Última atualização: 28/01/2021

Fulhan

Para as mulheres, existem algumas coisas que não podem faltar em sua bolsa. Maquiagem, bloco de notas, chaves do carro, celular, absorvente… Para Fulhan, como conhecida pelos próximos, o que não faltava em sua bolsa, era sua arma e o silenciador que proporcionava sua exatidão e silêncio em seus trabalhos.

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Prestar um favor a Nalla Miller não foi um sacrifício para . Ainda mais por um pedido direto de Donna Fletcher. Ela tinha algumas dívidas com a sliter do Dominos, dívidas de um passado meio conturbado devido aos conflitos que viveu no Brasil, o país natal de sua mãe. Já era incomum ser filha de um gringo britânico e uma brasileira crescida na comunidade mais violenta de São Paulo, ver seu pai sendo morto em sua frente após um tiroteio entre gangues a deixou ainda mais fria com a vida. 

E mesmo com todo o carinho de sua mãe. Os passos traçados pela moça foram em direção ao que era, atualmente, uma assassina de aluguel. Sua primeira vítima? O próprio chefe do morro causou toda a confusão e acertou seu pai sem o menor remorso. Passar a infância remoendo isso e arquitetando cada detalhe do seu plano de vingança foi um mero detalhe para Donna Fletcher que a recrutou aos 10 anos sem pensar duas vezes. Foi assim que se juntou a Continuum executando inúmeros trabalhos para a sociedade comandada por Lionel Tenebrae.

— Está muito silenciosa hoje. — comentou ao erguer seu corpo e beijar de leve o ombro dela, que se mantinha sentada na cama — Não gostou da nossa manhã privativa de amor?
— Desculpa. — ela sorriu de leve, e tocando em seu cabelo, não sendo tão agressiva o fez se aninhar mais a ela — Só estou pensando em muitas coisas ao mesmo tempo.
— Tenho minha esposa uma vez a cada quinze dias e ainda não a tenho somente para mim? — reclamou ele, encaixando seu queixo no ombro dela, envolvendo seus braços em sua cintura — O que te preocupa tanto a ponto de não pensar em estar somente comigo?
— Você. — disse ela.
— Eu?
— Sim.
— Já disse para não se preocupar comigo Fulhan, sei muito bem qual é o seu trabalho e o quanto é incerto trabalhar para pessoas da Continuum. — assegurou o homem, fazendo-a se virar para ele — O que mais te preocupa? Eu sei tomar conta de mim mesmo.
— Eu sei disso, mas não pode se proteger de mim. — ela manteve um olhar sério para ele.
— E porque iria querer me proteger da mulher da minha vida? — ele sorriu de canto e se impulsionando, beijou-se no pescoço — Você é quem deve se proteger de mim.
— Estou falando sério. — ela o afastou com a mão direita — Você tem inimigos?
— Não que eu saiba. — disse ele.
— O que você fez de errado? — insistiu ela.
— De errado? Nada… — manteve um olhar confuso para ela — De onde tirou isso? Qual o propósito dessas perguntas?
— Por que uma pessoa me pagaria para ter matar? — ela se levantou da cama, inconformada por ter aceitado o serviço.

Porém, sabia que se não fosse por ela, seria por outra pessoa e da forma mais dolorosa possível.

— Por que alguém da Continuum quer te matar? — ela voltou seu olhar para ele, controlando a raiva.
— O que? — ele a olhou confuso e surpreso por suas palavras — Como assim?

se levantou da cama para se aproximar dela.

, quem iria querer te ver morto? — ela tentou se afastar mais dele, vasculhando em sua mente todas as informações que tinha recolhido sobre a família de seu marido.

sabia muito bem que se apaixonar, ter uma família sendo quem era, poderia ser perigoso. Tanto para ela, quanto para a outra parte interessada. Porém, foi em um de seus serviços que conheceu o atrapalhado agente de seguros de carros. Que tentava lhe vender um pacote de seguro de sua empresa, bem no momento em que se preparava para executar seu serviço. As ligações insistentes dele ao longo dos dias a deixou curiosa para conhecer o homem que tentava lhe vender o serviço com tanta persistência. 

Claro que a bonificação por tê-la tornado uma cliente não foi o que mais o deixou satisfeito por não ter desistido. É certo que seu jeito cativou e derreteu o iceberg que ela tinha no lugar do coração.

— Eu não sei. — ele levantou mais a voz, fazendo-a olhá-lo — Confesso que estou curioso para saber quem te contratou.
— Eu… Não posso dizer. — disse ela — Vai contra minhas regras…

Ele a interrompeu com um beijo desesperado e ao mesmo tempo apaixonado. Envolvendo-a em seus braços, aproximando mais a mulher dele.

— Eu não me importo, se for para escolher como morrer, por suas mãos seria mais do que um presente. — sussurrou ele, mantendo seus rostos próximos.
— Eu te odeio, sabia? — disse ela, reprimindo seus sentimentos — Por dizer isso.
— Eu te amo. — disse ele, de volta.
— Eu também te amo. — ela se afastou dele e dando dois passos até a mesa de apoio da porta — Lamento por ficar viúva.

Em um piscar de olhos, puxou uma arma debaixo do móvel e atirou nele. O som não pode ser ouvido pelo seu silenciador. Logo o corpo de Louise saiu sobre o chão. Ela espichou o pescoço vendo um fio de sangue já escorrer em sua boca. Voltando-se para a porta, a abriu se deparando com três pessoas, ambas trajando um jaleco brando. 

— Pontuais como sempre. — disse ela, abrindo mais a porta para entrarem — Agradeço pela discrição da Darko neste trabalho.
— Não se preocupe senhora Fulhan, o levaremos diretamente para a dra. Irina Baker. — assegurou a mulher voltando o olhar para os dois homens que a acompanhavam — Retire-o com cuidado.

Os homens assentiram a ordem.

— Quanto tempo terei que esperar? — perguntou Anastácia.
— Até sair a nota do suposto falecimento dele, umas vinte e quatro horas. — respondeu ela — Mas já pode dizer ao seu cliente que o alvo está abatido.
— Perguntei sobre a cirurgia. — explicou ela.
— Primeiro, vamos imobilizar o estrago, retirar a bala e se foi exatamente onde disse que seria o tiro, duas semanas de recuperação para assim fazermos a cirurgia plástica. — completou a moça, dando as informações solicitadas.
— Agradeço, diga a Irina que lhe devo um favor. — disse .
— É sempre um prazer, senhora Fulhan. — a moça se retirou.

Fulhan retirou seu celular de trabalho de dentro da bolsa e mandou uma mensagem ao seu cliente, marcando um encontro pessoal. Ela ainda não sabia a quem pertencia o número desconhecido e sem registro que lhe mandava mensagens, mas já estava ardente de desejo de pegar seu pagamento pessoalmente e lhe dar um singelo bônus por contratar seus serviços.

— Vou descobri quem é você, senhor T. — sussurrou ela, ao ver a mensagem de resposta do cliente — E vai me pagar caro por isso.

Você quer falar sobre isso?
Estou implorando pra você se pôr em meu lugar a qualquer momento
Olho no relógio até que você se descontraia
Então reze
Porque eu não irei embora daqui sem você.
- Natural Born killer / Avenged Sevenfold

Coragem: Até onde iria para salvar quem ama?” by: Pâms



FIM...





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