FFOBS - 01. I Want It That Way, por Pâms

Distância

Eu me mantinha deitado em minha cama, com os olhos direcionados para a bola de tênis que jogava para o alto e pegava em pleno ar. Na teoria, era para eu estar me preparando para acompanhar meu superior a uma reunião com a Secretária da Força Aérea, Heather Wilson. Mas eu só conseguia pensar na pessoa que possivelmente eu encontraria nessa reunião.

Fletcher havia seguido carreira na política depois de se formar no curso de Ciências Políticas na Columbia University. Quanto a mim, depois do ensino médio havia seguido carreira militar sob a influência do meu primo Philip, que se tornou um excelente fuzileiro naval. Mas claro que minha área de interesse não envolvia o mar, mas algo bem mais excitante. Agora, meus dias seguiam na Edwards Air Force Base, na Califórnia.

— Capitão. — o segundo tenente Williams entrou no meu quarto e me olhou — O coronel Healey está a sua espera.
— Dispensado. — disse ao homem, erguendo meu corpo e vendo-o em continência.

Hora de voltar a ação. Segui pelo corredores até chegar a pista de decolagem. Onde nossas visitas ilustres já nos aguardavam admiradas com o novo F-4, desenvolvido pela melhor equipe de engenharia da Força Aérea. Me aproximei do meu superior, mas com a atenção voltada para a mulher que não via há 10 anos.

— Coronel Healey. — bati continência para ele, e me curvei de leve para as damas a minha frente.
— Secretária Wilson, senhorita Fletcher, este é o capitão Baker, nosso melhor piloto das Forças Aéreas norte americana, e especialista em classe F. — disse o coronel Healey com tom orgulhoso por minhas habilidades.
— Classe F?! — se voltou disfarçadamente para mim, seu olhar demonstrava certa superioridade.

Será que ela achava que classe F era algum cargo extremamente rebaixado? Disfarcei o riso e me mantive sério. A lembrança da nossa formatura veio de repente. Da forma em que ela reagiu ao meu anúncio que iria para o exército inicialmente. Me chamando de egoísta por estragar seus planos para nós dois juntos na mesma universidade. Mas eu não queria isso para mim. Desejava ao a mais no meu futuro que somente estudos e formalidades. Claro que por ironia do destino tive que estudar bastante para aprender a pilotar, e os treinamentos da Força Aérea também não era tão fáceis assim.

— Classe F é a nomenclatura que denomina os caças, nossos aviões de guerra. — explicou a secretária Wilson.
— Hum. — o olhar de para mim mudou de forma considerável.

E ela continuava linda como sempre, com ou sem o olhar de desprezo, meu coração estava acelerado.

— Meu jovem, é uma honra ter pilotos como você em nossa Força Aérea. — disse a secretária demonstrando orgulho também — E podemos ver a demonstração agora, quero ver o grande investimento do nosso país em ação.

Seu olhar voltou para o caça a nossa frente.

— Com prazer. — mantive meu olhar intenso em e um sorriso de canto debochado.
— Capitão Baker, o F-4 é todo seu. — disse o coronel.

Me afastei deles e segui para o caça. Aquela era a parte que havia me atraído para a Força Aérea e desistido do exército no segundo mês de treinamento militar. A adrenalina de pilotar um caça e fazer as manobras mais perigosas em pelo ar. A única coisa que me transmitia a mesma sensação de liberdade e êxtase, era exatamente a mulher que eu deixei.

Liguei os motores, verifiquei o sistema e dei início ao meu show. Confesso que minha intenção não era somente mostrar o quão ágil e preciso era o F-4, mas também impressionar e mostrar que o major não exagerou em seus elogios a mim. Estar em um caça era mais do que natural para mim, era como se eu me fundisse ao metal e circuitos. Uma só máquina fazendo todas as manobras arriscadas e impressionantes, impressionando a todos e elevando nosso nível militar.

Ao fim, pousei o caça e ainda exalando a adrenalina, soltei um grito ao pisar em terra.

— Parabéns Catléia, você foi a estrela do dia. — disse ao tocar no metal do caça.
— Capitão Baker. — a voz de soou próximo — Por essa eu não esperava.

Voltei meu olhar para ela, mantendo a serenidade.

— Consegui te impressionar? — perguntei.
— Talvez. — ela cruzou os braços e olhou rapidamente para trás.

A secretária Wilson se mantinha em uma conversa animada com o coronel. Seu olhar se voltou para mim, agora curioso.

— Então este era seu sonho?! — indagou ela — Capitão da Força Aérea Americana?
— Demorei um pouco para descobrir que estar dentro de um caça era o que queria para minha vida, mas sim, consegui encontrar meu lugar. — assegurei a ela com firmeza — E você? Assistente da secretária das Forças Armadas? Achei que sua ambição era a Casa Branca, ou ser diplomata.
— Eu demorei um pouco para descobrir que segurança pública também é uma área interessante e muito importante. — ela sorriu de leve — Também descobri o meu lugar.
— Fico feliz por isso. — eu coloquei as mãos nos bolsos do macacão que vestia.

Observando seu olhar atento em meus sutis movimentos de aproximação.

— Já faz quanto tempo? 10 anos? — perguntei.
— Você está contando? — ela riu.
— Não há só um dia que eu não conte. — fui sincero — Pela distância, pode ter parecido que não, mas… Ainda penso em você todos os dias, querendo saber como está.
— Acho que vocês possuem tecnologia suficiente para um email, mas também existe papel para cartas. — brincou ela num tom irônico.
— E correr o risco de ser rejeitado. — ele ri — Quando fui para o exército, você ficou com raiva, ainda me odeia?
— Nunca te odiei e a raiva passa. — respondeu ela com tranquilidade — Principalmente em semanas de provas.

Nós rimos.

— Mas… Estou feliz por ser o piloto modelo. — disse ela — E você fica sexy nesse macacão.
— Annie Fletcher… Se eu soubesse seu ponto fraco. — a olhei com malícia.
— Pare com isso. — ela riu — Deleta meu comentário.
— Não mesmo. — eu ri mais.

Seguimos para a base novamente e após uma longa conversa com a secretária Wilson. Convidei para um passeio de carro. Ela voltaria ao Pentágono no dia seguinte mesmo. Vi a oportunidade de passar mais tempo com ela. Continuamos na base, mostrei um pouco das instalações para ela até que chegamos na sala de simuladores de voo. Seu olhar impressionado com tudo me deixou mais empolgado ainda.

— Tenho que admitir, a base militar das Forças Aéreas é impressionante. — comentou ela — Não é o Pentágono, mas quanta tecnologia em meio ao deserto.
— Que bom que te impressionou. — disse ao segurar sua mão.
— . — ela me olhou com receio da minha ação.
— O que ainda sente por mim ? — direto e preciso.

Eu precisava saber se depois de tanto tempo, ainda teria chance com ela. Se ainda tinha espaço em seu coração para um piloto de caça, e não um advogado frustrado. Afinal era isso que me tornaria se tivesse seguido sua sugestão de ir para a universidade.

— Eu… — ela respirou fundo.

Eu não deixei que ela terminasse a frase, apenas tomei impulso e a beijei com toda a intensidade guardada a 10 anos dentro de mim. Envolvendo-a em meus braços, senti seu corpo arrepiar de leve, o que me aqueceu ainda mais por dentro.

— Por que fez isso?! — perguntou ela, após o beijo, com um olhar vulnerável.
— Porque, mesmo que eu pilote os melhores caças do mundo e supere minhas habilidade. — comecei a sussurrar para ela — Você sempre será meu maior desejo.

A beijei novamente com todo o amor que sentia por ela.

Agora eu vejo que estamos nos distanciando,
Do que costumávamos ser,
Não importa a distância,
Eu quero que você saiba,
Que bem no fundo, dentro de mim,
Você é o meu fogo.
- I Want It That Way / Backstreet Boys

“Distância: Ainda que distante, um grande sempre encontra o caminho de volta.” - by: Pâms

FIM.

Nota da autora:
Mais um ficstape... Confesso que salvei essa música, porque meu lado adolescente ainda tá aqui e BSB era meu fave dos anos 90, mas eu não tinha ideia do que escrever. Então agradeço a Caah maravilhosa pela ajuda com o plot. ❤ Vejo vocês na próxima fic!
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Jesus bless you!!!