o primeiro encontro das amigas tende a ser interessante.
- Xoxo, G’G.
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Era um mundo diferente do meu e uma oportunidade única de uma vida melhor, eu estava em uma nova jornada em que não teria mais segunda chance. Finalmente depois de dois anos de estudos extras diários e horas de leitura na biblioteca pública de NY, eu havia conseguido minha bolsa de estudos na desejada Constance Billard School of Girls. Assim que cheguei em frente ao edifício, analisei cada rosto de cada aluno, teria que reconhecer quem era a rainha do Constance de imediato. E lá estava ela, abraçada ao capitão do time de lacrosse da Jude’s, James Bale; eu já tinha lido sobre ele uma vez, porém, ela era um tanto reservada quanto às informações sobre sua vida, ruiva de olhos castanhos e estatura média, Britany Collins era meu alvo deste ano.
Tentei deixar meu olhar fixo nela por um momento, porém meus olhos se desviaram para um garoto que estava ao lado de James. Ele tinha estilo atraente para se vestir, olhar distraído e sorriso de canto meio bobo, imaginei que fosse o futuro capitão do time, já que James estava no último ano a passos da formatura. Naquele momento eu estava traçando minha meta, teria aquele ano para fixar minha presença e herdar a coroa; no final do ano, seria a rainha do Constance e entraria para a cobiçada elite de Upper East Side. Levantei minha face, ajeitei minha postura e comecei a dar meus passos rumo ao topo. Ao passar por eles percebi os olhares vindo para mim, confesso que meu modo de andar era como de uma modelo em ascensão. Demorei um pouco nos corredores, me sentia meio perdida, foi neste momento que ouvi uma aluna falando sobre a aula que eu teria no primeiro horário; eu a segui disfarçadamente até a sala onde seria, demorei um pouco para entrar, pois estava com minha atenção voltada para Britany e seu grupo de amigas, elas tinham o rosto que ressalta falsidade, será que este mundo era assim?
Respirei fundo e me concentrei. Era aquilo que eu queria, era aquele mundo que eu desejava pertencer, então era aquele mundo que eu pertenceria. Assim que entrei na sala voltei meu rosto para o fundo dela, meus olhos encontraram os de uma garota que estava com um livro de romance nas mãos, eu a reconhecia de alguma coluna social, mas não me lembrava de qual. Dei alguns passos até a carteira mais próxima e me sentei, tentei manter minha concentração na aula de álgebra, mas não conseguia parar de sentir algo estranho com relação à garota, eu queria muito saber de onde eu tinha visto ela.
Foi no momento em que a professora Charlie chamou seu nome, que a reconheci. Vidal, a filha caçula de um multimilionário dono da maior transportadora de NY e da maior e mais conceituada socialite de Manhattan, a garota mais rica e menos social da Constance, a amiga perfeita para mim.
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Eu passei todo o tempo me sentindo incomodada, aquela garota estranha não parava de me olhar, será que ela gostava de garotas? No intervalo me sentei no canto das escadas, todo o centro já havia sido tomado pela rainha e sua nobreza, me encolhi um pouco e fiquei perdida com meu olhar em .
— Vidal?! — disse uma voz feminina ao se aproximar de mim, parando ao meu lado.
— Hum? — Eu desviei meu olhar para o lado e era ela, a garota estranha. — Eu? — respondi sentindo um certo medo naquele momento.
— Seu nome é Vidal. — Disse ela em afirmação.
— Sim. — A olhei com receio.
— Posso me sentar ao seu lado? — Ela se sentou antes mesmo de eu responder.
— Fique à vontade.
Tentei permanecer em silêncio o tempo todo, porém ela sempre puxava assunto; parecia uma garota simpática e solitária como eu, ela era a primeira pessoa que se aproximava de mim em todos aqueles anos de estudos. E isso estava me deixando ainda mais animada e intrigada. Alfred tinha razão, aquele ano seria mágico e eu havia encontrado uma possível amiga. Seu nome? Sollary. Ao final da aula, eu a convidei para passar em minha casa; na escadaria do Constance aconteceu o momento mais imprevisível da minha vida, fomos paradas por ele, o dono dos meus olhares.
— Hello, girls. — Disse ele dando um sorriso de canto exercendo todo o seu charme.
— Hello. — deu um sorriso audacioso, enquanto eu me mantive paralisada sem saber como reagir àquele momento. Ela agia com naturalidade como se conhecesse ele de muito tempo. — Conhece minha amiga ? — Ela me olhou como se tivesse percebido meu estado de timidez ao extremo.
— Sim. Oi, . — Ele sorriu. — Bem, eu e meus amigos estamos organizando uma festa surpresa para os veteranos no final do mês e seria legal se fossem. — Ele fixou seu olhar ainda mais em .
— Aguarde, quem sabe nos encontra lá. — Ela deu um sorriso audacioso e segurando de leve em meu braço. — Vamos, .
Minhas pernas obedeceram a ela e a acompanharam, mas minha mente havia ficado paralisada, ainda mais nos olhares de para ela, seria bom demais se a aproximação dele fosse por minha causa, mas não. E nesse quesito, eu admito, tinha uma presença forte e sabia chamar atenção sem muito esforço.
Alfred chegou pontualmente na hora em que combinamos, quando chegamos em casa, vi os olhos de brilharem automaticamente. Para uma bolsista, certamente nunca havia entrado em uma mansão como a dos meus pais. Deixamos nossas coisas na sala de estudos e a levei para meu quarto, era engraçado ver ela admirada com tudo aquilo que para mim era normal.
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“Convidada para a festa dos veteranos e uma visita na mansão dos Vidal no mesmo dia. A novata em seu primeiro dia conseguiu marcar presença, será que a tímida vai conseguir acompanhar o ritmo da nova amiga?”
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém!
- Xoxo, G’G.
2: Friendship
“Não se prenda em uma forte aparência
Algumas vezes
Você pode mostrar o seu rosto suave
Que você tanto esconde.”
- Girls / Girls' Generation
- :
Eu estava admirada com a mansão onde ela morava, seria um sonho morar naquele lugar, mas manteria meus pés no chão e meu foco para o futuro. Fiquei para o jantar após a insistência da senhora Mary Vidal, porém saí logo após o jantar, insistiu para que Alfred me levasse em casa, mas consegui que ele me deixasse na Estação Central, não queria que descobrissem onde eu morava. Minha vida não era tão interessante assim, mas a partir daquele momento ela seria, era legal e eu estava decidida a ser a melhor amiga que ela poderia ter. Os dias se passaram e a cada intervalo entre as aulas, se aproximava mais de nós duas para puxar assunto. Eu já havia percebido que ele estava interessado em mim, mas comecei a cogitar a ideia de não dar esperanças, afinal os olhares de para ele confirmavam seus sentimentos reprimidos. Será que aquele seria meu primeiro sacrifício para minha conquista final?
— Não sei como ainda consigo entender álgebra, não vou usar isso no futuro. — fechei o caderno não querendo nem um pouco estudar mais — Não vou precisar disso para entrar em Yale ou na Parsons, meu curso é pura arte.
— Existem garotas que vão utilizar isso. — riu — Por exemplo a Claire, ela vai fazer engenharia.
Eu olhei para como se quisesse dizer: E eu com isso?
— Olá garotas. — se aproximou do sofá onde estávamos — Senti a falta da presença de vocês agora no intervalo.
— Estávamos estudando. — respondi levantando o caderno — Álgebra.
— Nossa, que tristeza. — ele sorriu de canto — Hoje vai ter treino de lacrosse, vocês podem ir?
— Ah. — eu olhei para , ela não conseguia dizer nada quando ele estava perto e isso me irritava às vezes — Claro que vamos.
— Legal. — ele sorriu satisfeito pela minha resposta, então olhou para — Está tudo bem com você?
— Hum. — ela assentiu de leve com a face dando um sorriso tímido.
No fundo, eu sabia que estava nervosa pela aproximação dele.
— Ok. — ele sorriu de canto — Vejo vocês no treino.
Antes de sair, ele piscou de leve para mim e eu agi naturalmente, ainda estava em dúvida se investia no herdeiro dos Cassinos Royal, ou não. Olhei para e vi uma certa tristeza vindo dela, respirei fundo, se eu quisesse ser a Rainha do Constance eu precisava de uma amiga a minha altura e teria que ajudar no seu upgrade social. Fomos ao treino como prometido e a cada gol marcado por , ele sorria para nossa direção, foi divertido ver o treino dos meninos e mais divertido ainda os comentários de todos por estarmos lá. Me afastei um pouco de que estava toda encolhida sentada na arquibancada olhando para a direção das líderes de torcida, e caminhei em direção aos membros do time.
Ignorei de início alguns olhares disfarçados de James Bale para mim e tranquilamente me posicionei ao lado de que estava sentado com a toalha cobrindo sua cabeça.
— Se jogar como jogou hoje até o final do ano, com certeza será o novo capitão do time de lacrosse da Jude’s. — comentei sentando ao lado dele.
— Você acha? — ele retirou a toalha da cabeça e me olhou com serenidade.
— Sim, se é isso que você quer, está indo bem. — confirmei minha opinião — Tenho certeza que será o melhor.
— Não diga isso alto, James tem um orgulho enorme. — ele riu de leve e desviou seu olhar para a grama a nossa frente — Mas quanto ao que eu quero, existe algumas coisas na lista e uma delas estou em dúvida se vou realmente conseguir.
— E qual seria essa conquista improvável? — perguntei curiosa.
— Você não imagina? — ele desviou seu olhar para mim, estava suave.
— Talvez eu não queira imaginar. — eu ri de leve e por um instante meu olhar se desviou dele para que já estava conversando com Matt — Mas, todos temos algo para conquistar.
— E o que você quer conquistar? — desta vez seu olhar estava curioso.
— Algo bem provável. — eu sorri imaginando a coroa de Queen Collins na minha cabeça.
— Vocês dois vão ficar aqui? — perguntou James ao se aproximar de nós — Estamos combinando de ir para casa da Judy. Os pais dela estão de férias em Bahamas, casa liberada com festa na piscina.
— Hoje foi somente um jogo treino e teremos festas? — perguntei ainda desacreditada daquele pequeno motivo para uma festa me levantando.
— E desde quando os reis devem ter um motivo para dar festas. — Queen Collins se colocou ao lado de James com um olhar superior para mim, segurando suave no braço dele — Apesar de ser para poucas pessoas, somente a elite.
Senti aquelas palavras como uma indireta para mim, ela não gostava mesmo de mim e fazia questão de demonstrar com seus olhares, minha salvação foi a aproximação de Matt e .
— Majestades, se não querem perder a festa, melhor irem agora. — brincou Matt desviando seu olhar deles para mim.
— Já estávamos indo. — respondeu Queen Collins.
— E você não vem? — James o perguntou — Acho que nosso amigo aqui está meio desanimado também, não queria ficar em desvantagem na festa. — brincou ele desviando seu olhar para Collins.
— Espero que a indireta não seja para mim. — ela riu do namorado.
— Preciso levar estas garotas para casa. — explicou Matt mantendo seu olhar em mim.
— Não seja por isso. — se levantou da cadeira — Eu levo elas.
— Tem certeza? — Matt o olhou.
— Não precisam se preocupar conosco. — eu me aproximei de e segurei de leve no braço dela — Não somos indefesas.
— Eu levo vocês. — sorriu de canto e pegando sua mochila retirou a chaves do seu carro do bolso.
— Já que insiste. — eu sorri e olhei para minha amiga, seria mais uma oportunidade para ela ficar perto dele.
No final do mês eu e combinamos de nos arrumar juntas para a festa dos veteranos, que estava rolando na casa dos pais da Queen Collins, foi divertido ver aqueles jovens se divertindo na pista de dança, a elite colegial de Upper East Side em uma festa privada. Eu estava mais feliz por do que por mim, aquela era sua primeira festa da alta sociedade sem seus pais e com seu nome no topo da lista, uma realização e tanta da minha parte. No ápice da festa, me pediu para ajudar a procurar seu irmão para nos levar de volta, eu iria dormir na casa dela pela primeira vez naquela noite. Combinamos dela ficar procurando nos quartos do segundo andar e eu no primeiro andar, após entrar na cozinha e não o encontrar, entrei em uma pequena porta à direita da janela e desci as escadas do porão. E como a sorte sempre sorri para mim, atirei no que vi e acertei no que não vi, comecei a ouvir algumas vozes vindas do fundo bem ao fundo do lugar, andei cautelosamente e sem silêncio me escondendo atrás de um grande armário de madeira maciça, lá estava ela, Queen Collins em posições quentes com Village, o sedutor primo de .
Aquela era uma cena e tanta, eu não perderia a oportunidade de aproveitar, já estava com meu celular em mãos.
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“Flagrada por , a Queen Collins está em maus lençóis, será que encontramos nossa nova majestade?”
- Xoxo, G’G
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Eu e estávamos no grupo da nobreza, eu ainda não acreditava em tudo aquilo, depois da festa dos veteranos, começamos a nos sentar no centro da escadaria juntamente com Britany e suas amigas. Ainda era um tanto inacreditável para mim, estar entre as mais populares do Constance e ter meu nome mencionado no blog da G’G, não sabia como tinha se tornado a aprendiz da Queen Collins, mas estava curtindo cada momento.
— Acho que por hoje está tudo finalizado. — fechou o livro de literatura — Se eu ler mais alguma coisa sobre Shakespeare vou acabar tendo pesadelos com Romeu e Julieta.
Ela fez uma careta.
— Romeu e Julieta é um clássico da literatura.
— Me desculpa, mas não tenho paciência para esse tipo de romance, . — ela me olhou com uma cara de nojo que me fez rir — Se fosse para escolher, seria Sonhos de uma noite de verão.
— Ok, vou respeitar sua preferência pela era Vitoriana.
— Dorian Gray agradece. — ela piscou de leve sorrindo.
— Hum, não sabia que tínhamos visitas em casa. — Matt entrou de repente na sala de estudos.
— Essa deixou de ser sua casa há tempos Matt. — eu ri brincando com ele.
— Ha..ha.. O que estavam fazendo? — perguntou ele, se sentando ao lado de .
— Estávamos garantindo nossa ficha acadêmica. — respondi.
— Em outras palavras, estudando. — o olhou — E você?
— Eu estava no treino com o time. — ele se virou para — E o não parava de falar sobre você, acho que tem alguém interessado.
— Não sei se ele faz meu estilo, e existe outra pessoa mais adequada para ele — olhou para mim de relance como se quisesse dizer que eu era essa pessoa e depois desviou seu olhar para o livro e suspirou fraco — Acho que tenho que ir agora.
— Não. — eu disse fazendo cara de triste — Dormi aqui hoje, temos que adiantar nosso artigo para a semana literária.
— Semana literária? — respirou fundo se jogando no ombro de Matt, que ria de nós duas.
Os meses já haviam se passado, consegui que participasse da ceia do Dia de Ação de Graças que minha mãe promoveu, todos do nosso grupo de amizades foi, inclusive .
— Sua mãe sabe como dar festas, . — comentou Queen Collins no meio de todos os jovens da elite convidados.
— Ela tem muita experiência nisso. — eu me encolhi um pouco.
— , para com isso. — me puxou para o canto do jardim — Relaxa e se solta um pouco, esta é sua casa, tente não deixar essa sua timidez atrapalhar sua vida.
— Não consigo, , sou um desastre. — eu a olhei meio triste.
— Não, você só precisa deixar seu lado gentil e simpático aparecer, tenho certeza que todos vão gostar, somos populares agora. — ela sorriu.
— Obrigada amiga. — eu a abracei — Você é a melhor amiga do mundo.
— Eu sei. — ela piscou de leve para mim.
— Desculpe atrapalhar o romance de vocês garotas. — se aproximou de nós com um sorriso, que me deixou paralisada como sempre — Mas posso pegar a emprestada?
— Claro. — eu assenti meio frustrada.
Apesar de ver conversando com quase toda a noite, foi divertido nossa ver a casa cheia de pessoas estilosas, finalmente as pessoas sabiam meu nome e quem eu era, eu havia sido notada por todos naquela noite, exceto por quem eu queria.
— Está olhando demais e agindo de menos. — disse Queen Collins sinuosamente ao se aproximar de mim.
— Do que está falando? — eu olhei sem entender.
— Do seu olhar fixo em e , pessoas como eu observam isso. — explicou ela.
— Ah, acho que está enganado, não estava olhando para eles. — eu me virei de costas para onde eles estavam — Estava observando todos ao meu redor.
— Seu olhar tímido não me convence. — retrucou ela — Vai deixar ele para sua amiga, se é que ela é realmente sua amiga?
— Collins, a escolha não é minha e esta sua pergunta é um tanto íntima. — olhei para o lado — é minha melhor amiga e já me disse que não quer nada com ele.
— Não é o que eu acho. — ela riu um pouco — Você não conhece sua amiga e acho que não deveria deixar que ambos fiquem tão próximos.
— Garotas, porque estão aqui no canto com uma festa tão deslumbrante. — perguntou ao se aproximar de nós.
— Estávamos conversando. — Britany o olhou com certa malícia — Coisas de garotas.
— Falavam sobre garotos então. — ele riu brincando.
— Presunçoso você. — retrucou ela.
— Só disse a verdade.
— Eu vou... — não precisava de desculpas para me distanciar deles, para eles parecia que eu não estava lá mesmo.
Passei todo o inverno longe da minha melhor amiga, ela havia viajado para algum lugar que não lembro o nome, era estranho, mas até aquele momento eu não sabia de nada sobre a vida de . Sua amizade era o bastante, mas às vezes me pegava pensando como seria a família dela, trocamos mensagens no natal e ela disse que assim que as aulas retornassem, ela seria a nova Queen do Constance. Minha curiosidade sobre como se tornaria a nova Queen se estendeu por todo o recesso escolar, afinal Britany ainda estava no poder e só sairia de lá após a formatura, que seria duas semanas antes das férias de verão, ou enlouqueceu ou se esqueceu deste detalhe, ou planejava alguma coisa.
— Senhorita?! — disse Alfred ao aparecer na porta do meu quarto.
— Sim?! — eu o olhei.
— Carta da senhorita . — Ah. — dei um pulo da cama deixando meu livro escrivaninha e peguei a carta — Estava esperando por isso, aquela ingrata me abandonou no natal e ainda nem tem um celular para dar sinal de vida.
— Talvez esteja com a família. — disse ele me olhando.
— Hum. — eu abri a carta demonstrando cansaço — Odeio quando aparentemente está certo.
Sim, ela tinha uma família, eu acho, todos temos famílias, mas queria que ela estivesse aqui, minha melhor amiga estava se tornando minha irmã, a irmã que sempre quis ter.
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“As amigas estão mais unidas do que nunca, e , será que a história vai se repetir assim como as divas B e S? E o que dizer desse Dia de Ações de Graça na casa da família Vidal. já demonstrou seu interesse por . Ansiosos pelo fim do inverno? Não se preocupem, as coisas só tendem a esquentar! ”
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém!
- Xoxo, G’G.
3: Falling
“With the taste of your lips I'm on a ride
You're toxic, I'm slippin' under (toxic!)
With the taste of your poison, I'm in paradise
I'm addicted to you
Don't you know that you're toxic?”
- Toxic / Britney Spears
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A pausa para as comemorações do final do ano havia acabado, estava feliz por isso, o natal não era meu feriado favorito do ano. Nada como voltar a minha rotina diária de luxo e glamour no Constance, para me motivar ainda mais. Entretanto, havia uma pedra no meu caminho, Queen Collins. Eu estava obstinada a tirá-la do jogo e tomar posse do tabuleiro de xadrez, e esta modesta festa de aniversário de Bale seria meu xeque-mate.
Primeiro fim de semana após a volta às aulas, estava na casa de . Nos arrumando juntas para festa, seria uma quase festa de despedida já que Bale estava de malas prontas para a Universidade de Oxford.
— Estou ansiosa por esta noite. — disse , colocando seu vestido no corpo — Nossa primeira festa após o recesso.
— Vejo que está mais animada do que eu. — eu sorri de canto de forma debochada.
Minha adorada nem esperava o que rolaria naquela festa.
— Um pouco, passei todo inverno na casa de campo dos meus avós. — ela parou ao meu lado para se olhar no espelho — E você, como passou o inverno?
— Eu? — fiquei um pouco surpresa pela pergunta e sem saber como responder, eu não havia passado o final do ano em um lugar legal como ela — Tenho certeza que não me diverti tanto como você.
— Eu não acho que divertir seja a palavra adequada quando se trata dos meus avós. — ela riu terminando de retocar o batom — Então, como estamos amiga?
— Tenho certeza que hoje à noite promete. — eu olhei para o reflexo dela — Você ficou mais linda com essa maquiagem, quanto mais suave, mais sua beleza é aflorada.
— Sim. — ela sorriu com os olhos brilhando — Me sinto mais animada ainda.
— Isso é bom, quem sabe essa noite perde de vez sua timidez. — eu retoquei meu rímel e sorri para o espelho, aquela seria a noite da minha ascensão — E conquista seu príncipe encantado.
Ela tossiu de leve, pelo nervosismo, me fazendo rir de imediato. Nós descemos juntas as escadas de sua casa, para esperar os cavalheiros. Minutos depois Matt chegou acompanhado por em seu Porsche branco, pontualmente na hora combinada para nos buscar. trajava uma roupa um pouco despojada, mas não desvalorizada, percebi alguns olhares espontâneos e automáticos dele para . Certamente impressionado com a transformação da garota tímida em uma mulher notável. Mas claro, com uma fada madrinha como eu, não esperava menos. Meu plano de transformar minha amiga em uma dream princess popular e sociável estava em andamento, ainda mais com aquele look singelo que o vestido tubinho amarelo deixava nela, com suas belas pernas a mostra. Eu havia colocado um vestido que valorizava o decote, que a senhora Mary tinha me dado de presente no natal, era o primeiro vestido de grife que eu usava. Primeiro de muitos.
Logo que chegamos ao apartamento de Bale, o lugar já se encontrava bem movimentado pela elite colegial convidada, um DJ para animar a festa e todos na pista de dança.
— Oh, você está aqui. — disse ao entrar na cozinha, depois de um longo tempo na pista de dança, e ver Matt sentado na banqueta em frente a bancada de refeições.
— É, um pouco escondido. — ele deu um sorriso fraco — Não estou animado para festas hoje, mas se não viesse, Bale me mataria.
— O que houve? — caminhei até ele meio devagar — Brigou com a namorada?
— Ha... Ha... — ele me olhou — Se eu tivesse, mas...
— Mas? — me sentei ao seu lado com um olhar insistente.
— Não é nada relacionado a mulheres. — ele riu de leve — É algo familiar.
— Quando diz familiar? — estava meio receosa.
— . — ele suspirou fraco — Vocês são amigas...
— Melhores amigas. — corrigi ele.
— Sim. — ele concordou em risos, mas depois ficou sério — Devo me preocupar com minha irmã e esse triângulo entre vocês três?
— Eu poderia até fingir que não sei do que está falando. — sibilei um pouco movendo meu olhar para o lado — Mas, só posso te confirmar que não existe triângulo.
— Todo mundo sabe que gosta do , desde a quinta série, ele se faz de desentendido por minha causa, eu acho. — ele suspirou fraco — Minha irmã já está grandinha demais pra eu proibir algum garoto de chegar perto dela, mais agora temos você...
— Eu?! — eu sorri tranquilamente — Não tem eu… é meu amigo, só isso que sentimos um pelo outro, amizade.
— Fale por você. — retrucou ele — Mesmo não sendo o irmão do ano, não quero ver sofrendo em meio a um triângulo maluco e perder um amigo ao mesmo tempo.
— Acredite, estou falando por todos. — eu me levantei respirando fundo — nunca esteve em minha lista de possibilidades, além do mais, desde que conheci percebi a paixonite que ela tem por ele.
— Devo mesmo acreditar? — ele me olhou desconfiado.
— Claro. — eu me aproximei um pouco mais dele com um sorriso malicioso no canto e o beijei de surpresa, intenso e doce, o fazendo retribuir com facilidade — Tenho certeza que hoje os olhares do nosso amigo irão mudar de direção.
Dando um passo para trás, voltei meu olhar discretamente para a geladeira, vendo pelo reflexo nela a sombra de se afastando. Uma piscada para ele, que o deixou sem reação, saí segura de minhas palavras da cozinha e voltei para a agitação. Me encostei de leve na parede ao lado de uma das pilastras de ornamentação e fiquei observando um pouco as pessoas que se divertiam na pista de dança improvisada no meio da sala. Não conseguia desviar meu olhar que permanecia fixo em uma pessoa, a futura ex rainha Collins.
— Olha a garota mais sexy da festa. — disse ao se aproximar de mim com um copo de whisky Bourbon na mão direita.
— Descarto suas investidas baratas . — eu o olhei séria — Você já sabe que não tem chances comigo.
— É somente um elogio, se não sabe diferenciar. — ele colocou a mão esquerda em minha cintura e aproximou seu corpo do meu — Já que você está de joguinhos com o meus amigos, bem que poderia fazer comigo também.
— Deixa de ser desagradável , não estou de joguinhos com ninguém e nem que você fosse o último homem da terra ficaria com você.
— Eu sei o que você quer. — ele aproximou seus lábios do meu ouvido.
— O que eu quero?
— Ser a nova queen. — sussurrou ele.
— Algum problema aqui? — disse ao se aproximar de nós.
— Não. — eu me afastei de e segurei na mão de — Pelo contrário, você foi a solução.
Eu o puxei comigo pelo apartamento até chegarmos na varanda que ficava ao lado da cozinha, estava sério. Certamente pensando se eu também algo com seu primo, não por sua fama com as garotas, mas porque ele havia me visto com o Matt na cozinha. O Bellorum se encostou no beiral e ficou olhando para a rua, eu me aproximei com suavidade e me coloquei ao seu lado.
— Acho que teremos que acertar as coisas entre nós. — eu engoli seco, ainda estava pensando o que eu iria falar com ele.
Por mais que tivesse dado toda a certeza para Matt, ainda me sentia indecisa com relação as minhas próximas jogadas. Estava improvisando naquela hora.
— Do que está falando?
— De todas as vezes que tentou me beijar e que me convidou para sair.
— Vai me dar um fora definitivo? — ele me olhou sério, havia frustração naquele olhar.
— . — respirei fundo — Não acho que eu seja a garota ideal para você, não sinto o mesmo.
— Não estou na sua lista de possibilidades? — ele desviou o olhar para o teto, sua voz estava amarga.
— Então você ouviu. — eu respirei fundo, sabia que ele tinha ouvido.
— Em alto e bom som. — respondeu ele, voltando o olhar para mim.
— Agora está ouvindo minhas conversas? — coloquei a mão na cintura, demonstrando certa indignação.
— Não foi proposital, estava indo pegar mais uma garrafa de Gin… Mas isso não vem ao caso.
— O que não vem ao caso é… — antes mesmo de terminar a frase, ele me beijou com intensidade envolvendo seus braços em minha cintura, pega de surpresa eu retribui no início, mas voltei ao meu foco inicial e o afastei rapidamente de mim — O que você fez?
— O que eu queria desde o minuto que te vi. — respondeu ele.
— . — sussurrei ao desviar meu olhar para o vidro que estava atrás dele e ver o reflexo de na porta — Eu não sou a garota ideal para você, me desculpa.
Eu tinha que ir atrás da minha amiga que saiu correndo, senão o meu plano iria pelo ralo abaixo. Não deveria ter deixado ele me beijar daquela forma, estava desnorteada demais em minhas decisões, mas tinha que desfazer todo o mal entendido, então procurei por ela até que a encontrei no banheiro do quarto de Bale, estava chorando.
— . — disse ao entrar.
— Sai daqui, quero ficar sozinha. — ela estava sentada no vaso com um lencinho nas mãos.
— O que você viu. — eu fechei a porta — Não vai mais se repetir.
— Não me deve explicações. — ela me olhou — Eu já sabia que um dia aconteceria, os olhares dele para você, eu jamais teria chances, não posso competir com alguém como você, .
— E não vai, porque eu jamais cogitei a ideia de ter algo com ele. — eu segurei suas mãos e sorri para ela — , você é linda e delicada, é a garota ideal para ele, tenho certeza que até o final desta festa vai perceber isso, nem que para isso eu tenha que colocar em um outdoor.
— . — ela me abraçou forte.
— . — eu retribui o abraço, no fundo, estava mesmo fazendo o certo.
— Obrigada! — sussurrou ela.
— Somos amigas. — sussurrei de volta — Melhores amiga.
Estava tudo acertado entre eu e . Tinha minha amiga de volta, feliz e pronta para conquistar o garoto que ela gostava há tempos. Então quando chegamos na sala senti que era a hora da minha jogada, eu estava na lista de possíveis sucessoras de Britany, mas não iria arriscar perder a coroa, entraria com classe para este reinado e todos os olhares seria somente para mim.
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“Diante de um gesto nobre para uma amiga, será que realmente tem as intenções corretas para deixar o caminho livre para ? Estou curiosa para saber o que acontecerá no final desta noite. E a festa está começando a ser incendiada pela novata misteriosa.”
- Xoxo, G’G
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Eu estava mais confiante depois das palavras de , eu confiava nela. Enquanto foi para pista de dança acompanhada por Matt, eu me sentei no sofá olhando todos. Ainda tinha aquele meu lado tímida que não me deixava ser extrovertida como minha amiga, eu a invejei um pouco, ela dançava tão divinamente. Foi quando se sentou ao meu lado, jogando seu corpo para trás apoiando sua cabeça nas costas do sofá e fechou os olhos.
— Noite tediosa? — perguntei, não acreditava que estava tomando a iniciativa, mas sim estava e se eu queria conquistar ele, teria que lutar contra minha timidez agora.
— Um pouco. — ele respirou fundo.
— Talvez você não tenha encontrado a companhia certa para esta noite.
— Sim, tenho olhando para a garota errada talvez. — abriu os olhos e me olhou — Você gosta de dançar?
— Para dizer a verdade, eu não sei dançar. — eu ri de leve me encolhendo.
— Hum, posso te ensinar então. — ele se levantou do sofá e estendeu a mão.
— Ah, não, acho melhor não passar esta vergonha comigo. — eu me encolhi um pouco.
— Podemos ficar em um cantinho, assim ninguém nos verá. — ele sorriu de canto e pegou minha mão me puxando.
Fomos para o canto da sala perto da janela e ele começou a dar alguns passos me pedindo para acompanhar, em um certo momento ficamos nos olhando, um frio passou pela minha barriga. Lutei arduamente contra minha timidez, respirando fundo a cada sorriso dele. Desviei meu olhar por um momento em direção à mesa do Dj e vi entregando um cd para o homem. Será que era alguma música especial para Bale? Eu havia visto uma vez, de muitos sorrisos e conversas com Bale, no Brunch que o hotel Village ofereceu há alguns dias, Queen Collins não tinha comparecido naquele evento, estava hospitalizada por intoxicação alimentar. Eu sabia que queria ser a rainha do Constance, mas temia que com isso ela conquistasse inimigos também. pegou minha mão, me fazendo voltar minha atenção para ele, senti meu corpo se arrepiar na mesma hora em que ele foi se aproximando lentamente. Minhas pernas bambearam um pouco. Senti sua mão em minha cintura e logo fechei meus olhos, aquele momento era o que eu mais esperava na vida. Logo seus lábios tocaram os meus, acelerando o meu coração.
Minutos depois, a música parou e Bale pegando na mão de Britany levando-a para o centro da pista, ele começou a fazer um discurso apaixonado, dizendo que finalmente ambos seriam felizes juntos. Neste momento, um vídeo começou a ser projetado na parede atrás deles, as fotos de ambos juntos invadiram a tela, porém a sexta foto fez todos ficarem chocados com o que viam. A imagem se tratava de Britany e Carl Fox, um amigo de infância de Bale, se pegando no vestiário masculino. James Bale permaneceu paralisado por um tempo e voltando a si, se lançou contra Carl, socando sua cara. Eu me encolhi no susto, se afastou de mim e juntamente com Matt se uniram para afastar a fúria Bale de Carl, afinal poderia acontecer uma tragédia se eles não intervissem. Virei minha atenção para e vi um olhar concentrado vindo dela, como se estivesse apreciando toda aquela cena, agora eu entendia porque ela havia entregado o cd para o DJ.
— Me solta. — gritou Bale em fúria tentando jogar seu corpo contra Carl — Eu vou acabar com você, éramos amigos.
— Calma James. — disse Matt ainda o segurando — Você está muito alterado, pode fazer uma loucura.
— Loucura, eu vou acabar com esse desgraçado.
— Não vale a pena. — disse .
— Vai acabar comigo? — Carl se levantou do chão com um sorriso sínico no rosto, sua boca sangrava um pouco — A culpa não é minha pela namorada que tem.
— Seu filho da… — James se soltou por alguns instantes e socou ele novamente.
Matt e o seguraram novamente e o arrastaram para o quarto, Carl se levantou do chão e saiu rindo do apartamento, enquanto todos cochichavam entre si olhando para Britany. Ela ainda permanecia em estado de choque, com seus olhos cheios de lágrimas e sendo amparadas por suas amigas. Me afastei um pouco e fui em direção ao quarto, bati na porta alguma vezes, precisava saber se estava tudo bem.
— , o que faz aqui? — perguntou ao sair e fechar a porta.
— Eu precisava saber se estava tudo bem, se James se acalmou. — respondi meio receosa.
— Ainda não, mas Matt está conversando com ele. — explicou se encostando na parede — A fúria reina ali dentro, enfim, não vamos deixar ele fazer nada que o prejudique.
— Que bom que ele tem vocês dois. — eu me encolhi um pouco — Fiquei assustada com aquelas fotos, a Britany parecia tão apaixonada por ele, nunca imaginei que pudesse fazer isso.
— Quem vê cara, não vê coração. — disse ele espontaneamente rindo um pouco — Mas de uma vez, eu vi e ela conversando de forma íntima, fiquei intrigado com aquilo.
— Você acha que os dois tiveram???
— Não sei. — ele suspirou fraco — Mas não vou dizer isso ao Bale, é meu primo e não quero piorar a noite.
— Entendo. — respirei fundo e desviei meu olhar para o lado — James viaja amanhã para a universidade, fico triste que seja nesse clima.
— Olhando pelo lado positivo, ele vai se afastar daqui e quem sabe esquecer tudo isso.
— Esquecer acho difícil. — eu olhei de relance para trás — Eu vou voltar, preciso saber se está tudo bem lá na sala.
Aos poucos que fui me aproximando da sala, o som das vozes iam surgindo e logo reconheci uma das vozes.
— Queen Collins. — disse em voz alta chamando a atenção de todos — Bem, me parece que seu reinado foi construído em cima de traições e mentiras.
— Foi você, sua cobra. — ela gritou a olhando com raiva.
— Eu? — a olhou com certo deboche — Desculpa, mas não foi eu quem traiu o namorado.
— Não pode acusar os outros sem provas. — eu me aproximei de , olhando sério para Britany.
— Foi ela. — Britany olhou para todos ao seu redor segurando os risos e entre mais cochichos — Todos vocês irão ver quem é a verdadeira . — ela se virou ainda amparada por suas amigas.
— Ah, Collins. — a chamou e assim que ela olhou, retirou da bolsa de mão um envelope branco — Você fala tanto em verdades, aqui está mais uma na sua vida, o teste de gravidez que caiu da sua bolsa hoje mais cedo, agora só falta descobrir quem é o pai.
Todos fizeram o som de espanto, inclusive eu, jogou o envelope no chão e passou por Britany indo em direção à saída, eu não ficaria mais ali com aquele clima forte então segui . Quando cheguei do lado de fora, ela já estava pegando o elevador, corri e entrei. Por mais que devesse, não ficaria em silêncio naquele momento, não era a primeira vez que demonstrava que queria a ruína de Britany.
— Foi você não foi? — perguntei de forma séria.
— Esta pergunta foi pelo que ouviu?
— Não. — eu me virei para ela e apertando o botão, parei o elevador — Eu vi você entregando o cd para o DJ, e não é a primeira vez que você lança um segredo da Britany no meio de todos, diga a verdade para mim pelo menos.
Ela permaneceu em silêncio me olhando, seu silêncio continha verdades.
— Já entendi, quem cala consente.
— , me desculpe, mas a vadia da situação não sou eu, se ela ficava se esfregando com outros pelos cantos tendo um namorado, a culpa não é minha.
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“Presas no elevador com clima de tensão, será que as estruturas da amizade de e foram abaladas, ou vai entender os motivos da amiga? Este ano está realmente animado com a chegada de alunos novos, em especial a misteriosa , que em poucos meses gravou seu nome na lista vip e seu rosto na memória de todos. Será que é a confirmação de uma nova Queen em Upper East Side? Isso é o que vamos descobrir!”
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém!
- Xoxo, G’G.
4: Rise
“Girls’ Generation
Vamos dançar
Acerte a batida e leve ela a uma linha rápida.”
- Dancing Queen / Girls’ Generation
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Eu confiava em e não iria mais julgar ela por ter revelado o segredo de Britany para todos, a forma como fez não foi certa, mas a errada da história era a própria Britany. A semana de provas estava se aproximando e com a saída de Britany do Constance para o Texas, o colégio não tinha mais uma representante das alunas, ou pelo menos era o que as amigas de Britany achavam. Foi quando se ofereceu para a diretora Queller para ocupar o cargo que era da Britany, não foi difícil convencer, pois era uma aluna muito elogiada pelos professores e suas notas eram as melhores junto comigo.
Enfim, com essa conquista da minha amiga, eu não iria mais descansar, afinal seria a vice representante e comandaria toda a elite colegial junto com ela. Logo após o final da aula, a diretora Queller nos chamou até sua sala, ela estava preocupada com o rendimento das alunas sobre a pressão das provas, seria a responsável por animar todas e não deixar que ninguém desviasse o foco. Seria um pouco complicado ganhar a simpatia de todos que um dia gostaram da Queen Collins, mas estava disposta a conquistá-los.
— Festa do pijama? — eu perguntei meio confusa.
— Sim, tenho que encontrar uma forma de ganhar a simpatia de todos para fixar a coroa na cabeça, estou me sentindo uma regente prestes a perder tudo em um piscar de olhos.
— , você é a melhor para estar à frente representando todas as alunas, tenho certeza que jamais teríamos uma rainha melhor, até mesmo a G’G já te nomeou a Future Mistery Queen.
— Por isso mesmo, toda rainha tem seu baile de coroação e nada como uma festa do pijama para acabar com todas as minhas inseguranças, e também as garotas ficarão mais relaxadas para as últimas provas sem saírem do foco.
— Legal. — eu a olhei surpresa — Só fiquei chocada com a parte do você insegura.
— Não se preocupe, já passou, só durou cinco segundos. — ela riu de leve.
— Que bom que te deixaram dormi aqui hoje.
— Ah, sim. — ela fechou o caderno e colocou na mesa de centro — Às vezes tirar um A+ tem suas vantagens.
— Sim.
Eu fechei meu livro de leve e ri baixo, ainda não tinha me acostumado com as histórias que ela tinha me contado sobre sua família ter morrido e morar em um orfanato. Pelo menos estava mais aliviada em saber que seu pedido de emancipação estava em andamento e ela poderia ter a maioridade antecipada. Eu queria fazer uma surpresa para ela e convidá-la a morar com minha família, eu já considerava ela como irmã e meus pais haviam gostado da minha ideia. Meus pais e principalmente o Matt.
No dia seguinte na hora do intervalo, me pediu para pegar o nome de todas as alunas do último ano para fazer os convites. Fui à secretaria tranquilamente na hora do intervalo e peguei a lista com a secretária da diretora Queller, ao passar pelo corredor vi de relance pela janela ela conversando com . Senti um pouco de insegurança, mas confiava em minha amiga, respirei fundo e minutos antes de me afastar da janela, me viu.
Eu não iria fazer cena. Não tinha nenhum relacionamento com e sabia que ele não deixaria de se sentir atraído por ela assim tão rapidamente. Voltei ao meu foco e parei em frente a uma sala do primeiro ano, as meninas que estavam dentro me olharam surpresas e curiosas, elas já sabiam que eu era a vice representante e como a G’G me nomeava, a Dream Princess do Constance.
Eu olhei para as garotas e entrei na sala, naquele momento cheguei a me sentir tão superior, que me chocou internamente. Será que era assim que se sentia? Segurei o riso e caminhei até a carteira no fundo da sala, onde uma menina estava escrevendo em seu caderno.
— Você que é a garota do lettering? — perguntei.
— Sim. — ela me olhou meio tímida — O que eu fiz?
— Vai fazer. — entreguei a lista para ela — Preciso que faça convites para uma festa do pijama que acontecerá na sexta à noite, as convidadas estão nesta lista e a festa será em minha casa.
— Ah, claro. — ela pegou a lista e anotou o que eu tinha dito.
— Se fizer tudo direito, talvez eu a convide também. — eu me virei e saí em direção a porta da sala.
Quando cheguei na escadaria encontrei com algumas meninas que com muitos sorrisos me cumprimentaram. Eu ainda não estava acostumada a ser reconhecida e ter a atenção das pessoas mesmo longe de , mas achava aquilo muito legal e engraçado às vezes. Ao me virar trombei com uma pessoa.
— Me desculpe. — disse o garoto, a voz era de .
— Oh, você. — eu o olhei meio retraída e surpresa — O que faz aqui? Não deveria estar na aula?
— Sim, estamos tendo um treino agora e eu não estou inspirado hoje.
— Hum. — eu segurei o riso ainda desacreditada das palavras dele — E resolveu se inspirar no Constance?
— Não, resolvi me inspirar em você.
— O que? — eu o olhei mais surpresa ainda.
— Nos vemos hoje à noite? — ele sorriu de leve.
— Você está me convidando para um…
— Te pego às sete. — ele se aproximou de mim para me dar um beijo.
— Hum. — disse uma voz feminina ao lado estragando o clima — Me desculpe, mas a realeza deve dar bom exemplo.
— Oi . — ele se virou para ela — Você tem prazer em fazer isso comigo?
— Eu não fiz nada. — ela sorriu cinicamente — Mas, estará linda pontualmente às sete, porém agora temos aula de arte moderna.
— Verdade. — eu ri de leve.
Ela pegou em meu braço me arrastando com ela.
piscou de leve para mim e se virou em direção à saída. Eu estava com receio da professora nos repreender pelo atraso, mas sempre tinha inúmeras explicações de boa aluna e representante na sua mente brilhante, que nos deixava entrar a hora que quiséssemos na sala. Logo no final da aula, minha mãe me ligou e eu contei sobre a festa do pijama, nem terminei de falar e ela já começou a planejar a festa por nós, coloquei o celular no viva voz, e eu passamos o caminho rindo com as loucuras da mamãe, e antes de irmos para casa, passamos no ateliê de moda da minha madrinha Louise Fabri.
— Oh, meninas. — ela nos abraçou com alegria — Estou feliz por terem vindo, sua mãe me disse que estão planejando uma festa do pijama.
— Como? Tão rápido? — eu ri sem entender.
— Em Manhattan tudo acontece rápido. — eu caminhou até sua mesa de trabalho — E você , como vão os desenhos? Estou curiosa para ver mais.
— Andei um tanto cheia de tarefas escolares, mas irei separar um tempo para praticar meus traços.
— Isso é bom, a prática leva a perfeição, é o que eu sempre falo com .
— Não existe prática, existe talento e isso eu não tenho. — eu dei de ombros rindo baixo — Mas, a senhora tem de sobra e precisamos arrasar na nossa festa do pijama.
— Vieram ao lugar certo. — ela caminhou até uma arara de roupas que tinha perto do cavalete ao lado da escada — Vejamos, dois pijamas e dois vestidos.
— Não sabia que desenhava pijamas. — olhou curiosa e caminhou até a arara também
— Estou querendo lançar uma coleção só de peças íntimas para noite.
Tanto eu como minha amiga nos divertimos muito enquanto provamos as peças que Louise nos passava. também falou sobre meu encontro com para esta noite, causando assim mais provas de looks de minha parte, parecia que ela estava mais empolgada que eu por aquela noite. Nós saímos do ateliê entre risos e muitas sacolas, pois tínhamos ganhado roupas além do que precisávamos, pouco antes de entrarmos no carro, eu ouvi uma pessoa chamar . Ela desconversou e disse que era coisa da minha cabeça, porém eu percebi que ela tinha ficado um pouco assustada e temerosa com aquilo.
Assim que chegamos em casa, me fez cair na banheira cheia de espumas para deixar minha pele ainda mais lisa e macia, confesso que demorei mais do que costumava demorar me arrumando. Com a ajuda dela, o look que tinha escolhido havia me deixado mais segura. chegou pontualmente às sete, me desejou sorte antes de eu sair do quarto.
Um frio na barriga, o coração disparado e minhas pernas tremendo, assim estava eu ao descer o último degrau da escada, vendo-o na porta me esperando. Demoramos um pouco para chegarmos no restaurante, onde ele havia reservado para nós. A vista panorâmica da cidade proporcionada era linda e o fundo sonoro tranquilo e aconchegante, um ótimo clima para casais.
— Espero que goste dessa noite. — disse ele sendo servido pelo garçom.
— Tenho certeza que irei, mesmo se não gostar da parte gastronômica, a vista proporcionada pelo design do lugar já valeria a noite. — assegurei a ele.
— Hum. — ele me olhou meio decepcionado com minha resposta.
— O que houve? — perguntei confusa.
— Você não disse nada sobre a companhia. — reclamou ele.
— Não teria companhia melhor para esta noite. — abri um largo sorriso para ele.
Em retorno, ele me olhou com um toque de intensidade. Tanto que senti um arrepio no corpo. Aquela noite estava sendo um lindo sonho e não queria acordar. Eu pedi que ele escolhesse o cardápio para nós dois, percebi uma pequena preocupação de sua parte em errar na escolha, mas no final um cardápio italiano seria o mais romântico possível e acho que essa era a sua intenção. O jantar estava bom e a cada olhar de para mim me fazia ficar ainda mais tímida e desajeitada, porém eu estava determinada a não deixar que este meu lado atrapalhasse, iria superar minha timidez, conviver com ela, mas não deixar que ela me atrapalhasse.
Após saímos do restaurante me levou em casa, estava um pouco tarde e as luzes apagadas, como um cavalheiro ele saiu do carro para abrir a porta para mim.
— Obrigada. — disse ao sair do carro — E obrigada pelo jantar.
— Que bom que gostou. — ele se aproximou de mim lentamente.
Tanto que conseguia até mesmo sentir deu perfume amadeirado. Com suavidade, seu rosto foi se aproximando lentamente de mim, até que seus lábios tocaram os meus em um beijou doce e intenso.
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“A ascensão das amigas está em andamento. Estava mesmo apostando que a rainha regente seria , nossa Mistery Queen. Mas toda realeza tem sua princesa e está desenvolvendo este papel muito bem, logo agora que perdeu sua timidez e conquistou o olhar do novo capitão do time de lacrosse da Jude’s. Nos corredores da escola estão dizendo que seria um sonho de namorada, porque não chamá-la de Dream Princess?”
- Xoxo, G’G
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Estava feliz por ter levado meu incentivo a sério e convidado para jantar. Eu apostava muito naquela relação dos dois, apesar de ainda sentir uma forte atração por ele. realmente era sua garota ideal e eu tinha outro foco em minha vida. Como minha amiga não chegaria cedo, voltei para o lugar que me abrigava todas as noites, não era um palácio, menos ainda um modesto apartamento de frente ao Central Park, mas era o que meu escasso dinheiro pagava.
Eu estava preocupada com a festa do pijama que seria na sexta, para meu alívio seria na casa de , mas isso não me deixava nem um pouco mais segura. Eu odiava meus momentos de pessimismo, contudo ao respirar fundo sempre voltava a ser otimista e focada no sucesso. Me sentei perto da janela e com meu sketchbook e um lápis na mão, comecei seguir o conselho de Louise, a prática leva a perfeição.
— Mais um dia se foi, e ao final dele voltei para este lugar. — sussurrei para mim mesma — Quando vou abandonar de vez essa realidade?
Olhei de leve para aquele velho celular que nunca usava, estava ao lado na escrivaninha, me perdi um pouco em meus pensamentos até que o celular tocou. Era uma mensagem anônima, respirei fundo e peguei o aparelho, apesar de não parecer o remetente, eu sabia muito bem de quem era aquela mensagem.
“Boa noite querida, durma bem.”
Suspirei fraco ao ler, apaguei a mensagem e voltei minha atenção ao sketchbook. Minha noite foi em claro, desenhando e praticando. Logo pela manhã recebi uma carta, no início não entendi a que se referia, mas depois vi que era o que eu mais desejava naquele momento, mais até que ser a rainha do Constance. Eu estava mais feliz do que nunca, uma realização tinha acontecido em minha vida e iria compartilhar a notícia com a minha melhor e única amiga.
Cheguei um pouco antes do almoço na casa de , para minha surpresa sua mãe estava em casa, afinal seu carro estava estacionado na frente da mansão. Estranhei um pouco já que a senhora Mary havia comentado que viajaria nos próximos dias. Alfred me atendeu e já foi avisando que ainda estava dormindo, ele já estava acostumado com minhas visitas diárias a casa dos Vidal, principalmente durante a semana. Assim que entrei e fui direto para o quarto de , ao entrar ela estava dormindo, fui logo abrindo as cortinas e deixando o sol entrar.
— , acorda. — disse me jogando na cama dela.
— Ai não, me deixa dormir mais um pouco, não temos aula hoje. — reclamou ela, se encolhendo mais na cama.
— ! — eu a sacudi — Tenho uma novidade que quero compartilhar com você, além de saber o que aconteceu no encontro de ontem, acorda logo.
— O que foi? — ela descobriu a cabeça e me olhou.
— Nossa, você está com a cara de derrotada, amiga.
— Sério, me acordou para dizer isso? Não é novidade.
— . — eu ri de leve — Adivinha o que chegou para mim ontem à tarde.
— Não sei. — sua cara estava desanimadora.
— Não faz ideia?
— Não.
— Minha carta de emancipação. — eu sorri.
— Não brinca. — ela levantou seu corpo — Sério? O orfanato deixou você ter sua maioridade?
— Sim, agora eu respondo por mim. — fiz uma pose, erguendo o papel em minha mão.
— Que bom amiga. — ela me abraçou forte — Estou muito feliz por você.
Eu sorri de leve ao ver a sinceridade no olhar dela. Agora eu era independente e não iria precisar fingir ou inventar nada sobre meu passado ou minha família para ninguém. A única coisa que sabiam sobre mim era que eu vivia em um orfanato, e essa história já era o suficiente para todos. se levantou da cama e foi para o closet se trocar, enquanto me contava o que tinha rolado no seu encontro com . Eu me sentei na poltrona que ficava ao lado da estante de livros, para ouvir com mais atenção.
— Vejo que a mocinha já se levantou. — disse a dona da casa, adentrando a suíte da filha.
— Bom dia, senhora Mary. — eu sorri de leve e a olhando.
— Eu percebi que você chegou um pouco mais animada hoje, posso saber o motivo.
— Ah, sim, minha carta de emancipação chegou ontem.
— Oh, querida parabéns. — ela me abraçou — Que bom que agora pode viver com mais liberdade, uma garota tão especial e audaciosa como você, fico triste por ter vivido tanto tempo naquele orfanato.
— Não escolhemos nossas famílias, senhora Mary.
— Ah, mas no nosso caso esta família escolheu você. — ela sorriu — e eu temos conversado muito sobre isso e eu queria te convidar para morar aqui conosco, seria tão bom para todos.
— Sério? — por essa eu não esperava realmente.
— Sim, você já é como uma filha para mim.
— Nem sei como agradecer, já sinto que é a irmã que nunca tive.
— Você também é a irmã que eu nunca tive. — saiu do closet vestindo um vestido floral com alguns detalhes em renda.
— Está linda querida. — senhora Mary a olhou com surpresa — Estou achando promissor o modo como está se vestindo agora.
— Agradeça a . — brincou — Ela que me fez olhar para os vestidos que me deu de Paris.
— E por falar em vestidos, acho que precisamos de um banho de lojas para . — ela me olhou animada — Vida nova, família nova, casa nova, por que não roupas novas?
— Mamãe está certa.
— Uau, nem sei o que dizer. — eu estava surpresa com aquilo e muito animada para a tarde de compras — Mas aceito.
Eu estava no início da vida que eu sempre quis para mim e sempre mereci, mas nunca tive. Não iria mais olhar para o passado, estava focada no meu futuro, eu estudava na melhor escola de Manhattan, agora iria morar na casa da minha melhor amiga e seria a rainha do Constance. Tudo estava se encaixando perfeitamente na minha vida e aproveitaria todas as oportunidades que se levantavam sem medo.
Ao final da tarde, jantamos no restaurante de uma amiga da senhora Mary. A palavra luxo ainda era pouco para descrever aquele lugar, era tão inspirador ver como a senhora Mary se relacionava com as pessoas, todos que a conhecem e disputavam a atenção dela, até mesmo . O senhor John, pai da minha amiga, chegou bem na hora que estavam nos servindo a sobremesa. Ele nos acompanhou pedindo um café, era legal me sentir parte da família deles, e a senhora Mary era tão simpática e gentil comigo que realmente parecia que eu era sua filha.
— Os meses estão passando muito rápido. — disse senhora Mary — Temos que começar a pensar no baile de debutantes de vocês.
— Vocês? — eu a olhei sem entender.
— Sim, . — me olhou — Teremos nossas festa juntas.
— Sério? — eu olhei para a senhora Mary ainda não acreditando.
— Claro, e será o melhor baile que Manhattan já viu, minhas duas princesas. — ela sorriu.
— Estou com medo, quando a senhora se empolga assim com uma festa. — me olhou segurando o riso.
Voltamos para casa e tivemos uma surpresa. Matt estava na sala conversando com Alfred, achei estranho, pois ele não costumava passar nem mesmo os finais de semana em casa.
— Algum motivo para sua visita? — perguntou senhora Mary ao abraçar o filho — Sim, estou sem grana.
— Por que não estou surpreso. — senhor John riu de leve — Vamos ao escritório.
— Esse menino. — senhora Mary me olhou — Querida, espero que tenha uma confortável noite.
— Obrigada senhora Mary.
— Ah, só Mary. — ela sorriu — Vamos Alfred, tenho um almoço de domingo para planejar. — ela sorriu e antes de sair da sala — Ah, , temos que planejar a festa do pijama ainda hoje.
— Não se preocupe, Mary, depois que me mostrar onde ficarei, desço para planejarmos isso.
— Que bom, agora que é a nova representante do Constance você precisa saber como funciona o planejamento dessas festas.
— Vou adorar ser sua aprendiz nessa questão. — eu sorri demonstrando gratidão.
— Estou tão feliz que agora você não vai precisar ir embora todas as noites. — disse .
— Eu também. — nós nos abraçamos.
me levou para o quarto que estava preparado para mim. Era tão amplo e espaçoso quanto o dela, meus olhos brilharam um pouco na hora. me ajudou a organizar todas as roupas que tínhamos comprado no closet, entre risos e brincadeiras, conversamos muito sobre a noite dela com seu futuro namorado.
— Você precisa continuar agindo naturalmente, não se preocupe .
— Sempre sinto um frio na barriga quando ele me abraça. — ela se encolheu de vergonha e olhou para a arara de vestidos.
— Imagino, seus olhos estão até brilhando. — eu ri de leve — Você gosta dele há muito tempo, não é?
— Desde a sexta série, quando ele entrou para o time e virou amigo do Matt. — ela pegou um cabide e ficou olhando para o nada.
— Devo presumir que você está viajando no passado? — eu ri mais um pouco enquanto olhava para ela.
— Desculpa amiga. — ela me olhou — Mas não consigo resistir.
— Seu lado romântico é tão fofo, que pena que eu não tenho muito isso.
— É porque ainda não encontrou a pessoa certa, . — explicou ela.
estava certa. Eu realmente nunca tinha gostado de verdade de alguém até aquele momento e não me importava muito com isso. Na realidade de vida que eu tinha antes do Constance, não. Mas eu tinha outros planos na minha vida que não incluía romances a parte, mas poderia ter diversão. A deixei com seus pensamentos em no seu closet e desci as escadas indo até a cozinha, precisava de um copo de água antes de me jogar na cama.
— Nós gostamos mesmo de nos encontrar em cozinhas. — brinquei ao entrar e ver Matt encostado na bancada com um copo de suco na mão.
— Poderíamos fazer bem mais que só nos encontrar. — ele riu de leve com um olhar malicioso.
— Você tem andado de mais com o . — aquelas palavras me lembravam aquele pervertido.
— Não seria o contrário? — seu olhar malicioso ainda permanecia.
— Matt?! — estava surpresa com aquilo — Não acredito, então você tem um lado obscuro escondido por trás desses lindos olhos de bom moço?
— Então você acha meus olhos lindos? — ele se aproximou de mim — Me conte mais sobre isso.
— Não se aproxime de mim com esse sorriso conquistador. — eu coloquei de leve minha mão no tórax dele o mantendo um pouco distante de mim — Gostaria de saber por que meus amigos tentam sempre ter algo comigo.
— Você já se olhou no espelho? — ele sorriu.
— Só por isso? — eu o olhei desanimada por aquele comentário.
— Não somente por isso, mas garotas como você são únicas e difíceis de encontrar, são o que chamamos de desafio, aquele enigma que ambicionamos desvendar a qualquer custo.
— Essas amizades coloridas. — eu ri de leve — Será que eu deveria te arrumar uma namorada também? Assim seu olhar se desviaria.
— Que tal você ser a namorada? — retrucou ele pegando minha mão e me puxando para mais perto, envolvendo seus braços em minha cintura.
Isso deu a oportunidade para um beijo roubado no meio da cozinha sem a menor preocupação e cheio de malícia, intensidade e desejo.
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Manhã de sexta-feira.
Eu e a senhora Mary passamos todo o café discutindo o planejamento da festa do pijama, por esse motivo e eu chegamos na metade da segunda aula no Constance. já tinha entregado os convites no dia anterior para as garotas que seriam convidadas, no intervalo eu deixei minha amiga conversando com a diretora Queller sobre a festa e fui até a Jude’s para conversar com .
Ele estava sentado no sofá no fundo da biblioteca com a cabeça encostada para trás e seus olhos fechados, me aproximei tranquilamente e sentei ao seu lado.
— Você acordou bem hoje? — eu o olhei.
— O que você acha? — ele levantou a cabeça e abriu os olhos.
— Que está desanimado. — eu tombei um pouco para o lado dele me aninhando de leve nos seu braço, encostando minha cabeça no seu ombro — Posso entender o porquê?
— Como você consegue fazer isso? — ele suspirou fraco — Em pouco tempo descobriu meu ponto fraco.
— Do que está falando? Não sabia que você tem ponto fraco. — eu ri de leve, sabia sim do que ele falava, ainda se sentia atraído por mim e mesmo que fosse por um sorriso, ele faria qualquer coisa que eu pedisse.
— Você é meu ponto fraco. — ele começou a acariciar meus cabelos.
— E como foi a noite com a ? — perguntei curiosa, já sabia a versão dela, mas estava curiosa pela versão dele.
— Foi realmente como disse que seria.
— Hum, eu disse que te conhecia. — eu ri de leve — Você é gentil, educado, cavalheiro, tem um olhar de protetor, e não existe uma garota ideal que não seja , ela é delicada, bonita, inteligente e sensível.
— Em outras palavras…
— Ela se encaixa perfeitamente em você! — eu levantei minha cabeça e o olhei.
— E você?
— Acredite, sou totalmente o contrário dela, vai por mim, esse sentimento que temos um pelo outro não é o que você acha que é, eu jamais seria sua garota ideal.
— Se você diz. — ele se virou para o lado e pegou uma caixa pequena — Para você.
— O que é? — eu desembrulhei e abri a caixa, era um iphone 13 Pro — Oh, my God.
— Acho que uma rainha merece o melhor, e vamos combinar que você não ter um celular decente em pleno século XXI é estranho.
— Nem sei o que dizer, e como vou explicar isso a ? Aos pais dela?
— Diga que ganhou de um admirador. — ele sorriu de canto.
— Seu bobo. — eu respirei fundo e guardei a caixa dentro da minha mochila transversal — Hum, voltando a noite de ontem.
— O que tem?
— Acho que seria legal se pedisse em namoro no nosso baile de debutantes, já que ela é romântica.
— Seria um momento propício para um pedido de compromisso. — concluiu ele.
— Viu, está começando a entender na prática como é conquistar sua garota ideal. — eu encostei minhas costas no sofá e olhei para o teto — Queria ter sido uma mosquinha para ver como foi a noite de vocês.
— Esquece a noite de ontem, é restrita somente para quem estava presente.
— Hum, seu chato. — suspirei fraco — Você vai ter que comprar um anel sabia?
— Outro detalhe de namoro que eu não sei? — ele me olhou rindo.
— Para, que essa de usar anel é a coisa mais tradicional que existe. — eu ri de leve e olhei para cara dele — E não precisa ficar assustado, é só um namoro, vocês não estão noivando e não será um casamento.
— Bem, segundo você ela é minha garota ideal, significa que um dia me casarei com ela. — observou ele.
— Uau, eu não tinha pensado até este ponto. — sibilei um pouco raciocinando sobre isso — Vou querer ser a madrinha.
— Será a madrinha mais sexy da festa. — brincou ele.
— Para. — bati de leve no ombro dele — Seria o dia da , então ela seria o destaque da festa.
— E você conseguiria mesmo não chamar a atenção?
— Falando assim, até parece que faço de propósito. — eu respirei fundo — Mas você não faz ideia do potencial da minha amiga, só é tímida, mas quando se mostra se torna uma garota irresistível.
— Falou a profissional em arrancar suspiros de homens indefesos.
— Indefeso? — eu ri alto — Estou falando sério.
— Eu também, mas obrigado por sua ajuda e pelas dicas de namoro. — ele sorriu de leve me olhando nos olhos.
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“Entre estudos e provas de final do trimestre, sempre temos um momento para o lazer, mesmo que seja fugindo das aulas e relaxando na biblioteca. e parecem ser almas gêmeas, porém ela não é a sua garota ideal, será que essa relação de amizade também é algo manipulado por ela? Pelo sim, pelo não, nossa rainha regente só tem olhos para coroa em sua cabeça. Estou ansiosa pelos comentários desta festa do pijama.”
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém! - Xoxo, G’G.
5: New Queen
“Who run the world?
Girls!”
- Run The World (Girls) / Beyoncé
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As convidadas para a festa do pijama começaram a chegar às sete da noite em ponto. Eu a estávamos no meu quarto nos arrumando, o look da noite seria os vestidos de cetim que minha madrinha tinha nos presenteado. Feitos sob medida para a ocasião.
— Ficaram perfeitos em nós. — comentou ao olhar novamente para seu reflexo no espelho, suas expressões suaves, seu olhar confiante me transmitia confiança também.
— Concordo, minha madrinha é maravilhosa com seus looks de última hora. — alisei novamente os detalhes de renda prateada, do meu vestido rosa em tom pastel — Ela nunca erra na modelagem.
— Não é à toa que a marca dela é muito prestigiada. — ela me olhou curiosa — Louise já te contou onde será o desfile da sua nova coleção?
— Ainda não, mas tenho certeza que não será menos do que foi ano passado. — respondi certa de minhas palavras.
— Eu me lembro vagamente de ter lido alguns artigos sobre. — comentou ela — Mas não lembro onde.
— Ilhas Cayman. — respondi — Eu aposto que este ano será em Dubai.
— Acho Dubai muito óbvio para ela. — riu — Louise é muito ousada, eu apostaria em Bahamas ou algo exótico como Madagascar.
Alfred deu dois toques na porta do quarto e abriu. Estava ali para enformar que nossas convidadas haviam chegado e estavam nos esperando no salão de jogos, onde faríamos nossa festa do pijama. Ao chegarmos, vimos que todas estavam admiradas com o tamanho e a organização do evento, além de uma certa animação e euforia de algumas. Foi um alívio ver a aceitação de todas por eu e sermos as representantes e componentes da nova dinastia da realeza do Constance.
— Parabéns amiga, está sendo um sucesso. — eu disse ao me aproximar de — Elas estão impressionadas com tudo.
— Acho que tudo isso se deve à sua mãe, Mary é diva.
— Sim. — eu concordei rindo — Ela é a melhor quando se trata de festas e recepções.
— Oi meninas, obrigada por me deixarem vir. — a garota do lettering se aproximou com um pouco de vergonha — A festa está linda.
— Ah, você fez um bom trabalho, merecia vir.
— Que é ela? — a olhou.
— A garota que fez os convites, com aquela letra que você gostou. — expliquei.
— Ah, bom trabalho, qual o seu nome? — perguntou demonstrando curiosidade.
— É Camille, a seu dispor. — ela sorriu meio sem jeito.
— Hum, divirta-se então Camille, espero poder sempre contar com você para estas ocasiões. — sorriu e me olhou de relance.
— Claro, sempre que quiser, eu admiro muito vocês duas. — ela parecia mais tímida ainda, me lembrava dos meus tempos antes de conhecer minha melhor amiga.
— Legal. — eu sorri e olhei para — Então , acho que está na hora do seu discurso.
— Verdade. — foi até o meio da sala e olhou para Alfred assentindo que desligasse a música — Girls, gostaria que dizer que tanto eu como estamos felizes por propor a vocês uma noite de diversão e alegria antes da semana de provas, apesar de todas estarmos preocupadas com as notas, esta noite vamos relaxar e aproveitar o momento.
era sempre impecável nas palavras e naquele momento estava mostrando de fato que era a nova rainha do Constance, ninguém estaria à sua altura. A festa do pijama foi um sucesso, todas as garotas se divertiram. Um momento de descontração total, tanto que algumas fotos até foram postadas no blog da G’G.
— Sua casa tem uma decoração muito bonita . — elogiou Camille ao se aproximar de mim com uma taça de sorvete de chocolate na mão — Um estilo único.
— Obrigada, são os gostos da minha mãe combinados a tendências da feira de Milão. — eu ri de leve e a olhei — Você conhece sobre o assunto?
— Um pouco, minha mãe é design de interiores, então cresci no meio das revistas de decoração dela. — explicou rindo um pouco de suas próprias palavras.
— Acho que sei o que é isso. — eu ri junto me lembrando da minha mãe — Minha mãe também tem algumas revistas de moda
— Ela guarda por muito tempo? — perguntou curiosa — Porque a minha nunca jogou nenhuma fora, tem um quarto só para as revistas delas que parece mais uma biblioteca de decoração.
— Oh, minha mãe não é assim. — eu ri — Quando chega o final do ano ela escolhe a melhor e guarda, assim ela tem uma revista de cada ano para acompanhar os avanços da moda na sociedade.
— Uau, bem lógico isso, pelo menos não fica guardando muita coisa em casa, mas o que ela faz com as outras revistas?
— Ela doa para a Universidade Parsons que é de moda. — olhei para taça dela e fiquei pensando se deveria me jogar no sorvete também — Acho que vou te acompanhar e pegar uma taça para mim.
— Ah, isso está muito bom.
— Estou percebendo. — eu ri me afastando dela e me aproximei de Alfred que estava ao lado da mesa de doces.
— Senhorita. — ele me olhou atentamente — E como está a festa? Do jeito que programaram?
— Ah, acho que sim. — ri de leve não sabendo o que responder — Não participei muito do planejamento e essa festa não é assim minha.
— A senhorita é vice representante, então a festa também é sua. — retrucou ele com um sorriso simples e reconfortante — Então, deseja algo para comer?
— Estava olhando para esse sorvete e me parece uma boa escolha para hoje. — sorri de volta para ele.
— Então, um sorvete de chocolate com muita calda de morango e chantilly. — disse ele preparando minha taça de forma caprichada.
— Você sempre sabe minhas preferências para comida. — brinquei o observando colocar muito chantilly na taça.
Nossa noite demorou um pouco para acabar, as meninas pareciam muito animadas com a playlist que escolheu para a ocasião.
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O tão falado almoço de domingo havia chegado e minha mãe tinha convidado o governador, sua esposa e seu filho. Uma novidade? Meu irmão, Matt apareceu, me deixando surpresa. Confesso que a princípio foi estranho vê-lo com uma amizade colorida com minha melhor amiga. Eu nunca entendia os olhares dos dois, mas sempre terminava em risos disfarçados e alguns amassos às escondidas em algum cômodo remoto da casa.
Uma novidade foi o olhar do filho do governador para mim, até percebeu. O que ocasionou em algumas brincadeiras de sua parte à noite, dizendo que iria contar ao .
— Hum, o que dizer do filho do governador que não tirava os olhos de você? — comentou se sentando em minha cama.
— O Charlie é um gentleman. — desconversei um pouco indo até o espelho e olhando como estava meu cabelo.
— Só isso? — ela riu — Para , ele passou a tarde inteira te olhando, e sempre tentando se aproximar de você.
— Que bom que você não se afastou de mim, acho que se eu ficasse sozinha com ele iria surtar. — respirei aliviada — Não estou acostumada com olhares para mim, principalmente masculinos com segundas intenções.
— Se tinha segundas intenções não sei, mas você seria uma boba em não dar chance se caso não existisse o .
— As coisas para você parecem ser tão práticas.
— É porque sou mais racional, . — ela riu — E você mais emotiva, simples assim.
— É. — concordei com ela — Sentimentos são mais complexos que a lógica.
— Meninas?! — minha mãe apareceu da porta batendo de leve — Ainda acordadas? E nem se trocaram.
— Estávamos conversando mãe. — olhei para ela ao explicar — Mas logo vamos dormir.
— Boa noite para ambas e durmam bem. — disse ela com um sorriso de satisfação que sempre dava após um evento bem sucedido.
— Boa noite. — dissemos juntas.
A semana de provas enfim chegou.
Me concentrei o máximo possível para manter minhas notas altas e meu currículo escolar impecável como sempre. Era cansativo toda aquela rotina pesada, outro ponto, como representantes tínhamos que nos responsabilizar por todos os eventos que aconteciam na escola. se mantinha à frente de toda organização e realizava tudo de forma dedicada, com perfeição e minha ajuda. Arrancamos muitos elogios do corpo docente tanto do Constance como da Jude’s.
Quarta-feira após o final da aula, Alfred nos levou para o ateliê da minha madrinha. Seria nossa primeira prova para os vestidos do baile de debutante. parecia mais nervosa do que eu.
— Não se preocupem meninas, vocês vão ficar mais lindas que já são. — Monet, o aprendiz de Louise, disse animado segurando seu bloco de notas e sua fita métrica nas mãos — Se isso é possível.
— Concordo. — Louise nos olhou tombando a cabeça para a direita — Mas acho que uma pessoa andou emagrecendo aqui — você tem se alimentado?
— Sim. — ela se olhou — Normalmente.
— Normalmente? — eu a olhei — Essa garota come para três pessoas.
— Mentira. — ela riu — Mas confesso que a semana de provas me deixou um pouco estressada.
— Imagino, sempre que Louise está há dias de algum desfile, ela engorda. — Monet se aproximou de mim e remediu minha cintura e a largura do meu pulso.
— Precisava falar isso? — Louise o olhou meio chateada — Eu sempre como muito doce quando estou nervosa e acabo criando aquelas calorias a mais.
— Comer doces é vida. — riu de leve.
— Ah, concordo plenamente. — Monet anotou minhas medidas novamente entre risos.
Enquanto ficávamos entre provas e anotações de medidas, eu e nos divertimos entre as araras de roupas que estavam no ateliê. Voltamos para casa super cansadas e bem na hora do jantar. Mamãe já havia mandado servir tudo quando chegamos, foi um cardápio indiano especial para celebrar o fechamento de uma parceria muito importante para a empresa do papai. Descobri que havia conseguido com uma pequena ajuda do governador.
Após o jantar, eu e decidimos ver um filme na sala de tv. O problema veio quando eu sugeri um filme de comédia romântica e ela queria ver algo com mais ação. Acabamos optando por Harry Potter, afinal era um dos poucos clássicos literários que tínhamos em comum.
— Estou um pouco ansiosa para nosso baile de debutantes. — comentei antes de entrar no meu quarto — Mas estou feliz que minha festa seja em conjunto com você.
— Eu nunca imaginei que teria uma festa. — confessou ela, senti a sinceridade no seu olhar, em instantes ela desviou o olhar para a porta — Mas também estou muito empolgada por isso.
— Acho que está na hora de dormirmos. — eu abri a porta — Boa noite, .
— Boa noite, . — sorriu de leve e entrou no seu quarto primeiro.
Assim que fechei a porta, meu celular que estava no bolso da minha calça tocou. Retirei e vi que era uma mensagem de , eu sorri ao ler, era um pedido para que a última dança da noite do baile fosse dele.
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Estou admirada. Como uma mensagem pode despertar o mais profundo sorriso de uma garota? Acho que temos um novo casal se tornando cada vez mais visível. Curiosidades a parte, será que teremos um futuro em que eu seja convidada para ser a madrinha do casamento? Bem, enquanto isso vou continuar me preparando para as próximas festas da elite de Upper East Side.
- Xoxo, G’G
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Manhã de sábado.
Acordei um pouco antes de todos e saí sem que percebessem, tinha que voltar ao lugar onde morava, precisava pegar algumas coisas que tinha deixado para trás. Na caixa de correspondência havia uma carta, eu retirei de leve e vi o remetente, minha vontade era de amassar ou rasgar na mesma hora, mas a guardei bem no fundo da minha bolsa.
Andei um pouco pelas ruas sem direção determinada, quando me deparei estava próximo ao Brooklyn, eu ri um pouco daquela situação. Antes de atravessar a rua, avistei uma pessoa indesejável. Me virei imediatamente, não queria que me reconhecesse, era alguém do meu passado que não me fazia falta. Saí o mais rápido que pude dali e voltei para o centro de Manhattan de metrô, descendo na Estação Central. Antes de voltar para casa dos Vidal, fui até o apartamento dos rapazes em frente ao Central Park, para minha surpresa que abriu a porta. Eu entrei um pouco surpresa por ele estar ali e parei no meio da sala. Olhei minha volta visivelmente impressionada com a organização do lugar, aquela era a primeira vez que eu entrava na cobertura deles.
fechou a porta e caminhou atrás de mim, ele estava com um copo de whisky na mão direita, ficou me olhando de baixo para cima.
— A que se deve a honra da sua visita, majestade? — perguntou ele, se sentando no braço do sofá.
— Vim porque o Matt me mandou inúmeras mensagens, ele disse que todos estavam atrás de mim, então. — eu o olhei, cruzando os braços.
— Ah, claro. — ele riu com ar irônico — Quem foi que desapareceu antes do amanhecer?
— Não desapareci, mas este assunto não vem ao caso. — caminhei até a parede de vidro que compunham a fachada — Então, vou esperar até que ele chegue.
— Hum. — se aproximou de mim, eu conseguia ver seus movimentos pelo reflexo do vidro — Enquanto isso, posso te fazer companhia. — ele segurou de leve em minha cintura.
— Não acho que possa ser a companhia certa para mim. — eu me virei de leve e o olhei.
— Não acha que toda rainha precisa de um rei. — ele se aproximou ainda mais de mim.
— , você ainda acha que vou ter algo com você? Com a fama que tem? — não me contive em rir de leve.
— Meu dinheiro compra qualquer comentário sobre mim. — ele sorriu de canto e se aproximou ainda mais tentando me beijar.
— Mas. — eu toquei de leve nos seus lábios — Seu dinheiro não me compra.
— Só porque meu sobrenome não é Bellorum?
— Menos ainda, nem mesmo o conseguiu algo comigo. — argumentei.
— Porque ele se contenta somente com a sua atenção, já eu quero bem mais.
— Que tal você querer se desgrudar dela? — sugeriu ao descer as escadas.
— Olha só, quem está em casa. — eu me virei para ele, me afastando de — Sempre chegando nas melhores horas.
— E estragando minha diversão. — tomou o último gole do whisky e colocou o copo em cima da mesa de centro caminhou em direção à porta — Vou para um lugar mais inspirador que aqui com vocês.
— Acho melhor se afastar do volante. — advertiu .
— Claro mamãe, tenho motorista particular para isso. — ele saiu rindo.
Eu respirei fundo e mantive meu olhar para a vista que a fachada do prédio proporcionava. continuava me observando, todos os momentos que ficávamos sozinhos isso sempre acontecia. Nossos minutos de silêncio pareciam horas de conversa.
— Ainda não entendo como ele pode ser seu primo. — comentei segurando o riso.
— Nossos pais são bem diferentes, acredite. — ele riu de leve — Mas acho que ele só faz isso como um meio de extravasar.
— Posso entender o motivo? — estava mesmo confusa sobre isso.
— Meu tio é uma pessoa mau humorada, falando de forma suave. — explicou ele respirando fundo — Há muita coisa sobre nós que não sabe.
— É por isso que existe as conversas entre amigos. — mostrei a solução lógica e bastante óbvia — Mas se tratando do , não acho que quero conhecer.
— Você realmente tem desconfianças dele. — ele riu balançando um pouco a cabeça.
— Acho que sou a primeira garota que deu um fora nele. — sorri de leve — Mas não vamos falar do seu primo, você é o lado legal da família e é isso que importa.
— Tudo bem, então... Podemos começar por, onde estava? — perguntou ele.
— Você também? — eu o olhei — Tenho assuntos privados que não precisam ser comentados.
— Sei, e aquela parte de amigos conversando para se conhecer. — insistiu ele.
— Nem todos os segredos devem ser contados aos amigos mais íntimos. — retruquei rindo dele — Além do mais, não é tudo que sei sobre você também.
— Podemos resolver isso, que tal uma festa do pijamas à dois? Dizem que muitos segredos são revelados em festas do pijama. — brincou ele com um sorriso malicioso.
— Sem chance. — eu ri — Guarde essa sua fantasia para outra pessoa.
— Ah, você é muito má. — ele suspirou fraco — E o que veio fazer aqui?
Ele cruzou os braços, sua face estava séria.
— Pensei que o Matt estivesse aqui, mas acho que não vou esperar por ele.
— Pode ficar, está com medo de eu tentar algo? — ele sorriu com malícia dando alguns passos em minha direção.
— Nem nos seus pensamentos mais obscuros. — eu ri de leve e olhei novamente para a direção do Central Park — A vista é tão linda.
— Por que só as garotas que prestam atenção nessas coisas? — perguntou ele parando ao meu lado.
— Não só garotas, mas em geral com tanta tecnologia, as pessoas se esquecem do lado natural da vida.
— Falou a filósofa. — ele riu — Posso te fazer uma pergunta?
— Pode, a resposta é que eu não vou garantir. — eu o olhei curiosa.
— Quem é Allison Sollary?
Eu senti um calafrio no mesmo instante. Meu corpo congelou e minha mente parou, não sabia que resposta daria. Mas não poderia mentir, pois de alguma forma sabia quando eu mentia sobre algo, ele não tinha se convencido pela minha história sobre meus pais mortos, mas não tocava no assunto. No instante em que me decidi responder a verdade para ele, Matt entrou, respirei aliviada e me voltei para Matt sorrindo disfarçadamente.
— Matt. — disfarcei mais um pouco — Estava mesmo te esperando.
— Acho que a espera se deve ao seu sumiço repentino, estou certo? — Matt jogou sua mochila no sofá — As pessoas estão loucas lá em casa.
— Eu esqueci de deixar um bilhete avisando. — expliquei meio superficialmente — Mas o que importa é que estou bem.
— Bem até demais. — comentou indo até o sofá e se jogando nele.
— Senti a ironia. — comentei de leve desviando meu olhar para Matt — Então vai me levar para casa agora?
— Você quer ir agora? — perguntou ele.
— Acho que sim, mas se quiser fazer outra coisa antes?
— Posso levar um duplo sentido nessa frase? — perguntou Matt com um sorriso malicioso.
— Até eu levei um duplo sentido aí. — se levantou dando um suspiro fraco — Eu não vou ficar aqui de castiçal de vocês.
— Não há nada para acontecer que te faça um castiçal. — retruquei de imediato.
Parecia mesmo que ele estava com uma pontinha de ciúmes. O que deixava nossa amizade mais descontraída.
— Estou sentindo um pouquinho de veneno escorrendo das suas palavras . — Matt riu da sua brincadeira — Devo ficar preocupado?
— Vocês dois me cansam com toda essa idiotice. — eu cruzei os braços e olhei para Matt de forma séria, me fazendo a indignada — Acho melhor irmos para casa, deve estar mais do que desesperada nesse momento.
Como sua família já estava preocupada com meu breve sumiço, Matt me levou sem mais brincadeiras ou insinuações. Assim eu chegaria a tempo para o jantar. No fundo, eu estava torcendo para que se esquecesse daquela sua pergunta sem propósito. Quando chegamos, bolei uma explicação convincente sobre onde eu estava, de certo não disse a verdade, mas eles acreditaram facilmente, mentir não era o problema. Fornecer uma falsa verdade, que fazia sentido nas histórias que eu havia contado a eles sobre mim, é que era o ponto chave.
— Ficamos preocupados com você. — sentou ainda chateada na poltrona de leitura do quarto dela.
— Desculpa, de verdade . — eu me sentei na cama dela a olhando — Mas eu realmente tinha que resolver isso e foi de última hora, mas o que importa é que estou aqui.
— Então, segunda nós vamos à última prova antes dos acabamentos finais dos vestidos. — ela pegou o livro que estava ao seu lado e o abriu na página onde estava o marcador.
— Temos mesmo que ir? — perguntei desanimada.
— Sim, a madrinha disse que é importante, nosso baile será daqui uma semana, não pode ter nenhuma medida errada. — explicou ela.
— É que ela já mudou a modelagem desses vestidos quatro vezes, a cada dia que vamos lá ela muda algo, estou com medo, será que todo estilista é assim? — aquilo me deixava em surto interno.
— Não sei, acho que é só uma dificuldade em controlar a criatividade. — explicou .
Nós rimos um pouco, eu me levantei me espreguiçando e me despedi dela. Estava um pouco cansada e queria aproveitar que ainda estava cedo para desenhar um pouco. Quando cheguei no meu quarto retirei meu celular da bolsa e coloquei em cima da escrivaninha e fui para o banheiro. Após um banho relaxante, coloquei um conjunto de moletom que havia ganhado de Matt de presente. Ao sair do closet olhei para a escrivaninha e meu celular estava tocando. Ao atender tive que respirar fundo, era uma ligação de emergência que me preocupava, eu tinha que me ausentar da minha vida de rainha e voltar por alguns dias para meu passado de tristeza e frustração.
Era triste ainda ter que olhar para trás.
Mas tinha um pedaço de mim nesse passado, que precisava que eu não o abandonasse. Esperei até que todos dormissem e silenciosamente saí, fiquei com receio de Alfred me ver, afinal ele sempre dormia um pouco mais tarde, mas fui cautelosa o bastante para não fazer nenhum barulho. Eu precisava de um pouco de equilíbrio mental e paz interior para enfrentar o que me aguardava. Aquela ligação havia acelerado meu coração e me deixado nervosa e em pânico. Então, fui primeiro ao lugar que mais me deixava tranquila e me fazia sentir livre de todos os problemas e preocupações.
A Ilha da Liberdade era o lugar que continha a Estátua que representava o que eu mais queria na minha vida naquele momento: liberdade.
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Faltando uma semana para sua entrada oficial para sociedade, nossa Mistery Queen recebe uma ligação de impacto que a faz desaparecer novamente. Minhas seguidoras não param de me enviar fotos da nossa nova rainha sentada aos pés da Estátua da Liberdade. Será que ela já está sentindo o peso da coroa?
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém!
- Xoxo, G’G.
6: My Sweet 16th
"Não espere por um milagre,
Existe uma difícil estrada em nossa frente,
Com obstáculos e um futuro que não pode ser sabido,
Mesmo assim eu não vou mudar, eu não posso desistir."
- Into The New World / Girls' Generation
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O dia do nosso baile de debutantes havia chegado e já se contava uma semana que havia sumido do sinal de qualquer satélite da terra. Eu estava preocupada com ela e mais ainda, se ela não aparecesse eu definitivamente ficaria maluca. Minha mãe queria dar queixa na polícia, mas havia deixado uma carta dizendo que tinha que viajar de última hora, mas que voltaria no dia do baile. Esta carta já era justificativa suficiente para eles não aceitarem como um caso de desaparecimento.
Mesmo com um tratamento intensivo e um dia cheio de regalias no spa mais luxuoso da cidade, eu não conseguia relaxar e me divertir, só pensava na minha amiga. Foi quando recebi uma mensagem dela no celular. Me veio uma vontade imensa de xingá-la na mesma hora, entretanto, sua mensagem me tranquilizou de imediato e pude aproveitar mais o meu dia.
— Estou tão nervosa e ansiosa. — disse ao entrar na limusine junto com Alfred.
— A senhorita precisa se acalmar um pouco. — ele me olhou com carinho — Respire fundo.
— Acho que isso não vai funcionar. — mesmo relutante, respirei fundo — Estou assim por causa da , o que será que aconteceu com ela!?
— Ela sabe que esta data é importante para vocês duas, não se preocupe senhorita , apenas relaxe e deixe que sua noite seja memorável.
— Obrigada por suas palavras Alfred, você sempre sabe como me acalmar.
Como o planejado, eu me arrumei no ateliê da minha madrinha Louise. Cabeleireiro, maquiador, tudo para que eu ficasse ainda mais linda no meu dia. O baile seria realizado no salão do hotel The Plaza, só para convidados vip nas palavras modestas da minha mãe. Senti um frio na barriga quando parei em frente à porta que entraria para o salão, fechei os olhos por alguns instantes e respirei fundo, quando abri novamente e olhei para o lado, meu pai já estava à minha espera.
— Estou aqui querida. — ele sorriu de leve e posicionou seu braço para que eu me apoiasse nele.
— Obrigada pai. — eu sorri de volta e apoiei de leve minha mão em cima da mão dele.
Assim que a porta se abriu nós entramos, do outro lado da sala a porta também se abriu. Para o meu choque e alívio, lá estava minha amiga entrando junto com Matt, a noite estava completa e eu sentia que nosso baile seria memorável. Assim que nos aproximamos, me pediu desculpas em um sussurro, eu assenti com um sorriso, estava feliz demais para questionar seu desaparecimento repentino naquela ocasião.
Algumas pessoas veio nos cumprimentar, eram amigos da alta sociedade dos meus pais, que a minha mãe insistia nos apresentar, principalmente para . Levei em consideração o fato dela não conhecer nem vinte por cento das pessoas que estavam ali, então fiquei tranquila com isso. Afinal, meu pai estava tão orgulhoso de mim que a atenção da minha mãe para os outros já era bem relevante.
— Feliz dia, amiga. — disse me abraçando.
— Feliz dia, . — eu retribui o abraço sorrindo — Senti um alívio quando te vi.
— Eu imagino, mas não deixaria de vir ao nosso baile, ainda mais porque fazemos aniversário no mesmo mês. — garantiu ela.
— Eu acho admirável a troca de amores entre vocês duas, mas como fazem para ficarem assim mais lindas do que já são? — disse ao se aproximar de nós.
— Agradecemos o elogio, . — sorriu e o olhou como se estivesse mandando algum recado para ele — Bem, eu acho que sua mãe está me chamando .
— Ok. — assim que ela se afastou de nós, eu olhei para ele meio curiosa — O que foi aquele olhar de vocês? Eu juro que sempre quis entender, parece até que estão conversando por telepatia.
Eu ri de leve para quebrar um pouco o clima de pressão.
— Acredite ou não, eu também sempre quis entender isso, mas quanto ao nosso olhar. — ele respirou fundo e segurou minha mão — Só irá saber após a valsa.
— Como assim? — eu o olhei meio decepcionada — Por favor, diga agora.
— Vou te deixar ainda mais curiosa. — ele sorriu de leve, seu sorriso me deixava com o coração um pouco acelerado.
— Com licença. — a cerimonialista se aproximou de nós — Mas preciso da nossa princesa por alguns minutos.
Eu me afastei dele rindo um pouco da cara triste que ele fez, a mulher iria nos preparar para o momento da valsa. Eu e ficamos paradas no meio do salão, inicialmente o papai dançaria comigo e o Matt com ela. Depois da primeira valsa eles trocariam e eu dançaria com o Matt e com o papai. Assim que a segunda valsa terminou se aproximou de para dançar com ela e veio dançar comigo.
Algo que me deu uma insegurança repentina.
— Decepcionada por ser eu primeiro? — perguntou ao tocar de leve em minha cintura, me conduzindo pelo salão, naquela dança.
— Não. — sorri de leve para ele — O que o leva a pensar isso?
— Seu olhar para o meu primo. — respondeu com segurança — Pode disfarçar, mas está aí, seu ciúmes.
— Porque teria ciúmes deles? — me fiz de indiferente — é minha melhor amiga.
— Se pensa assim. — ele deu um sorriso de canto presunçoso.
Após alguns passos, eles nos rodopiavam até que sem perceber eu acabei parando na frente de , olhei para o lado e estava na frente de , seu sorriso condenava que aquela brincadeira de giros era coisa da cabeça dela.
— Então agora vai me contar? — perguntei.
— Ainda nem dançamos. — ele sorriu de canto e começou a me guiar.
Aos poucos outros casais foram se juntando a valsa, em pouco tempo me guiou propositalmente para a lateral, até que saímos da pista de dança. Corremos entre os corredores do hotel até o elevador, ele me levou até o jardim na cobertura.
— Uau. — eu olhei em minha volta, nunca havia visto a cidade daquele ponto, tão alto.
— Então, não quer saber?
— Sim, pretende falar agora?
— Hum. — ele segurou de leve em minha mão e sorriu — Quero te fazer um pedido.
— Pedido? — meu coração acelerou um pouco, senti minhas pernas bambas.
— Você, quer ser minha garota ideal? — ele se aproximou ainda mais de mim e me beijou com suavidade.
Fiquei um pouco em choque, mas retribui o beijo assim que ele envolveu seus braços em minha cintura. Um momento que confesso nunca imaginei acontecer de verdade, apenas em meus sonhos mais secretos. Quando voltamos para o salão, me pegou pelo braço e me arrastou para longe das pessoas, estava mesmo curiosa para saber o que tinha acontecido.
— Pode ir contando tudo. — ela me disse com um olhar animado.
— Descobri o motivo do olhar de vocês. — levantei minha mão direita mostrando o anel de tinha me dado.
— Oh, my God! — ela não estava surpresa, mas parecia empolgada pela notícia — Que lindo, estou feliz por você .
Ela me abraçou com carinho.
— Obrigada. — retribui o abraço com mais empolgação ainda — Esse dia realmente está sendo memorável.
— Para nós duas. — ela sorriu de leve.
— Está falando do Matt? — perguntei ansiosa, queria mesmo que os dois avançassem.
— Bem, eu e o Matt somos somente amigos.
— Acha que não percebi essa amizade colorida de vocês? — eu ri de leve e desviei o olhar para meu irmão que estava conversando com um amigo — Eu sei dos beijos quentes que trocam na cozinha no meio da noite.
— Ei. — ela se fez um pouco de ofendida — Isso só aconteceu uma vez.
— Uma vez? — a olhei de novo fazendo aquela cara de quem não acredita.
— Ok, eu confesso que foram três ou quatro, e a última o Alfred chegou bem na hora.
— Ele me contou. — nós rimos juntas e eu suspirei um pouco — Seria legal se entrasse de vez para minha família.
— Não vamos nos precipitar, . — ela não parecia muito empolgada com minha ideia, mas ainda tinha esperanças.
No final aconteceu o que eu desejava e o baile realmente foi memorável.
Os próximos dias que se seguiram foram de muitos comentários sobre a notícia do nosso namoro. segurou um pouco sua curiosidade, mas sempre me lançava o assunto quando estávamos sozinhas. Enfim, havia chegado o dia do último jogo do campeonato entre as escolas, como a namorada do capitão do time eu estava na primeira fileira torcendo por ele, o jogo se prolongou um pouco, mas no final o time da Jude’s venceu. Como o esperado ofereceu uma festa de vitória na cobertura deles, desta vez eu me arrisquei um pouco na pista de dança junto com .
Uma novidade: a súbita aproximação de Matt em uma garota nova de intercâmbio do Canadá.
O que me deixou perplexa.
— Me enchendo de orgulho, . — se aproximou de mim — Você dança muito bem.
— Acho que te observei o bastante para isso. — eu ri e ela também.
— Estou feliz que toda aquela sua timidez tenha ficado no passado.
— Eu ainda tenho ela, só que agora consigo controlar e não o contrário. — expliquei.
— Ladies, trouxe algo para vocês. — disse ao se aproximar com dois copos.
— Vindo de você, tenho minhas suspeitas. — o olhou.
— , ele só está sendo gentil. — eu peguei o copo e tomei um pouco — Olha até que tem um gosto bom e eu ainda estou viva.
Brinquei fazendo eles rirem.
— Vou dar este voto de confiança. — ela pegou o copo ainda rindo.
— Hum, poderia me dar bem mais que isso. — ele olhou para ela com certa malícia.
Eu ri de leve e me afastei deles indo em direção ao , ele estava me olhando com um sorriso leve e fofo.
— Parabéns capitão. — eu sorri de volta para ele.
— Obrigado. — ele segurou de leve em minha cintura — Estava sentindo um peso nas minhas costas, James era o melhor do time e eu não queria decepcionar.
— Fez seu trabalho direitinho.
— É porque eu tinha uma inspiração para vencer. — disse ele, pousando suas mãos na minha cintura.
— É, e qual?
— O beijo da vitória. — ele me beijou com um pouco mais de intensidade e me abraçou de leve, me fazendo aninhar em seu abraço — Acho que vou vencer mais vezes.
— Acho bom, porque eu gostei muito do beijo da vitória. — admiti.
Rimos de leve e ficamos por um tempo afastados de todos, até que de longe nos chamou para pista de dança improvisada no meio da sala. A festa durou a noite toda, até que Matt nos levou para casa ao amanhecer. Meus pais ainda estavam dormindo quando chegamos, eu e tentamos não fazer muito barulho, mas Alfred já estava na cozinha e nos ouviu chegar.
— Eu acho que poderíamos ter voltado antes. — comentei ao entrarmos porta a dentro retirando os sapatos — Nunca fiquei até tão tarde numa festa.
— , se fôssemos embora cedo não teria graça. — retrucou ela um pouco tonta pela quantidade de bebida que tomou — Uau, minha cabeça está rodando.
— Isso se chama início de ressaca. — eu ri dela se apoiando no corrimão da escada.
— Não diga, e o que vem depois? — me perguntou meio irônica na entonação da voz.
— Vai saber.
— Senhoritas. — Alfred apareceu da porta com uma toalha na mão.
— Chegamos agora, não nos recrimine. — disse a ele que estava segurando o riso.
— O café está quase servido, irão esperar? — perguntou ele.
— Não, obrigada. — respondeu de imediato — Não tenho equilíbrio físico e mental para tomar café agora.
— Acho que vou dormir primeiro também. — eu sorri de leve — Mas obrigada Alfred.
— Tenham um bom descanso. — disse ele rindo de leve.
Mais tarde após acordarmos, desfrutamos de um pequeno brunch ao ar livre no jardim, sugestão da minha mãe para apreciarmos o início da primavera.
— O jardim definitivamente fica mais lindo na primavera. — disse ao olhar para o canteiro de margaridas.
— Ah, eu gosto das folhas caindo no outono, da grama coberta de neve no inverno. — esperou Alfred derramar um pouco de suco no seu copo, sorriu em agradecimento e em seguida tomou um gole.
— Acho que cada estação do ano tem seu glamour. — eu provei um pedaço da torta de maçã que ele tinha me servido.
— Matt também está no ano da sua formatura, ele já falou que curso vai fazer? — ela me perguntou enquanto escolhia o que iria comer.
— Não sei, pelo menos comigo ele não falou nada até agora. — eu ri de leve — Mas pelo papai ele faria administração ou logística, assim ficaria à frente da empresa.
— E sua mãe? O que ela acha?
— Quando o assunto é o Matt, ela não opina muito. — eu olhei para Alfred enquanto ele servia meu chocolate quente e sorri em agradecimento — Mas para mim já percebeu que ela queria que eu seguisse alguma carreira na moda, assim como ela e a madrinha.
— Mas você não gosta? — ela me olhou de uma forma meio engraçada e depois seguiu seu olhar para Alfred que estava seguindo para mansão.
— Não é que eu não goste, eu adoro a moda, aprendi muita coisa com minha mãe e a madrinha, mas não acho que eu tenha um dom para ser estilista ou uma socialite crítica da moda.
— Tem várias outras áreas que compõem o mundo da moda, existem jornalistas, publicitários, modelos, fotógrafos, produtores, editores de revistas.
— , eu nunca soube usar a moda a meu favor, quando me conheceu como era mesmo meu jeito de vestir?
— Tudo bem, já entendi, mas você não descobriu nada que te atraia?
— Hum, quando eu era mais nova, às vezes eu ficava olhando o Alfred na cozinha, quando ele inventa de preparar algo para eu comer quando ficava sozinha.
— Hum. — ela me olhou surpresa — O nome disso é gastronomia e você pode pesquisar sobre, vai que se interesse, ainda temos tempo para decidir.
— Eu nem vou perguntar o que você tem em mente, já vi seus desenhos e tenho certeza que será a próxima aprendiz da Louise.
— Seria bom trabalhar com ela. — sorriu.
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“Já estou sentindo saudades do inverno, mas com este sol da primavera logo me lembro que ainda temos muitos meses pela frente. Quanto ao baile, ninguém percebeu, mas eu estava lá e a noite foi sim memorável. Finalmente nosso capitão conquistou sua Dream Princess e o campeonato do ano, JB deve estar orgulhoso do seu sucessor. E por falar em orgulho estou curiosa pelo baile de primavera que Mistery Queen está planejando. Soube que contaremos com a presença do próprio James Bale. Eu já garanti meu lugar vip para acompanhar esta noite! E você?”
- Xoxo, G’G
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Apesar dos altos e baixos que sempre me acompanhavam, eu estava feliz por tudo que estava acontecendo na minha vida naqueles últimos dias. Na maior parte da minha triste infância eu nunca conseguia me ver tendo um baile de debutantes como tive. Nem mesmo imaginava que teria uma amiga que mais parecia irmã. não era mais somente uma peça do meu objetivo de ser a rainha e me destacar, mas me deu uma família que sempre quis ter.
Estávamos nos meses finais do ano letivo, e uma notícia havia chegado para Matt. Uma carta de aceitação de Harvard para a área de Administração. Em celebração a conquista, a senhora Mary promoveu um jantar especial, o cardápio desta vez seria indiano. Eu e fizemos alguns comentários engraçados sobre ele entrar em alguma fraternidade, Matt entrou na brincadeira dizendo que fundaria a sua própria.
— Toc, toc. — eu disse parando na porta do quarto de Matt.
— Entra. — ele estava no banheiro.
— Eu incomodo? — perguntei me encostando na porta.
— Não. — ele saiu do banheiro enrolado na toalha — O que você quer?
— Só estava curiosa para saber se você vai ficar para a formatura ou vai embora antes como o Bale.
— Não tenho interesse no baile de formatura. — ele deu alguns passos em minha direção com um sorriso meio malicioso — Mas a que se deve sua curiosidade?
— Nada. — eu sorri meio sem jeito com a aproximação dele — O que está tentando fazer?
— Está com medo de ser seduzida? — ele sorriu de canto.
— Não, se fosse o caso, mas porque iria me seduzir agora que está indo embora?
— Hum. — ele sorriu de canto e me deu um beijo intenso e malicioso.
— Matt, eu… — no interrompeu, nós olhamos para ela paralisada.
— O que foi ? — ele perguntou tranquilamente como se nada tivesse acontecido.
— Eu, ia te pedir alguma coisa, mas eu… — ela me olhou — Eu vou para o meu quarto.
Eu e Matt rimos de leve após a saída de , havia sido engraçado a maneira como ela reagiu. Apesar dela sempre me perguntar se eu não tinha interesse em seu irmão, seria interessante fazer parte da família Vidal oficialmente. Entretanto, aquela seria a última noite do Matt em Manhattan e mesmo que durar depois, aproveitamos o clima e o momento. Ele fechou a porta do seu quarto para que ninguém mais entrasse sem permissão. Eu senti um frio de leve na barriga, aquela seria minha primeira vez, mas estava feliz por ser com alguém tão especial quanto ele, Matt e eu tínhamos afinidades e gostos em comum. Assim como , ele sabia ler meus pensamentos com perfeição.
Seu beijo era suave, porém suas carícias maliciosas, faziam meu corpo se arrepiar.
— Está arrependida? — perguntou ele me olhando de forma séria.
— Não. — eu sorri de leve e desviei meu olhar para janela — Só estou pensando em algumas coisas aleatórias.
— Como? — ele ergueu seu corpo, permanecendo encostado nos travesseiros.
— Festas de formatura, baile de primavera, provas finais e bolsas de estudos em Yale. — respondi superficialmente, apesar de não serem meus pensamentos reais.
— Então não vai seguir o conselho da minha mãe e ir para a Parsons?
— Ainda não sei. — respirei fundo — Apesar de ser uma das melhores de moda no mundo, já Yale têm um peso grande quanto ao seu nome e reputação, enfim, tenho tempo para me decidir.
— Isso é bom, quando se pode decidir e não tem ninguém que insiste em decidir por você.
— E decidiram por você? — eu o olhei surpresa por aquele quase desabafo.
— Tecnicamente sim, mas não tão evidente. — sua forma de responder ainda parecia enigmática para mim.
— Está falando da empresa do seu pai. — não sabia se era uma conclusão ou pergunta, mas certamente era seu motivo para escolher estudar em Harvard.
— O que mais seria? — ele riu de leve — Você consegue ver à frente de uma empresa.
— De jeito nenhum. — eu ri junto com ele — é muito delicada e fofa, não acho que se daria bem no mundo dos negócios, ela não iria conseguir demitir ou falar mais alto com alguém caso precisasse.
— Não quero que a empresa da minha família acabe caindo em mãos erradas, foi muito difícil para meu avô conseguir manter ela depois da crise de 29.
— Acho que consigo entender seu sentimento. — eu inclinei um pouco meu corpo, deitando minha cabeça no ombro dele — Espero que não se arrependa por sua escolha.
— Acho que não, pelo menos eu também espero não me arrepender.
— Hum. — eu fechei meus olhos sentindo ele acariciar meus cabelos — Você vai me fazer dormir deste jeito.
— É a intenção. — ele riu baixo — Vai sentir minha falta, não vai?
— Tanto quanto da nossa amizade colorida de todos os dias. — respondi daquela forma minha de não me envolver emocionalmente com ninguém.
— Então seremos somente isso? Amigos? — sussurrou em um suspiro fraco e meio frustrado.
— Melhor assim. — respirei fundo me aninhando um pouco mais em seus braços — Você está indo para a universidade e eu tenho todo o ensino médio pela frente.
Não queria mesmo me envolver com ele.
Entretanto, era um fato que depois de , Matt era o homem com maiores chances para me atrair e conquistar. Porém, eu já tinha fechado meu coração e não iria abrir para ninguém. Eu tinha muitas lembranças ruins no meu passado que se referem a sentimentos como o amor. Realmente evitava aquilo em minha vida de lógicas. Despertei do meu rápido cochilo pouco antes do amanhecer e Matt parecia estar em sono profundo, me levantei silenciosamente e voltei para meu quarto. Quando acendi a luz do abajur e me virei, levei um susto de imediato, era sentada na poltrona ao lado da janela.
— O que você está fazendo aqui? — eu sussurrei.
— Estava te esperando, fiquei curiosa para saber que hora sairia do quarto de Matt. — explicou ela.
— Não acredito, e você não dormiu até agora? Eu já volto. — fui até o banheiro e tomei uma ducha rápida, vesti meu pijama e voltei para o quarto — Vai mesmo querer saber?
— Claro. — ela se jogou em minha cama e deitou se cobrindo.
— Ele disse que queria fazer algo que eu jamais esquecesse. — eu me deitei ao lado dela me cobrindo e me virei para ela — Como não teve oportunidade no baile de debutantes, porque o não me deixava em paz.
— Então, você vai ser minha cunhada? — ela sorriu de leve ao meu olhar.
— Não, o Matt está de malas prontas para a universidade e eu sou só uma colegial ainda. — dei esta desculpa para ela ficar um pouco mais conformada.
— Ai, que triste. — ela me olhou meio frustrada, mas logo seu olhar mudou para um mais curioso — E como foi?
— Minha primeira vez... — eu sorri de leve — Ele foi tão carinhoso e um rei.
— Para uma rainha, ainda tenho esperanças que vocês fiquem juntos, imagina nós duas cunhadas.
— Quem sabe em um futuro distante. — eu ri junto com ela.
Olhando a empolgação da minha amiga, aquela ideia não era tão ruim assim.
Eu já me considerava da sua família de alguma forma, porém eu tinha outros objetivos em minha vida que não encaixava distrações como momentos de romance ou algo do tipo. Na manhã seguinte Matt embarcou, eu e passamos a manhã na biblioteca, ela estava me ajudando a planejar o baile de primavera.
O último baile do nosso ano letivo.
Eu queria que tudo saísse impecável e iria confirmar meu reinado no Constance para os próximos anos. E ninguém ficaria no meu caminho, principalmente as velhas amigas de Britany Collins. Minha cabeça estava fervendo de dor e ainda tinha um detalhe que colocaria todos os meus problemas no lugar: dinheiro. A diretora Queller não aceitou financiar o baile pelo alto orçamento proposto. Eu não iria pedir para a senhora Mary, ela já havia me ajudado muito aquele ano com minhas festas repentinas. Matt era sempre meu plano B para este tipo de problema, mas estava longe demais para me ajudar. Então, eu só tinha uma pessoa em mente.
— E já escolheu o tema para esta última festa? — perguntou meio curiosa.
— Pensei em tantas coisas, mas nada me agradou até o momento. — respondi guardando minha agenda pessoal na bolsa.
— Nada mesmo? — ela me olhou surpresa — Nossa, você sempre tem alguma coisa em mente.
— Tem acontecido tanta coisa em pouco tempo que minha criatividade não está seguindo o fluxo. — brinquei rindo um pouco.
— Hum, e o que pretende fazer?
— Acho que vou escolher o tema menos tedioso, acho que vamos de Alice no país das maravilhas.
— E você será a Alice? — perguntou ela inocente.
— Claro que não, não gosto de ser tão óbvia. — eu ri de leve — Já me decidi, eu serei a Rainha de Copas e você nossa doce Rainha Branca, o que acha?
— Não acredito. — ela riu de leve — Porque, essa sua escolha?
— Ah, eu sempre quis dizer: Cortem-lhes a cabeça. — eu ri um pouco.
— Sua mercenária. — riu ainda mais comigo.
— Vou precisar ficar aqui depois da aula. — disse a ela me recuperando das gargalhadas.
— O que vai fazer?
— Preciso complementar a verba para o baile, a diretora Queller se nega a aceitar meu grande orçamento, então terei uma breve e inspiradora conversa com o diretor da Jude’s argumentando a importância desse baile para os alunos de ambas as escolas.
— Seu olhar otimista já me convenceu. — brincou ela — Então vou sozinha para casa hoje.
— Alfred é uma ótima companhia. — retruquei o drama dela.
— Eu sei, mas é que tem assuntos femininos que não posso conversar com ele.
— Temos muito tempo para conversar em casa. — sorri de leve pegando meu celular para checar minha caixa de mensagens.
Após o final da aula, acompanhei até a entrada do Constance e assim que Alfred arrancou o carro, peguei um táxi em seguida e desci no Central Park. Entrei no prédio onde ficava o apartamento dos garotos. Curiosamente, Matt tinha me dado a chave dele para que eu guardasse, então não precisei tocar a campainha. Quando entrei percebi que estavam um pouco desorganizado, e tinha algumas peças de roupas espalhadas pela escada. Eu subi silenciosamente, uma das portas estava aberta, eu abri de leve e vi uma garota deitada na cama dormindo. Olhei para a direção do banheiro e ouvi o barulho do chuveiro, foi quando senti uma mão em minha cintura.
— Veio se juntar a nós? — perguntou .
— Nem nos seus pensamentos mais pecaminosos. — eu me afastei dele — Onde está o ?
— Como sempre, joga ele para a amiga, mas não consegue ficar longe. — ele deu um sorriso sarcástico.
— Somos amigos, mas acho que você não entenderia este tipo de relacionamento entre um homem e uma mulher.
— Então a garotinha já é uma mulher?! — ele se aproximou mais de mim.
— Você sabe o que eu quis dizer.
— Vocês realmente precisam parar de me forçar a presenciar essas cenas. — disse ao subir as escadas.
— Você é que adora cortar o nosso clima. — o olhou sério.
— Nunca existiu clima entre nós, . — eu me afastei dele e olhei para — Preciso de um favor seu.
— Posso te convidar para um café? — ele estendeu sua mão.
— Não tomo muito café, mas acho que qualquer lugar está se tornando mais saudável visualmente que esse apartamento. — eu apontei de leve para uma peça íntima que estava no corrimão da escada.
— Vocês realmente não sabem o que é diversão. — se virou e entrou no seu quarto.
— Deixe-me adivinhar, o Matt era o dono e agora que foi embora vocês estão se divertindo mais. — eu olhei meio desconfiada para .
— Vocês não. — ele desviou seu olhar para a escada e começou a descer — Você sabe que eu sou somente da . — e parando na metade da escada — E seu se me quisesse.
— Ainda brinca com isso. — eu respirei fundo e desci as escadas.
Ele me levou ao Starbucks Coffee.
Sentamos ao fundo um pouco longe das vidraças, eu fiquei um tempo em silêncio, estava juntando as palavras certas e a coragem. pediu um expresso duplo para ele e um cappuccino de chocolate para mim, assim que a atendente nos serviu, tomei coragem para falar. Mas ele era um tanto mais rápido que eu.
— Curiosamente, eu acho que sei o que você está tomando coragem para me pedir. — ele riu de leve — Não é fácil ser a rainha.
— Mas também não é impossível, apesar de não nascer em berço de ouro, este sempre foi meu destino.
— E eu como seu súdito estou aqui para lhe servir. — ele sorriu de canto e ele retirou a carteira do bolso e me entregou um cartão.
— O que é isso? — eu peguei ainda não acreditando.
— A solução dos seus problemas.
— Não acredito que está me dando seu cartão.
— Não era isso que queria? — ele tomou um gole do seu expresso.
— Era, mas não posso aceitar. — eu coloquei o cartão na mesa — Você está namorando a e isso pode parecer estranho.
— E alguém precisa saber?
— Alguém, ? — eu o olhei sério.
— Se perguntar, diga que o nosso diretor patrocinou, não acho que vão perder tempo com como você consegue dinheiro para isso. — ele empurrou o cartão para perto de mim — Me deixe fazer pelo menos isso por você, como amigo.
— Ok. — eu peguei o cartão e guardei na bolsa — Prometo te devolver quando isso acabar.
— Apenas me devolva quando não precisar mais. — ele piscou de leve com o olho direito.
Eu segurei o riso e tomei meu cappuccino. Mesmo percebendo que ainda tinha atração por mim, havia confirmado que ele precisava de uma garota com quem tivesse um sentimento além de só atração. Eu certamente não era essa garota! Mas construímos uma amizade sólida e especial, além de um sentimento de cumplicidade inexplicável.
— Este ano foi James e Matt, ano que vem é você. — eu o olhei tranquilamente, ainda não tínhamos conversado sobre o futuro acadêmico dele — Já sabe para qual universidade irá?
— É um tanto óbvio. — ele deu um suspiro fraco desviando o olhar.
— Hum, pela sua reação não está satisfeito com o seu brilhante futuro à frente dos Hotéis Royal. — insinuei tentando fazer ele desabafar de vez — Pode dizer o que está te incomodando.
— Não que esteja me incomodando, mas é que eu não sei se realmente sou quem precisa estar à frente dos negócios da família. — explicou ele meio sem saber como expressar.
— Você me disse uma vez que tanto seu pai como seu tio administram tudo juntos, Bellorum e Village juntos na diretoria e tudo mais. — eu olhei para minha xícara que já estava pela metade — Então eles não pensam na possibilidade do ficar à frente?
— Está falando como se eu não quisesse isso.
— Seu olhar já me diz isso. — eu suavizei meu olhar e sorri de leve — E posso afirmar que te conheço muito bem para concluir desta forma.
— Odeio admitir, mas sim, você realmente me conhece. — ele riu de leve — De um jeito inacreditável.
— E o que pretende fazer? — eu peguei de leve na mão dele — Vai ceder à pressão?
— não é a pessoa mais responsável que conheço. — explicou ele, como uma desculpa para sua decisão.
— Você é a segunda pessoa que segue este caminho por falta de escolha, mas acho que pelo menos você tem escolha. — eu respirei fundo.
— Está falando do Matt? — ele me olhou de forma séria, sua pergunta parecia mais uma afirmação.
— Assim como você, ele teoricamente não tem escolha, quem veria à frente de uma empresa? Além do mais, ela nunca se imaginou lá também.
— Verdade. — ele desviou seu olhar para a vidraça — Você realmente entrou para a família.
— Que família? — perguntei sem entender.
— Dos Vidal, mora com eles, você e o Matt...
— Hum. — eu segurei o riso — Acho que entendi, mas eu não entrei para a família.
— O que quer dizer com isso?
— Esse seus olhos de amigo ciumento não combinam com você. — eu ri um pouco e o olhei tranquilamente — E realmente não tenho vocação para romances.
— Às vezes eu sinto que você age como se estivesse querendo afastar quem gosta de você. — ele parecia convicto em suas palavras e assim como eu o conhecia, ele também me conhecia — Só não sei se é por causa daquela pessoa.
— Que pessoa?
— Allison Sollary.
Eu desviei meu olhar e permaneci em silêncio. Acreditava realmente que ele tinha esquecido esse terrível nome, permanecemos assim até terminarmos nosso café. Um olhando o reflexo do outro na vidraça e ambos em silêncio.
Os dias que seguiram foram para os preparativos finais do meu evento, após oferecer com insistência, um lugar reservado para o baile: o terraço do hotel de sua família. Era um espaço amplo e muito bem decorado, onde o hotel cedia para recepções especiais e vips. A vista seria panorâmica de toda a cidade, ao ar livre e cheio de luxo.
— Eu não disse que seria interessante a vista proporcionada? — perguntou ao se aproximar de mim, ficando de costas para a paisagem e encostando-se no guarda-corpo de vidro.
— É, desta vez você acertou. — eu virei meu olhar para ele, como sempre estava com um copo de Bourbon na mão — Não cansa não?
— Não me canso do que?
— De beber. — expliquei voltando meu olhar para a vista.
— O que tem contra meu Bourbon? É o melhor whisky do mundo. — reclamou ele.
— Não tenho nada contra.
— Devo esperar alguma surpresa da nossa Mistery Queen para este baile?
— Eu até que poderia aproveitar meu look e mandar meus súditos cortarem sua cabeça. — brinquei rindo.
— Assim eu viraria um cavaleiro sem cabeças. — retrucou ele rindo junto — Mas essa é outra história.
— Muito bem colocado. — eu olhei para ele — Você me parece um pouco mais comportado hoje, o que aconteceu?
— Está com saudades do meu lado sedutor?
— Não, mas estou te achando um pouco mais sério hoje.
— Ando descobrindo algumas coisas que não gostaria, mas não importa. — ele suspirou fraco desviando seu olhar para o copo.
— É tão ruim assim?
— Quando se vive uma vida achando que é filho único. — ele se afastou um pouco se espreguiçando — Mas estou me acostumando, se fosse você o que faria?
— Não sei.
Ele saiu rindo, o de sempre tinha retornado. Era estranho pensar que ele tinha algum irmão, segundo o que sempre ouvi dizer, o pai dele sempre ficou tanto tempo concentrado no trabalho que arruinou o casamento levando ao divórcio. Agora essa enigmática revelação dele me deixava um pouco curiosa e pensativa.
— Amiga, estou impressionada. — se aproximou de mim olhando a decoração — Está tudo lindo, perfeito, se minha mãe visse isso, certamente se sentiria orgulhosa, como eu.
— Obrigada, . — eu sorri de leve — Confesso que fiquei um pouco ansiosa, porque é a primeira festa que faço sem a ajuda da sua mãe.
— Aprendeu muito bem com ela, última festa do nosso ano letivo e a que vai selar de vez a coroa na sua cabeça.
— Sim, agora ninguém mais vai duvidar que sou a Mistery Queen do Constance.
— Senhoritas. — se aproximou de nós — Vim roubar minha namorada por alguns minutos, poço majestade.
— Ela é toda sua. — eu ri de leve.
sorriu meio envergonhada, mas seguiu para a pista de dança. Era bonito ver os dois juntos, eles se completavam de uma forma suave e espontânea. Um garçom passou por mim e peguei uma taça de champanhe. Fiquei olhando a todos se divertindo por um momento, estava tudo saindo como o planejado. Não somente no baile como também na minha vida. Meu celular vibrou dentro da bolsa e peguei, era uma mensagem da G’G para todos sobre minha festa. Me senti realizada por ela falar tanto sobre mim no seu site. De alguma forma seus comentários sobre mim me ajudava a fixar meu nome entre a elite de Upper East Side.
Logo notei um rosto parcialmente familiar e ao mesmo tempo novo, um rapaz de jeans rasgado e all star que visivelmente não parecia estar na minha lista de convidados. A primeiro momento, diria que ele era um bom observador e invisível aos olhos dos outros, mas ali estava eu com minha atenção totalmente voltada para aquele estranho. Por uma fração de tempo, seu olhar veio de encontro ao meu, de uma forma tão intensa e inesperada que fez meu coração acelerar sem explicação. Nunca havia me pegado tão paralisada com algo assim.
— Então majestade, me concede essa dança? — perguntou uma voz vindo de trás de mim, me trazendo para realidade.
— Depende. — eu respondi em um breve sussurro, ao me recompor e me virei com um sorriso no rosto, era James Bale, como prometido estava na cidade para o baile de primavera — Com prazer majestade!
Ainda considerado o rei eterno e mais influente agora que cursava em Oxford, ele me guiou até a pista de dança. Muitos olhares vieram em nossa direção assim como os comentários no blog da G’G começaram a ser disparados. Se alguns poucos nutriam esperanças que Britany Collins retornasse, estavam enganados. A partir daquela noite, eu reinaria plenamente sem direito a golpes de estado. E para fechar com chave de ouro aquela noite, algo nada inesperado para mim, Bale me beijou na frente de todos, decretando assim o início do meu longo reinado.
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“Agora é oficial, está no topo da lista vip da elite de Upper East Side. Quem diria que a misteriosa órfã subiria tão rapidamente assim os degraus para ser a rainha do Constance. Ao final deste ano letivo não somente , mas conseguiu acompanhar os passos da amiga e se tornou a princesa perfeita para o capitão do time a mais cobiçado da Jude’s, Bellorum. Parece que sonhos podem se realizar em Manhattan, porém existem alguns pesadelos do passado que quero descobrir nessas férias de verão. Assim como quem é o tal intruso misterioso que despertou algo interno em nossa nova rainha.”
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém!
- Xoxo, G’G.
7: Havana
“Havana, ooh na na (ayy, ayy)
Half of my heart is in Havana, ooh na na (ayy, ayy)
He took me back to East Atlanta, oh na na na
Oh, but my heart is in Havana
My heart is in Havana
Havana, ooh na na”
- Havana / Camila Cabello (feat. Young Thug)
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Faltava duas semanas para as férias de verão e eu já estava ansiosa, finalmente havia aceitado meu convite para viajar comigo. Havia tantas possibilidades de roteiro em minha mente que não conseguia me decidir. Paris era uma boa opção já que minha amiga nunca havia ido para Europa, porém Bahamas era o destino sugerido pelo . Tantas outras cidades apareceram e nossa escolha foi ficando cada vez mais complicada.
— Então, já decidiu nosso destino? — disse pulando em minha cama e me olhando curiosa.
— Não... — fiz cara de tristeza, desviando meu olhar para a agenda que estava em minha mão — Hum… Que tal você decidir? Já que é a sua primeira viagem…
— Bem… — ela se remexeu na cama e ficou um tempo olhando para o teto — É, realmente são muitas possibilidades...
— Vamos para Havana. — sugeriu Matt aparecendo de surpresa da porta do quarto, de braços cruzados.
— Matt. — o olhei e sorri — Quando chegou?!
— Não tem muito tempo. — ele desviou seu olhar para minha amiga — Oi , que olha é esse.
— Nada, só me impressiona você querer levar uma pessoa que ama o capitalismo, para um país socialista. — ela ergueu seu corpo — O que as aulas de economia e sociologia estão fazendo com você?
— Seria um belo contraste. — ele riu alto — O que achar?!
— Estávamos pensando em algo mais europeu. — expliquei a ele.
— Eu topo o desafio. — manteve seu olhar fixo nele.
— Mal posso esperar para ver isso. — sussurrei segurando o riso.
Nosso destino estava traçado e Matt, se ofereceu para elaborar o roteiro da viagem, segundo ele, depois poderíamos esticar em Bahamas que é perto e visitar o recém inaugurado resort Royale, que pertencia a família de . E mesmo que não fosse uma viagem de casal propriamente dita, eu estava mantendo minhas esperanças de ter minha amiga como cunhada oficialmente.
Se e Matt se acertassem, seria a realização do ano para mim. Tudo já estava acertado e calculado por meu irmão, nosso refúgio em Havana seria na casa de um dos membros de uma fraternidade de Harvard que tinha oferecido a Matt. Enquanto a viagem não vinha, meu irmão naquela noite nos convidou para visitar o pub de um velho amigo, que tinha reformado recentemente. Eu recusei de início, meu corpo estava estranho. Talvez pela ligeira mudança de tempo, estava me convalescendo de um resfriado ainda, decidi ficar em casa e contemplar a beleza e frescor da brisa noturna.
Contudo, lhes desejei uma noite cheia de diversão. O que de fato pelo olhar de minha amiga, não iria faltar.
— Que tédio. — sussurrei ao olhar a hora novamente pelo celular.
Aquela já era a quarta vez em um curto espaço de tempo. Até que recebi uma mensagem de Camille, perguntando se poderia confirmar os convites vip para nossa festa do pijama de férias. Algo que havia saído totalmente da minha cabeça. Trocamos algumas mensagens para ajustar os detalhes finais. Adormeci em algum momento da noite e logo pela manhã acordei antes mesmo do despertador tocar, por curiosidade, saí do meu quarto e segui até o de , o encontrando vazio e arrumado.
Ela havia dormido fora e provavelmente com o Matt.
— Sete horas da manhã… — disse assim que ela entrou eu seu quarto, em total despreocupação.
Estava curiosa demais para saber o que tinha rolado em sua noite de diversão, que resolvi ficar até sua chegada.
— O que faz aqui em meu quarto? — perguntou ela confusa por me ver lá.
— Estava te esperando. — respondi.
— Para?
— Primeiro para saber como foi sua noite, segundo temos uma festa do pijama.
— Cancela. — disse jogando a bolsa em cima da cama.
— Qual das duas?
— As duas. — ela caminhou em direção ao closet, com a voz estranha.
Não sabia identificar se tinha traços de embriagues ou sono mesmo.
— Ah não… — a segui e fiquei parada na porta — Não podemos cancelar a festa.
— Por que não? — ela me olhou — E somente uma fez .
— Você sempre diz que uma festa do pijama nunca é somente uma festa? — argumentei utilizando suas próprias regras — Estamos caminhando para o último ano do colegial, precisamos de uma festa para aquecer as férias.
— Eu não poderei comparecer à festa, mas se você quiser continuar. — explicou ela, sem detalhes o motivo de sua falta de interesse — Será bom para você ser a anfitriã sozinha.
— Aconteceu alguma coisa? Com você e o Matt? Por isso não quer mais a festa? Seu olhar está estranho, você parece cansada, saiu daqui tão animada ontem. — insisti, ela estava mesmo estranha.
— Não é nada, só tenho outro compromisso. — ela deu as costas e pegou a toalha — Vou tomar um banho.
— Por acaso esse outro compromisso é com o Matt? — sorri esperançosa.
— Ai , por favor, já disse para não criar mais expectativas sobre isso, não tem nada a ver com o Matt. — ela entrou no banheiro fechando a porta, parecia ter ficado irritada com minhas especulações.
Confesso que um leve desânimo bateu em mim, o que me fez pensar em cancelar mesmo a festa do pijama. Seria indelicado com as convidadas, só porque não queria mais participar. Então, eu faria sim aquela festa, e seria tão bem elaborada quanto as que minha amiga organiza. Liguei para Camille e pedi para que viesse a minha casa, eu tinha um dia de trabalho pela frente, e faria com perfeição.
— Aqui estão os convites, agora só falta entregar. — disse ela me entregando o envelope.
— Pode passar diretamente para o entregador que contratamos. — informei ao checar a capa dos convites.
— Será aberto somente para dez alunas mesmo? — sua voz parecia confusa.
— Sim, estas são as melhores aulas do Constance, o que significa que entrarão nas melhores universidades, serão pessoas influentes no futuro. — expliquei — Pelo menos essa é a lógica da , fortalecer os laços hoje com as pessoas que serão relevantes amanhã.
Soltei um suspiro longo e cansado, quanto mais eu convivia com minha amiga, mais eu descobria traços que ela possuía semelhantes aos da minha mãe. A maioria eu não gostava nenhum pouco.
Dois dias passaram. havia dado mais um de seus sumiços malucos e sem explicações plausíveis. Era óbvio que minha curiosidade só aumentava, afinal ela era uma caixinha de surpresas maluca. Mas já tinha me dado ao luxo de acostumar com isso e não me preocupar mais.
— O que faz aqui a essa hora? — perguntou Matt ao me ver parada em frente à janela da sala do seu apartamento.
— Vim tomar café da manhã com meu irmão. — me virei para ele, com um sorriso delicado — Não posso mais? Ou esperava outra visita?
— É claro que pode. — ele abriu um largo sorriso e pegou suas chaves que estavam na mesa de centro — Onde deseja tomar o café?
— Starbucks já está bom. — não demonstrei muita motivação.
Havia passado a noite naquela festa do pijama tediosa com mais dez garotas e assuntos que pareciam uma tortura. Todas falavam do seus futuros acadêmicos brilhantes e detalhadamente planejados. Enquanto eu mantinha minha indecisão em segredo. Mais um ponto que eu admirava em , ela sempre sabia o que queria.
Quanto a mim, tinha milhões de pensamentos indecisos e nenhuma certeza de fato. Chegando à cafeteria, sentamos em uma mesa mais centralizada, que dava ampla vista para todo lugar. Não demorou muito até que meu irmão reconheceu um rapaz, que mantinha-se na mesa dos fundos, encarando uma xícara do que parecia ser um cappuccino.
— Tenebrae. — disse ele, ao se aproximar — A quanto tempo, o que faz em Manhattan?
— Recomeçando. — disse o rapaz, em voz baixa, mas pude ler em seus lábios claramente — E você? Não estava em Harvard?
— Ainda estou. — contou meu irmão, sua voz eu conseguia ouvir, mesmo sendo branda — Soube que saiu de casa e recusou a vaga em Yale.
— Não tenho vocação para exatas, principalmente engenharia. — respondeu ele — Mas, não acho que deva se preocupar comigo, quando tem uma garota à sua espera.
— Aquela bela garota é minha irmã, acho que não se lembra dela. — comentou Matt.
— De fato, não me lembro. — o rapaz continuou sério, ao lançar seu olhar enigmático sobre mim, então o voltando à xícara.
Senti estranheza, mas me solidarizei, ele tinha um olhar triste e distante.
— Me desculpe . — disse meu irmão, ao se sentar novamente na cadeira em minha frente — Sempre que venho a Manhattan agora é como se não visse as pessoas há mil anos...
Brincou ele, rindo um pouco.
— Tudo bem. — assenti.
— Entretanto, já tem mesmo muito tempo que não vejo o .
— ? Aquele seu amigo das aulas de esgrima? — perguntei de forma espontânea sem dar muita atenção à história.
— Não, aquele era o Gustav. — explicou Matt — é do ensino fundamental, ficou pouco tempo na minha turma e logo mudou de escola por causa do divórcio dos pais.
— Ah... — voltei meu olhar para a atendente que se aproximava de nossa mesa.
— Mas parece que o bom filho à casa torna. — ele riu novamente e comentando — Manhattan possui um imã oculto que sempre nos traz de volta a ela.
Após os pedidos, me mantive alheia às movimentações da cafeteria, por alguns instantes até me perdi em meus pensamentos. Intrigando o meu irmão.
— Está meio distante hoje. — comentou Matt assim que fomos servidos.
— Hum. — eu o olhei — Desculpa, minha mente não está mesmo aqui.
— Não me diga que é pelo desaparecimento de ?! Não é a primeira vez dela.
— Não é por isso, sempre chega na hora exata, então não me importo mais com seus sumiços. — desviei o olhar para a vidraça, olhando os carros passando na rua.
— O que anda circulando aí dentro então? — insistiu ele.
— Recepcionei uma festa do pijama ontem, somente para as garotas influentes do Constance. — contei superficialmente.
— E não deveria estar feliz? Você está ficando independente. — brincou ele num tom debochado.
— Não achei graça. — cruzei os braços o olhando séria — Nunca tive ambição de ser popular, receber pessoas em casa, dar festas e ser socialite como a mamãe.
— O que foi então?
— Nosso assunto principal foi o futuro acadêmico. — senti uma certa frustração sair disfarçadamente no meu tom de voz.
— Ainda está indecisa?! — senti ele se movendo para pegar a xícara de café.
— Sim. — soltei um suspiro, voltando meu olhar para ele — Não quero seguir os passos da mamãe.
— Nossa mãe se formou na Parsons, agora ela quer que você estude em Yale. — ele segurou o riso — Teoricamente, não está seguindo ela.
— Matt… Não é a mesma coisa, além do mais sabe do que estou falando.
— E o que você quer fazer? — ele me olhou com intensidade.
— Esse é o problema, eu não sei o que quero fazer.
— Não consegue pensar em nada?
— Não, isso me deixou ainda mais frustrada ontem. — voltei meu olhar para rua — Estamos falando do meu futuro e nem sei o caminho a seguir.
— Acho que você precisa relaxar e aproveitar mais, logo vai iniciar o último ano do colegial, ainda tem muito tempo para descobrir. — ele segurou em minha mão e sorriu, piscando de leve — Agora pare de criar rugas à toa, você é muito linda para ter isso.
— Obrigado. — sorri de leve para ele — Você é o melhor irmão do mundo.
— Sou o único que você tem! — ele soltou minha mão se espreguiçando — E como anda o namoro?
— Não queria falar sobre isso. — voltei meu olhar para a xícara de cappuccino, mordendo o lábio inferior.
— Brigaram de novo?
— Não, felizmente agora estamos bem.
— Está preocupada com nossa viagem de férias? — ele segurou o riso — Está com medo de ficar sozinha com ele?
— Eu não quero mesmo falar sobre esse tipo de assunto com você, Matt. — fiz uma careta.
— Tudo bem. — ele riu.
— E não ria. — eu ri junto.
Era bom passar aquele tempo com ele. Desde a infância nossos laços de irmãos sempre se intensificavam quando o casamento dos nossos pais estava ameaçado. Sempre o tive como um ponto de apoio, o que me deixou meio abalada, quando saiu de casa para morar sozinho. Logo recebemos uma ligação de nossa mãe no celular de Matt, nossa família havia sido convidada para um jantar na casa do governador. Eu não estava interessada em voltar para casa, então aproveitei a boa vontade do meu irmão. O arrastei pelas lojas da Times Square, precisava de um vestido novo para ocasião.
— Vamos entrar em mais quantas lojas? — reclamou ele assim que chegamos em frente à loja da Chanel.
— Eu juro que é a última. — o olhei fazendo cara de piedade.
— Mulheres, não sei como conseguem provar quatrocentas roupas e não levar nenhuma. — ele cruzou os braços.
— Querido irmão, eu sou uma regra a exceção. — admiti — Aposto que se a estivesse aqui, já estaria carregando umas dez sacolas.
— Sério? — ele soltou uma gargalhada — Essa eu queria ver.
— Minha amiga é uma consumista nata. — ri de leve — Mas realmente esta é a última, uma dica que aprendi com minha amiga, quando não sabemos o que vestir, a Chanel nos ajuda a não errar.
— Ela é cheia de dicas. — ele soltou um riso fraco.
— Você também teve alguma dica dela?
— Não, mas conheço outras pessoas que sim. — ele se espreguiçou — Vamos, você ainda precisa comprar seu vestido.
Assim como também precisava descobrir os inúmeros segredos que giravam em torno da minha amiga. Respirei fundo e mudei totalmente o foco dos meus pensamentos. Logo que entrei na loja, a consultora se aproximou de mim, começamos a conversar sobre os possíveis looks que poderiam perfeitamente se encaixar naquela ocasião. Um bom tempo depois, finalmente estava saindo da loja satisfeita com meu vestido de seda azul marinho, estampado com flores de lótus.
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— Clair, vejo que está mais bem disposta hoje. — disse minha mãe ao abraçar a senhora Donson.
— Sim, estou me sentindo bem melhor, agradeço seu apoio, minha amiga. — ela retribuiu o abraço.
Seria uma cena linda de duas amigas. Se não fosse o fato da minha mãe não ser amiga de ninguém. A verdade é que a senhora Mary Vidal só enxergava seu status na elite de Manhattan, se você era notável financeiramente com certeza estaria na lista de contatos dela. Minha mãe, mas verdades sejam ditas. Voltei meu olhar para o lado e logo vi uma cena sincera, meu pai e o governador rindo de uma piada que ele acabava de contar. Aquela sim, certamente poderia ser considerada uma amizade de verdade.
— ? ? — ouvi a voz de minha mãe me chamar a realidade.
— Hum. — voltei meu olhar para ela, que sinalizava com sua expressão facial, que eu estava sendo deselegante com nossa anfitriã.
— Boa noite, senhora Donson. — sorri de leve e a abracei.
— Querida, pode me chamar de Clair, como sua mãe. — ela retribuiu o abraço e me olhou com ternura — Está a cada dia mais bonita.
— Obrigada. — voltei meu olhar para Charlie que descia a escada.
Ele estava muito charmoso com seu terno vermelho bordô, Dolce & Gabbana. Pelo que me lembro das revistas de moda de minha madrinha, parecia da coleção atual. Algo que lhe caía muito bem, afinal ele era um cavalheiro como os lordes dos muitos romances vitorianos que eu lia.
— Que bom que veio. — disse ele ao se aproximar de mim.
— Sua mãe é um encanto de mulher, jamais recusaria um convite dela. — disse com um tom gracioso, mantendo a suavidade na voz.
Me sentia confortável perto dele.
— Isso me deixa feliz… — ele começou a rir.
— O que foi? — perguntei ajeitando meu cabelo — Tem algo de errado em mim?
— Não, claro que não. — ele me olhou com serenidade — Você é linda.
— Então... O que é? — indaguei.
— Para ser sincero, estava pensando que não deveria ter dito que veio por minha mãe. — ele sorriu de canto.
— E por que não? — perguntei curiosa.
— Mostrou-me seu ponto fraco, pois agora sempre que eu quiser te ver, pedirei a ela para te convidar em meu lugar. — ele intensificou mais seu olhar, o que me deixou um pouco envergonhada.
Sim. Charlie era o primeiro homem que demonstrava interesse por mim, sem a menor discrição. O que me deixava ainda mais impressionada, é que mesmo em momentos que estava ao meu lado, seu olhar era somente em minha direção.
Algo que jamais imaginei vivenciar.
— Então me lembrarei disso da próxima vez que for convidada para vir aqui. — brinquei um pouco, suavizando a profundidade daquele momento.
— Por favor. — pediu ele, rindo baixo, parecia não conseguir desviar os olhos de mim — Como vão os preparativos para as férias de verão?
— Caminhando, estamos com planos de ir para Havana. — contei a ele, disfarçando meu nervosismo interno e pegando uma taça de suco que foi servida pelo mordomo.
— É um belo lugar para se visitar no verão. — comentou ele.
— Já esteve lá? — o olhei curiosa.
— Ah sim, já visitei a cidade umas quatro ou cinco vezes, cada ida uma descoberta a mais. — contou ele — Entretanto, nunca com a companhia certa.
— Ah... — eu tomei um gole do suco, tinha pedras de gelo que mantinha em boa temperatura.
Eu tentei agir naturalmente o restante da noite. Minha distração foi as muitas histórias que a senhora Donson me contou de quando o filho era pequeno e bastante travesso. Tudo parecia controlado e sereno, quando ficamos eu e Charlie sozinho na biblioteca de sua casa. Inicialmente a intenção era que ele me mostrasse sua coleção de livros clássicos da literatura inglesa. Uma raridade, pois alguns dos títulos eram originais da primeira edição publicada.
— O que achou?! — perguntou ele.
— Confesso que tenho um fraco por literatura britânica. — disse ao pegar um dos livros — Principalmente os romances que nos ambicionam a não desistir do amor.
Charlie permaneceu em silêncio, apenas me observando com atenção. O que me deixou ainda mais nervosa e ansiosa, por não saber como me comportar perto dele. Meu coração estava um pouco acelerado.
— Posso levar este emprestado? — perguntei, dando continuidade ao assunto, para quebrar o silêncio.
— Claro, assim terei mais um motivo para sua visita. — brincou ele, aproximando-se de mim.
— Charlie... Não sei se é do seu conhecimento, mas... — eu precisava que ele entendesse minha situação amorosa.
— Você tem um namorado. — completou ele.
— Sim. — assenti, sentido um breve alívio.
— Eu sei disso, apenas lamento que não seja eu. — disse ele, se aproximando mais — Porque se fosse, não a deixaria ir a um jantar sozinha.
Foi em um piscar de olhos... Que o inesperado aconteceu sem que eu pudesse reagir, apenas consenti o que não deveria.
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Ansiosos para as férias de verão? Nossa Dream Princess sim! Apesar de todos os sumiços de , nada lhe tirou a vontade de comandar uma festa do pijama solo. Parece que nossa tímida garotinha está crescendo e ficando mais independente. Porém, a parte que me interessa mais é este olhar arrebatador de Charlie. Para quem nunca era vista entre a elite, se tornou o foco para alguém. Será que o namoro com o crush da infância, vai durar até o baile de formatura do próximo ano letivo?
- Xoxo, G’G
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— Fiquei sabendo de um certo jantar na casa do governador. — disse a , sentada na sua cama, assim que entrou no seu quarto.
Um bom dia diferente para meu retorno.
— ?! — ela me olhou surpresa e assustada ao mesmo tempo — Você voltou.
— E por que não voltaria? Nossa viagem é amanhã. — ri baixo dela — Então, pode ir me contando.
— Como se você me contasse as coisas. — ela deu de ombro.
— Hum… Desde quando minha amiga é assim tão vingativa? — me levantei cruzando os braços, ela não era assim.
— Desculpa. — ela veio em minha direção e me abraçou.
— O que houve? — retribui o abraço já me preocupando — Brigaram novamente?
— Não, antes fosse isso. — ela respirou fundo e me olhou como se fosse daqueles bandidos com culpa no cartório.
— o que aconteceu? — permaneci séria e preocupada.
— É que… Olha a culpa não foi minha tá legal… Aconteceu de repente, que nem eu sei exatamente o que aconteceu direito. — ela se afastou de mim, começando a falar coisas sem sentido, se defendendo de uma forma exagerada.
Parecia ainda mais atordoada e confusa a cada palavra.
— Ei para… Você está dizendo coisa com coisa. — segurei em sua mão e a sentei na cama, me sentando ao seu lado — Agora fala devagar. Tudo bem?
— Tudo bem. — assentiu ela.
— Ok, então, o que aconteceu? — perguntei novamente.
— O Charlie me beijou. — não foi exatamente devagar, mas me deixou chocada.
E um pouco estática por alguns segundos para absorver a informação.
— O que?!
— Eu não vou repetir. — ela se levantou desesperada — Já está sendo um surto interno para mim me lembrar disso a cada minuto.
— Oh my God. — me levantei também ainda raciocinando tudo aquilo — Ok, era óbvio o interesse dele por você, mas e você?
— O que tem eu? — ela me olhou assustada.
— O que sentiu?
— Como assim o que senti? , eu tenho um namorado, que modéstia à parte, foi difícil conseguir a atenção e o amor dele. — ela cruzou os braços me olhando com indignação — Eu não posso sair sentindo coisas quando outra pessoa me beija, ou melhor, Charlie nem deveria ter feito isso, eu estou em pânico com isso e passei todos esses dias sem minha melhor amiga para me ajudar a superar.
— Calma , não é o fim do mundo. — eu segurei o riso, sem sucesso.
Queria poder ajuda-la melhor.
— Não é o fim do mundo? Você está se ouvindo? Eu tenho um namorado, imagina o que pode acontecer se ele souber? — argumentou ela.
— Ele não vai saber, porque você não vai contar. — segurei em sua mão e a olhei firme — Afinal, foi só um beijo que você não esperava e nem sentiu nada, não é?
— É… — sussurrou ela, desviando o olhar.
— Ou você sentiu algo?! — repeti a pergunta — ?
— Ai MiIla, não me confunda mais. — ela se afastou de mim.
— Eu estou te confundindo? Você já está assim. — a olhei um pouco desconfiada — Por acaso…
— Não comece com suas suposições. — ela caminhou até a porta do quarto e abriu — Poderia, por favor, me deixar sozinha?
— Tudo bem. — resolvi não insistir.
Assim que saí de seu quarto, segui até a cozinha para pegar um pouco de água. Em minha cabeça, muitos pensamentos sobre o tal beijo do filho do governador. Felizmente minha doce e tímida amiga tem se tornado uma mulher que sabe se destacar e chamar atenção, ainda que não queira.
— Olha só, quem é vivo sempre aparece. — disse Matt, que estava encostado na bancada da pia.
— Boa noite, Matt. — passei por ele indo até a geladeira — Não deveria estar em outro lugar?
— Hum… Outro lugar?
— Seu apartamento. — peguei a garrafinha de água e fechei a geladeira, voltando meu olhar para ele — Onde mais estava pensando?
— Não sei. — ele pigarreou — E você onde estava?
— Sabe que não vou responder. — ri de leve abrindo a garrafinha.
— Desapareceu assim por causa dela? — ele me olhou sério.
— Dela quem?
— Allison Sollary. — seu olhar se intensificou, nunca havia visto o Matt com aquela expressão facial gélida.
— De onde tirou esse nome? — perguntei tentando não reagir de forma estranha, mas já sentindo um certo frio na barriga.
— me contou, ele disse que você afasta todo mundo por causa dela. — explicou ele, como se analisasse minha expressões — Então, é verdade?
Eu odiava quando alguém fazia isso comigo.
— Então, não tem nada, que viagem louca. — desconversei — De onde tiraram isso de Allison Sollary, por favor.
— Vou fingir que acredito que não tem nada a ver com ela.
— Mas eu não tenho. — tentei não alterar minha voz, sem sucesso, parei e respirei fundo — Esqueça isso, por favor.
— Já esqueci, como tudo que me pede. — ele desviou o olhar — Já conversou com a .
— Sim, por que? — não entendia a pergunta.
— Ela te contou?!
— Contou o que? — indaguei.
Será que tinha mais alguma novidade estranha?
— Charlie, o filho do governador, beijou ela. — respondeu tranquilamente.
— Como soube?
— Eu vi. — contou ele — A porta estava entreaberta.
— Você contou para alguém? Para o ? — senti um leve frio na barriga.
— Não. — respondeu ele.
— Ufa. — respirei aliviada — está surtando com isso, por favor, finja que não viu nada, e não conte a que sabe, se não ela fica mais louca com essa história.
— Não se preocupe, sou bom em guardar segredos. — ele suspirou fraco — Além do mais, esse assunto não é meu, ela quem deve resolver.
— Você é um bom irmão. — sorri para ele — Hum…
— O que? — ele me olhou desconfiado.
— Agora estou curiosa com uma coisa.
— Com o que? — perguntou ele.
— Qual é o seu assunto. — não me contive em sorrir para ele.
— Sabe que é você. — ele foi se aproximando de mim — Querer te desvendar me deixa louco, sabia?
— Não, mas gostei.
— Você se diverte sendo má com todo mundo. — ele segurou em minha cintura.
— Não sou má com todo mundo. — eu envolvi meus braços em seu pescoço, fazendo um olhar de criança abandonada.
— Você é má com quem gosta de você. — mesmo com o tom amargo, Matt manteve seu olhar intenso.
A noite entre nós dois poderia ser longa se eu não tivesse preocupada com uma coisa. Como deixaria meu passado problemático, e embarcaria numa viagem de férias para Havana? Quanto mais eu pensava sobre isso, mais me sentia desestabilizada. Talvez fosse confortável, somente passar a noite sentada no chão da sala de cinema, com a cabeça apoiada no ombro de Matt. Foi o que aconteceu. Naquela noite, só precisava de um ombro amigo para descansar. Apesar de nossa amizade mais que colorida ter falado mais alto no meio da noite.
— Animada?!! — me olhou com seus olhos brilhando, assim que descemos do carro.
— Claro que estou, é nossa primeira viagem juntas. — admiti forçando uma empolgação, contudo, internamente estava me sentindo emocionalmente acabada.
Não era surpresa que ofereceria o jatinho da família para o transporte rápido. Nosso desembarque no aeroporto internacional José Martí, foi tranquilo. Nos hospedamos na casa do veterano de Matt com vista para o mar, e a dispensa cheia de comida. Estava animada para ver meu guia turístico particular em ação. E aparentemente, ele estava animado para levar a ruas estranhas daquela cidade.
Após o descanso do primeiro dia, na manhã seguinte começamos com uma volta pelo centro comercial. Claro que não deixaria meu lado consumista morrer desidratado naquele país. O capitalismo corria loucamente em minhas veias, principalmente quando vimos uma loja de roupas das artesãs locais. Apesar de não ter a visibilidade das grandes marcas europeias, a qualidade daqueles tecidos e das linhas eram incríveis.
— Pensei que estivesse cansada demais para querer sair à noite. — Matt, que se apoiava na sacada da janela, cruzou os braços dando um sorriso largo.
— Estamos de férias, estou me proibindo ficar cansada. — disse ao terminar de secar os cabelos com a toalha — Quero aproveitar cada segundo como se fosse o último.
— Então vamos aproveitar. — ele retirou o celular do bolso — Vou dizer ao para nos encontrar em frente à praia com a .
— Para onde nos levará?
— Surpresa. — ele piscou de leve.
Eu sorri animada. Matt era bom em fazer surpresas. Desta vez, ele não seria diferente. Vi em a cara de choque, quando chegamos em frente ao restaurante, que mais parecia uma discoteca, pelo menos do lado externo. Uma parte de mim estava correta, quando chegamos na parte interna, vi várias pessoas dançando na pista de dança que havia no centro do lugar. Estava curiosa pelo que poderia acontecer naquela noite.
— Matt meu amigo, se a elite de Upper East Side visse esse lugar…
— Eles não precisam saber que conhecemos lugares assim. — ele sorriu de canto e piscou.
— Parece que não sou a única com segredos. — soltei uma risada rápido, desviando o olhar para que parecia assustada com todo aquele movimento — Será que ela sobrevive?
— Claro que sim, trouxe vocês aqui, porque a comida é boa e todos são divertidos. — explicou ele — E as mulheres são bonitas.
— Hum… Falou como o . — comentei brincando.
— Só disse a verdade. — retrucou ele, com o olhar malicioso — Tem uma bem ao meu lado.
Não me contive em rir de leve.
— Matt. — disse uma mulher de vestido amarelo ao chegar animada já o abraçando. — Você veio mesmo.
— Eu disse que viria nessas férias. — ele sorriu para ela — Deixa eu te apresentar uma amiga, essa é a , , essa é Nancy.
— Como vai. — a mulher sorriu para mim já me abraçando — Seja bem vinda.
— Obrigado, Nancy. — desviei meu olhar para Matt, que segurava o riso.
— Esta é , minha irmã e , seu namorado e meu amigo.
— Sejam bem-vindos também.
Assim que se aproximaram de nós, a mulher os abraçou como se fossem íntimos.
— A noite está inspiradora hoje. — comentou Nancy.
— Estamos percebendo, todos bem animados. — concordou .
— É sempre assim aqui. — ela olhou para trás, parecia estar sendo chamada por alguém — Estão me chamando, espero que se divirtam.
Ela se afastou.
— Que cara é essa? Se não te conhecesse, acharia que está com ciúmes. — brincou Matt ao se aproximar um pouco mais de mim.
— Ciúmes? — ri — Não exagere, só fiquei um pouco em choque com a recepção calorosa da sua amiga.
— Impressionante como você não dá o braço a torcer. — ele riu — Aposto que se te desafiasse a dançar comigo, aceitaria só para não perder a pose, apesar de não saber.
— Quem disse que não sei dançar? — o olhei de forma segura e intimidadora, com a mão na cintura — Agora sou eu quem te desafia a uma rodada. Você conseguiria me acompanhar?
— Não diga me diga…. — ele riu — Está falando sério?
— Foi você quem deu a ideia.
Só daquela vez, só naquele momento, eu me permitiria resgatar um pequeno e relevante pedaço do meu fatídico passado. Uma pequena parte de mim que poderia surpreender ele e talvez deixá-lo ainda mais intrigado, não me importava muito com isso. Porém, desta vez, o que aconteceria em Havana, ficaria em Havana.
— Você não cansa de me surpreender. — Matt manteve sua mão em minha cintura, após o término da música.
— Nunca mais duvide de mim. — sorri de forma presunçosa, voltando meu olhar para o lado — Me parece que sua amiguinha não gostou da minha performance.
— Disfarce esse sorriso de vitória. — ele me olhou sério — Sabe que me tem a qualquer hora que quiser.
— Estraga prazeres. — me afastei um pouco dele — Por que você e o sempre voltam nesse assunto.
— Por que você sempre foge? — ele respirou fundo se afastando de mim, seguindo em direção a saída.
Olhei de relance para a mesa, e estavam conversando com um casal da terceira idade, que parecia estar contando histórias sobre o restaurante. Voltei meu olhar para frente e fui atrás de Matt. Chegando na rua, ele já estava subindo na moto que tinha alugado.
— Matt, espera. — disse correndo até ele — Me desculpa, é minha primeira viagem com vocês, não quero estragar isso com assuntos sobre minha vida.
— Sobe, quero te levar a um lugar. — ele ligou a moto.
Assenti subindo na garupa. Segurei firme em sua cintura. Após algumas voltas em alta velocidade, que me fazia sentir livre, ele estacionou perto de um mirante que dava vista para praia. Uma paisagem inspiradora. Permanecemos em silêncio todo aquele tempo, sentados na moto olhando as ondas do mar. Por mais que Matt não me entendesse, por completo, ele sempre arrumava uma forma de me fazer sentir bem.
Ainda que ele se sinta mal por isso.
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Estava sendo as melhores férias da minha vida, pensei que realmente tudo ocorreria bem. Mas a calmaria sempre vem antes da tempestade. Meu doloroso passado pedia por minha atenção, sempre nas horas mais emocionantes e relaxantes da minha nova vida, aquilo acontecia e tinha de despertar do meu sonho de realeza.
Como eu diria para eles que teria de voltar a Manhattan?!
Da mesma forma de sempre. Sem explicações e com um sorriso disfarçado de que está tudo bem. Mesmo não sendo fácil para mim, era preciso.
Eu deixaria de uma vez por todas, o meu coração em Havana.
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Que Mistery Queen é uma caixinha de enigmas todos sabem. Mas desta vez foi de surpreender até quem não a conhecia. Será que um dia conseguiremos resolver este mistério, de codinome ?! Uma coisa eu sei, assim como na canção, alguém deixou seu coração em Havana, e não foi somente nossa Queen...
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém!
- Xoxo, G’G.
8: Last Year of School
“But I see your true colors,
Shining through,
I see your true colors”
- True Colors / Cyndi Lauper
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Foi divertido passar parte das férias de verão em Havana...
Principalmente pelas muitas paisagens bonitas e pessoas divertidas de conheci, muitas histórias e risadas para aliviar o estresse que o último ano do colegial me traria. Apesar do contratempo de , que sempre deixava todos confusos, nos divertimos o pouco tempo que ela ficou conosco. Mas claro que não fomos os únicos a desfrutar das maravilhas das férias de verão. Segundo o blog da G’G, foi se divertir em Monte Carlo, acho que estava revoltado por não ter aceitado seu convite de passar as férias em Malibu com ele. Mas era um tanto óbvio que minha amiga não aceitaria o convite, ainda mais com seus antecedentes.
Enfim, guardarei boas lembranças deste momento em que estivemos juntos, foi a melhor férias de verão da minha vida. Risos, alegrias e festas, até a parte em que ficava sozinha com . Eu ainda não me sentia preparada para avançarmos como ele queria e talvez eu nunca esteja cem por cento. Ao longo desses dois anos de namoro tínhamos terminado e voltado várias vezes, sempre com os conselhos de em ambos os lados, para reatarmos.
— Bom dia, . — entrou no meu quarto esbanjando alegria — Animada para nosso último ano?
— Um pouco. — caminhei até meu closet para escolher qual bolsa usaria naquele dia.
— Estou sentindo um tom de desânimo em você. — ela me seguiu e ficou parada na porta me olhando — O que aconteceu, ? Não me diga que é outra dr com o ?
— Não. — eu peguei uma bolsa Prada azul anil para combinar com minha presilha de cabelo de safira azul — Só o futuro acadêmico que me tira o sono, mesmo com Matt dizendo para não me preocupar, acho que não consigo deixar de pensar nisso.
Ela ficou em silêncio me observando, como se não tivesse prestando atenção no que havia dito.
— ? Você me ouviu? — eu a olhei intrigada.
Ela assentiu rapidamente com a face, mordendo o lábio inferior.
— Fico feliz que tenha seguido meu conselho. — disse ela, mudando totalmente de assunto.
— Qual deles? — perguntei, não entendendo.
Afinal, haviam sido tantos conselhos desde que nos conhecemos.
— De usar as presilhas como uma marca registrada da Dream Princess. — explicou.
— Ah, sim, eu comecei a usar e agora parece que elas fazem parte de mim. — eu me olhei de leve no espelho e sorri para meu reflexo.
— Hum, voltando a sua indecisão, sua mãe falou mais alguma coisa sobre Milão?
— Não, mas quando voltarmos a falar sobre isso terei que dar uma resposta e não acho que será o que ela quer ouvir. — respondi a ela, segura de minha decisão.
— Somente escolha um caminho que no futuro te trará alegria, e não porque seus pais querem. — mais um de seus conselhos infalíveis.
— O problema é sempre a minha mãe, meu pai me apoia em tudo. — expliquei a ela.
— Eu, assim como várias outras pessoas, também te apoio. — ela sorriu de leve — Temos o Matt, o , o Charlie, a Camille e acho que até podemos incluir o nessa lista.
Nós rimos um pouco, então suavizei meu rosto para finalmente não me preocupar mais com esse assunto.
— Mas e você, já se decidiu se quer ir mesmo para Yale ou vai optar pela Parsons? — perguntei a ela.
— Não. — ela desviou o olhar para o celular em sua mão, parecia esperar por alguma mensagem — Estou quase na mesma que você, Yale é o meu sonho desde criança, mas sua mãe me influenciou a olhar para Parsons por ser considerada a segunda melhor escola de moda do mundo.
— Como sempre, minha mãe adora decidir por nós. — comentei.
— Não só ela, mas a Louise se formou na Parsons e fez a pós-graduação em Paris. — acrescentou — O fato é que não sei se estou preparada para deixar Manhattan.
— Estamos realmente no mesmo barco da indecisão. — conclui.
Eu a olhei com empatia e de repente nos abraçamos. Havia mais do que somente uma amizade em nós, havia cumplicidade também, era a irmã que sempre quis ter. E naquele momento, me senti mais forte para enfrentar os argumentos da minha mãe.
Devo admitir que aquele ano seria um pouco mais monótono para mim, já que e haviam se formado antes das férias de verão. O meu namorado a essa altura do dia, já estava iniciando seu curso de administração também em Harvard. Já seu primo, nosso libertino favorito, resolveu não olhar para o futuro acadêmico e inacreditavelmente conseguiu fazer seu pai aceitar, com os planos de ficar um ano vivendo sem preocupações.
Um ano sabático. Quem me dera.
Contudo eu, iria me ocupar muito com o novo projeto de , encontrar uma sucessora para ela e outra para mim, no Constance. E quanto a isso, eu já tinha um nome em mente, Camille era dois anos mais nova e eu já estava preparando-a para me substituir inconscientemente. Já minha amiga tinha dúvidas quanto sua sucessora.
— Não posso mais demorar, tenho que me decidir ainda essa semana, preciso encontrar uma aprendiz que seja perfeita para ficar no meu lugar. — disse ao sentar na escadaria com seu pote de iogurte na mão.
Seu olhar para os carros passando tinha traços de frustração. Era um fato que nenhuma garota parecia ser boa o bastante para ela. Algo que me preocupava.
— Calma, estamos no início das aulas, o outono mal começou. — eu olhei para frente e Camille estava vindo em nossa direção.
— Me desculpem o atraso. — disse ela, já se sentando no degrau abaixo do meu — Eu estava conferindo a lista das novas alunas transferidas.
— Alguma promissora? — perguntou , não demonstrando tanto interesse.
— Eu vi um sobrenome muito conhecido aqui no Constance. — anunciou — Acho que pode te interessar.
— Qual? — eu a olhei curiosa por minha amiga.
— Humphrey, o nome dela é Rosalie. — respondeu Camille.
— Humphrey, interessante, seja quem for ela já é da nobreza só por ter esse sobrenome, se eu gostar dela, acho que terei a aprendiz que tanto procuro. — anunciou minha amiga, deixando soar um tom de interesse.
— Me parece que sua busca finalmente acabou, . — eu ri de leve abrindo meu livro na página onde estava o marcador.
— , pensei que tivesse terminado de ler este livro. — comentou Camille.
— E terminei, estou lendo novamente, preciso de algo que me inspire na minha decisão final para a universidade. — expliquei.
— E vocês já escolheram? — Camille nos olhou curiosa — Em breve teremos a semana da Ivy League.
— Nem ouse comentar sobre essa semana, ainda não estou preparada para isso. — comentei, soltando um suspiro fraco, mantendo o olhar nas páginas do livro.
— Me desculpe. — disse ela, quase em sussurro.
— Não seja tão dramática, , digamos que nós ainda estamos analisando as propostas. — riu de leve, mas certamente também aflita por dentro — Mas acho que você deveria escolher antecipadamente Camille, só uma dica.
— Estou inclinada a seguir os passos da minha mãe e ir para a Brown. — respondeu ela de forma segura — A ideia de fazer jornalismo ou design e seguir carreiras em editoriais de decoração vem me conquistando.
Ela sim parecia determinada ao que queria.
— Que legal. — soltei outro suspiro fraco — Até você já tem uma direção.
— Acho que você deveria ficar calma quanto a isso . — Camille sorriu com graciosidade — Acho que quanto mais preocupada ficar, menos vai conseguir se decidir.
— Concordo plenamente. — disse , ao dar um gole em sua garrafinha de água saborizada — Bem, eu vou indo na frente.
— Não vai assistir as próximas aulas? — perguntei confusa.
— Não. Preciso resolver algumas coisas, volto antes do jantar. — ela se afastou tranquilamente, claro que não falaria com exatidão para onde iria.
Algumas semanas se passaram...
Ironicamente, mesmo com conselhos de todos, comecei a ter leves problemas para dormir devido à minha indecisão quanto ao meu curso. Eu não queria deixar minha mãe decepcionada, mas também não queria me decepcionar com a minha escolha. Foi em meus ataques de insónia que comecei a perceber as constantes saídas de minha amiga em dias alternados. Ela sempre dava um espaço de uma ou duas horas depois de todos irem dormir, saía em silêncio de seu quarto e corria até o portão da frente, sempre com um táxi a sua espera. Ela passava toda a noite fora e voltava pouco antes do amanhecer. Tinha receios de perguntar, afinal ela tinha suas liberdades de ir e vir, era emancipada e poderia parecer que a estava vigiando.
Sexta à noite, recebi uma mensagem de dizendo que estava na cidade e queria me ver. Eu escolhi um vestido mais casual, deixando o destaque para minha presilha de esmeralda, peguei minha bolsa de mão da Chanel e calcei a sapatilha da Prada que ganhei da madrinha, edição limitada da nova coleção.
— Boa noite. — disse ao me aproximar da mesa onde ele estava sentado.
Um encontro com meu namorado no recém inaugurado Moonlight Manhattan Restaurant, eu já tinha curiosidades sobre o lugar. Foram muitos os comentários que recebeu pela bela arquitetura e o conceito do trabalho no design como um todo. Agora sim eu entendia as palavras Menos é Mais de Mies Van Der Rohe. Isso sem comentar dos muitos elogios ao chef do restaurante pelo sabor incomparável à comida.
— . — ele se levantou e arrastou a cadeira para que eu me sentasse — Que bom que você veio.
— Tive que pensar duas vezes, já que a última vez que nos vimos, não foi tão confortável assim. — eu me sentei desviando meu olhar para a entrada do restaurante.
— Sei que te devo muitas desculpas. — ele se sentou.
— Me diga uma novidade. — eu sussurrei de leve, evitando olhá-lo.
— Não quero voltar para Harvard com esse desentendimento entre nós. — ele pegou em minha mão, o que me forçou a encará-lo.
Seu olhar estava sereno e visivelmente arrependido.
— E o que você quer, ? — me mantive séria — Nunca vai entender que não estou preparada.
— Por que não deixamos esse assunto, prometo que não vou mais te pressionar. — ele me olhou nos olhos, parecia sincero.
Nos desviamos nosso olhar para o garçom que se aproximou e nos serviu o vinho que já tinha sinalizado. Fizemos nosso pedido e iniciamos nosso jantar pacificamente.
— O que achou da escolha? — perguntou sobre o cardápio.
— Exatamente como imaginei, tenho ouvido muitos elogios a respeito desse lugar, estava mesmo querendo vir aqui. — respondei, olhando com mais atenção para os pendentes sobre as mesas — É um lugar muito bonito, tem toques de luxo, mas ao mesmo tempo uma simplicidade que um ambiente acolhedor.
— Hum... — ele manteve sua atenção em mim.
— Nunca imaginei que alguém pudesse harmonizar a modernidade associada ao minimalismo com o estilo industrial em um lugar só e ainda transmitir uma sensação acolhedora. — continuei minha percepção sobre a decoração do lugar, quando me silenciei e percebi ele apenas me observando — O que foi?!
— Nada, é que está descrevendo o lugar com tanta propriedade no assunto que me deixou impressionado. — comentou ele, sorrindo de leve.
— Não me olhe assim, se entendo o mínimo de interiores a culpa é da Camille que não resiste em descrever os detalhes de cada lugar que nós vamos juntas. — expliquei a ele — Não é como se arquitetura ou design fosse minha vocação, é um assunto interessante, mas não me desperta nenhuma paixão.
— E está tudo bem, quanto ao futuro? — perguntou ele — Já se decidiu?
— Ainda não e tenho mantido serenidade quanto a isso, não quero me precipitar, ainda tenho todo esse ano pela frente. — contei a ele — Posso me decidir com calma.
— Fico feliz por você e torcendo que escolha algo que tenha em Harvard. — brincou ele.
— Você me deseja em Harvard?! — pro aquilo eu não esperava.
— Você desejaria ir? — retrucou ele a pergunta.
— Como está sendo lá? — indaguei curiosa.
— Parte estressante como imaginei e parte divertida pelo Matt. — ele riu — Seu irmão me ajuda a lidar com as pressões acadêmicas.
— Matt sempre foi um anjo da guarda de todo mundo. — comentei.
Ele me contou mais algumas coisas sobre a fraternidade que tinha se juntado em Harvard, curiosamente não era mesma que Matt pertencia. O que achei triste. Após o jantar ele me convenceu a dar uma volta e caminhar um pouco pela 5ª avenida, depois de alguns minutos em silêncio, começamos a falar naturalmente sobre nossos anos de namoro. Tudo o que vivemos e aprendemos um do outro.
— . — ele segurou em minha mão me fazendo parar e o olhar — Eu fui um idiota e não quero mais ser... Seu jeito delicado e meigo, fez com que eu me apaixonasse por você e...
Ele foi se inclinando cada vez mais, seguindo seus lábios até os meus.
— . — eu sussurrei de leve e fechei meus olhos, no mesmo instante senti os lábios dele nos meus.
Meu coração sempre acelerava quando nos beijávamos, era um fato, não importava a situação ou meu grau de raiva dele. era o garoto que eu sempre imaginei namorando e no futuro se casando comigo. Talvez fosse loucura da minha parte basear todo o meu futuro sentimental em um amor de infância. Eu não deveria ter dúvidas dos meus sentimentos por ele, entretanto, por muitas vezes eu me pegava pensando no beijo de Charlie e logo me sentia culpada por ter consentido de forma tão fácil.
Insegura ou não, reatamos nosso relacionamento naquela noite. Lá no fundo, eu precisava dar só mais uma chance para finalmente descobrir ou que realmente sentia por , atualmente. Se era mesmo amor, ou apenas um relacionamento de comodismo devido a todo o esforço que fiz para conquistá-lo.
Quando cheguei em casa, estava na sala de televisão vendo um filme, entrei silenciosamente e me joguei ao lado dela.
— Então o que está assistindo? — perguntei, num tom baixo.
— O diabo veste Prada. — ela manteve seu olhar fixo na tv, com um brilho incomum — Melhor filme sobre moda não existe.
— Interessante, hum… — eu fiquei olhando para a televisão enquanto pensava no assunto — Você me deu uma boa ideia, .
Me remexi no sofá e a olhei.
— Eu dei? — ela pausou o filme e meu olhou, confusa.
— Sim, acho que vou começar a ver filmes de diversas profissões, quem sabe assim eu encontre aquela que mais de atrai. — expliquei a ela minha ideia.
Nada mal. Pensei comigo.
— Faz sentido esse pensamento. — ela demonstrou ficar pensativa — E como foi a noite? O jantar?
— Voltamos. — respondi breve e objetivamente. — Ele disse que não vai mais me pressionar sobre avançarmos na relação.
— Ainda tem medo da primeira vez? — perguntou ela.
— Eu fantasio tanto este momento, que não me vejo preparada para ele. — confessei a minha amiga.
Suspirei.
— Pelo seu jeito delicada e meiga, princesas são assim, . — ela sorriu — E merecem ter a melhor noite da vida!
estava certa, eu definitivamente era uma princesa.
Sempre havia sido tratada como uma, tanto pelos meus pais, como por Matt e Alfred. Minha realidade.
Seguimos a noite com alguns comentários aleatórios entre os dois filmes que escolhemos para ver antes de dormir. Na manhã seguinte, Camille nos apresentou a novata Humphrey. começou a chamá-la de Rose, assim teria mais estilo quando se tornasse rainha do Constance, como representante das alunas, em seu lugar. Passamos o intervalo na escadaria como de costume. Rose havia contado sobre como era chato a vida pacata no sul do Kansas; e de como estava animada por viver em Manhattan agora.
Ao final da aula, eu as convidei para passarem na minha casa, ficamos horas conversando na biblioteca enquanto desfrutamos do chá com biscoitos preparado por Alfred. Faltava alguns meses, mas até mesmo assuntos como o baile de formatura surgiu.
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E chegamos ao início de mais um ano letivo, já estou sentindo falta das fotos e informações que recebi das últimas férias. O verão foi quente para uns e solitário para outros. Estou curiosa para saber como será o outono, muitos estão preocupados com seu futuro acadêmico, mas já adianto que não abandonarei vocês e sempre estarei aqui.
- Xoxo, G’G
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Eu e combinamos de não ir à aula na quarta-feira para fazer compras. Rodamos todas as lojas importantes da Times Square, era o nosso dia do consumo e estávamos empolgadas a gastar o máximo possível. Nos atrapalhamos um pouco com as sacolas, mas o que importava era nos divertir naquele momento.
Quando chegamos próximo à estação central, pegou o celular e ligou para Alfred ir nos buscar. Eu fiquei olhando os carros que passavam na rua, despreocupada e serena, quando de repente ouço uma voz gritar o nome que me assombrava.
— Allison!
Meu corpo congelou no mesmo instante.
Olhei para e vi que ainda estava distraída falando ao telefone. Comecei a pensar como poderia agir naturalmente naquela situação. desligou o celular e se aproximou de mim, ela me olhou até que desviou seu olhar para trás, e novamente a pessoa gritou.
— Que estranho, tem uma pessoa olhando para nossa direção e gritando, quem é Allison? — perguntou .
— Não sei. — eu respirei fundo e olhei discretamente, reconhecia aquele rosto de algum lugar, mas não queria me lembrar — Vamos embora, .
Eu a puxei com certa dificuldade, por causa das sacolas que estavam em nossas mãos. Em poucos minutos Alfred mandou uma mensagem dizendo onde estava o carro estacionado. Mesmo insistindo em me perguntar, se eu conhecia a pessoa que gritava repetidamente aquele nome. Eu me esquivava ainda mais. Suas perguntas pararam quando finalmente chegamos em casa e nos deparamos com uma visita inesperada.
estava na sala com um copo de whisky na mão olhando um quadro que tinha na parede, seu pai se encontrava a portas fechadas no escritório conversando com o senhor John. E parecia que homens de negócios estavam em uma conversa séria em benefícios mútuos para o futuro. Já a senhora Mary, estava na cozinha escolhendo o menu do jantar, afinal, qualquer reunião ou celebração por mais simples que fosse, já bastava para ela se empolgar com os preparativos.
com sua boa educação, se aproximou dele para cumprimentá-lo. Aproveitei a deixa para passar direto e subir as escadas até meu quarto, depois do que tinha acontecido perto da estação, estava sem forças e paciência para as insinuações do Village libertino.
— Sabe, sempre me imaginei entrando no seu quarto. — comentou ao aparecer de repente na porta — Claro que de uma forma mais excitante.
— Você deveria mudar o foco da sua vida , viver um pouco mais. — brinquei sobre a obsessão dele em me conquistar.
— É divertido esse processo que conquista. — ele tomou o último gole do whisky e colocou o copo em cima da mesa que havia ao lado da porta.
— Só é divertido quando sabemos que temos alguma chance. — retruquei.
— E eu não tenho? — ele veio em minha direção.
— Quer que eu seja honesta ou prefere manter a amizade? — eu sorri debochadamente — Se é que temos uma.
Queria rir, mas me contive.
— Ah, Mistery Queen, assim eu me apaixono de vez. — ele sorriu de canto, um olhar malicioso que me dava medo — Ainda mais agora que acabei de descobrir coisas interessantes sobre você.
— Sobre mim? — eu ri, disfarçando minha preocupação naquela afirmação dele — As pessoas já sabem tudo o que deveriam sobre mim.
— Hum, como o nome do orfanato onde morava? — ele me olhou, parecia que sua insinuação tinha fundamentos — Ou aonde vai todas as madrugadas?
Meu corpo congelou no mesmo instante.
O passado que me rondava passou em minha mente como um filme. Não era meu fôlego final de vida, mas parecia que meu mundo iria desabar diante dos meus olhos. O olhar de mudou, sua face ficou mais séria e rígida por alguns minutos, até que ele foi se aproximando ainda mais de mim. Eu não conseguia me mover, meu corpo ainda paralisado e minha mente como se tivesse dado perda total.
Ele sabia de algo sobre mim, algo que eu não queria que ninguém soubesse.
— Eu sei quem é Allison Sollary. — ele sussurrou em meu ouvido — Te espero na mesa de jantar.
Finalizou ao piscar de leve para mim antes de sair do quarto. O que me deixou estática por alguns instantes.
— ? — disse ao entrar — ? Está tudo bem?
— Sim. — sussurrei de leve, demorou alguns minutos para voltar ao normal e perceber que estava me perguntando o que eu vestiria para aquele jantar.
— Tem certeza que está bem amiga? — ela me olhou, em sua face uma preocupação com minha ausência de reação.
— Sim. — eu respirei fundo e o olhei disfarçando meu estado de choque com um sorriso — Hum, eu ainda não decidi o que vou usar, mas você pode colocar aquele vestido branco floral do Dolce & Gabbana que compramos hoje.
— Gostei da sugestão, te vejo lá embaixo então. — ela sorriu de leve e saiu do meu quarto.
Fechei a porta trancando-a e me joguei na cama.
Meu desejo era que o teto caísse sobre mim e me livrasse de descer e olhar novamente para aquele libertino. Tomei uma ducha fria para relaxar meu corpo e esfriar minha cabeça. Entrei no closet já decidida no meu look, não queria nada muito formal então optei por um macacão preto da Versace. Nada como um preto básico para encarar as realidades da vida.
Desci as escadas tranquilamente, coloquei um sorriso falso no rosto e torci para que tudo desse certo para mim naquela noite. me perguntou novamente se eu estava bem, assenti de leve com a face e desviei meu olhar para . Como sempre ele estava atento aos meus movimentos. Eu não sabia até que ponto da história ele sabia, mas estava com medo de que usasse aquilo para me forçar a ficar com ele. tinha cara de cavalheiro, mas já havia ouvido histórias de chantagens feitas por ele a algumas funcionárias dos hotéis da sua família.
Se era verdade ou não, não sabia e preferia continuar assim.
— Apesar do falso sorriso, você ainda está com o olhar de quem viu um fantasma. — disse ele ao se aproximar de mim.
— Você não desiste, não é? — eu o olhei, me segurava para continuar a ser educada com ele.
— Só estou te ajudando a mostrar que não está nervosa. — a suavidade em sua voz, era de impressionar.
— Não estou nervosa. — tentei demonstrar segurança.
— Repita isso para você mesma mais umas cinco vezes e talvez seu sorriso se torne mais convincente. — ele piscou de leve e caminhou em direção ao seu pai.
Respirei fundo, seguindo seu conselho de forma espontânea, dizendo mentalmente para mim mesma que estava tudo bem.
— Posso saber o que está acontecendo entre vocês dois? — perguntou ao se aproximar de mim.
— Brincadeiras à parte, continua a tentar me seduzir. — contei a ela, suavizando a situação — É divertido.
Na verdade, seria cômico se não fosse trágico. Pensei comigo.
— Ele realmente não superou o fato de nunca ter olhado para ele. — riu de leve.
— Ele é interessante e bonito, confesso além de ser rico e muito sedutor, mas tem que ser muito mais que isso para me impressionar. — expliquei a ela.
— Estou me perguntando agora qual foi a qualidade do Matt que te chamou a atenção. — comentou ela.
— Acredite ou não, a mais inusitada de todas. — eu a olhei.
— Qual?
— Ele é seu irmão. — eu sorri de canto com um toque de malícia nos lábios, brincando com o fato — Houve um momento em minha vida que eu realmente quis ser sua cunhada... Além de que o Matt é um encanto de homem.
— Somos duas, eu também queria que fosse minha cunhada. — ela sorriu de leve — Fico chateada quando me lembro que Matt arrumou uma namorada em Harvard.
Certamente, aquela namorada era resultado das nossas férias em Havana.
Mas era melhor assim, melhor não me envolver com ele. Senão, poderia machuca-lo ainda mais, e acabar me machucando também. Após degustarmos do cardápio mediterrâneo escolhido pela senhora Mary, eu fui para o jardim. Precisava de ar puro para respirar e restaurar meu equilíbrio após tantos olhares do herdeiro Village para mim. Externamente transmitia uma surreal tranquilidade e serenidade, porém internamente meu corpo congelado e meu coração acelerado.
Controlar todo aquele sentimento de insegurança e medo, estava sendo um pouco pesado demais para mim naquele momento.
— Tentando achar o equilíbrio novamente? — disse aquela voz sinuosa, cujo o dono era .
— Graças a você. — retruquei, permanecendo séria.
— Interessante, olhando para você agora depois do que descobri, deveria se orgulhar de tudo que conquistou e da mulher atraente que se tornou. — continuou ele — Te admiro pela força que tem, é inteligente, confiante e esperta.
— O que você realmente quer? Com tantos elogios. — era óbvio minha desconfiança.
— Você sabe a resposta. — ele sorriu de canto.
— E você sabe a minha. — eu dei alguns passos em direção a porta e ao passar por ele, me segurou pelo braço e rodando meu corpo me beijou a força.
Eu o empurrei e bati em sua cara.
— Nunca mais me toque sem que eu permita. — disse num tom firme e rude.
— Queen Sollary. — ele riu — Não vou desistir.
Eu me virei e saí correndo.
Não poderia entrar na mansão naquele estado psicológico abalado em que me encontrava, contornei o jardim e saí em direção à rua. Corri por um longo tempo em lágrimas, sem direção e sem esperança. Quando me dei conta, estava parada em frente ao lugar que originava todas as tristezas e frustrações da minha vida.
O lugar onde eu poderia chorar sem ser vista e ser consolada sem precisar pedir refúgio.
O lugar do meu passado.
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Não é fácil guardar um segredo por muito tempo e parece que nosso sedutor descobriu algo bem interessante sobre o passado de Mistery Queen. Estou curiosa para descobrir também. A começar por esse nome que está roubando a atenção de todos. Quem será essa pessoa chamada Allison Sollary? Que comecem as teorias!
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém!
- Xoxo, G’G.
9: The Secret
“Todo mundo tem um segredo guardado.
Mas eles conseguem mantê-lo?”
- Secret / Maroon 5
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Eu não entendi o sumiço repentino de .
Mandei várias mensagens para seu celular, até descobrir que estava em cima da escrivaninha do seu quarto. Tentei disfarçar minha preocupação e até dei uma leve desculpa para todos da ausência dela. Felizmente, aceitaram sem problemas, exceto que para mim era o causador daquilo tudo. O que me deixou ainda mais curiosa para saber os motivos que a levou a sumir do nada. Não que eu já não estivesse acostumada, mas os desaparecimentos rotineiros de minha amiga, sempre vinham acompanhados de um bilhete explicativo.
As horas se passaram e pouco antes de dormir, recebi uma mensagem de Charlie, algo inesperado, pois desde aquele beijo não falamos nos assunto, sempre com uma fuga de minha parte. Não que eu o visse com frequência, já que agora estudando em Oxford, o filho do governador raramente aparecia em Manhattan, apenas nas datas mais do que especiais e principalmente com alguma menção da minha presença. O que me fez descobrir que a senhora Clair era ainda mais manipuladora que minha mãe, me usando indiretamente para trazer o filho para casa nos feriados importantes.
Boa noite, Dream Princess!
E por mais que ele estivesse a um oceano e alguns fusos horários de distância, suas mensagens no whatsapp eram pontuais, todas as noites. Era confuso para mim e ao mesmo tempo complicado, não tinha definido meus sentimentos por ele, mas havia dado abertura para uma amizade. Nossos assuntos eram tão diversificados que me distraía por horas seguidas.
Boa noite, sir Donson.
Brinquei. Seu cavalheirismo o fazia mesmo parecer um lorde britânico do século XIX, assim como o senhor Darcy.
Como foi o dia de vossa alteza?
Cansativo como sempre,
Tivemos visitas para o jantar
Seu namorado?
Não, ele está em Harvard agora
E? se fosse eu, teria ficado na Columbia,
só para não te perder de vista
O sorriso no meu rosto veio de forma espontânea, até que percebi e fiquei um pouco mais séria, cheia de vergonha. Me sentei na poltrona ao lado da janela e digitei mais um pouco. Não estava com sono suficiente para dar boa noite ao meu amigo.
E como foi sua prova?
Qual delas? Kkkkkkk
Foram tantas essa semana
Filosofia moderna
Ah, não sei,
acho que não fui tão bem quanto gostaria
Sinto muito
Tudo bem, pelo menos acho que terei nota para passar
Está menos planejando seguir carreira na política
Sim
Não se entra em uma graduação de
Ciências políticas em Oxford para ser apenas um assessor
Estou conversando com o futuro senador da américa?
Desta vez eu ri.
Apenas se você for a primeira dama.
Agora meu coração acelerou um pouco e nem mesmo tive equilíbrio para responder. Deixei o celular em cima da mesa de cabeceira e me deitei. Talvez fosse loucura manter amizade com Charlie sabendo dos seus sentimentos por mim. Não queria magoá-lo, menos ainda me sentir confusa com relação ao meu namoro com . Mas no final, estava fazendo o mesmo que minha amiga fazia com meu irmão.
Uma noite de sono e ao amanhecer, fui acordada com uma deliciosa bandeja de café da manhã preparada por Alfred, me espreguicei um pouco e o agradeci com um sorriso.
— Alfred, você viu a agora de manhã? — perguntei pegando um morango que estava no prato.
— Não, fui até o quarto dela e estava vazio e arrumado, como se não tivesse dormido lá. — respondeu ele indo abrir as cortinas da janela.
— Então ela não voltou para casa. — conclui.
— Ela havia saído? — Alfred me olhou sem entender.
— Hum?! — eu desviei meu olhar e permaneci em silêncio.
Alfred logo saiu do quarto. Mesmo pensativa terminei de tomar meu café e deixei a bandeja em cima da cama. Segui para o banheiro e tomei um banho revigorante, me vesti rapidamente com o uniforme do Constance, não estava com ânimo para demorar tanta na maquiagem. Mais um dia de estudos estava se iniciando e assim que cheguei ao colégio, Camille já estava na escadaria me esperando, com minha encomenda na mão.
— Bom dia, Princess, aqui está. — disse ela me entregando a pequena sacola de papel azul com a logo de uma marca.
— Tem certeza que está tudo aqui? — disse pegando a sacola e abrindo para ver o que tinha dentro.
— Sim, eu achei melhor não gravar em um pen drive pois seria muitos, e como não tem tanta opção na Netflix, preferi baixar eu mesma cada filme e então gravei tudo em um hd externo. — explicou ela, com o olhar de dever cumprido — Todos os filmes que falam de diversas profissões está aí, espero que te ajude na sua escolha.
— Eu também, não estou animada para estes tradicionais testes de aptidão. — fechei a sacola e segui em direção a porta de entrada — Bom trabalho, espero que continue eficiente assim no próximo ano em que eu não estiver aqui.
— Não se preocupe Princess, não vou te decepcionar. — ela sorriu de forma gentil — Hum, onde está nossa Queen?
— Acredite, eu não sei, não a vejo desde ontem à noite. — respondi tranquilamente — Mas ela já é emancipada há muito tempo e sabe o que faz da vida.
Por tantas vezes que desaparecia periodicamente, eu ainda mantinha um lado curioso em saber para onde ela ia, mas tinha outros assuntos para me preocupar do que as atitudes da minha amiga. Passaram os horários e logo no intervalo fui até a diretoria. Nossa querida diretora desejava conversar com uma das representantes e como eu era a única presente até o momento.
— Bom dia, senhora Queller. — disse ao entrar em sua sala e me posicionar em frente à sua mesa.
— Bom dia, senhorita Vidal. — ela continuou com sua atenção voltada para uma pasta que estava aberta com vários papéis, depois de alguns instantes ela levantou sua face e me olhou — Como bem sabemos este ano é o último seu e da senhorita Sollary, além do baile de formatura que todo ano festejamos, este ano vocês irão organizar e participar do Ivy Week. A senhorita sabe o quanto é importante para o futuro acadêmico uma boa apresentação?!
— Sim. — engoli seco respirando fundo.
— Muito bem, espero que já tenha se decidido, andei ouvindo alguns comentários sobre você não conseguir saber qual o curso, devo me preocupar com isso?
— Não senhora, são comentários inoportunos que espalham pelos corredores. — disfarcei um sorriso de leve — Estou bem decidida do que quero. — e de dedos cruzados para que ela não me perguntasse o que eu queria.
— Fico mais aliviada, você é uma das melhores alunas e ficaria decepcionada se não fosse aceita por uma indecisão. — ela suspirou como se estivesse aliviada — Estava a um passo de marcar uma reunião com seus pais.
— Não. — eu disse tentando controlar a entonação em minha voz — Bem, não se preocupe, a Ivy Week deste ano será a melhor de todas e tudo sairá com perfeição, os melhores irão para as melhores da Ivy League.
— Me sinto mais despreocupada em ouvir essas palavras, pode ir agora.
— Com sua licença.
Saí da sala com cautela e rapidamente. Logo no corredor senti minha cabeça rodar um pouco. Eu nem tinha conseguido me decidir pelo meu curso, imagine a universidade. A Ivy Week era a semana mais importante para um aluno de uma escola integrante da Ivy League School. As outras aulas que compunham a carga horária, foram mais chatas e tediosas sem os comentários irônicos de , mas consegui resistir aos cálculos e pequenos testes surpresa.
— Ah, que bom que chegou pontualmente. — disse ao me aproximar do carro vendo Alfred já abrindo a porta para mim.
— O trânsito estava livre, o normal. — brincou ele.
— Vamos então para o ateliê da madrinha. — disse ao entrar.
— Como desejar.
Alfred além de mordomo, sempre tirava as tardes para ser meu motorista particular, era uma boa companhia desde que me entendia por gente. Assim que estacionou o carro em frente ao ateliê, recebi uma mensagem no celular, olhei de relance e parecia ser de . Ignorei um pouco e saí do carro, leria depois com mais tempo, entrei e logo Monet me recebeu com sorrisos e animação.
— Olha quem está aqui, a Princess da cidade. — brincou ele me abraçando de leve.
— Olá, preciso da minha estilista fada madrinha. — disse em sorriso — Tenho um brunch para participar e não faço a menor ideia do que usar.
— Então está no lugar certo. — ele caminhou em direção a escada — Venha comigo que Louise andou desenhando algumas peças exclusivas que você vai amar.
— Por falar nela, onde está minha madrinha? — perguntei curiosa subindo atrás dele.
— Foi convidada a dar uma palestra em uma universidade da Argentina sobre moda contemporânea de looks para a noite.
— Ela está mesmo se especializando nesse assunto.
— Com certeza, está obcecada por isso. — brincou ele rindo.
Ele me mostrou as peças, gostei de algumas e outras não me via vestindo. Monet me fez provar quase todas e em um passe de indecisão ele me fez levar as duas que mais gostei. Além de outra para que havia ficado de ir, mas não tinha aparecido. Eu até pensei em esperar por Alfred, mas me decidi caminhar um pouco até o Central Park, foi nesta caminhada que no meio das pessoas atravessando a rua, eu vi um rosto conhecido.
— Não acredito. — disse ao vê-la com uma criança no colo ao lado de um homem desconhecido — Ela teve mesmo um bebê.
Britany Collins estava em Manhattan outra vez.
Fiquei curiosa em saber se o homem que estava ao seu lado era o pai da criança, ou se ela realmente não sabia quem era. Mantive minha atenção nela de longe por um tempo, a cena de sua exposição da última vez veio em minha mente de forma nítida. Foram alguns minutos, até que voltei a realidade e peguei meu celular para ver a mensagem de . Como sempre mais uma desculpa sem lógica que a faria ficar fora por uma semana. Mandei outra mensagem para ela falando sobre a Ivy Week, que ela tinha uma responsabilidade com o Constance e seu futuro acadêmico.
Me deixei caminhar pela cidade, até que sem perceber parei em frente ao prédio onde meu irmão morava. ainda se mantinha no apartamento dele, o que foi uma surpresa para mim. Logo me despertei dos meus devaneios internos e me voltei para pegar um táxi.
— Olha quem está aqui, Dream Princess. — disse ele ao se aproximar de mim, com um sorriso de canto e olhar curioso — Está perdida?
— Não. — eu sorri de leve — Só estava caminhando um pouco.
— Foi às compras? — ele desviou seu olhar para minhas sacolas — Milagre não estar com sua dupla destruidora de corações.
— deu um daqueles sumiços triviais que ela sempre dá, mas estas sacolas são minha preparação para o brush dos meus pais.
— Ah, sim. — ele riu de canto — O aniversário de casamento deles.
— Você vai aparecer, não é? Já que nossos pais são amigos.
— Claro princess, não perderia. — ele segurou de leve em minha mão — Aceita um café? Posso te levar para casa depois.
— Acho que não seria uma má ideia. — sorri de leve.
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Britany Collins, a rainha destronada, está de volta em Manhattan. Essa foi uma notícia que parou o trânsito, será que nossa desaparecida Mistery Queen sabe dessa novidade? Afinal, ambas são rivais assumidas e existe uma coroa que sempre será disputada.
- Xoxo, G’G.
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era sim muito sedutor, preciso confessar esse detalhe. Observador e muito gentil com o sexo oposto, seu cavalheirismo deixava uma boa impressão aos meus olhos. Mesmo com toda aquela fama de libertino que mantinha desde o início do ensino médio. Certamente metade das garotas da minha idade que pertenciam à elite da cidade, já tinham parado na cama dele. Não era da minha conta, afinal, nunca ouvi nenhum boato de que ele teria forçado algumas delas a isso.
Não entendia por que demonstrava sentir o contrário sobre ele. Talvez ela estivesse o afastado como fez com o Matt. Vai saber. Fomos ao Macaron Café, era a primeira vez que eu ia em algum lugar com sem nosso grupo de amigos. Era um pouco estranho, mas ele sempre fazia alguns comentários engraçados de quando ele e eram crianças. Certamente para me deixar mais confortável perto dele.
— Estou feliz por ter aceitado. — disse ele puxando a cadeira para que eu sentasse.
— Sério? — ele ri de leve me sentando — Por que não aceitaria, você é um amigo.
— Se fosse nossa queen chamaria a polícia por pensar que eu pudesse sequestrá-la... Será que vou colocar sonífero no seu cappuccino? — ele riu se sentando frente a mim — Brincadeira.
— Ainda não entendo porque ela te evita tanto, mas acho que é porque ela não quer se envolver com ninguém. — comentei minhas conclusões do assunto.
— Isso não a impediu de ter algo com o Matt. — retrucou ele olhando para a atendente que estava de costas, conseguia perceber que sua atenção estava nas pernas muito bem aparentes dela.
— Matt é meu irmão, segundo ela, foi em uma época que ser minha cunhada e da minha família, era um sonho de adolescente. — expliquei.
— Tudo bem, se ela diz assim. — ele suspirou fraco — Vamos falar de nós, então.
— O que tem nós?! — eu o olhei surpresa.
— Nossa amizade, quero saber como anda seu namoro com meu primo, seus planos para o futuro.
— Todos tiraram o dia para me perguntar sobre o futuro. — eu respirei fundo — Não sei o que fazer, pronto falei.
— Está indecisa sobre a universidade ou o curso?
— Seria louco se eu dissesse os dois? — respondi com outra pergunta.
— Faça como eu, um ano sabático, sem preocupações e de pura liberdade. — sugeriu.
— Ah, sim. — eu desviei meu olhar para a entrada do café — Como se a controladora da minha mãe deixasse, às vezes acho que ser a melhor é um fardo.
— Está sentindo o peso? — perguntou ele num tom irônico — Nem todos aguentam isso.
— Como convenceu seu pai a te dar esse um ano de liberdade? — perguntei curiosa.
— Como diz um velho amigo, sou Village. — ele riu de forma sarcástica me lançando um olhar presunçoso.
Não tinha palavras para retrucar sua resposta, só por ser ele.
Mas realmente não entendia mesmo, de todos era o que mais conseguia fazer tudo o que queria. Pelo que eu sabia, ele era o que tinha o pai mais rígido e severo. Me lembro de uma vez que ele fugiu de casa por ter apanhado do pai, quando estávamos no ensino fundamental. Parecia que não mudaria sua realidade, mas hoje em dia ele sempre está fazendo tudo o que quer e tendo a garota que quer, exceto a que mais lhe chama a atenção.
Fizemos nosso pedido e permanecemos um pouco calados, eu me mantive olhando para a rua através da vidraçaria.
— Você está me olhando tanto que estou ficando com vergonha. — disse a ele, com um pouco de timidez.
— Me desculpe. — ele riu de leve — Me perdi em meus pensamentos enquanto te olhava.
— E estava pensando em que? — perguntei curiosa.
— Quando se tornou a Dream Princess da cidade, realmente deve ser um sonho te ter ao lado. — suas palavras tinham uma profundidade incomum.
— Agora me deixou constrangida. — eu respirei fundo — Não sei lidar muito bem com elogios.
— Não foi somente um elogio. — ele sorri de canto.
Eu engoli seco respirando fundo, acho que aquele era o lado de que sempre fugia. Eu sorri meio disfarçada, enquanto ele continuou me olhando. Assim que tomamos nosso café acompanhado de um pedaço de torta de morango, ele pagou a conta. Como prometido me levou em casa, com direito a abrir a porta do carro.
Ainda estava meio perdida sem entender porque ele estava fazendo aquilo, mas vindo do levei na brincadeira. Ele sempre foi muito legal e cavalheiro comigo. Assim que entrei em casa, ouvi algumas vozes alteradas vindo do escritório do papai. Me aproximei em silêncio para ouvir o que estavam falando. Foi quando Alfred me pegou pelo braço de leve e me puxou para cozinha, ele parecia preocupado e estava sendo cauteloso com as palavras.
— Alfred, o que aconteceu? — perguntei tentando entender.
— Não há nada querida, só uma velha briga de casal.
— Não sou mais uma criança, Alfred. — retruquei de forma séria e fria — Se sabe o que está acontecendo com eles, apenas me diga.
— Senhorita. — ele respirou fundo, certamente procurando as palavras adequadas — Tenho visto muito, ambos brigarem com frequência.
— Você acha que o casamento deles não é mais o mesmo?
— Não sei dizer.
— Acho que vou subir para o meu quarto. — eu me virei para sair da cozinha e dei de cara com minha mãe — ãe!?
— , que bom que chegou. — ela respirou fundo — Daqui duas semanas vamos viajar, consegui marcar um almoço com a diretora de Yale.
— Ah. — meu coração parou por um tempo — Temos que conversar sobre isso, Yale.
— Não temos. — ela passou por mim indo até Alfred — Já nos resolvemos sobre Yale, e Alfred já tenho o menu para o brunch de sábado.
Claro que minha opinião sobre minha vida, seria ignorada novamente por ela e eu não tinha ninguém para desabafar sobre isso. Tinha o Alfred, mas ele estava ocupado demais dando atenção para minha mãe. Assim que passei pela porta do escritório que estava fechada senti uma vontade grande de entrar. Queria saber do meu pai o que estava acontecendo de verdade. Quando ia tocar a maçaneta para abrir, meu pai abriu a porta.
— Oh, querida. — ele sorri gentilmente como sempre fazia ao me ver — Está precisando de algo?
— Sim. — eu o abracei automaticamente — Preciso saber se o senhor está bem.
— Com este abraço sempre fico bem. — respondeu ele num tom baixo e sereno.
— Eu te amo pai.
— Eu também te amo, minha princesa.
Ele se afastou de mim e caminhou em direção a porta. Mesmo disfarçando, consegui sentir a tristeza vindo dele. Subi as escadas e me tranquei no meu quarto. Sem fome e sem a mínima vontade de ver a minha mãe ou tentar enfrentar os desejos dela para minha vida. Entrei no meu closet e deixei as sacolas que levei do ateliê em uma das prateleiras e voltei para o quarto. Ao sentar na cama, peguei o celular e vi uma mensagem do meu namorado, me desejando boa sorte na Ivy Week. Apenas respirei fundo e mandei outra de resposta finalizando com um boa noite.
Os dias se passaram tão rápido, que não pude acompanhar. Foi até o cair da noite de sexta, quando Matt apareceu de surpresa em casa.
— Matt. — eu o abracei forte — Estava com tanta saudade.
— Imagino. — ele riu, mas preciso continuar inteiro, brincou ele por causa do meu abraço apertado — Mas, tenho certeza que se estivesse ao meu lado, você o abraçaria primeiro e nem lembraria que tem irmão.
— Engano seu. — eu me afastei dele e empurrei de leve seu ombro — Você é meu irmão, seu bobo, família vem primeiro.
Ele me lançou um olhar de quem não acredita, mas riu.
— E como está tudo aqui?
— Meio turbulento nos últimos dias, mas vai ficar tudo bem. — eu sibilei um pouco e o olhei meio curiosa — O por acaso veio com você?
— Não. — ele riu de leve — Não recebeu a mensagem dele?
— Não.
— Não o vejo muito, afinal nossa grade é bem diferente estou um ano na frente dele e não somos da mesma fraternidade — ele se direcionou para a escada — Mas ele deve te ligar ou algo do tipo, só recebi uma mensagem dele hoje no almoço dizendo que não poderia vir para o brunch por motivos acadêmicos.
— Estranho, trocamos mensagens ontem e hoje, ele não me disse nada.
— Agora você sabe. — ele se espreguiçou de leve — E a , está em casa?
— Está na sua semana do desaparecimento como de costume. — respondi tranquilamente.
— Então podemos esperar ela aqui amanhã. — ele riu de leve — Ela sempre aparece na hora certa.
— Isso é verdade, mas qual o motivo do seu interesse? E sua namorada, não quis trazer? — coloquei a mão na cintura.
— Deixe de ser curiosa menina. — ele colocou a mão no alto da minha cabeça e bagunçou um pouco meu cabelo.
Matt subiu as escadas em risos, enquanto eu me virei para o lado e fui para a cozinha. Não estava com fome, mas Alfred não me deixaria dormir sem comer. Então optei por uma salada de frutas com iogurte, algo bem leve. Antes que o sol invadisse o meu quarto, eu já estava acordando ao som do despertador, me levantei e caminhei diretamente para o banheiro. Assim que retornei vestida com meu roupão, Alfred já estava lá abrindo as cortinas e a bandeja de salada de frutas com cereais, na minha cama.
— Tenho mesmo que tomar café? — perguntei a ele indo até minha cama.
— Até brunch começar, faltam muitas horas e a senhorita precisa se alimentar bem. — explicou ele ao me olhar.
— Já que insisti. — eu peguei a taça e comecei a comer.
Alfred saiu rindo do quarto.
Mesmo crescendo, seu jeito carinhoso de me tratar não tinha mudado, ele era um segundo pai para mim. Passei todo o momento no meu quarto me arrumando. Acho que enfim, eu tinha absorvido a mentalidade de quanto mais tempo para se arrumar, mais perto da perfeição você fica no final. Desci as escadas como uma princesa mesmo e o vestido que tinha escolhido, ajudava muito nessa ideia real de quem eu era.
— Nossa que princesa mais linda. — disse que estava na sala — Que pena que está sozinha.
— Então você veio mesmo. — eu ri de leve — Agradeço o elogio, e eu sei que foi somente um elogio.
— Está com medo que eu me interesse por você também? — brincou ele pegando em minha mão direita de forma suave e beijando de leve.
— Não. — eu ri — Mas não se esqueça que a Dream Princess é comprometida e pertence ao sonho de uma só pessoa.
Era o que eu desejava acreditar. Afinal, já tinha outra pessoa querendo sonhar este sonho, o que me deixava em surtos.
— Então onde está essa pessoa? — perguntou ele, num tom de intriga.
— Não pode vir. — respondi diretamente, desviei meu olhar para a direção da porta — Que tal irmos para o jardim, se ficarmos aqui perderemos toda a comemoração.
assentiu com a face e me acompanhou.
De enigmático, ele se tornava uma pessoa bem humorada com muita facilidade. Haviam muitos rostos conhecidos presentes, um deles eram os pais que Britany, não era surpresa para mim, já que tinha visto ela pelas ruas na região do Central Park. Outra novidade era a presença de Charlie, que imaginei que estivesse em Oxford estudando. Contudo, me lembrei vagamente, que minha mãe tinha mencionado que a senhora Clair continuava lutando contra sua doença. Bem, talvez fosse sobre isso a vinda repentina dele para a cidade, felizmente a esposa do governador parecia muito saudável naquele dia, por sinal.
— . — disse a senhora Donson ao me abraçar — Está linda como sempre.
— Ela é linda mãe, só nos impressiona a cada dia. — disse Charlie num tom cavalheiro e simpático.
Eu não sabia como conseguiria reagir naturalmente, lidar com ele ali estava começando a me deixar nervosa internamente. A imagem do beijo roubado que me dera, invadiu minha mente por alguns instantes. Aquele estava sendo nosso primeiro encontro pessoal após o ocorrido. E despois da última mensagem sobre ser sua primeira dama.
— Agradeço os elogios. — eu sorri disfarçadamente
Assim que me sorriu de forma sugestiva, percebi que nunca saberia como reagir perto de Charlie. Era ainda mais visível seu interesse por mim.
— Ah, acho que sua mãe está me chamando. — a senhora Donson se afastou estrategicamente, nos deixando sozinhos.
— Então voltou mesmo com seu namorado. — comentou ele com um tom de frustração.
— Ah, sim. — suspirei um pouco.
— E ele está aqui?
— Não pode vir, por causa da universidade.
— Imagino, Harvard consome muito tempo. — ele continuou me olhando com tranquilidade.
— E como está o tempo em Oxford? — minha única saída seria conversas aleatórias para que ele não tocasse no assunto do beijo.
— Não gosto muito o outono, mas estou sobrevivendo aos dias solitários que ele me propõe. — comentou ele, por certo percebeu minha estratégia de evitar assuntos profundos.
— E agora está gostando mais de morar em Londres?
— Como eu já te disse, é tão agitada quanto Manhattan. — ele riu de leve.
— Imagino.
— E posso perguntar se você já se decidiu sobre seu curso? A última vez que falamos no assunto estava um pouco indecisa.
— Minha indecisão continua, mas não conte a minha mãe, ela não entende sobre isso.
— ães.
Nós rimos um pouco até que minha atenção se voltou para um homem desconhecido que estava entrando em casa. Instantes depois minha mãe entrou atrás. Eu estava intrigada com aquilo e ainda mais que o rosto dele nem familiar era. Me afastei de Charlie disfarçadamente com desculpas que iria procurar por meu irmão e caminhei em direção a casa. Quando entrei ouvi vozes vindo do escritório do meu pai. Desta vez não tinha o Alfred para me atrapalhar, e eu me aproximei para ouvir sobre o que estava falando.
— Então vai mesmo continuar agindo assim? — disse uma voz masculina, deveria ser do homem estranho — Como se estivesse vivendo um conto de fadas ainda?
— E o que você quer eu que faça? — esta era a voz da minha mãe — Desista do meu casamento de mais de vinte anos?
— Quero que você seja verdadeira comigo e com sua família. — um barulho de algo sendo socado surgiu — Parece que está brincando com todos.
— Não me faça escolher entre você e meus filhos.
— Não, você não quer é escolher entre eu e seu status, o espaço que tem na elite da sociedade, espero que seja feliz com o dinheiro e acha que tem.
— Espera.
Um silêncio pairou e por uma pequena fresta, eu consegui ver minha mãe segurando a mão daquele homem. Numa fração de segundos, ele se aproximou dela e a beijou de forma ardente. Meus olhos não queriam acreditar no que via, logo se encheram de água. Paralisada pela cena que presenciava me sentindo desprotegida e enganada a vida inteira.
Minha mãe tinha um amante e parecia que ela não ficava com ele por causa da sua posição social e não de fato por mim e Matt. Era horrível, o nojo que eu estava sentindo e só desejava um abraço de alguém que gostava, para apagar as imagens da minha mãe beijando outro homem. E esse abraço veio de quem eu menos esperava. Uma mão tocou meu braço e me puxou virando meu corpo para ele. Minha surpresa veio quando olhei nos olhos de , a sinceridade do conforto de um amigo.
Sem hesitar permitir seu abraço e me aninhei nos braços dele.
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Parece que a mamãe perfeita não é tão perfeita assim. O que dizer de alguns segredos que após descobrirmos, acabamos por preferir que estivessem escondidos de nós. Será que nossa Dream Princess vai superar este choque com o doce abraço da pessoa mais imprevisível do mundo? Estou começando a gostar desta fase de bom moço de , podem me render muitas intrigas futuras.
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém!
- Xoxo, G’G.
10. Escape
“I never needed a friend like I do now.”
- Gomenasai / t.A.T.u
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Não era mais novidade meus surtos de desaparecimento. Eu sempre me escondia no mesmo lugar. Porém, desta vez eu não iria desaparecer para todos que eu gostava. Desta vez uma pessoa que me conhecia muito bem, iria de uma forma indireta me ajudar a superar meu momento de insegurança. Tudo causado por .
E o mais louco de tudo? Nem foi premeditado.
— ?! — disse surpreso ao abrir a porta e me ver.
— Oi. — eu sorri de leve para ele — Posso entrar?
— Claro. — ele abriu um pouco mais a porta para que eu pudesse passar — O que faz aqui?
— Preciso de um lugar para desaparecer. — expliquei ao passar por ele.
— Sério? — ele estava claramente observando minha roupa — E quando você saiu de casa? Por que essa roupa não é casual.
— Fugi de um jantar e sem perceber acabei parando na sua porta. — suspirei fraco, controlando meu olhar triste — Mas se eu não puder ficar vou entender.
— Acha mesmo que vou te deixar na rua? — ele riu um pouco mais, fechando a porta e a trancando — Existe um motivo para eu morar em um apartamento e não na mansão da minha fraternidade.
— Devo me preocupar com minha amiga? — eu o olhei desconfiada.
— Não deve, estou falando de uma palavra simples chamada: privacidade.
Ele se espreguiçou um pouco indo em direção a cozinha que era integrada com a sala, e abrindo a geladeira retirou uma pequena garrafa de água e me entregou.
— A menos que você se sinta desconfortável em passar a noite no apartamento de um homem. — seu sorriso estava um pouco malicioso como de costume.
— Não, ficarei muito confortável no apartamento do meu melhor amigo, afinal ele é o irmão que eu nunca tive. — frisei em minha resposta nosso grau de intimidade rindo das caretas que ele fazia para mim.
— Está com fome, majestade? — perguntou ele, com o olhar tranquilo colocando as mãos nos bolsos da calça — Posso pedir nosso jantar.
— Hum, não seria de todo uma má ideia. — abri a garrafa e tomei um gole — Acho que preciso de um banho antes.
— Poderíamos tomar juntos, assim te explico como funciona o sistema de encanamento aqui. — brincou ele.
— Seu bobo. — eu fechei a garrafinha rindo — Pare de dizer essas coisas, quem ouvir vai até pensar que realmente temos algo.
Era divertido nossa amizade, e realmente o tinha como um ponto de apoio assim como o Matt. Mas era namorado da minha melhor amiga, o que me deixava apreensiva por suas brincadeiras.
— Sem graça, não sabe brincar. — ele riu ainda mais — Segunda porta a direita é o banheiro, tem uma toalha limpa no armário e pode pegar uma roupa minha emprestada.
— Obrigada. — eu me virei indo na direção que ele indicou.
Retirei aquela roupa, tomei uma ducha quente e revigorante.
Senti a água caindo sobre mim, parecia que eu estava renovando minhas forças. Seria divertido ficar ali, com aquele que realmente eu considerava melhor amigo além da . Mesmo com suas brincadeiras maliciosas, eu sentia que sua sinceridade em ser meu amigo, era real e ele estava feliz com . Após o banho entrei no quarto dele e abrindo seu armário demorei um pouco para escolher o que iria vestir.
— Garota, precisa de duas horas até para escolher uma roupa masculina para vestir? — perguntou aparecendo ao meu lado e esticando a mão para pegar um dos cabides.
— E você não quis perder a oportunidade para me ver de toalha. — eu o olhei de forma séria.
— Oh, você está de toalha?! — seu olhar cínico estava ali, ele segurou o riso e me entregou uma blusa de moletom e uma calça — Primeiro que eu estava preocupado se você iria revirar meu quarto procurando algo para vestir, agora pare de teorias de conspiração e veste isso.
Ele se virou e saiu do quarto sem que eu pudesse retrucar sua resposta. Fiquei rindo por um tempo daquilo, me certifiquei que a porta estava devidamente fechada e retirei a toalha do corpo. O problema era ficar com a mesma lingerie, mas eu teria que resolver depois comprando algumas no centro comercial. Coloquei a blusa dele no corpo e me olhei de leve no espelho, havia ficado meio grande, pois a barra batia um pouco acima do joelho.
Nada mal. Pensei comigo.
Como o apartamento tinha aquecedor e estava confortável termicamente, resolvi ficar somente com a blusa e descalço.
— Hum, depois me recrimina pelas minhas brincadeiras. — disse , ao me ver, seu olhar foi direto para minha perna.
— Modere seu olhar e o controle, senhor . — o adverti caminhando em direção ao sofá.
— Você não trouxe nem seus documentos, não é? — ele me perguntou parando ao lado do sofá em que eu me sentei.
— Não, não trouxe. — respondi tranquilamente.
— E posso saber como chegou até aqui? — ele parecia mesmo curioso, mas uma dama jamais revela seus segredos.
— Toda rainha tem seus súditos. — eu pisquei de leve com o olho direito e sorri para ele.
— Já entendi que o mistério caminha com você. — pegou o celular que estava na mesa de centro e digitou alguns números.
— Por favor, não fale com ninguém que estou aqui, nem mesmo com o Matt. — pedi.
— Você está desaparecida não é mesmo?! — ele me olhou como se já tivesse entendido que eu queria sumir para todos — Então, fique tranquila que só estou pedindo pizza.
— Quero uma de quatro queijos, então. — completei com meu pedido.
— Não está de dieta?! — brincou.
— Não. — respondi com segurança.
— Então, seu pedido é uma ordem majestade. — ele sorriu de canto e colocou o celular no ouvido.
Demorou um pouco para a pizza chegar e nesse meio tempo, eu fiquei selecionando alguns filmes na Netflix para vermos. ficou me irritando um pouco com seus gostos por filmes de terror e suspense, mas acabei o convencendo em ver algo mais animado e cheio de ação.
— Você é tão manipuladora. — reclamou ele se encostando na parede e cruzando os braços — Eu queria mesmo ver O Iluminado com você.
— As regras são claras, eu sou a visita, então quem escolhe sou eu. — ri da cara dele e olhei para a televisão novamente — Eu gosto de filmes mais agitados e você também gosta de Fast & Furious, vamos fazer nossa maratona, temos oito filmes para ver.
— Estou vendo sua animação, espero conseguir ficar acordado até chegar no quarto pelo menos.
— Seu fraco.
Logo a campainha tocou. Era o rapaz da pizza, pagou no cartão e pegou nossa comida. Eu o ajudei pegando os copos no armário e levando os para sala junto com os guardanapos. Colocamos tudo em cima da mesa de centro e assim que eu dei o play no filme, começamos a degustar nossas pizzas. Ele tinha comprado duas, a de quatro queijos e outra de frango com catupiry, sua preferida.
— Essa pizza é muito boa. — elogiei pegando mais um pedaço.
— Esse é o melhor lugar para se pedir pizza aqui em Cambridge. — ele derramou mais um pouco de coca no seu copo e tomou um gole.
— Vou querer conhecer os melhores lugares daqui. — continuei com minha atenção no filme que estava já na metade.
— Vou adorar te levar majestade, mas depois das minhas provas.
— Você tem provas e eu aqui te forçando a uma maratona de Fast & Furious? — eu desviei meu olhar para ele me sentindo culpada.
— Pare com essa cara de quem não queria atrapalhar. — ele riu de mim desviando seu olhar para a televisão e se acomodando no sofá foi se aproximando mais de mim ainda em risos — Sou o melhor aluno como sempre e não precisa se preocupar, vamos ver nosso filme.
— Se você diz. — a voz dele estava confiante como sempre.
Eu me virei para a televisão novamente e me aninhei um pouco encaixando minha cabeça no ombro dele. Perdemos a noção do tempo e espaço, até que percebi que já era noite e o celular dele havia tocado, com a chegada de uma mensagem de boa noite de . Eu pausei o filme e olhei para ele. estava dormindo de uma forma tão fofa, não acreditava que ele realmente tinha pegado no sono logo no quarto filme. Eu ri baixo e me levantei com cautela para não acordar ele e fui até seu quarto. Peguei uma coberta grande e voltei para a sala e me sentei ao seu lado novamente nos cobrindo. Antes de dar o play no restante do filme eu olhei para ele de relance, estava sorrindo.
Cretino.
Não acreditava que este estava fingindo dormir.
A noite passou e logo pela manhã, acidentalmente eu acordei antes dele com uma vontade imensa de ir ao banheiro. Acho que tinha tomado muita coca no dia anterior. Depois do meu alívio, voltei para a sala e ainda estava apagado. Eu sabia que ele acordaria com as costas doendo como eu. Caminhei em direção a cozinha e abri a geladeira, tinha que conferir o que iríamos comer no café da manhã. Não tinha muita coisa, mas o pouco que tinha, eu consegui preparar algo como panquecas e ovos mexidos com bacon, café tradicional e muito saboroso, acompanhado de cappuccino.
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Para fugir de seus segredos, nossa Mistery Queen foi se refugiar no lugar menos provável, os braços de seu melhor amigo. O que será que todos diriam ao saber disso? Para aqueles que pensam que amizades entre homens e mulheres sempre têm segundas intenções, teremos a prova do contrário através e . Será que ambos juntos em um apartamento, dará certo?
- Xoxo, G’G.
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— Uau, o cheiro está divino. — disse se espreguiçando do sofá.
— Agora você acorda. — eu ri colocando as panquecas no prato e pegando o pote de geleia de morango — Poderia ter me ajudado.
— Me desculpe, majestade. — ele se levantou e veio em minha direção — Não sabia que você era assim tão... Uau.
— Vou levar como um elogiou. — eu me sentei na cadeira e pegando a xícara dele coloquei em sua frente — Bom apetite.
— Obrigado majestade. — ele sorriu de canto e pegando a xícara tomou um gole bem devagar saboreando — Onde aprendeu a cozinhar?
— Morei um tempo sozinha. — disse tranquilamente.
— Quando? — ele me olhou intrigado — Na época que nos conhecemos você não morava em um orfanato?
— Ah. — senti meu corpo gelar, minha falta de atenção me fez distrair nos detalhes da minha vida inventada — Por um ano eu morei sozinha, foi um dos métodos para provar que eu era capaz de ser emancipada.
— Hum. — ele continuou me olhando como se não quisesse acreditar, mas faria aquilo por nossa amizade.
Eu direcionei minha atenção para meu prato.
Nosso silêncio não demorou muito até que o celular dele tocou, era uma ligação do Matt. Continuei tomando meu café tranquilamente como se nada tivesse acontecido. Quando terminei coloquei meu prato e a xícara no bojo da pia, voltei para sala, peguei a coberta que estava no sofá e levei para o quarto dele. Demorei um pouco, mesmo com o carinho e gentileza de , não queria abusar e invadir sua privacidade, assim que saí do quarto ele já estava entrando no banheiro, certamente tinha que arrumar para o seu dia de provas.
Eu iria passar o dia sozinha, isso era um fato.
Então só teria a televisão para passar meu tempo, propositalmente deixou seu cartão de crédito em cima da mesa de centro. Aproveitei a deixa para ir às compras, nada como um dia de consumo para fazer a confiança retornar para vida de uma mulher. No meu caso, estava mesmo precisando do meu dia de consumo. Peguei um táxi e pedi para me deixar no centro comercial. Foram horas entrando de saindo das lojas, comprei algumas roupas mais casuais que me chamaram a atenção.
Ao passar por uma loja de instrumentos para profissionais, me encantei por uma câmera fotográfica profissional. Poderia ser um bom passatempo nessa minha temporada, ainda mais pelas horas que ficaria sozinha. Comprei a câmera sem me preocupar e já saí da loja fotografando paisagens que me chamavam a atenção pelo caminho. Parei em uma cafeteria um pouco mais afastada do centro comercial e entrei, pedi um cappuccino de chocolate e dois croissants de queijo para acompanhar. Meu momento de degustação foi tão inspirador que tive algumas ideias em minha mente que me fizeram querer desenhar, assim que comprei um novo sketchbook em uma livraria que tinha perto, me sentei em um banco na rua e comecei a traçar alguns esboços.
Como sempre digo, após toda calmaria, sempre chegamos na tempestade, comigo não seria diferente. Meu momento inspirador e criativo foi interrompido por uma assombrosa pessoa do meu passado.
— . — disse a voz masculina que se aproximou de mim, com a posição do sol da tarde a sombra do seu corpo estava exatamente batendo em mim.
Eu levantei meu olhar, meu corpo gelou na mesma hora, respirei fundo e fechei meu sketchbook o colocando dentro da sacola e me levantei.
— Adam. — minha voz estava baixa e tinha medo de falhar, já tinha tempo desde a última vez que tinha visto — O que faz aqui?
— Trabalho aqui perto, fui transferido há pouco tempo. — ele sorriu de canto, só neste momento me ocupei de observar o uniforme em seu corpo — E você? O que faz aqui?
— Visitando um amigo. — respondi friamente, direta.
— E como está seu pai? — perguntou ele.
De congelado, eu já não sentia mais nenhuma parte do meu corpo. Meus olhos se desviaram por um momento e vi que estava atrás dele. Se eu pudesse morrer, essa seria uma boa hora.
— Algum problema aqui? — perguntou ao se aproximar mais.
— Nenhum. — eu sorri disfarçadamente — Só encontrei um velho conhecido por acaso.
— E não vai responder a pergunta dele? — sabia como me colocar contra a parede.
— Não precisa. — Adam sorriu de canto — Foi bom te ver , espero que aquele ressentimento tenha passado.
Adam se afastou de nós.
Ao passar por mim ele tocou de leve em minha mão, pude notar que ele ainda sentia algo por mim. Adam foi o que as pessoas chamam de primeiro amor, e conhecê-lo foi a minha segunda decepção no quesito sentimentos e relacionamentos. A primeira tinha relação com as pessoas que me trouxeram ao mundo.
— Estou cheio de perguntas, mas porque será que eu sei que não vai me responder?
— Por que você é meu melhor amigo e me conhece! — eu sorri tranquilamente para ele.
— Esse seu sorriso tem poder de destruir o orgulho das pessoas. — disse ele sério pegando minhas sacolas que estavam no chão.
— Bom saber. — eu ri de leve, o seguindo até o carro.
colocou as sacolas no banco de trás. Gentilmente abriu a porta do carro para mim e após estes gestos de cavalheirismo, voltamos para o apartamento dele. Assim que chegamos, para que ele não voltasse ao assunto do meu passado, peguei todas as minhas sacolas e me tranquei no quarto dele. Somente saí depois que vesti as devidas roupas que tinha comprado para mim.
— Estou feliz que tenha usado meu cartão com sabedoria. — disse ele, do sofá trocando os canais da televisão.
— Não entendi esse seu comentário. — caminhei até ele e me sentei ao lado ainda — Eu sempre usei com sabedoria.
— Tenho que admitir, todo homem adoraria ter uma esposa econômica como você, exceto no dia do consumo. — ele riu.
— O dia já diz por si só quanto eu vou gastar. — expliquei o óbvio, rindo virei minha atenção para a televisão — Você vai ao brush dos pais da amanhã?
— Não. — respondeu ele ainda concentrado em encontrar um canal que lhe agradasse.
— Acho que deveria ir, é um dia importante para a família dela. — aconselhei.
— E deixar minha melhor amiga sozinha? — ele me olhou sério, porém de forma serena — Tenho certeza que vai entender, além do mais é o aniversário de casamento dos pais dela, a maioria das pessoas que estarão lá são conhecidas.
— Ainda acho que deveria ir, já que eu não estarei lá. — insisti.
Era um dia importante para a família Vidal, e certamente a presença do namorado seria importante para .
— Não se preocupe, nossa consegue sobreviver sem nós. — ele sorriu de leve ao se remexer no sofá — Que tal um filme?
— Acho que será legal.
— Hora do espanto? — perguntou ele.
— Só desta vez e só porque tem aquele ator que eu gosto muito.
— Collin Farrel?
— Sim.
— Ah, interesseira. — ele riu — Vamos ver um bem mais aterrorizante agora.
— Não mesmo, eu não vejo.
Nós brincamos um pouco, comigo tentando pegar o controle da mão dele.
No final optamos por voltar a nossa maratona de Fast & Furious. Eu queria mesmo estar ao lado de naquele dia, e tinha um carinho enorme pelos pais dela. Entretanto, não estava pronta para voltar para minha rotina e encarar novamente. Eu não sabia até que parte ele estava envolvido em meu passado e nem queria imaginar naquele momento. Seria dias tranquilos e divertidos com e iria aproveitar cada minuto.
As horas se passaram com nossas maratonas de filmes de carros de corrida, ele fez pipoca para matar nossa fome. Parecia mesmo que precisávamos nos divertir sem preocupações. Porém eu não conseguia me concentrar totalmente nos filmes e percebeu isso.
— Está pensativa demais. — comentou ele voltando a cena do filme.
— Desculpa. — eu suspirei um pouco — Recebi uma mensagem da , sobre a nossa Ivy Week e eu não sei se vou ganhar minha bolsa.
— Claro que vai, é a melhor aluna.
— Existe só uma vaga para a melhor, e não quero concorrer com a .
— ?! Então desista. — ele desviou seu olhar para a televisão.
— O que foi? Do que está sabendo que eu não sei?
— A mãe da é amiga de infância da diretora da Yale, se está na lista, a vaga já é dela. — ele olhou para mim — Só uma questão de lógica, a senhora Mary sempre sonhou em ver a na universidade de Yale, já que ela não conseguiu na sua época.
— Ah, que legal.
Eu me senti frustrada e enganada.
A senhora Mary se fazendo de muito boa me aconselhando a cursar moda na Parsons, porque queria o caminho para a Yale livre para . Aquilo era o gatilho final para minha decisão. Eu iria para Yale e estaria fazendo um favor a minha amiga se ela não conseguisse essa vaga. certamente teria outros planos para sua carreira acadêmica e não se encaixava nos planos de sua mãe.
Os dias passaram e na terça feira retornei para Manhattan. Eu até pensei em levar minhas roupas comigo, mas deixei no apartamento de para eventualidades. Estar de volta a minha rotina de rainha era bom, ainda mais depois de dias de tranquilidade e privacidade. Como sempre a querida G’G perguntava sobre meu paradeiro, não demorou muito para uma foto minha, descendo a escadaria da Estação Central, ser adicionada em seu blog para o deleite de todos que estavam à espera do meu retorno.
Porém o retorno mais imprevisível havia acontecido em minha ausência, fiquei chocada ao ver a foto de Britany no blog dela. E como notícia ruim vem rápido, o próprio fantasma se colocou diante de mim em plena 5ª Avenida, frente à loja da Prada.
— Surpresa em me ver Mistery Queen. — disse ela, num tom debochado com um sorriso presunçoso.
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Seus dias de paz foram no paraíso, mas estava na hora de voltar para a realidade. Pois as rivalidades em Upper East Side não esperam nem mesmo pela querida Mistery Queen, que ao chegar já foi se surpreendendo com as novidades. Entretanto, a novidade mesmo foi a pergunta do nosso misterioso passado Adam, pelo pai de vossa majestade. E após um breve deslize dela na cozinha do amigo, será que este segredo vai continuar bem guardado ou nosso querido vai descobrir algo antes de nós?
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém!
- Xoxo, G’G.
11. Future Plans
“Não se prenda em uma forte aparência,
Algumas vezes,
Você pode mostrar o seu rosto suave,
Que você tanto esconde.”
- Girls / Girls' Generation
-
Foi diferente estar abraçada a uma pessoa que eu não tinha tanta intimidade assim. além de se mostrar um amigo, foi de fato um cavalheiro me tirando daquela falsa comemoração, de um falso casamento bem-sucedido. E mesmo ele me levando ao topo do Empire States, com mil sugestões de como eu deveria sobreviver aquela imagem.
Eu não conseguia superar, não por mim, mas por meu pai que não merecia ser traído daquela forma. Ele sempre foi um pai presente e se esforçou muito para ser um marido presente também, as muitas viagens de negócios que desmarcou para passar mais tempo com a família. Os muitos jantares surpresa que programava para a esposa, sempre tentando dar o seu melhor para vê-la feliz e desejada. Dividindo seu amor com a família e esforçando para nos dar conforto.
Por mais louco que pareça, passei o resto do meu final de semana longe de casa. Fiquei no apartamento dos meninos, instalada no quarto que era do Matt. Nem mesmo consegui responder as mensagens que Charles me enviou preocupado com meu desaparecimento da festa.
— Bonjour dream princess. — disse ao me ver descendo as escadas, ele estava de pé em frente à parede de vidro da sacada, me olhando.
— Bom dia. — eu sorri meio sem jeito — Pensei que dormiria até mais tarde.
— Por que? — ele deu dois passos em minha direção.
— Ficamos acordados a noite toda conversando, estraguei seu final de semana. — suspirei fraco desviando meu olhar para a mesa de café já posta — Uau, o que seria isso?
— Em muitos países é conhecido como café da manhã, é tido como a refeição mais importante do dia. — ele riu de leve — E você não estragou meu final de semana, foi bom ajudar uma pessoa que está passando pelo que passei.
— Ah, verdade, eu tinha me esquecido que seus pais são divorciados. — dei alguns passos até a mesa, olhando como os alimentos estavam organizados.
— É complicado no início, mas veja pelo lado bom.
— E tem algum lado bom nisso? — desviei meu olhar para ele.
— Claro. — caminhou tranquilamente até mim com um sorriso de canto nebuloso, chegando perto ele acariciou meus cabelos de leve — Sua querida mãe perdeu toda autoridade que achava ter sobre você.
— Não tinha pensado desta forma. — sussurrei.
Era estranho e louco a forma dele pensar e colocar as coisas, sempre às deixando a seu favor.
— Querida, você a tem nas mãos agora. — ele suspirou ainda me olhando — Como acha que consigo o que quero?
Eu não imaginava o que fazia ou quais os argumentos que ele tinha com seu pai. Chantagens ou acordo. Porém, estava determinada a não deixar minha mãe decidir meu futuro como ela bem quisesse. De certa forma, as palavras dele me ajudaram a olhar para a realidade em que estava vivendo e transformar aquilo a meu favor, como ele mesmo tinha me aconselhado. Tinha que admitir, eu precisava agir como uma adulta perante minha mãe agora, mesmo não sendo fácil crescer.
Após o café, troquei de roupa e voltei para casa. Tinha que encarar todo o clima ruim e tentar não pensar na cena da minha mãe com aquele homem estranho no escritório.
— Aqui está a princesa da família. — disse Matt, ao entrar na sala acompanhado de Alfred — Nós combinamos? Eu fico em casa e você desaparece também?
— Não. — retruquei rindo de leve — Eu precisava de um tempo longe daqui.
— A senhorita está melhor agora? — perguntou Alfred, como se soubesse que eu não estava mesmo longe à toa.
— Melhor do que antes. — respirei fundo — Vou para meu quarto, preciso ver se a respondeu meus recados.
— Ela é outra que desaparece sempre. — brincou Matt, rindo.
— Acho que estou aprendendo com a melhor. — reforcei já subindo as escadas.
Tinha acontecido tanta coisa esse final de semana que nem acreditaria. Nem eu estava acreditando. Um turbilhão de emoções ainda estavam dentro de mim e não tinha como compartilhar. Não contaria para Matt, louco como é, faria uma besteira. Meu namorado estava longe e minha melhor amiga desaparecida. Me sentir sozinha era a última coisa que eu queria, mas estava mesmo sozinha. Fechei a porta ao entrar no quarto e me joguei na cama. Meu cansaço não era somente físico, era mental e emocional, por mais que eu não quisesse me lembrar daquela cena...
— Senhorita ?! — Alfred bateu de leve na porta e abriu um pouco — Posso entrar?
— Ah, sim. — ergui meu corpo, me sentando na cama — Aconteceu alguma coisa?
— Eu que pergunto senhorita. — ele fechou a porta e caminhou até minha cama, sua face estava suave com um olhar de ternura, como quando eu era criança e ele sempre me consolava — Viu alguma coisa que a machucou?!
— Você sabia, não é? — o perguntei diretamente — Sabia do caso da minha mãe.
— Infelizmente sim. — ele respirou fundo e sentou ao meu lado — Mas sou somente um mordomo, não é mesmo.
— Eu não disse nada para o Matt, não tive coragem, ele poderia fazer uma loucura. — comentei, segurando minhas emoções.
— Fez o certo, seu irmão não precisa carregar essa preocupação para a universidade.
— O meu pai sabe? — eu o olhei segurando as lágrimas.
— Presumo que sim.
— Por que ele não se separa, permite que ela o engane dessa forma? — aquilo me deixava ainda mais chateada.
— Seu pai é uma pessoa boa, jamais deixaria que algo assim prejudicasse você e seu irmão, a sociedade é cruel diante de escândalos familiares. — explicou ele — Principalmente a elite de Manhattan.
— Prefiro um escândalo, a viver com uma pessoa falsa.
— Esta pessoa ainda é sua mãe. — retrucou ele.
— Acho que essa é a última coisa que a mantém aqui.
— Lamento por isso, senhorita . — seu olhar mantinha uma ponta de carinho.
Alfred deu um sorriso fechado e beijou no alto de minha testa de leve. Então se afastou devagar e saiu do quarto. Passei alguns minutos pensando, ou tentando não pensar, quando a porta se abriu de repente.
— , você não vai acreditar no que acabou de acontecer comigo. — disse entrando de forma estrondosa — Nem sei o que pensar.
— Tenho certeza que minha história é pior. — disse desanimada e olhando de forma desinteressada.
— ?! — ela olhou para mim, percebendo meu estado emocional — O que houve amiga?
— Nada, pode contar você primeiro.
— Não, tenho certeza que seu caso é mais importante. — ela se aproximou e sentou ao meu lado — A propósito, me desculpa por não ter voltado a tempo para o brunch dos seus pais.
— Não perdeu nada. — respirei fundo — Você não vai acreditar no horror que foi meu final de semana.
Respirei fundo.
— Descobri que minha mãe está traindo meu pai. — fui direta.
— Nossa, . — ela sussurrou de leve e me abraçou forte — Sinto muito amiga.
— , foi o pior dia da minha vida. — desta vez não aguentei e desabei em lágrimas de novo — Eu que sempre vi minha mãe como uma dama extinta da alta sociedade e, descobri da pior forma que ela é uma farsa.
— Nem sei o que te dizer. — ela se afastou um pouco de mim — Eu deveria ter voltado antes, como você reagiu, como você descobriu isso?
— Eu vi ela e o amante conversando no escritório do papai, logo no aniversário de casamentos deles, em meio a comemoração do brunch e ela no escritório se agarrando a outro.
— Não está sendo fácil passar por isso, não é?! — desviou seu olhar para a porta.
— Sim, mas agora tenho minha amiga de volta. — eu segui seu olhar e me atentei para porta, vendo girar a maçaneta.
— ?! — disse minha mãe entrando — Oh, está de volta!
— Sim, eu vou para meu quarto. — se levantou em direção a porta, antes de sair ela me olhou e sorriu de leve.
— O que você quer, mãe? — disse num tom áspero desviando meu olhar para a janela.
— Estava preocupada com você, não passou o domingo em casa, não te vi no brunch. — explicou ela.
— Talvez porque estivesse tão ocupada. — respirei fundo, estava me segurando para não discutir com ela.
— Bem, conversei com minha amiga e antecipei para esta semana nossa visita a Yale, quanto antes melhor, já que a Ivy Week está perto.
— Eu não vou. — disse de imediato, desviando meu olhar para ela.
— O que? — ela me olhou surpresa pela minha reação — Como assim não vai?
— É como ouviu, eu não vou. — repeti com serenidade no olhar.
— Quem você pensa que é para me contrariar. — ela elevou seu tom de repreensão.
— Sou dona da minha vida e não vou para Yale. — eu me levantei da cama — Me desculpe, mas você não tem mais nenhuma autoridade em minha vida.
— Como ousa falar assim comigo? — ela alterou ainda mais seu tom de voz, um olhar indignado — Com que direito você acha que pode me contrariar?
— Com o mesmo direito que você acha que pode enganar meu pai. — desta vez não iria me segurar, estava engasgada com tudo.
— Do que está falando? — sua voz ficou mais baixa.
— Examine sua consciência mamãe, o convidado de um brunch te esperando no escritório do papai. — caminhei até a porta e a abri — Acho melhor a senhora desmarcar esta visita, ou se não quiser ficar mal perante sua amiga, leve uma pessoa que realmente quer ir para Yale, a .
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Uau, por essa a autoritária mamãe Vidal não esperava. Me parece que a doce e meiga conseguiu enfrentar a autoridade e se libertar de um futuro acadêmico indesejado. Nossa Dream Princess está crescendo e se tornando uma garota mais forte e independente. Estou orgulhosa de você, .
- Xoxo, G’G.
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Saí do quarto correndo e entrei no quarto de . Precisava de um lugar em que ninguém me faria perguntas e me sentiria segura. Ela abriu a porta com um sorriso confortante e após eu entrar, fechou-a trancando.
— E como foi? — perguntou ela, se sentando na cadeira ao lado da janela.
— Horrível, mas finalmente eu disse a ela minha decisão sobre Yale. — respirei fundo sentando na cama dela — Esse nunca foi meu sonho.
— Mas isso não resolve seu problema em não saber que curso seguir. — retrucou ela — Entretanto, estou feliz por ter tomado essa coragem.
— Eu estava magoada demais para deixar que ela continuasse a interferir em minha vida. — desviei meu olhar para o chão — Sei que qualquer que seja minha decisão, meu pai vai me apoiar.
— Muitas pessoas vão te apoiar Dream Princess. — ela sorriu de leve — O que importa é você fazer algo que vá gostar, se divertir no lugar de trabalhar.
— Boa ideia. — eu ri de leve — Mas vamos falar sobre outra coisa, seu assunto, você chegou tão... Uahhhh, que fiquei curiosa agora.
— Adivinha em quem eu esbarrei em plena 5ª Avenida em frente à loja da Prada.
— Não tenho a menor ideia, ou melhor acho que sei de quem está falando. — meu olhar a fez perceber meus pensamentos.
— Ela mesma, ex queen Collins. — confirmou ela.
— Eu a vi de relance com uma criança no colo, ao lado de um homem. — comentei — Será que era o pai?
— Vai saber, ela era um tanto... — o olhar de se mostrou sugestivo — Será que descobriu mesmo quem era o pai ou pagou para seu filho ter um?
— Filha. — eu ri de leve — Ela teve uma filha.
— Nossa, você conseguiu reparar nisso? — riu também.
— Sim. — eu a olhei — Mas, o que você vai fazer agora? Sabemos que ela te odeia.
— Não estou preocupada com isso. — ela se espreguiçou um pouco — Ela não pode fazer nada contra mim, e tenho outras preocupações.
Nós ficamos nos olhando, ela ainda parecia curiosa.
— Hum, você não disse como conseguiu superar ao brunch. — comentou ela.
— Se eu te contar, amiga não vai acreditar.
— Surpreenda-me. — ela me olhou curiosa.
— Uma palavra e mil pensamentos, .
— O que?! — ela se levantou da cadeira — É brincadeira, não é?
— Pode sentar de novo, porque não é não.
— Como? Por que? Onde? E quando? — ela se sentou novamente, boquiaberta e desacreditada — não é uma boa pessoa.
— Fala assim porque não o conhece profundamente. — o defendi.
— Nem quero conhecer. — ela cruzou os braços.
— Sério, ele foi um grande amigo. — respirei fundo me lembrando daquele momento — Você nem imagina, quando eu estava vendo o que não queria ver, ele me abraçou tão confortavelmente, me aconselhou a passar o resto do final de semana no apartamento dos meninos, fiquei dormindo no quarto do Matt... Passamos horas conversando.
— Calma. — ela parecia um pouco desnorteada — Amiga, me desculpe, mas eu não consigo ver o e amizade em uma mesma frase.
— Acredite, ele foi um grande amigo. — confirmei sem receio — realmente se mostrou um grande amigo para mim.
Resolvi ficar mais um pouco no quarto dela.
mesmo com todos os seus segredos e mistérios sempre esteve ao meu lado desde que nos conhecemos. Nossa amizade era verdadeira e eu a tinha como uma irmã para mim. Mesmo com o mundo caindo sobre nós, tínhamos uma Ivy Week para planejar e seria a melhor que o Constance já ofereceu.
— Bem, vamos começar pelo serviço de buffet, será o mesmo que tem trabalhado com o Constance, porém o cardápio será ainda mais especial. — disse anotando em seu caderno — Quero impressionar muito a diretora de Yale.
— E por falar nela, aconselhei minha mãe a te levar na visita que ela vai fazer à diretora.
— Mesmo que sua mãe ouse me convidar, não quero conseguir nada por ela, mas por mérito próprio. — o olhar de era sincero e firme, eu gostava daquele seu lado independente de querer conquistar tudo sozinha — Não gosto de ficar devendo nada a ninguém.
— Bem, o que importa é que Yale será toda sua.
— Fico feliz por mim, mas triste por você, ainda indecisa sobre o que quer. — alegou ela.
— Vou conseguir colocar minhas ideias em ordem, ainda mais agora que não terei minha mãe me pressionando mais. — a tranquilizei confiante.
— Isso é algo bem positivo. — sorriu de leve.
Passamos o resto da parte em planejamentos e conversas aleatórias sobre nosso futuro. Eu tinha feito prometer que não contaria nada ao meu irmão. Como ele passaria mais dois dias em casa, teria que ser cautelosa em minha palavras. Então quanto menos eu ficar perto da minha mãe melhor. Logo à noite voltei para meu quarto e Alfred me levou o jantar. Pedi para ele inventar uma desculpa que a certamente ajudaria a sustentar. Tomei uma ducha quente e coloquei meu pijama antes de comer. Me deitei na cama e comecei a ler meu novo livro de estimação, Como Eu Era Antes De Você. A noite foi em claro lendo e quando terminei ao raiar do sol, estava totalmente em lágrimas.
Já de manhã eu e tomamos nosso café e por surpresa nossa.
Meu pai resolveu nos levar para o colégio. Fiquei admirada, ele parecia mais animado e alegre que nos outros dias, fiquei feliz em ver meu pai daquele jeito. Assim que chegamos, Camille e Rose vieram nos receber, já colocou uma lista nas mãos de Rose e ambas foram em direção a sala da senhora Queller. Eu e Camille nos desviamos para a biblioteca. Tínhamos alguns horários disponíveis pois a Ivy Week era mais importante, que qualquer aula nos próximos dias.
— Ainda não me acostumei a chamar a Rosalinda de Rose. — comentou Camille rindo baixo.
— Vamos combinar que Rose é bem melhor para uma futura rainha. — afirmei a ela rindo também — Mas vamos mudar de assunto, na próxima semana teremos o Ivy Week e segundo a , vai entrar para história como a melhor.
— Sim princess.
Camille como sempre ficaria encarregada da parte tipográfica dos convites e anúncios. Os melhores alunos do Constance e Jude’s estariam presentes para conversar com os representantes das melhores universidades do país, integrantes da League Ivy. Seria um momento muito importante para nossos futuros acadêmicos e profissionais. E eu continuava indecisa com minhas escolhas. Então à tarde resolvi colocar em prática minha ideia.
Trancada em meu quarto e deitada em minha cama com o notebook no colo, peguei o pen-drive que Camille me deu e iniciei minha maratona de filmes. Estava decidida a só sair daquele quarto, quando descobrisse que caminho seguir.
— Vejamos por onde eu começo. — disse olhando aquela lista enorme de filmes — Hum, A teoria de tudo?! Não, definitivamente não quero nada relacionado com física quântica.
Passei mais alguns títulos da lista até que parei em um interessante do Leonardo Di Caprio, Prenda-me se for Capaz, o que de fato era mesmo interessante o filme. O personagem principal sendo muito perspicaz se jogou em três diferentes profissões sem entender nada sobre o assunto. Pelo menos me ajudou a ver que medicina, direito e algo ligado a aeronáutica não estava em minha lista de desejo. Vi De Volta para o Futuro, mas percebi que nada que envolve cálculo me interessa no final da história.
Eu precisava de algo mais divertido e que me prendesse a atenção. Foram filmes e mais filmes, alguns engraçados e outros nem tanto divertidos. Fiquei impressionada com a garota de Flashdance, mas eu não gostava de balé, e bem que minha mãe havia tentado quando eu era criança. Passei por Escola de Rock, não tinha talento para música e menos ainda para lecionar.
— Ratatouille. — sussurrei ao ler — Hum, é uma animação, não me lembro de ter visto, vamos ver se é interessante.
Não era somente interessante, mas também emocionante e fofo. Um ratinho que cozinhava. Como eu não tinha visto aquela animação antes? Fiquei tão empolgada que me lembrei de Alfred cozinhando para mim, quando criança. Então era realmente a gastronomia que me puxava como um ímã. Saí correndo do meu quarto e fui até o quarto de , ela estava estudando aparentemente.
— Nossa, o que te fez vir aqui correndo? — disse ela, assustada ao me vez entrando com rapidez.
— Eu descobri o que quero fazer. — disse de imediato.
— Surpreenda-me. — retrucou ela fechando o livro e colocando em cima da escrivaninha.
— Gastronomia. — respondi com segurança — Farei isso.
— , como você chegou nessa solução? O que te fez decidir isso?
— Uma animação um tanto inusitada. — respondi — Ratatouille.
— Não brinca. — ela riu de leve — Ok, um rato te fez gostar de gastronomia, tudo bem, eu entendo, mas você nunca cozinhou na vida.
Parecia difícil para ela acreditar em minha decisão.
— E daí, ninguém nasce sabendo. — retruquei racionalmente.
— Faz sentido. — ela sorriu de leve e veio de abraçar — Te apoio de qualquer forma, já que é isso que você quer.
— Sim. — eu aceitei o abraço dela — Que bom que tenho quem me apoie.
— Bem, agora só falta você escolher uma boa escola em Paris.
— Paris? — eu a olhei.
— Claro amiga, Paris é o berço da alta gastronomia, é onde tudo acontece, os melhores restaurantes, você precisa pesquisar mais sobre seu curso. — aconselhei ela — Além do mais, esse desenho que viu se passa lá.
— Você tem razão, é que eu acabei de me decidir, vim correndo te contar. — expliquei a ela — Ainda preciso organizar minhas ideias.
— Eu ouvi falarem uma vez que a Le Cordon Bleu é a melhor da França, você poderia começar por ela.
— Le Cordon Bleu?!
— Sim.
— Interessante, vou descobrir tudo sobre.
Conversamos mais um pouco sobre aquela minha decisão.
Assim que voltei para meu quarto, meu celular estava vibrando em cima da cama. Era uma mensagem. Estranho que o remetente era desconhecido. Abri com receio de ser algo ruim, porém era uma mensagem intrigante.
“Olá , quer saber quem é realmente sua amiga? Me encontre na Café Metro da 6ª Avenida, sexta às 16hrs.”
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Mesmo com as proximidades da Ivy Week, planos e preparativos, não deixaram que as preocupações com sua escolha afetasse nossa Dream Princess. Ela finalmente escolheu seu caminho. Será que nossa delicada irá conseguir enfrentar este desafio? Isso teremos que esperar. Porém agora minha atenção está nessa suposta mensagem. Acho que todos estão loucos para saber o segredo de nossa querida , assim como eu.
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém!
- Xoxo, G’G.
12: Ivy Week
"Uma torre grande e forte,
Ela tem o poder de ser,
O poder de dar,
O poder de ver."
- Suddenly I see / KT Tunstall
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Eu realmente não me importava com o retorno de Collins.
Sua imagem estava tão suja diante de todos. Precisava focar minha atenção no que realmente importava: minha vaga em Yale. A Ivy Week seria o momento mais importante da minha vida no Constance. Todo o meu futuro dependia de como eu iria me comportar e da boa impressão que deveria causar no representante. Os dias passaram e na manhã de sexta assim que acordei, recebi uma mensagem de Rose. Ela estava em dúvidas quanto às datas das próximas comemorações.
Eu estava planejando oferecer uma pequena festa para os ex-alunos após a Ivy Week. Seria a última festa que organizaria antes do Baile de Formatura.
— Bom dia, . — disse ao entrar no meu quarto, um sorriso no canto do rosto e uma aura emanando entusiasmo.
— Uau, que animação. — comentei ainda sentada na cama, observando-a se aproximar, havia passado parte da noite em claro e precisava de mais de dez minutos para chegar ao eixo — Enquanto isso, estou eu aqui morrendo de sono.
— Por que? Você veio dormi cedo ontem. — ela me olhou intrigada.
— Ah, fui agraciada com uma louca e inesperada insônia. — aleguei em minha defesa, com a primeira desculpa que veio na cabeça.
Na realidade eram muitas as minhas preocupações. Por mais que me esforçaria para ganhar a vaga de Yale, ainda tinha uma pessoa que me deixava em dúvidas se deveria ou não me ausentar de Manhattan pelos próximos anos acadêmicos. Eu tinha a Columbia University, que também compunha a Ivy League, de tudo eu não deixaria de estudar em uma das melhores, além da opção da Parsons que tinha seu peso em minha decisão.
— Hum… — ela me lançou um olhar analítico — Você está mesmo com olheiras.
Eu bufei. Odiava quando isso acontecia.
— Me dê vinte minutos que eu vou me arrumar. — dei um pulo da cama seguindo para o banheiro.
— Seus vinte minutos significam uma hora. — brincou ela rindo.
— Ah, sua boba, nem demorou tanto, mas preciso de um banho antes, meu corpo está meio tenso. — afirmei.
— Então deve ser por isso que não conseguiu dormir. — concluiu ela — Está ansiosa?!
— Não sei, talvez. — assenti indo em direção ao banheiro — Ivy Week, baile de formatura, vaga em Yale… São muitas preocupações para meu futuro.
Eu não iria contar a total verdade para , menos ainda dizer que saí escondido no meio da noite. Mas infelizmente, minha vida fora daquele mundo de luxo e glamour, estava com problemas que precisavam da minha atenção por algumas horas da madrugada. Tomei uma ducha rápida, porém relaxante e coloquei o uniforme. Demorei um pouco na frente do espelho. brincou algumas vezes sobre minha demora para ficar pronta, mas não importei. Assim que descemos as escadas, a senhora Vidal estava na sala falando ao celular. respirou fundo e caminhou até a porta como se não tivesse ninguém lá. Eu a cumprimentei rapidamente e segui minha amiga, porém sua mãe me chamou.
— . — disse ela encerrando a ligação, o tom firme e o olhar inexpressivo.
— Sim.
— Bem, eu não sei se já percebeu, mas e eu tivemos uma pequena briga, e eu gostaria de te pedir um favor. — ela suavizou mais seu olhar, entretanto mantendo sua pose de dama da elite.
— Diga, Mary.
— Quero que convença a viajar comigo. — bem direta.
— Me desculpe, mas não. — respondi, também sendo direta.
— Como?
— Eu sei porque não está conversando com você e não vou te ajudar. — eu sorri de leve desviando meu olhar para a porta do escritório que estava se abrindo — E também sei que viagem está planejando fazer com ela, então, bom dia.
Logo o senhor John abriu a porta.
Eu sorri para ele e o cumprimentei, ao me virar saí da mansão de forma tranquila com a alma lavada. já estava esperando dentro do carro, assim que entrei contei a ela o pedido absurdo de sua mãe. Ela riu um pouco e afirmou que jamais entraria no meu caminho e me tiraria a chance de entrar em Yale. era uma grande amiga, fofa e muito leal, e eu havia prometido para mim mesma que sempre seria leal a ela também. Assim que chegamos no Constance, deixei indo para a sala e me dirigi para a diretoria. Precisava entregar o orçamento com os gastos da Ivy Week e explicar como será a recepção.
— Bom dia, diretora Queller. — disse entrando em sua sala.
— Bom dia, o que a traz aqui? — seu olhar demonstrou surpresa ao me ver.
— Ivy Week, a senhora me pediu para explicar como será a recepção, aqui está. — retirei a pasta da bolsa e entreguei a ela — Ao contrário dos anos anteriores, nenhum bolsista irá trabalhar nesta recepção e somente os melhores alunos selecionados pela senhora e o diretor da Jude’s, terão o convite para participar.
— O que a fez tomar essa decisão?
— Para não dar chances que um aluno que não se demonstrou capaz possa interferir no futuro dos alunos que realmente merecem. — simples e objetivo.
— Entendo, se acha isso. — ela abriu a pasta e começou a folhear — E quanto ao seu curso, está mesmo decidida?
— Sim, em breve irei para Yale. — garanti a ela.
— Estou torcendo por isso, seu currículo acadêmico é impecável, espero não ser decepcionada. — ela me olhou com serenidade.
— Não será, diretora Queller. — sorri de leve, demonstrando segurança nas minhas palavras.
— Aquela pessoa sentirá orgulho de você. — comentou ela — Sei que é um passo muito importante para a vida de ambos.
— Eu sei, agradeço a ajuda.
— Sabe que sempre admirei muito aquela pessoa, que me ajudou em um momento delicado da minha vida, então, saiba que sempre terão meu apoio. — ela sorriu de volta.
— Confesso que fiquei surpresa quando você me disse estar pagando metade da mensalidade daqui, após todos esses anos pensava que minha bolsa de estudos era integral. — não era um desapontamento, porém…
Algo que nunca imaginei foi saber que a diretora do Constance sabia de todo o meu passado e havia prometido que me ajudaria.
— Eu me senti na obrigação de te ajudar de alguma forma, principalmente depois que conquistou a emancipação, o conselho financeiro do Constance não aceita bolsistas integrais. — explicou ela de forma direta e franca.
— Fico ainda mais agradecida por isso. — assegurei.
Era louco, mas a diretora Queller sabia de uma parte do meu passado.
No início, quando soube, fiquei com medo dela contar para todos. Mas ela se mostrou uma pessoa solidária a mim e, afinal, conhecia aquela pessoa que era importante para mim. As aulas passaram e na hora do almoço estranhei a ausência de . Segundo Camille, ela tinha que resolver alguns assuntos sobre seu curso escolhido.
Não me importei tanto e convidei as meninas para almoçarem comigo no Moonlight Manhattan Restaurant, afinal já tinha algum tempo que me disse que era um lugar incrível para se frequentar. E com o ambiente aconchegante e motivador, eu e as meninas tínhamos que começar o planejamento da festa para os ex-alunos.
— Aqui é muito bonito. — elogiou Rose se sentando.
— Sim, quando me indicou eu fiquei receosa, mas ela tinha toda a razão quando disse que eu iria me surpreender. — concordei me sentando — É um ambiente bem estimulante e enquanto almoçamos, vamos organizar as ideias.
— me disse que você pretende chamar somente os mais vips na elite dos ex-alunos. — comentou Camille abrindo o menu.
— Já formulei minha lista de convidados, senão me engano terá cerca de vinte pessoas.
— Aposto que James Bale está nesta lista. — supôs Rose.
— Claro, foi ele que oficialmente colocou a coroa em minha cabeça. — confirmei sorrindo de leve — Mas tenho outros nomes bem fortes na lista.
— Matt Vidal, Bellorum e Village — completou Rose — Já confirmei o nome deles.
— Queria deixar o de fora, mas ele entraria de qualquer forma. — comentei, rindo de leve ao observar os funcionários se locomovendo pelo salão.
— Ainda não entendo como ele consegue tudo que quer. — observou Camille.
— Como costuma dizer, ele é o Village. — dei um suspiro fraco — Detesto essa frase de efeito dele, parece até que roubou de alguém.
— Sim. — Rose riu de leve — Mas não é de todo uma má escolha, ele tem nome, dinheiro e uma personalidade muito atraente.
— Infelizmente tenho que concordar. — voltei meu olhar para o garçom que estava se aproximando de nossa mesa novamente.
Após fazermos o pedido e sermos servidas, continuamos nosso planejamento. Para minha surpresa, fomos agraciadas com uma sobremesa de cortesia do chefe e dono do restaurante, por ser nossa primeira visita ao lugar. Me peguei admirada ao ser um tradicional tiramisù, minha sobremesa favorita e de origem italiana como parte da minha família.
Voltando ao planejamento, eu sabia que assim como das outras vezes, eu arcaria com todos os custos da festa, bem, eu não, mas o cartão que tinha me “emprestado”. Às vezes me dava uma dor na consciência por gastar um dinheiro que não era meu, mas como ele havia me obrigado a não devolver, me aproveitaria o máximo que pudesse.
Horas depois, quando cheguei na casa dos Vidal…
estava descendo as escadas, ela parecia um pouco desnorteada que nem percebeu que eu já havia chegado.
— , está tudo bem? — perguntei preocupada.
— Hum?! Ah, , já chegou. — sua face estava estática.
— Está tudo bem? — insisti.
— Sim, está. — ela respirou fundo — Só não esperava te ver tão cedo em casa.
— Bem que recebi um convite de James, para a festa de aniversário de alguém da família Van Der Woodsen, mas como a Ivy Week será na próxima semana, resolvi que nos próximos dias eu irei me concentrar em entrar para Yale.
— Sim, o futuro acadêmico acima de tudo. — a voz dela estava estranhamente irônica.
— Eu vou subir, não irei participar do jantar.
Segui diretamente para meu quarto, sem mais indagações.
Eu estava achando minha amiga um tanto estranha. Não entendia o tom seco de sua voz e nem a ironia em suas palavras, menos ainda o fato de evitar olhar para mim. Porém, não me daria ao luxo de dispor de minha atenção para aquela pequena ocasião, eu tinha outras coisas para me preocupar e uma delas era minha vaga em Yale.
Me joguei na banheira de espumas e fiquei por alguns minutos, até que meu celular tocou. Quando tudo parece bem, eis que sua realidade volta a assombrar. Tomei uma ducha rápida para retirar toda a espuma do meu corpo, troquei de roupas, colocando um estranho conjunto de moletom, foi a primeira coisa que encontrei no closet que fosse mais fácil de vestir, um all star que há tempos não usava, prendi o cabelo, peguei o celular e saí correndo do quarto.
— Desistiu de ficar em casa, ? — perguntou ao me ver passando pela sala, ela estava sentada no sofá com uma Vogue na mão.
— Tenho um imprevisto, coisas de última hora da Ivy Week. — foi a primeira desculpa que me surgiu.
— E vai sair assim? — ela apontou para minha roupa, com o olhar de quem não acreditava no que eu dizia apenas pelo fato de minhas roupas não condizerem com minhas palavras — Para resolver coisas da Ivy Week?!
— Sim, o que tem? — eu não me importei e segui para a porta.
Se realmente acreditou ou não, não saberia. E nem me importava.
Naquele momento, estava mais preocupada em chegar a tempo para ajudar a pessoa mais importante para mim, aquela ligação era preocupante e estava com medo de não chegar a tempo. Assim que coloquei meus pés para fora do táxi e olhei para a entrada do prédio, uma lágrima escorreu no canto dos meus olhos. Engoli seco reprimindo todas as minhas frustrações e meus sentimentos. Tinha que ser forte para enfrentar o que me esperava lá dentro. Já imaginava que meu final de semana de concentração estava sendo substituído por um final de semana turbulento.
— Coragem, Mistery Queen. — sussurrei para mim mesma, senti um leve desconforto e estranhamente olhei para trás.
Seria louco de minha parte pensar que estava sendo vigiada?
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E mais uma vez seu passado reaparece para lhe fazer desaparecer no meio da noite. Isso não é novidade para nenhum de nós. Minhas lástimas a querida , que não terá tempo para se preparar para Ivy Week. Já a novidade mesmo foi o comportamento da delicada , será que é uma consequência daquele misterioso almoço de sexta?
- Xoxo, G’G.
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Enfim chegamos na terça-feira.
Onde juntamente os colégios Constance Billard School of Girls e St. Jude’s School for Boys recepcionaram o encontro dos representantes das Universidades com os melhores alunos. Era o início da Ivy Week. Preparada mentalmente e emocionalmente para isso? Não, eu não estava. Graças ao meu final de semana naquele lugar triste e três noites praticamente em claro. Entretanto, não deixaria o cansaço atrapalhar meu foco de ser a melhor aos olhos do representante de Yale, que para minha sorte parecia ser uma pessoa muito interessante de se conhecer. Foi um tanto surpreendente para mim ver naquela recepção, já que seu foco era estudar em Paris. Mas, segundo ela, sua presença ali era um pedido do pai, que mais parecia ser de sua mãe.
— Parabéns , está sendo um excelente encontro. — disse a diretora Queller, ao se aproximar de mim com um homem aparentemente jovem de cabelos ruivos.
— Então esta é a aluna destaque do Constance. — disse o homem, sua voz era grossa e um pouco elevada.
— Sim. — afirmou a senhora Queller — , quero te apresentar o representante da escola de artes de Yale, Victor Tenebrae.
— Prazer. — disse desviando meu olhar para ele novamente.
— O prazer é todo meu. — ele pegou minha mão direita suavemente e deu um beijo de leve como sinal de cavalheirismo.
— Eu vou deixá-los a sós. — ela olhou para mim e piscou de leve, como se desejasse boa sorte e se afastou indo em direção ao representante de Harvard que estava conversando com o diretor da Jude’s.
— Por onde começamos? — disse ele, me olhando de forma profunda.
— Acho que por meu currículo acadêmico. — eu sorri de leve, mantendo a naturalidade na voz e no rosto.
— Não, já possuo estas informações há duas semanas.
— Como? — por isso eu não esperava.
— Já faz um tempo que a diretora Queller me manda informações dos melhores alunos que querem uma vaga em Yale. — revelou ele.
— Hum, e você é a pessoa que decide quem entra?
— Basicamente. — ele sorriu — Meu pai já foi o reitor por alguns anos, então sigo o seu legado.
— Uau, devo presumir que toda sua família se formou lá.
— Basicamente — ele riu de canto — Somos uma realeza em Yale.
Modesto nenhum pouco.
— Hum. — estava achando aquilo bem interessante.
— Soube que você desenha muito bem.
— Sim. — eu desviei meu olhar para o lado com leveza — Gosto de desenhar desde criança.
— E qual curso pretende se especializar?
— Moda, me sinto atraída por esse universo há muito tempo. — confessei.
— ários estilistas conceituados se formaram em Yale, você tem algum que se espelha?
— Blair Waldorf. — respondi de imediato, ela era a melhor para mim no quesito moda.
— Ela foi uma de nossas melhores alunas. — afirmou ele.
— Pretendo superar isso. — disse num tom corajoso — Conheço todo o corpo docente, e acho o campus da escola de arte inspirador, a modernidade entrando em contraste com a natureza não deixando de valorizar a arquitetura antiga original do prédio.
— Você gosta de outras áreas como arquitetura? — perguntou ele pegando um taça de champanhe da bandeja do garçom que se aproximou de nós.
— Como não gostar, arte e arquitetura andam sempre juntas e interferem na moda desde quando as pessoas ainda pensavam nas roupas como simples indumentárias. — respondi.
— Interessante. — ele suspirou um pouco mantendo seu olhar fixo em mim — Você já teve o prazer de ir à feira de Milão?
— Infelizmente não, mas quem sabe no próximo ano, estando em Yale seria uma experiência incrível, unir a teoria na prática.
— Sim, aquele lugar é como um universo à parte que nos guia para as tendências. — concordou ele — Apesar de New York ter sua próxima semana de moda, nem aqui e nenhuma outra cidade consegue chegar ao nível de Milão.
— Mas Milão não é o único na lista de Yale. — sibilei um pouco.
— Claro que não. — ele riu.
— Sei que esta conversa é sobre mim, mas posso descobrir qual a especialização que cursou em Yale?
— Arquitetura, tenho uma forte ligação com arquitetura moderna, mas sempre sou atraído por algo mais clássico.
— Gosta de tons mais frios e clean, móveis de luxo e muito espaço, algo que mostre a soberania de forma sutil. — conclui olhando para seu terno cinza com uma gravata de listras.
— Gostei da sua descrição.
— Devo acrescentar um toque de design escandinavo em seu estilo, também? — joguei minha suposição.
— Talvez. — assentiu ele, em um tom descontraído.
Ele era realmente uma pessoa interessante de olhar atraente.
Conversamos mais um pouco sobre alguns dos professores da escola de moda de Yale. Por algum motivo louco, eu notei que um dos garçons estava me olhando demais, seu rosto era um pouco familiar, mas de qualquer forma era estranho. Em um dado momento, me afastei de todos e saí do Constance pela lateral, parei na escadaria para respirar um pouco, quando senti uma pessoa se aproximar de mim.
— Ora ora, se não é a garota Sollary. — disse o homem.
— O que? — eu olhei para o lado — Como sabe... Quem é você?
— Não se lembra de mim? — ele riu com um tom debochado — A Allison se lembraria.
— Não sei do que está falando. — eu dei um passo para trás — Acho que está me confundindo com alguém.
— Claro que não. — ele riu novamente me olhando de baixo para cima — Mas parece que você se deu bem de alguma forma, tanto que nem reconhece algumas pessoas que não são do seu novo meio.
— Já disse que não sei do que está falando. — disse num tom mais alto.
Tentando me controlar internamente.
— Mas é claro que este operário está te confundindo com alguém. — disse uma voz vinda trás de mim — Ou melhor, confundir uma linda dama com alguém que provavelmente tem origens no subúrbio, é um crime contra a sociedade.
— . — eu olhei para trás, tinha mesmo reconhecido sua voz.
— Queen . — ele deu um sorriso natural para mim e desviou seu olhar para o homem que estava na minha frente — Então, espero que você volte para seu posto, pelo qual está sendo pago operário, e se disser mais uma palavra sobre conhecer minha querida dama, vai desejar nunca ter reconhecido alguém em sua vida.
— Sim senhor. — o homem abaixou seu rosto, engolindo seco.
Até eu fiquei um pouco assustada com as palavras dele.
Mas um certo alívio veio em seguida. Assim que o homem se afastou de nós e entrou novamente no Constance carregando algumas caixas, olhei para e respirei fundo, sabia que aquela pequena ajuda iria me custar algo.
— Devo te agradecer agora? — perguntei mantendo minha face erguida.
— Mesmo em uma péssima situação, continua soberana como sempre. — ele sorriu maliciosamente — Acho que é isso que a deixa mais atraente e me deixa mais derretido.
— Já vi que vai me custar algo. — o olhei de forma séria e fria.
— Não se preocupe querida. — ele se aproximou um pouco mais de mim e sussurrou em meu ouvido — Só irei fazer aquilo que você desejar.
E se afastando de mim, ele piscou de leve estendendo sua mão direita como um convite.
— Onde está querendo me levar? — perguntei olhando para sua mão.
— Onde deseja ir? — respondeu do jeito de ser.
Mesmo que minha opinião sobre ter algo com continuasse a mesma, ele tinha me ajudado e só queria me tirar daquele lugar. Aceitei o convite dele e sugeri que fôssemos a um lugar bem discreto. Inacreditavelmente, ele me levou para a Universidade de Yale, e da forma mais luxuosa possível em seu jato particular. Para minha surpresa, seu pai era um amigo de infância do novo reitor. E completando aquele passeio maravilhoso que misteriosamente ele tinha planejado para mim, eu iria conhecer a diretora da escola de Artes de Yale, a tal falada amiga de Mary Vidal.
— Então, o que está achando? — perguntou ele, assim que nos afastamos da diretora.
— Preciso confessar, por essa não esperava mesmo. — eu ri de leve e o olhei — Quando sugeri que você escolhesse, fiquei com medo de me levar para seu quarto.
— Nossa, que imagem você tem de mim. — reclamou ele com ar de ofendido.
— A melhor possível. — brinquei, rindo de leve.
— Vou te provar que também tenho meu lado cavalheiro, que toda rainha deseja. — ele parou em minha frente, me olhando de forma compreensível como de um amigo.
— Hum, ainda falta muito. — tentei desconversar, mas estava constrangida pelo seu tom de sinceridade, então desviando o meu olhar para o grande jardim, mudei de assunto — Aqui é realmente lindo, já me vejo estudando em Yale.
— Tenho certeza que irá conseguir, afinal você tem isso em sua genética. — comentou ele — E também porque é a mulher mais obstinada que eu conheço.
— O que está insinuando quando disse sobre minha genética? — eu o olhei, intrigada.
— Eu conheço uma pessoa que é exatamente assim, você se parece muito com ela, tanto fisicamente quanto racionalmente. — respondeu.
O pior lado de ter a ajuda dele, era que adorava me provocar em alguns momentos.
Ele sabia muito sobre mim, muito mais do que eu imaginava.
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Por essa não esperávamos.
quase ou literalmente reconhecida por alguém, logo após se sair tão bem com o atraente representante de Yale. Por sorte, foi salva por ninguém menos que o conquistador . Vamos com cautela Mistery Queen, sabemos os verdadeiros interesses do senhor Village por você. E será mesmo que podemos confiar em seu lado discreto e cavalheiro? Hum…
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém!
- Xoxo, G’G.
13. Collins's Revenge
"Ela é uma linda garota
E tudo que a cerca é com uma luz de prata."
- Suddenly I see / KT Tunstall
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Foi em uma pequena distração minha, conversando com a diretora Queller sobre a Le Cordon Bleu, e de como ela estava surpresa com minha escolha para o curso de gastronomia, que perdi de vista. Eu ainda estava inquieta com algumas coisas que havia descoberto sobre ela, coisas que me deixaram meio balançada sobre nossa amizade. E certamente, Collins não teria inventado tudo aquilo sobre ela, se a própria não houvesse deixado uma ponta de dúvidas e segredos relacionados a sua vida.
— Bem, por mais que possa parecer difícil por não saber muito sobre essa área, tenho certeza que uma excelente aluna como você, será sim motivo de orgulho para todos. — diretora Queller sorriu de leve voltando sua atenção para o garçom que havia se aproximado de nós — E se precisar de mais algo além da carta de indicação pode me pedir. — completou ela pegando uma taça de champanhe.
— Não se preocupe, se precisar pedirei sim, estou muito empolgada com minha decisão e preciso colocar meus documentos em ordem ainda, para enviar a eles.
— Hum, continue mantendo o foco, mesmo não sendo em Yale como sua mãe queria, você deve mostrar em qualquer outro lugar a excelente educação que obteve no Constance. — reforçou a diretora.
— Jamais vou desapontá-la, senhora Queller. — desviei minha atenção para o representante de Yale que estava conversando com o diretor da Jude’s — Senhora Queller, onde está a ? Não estou vendo-a aqui já tem um tempo.
— Bem. — ela olhou em nossa volta discretamente — Agora que está perguntando, é que estou sentindo a falta dela.
— Se ela não aparecer, acho que eu terei que fazer o discurso final. — afirmei não me preocupando muito com o sumiço dela.
— Sim, bem. — a diretora respirou fundo — Se ela teve que se ausentar, deve ter um motivo que saberei em breve.
— Hum. — dei de ombros um pouco e olhei para a porta, vi o vulto de cabelos avermelhados passando — Se me permite, vou me preparar para o discurso, então.
Me afastei dela indo em direção a porta, saí do jardim onde estava acontecendo a recepção e entrei no prédio principal, lá estava a pessoa a quem os cabelos ruivos pertencia. Encostada na parede, embaixo das escadas de acesso para o segundo andar, me olhando com um sorriso simples e olhar curioso.
— Você não deveria estar aqui. — disse ao me aproximar mais dela.
— Estava curiosa para ver a Ivy Week organizada pela Mistery Queen. — respondeu explicando sua presença — Achei que a veria aqui, mas ela não está.
— Ela estava aqui. — a corrigi — Mas de alguma forma desapareceu, como sempre. — suspirei fraco olhando para trás — Mas não é somente isso que a traz aqui, não é? Britany Collins.
— Queria saber como está, depois da nossa conversa na sexta. — ela desviou seu olhar para o banner que estava ao lado da porta — Não deve ter sido fácil saber de coisas que a sua amiga esconde.
— Quanto a isso, estou tentando não pensar muito. — dei de ombros, não me importando muito — Tenho que focar em meu futuro acadêmico primeiro.
— E vai perder a chance de expor ela? — ela cruzou os braços com ar de insatisfação.
— Nossa, se acalme e não me olhe assim. — eu disfarcei o riso — Sei que está se corroendo para dar o troco nela, mas não posso expor a assim, não agora. — hesitei por um momento sobre isso — Ela ainda é minha amiga e não me sinto confortável em fazer isso com ela.
— Sua amiga? Então ainda acha que a amizade dela é real? — Britany riu de leve e passou a mão direita nos cabelos os levando para trás do ombro direito — Tenho certeza que ela só se tornou sua amiga em benefício próprio.
— Ainda não consigo acreditar nisso. — não conseguia mesmo acreditar que minha melhor amiga tinha sido tão manipuladora e falsa todo esse tempo — Ela até mesmo abriu mão de ficar com o , por minha causa.
— E o que te garante que ambos não se encontram escondidos? — retrucou ela com uma certa confiança em suas palavras — Como eu disse em nosso encontro na sexta, quem mente uma vez, mente várias vezes sobre qualquer coisa.
A semente da dúvida havia sido plantada e eu estava me esforçando ao máximo para não deixá-la crescer. Mas de fato olhando superficialmente, eu nunca entendi a amizade que e construíram. E pensando em meu namoro com ele, é um tanto louco que um homem pudesse esperar por tanto tempo para ter a primeira noite da namorada, e não traí-la de alguma forma.
Não, eles não fariam isso comigo.
Não deixaria Collins regar essa dúvida em mim, não essa.
— Preciso pensar em tudo isso primeiro, ainda tem o benefício da dúvida. — aleguei a ela.
— Se quer mais uma prova de que ela é uma farsa, pergunte a ela quem é Allison Sollary, tenho certeza que ela não vai te responder. — disse me instigando mais.
— Allison Sollary. — de alguma forma estranha eu estava reconhecendo aquele nome.
Britany se afastou de mim seguindo em direção a saída do prédio.
Todas as palavras dela contra martelavam em minha mente. Eu tentava mesmo não me consumir pelo ódio que Britany tinha dela. Mas a cada confirmação que minha melhor amiga era uma fraude, eu ficava ainda mais magoada e tentada a acreditar que sua amizade era mesmo falsa. Assim que voltei para a recepção da Ivy Week, precisei inventar uma desculpa para o repentino sumiço de nossa representante. Como vice-representante, fiz um breve discurso de agradecimento a presença de todos, em especial os esforços de ambos os diretores das escolas ao nos proporcionar um majestoso futuro acadêmico.
Minha mãe apareceu bem ao final da recepção, para minha surpresa não foi para falar comigo, e sim para falar com a diretora Queller. Não me importei muito, pois tinha assuntos mais importantes para me preocupar. Logo na entrada do Constance reconheci dois rostos, Rose e Camille estavam me esperando, fiquei surpresa com a presença dela, mas tinha um motivo forte, a Veteran’s Party.
— Posso entender o que estão fazendo aqui? — perguntei ajeitando minha bolsa no braço.
— Viemos para confirmar os preparativos para a Veteran’s Party. — respondeu Camille — Estávamos esperando você e terminarem a recepção.
— Sinto em dizer que nossa Mistery Queen não está aqui, ela desapareceu novamente.
— Não é novidade... — Rose deu um riso fraco desviando seu olhar para Camille — Então, o que faremos?
— Vamos para minha casa, na ausência da , eu resolvo as coisas. — disse vendo Alfred estacionar a limousine em frente ao colégio, seguindo em direção.
— Você quem manda princess. — disse Camille se animando, ela sempre gostava das tardes que passávamos em minha casa, acho que era por causa da decoração da mansão.
— Olá Alfred, sempre pontual. — elogiei ao entrar na limousine.
Alfred sorriu de leve enquanto as meninas entravam atrás de mim.
Passamos uma parte do caminho escolhendo a playlist de músicas que tocariam, além de confirmar a presença do DJ amigo de Matt. Ao chegarmos em casa nos reunimos na biblioteca para ter mais privacidade. Camille estava com toda a listagem dos preparativos, assim como a lista de convidados.
— Esta lista, a já confirmou? — perguntei curiosa.
— Sim, foi na sexta. — respondeu Rose — Achei estranho não ter almoçado com a gente.
— Tinha outros assuntos para resolver. — suspirei de leve — Mas voltando a lista, pretendo acrescentar mais uma pessoa, uma convidada especial.
— Quem? — perguntou Camille já pegando a caneta para anotar o nome.
— Britany Collins. — respondi de imediato.
— Collins? — Rose me olhou surpresa — Não é a destronada?
— Sim.
— Mas ela não é a inimiga mortal da ? — perguntou Camille estranhando meu convite — não ficaria chateada?
— Collins é uma amiga da família que voltou para a cidade, seria desagradável se eu não a convidasse. — sorri de leve — E sabe se cuidar, além do mais seria muito bom para ela mostrar à Britany que está muito bem com a coroa.
— Estou ansiosa para ver isso. — Rose riu rapidamente — Ainda mais que James Bale também estará nessa festa.
— Todos nós estamos. — confirmei, acho que estava me deixando levar pelo ódio de Britany.
A mãe de Camille buscou ela e Rose pouco antes da hora do jantar.
Fiquei surpresa ao ver o súbito interesse de Rose por , com suas perguntas sobre os gostos dele quanto seu tipo ideal de mulher. Estranho, pois sempre lhe dizia para ficar longe dele. Mas é claro que Rose queria se destacar perante a elite também e nada como o Village para ajudar. Eu incentivei sua investida, talvez ela conseguisse tirar o foco de por … Ou por mim…
Subi as escadas me espreguiçando um pouco, aquele dia tinha sido um tanto agitado por causa da Ivy Week. Assim que entrei no quarto, segui diretamente para o banheiro. Um demorado banho de espumas colocaria meu corpo no lugar. Assim que retornei para meu quarto, ouvi meu celular tocando ainda dentro da minha bolsa, era uma ligação de .
— Que surpresa sua ligação. — disse num tom meio irônico.
— Que recepção calorosa. — retrucou ele, rindo.
— Ainda estou chateada por não ter vindo ao brunch dos meus pais. — expliquei minha chateação.
— Já expliquei que foi pela universidade, mas como está? Soube da festa para os veteranos. — alegou ele, em sua defesa mais uma vez.
— Estou bem obrigada. — ri um pouco imaginando o que ocorreria naquela festa — A festa está encaminhada, a é realmente a melhor em planejar eventos, melhor até que minha mãe, devo admitir.
— Isso já sabemos. — ele respirou fundo — Acho que vou um dia antes, posso convidar minha namorada para um jantar?
— Claro que pode, há muito tempo eu não vejo meu namorado. — senti um breve momento de animação, mas logo me lembrei das palavras de Britany, ela havia plantado uma fértil semente da discórdia em mim — Você tem falado com a ?
— Por que a pergunta?
— Porque ela anda mais distante e desaparecida que o normal, estou preocupada com ela.
— Bem, acho que a última vez que falei com ela foi na terça-feira, quando retornou do seu breve sumiço. — ele suspirou — Ando tão ocupado com os estudos, que não estou tendo tempo para mais nada.
— Hum, eu amo falar com você, mas preciso descansar. — sentei na cama olhando para a janela — A recepção de hoje foi um tanto cansativa.
— Então vou deixar minha princesa repousar.
Após algumas juras de amor de sua parte, desliguei o celular.
Realmente eu estava tentando não pensar bobagens e deixar que as insinuações de Britany se fixasse em minha mente. Não era fácil para mim aceitar que estava mentindo sobre tudo, principalmente nossa amizade. Respirei fundo jogando meu corpo na cama e olhei para o teto. Minha cabeça estava cheia de assuntos que eu teria que resolver. Tantas situações acumuladas em meus pensamentos, eu estava passando por um tornado de emoções naquele momento. Era complicado para mim passar por tudo aquilo.
Primeiro minha mãe que traía meu pai.
Segundo as mentiras de .
Agora a vontade de Britany de ter sua revanche.
Gostaria de saber… Quando foi que comecei a ter que enxergar o mundo com mais maldade e menos inocência?
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O que estará acontecendo com nossa Dream Princess? De uma delicada garota, está se tornando uma amiga inclinada a ver o circo pegando fogo. O que será que a destronada e agora vingativa Collins, contou para nossa querida ? Eu sabia que aquele encontro de sexta à tarde me renderia muitas curiosidades a mais.
- Xoxo, G’G.
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Havia sido estranho o modo como me tratou no telefone.
Fria e distante.
Não era fácil o que estava passando, ainda mais depois que me contou sobre a traição da mãe. Eu não tinha falado com Matt sobre isso por pedido dela, mas achava errado esconder dele. Porém, era problema de família, e a família não era a minha. Fechei o livro que estava lendo e coloquei em cima da mesa de centro, me levantei me espreguiçando e caminhei em direção a cozinha. Abri a geladeira e peguei uma garrafa de água, destampei e tomei um gole.
— Ah, preciso parar de pensar nisso. — falei comigo mesmo inutilmente.
Por mais que eu quisesse, a cena do tal Adam perguntando sobre o pai de não saía da minha mente. Será que era tudo mentira toda aquela história sobre ser órfã? Eu já havia presenciado algumas conversas estranhas dela com . Me perguntava se meu primo sabia de algo a mais que eu, ou era somente investidas tolas da parte dele. Terminei de tomar a água e joguei a garrafa no lixo, fui até meu quarto e deitei na cama.
Precisava de uma noite de sono para colocar minhas ideias em ordem e parar de pensar tanto em .
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— Aqui está o calouro ocupado. — disse Matt ao entrar na sala onde eu estava.
O andar despreocupado, continuou a se aproximar de mim.
— Você fala como se eu tivesse entrado ontem em Harvard. — ri de leve, mantendo a atenção no livro em minha frente — Não tem nada para fazer, não?
— Não. — ele riu — Minha semana de provas acabou, estou me sentindo solitário.
— Pensei que tivesse namorada. — fechei meu caderno e o livro, então o observei puxar uma das cadeiras próximas para se sentar — A garota se cansou de você?
— Para dizer a verdade, eu que me cansei dela, era muito ciumenta. — explicou ele suspirando — Acho que preciso de um tempo para mim, descobri que a vida de solteiro pode ser mais divertida.
— Sei, senti um fundo emocional em suas palavras. — ri da sua cara de abandonado.
— Você bem que podia me fazer companhia de vez em quando. — sugeriu ele com um olhar malicioso.
— E por acaso está escrito sexo feminino na minha testa? — retruquei — Ou você está mudando de time?
— Não. — ele fez careta — Vamos admitir que é mais divertido chegar em uma festa acompanhado de um amigo.
— Você está em uma fraternidade, não tem amigos lá? — retruquei novamente.
— Não são tão divertidos assim, mas eu te entendo, você está namorando, e a garota é minha irmã.
— Que bom que se lembrou, assim para de sempre me convidar para a vida de pecados. — ri um pouco enquanto guardava meu caderno na mochila — Atualmente sou homem de uma mulher só.
— Nossa, fiquei tocado agora, me faz querer uma namorada de novo. — brincou ele.
— Você muda de ideia como muda de roupa. — eu ri, me levantando.
— Ah, também não é assim. — ele se levantou junto, rindo também — Mas às vezes é bom ter uma namorada, apesar de quem eu quisesse, ter me dispensado há tempos.
— Desse clube eu sou presidente. — brinquei novamente indo em direção a porta de saída da sala.
Sabia que ele estava se referindo a .
— Muito ousada ela, mas sabemos que ela fez isso pela . — ele me acompanhou, senti uma certa frieza em sua voz — Minha irmã sempre foi apaixonada por você.
— E só fui perceber isso ao levar o fora da garota misteriosa. — assenti de leve olhando para frente, enquanto caminhávamos pelo corredor — Mas, eu gostei de ter descoberto, é realmente um sonho de namorada.
— Cuidado para não se perder nesse sonho. — brincou ele.
— Mas nem todo sonho é perfeito. — suspirei fraco, era um pouco frustrante às vezes.
— Está falando de que? Tem alguma coisa errada no namoro de vocês?
— Não acho que seja um assunto para falar com o irmão da minha namorada. — eu virei meu rosto para o lado e o olhei segurando o riso, depois voltei meu olhar para frente.
— Não é o que eu estou pensando, é? — sua voz parecia desacreditada.
— Depende do que está pensando. — eu ri dessa vez.
— Oh, não. — ele segurou no meu braço me parando — Não me diga que vocês...
— Nem termine essa frase. — o olhei meio amargurado.
— Oh, agora está explicado as idas e vindas de vocês dois. — ele riu um pouco da minha cara — Uau, minha irmã te deixando na seca do deserto.
— Poderia ter passado sem esse seu comentário. — eu deixei ele rindo e segui novamente pelo corredor.
— Ei, espere, não fique magoado comigo. — ele continuava rindo — Acho que agora estou começando a gostar do namoro de vocês.
— Acho que você poderia ficar calado.
Bufei um pouco com as piadas dele sobre meu namoro com .
Mas acho que estava perto de deixar minha namorada um pouco mais à vontade para avançarmos em nosso relacionamento. Eu tinha algumas dicas de que martelavam em minha mente às vezes. Elas eram amigas e a conhecia melhor que qualquer pessoa.
Os dias passaram.
Com minhas provas finalizadas e minhas notas excelentes, finalmente pude voltar para Manhattan. Assim que cheguei no apartamento do Central Park, estranhei estar vazio, esperava pelo menos encontrar meu primo desfrutando de seu momento de libertinagem. Subi até meu quarto, tomei uma ducha rápida e coloquei uma roupa confortável e meio formal para minha noite com . Ainda não sabia em que restaurante iria levar ela, mas queria que fosse uma noite romântica para ela.
— Boa noite. — disse ela ao chegar no hall do Hotel.
— Boa noite. — eu sorri de canto, olhando-a de cima para baixo.
Tinha que admitir que ao longo do nosso namoro ela mudou muito, principalmente seu estilo de vestir. tinha uma mistura delicada e sedutora que me fascinava em alguns momentos, seu jeito meigo e inocente era o que me atraía ainda mais.
— Está mais linda ainda esta noite. — a elogiei.
— Obrigado. — ela sorriu de leve, desviando seu olhar ainda tímido com meus elogios para o lado — Então, vamos jantar no restaurante do Hotel?
— Não. — segurei levemente em sua mão a guiando até o elevador.
Ela realmente imaginava que eu iria ser tão trivial assim?
A levei para o terraço do hotel, havia um espaço preparado pelos funcionários para nosso jantar perto do jardim. Eu vi um breve brilho em seus olhos, seguido de um sorriso singelo e bonito. Ao aproximarmos afastei um pouco a cadeira para que ela se sentasse, depois me sentei em sua frente.
— Um jantar à luz de velas, com o céu estrelado sendo testemunha. — comentou ela ainda sorrindo — Viu isso em algum filme?
— Não achou que eu pudesse ser tão romântico assim? — retruquei ela segurando o riso.
— Bem, é a primeira vez que temos um jantar à luz de velas no terraço. — ela riu.
— Achei que você precisasse de algo especial que fizesse esquecer os problemas. — eu a olhei um pouco mais sério, pegando a garrafa de vinho para abrir — Como estão as coisas com sua mãe?
— Na mesma, mas eu não quero falar sobre isso. — ela desviou seu olhar para o lado respirando fundo — O que importa é que ela não tem mais poder sobre mim.
— Estou feliz que possa fazer suas escolhas, sem cobranças. — estava mesmo feliz, mesmo sendo delicada estava se mostrando forte com tudo que passava em casa.
— Sim e agora preciso me focar em meu curso. — concordou ela voltando seu olhar para mim.
— E por falar em curso. — segurei de leve o riso, enquanto servia nossas taças de vinho — Quando surgiu a ideia de fazer gastronomia?
— Não me olha com essa cara de você não sabe cozinhar. — ela riu — Acho que era uma área que eu já tinha interesse, só precisei de um empurrão.
— Sendo o curso que for, você tem meu apoio sempre. — sorri tranquilamente para ela.
teria meu apoio e de muitas outras pessoas que gostava dela.
Nosso jantar foi tranquilo e cheio de assuntos sobre a universidade que ela iria cursar na França. Aquilo me preocupava de certa forma, principalmente por nosso relacionamento que sempre tinha altos e baixos. Por mais que em alguns momentos ela tocava no nome de , eu sempre desviava o assunto para nós dois. Fiquei um tanto surpreso quando ela elogiou meu primo e disse que ambos estavam construindo uma amizade sólida, eu realmente não conseguia associar e amizade com mulheres numa mesma frase. Após a sobremesa, eu a levei para a suíte máster, queria lhe mostrar a linda vista que a varanda proporcionava para o rio East.
Ela ficou encantada com as luzes noturnas que tinham colocado na orla do rio.
— Uau, é tão lindo. — sussurrou ela, com sua atenção voltada para o rio.
— Você gostou? — perguntei curioso.
— Sim. — ela desviou o olhar para mim — Não me diga que foi você?
— O que acha?
— Sério? — a surpresa no seu olhar me deixou animado — Você mandou que enfeitasse o rio com luzes para mim?
— Sim. — assenti honestamente.
Aquela ideia brilhante tinha sido de , confesso.
— Eu adorei. — ela se aproximou mais de mim envolvendo seus braços em meu pescoço — Estou amando nossa noite, estava sentindo sua falta, não sei o que acontecerá quando for para Paris.
— Digo o mesmo, Harvard é tão vazia e solitária sem você. — sorri de canto — Precisa mesmo ser uma universidade da Europa?
— Sim, é a melhor do mundo no quesito gastronomia.
Sua resposta ainda não me convencia nenhum pouco, ainda mais pela distância.
Eu a beijei de leve, antes mesmo que ela pudesse dar mais algumas explicações de como Le Cordon Bleu era sua melhor escolha acadêmica. Naquele momento eu iria colocar todos os ensinamentos e conselhos de em prática. Minha Dream Princess teria uma noite linda e romântica, como deveria ser. Mesmo esperando e em alguns momentos respeitando suas inseguranças, eu queria mesmo avançar ainda mais com ela, teria que ser aquele momento.
Eu a desejava de certa forma e tinha certeza que após isso, nosso relacionamento poderia ser bem mais leve e sem incertezas da parte dela. Se eu havia aguardado por tanto tempo, não haveria mais dúvidas de que eu gostava dela com sinceridade. Por alguns minutos, pareceu que estava dando certo e estava se rendendo aos meus beijos e minhas carícias. Eu retirei suavemente seu casaco e aos poucos entramos quarto adentro e quando nos deitamos na cama, ao tocar seu corpo com mais intensidade, ela me empurrou de leve.
— Me desculpa. — disse ela, se afastando de mim enquanto recuperava o fôlego.
— O que foi? Pensei que quisesse também? — perguntei não entendendo o que tinha dado errado.
— Eu quero, mas... — ela respirou fundo — Me desculpa.
— Calma. — eu toquei de leve em sua face — Não é a primeira vez que me rejeita, pensei que fosse a última, mas... Não precisa pedir desculpas.
— Acho que não consegui esvaziar minha mente para hoje. — disse ela se levantando da cama — Eu vou embora.
— Não precisar sair daqui, como se estivesse fugindo. — me levantei e a abracei de leve — Mesmo não acontecendo nada, não quer dizer que não podemos dividir o mesmo quarto.
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Luz de velas, jantar no terraço e vista para um lago iluminado.
Esses são os ingredientes secretos revelados por ninguém menos que , para qualquer namorado conseguir sua tão esperada noite de amor. Pelo menos era isso que o romântico esperava. Uma pena que na cabeça da nossa Dream Princess só esteja as venenosas palavras de Britany Collins. Será que algum dia veremos esse casal consumar este amor?
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém!
- Xoxo, G’G.
14. Veteran's Party
"I ain't gonna stop until I do (don't stop it)
I ain't gonna quit should I show."
- Don't Stop The Party / Black Eyed Peas
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Eu ainda estava deslumbrada com tudo que tinha visto na Universidade de Yale, senti bem lá no fundo que aquele poderia sim ser o meu lugar. Era estranho para mim estar no mesmo ambiente que por tanto tempo, confesso, ainda mais vendo-o jogar seu charme para todas as garotas que passavam por nós. Fiquei admirada por ele conhecer tantas pessoas pelo campos, claro que a maioria de sua lista de conhecidos eram mulheres.
Nenhuma novidade para mim.
— A cada quatro passos, uma amiga diferente. — comentei, parando em frente à fachada do prédio principal.
— Hum, está com ciúmes? — perguntou ele parando ao meu lado.
— Não. — dei de ombros — Só estou comentando, acho que esse é um dos motivos que me faz não querer nada com você.
— Queen. — ele segurou de leve em minha cintura, me fazendo ficar de frente para ele — Mulheres como você são diferentes.
— Diferentes? — ri de leve — Como?
— São tão difíceis de alcançar que quando conquistadas... — seu olhar era sincero, isso era novidade para mim — É como um sonho que não queremos acordar.
— Que profundo, consegui até sentir um ponta de sinceridade. — comentei em um elogio disfarçado.
— Interessante. — ele acariciou de leve meus cabelos — E por falar em sonho, meus parabéns.
— Pelo que? — estava curiosa.
— Você conseguiu transformar uma garota tímida em uma mulher inesquecível e desejável. — ele sorriu de canto — Bem, se ela já for uma mulher, é claro.
— Soube da sua repentina amizade com a . — toquei de leve com minha mão direita em seu tórax, o afastando um pouco de mim — Fique longe da minha amiga.
— Não se preocupe, é como você, uma em um milhão. — seu olhar agora era de um predador, seguido de um sorriso malicioso.
Eu não conseguia acompanhar estes momentos de .
Na mesma hora que ele era gentil e me ajudava, também se mostrava um homem disposto a não perder o que queria, ainda mais quando me olhava de forma maliciosa. Ele me levou para a filial do Hotel Royal que tinha em Connecticut, me instalei em uma suíte máster, uma cortesia da família Village.
— Não quer mesmo jantar em meu quarto? — insistiu antes de sair da suíte, em que tinha me instalado.
— Não, eu realmente gostei muito do nosso passeio, do que fez por mim hoje, mas não quero que misture as coisas. — respondi desviando meu olhar para a porta — Já percebi que sabe de muitas coisas do meu passado, mas isso não vai mudar minha posição.
— Eu sei, você é extremamente firme em suas palavras, mas não vou desistir. — ele sorriu de canto — Mesmo que seja somente uma noite ou um breve momento, você ainda vai ceder e ser minha.
— Espero que esse dia nunca chegue. — disse diretamente, talvez eu fosse um pouco fria demais em minha palavras, mas não imaginava tendo nada com ele.
piscou de leve e saiu rindo pelo corredor.
Eu fechei a porta do quarto trancando com a senha eletrônica que tinha feito. Me espreguicei um pouco, senti minhas costas doerem de leve. Havia ficado muito tempo caminhando com ele pelo campus da universidade de Yale. Deixei minha bolsa de mão em cima da mesa, que tinha ao lado da cama e entrei no banheiro. Olhei para aquela banheira grande e espaçosa tendo algumas ideias de um banho relaxante, eu precisava. E foi mesmo um relaxante banho de espumas, seguido de uma ducha quente.
— Ah, como estas partes da vida são boas. — disse para mim mesma voltando para o quarto vestida com o roupão de banho — Vejamos, tenho que mandar uma mensagem de desculpas para a diretora Queller, sai da recepção mais cedo, só agora me lembrei.
Realmente só tinha me lembrado da Ivy Week naquele momento.
Certamente a diretora da escola de Artes de Yale, comentaria sobre meu breve passeio pelo campus. Peguei meu celular dentro da bolsa e olhei algumas mensagens. A poderosa G’G havia mencionado em seu Instagram minha embarcação no jatinho de , com várias fotos nossas de brinde.
Será que e os outros já teriam visto?
— Espero que ela não tenha comentado nada errado sobre isso, nem insinuado uma relação inexistente. — sussurrei de leve vendo as fotos.
Suspirei fraco olhando mais algumas mensagens.
Vi uma bem surpreendente vinda de Rose, me contando que havia convidado pessoalmente Britany Collins. Realmente não acreditava que minha melhor amiga estava fazendo aquilo. Convidando minha inimiga declarada. Estava um pouco intrigada com este fato, o que me fez lembrar do dia em que trombei com ela na 5ª Avenida. Britany havia me dito que iria mostrar para todos quem eu realmente era. Será que eu deveria me preocupar?
Outro detalhe que estava martelando em minha mente, era o comportamento estranho que vinha tendo comigo. Fazia poucos dias, mas dava para perceber que tinha algo de errado com nossa convivência diária. Deitei na cama e fiquei um tempo olhando para o teto, deixei meu celular ao meu lado e fechei meus olhos.
Acordei no dia seguinte com meu celular tocando, era uma ligação de .
— A que deve sua ligação a essa hora da manhã? — disse ainda sonolenta.
— Preciso da ajuda da minha melhor amiga. — explicou ele, com uma voz tranquila e suave.
— Surpreenda-me?!
— Convidei para um jantar, quero que seja inesquecível. — agora o tom era de malícia.
— Uau, agora achei interessante. — ergui meu corpo um pouco e olhei para o sol entrando pela janela — Vou pensar em algo que possa te ajudar.
— Conto com sua criatividade. — brincou ele rindo — Quero mesmo que seja a melhor noite para .
— Estamos falando da nossa Dream Princess, tenho certeza que será uma noite encantadora.
Trocamos mais algumas palavras e logo desliguei o celular.
Estava mesmo admirada com a ligação dele. Contudo não era novidade para mim, que ele queria aquecer o relacionamento de ambos e tentar ultrapassar as barreiras da timidez de . Estava feliz pelo namoro dos dois, minha amiga merecia realizar seu sonho de um primeiro amor. Troquei de roupa tranquilamente, enquanto pensava em como poderia ajudar com seu jantar. Assim que terminei, peguei minha bolsa e o celular e desci para o hall do Hotel. já estava me esperando, sentado no luxuoso sofá que ficava em frente ao balcão da recepção, com um copo de Bourbon na mão me olhando tranquilamente.
— Bom dia. — disse ao me aproximar.
— Bonjour, majestade. — ele sorriu de canto — Aceita tomar café com seu humilde servo?
Ele se levantou do sofá estendendo a mão direita.
— Humilde?! Servo?! — eu ri descontraída e segurei em sua mão — E onde tomaremos nosso café da manhã?
— Surpresa. — ele piscou de leve mantendo o sorriso nos lábios.
Mesmo não confiando 100% em , eu me divertia com aqueles momentos de extremo charme e cavalheirismo que ele possuía. Imprevisivelmente nosso café da manhã foi em seu iate de luxo no porto de New Haven, senti meus olhos brilhando quando vi o ancorado e assim que entrei.
— Você realmente sabe deixar uma mulher sem palavras. — tinha que admitir aquela realidade.
— Uma pena que só isso não sirva para conquistar algumas mulheres. — retrucou ele, ao segurar minha mão e me guiar até o convés superior.
— A vista é linda. — sibilei um pouco olhando ao meu redor.
— Então, vamos saborear nosso café? — sugeriu ele, arrastando a cadeira para que eu me sentasse.
Assenti com a face me sentando.
havia preparado um café da manhã ao estilo francês com direito a muitas guloseimas. Tentei controlar um pouco meus pensamentos sobre rever minha opinião sobre ele, mas assim que o olhei, vi em seus olhos malícia e o instinto de um predador. Passamos um bom tempo no seu iate, até que ele recebeu uma ligação do escritório do seu pai, percebi uma certa preocupação de sua parte.
— Infelizmente terei que deixá-la voltar sozinha. — disse ele, ao nos aproximarmos do carro particular do Hotel.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei meio curiosa.
— Nada que valha a pena saber. — ele sorriu de canto por um momento e olhou para o motorista — Leve ela em segurança para o jatinho.
— Nos vemos na festa dos veteranos? — perguntei como quem não queria nada.
— E eu perderia essa oportunidade? — respondeu ele com ironias.
Eu entrei no carro segurando o riso.
Assim como ordenado, o motorista me levou diretamente para o aeroporto particular da família dele, onde peguei o jatinho de volta para Manhattan. Assim que cheguei, liguei para . Havia pensado em algumas ideias durante os breves minutos de voo, precisava contar a ele e começar a planejar seu jantar com , desde o cardápio até a cor do lençol.
— É realmente necessário? Acho que decidir sobre a cor do lençol é demais. — questionou ele do outro lado da ligação.
— Ah, homens não prestam mesmo atenção nos detalhes. — bufei um pouco enquanto andava pelos corredores da sofisticada loja de departamentos Bergdorf Goodman — É claro que importa, por exemplo se for da cor preferida dela, tecido macio, que bom que você ligou e pediu ajuda.
— Ok. — ele riu um pouco — Faça o que achar melhor, confio no seu bom gosto.
— Que bom, porque bom gosto eu tenho de sobra. — parei em frente a uma mesa de jantar, que estava montada para exposição.
— Mais alguma recomendação? Professora? — brincou ele.
— Jamais fale no assunto, apenas seja suave e deixe rolar, e principalmente não tenha pressa. — fixei meus olhos no prato de porcelana, era decorado com fios de ouro — Lembre-se que ela tem que se sentir confortável e não pressionada.
— Anotado.
— Vou desligar, acho que encontrei o aparelho de jantar perfeito para a ocasião. — ri de leve e desliguei o celular.
Eu iria aproveitar aquela tarde para as compras, o dia seguinte seria para escolher o cardápio do jantar e reservar o melhor quarto do Hotel com a melhor vista. Tinha muitas coisas para resolver até o dia do jantar deles, estava me dividindo em duas, pois tinha que resolver também os preparativos finais para a Veteran’s Party. O lado bom é que podia contar com a ajuda das futuras representantes, apesar da pouca presença de em nossas reuniões.
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Desde o repentino abraço em Dream Princess, gestos de amizade, sorrisos gentis ao café da manhã no iate, nosso conquistador está se mostrando um homem de mil faces. Será que nossa desconfiada Mistery Queen, mudará seu conceito sobre ele? Ela não sabemos, mas eu estou adorando essa fase.
- Xoxo, G’G.
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Apesar de estar vivendo um ano como queria, tinha outro acordo com meu pai.
Ele não queria à frente dos negócios e acreditava que eu seria a melhor escolha para a empresa. Às vezes me perguntava se este pensamento era como um prêmio de consolo por não ser o pai do ano, seria irônico isso. Mas estava ali, após ter que deixar voltar sozinha para Manhattan, entrando em outro jatinho rumo a Vegas. Pois aparentemente meu pai não poderia participar de uma reunião importante, devido a causas particulares. O motivo? A filha bastarda estava com resfriado.
— Ironias da vida. — sussurrei para mim, enquanto a comissária servia meu copo com mais Bourbon.
— O senhor deseja mais alguma coisa? — perguntou ela num tom sugestivo.
— Não, obrigado.
Aquela seria a primeira vez que a dispensaria.
Estava com meus pensamentos voltados para algo que realmente não valia a pena. Não conseguia acreditar que ele estava sendo o pai do ano para aquela bastarda, o pai que nunca foi para mim. Aquilo me fazia odiar ele ainda mais. De forma automática, joguei o copo que estava em minha mão na parede do jatinho, fechei meus punhos respirando fundo. Se era aquilo que ele queria de mim, ele teria, aprenderia na experiência o que estava se sacrificando para aprender na teoria.
Não deixaria a empresa em mãos erradas, principalmente na mão da minha “querida madrasta”.
— Senhor, chegamos. — disse a comissária ao se aproximar de mim, após algum tempo.
— Mantenha o jatinho preparado, não pretendo ficar em Vegas.
— Como o senhor desejar. — assentiu ela com um sorriso.
— Ah, Verônica. — eu a olhei — Você fica melhor com o batom vermelho.
— Obrigada, senhor.
Sorri de leve e caminhei para a saída.
Um carro particular do Hotel-Cassino já estava à minha espera, não demorou muito até que estacionou em frente ao Royal de Vegas. A reunião seria no andar da diretoria, no topo do edifício. Assim que cheguei pelo hall, ouvi alguns cochichos vindo ao meu redor, logo a gerente veio me cumprimentar.
— Senhor Village, é um prazer ter o senhor novamente. — disse ela, com um sorriso em sua face.
— Agradeço, Lily. — a olhei de baixo para cima — Este vestido lhe caiu muito bem, valoriza seu corpo.
— Que bom que gostou, senhor. — ela sorriu um pouco tímida, desviando o olhar para o elevador que já estava me esperando — Eu acompanho o senhor até o andar da diretoria.
Lily era uma mulher encantadora, que em raros momentos mostrava sua insegurança por não estar dentro dos padrões de beleza que a sociedade nos impunha. Foi uma singela indicação minha que a tornou, a gerente do mais lucrativo Hotel-cassino da nossa empresa. Uma mulher muito competente e profissional, dentro e fora do seu expediente de trabalho. Assim que cheguei a sala de reuniões, Lily voltou para o andar da recepção. Caminhei tranquilamente até a cadeira presidencial e me sentei.
— Devo admitir que você fica melhor nesta cadeira, que os mais velhos dessa família. — comentou Daisy, ao entrar na sala.
— Devo incluir meu primo? — brinquei me levantando.
— Bem, que não me ouça, mas acho você melhor que ele. — ela riu suavemente, vindo ao meu encontro.
— Estava sentindo falta de seus elogios. — eu a abracei — E estou sendo sincero agora.
— Tenho certeza que você sempre foi sincero comigo. — ela sorriu e me deu um beijo de leve — Quando vai assumir esta empresa?
— Ainda tenho muitos outros planos antes de assumir tudo. — eu ri acariciando seus cabelos loiros — Soube do seu breve noivado, desistiu de mim?
— Você é um homem de várias mulheres, eu precisava de estabilidade. — ela deu de ombros se afastando de mim.
— E por onde anda esta estabilidade? — me sentei na cadeira presidencial novamente, a olhando andar sinuosamente até a cadeira em que se sentaria.
— Em Dubai com outro. — ela sentiu dando um suspiro fraco.
— Outro? Outro?
— Nada de brincadeiras sobre isso.
— Desculpa. — eu ri ao pensar em um comentário maldoso — Mas, se quiser posso ficar até amanhã, assim poderei te consolar de uma forma mais apropriada.
— Estou tentada a aceitar a oferta. — ela riu lançando seu olhar para a porta que se abria.
Daisy era a filha do primeiro casamento da mãe de .
Mesmo sendo meia-irmã, ele não a considerava tanto assim, porém no meu caso, eu adorava meus momentos com ela. Bons momentos os nossos, principalmente quando viajávamos juntos nas férias de verão. Mesmo ela sendo cinco anos mais velha que eu, era um pouco apaixonada por mim. O que dizer sobre isso? Eu aprendi muito com ela sobre como agradar uma mulher de verdade.
Não demorou muito até que os outros diretores e o representante dos acionistas entrassem, todos se surpreenderam ao me ver lá, representando meu pai. A reunião demorou um pouco para terminar. Almoçamos todos na sala de reuniões mesmo e voltamos as nossas discussões sobre o futuro da empresa, estava interessante até meu saudoso tio aparecer. Em sua face, a mesma cara de surpresa, com o tempo fui ficando entediado por estar naquele lugar. Só conseguia olhar para Daisy e pensar em como poderíamos estar aproveitando nosso precioso tempo em outro lugar.
Após algumas propostas e debates, meu pensamento iria se tornar realidade. Daisy me convidou para conhecer um novo pub que tinha inaugurado. Os planos de voltar para Manhattan no mesmo dia foram cancelados devido aos beijos dela. Não acreditava que estava revivendo momentos preciosos, de minha vida secreta de um adolescente americano. Voltei para Manhattan um dia antes da tão anunciada festa dos veteranos, estava curioso para saber o que aconteceria, e quem estaria na lista de convidados.
— Não se lembra mais das velhas amigas? — disse uma voz feminina vinda de trás de mim.
— Amiga, sim. — eu me virei, reconhecia aquela voz — Velha, jamais.
— Agradeço o elogio. — ela sorriu sinuosamente.
— Soube do seu retorno. — respirei fundo — Mas devo me desculpar por não ter mandado flores ou chocolates de boas-vindas.
— Depois do que fez por mim, nem precisa me mandar nada. — ela tocou de leve na gola da minha camisa.
— E como está sua filha? — desviei meu olhar para a fachada do prédio por um momento.
— Herdando minha beleza.
— Ok, não está aqui para falar da minha afilhada. — tinha certeza que ela queria algo a mais com aquela visita — O que deseja de mim?
— Mais informações. — desta vez ela foi direta ao ponto.
— Então, acho que deveríamos ter esta conversa em um lugar mais reservado. — sugeri.
E o lugar reservado seria sim meu quarto.
Não foi um golpe de sorte o apartamento estar vazio, já que Matt só viria a Manhattan na manhã seguinte e teria um encontro com . Assim que entramos no meu quarto, pulamos a parte da conversa e tivemos nosso momento íntimo que não tínhamos a um tempo. Foi inspirador ao ver que Britany ainda era tão bela quanto as curvas de seu corpo. O restante da noite passou com nossa distração cheia de desejos e pecados, até que ao amanhecer, finalmente começamos a falar de assuntos um pouco mais sérios.
— Assim como prometeu você voltou, estou me perguntando o que esta sua mente vingativa já aprontou, neste curto tempo que está em Manhattan. — comentei, despejando um pouco de Bourbon em meu copo com gelo.
— Coisas maravilhosas, andei plantando algumas sementes da discórdia em mentes férteis. — ela riu da cama — Eu realmente ainda não entendo.
— O que? — a olhei tranquilamente, ela estava enrolada nos lençóis da cama, com um olhar curioso.
— Você está a tanto tempo querendo a , estou curiosa para saber porque me contou um de seus segredos. — ela ergueu seu corpo, fixando ainda mais o olhar em mim.
— Mesmo interessado nela, prezo as amizades antigas. — tomei um gole do whisky com tranquilidade — E estava achando esse jogo desigual, afinal, você não sabia de nenhum segredo dela.
— Quando me contou, fiquei tão extasiada, agradeço por não ter me deixado fazer nada antes. — ela passou a mão direita em seus cabelos ruivos.
— Digamos que a vingança é algo que deve ser bem preparado e saboreado na hora certa. — sorri de canto para ela, imaginando como seria sua vingança — E este não é o único segredo de .
— E tem mais? — ela se levantou da cama, demonstrando uma certa animação — Me conta.
— Não. — eu ri de sua cara de criança carente.
— . — ela se aproximou de mim e beijou meu pescoço de leve — Por favor, me conte.
— Já disse, não.
Eu era convicto em minhas decisões.
E só havia contado a Britany o que achava relevante para mim, pois aquela também era sim um pouco da minha vingança. Afinal, meu orgulho estava ferido por todos os foras que havia me dado. Enfim, estava chegando a hora de irmos para a Veteran’s Party, e me surpreendeu um pouco a afirmação de Britany, em ter sido convidada pessoalmente por . Será que a mente fértil, onde ela havia plantado a semente da discórdia, era a nossa delicada Dream Princess?
— Não acredito.
Foram as palavras.
Que consegui identificar dos lábios de , assim que entrei na casa de Camille. Mesmo aquelas palavras sendo de surpresa, seu olhar era de uma mulher preparada para a guerra.
— Me parece que vossa majestade não está surpresa. — sussurrei para Britany.
— Melhor assim. — ela riu baixo — Agora estou curiosa para saber o que ela preparou para mim.
— Bem-vindos. — disse , ao nos cumprimentar.
— Agradeço, vejo que não está surpresa em me ver. — comentou Britany com aquele olhar ameaçador que só ela faz.
— Eu sempre sei quais os nomes que estão na minha lista de convidados. — retrucou ela, se mostrando ainda mais superior — Aproveitem a festa.
se afastou de nós mantendo sua pose e cabeça erguida.
Aquilo me fazia querer ainda mais ela para mim. Me afastei de Britany e me aproximei de , ela segurava um riso no canto do rosto, era a confirmação que Britany tinha contado tudo a ela. Estava curioso para saber se a destronada Collins, havia revelado que a fonte da informação era eu. Entretanto, notei outro detalhe, James ainda não estava presente na festa.
— . — ela me abraçou de leve e sorriu — Que bom que realmente veio.
— Não perderia esta festa por nada. — sorri de volta para ela — Ainda mais depois que descobri um certo nome na lista de convidados.
— Britany. — concluiu ela — Foi eu mesmo que a convidei.
— Isso me deixa ainda mais surpreso.
— Bem, Britany tem se mostrado uma pessoa legal e arrependida. — explicou ela tranquilamente desviando seu olhar para que estava conversando com .
— Ainda com olhares de ciúmes? — eu a olhei atentamente — E uma face de desagrado?
— Acho que sempre tive ciúmes da amizade de ambos. — ela suspirou fraco — Mas tento evitar transparecer isso.
— Ainda acho que você é um sonho que meu primo não merecia ter. — realmente estava certo, segundo meus princípios masculinos.
— E quem merecia ter? — ela me olhou, não acreditada de minhas palavras.
— Eu, talvez. — eu a olhei com mais profundidade de forma séria.
se encolheu um pouco, demonstrando timidez.
Ela não era mulher para falar em tom de brincadeira. Ela era um sonho doce e meigo que merecia alguém muito melhor que meu primo. E talvez, estava inclinado a acreditar que esta pessoa poderia ser eu.
— Me desculpe, não sei o que dizer.
— Não diga nada, apenas tenha em mente que não é o único homem da terra. — sorri de leve para ela — E que você é tão atraente e desejável quanto sua amiga.
Seu silêncio demonstrou estar pensativa em minha palavras, aproveitei a deixa e me afastei indo em direção à mesa de drinks. Assim que fui servido pelo garçom com precisão, dei o primeiro gole já sentindo uma pessoa se aproximar.
— Então está me traindo definitivamente. — estava com uma taça de champanhe na mão — E com a minha inimiga destronada?!
— Não pense desta forma. — disse num tom sinuoso — Ela estava sozinha e eu simplesmente a acompanhei, soube que o nome estava na lista.
— Suas palavras não me convencem. — ela arqueou a sobrancelha direita.
— Está com medo? — eu sorri de cento — Com medo de algo sobre você ser dito para ela?
— Não estou com medo. — retrucou ela num tom mais baixo, mas firme.
— Não se preocupe majestade. — eu segurei de leve em sua cintura, como sempre gostava de fazer — Jamais faria algo que a prejudicasse.
— Devo acreditar em você? — insistiu ela.
— Jamais contaria o seu real segredo. — garanti com sinceridade.
Era divertido quando as palavras saíam de minha boca com ar cínico, porém naquele momento mantive a seriedade no olhar e a verdade em minhas palavras. Ficamos nos olhando por segundos até que interrompeu a música. Ela começou a discursar sobre como estava feliz pela presença de todos, e que tinha uma surpresa para aquecer a festa. E logo propôs um jogo de verdade ou desafio para todos, as anfitriãs começariam o jogo e a primeira seria , e poderíamos desafiar qualquer convidado.
— Vai ser interessante. — sussurrei para mim.
— Como eu propus o jogo, eu começo. — deu um sorriso singelo e olhou para sua amiga — Eu desafio a nossa Mistery Queen.
— Nossa. — deu um passo para frente — Estou preparada.
— Será? — comentou Britany, num tom baixo se colocando ao meu lado.
— Tenho uma pergunta, você pode escolher entre dizer a verdade ou optar pelo desafio. — explicou .
— Diga sua pergunta, . — parecia muito confiante.
— Quem é Allison Sollary? — foi tão direta e precisa, que senti meu corpo arrepiar.
Todos ficamos esperando uma resposta de , que parecia paralisada com a pergunta da amiga. Desviei meu olhar para o lado, Britany estava se deliciando com aquele momento.
— Se eu não quiser responder, qual seria meu desafio? — perguntou nossa Queen, desviando seu olhar discretamente para Britany ao meu lado.
— Terá que realizar um desejo do . — respondeu .
Uau, por essa eu não esperava!
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Querido , por essa ninguém esperava. Parece que o tempo está fechando para nossa Mistery Queen. Acho que este jogo de verdade ou desafio, ficaria ainda mais interessante se James Bale aparecesse. Afinal todos adoramos ver as faíscas que jogos assim provocam nas festas.
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém!
- Xoxo, G’G.
15. Verdade ou desafio?
"I'm Miss American Dream since I was 17,
Don't matter if I step on the scene”
- Piece Of Me / Britney Spears
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Externamente eu aparentava tranquilidade e naturalidade. Entretanto, internamente meu coração estava acelerado e minhas mãos frias. Minha mente fervendo de perguntas e a mais óbvia de todas, era como ou quem tinha falado esse nome para . Mesmo que meu olhar estivesse focado em Britany, não teria como ela saber a completa verdade, então meu olhar se desviou para .
O Village havia jurado que não tinha dito nada que me comprometesse. Contudo, não podia deixar de admitir que ele estava começando a ficar próximo de , desde que ela soube sobre sua mãe. E era o único que sabia do meu segredo, então, teoricamente poderia ter contado algo a minha amiga.
— Interessante, e qual seria o desejo de ? — perguntei mantendo meu olhar nele.
— Hum, tenho tantos desejos relacionados a você. — ele mordeu os lábios de leve, com seus olhos também fixos em mim.
De certo, a atenção de todos estavam em nós dois naquele momento. Todos curiosos para saber se eu ia responder ou não, de relance percebi que James havia chegado e que estava na porta me olhando.
— Então , vai responder ou prefere o desafio? — instigou Britany.
— Você não precisa fazer isso. — disse , ao se aproximar de mim e segurar de leve em meu braço.
— E se eu quiser?! — o olhei com segurança, me soltando dele — Eu sei cuidar de mim mesma.
— . — sussurrou ele, novamente.
— Bem, eu irei responder. — de fato isso gerou alguns olhares surpresos e cochichos entre os convidados presentes — Não sei quem é Allison Sollary, porém não me custa nada realizar um dos desejos de .
Caminhei sinuosamente até ele e colocando minha mão de leve em seu pescoço, o beijei da forma mais intensa e maliciosa que poderia. Não era uma coisa que eu imaginei fazer algum dia. Entretanto, tinha mesmo que concordar que quando não é forçado, o beijo dele até me atrai um pouco.
Porém, manteria isso em segredo.
Senti as mãos dele em minha cintura por um curto momento, até que eu me afastei de forma proposital mordendo meus lábios inferiores, com um sorriso de canto malicioso. Pude observar que as pupilas dos olhos dele estavam um pouco dilatadas, como as de um gato que tinha ganhado seu precioso brinquedo.
— Acho que sou a próxima a perguntar. — disse me colocando no centro da disfarçada roda, suspirei aliviada por aquilo que tinha feito — Eu desafio Britany Collins, nossa convidada especial.
Não pude deixar de dizer aquilo com um pouco de deboche e sarcasmo, ela não era especial e nunca havia sido bem-vinda na minha festa. Ainda estava com o nome dela na lista de convidados entalado na minha garganta, algo que eu iria discutir com no momento apropriado.
— Desafio aceito, Mistery Queen. — disse ela dando um passo para frente — Pergunte.
— Quem é o pai do seu filho, ou melhor, filha? — direta e precisa.
— E meu desafio? — perguntou ela.
— Sair desta festa neste momento. — disse com convicção.
— Eu já estava de saída mesmo. — retrucou ela.
Mais barulhos de comentários surgiram, seguidos de algumas risadas discretas entres os convidados.
— Olha, a mamãe não sabe mesmo quem é o pai?! — a provoquei.
— Mexa comigo, mas nunca envolva minha filha nisso. — disse ela, ao se aproximar de mim, logo sendo segurada por — Você não sabe quem está desafiando.
— Foi você quem começou, vindo a minha festa. — retruquei mantendo meu olhar superior — Acho que já sabe o caminho da porta.
— Se prepare, porque vai ter volta.
— Estarei esperando, mamãe. — retruquei de uma forma debochada.
Eu não tinha medo dela.
E claro que me manteria prevenida aos seus ataques, principalmente se ela tentasse usar minha amiga contra mim. Britany se soltou de e foi em direção a saída secundária, eu segurei um pouco meu sorriso de vitória, até que vi indo atrás dela de forma discreta. Respirei fundo e sorri de forma natural.
— Bem, acho que agora é a sua vez Camille. — eu me afastei deles, indo em direção ao James, que se mantinha na porta principal de braços cruzados.
Sua face estava tranquila e serena, mas seu olhar fixo em mim transmitia uma certa intensidade, logo um sorriso discreto apareceu em seu rosto.
— Continua superior como sempre. — comentou ele, descruzando os braços.
— Não fiz nada demais, só achei que o ar estava poluído. — expliquei passando por ele, seguindo em direção ao hall de entrada da festa.
James foi me seguindo pelo caminho, até que saímos do lugar, de fato eu já estava desmotivada a ficar naquela festa, porém meu propósito de expulsar Collins com estilo tinha se concluído. Quando chegamos em frente ao carro dele estacionado na rua, paramos de frente um para o outro e ficamos nos olhando.
— Me concede a honra de te levar para outro lugar? — perguntou ele abrindo a porta do carro.
— Para onde me levaria? — perguntei olhando para a porta aberta.
— Onde gostaria de ir?
Mordi meus lábios inferiores dando um sorriso.
— Hum, tenho algumas coisas em mente.
— Vou adorar ouvir cada uma delas. — ele se aproximou um pouco mais de mim — Sabe, aquele beijo que deu em , me deixou com certa inveja dele.
— Imagino. — suspirei fraco desviando meu olhar para a rua, logo senti minha bolsa de mão vibrar.
Era meu celular.
Eu me afastei um pouco dele olhando a mensagem, aquilo era minha outra realidade aparecendo para estragar minha noite. Mesmo não querendo, eu tinha que me despedir de James e abandonar a possível noite maravilhosa que teríamos. Ele se ofereceu para me levar, mas eu não poderia aceitar por motivos óbvios.
Lá estava eu, entrando em um táxi e seguindo em direção ao lugar que sempre ia em momentos de crise, minha segunda realidade tomava muito de minha força mental, além de me deixar exaustivamente cansada. Desta vez aquele problema parecia ter se intensificado e duplicado, eu teria que desaparecer por alguns dias. O meu problema fora daquela vida de luxo estava me limitando um pouco, tanto que deixei passar a presença de Collins na festa e nem quis voltar nesse assunto com . Mas de alguma forma mesmo de longe, eu conseguia sentir que ela estava mais afastada de mim, talvez tenha achado que eu exagerei em expulsar a destronada da minha festa.
Porém, tinha minhas obrigações como a representante dos alunos no Constance, e mesmo de longe em videoconferências, eu estava cuidando de todos os detalhes do nosso baile de formatura.
— Você está com uma cara abatida, deveria descansar. — disse a dra. Charlot, ao se aproximar de mim.
— Acredite, eu tentei, mas não consegui. — respirei fundo mantendo meu olhar naquela pessoa, que dormia de forma tão tranquila — Para ser sincera, não tenho conseguido dormir a tempos.
— Muita pressão, não é?! — perguntou ela.
— Sim. — assenti — Mas eu aguento, já houve dias piores na minha vida.
— Fico admirada com sua determinação e carinho, muitas pessoas já teriam desistido.
— Não posso desistir da pessoa mais importante na minha vida. — suspirei fraco — A única que restou.
— Fico ainda mais aliviada em ouvir isso. — ela se dirigiu até a porta — Venha, você precisa pelo menos comer algo.
— Não sei se a comida passará em minha garganta. — retruquei a seguindo.
— Nem que eu te force. — ela riu um pouco, saindo do quarto — Bem, geralmente o jantar daqui é melhor que o almoço.
— Hum, espero que sim. — eu ri, a acompanhando até o refeitório.
Eu estava grata por ter conhecido a dra. Charlot no pior momento da minha vida. Ela tinha se tornado uma grande amiga e confidente, era a única que eu confiava plenamente e que sabia do meu completo segredo. Além da diretora Queller e agora de . Ela era a única em anos que tinha se proposto a cuidar daquela pessoa tão problemática. Pessoa que me deixava sem dormir e me cobria de preocupações, mas que eu amava.
— Bem que você disse que era melhor que o almoço. — elogiei aquela simples comida, mas que continua um sabor diferente de tudo que eu já tinha comido.
— É sim, é um sabor de mãe e avó ao mesmo tempo, sabe aquela comida que te faz se sentir em paz. — concordou ela, explicando — Acho que é graças à cozinheira do turno da noite, ela é maravilhosa e sempre faz com carinho e dedicação.
— Está explicado. — sibilei um pouco — É uma sopa simples, mas o sabor é de um manjar.
— Muito diferente do que você está acostumada a comer, não é?! — ela me olhou.
— Sim. — desviei meu olhar para o prato — Extremamente diferente.
— Como estão os preparativos para sua formatura? — perguntou ela.
— Caminhando da forma que sempre imaginei, será um dia memorável para todos em minha volta. — deixei transparecer um leve sorriso de felicidade, ao meu lembrar que fora daquele lugar eu tinha uma vida quase perfeita.
— Que bom que está feliz, me sinto mais tranquila sabendo que pelo menos lá, você consegue se alegrar mais. — ela sorriu também — E quanto a sua vaga em Yale? Eu ouvi você comentando sobre isso, enquanto falava ao telefone.
— Hum, estou mantendo isso para mim, não quero ter falsas esperanças, apesar de manter a certeza de que consegui impressionar as pessoas que precisava. — respondi segura.
— Estou torcendo para que consiga mesmo, será uma grande notícia para todos aqui. — ela desviou seu olhar para a porta, vendo a faxineira entrar no refeitório — Todos torcemos por você.
— Agradeço por isso.
Apesar do lugar ser horrível, as pessoas que estavam ali sempre foram solidárias comigo. Desde que me conheceram em meio a meu desespero por ajuda. Lembranças dolorosas que não quero que retornem em minha vida, eu estava feliz e realizada pelo que tinha conquistado até o momento e continuaria assim. Os dias foram se passando, até que finalmente pude voltar para minha vida feliz, meus momentos de desaparecimentos já não eram mais questionados, felizmente. Porém, sempre que acontecia, a G'G não perdia a oportunidade de lançar especulações em seu instagram, fazendo assim todo o mistério em minha volta crescer.
— Nossa rainha voltou ao seu palácio. — disse uma voz atrás de mim, assim que eu entrei indo direto para as escadas.
— Este palácio não é meu. — disse me virando para trás e sorrindo para ele — Mas serei sempre uma rainha, Matt.
— Ela está certa. — disse , descendo as escadas — Esta casa não é dela.
— Não seja tão ríspida, . — repreendeu ele, se aproximando de mim — Não desconte seu mau humor nos outros.
— O que aconteceu? — perguntei curiosa.
— Se estivesse aqui saberia. — ela ajeitou sua bolsa no ombro e caminhou até a porta saindo.
— Posso entender o motivo disso? — olhei para Matt.
— Me parece que o casal dos sonhos está vivendo dias de pesadelos. — respondeu ele, tranquilamente.
— Brigaram de novo?!
— Sim, e aposto que pelo mesmo motivo de sempre. — explicou ele.
— Acho que está ficando difícil para o esperar. — conclui meio chateada.
— Não sei se fico feliz ou apreensivo com isso, porque sabemos que ele gosta dela, mas depois de tantas idas e vindas. — Matt refletiu um pouco.
— Desta vez não me intrometo, anda um tanto chateada comigo, o pior é que nem sei o motivo. — suspirei fraco — Sinto que se deve ao retorno da Britany.
— Está preocupada com a destronada? — ele me olhou intrigado.
— Já é o segundo que me pergunta isso e não, não estou. — cruzei os braços olhando para o vaso que tinha na mesa ao lado do sofá — Ela não é nada para mim, e atualmente só penso em Yale e na formatura.
— Sim, Yale já está praticamente garantida, porém a formatura você não me verá nela.
— Por que?
— Uma professora me convidou para ir a um congresso com ela, economia moderna, coisas do tipo. — explicou ele.
— Uma professora? Economia moderna? — segurei o riso — E vocês verão que tipo de palestra neste congresso? Como ser o melhor aluno seduzindo sua professora?
— Hum, está com ciúmes? — ele segurou em minha cintura, com um sorriso maquiavélico.
— Não. — me fiz de boba — Mas achei que não gostasse de mulheres mais velhas.
— Está com ciúmes. — ele riu um pouco — Queria que o estivesse aqui para ver isso.
— Não estou. — bati de leve no meu ombro — E pare com essa brincadeira, somos amigos somente, além do mais, odeio quando vocês dois competem minha atenção.
— Então minha querida amiga. — ele envolveu seus braços em minha cintura — Podíamos ficar mais tempo juntos, que tal um passeio?
— E onde você quer me levar? — perguntei.
— Onde vossa majestade quer ir? — ele sorriu de canto e depois me beijou com certa malícia.
Desta vez eu não negaria.
Ao contrário de James, que era somente uma pessoa que representava a coroa em minha cabeça, Matt estava em alguma parte do meu coração. Ele era sim um melhor amigo para mim, que me ajudava e de forma suave me atraía. Como tinha mesmo classificado, ele era o mais cotado para ter algo mais sério, afinal era o irmão de . Porém, mesmo naquela amizade colorida que sempre tornava nossos desejos, um pelo outro mais intenso ao estarmos sozinhos, um relacionamento sério não era o que eu precisava no momento.
Apesar daquela tentação chamada: Matt.
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O que vimos aqui... Nossa Mistery Queen mostrando a querida destronada quem realmente manda na festa. Enfim, fiquei chateada por seu sumiço bem no momento mais quente da noite. Porém, continuo ainda mais intrigada e querendo saber quem é Allison Sollary, será que a recém-apresentada dra. Charlot sabe? Será que é a tal pessoa que dormia tranquilamente?
- Xoxo, G’G.
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Eu estava desnorteado e sem saber o que fazer.
Mesmo sentindo algo por , não conseguia mais esperar por ela. Até cheguei a pensar se era realmente isso que eu queria, insistir em algo que não estava me fazendo tão bem assim. Em alguns momentos, nem conseguia sentir se ela realmente gostava de mim, o pior de tudo é que sempre colocava uma pessoa em nossas brigas, algo que não deveria fazer. Mencionar sempre me deixava nervoso, pior ainda foi insinuar que eu tinha algo com a Queen. Uma das coisas que estava tornando nosso namoro desgastado, me fazendo imaginar se deveria voltar de novo.
Respirei fundo olhando para a rua, estava debruçado na janela do meu apartamento da universidade, minha vida amorosa não era a única coisa que estava me deixando confuso. Há dias venho percebendo, que não estou conseguindo mais me manter focado em meu curso, talvez porque lá no fundo não era exatamente o que queria, estava sendo forçado por meu pai a isso. Meus pensamentos naquele momento, era desistir de tudo e seguir o meu desejo, tanto no lado acadêmico quanto sentimental. Não que eu não amasse , mas não conseguia fazer isso na proporção que ela merecia, em alguns momentos ela era sim um sonho, mas não estava mais acreditando que aquele sonho era meu.
— Uau, quem te viu e quem te vê. — disse uma voz de repente entrando pela porta.
— O que? — olhei para trás e vi minha meia-irmã entrando sem ser convidada — O que faz aqui? Daisy?
— Como o que faço aqui? Vim te visitar. — disse ela fechando a porta e jogando sua bolsa no sofá — Agora venha abraçar sua irmã.
— Como entrou aqui? Quem te deu a chave? — perguntei intrigado.
— Digamos que subornei o síndico. — ela riu vindo até mim e me abraçou sem que eu quisesse.
— Típico de você. — eu me afastei dela e me sentei no sofá — O que realmente a traz aqui?
— Estou curiosa para saber como anda meu irmão, afinal soube de coisas interessantes a seu respeito.
— O que?!
— Bem. — ela respirou fundo — Vamos começar por seu breve e temporário rompimento com , desta vez é sério mesmo ou só enrolação?
— O que você tem a ver com isso? — perguntei olhando-a desinteressado.
— Eu gosto da delicada Dream Princess, mas às vezes acho que vocês dois são tão perfeitos juntos que até estraga, falta algo. — revelou ela, suas impressões — Falta paixão, desejo e calor.
— Não diga?! — eu revirei os olhos, não queria dar razão a ela.
— Em contrapartida, temos uma rainha por quem você move céus e terra para ajudar, curioso isso.
— Vai colocar minha fidelidade e lealdade à prova também? — senti vestígios de amargura em minha voz.
— Pelo contrário, acho até legal a amizade de vocês, apesar de outras pessoas acharem que pode ser colorida nos bastidores. — comentou ela, enigmaticamente.
— Eu não sei. — inclinei mais meu corpo no sofá e olhei para o teto.
— Não sabe?
— Se quero mesmo voltar desta vez, não sei se gosto de o suficiente para ficar com ela. — desabafei de forma sucinta.
— Sente que este sonho não é para você?
— Quase isso, se bem que desde o início quem sempre me incentivou a namorar ela, foi a . — expliquei.
— Entendi. — ela riu baixo se sentando ao meu lado — Estou curiosa para saber se ela vai intervir novamente.
— Mesmo se o fizer, não acho que devo voltar com , já está se tornando uma decisão final minha. — respirei fundo mantendo meu olhar para o teto.
— E quanto a universidade?! — perguntou ela.
— O que tem?
— Eu interceptei uma breve mensagem do reitor para o seu pai. — respondeu ela — Me parece que seu rendimento e sua dedicação tem falhado um pouco.
— Mais isso. — suspirei fraco — Acho que... Tenho certeza que administração não é para mim.
— Olha, nisso nós dois concordamos, eu também não acho que sirva para tal curso, mas seu pai não concordaria. — afirmou ela.
— Acho que ele não precisa saber por enquanto, já que você tem interceptado algumas mensagens, poderia me ajudar. — ergui minha face e virei para o lado — O que acha?
— Talvez, somos meio-irmãos, podemos nos ajudar. — disse ela num tom suspeito.
— O que você quer?
— Bem, como você não gosta mesmo desse ramo, quero seu apoio quando o nome do estiver na lista de indicação à presidência. — ela foi direta e clara.
— Foi ele que te pediu para vir aqui?
— Não, digamos que eu estou em dívida com ele e seria benéfico para todos, mesmo sendo como é, é a melhor opção. — explicou ela tranquilamente se levantando.
— Melhor opção?!
— Acredite, é. — ela pegou sua bolsa — Não se preocupe, do seu pai eu cuido, apenas pense em resolver suas indecisões e preencher as lacunas que estão em sua vida.
— Tudo bem. — eu me levantei, mantendo meu olhar nela.
— Ah, contrate alguém para manter este lugar arrumado, você não combina com um ambiente decadente.
— Eu sei. — ri de leve observando ela ir embora.
Fui até a porta e fechei.
Em parte Daisy estava certa, eu realmente tinha que decidir minha vida, acho que começaria pelo meu curso, já que ela me cobriria em casa. Na manhã seguinte, eu já na sala do reitor, precisava conversar com ele sobre a possibilidade de mudar de curso, poderia ser algo complicado para mim, porém meu bom currículo poderia ajudar naquele momento.
— Confesso que ando preocupado com o você, com seu interesse por seu curso. — disse ele sentado em sua cadeira.
— Admito que estou passando uma péssima imagem de mim, porém tenho um motivo muito forte para isso. — expliquei me sentando na cadeira em sua frente — Eu não sinto que realmente este seja o curso que eu quero.
— E o que me propõem?
— Eu quero trocar de curso, já pensei muito sobre isso, é a minha decisão e se esta instituição quiser, posso passar pelos testes e avaliações novamente sem regalias. — respondi.
— E seu pai? Está sabendo sobre isso.
— Eu gostaria que ele não fosse notificado agora, eu mesmo quero dar esta notícia a ele, se possível senhor. — mantive meu olhar firme nele, demonstrando minha segurança em minha decisão.
— Para qual curso pretende mudar?
— Medicina. — estava ainda mais confiante de minha decisão.
— Medicina?! — ele parecia surpreso — Está certo disso?
— Sim, em muitas coisas ando confuso, mas esta é a única que tenho certeza senhor, quero cursar medicina. — respirei um pouco aliviado por conseguir levar a conversa adiante.
— Muito bem. — ele se levantou da cadeira me olhando sério — Você possui um histórico impecável, além das melhores indicações possíveis vindo da Jude's, lhe darei uma chance de provar que está mesmo certo de que é o que quer.
— É o que eu quero, senhor, e me comprometo a não decepcioná-lo. — assegurei com firmeza.
— Era isso que eu queria ouvir. — ele deu alguns passos até mim — Mandarei uma mensagem ao diretor da escola de medicina, tenho certeza que ele te receberá muito bem.
— Agradeço senhor.
Demos um breve cumprimento e eu saí da sua sala, uma parte da minha vida estava quase resolvida, apesar de não saber como enfrentaria meu pai, pelo menos poderia contar com Daisy, e de alguma forma com . Passei na biblioteca da universidade para devolver alguns livros que tinha pegado, assim que retornei ao meu apartamento, decidi que deveria me aconselhar ou desabafar com minha amiga. tinha desaparecido por vários dias e eu precisava tanto falar com ela.
— Diga. — disse ela, ao atender minha ligação.
— Boa dia para você também, . — disse caminhando até a janela — Voltou quando?
— Ontem à tarde. — respondeu ela — Por que?
— Já deve estar sabendo sobre...
— O fatídico rompimento? Sim, estou sabendo, foi um pouco estranho a forma que soube, mas...
— O que aconteceu?
— me olhou como se a culpa fosse minha, o que aconteceu de fato? — perguntou ela.
— Estávamos… Eu juro que tentei ser paciente com ela desta vez, mas não consegui. — respirei fundo tentando me esquecer do tapa que ela tinha dado em minha face — Tivemos uma breve discussão...
— Vai direto ao ponto.
— Ela insinuou que eu e você temos um caso.
— O que? — ela tossiu do outro lado da linha — Como ela pode pensar nisso? Eu jamais… Com você?! está ficando louca?
— Foi o que me perguntei, na hora eu comecei a dizer algumas coisas desagradáveis, até que ela me deu um tapa.
— O que disse para ela?
— Que se estivéssemos mesmo tendo um caso, eu estaria mais satisfeito como homem e não insistiria tanto com ela, já que estaria transando com outra. — saiu junto com um suspiro de arrependimento — Não queria ter dito isso a ela, mas na hora da raiva, eu disse.
— Imagino que estava com extrema raiva também. — supôs ela — Foram palavras duras da sua parte, tente entendê-la também...
— Talvez, mas de certa forma o que disse foi verdade, apesar de nunca pensar em trair ela. — respirei fundo — Mas estou cansado, cansado de tentar, cansado de insistir, cansado de me sentir sozinho mesmo tendo uma namorada.
— Não pense assim...
— . — a interrompi — Não adianta insistir, eu já tomei minha decisão sobre isso, eu acho.
— Não faça nada precipitado, você pode se arrepender depois.
— O sonho que você construiu, está virando algo distante e pesado para mim.
— ...
— Não insista, ainda quero tê-la na minha vida. — disse mantendo minha atenção no horizonte — Onde você está agora?
— No apartamento do Central Park. — respondeu ela.
— O que está fazendo aí, logo cedo?
— Eu dormi aqui.
— Como? — aquilo tinha me deixado confuso, ainda mais imaginando que poderia estar envolvido — Com o ...
— Não. — disse ela, me interrompendo — Passei a noite conversando com o Matt e tomando vinho, acabei adormecendo sem querer.
— Conversando. — suspirei fraco, já imaginava que tipo de conversa que eles teriam tido.
— Imagine o que quiser. — ela parecia querer rir — Vou desligar agora, preciso tomar café.
— Até a formatura, então.
— Você virá?
— Sim, e não é a única notícia.
— Resolveu tomar coragem e seguir o caminho que realmente quer?
— Quase isso, mas o primeiro passo eu já dei, oficialmente mudei meu curso da universidade.
— Então, vai mesmo fazer medicina? — perguntou ela, era a única pessoa que sabia desse meu desejo.
— Vou. — assenti desligando o celular.
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Estou sentindo o vendaval se aproximando.
Como já percebemos, é tempo de muitas mudanças em Upper East Side. Será que serão positivas ou negativas? Isso está me deixando ainda mais curiosa para saber o que vai acontecer no tão sonhado baile de formatura. Será que vai acontecer o inesperado e nosso querido vai mesmo desistir do seu sonho de namorada??
Dream Princess que se prepare para fortes emoções!!!
E quem sou eu?
Esse segredo eu não conto para ninguém!
- Xoxo, G’G.
16: White Party
"Hold on tight, it's a crazy night
Get your party on and scream it out loud."
- Party / Demi Lovato
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Meu dia parecia que iria ser parcialmente tranquilo. Me encontrava sentado no sofá olhando a janela, saboreando meu velho amigo Chateau Mont Blanc, não existia vinho melhor que a reserva especial de Toscana. Apesar de ser logo de manhã, contudo, eu precisava beber algo para esquecer meus conflitos familiares. Principalmente os baseados no relacionamento do meu pai com a bastarda. Fechei os olhos por um instante. Fiquei tentando não pensar na cena que poderia estar acontecendo naquela casa.
Imaginar que o mesmo homem que nunca foi presente em minha vida, nunca demonstrou nenhum afeto por mim, estava sendo o pai do ano para uma garotinha que nem deveria existir. Ao longe, ouvi uma movimentação no segundo andar. Achei um pouco estranho, pois Matt já havia saído. Então me lembrei que ele parecia estar acompanhado no seu quarto. Então, já imaginava que sua noite tinha sido proveitosa.
Ao contrário da minha.
— Bom dia. — disse aquela voz surpreendente, descendo as escadas.
— Queen?! — por ela, eu não esperava mesmo.
— Não me olhe com essa cara de surpresa. — ela arrumou de leve seu cabelo.
— E como eu te olharia, apesar de não ser segredo que Matt é o primeiro da fila e aparentemente o único com chances. — saboreei outro gole do vinho em minha taça.
Ela fingiu não se importar com meu comentário.
— Já bebendo logo pela manhã? — ela riu um pouco.
— Para esquecer os problemas.
— Uau, Village tem problemas. — soou sarcástico.
— Todos temos. — suspirei um pouco — Mas e você? Como foi a noite? Andei ouvindo alguns sussurros ávidos.
— Não deveria ouvir atrás das portas. — ela cruzou os braços, me olhando séria.
— Eu juro que não foi intencional, mas passei pela porta e ouvi algo caindo, então fiquei curioso. — ri da cara dela — Mas se soubesse que era você, talvez teria me oferecido para participar da festa.
— Eu realmente tenho cara de quem participa de orgias? — ela bufou de leve.
— Você não tem cara de quem mente o tempo todo e mente. — eu ri, em provocação.
— Não tem graça. — ela se espreguiçou indo em direção a cozinha — O que tem para o café?
— Bem, seu acompanhante saiu há um tempo e não deixou nada para você. — respondi tranquilamente.
— E como se explica essa mesa toda arrumada? — ela me olhou surpresa.
— Jamais deixaria uma dama faminta, seja ela quem for, e mesmo não estando comigo. — expliquei.
— Bem, eu vi ele saindo, acordei alguns minutos antes. — ela se sentou à mesa e começou a se servir — Não vai me acompanhar?
— Claro, é uma honra te fazer companhia, majestade. — me levantei do sofá e caminhei até a mesa, me sentando na cadeira à sua frente.
Fiquei a olhando se alimentar, até que ela parou e me olhou de volta.
— O que foi? — perguntou.
— Nada, te olhar me fez pensar em algumas coisas. — respondi.
— Coisas? Hum, o que por exemplo?
— A festa dos veteranos, você sumiu tão rápido dela.
— Tive um contratempo. — explicou ela, voltando a atenção ao café.
— Ah, sim, pensei que fosse pelo James, mas depois que ele retornou para a festa e a senhorita desapareceu por alguns dias, já imaginei o que seria. — desviei meu olhar para o lado — Pena que não tivemos tempo para falar sobre as coisas que aconteceram naquele dia.
— Bem, podemos falar sobre isso agora, o que está na sua mente?
— Tenho que confessar que fiquei surpreso por ter me beijado naquele jogo. — comentei.
E confesso que esperava um pouco mais daquele beijo, apesar de ter sido algo que imaginava ser a tempos. Mas claro que quando o assunto é , eu sempre espero algo a mais, faz parte de sua natureza me surpreender.
— Às vezes posso ser bem imprevisível. — ela sorriu de canto, desviando seu olhar de mim.
— Tenho que concordar. — sorri de volta — Mas não pense que vou me dar por satisfeito.
— Sei que não. — ela riu baixo — Sabe, eu também fiquei surpresa com uma coisa.
— A presença de Collins? — presumi.
— Não, Britany não foi uma surpresa, estar curiosa para saber quem é Allison Sollary, foi. — seu olhar de desconfiança veio em minha direção.
— Não me olhe assim. — ri de leve — Mais estou curioso para saber, quais teorias da conspiração sua mente está fabricando.
— Não estou pensando em teorias, entretanto é meio estranho, esse nome estar andando na boca de muitas pessoas ultimamente, e só você sabe o que ele significa em minha vida. — ela foi direta e precisa.
— Bem, digamos que eu tenha compartilhado alguns pensamentos sobre isso com uma grande amiga. — expliquei num tom irônico.
— Você disse algo a ?
— Não, mas para outra amiga, uma certa rainha destronada.
— Collins. — concluiu ela — Pensei que quisesse usar sua descoberta para ficar comigo.
— E quero, acha mesmo que contei toda a história para ela? — perguntei continuando no meu tom casual de ironia — Achei que este jogo estava um tanto desigual, já que em um momento dele, você soube de algo sobre ela.
— E achou que deveria contar algo sobre mim?!
— Basicamente, assim tudo fica mais interessante. — sorri de canto — Mas, se neste percurso de informações, ela acidentalmente disse algo a nossa princess, já não é do meu controle.
— Você sabe que Collins quer me derrubar. — retrucou ela, num tom amargo.
— Sei, por isso contei a ela, quero ver quais serão seus próximos movimentos, certamente conseguirá sair de tudo com a face erguida.
— Está levando nossas vidas como uma partida de xadrez? — supôs ela, parecia indignada.
— Quem sabe. Você não é a rainha? — a provoquei.
— Se prepare para o xeque-mate então, mesmo com sua ajuda indireta, ela nunca vai me derrubar. — a confiança exalava de sua voz, o que me deixava ainda mais curioso para ver o que aconteceria no baile de formatura.
— Estou contando com isso. — sorri de canto, mantendo meu olhar nela.
Como oferecido, permaneci a acompanhando no desjejum.
— Teremos o prazer da sua presença na White Party de amanhã? — perguntei a ela ao despejar mais vinho em minha taça — O hotel Royal está promovendo este ano.
— Igual a última que participei? Não gosto muito dessas recepções, like a clube do livro. — brincou ela.
— Não diga isso. — eu ri descontraído — Desta vez será para um projeto filantropo, arrecadaremos livros para doar as bibliotecas públicas da cidade.
— Adoraria participar, mas tenho outros planos. — disse ela tranquilamente, enquanto saboreava a taça de salada de frutas.
— Interessante… — me sentei novamente na cadeira — É uma pena.
— A elite de Manhattan não vai sentir a minha falta, ainda existem nomes mais requisitados que o meu, com o de Mary Vidal. — ela suspirou, como se imaginasse no mesmo estilo de vida — Quem sabe depois da formatura eu conquiste este nível. Mas por que a pergunta?
— Queria lhe apresentar uma pessoa, ou melhor… — ponderei minhas palavras — Esqueça.
— Como vou esquecer, agora estou curiosa. — ela me olhou, arqueando a sobrancelha direita — Village, agora é você que está de mistérios por aí?!
— Aprendo a cada dia com a melhor. — pisquei de leve para ela e sorri.
— Se realmente sabe o motivo, deveria me apoiar. — retrucou ela.
— Eu te apoio, por isso ninguém descobriu realmente a verdade. — assegurei com firmeza — Você não imagina o quanto temos em comum.
— Tirando o fato de você ter um cartão ilimitado a seu dispor. — uma gargalhada espontânea soou dela.
— Como se você também não tivesse.
— Do que está falando?
— Acha mesmo que não tenho acesso às faturas do cartão do meu primo? — a olhei de forma debochada — Tenho bons funcionários.
— Ha...Ha..Ha… Não quer dizer nada. — ela deu de ombros e continuou com sua atenção voltada para a salada de frutas — Apesar de que… Sinto que logo terei que me mudar novamente.
— Está se tornando complicado morar no castelo dos Vidal?!
— Talvez. — concordou em partes — O fato é que toda rainha precisa do seu próprio palácio.
Não deixava de estar certa.
— E já tem algo em mente? — perguntei curioso.
— Ainda não, mas não importa também, depois da formatura estarei em Yale. — ela parecia segura de seu futuro — Então, não preciso me preocupar por agora.
— E já recebeu a resposta de Yale?!
— Ainda não, a carta deve chegar na próxima semana, mas minhas malas seguem prontas para isso.
— Mal posso esperar para lhe dar os parabéns oficial.
— Estou curiosa sobre você agora, não se matriculou em nenhuma universidade esse ano e nem prestou vestibular… Pelo que sei, você só conseguiu um ano de liberdade. — ela me olhou com curiosidade — O que pretende fazer depois?
— Estou convicto que se aprende fazendo e não atrás de livros. — respondi — E pretendo provar isso ao meu pai no próximo ano, tenho muitos planos para meu futuro empresarial.
— Olha só, Village é um homem de negócios. — ela sorriu.
— Tenho que mostrar aos diretores minha capacidade.
— Devo dizer que estou admirada por sua confiança. — ela pegou o copo de suco e ergueu de leve — Espero que consiga.
— Agradeço. — ergui minha taça também.
Ficamos mais algum tempo sentado à mesa.
Assim que ela voltou para o quarto, para tomar seu banho, peguei minha carteira e desci para o hall do prédio. Ao chegar na rua, o carro da empresa já estava à minha espera. Meu compromisso da manhã no hotel me aguardava. Eu teria que enfrentar uma reunião com a diretoria. Aparentemente, meu pai estava com a súbita vontade de se afastar oficialmente da empresa. Ao mesmo tempo que eu estava feliz por ele ficar longe e me deixar em seu lugar... Eu estava com uma certa raiva por saber que o afastamento dele seria por causa da sua nova família.
— Olha quem está aqui em Manhattan. — disse ao me aproximar de Daisy, assim que entrei no hall do hotel.
— Primo querido. — disse ela com um largo sorriso — Pensei que já estivesse aqui.
— Estava acompanhando uma certa dama no café da manhã. — respondi olhando-a de baixo para cima — Você fica bem melhor de azul.
— Agradeço o elogio, fazia tempos que não me animava a usar vestidos assim, estava mesmo precisando colocar uma cor no meu corpo.
— Claro que é bem mais interessante te ver com algo mais sensual. — brinquei indo em direção ao elevador.
— Isso até eu concordo. — ela riu pousando sua mão em meu braço — Estou com um bom pressentimento para essa reunião.
— O que te faz sentir isso? — perguntei ao adentrarmos no elevador.
— Acabo de desembarcar do jatinho da empresa, estava em Harvard conversando com .
— O que te levou a ver ele?
— Você.
— Eu?! — olhei seu reflexo no espelho do elevador.
— Sim, fui garantir que a substituição do seu pai por você seja permanente. — explicou ela — E que somente você esteja à frente da empresa no futuro.
— Sinto que vou ficar em dívida com você. — afirmei sorrindo de canto.
— Acredite, já fez muito mais por mim. — ela se virou e a porta do elevador se abriu.
— Está falando da visita que meus velhos conhecidos fizeram ao seu ex-noivo em Dubai? — perguntei a seguindo.
— Basicamente. — ela riu.
Caminhamos pelo corredor da área administrativa, até chegar na sala de reuniões.
— Devo presumir que meu primo não se sentará em nenhuma cadeira, então. — constatei.
— Não. — assentiu ela — Eu o convenci a fazer o que quer e não o que seu pai manda, tudo acabou perfeitamente como esperava.
— vai desistir do curso de administração? — perguntei em confirmação.
— Já desistiu. — assegurou ela.
— Nossa, por essa eu não esperava, mas fico satisfeito.
— Espero não me decepcionar com sua administração. — disse ela, ao parar na frente da porta.
— Não se preocupe querida, eu não preciso de uma universidade para saber como irei administrar isso, além do mais, jamais darei a chance de minha madrasta ficar no meu lugar. — abri a porta para que ela entrasse primeiro.
— Você acha que isso poderia acontecer? — ela entrou sendo seguida por mim.
— A conhecendo como conheço, — assim que entrei meus olhos pararam no casal que mais me enojava no mundo todo — Não duvido em nada.
Meu pai e minha madrasta estavam meio abraçados conversando com mais dois diretores. Respirei fundo tentando conter meu olhar de raiva para eles, mas acho que isso não estava ajudando. Daisy riu de mim e nos aproximamos deles. Após os cumprimentos superficiais, ela segurando minha mão me puxou para o outro canto da sala. Eu amava quando ela fazia isso.
— Vai continuar em Manhattan para participar da White Party? — perguntei tentando me manter no foco.
— Ainda não sei, tenho uma passagem para Monte Carlo e mais alguns compromissos em Malibu. — respondeu ela mantendo seu olhar nos diretores — Não é fácil ser uma competente mulher de negócios.
— Nossa, assim me apaixono, com toda essa supremacia. — brinquei.
As horas se passaram naquela reunião chata. Infelizmente Daisy não pôde ficar para jantar comigo, senti que estaria só aquela noite. Não reclamaria muito, já que meu humor estava abaixo do nível satisfatório. Não conseguiria imaginar nenhuma companhia que poderia me motivar.
— Diga. — disse ao atender o telefone.
— . — a voz era de Britany.
— O que uma mãe de família faz ligando para um libertino a esta hora da noite? — perguntei rindo um pouco.
— Este libertino é um velho amigo que estou convidando para o jantar. — explicou ela do outro lado da linha.
— E você está no cardápio? — brinquei.
— Pare de dizer essas coisas, como disse, sou uma mãe de família. — ela riu.
— Está mesmo me fazendo este convite?
— Claro que estou, te espero em vinte minutos. — confirmou ela desligando.
— Interessante. — sussurrei ao olhar para o celular.
Me levantei da cama, estava hospedado em uma das suítes presidenciais do hotel. Collins tinha dito vinte minutos. Muita coisa poderia ser feita nesse tempo, tomei uma ducha rápida e troquei de roupa. Tinha mandado trazer um terno meu que estava na lavanderia do hotel. Desci para o estacionamento e lá estava minha BMW preta favorita, eu a chamava de Angeline. Era o meu melhor carro depois da Solary, a Ferrari vermelha que mantinha em minha garagem de Milão. Dirigi por alguns minutos até chegar em frente à casa dela. Britany estava morando na parte menos movimentada de Upper East Side, um região mais residencial, porém na parte onde as casas eram mais simples e menores, ou seja, quase o subúrbio. Desci do carro e ao chegar em frente à porta de entrada, toquei a campainha.
— Finalmente. — disse ela ao abrir a porta.
— Boa noite para você também. — sorri esticando a caixa do vinho, que tinha pegado no hotel para lhe dar de presente — Algo para comemorar sua casa nova.
— Vamos cortar o nova e ficar só com o presente. — ela sorriu pegando a caixa e abrindo mais a porta para que eu entrasse — Vinho, que milagre não ser o Bourbon de hoje e sempre.
— Pare, eu sempre sei apreciar o que é bom. — sorri entrando.
— Releve o lado simplista que minha casa transmite. — adiantou ela meio preocupada com o que eu pensaria sobre suas novas condições.
— Não se preocupe com isso. — a tranquilizei.
Comecei a observar os poucos móveis que tinha no lugar, era uma casa pequena, mas com dois andares. Uma tradicional casa americana que teria porão e sótão como sempre. Mesmo sendo simples, era muito bem organizada e decorada. Britany tinha um bom gosto inquestionável, conseguia trabalhar bem com o pouco recurso que possuía.
— Bem, para uma mulher solteira com filhos, sua casa está muito confortável.
— Uma filha, — corrigiu ela rindo — tenho que pensar na minha pequena. — ela colocou a caixa de vinho na mesa de centro — Não foi fácil conseguir isso, mas vale a pena, jamais daria minha filha para outra família, e o aborto não era uma opção.
— Então, seus pais aceitaram sem problemas? — a olhei curioso.
— Não, depois que me mandaram para o Texas, eles estavam certos que eu deixaria a criança para não manchar o nome da família, mas assim que decidi ficar com minha filha, eles... — ela respirou fundo — Meu pai me expulsou de casa e aqui estou, lado bom é que minha mãe tem me ajudado mesmo escondido.
— Lamento que tenha acontecido isso.
— Já superei, estou mais feliz porque agora posso dar o troco na pessoa que teoricamente destruiu minha vida. — tinha traços de amargura em sua voz.
— Sabe que metade dessa culpa não é dela. — eu me sentei no sofá.
— Tenho que admitir isso? — ela se sentou ao meu lado, dando um suspiro fraco — Sei que fiz muitas coisas erradas na minha vida, mas se a ambiciosa queen não tivesse estragado tudo, esta hora eu estaria casada com James e ele seria o pai da minha filha.
— Claro que seria. — ri baixo — Você ainda não me disse quem é o pai.
— Minha filha não precisa de um pai, ela tem um padrinho maravilhoso que é você. — ela se aninhou a mim, como um gato manhoso.
— E onde está nossa princesa? — perguntei.
— Dormindo. — ela apontou para um aparelho que estava em cima da lareira — Deixei a babá eletrônica ligada caso ela acorde.
— Então, estamos a sós?! — perguntei dando um sorriso malicioso.
— Guarde este sorriso, minha filha está dormindo no andar de cima. — ela se levantou do sofá — E eu ainda nem te servi o jantar.
— Mas você não estaria no cardápio? — brinquei me levantando também.
Era diferente estar ali com ela.
Por mais que não fôssemos muito próximos como amigos no passado, atualmente ela tem encontrado muito apoio em mim. Isso me fez construir uma grande afeição pela pequena Helena, me tornando seu padrinho sem o menor esforço. Por mais que Britany dissesse que eu não era o pai da menina, nem James e nem mesmo Carl. Eu não conseguia imaginar quem poderia ser. Talvez alguém que não fosse do nosso círculo de amizades. Ou não.
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Entre reuniões cansativas, planos para o futuro e uma vida de libertinagem, tem se mostrado um verdadeiro amigo para todas as mulheres à sua volta. Estou admirada que sua amizade com a destronada Collins, vai além de uma troca de interesses, e se estendeu até a pequena Helena. Será que nosso incorrigível sedutor possui outros tipos de charmes?
- Xoxo, G’G.
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Poderia dizer que acordei na companhia de uma certa rainha destronada.
Porém a única coisa que ela havia oferecido era o sofá recém-reformado e um cobertor velho. Era triste ver uma mulher nascida na elite ter que viver em situações mínimas, mas Collins era orgulhosa demais para aceitar minha ajuda financeira. Talvez por querer provar que ela era capaz de criar a filha sem a ajuda dos outros. A única coisa que eu estava autorizado a pagar era os remédios de Helena e suas consultas ao pediatra.
Enfim, no hotel eu estava. A surpresa foi ver sentada em uma mesa sozinha e com o olhar triste. Claro que não deixaria outra dama desacompanhada. Me aproximei sem que notasse minha presença.
— A que devo a honra da Dream Princess no restaurante do hotel Royal? — perguntei apoiando minha mão na cadeira a sua frente.
— Não estava animada o suficiente para tomar café com minha mãe… — ela soltou um suspiro fraco — E também não acho que dream princess combine muito comigo, de sonho parece que me transformei em um pesadelo, ou pelo menos minha vida.
— O que houve milady? — me sentei na cadeira, observando-a mexer o canudo no copo de suco que permanecia cheio.
— A minha vida. — ela desviou seu olhar para mim — Você já teve a sensação de não estar vivendo como queria? Estou tendo isso agora.
— O que te fez ter essa sensação?
— Uma certa rainha que sempre consegue o que quer. — respondeu em enigma.
— Nossa querida fez algo inusitado novamente? — indaguei.
— Ela não precisa fazer nada, só seu olhar faz muitos caírem diante dela. — ela se levantou de repente — Não quero falar sobre isso.
— Espere. — me levantei também e segurei em sua mão — Acho que você precisa de um choque de realidade.
— Do que está falando? — ela me olhou confusa.
— Acha mesmo que é somente a que provoca os pensamentos mais maliciosos nas pessoas? — sorri de canto — Você consegue provocar sonhos, que é algo bem mais profundo.
Deixei meu olhar um pouco mais intenso, isso a fez se encolher um pouco. Aquela era a velha se mostrando. A garota tímida com complexos que sempre me deixou intrigado. Eu não deixaria que voltasse a esse estágio novamente.
— Pesadelos, você quer dizer. — corrigiu ela.
Eu ri de leve me aproximando mais dela.
— Existem certos pesadelos que são muito atraentes. — fui me aproximando ainda mais para beijá-la — Dos quais muito morreriam para ter.
Entretanto, barrado por sua mão direita em meu peito me afastando. Eu me aproximei mais um pouco não me importando com seu gesto, seu olhar me dizia outra coisa, que me deixava ainda mais decidido a prosseguir. Logo ela fechou os olhos automaticamente e senti sua respiração ofegar um pouco, eu deixei meus lábios bem próximos aos dela por instantes. O que me deixava sentir os arrepios do seu corpo.
— Basta apenas você permitir. — sussurrei para ela.
— Você é um bom amigo, . — sussurrou ela de volta, parecia temerosa ao que pudesse acontecer entre nós.
— Amigo?! — eu me afastei dela, mantendo um sorriso de canto — Prometa que não se esquecerá do que eu disse.
— Prometo. — ela riu baixo, envergonhada — Deveria agradecer por eu não te tratar como a Queen.
— Hum…
Eu me calei e mantive segurando em sua mão, então a puxei comigo guiando-a até o hall. Como tudo para a White Party já estava sendo supervisionado por Isla, nossa fiel gerente. Então, não teria problema em me ausentar algumas horas para proporcionar um momento de alegria a uma mulher. No caso, uma atual amiga e futura…
Quem sabe…
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No relógio já marcava sete horas da noite. Pontualmente eu já estava pelo salão do restaurante, fechado exclusivamente para a recepção. Fui cumprimentando todas as pessoas importantes de que me lembrava o nome. De velhos políticos a belas socialites, nossa lista de convidados era impecavelmente diversa. Mas um sobrenome estava me intrigando: Tenebrae. Eu já havia perdido as contas de quantas vezes aquela família tinha recebido nossos convites e de tantos outros eventos, porém nunca comparecido. Eu sabia que o patriarca senhor Godric Tenebrae havia renunciado ao cargo de reitor em Yale para se dedicar melhor aos negócios. Sua construtora era uma das mais rentáveis no ramo da construção.
— Curioso. — sussurrei para mim mesmo ao checar novamente a lista de convidados.
— Algum problema, senhor Village? — perguntou Isla.
— Me diga Isla, uma certa família que nunca aparece, estou curioso pela marcação. — a olhei — Quem veio representando a família Tenebrae?
— Vieram duas pessoas senhor, acho que os filhos do senhor Tenebrae. — respondeu ela — Os dois homens que estão conversando com o governador Donson. — apontou discretamente — Sei que o filho mais velho, Victor, se tornou representante de Yale por indicação do pai, o filho mais novo, não há tanta informação, só que possui um restaurante recém-inaugurado próximo a Columbia University.
— Eficiente como sempre. — mantive meu olhar neles — Acho que devo me apresentar apropriadamente.
Me afastei dela e segui até eles.
— Cavalheiros. — disse erguendo a taça de champanhe que estava em minha mão — É um prazer recebê-los.
— É impressionante como o hotel Royal se supera a cada recepção. — elogiou o governador Donson.
— Já ouvimos muito a respeito. — o homem de terno azul marinho se pronunciou, mantendo seu olhar fixo em mim como se me avaliasse.
Estava tentado a retribuir o olhar.
— Deixe-me apresentar, sou Victor Tenebrae, e esse é…
— Se apresente sozinho. — disse o outro que mantinha seu tom rude, logo se afastando de nós e deixando sua taça ainda cheia na bandeja do garçom que passava.
— Bem, este é o Tenebrae que não deve levar a sério. — continuou Victor rindo para descontrair a situação.
Rimos juntos discretamente.
— Seu irmão não gosta muito de eventos, não é? — comentou o governador.
— Ele não gosta do sobrenome também, mas não nos importa muito. — ele manteve um sorriso debochado no canto do rosto — E acho que está aqui apenas para promover seu restaurante.
— Ah sim, eu vi alguns comentários sobre e estou curioso para visitar o lugar. — revelou o governador.
— Receio que me lembro de você na Ivy Week desde ano no Constance. — me pronunciei — Senhor Tenebrae.
— Pode me chamar de Victor. — aquele olhar de jogador já estava me deixando irritado — E sim, eu estava.
Sabia que já havia o visto em algum lugar, só não consegui associar o nome a pessoa no dia. De fato a família Tenebrae era muito reservada, principalmente quanto a notícias sobre os membros e seus patrimônios. Mas sabia que eles eram muito poderosos financeiramente falando. E eu precisava mergulhar ainda mais para descobrir tudo sobre eles, todos os seus segredos.
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De um playboy libertino a um intenso homem de negócios. Quem diria que Village iria amadurecer tanto assim para obter a aprovação do querido papai. Será que é mesmo para isso? Ou ele anda disposto a mudança para uma certa conquista? Os boatos dizem que é um pesadelo e tanto!
E quem sou eu?
Este segredo eu não conto pra ninguém.
Xoxo, G’G.
17: Ratatouille
A whole new world
A new fantastic point of view
No one to tell us no
Or where to go
Or say we're only dreaming.
- A Whole New World (2019) / Aladdin
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com seu bom cavalheirismo me levou ao lugar mais inusitado que eu poderia imaginar. Um piquenique casual e improvisado no Central Park, com um belo passeio no lugar de um simples café da manhã no hotel. Village tinha mesmo seus mais surpreendentes métodos para deixar uma mulher sem palavras, e a cada olhar intenso dele para mim, um arrepio diferente em meu corpo.
— Eu não consigo me lembrar qual foi a última vez que fiz isso. — comentei, ao pegar um dos morangos que estava na cesta de frutas e levar à boca — Geralmente, era sempre o Alfred que nos proporcionava essas aventuras, meu pai sempre trabalhando e minha mãe com suas aversões para natureza, nunca tinham tempo para programas em família no Central Park.
— Eu me lembro bem, da minha última vez. — comentou ele, com o tom nostálgico em sua voz, provavelmente voltando às memórias de sua infância — Minha mãe sempre fazia isso, mas nosso piquenique era no terraço do hotel e geralmente à noite, quando meu pai estava se divertindo com alguma amante.
— Hum… — eu não sabia o que dizer a ele, mas me atrevi a perguntar — Você sente falta dela? Da sua mãe?
Village parecia um livro aberto à primeira vista.
Nunca foi de esconder sua vida recheada de aventuras sexuais e algumas travessuras também, ou negar suas infrações de trânsito sempre mencionadas pela G’G, ou as muitas festas que transbordavam escândalos que quase mancharam a imagem de seu pai, e menos ainda tentou subornar as pessoas para falarem bem dele. Entretanto, a única parte de sua vida que sempre omitia, era voltada à mãe. Minhas memórias relacionadas à senhora Mercedes eram escassas, contudo seu sorriso gentil e a forma atenciosa que tratava todos era notório. Uma mulher maravilhosa, segundo as palavras do meu pai. A recordação mais marcante foi do dia em que ele recebeu a notícia da doença dela e sua internação, uns cinco anos após o divórcio dos pais.
A fase mais escura e fria de sua vida.
— Hum… — ele pareceu não saber o que responder.
— Que pergunta a minha, claro que você deve sentir saudades dela. — tentei contornar a situação para não lhe causar desconforto — Acho que até eu sentiria falta da minha mãe se algo assim me acontecesse, mesmo ela sendo como é.
— Agradeço por entender. — ele manteve o olhar fixo em mim, me observando com profundidade.
Aquilo sim me constrangia, mesmo quando eu me esforçava a olhar para a paisagem a agir com naturalidade. Contudo, a intensidade que vinha dele era extremamente perceptível e conseguia sentir com o menor esforço, o que me causava certa insegurança e timidez.
Afinal, estamos falando do .
Aquele , que sempre joga charmes para as mulheres à sua volta.
Aquele que depois de muito tentar conseguiu arrancar um beijo da minha amiga.
O libertino mais obstinado que eu conhecia.
— Que tal esquecermos do passado e falar do futuro? — pronunciou ele, dando um sorriso de canto bobo.
— E que futuro vamos falar? — perguntei, me fazendo a inocente.
— Seu futuro acadêmico. — respondeu ele, me observando — A não ser que queira falar sobre outro.
Ele não desistia mesmo em suas provocações. Mas, não me contive em soltar um suspiro aliviado. Quanto aquilo eu já sabia a resposta.
— O que quer saber sobre meu futuro acadêmico? — indaguei, ajeitando de leve a blusa em meu corpo que estava estranha.
— Você já tem o curso, já escolheu a universidade? — continuou ele.
— me aconselhou a Le Cordon Bleu. — contei a ele — Dizem que é a melhor em gastronomia.
— E você pensa em se mudar para Paris? — indagou, voltando o olhar para frente e tombando o corpo para trás, deitando-se na grama.
— Eu não sei, se for pensar eu já estava quase de malas prontas para Yale. — respondi pensativa na ideia.
— É um pouco diferente você ir para outro estado e ir para outro país. — argumentou ele — Tem certeza que é esse o curso?
— Por que está me perguntando isso? Não acha que posso seguir essa carreira? — aquilo me deixou chateada com ele.
— Não é isso. — ele respirou fundo, mantendo o olhar no céu — Só pergunto, porque é uma área bem extensa, com várias especialidades, não precisa se limitar à gastronomia francesa se não quiser… Se posso dar a minha opinião, acho que deveria conhecer melhor o que quer para descobrir aquilo que vai te deixar feliz.
— Agradeço o conselho e vou levá-lo em consideração. — eu o olhei com um sorriso discreto no rosto e voltei meu olhar para o lago em nossa frente.
— Eu não falo apenas do seu curso. — reforçou ele.
Eu o senti movimentar ao meu lado e ficando sentado novamente, em instantes o toque de suas mãos acariciando meus cabelos me fez arrepiar involuntariamente, me deixando meio assustada.
— Não vai terminar o café? — perguntou ele, após um longo silêncio entre nós.
— Estou satisfeita, agradeço o convite. — eu voltei meu olhar para ele e sorri com gentileza — Foi a minha melhor manhã deste ano.
— Fico feliz em te proporcionar isso. — ele sorriu de volta.
Me deixando ainda mais estática com tamanha sinceridade e serenidade em seu olhar.
— Que tal uma caminhada para a digestão? — brincou ele, se levantando.
— Acho que seria legal… Mas e essas coisas? — eu olhei para a cesta de alimentos e o tecido em cima da grama.
— Fique tranquila, virão buscar. — assegurou ele, esticando a mão para que o deixasse me guiar — Não acha que temos muito a aproveitar esta manhã ensolarada?
Assenti com o olhar e segurei em sua mão, logo iniciamos a caminhada. Nossa localização era próxima ao lago da região sudoeste do parque. Um dos locais menos movimentados do lugar e mais tranquilos em questão de poluição sonora dos carros ao entorno.
— Para o final da primavera, estou surpresa pelo tamanho calor que está fazendo hoje. — comentei, mantendo meu olhar para os canteiros de flores que tinha próximo.
— Bem, eu poderia te refrescar se quiser. — brincou ele, que de braço dado comigo deslizou sua mão até segurar minha mão de repente, nos parando ao lado de uma das árvores.
O sol da manhã não estava tão forte e tinha as sombras das árvores, porém parecia um daqueles dias quentes e abafados de verão. Frente a frente com ele, parecia que o clima entre nós estava ainda mais caloroso que o final da estação. Lembrando de como foi o verão passado, eu jamais imaginaria estar em um momento como aquele com . Contudo, aqui estamos nós, e seu corpo a cada instante se aproximando mais do meu, e já havia lhe barrado mais cedo, ele sabia dos meus pensamentos sobre suas brincadeiras comigo.
Mas por que sua voz me transmitia tanta sinceridade assim?
Se ele se manteve interessado em por todo aquele tempo, por que brincar comigo daquela forma?
— Está com medo? — sussurrou ele, ao deixar seu rosto bem próximo.
— … — sussurrei de volta, sentindo um frio passar por mim, com o toque mais acentuado dele na minha cintura — Somos amigos… Não somos?
— Talvez eu queira ser mais do que isso. — ele puxou meu corpo para mais perto e sem que eu pudesse pensar em reagir, seus lábios encostaram nos meus em um toque doce e suave.
Meu corpo estremeceu de leve e meu coração acelerou de imediato, talvez por deixar o momento mais intenso, ou por simplesmente eu não conseguir pensar em mais nada, pois minha mente em branco apenas conseguia se limitar a mover os músculos do meu corpo em retribuição do beijo. A forma delicada com que me aninhava em seus braços e me fazia sentir como a única pessoa naquele lugar, em total segurança e proteção.
Droga!
Seria maluco dizer que ele estava mesmo me deixando confortável como se estivesse me refrescando?
Não, eu não posso continuar com isso.
, volte a realidade.
— O que você fez?! — sussurrei, ao forçar minha sanidade voltar ao eixo e olhá-lo estática por tudo.
— Apenas abri seus olhos. — ele sorriu de canto dando dois passos para trás, olhando o relógio em seu pulso — Adoraria continuar a te acompanhar, mas tenho a organização de uma festa para supervisionar.
Eu não consegui retrucar suas palavras, apenas me acalmei internamente.
— Te espero para esta noite?! — perguntou ele, mantendo a serenidade no rosto como se não tivesse acontecido nada momentos atrás — Na White Party?
— Provavelmente não, mas tenho certeza que não farei nenhuma falta. — respondi prontamente.
Meu clima para festas e recepções estava consideravelmente baixo.
— Engano seu. — ele apenas piscou de leve e se afastou com um sorriso de canto discreto, me deixando ainda mais chocada.
--
Foi difícil não passar o dia com o beijo de em minha mente.
O gosto doce e malicioso dos seus lábios, misturados à profundidade do seu olhar. O que aquele libertino estava pensando? Como pode fazer isso comigo? Eu não queria concordar com a , sobre esse seu lado sedutor e envolvente dele, mas era real e estava me deixando em surtos internos. Ele conseguia despertar em mim, algumas sensações desconhecidas que me deixavam assustada. Sensações que nem mesmo me despertava. Que nem mesmo o Charles com todo o seu cavalheirismo regado a lord britânico me inspirava. E isso me deixava com medo.
À noite, deitada em minha cama com os olhos no teto, não resisti a refletir sobre as palavras dele sobre meu curso. Será que teria algum espaço na gastronomia que me fará feliz? Respirei fundo, e me levantei da cama, dando alguns passos até a janela do meu quarto, em segundos avistei chegando em casa, acompanhada de Matt. Estranho meu irmão ainda estar em casa, afinal, já deveria ter voltado a Harvard para planejar sua viagem com a tal professora. Não me importei muito com a famigerada amizade colorida dos dois. E já não fazia tanta questão de ambos ficarem juntos e sermos uma linda família feliz. Considerando que nem uma família, os Vidal não era mais e possivelmente não voltaríamos a ser.
Contudo, lá estava eu, no meio de um turbilhão de coisas acontecendo em minha vida, pensando no olhar daquele libertino para mim.
— Como eu faço para parar de pensar em você? — sussurrei fechando meus olhos e respirando fundo novamente — Por que me beijou, Village?
Minha sorte é que estávamos em um lugar tão reservado do Central Park que ninguém nos viu. E se tivessem registrado aquilo e enviado a G’G? Suicídio social? Seria uma catástrofe para mim. Não que eu desejasse reatar meu namoro com , e sendo honesta nem mesmo pensava sobre ter um futuro com ele, como no início quando me pediu em namoro no meu baile de debutantes. As pessoas crescem, nós mudamos e novos sentimentos vão aparecendo, além de descobrir a fraqueza dos que tínhamos. Em algum momento eu realmente amei de verdade o ? Ou apenas queria tê-lo ao meu lado por um amor platônico de criança? Eu não me sentia segura o bastante para perder minha virgindade com ele, e certamente estava relacionado aos reais sentimentos que tinha.
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Flagrados a sudoeste do Central Park selando o primeiro beijo oficial do casal. Se nossa doce acha que eu não estou sabendo de suas aventuras amorosas com o nosso libertino favorito, aqui estou eu para testificar que esta amizade está cada vez me deixando mais sedenta pelo seu desenrolar. Será que nosso será capaz de despertar os mais profundos sentimentos de nossa delicada Dream Princess? Que os sonhos continuem…
- Xoxo, G’G.
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Me afastei da janela e segui até a porta.
Precisava de um bom chá para conseguir dormir. Ou pelo menos encontrar equilíbrio entre meus pensamentos e organizar minha mente. Saí do quarto e continuei pelo corredor até descer as escadas e cruzar com minha amiga aos risos com meu irmão. ficou um pouco mais séria assim que me viu, depois ele. Confesso que tentei agir com naturalidade. Há meses atrás, eu estaria em cólicas com desejo de contar tudo o que tinha vivido esta tarde para ela, mas olhando agora as coisas que descobri a seu respeito, eu apenas não me sentia mais motivada a compartilhar minhas inquietações.
— Não parem por minha causa. — anunciei seguindo para a direção que pretendia — Só estou indo a cozinha em busca de um chá.
— Acho que Alfred ainda está acordado. — comentou , me analisando discretamente com o olhar — E eu vou me recolher também.
— Já?! — Matt a segurou pela cintura — É minha última noite aqui.
Ele se impulsionou para beijá-la, porém foi barrado.
— Você precisa pegar seu voo logo cedo e eu tenho um baile de formatura para organizar. — retrucou .
Eu apenas ignorei aquilo e segui para a cozinha.
Alfred estava mesmo acordado e curiosamente preparando o chá de todas as noites. Eu ainda não sabia como, mas ele sempre parecia pressentir quando eu tinha minhas noites de insônia. Era o mordomo que mais parecia um pai atencioso, sempre cuidando de mim a todo momento. Permaneci em silêncio, o observando por um tempo, parecia estar se divertindo com o preparo.
— Senhorita, . — ele parou e me olhou com gentileza — Precisa de algo?
— Você sabe que sim. — assenti, me aproximando da bancada.
— Um chá quente para finalizar bem a noite… — ele cantarolou um pouco e me serviu uma xícara, logo depois colocou um prato em minha frente — Acompanhado de cookies com gotas de chocolate branco, seus favoritos.
— Isso está me lembrando as noites que me levava chocolate quente no quarto, quando criança. — confessei, me sentando na banqueta e tomando o primeiro gole — Você sempre fez o melhor chá do mundo.
— Minha querida, fico feliz que sempre goste do meu chá. — ele manteve um sorriso no rosto, e o olhar sutil — Agora que te alimentei, vou me retirar para dormir, o Felix já deve ter se apossado de metade da minha cama.
— Aquele seu gato persa é um folgado. — comentei.
— Verdade, mas é família. — brincou ele, rindo um pouco.
Eu voltei meu olhar para a xícara, encarando-a um pouco enquanto controlava meus fixos pensamentos em um certo libertino. Que mais uma vez trazia o gosto do beijo a minha boca. Minha submersão em meus pensamentos, não demorou muito, pois meu irmão entrou na cozinha, o que me surpreendeu. Não que eu tivesse ciúmes dele com a , pelo contrário, nossa cumplicidade de irmãos aumentou muito após a chegada dela em nossas vidas. E Matt sempre foi meu melhor amigo e confidente em alguns momentos da infância.
— Olha só quem foi expulso de um quarto. — brinquei, tomando outro gole.
— Engraçadinha. — ele fez careta e se aproximou de mim, puxando outra banqueta para sentar ao meu lado — O que faz aqui? Não deveria estar em uma White Party?
— Não tenho a vocação da nossa mãe. — respondi prontamente, pegando um cookie para comer — E não estou animada para festas, já basta o baile de formatura que terei que tirar forças para comparecer.
— Não é todo dia que você se forma no ensino médio. — reforçou ele.
— Isso é verdade. — concordei.
— Todo esse desânimo é pelo rompimento com o ? — indagou ele, ao pegar um cookie também e dar a primeira mordida.
— Não, não é pelo , vocês precisam parar de achar que minha vida e meus sentimentos são ligados a ele e gira em torno dele. — desabafei um pouco, soltando um suspiro fraco — São tantas outras coisas envolvidas.
— Como a briga dos nossos pais? O amante da mamãe? E nossa família em ruínas? — expôs ele, suas conclusões.
— Como sabia sobre isso? — perguntei a ele, em choque.
— Acha mesmo que sou inocente nessa história? — ele reforçou seu olhar sério — Não queria admitir, mas você foi a última a saber sobre isso, e queria que não tivesse descoberto.
— Você já sabia? — eu me senti um pouco traída por ele não ter me contado antes, porém, eu meio que tinha feito o mesmo relacionado ao ocorrido no aniversário de casamento dos nossos pais.
— Sim, descobri há cinco anos atrás, e não foi da forma mais legal. — ele soltou um suspiro fraco, parecia se recordar
— Por que ela faz isso com o papai? — indaguei a ele — Por que continuar em um casamento falido? Se ela não o ama mais, que vá embora.
— Eu não sei o motivo dos dois, sinceramente nem quero saber, mas nosso pai sabe sobre o amante dela e se ele não se importa… — Matt voltou o olhar para frente — Apenas não se desgaste com o problema deles, de certa forma, eles não vão deixar de ser nossos pais.
— Queria ficar tranquila como você, mas não consigo. — voltei meu olhar para a xícara, o chá já estava morno — Eu realmente não conseguiria viver um relacionamento assim.
Mas talvez eu já viva um relacionamento assim com o . E por mais que ele não me traia fisicamente com a , é nítido que ele ainda sente algo por ela.
— Não acho que vale a pena falar sobre esse assunto, o que importa é que no próximo semestre letivo você não estará aqui. — continuou ele, tentando suavizar a conversa — Estou feliz que tenha se resolvido com o seu curso, mesmo sendo algo que eu nunca imaginei para você.
— Acredite, eu também, nos dois sentidos. — concordei, rindo baixo.
— Vai mesmo na gastronomia? — ele manteve o olhar atento a mim.
— Sim, por mais insano que possa parecer, é algo que me enche os olhos. — confessei a ele — E mesmo que ninguém acredite de fato, é o que eu quero.
— Eu acredito em você. — ele manteve o sorriso no rosto — Acredito tanto que pedi a um amigo para te ajudar a reforçar sua escolha.
— O que você está tramando? — reforcei meu olhar desconfiado para ele.
— Nada. — ele riu de leve — Mas, você se lembra do ?
— Sim, seu amigo que vimos naquele dia. — assenti.
— Ele é dono do Moonlight, nós conversamos um pouco sobre gastronomia um outro dia e eu mencionei sobre você escolher esse curso. — explicou ele.
— E o que tem? — não estava entendendo suas intenções.
— Eu meio que considerei as falas do quando diz que aprendemos na prática e pedi ao meu amigo para te apresentar a cozinha dele. — completou Matt, me deixando embasbacada com o seu incentivo — Não tenha isso como uma forma de te fazer desistir, mas quero que minha irmã vá para a faculdade segura do que quer. O que acha?
— Um dia com um chef de cozinha? — perguntei confirmando se eu tinha entendido certo.
— Sim. — ele riu baixo — Você topa?
— Claro, obrigada Matt. — eu me impulsionei e o abracei apertado.
— Me agradeça só depois que tiver seu diploma na mão. — brincou ele, retribuindo o abraço — Eu te amo, irmãzinha.
— Eu também te amo. — disse, sentindo uma ponta de felicidade dentro de mim.
Eu não sabia o que iria fazer em meu dia na cozinha do Moonlight, não sabia como reagir ao gesto do meu irmão, mas sabia que estava empolgada. Matt me passou o contato do amigo e após algumas mensagens, combinamos de ir na segunda-feira ao restaurante, pois era o dia menos movimentado e ele poderia me dar uma atenção mais especializada. Quando acordei cedo pela manhã, meu coração já estava em plena ansiedade para minhas atividades naquele dia. E foi tão relevante para meu currículo, que nem mesmo a diretora Queller se opôs a minha ausência nas aulas daquela manhã.
— Bom dia senhorita, estamos fechados, o restaurante não abre para o almoço às segundas e terças. — disse a recepcionista assim que eu passei pela porta do hall de entrada.
— Ah, eu… — eu tentei formular uma explicação para ela, até que um homem passou por mim.
— Ela está comigo, Hill. — reconheci a voz dele, era o amigo do Matt, logo seu olhar se voltou para mim, estava com um jaleco branco no braço — Venha, vou te levar para conhecer minha cozinha.
Eu assenti prontamente e cheia de entusiasmo o segui até a entrada dos funcionários. Se eu já tinha me encantado com a arquitetura geral do salão, quando passei pela porta e me deparei com a cozinha do chef, fiquei ainda mais impressionada com tamanha perfeição. Uma estrutura impecável, a mistura do moderno minimalista e funcional, com mobiliário e eletros todos em aço inoxidável, milimetricamente organizados em suas prateleiras, as bancadas de trabalho identificadas com etiquetas e alguns folhetos de regras de higiene e trabalho espalhados em pontos estratégicos. Me deixou impressionada logo no início.
— , não é?! — perguntou ele, sobre meu nome.
— Sim, você é o . — assenti — Eu quase não acreditei quando o Matt me disse que tinha te pedido para abrir minha mente sobre a gastronomia.
— Ah, sim, ele me falou da sua decisão e de como chegou nela, foi bem inusitado. — confessou ele, mantendo seu olhar bem longe de mim, e totalmente concentrado nos ingredientes que estava na bancada a sua frente — Não quero desanimá-la, mas não pode basear seu futuro em uma animação da Pixar, por isso concordei em te apresentar a minha cozinha.
— Para me mostrar que a gastronomia é coisa séria? — disse, fazendo referência a fala do personagem Ego.
— Não. Para te mostrar que a gastronomia é a melhor escolha que você pode fazer. — o olhar dele se manteve sério para mim, porém tinha um toque sutil de brilho e inspiração.
Além de toda magia que envolvia o universo daquela cozinha, foi bastante óbvio notar que ele é uma pessoa bem silenciosa e expressiva com o olhar. E por mais que não dissesse muito o que estava fazendo com todos aqueles ingredientes, em alguns momentos ele me explicava a parte criativa de suas atividades. E de como se sentia livre naquela cozinha. Uma característica que não sabia que eu tinha e acabei encontrando? Posso ser bastante observadora quando preciso e aprendi muito só de apenas olhá-lo.
— Quando você soube que era isso que te fazia feliz? — perguntei curiosa, ao finalmente sentir minhas pernas cansadas e puxar uma banqueta para sentar.
— Quando eu tinha seis anos e fiz minha primeira fornada de cookie com minha avó materna. — respondeu ele, mantendo a atenção no risoto que preparava — Foi quando percebi que podemos transmitir o que sentimos através da comida.
— Sério? — fiquei impressionada.
— Jamais cozinhe quando estiver triste, os alimentos sentem e a comida não fica boa. — reforçou ele.
— E como você faz para controlar o que sente? Nem todos os dias acordamos de bem com a vida. — argumentei.
— Um chef nunca revela o seu segredo. — ele brincou, e pela primeira vez naquele dia, pude ver um fragmento de sorriso no canto do seu rosto.
O que me deixou fascinada.
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De um passeio refrescante a um dia com o chef, as movimentações na vida de nossa Princess estão intensas e cheias de surpresas. E agora temos a magia que a gastronomia lhe apresenta da forma mais inesperada que se teve. E fico me perguntando… Será que esta fascinação se restringirá apenas a cozinha, ou o nosso querido libertino terá um rival Tenebrae em potencial pela frente?
E quem sou eu?
Este segredo eu não conto pra ninguém.
Xoxo, G’G.
Continua aqui >>> cap. 18 em diante
Hello gente, como estou reescrevendo e já que todos sabem que a fic é minha, a assinatura agora será como Pâms mesmo. Na primeira versão da fic eu fiz uma brincadeira com as leitoras, como a temática da fic é Gossip Girl, só me revelei no último capítulo.
Muito obrigada pra quem leu antes, e agora acompanhou de novo a reescrita, e aos que chegaram agora! Desta vez ficou exatamente como eu queria e com isso fecho este ciclo da GG, porém com as mãos coçando para mais aventuras dela. Espero que tenham gostado.
- Xoxo.
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