I. Adeus ao Inverno
A glamorosa Londres finalmente se despedia do inverno mais rigoroso e solitário de todos. Não fora fácil para algumas famílias superarem suas ruínas, tanto materiais quanto sentimentais. Até a coroa britânica teve seus altos e baixos na estação mais gelada do ano. Após o falecimento do rei George III, teve-se a perda do primeiro herdeiro do nosso príncipe regente, ainda no ventre de sua esposa. Se já estava sendo complicado para a nossa rainha, Charlotte lidar com a perda do marido. Não podendo contar com uma criança para alegrar seus dias, só lhe restava suas festas da corte para distrair a mente. A trágica notícia, por sua vez, ajudou a abafar os escândalos causados pelo príncipe libertino , o sexto na linha de sucessão, em meio a outros 14 irmãos.
E nem vou mencionar o baile natalino, oferecido pelo visconde falido lord Bourbon, que custou-lhe quase o pequeno dote de sua graciosa filha única. Será que este ano, lady Bourbon consegue se casar? Só me pergunto qual o lord aceitaria se casar com uma donzela cujo dote pequeno vem acompanhado de tantas outras dívidas e terras improdutivas? Após dois anos sendo rejeitada por todos os homens da nobreza, devo admitir que fora uma sábia decisão mandá-la para o campo no verão passado. Pobrezinha, não teve a sorte suficiente de nascer com a beleza de vossa mãe. Pelo menos com sua distância dos holofotes da sociedade, vosso pai não continuaria sendo a chacota de 1827.
Felizmente, minha estação favorita se acendia com toda pompa e circunstância.
A primavera era o renovar das esperanças para todas as donzelas. Principalmente para aquelas em seu primeiro ano de apresentação à rainha. Sim, meus caros leitores, a temporada de casamentos está de volta. E eu, sigo curiosíssima para saber se este ano, o intocável conde lord Bridgerton se renderá a alguma joia rara. Mas se não houver nenhum casamento de sua parte, ainda temos vossa irmã caçula, que fará a tão planejada estreia. Soube que a doce lady Bridgerton passou todo o outono em aulas particulares de piano e harpa. E como sabemos, a vossa tia lady Violet Bridgerton tem experiência em conseguir bons pretendentes, afinal não é todo dia que se casa oito filhos. Mas claro que o fato de seus sobrinhos terem um título mais elevado garante a atenção de todos.
Me parece que essa família não brinca mesmo quando o assunto é casamento.
E por falar em tal assunto. Quem acaba de ficar viúvo e disposto a se casar novamente é vossa graça, lord Tenebrae, o duque de Whosis. Fato este devido ao incêndio acidental em sua casa de campo que resultou no falecimento de sua esposa. É uma pena que ela não tenha lhe deixado um herdeiro em cinco anos casados. O que significa oportunidades para as damas que sonham em se casar com um duque.
Entretanto, a maior novidade de todos foi a ascensão da família Sollary, sem títulos de nobreza porém com uma fortuna de causar inveja até em vossa majestade. Contudo, será que todos os diamantes do cofre da família e o dote de duzentas mil libras anunciadas serão capazes de atrair um casamento satisfatório para sua filha ? Pelo menos a jovem dama é bela como o desabrochar das flores no amanhecer da primavera.
Façam suas apostas meus senhores da aristocracia, pois este ano teremos muitas informações para compartilhar e segredos para descobrir.
Ansiosos para a estação do amor?
Lady Lewis.
Conte-me seu sonho
Conte-me os pequenos desejos em seu coração.
- Genie / Girls' Generation
II. O diamante bruto
Para todas as donzelas em seu ano de debute, impressionar a rainha é a maior de suas preocupações. Sabemos que o mínimo gesto de vossa majestade, pode significar o ganho ou a perca de um matrimônio promissor. Nosso exemplo sempre lembrado é de vossa graça, lady Daphne, a duquesa de Hastings. Entretanto, receio que esta história dispensa mais comentários desta singela autora, já que lady Whistledown obteve a oportunidade de vivenciar toda a trama. Fora realmente uma pena que a mesma tenha se revelado, contudo, tal ato abriu-me as portas para que eu me apresentasse a vós, caros leitores. Um conselho? Não fiquem afoitos em descobrir quem eu sou, pois nem pelos diamantes da coroa, revelaria minha real identidade.
Então voltemos ao foco inicial.
As belas moças que nesta manhã se aprontavam para apresentar-se à vossa majestade, a eterna rainha Charlotte. Uma delas, que pertencia à família mais casamenteira de toda Londres, se encontrava em seus aposentos apreciando o belo vestido em seu corpo. Encomendado por sua tia lady Violet e confeccionado pela mais talentosa modista do país, mademoiselle Tatou. O toque de suas mãos no tecido de linho em seu corpo a fez suspirar de ansiedade.
Bridgerton levantou o olhar encontrando seu reflexo no espelho. Manteve-se imóvel para que sua criada terminasse o penteado, que lhe fazia nos longos cabelos castanhos claros. O dia em que tanto esperava havia chegado e mesmo com o olhar seguro de quem estava preparada para encantar vossa majestade, internamente seu coração se mantinha acelerado e aflito. Cometer o menor deslize diante de toda corte, poderia custar a reputação de sua família. E por mais que seus primos tivessem tido casamentos afortunados, sabemos que em nossa sociedade, um erro vale muito mais que mil acertos. Essa era a pressão que a doce moça vivia em seus pensamentos. E esta autora que vos conta, adora compartilhar os inúmeros erros da nossa aristocracia.
Um singelo sorriso apareceu no canto de seu rosto assim que sua tia deu dois toques na porta.
— Está pronta, minha querida? — lady Violet olhou-a com carinho e sorriu de volta.
— Sim, estou pronta. — ela tomou impulso para se levantar da cadeira, e logo sua criada se afastou — Deseja-me sorte Judith?
— A senhorita não precisa, já nasceu preparada para isso, lady Bridgerton. — disse a criada transmitindo confiança em seu olhar.
— Agradeço pelo encorajamento. — seu sorriso ficou um pouco mais largo e aparente, após um profundo suspiro, se dirigiu para a porta.
No hall de entrada da casa, estava o impaciente lord Bridgerton, conhecido agora por se tornar o novo conde de Whatnot. Devo confessar que a inesperada morte de vossos pais fora um tanto estarrecedora para todos. E devido ao trágico acontecimento, sua mudança de Derbyshire para Londres fora rápida e discreta. Bem, não tão discreta assim, já que houve um anúncio de minha parte dois dias antes de vossa chegada.
— Ah, finalmente , estamos a um passo de nos atrasarmos. — reclamou ele, ao olhar novamente para o relógio de bolso, que sempre mantinha consigo.
— Falando assim irmão, vou achar que está ansioso para ver suas pretendentes deste ano. — manteve o sorriso ao rosto, com o olhar sereno para ele, sabia que o irmão era impaciente quando o assunto era esperar — Com sorte e menos exigência de vossa parte, podemos nos casar juntos em uma mesma cerimônia, não seria perfeito?
— Não estou interessado em casamentos este ano, ou melhor, apenas em um, o vosso. — retrucou ele, sem se importar com a indireta da irmã — Me preocupo com o vosso futuro primeiro, depois decidirei sobre mim.
— Se continuar assim, poderá perder a oportunidade de viver um grande amor. — retrucou ela, convicta de suas palavras — Irmão, não deverias continuar apegado às amarguras do passado.
— Não deverias se preocupar com assuntos que não lhe ajudam a encontrar um bom marido. — revidou ele.
— Ambos devem se preocupar com vossos futuros. — lady Violet olhou para sua sobrinha — Você está bela e sei que impressionará a todos, — então olhou para ele — E você, trate de pensar nas palavras de vossa irmã, todo homem deve ter responsabilidades de também construir com família e ter herdeiros.
engoliu seco.
Por ser assombrado por seu passado, o coração do nobre conde se encontrava fechado a sete chaves, e todas perdidas pelas inúmeras viagens que fez em companhia do primo Colin. Esta autora, possui uma ponta de curiosidade em descobrir que passado sombrio seria este. Se relacionado com o coração, será que temos um Bridgerton que sofre de alguma desilusão amorosa?
Logo descobrirei!
— Vamos. — ele engoliu seco e estendeu a mão, para que elas seguissem na frente para a carruagem.
— Vamos. — assentiu lady Violet, com sua sobrinha mantendo a mão direita pousada em seu braço.
Uma família já estava a caminho da grande apresentação. Então seguimos adiante para um lugar ainda mais divertido e barulhento que as festas privadas de lady Danbury.
A luxuosa casa da família Sollary. Transbordando o resplendor de uma sua decoração que imitava singularmente os palacetes francesas, esbanjando um carpete vermelho pela entrada como nos palácios reais e grandes lustres de cristais no teto. A história de como o senhor Frederick Sollary, passou de um simples marinheiro que trabalhava no porto de Liverpool para um importante e bem sucedido homem de negócios ainda permanece inexplicada. Sendo sorte ou trabalho duro, o fato é que este senhor agora detinha uma das mais invejáveis fortunas do país.
Entretanto, mesmo com todo esse sucesso financeiro, nem tudo são flores e esta família passava por problemas internos com a infeliz doença de sua esposa, a senhora Marie Sollary. De raízes francesas e fortes traços africanos, a bela mulher havia lhe presenteado com seis lindas filhas e o pequeno caçula que herdaria sua fortuna. Ao contrário de uma certa Bridgerton que fora esperta o suficiente para colocar nomes em seus filhos em ordem alfabética; após o nascimento da primogênita , os nomes de suas irmãs que seguiram foram de flores apreciadas pelos seus pais.
A segunda mais velha é Rose, tendo somente um ano de diferença entre seu nascimento e de sua irmã, fora impedida de debutar precocemente por seu pai, por considerá-la ainda jovem demais. Em seguida temos a impetuosa Daisy em seus quatorze anos, considerada a artista da família, com seus doces poemas sendo recitados pela casa. Depois as gêmeas idênticas Lily e Camellia, com doze anos de pura travessura, se aproveitam do benefício para deixar suas outras irmãs malucas e desnorteadas quando trocam de lugar uma com a outra. A mais nova das meninas de apenas 7 anos, é a pequena e delicada Jasmine, com seu olhar meigo e o apego ao coelho de pelúcia que ganhara da mãe logo ao nascer. E encerrando a fábrica de filhos, temos Bowlmer, o filho da herança que continha apenas dois anos de idade.
Talvez pela quantidade de filhos de tivera com sua esposa, contando com os muitos abortos que Marie sofreu ao longo dos anos entre os nascimentos que vingaram. Sua saúde foi ficando mais frágil até que na gravidez do filho caçula, o dr. Green lhe aconselhou a se precaver mais e não engravidar novamente. Devo contar-lhes caros leitores, que não tem sido fácil para nossa debutante Sollary cuidar de vossos irmãos e ainda se concentrar em passar uma boa imagem diante da corte. Devemos desejar sorte a ela?
— ! — Daisy gritou o nome da irmã, ao se aproximar da escada — A RAINHA NÃO IRÁ ESPERÁ-LA.
Não que Daisy estivesse irritada com a demora de vossa irmã.
Mas toda a agitação em sua casa devido ao evento, lhe causou um inesperado bloqueio criativo que a deixara nervosa a dias. E se imaginar na mesma situação nos próximos anos, causava-lhe ainda mais surtos internos. Entretanto, não era a única que se sentia em desequilíbrio. Não seria a primeira vez que um pai em questão apresentaria a donzela diante da rainha. Contudo, seria a primeira vez do senhor Sollary diante de toda a corte naquelas circunstâncias. Um peso estava sobre seus ombros, ainda mais por saber que ainda teria mais cinco filhas para encontrar bons maridos futuramente.
— Não precisa gritar, Daisy. — apareceu no topo da escadaria, com a cabeça erguida e o olhar de reprovação para a irmã — Já estamos prontas.
Logo Rose apareceu ao seu lado e juntas desceram os degraus. com sua respiração mais lenta, tentando manter-se calma diante de toda a pressão que sentia para não desapontar seus pais e irmãos. Cabelos mais soltos e uma tiara de pérolas, combinada ao vestido de seda amarelo no tom pastel. Já a vossa irmã Rose, com um singelo vestido rosa também de seda, ostentava as pérolas em seu pescoço. Um mimo do senhor Sollary que tinha o prazer em agradar suas filhas com pequenos presentes em momentos oportunos.
— Ambas estão mais belas do que já são, uma pena que vossa mãe não possa... — o senhor Sollary parou por um momento, reprimindo a angústia em ter a esposa impossibilitada de frequentar os ambientes festivos dos nobres.
Algo que ele mais desejava era apresentar a mulher de sua vida para a sociedade e mostrar a beleza que o conquistou em apenas um sorriso. Um brilho cheio de orgulho surgiu em seu olhar ao voltá-lo para . A primogênita fora seu braço de apoio nos momentos mais caóticos desta família e agora, pensar em entregá-la a um homem desconhecido, lhe estremecia internamente. Porém, mesmo com o cuidado extremo de um bom pai zeloso, seu dever de garantir um bom futuro a todas as filhas e também ao pequeno herdeiro, vinha em primeiro lugar.
— Então, vamos para o palácio. — disse ele, voltando o olhar para a senhorita Moore, a preceptora de seus filhos menores — Senhorita Moore, cuide bem dos meus filhos, por favor.
— Não se preocupe senhor, tudo continuará na mais perfeita ordem. — garantiu ela.
— Porque não posso ir papai? — Jasmine se agarrou nas pernas do pai com um olhar tristonho.
— Minha pequena. — ele a pegou no colo sem cerimônias e sorriu para ela — Prometo que um dia a levarei comigo, mas enquanto não puder ir fique e ajude a senhorita Moore a cuidar de vosso irmão. Combinado?
— Combinado! — assentiu ela, abrindo um sorriso largo para o pai.
Ele a colocou de volta ao chão. E assentiu com o olhar para a senhorita Moore levá-la para seus aposentos.
— Estou curiosa para saber como é o palácio da rainha. — comentou Lily, sentindo seu coração pulsar mais forte.
— Eu entro primeiro na carruagem! — disse Camellia, ao sair na frente a passos apressados.
— Assim não vale! — Lily reclamou começando a correr atrás da irmã.
— Ei as duas, parem com isso. — repreendeu as .
— Deixe-as querida, só estão se divertindo. — disse o senhor Sollary, segurando o riso ao observar a empolgação das filhas.
— Elas podem acabar se machucando com essas brincadeiras. — retrucou .
— Ainda se preocupa com elas, irmã? — Rose riu de leve — Deverias se preocupar com sigo mesmo, hoje é vosso dia de ser conhecida por todos. Será que Lady Lewis falará de nossa família amanhã?
— Não dizendo palavras constrangedoras como da última vez, já me darei por satisfeita. — retrucou — Seu ato de indagar nosso pai sobre a fortuna da família, foi deselegante.
— Não me importo com suas perguntas impertinentes, minha querida, nada que ela disser mudará o fato de eu ser um dos homens mais ricos de toda Londres. — a voz do senhor Sollary ficou um pouco mais firme e assertiva.
Algo que transmitiu à vossa filha a segurança que necessita para enfrentar a corte. Todos acomodados nas duas carruagens da família, seguiram para o palácio real. As duas filhas mais velhas acompanhadas pelo pai na primeira, e as outras três na segunda. Claro que estar na companhia das gêmeas bagunceiras não era lá a preferência de Daisy, que encontrava em seus pequenos livretos de poesia o escape das loucuras de ser uma Sollary.
E que rufem os tambores caros leitores...
Pois a temporada de casamentos se inicia com todas as carruagens sendo estacionadas na grande entrada do jardim frontal do palácio. As flores da primavera perfumavam todos o lugar que aos poucos fora ficando bastante movimentado pelos nobres de Londres. Todos os convidados se reuniram no salão real e ao sinal de vossa majestade, as apresentações deram início.
E aqui vamos nós para a lista de donzelas, puras e castas a curvar-se para a rainha na esperança de um pequeno elogio, ou até mesmo um sorriso talvez. Confesso que se eu estivesse na pele dessas moças, estaria mais do que nervosa.
— Senhorita Freya Whitehall, apresentada por sua madrinha a honorável lady Featherington. — soou a voz do cavalheiro, que segurava com cuidado os pequenos papéis em sua mão.
Logo que as portas se abriram, a face de uma senhorita assustada se colocou diante de todos. Seus passos eram um tanto quanto pesados e trêmulos, sendo seguida por sua madrinha que forçava um sorriso no rosto. Se era sorte ou destino suas filhas terem encontrado bons maridos, eu não posso afirmar, mas que a honra fora mantida, isso eu concordo. Ainda mais por nossa Penélope agora desposada por Colin Bridgerton.
Enfim, neste momento apenas um olhar é o mais importante. E sabemos o quanto vossa majestade tem sido ainda mais criteriosa ao longo dos anos. Se na última temporada não obtivemos sucesso em encontrar o novo diamante raro, ando lutando contra meu lado racional para manter as esperanças nesta primavera. Assim que o olhar desinteressado da rainha se voltou para a janela, a jovem que mal conseguiu reverenciá-la se afastou juntamente com lady Featherington.
— Senhorita Bridgerton, apresentada pela tia a muito honorável viúva, viscondessa Bridgerton. — mais uma vez o cavalheiro proclamou.
Ao abrir as portas, todos os olhares curiosos já se direcionaram para a dama que com suavidade e delicadeza adentrava o lugar com um sorriso singelo no rosto. realmente havia nascido para aquele momento, ser o destaque das atenções e apreciada por todos. Assim que se colocou diante da rainha, lentamente fez a sua reverência, mantendo o olhar abaixado e a respiração controlada. Uma movimentação de vossa majestade causou inquietação em todos. Assim que a rainha Charlotte se levantou de seu trono e se aproximou dela, sentiu seu coração acelerar.
— Impecável, como era de se esperar. — as palavras da rainha alegraram aquele coração aflito.
— Eu realmente ouvi isso? — sussurrou ela para sua tia ao reverenciar novamente.
— Sim, minha querida, continue sorrindo, os olhares estão em você. — respondeu lady Violet, orgulhosa de sua sobrinha.
Acredite vossa majestade, esta autora aqui também não esperava menos que a perfeição desta família. Porém, ainda não encontramos o nosso diamante e ainda faltam muitas donzelas a serem apresentadas. Apesar de surpresa pelo que ouvira, se sentia ainda mais honrada por cada palavra. Algo que significava um futuro trabalho ao lord , afinal sua irmã agora estava em foco.
— Apresentando mais uma vez, a senhorita Bourbon. — anunciou o cavalheiro — Sendo apresentada pelo pai, o honorável viúvo conde Bourbon.
Todos já sabiam o que apareceria ao abrir as portas. O primeiro passo de foi tão silencioso que até pode-se ouvir a reação de surpresa de vossa majestade. O mesmo vestido da temporada passada não fora o causador, mas sim a bela jovem que se apresentava com ele. Será que lord Bourbon tinha uma filha gêmea escondida e esqueceram de trocar os nomes no anúncio? Se não, a estadia na casa de campo ao norte da Escócia, havia-lhe feito muito bem. Principalmente por estar aos cuidados de sua excêntrica tia Poppy. Assim que a jovem se curvou diante da corte, sentiu um pulsar mais forte de seu coração, assim como suas mãos que seguiam trêmulas. Desapontar vosso pai pela terceira vez não era algo que deveria acontecer.
— Impressionante. — disse vossa majestade, mantendo-se assentada, porém deixando escapar um sorriso leve de satisfação.
Até mesmo as sardas em seu rosto se tornaram um charme, além dos chamativos cabelos ruivos que eram a marca registrada desta família. Agora sim a senhorita Bourbon finalmente se parecia com a falecida mãe. Talvez ainda haja esperança para esta bela fênix que ressurgiu das cinzas. Não é o diamante que eu busco nesta temporada, mas tão brilhante quanto.
— Apresentando, a senhorita Sollary, acompanhada pelo pai, o honorável senhor Frederick Sollary.
A voz do cavalheiro soou mais uma vez, atraindo a atenção de todos os curiosos para conhecer a filha mais velha do burguês. Assim que abriram as portas, o olhar admirado de vossa majestade se fixou na bela jovem que adentrou o lugar a passos sutis e seguros. O brilho de sua pele negra atraiu ainda mais os olhares de alguns nobres solteiros, assim como a delicadeza de seu sorriso que herdara da mãe. Ao se curvar em reverência a vossa majestade, manteve também o olhar abaixado. Mais uma vez a rainha Charlotte se levantou de seu trono e deu poucos passos até ela. Tocando em seu rosto, a fez se levantar.
Um olhar orgulhoso e um sorriso no canto do rosto, foram o suficiente para mostrar o quanto a burguesa havia lhe chamado a atenção. Após receber um leve beijo na testa, reverenciou novamente e se afastou com seu pai, seguindo para onde suas irmãs estavam.
E eis aí meus caros leitores o diamante bruto que eu tanto procurava.
Lady Lewis
Você brilhou radiante em um curto período de tempo como um relâmpago
Você iluminou o mundo por um instante.
- Thunder / EXO
Nomes em português das irmãs Sollary:
Rose: rosa
Daisy: margarida
Lily: lírio
Camellia: camélia
Jasmine: jasmim
III. O baile de lady Danbury
E chegamos ao momento mais aguardado por toda a aristocracia. O baile de abertura da temporada na Casa Danbury. Há quem diga que este evento consegue ser ainda mais desejado, que uma tarde no solário de vossa majestade. Tenho que confessar que nossa rainha Charlotte já teve seus dias de glória ao oferecer grandes bailes para corte. Será que a desfocada esposa do príncipe regente está sendo treinada para quando chegar sua hora? Afinal, ninguém vive para sempre.
Uma noite memorável em que todas as jovens debutantes poderão demonstrar sua beleza e charme. Nobres, inocentes e esperançosas, todas treinadas desde o nascimento para viver este momento. O que me atiça a curiosidade de quais donzelas receberão convites para uma dança, e quem sabe um possível corte no dia seguinte. Então me voltou para as três pedras preciosas que chamou-me atenção na apresentação de vossa majestade.
Contudo, antes de atentarmos a cada uma delas. Seguimos para os nobres cavalheiros que também compõem nossa história. O primeiro deles é o silencioso duque de Whosis, vossa graça, Tenebrae. Mais sério que o habitual, chegara acompanhado de seu amigo Robert Magnus, o ilustre marquês de Hamilton. Ambos solitários em suas vidas amorosas e atentos às belas donzelas que já integravam o grande salão da Casa Danbury.
— Aqui está o filho do meu melhor amigo. — disse lord Bourbon ao se aproximar dos cavalheiros, se referindo ao marquês, e voltando-se rapidamente para o duque — Vossa graça.
— Lord Bourbon, que surpresa vê-lo aqui. — Robert disfarçou o desconforto pela aproximação do homem — Soube que estava em sua casa de campo na Escócia.
O marquês tentou agir com naturalidade, pois sabia da fatídica situação financeira do homem. Lord Bourbon por sua vez, engoliu seco, ao se lembrar que tal propriedade não lhe pertencia mais, e sim ao marido burguês de sua irmã. A quem devia mais do que os vestidos usados por sua filha.
— Me ausentei rapidamente para buscar minha filha. — lord Bourbon apontou discretamente para , que estava com sua tia do outro lado da sala, conversando com lady Danbury.
— Estou impressionado com a beleza revelada de vossa filha. — comentou o marquês — O que acha Whosis?
— Vossa graça, duque de Whosis. — lord Bourbon se mostrou sem graça por não cumprimentá-lo de início — Perdoe-me por minha indelicadeza, e meus sentimentos por vossa perda.
— Está tudo bem, lord Bourbon. — manteve-se sério no olhar — Se me derem licença cavalheiros, preciso tomar um ar.
Mais do que um ar, nosso duque queria apenas se afastar de todo aquele ambiente que lhe trazia lembranças de sua falecida. Vossa história com lady Margareth era de brilhar os olhos de qualquer pessoa, ambos se conheceram na infância. Cortejaram-se ao construir uma amizade sólida durante longos anos, até que a jovem finalmente chegou à idade do casamento. Este sim fora o relacionamento mais aguardado e desejado por ambas as famílias. Entretanto, o fatal incêndio foi de partir o coração. E agora? Temos um homem frio e solitário que se convenceu em casar-se novamente para apenas obter um herdeiro e levar em diante a linhagem da família.
— Hum… Acho que o jardim já está ocupado. — a voz de príncipe soou próximo ao canteiro de margaridas — Whosis.
— Vossa alteza. — fez uma breve reverência com a face — Não deverias estar a vista dos guardas reais?
— Ah. — se espreguiçou de leve e sorriu de canto — Ando fugindo destes inconvenientes… Não é fácil ser um príncipe!
moveu seu olhar para o rapaz a sua frente. Foram muitas as vezes que abrigara o amigo em seu castelo, para que não fosse castigado por sua mãe.
— Mas e quanto a vós? — o olhou curioso — Soube que procuras uma nova esposa, aqui no jardim não encontrará nenhuma.
— É apenas o primeiro baile, ainda tenho tempo para encontrar alguma dama que sirva ao propósito. — respondeu ele, voltando o olhar para o horizonte — E vós? Acredito que não seja somente dos guardas que está fugindo.
— Ah não, não mesmo. — riu — Mães… Conseguem ser piores que os guardas, isso eu lhe garanto. Não aguento mais ser parado a cada dois passos por uma mãe que deseja ter sua filha transformada em uma princesa.
— Agradeço vossa majestade por isso. — segurou o riso.
Mas das poucas vezes que se divertia, era graças aos infortúnios de e as loucas histórias de Magnus.
— Ahh. — bufou de leve — O anúncio da rainha sobre meu casamento nesta temporada tem me deixado com insônia, agora preciso pensar em algum plano para me livrar disso.
— Que tal não se envolver mais com escândalos? — o olhou — Para um príncipe, deverias ser mais prudente com seus atos.
— Vai mesmo me dar sermão? És meu amigo ou meu pai? — lançou lhe um olhar desconfiado.
— Sou vosso amigo, o vi nascer e crescemos juntos, mas quase lançou uma guerra entre reinos por se envolver com uma senhora casada. — o duque o chamou à razão de sua travessura mais perigosa até o momento.
— Vossa majestade tem mais 13 filhos, porque preciso seguir a tradição? — se mostrou frustrado — Às vezes não queria ser um príncipe.
— Tente negociar com vossa majestade, talvez um acordo. — sugeriu .
— E que tipo de acordo poderia ser? — indagou ele, interessado nas palavras do amigo.
— Não me vem à mente, mas vossa alteza é inteligente e sagaz para pensar em algo. — completou , afastando-se dele e seguindo mais adentro do jardim.
ficou pensativo por um tempo, então retornou para o salão. Precisava enfrentar as mães e mostrar aos guardas reais que estava se comportando, como manda o figurino. Bem, meu caros leitores, se nada der certo para a maioria das donzelas nesta temporada, sabemos que pelo menos um casamento há de acontecer.
— Por favor, , apenas estou a te pedir que sejais menos exigente. — manteve o controle do tom de sua voz, irritada por vosso irmão rejeitar o quinto nobre que se aproxima dela — Assim não somente vós, como também eu ficarei solteira nesta temporada.
— Não estou sendo exigente , só me preocupo com vosso futuro. — a olhou com zelo — És minha irmã preciosa e quero que faças o melhor dos casamentos.
— Estou impressionada em como se parece com Anthony. — comentou lady Violet — Confesso, que és mais responsável que ele, quando Daphne fez sua apresentação, mas em termos de exigência, está no mesmo nível.
Mesmo com todos os olhares para nossa preciosa Bridgerton. A mesma continuara parada ao lado de vosso irmão desde que chegara ao baile. Frustrante para ela e um alívio para ele. No entanto, toda a resistência por parte dele, só aumentava ainda mais o interesse dos cavalheiros presentes.
— Estive com Anthony há alguns dias e conversamos bastante sobre os nobres que provavelmente estariam aqui. — compartilhou com elas o motivo de sua resistência a permitir a aproximação dos cavalheiros.
— Não acredito. — lady Violet sussurrou desacreditada por estar vivendo a mesma cena com seus sobrinhos.
— Preciso me refrescar um pouco, poderia pegar limonada para mim? — pediu dando um sorriso suave e forçado.
— Claro irmã, me espere aqui. — assentiu ele, se afastando.
— Vou fingir que não estou te vendo se afastar de mim, e irei conversar com lady Danbury. — disse lady Violet, dando um sorriso encorajador à sobrinha.
— Agradeço pela ajuda, minha tia. — se afastou dela, mais do que depressa e se misturou entre os nobres do lugar.
A jovem estava realmente sentindo-se sufocada por vosso irmão. E precisava por si mesma, fazer uma pesquisa de campo. sonhava em casar-se por amor, ou algo próximo a isso, assim como seus pais e tios. E mesmo que achasse improvável uma pessoa se apaixonar verdadeiramente por outra em apenas uma estação, ela tinha em seu coração a certeza de encontrar o amor naquele lugar.
O que de fato, poderia acontecer.
se afastou mais do que necessário. O que a levou acidentalmente esbarrar em vossa graça, o duque de Whosis.
— Perdoe-me, vossa graça. — disse ela, ao senti-lo ampará-la com o mão direita.
— Está tudo bem. — disse ele, dando um passo para se afastar dela — A senhorita se machucou?
— Não, eu estou bem. — levantou seu olhar para ele — Agradeço a preocupação, vossa graça.
Dentro de seu coração, ansiava sentir algo. Porém, nem mesmo uma simples brisa passou por seu corpo. Das poucas histórias que vossa mãe contara sobre a primeira vez que viu o vosso pai, sempre fantasiava o momento, mostrando que a primeira troca de olhares de um casal, era a chave para os sentimentos dos mesmos. sabia quem era o homem à sua frente, e não se imaginava casando com alguém, apenas para lhe dar filhos. Talvez, seja exatamente por isso que não sentira a mágica que tanto esperava.
— Whosis, estava à vossa procura. — o marquês se aproximou deles, movendo seu olhar para ela — Senhorita Bridgerton.
— Lord Magnus. — fez uma breve reverência e se afastou deles.
— Meu amigo, estar a se inclinar para a Bridgerton? Seguirá os passos do vosso primo Hastings? — brincou Robert rindo baixo — Tens meu apoio, viu como ela se apresentou diante da rainha.
— Não, não a estava cortejando. — voltou seu olhar em direção aos casais que dançavam no centro do salão.
— Tem certeza… Impecável foi a palavras que vossa majestade utilizou. — enfatizou Magnus — E estou a me impressionar com sua beleza visto de perto.
— Não será ela. — garantiu .
— E está considerando alguma? — retrucou Robert, rindo baixo — Meu amigo, não podes continuar mantendo vosso luto e mentindo para si mesmo que fará um novo casamento.
— Fique tranquilo, me casarei nesta temporada. — manteve o olhar fixo em algum lugar que lhe mantinha longe das memórias de vossa falecida.
Magnus suspirou fraco. Ele sabia que vossa graça ainda não havia deixado o luto. Entretanto, a vida continuava e como um bom amigo, Robert tinha a incumbência de encorajá-lo a seguir em frente. Mas será que um novo amor consegue se sobrepor ao forte amor do passado? Estou começando a considerar em dar minhas condolências à triste dama que for desposada por vossa graça.
— Não vai acreditar… Mas tenho por mim que lord Bourbon quer me empurrar vossa filha. — comentou o marquês — Devo admitir que este ano ela está realmente mudada, a própria rainha enfatizou isso, mas não quero me associar a uma família em decadência.
— Está a procura de uma esposa por seu dote? — perguntou , intrigado com as palavras do amigo.
— Não que minha família esteja com problemas, mas ter um sogro com dívidas não é uma sábia decisão. — explicou Magnus, dando uma risada rápida — Mas, agora olhando para o senhor Sollary, estou curioso para saber quem será o felizardo a se casar com vossa filha, além de bela, temos um dote de 200 mil libras.
Sendo por amor ou apenas por interesses financeiros e sociais, sabemos que o segredo para se obter um bom casamento é saber escolher. A quem diga que se casar com um amigo é a chave para um relacionamento de paz e prosperidade. Outros, consideram o ditado que diz que os opostos se atraem. Contudo, meus caros leitores, sabemos que o coração é um campo minado, afinal nem sempre a primeira impressão é a que vale.
E talvez o amor possa ser encontrado da forma mais desastrosa possível.
Ainda relutante em deixar a irmã só, caminhou pelo grande salão até ser parado por lady Featherington, acompanhada de sua afilhada Freya Wintehall.
— Lord Bridgerton. — disse lady Featherington, com um sorriso no rosto — Que prazer vossa presença aqui. Deixe-me apresentar minha afilhada, Freya Wintehall, seu pai é um militar sir Wintehall, deve conhecer.
— Boa noite milady, boa noite senhorita. — se esforçou para ser educado e cordial.
Mas no fundo só desejava ser resgatado dali. Ter que fingir dar atenção a senhora a sua frente e a jovem que mais parecia estar com medo de tudo e de todos, o deixava em agonia. E fora longos minutos até que lady Featherington encontrou no marquês Magnus, uma oportunidade melhor para apresentar sua afilhada. Um alívio para lord Bridgerton que não sabia mais o que pensar sobre as inúmeras qualidades falsas que a lady inventara para deixar a jovem mais atraente. Finalmente, ele se aproximou da mesa de bebidas, não percebendo que alguém estava ali também.
— Porque essas temporadas me deixam tão irritado. — sussurrou para si, enquanto pegava o copo de cristal com limonada para a irmã.
— Disse algo? — uma voz feminina soou bem próximo.
Assim que se virou para responder quem quer que fosse. Um desequilíbrio de sua parte com sua mão trombando no braço da jovem, derrubando em vosso vestido o líquido do copo.
— Perdoe-me, senhorita. — disse ele, ainda surpreso com o que causara.
— Está tudo bem. — a voz dela permaneceu suave e baixa.
— Aqui, pegue, por favor. — esticou seu lenço para que ela se secasse.
— Agradeço, senhor. — a jovem pegou o lenço e tentou secar parte do vestido que estava molhada.
— Oh céus, o que houve aqui? — se aproximou deles, olhando o vestido da jovem — Irmão, presumo que minha limonada esteja… Senhorita, desejas ajuda.
— Temo que este vestido não veja mais nenhuma festa. — brincou a jovem, rindo do ocorrido.
se pegou intrigado pela reação da moça, e admirado com o sorriso que ela dera. A mesma que permanecera o tempo todo com a face abaixada, levantou o olhar até ele, que finalmente pode ver seu rosto.
— Me lembro do vosso rosto, senhorita Sollary, não é? — perguntou , vasculhando em seus pensamentos o rosto de todas as jovens que viu na apresentação da rainha.
— Sim, Sollary. — afirmou a jovem burguesa, mantendo o olhar em .
— querida, está tudo bem? — o senhor Sollary se aproximou deles, voltando o olhar para o vestido molhado da filha — Oh, céus, o que houve aqui.
— Apenas um acidente papai, nada mais do que isso. — respondeu — Podemos ir para casa?
— Claro, minha querida. — o senhor Sollary olhou de forma séria e intimidadora, para — Lord Bridgerton, com sua licença.
— À vontade e mais uma vez, perdoe-me pelo infortúnio causado, senhorita Sollary. — se sentiu estranho pela forma em que o senhor Sollary o olhou.
— Sem problemas. — fez uma breve reverência juntamente com o senhor Sollary.
Assim que pai e filha se afastaram. Seu olhar voltou-se para sua irmã, que mantinha um sorriso escondido no canto do rosto.
— Por que me olhas assim irmã? — perguntou .
— Porque estou por demasiado ansiosa pelo dia de amanhã. — respondeu ela.
não estava assim por si mesmo. Ela estava ansiosa por seu irmão. Após anos vendo seu irmão rejeitar fortes candidatas e nunca esboçar nenhuma reação diante de alguma dama. Dentro de sua mente fértil e observadora, havia reparado na forma em que reagiu ao sorriso de . Juntando isso à uma pequena ajuda de sua parte, sabia que poderia causar distrações a ele, para que enfim pudesse escolher seu futuro marido em paz.
--
Longe dali e se escondendo do próprio pai, Bourbon apenas almejava encontrar um lugar silencioso para finalmente respirar com tranquilidade. Sentindo um peso em suas costas e vendo vosso pai a oferecer como um objeto para os nobres de vosso círculo de amizades. A jovem apenas ambicionava não mais desonrar vosso pai por não estar casada. Mas também desejava ser feliz em seu futuro, tendo um bom marido.
— Finalmente silêncio. — sussurrou ela, ao adentrar a grande biblioteca da casa.
Ela deu alguns passos até o vitral da janela, e respirou fundo. Seu coração pesado pelas circunstâncias da vida, lhe deixara triste de tempos em tempos. Algo que era escondido apenas por seu sorriso meigo e gentil. Adentrando mais o lugar, deslizou seus dedos pelos livros de uma estante, até que ouvi barulhos vindos da porta. O medo de ser pega invadindo cômodos da casa da anfitriã, a fez se esconder. Porém, do ângulo em que estava, seus olhos conseguiram com clareza e perfeição avistar os pecadores que profanavam a biblioteca de lady Danbury.
Poderiam dizer: Inacreditável. Claro, se um dos envolvidos em questão, não fosse o príncipe em pessoa. Mas o nosso libertino favorito, estava aquecendo ainda mais sua noite no corpo de uma criada desconhecida. Me perguntou como ele havia escapado mais uma vez dos olhares dos guardas reais. Mais ainda, dos olhares da nossa querida anfitriã. fechou os olhos e se encolheu ainda mais, pedindo aos céus para que as contravenções alheias não lhe manchassem a reputação.
Alguns passos foram ouvidos do corredor, e de imediato se afastou da criada. Eles esperavam alguns instantes então ela saiu primeiro. Antes que vossa alteza pudesse se retirar, adentrou o lugar com seu olhar sério e repreensivo ao amigo.
— Não me olhe assim Whosis, é mais forte do que eu. — levantou as mãos em rendição.
— Saiba que a moça possui honra, tanto quanto as nobres do salão, deverias ser mais respeitoso. — manteve o tom sério.
— Eu sou meu amigo, desta vez, juro que estava me comportando muito bem em meu canto. — retrucou — Deverias ser mais flexível e menos enfadonho, podes ser cinco anos mais velho do que eu, mais não precisa ser assim.
— Assim como?
— Sem graça. — respondeu ele — Está decidido, vou te levar para se divertir amanhã.
— Considerando a vossa forma de diversão, temo pela minha integridade agora. — foi sério em suas palavras, porém arrancou risadas do príncipe.
— Estou apenas lhe convocando para assistir a uma luta. — ajeitou as vestes em seu corpo — Nos vemos amanhã.
Assim que se retirou da biblioteca. permaneceu por mais alguns minutos com suas memórias do primeiro baile da lady Danbury que participou após seu casamento. Riu de leve, ao lembrar-se da anfitriã perguntando sobre os herdeiros do casal. Em meio a vossa nostalgia pessoal, sua atenção fora despertada por um barulho vindo dos fundos. Se movendo silenciosamente na direção, paralisou-se ao se deparar com caída ao chão. A pobre senhorita, tentando erguer o corpo, acabara tropeçando e caindo por definitivo.
— A senhorita está bem? — se moveu para ajudá-la a se levantar, porém parou no caminho — Permita-me ajudá-la.
— Sim, vossa graça. — assentiu ela, com o olhar assustado e temeroso.
a amparou com cuidado, ajudando-a a se erguer.
— Está machucada? — perguntou ele, novamente, ao ver gotículas de sangue no chão.
— Acho que, minha perna… — olhou para baixo, vendo uma mancha de sangue em vosso vestido.
— Permita-me examinar? — perguntou ele, novamente.
Ela assentiu com a face. Assim, se abaixou e elevou um pouco as camadas de seu vestido. Um rasgo havia sido causado em sua perna, o que explicava o sangue.
— Devemos retratar ao vosso pai. — disse o duque preocupando-se com a moça.
— Vossa graça, por favor, não diga nada ao meu pai, eu lhe imploro. — ela o olhou ainda mais temerosa — Se ele souber que estive aqui e sozinha, estarei perdida.
Sempre há um momento na vida em que nos deparamos com as escolhas a serem feitas. Há quem diga que somos livres para fazermos nossas escolhas, entretanto, somos também prisioneiros de suas consequências. já havia lido em meu jornal sobre a lastimável situação de lord Bourbon. Mais ainda, vossa graça também sabia sobre as duas temporadas de fracasso na vida da doce .
Agora cabia a ele fazer sua escolha: o que é o certo a ser feito, ou o que é o necessário a se fazer.
E quanto a vós, estimados leitores, já se encontraram nesta mesma situação?
Eu confesso que estou curiosa para saber o que acontecerá a seguir.
Lady Lewis
Em meio a uma tempestade posso tropeçar,
Nessa luta precária para o amor, mesmo com medo devemos acabar com a tempestade,
Temos que começar de novo,
Você não está sozinha, e nem eu solitário novamente,
Eu tenho você.
- Destiny (Korean ver.) / Super Junior
IV. Entre planos e acordos
No amor e na guerra tudo é válido...
Esta é uma frase de efeito que ouvi recentemente. Contudo, será que as mesmas estratégias de batalha valem para a conquista de um casamento perfeito? Sabemos que a melhor defesa é o ataque, e no que depender das mães vorazes em ter um príncipe como genro; o que vossa alteza mais terá são opções para escolher.
E caros leitores, o baile da casa Danbury tem acontecido muitos encontros e desencontros que me rendem mais do que apenas relatos. E nossa noite ainda não terminou, pois na biblioteca duas pessoas ainda viviam uma incógnita em suas vidas. Vossa graça, o duque de Whosis se mantinha com o olhar preocupado para a perna ensanguentada de , que se mantinha com o olhar abaixado e o coração acelerado.
— Não posso deixá-la assim senhorita, devemos cuidar desse ferimento. — retirou um lenço de seu bolso e amarrou na perna da moça, na altura do ferimento.
Em um piscar de olhos a porta se abriu, causando-lhes um frio na barriga. O rosto de lady Danbury se revelou a eles, com um olhar curioso e espantado. deu um pulo, erguendo seu corpo. continuou sentada ao chão, sentindo sua perna latejar em dores, por dentro o pavor em ser exposta pelo acidente lhe consumia por inteiro.
— Lady Danbury, devo explicar-lhe a situação. — iniciou vossa graça mantendo a firmeza.
— Não me deves explicação vossa graça, conheço-o muito bem desde que veio ao mundo e sei o quão honrado és, e considerando o estado da senhorita Sollary, vejo que um acidente ocorreu em minha biblioteca. — lady Danbury manteve a serenidade no rosto, com um sorriso de canto intrigante, voltando o olhar para a perna da garota — Eu aconselho a vossa graça se retirar e esquecer o ocorrido, deixei que sua anfitriã se responsabilize a partir de agora.
— Lady Danbury?! — o olhar dele ficou confuso.
— Devo pedir novamente?! — ela deixou o olhar mais sério para ele.
Assim, sem relutar, assentiu e se retirou do recinto.
— Lady Danbury… — a voz de falhou um pouco.
— Não precisa se explicar minha querida, fatalidades acontecem e não é a primeira jovem que encontro em uma situação comprometedora. — ela deu alguns passos se aproximando — Mas como conheço muito bem vossa graça, sei que não devo me preocupar com o ocorrido.
— Agradeço senhora. — abaixou o olhar mais uma vez.
— Fique onde está, chamarei uma criada para lhe ajudar e pedirei ao dr. Green que lhe examine.
Sim, lady Danbury. Não deves se preocupar com o ocorrido, sabemos que vossa graça é um gentleman, comparado ao príncipe libertino que quase profanou o solo de sua biblioteca. Assim, nossa anfitriã chamou uma das criadas para amparar a jovem Sollary e levá-la à um dos quartos de hóspedes. Em instantes o doutor adentrou o ambiente acompanhado de lord Bourbon, com o olhar surpreso pelo estado da filha.
— Lady Danbury, meus sinceros agradecimentos pelo socorro prestado a minha filha e as mais desculpas pelo transtorno causado. — lord Bourbon manteve-se próximo a anfitriã.
— Não se preocupe lord Bourbon, acidentes acontecem e o que importa é não se feriu gravemente e está bem agora, os deixarei à vontade, ainda tenho um baile acontecendo em minha casa. — a astuta lady se afastou dele, mantendo-se apoiada em sua bengala e se retirou do quarto.
Ao finalizar o curativo na perna da jovem, o doutor lhe receitou um frasco para suas dores latentes. Com a retirada do homem, lord Bourbon se aproximou de vossa filha e sentou na beirada da cama. O olhar preocupado deu olhar para a ternura e compreensão, dentro de si, o aflito pai sabia que a vossa adorável filha sentia-se pressionada a não desapontá-lo novamente.
— Minha querida, estavas a esconder-se novamente? — perguntou ele, ao segurar a mão da filha.
— Senti-me um tanto quanto envergonhada dos olhares de todos para mim, sei dos comentários sobre nossa situação e que nenhum nobre irá se interessar por mim levanto em consideração meu dote. — ela deixou sua voz mais baixa e suave, tinha traços de frustração.
— Não se sinta assim minha querida, a culpa é toda minha, contudo não deixarei que carregue este fardo, lhe farei o melhor dos casamentos nem que isso me custe a vida, terá um bom marido. — jurou ele, com um tom emocionado, segurando seus sentimentos de culpa.
— Obrigada meu pai. — sorriu de leve para ele.
Logo, seu olhar se voltou discretamente para a porta, que estava entreaberta. Foi por alguns segundos, mas a jovem Sollary conseguiu ver nitidamente o rosto de Tenebrae a lhe observar em silêncio do lado de fora do quarto. Será que vossa graça estava mesmo preocupado com a doce donzela? Ou haveria outro interesse em questão? Enfim, logo saberemos, pois nada fica em oculto de Lady Lewis.
Ainda no salão, na companhia de vossa tia, sugeriu partirem para casa. Confesso que me surpreendeu o vosso olhar constante na senhorita , quando vosso pai se aproximou de lady Danbury para agradecer o convite e se retirar do baile. Mais ainda nossa preciosa que em sua mente, seus planos de conquista e casamento para o irmão lhe fervia a criatividade. Ela não se importava em ter na família uma donzela sem títulos, apenas desejava dar uma força ao destino que resolveu apresentar alguém que despertou um olhar mais profundo no conde de Whatnot.
— Devemos ir então. — disse , num tom impaciente — Já que a única coisa que pude fazer neste baile, foi beber uma limonada, ou melhor, nem isso, já que meu irmão a derramou no vestido de alguém.
— Não foi algo proposital, irmã, e saber disso. — ele bufou de leve e a olhou — Vamos, o fato de não ter dançado com ninguém só aumentará o desejo dos nobres em conhecê-la melhor.
— Vossa alteza, não o havia visto aqui. — comentou lady Violet intrigada pela presença do príncipe.
— Este é um que pretendo manter bem distante de vós, . — comentou , ao sentir sua irmã apoiar a mão direita em seu braço.
— Não precisas se preocupar irmão, se há uma coisa da qual não ambiciono, é casar-me com um libertino. — assegurou ela, com firmeza — Seu que há casos de recuperação em nossa família, mas considerando os casos da realeza, não acho que vossa alteza tenha salvação, então…
— Sinto-me aliviado por vossas palavras, irmã. — abriu um sorriso singelo de satisfação.
Estava mais do que surpreso pelas palavras da irmã. E não somente ele, como eu também. Nossa impecável desejava sim fazer um bom casamento como vossa prima Daphne, e já se dava por satisfeita em casa-se com um duque também, ou talvez um marquês. Para vosso irmão, era um alívio saber que a Bridgerton caçula não se deixara levar pela ambição de ser uma princesa.
Se a noite havia terminado para a família Bridgerton, para nosso libertino príncipe só estava começando. Após se perder dos olhares da guarda real, seguiu clandestinamente para uma modesta casa na rua mais quente e pecaminosa da cidade. Sua sede por uma noite de diversão e prazer o levou para ao Madame Gastine, o mais luxuoso cabaré parisiense que temos em um meio londrino. E vossa alteza tinha sua própria entrava privativa que o levava ao quarto de Genevieve LéChant, o affaire oculto de .
— Vossa alteza demorou, achei que não viria mais. — comentou ela, ao se afastar da janela e se aproximar dele de forma sinuosa.
— Jamais a deixaria me esperar. — sorriu de canto com um olhar desejoso.
Sabemos que a noite de nosso príncipe seria em claro e cheia de malícias. Ainda me perguntou como consegui descobrir seus segredos antes de vossa majestade e como ele consegue os esconder da realeza.
--
Já na casa de Sollary, adentrava o vosso quarto sendo seguida pelas curiosas gêmeas que não se cansavam de fazer lhe perguntas. A primogênita entendia bem suas irmãs, por ser uma novidade em vossas vidas, porém seu cansaço mental a consumia por dentro e
— Lily, Camellia, eu prometo que amanhã pela manhã lhes contarei tudo, mas agora só desejo repousar-me. — seu olhar compreensivo se voltou para elas, que fizeram uma cara de abandono — Por favor, estou com dores de cabeça pela noite turbulenta que tive.
— Prometes que vai mesmo nos contar tudo? — reformou Lily, deixou o olhar brilhoso aparente.
— Prometo. — assentiu ela, com um sorriso singelo.
As gêmeas assentiram eufóricas, começando a fazer suposições sobre a noite da irmã pelos corredores do segundo andar. Logo após a criada ajudar-lhe a se trocar e se retirar, o senhor Sollary deu dois toques na porta da filha, pedindo permissão para entrar. permitiu a vossa entrada e ficou a observar as expressões preocupadas de seu pai.
— Desejas algo papai? — perguntou ela, intrigada.
— Esta noite representa uma mudança em nossa vida minha querida, certamente seremos convidados a mais bailes e recepções, isso me preocupa não só por vossas irmãs como também por vós. — ele deu um passo adentrando o quarto e deixou a porta entreaberta — O que achou desta noite?
— É tudo muito novo para todos nós papai, a fortuna, minha apresentação, a ideia de uma corte e um casamento com nobres. — ela tentou ponderar em sua opinião, mas por dentro sentia medo do que poderia acontecer no dia seguinte.
Por mais que vosso dote fosse tão chamativo quanto a vossa beleza, Sollary ainda era uma senhorita simples e sem títulos de nobreza. Da classe burguesa e com culturas familiares bem diferentes da nobreza e suas rígidas formalidades.
— Não entendo o motivo de não poder casar-me com alguém de nosso nível. — indagou ela.
A filha dedicada também possuía sonhos e nos mais profundos dele, existia um amigo de infância chamado Sir Nikolai Graham. O jovem rapaz, para conquistar o direito de desposar a moça, assentiu a continuar o legado do pai no meio militar, se tornando um cavaleiro de sua majestade. Mas claro que o senhor Sollary desejava algo mais seguro para sua filha que uni-la a um homem com chances de morrer em batalha.
— Sabes o que penso sobre sir Nikolai, não a deixarei se casar com um militar. — repetiu ele num tom mais firme — Acredito minha querida que se apaixonará por seu futuro marido, há muitos nobres interessados e vós, estou certo que um deles despertará vosso interesse.
— Metade deles está interessado em meu dote. — corrigiu ela, sendo realista.
— Por isso serei ainda mais criterioso. — alegou o pai, confiante em seu instinto de julgar as pessoas.
— Confio no senhor, meu pai, só não acho que estou preparada para entrar neste mundo da aristocracia. — confessou ela.
— Eu prometo minha querida, que farei a melhor escolha para vós. — seu pai sorriu com carinho — Não a entregarei para qualquer um, será para o homem que conquistar vosso coração.
já havia se convencido que um romance entre ela e Nikolai jamais aconteceria. Mas relutava na ideia de se casar com um lord. Ser desposada por um nobre lhe causava arrepios negativos e inseguranças das quais não desejava sentir. Temia pela infelicidade.
Nada como uma manhã de primavera com as flores perfumando a casa para sentir que a sorte está do vosso lado. É o que o senhor Sollary sentiu ao receber a visita de vários nobres em sua casa, com presentes significativos para a primogênita. Até mesmo vossas irmãs se surpreenderam com tamanho interesse em nosso diamante bruto.
O olhar surpreso de para o marquês de Hamilton diante dela com uma singela caixinha de joias de presente, foi o ápice da manhã na casa dos Sollary. E quem diria que um dote de 200 mil libras compraria o mais crítico dos nobres de Londres. Estou ainda mais curiosa pelo desenrolar dessa história. E vós, caros leitores? O que acham disso?
— Senhorita Sollary. — o marquês fez uma breve reverência, assim que os outros foram conduzidos até a porta pelo mordomo Park — Senhor Sollary, é uma honra ser recebido em vossa casa.
— Agradeço a visita e pelo presente. — assim que o senhor Sollary assentiu com o olhar, Moore pegou a caixinha das mãos do homem e a entregou para a primogênita.
sorriu para a mulher e pegou a caixinha, abrindo-a em seguida. Dentro continha um par de brincos de diamantes, o que impressionou a todos na sala de visitas da casa.
— Agradeço lord Magnus, é muito bonito. — disse ela um pouco vergonhosa pelo presente.
— Confesso que estou curioso para conhecê-la senhorita, o vosso olhar é encantador. — disse ele, mantendo um tom suave e espontâneo na voz.
As irmãs de entraram em cochichos pela cena diante delas, empolgando-se pela irmã ter atraído um marquês sem o menor esforço.
— Devemos oferecer-lhe chá com biscoitos?! — disse Rose, tentando não se mostrar afoita pela ocasião.
— Rose?! — em um sussurro repreendendo-a, o olhar de voltou-se para a irmã.
— Vossa irmã nos deu uma boa ideia. — o senhor Sollary voltou o olhar para o homem à sua frente — Aceitas biscoitos lord Magnus?
— Não desejo incomodar lhes, mas se isso significa mais tempo a presença de vossa filha, aceito o convite.
Intrigante.
É a única palavra que me vem à mente.
Seguindo para outro lugar, após rejeitar a praticamente todos os nobres que visitaram a irmã, se trancou no escritório da casa dos Bridgertons. Boatos de constantes visitas à casa dos Sollary logo pela manhã, havia lhe deixado irritado de uma forma inexplicável. E com isso, um gatilho para colocar em prática seu plano de manter o irmão distraído. Com um pedido desesperado para a tia, seguiu na companhia de sua criada pessoal Judith em direção a loja da modista.
— Senhorita Bridgerton, que surpresa em vê-la aqui, acabo de lhe fazer dois vestidos. — comentou a mademoiselle Tatou, com o olhar curioso.
— Desta vez mademoiselle, a encomenda não é para mim. — disse a jovem determinada — Sei que possui as medidas de todas as donzelas da cidade e principalmente da casa Sollary.
— Sim, e qual o propósito de vossas palavras? — perguntou a modista interessada na história.
— Bem, meu irmão é um tanto tímido e não saberia lidar com tal situação, então estou aqui para encomendar um vestido em seu nome para a senhorita . — explicou , com clareza.
— Hum… Entendo, e há uma urgência neste pedido? — indagou ela.
— Sim, gostaria que fosse o mais rápido possível e seu melhor modelo, e que junto, entregue esta carta, por favor. — respondeu , esticando a mão que segurava a carta — É de suma importância que ela saiba que é um presente de lord Bridgerton.
Mademoiselle Tatou assentiu mantendo a discrição. O primeiro passo havia sido dado. E nossa pérola não deixaria a oportunidade passar.
--
Alguns dias passaram, com mais e mais nobres a visitar a casa dos Sollary.
O que me recheava de boatos para saborear. O frescor do final de uma tarde calorosa era tudo que nossa sociedade londrina desejava. Em sua carruagem a família Bridgerton seguia para um jantar na casa do marquês, lord Brook, em comemoração ao vosso aniversário.
— Ainda não entendo o motivo de aceitarmos tal convite, não somos da família e o acho um homem asqueroso. — fez uma careta.
— Querida, ele em pessoa convidou o vosso irmão e terão outros nobres nesta recepção. — explicou lady Violet — Então, mantenha um sorriso no rosto, precisas continuar encantadora.
— Infelizmente com todas as rejeições de meu irmão, até mesmo Lady Lewis tem colocado em dúvida as palavras de vossa majestade sobre mim, a culpa é toda vossa, . — suas palavras transbordavam irritação.
— Apenas estou a proteger-te de um futuro descontente. — assegurou ele.
bufou de leve e voltou o olhar para a janela. Ao chegarem ao palacete de lord Brook, foram recebidos por vosso anfitrião que mostrou-se animado pela presença de . Ela por sua vez não esboçou reação nenhuma, apenas manteve o olhar desinteressado em seus elogios.
Confesso que recepções assim são minhas favoritas, principalmente quando todas as pessoas interessantes estão presentes. Uma dela é nosso príncipe libertino com seus guardas reais, que sempre o perdia de vista. E fora numa dessas escapadas que avistou uma bela paisagem a observar as estrelas no jardim lateral do lugar. Nada mais, nada menos que Bridgerton, após conseguir fugir dos assuntos entediantes do vosso anfitrião.
— Sozinha em um jardim não é uma boa referência a uma donzela. — comentou ao se aproximar dela.
— Invadir a privacidade alheia também não é uma boa referência a um príncipe. — ela voltou o olhar para ele — Vossa alteza não deverias estar sob o olhar dos guardas reais?
Ele sorriu de canto, totalmente surpreso pelas palavras da garota.
— Todos precisam de um pouco de ar, quando se sentem sufocados. — argumentou ele.
— Infelizmente, devo concordar com vossa alteza. — ela bufou de leve e voltou a olhar o horizonte.
— Estou curioso para saber o que a sufocou esta noite. — comentou ele, mantendo uma distância significativa — No baile de lady Danbury estava mais radiante e determinada a ser vista por todos.
— Vossa alteza estava a me vigiar? — ela o olhou intrigada.
— Após ser apresentado a quase todas as senhoritas do baile, não pude deixar de me intrigar por não tê-la se apresentado a mim. — respondeu ele.
— E achas que tenho ambições em casar-me com um príncipe? — ela cruzou os braços, admirada por aquilo.
— Sempre achei que fosse o sonho de qualquer donzela. — explicou ele.
— Pois saiba vossa alteza, me meus planos para o futuro passam bem distantes de um casamento com um príncipe de tal fama. — disse ela, segura de suas palavras.
— E no entanto, nem mesmo um vislumbre de casamento tens, a não ser que o pretendente seja lord Brook. — supôs ele, rindo baixo — Estarias inclinada a casar-se com um marquês como ele?
— O que vossa alteza tens de interesse nisso? — contra perguntou ela, se irritando.
— Nada, apenas curioso, já que correm boatos que vosso irmão tem rejeitado todas as propostas de casamento que recebeu. — o príncipe manteve um sorriso de deboche escondido no canto do rosto.
— Meu irmão apenas considera o que é melhor para mim, afinal após as palavras de vossa majestade, a própria Lady Lewis concordou ao me colocar como uma pérola rara que nenhum homem jamais sequer imaginou tocar. — retrucou ela.
As palavras de bateram forte no orgulho do homem à sua frente. Despertando-se ainda mais interesse. Quem seria tal senhorita a sua frente, que não se deixa seduzir por sua coroa de príncipe?
sentiu o coração pulsar mais forte.
— Suas palavras me impressionam, mas o fato é que todos têm desistido de obter a chance de tocá-la graças ao vosso irmão. — contra argumento ele — E sejamos honestos, quem desejaria possuir uma pérola quando se pode ter um diamante bruto?
tocou no ponto exato. Era uma realidade que mantinha subjetivamente dividindo todos os olhares com . E isso a fazia temer por seu plano, pois o presente do vosso irmão ainda não lhe fora entregue, entretanto a esperança continuava e a Bridgerton não se deixaria abater pelas palavras dele.
— O que desejas vossa alteza?! — perguntou ela.
— Vós! — disse ele, num tom mais baixo.
— O que?! — ela se assustou com tal resposta.
— Desejo que me ajude. — explicou ele, melhor — Há alguns dias venho pensando sobre isso, és a única que não me olhas com ambição e já deixaste bem claro vossa posição…
— E o que isso tem a ver com o fato que querer minha ajuda? — perguntou ela.
— Precisas voltar a ser o centro das atenções e desejada por todos os nobres, e eu preciso me livrar das mães que me oferecem vossas filhas como um objeto de arte, além de mostrar a vossa majestade que estou levando a sério a ideia de um casamento. — ele continuou com sua linha de raciocínio — Podemos fingir que estou a cortejar-te, assim voltas a ser a pérola desejada, neste tempo eu terei algum momentos de paz e posso lhe ajudar a encontrar o melhor marido que podes ter. O que acha?
— E quando eu encontrar o tal pretendente, o que fará? — perguntou ela, curiosa pela sua habilidade em planejar tal situação.
— Direi a vossa majestade que estou sofrendo e que o amor não é para mim, então posso me recolher longe de Londres para curar meu coração e ganhar mais tempo. — suas palavras faziam parecer fácil seu plano — Então, temos um acordo?
Ele esticou a mão para que ela apertasse.
O olhar de tinha uma ponta incomum de intensidade, que causava estranheza interna em . Ela estava temerosa que tal acordo pudesse prejudicá-la ao invés de ajudar. Entretanto, pensando bem, ter um príncipe interessado em sua pessoa, poderia elevar ainda mais seu nível de exigência para um bom marido.
Sim ou não, qual será a vossa resposta?
Lady Lewis
"Someone call the doctor."
- Overdose / EXO
V. E os planos continuam
A vida é cheia de decisões a serem feitas. Quando acordamos, temos que decidir por nos levantar ou permanecer deitado. Ao longo do dia várias questões se colocam diante de nós com apenas uma opção a escolher. E chegara o momento em que uma escolha deve ser tomada pela Bridgerton. Aceitar ou recusar a oferta do príncipe libertino.
— Então?! — insistiu ele, mantendo sua mão esticada.
por um curto espaço de tempo, analisou todos os prós e contras daquela proposta, e por um leve surto interno proveniente das atitudes do irmão, ela esticou sua mão e apertou a do príncipe.
— Somente para encontrar o pretendente ideal para mim. — frizou ela, suas condições — Nada além disso, e terá que agir como se realmente estivesse a me cortejar, para que todos acreditem.
— Como quiser, senhorita Bridgerton. — assentiu ele, mantendo um olhar curioso para ela.
— Desejo-lhe sorte para quando enfrentar meu irmão, pois tenho certeza de que ele não irá aceitar nenhum pouco. — ela soltou sua mão e se afastou dele — Devo retornar, antes que alguém nos veja aqui.
— Mal posso esperar para colocar em prática nosso acordo. — disse ele.
não esboçou nenhuma reação de expectativa ou ansiedade, pelo contrário, se mostrou totalmente desinteressada. Ela reverenciou sutilmente e retornou para o interior da casa, assim que passou pela porta, esbarrou em vossa graça o duque de Whosis.
— Perdoe-me, vossa graça. — disse ela, no susto, em um tom mais baixo.
Estava parcialmente temerosa. Talvez ele tivesse visto-a com o príncipe, talvez não. Para seria uma desonra se tal boato fosse pronunciado, principalmente por mim, Lady Lewis. Mas é claro que no meio desse turbilhão de acontecimentos, o que mais desejo é ver tudo dando certo no final para minhas três pedras preciosas. O raro diamante bruto, ; a desejável pérola intocável, ; e o sublime rubi inesperado, que ressurgiu das cinzas como uma fênix, .
— Aconselho a senhorita, que deves ficar longe de possíveis problemas. — disse o duque, sabendo muito bem a quem se referia — Algumas pessoas podem interpretar mal aquilo que está diante dos olhos.
sentiu um frio passar por seu corpo. Estaria ele falando de vossa alteza? Eu não duvido nenhum pouco.
— , irmã, estava a te procurar. — se aproximou de ambos, com um olhar desconfiado — Vossa graça.
— Lord Bridgerton. — fez um leve aceno com o olhar para ele.
— Algum problema aqui?! — voltou o olhar para sua irmã.
— Não irmão, apenas estava tomando um ar, quando retornei para dentro e meu caminho se cruzou com o de vossa graça. — respondeu ela, com um tom sereno e moderado.
— Whosis. — o som da voz do príncipe logo atrás deles, fez com que o coração de acelerasse um pouco — Estava a te procurar meu amigo.
— Agora me encontrou. — o olhar sério de se voltou para o amigo.
— Lord Bridgerton, senhorita Bridgerton. — o príncipe agiu com naturalidade, para que nenhum dos dois desconfiasse de sua aproximação com a jovem.
Agir assim em meio a situações comprometedoras era uma habilidade invejável de vossa alteza.
— Vossa alteza. — fez uma breve reverência com a face, juntamente com sua irmã — Vamos irmã?!
— Sim. — assentiu ela, e antes que se afastasse mais, olhou para e sorriu gentilmente — Agradeço a vossa graça, pelo conselho.
assentiu com o olhar e permaneceu em silêncio.
— Que conselho recebeste do duque? — perguntou , ao se afastarem mais dos cavalheiros.
— Não contarei. — respondeu ela, sorrindo de canto.
— E porque não? És minha irmã, não deveria haver segredos entre nós. — questionou ele, intrigado.
— Como se me contasse todas as conversas que participou em sua ida ao clube. — retrucou ela, segurando o riso.
— Há conversas entre cavalheiros que uma dama não deve saber. — explicou ele.
soltou uma risada ponderada e manteve o olhar para frente. Enquanto seguiam pelo salão em direção a sua tia.
— Desculpe-me irmão, mas este é um assunto que jamais saberá. — relatou ela, não se importando com a curiosidade alheia.
Logo o olhar de , avistou , que se mantinha acompanhada de suas irmãs gêmeas. A família Sollary também haviam sido convidados a tal jantar de aniversário do lord Brook. Se afastando sorrateiramente de vosso irmão, que fora preso em uma conversa obstinada com o insistente anfitrião. A Bridgerton caçula se aproximou da primogênita, a fim de obter informações.
— Um prazer vê-la novamente, senhorita Sollary. — disse ela, abrindo um sorriso singelo.
— Senhorita Bridgerton, não é?! — puxou em sua memória o nome associado ao rosto da jovem à sua frente.
— Sim, por favor, pode me chamar de , não precisamos ser tão formais assim, estamos na mesma situação aqui. — disse ela, num tom suave e gentil.
— E que situação seria?! — perguntou Lily que estava ao lado da irmã, com um olhar curioso e intrigado.
— A de uma donzela esperançosa e aflita com exigências de nossa família a realizar um bom casamento. — explicou — Ou haveria alguma outra situação?
— Creio que não. — a primogênita Sollary riu baixo — Podes me chamar de também, e confesso que minhas preocupações realmente são essas.
— . — sussurrou .
— Estas são minhas irmãs Lily e Camellia. — apresentou , e apontando de leve — A que está acompanhando meu pai ali é Rose, e Daisy certamente está perdida perto da mesa de doces.
— Com certeza ela está na mesa de doces. — comentou Camellia.
— A gente podia ir até ela. — sugeriu Lily com um olhar sapeca.
— Não me vão irritar a Daisy e arrumar confusão, não podemos envergonhar nosso pai. — as repreendeu de imediato.
— Não se preocupe irmã, não faremos nada que vá comprometer o nome de nossa família e atrapalhar seu futuro casamento com lord Magnus. — disse Lily já se afastando e puxando Camellia consigo.
Lord Magnus?! O marquês?! Foi o pensamento que veio sobre a mente de , seguido de uma paralisia mental repentina. Ela não queria acreditar que seu plano que mal havia iniciado, corria riscos de ser frustrado.
— Não deixei de atentar às palavras de sua irmã, perdoe-me a indiscrição, mas está a ser cortejada pelo lord Magnus? — perguntou .
— Bem, ele tem feito muitas visitas para o chá da tarde. — respondeu de forma subjetiva.
— Estás a gostar dele?! — a Bridgerton não conseguia controlar sua curiosidade.
— Haveria algum interesse da senhorita em lord Magnus, para este tipo de indagação? — respondeu com outra pergunta.
se viu sem reação. Mas pensando com mais cuidado.
— Bem, só uma indagação, atualmente eu já estou sendo cortejada. — respondeu ela, se beneficiando levemente do acordo com o príncipe — Só não posso dizer quem é, não antes do cavalheiro em questão conversar com meu irmão.
— Ah… Desejo-lhe sorte então. — sorriu gentilmente e voltou sua atenção para frente.
Logo seu olhar cruzou com o de lord Bridgerton. Que indiscutivelmente não conseguia parar de olhá-la. Por dias tentava entender o que acontecia internamente consigo. Quanto mais ele tentava focar seus pensamentos, mais a imagem do sorriso da senhorita Sollary invadia sua mente.
— Sou curiosa sobre o vestido assassinado pela limonada. — brincou com suas palavras — Devo imaginar que foi perda total?!
— Sim, a criada tentou recuperá-lo, mas a seda realmente não resistiu. — explicou num tom mais baixo — Mas está tudo bem, era somente mais um vestido e o que importa é que não me machuquei.
— Gostaria de lhe convidar para um chá no sábado pela manhã, como um pedido formal de desculpas. — ofereceu , com um olhar amigável — E não aceito vossa recusa.
— Bem, isso me deixou um tanto surpresa, mas aceitarei de bom grado. — assentiu a jovem Sollary, não tendo outra escolha.
Uma peculiar conversa deu início entre as duas damas, que em poucos minutos sentiram certa afinidade em alguns pensamentos sobre o futuro de suas vidas. Intrigante como uma amizade pode nascer nos momentos mais inesperados.
--
Do outro lado da sala, nosso libertino favorito mantinha uma conversa cordial e interessante com vossa graça. O duque por si estava preocupado com as constantes abordagens das mães londrinas ao seu amigo, principalmente após vê-lo tão próximo de nossa pérola no jardim.
— Deverias ser mais cuidadoso. — disse ele ao amigo.
— Falas do que agora? — voltou seu olhar para ele, confuso por aquelas palavras — Juro que estou me comportando.
— Estar no jardim com uma senhorita sozinho é se comportar?! — o duque manteve o olhar sério para ele.
— Oh, você nos viu? Eu juro que não foi proposital amigo. — tratou de se explicar — Foi algo como, lugar errado e hora errada.
— Não consigo confiar em suas palavras. — colocou a mão nos bolsos da calça, voltando o olhar para lord Brook que se aproximava de Bridgerton — Seus atos podem prejudicá-la.
— Imagine se Lady Lewis menciona algo sobre a pérola intocável estar sendo cortejada pelo príncipe libertino. — ele soltou uma gargalhada boba.
— Estou a falar sério. — reforçou .
— Eu também meu amigo. — deixou seu olhar um pouco mais sério — Estou a considerar uma corte a senhorita Bridgerton. É de boa família, uma nobre impecável e de beleza rara também, se devo escolher uma dentre muitas, porque não ela?
— Porque ela?! — indagou o duque.
— Pensando logicamente, vamos por eliminação. — disse ele, iniciando sua linha de raciocínio — Apenas três donzelas chamaram a atenção de vossa majestade, descartamos o diamante bruto da burguesia, pois um príncipe só pode se casar com alguém na nobreza, o rubi inesperado nem mesmo um dote deve possuir, e não quero ter que lidar com as dívidas do lord Bourbon, o que me resta? A pérola intocável.
soltou um suspiro cansado ao ouvi-lo.
— Ficarei de olho em vós meu amigo, podes ser da realeza, mas não deixarei que brinque com os sentimentos dessa moça. — advertiu o duque num tom mais firme.
— Fique tranquilo meu amigo, se há algo que não pretendo, é brincar com os sentimentos da senhorita Bridgerton. — assegurou o libertino, dando um sorriso de canto — Mas e quanto a vós? Já se inclinou para algumas das donzelas nesse salão?
— Não. — respondeu ele, porém com o olhar fixo em um ponto específico do lugar.
E qual seria esta coordenada geográfica? A lateral esquerda do grande salão, ao lado do pai e totalmente recolhida em seus pensamentos mantendo o olhar em um vaso de cristal que tinha ao lado. A senhorita Bourbon. Fora no mínimo intrigante que lord Brook tenha convidado o falido lord Bourbon, talvez pela amizade de longa data, que ambos tinham e por consideração o convite tenha chegado a eles. Mas ali estava mais uma vez o bom pai tentando encontrar um bom marido para sua graciosa filha.
— E para onde olhas tanto? — perguntou com sua curiosidade.
— Para lugar nenhum. — voltou o olhar para o amigo — Irás daqui novamente para o Palácio de Buckingham?
— Estava com a esperança de me abrigar em sua residência. — pediu o príncipe indiretamente — Não quero ter que proferir um relatório completo dos meus passos para vossa majestade antes de me recolher.
— Terá que enfrentá-la em algum momento meu amigo. — comentou .
— Quanto mais eu puder evitar, melhor. — ele sorriu de canto.
Mais à frente, lady Bridgerton observava sua sobrinha a conversar com a primogênita Sollary. Algo muito surpreendente para ela e preocupante também.
— É impressionante as coisas que Lady Lewis tem dito sobre vossa sobrinha. — comentou lady Danbury ao se aproximar de lady Violet.
— Sim, a classificou como a pérola intocável. — assentiu lady Violet — Acho que me sinto um pouco mais aliviada, lembrando-me de quando minha Daphne estava nesta mesma situação com Anthony a impedindo de escolher o melhor para ela, pelo menos Lady Lewis tem sido ponderada em suas classificações.
— Ah de concordar comigo que a classificação está correta, não consigo imaginar irmão mais protetor que seu sobrinho, lord Bridgerton. — lady Danbury riu de leve.
— Outra preocupação é esta super proteção, ele precisa se focar em escolher uma bela esposa, porém segue inclinado aos assuntos de sua irmã. — a tia Bridgerton soltou um suspiro cansado.
— Bem, quanto a isso posso lhe ajudar novamente. — o tom sinuoso soou na voz dela.
— O que sugere? — lady Violet voltou o olhar para a mulher.
— Bem, veja vossa graça, o duque Tenebrae. — ela voltou seu olhar para a direção de que ainda conversava com o príncipe — O conheço desde pequeno e sei o quanto foi difícil sua perda, nesta temporada haverá um casamento na casa de Whosis e vossa sobrinha podes vir a ser a noiva.
— Ainda não havia pensado sobre isso. — comentou lady Violet — Vossa graça é um homem tão silencioso e reclinado a não frequentar bailes da sociedade.
— Admito que seus pais o criaram como uma pessoa reservado e reclusa, mas tenho certeza que a doçura de vossa sobrinha podes quebrar qualquer gelo que tenha naquele coração frio. — insistiu lady Danbury — Posso afirmar que podemos aceitar um convite de jantar, tenho certeza que vosso cozinheiro deve saber preparar um bom pernil de carneiro ao molho de alcaparras.
— Pode acreditar que meu cozinheiro é cheio de especialidades. — assentiu a Bridgerton com o olhar esperançoso.
Há quem diga que quando um não quer, dois não brigam. Neste momento, há muitos que querem uma coisa, e outros que querem outra. Planos e acordos continuam rolando ao longo deste jantar. Uma lástima é que nenhum deles se aplica ao nosso anfitrião que insiste em demonstrar certo interesse em cortejar nossa preciosa Bridgerton. Mas será que o marquês, lord Brook, conseguirá competir com uma realeza na jogada?
Se aproximando da mesa de doces, que finalmente conseguira se afastar do pai, parou em frente a bandeja de Manjar Turco. Seu olho brilhou de leve por ver sua sobremesa favorita. Algo que havia definido quando finalmente a provara em um chá do solário de vossa majestade quando criança. Ela pegou um e mordiscou com delicadeza. Não se dando conta da aproximação de mais uma pessoa.
— Isso é gostoso?! — a voz de soou um pouco confusa em sua pergunta.
— Sim?! — voltou o olhar para ela, segurando a vergonha pelo momento.
— Isto seria uma resposta? Pois soou como uma pergunta. — comentou ao se aproximar delas, segurando o riso.
— Perdoe-me. — se encolheu com timidez — Sim, este é o doce mais gostoso que já comi.
— Hum. — manteve o olhar para a bandeja de manjar turco, pensando se arriscaria ou não experimentar tal doce.
— Eu particularmente não gosto, prefiro o tradicional muffin de chocolate. — comentou ao desviar o olhar para sua sobremesa favorita — Apesar de ser tradicionalmente servido na hora chá, me atrevo a comê-lo a qualquer momento do dia.
— Devo comentar que vosso olhar para a bandeja de muffins me assusta um pouco. — comentou rindo baixo.
— Estou a me perguntar se o marido que a desposar terá que disputar vossa atenção com algum muffin. — brincou , fazendo-as rir.
— Sinto-me admirada por vosso comentário. — riu mais um pouco — E por ser tão bem humorada.
manteve a suavidade no rosto e finalmente pegou um pedaço de manjar turco.
— Bem, não tenho costumes com doces, mas vendo o olhar de ambas para esta mesa, agora entendo o motivo de Daisy nunca sair de perto dela. — comentou a primogênita Sollary de forma descontraída.
— Um pouco de açúcar não faz mal a ninguém. — comentou , em sua coragem de manter-se conversando com as donzelas que se aproximaram dela — É o que faz seu dia não ser amargo.
— Devo concordar com a senhorita Bourbon. — disse — Principalmente em dias chuvosos ou no inverno.
— Ah, por favor, podes me chamar de , não precisas ser tão formal assim. — disse a jovem.
— . — a Bridgerton abriu um sorriso gentil para ela.
— Podes me chamar de . — disse a Sollary.
Elas olharam entre si e logo soltaram alguns risos ponderados, então voltaram a atenção para a mesa de doces a sua frente. E mais uma vez pego me surpresa com os acontecimentos deste não tão desastroso jantar. Agradeço ao lord Brook por proporcionar-me tal evento.
--
E um novo dia se inicia para nossas pedras preciosas.
Em seu quarto, manteve seus pensamentos distantes. Não conseguia parar de pensar nos constantes olhares de vossa graça. E sim, meus caros leitores, não fora somente eu quem reparou nisso. Mas também nosso rubi inesperado conseguiu sentir uma certa intensidade vindo do olhar de Tenebrae em sua direção. Estou a me consumir de curiosidade para saber os pensamentos do duque em relação a nossa lady falida.
Sua atenção fora despertada assim que a criada, a única que sobrara para servir vossa família, deu dois toques na porta e adentrou o quarto com uma carta nas mãos.
— Franchy, algum problema? — perguntou ela, olhando-a atentamente.
— Uma carta chegou para a senhorita. — disse a criada esticando o envelope.
assentiu ao pegar o envelope de sua mão e sorriu em agradecimento.
— E meu pai?! — perguntou ela.
— Saiu logo cedo, senhorita, não sei para onde. — respondeu prontamente.
— Agradeço franchy, não irei sair do meu quarto por agora, pode ir. — continuou ela.
A criada assentiu e se retirou do quarto, fechando a porta. ficou um pouco estática ao reconhecer o brasão da casa de Whosis no selo do envelope. Um frio passou por sua barriga, assim como o acelerar de vosso coração.
--
Outra manhã de surpresas se inicia na casa Sollary.
desfrutava de um café da manhã pomposo e divertido com os comentários de suas irmãs sobre o jantar da noite anterior. E as inúmeras gargalhadas de Daisy, provocadas pelos comentários das gêmeas, conseguiam ser ouvidas até por seu pai do escritório. Até mesmo Rose possuía seus comentários a serem feitos. E a maioria deles se resumiam em lord Magnus. Algo já notado por sua irmã mais velha.
E claro por mim também.
— Senhorita Sollary. — uma das criadas se aproximou da mesa de café no jardim.
— Sim?! — a olhou.
— Chegou uma encomenda para a senhorita, pedi ao entregador que a deixasse na sala. — explicou a criada — Não queria incomodar o vosso desjejum.
— Agradeço o cuidado, Constance. — se levantou — Terei que me ausentar meninas.
— E não irás sozinha. — disse Lily levantando-se junto — Estou curiosa para saber o que mandaram desta vez.
— Deixe de curiosidades Lily, certamente fora mais um presente de lord Magnus para ela. — comentou Rose, como se estivesse certa do que dizia.
— E se não for? — retrucou Camellia v Também quero saber.
— Andas mencionando muito o lord Magnus. — comentou Daisy, com um tom debochado — Acaso ambiciona roubar a corte de nossa irmã?
— Como ousas insinuar isso?! — Rose se mostrou ofendida pelas palavras da irmã.
— Não estou dizendo mais do que a realidade em que observo. — retrucou Daisy.
— Parem as duas. — elevou um pouco sua voz — Não estou em corte com lord Magnus, Daisy, nosso pai deu-me livres poderes de escolha e ainda não a fiz… O fato de receber presentes de tal cavalheiro não indica nada.
se afastou dela com o olhar sério e se dirigiu para a sala. Sendo seguida, claro, por suas irmãs curiosas. Ao chegar, se aproximou da impressionante caixa branca com um laço lilás. Um tanto grande para ser um simples presente. Ao abrir, se deparou com um deslumbrante vestido que fez até mesmo os olhos de suas irmãs brilharem.
— Será que este presente está mesmo a altura de lord Magnus?! — comentou Lily boquiaberta.
— é de seda, como aquele vosso que se perdeu. — disse Camellia ao alisar o tecido — E esta parece ser ainda mais nobre que a outra.
— Não acho que o marquês tenha bom gosto para presentear nossa irmã assim. — comentou Daisy.
De fato ela não havia simpatizado com tal homem.
— Tem um cartão. — disse Rose, ao pegar um envelope escondido no fundo da caixa, entre os papéis de embrulho.
— Abra e veja de quem é. — disse Lily, com extrema curiosidade.
— Verei sozinha em meus aposentos. — recolheu tudo e colocou novamente na caixa, então se retirou da presença de suas irmãs.
Assim que chegou em seu quarto, fechou devidamente a porta. Sentou em sua cama e olhou atentamente o envelope. O brasão da família Bridgerton estava sob o selo, que foi aberto com cuidado. Retirando a carta dentro, começou a ler.
“Sei que um simples vestido não estará à altura das desculpas que mereces. Menos ainda de vossa beleza que me encantou desde o primeiro momento. Mas aqui estou eu a enviar-te este singelo presente para que possa finalmente ter a minha mente em paz.
Mais uma vez, peço-lhe minhas mais sinceras desculpas.
Lord Bridgerton.”
Aqui temos mais uma pedra preciosa sem reação, e mais uma carta inesperada. Me inquieta pensar na realidade que não fora lord Bridgerton que escrevera e sim vossa irmã com seus planos em ação. Mas nossa dedicada não sabe disso, o que me motiva ainda mais em olhar com atenção para este possível casal.
Será que teremos o casamento de um Bridgerton com alguém da burguesia? Ou esta conquista será do marquês de Hamilton, lord Magnus?
Que as apostas comecem!
Lady Lewis
Mesmo com você na minha frente
Eu não sei o que fazer
Para as pessoas que estão apaixonadas
Por favor, me diga como você começou a amar.
- Hello / SHINee
VI. Jantar e Desafios
Se existe uma coisa que traz esperança a um soldado em meio a guerra, é receber a carta da pessoa amada. Ler as palavras de encorajamento e apoio, forma uma barreira invisível de construção que fortalece a esperança do indivíduo.
Nossas pedras preciosas não são soldados, mas a guerra que elas travam contra o tempo e a pressão da sociedade, produz basicamente o mesmo desespero sutil, de como se estivesse em um campo de guerra. E assim estava com seu coração acelerado segurando o envelope sem a coragem de abri-lo. Qual o motivo para vossa graça lhe enviar uma carta? Era a pergunta que lhe martelava a cabeça. Não a condeno, meu caros leitores, pois assim como o nosso rubi inesperado, eu também me perguntou qual seria a motivação de Tenebrae para tal ato.
— Céus… O que faço? — perguntou para si mesmo, sentindo o corpo trêmulo.
Com cuidado, ela rompeu o selo e abriu o envelope, retirando a carta que havia dentro. Desdobrando o papel, respirou fundo para começar a leitura.
“Senhorita Bourbon,
Venho por este dizer que senti-me aliviado por tê-la visto melhor na noite anterior. Segui estes dias preocupado com vossa condição física devido ao acidente passado.
Para ser honesto, nem mesmo sei o motivo de estar lhe escrevendo esta carta, nem se fará alguma importância para a senhorita.
Espero que continue bem e saudável.
Tenebrae
duque de Whosis.”
Assim que terminou de ler, pode perceber que a letra do duque estava um pouco trêmula nas últimas linhas. Será que somente naquele momento estaria ele se atentando ao que redigia na carta? Sendo o não, o fato é que vossa graça foi até o final e o envelope com seu selo chegou às mãos do nosso rubi.
— Porque meu coração está acelerado?! — a jovem se perguntou — É somente uma carta, que não significa muita coisa.
Seu destino parecia até então incerto. Por mais que participasse de bailes com vosso pai, nenhum cavalheiro se aproximou dela, nem mesmo uma visita para o chá. Como se o elogio de vossa majestade em sua apresentação fosse ignorado e abafado, pelas dívidas e má administração financeira do seu pai. Se havia uma coisa que poderia tirar de positivo de tudo aquilo, foi a inesperada amizade que desenvolveu na última noite com as outras pedras preciosas. Quem diria que um assunto relativamente insignificante como doces e sobremesas, seria um gancho para a aproximação de nossas meninas?! Estou mais do que ansiosa pelo chá da tarde de sábado.
--
Mas antes disso, temos um jantar para organizar e um duque para impressionar.
Nossas casamenteiras seguiam com o plano a todo vapor e lady Danbury teve o prazer de convocar vossa graça para comparecer à casa dos Bridgertons na sexta à noite. O que não fora tão difícil assim, já que tinha um profundo respeito por ela. Entretanto, em todo plano há alguns riscos e mais, chances de imprevistos acontecerem e foi o que aconteceu naquela noite.
— Bem-vindo vossa graça. — lady Violet fez uma breve reverência assim que o convidado especial fora anunciado e se pôs diante dos anfitriões.
Em segundos o mordomo anunciou outra pessoa, um tanto quanto inesperada.
— Vossa alteza?! — disse , vendo o príncipe se apresentar, colocando-se ao lado do amigo com um sorriso presunçoso no rosto.
— Bem-vindo também, vossa alteza. — lady Violet, deu um sorriso de surpresa — É uma honra tê-lo em nossa casa, e muito inesperado também.
— Perdoem-me por tê-lo trago comigo, vossa alteza tem estado hospedado em minha casa e como um bom anfitrião, não poderia… — parecia escolher bem as palavras em sua mente.
— Não tem o que se desculpar, vossa graça. — disse lady Violet, mantendo o sorriso no rosto — é uma honra tê-los aqui nesta noite.
— Boa noite. — disse ao adentrar a sala de visitas, com um sorriso mimoso — Vossa graça, vossa alteza.
A doce Bridgerton havia combinado com vossa tia, em entrada singela após a chegada do convidado. Assim poderia deixá-lo mais instigado. Porém, o que a jovem não contava era com a presença do príncipe de última hora. Claro que ela ainda não havia se atentado para as intenções de sua tia com o convite de jantar para vossa graça. Mas se levar em conta o inoportuno interesse do marquês lord Brook em sua pessoa, ela estava grata por ser o duque o convidado da noite.
Para , poderia ser mais tolerável se casar com Whosis, mesmo com o fantasma de sua falecida podendo assombrá-la. Pois pior, seria ter que encarar um homem quinze anos mais velho que ela e totalmente asqueroso a seu ver.
Ao sinal do cozinheiro, lord Bridgerton como o atual homem da casa, conduziu todos para a sala de jantar. Assentados à mesa, fora colocada propositalmente pela tia ao lado de vossa graça, com o príncipe assentado na cadeira de frente para ela. não se conteve em observar os inúmeros olhares da realeza para a sua irmã. Olharem esses seguidos de expressões claras de ciúmes, sempre que se dirigia a vossa graça com um sorriso delicado.
— Então vossa graça, ouvi dizer que seu palacete em Whosis está em reforma. — comentou , puxando assunto.
Talvez ele também tivesse despertado um certo interesse em permitir uma corte entre sua irmã e vossa graça. Como é vantajoso ter bons antecedentes. Não é, meus leitores?! A reputação de nosso Tenebrae era de invejar qualquer homem da nobreza londrina. Íntegro, sincero, responsável e um tanto quanto misterioso também. Devo admitir que esta última qualidade é a que mais desperta entre as donzelas o interesse e atração. Não só nelas, como também em vossa autora, que vos escreve.
— Tenho aproveitado a temporada em Londres para isso, logo a casa de Whosis terá uma nova senhora, e deve estar apresentável para isso. — respondeu ele.
— Então vossa graça pretende mesmo desposar uma donzela nesta temporada? — voltou seu olhar interessado para ele.
O que deixou um pouco desconfortável em sua cadeira. Afinal, a Bridgerton mal havia aceitado vossa proposta e já estava a se interessar por vosso amigo. Seu olhar se voltou cruzado para o duque, que devolveu com um olhar sereno e tranquilo.
— Devo honrar o nome dos meus pais, senhorita Bridgerton. — o duque voltou o olhar para ela, permanecendo sério — Mas não sou o único a me casar até o final desta estação.
— Ah sim, lembro-me bem do anúncio de vossa majestade. — comentou lady Violet — Vossa alteza também está a procura de um bom casamento.
— Não acredito que vossa alteza com um espírito livre tenha mesmo a intenção de tal coisa. — disse , soando com espontaneidade.
— Talvez por não ter ainda encontrado uma donzela que paralise meus pensamentos. — retrucou o príncipe — Não até agora.
Ele fixou mais seu olhar em , deixando-a constrangida.
— Mas não sou o único que procuro por um amor que proporcione intensidade a vida. — ele olhou para — Soube pelo jornal de Lady Lewis que também está com planos de casar-se, lord Bridgerton.
— As pessoas tem dado muitos ouvidos para o que esta pessoa dia. — retrucou .
— Bem, ainda assim, é um tanto impressionante as palavras que ela menciona em seu jornal, parece nos conhecer melhor que nós mesmos. — disse , olhando discretamente para vossa alteza — Confesso que tenho minhas curiosidades para saber quem é ela.
— Tens certeza de que é uma mulher?! — perguntou curioso pelas percepções dela sobre o assunto.
— E vossa graça não?! — o olhou — A forma em que ela escreve sobre as pessoas, certamente é como os olhos femininos enxergam a sociedade.
— Bom, da última vez que alguém começou a contar sobre a vida de todos da nossa Londres, conseguimos descobrir a verdade por trás de lady Whistledown. — comentou — Então é questão de tempo para que a rainha ofereça novamente uma boa quantia para que revelem mais essa identidade.
— Não acho que Lady Lewis fará tal coisa, nem por todas as joias da coroa. — retrucou , rindo baixo.
— E porque tem tanta convicção? Por acaso és a Lady Lewis?! — perguntou , olhando-a com atenção.
— Não acho que minha irmã tenha tempo para vigiar a vida dos outros e sair escrevendo sobre as pessoas. — a defendeu, prontamente.
Entretanto, a jovem já tinha sua resposta na ponta da língua.
— Acredite vossa alteza, se eu fosse Lady Lewis, minhas palavras sobre o senhor não seriam tão sutis como são atualmente. — disse ela, com firmeza no que pronunciava — Mas quem sabe não possa ser uma de vossas irmãs mais novas, pois ela parece ser sua fã.
— Minhas irmãs também não dispõem de tempo para coisas fúteis como essa. — contra-argumentou ele.
— Ah, por favor, vamos deixar o assunto de Lady Lewis longe do nosso jantar, para não atrapalhar a digestão. — pediu lady Violet, num tom carismático, voltando seu olhar para o duque — O que achou do nosso cordeiro, vossa graça?
— Saboroso, lady Bridgerton, vosso cozinheiro realmente é muito habilidoso. — respondeu , mantendo-se sério como desde o início do jantar.
Tudo havia ocorrido razoavelmente bem. Na medida do possível é claro.
E mesmo com o imprevisto de vossa alteza, o duque se mostrou bastante agradecido pelo jantar. Claro que lady Bridgerton queria mais, ela queria uma reação positiva no olhar de vossa graça que me manteve todo o momento sereno e assustadoramente distante. Sendo conduzidos novamente para a sala de visitas, comentou sobre o notório talento de com as teclas do piano. O que resultou em um pedido irrecusável de , para que tocasse um soneto de Mozart para todos.
— Devo confessar que há muito não toco. — disse num tom baixo, desviando um olhar de reprovação para que o colocou naquela situação.
Assim que vossa graça começou a dedilhar as teclas do piano. O príncipe, com sua discrição, se aproximou sorrateiramente de , que se mantinha sentada em uma poltrona próximo a janela. Não há como negar que o duque tinha sim um certo charme, que acidentalmente chamou a atenção de nossa pérola. Mas quando um libertino está no jogo…
— Estou perplexo pela forma em que me trataste à mesa. — comentou , mantendo o tom baixo para que somente ela o ouvisse.
— Acho que podemos desfazer nosso acordo. — disse ela.
— Como assim?! — ele se mostrou confuso.
— Com a visita de vossa graça hoje, certamente haverá comentários de Lady Lewis que despertará a atenção de todos para mim novamente. — ela manteve seu olhar no homem que tocava o piano — Bem, devo agradecer-lhe por comparecer ao jantar, imaginar que eu possa estar sendo disputada por um duque e um príncipe, é mais do que imaginei.
— Então é isso?! Estais a cogitar a ideia de casar-se com Whosis? — indagou ele — Notei a forma como o olhou no jantar.
— Confesso que inicialmente não cogitava tal ideia, mas após o jantar na casa de lord Brook e ver que vossa graça se mostrou preocupado comigo, a ponto de não condenar-me por nos ver juntos, mas aconselhar-me a ter cautela… — se lembrou com clareza do olhar do duque para ela — É exatamente isso que espero em um cavalheiro.
— Preocupação?! — indagou o príncipe.
— Não. — respondeu ela — Eu espero segurança, proteção e amor.
— Achas que ele poderia te amar? Conheço o Tenebrae desde a infância, ele sempre teve os pensamentos voltados para sua falecida esposa. — argumentou ele, tentando manter o foco.
Por dentro estava mais do que raivoso pela mudança de planos da Bridgerton. E não era pelo fato dele voltar a ser abordado pelas mães desesperadas. Mas sim, pelo fato da pérola intocável ter a possibilidade de ser cortejada por outro homem.
— Bem, o amor se constrói com o tempo. — alegou ela.
Vossa alteza engoliu seco as palavras da jovem e se afastou, ao dar o último gole do vinho em sua taça.
A noite seguiu. Assim que ambos os convidados se retiraram para a casa de , passara todo o caminho em silêncio, e com o olhar distante do amigo. Algo que intrigou o duque.
— Posso entender os motivos de vosso silêncio?! — perguntou , assim que adentraram a casa.
— Não há nada para ser falado. — retirou o paletó e se dirigiu para a escada.
— Como se eu não vos conhecesse. — o duque riu — O que há com você meu amigo?
— Vais mesmo cortejar a Bridgerton? — perguntou , voltando o olhar para o amigo.
— Não achas que seria melhor para ela? — perguntou de volta.
— Melhor do que o que? — se mostrou impaciente pela subjetividade do amigo.
— Melhor do que um simples acordo com um príncipe libertino que pode brincar com vossos sentimentos. — foi mais claro e direto — Achas que não notei?!
— Então além de nos espionar, ouviu nossa conversa?! — bufou de leve — Vossa graça me impressiona, tal cavalheirismo, achas mesmo que podes fazê-la feliz.
— E você poderia? — colocou as mãos no bolso, mantendo o olhar sereno para o amigo — Pare de agir como se realmente estivesse com ciúmes da senhorita Bridgerton, nós dois sabemos que no meio da noite sairá desta casa e se encontrará com a vossa amante.
As palavras do duque foram como uma adaga no orgulho do príncipe.
— É isso que tens a oferecer a ela? Infidelidades após retirá-la de sua família e prometer amor eterno diante do bispo? — continuou Tenebrae, mantendo a seriedade de seus argumentos.
— Então achas que não posso ser um homem de uma só mulher? — o encarou de frente, sentia sua garganta queimar de raiva por aquilo.
— Prove-me, e terá minha permissão para cortejar a senhorita Bridgerton. — disse o duque, como sua palavra final.
— Não és o irmão dela. — confrontou vossa alteza.
— Bem, seja racional, entre um príncipe libertino e um duque de boa reputação, para quem achas que ele concederia a mão da irmã? — os argumentos de eram um fato irrevogável — Como eu disse, não deixarei que brinque com a senhorita Bridgerton, eu vos conheço muito bem para saber que ela sairia machucada dessa história.
Antes que o príncipe pudesse argumentar, se afastou seguindo para seu escritório.
— Desafio aceito, Whosis. — gritou o príncipe.
Mesmo que não soubesse o que realmente estava sentindo pela Bridgerton, havia um fato importantíssimo em questão. O olhar singelo e delicado dela estava lhe tirar o sono. Além do fato de vossa alteza odiar perder. Estaria nosso libertino se inclinando aos encantos sutis de nossa pérola intocável? E o que dizer de mais um protetor em sua vida? Confesso que nunca imaginei ouvir de vossa graça tais palavras. Será que ele realmente estaria decidido a casar-se com nossa , para que o príncipe não a fizesse sofrer?
Estou admirado por seu lado protetor vossa graça, porém ainda há muito para acontecer e só estamos no início da primavera. Ainda não me esqueci da inesperada a senhorita Bourbon.
Preparem suas xícaras de porcelana chinesa, pois o chá logo será servido.
Lady Lewis.
Por que eu preciso de você,
Mesmo sabendo que vou me machucar?
- I Need U / BTS
VII. Chá da Tarde
Dentre todas as obrigações de uma singela senhora casada, a que mais lhe agrada é receber convidados em sua casa. Seja para um vasto banquete para a aristocracia ou um simples encontro com as amigas.
E naquela tarde de sábado, nossa pérola intocável estava desfrutando do gosto de preparar um chá da tarde para suas duas novas amigas. Sim, meu caros leitores, vocês leram corretamente. Duas. Pois também havia enviado um convite formal para a doce , convidando-a para a ocasião. O coração de Bridgerton estava um tanto quanto ansioso, e olhar constantemente para o relógio havia se tornado notório para sua tia.
— Está muito nervosa . — disse lady Violet, impressionada com o estado da sobrinha.
— Minha tia, confesso que estou mesmo. — sentou no sofá contendo seus impulsos de olhar o relógio novamente — É minha primeira vez dando um chá para minhas amigas, apesar de serem somente duas, minha mente fervilha de preocupação. Não me esqueci de nada, não é?
— Claro que não, está tudo impecável. — disse a tia, dando um sorriso reconfortante — Tenho certeza que quando estiver em vossa casa, oferecerá recepções impecáveis.
— Só de imaginar, sinto minhas mãos trêmulas. — a jovem sorriu de leve e manteve o olhar para a porta.
Assim que o mordomo anunciou a chegada das visitas. se levantou para recebê-las. Um sorriso gentil no rosto e um olhar meigo para elas. Que adentraram o espaço observando toda a arquitetura ao seu redor. se mostrou mais tímida e acanhada, por seu jeito de ser. Já não se mostrou impressionada com o luxo da residência, afinal a sua era ainda mais estonteante e monumental.
— Sejam bem-vindas. — disse , esticando a mão para que sentassem.
— Agradecemos o convite. — se pronunciou, movendo seu olhar para — Não é?!
— Sim. — o rubi inesperado se sentou ao lado dela, assentando-se ao seu lado — Sua casa é muito bonita, lady Violet.
— Agradeço o elogio e deixarei as senhoritas à vontade. — a tia Bridgerton se afastou — Tenho uma visita para realizar a casa de lady Danbury.
Querida Violet Bridgerton, nós sabemos muito bem o teor da vossa visita. Entre planos e acordos, seu principal objetivo é realizar um bom casamento para sua sobrinha. Mas será que realmente vossa graça, o duque de Whosis é o cavalheiro ideal para tal papel? Ainda tenho minhas dúvidas.
— Estou feliz por terem vindo. — comentou — Conversamos tão pouco no jantar de lord Brook.
— Sim, se retirou cedo naquele dia. — olhou para a moça.
— Não estava me sentindo muito bem. — explicou ela.
De fato ainda não se sentia bem, entretanto o problema não era mais físico e sim sentimental. Por mais que não quisesse criar nenhuma expectativa sobre a carta de vossa graça, seus impulsos internos foram maiores e nosso rubi inesperado ousadamente escrevera uma carta resposta que acredito eu, estar sendo entregue ao duque neste exato momento.
O fato é, que isto ocorreu antes dela ler alguns de meus relatos sobre o jantar na casa do Bridgertons, envolvendo vossa graça e nosso libertino príncipe. Peço que não me culpem por relatar tal evento fechado, afinal, tem sido este o real motivo para o mal estar da senhorita Bourbon. Os inúmeros pensamentos negativos lhe tomara os pensamentos. Quem poderia competir com a pérola intocável, de família conceituada? Uma simples donzela de pai endividado?
— Estou sentindo um olhar curioso vindo de vós, . — comentou , após serem servidas pela criada — Há algo que queira perguntar?
— Bem, andei lendo sobre um jantar em vossa casa. — confessou , segurando o riso — Está a ser cortejada por quem? O duque ou o príncipe?
— Este é um segredo que em breve saberão, mas devo confessar que me impressionou as palavras de Lady Lewis sobre o assunto. — sorriu de leve.
— Espero que possa fazer um bom casamento, ambos parecem ser bons homens. — disse , controlando suas frustrações.
Mas é claro que um duque jamais olharia para alguém como eu. Pensou ela.
— Agradeço vossas palavras, minha amiga. — a olhou com gentileza — E vós? Soube que vosso pai lhe conseguiu uma corte.
— Conseguiu?! — a olhou também com curiosidade.
— Bem… Eu não sei exatamente quem é tal cavalheiro, meu pai apenas disse que há um nobre interessado em mim e que ambos estão discutindo sobre os trâmites, mas não mencionou o nome. — respondeu ela, se encolhendo um pouco.
Internamente seus devaneios de uma donzela desesperada a fizeram imaginar que pudesse ser Tenebrae. Fantasia essa que terminou após a leitura do meu jornal esta manhã.
— Hum… — começou a pensar — Quem poderá ser? Eu avistei vosso pai conversando com muitos nobres nos últimos eventos, descartamos o marquês de Hamilton por estar interessado em .
controlou seu olhar inconformado e continuou.
— O duque e vossa alteza também. — disse com segurança, por aparentemente estar sendo cortejada por ambos — Quem mais sobrou?
— Tem o sir Ulrich — comentou — Eu o vi a conversar com vosso pai, .
— Ele não é tão ruim assim. — acrescentou — Militares conseguem ser extremamente atraentes de farda.
Seu comentário fez as outras rirem envergonhadas juntamente com ela.
— Que não seja lord Brook. — disse num tom mais baixo — Tenho calafrios ao olhar para aquele homem.
— Não desejo tal senhor nem para minha pior inimiga. — concordou — Não podes de nenhuma forma, casar-se com um homem como aquele.
— Será que o lord Magnus não teria um amigo? — observou , projetando em sua mente algumas ideias — Posso perguntar a ele... E que tal promovermos um passeio entre casais?
— Uma excelente ideia, assim teríamos a oportunidade de conhecer melhor nossos pretendentes. — se empolgou um pouco — E ao mesmo tempo encontrar um bom cavalheiro para .
— Sim. — olhou para a amiga ao lado — Não vamos deixá-la passar por isso sozinha.
— Exato. — concordou .
— Nunca imaginei ter amigas tão maravilhosas como ambas. — sorriu com delicadeza — Mas… Há um problema.
— Qual? — disse e , juntas em coral.
— Se o encontro é de casais, acho que terá um problema por estar em um triângulo. — disse ela, num tom inocente.
Elas caíram em gargalhadas de imediato. No entanto, nosso rubi inesperado tinha razão em suas palavras.
— Então, quem escolheria ? — perguntou , ao pegar um dos biscoitos que fora servido.
tomou um gole do chá em sua xícara, pensativa na resposta. Por um lado sua opção mais segura seria a vossa graça, entretanto a sutil demonstração de ciúmes de vossa alteza lhe deixou um tanto quanto curiosa.
— Bem… Acho que convidaria o duque. — o som da sua voz soou de forma envergonhada, e talvez com traços de dúvida.
desviou o vosso olhar para a xícara de porcelana em sua mão. Disfarçando a tristeza, mas se esforçando para se sentir feliz pela amiga. Se havia uma pessoa que merecia ser tão feliz quando ela, seria as duas jovens que lhe acompanhara naquele chá. E por mais que não tivesse o privilégio de ter os olhares do duque de Whosis para ela, saber que eram de a deixava um pouco conformada.
— Mas vamos mudar o foco. — sentiu algo de estranho na amiga, então rapidamente desviou seu olhar para — Como tem sido as visitas de lord Magnus? Prometeu que me contaria tudo neste chá.
se sentiu um pouco constrangida pela insistência da amiga. Pobre diamante bruto, mal sabia ela que a amiga ainda tinha esperanças de transformá-la em sua cunhada. A Bridgerton não se dera por vencida, e queria saber as estratégias do inimigo para assim atacar da melhor forma possível.
— Ele é um cavalheiro… O que mais posso dizer? — deu uma mordiscada no restante do biscoito em sua mão.
— Detalhes , quero detalhes. — insistiu — Só cavalheiro não quer dizer nada.
— A princípio lord Magnus é um homem muito educado e pelas pesquisas de meu pai, é honrado e seu marquesado vem há mais de dez gerações, o que mostra que é de boa família. — explicou a moça — Eu confesso que não me importava em casar-me com alguém de minha classe, nunca ambicionei ter algum título de nobreza, mas meu pai…
— Bem, para vós é mais fácil , pelo dote que vosso pai ofereceu. — comentou , ao se servir de mais chá — Olhe para minha situação, até mesmo entre os nobres, a fortuna da família conta muito.
— Isso não há o que discutir. — concordou , ao se aproximar da mesa de centro — Deixe me servi-la adequadamente, . Preciso aprender a ser uma boa anfitriã.
— Posso lhe assegurar que é o melhor chá que já participei. — disse com sinceridade em suas palavras.
— Agradeço pela honestidade, confesso que estava ansiosa e nervosa pela vinda de ambas hoje. — disse , ao se sentar novamente — Temendo fazer algo errado.
— Estamos entre amigas, mas quero muito ser convidada quando casar-se com vossa graça. — brincou — Ou se tornar uma princesa.
Ela riram de leve.
Entretanto permaneceu pensativa. Até aquele momento a jovem não havia-se atentado para a profundidade que a palavra princesa representava. Ela apenas via como um libertino de tal fama e pouco respeito pela sua posição diante da coroa britânica.
Mais algumas conversas surgiram entre elas, até que e se despediram da amiga. A senhorita Bourbon seguiu para sua casa acompanhada da amiga, que lhe insistiu por levá-la em sua carruagem, que depois seguiu para a casa Sollary. Claro que nosso diamante bruto fora recebida por uma enxurrada de perguntas de vossas irmãs sobre a tarde que passara com as amigas.
Uma tarde refrescante e cheia de risos entre nossas lindas pedras preciosas. Algo que marcou o início de uma forte amizade. Mas me atento para o plano de Bridgerton e Sollary em favor da amiga, uma raridade encontrar pessoas assim que se preocupam com a felicidade alheia, mas a senhorita Bourbon havia tido essa sorte.
--
Um pouco distante dali, sendo servido de um legítimo vinho francês estava nosso príncipe libertino no clube dos nobres cavalheiros, entre conversas com os muitos senhores que se divertiam pelo lugar. Logo avistou uma cena que o deixou desconfortável. Lord Bridgerton em uma conversa aparentemente interessante com vossa graça, o duque.
— Cavalheiros, que surpresa vê-los aqui. — disse ao se aproximar dele, e puxar uma cadeira para se sentar.
— Vossa alteza. — o Bridgerton deu um leve aceno com a cabeça.
— Whosis. — o príncipe olhou para o amigo, ainda com seu desafio entalado na garganta — Não é de frequentar o clube, o que aconteceu?
— Bem, lord Bridgerton me convidou para uma conversa sobre a ascensão dos burgueses em nossa sociedade, deseja se juntar a nós, ou tal assunto não lhe agrada? — manteve o olhar sereno para o amigo, pois o conhecia muito bem.
— Agradeço o convite. — aceitou de bom grado — Deveríamos chamar o marquês de Hamilton também, já que ele anda frequentando muito a casa do senhor Sollary.
— Sabe de algo, vossa alteza? — perguntou , controlando seu interesse.
— Bem, só comentei os fatos relatados por Lady Lewis. — se explicou o homem — Mas aposto que nosso amigo está mais interessado no dote, apesar do diamante ser tão belo quanto a classificação que recebera.
— Acho indelicado a forma em que Lewis menciona as pessoas. — comentou o Bridgerton.
— É uma lástima que não aproves, acho subitamente divertida a forma em que ela escreve. — defendeu o príncipe.
— Achas que é uma mulher também? — perguntou .
— Bem, após a pontual avaliação da senhorita Bridgerton, tomei a liberdade de ler com mais atenção as palavras do jornal, devo admitir que um homem não teria tal olhar para tantos detalhes. — explicou .
— Interessante. — voltou o olhar para os cavalheiros que jogavam cartas na mesa adiante deles.
— Senhores, foi um prazer, mas preciso retornar para casa. — o Bridgerton se levantou da poltrona e olhou para o relógio de bolso — Acho que o chá de minha irmã deve ter finalizado.
— Um chá entre damas?! — perguntou curioso.
assentiu com a face e se afastou dele, seguindo seu caminho. O príncipe manteve o olhar no amigo, em sua mente fervia de perguntas sobre qual tipo de conversa realmente o duque havia mantido com lord Bridgerton antes de sua aproximação.
— Pare de tentar adivinhar e comece a agir como um cavalheiro de verdade. — se levantou da poltrona em que estava e o olhou sério — Não houve nenhum assunto sobre o jantar, menos ainda sobre a senhorita Bridgerton, mas saiba que depois daquela noite, não será comigo que deves se preocupar.
— Do que estás a falar?! — perguntou , com um olhar confuso.
— Soube que vosso primo, o marquês de Baux, está vindo para Londres. — respondeu — Me parece que há intenções de encontrar uma nobre inglesa para desposar.
— Não sabia de tal fato. — disse ele.
— Acho que deverias voltar para casa, e averiguar com vossa majestade. — se afastou do amigo seguindo para a saída.
O príncipe ajeitou o corpo na cadeira e controlou sua respiração. August Grimaldi não era somente um mero marquês ou seu primo distante, ele também era o príncipe de Mônaco. E como tal, na mesma posição social, havia uma grande rixa entre ambos que fazia tudo ficar ainda mais interessante.
Será que nosso triângulo verdadeiramente não é entre um duque e um príncipe, entretanto, entre duas altezas?
Mal posso esperar pelo cogitado passeio entre casais.
Lady Lewis.
Eu nunca me senti assim antes,
Como se minha respiração fosse parar.
- My Answer / EXO
VIII. Domingo ao ar Livre
Em um mundo cheio onde a Revolução Industrial vem a cada dia sendo uma mudança constante. Quando uma pequena peça indesejável cai dentro de máquina a vapor travando toda a sua engrenagem, o resultante desta equação é um colapso no sistema. E era exatamente assim que nosso libertino sentia ao receber a notícia da visita de vosso primo, o príncipe de Mônaco.
— Desejo alguns minutos com vossa majestade. — disse ao se apresentar diante da rainha.
— Olha só quem ainda está vivo. — o soar irônico da mulher assentada ao trono, deixava o ambiente mais tenso — Lembrou-se que tens uma casa?
— Por favor, majestade. — pediu ele, mantendo o olhar baixo.
— Não estou inclinada a aceitar vosso pedido, volte daqui alguns dias. — disse ela, mantendo o tom suave.
— Posso então pedir alguns minutos de atenção de uma mãe para um filho? — ele levantou seu olhar e a encarou.
A rainha respirou fundo, não sabia os motivos do filho, mas estava curiosa.
— Todos, deixe-nos a sós. — ordenou ela.
Assim que suas damas de companhia se retiraram com os demais criados, ela voltou o olhar atento para ele. Analisando todas as suas expressões.
— Diga agora, o que o trouxe a presença de sua mãe. — indagou ela.
— É verdade que Grimaldi esta vindo para Londres? — ele fora direto e preciso.
— Ah, então é por isso que está aqui. — ela soltou uma gargalhada maldosa, mantendo o tom ponderado — Está preocupado com a concorrência? Não será o único príncipe da estação.
— És a minha mãe, deveria ser mais condescendente comigo. — reclamou ele.
— Se fosse um filho de orgulhar o coração de uma mãe. — retrucou ela — Foi-me enviada uma carta direta de Mônaco, não pude recusar e vosso primo deve chegar em alguns dias.
se manteve em silêncio, irritado com tal confirmação.
— Eu vos conheço , se está tão nervoso pela vinda de August é porque está com medo de perder algo para ele. Ambos sempre foram assim desde pequenos, para provocar-lhe August conquistava tudo que lhe atraía o interesse. — a rainha começou a formular suas teorias em sua mente — Devo entender que tenhas uma donzela em mente que lhe tenha roubado os olhares?
— Não existe tal donzela. — disse ele, relutante consigo mesmo em admitir algo muito provável.
— Vou fingir que acredito, por saber sempre quando mente para mim. — ela sorriu de leve — Pois agora vejo que estás a mentir para si mesmo.
Vossa majestade mesmo em seus momentos extravagantes, tinha uma sutil sabedoria nos momentos precisos. Seu olhar clínico para o filho a deixava entender tudo o que ocorria com o jovem libertino. Algo que lhe deixou com um misto de preocupação e alívio.
se retirou da presença de sua mãe e seguiu em direção ao clube. Se sentia tão sufocado internamente que precisava de breves momentos de diversão. Assim que chegou fora servido por um dos funcionário e permanecendo um pouco distante, ficou observando alguns cavalheiros apostarem na mesa de cartas.
— Vossa alteza?! — a voz de Robert Magnus soou ao lado dele — Tem frequentado bastante o clube.
— Marquês, digo o mesmo de vós. — tomou um gole do vinho em sua taça — Veio jogar esta noite?
— Não, não jogo às segundas, apenas aos finais de semana. — contou o homem.
— Na vida não se perde em ter um pouco de controle. — comentou o príncipe — Veio ver a má sorte de alguns cavalheiros?
— Sim. — ele riu — Há um jogador que me deve e deu-me certeza de pagar tal dívida hoje.
— Bem, desejo-lhe sorte para que recebas. — ele voltou seu olhar para a mesa de jogos.
— Ouvi os boatos sobre vossa alteza estar interessado na senhorita Bridgerton. — comentou o marquês, entrando no assunto.
— As pessoas tem comentado muito coisa sobre mim ultimamente. — não deu importância àquilo.
— Então é verdade?! — o olhar curioso de Magnus se voltou para ele.
— Porque tanta curiosidade? — o olhou intrigado pela insistência do homem.
— Bem, sabes que estou a cortejar a senhorita Sollary. — iniciou ele, sua explicação.
— E o que isso tem relacionado a vossas indagações? — o príncipe continuou desconfiado do homem ao lado.
— A senhorita Sollary convidou-me inesperadamente para um passeio ao parque no próximo domingo, um passeio entre casais do qual a senhorita Bridgerton estará presente acompanhada do duque de Whosis. — contou o homem com um ar presunçoso.
controlou sua raiva momentânea e tomou o último gole em sua taça a deixando no móvel ao lado.
— Interessante, presumo que eu não deveria saber de tal passeio. — insinuou o príncipe — Afinal, é vosso amigo.
— Bem, achei que ele já havia mencionado isso a vós, alteza. — suas intenções não pareciam tão generosas assim, ainda mais se tratando dele — A senhorita Sollary me pediu para levar um amigo que pudesse apresentar a uma amiga e…
— Será um prazer participar. — o interrompeu.
— Vossa alteza fora a única pessoa que me veio a mente. — alegou ele — Já que Whosis já tem sua companhia.
— Agradeço a consideração, só gostaria que mantivesse a discrição até o encontro. — pediu ele.
--
Sete dias nunca passaram tão lentamente quanto naquela semana. E quanto mais se aproximava do momento planejado pelas pedras preciosas, mais o coração de se apertava. Nosso doce rubi não sentia-se pronto para ver o duque ao lado da amiga. E quanto mais a pobre donzela se forçava a não pensar em tal homem, mais a imagem de tocando vosso tornozelo lhe invadia a mente, deixando seu corpo em sensações de arrepios.
— . — o olhar de para a amiga, seguido de um sorriso a deixou mais reconfortante — Boa tarde.
— Boa tarde . — se encolheu um pouco e manteve o olhar baixo, ao perceber a presença de vossa graça ao lado da amiga — Boa tarde, vossa graça.
— Boa tarde, senhorita Bourbon. — a voz de soou como um sino para ela.
sentiu seu corpo estremecer de leve, segurando seus sentimentos reprimidos. Como poderia estar tão inclinada a um cavalheiro e tão pouco tempo, ainda mais sendo alguém tão inalcançável como vossa graça. Havia um toque de esperança para este coração aflito?
— não chegou ainda? — perguntou , olhando à sua volta, percebendo os olhares das pessoas para eles.
— Ainda não. — respondeu , tentando não olhá-los.
— Devemos esperá-los então. — olhou para o duque, que discretamente mantinha o olhar no rubi.
— Sim, não seria cordial iniciarmos nosso passeio já que marcamos com vossa amiga. — assentiu o duque.
Ambas assentiram. Felizmente não precisaram esperar tanto pela chegada do segundo casal. Entretanto, a surpresa de lord Magnus fora seu amigo acompanhante nosso príncipe libertino. Os olhos arregalados de , deram lugar a sua expressão boquiaberta, já sempre inexpressivo voltou o olhar para que na teoria, seria o par de naquele encontro. Por dentro, nosso duque sentiu um gosto amargo como se estivesse recebendo o troco de vossa alteza.
— Boa tarde, senhoritas e vossa graça. — disse o príncipe, dando um sorriso de canto presunçoso.
Ambos reverenciaram cordialmente e as jovens donzelas seguiram na frente. Todos surpresos com o acontecimento, recebendo mais olhares intrigados ainda. Estou curiosa para saber como este passeio ao final de uma tarde de domingo vai terminar. Afinal, nossos casais ainda não estão de fato definidos e há a ausência de um certo lord Bridgerton.
Que rufem os tambores, pois meus dedos estão ávidos a escrever mais este capítulo cheio de planos, acordos e paixões ocultas.
— , de onde vossa alteza surgiu em nosso encontro? — perguntou , sentindo seu coração acelerado, pelos olhares marcantes do príncipe para ela.
Ela demonstrou em seu olhar um pequena insatisfação, pois aquele dia havia sido preparado com tanto cuidado nos detalhes. Que agora se sentia frustrada por lord Magnus não ter convidado vosso irmão como sugeriu a . Claro que nossa pérola intocável estava planejando causar uma pequena distração e troca de casais para que vosso irmão tomasse o lugar do marquês e obtivesse o prazer de passar uma tarde com a Sollary.
E no final, não estaria em falta com Amélia já que lod Magnus também era um bom partido para ela, de boa família e várias poses.
— Eu juro que não sei o houve. — disse , num tom mais baixo para que os cavalheiros atrás não ouvissem — Eu pedi para que lord Magnus convidasse o lord Bridgerton, como indicou.
— Deverias ter convidado pessoalmente. — bufou de leve.
— Eu?! — se impressionou com as palavras da amiga — E o que vosso irmão iria pensar de mim? Sendo cortejada por um, enviando convites a outro?
— Meu irmão não pensaria tal coisa, pelo contrário, acharia curioso e viria. — retrucou — Estamos aqui para ajudar , e não para me deixar em uma situação estranha.
— Não se preocupem comigo, acho que já me conformei com o casamento às escuras que meu pai está a promover. — manteve o olhar baixo a todo momento, escondendo sua profunda tristeza.
— Não digas isso , vamos reverter esta situação, de alguma forma. — olhou para .
A Sollary por sua vez não entendeu tamanha revolta da amiga, por algo que ela não tinha culpa. Imprevistos acontecem e dizem que quem manda nessas situações é o destino. Que neste momento está mesmo pregando algumas peças na vida das três. A senhorita Bridgerton começou a pensar o que poderia fazer para ajudar a amiga e afastar lord Magnus de , se ao menos vosso irmão estivesse ali, poderia projetar um plano B para deixar tudo em ordem como imaginou inicialmente.
Meus caros leitores, ando impressionada com nossa casamenteira amadora. Será que ela conseguirá obter sucesso?
— Confesse que está surpreso com minha presença. — cochichou o príncipe para vossa graça.
— O que faz aqui ?! — perguntou ele.
— Fui convidado por um amigo e estou curioso para conhecer nosso rubi. — a voz dele soou com uma sutil ponta de malícia.
O que atraiu o olhar atravessado de , que parou para encará-lo.
— O que? Não me diga que não gostou da minha mudança de opinião. — manteve o olhar de confronto para o amigo — Apesar de não ser o melhor em administração, lord Bourbon ainda é um homem muito respeitado e sua filha se revelou ser tão bela quanto a mãe.
— Aonde quer chegar?! — reforçou , ardendo de raiva por dentro.
— Ser o sexto na linha de sucessão me dá vantagens que não ser obrigado a desposar uma princesa ou duquesa, acho que viscondessa seria uma boa ideia… — ele manteve o sorriso de canto.
pela primeira vez não mediu a consequência de seus atos, pela primeira vez agiu por impulso e sem pensar duas vezes, socou a cara de vossa alteza. Algo que chocou a todos os presentes no lugar. Até mesmo a mim. Vossa graça, como consegues guardar tamanha ousadia dentro de vós? Ando inquieta em descobrir vossos reais sentimentos por nossa delicada senhorita Bourbon. Quando finalmente voltou a si, notou os olhares assustados de para ele, o que o fez se sentir um tanto envergonhado por seus atos.
— Agora sei seu ponto fraco. — disse , rindo daquilo, ao sentir o gosto de sangue no canto da boca.
— Vossa alteza?! — se abaixou e tocou de leve o rosto do príncipe, então voltou seu olhar para o duque — Vossa graça?!
Em sua mente nossa pérola imaginava ser a causa de tamanho gesto de agressividade. Mal ela sabia que o verdadeiro motivo era sua aparente amiga rejeitada pelos nobres da sociedade.
— Deixe-me ajudá-lo. — disse lord Magnus ao se aproximar do príncipe.
— Perdoem-me por meus atos, preciso me retirar. — reverenciou com o olhar e se afastou deles com pressa.
— O que houve?! — perguntou , ainda perplexa com tal cena.
— Um desentendimento. — olhou para , mantendo o sorriso presunçoso.
Algo que a fez desaprovar com o olhar sério para ele.
— Bem, perdoem-me, mas este passeio também encerrou para mim. — ela se afastou deles, seguindo em direção ao duque que já estava a uma distância considerável.
— Acho melhor seguirmos para casa também. — aconselhou , voltando o olhar para lord Magnus — Poderias me levar?
— Claro, farei isso. — o marquês sorriu de leve e lhe deu o braço.
— , eu… — tentou se explicar.
— Não se preocupem, eu a levarei para casa, se me permitir é claro. — disse o príncipe sendo cordial.
— Agradeço, vossa alteza. — disse .
A senhorita Bourbon sabia que a vossa alteza não estava ali por ela, mas sim pela amiga, entretanto jamais negaria tal ato vindo dele. Talvez sendo vista em sua companhia poderia ser algo positivo para sua imagem que é somente lembrada pela falência financeira do pai. Cada casal seguiu para sua direção, e permaneceu por um tempo sem silêncio olhando fixamente para , que se sentiu envergonhada.
— Vossa alteza está a me constranger com o olhar. — confessou a moça, com o soar tímido da voz.
— Perdoe-me por tal indelicadeza de minha parte. — ele desviou o olhar para o lado.
— Sem problemas. — ela manteve o olhar curioso nele — Posso lhe fazer uma pergunta? Um tanto pessoal?
— Diga. — ele voltou a olhá-la.
— O senhor tem sentimentos pela senhorita Bridgerton? — indagou ela, extraindo do fundo sua ousadia.
— O que a faz pensar isso? — manteve a suavidade no olhar.
— A forma como a olha, é exatamente a mesma forma que meu pai olhava a minha mãe. — explicou ela.
— E como seria essa forma? — ele se viu curioso pela observação da moça.
— Uma mistura de encantamento e desejo. — revelou a Bourbon — É como uma mulher sempre espera ser olhada pelo marido, por isso eu acho que esteja apaixonado por ela.
— Para haver um casamento ambos devem estar apaixonados. — argumentou ele, de forma evasiva.
— Nem todos conseguem a sorte de casar com alguém que ama. — revelou a moça, se lembrando do arranjo do pai — Algumas estão a própria sorte de conseguir pelo menos um bom casamento.
— Tenho certeza que fará um bom casamento, senhorita Bourbon. — assegurou ele, com firmeza nas palavras.
— O senhor sabe de algo? — perguntou ela, se deixando ficar esperançosa.
— Apenas sei que não serei eu a desposá-la, mas tenho minhas convicções de quem seja. — ele voltou o olhar para frente e continuou a caminhar.
se mostrou pensativa e permaneceu em silêncio, sendo acompanhada por ele. Na mente dela, inúmeras perguntas e inseguranças surgiram a cada passo em direção à sua casa.
— Terei o prazer de vê-la no Vauxhall. — perguntou o príncipe.
— Não tenho certeza senhor. — respondeu ela — Não ando com disposições para os muitos eventos sociais que estão surgindo nesta temporada.
— Acredito que especialmente este devas comparecer e adiantado, lhe peço que me conceda a primeira dança. — pediu ele ao olhá-la.
— Vossa alteza, eu… — ela não sabia como reagir.
Afinal, seria sua primeira dança em toda a temporada e talvez a única.
— Quero lhe retribui o favor. — completou ele, de forma enigmática.
— Que favor?! — seu olhar ficou confuso.
Continuando a caminhar, o príncipe permaneceu em silêncio ocultando a explicação de suas palavras.
Vossa alteza, não é somente nosso rubi que está em curiosidades aqui! Será o que estou pensando?
Seguindo na direção oposta, estava vossa graça que fora alcançado pela senhorita Bridgerton, a deixando no portão de sua casa. Ele manteve-se ao longo do percurso com o pensamento distante e constante silêncio. Algo que a deixou intrigada e confusa, afinal se fosse por vossa causa, o duque não estaria tão frio assim. Então por quais motivos ele socaria o rosto de vossa alteza? Uma forte indagação surgiu.
— Mais uma vez, perdoe-me por meus atos, asseguro que não irá repetir. — ele fez uma breve reverência para ela.
— Não me preocupo com isso vossa graça, mas com os motivos que o levou a isso. — assegurou a Bridgerton — E pelo que vejo em vosso distante olhar, certamente eu não sou a causa de tal ato.
— Não quero que aches que esteja lhe dando falsas esperanças. — pronunciou ele — Entretanto…
— Não sou a nobre dama que despertou vossa atenção. — completou , já entendendo em partes aquele enigma — Confesso que me inclinei para vossa companhia por seus conselhos na festa de lord Brook e por saber que és um homem honrado… Mas uma mulher sabe exatamente quando um homem está interessado por ela.
— Gostaria de saber a razão do convite de hoje. — indagou ele, olhando-a curioso.
— Confesso que não havia outra opção a não ser convidar o príncipe. — ela voltou o olhar para o chão — E eu...
Não queria dar o braço a torcer e convidar vossa alteza no lugar do duque.
— Não queria demonstrar que o acordo de ambos ainda estava contando. — concluiu o duque precisamente.
— Como o senhor sabe sobre isso?! Vossa alteza lhe contou? — ela arregalou os olhos surpresa.
— Não, mas acidentalmente eu ouvi no dia em que ambos estavam no jardim. — confessou ele, com serenidade — Estava curioso para saber até onde chegaria com o plano, e me impressionou o fato de vossa alteza tê-lo levado com tanta seriedade.
— Ele fez isso? — por essa não esperava.
— Sim. — assentiu o duque — Acho que este será nosso último encontro, então.
Ele tomou impulso para se retirar.
— Vossa graça. — o chamou, com uma ideia insana em sua mente.
— Sim?! — ele voltou o olhar para ela.
— Sou dessas pessoas céticas que só acredita vendo, poderia lhe pedir um último favor? — pediu ela.
— Se estiver ao meu alcance?! — disse ele.
— Gostaria que me acompanhasse ao Vauxhall na próxima semana. — esclareceu ela seu pedido inusitado.
— O que pretende com isso? — indagou o duque, disfarçando um sorriso intuitivo no rosto.
— Confesso que estou confusa quanto aos meus sentimentos por vossa alteza, e saber que ele está mesmo interessado em mim, é um tanto perturbador, a considerar por sua sutil conduta com as mulheres. — disse ela suas considerações — Tenho medo do que posso sentir por ele e sair machucada nessa história, mas preciso de respostas e…
— Vou ajudá-la quanto a isso. — ele demonstrou segurança no olhar — Lhe asseguro que não deixarei que vossa alteza seja leviano com vossos sentimentos, farei o que for preciso para fazê-lo declarar o que realmente sente por vós.
Um brilho de esperança surgiu no olhar de , seguido de alívio por saber que poderia contar com o duque neste ousado plano de ataque ao libertino.
--
Ainda pelas ruas de Londres, se sentiu um pouco indisposta e pediu para que lord Magnus chamasse o pai. Enquanto o nobre marquês se afastou, deixando-a sozinha próximo a entrada da igreja. Aquela fora um sutil estratégia para se desviar do caminho e seguir para uma confeitaria modesta e pouco movimentada, em uma rua estreita e isolada. O coração da jovem estava acelerado por tamanha ousadia sem saber se sua carta teria uma resposta.
Entretanto, logo ao entrar no estabelecimento, sentiu uma suave brisa passar por seu corpo ao avistar lord Bridgerton assentado em uma mesa aos fundos, bebericando seu chá. A passos lentos e cautelosos, ela se aproximou dele, tentando deixar em evidência o vestido em seu corpo.
— Lord Bridgerton. — disse ela, ao se colocar diante dele — Agradeço por ter vindo.
— Senhorita Sollary. — ele se levantou e puxou a cadeira à frente para que ela assentasse.
— Agradeço. — se sentou, respirando fundo e colocando seus pensamentos em ordem.
Desde o dia em que recebera o presente do irmão de sua amiga, seus pensamentos a respeito disso lhe perturbavam as noites de sono.
— Confesso que estou curioso para saber o motivo de tal convite. — disse ele, em sua inocência — Ouvi boatos de que estaria em um encontro de casais nesta tarde, e a presenciar o pôr-do-sol, acredito que tenha sido proveitoso, achei a achar que não viria.
— Para ser honesta, não durou muito tempo e… Precisei inventar uma desculpa para encontrar-te. — ela manteve sua respiração tranquila, apesar dos batimentos acelerados.
— O que nos trás aqui, a senhorita vem sendo cortejada por lord Magnus e ser vista neste lugar com outro não lhe trará bons olhares. — ele foi prudente em sua colocação, e se preocupava com a honra da dama a sua frente.
— Eu não consegui imaginar outra forma de estar em sua presença se não esta. — alegou ela, buscando as palavras em sua mente — Mas não notou algo familiar em mim? O motivo pelo qual estamos aqui.
— Não. — se manteve confuso, olhando-a com atenção, mas sem entender do que ela mencionava — Peço se sejas mais clara.
— Sendo honesta, não me importo com os olhares. — disse ela, deixando transparecer sua coragem — Parte da minha vida fui invisível para todos, quando olham para mim só enxergam a quantia do meu dote.
Ele se manteve em silêncio e pensativo. As palavras dela tinham fundamento e relevância.
— Mas o vestido em meu corpo, meu senhor, ele é o motivo de estarmos aqui. — explicou ela.
— O que tem o vestido? — perguntou ele.
— Vejo que não se lembra, ou não quer se lembrar. — ela se levantou da cadeira — Perdoe-me por fazê-lo perder o vosso tempo.
não queria acreditar que fora tão tola a ponto de pensar que lord Bridgerton teria algo a mais que um simples pedido de desculpas pelo suco derramado. E se sentiu envergonhada por promover tal encontro oculto.
— Espere. — ele segurou de leve sua mão, parando-a — Por favor.
— Sou eu quem devo desculpas por meu comportamento. — seu olhar sincero e gentil a fez render-se.
Sentindo-se internamente estremecida pelo cavalheiro à sua frente.
— Não lembro de nenhuma ligação que posso ter com o vestido em seu corpo, mas estou feliz por estarmos aqui. — ele finalmente declarou seus iniciais sentimentos relacionados ao momento em questão — Confesso ter ficado curioso em saber vossos pensamentos sobre o cavalheiro que lhe estragou um vestido…
— Não entendo como podes não admitir o óbvio. — ela retirou de sua bolsa de mão a carta que recebera juntamente com o vestido — E sinto-me decepcionada por estar diante de um cavalheiro que não assume seus próprios atos.
— Ainda não entendo do que falas?! — ele continuou confuso — Se for mais clara, talvez.
— Serei clara lhe devolvendo isso. — ela colocou a carta em cima da mesa — Em breve receberá o vestido, por motivos óbvios não o devolverei agora.
Ela se afastou dele, retirando-se do lugar.
Devo considerar que nem tudo está perdido e aguardar ansiosamente pelo Vauxhall?
Enfim, nada como uma noite mágica para finalmente resolver as coisas entre nossos embaralhados casais.
Lady Lewis.
Quanto mais você me perturba
Mais eu gosto de você
E eu não sei o porquê.
- Yeowooya / Lunafly
IX. Confissões
Todos em algum momento da vida, por mais insignificante que seja, já teve um segredo que lhe corroeu por dentro, a ponto de ansiar alguém de confiança para compartilhar. E alguns singelos sentimentos podem ser considerados assim quando a então pessoa não consegue a coragem para revelar a quem de fato é relacionado. E tudo isso me lembra que tudo que me é escondido, em algum momento pode ser revelado, se não pelo homem, poderia ser pelas mãos divinas.
É assim que nossas pedras preciosas estão começando a se sentir, como pecadoras desonestas consigo mesmas ao esconder a sete chaves seus sentimentos mais obscuros.
Um conselho a cada uma delas? Sejam sinceras quando finalmente se confessarem, pois nem sempre soa verdadeiro a famosa frase: Padre perdoe-me pois eu pequei.
--
Não que sua mente estivesse pesada, mas naquela manhã ensolarada de quarta-feira, ironicamente acompanhou sua tia até a igreja. Ela observou muito bem, enquanto se manteve sentada no banco, uma mulher se aproximar do confessionário. Se o homem que ouvia as pessoas, descobrisse todos os segredos que a jovem Bridgerton tem a contar, certamente sua família ficaria em espanto. Após as damas se retirarem do local, seguiram para a loja da modista, mademoiselle Tatou.
Que a propósito tem sido meu lugar favorito para recolher informações de nossa querida Londres e sua intrigante aristocracia.
— A senhorita perdeu algumas gramas. — comentou mademoiselle, ao tirar a nova medida da cintura de — Terei que fazer alguns ajustes no vosso vestido para o Vauxhall.
— Essa temporada tem sido bem movimentada e repleta de eventos. — tentou disfarçar.
Entretanto, a causa eram as diversas preocupações com seu futuro, que lhe tiravam o apetite. Em alguns momentos, sua tia até mesmo lhe forçava a não pular as refeições. O fato é que nossa Bridgerton andava ansiosa e seus pensamentos voltados para nosso libertino príncipe.
— A senhorita precisa descansar mais então. — aconselhou a modista, não sendo nenhum pouco discreta — Percebo olheiras em vosso rosto.
— O que?! — ela se aproximou rapidamente do espelho analisando a delicada maquiagem no rosto.
Seu olhar estava mesmo um pouco caído, talvez pela noite mal dormida e pela carta que recebera de . Carta essa que não havia tido coragem para abrir, mantendo-a debaixo do travesseiro a dois dias. Ela respirou fundo e voltou à posição inicial, para fazer a prova do vestido. Sua tia estava um pouco distante, conversando com lady Dellorie, a observava com carinho.
— Está lindo, minha querida. — disse lady Violet ao se aproximar da sobrinha e tocar de leve no tecido de cetim do vestido — Azul claro combina muito bem com seus olhos.
— Sim, de fato, agora consigo ver seu rosto mais iluminado. — concordou a mademoiselle.
apenas deixou um leve sorriso em seu rosto e manteve o olhar voltado ao espelho. Ela sabia que o Vauxhall poderia ser um divisor de águas em sua vida, o que a deixava um pouco mais nervosa e ansiosa.
— Souberam da novidade? — comentou a modista.
— Qual? — lady Violet a olhou curiosa.
— Lady Lewis anunciou em seu jornal sobre a visita do príncipe de Mônaco a Londres, sobrinho de vossa falecida majestade, o rei George. — relatou ela, voltando seu olhar para a jovem — Dizem que ele está à procura de uma donzela para desposar.
— Devo concordar com Lady Lewis, quando ela disse que esta temporada está surpreendente. — comentou a tia, olhando para a sobrinha.
— Ainda mais considerando o fato de vossa senhoria August Grimaldi ter uma pequena rivalidade com o nosso príncipe . — acrescentou Tatou, de forma instigante.
Em sua mente, Lady Violet já estava certa de que já estava a um passo do altar e de se tornar duquesa ou quem sabe princesa. De fato, o passeio de domingo havia me rendido muitos assuntos ao longo da semana e todos os olhares estavam fixos na Bridgerton. Uma consequência decorrida do jantar em sua casa que levou ao pensamento da aristocracia inglesa que uma disputa por seu coração estava sendo travada pelos amigos.
Entretanto, curioso o fato de somente ela saber a parcial verdade por detrás dos acontecimentos.
— Tenho certeza que muitas mães se matarão para conquistar a atenção de vossa alteza para suas filhas. — comentou lady Violet, se sentindo segura.
— Ah sim, quem não quer ter uma filha princesa. — concordou mademoiselle, e fazendo suas insinuações para recolher alguma fofoca — Felizmente, a senhorita Bridgerton não precisa se preocupar, já que conquistou dois dos melhores pretendentes da temporada, um príncipe e um duque.
se pegou com o pensamento distante. Sua mente parou na parte em que a modista mencionou sobre o tal príncipe de Mônaco e a famigerada rivalidade. Ela se lembrava raramente de uma visita do tal homem anos atrás, em um evento da rainha que também participou.
— A única coisa que podemos assegurar é que minha querida sobrinha se casará nesta temporada. — disse lady Violet, convicta de suas palavras.
Claro que nesta parte seu tom fora um pouco mais alto para que as outras senhoras que haviam no lugar escutassem, principalmente lady Featherington que acompanhava sua afilhada Freya Wintehall. Terminando a conferência dos ajustes no vestido, e sua tia retornaram para casa. Coincidentemente seu irmão estava na sala à espera de ambas.
Bridgerton havia passado os últimos dois dias em intenso silêncio tentando entender o que havia acontecido com ele e a senhorita Sollary. Mais ainda intrigado pelo que tinha lido na carta, que carregava sua caligrafia mas que não havia sido escrita por ele. Ele não queria admitir o óbvio, entretanto não poderia adiar a conversa com sua irmã.
— , posso lhe falar por um instante? — pediu ele, antes que a jovem se ausentasse.
— O que desejas irmão? — ela o olhou curiosa.
— Me acompanhas ao jardim? — ele estendeu a mão para que ela seguisse na frente.
A jovem assentiu e deu o primeiro passo para o corredor em direção a porta para o jardim. Lady Violet ficou um tanto intrigada pelo pedido do sobrinho, porém manteve o coração tranquilo quanto a isso. Ela tinha algumas cartas para responder aos filhos, contando as novidades da atual temporada em Londres.
— Diga irmão, o que desejas? — disse com serenidade, ao se colocar em frente ao canteiro de tulipas.
— Peço que sejas sincera comigo e não mintas. — ele parou ao seu lado, mantendo o corpo voltado para a irmã.
— ?! — ela se virou para ele — Estás a me assustar agora.
— Esta carta. — ele ergueu a mão e mostrou — Devo pensar que vós a escreveu em meu lugar?
— Hum?! — ela engoliu seco e pegou o papel de sua mão.
Um frio passou por seu corpo, ainda mais perante o olhar furioso de seu irmão. Ela tinha dois caminhos, confessar que realmente era a arquiteta por detrás daquela carta, ou manter-se em silêncio guardando seu segredo. Seu olhar se voltou para o papel e leu em voz alta o que estava escrito.
— Irmão... Não imaginava que houvesse sentimentos vossos pela senhorita Sollary. — ela voltou o olhar para ele, se fazendo a surpresa.
— , não finja, sabes que não foi eu quem escreveu isso. — ele retrucou para que ela confessasse.
— Se não fora vós, quem seria irmão? — perguntou mantendo a ingenuidade — Esta caligrafia é exatamente igual à vossa, e possui o selo da família.
O soar inocente de sua voz era surreal para vosso irmão.
— Não tens nenhuma ideia?! — ele deixou sair em tom de ironia, querendo saber até onde ela iria com sua negação.
— , não achas que deveria aceitar vossos sentimentos e se declarar para ela, ao invés de tentar encontrar uma forma de negar tudo e fingir que não aconteceu? — disse ela, numa forma de aconselhamento.
— O que?! — ele bufou de leve, indignado.
— Isso mesmo, deverias sentir vergonha pelo que está me perguntar. — ela cruzou os braços, se fazendo a irritada — Se estás encantado pela senhorita Sollary, seja um cavalheiro e admita, como podes escrever-lhe algo assim e agora ignorar.
— , não foi eu quem escreveu. — ele intensificou seu olhar de reprovação para ela.
— Tens certeza? Ou vosso ato de negação é somente uma demonstração de covardia? — ela deu um passo para se afastar — Deverias sentir-se envergonhado irmão.
Ela voltou-se para casa e seguiu caminhando a passos seguros e prudentes. ficou estático por um momento, até começar a rir no automático. Ele conhecia bem vossa irmã e sabia quando mentia, o que no caso estava a fazer naquele momento.
— O que fizeste ?! — sussurrou ele, mantendo o olhar na irmã que já entrava na casa.
De certa forma, mesmo não tendo sido ele. havia se sentido um pouco agradecido pelas interferências da irmã. Mesmo que não quisesse admitir, suas curiosidades pelo belo diamante raro, lhe deixava inquieto ao longo do dia. Mas do que imaginou ficar por uma donzela novamente.
Ao que me parece, caros leitores, nosso querido lord Bridgerton também possui sentimentos que devem ser confessados.
poderia fugir daquela situação entre vosso irmão e a amiga, porém de seus problemas ela não conseguiria tal sucesso. O plano já estava traçado com a ajuda de vossa graça e só faltava o grande dia para que tudo se revelasse a ela. Mais uma vez, ao entrar em vossos aposentos e se aproximar da cama, sentou na mesma e retirou a carta de vossa alteza debaixo do travesseiro.
Neste instante seu coração acelerou involuntariamente ao sentir o leve perfume que aquele pequeno papel exalava. Se era proposital ou não, não saberia, mas seja o que fosse escrito ali, ela desejava ouvir da própria pessoa que o escreveu, então sem o menor remorso, ela abriu a gaveta e colocou a carta na página central do livro que lia antes de adormecer.
Somente desejando esquecê-lo.
--
Este poderia ser considerado o dia repleto de corações angustiados.
Tanto que uma visita inesperada ocorreu na casa da família Bourbon. se assustou quando a criada anunciou a presença da senhorita Sollary na sala de estar. Nosso delicado rubi, ajeitou o vestido em seu corpo e envolveu um xale nos ombros. Ao sair do quarto, desceu as escadas e seguiu para a sala. Pelo caminho ela percebera a falta de alguns quadros que existiam dias atrás nas paredes de sua casa. Além de muitas preocupações com seu futuro, nosso rubi inesperado ainda tinha que lidar com a realidade financeira de sua família.
— . — seu olhar ainda se mantinha surpreso com a presença da amiga ali — O que fazes aqui?!
— Não consegui escrever uma resposta quando li o vosso bilhete e apenas deixei que meu corpo me conduzisse até a vossa casa. — confessou ela, com um olhar desesperado — Preciso desabafar com uma amiga e não podes ser a .
sorriu de leve e tomando impulso abraçou a amiga, que retribuiu reciprocamente.
— Sinto que também preciso compartilhar meus sentimentos com alguém, mas também não pode ser a . — concordou a senhorita Bourbon.
— Porque não?! — a olhou confusa e curiosa.
afastou-se um pouco, desviando o olhar com timidez.
— Amiga. — segurou em sua mão — Vejo que estás mais aflita do que eu, podes contar primeiro.
— Oh não, meu bilhete para vós a trouxe aqui, então certamente vosso problema é maior ou mais complexo. — ela estendeu a mão para o sofá — Sente-se aqui e diga-me primeiro. Aceitas um chá?!
— Oh, acho que seria bom para acalmar-me. — assentiu ela.
— Pedirei a criada. — manteve a suavidade no rosto e olhou para a criada, única que restara na casa — Franchy, poderia nos trazer um chá de camomila, por favor, e peço que nos deixe à sós depois.
— Sim, senhorita. — a criada se retirou em direção a cozinha.
Então voltou o olhar para a miga.
— Diga-me então , o que houve? — indagou.
— Nem sei por onde começar... — ela soltou um suspiro cansado — Venho perdendo a minhas noites de sono há dias, apenas por pensar em alguém que não deveria.
se manteve atenta às palavras da amiga, sentindo-se na mesma situação.
— Em quem tens pensado? — perguntou .
— Lord Bridgerton. — disse a amiga, em um tom baixo — A primeira vez que o vi, foi no baile de Lady Danbury... Ele...
Sollary a primeiro momento sentiu-se aliviada de certa forma por finalmente dizer em voz alta para alguém confiável, porém depois respirou fundo, lembrando-se do dia ocorrido em sua mente. Logo uma leve e inesperada brisa passou por seu corpo, ao pensar no olhar de em sua direção no jantar de lord Brook. Evento esse que ganhara duas amigas.
— Ele derramou limonada em meu vestido naquele dia. — continuou ela a contar sua história — Eu não sei exatamente o motivo, mas desde aquele dia seu olhar não me sai do pensamento... , ele me enviou um vestido como pedido de desculpas formais pela limonada, por qual motivo tal cavalheiro se daria o trabalho de encomendar um vestido para mim, se não houvesse interesse?
Amélia continuou em silêncio, um tanto estática por não saber como reagir aos desabafos da amiga.
— Mas isso não chega a ser a parte trágica de tudo, lord Magnus tem se mostrado inclinado a pedir minha mão... E no domingo eu me perdi dele propositalmente para me encontrar em oculto com lord Bridgerton.
— Fizeste isso? — ela levou a mão à boca, sentindo-se admirada pela coragem de — Fostes tão corajosa, eu não teria tamanha ousadia.
— Corajosa? , o que eu fiz poderia desonrar minha família, e para que? Sair ainda mais frustrada, o que achei ser não era, lord Bridgerton certamente não se importa se tenho ou não sentimentos por ele, nem sequer lembrava do vestido, se comportou como um... — reprimiu sua raiva e tristeza — Eu não posso estar apaixonada por alguém que nem mesmo se importa, não posso continuar a tomar minhas noites pensando no irmão de uma amiga, ainda mais sendo cortejada por outro.
Sollary abaixou o olhar, sentindo seu coração apertado. Desejava mesmo não ter alimentado nenhum tipo de ilusão sobre o presente que recebera. O olhar da anfitriã se voltou para a criada que trazia nas mãos a bandeja com o chá. Ao colocar em cima da mesa de centro, retirou-se de imediato como pedido. Nossa senhorita Bourbon serviu primeiro a xícara da amiga lhe entregando e depois a vossa como aprendera com a tia, na temporada ao campo.
— Mas estás a gostar de lord Bridgerton? — indagou , ao dar o primeiro gole saboreando o chá.
— Tenho medo de minha própria resposta. — a olhou, saboreando o aroma e tomando seu primeiro gole também, sentindo as mãos trêmulas.
— Gostas dele, consigo ver em vosso olhar. — afirmou o rubi, sorrindo de leve.
— Sinto-me envergonhada por isso, o que pensaria de mim?! — ela voltou a abaixar seu olhar — Uma leviana com os sentimentos alheios.
— Estou certa de que não pensaria nada de errado, pelo contrário certamente se alegrará. — deixou sua xícara na bandeja, assim como a da amiga e segurou em suas mãos para animá-la — Não és culpada por ter se apaixonado por alguém tão distante de vós, é algo surpreendente para ser honesta e se eu tivesse um irmão que lhe despertasse tais sentimentos, ficaria mais do que feliz.
— Agradeço por vossa amizade. — se inclinou e a abraçou de imediato — Como é reconfortante poder compartilhar isso com você.
A Sollary parou por um momento de se atentar às catástrofes de sua vida e finalmente notou um olhar tristonho de sua amiga. Agora ela que segurou a mão de , suavizando o olhar, curiosa para descobrir o que a afligia.
— Por vosso olhar, percebo que suas aflições também são perturbadoras. — comentou .
— Não consigo nem mesmo forças para pronunciar tal coisa. — reprimiu ainda mais suas emoções que afloravam como lágrimas no canto do olho — Certamente vais me achar uma invejosa pecadora.
— , céus... Como podes se classificar assim? — aquilo impressionou a Sollary.
— Como devo classificar-me então, meu coração está a se inclinar para alguém que não me pertence. — confessou ela, entrelinhas.
— Como assim?! — isso confundiu .
— Acho que estou apaixonada por vossa graça. — sussurrou a Bourbon, sentindo a voz falhar um pouco.
— Vossa graça, o duque de Whosis? — indagou — Tenebrae?
— Sim... Juro que não foi proposital, mais estou sentindo um peso em meu coração por , como posso dizer tal coisa a ela? Seria de fato egoísmo de minha parte. — as lágrimas rolaram no rosto de .
apenas a abraçou novamente, sem saber como confortá-la.
— Por certo que a vossa situação é bem mais embaraçosa que a minha. — comentou ela, mantendo o abraço — Uma coisa é se apaixonar pelo irmão, outra pela corte da amiga.
— Eu juro que foi antes do jantar na casa dos Bridgertons. — a olhou, tentando se explicar para que não houvesse mal pensamentos sobre ela — Pelo menos iniciou antes… Envolvi-me em um acidente, e vossa graça socorreu-me, não posso contar lhe em detalhes, mas eu juro que tentei ao máximo controlar meus devaneios e não criar expectativas, mas recebi uma carta de vossa graça que deixou-me sem juízo...
— Como eu a entendo, minha amiga. — a olhou com gentileza e ternura — Assim como em meu caso, não sei como lhe aconselhar, mas a entendo perfeitamente.
— Confesso que em alguns momentos queria ter a sorte de . — disse , sentindo uma ponta de amargura — Estou prometida a um desconhecido e nem tenho a certeza se serei feliz, pior, amando em segredo outro homem.
Minhas queridas pedras preciosas passando pela mais delicada e inserta fase da temporada, a de descobrir seus sentimentos e não saber se serão correspondidos no futuro. Ser cortejada por um cavalheiro não é sinal de casamento, pelo contrário, o mundo dá constantes voltas. Assim como e tinham seu futuro desconhecido, talvez até mesmo poderia ter surpresas em dias próximos.
O fato é que ao final da semana, todos esses seis corações confusos e desorientados estarão apenas esperando a coragem para confessar seus segredos mais escondidos.
Que venha o Vauxhall...
Lady Lewis.
Eu perdi minha cabeça,
Desde o momento em que te vi.
Só de estar ao seu lado, meu mundo fica em câmera lenta,
Por favor, diga se isso é amor?
- What Is Love / EXO
X. Vauxhall
Quando o brilho do sol se apaga, ainda temos as luzes da noite para manter as esperanças acesas. E em nosso tão esperado Vauxhall se iniciava numa calorosa noite de domingo, iluminando da forma mais sublime e graciosa nosso jardim londrino. Com os nobres mais conhecidos e importantes presentes no local. As atrações deram início a noite com seus fogos de artifício.
Um olhar tímido em questão estava deslumbrado com as luminárias de garrafas, penduradas em longos varais de barbantes. Trajando um vestido simples de tons sóbrios, apenas seus cabelos avermelhados lhe proporcionava cor, juntamente com as bochechas coradas devido a presença do cavalheiro ao seu lado.
Sim, meus caros leitores, estou falando de nosso rubi inesperado, que fora pega de surpresa pelo cumprimento do convite de vossa alteza. O príncipe se mantinha com o olhar confiante de braço dado com a jovem, apenas saboreando os olhares confusos e curiosos em sua direção.
— Retiro o que disse vossa alteza, receio não estar nenhum pouco à vontade nesta situação. — confessou agarrando de leve no braço dele — Todos esses olhares em nossa direção me fazem ficar com receio de estragar tudo.
— Não se preocupe, senhorita Bourbon. — disse ele confiante, mantendo a voz baixa — Estarei ao seu lado, durante todo o evento.
Será? Pergunto-me agora qual a real intenção de vossa alteza com está jogada. Seguindo mais adiante, estava chegando ao local acompanhada de vosso pai e irmãs. Era a sua primeira vez em um Vauxhall. Entretanto, apesar de suas curiosidades pela noite, seus pensamentos ainda se mantinham em um certo conde que lhe roubou o coração sem o menor esforço.
— Será que lord Magnus já chegou? — perguntou Rose olhando entre os rostos presentes tentando avistar o que procurava.
— Irmã quanto entusiasmo por alguém que nem é vosso pretendente. — Daisy permitiu seu comentário soar com sarcasmo.
— Não implique com ela, Daisy. — tentou defendê-la e por certo que não se importava em ter a irmã interessada pelo marquês.
Pelo contrário, não conseguia mesmo se imaginar seguindo mais afundo nas investidas do homem que se mostrava mais certo que a desejava como noiva. O olhar de nosso diamante bruto estava à procura de outro cavalheiro e nesta busca, acabou por avistar sendo conduzida ao espaço de dança por vossa alteza.
Devo lhes contar que lord Bourbon estava em um misto de preocupação por sua filha já comprometida estar acompanhada pela realeza, e orgulho. Afinal nosso rubi inesperado que ano passado era a chacota da sociedade, este ano tem se mostrado uma dos destaques da estação. Lamentável que a situação econômica de sua família seja um dos impedimentos para mais interessados em sua pessoa.
— . — sussurrou ela, mantendo a atenção na amiga — Por essa eu não esperava.
— Menos ainda eu. — a voz de soou ao seu lado, lhe assustando um pouco.
— ?! Quando chegaste? — perguntou , voltando o olhar para ela.
— A poucos minutos, e já sinto-me perplexa pela cena que presencio. — confessou a jovem.
olhou mais adiante, se deparando com a aproximação do irmão dela. Mantendo-se alheia a isso, apenas desviou o olhar para suas irmãs que seguiram se dispersando pelo jardim.
— Senhorita Sollary, Senhor Sollary, boa noite. — disse , mantendo o olhar fixo em .
Nosso diamante bruto apenas acenou com o rosto e abaixou o olhar. Evitando encará-lo após os acontecimentos na confeitaria que a fizeram entender seus sentimentos.
— Boa noite, lord Bridgerton. — respondeu o senhor Sollary — Boa noite, senhorita Bridgerton.
— Boa noite, senhor Sollary. — o cumprimentou, mantendo sua atenção no casal inesperado em sua primeira dança da noite.
pegou a amiga pelo braço e a puxou para longe dos cavalheiros. Não conseguiria permanecer mais um minuto próximo ao conde Bridgerton, fingindo que não havia lhes acontecido nada.
— Por qual motivo me trouxe para a mesa de doces? — perguntou , confusa por suas ações.
— Só precisava de um pouco de ar. — explicou — E você? Está tudo bem, e o príncipe dançando juntos?
— Devo confessar que não esperava por isso, e vê-lo ao lado de outra, mesmo sendo uma amiga, me faz sentir-me mal de uma forma estranha. — a voz de falhou um pouco.
— Você está se apaixonando por sua alteza? — perguntou diretamente — Pensamos que estivesse inclinada ao duque.
— Bem, eu também achei mas, meu coração tem me pregado peças. — confessou a Bridgerton — Além do mais, tenho por certo que os olhares de vossa graça estão em outra direção.
— E agora? O que acontecerá? — olhou para a direção de .
Sabendo das aflições da amiga e seu amor secreto por Tenebrae, estava mais do que confusa pelas informações descobertas. Em um piscar de olhos, lord Robert Magnus se aproximou delas convidando a Sollary para a próxima dança.
— Bem… — recuou um pouco, voltando o olhar para .
— Não se preocupe comigo, não podes recusar um convite tão nobre como este. — assentiu para a amiga.
Mesmo com as iniciativas do marquês, a Bridgerton sabia que algo em oculto acontecia entre o irmão e a amiga. Como? Através do olhar de ambos, um para o outro. Assim a inesperada abordagem de no jardim de vossa casa. E isso a deixava em borbulhos de curiosidade. Seguindo a Sollary com o olhar, continuou onde estava, apenas esperando por seu parceiro de plano. Não demorou até que a vossa graça se aproximou dela, em silêncio apenas estendendo a mão para que seguissem como planejado.
Assim estavam três curiosos casais no espaço de dança, para desfrutar da alegre canção tocada pelos instrumentistas. e , e lord Magnus, ambos sendo observados com amargura por , inconformado com o traçado dos acontecimentos. Por último e não menos importante, e , que arrancaram um olhar atravessado de vossa alteza.
No meio de tudo isso, meus caros leitores, estou eu desfrutando desde sublime momento e aguardando pelos próximos atos.
E a noite só estava no início.
No final da terceira dança, pediu um tempo à vossa alteza, pois precisava se refrescar com uma limonada e recarregar as energias. Pela primeira vez em um evento da sociedade londrina, nossa querida Sollary estava se divertindo e mantendo o sorriso no rosto com espontaneidade. O fato era que nosso rubi não tinha o costume de ser tirada para dançar. Menos ainda por alguém tão habilidoso de conversas descontraídas como .
— Senhorita Bourbon!? — a voz de vossa graça soou atrás da jovem.
O que a fez estremecer internamente.
— Vossa graça. — ela voltou-se para ele, porém manteve o olhar baixo e reverenciado — Boa noite.
— Pensei que não viria, não a tenho visto nos últimos eventos. — comentou ele, com o semblante sério.
— Confesso que após o jantar de lord Brook, não tenho sentido-me confortável em grandes eventos. Apenas estou aqui por dever uma dança ao príncipe. — explicou ela, pausadamente, segurando suas emoções internas — Após me acompanhar no passeio no domingo, ele fez-me prometer uma dança.
— Curioso, pois segundo meus cálculos, contei três danças. — retrucou ele, com a voz mais áspera e fria.
se encolheu um pouco, não entendendo a postura do homem que lhe indagava. Ele não era próximo. Por que parecia se importar tanto? O que lhe confundia ainda mais.
— Vossa graça. — lord Brook, por um inesperado infortúnio da noite se aproximou dele, e olhando a jovem estendeu a mão — Daria-me a honra de uma dança, senhorita Bourbon?
— Não. — respondeu o duque em seu lugar, de imediato.
Isso fez com que lord Brook o olhasse um pouco intimidado.
— Perdão? — Brook pigarreou um pouco.
— Ouviste muito bem, a senhorita Bourbon não dançará convosco, pois a próxima dança será comigo. — informou seguro de suas palavras — E a próxima também, até o final da noite.
Lord Brook deu um sorriso sem graça e se retirou em seguida.
— Vossa graça, não o entendo. — ela o olhou perplexa.
— Gostaria de lhe fazer um pedido. — seu olhar se manteve sereno para ela, mesmo estando sério.
— Diga, meu senhor. — ela manteve sua atenção no homem enigmático à sua frente.
— Prometa-me que não voltará a dançar com qualquer outro homem. — pediu ele.
Um surto eu diria! E não falo na mente de nossa delicada Bourbon, mas sim em minha mente. Quanto mais tento entender vossa graça, mais fico embasbacada com tamanho charme e mistério que lhe rodeia. Principalmente por seus atos recentes. Um cavalheiro que tira-me o fôlego apenas por apreciar esta bela história.
— Meu senhor, não sei se é de vosso conhecimento, mas estou comprometida a um casamento do qual não conheço o noivo. — ela começou a explicar se, procurando pelos melhores argumentos — Como posso prometer tal coisa e na manhã seguinte ser forçada a uma valsa com meu marido?
O coração dela já estava acelerado com o olhar intenso que emanava dele. Que segurando sua mão, perseverou no pedido.
— Apenas prometa-me. — disse ele.
— Isso é uma loucura. — sussurrou ela — Mas eu prometo, vossa graça.
Um sorriso discreto surgiu no rosto de , deixando-a ainda mais vulnerável aos sentimentos que se inclinam para o duque.
Agora é a hora que digo que as engrenagens começam a se encaixar?
Hum… Por certo que pouco mais afastado, estava observando sua amiga com o duque. Seu plano não estava conforme esperava, mas sentia uma esperança inusitada. Quando de repente, fora abordada por vossa alteza.
— Foste deixada? Pelo menos não na porta do altar. — ele brincou ao se aproximar, recebendo um olhar fuzilante dela.
— O que desejas com vosso comentário inoportuno? — ela voltou o olhar para frente — Não fui abandonada por ninguém, se não percebeu, vim apenas acompanhada por meu irmão e minha tia.
— Hum. — resmungou ele.
— Mas é claro que não negaria uma dança ao duque. — continuou ela, sem se importar com ele.
— O que desejas com isso? — perguntou — Ignora-me quando estou perto, se move de forma a chamar-me a atenção e quando está longe mantém o olhar em mim.
— Não sei do que está falando. — ela deu de ombros.
— Estou a um passo de enlouquecer com vossa… — ele parou por um momento encarando-a — O que desejas de mim, senhorita Bridgerton? Por vosso olhar, não acho que esteja arrependida de quebrar nosso acordo, entretanto não consigo vê-la mais interessada em ser uma duquesa também.
— Tocaste no ponto certo. — disse ela, mantendo a segurança na voz — Não quero mais um mero acordo que pode me ferir no final, e quanto a ser uma duquesa, não vem ao caso… Mas estou cansada de incertezas em minha vida, é o meu futuro que está em jogo e apenas desejo a verdade.
— De qual verdade falas? — indagou.
— Do que sentes por mim. — explicou ela, tomando coragem para continuar — Pude ver nitidamente vosso desconforto ao ver-me com vossa graça desde o passeio no último domingo, não achas que percebi forçar vossa presença? E mesmo que tenhas disfarçado alteza, ter convidado a senhorita Bourbon para lhe acompanhar no Vauxhall de hoje, seus olhares para mim não lhe deixaram enganar.
— Não sei do que estás falando. — ele se virou para afastar-se dela.
ainda vivia em seu misto de indecisão. Ao mesmo tempo que havia coragem para enfrentar , lhe faltava a mesma para encarar .
— E agora vais mesmo fugir de mim!? — ela insistiu, indo atrás dele.
Quanto mais o príncipe se afastava da multidão, mais o seguia.
— E ainda me ignoras. — continuou ela.
— Não deverias vir atrás de mim. — ele parou e a olhou — Não coloque a vossa honra em risco por alguém como eu. Como disse antes, um homem de tal fama não merece alguém como a senhorita.
Uma ponta de insegurança estava ardendo dentro de vossa alteza. Talvez pela notícia da chegada do primo. Por não querer que Grimaldi descubra seu interesse pela pérola intocável. Talvez por inúmeros outros motivos, ele esteja tentando afastá-la.
— Depois de toda provocação desde o início da noite, como poder dizer tais palavras? — ela se sentiu confusa e irritada — Vejo que está lutando para afastar-me e desejo saber o motivo.
— Desejas mesmo saber a verdade? — o indagou ele.
— Sim, foi para isso que vim esta noite. — assentiu segura.
— Não há um só dia que eu não pense em vós. — ele disse alto e claro — Passo minhas noites em claro com vosso rosto a atormentar-me os pensamentos. Minhas mãos soam e meu corpo se aquece quando me aproximo de voz, e desejo tanto tocar-te…
Ela permaneceu em silêncio. Estática pela declaração. Não imaginava ouvi-lo pronunciar de forma tão aberta o que sentia.
— Mas quando a olho, realmente parece algo inalcançável para mim… — continuou ele, reunindo sua coragem — Fico me perguntando se conseguiria fazer-te feliz por meu passado, e penso que exista alguém melhor que eu para vosso futuro.
— Vossa alteza… — ela começou a sussurrar.
— Na carta que me escreveste, perguntou se eu conseguiria ser o homem de uma só mulher. — ele respirou fundo para finalizar suas palavras — Desde que essa mulher seja a senhorita, Bridgerton, eu seria inteiramente teu.
O coração de acelerou de imediato. O que a levou a sentir-se internamente estremecida. O que iniciou com uma fuga, terminou na mais inesperada declaração de amor.
--
Mas a noite continua. E do outro lado do jardim. Após se afastar de lord Magnus com a desculpa de procurar pelas irmãs gêmeas. fora abordada por que a pegou pela mão, lhe conduzindo para o labirinto de tecidos que fora montado na parte leste do jardim.
— O que pensas que estás a fazer? — ela soltou de sua mão, olhando-o sério — Estás louco?
— Talvez sim, muito provavelmente, mas se não fizer nada neste momento, sinto que perderei a oportunidade. — ele começou a se explicar.
— Oportunidade para que? Mentir novamente e fingir que nada aconteceu? — ela o confrontou.
Sentia as pernas bambas, porém permanecia firme.
— Perdoe-me, talvez não tenhamos dado espaço para as devidas explicações e… — ele procurava pela melhor forma de se expressar — Não vou admitir algo que não fiz, mas peço-te uma chance de começar de novo.
— Começar de novo? — ela deu um passo para trás — Não sabes o que eu arrisquei ao encontrar-te naquele lugar, minha honra fora colocada em risco por algo que não valia a pena.
— Mas se estava lá, é porque havia sim um valor para vós. — insistiu ele.
— Disseste bem, apenas para mim. — concordou — Algo que não importa agora.
Ela tomou impulso para se retirar.
— Espere, por favor. — segurou ele sua mão, mantendo um olhar singelo.
sentiu seu coração acelerado. Sua mente confusa e sentindo-se uma traidora, pois lord Magnus continuava lhe transmitindo interesses.
— Me dê apenas mais uma chance. — pediu o Bridgerton — Eu vos imploro.
— Eu não deveria estar aqui, sozinha com o senhor. — alegou ela — Se meu pai nos visse em tal situação, nos mataria.
— Eu a deixo ir, apenas se me disser o que sentes de verdade pelo marquês. — o olhar de ficou mais intenso e fixo nela.
— Porque me perguntas isso? — ela se mostrou confusa.
— Porque vejo a distância em vosso olhar quando ele está perto. — explicou — Seja sincera, o vosso coração pertence a ele?
não podia mentir, como também não tinha forças o suficiente para encarar a verdade.
— Senhorita Sollary! ! — as vozes de lord Magnus e o senhor Sollary soaram próximo.
Uma deixa para a jovem donzela que precisava de uma desculpa para fugir da pergunta de Bridgerton.
— Como eu disse, não deveria estar aqui. — ela deu mais um passo para se retirar.
também moveu-se para impedi-la novamente. Ele não aceitava o silêncio do diamante bruto que lhe roubou os pensamentos. Nos olhos de era nítido, seu sentimentos estavam inclinados a ele. Só precisava de uma confirmação.
Em um movimento em falso para se afastar mais dele, o vestido de se agarrou a estrutura de madeira que prendia uma das divisórias de tecido do labirinto. Ao se desequilibrar, a jovem foi amparada por . Entretanto, no calor do momento, a estrutura também se abalou desabando na grama, derrubando ambos com ela.
— ?! — a voz do senhor Sollary soou mais a frente.
— Lord Bridgerton. — assim como a do marquês logo atrás.
Lá estava nosso terceiro casal, caídos ao chão com o corpo do nosso diamante bruto sobre o tecido e o de sobre ela. Ambos na pior de todas as situações em que uma donzela poderia estar.
Com os olhares arregalados dos dois cavalheiros.
Um frio pelo corpo e uma honra sofrendo riscos.
Será que teremos um duelo à vista?
Lady Lewis.
Você é tão perfeita,
E eu busco um futuro ao seu lado.
Não esconda o amor, agarre a felicidade,
E seja honesta consigo mesma.
- What Is Love / EXO
XI. Honra
Quando eu era criança, minha mãe sempre me dizia: Na vida não importa a quantidade de quedas, pois o que fará toda diferença é quantidade vezes que uma pessoa é capaz de erguer-se novamente. Entretanto, a queda de nosso diamante bruto não fora tão simples assim. Um ocorrido com duas testemunhas e uma delas o próprio pretendente à corte, é de fato preocupante as cenas que viriam a seguir. E desde o início dessa história entre idas e vindas e todos os desfechos incendiários, nunca imaginei tal escândalo de causar surto no coração e nos dedos dessa singela autora.
Com seu olhar vívido em fúria e sua mente finalmente assimilando a cena em sua frente, o senhor Sollary ao perceber que se impulsionava para levantar-se e também auxiliar , apressou-se para distanciá-lo de sua filha, com um inesperado porém certeiro soco, derrubando o homem novamente. Nosso diamante levou a mão à boca, assustada pela reação do pai, enquanto lord Magnus continuou em sua paralisia do momento.
Devo confessar que até eu mesma, não consigo absorver tanta emoção em um curto espaço de tempo. E vou além, ao dizer que se estivesse no lugar desta desafortunada donzela, provavelmente um desmaio proposital seria meu plano de escape para não ser esquartejada em praça pública.
— Papai, eu posso explicar-lhe. — disse ela temendo as próximas ações do pai.
— Falaremos sobre isso em casa. — a voz áspera do senhor Sollary lhe trouxe um frio no corpo, ao segurá-la pelo pulso de forma firme — E quanto a vós…
— Senhor Sollary… — lord Bridgerton, ao levantar-se novamente tentou tomar a palavra sem sucesso.
— Poupe vossas palavras e guarde-as para o Senhor Deus, pois ao amanhecer um reparo será feito à honra de minha filha, como nos tempos antigos. — o senhor Sollary o interrompeu, enquanto segurava com mais força o pulso de vossa filha.
— Um duelo?! — perguntou temerosa.
— Nada do que acontecer a este desrespeitoso senhor é de sua conta. — concluiu o senhor Sollary ainda mais rude e irado.
Assim que pai e filha seguiram para se retirar e passaram pelo marquês de Hamilton, o senhor Sollary respirou fundo pela vergonha que a vossa filha o causara. Nunca em sua vida havia imaginado passar por tal situação, ainda mais com sua primogênita que tanto lhe orgulhava. Nem mesmo a afeição da moça por um militar havia lhe causado tanto sentimento negativo quanto o que ocorrera naquele momento.
— Perdoe-me pela cena constrangedora lord Magnus, espero poder repará-lo da melhor forma possível no futuro. — antes mesmo que o homem pudesse responder tal retratação, o senhor Sollary se afastou dele, arrastando vossa filha consigo.
O olhar de Robert Magnus se direcionou para , com traços certeiros de ódio e raiva. Em sua concepção o maior causador de toda a cena era o Bridgerton à sua frente, que por certo havia seduzido nosso diamante com a ambição de conquistar para si a bela fortuna que viria ao desposá-la.
— Lord Magnus… — o Bridgerton já recompondo-se fisicamente da reação de um pai em fúria.
— Não ouse a dirigir-me a palavra, acaso achas que sou algum idiota? Sei muito bem vossas intenções acerca da senhorita Sollary. — o marquês o interrompeu dando alguns passos de aproximação — Muito sagaz vossa jogada para forçar uma união inesperada, não imaginava tal trapaça vindo de alguém desta família.
— Do que estás a me acusar? — se pegou confuso pelas palavras do homem.
Era certo que tal ocorrido deveria ser classificado como um acidente, pelo que de fato realmente foi. Entretanto, sem sua mente Robert tinha traçado inúmeras teorias da conspiração, que não o deixariam enxergar a verdade.
— Estou a afirmar que causaste toda esta situação para obviamente impor um acordo entre as famílias e tomar para si o dote oferecido pela mão da senhorita Sollary. — Magnus cuspiu as palavras, dizendo com mais clareza sua insinuação.
— Achas que sou como vós, que a tem apenas como um baú de tesouros? — retrucou o Bridgerton indignado por tais palavras — Pois antes estava arrependido pelo que aconteceu, não por vós mas pela honra de uma dama inocente, entretanto agora devo dizer-lhe com sinceridade que mesmo sendo um acidente, foi a melhor imprudência que cometi em anos…Libertá-la de um homem de baixa estirpe como vós.
Ao finalizar sua declaração que mais parecia um sinal de alívio por atrapalhar a ganância alheia, nem mesmo conseguiu tempo para reagir ao soco que lord Magnus lhe dera. Certo que nosso conde não deixaria por menos e se esquecendo de todas as regras de etiqueta e cavalheirismo que aprendera com suas tutoras de infância, revidou o soco iniciando um duelo a força bruta.
Ah, meus caros leitores, como esta autora adoraria contar-lhes inúmeras histórias de lutas de boxe que tive o prazer de assistir, afinal em toda delicadeza há seu toque de brutalidade. Contudo, nem todas elas foram mais emocionantes que este confronto que nos apresenta. Impossível não saberem para quem estou torcendo e por mais que eu deva ser imparcial em nossa história, seguindo as preocupações de um certo coração de diamante rumo ao lar…
Devo então me preparar para anunciar o vencedor?
Ainda não!
Por hora, para estragar nosso momento de tensão, eis que surge vossa alteza acompanhado de dois outros senhores. Nada como alguns cavalheiros alheios ao assunto para encerrar o embate e distanciá-los o máximo que pudessem. E digo-lhes que estou admirada por tamanha força de vossa alteza, por arrastar lord Bridgerton para a direção oposta.
— Solte-me. — gritou o conde pela última vez, ao finalmente voltar à sanidade.
— Irmão, o que houve para que tenha se deixado na situação de trocar socos com o marquês Magnus? — perguntou que fatidicamente presenciara tudo, pois a mesma havia seguido as altas vozes juntamente com o príncipe.
— Fora sorte eu e o duque termos chegado ao lugar antes de outras pessoas. — comentou vossa alteza, com um sorriso de canto presunçoso aparentemente sentindo graça pelo ocorrido — Mas se quer saber, acho que você estava ganhando.
o olhou atravessado.
— Não me respondeu irmão. — insistiu ela — O que aconteceu?
— Desculpe-me pela vergonha . — ele respirou fundo e se recompôs — Agradeço por vossa interferência vossa alteza, mas creio que este é um assunto familiar que tratarei em particular com minha irmã.
— Imaginei que dissesse isso, não irei impor minha curiosidade. — o príncipe deu um passo para trás — Senhorita Bridgerton tenha uma boa noite, lord Bridgerton.
Assim que a vossa alteza se distanciou deles, o olhar de voltou-se desconfiado para a irmã, que se mantinha séria à espera de respostas. Afinal, lord Magnus não era qualquer cavalheiro, mas sim o famigerado pretendente de sua amiga que tanto se esforçava para transformar em cunhada. Nossa pérola não queria tirar conclusões precipitadas, entretanto uma ponta de esperança lhe ardia o coração.
— O que fazia próxima a vossa alteza? — perguntou , não deixando-a nem mesmo voltar ao assunto inicial.
— Achas mesmo que desviar o foco para mim lhe trará a chance de encerrarmos por aqui? — ela cruzou os braços — Não deixarei que a presença do príncipe lhe distraia irmão, ainda me deve uma explicação.
— Não lhe devo. — disse ele.
— Há minutos disse que falaríamos em casa, pois então vamos. — relembrou ela.
— Vamos sim para casa, porém não lhe direi nada ao chegarmos. — ele deu o primeiro passo para irem.
— Como assim? — ela manteve sua indignação — Então devo ir diretamente a causa de tudo isso?
— Do que estás a falar? — ele a olhou confuso.
— De , estava aos socos com o marquês por ela, não é? — supôs ela — E não negue o que é óbvio, vosso olhar o condena irmão.
— Odeio quando faz suas suposições. — comentou ele, voltando a andar.
— Se odeia é porque sabe que todas são verdadeiras e precisas. — replicou ela — Agora conte-me tudo o que aconteceu.
— Vossa pessoa me anda mais bisbilhoteira que a própria Lady Lewis. — brincou ele, rindo baixo — Deverias ser mais discreta irmã.
— E morrer na curiosidade?! — retrucou ela.
queria mais é saber se vossos esforços haviam valido a pena. Afinal, seu objetivo para a temporada não era apenas encontrar o amor de sua vida e formar sua própria família, mas também ver suas inesperadas amigas serem felizes também.
--
Distante de toda confusão causada na área do labirinto de tecidos, lá estava nosso amado duque de Whosis em sua quarta dança com o rubi inesperado. Para alguém que na última temporada nem mesmo conseguiu se apresentar com segurança para vossa majestade, obter a honra de dançar com dois cavalheiros de alto nível fora além do que poderíamos imaginar. Me pergunto agora se o misterioso noivo de lady Bourbon sabe de todas estas honrarias, e se as vê como uma forma de valorizar a imagem de sua noiva.
— Vossa graça, perdoe-me mas acho que minhas pernas não querem mais me acompanhar. — comentou ela, ao final da canção.
— Eu que devo desculpas, não atentei-me às vossas condições físicas. — ele manteve seu olhar sério, porém sereno.
— Não há o que se desculpar, meu senhor. — ela abaixou o olhar, ainda se sentia envergonhada por estar ali diante dele por tanto tempo.
No fundo, lord Tenebrae apenas queria descontar as três danças de com vossa alteza, apesar de não admiti para si mesmo o sublime ciúmes que inconscientemente se permitiu sentir da jovem.
— Vossa graça, é uma honra tê-lo visto dançar com minha filha, entretanto acho que é o momento oportuno para nos retirar do Vauxhall. — disse lord Bourbon, ao estender a mão para a filha — Vamos querida?!
— Sim. — assentiu prontamente, afastando-se do homem para se aproximar do pai.
— Permita-me oferecer minha carruagem para levá-los em casa. — disse , antes mesmo que pudessem se retirar de sua presença — Observei quando chegaram com vossa alteza, presumo que não tenham como retornar.
— Vossa graça, não tenho palavras para tamanho cavalheirismo de vossa parte, e estou inclinado a aceitar vosso convite. — respondeu lord Bourbon.
O duque de Whosis sorriu de canto de forma disfarçada, mantendo o olhar em . Nosso rubi, entretanto, se manteve encolhida e envergonhada pela intensidade que emanava dele. Assim que se despediram nos portões em frente a sua casa, recebera um bilhete de seu amigo Magnus pedindo para se encontrarem no clube. Certamente uma conversa de desabafo que renderia longas horas e algumas garrafas de vinhos consumidas por parte do marquês.
Já nosso rubi inesperado apenas conseguia se sentir derretida internamente. Um misto de surpresa e conquista lhe fazia ansiar pela felicidade de poder sonhar com o homem que a acelerava o coração. Por mais que racionalmente ela deveria preocupar-se com o tal noivo, seus sentimentos eram visivelmente mais forte.
— A senhorita está com um brilho a mais no olhar. — comentou Franchy, sua criada ao ajudá-la a se trocar.
— Sim, a noite de hoje foi mágica como sempre dizem do Vauxhall. — deu alguns rodopios pelo quarto, sentindo-se nas nuvens — Franchy, desejo-lhe para toda a vida, a mesma felicidade com que fui agraciada nesta noite.
— A senhorita conheceu o vosso noivo? Ele é um nobre de boa família? — perguntou a criada.
— Não. — logo a realidade voltou em sua mente, fazendo-a deixar de lodo a empolgação.
Ao assentar em sua cama, um longo suspiro veio juntamente com o olhar caído.
— Poderia se retirar agora?! — pediu , abalada.
— O que aconteceu, senhorita, algo que eu disse? — indagou Franchy preocupada.
— Não, está tudo bem, só preciso descansar. — uma desculpa nada convincente, mas necessária.
Após a saída da criada, nosso rubi inesperado trancou a porta de seu quarto e deitou-se na cama. Mesmo que seu futuro fosse oculto e totalmente um mistério, ela não deixaria que o sonho vivido naquele Vauxhall fosse apagado de sua memória. Pelo contrário, desejava mesmo uma singela continuação da noite em seus sonhos, com direito a não acordar cedo para que pudesse aproveitar ainda mais.
Me atrevo a dizer que após esta sequência de danças com vossa graça com direito a ser levada em casa na carruagem do mesmo, apenas fechar os olhos e sonhar ainda é pouco para o coração de uma autora que anseia ver este casal juntos de verdade.
Devo manter minhas esperanças?
Claro que sim!
--
E apesar de saber que em breve poderemos ter rumores de casamento, ou boatos de um velório…
Aqui estamos na mansão da família Sollary. Voltando um pouco na sequência de acontecimentos, em que as irmãs de confusas e intrigadas pela forma que o pai as intimou para retornarem ao lar. Ainda enfurecido a primeira ordem que dera assim que colocou os pés na residência fora ordenar a permanência contínua do diamante raro em seu quarto por tempo indeterminado.
— Pai, o que pensas em fazer?! — se atreveu a indagar no percurso do caminho em que era arrastada pelo pai em meio ao corredor dos quartos.
— Pai, o que a fez? — perguntou Rose, sendo seguida pelas irmãs, que se mantinham assustadas por tal ato de vosso progenitor.
— Achas que deixarei barato a desonra causada em nossa família? — ele parou em frente ao quarto da filha — Aquele homem não viverá para ver nosso nome na lama.
— Pai, por favor, duelos são ilegais, o senhor pode ser preso ou morto, ambos podem. — tentou apelar pelo bom senso do homem — Pode podes pensar em tal ato, matar alguém ou morrer por minha causa.
— Deverias ter pensado nisso antes de envergonhar nossa família. — a voz dele ficou ainda mais áspera e fria, com traços de ressentimento.
— O que fez para causar esta comoção no senhor meu pai? — perguntou Daisy, preocupando-se com a situação.
— Já está decidido. — confirmou ele, seguro de suas atitudes — Você não sairá deste quarto, a menos que não queira mais ser minha filha.
E voltando-se para as outras meninas.
— E vocês vão para seus quartos, o que ouviram aqui tratem de esquecer. — ordenou.
— Mas pai. — Rose tentou argumentar.
— Obedeça, Rose. — finalizou ele, com um tom mais elevado e assustador.
— Sim, senhor. — disseram elas em coral, seguindo para seus quartos temerosas.
— Pai… — já com os olhos lacrimejados — Eu juro que foi um acidente…
— Acidentes acontecem quando se está no lugar errado na hora errada de forma inesperada, não quando se está por vontade própria. — retrucou ele, conhecendo bem vossa filha — Quando contaram-me sobre sua visita à confeitaria, achei que a tinham confundido com outra donzela, mas agora só consigo sentir desapontamento com vossas atitudes .
— Perdoe-me papai. — nosso diamante raro sentiu um aperto no coração diante do olhar triste do pai — Eu não…
— Sempre foi meu motivo de orgulho. — ele deu um passo para trás — Agora, é minha maior vergonha.
Antes que a primeira lágrima rolasse em seu rosto, viu seu pai virar de costas e seguir em direção às escadas. Assim como ordenado, a jovem donzela entrou em seu quarto e pôs-se a chorar por um longo tempo. Mas nem tudo estaria perdido, afinal existem anjos em nossas vidas que costumamos apelidar de amigos. E em meio ao seu desespero, só havia uma pessoa para lhe ajudar a não deixar o pai cometer uma loucura. sabia que se endereçasse seu bilhete diretamente a , poderia ser embargado por seu pai, afinal, o sobrenome Bridgerton já estava mais do que proibido naquela casa.
— Obrigada Daisy. — sussurrou ao colocar seu envelope branco dentro do amarelo de sua irmã — Eu contava com sua curiosidade em voltar aqui.
Sim, Daisy não deixaria para o dia seguinte algo que lhe tiraria o sono e pela fresta embaixo da porta, poderia ser a ponte que sua irmã precisava para o pedido de socorro.
— Jamais te deixaria dormir sem me contar o que aconteceu, mas agora sabendo, estou preocupada. — ela se abaixou para pegar o envelope que a irmã passara por baixo — Não se preocupe, chegará ao seu destino.
— Serei sempre grata irmã. — sussurrou .
Daisy sorriu ao ouvir aquelas palavras e leu o endereço de destino. Claro que a única solução para o caso é enviar a carta a para que a mesma repassasse a .
Se daria certo?
Elas não sabiam, mas contavam com uma ajudinha divina para isso.
— . — sussurrou Daisy.
— Sim?! — nosso diamante estava sentada ao chão, tentando encontrar forças para chegar a sua cama.
— Posso lhe fazer uma pergunta íntima? — perguntou ela.
— O que de tão íntimo terias para me perguntar? — se viu confusa pelas palavras da irmã.
— Você disse que se encontrou na confeitaria com lord Bridgerton. — iniciou ela sua indagação — E depois no Vauxhall ficou sozinha com ele novamente…
— Sim. — confirmou.
— Você o ama? — ela foi direta e objetiva.
Entretanto, aquela era uma resposta que nem mesmo ousava procurar responder para si mesma. O misto de sentimentos que desde o início sentiu por a deixava desnorteada e irritada por não compreender o que lhe acontecia internamente. A primogênita que sempre fora convicta de suas ações ao longo da vida, apenas a menção do termo indecisa já lhe causava desespero.
Esta autora não a recrimina, minha rara diamante bruto, pois há sempre uma primeira vez na vida para nos sentir oscilantes em nossos sentimentos. Principalmente quando há um certo cavalheiro que nos tira o fôlego apenas com o olhar, e desta vez não me refiro ao duque de Whosis que sempre me arranca suspiros.
--
Ao amanhecer o dia, não somente o coração de estava acelerado pelo duelo, como também o desta autora aflita. Admito que gosto de fortes emoções, mas quando se trata do futuro de um dos casais dessa história, não me forçarei a ver tal cena.
E afirmo que nunca desejei tanto que uma noite fosse longa.
Lady Lewis
Há curiosidade em seus olhos,
Você já está apaixonada por mim
Não tenha medo, o amor é o caminho
Meu amor, eu entendi.
- Monster / EXO
XII. Duelo
Aos corações aflitos e acelerados, aqui está esta humilde autora a roer as unhas de preocupação. Todos sabemos que em histórias de romance o final sempre feliz é sempre esperado e nunca nos decepciona, entretanto estamos longe de um final para as nossas pedras preciosas. Há uma longa estação pela frente e lhes garanto que nossa doce primavera não quer dizer adeus tão rapidamente.
E a temporada continua...
Nunca o nascer do sol fora tão agonizante assim e para ainda mais, por não saber o que se passava do outro lado da porta. Nem mesmo sua cúmplice Daisy conseguira lhe ajudar, pois o bilhete enviado a , não havia tido nenhum retorno. Nosso diamante bruto, após uma noite em claro, se manteve ao chão em frente à porta abraçada às suas pernas. Com o olhar fixo, num misto de desespero e esperança, ouvia alguns passos apressados soando pelo corredor. Do outro lado estava o senhor Frederick Sollary dando ordens ao seu empregado mais leal, senhor Rilian, o mordomo da casa.
— Rilian, serás o meu substituto no duelo. — reforçou o senhor Sollary de sua gaveta secreta da mesa do escritório, a caixa com sua arma.
— Frederick e se morrer? — perguntou o homem, preocupado com ele — O que acontece?
Ambos além da relação de funcionário e senhor, eram também amigos de muitos anos. Quando a família de Rilian de pequenos comerciantes de lã de ovelha faliu, Frederick logo se prontificou a ajudá-lo lhe dando um emprego como seu braço direito. A lealdade e amizade de ambos continuou sólida e crescente no decorrer do tempo, principalmente após Marie Sollary adoecer com a última gravidez. Em sábias palavras, sabemos que há amigos mais chegados que um irmão, e assim era a amizade de ambos.
— Terei a vós para cuidar de minha família e garantir que meu pequeno herdeiro cresça com saúde para administrar tudo o que tenho. — respondeu Frederick seguro de suas palavras.
— Sou apenas um mordomo, ainda há tempo de desistir dessa loucura. — insistiu ele.
— És mais do que apenas um mordomo e sabes disso, és meu melhor amigo, um irmão que nunca tive e confio minha vida a vós. — a certeza de suas palavras causava mais espanto no homem que o olhava ainda temeroso.
— Mas e se matar o tal conde? — Rilian manteve o olhar preocupado — O que acontecerá? Meu amigo…
— Ainda assim, deixarei o país e a distância pedirei que continue a cuidar de minha família, só tenho a vós com quem contar. — o olhar de pai decidido e amigo desesperado ficou mais nítido, o que fez Rilian assentir com a face.
— Vamos então. — o homem pegou a caixa das mãos do amigo e verificou todos os detalhes da arma.
Ainda relutante mas certo de que não deixaria o amigo na mão, Rilian guardou a arma de volta na caixa e o acompanhou até a coxia dos cavalos. Um longo suspiro para elevar a coragem de um pai envergonhado, e a cavalgada em direção a um duelo pela honra de um diamante bruto.
Ainda presa ao quarto, se levantou ao ouvir o som dos cavalos. Sua agonia ao olhar o pai pela janela, com as mãos tremendo do que poderia acontecer por sua causa. Ela queria sair daquele quarto e impedir toda aquela loucura de acontecer, se não fosse pela promessa que fizera ao mesmo. Nosso diamante era uma donzela de palavra que sempre ao prometer algo aos pais, ainda que lhe causasse tristeza, o fazia sem pensar duas vezes.
Em sua mente a cena de sua queda sobre a grama, juntamente com lord Bridgerton se repetia várias e várias vezes. Talvez se a mesma não tivesse criado afetos iniciais pelo mesmo devido a um vestido presenteado, ou insistido por entender o motivo do mesmo não admitir tal presente, ou se perder de algo certo para se encontrar com o incerto em uma loja de doces… Ela não sabia qual das situações lhe causava mais arrependimento ainda.
— ! — o som da voz de soou do corredor, chamando-a para a realidade.
— ? — correu para a porta — O que fazes aqui, e a carta que lhe enviei?!
— Não se preocupe, está nas mãos de um amigo que pode nos ajudar. — a voz de surgiu então, lhe deixando ainda mais atordoada.
— O que fazes aqui ? — perguntou ela se sentindo o dobro de aflição.
— Ah, por favor. — a voz de Daisy entrou em cena, e logo o som da chave girando no trinco soou, uma girada de maçaneta e a porta se abriu.
O olhar ainda surpreso de fora recebido por abraços calorosos de suas amigas, o que a fez desfalecer brevemente nos braços de ambas. Amparada, ambas se acomodaram na cama do nosso diamante, com o olhar atento de Daisy que permanecera da porta, vigiando as outras irmãs em curiosidade que se mantinham no corredor.
— O que fazem aqui? E a minha carta? — perguntou novamente com aflição.
— Não se preocupe, vossa carta chegou até mim e fiz o que pude para lhe ajudar. — explicou prontamente — e eu pedimos ajuda a uma pessoa.
— Vai ficar tudo bem . — assegurou convicta que seu plano de casar o irmão com a amiga ainda estava vivo.
— Meu coração está acelerado com todos esses acontecimentos e todas as escolhas erradas que eu fiz. — desabafou ela, sentindo seus olhos lacrimejarem — Não quero que ninguém morra por minha causa, nem o meu pai e nem vosso irmão, .
— Ninguém morrerá, ficará tudo bem. — manteve o olhar tranquilo e a esperança acesa internamente para manter a amiga tranquila, voltando o olhar para Daisy na porta — Foi brilhante a vossa ideia da carta dentro da carta.
— Agradeço o reconhecimento. — disse Daisy com um sorriso mimoso.
— Mas nada do que eu dissesse, faria meu irmão ignorar a convocação de vosso pai. — fora realista quanto à postura de um nobre cavalheiro de seu irmão.
— E agora? Esperamos? — perguntou Rose ao aparecer na porta do quarto.
— Sim, esperamos e rezamos. — disse .
— Afinal de contas, quem é o tal amigo de ambas que nos ajudará? — perguntou Daisy intrigada com a informação incompleta.
— O homem mais sensato e gentil que conhecemos. — assegurou com segurança.
Distante do centro de Londres e no caminho para as colinas, próximo a um carvalho vistoso estava o Dr. Green esperando pelos senhores em questão. Frederick Sollary fora o primeiro a chegar, descendo de seu cavalo aproximou-se do homem já retirando o saquitel de moedas como pagamento por sua discrição.
— O senhor tem a certeza de seus atos, senhor Sollary? — perguntou o Dr Green, também preocupado com ele — Afinal, o homem é um nobre de título importante e família conhecida.
— Nobre ou não, aprenderá com a vida a não desonrar a filha de alguém. — Frederick respirou fundo — Não voltarei atrás.
— Que assim seja, senhor. — o Dr Green olhou mais atrás, avistando lord Bridgerton acompanhado de seu primo Gregory que estava a passeio pela cidade.
Frederick Sollary ao perceber a aproximação, virou-se para trás ficando o olhar nele, segurando a raiva para não cometer o impulso de atirar naquele mesmo instante. Rilian apoiou a mão direita sobre o ombro do amigo o acalmando, internamente ainda tinha esperanças que o mesmo dobrasse a raiva e começasse a pensar com mais clareza e razão.
— Senhor Sollary. — disse assim que desceu do cavalo, ainda envergonhado pela situação que causara o duelo — Por favor, não me importo que queira tirar-me a vida e entendo vossa atitude, não resistirei ao duelo meu primo é minha testemunha, mas peço que me escute antes.
— Não ouvirei uma só palavra do homem que desonrou minha casa, eu admirava vossa família, principalmente vossos tios pelo número de filhos e de como foram criados. — retrucou ele, deixando a raiva transparecer.
— Senhor Sollary
— Se não o ouvir peço que me ouça então. — a voz de lord Tenebrae soou atrás dos senhores, seguido do relinchar de seu cavalo.
E aqui está nosso duque de Whosis, a cada vez que vosso nome aparece diante de mim, um pulsar mais forte surge no coração desta autora que vos relata. E ao descer de seu cavalo, tal homem com toda elegância e sensatez se aproximou dos cavalheiros diante dele.
— Não permitirei que este duelo ocorra sem que um pouco razão seja apresentada ao senhor Sollary. — a voz de estava mais grossa e firme, num tom de autoridade que me estremece internamente.
— Vossa graça. — Frederick o olhou confuso por sua presença em tal ocasião — Não entendo a vossa presença aqui, é um assunto em particular e...
— E três damas em repleto desespero são a explicação de minha presença — voltou seu olhar para — Tens uma irmã muito cuidadosa lord Bridgerton.
— O que … — ele sussurrou de leve, sabia que vossa irmã não se deixaria sem respostas que o mesmo não lhe dera.
— Vossa graça, nada do que disser me fará desistir. — seguro do que dizia, Frederick deu um passo para se preparar.
— Eu tenho a certeza do contrário, senhor Sollary, está mesmo disposto a matar um homem e viver longe de sua família e esposa pelo resto da vida? — iniciou ele seu argumento, fazendo-o refletir — Há uma outra forma de reparar o acidente ocorrido, em que sua filha terá um futuro que não seja órfã ou com a família separada.
— E qual? — o senhor Sollary manteve o olhar fixo nele.
— Tenho a plena certeza que até o presente momento mesmo com rumores de vossa procura, lord Bridgerton não está comprometido com nenhuma dama e por certo a melhor forma de reparar tal ato é desposando vossa filha. — completou ele, proferindo o óbvio que todos esperávamos — Sei que vossa primeira opção para a senhorita Sollary era meu amigo, o marquês de Hamilton, entretanto, tenho certeza que vossa filha ainda fará um bom casamento sendo uma lady Bridgerton.
As palavras do duque de Whosis fizeram ambos os cavalheiros presentes voltarem os olhares para , que internamente sentia como se quisesse tê-las proferido ele mesmo. Desde o início o que ele queria não era o duelo, mas fazer o pedido ao senhor Sollary e manter a honra de nosso diamante bruto.
Agora, um pai estava a encaixar as peças em sua mente após os olhos lhe serem abertos da forma mais racional possível. Como o mesmo não havia pensado em tal saída antes? A raiva, vossa raiva fora uma pequena trave que não lhe deu a oportunidade de seguir pelo caminho mais fácil e seguro. Entretanto, agora Frederick tinha a solução diante de si e a única coisa que precisava fazer é consentir o que será a união da primeira pedra preciosa.
Que lord Magnus não me ouça dizer isso, mas nada se compara a um Bridgerton apaixonado…
A não ser claro um duque misterioso ou um príncipe libertino.
E é claro que eu posso me deliciar com ambos os cavalheiros mais intensos de toda a Londres.
Lady Lewis
Eu já abri o meu coração para você há muito tempo
Você é tudo para mim, esse é o meu jeito de confirmar
Eu deveria ser cuidadoso e me amar mais,
desse jeito eu nunca irei me machucar.
- My Answer / EXO
XIII. O diamante Bridgerton
Certa vez eu ouvi de meu pai:
“O homem comum fala, o sábio escuta e o tolo discute.”
Para ele, saber ouvir era a maior virtude de uma pessoa, que demonstrava a sabedoria que ela possuía. Entretanto, em raros casos esta demonstração era necessária ser verbalizada e vinha em forma de palavras sábias que conduziam os homens a momentos de paz. E assim foi com vossa graça, ao se colocar em meio a um duelo para trazer a razão a um pai desesperado.
O cessar fogo mais esperado desta temporada!
— O que me diz, senhor Sollary?! — insistiu vossa graça, esperando uma posição do homem.
— Eu não havia pensado nesta possibilidade. — admitiu o homem, mantendo o olhar firme e sério em — Lord Bridgerton, estaria disposto a se casar com minha filha?
— Sim senhor, faria o que fosse necessário para reparar a vergonha que trouxe a sua casa. — assentiu, mantendo-se sereno em sua face — E como prova de minha sinceridade, recusarei o dote que estás a oferecer pela mão de vossa filha.
O que?! Que nosso lord Bridgerton já demonstrava sentimentos por nosso diamante bruto, eu já havia notado, contudo, a ponto de recusar o cobiçado dote de duzentas mil libras, deixa o coração desta autora ainda mais derretido.
— Tens certeza meu primo?! — sussurrou Gregory, em seu ouvido — É uma fortuna considerável este dote.
O olhar ainda desconfiado do senhor Sollary se desfez com a segurança que o Bridgerton transmitia em sua decisão.
— Sim, tenho certeza. — voltou seu olhar para Frederick — Não quero que o senhor pense que todo o ocorrido fora uma estratégia minha para casar-me com vossa filha pelo dote… Como disse anteriormente, foi um acidente e estou disposto a reparar e devolver a honra para vossa filha.
— Devo admitir que vossas palavras me surpreendem. — o senhor Sollary respirou fundo, pensando em suas próximas ações — Está decidido então, falarei hoje mesmo com o bispo, esta união será celebrada o mais rápido possível.
— Não achas melhor esperar pelo final da temporada, senhor? — perguntou Rillian — As pessoas podem achar estranho uma cerimônia tão rápida.
— Não me importo com o que as pessoas pensarão sobre, se lord Bridgerton está inclinado a honrar com a palavra, esta cerimônia acontecerá no final deste mês. — declarou Frederick com confiança e firmeza.
Como eu sempre digo, o frescor da primavera nos traz surpresas das quais jamais nos esqueceremos, e este quase duelo não será esquecido. No final, a interferência de vossa graça nos rendeu a confirmação do primeiro casal de nossa história. Após mais algumas palavras, ambos os cavalheiros se recolheram em direção a vossas residências. A casa do senhor Sollary, parecia mais uma convenção de donzelas aflitas, que foram pegas de surpresas com sua chegada pacífica e tranquila, acompanhado de vossa graça.
— Senhoritas. — o duque fez uma breve reverência após ser apresentado juntamente com o dono da casa.
— Vossa graça. — disseram e juntas.
— Papai. — se aproximou de seu pai temerosa e ansiosa por notícias.
Ele ignorou a filha a princípio, e olhou para suas amigas.
— Eu imagino o motivo da presença das senhoritas, mas peço que se retirem, por favor. — Frederick se pronunciou, mantendo o tom frio — Vossa graça poderia acompanhá-las?!
Mas é claro que nosso duque de Whosis sabia que as damas certamente estariam reunidas na Sollary House, para dar apoio ao diamante bruto. Antes mesmo que pudesse retrucar o pedido...
— O senhor Sollary precisa de um momento com a família. — disse , voltando sua atenção para — Será um prazer acompanhá-las senhoritas.
— Tudo bem. — sorriu de leve, controlando seu coração já acelerado somente por vê-lo e voltou-se para a amiga — Espero uma carta sua .
— Agradeço por tudo, . — nosso diamante sorriu de leve e a abraçou, então deu outro abraço em — E a vós também, minha amiga, muito obrigada.
— Sabe que podes contar conosco sempre. — disse , retribuindo o abraço — Boa sorte.
— Obrigada. — tentou manter um sorriso singelo no rosto, enquanto suas amigas se retiravam.
Porém, após o fechar da porta, toda a sua coragem se desfazer e voltando seu olhar para o pai que se mantinha em silêncio, o observou.
— Pai. — ela sussurrou.
— Venha comigo , temos muito o que conversar. — finalmente Frederick pronunciou, direcionando-se para o escritório.
assentiu com a face e olhou para as irmãs, que se mantinham paradas próximo às escadas e passos lentos, seguindo o pai até o escritório. Ao entrarem, ela se sentou em uma cadeira em frente a mesa, enquanto ele se manteve de pé com as mãos nos bolsos pensativo em como iniciaria aquela conversa. Quanto mais o silêncio pairava entre ambos, mais ela sentia seu coração apertar dentro do peito.
— Não vou dizer que estou satisfeito com o que irei anunciar, entretanto sinto-me mais conformado com o que acontecerá. — iniciou ele, de forma enigmática.
— Do que estás a falar? Papai, não me diga que… — ela segurou as lágrimas que já se formavam novamente no canto dos olhos.
Em sua mente, só conseguia pensar o pior.
— Não minha filha, eu não o matei. — afirmou Frederick — Porque eu não posso deixar minha filha viúva, por isso ele ainda está vivo.
— Como assim, viúva?! — ela se mostrou confusa no olhar.
— Sendo mais claro, ao final deste mês se tornará a senhora Bridgerton, tudo já está resolvido com lord Bridgerton e para reparar o acidente ocorrido, ele se casará com vós. — anunciou ele, deixando-a estática.
O olhar assustado de só confirmava uma verdade, nem mesmo nosso diamante bruto ousou imaginar o óbvio de ser desposada pelo Bridgerton. O que faz-me obrigada a declarar minha felicidade por termos um cavalheiro de tamanha nobreza como o duque de Whosis que sempre está a postos para levar a razão a quem precisa. E nossa doce pérola intocável sabia disso, tanto que fora dela a ideia de pedir ajuda a vossa graça, juntamente com .
— O senhor não irá mesmo dizer-me o que aconteceu? — pediu , mais uma vez, em seu ápice de curiosidade.
— Não, senhorita Bridgerton. — vossa graça sorriu de canto, sempre se divertia com o seu jeito espontâneo — Converse com vosso irmão, ele explicará tudo para vós.
— Bem, então só me resta agradecer-lhe por tudo. — fez uma breve reverência com a face e sorriu para que estava sentada ao seu lado — Escrevo-lhe mais tarde.
— Esperarei por vossas notícias. — assentiu a Bourbon com leveza no olhar — E desejo-lhe sorte com vosso irmão.
assentiu e desceu da carruagem que estacionou em frente a casa de vossa tia. Com um profundo respirar, ela adentrou os portões e seguiu para a lateral sul do jardim do qual avistara o irmão. Drimiri se mantinha imóvel, com o olhar fixado no canteiro de tulipas, as favoritas de sua mãe quando viva. Sua concentração em pensamentos voltados ao ocorrido pela manhã, mal lhe permitiu sentir a aproximação da irmã.
— Irmão?! — a voz de nossa pérola soou baixa, porém audível.
— . — ele manteve o olhar onde estava — Presumo que estava na casa do senhor Sollary.
— Sim, e morrendo de preocupação contigo. — confessou ela — Não sabes o quanto rezei para que sobrevivesse a fúria do senhor Sollary.
— Agradeço por se preocupar tanto comigo, sempre foi uma doce irmã. — ele voltou o olhar para ela.
— O que aconteceu? — ela tentou conter sua curiosidade, mas sabia que se não perguntasse, vosso irmão não diria nada.
— Ao final do mês, me casarei com a senhorita Sollary. — fora direto e preciso como de costume.
— Final do mês?! — a voz de soou mais alto e com um toque de empolgação — Casar? Então ela será vossa esposa?
— Sim, . — assentiu ele.
— Aaaaaahhhhhhhhhhh!! — deu alguns pulos moderados de felicidade, não se envergonhando de sua reação — Bem, este era meu objetivo desde o momento em que conheci , claro que meu plano teve alguns desvios, mas…
Ela começou a dizer em voz alta, esquecendo-se da presença do irmão.
— Vosso plano? , do que estás a falar? — virou todo o corpo para sua direção e cruzou os braços.
— É que… — ela mordeu os lábios inferiores.
— O que você fez? — perguntou ele.
— Fui eu quem enviou o vestido para a em seu nome. — confessou ela.
O olhar do Bridgerton se mostrou um tanto desapontado.
— Como podes brincar com a vida de duas pessoas? — sentiu sua garganta arder de raiva — , tens noção do que causaste? Eu poderia ter morrido devido a vossas brincadeiras.
— Irmão, perdoe-me, eu somente queria… Sua palavras sobre não se casar me deixaram aflita e vi em uma oportunidade de se apaixonar novamente. — explicou ela, tentando não tropeçar em suas palavras — Sei bem como ficaste da última vez, das noites que passou em claro com seu coração partido, não queria vê-lo infeliz no amor para sempre.
— . — ele segurou a mão de sua irmã, deixando o olhar mais brando — Por mais que se preocupe comigo, esta é a minha vida, e somente eu devo fazer minhas escolhas… Olha o que suas ações nos custou, e se estivesse apaixonada pelo marquês de Hamilton? Acaso pensou nos sentimentos dela? Não podes manipular a vida das pessoas.
— Tens razão, perdoe-me irmão. — por fim, sentiu-se culpada por seus planos de casamenteira, que lhe rendeu algumas lágrimas rolantes por seu rosto.
— Não precisas chorar também. — riu de leve ao retirar o lenço de seu bolso e secar as lágrimas da irmã — Apenas viva a sua vida e deixe as pessoas viverem as delas.
— És o melhor irmão do mundo, sabia?! — ela o abraçou de leve.
— Sou vosso único irmão, espertinha. — brincou ele, retribuindo o abraço — Não vais me desejar felicitações pelo casamento?
— É claro que sim, estou mais do que feliz pela notícia, parabéns meu irmão. — ela sorriu de leve e o olhou — é uma dama incrível, desejo que ela se apaixone por vós, assim como vejo que já a ama.
— Como sabes sobre os meus sentimentos? — perguntou com um olhar bobo.
— Posso ver isso nitidamente quando olhas para ela, quando foi que começou a gostar da Sollary? — se mostrou curiosa quanto ao fato.
— Não direi irmã, isso eu não direi. — sorri de leve, afastando-se dela.
— Ah não, irmão, irá me dizer sim! — insistiu, indo atrás dele rumo à entrada leste da casa.
Mais uma vez a família Bridgerton teria motivos para celebrar e reunir todos de uma só vez. Claro que toda a nobreza inglesa ficou alvoroçada no dia seguinte, entre seus cochichos pelas ruas após um precoce anúncio meu relatando parcialmente sobre o ocorrido. Sendo sincera, eu nem mesmo tenho um só vestido que se adeque a tal evento. Espero que a mademoiselle Tatou tenha um horário em sua agenda, pois não faltarei a este casamento por nada.
Há ruas de distância dali, estava a carruagem de vossa graça estacionando em frente à modesta casa da família Bourbon. Ao descerem, depararam-se com lord Bourbon chegando de um compromisso da noite que lhe tirara de casa até o amanhecer. Com um irrecusável convite para o brunch do lord envergonhado por seus trajes da noite seguinte ainda no corpo, o duque de Whosis não encontrando saída, aceitou.
— Perdoe-me, vossa graça. — forçou sua voz, entretanto o tom continuou baixo.
— Pelo que me pedes perdão, senhorita Bourbon? — manteve a serenidade de sempre no olhar, tentando entender as palavras da dama a sua frente.
— Primeiro, por perturbá-lo com os problemas de minhas amigas. — ela manteve o olhar baixo, sentindo o coração acelerado por estar tão perto dele — E também pelo estado de meu pai nesta manhã.
Aquela não fora a primeira vez que nosso rubi inesperado se deparara com o retorno do pai em estado de embriaguez, após uma noite de desaparecido em clubes de jogos de azar e ou em casas prazer. Contudo, era a primeira vez que compartilhara o ocorrido na presença de alguém como o duque.
— Não se preocupe com isso, sinto-me honrado por ter dividido vossas aflições comigo. — ele segurou em sua mão, mantendo o olhar mais intenso.
Vossa graça, por favor, não brinque com meu coração, menos ainda com o de nosso rubi. Confesso que a cada olhar, tenho me inclinado ainda mais para esse duque que nos encanta.
— Senhor, não diga tal coisa. — pediu ela, mantendo o olhar abaixado.
O pulsar mais forma, suas pernas trêmulas, e a respiração quase falha. Assim, se mantinha resistente ao homem diante de seus olhos.
— Por que? — perguntou ele.
— Como sabes, estou prometida a outro e meu casamento será no final da temporada. — explicou ela, pausadamente — Não podes dizer estas coisas e menos ainda pedir-me para prometer algo que não poderei cumprir.
— Estás arrependida pelo Vauxhall? — indagou ele, disfarçando o olhar triste.
— Somente estou mantendo-me racional nas circunstâncias de minha vida. — respondeu ela, não queria magoá-lo, como também não queria se magoar — Vossa graça, agradeço por toda a ajuda, entretanto, sinto-me na obrigação de dizer-lhe que é a última vez que me verá nesta temporada.
— Do que estás a dizer?! — ele se pegou confuso.
— Após o casamento de , irei para o campo passar o restante dos dias de primavera na casa de minha tia Poppy, será melhor para que minha imagem seja preservada diante do meu noivo. — explicou ela.
— Vosso pai foi quem tomaste essa decisão? — perguntou ele.
— Foi minha. — respondeu ela — Tenho pensado sobre isso durante toda a manhã, enquanto consolava minha amiga… Ver o que aconteceu com ela por causa de um acidente, não quero que… Primeiro tive um passeio com vossa alteza e depois, estive em sua companhia no Vauxhall…
Para Amélia, construir aquele argumento era como suportar uma dor agonizante, com sua mente confusa por estar apaixonada pelo duque prometida a outro. Em instantes de pausa para se encher de coragem, nosso rubi inesperado fora surpreendida por um movimento ousado de vossa graça. O homem sem pensar nas consequências que poderiam vir a seguir, tomou-a pela cintura aproximando-se mais e lhe tocou os lábios com um beijo doce e suave.
A inocente Bourbon, com seu corpo cansado de resistir o óbvio, deixou-se entregar ao aconchego dos braços de Tenebrae. E eu que imaginei que o primeiro beijo de nossa história sairia da intensidade de uma certa realeza libertina em uma pérola intocável.
Sinto-me ainda mais perplexa pela cena...
E ainda nem terminamos este capítulo.
Será que esta autora que vos escreve chegará com sua sanidade mental intacta ao final desta história?
Os dias que seguiram pareciam uma eternidade. Principalmente para dois corações ansiosos, que até mesmo uma audiência com vossa majestade fora solicitada devido a urgência do pedido. Avançamos para uma tarde de sexta com uma reunião feminina na última prova do vestido de . Uma modelagem digna de grandes rainhas da história, que deixava sua pele negra ainda mais aveludada e iluminada em meio aos arabescos bordados a mão com pequenas pedras de diamante.
— , está realmente deslumbrante. — elogiou com os olhos brilhando.
— É a noiva mais linda que eu já vi na vida. — comentou , também admimirada.
— Diz isso , porque ainda não casaste. — sorriu de leve, para o reflexo da amiga no espelho a sua frente.
— Tenho certeza que não chegaria a este nível. — a doce rubi sorriu de volta.
— Pare de se menosprezar. — virou-se para ela e aproximou-se pegando em sua mão — És tão bela quanto eu e , além de que suas sardas são um charme.
— Nisso eu concordo, és linda, minha amiga. — a olhou com repreensão e sutileza ao mesmo tempo — E por falar em noiva, pelo menos vós já está com os pés em direção ao altar, por mais que não saiba o nome do cavalheiro, já eu… Estou a esperar pelo meu destino sendo a pérola intocável.
— Diz isso como se não houvesse um certo príncipe apaixonado por vós. — manteve o olhar intrigado para a amiga — Não nos contou mais nada sobre o Vauxhall e nem sobre a tal declaração de amor.
— Ah… Tantas coisas aconteceram após o Vauxhall, e a maioria se tratavam da senhorita. — retrucou — Mas o necessário eu lhes contei na carta que vos escrevi.
— E então, desde aquele dia não o viste mais? — perguntou — Vossa alteza parecia tão determinado a lhe conquistar.
— Sim, a senhorita mesmo disse que ele transbordava sinceridade em seu olhar. — cruzou os braços — O que aconteceu, ?
sentou-se novamente na cadeira e soltou um suspiro cansado.
— Eu não o entendo, o príncipe é a pessoa mais inconstante que conheço. — respondeu — Eu realmente achei que ele fosse conversar com meu irmão e pedir minha mão, mas ao invés disso se retirou de Londres sem dar explicações.
— Pelo que li no jornal de Lady Lewis, ele foi para cuidar de assuntos reais em Liverpool. — comentou — E por falar nela, viram seu novo anúncio da chegada do príncipe de Mônaco? Bem ocultamente ela deu a entender que a retirada de vossa alteza está relacionada a isso.
— Eu não acho que seja isso. — afirmou para as amigas — Eu só queria por um momento ter o poder de ouvir seus pensamentos.
— Bem, não se prendas então por esse ocorrido, ainda há tantos outros cavalheiros a desejar-te. — comentou ao voltar a se olhar no espelho — Pretendentes é que não te falta.
— Ainda não entendeste , nossa amiga está apaixonada por vossa alteza, nenhum outro servirá. — constatou , ao entender aquele olhar que a Bridgerton tanto tentava esconder.
— Não quero continuar presa a este sentimento, ao mesmo tempo que o sinto, tenho medo de me arrepender. — confessou .
— Como podes se arrepender de estar apaixonada?! — perguntou — Pelo menos tens a liberdade de escolher quem ama.
— , não é tão simples, ainda não confio totalmente em vossa alteza, e seu silêncio agora apenas complica tudo para minha mente. — ela voltou o olhar para a janela, observando o balançar das folhas da árvore — Não imagina o quanto eu desejo retornar ao Vauxhall e impedi-lo de se declarar, assim eu não criaria tanta expectativa em meu coração.
— Expectativa… Queria tanto poder ter. — comentou num tom mais baixo quase sussurro e suspirou.
Em sua mente a lembrança do beijo que vossa graça lhe dera permanecia viva e nítida. O doce de seus lábios combinado ao toque da ponta de seus dedos em sua cintura. Como tal ocorrido pode acontecer em sua casa há poucos metros de seu pai a recuperar-se no quarto. Minha cara Bourbon, não é somente vós que está em surtos internos com este beijo, acredite.
— Senhorita Sollary, me perdoem por atrapalhar. — disse a criada Moore ao entrar no quarto — A mademoiselle Tatou está aqui para o ajuste do vestido.
— Deixe a entrar. — assentiu .
— Agora que nós vimos o vestido, vamos nos retirar para lhe deixar mais à vontade. — disse ao se afastar da amiga — Vamos ?
— Sim, claro, preciso me certificar que meu irmão também estará apresentável para o momento. — brincou a Bridgerton.
— Senhoritas. — a estilista adentrou o quarto na companhia da criada e fez um leve cumprimento com a face — Como está a noiva?
— Mademoiselle, o vestido é realmente lindo, me surpreendeu. — elogiou .
— Eu disse ao senhor Sollary que seria o melhor para a sua filha. — garantiu Tatou, e voltando-se para as outras — E vós, senhorita Amélia, quando fará a encomenda do vosso vestido?
— Bem, eu ainda não sei exatamente. — respondeu ela, um tanto sem graça — Aparentemente ainda não temos data definida.
— Hum… Se demorarem muito, os rumores serão tidos como verdadeiros. — Tatou disfarçou um pouco a voz, mas lá no fundo estava mesmo curiosa para saber se o noivo existia ou não.
— Que rumores? — perguntou , intrigada.
— Não viram o jornal da Lady de hoje? — a estilista a olhou admirada — Não há uma só pessoa que não comente sobre o noivado de ser uma invenção do pai para manter a honra da família.
— O que?! — sentiu uma leve tontura pela afirmação da mulher — Como podem achar tal coisa de meu pai?
Com um crescente sentimento de vergonha surgindo em si, a bela Bourbon se retirou do quarto de sua amiga, sendo amparada por que demonstrava indignação. Como poderiam fazer mais essa indelicadeza com sua amiga? Devo assegurar que até eu estou indignada com tais injúrias, entretanto, não sou eu quem digo isso, mais a nobreza de nossa destacada Londres.
— Não fique assim . — disse assim que ambas chegaram em sua carruagem — Certamente vosso pai não faria algo assim, lhe dar falsas esperanças.
— Eu sei, eu conheço meu pai, jamais faria isso, nem mesmo quando perdeu toda a nossa fortuna, deixou de me dizer a verdade. — respirou fundo e entrou na carruagem para se sentar de frente para a amiga — Mas não nego que sinto-me mal por esses cochichos.
— Não se sinta. — entrou logo atrás e a olhou com gentileza — Bem, já que minha vida amorosa tem me deixado desnorteada, vou ocupar minha mente com algo saudável.
— Do que estás a dizer? — riu de leve não entendendo-a.
— Vou lhe ajudar a descobrir quem é seu noivo. — as palavras soaram de com firmeza — Nem que para isso eu tenha que subornar algumas pessoas, deixarei apenas o casamento de passar e me concentrarei nisso.
— A única pessoa que precisaria subornar é meu pai, e não acho que conseguiria. — ela riu um pouco mais — Contudo, agradeço vossa ajuda, sou mesmo muito grata a Deus por ter amigas como e você.
— Queria ser tão tranquila e paciente como vós. — afirmou — Se eu estivesse em seu lugar, já estava em colapso por tanto mistério.
— A vida em si é um mistério por não sabermos o que pode nos acontecer no dia de amanhã, estou apenas tentando viver um dia de cada vez . — explicou suavizando um pouco mais sua voz.
assentiu de leve com um sorriso, mesmo não se conformando com a tranquilidade da amiga. Inocente, mal ela sabia que internamente nossa já havia passado de todos os níveis de colapso, devido ao ocorrido com vossa graça.
--
E finalmente coloco-me diante da primeira cerimônia matrimonial de nossa temporada. Um frio em minha barriga ao ver nosso diamante bruto a passos lentos rumo ao altar. Uma cerimônia simples, para poucos e seletos convidados, celebrada no grande jardim da Sollary House. Fora tudo tão repentino porém sublime nos detalhes, a começar pelo convite de papel adornado com desenhos de flor de cerejeira e letras douradas. E não nos esqueceremos das toalhas de seda nas mesas do jardim e o vasto banquete preparado, mesmo que para um número bem reduzido.
Ainda que tudo tenha se iniciado com um certo plano desastroso…
Ainda que ao longe no clube um marquês amargurado esteja se consolando em garrafas de uísque com uma alta probabilidade de estragar tudo...
Lá no fundo tem-se uma única certeza...
Nada iria atrapalhar o dia em que nosso diamante bruto se tornaria uma Bridgerton.
Palavra de autora!
Lady Lewis.
Eu posso parecer forte, até mesmo sorrir,
mas na verdade eu estou tão sozinho
Pode até parecer que eu não tenho nenhuma preocupação,
mas na verdade eu tenho muito a dizer
A primeira vez que te vi, me senti tão atraído por você
Andando sem rumo, Não pude dizer uma palavra.
- My Answer / EXO
XIV. Wedding Party
Há quem diga que de todas as recepções da nobreza, a mais glamourosa é a de debutantes. O momento em que nossas jovens se apresentam a vossa majestade para uma temporada repleta de anseios e cortejos. Entretanto, para mim, nada se compara a uma sutil cerimônia de casamento, que sela o futuro de dois corações conflituosos.
Para quem achou que todos estavam satisfeitos com tal evento, é porque não ouviram as palavras amargas do marquês no clube dos cavalheiros. E claro que o ombro amigo seria de vossa graça, que em sua prudência achou melhor não se afastar do amigo, para assim evitar possíveis conflitos.
— Deverias se conformar, Magnus. — aconselhou , num tom baixo, porém firme — E reduzir um pouco suas doses de whisky.
— Não me regule amigo, meu orgulho foi ferido por aquele Bridgerton. — num tom amargo com vestígios de embriaguez, ele reclinou o corpo para se apoiar melhor no encosto da poltrona — Roubou-me minhas duzentas mil libras.
— Está realmente assim por causa do dote? — o olhar do duque mostrou breve indignação — Achei que estivesse mesmo apaixonado por ela.
— Eu a acho atraente, não nego, sua pele negra que transmite luz própria, posso dizer que há um encantamento de minha parte. Afinal é a mais bela das filhas do burguês. — comentou Magnus, não se importando com a indignação do amigo — Mas apaixonado? Não, talvez após o casamento.
Magnus soltou um suspiro fraco e tomou o último gole de seu copo.
— Mas farei o possível para me conformar, afinal o senhor Sollary me prometeu a mão prévia de vossa segunda filha na próxima temporada, e o mesmo valor em dote. — ele sorriu de canto.
— Não acho que deverias se casar por interesse. — aconselhou novamente.
— Eu vejo como uma troca de favores. — explicou ele, com naturalidade — Ele precisa casar bem as filhas, com importantes homens da nobreza e eu preciso de uma esposa de família rica... Sabes que meu tio cortou-me parte de minha renda após aquelas aventuras em Limerick, agora preciso mostrar-me um homem de família honrado.
— Conselhos não lhe faltou de minha parte. — comentou , lembrando-se da gravidade do assunto.
Há pouco mais de dois anos em sua passagem pela cidade dos tios tutores, Magnus havia causado alguns transtornos. Seduzindo uma jovem de família humilde e deixando-a grávida e desamparada. Claro que sua família abafou o caso, para não trazer mais desonra ainda. Entretanto, por ordem de vossa majestade herança paterna seria administrada por seu tio também marquês. O único direito que teria sobre a fortuna seria receber um auxílio mensal até que se casasse e tivesse um herdeiro.
— O que está feito, está feito. — resmungou Magnus voltando seu olhar para Genevieve Le'Chant, o affair de vossa alteza, que estava aos fundos do lugar com alguns músicos para entretenimento dos cavalheiros.
— E o que pretende fazer até chegar a próxima temporada? — perguntou , acompanhando seu olhar até a cortesã.
— Aproveitar a vida meu amigo… — o marquês de Hamilton levantou-se da poltrona e deixando o copo vazia na mesa de centro a sua frente, voltou-se para a direção de Genevieve — Vou aproveitar meus momentos preciosos de solteiro.
Ao completar Robert Magnus afastou-se dele, seguindo para o seu foco da noite. Nesta altura já imaginava muito bem que vosso amigo se reconfortaria no corpo da cantora, e que sua presença ali não seria mais necessária. Entretanto, deixaria algum criado de sua confiança a vigiar a saída do amigo do clube na manhã seguinte.
Distante dali, parado diante de um altar montado ao centro do jardim da casa da família Sollary, estava um noivo nervoso e ansioso. O coração de nosso conde de Whatnot estava no limite da aceleração, com as mãos suadas e pernas trêmulas a esperar sua noiva. Todos os seletos convidados, inclusive eu, esta humilde escritora que vos relata, assentados em cadeiras almofadadas enfileiradas ao lado dos arbustos. Já era de se esperar uma restrita lista de convidados diante da surpresa do anúncio da união das famílias. E há quem diga que receber o convite deste casamento se tornou ainda mais desejado entre os nobres, que assistiram à coroação do príncipe regente.
Devo admitir que o perfume das flores deixavam tudo ainda mais encantador, e para uma pequena cerimônia organizada em poucos dias, tudo parecia ter sido planejado a muito mais tempo.
Impecável.
É a palavra certa para referir ao trabalho de Constance, a governanta dos Sollary. A decoração leve e sutil, deixando que somente os noivos fossem o destaque daquela manhã ensolarada. Um dia memorável para a família e mais do que especial para a senhora Marie, mãe de nosso diamante, que mesmo em precárias condições de saúde, não aceitou o pedido do marido para assistir a cerimônia da janela do quarto. No conforto de uma acolchoada poltrona reservada para ela próximo ao altar, ali estava ela com o pequeno Bowlmer em seu colo, vendo o brilho no olhar do marido ao realizar seu sonho de um bom casamento para a sua primogênita. Ainda que este mesmo esteja sendo nas demais circunstâncias.
Alguns minutos de espera para que todos se acomodassem, pontualmente como acordado, os instrumentistas iniciaram a marcha nupcial, e os olhares se voltaram para o nosso diamante. Sendo guiada pelo pai no longo caminho demarcado por duas linhas de seixos brancos com pétalas de rosas brancas, também sentia seu corpo trêmulo e sua mente o ápice do caos. Os pensamentos confusos só conseguiam ser voltados para a mesma pergunta: o que acontece com os casais após o final da cerimônia? Ela não havia tido nenhum tipo de conversa com sua mãe sobre isso, não queria cansá-la com essas perguntas inapropriadas.
— Está tudo bem, querida? — sussurrou seu pai, mantendo o orgulho no olhar.
— Sim. — assentiu ela, abrindo um singelo sorriso, para tranquilizá-lo.
Para o senhor Sollary, diante de todo o transtorno passado, um Bridgerton ainda conseguiria ser um bom casamento para a filha. Para , um conflito mais importante se formava dentro do seu coração. Para , a ansiedade e responsabilidade em fazê-la a mulher mais feliz do mundo.
— Ela está tão linda. — comentou num tom baixo, com os olhos brilhando ao ver a amiga — Ainda não acredito que deu certo.
— O que deu certo? — a olhou confusa.
— Ah, eu prometo que depois contarei. — riu de leve, sabia muito bem de suas travessuras.
riu baixo junto e voltou o olhar para a amiga.
— Sim, está mesmo muito bonita. — concordou.
— Em breve será você. — comentou .
— Será mesmo? — segurou suas emoções mantendo o sorriso no rosto diante da felicidade da amiga que passara por ela — Após o casamento de , irei para a casa de minha tia no campo, por um pedido do meu pai.
— Oh amiga, porque não nos contou isso? — voltou o olhar para ela, surpresa.
— Não queria atrapalhar o momento de , mas as palavras da modista podem ser verdadeiras, se meu pai deseja meu afastamento de Londres, é porque não há esperança para mim. — ela segurou as pequenas lágrimas no canto dos olhos e continuou com a atenção na noiva.
Já em frente ao altar, o senhor Sollary levantou o véu que escondia o rosto de sua filha e lhe deu um suave beijo em sua testa, após entregá-la ao futuro esposo, se colocou ao lado de Marie. A cerimônia foi breve e logo deu espaço para o almoço dos noivos para os convidados. De há uma coisa que esta autora sempre obteve curiosidades, é saber como eram oferecidas às festas da burguesia. E tenho certeza que até vossa majestade concorda comigo, pois fez questão de desmarcar todos os compromissos reais para comparecer a cerimônia.
— Agradecemos pelo presente, vossa majestade. — disse , em nome do casal ao curvar-se juntamente com sua agora esposa, diante da realeza e suas damas de companhia — Agradecemos também vossa presença.
— Jamais perderia o casamento de um Bridgerton. — a rainha manteve a sobrancelha direita arqueada e voltou seu olhar para a noiva — E posso afirmar que estou orgulhosa pela escolha, conquistaste o diamante mais raro de todos que eu já encontrei.
Um sorriso de canto de vossa majestade fora mais do que o suficiente para demonstrar a todos sua aprovação para a união.
— Quero que conheçam o meu sobrinho, August Grimaldi, o príncipe de Mônaco. — apresentou a rainha.
— Vossa alteza. — e se curvaram novamente, em cumprimento a ele.
— Sinto-me um privilegiado por presenciar esta união, minha tia me contou muito sobre sua família, senhora Sollary, ou melhor lady Bridgerton. — corrigiu o príncipe sua colocação — Estou admirado.
apenas sorriu com leveza, mantendo o olhar baixo. Os noivos se afastaram de vossa majestade de forma cordial e foram cumprimentar os demais convidados. Nossas outras pedras preciosas foram as primeiras a monopolizar a noiva, com abraços e risadas alegres.
— Você está tão linda . — disse ao abraçá-la novamente — Este vestido ficou mesmo perfeito.
— Devo lhe chamar agora de lady Bridgerton? — brincou , ao tocar de leve no véu da amiga com um brilho no olhar.
— Eu não sei. — disse , envergonhada.
Todo aquele universo de etiquetas da nobreza era um pouco novo para ela, apesar de ter tido aulas com sua criada pessoal, a senhorita Moore.
— Mas é claro que sim, por ter se casado com um conde, ganhaste automaticamente por direito de matrimônio o título de nobreza. — explicou , lembrando-se vagamente de muitos assuntos dos quais ouvira seu pai conversar com amigos quando criança.
— Bem, acho que pelo menos um sonho de meu pai está realizado, ele sempre ambicionou que me casasse com alguém da nobreza para ter títulos. — contou o diamante.
— Acredite, em alguns casos o título se torna seu maior pesadelo. — comentou .
— Ah sim, já ouvi algumas histórias assim. — concordou — Mas não falemos sobre isso, vamos falar sobre a lua-de-mel.
— Ah sim, , já sabes para onde vão? — perguntou se empolgando um pouco.
— Não.
— Ah, certamente irão à Paris, não há cidade melhor para se passar as primeiras semanas de casamento. — comentou .
— Se for para escolher, desejaria ir à Itália. — confessou .
— Eu acho atraente países do oriente. — comentou — Tenho desejo de conhecer o Japão, dizem que a cultura é muito bonita, assim como as vestimentas tradicionais.
— Ah, sim, meu primo Colin já viajou para Tóquio uma vez. — contou , tentando se lembrar se era mesmo esta a cidade.
— As donzelas irão monopolizar a noiva agora? — a voz inconfundível de lady Danbury soou atrás delas — Não deveriam estar preocupadas com o de ambas?
— Lady Danbury. — sorriu de leve, um pouco sem graça.
Sua memória a transportou por alguns instantes à noite em que fora pega em sua biblioteca com o duque. Noite esta que a fez iniciar seus sentimentos por um homem que em sua mente seria impossível de alcançar. Nós a entendemos minha cara rubi, quando se trata deste duque, entendemos muito bem.
— Não se preocupe, lady Danbury, em breve será convidada para o nosso casamento. — assegurou , com convicção de suas palavras.
O que demonstrou ser uma afirmação firme e ousada.
— Para alguém que ainda não está em corte, admiro muito vossa coragem em declarar tal coisa. — lady Danbury manteve um olhar desconfiado para ela — Devo esperar outro casamento Bridgerton em breve?
— Tenha a certeza que até o final desta temporada, haverá um convite em vossa casa. — garantiu.
Lady Danbury sorriu demonstrando satisfação pelas palavras de confiança da jovem dama. não sabia se de fato o noivo seria vossa alteza e nem o mencionaria naquela conversa, mas estava certa que aquela temporada não havia terminado para ela e que ao final da primavera, estaria rumo ao altar.
— É uma dádiva ter amigas de verdade neste mundo. — comentou lady Danbury assim que o rubi e a pérola se afastaram.
— Sim senhora, agradeço por ter vindo. — concordou , demonstrando certa timidez na presença dela.
— Foi uma linda cerimônia, toda sutileza deste lugar combina com sua beleza, no entanto, não consigo sentir entusiasmo em seu olhar, deverias estar exalando mais felicidade. — comentou a mulher, com um olhar agora de análise — Já vi muitas jovens casando-se obrigadas por questões financeiras e sei que este não é o vosso caso…
— Senhora… — tentou disfarçar.
— Lord Bridgerton é da nobreza como vosso pai planejou desde o início, só me pego intrigada por tudo ter sido tão rápido e pelo fato de existir um marquês peculiarmente envolvido nesta história. — continuou ela.
sentiu seu corpo gelar com aquelas insinuações.
— É um prazer vossa presença, lady Danbury. — a voz de lady Violet soou próximo.
A sagaz tia já tinha conhecimento de todos os fatos ocorridos até o “sim” do altar. E para deixar menos apreensiva com as muitas indagações de sua velha amiga, a matriarca dos Bridgertons logo tratou de puxar alguns assuntos e contar sobre as travessuras de seus muitos netos. E alguns presentes na cerimônia acompanhado dos pais, fora triste não ver os oito irmãos reunidos no jardim da família Sollary com todas aquelas crianças, contudo, a diversão fora garantida com as proles de Hyacinth, Gregory e Eloise. A primeira dança dos recém-casados foi regada ao som de Mozart, algumas lágrimas da senhora Marie Sollary e aplausos calorosos dos convidados. Se para a nobreza um evento como este tinha horário para finalizar, não diria o mesmo da burguesia, e mesmo que o senhor Sollary se comportasse em alguns momentos em uma cópia fiel a aristocracia, suas raízes burguesas estavam cravadas lá no fundo.
Após o almoço e os cumprimentos aos noivos, aos poucos os convidados mais nobres foram se retirando, restando apenas os familiares de ambos os lados.
— Desejo-lhe uma boa viagem, amiga, prometa que me escreverá assim que chegar na Escócia. — pediu , ao abraçá-la.
— Prometo, irei sim lhe escrever. — assegurou , com um sorriso final — E a senhorita, prometa que não fará nenhuma loucura para descobrir quem é meu noivo.
— És a única que aceita esse mistério, mas por amor a nossa amizade, não irei intrometer-me. — o olhar dela transmitiu verdade.
Assim que lord Bourbon aproximou-se da filha, ambos partiram sendo agraciados pela companhia de lord Hilte, na carruagem do parlamento. Enquanto isso, a Bridgerton aproximou-se de uma das mesas, observando ao longe seu irmão e cunhada, despedindo-se de mais alguns convidados.
— Então a senhorita é a irmã do noivo? — perguntou vossa alteza de Mônaco ao se aproximar de , que se mantinha próxima a mesa de doces.
— E o senhor quem seria? — manteve o olhar na bandeja de brownies em pequenos formatos quadrados.
— Ah, deixe-me apresentar formalmente, August Grimald. — ele se curvou de leve — Príncipe de Mônaco.
— Vossa alteza?! — levantou o olhar para ele, assustada.
— Por favor, não me olhe assim. — August riu de forma calorosa — Não deveria ser tão claro assim, não é?
— Bem, eu já sabia de vossa presença no casamento de meu irmão, só não achei que alguém tão observado como o senhor, se aproximaria de alguém como eu. — explicou ela, mantendo o olhar abaixado.
— Não entendi vossa colocação, mas devo dizer que minha tia falou-me muito sobre a senhorita, através de muitas cartas me convidando para passar o restante da temporada em Londres. — contou ele, mantendo a suavidade no rosto.
— Vossa majestade falou sobre mim por cartas? — estava em um misto de surpresa e lisonjeiro — Não tenho palavras para expressar tal fato.
— Talvez pelo termo pérola intocável estar associado a senhorita. — explicou ele — Devo confessar que fora exatamente isso que aumentou meu desejo de atender ao chamado de minha tia.
Este era um dos momentos que jamais imaginou vivenciar em sua temporada de estreia. O fato de mais um príncipe estar interessado nela, lhe trouxe um frio na barriga, principalmente pelas muitas ideias de utilizar o fato a seu favor. Que vossa alteza, príncipe volte a razão e reapareça para demonstrar a nossa pérola que suas palavras no Vauxhall eram tão reais quanto a primavera.
Afinal, esta autora tem esperanças de mais dois convites de casamento.
--
Com o embarque para a lua-de-mel como destino a Paris, previsto para o amanhecer, os recém-casados passariam a primeira noite nas suítes da ala leste da Hastings House. Uma cortesia do duque e da duquesa, como cumprimentos pelo casamento, e em desculpas pelo infortúnio que os impediu de comparecer. Os noivos foram acompanhados na carruagem pela criada pessoal de , a senhorita Moore. Logo ao chegar no palacete, ambos foram conduzidos pelo mordomo aos seus aposentos de hóspedes, sendo avisados dos preparativos para o jantar.
obteve a ajuda de Moore para se trocar. Sua inquietação interna ainda estava presente, o que a deixava ainda mais confusa com todos os acontecimentos daquele dia.
— Obrigada, Moore, pode se recolher agora. — disse , assim que a criada se afastou dela.
— Está tudo bem senhorita Sollary, perdoe-me, agora devo chamá-la de lady Bridgerton. — Moore sorriu sem graça pelo erro.
— Fique tranquila, não tem problema, logo se acostuma. — soltou um suspiro fraco — Eu também devo me acostumar com minha nova condição agora.
Moore se curvou de leve e se retirou do quarto. afastou-se do espelho e deu alguns passos até a sacada do quarto, a vista era privilegiada para alguns pontos da cidade, como também do vasto jardim frontal da casa. Não demorou até que a maçaneta da porta girasse vagarosamente e em seguida lord Bridgerton entrasse no cômodo.
— Os criados do duque prepararam o nosso jantar. — anunciou ele.
— Devemos escrever ao duque e a duquesa em agradecimento. — sugeriu não sabendo mais como reagir estando agora sozinha com ele.
— Sim, farei isso antes de partirmos amanhã pela manhã. — assim como ela, também não sabia como reagir, apenas permaneceu em silêncio enquanto se aproximava dela.
A cada passo, seu coração acelerava ainda mais.
— O que vai acontecer agora? Com nós dois? — perguntou ela, em um tom apreensivo e ansioso.
— O que você quer que aconteça?! — retrucou ele, parando em sua frente.
Somente naquele momento, conseguiu ter uma visão mais clara do olhar profundo que ele possuía. Ombros largos, lábios que pareciam ter sido esculpidos por um artista, e o perfume que a deixava um tanto desnorteada. Nosso diamante não havia observado todos os detalhes que compunham aquele homem diante dela, e agora de perto, deixavam seu coração acelerado. Todo aquele silêncio do momento fora quebrado quando tocou com suavidade seu ombro.
— Lord Bridgerton… — sussurrou ela, se encolhendo de forma involuntário e sentindo seu coração pulsar mais forte.
— Sei que não sou o cavalheiro que inicialmente sonhou estar neste momento, então deixarei que decida se realmente o quer. — ele apenas deu um passo para trás abaixando a mão.
continuou em silêncio. Não sabia o que dizer a ele, tinha tantas dúvidas em sua mente, entretanto não conseguia compartilhá-las. Diante disso...
— Vosso silêncio já é uma resposta. — apenas deu impulso para se retirar, afastando-se dela.
No calor do momento, sem pensar na força de suas ações, segurou em sua mão, a mesma que tocara seu ombro. Ela não sabia o motivo de estar fazendo aquilo, apenas deixou ser conduzida por seus impulsos, sem ao menos ter palavras para proferir. Em instantes foram correspondidos por , transformando no primeiro beijo do casal.
Todos sabemos que o primeiro beijo de um casal, é tão importante quanto o último. No caso de nosso casal Bridgerton, este fato marca verdadeiramente o início do intitulado casamento inesperado.
— Lord Bridgerton… — sussurrou ela, novamente ao sentir um breve arrepio passar por seu corpo.
— Apenas me chame de , neste momento. — sussurrou ele, de volta em um pedido singelo ao encostar seus lábios no ombro de sua esposa com doçura.
Aos poucos com sutileza, os braços de foram envolvendo pela cintura, internamente o cavalheiro tentava se conter em sua intensidade para que a esposa não se assustasse. Eram novos os sentimentos e sensações que conheceria naquela noite, algo que jamais pudesse imaginar que acontecesse quando um casal está à sós. E mesmo não sabendo se o fato de sua esposa ter apenas segurado sua mão, era a resposta definitiva para toda a noite que teriam em claro naquela consumação, ele também estava sendo apenas conduzido por seus desejos mais intensos por ela.
Afinal, tendo ou não ajuda de uma certa irmã mais nova, os pensamentos de relacionados ao nosso diamante, desde o momento em que lhe derramara o suco em seu vestido, de alguma forma o levaram a este momento. Assim como a curiosidade de , por entender mais sobre o misterioso conde de Whatnot, a guiou para os braços do irmão de sua melhor amiga.
A noite seguiria em intensidades e desejos, para esses corações ainda inocentes quanto aos vossos sentimentos, porém sedentos por respostas que somente achariam um no outro.
Acreditem, sedenta está esta autora por mais casamento!
Lady Lewis
Pele com pele
Meu coração se desarma
Você me faz bem
Acendes luzes na minha alma.
- Creo en Ti / Lunafly
XV. Manhã seguinte
Minha mãe sempre dizia que a primeira noite de uma donzela com seu marido é regada a descobertas e revelações. havia comprovado isso diante da intensidade que emanou do conde que a desposara. Entretanto, na manhã seguinte, sentiu a frieza do vazio ao seu lado, quando involuntariamente seu corpo rolou na cama. Seus olhos se abriram lentamente, fazendo-a notar que estava sozinha no quarto. Um crescente sentimento de frustração lhe tomou conta, principalmente por muitas vezes presenciar vossos pais sempre juntos pela manhã, como um casal inseparável.
— Acho que mais uma vez interpretei mal as circunstâncias. — sussurrou ela para si, deixando suas dúvidas quanto aos sentimentos de lord Bridgerton, retornarem.
Ela se espreguiçou de leve, sentindo uma pequena fresta de luz entrar pela janela. Ainda era primavera em Londres e o dia havia amanhecido em seu brilho e frescor que todos esperamos da atual estação. Assim que se levantou da cama, caminhou até a janela e abriu as cortinas, ao contrário de suas irmãs dorminhocas, sempre acordara antes de Moore chegar ao seu quarto pela manhã.
— Senhorita Sollary?! — a voz da criada soou atrás da porta — Perdão, senhora Bridgerton… Preciso de acostumar… A senhora já está acordada?
Ela riu pelo tropeço de Moore com as palavras e assentiu em voz alta.
— Sim, podes entrar. — disse.
— Bom dia, milady, sempre acordando antes de mim. — disse a criada, adentrando o quarto com um sorriso reconfortante — Vim para ajudá-la a se trocar.
— Não precisava Moore, mas agradeço. — ela assentiu, observando-a adentrar e fechar a porta.
se manteve silenciosa por alguns instantes, até que…
— Moore?!
— Sim, senhora. — a criada que havia voltado sua atenção ao baú de roupas, olhou-a novamente.
— Por acaso, viste o lord Bridgerton?! — perguntou, ainda relutante internamente.
— Ah, sim senhora, ele saiu bem cedo. — respondeu ela, prontamente.
achou estranho a primeiro momento. Afinal, que homem se ausentaria de sua esposa na manhã seguinte ao casamento. Claro que havia uma explicação para isso, o conde de Whatnot estava tratando dos últimos detalhes de sua partida com a esposa para Paris. O que se confirmou pouco depois do horário do café da manhã, em que nosso diamante bruto se manteve sentada em um banco ao ar livre, contemplando o jardim do palacete.
— . — a voz de a despertou de seus pensamentos distantes.
— Lord Bridgerton. — ela voltou o olhar para ele.
— Estamos sozinhos, podes ser informal com vosso marido. — disse ele, com o olhar sereno para ela.
— Não acho que estejamos tão íntimos para tal coisa. — ela voltou o olhar para a fonte mais a frente.
— Após a noite que tivemos, qual nível de intimidade desejas para nós. — perguntou ele, confuso pela reação dela.
— Nenhum senhor. — ela se levantou do banco para se retirar.
— O que aconteceu? — ele segurou em sua mão, parando-a por um tempo — Diga-me o que fiz de errado para que vosso marido possa se redimir.
— Prove-me o que realmente sentes por mim. — pediu ela, sentindo uma insegurança interna.
— Perdoe-me mas não entendi o vosso pedido. — seu olhar demonstrou estar ainda mais confuso.
— Eu que não o entendo milorde, após tudo que aconteceu nos levando a noite passada. — ela se manteve séria — Ainda tenho dúvidas sobre muitas coisas, como podes agir com tamanha naturalidade?
— Não é visível para a senhora minha esposa? — indagou ele — O que a faz ter dúvidas?
— O fato de negar suas ações talvez. — ela deu um passo para trás, afastando-se dele — Devo presumir que o envio daquele vestido realmente fora uma estratégia para confundir-me a mente?
— Novamente esta história? — ele soltou um suspiro cansado — O que virá agora? Suposições de um plano para tirar o marquês da jogada e destruir o futuro brilhante que teriam como um casal?
— Não coloque palavras em minha boca, mas sim, adoraria que fosse um pouco mais honesto comigo. — disse ela, perplexa por suas palavras.
— Eu já fui, quando disse que não lhe enviei tal vestido, mas se assim desejas encontrar um pretexto para afastar-se de mim, que seja. — desta vez, ele que deu impulso para se retirar primeiro — Creio que há uma necessidade de nossa lua-de-mel ser adiada.
Ele apenas desviou o olhar dela e se retirou com o gosto amargurado em sua boca. Em seus pensamentos, chegava à conclusão de que tinha-se com sentimentos inclinados ao marquês, mesmo tendo casado-se com ele. Era um fato que tal união em sua teoria havia sido por obrigação, para que a honra da jovem fosse mantida. Entretanto, na visão do apaixonado Bridgerton fora uma benção de Deus, com a ajuda de sua travessa irmã. Ele bem que poderia contar toda a história para sua esposa e finalmente mostrá-la suas reais intenções para com ela, contudo, tinha receios de que a mesmo novamente achasse ser uma mera invenção do homem.
Ah, minha querida , não mate esta autora de desgosto, por favor!
O diamante bruto permaneceu parada olhando-a se afastar e totalmente sem reação pelo ocorrido. Não era exatamente o que pretendia fazer, mas infelizmente a fatídica história do vestido não lhe deixava o pensamento, adicionando todos os bilhetes que recebeu do conde. Ao mesmo tempo que o coração lhe acelerava, a mente transmitia o caos que lhe impulsionava a tomar atitudes erradas. Ela respirou fundo e seguiu em direção a entrada leste da casa, seguindo-o.
Afinal, não se dava por satisfeita.
— Lord… — ela se calou por um momento, ao adentrar o palacete e o encontrar dando ordens ao mordomo.
— Peço que tudo seja feito em máxima discrição, por favor. — pediu ele, abaixando um pouco mais seu tom.
— Como desejas, milorde. — o mordomo assentiu e olhando para , fez uma breve reverência antes de seguir para suas funções.
— Precisas de algo?! — se voltou para ela, mantendo a serenidade no olhar.
— Para onde iremos agora? — perguntou ela.
— Ficaremos na casa de minha tia, será mais prudente até o final da temporada. — explicou ele, num tom seco e frio — A carruagem já está pronta para levá-la na frente.
— Não irás comigo? — indagou ela.
— Infelizmente, outros assuntos precisam da minha atenção. — respondeu ele — Mas, estarei em casa a tempo para o jantar.
Ela assentiu de leve com o olhar e com a aproximação de Moore, seguiu para a carruagem. Diante deste conflito inicial, seguimos na esperança que nosso diamante finalmente deixe as dúvidas de lado e se permita viver este amor. Assim que chegou na casa dos Bridgertons, mais do que depressa fora lhe receber assim que Judith anunciou sua presença. A pérola intocável desceu as escadas transbordando curiosidade, até que chegou no último degrau e se deparou com o olhar apático da amiga.
— ?! — ela se aproximou um pouco perplexa — O que aconteceu? Era para estar em viagem, rumo a Paris.
— Vosso irmão decidiu adiar por hora. — explicou ela, soltando um suspiro cansado.
— Mas, ele disse o motivo? — indagou ela.
se manteve em silêncio, não sabendo o que responder.
— querida, vamos deixá-la descansar, foram muitas emoções em tão pouco tempo e uma grande mudança em sua vida. — lady Violet se aproximou delas e tocou com gentileza o ombro da recém-casada — Venha querida, eu lhe mostrarei o vosso quarto, já está preparado.
— Agradeço lady Violet. — forçou um sorriso suave e deu impulso para segui-la.
Assim que a matriarca Bridgerton mostrou-lhe em detalhes tudo o que possuía no quarto, assim como a vasto closet no qual já se encontrava alguns de seus pertences. fora deixada em seu espaço íntimo para descansar um pouco. Ela passou um tempo apenas olhando para a cama, tentando controlar seus pensamentos da noite anterior. Uma retrospectiva passou-lhe pela mente de todas as vezes que pegara olhando-a nas diversas recepções e bailes que compareceu.
No andar debaixo, estava , totalmente intrigada pela inesperada presença de sua agora cunhada. Querendo entender o que será que havia acontecido para que a estimada lua-de-mel fosse adiada.
— Não se preocupes com vosso irmão. — disse tia Violet, ao descer o último degrau da escada já conhecendo a sobrinha e suas inquietações — Sua atenção agora deves ser plenamente em ter uma corte definitiva.
— Perdoe-me tia, sei que devo manter-me focada em minha temporada. — ela deu um sorriso meio sem graça e respirou fundo — Mas…
— Mas?! — Violet suavizou o olhar e sutilmente segurou as mãos dela, guiando-a até a chaise que tinha no hall de entrada da casa — O que vos aflige, minha querida?
— Estar errada quanto aos meus sentimentos. — confessou a garota, soltando um suspiro fraco em seguida.
— Falas de vossa alteza ou de vossa graça? — a tia ainda não tinha entendido qual dos cavalheiros havia de fato interessado a vossa sobrinha.
Compreensível, minha cara lady Violet. Afinal, após algumas danças com vossa alteza e um passeio no parque com o duque, era de se esperar que tivesse tal dúvida. Entretanto, sabemos bem as preferências de nossa pérola intocável.
— Eu não tenho nenhum interesse em vossa graça, minha tia, lord Tenebrae é apenas um bom amigo para mim. — revelou ela, expondo-se um pouco — Deu-me vários conselhos que certamente meu pai o faria se estivesse vivo.
— Então, presumo que o causador de suas insônias seja vossa alteza. — Violet sorriu de canto, ao perceber a afirmação no rosto coração instantaneamente dela — O que aconteceu? Ainda tens dúvidas dos vossos sentimentos?
— Não dos meus, mas… Não sei o que pensar sobre vossa alteza. — ela olhou para a tia, deixando a sinceridade transbordar lhe o coração — Recebi a vossa declaração no Vauxhall com tanto impacto que roubou-me a fala, mas logo após entre um turbilhão de acontecimentos em nossa família, ele simplesmente se ausenta de Londres deixando apenas um bilhete.
Sua frustração interna transparecia no olhar.
— Temo em me apaixonar por um cavalheiro de condutas duvidosas e a peculiar fama de libertino, vossa alteza já foi mencionado em diversos escândalos pela própria Lady Lewis. — soltou um suspiro fraco, reprimindo vossas emoções que lhe chegavam no canto dos olhos — Pergunto-me se devo acreditar tais palavras.
— Quando me contaste pela primeira vez sobre o ocorrido, confesso que também duvidei de tal ato, mas naquele dia eu consegui ver um vislumbre de brilho em vosso olhar. — contou a tia, aliviada e feliz por sua sobrinha ser tão próxima a ponto de compartilhar suas aflições — Quem sabe vossa alteza não precise de um empurrãozinho motivacional para que finalmente possa tomar a atitude que tanto espera?!
O olhar de lady Violet ficou um pouco mais pensativo, como a de um general em guerra em meio a elaboração de uma estratégia de ataque. Essa sim é a Bridgerton perspicaz que casou oito filhos com honra.
— No que está pensando tia Violet?! — perguntou , em seu olhar inocente.
A pérola que não se fez advogada em arquitetar planos para casar o irmão, agora estava mais do que perdida quando o assunto era seu próprio futuro.
— Em minha vasta experiência de vida, só há uma coisa que motiva um homem a lutar pelo amor de uma donzela. — contou a tia, certa de suas palavras.
— E qual é?! — perguntou a sobrinha, curiosa.
— O interesse de outro cavalheiro pela tal moça. — concluiu ela, se referindo ao outro príncipe — Eu notei muito bem a aproximação de vossa alteza de Mônaco no casamento de vosso irmão.
— A senhora está dizendo que… — ela finalmente entendeu as palavras de sua tia — Tia Violet, seria muito cruel fazer isso, usar o príncipe de Mônaco para fazer ciúmes em vossa alteza.
— A senhorita já fez coisa pior que eu sei. — Violet a olhou mais seriamente — Eu sei muito bem sobre a história do vestido.
— Que vestido?! — perguntou descendo as escadas.
O diamante bruto manteve o olhar intrigado sobre elas, enquanto descia os últimos degraus.
— O vestido que encomendamos na modista para o baile de lord Renault, o duque de Valentinois. — respondeu lady Violet prontamente, voltando o olhar para a sobrinha que assentiu com o rosto — E a senhora condessa Bridgerton também deves ir à modista para a escolha do vosso vestido.
— Tenho tantos que nunca usei, precisarei mesmo de um novo. — disse ao soltar um suspiro discreto.
— Mas é claro que sim. — tia Violet levantou-se da chaise, mantendo o olhar sutil para a nova integrante de sua família — Deves andar de acordo com a última moda em Paris, e o que andam dizendo é que o look para recém-casadas dessa estação é floral em tons pastel.
— Tenho certeza que Mademoiselle Tatou tem o modelo ideal para a sua beleza, minha amiga. — reforçou , se empolgando.
— Tudo bem, se ambas dizem. — ela assentiu, um pouco relutante.
Elas se olharam por um tempo, até que o sino da porta soou. Em instantes o mordomo aproximou-se para atender, não demorando nem minutos ele rapidamente fechou a porta. E voltou-se para suas senhoras.
— Alguma correspondência de última hora, senhor Dawson? De algum de meus filhos? — perguntou lady Violet preocupando-se.
— Não milady, é uma carta para a senhorita Bridgerton. — o mordomo olhou para — Senhorita, é de vossa alteza.
— Príncipe ? — perguntou ela, aproximando-se para pegar o envelope.
— Não, senhorita, é de vossa alteza o príncipe de Mônaco. — respondeu ele — Ele pede uma resposta imediata.
Logo a empolgação de diminuiu visivelmente, quando seus olhos viram o selo real de Mônaco, com as letras iniciais de vossa alteza assinando abaixo.
— O que vossa alteza diz?! — perguntou a tia, deixando-se ansiosa pela surpresa.
— Está a me convidar para um passeio no Hyde Park nesta tarde. — contou .
— Pois mande dizer a vossa alteza que agradece o convite e confirma a presença. — sua tia tomou frente da resposta, atribuindo ao mordomo a missão de passar o recado adiante.
— Como desejas senhora. — ele assentiu se retirando para dar a resposta.
— Espere. — disse no impulso — Tia Violet, não acho prudente que…
Ela parou seu argumento no meio do caminho assim que encontrou o olhar repreensivo de sua tia, então assentiu com a face para que Dawson prosseguisse. manteve-se em silêncio não entendendo os motivos para que a amiga admitisse, afinal, ela sabia bem as preferências da pérola.
Assim iniciava o plano de improvisado de lady Violet, em auxílio a sobrinha. Ah queridos leitores, estou a me derreter de ansiedade para acompanhar esta singela caminhada ao ar livre.
Será que um certo libertino retornará a tempo de presenciar tal acontecimento?
--
Longe dali, em uma carruagem especial e a caminho dos perfumados campos de lavanda da Escócia, nosso rubi inesperado se mantinha em silêncio com o olhar na paisagem, enquanto seguia na companhia de sua criada Franchy e o cocheiro. Vosso pai se manteve em Londres para manter as aparências e evitar falsos cochichos pela elite. Há quem diga que o anúncio do casamento de nosso rubi é um mero golpe do pai para manter a honra filha, evitando assim uma humilhação pública pela possível terceira temporada sem um pretendente. Outros pensam que o tal noivo misterioso certamente é um militar que está a serviço de vossa majestade em algum lugar do Oriente.
Eu digo que só acredito em tal casamento, quando o mesmo se realizar, e torço para que seja breve, pois uma dama não pode roer as unhas e ando tão aflita que não paro de olhar para as minhas. E tratando-se de um certo beijo escondido, minha sanidade mental inclina-se a acreditar que nosso duque esconde algo por detrás daquele olhar enigmático.
— A senhorita está tão calada, milady. — comentou Franchy, ao perceber a tristeza no olhar dela.
— Estou apenas pensativa, Franchy. — ela manteve o tom baixo de sua voz — Apenas pensando em como será minha vida de agora em diante.
— Lamento que lord Bourbon tenha tomado esta decisão. — comentou a criada, quase em sussurro — A senhorita parecia tão feliz após encontrar amigas tão verdadeiras.
— Nem tudo na vida é como queremos. — explicou.
— É uma pena que… — Franchy tentou controlar vossos comentários, mas até mesmo a moça torcia pela felicidade de sua senhora e se sentia frustrada pela inesperada partida — Bem, pense pelo lado positivo, a senhorita estava mesmo com saudades da vossa tia, a senhora Poppy deve estar transbordando felicidade.
Suas palavras finais soaram como uma motivação.
— Sim, tia Poppy sempre se anima com a minha presença. — concordou , não se sentindo nada motivada.
segurou suas lágrimas, mantendo o olhar marejado para fora da carruagem. Ela sabia que havia a possibilidade de não retornar mais a Londres nessa estação, e seria longo os dias de primavera na casa de sua tia. Após uma longa conversa com o pai, se encontrava ainda mais confusa sobre o assunto denominado, seu noivo.
Um mistério que muitos se intrigavam por destrinchar.
E se vós caro leitor descobriu, conte para esta autora ansiosa pela revelação.
Lady Lewis.
Uma simples frase: "Eu estou esperando por você!',
Mas eu não posso dizer isso em voz alta
Eu fecho meus olhos e tento adivinhar o que você está fazendo.
- My Answer / EXO
XVI. Hyde Park
Para uma donzela em sua primeira temporada, o ápice de sua ambição é chegar ao final da primavera com uma corte firmada e uma data marcada com o melhor partido possível. Já nossa pérola intocável sem o menor esforço conseguiu atrair a atenção de duas altezas, chegando ao topo de conquista que jamais ambicionou e certamente muitas estariam se matando para estar em seu lugar. Entretanto, ainda faltava a confirmação de um noivado e rumores de um casamento real.
Todos sabemos que o desfecho de tal confirmação segue-se em um mistério, não tão desesperador quanto não sabermos quem é o noivo da nossa rubi, contudo… Somente um certo príncipe, chamado poderá responder se meu coração de autora ainda podes ter uma chance de ver este casal chegando ao altar.
— Sabes que não pode ficar se escondendo para sempre. — a voz de soou pela sala de estar do vosso palacete, despertando a atenção do convidado inesperado.
— Não estou me escondendo. — o olhar do homem se manteve focado na lareira que estava apagada.
Seu olhar distante e seus pensamentos direcionados a uma pessoa: Bridgerton. O príncipe estava em sua estadia oculta no palacete de vossa graça. O Tenebrae como um bom amigo, apenas assentiu sua presença após seu retorno silencioso de Liverpool, sabendo que o mesmo não se inclinava a voltar ao palácio real.
— Se não estás a fugir, porque não anunciou vosso retorno para ela? — o duque deu mais alguns passos adentro e sentou-se na poltrona ao lado da janela.
— Eu não deveria ter me comprometido. — sussurrou ele, deslizando um pouco mais o corpo e repousando a cabeça no encosto — Como posso ser tão imprudente em minhas palavras, entretanto, ao mesmo tempo não consigo deixar de desejá-la.
— Estás arrependido de ter se declarado? — perguntou o duque, analisando as expressões faciais de vossa alteza — Não a ama de fato?!
Após praticamente crescerem juntos, ambos se conheciam muito bem para entender os sentimentos e indecisões um do outro. Amigos de fato, quase irmãos gêmeos.
— Se há algo do qual tenho cem por cento de certeza, é de meu sentimento pela senhorita Bridgerton. — o olhou com sinceridade e traços de angústia — Depois que finalmente entendi que meu coração começou a pulsar mais forte por ela, não consigo nem mesmo tocar em outra mulher.
— Nem a vossa favorita? — indagou o duque.
— Nem mesmo Genevieve foi capaz de apagar a senhorita Bridgerton dos meus pensamentos. — afirmou vossa alteza, ao dar um suspiro fraco.
— E o que ainda fazes aqui, sabendo que a quer para sempre com toda a sua alma? — perguntou , não entendendo as ações do amigo — Já soube da chegada de vosso primo?
— Ouvi menções, pelos criados. — respondeu — O que isso tem a ver?
— Ainda pergunta? Deves saber então que a vossa majestade está inclinada a aproximá-lo da senhorita Bridgerton. — vossa graça manteve um sorriso de canto disfarçado, ao jogar a intriga no amigo.
— Do que estás a falar? — ergueu o corpo e o olhou com mais seriedade.
Uma sutil preocupação começou a crescer dentro dele. Afinal, já havia estado na presença de vossa majestade e revelado seus sentimentos pela Bridgerton, assim como também seus temores. Ele esperava algo além de uma simples ordem da coroa, e sim um conselho materno acolhedor. Entretanto, o que recebia neste momento era suposições de uma traição por parte de vossa mãe.
— Tenho meus contatos na corte meu amigo, e soube que vossa majestade esteve no casamento do conde de Whatnot na manhã de ontem, acompanhada de vossa alteza de Mônaco.
nem mesmo ousou continuar a conversa para verificar a veracidade da informação. Vossa alteza levantou-se da poltrona e seguiu para a porta de entrada do palacete. Uma conversa de filho para mãe seria requisitada, nem que lhe custasse algumas palavras de repreensão.
--
Ainda pela manhã, lady Violet pediu aos criados para servirem um pequeno brunch no jardim, após confessar não ter desfrutado de um saudável café da manhã. As três damas desfrutaram da brisa que vinha dos arbustos pelo jardim, diante de uma mesa muito bem colorida com frutas e doces diversos.
— Somente a Briana sabe fazer brownies como eu gosto. — confessou , elogiando mais uma vez o talento da cozinheira da família.
— Estão muito gostosos mesmo. — assentiu , mordiscando o segundo pedaço que pegara — Tem um gosto mais acentuado do chocolate.
— Acho que o segredo deva estar em algum ingrediente que ela utiliza. — comentou — São os melhores, sempre.
Violet riu de leve pelo brilho nos olhos de sua sobrinha.
— O segredo está no chocolate, senhorita Bridgerton. — Judith se pronunciou num tom mais baixo, a jovem que se mantinha de pé observando-as comerem.
— Sabes de alguma coisa? — olhou-a — Diga.
— Não sei exatamente o que é, mas ela sempre menciona que o segredo está no chocolate. — assegurou a criada.
— Minha queridas, eu irei me retirar antes porque pretendo passar na modista o quanto antes para encomendar os vestidos, e pedirei que venha pessoalmente aqui para fazerem a prova. — disse Violet ao levantar-se da cadeira.
— Agradeço titia. — sorriu de leve.
— Muito obrigada, milady. — disse , mantendo uma sutil formalidade.
A matriarca Bridgerton sorriu graciosamente para ambas e se retirou, levando Judith consigo. Foram poucos os instantes de silêncio até que não se aguentou de curiosidade e se direcionou para a amiga.
— Tem certeza de que está tudo bem, ? — perguntou ela, com um olhar preocupado — Esteve quase todo o tempo em silêncio.
— Sim, está tudo bem. — forçou um sorriso e voltou o olhar para o canteiro de flores ao lado.
— Seu olhar está um pouco triste. — detectou a amiga.
— Talvez por já sentir saudades de minha família, acordar pela manhã na casa dos Sollary é um tanto quanto barulhento. — ela riu de leve, lembrando-se das travessuras das gêmeas pela manhã.
— Imagino, seus olhos estão brilhando agora. — comentou , sorrindo junto com a amiga — Conte-me então, agora estou curiosa.
— Ah… Geralmente eu sempre despertava antes de Moore ir me acordar, enquanto isso, ouvia Candace, a preceptoras dos meus irmãos menores os chamando. — bebericou o café — As gêmeas sempre pregavam uma peça nela, todas as manhãs.
— Deve ser emocionante ter a casa recheada de irmãos. — comentou , também com os olhos brilhando.
— Ah, sim, é bem divertido na maioria das vezes. — a olhou atentamente — Pela sua reação, imagino que queria ter tido mais irmãos.
— Bem, eu não reclamo de , pois é um maravilhoso irmão, sempre muito atencioso comigo e sempre ao meu lado em tudo. — contou , lembrando-se vagamente de sua infância — Perdemos nossos pais a pouco tempo e de uma forma tão inesperada, éramos uma família tão unida.
— E moravam onde? — perguntou ela — Aqui em Londres também?
— Ah, não, somente viemos para cá nesta temporada por se tratar de ser a minha primeira, antes morávamos em Derbyshire com nossos pais, ainda temos nosso palacete lá. — respondeu , pegando agora uma fatia de torta salgada — Que provavelmente será vossa morada após essa temporada.
— Então, não vamos morar em Londres? — indagou ela, pensativa na possibilidade de se afastar da família.
— Vejo que se preocupou agora. — comentou — Também tenho esses pensamentos, ficar longe do meu irmão após meu casamento, apesar de que tem sido uma incógnita se irei ou não casar-me nessa temporada.
— Algo relacionado a suas palavras deixa-me confusa e curiosa. — comentou , com a expressão pensativa, mantendo a suavidade no olhar.
— O que seria. — a olhou atenta.
— Se está inclinada a vossa alteza o príncipe , porque motivo aceitaste o passeio com o príncipe de Mônaco? — era sim algo para lhe deixar confusa, na opinião da recém-casada.
— Ah, isso. — soltou um suspiro fraco, voltando seu olhar para a xícara de chá — Bem, segundo a tia Violet, preciso demonstrar a vossa alteza que não posso ficar a esperá-lo por muito tempo, e forçá-lo a reagir de alguma forma.
— Usado o outro príncipe para isso?! — fez uma cara estranha de preocupação — Isso maldade , usar uma pessoa para fazer ciúmes em outra.
— Eu sei, mas sinto-me em completo desespero pela distância de vossa alteza nos colocou, principalmente após a declaração que me deixaste sem chão.
— Se realmente sentes algo por ele, acho que deverias esperá-lo e não, forçar algo que possa não sair como queira. — aconselhou a amiga — Imagina se vossas intenções derem errado e no final, a única solução seria casar-se com quem não desejas.
— Estás a dizer isso, se colocando como exemplo? — manteve o olhar sério para ela — Arrependes de ter casado com meu irmão?
— Não estava falando sobre mim. — negou de imediato.
E de fato que nosso diamante nem mesmo estava pensando no desfecho de vossa vida amorosa que encaixou-se perfeitamente em vossas palavras.
— Não me respondeu completamente. — insistiu , referindo-se à segunda pergunta.
— , por favor, o assunto não é meu casamento com vosso irmão, e sim vossa tentativa de chamar a atenção de vossa alteza. — retrucou , sentindo-se desconfortável pela indagação dela.
— Devo levar vossa fuga da resposta como um sim? — cruzou os braços — Ainda estou intrigada por terem cancelado a viagem de lua-de-mel.
— Bem, se está intrigada, então pergunta ao vosso amado irmão. — levantou-se bruscamente da mesa e se retirou sem cerimônias.
— ?! — sentiu-se perplexa por tal atitude da amiga — Burgueses, porque irritam-se tão facilmente quando são confrontados?
A pérola já havia reparado essa típica característica que acompanhava a todos da classe dos comerciantes. Com um leve suspiro, voltou a bebericar o chá e terminou de saborear seu pedaço de torta salgada.
Próximo ao pôr do sol, este era o horário em que se encontrava ávidos corações a passear pelo perfumado Hyde Park. A leve brisa da tarde contribuía para que a caminhada ao ar livre fosse de fato proveitosa aos casais e cortes presentes. O melhor lugar para uma escritora como eu, esperançosa por mais novidades desta temporada.
Parados em frente ao canteiro de lírios estavam as duas pessoas mais observadas do lugar. Nossa pérola intocável e vossa alteza de Mônaco. Poucos metros atrás o olhar cuidadoso e estrategista de lady Violet acompanhava o passeio da sobrinha com a realeza. Por mais que externamente, mantivesse seu olhar suave e o sorriso sutil mantenha-se no rosto. Duas armas poderosas que atraiam ainda mais o olhar de Grimaldi, seu coração seguia-se aflito por não estar em um encontro com a pessoa por quem suas pernas bambeavam.
— Tenho observado que a senhorita está um pouco distante. — comentou o príncipe, ao desviar o olhar para ela rapidamente e continuar caminhando — Alguma coisa a perturba, senhorita Bridgerton?
— Não. — ela manteve a voz baixa e meiga.
— Não estás gostando do nosso passeio? — indagou ele.
— Perdoe-me alteza, não é isso. — ela disfarçou com um sorriso singelo — Ando preocupada com o matrimônio recente de meu irmão, entretanto, irei ignorar tais pensamentos inoportunos.
— Se preferir, podemos finalizar por hoje e retomar de onde paramos em uma outra oportunidade. — sugeriu ele.
— Oh não, não será necessário... — ela manteve o sorriso no rosto — Vossa companhia tem sido extremamente agradável e agradeço pelo convite. Sinto-me honrada.
— Me alegra o coração saber sobre isso. — ele manteve os passos no ritmo dela — Posso fazer—lhe um comentário seguido de uma pergunta.
— Claro, vossa alteza, se for algo apropriado para a ocasião e eu obtiver a resposta. — assentiu ela.
— Tenho certeza que tens. — ele parou por um instante e voltou sua atenção para as pessoas ao longe que os observavam.
— Digas então. — ela parou em seguida e manteve-se atenta às palavras do homem.
— Li alguns artigos no jornal da famosa Lady Lewis. — iniciou ele, parecendo escolher as palavras certas — E pelo que podes perceber, tenho deixado meu coração se manter fascinado pela senhorita…
sentiu um frio na barriga enquanto as palavras fluíam dele. Sem saber como reagir, pois como poderia imaginar receber outra declaração de interesse em tão pouco tempo.
— Confesso que após algumas cartas de vossa majestade mencionando sobre a senhorita, e agora a conhecendo pessoalmente, sinto-me privilegiado. — ele pegou em sua mão com respeito e de forma gentil, mantendo seu olhar sereno — Diante de alguns fatos que li, peço que responda-me com sinceridade.
— O que eu devo responder, vossa alteza? — perguntou ela, sentindo o calor de sua mão, o que a fez ficar levemente trêmula.
— O que sentes por meu primo, o príncipe ?! — perguntou ele, deixando seu tom de voz mais firme.
O coração de disparou de uma forma inesperada, não somente pela pergunta de August Grimaldi, como também por ter avistado a pessoa que tanto desejava ver naqueles dias. E sim, meus caros leitores. O olhar de nossa pérola intocável atravessou o príncipe de Mônaco, até avistar vossa alteza o príncipe , seguindo em sua direção a passos seguros e precisos.
E como estou agora? Ansiosa por mais linhas deste passeio pelo Hyde Park.
Lady Lewis
Meu coração quer você por inteira, nunca deixarei você ir
Se isto for amor, eu nunca deixarei você ir
Quem sabe? Nós dois.
- Hello / SHINee
XVII. Pedido de Realeza
Se há algo mais angustiante para um homem, é imaginar a mulher de sua vida nos braços de outro. E naquele momento, enquanto cavalgava em um dos cavalos mais rápidos do duque, nosso libertino estava a caminho do palácio real. Mesmo com toda a elegância da realeza em sua montaria, seus sentimentos tinham pressa, e ao descer do cavalo em frente ao palácio, seus passos apressaram para adentrar a edificação.
Assim que as monumentais portas do grande salão se abriram para ele, sua indagação sobre a localização de sua majestade era o foco de suas palavras aos criados. Ao leste da propriedade real estava o recém construído orquidário de sua majestade, um novo hobbie que a rainha Charlotte adquiriu para acalentar seu saudoso coração.
E lá estava ela naquela manhã ensolarada e calorosa de primavera, cuidando de suas orquídeas. Minha estação favorita estava finalmente preparando o clima para o inesquecível verão londrino.
— Majestade. — a voz de soou num tom firme, atraindo sua atenção.
Um sorriso nebuloso surgiu no canto de seu rosto, discreto e quase imperceptível. A rainha, que estava um pouco encurvada mexendo em um vaso de vidro, endireitou seu corpo para manter a boa postura de soberana.
— Olhemos para este cavalheiro. — se pronunciou ela, às damas que a acompanhavam naquela atividade — Devo presumir que lembrou-se de sua casa em um momento conveniente?
— O que andas planejando?! — continuou ele, sem importar com a presença de terceiros.
A rainha respirou fundo, reunindo toda a sua paciência para lidar com o olhar fulminante do filho.
— Saiam todos. — ordenou ela, mantendo o tom soberano na voz.
observou tanto as damas quanto os dois guardas se retirarem, até que estivessem a sós por completo.
— Como pode minha própria mãe apunhalar-me pelas costas? — indagou ele, demonstrando ressentimentos em seu olhar.
— Defina apunhalar. — pediu vossa majestade, suavizando a voz e o olhar.
— Não se lembra então de nossa última conversa, prometeste não se envolver e me dar a liberdade de escolha. — iniciou ele, seus argumentos.
— E o que o faz pensar que não estou cumprindo com a minha palavra? — retrucou ela.
— Sei muito bem de vosso esforço para apresentar August para a família Bridgerton. — esclareceu ele.
— Eis que chegamos ao ponto chave da questão. — ela arqueou a sobrancelha direita — Meu filho me pediu até o final da primavera, e estou aguardando com benevolência, entretanto uma certa donzela não estava no acordo.
— Tens conhecimento sobre meus sentimentos pela senhorita Bridgerton, eu os confessei e a senhora prometeu não interferir em nada. — relembrou ele as palavras de sua própria mãe — Como podes me trair.
— Não ponha ações sobre mim, Henry. — sua entonação ficou mais firme e pesada — Desde o início tinha conhecimento da chegada de vosso primo, o casamento do conde de Whatnot fora um tanto inesperado, contudo, não iria deixar nosso convidado no palácio enquanto desfrutava de uma recepção muito proveitosa.
— Vossas palavras não me convencem. — continuou ele, num tom amargurado.
— O que não me convence que está mesmo apaixonado pela jovem Bridgerton, são vossas atitudes. — retrucou ela, sendo um pouco mais dura e firme — Achas que não sei que procuraste a senhorita Le’Chant? Como achas que iria acreditar em sua honestidade com tais atitudes?
— Eu apenas estive com Genevieve para colocarmos um ponto final em nossa história, mas se não acredita em vosso filho… — explicou ele, sentindo sua garganta queimar.
— Se eu posso confiar realmente que meu filho está determinado a ser um príncipe que o eduquei para ser, criar uma família sólida digna de admiração por toda a corte, somente suas ações poderão me provar. — continuou ela, ponderando um pouco mais sua voz — E o que estou vendo é um cavalheiro que está tentando enganar a coroa, e no final deixará uma jovem com o coração partido.
Vossa majestade manteve o olhar julgador e atento ao filho.
— Aquela pérola merece mais do que uma realeza egoísta que tem medo de perder a liberdade. — continuou ela, não ponderando as palavras que feriam o filho — Ela merece uma realeza que a trate com o devido valor que ela tem, uma pedra preciosa bastante rara.
— Então achas que não há um pedido por vosso filho ter medo de perder a liberdade? — ele deu um riso, não querendo acreditar nas insinuações de sua mãe.
— É o que me deixa entender. — confessou ela — Prove que estou errada.
O olhar instigante de sua majestade, despertou uma sutil fúria dentro de seu filho. Daquelas que esta autora sempre se anima ao descrever. Ele respirou fundo e assentiu com a face, dando um passo para trás no impulso de se retirar do orquidário.
— A linda pérola estará esta tarde em um passeio no Hyde Park com vossa alteza de Mônaco. — ela elevou um pouco mais a voz, para que ele ouvisse claramente, enquanto se retirava — Certifique-se de orgulhar sua mãe desta vez.
Ele assentiu com um breve sorriso e passou pela porta para o jardim. A rainha Charlotte manteve o olhar já orgulhoso de seu filho, afinal nunca o tinha visto tão decidido quanto naquele momento. O que fez com que sua ansiedade por um casamento real aumentasse ainda mais.
— Vossa majestade é realmente brilhante. — disse a dama principal ao adentrar o orquidário — Como sabia que vossa alteza reagiria assim?
Discretamente a mulher havia ouvido toda a conversa.
— Este é o meu lado materno, eu conheço o meu filho e sei muito bem quando ele mente e diz a verdade, há muita sinceridade em seu olhar, quando ele menciona a bela Bridgerton. — explicou sua majestade — Só precisava do incentivo certo para que a espera não se prolongasse tanto.
— Como assim majestade?! — a dama manteve o olhar curioso para ela.
— É simples, ele me pediu até o verão, mas para quê deixar para amanhã o casamento que podemos realizar hoje. — um sorrido de canto maquiavélico surgiu em seu rosto — Tenho certeza que um grande baile será realizado neste jardim antes da primavera terminar.
É disso que esta autora está falando!
--
Com o coração acelerado, parado ao centro do Hyde Park, estava . Apenas sentindo suas pernas bambearem a cada passo de aproximação de vossa alteza.
— O que sentes por meu primo?! — insistiu o homem, ao dar o primeiro movimento para tocá-la em sua face.
— Nem ouse fazer tal coisa. — disse ao se colocar ao lado dela, e segurar no pulso do primo antes que o mesmo pudesse tocar a face de .
No susto, prendeu levemente sua respiração, não esperava tal reação de vossa alteza e menos ainda sua presença ali.
— . — August deu um sorriso de canto — Sempre chegando atrasado…
O olhar audacioso de August queria completar a frase: Sempre perdendo para mim. Entretanto, a confiança que exalava conseguia ser notada por vosso primo, desta vez o jovem libertino em redenção não desistiria do coração mais puro que havia cruzado sua vida.
— Vossa alteza… — sussurrou , tentando recuperar o fôlego e sua sanidade mental.
Todos os olhares estavam naquele inesperado triângulo amoroso, se é caros leitores que podemos mencionar assim. Já que sabemos as reais intenções de nossa Pérola Intocável, diante daquele passeio no Hyde Park.
— Está enganado August, nunca estive atrasado. — ele cordialmente empurrou o primo para que se afastasse da dama entre eles — E lhe direi isso apenas uma vez, espero que ouça atentamente, eu vos proíbo de ao menos imaginar-se tocando em minha noiva.
— Noiva? — August riu alto, desacreditado das palavras do primo.
— Alteza, do que estás a falar? — o olhou atordoada pela informação que nem era real até o momento.
— Exatamente o que a senhorita ouviste. — a olhou com um sorriso de canto malicioso, daqueles que a deixava com o coração acelerado.
— Como podes se nem ousou a fazer tal pedido? — retrucou ela de forma ousada, não se importando com a presença de August.
aproveitou o momento para instigar o homem que a fizera perder o sono nas últimas semanas. Vossa alteza de Mônaco soltou uma gargalhada.
— Como imaginei. — Grimaldi deu um passo para se aproximar da pérola com a intenção de seguirem com seu passeio — Venha senhorita Bridgerton, vamos deixar vossa alteza com seus delírios.
Quando o homem moveu-se para pegar na mão de , apenas moveu-se juntamente.
— Eu disse para não tocá-la. — repetiu ele, já com os punhos fechados e socando o rosto do primo de tal forma, derrubando o homem no chão — Deverias ter levado em consideração minhas palavras.
assustou-se novamente com a cena diante de seus olhos, com as mãos na boca e os olhos arregalados, paralisada. August retirou o lenço do bolso e limpou o pequeno corte que formara no canto de sua boca, em instantes o príncipe de Mônaco retirou sua espada da bainha, forçando fazer o mesmo.
— Altezas, por favor. — pediu , sentindo-se aflita pela situação.
— Como ousas atrapalhar meu passeio com a senhorita Bridgerton e ainda se achar íntimo de alguém que não merece. — ele manteve sua espada levantada, em posição de ataque.
— Como ousa convidar uma donzela comprometida para um passeio, ensinarei vossa alteza a ser um hóspede menos deselegante. — disse certo de suas palavras.
— Parem ambos os dois. — elevou sua voz, o suficiente para que as pessoas próximas em surpresa pelos acontecimentos ouvissem — Ambos estão errados e prepotentes demais para acharem que possuem minha atenção, já não estou mais inclinada a companhia de nenhum príncipe.
Ela deu um passo para se distanciar.
— minha querida, o que está havendo? — Lady Violet finalmente se aproximara deles com o coração na mão — Altezas, por favor, estamos em um local público e não seria bom para a reputação de minha sobrinha todo este escândalo causado.
Seu tom de preocupação escondia sua euforia interna em ver a sobrinha sendo disputada por dois príncipes. Assim ambos baixaram suas espadas e guardaram em respeito à senhora diante deles.
— Vamos . — tia Violet amparou sua sobrinha e afastou-se com ela.
O olhar de ambos continuou nas damas, até que se afastassem um pouco mais.
— Não vou desistir dela. — anunciou Grimaldi, certo que venceria mais uma vez.
— não é um brinquedo para ser disputado, menos ainda um cavalo ou um troféu. — retrucou com fúria nos olhos — Desde criança sempre quis tomar para si tudo o que eu possuía, não desta vez… Guarde minhas palavras, nunca mais ouse tentar tocá-la.
Antes mesmo que August pudesse retrucar, se afastou dele e saiu correndo atrás de sua donzela. Grimaldi engoliu seco, com raiva da afronta sofrida pelo primo, mas ainda certo de que não o deixaria em paz. Ao longe, vossa alteza continuava a procura de sua pérola, que se aproximava de um dos pontos de saída do parque.
— Senhorita Bridgerton! — o grito de , parou-as de repente — Senhorita!
— Vossa alteza, não acha que já causou emoções o suficiente para a minha sobrinha? — disse lady Violet, num tom repreensivo — Tenho-lhe muito respeito, meu senhor, mas…
— Perdoe-me lady Bridgerton, sei que não é prudente, mas… — ele olhou para a pérola — Permita-me falar-lhe.
respirou fundo e assentiu para sua tia, que deu alguns passos de afastamento para deixá-los à vontade. Os olhares próximos continuavam em ambos, atentos. manteve o olhar suave, apesar de exalar repreensão, estava confusa pelo seu repentino aparecimento, chateada porque estava se divertindo com o passeio e revoltada pela afirmação dele quanto ao nível do relacionamento que tinham.
— Como ousas fazer o que fez? — disse ela, já iniciando a conversa — Declarar algo que nem teves a coragem de fazer.
— Falas do pedido? — perguntou ele, para provocá-la.
— O que mais seria? Não sou vossa noiva, não houve pedido algum. — afirmou ela, segura.
— És tão presa à formalidades de nossa sociedade? — indagou ele.
— Se não imaginas que é algo importante para alguém como eu. — retrucou ela — Então não me conheces ainda.
— Não basta apenas desejarmos um ao outro e ir diante do sacerdote para formalizarmos? — continuou ele, a provocação.
— Realmente não consegues ser um cavalheiro? — disse ela, suspirando fraco — Um vez libertino, sempre libertino.
— Achas que não tenho coragem? — retirou ele, indignado com as palavras dela — Acaso se esqueceste da minha declaração?
— Considerando vossas ações, somente acredito vendo. — manteve a firmeza na voz.
— Bem, se fazes questão. — ele apenas ajoelhou-se diante dela, causando cochichos aos montes.
— O que estás a fazer? Achas mesmo que vou aceitar? — instigou ela, mais ainda perplexa com ele — Quanta arrogância para um libertino, acaso não sabes que não pretendo casar-me com a realeza?
— Senhorita Bridgerton, aceitas se casar comigo? — perguntou ele, não se importando com suas palavras, apenas ignorando-a.
— Aceito. — disse ela, de forma involuntária e espontânea.
Eis aí, mais um casamento à vista, bem como sua majestade premeditou.
Lady Lewis.
Eu tenho medo de que você vá embora.
Eu não deixaria você ir,
Como eu posso manter-te aqui?
- All My heart / Super Junior
XVIII. Frescor do Campo
Para os corações partidos pela temporada de primavera, nada como o refúgio em meio ao perfume dos campos de lavanda na Escócia. E assim estava o nosso rubi ao finalmente chegar ao palacete de vossa tia, que parecia mais empolgada do que a donzela por sua chegada.
— Minha querida. — tia Poppy com seu jeito espontâneo, abraço-a com carinho — Que felicidade em tê-la aqui, já não me aguentava de saudades.
— Agradeço por me receber novamente titia. — a jovem retribuiu o abraço forçando um sorriso singelo em seguida.
— Vosso quarto continua intacto, como deixou antes de regressar a Londres, apenas pedi para que trocassem os lençóis da cama. — anunciou ela, sorrindo também.
Não queria preocupar a vossa tia com as suas aflições e angústias internas. sabia que ser enviada ao campo bem no meio da temporada só lhe demonstrava duas opções: Ou o vosso noite sentia-se por demais envergonhado pela precária situação econômica de lord Bourbon, ou de fato, nem mesmo um noivo existia naquele mistério todo em que seu pai construiu. Pelo sim, pelo não, ela apenas tentava afugentar os pensamentos negativos e tentar se alegrar por suas amigas.
— Senhora Jasper, acompanhe a criada de minha sobrinha e lhe mostre seus aposentos. — ordenou a tia ao segurar a mão da sobrinha — E você, venha comigo, pelo seu olhar está precisando de um saboroso chá que mandei que preparassem para sua chegada.
— Agradeço mais uma vez, titia, mas não me encontro ávida para um chá. — explicou a menina.
— Ainda assim, eu insisto. — Poppy relevou o desânimo dela e a puxou consigo até o jardim de tulipas da propriedade — Tenho tantas novidades para lhe contar, foram tantos bailes que perdeste desde a vossa partida…
Tagarelar era de fato o esporte favorito da senhora Poppy Kerr. E os poucos passos do hall de entrada até a mesa posta no jardim, não foram o suficiente para relatar as muitas fofocas da sociedade escocesa e seus preconceitos com os burgueses. Um deles era o vosso marido, o senhor Hian Kerr, o comerciante mais rico da região de Glenfinnan.
Diante de tantos assuntos considerados importantes por sua tia, apenas optou por se manter silenciosa ao ouvir cada um dos muitos casos que lhe era pronunciado. Se não poderia fugir, apenas fingia prestar atenção, enquanto vosso pensamento vagava em outras terras. E cá entre nós, tenho a certeza que esta terra tem nome e sobrenome: Tenebrae, um certo duque que nos encantou desde o início.
— Então, onde estava mesmo? — perguntou a tia, ao devanear em seu próprio gosto para moda, ao fazer um longo comentário sobre o vestido de lady Juliet, no último baile que compareceu.
— Dizia sobre o noivado de lord Fincher e a senhorita Campbell. — respondeu a jovem, aliviada por se lembrar do nome dos noivos, ao pegar um brownie para mordiscar.
— Ah sim, o pedido dele foi o comentário mais pontual no último baile, fiquei feliz já que a senhorita Campbell perdeu os pais recentemente e morava de favor na casa dos tios, só fico me perguntando se haverá um dote e se a família de lord Fincher irá aceitar tal união. — continuou tia Poppy de forma espontânea, até que parou por um momento e notou o olhar de sua sobrinha mais triste do quando chegara — O que houve querida? Está preocupada com o vosso noivado, não é?
tentou se recompor e suavizar o rosto, sem muito sucesso.
— É tão visível assim? — perguntou a jovem, deixando o brownie mordido no prato.
— Sim. — assentiu a tia, ao segurar em sua mão — Conte-me, este noivado é de verdade?
— Para ser honesta, eu não sei. — respondeu, segurando suas lágrimas — Papai não entrou em detalhes, apenas disse que eu estava noiva e passaria o final da temporada aqui.
— Eu conheço vosso pai, ele nunca brincaria com algo sério como isso. — assegurou tia Poppy, suavizando mais o olhar — Mandarei uma carta para ele amanhã pela manhã, tenho certeza que para mim, vosso pai contará quem é tal cavalheiro.
— Tenho me perguntando se o fato de não revelar-se talvez seja por vergonha de nossa situação. — confessou o rubi, um dos motivos de angústia.
Entretanto, não o principal.
— Lamento que esteja passando por tal provação — disse Poppy, sentindo compaixão pela situação dela — Eu deveria ter sido mais presente durante esses anos, vosso pai caiu na tristeza e amargura após o falecimento de sua mãe, e afogou-se nas apostas achando ser seu ponto de escape.
— E senhora possui a vossa família, não se culpe por isso. — disse , entendendo o lado da tia.
— E ambos também são da minha família. — assegurou ela — Farei o possível para que possas ser feliz no futuro, minha querida.
Poppy se inclinou um pouco mais e abraçou a sobrinha.
— Mereces sorrir mais e chorar menos. — continuou a tia e olhando-a com carinho — Não será por causa de um dote que não teremos um casamento em nossa família.
— Do que estás a falar? — perguntou a jovem, confusa.
— Conversei com o senhor Kerr, e amando-me como me ama, ele concordou em pagar o vosso dote, para que tenhas um casamento honrado. — contou Poppy, deixando uma ponta de brilho surgir em seu olhar — Não a deixarei passar por essa vergonha, somos uma família e vós é minha sobrinha querida.
— Tia Poppy. — não conseguiu resistir às emoções que se formavam no canto de seus olhos em forma de lágrimas.
Logo deixando-as rolar pelo rosto, fazendo a mulher ao seu lado ficar com o coração ainda mais apertado.
— Não chore, minha querida. — pediu a tia, ao pegar um dos lenços que estavam na mesa e enxugar de leve o rosto dela — Permito-lhe apenas se for de felicidade.
pegou o lenço da mão de sua tia, e sorriu de leve em agradecimento.
— Adoraria dizer que é de felicidade, porém… — a jovem soltou um suspiro cansado, lembrando-se do seu motivo central.
— Então, o que mais a preocupa? — perguntou Poppy, se preocupando um pouco mais.
— Não é nada, titia. — a menina tentou disfarçar e voltou o olhar para o canteiro ao lado.
— E lhe conheço desde o dia em que nasceu, sei muito bem que esta tristeza no olhar não se deve apenas ao fato de vosso noivo misterioso. — insistiu a mulher, ao dar um gole no chá que despejara em sua xícara.
a olhou novamente, sem forças para esconder seus sentimentos.
— Titia, como soube que estava apaixonada pelo senhor Kerr? — perguntou a jovem.
— Quando me dei conta que não poderia viver nem um só dia sem observar o sorriso dele, quando se aproximava de mim. — contou a tia, levando um cookie a boca — Toda a nossa família foi contra, meus pais quase morreram de desgosto quando fugi de casa para casar-me com Hian…
— E como foi?! — indagou a sobrinha, ao finalmente pegar a xícara de chá e bebericar um gole.
— Eu já estava prometida a outro, quando o conheci, foi no Vauxhall em minha primeira e única temporada de apresentação. — contou Poppy, com um tom saudoso pelo passado — Estava caminhando pelos painéis de pinturas de tecido quando me desequilibrei e um cavalheiro me amparou, era ele, com um olhar profundo e um sorriso acolhedor que fez meu coração acelerar na mesma hora… Deste aquele em diante, meus pensamentos se voltaram para aquele burguês que havia se hospedado na casa de um casal de nobres amigos.
— Ele também se apaixonou de imediato? — a curiosidade de aumentou.
— Sim, e não demorou muito para que me escrevesse uma carta em declaração dos seus sentimentos… — Poppy a olhou com mais atenção, entendendo então o propósito da indagação de vossa sobrinha — Estás apaixonada por outros?
assentiu, abaixando o olhar.
— Minha querida… Não saberia como lhe ajudar com isso. — disse a tia — Pelo menos, sabes que tal cavalheiro a ama também?
— Não, e por certo que tal cavalheiro jamais sentiria algo por mim… Ou se sentes, sabes esconder com forte perfeição. — ainda estava em dúvidas quando a outra parte.
Os gestos do duque e a forma em que a beijou lhe deixaram ainda mais confusa com seus sentimentos.
— O fato é que meu futuro já está arruinado mesmo, já perdi as esperanças em casar-me por amor, apenas desejo manter a honra de nossa família. — confessou o rubi, deixando sua voz mais baixa.
— Nossa família, a cada dia desprezo mais as regras da nobreza. — Poppy bufou um pouco — Mas saiba que se não estiver inclinada a este casamento arranjado, tens minha benção e um lar aqui na Escócia.
— Eu sei titia. — sorriu de forma meiga para ela — Obrigada por ser a melhor tia do mundo.
Poppy sorriu de volta e a abraçou.
Os dias foram passando e nosso delicado rubi havia recebido algumas cartas de suas amigas, lhe contando sobre as novidades da capital. Claro que menções a esta autora foram feitas, o que muito me agradou. Contudo, o que mais impressionou-a foi o anúncio do casamento real, em que a amiga lhe chamou para madrinha juntamente com . Claro que , notara o grande afeto que vossa alteza demonstrava com seus olhares para a amiga, e estava ainda mais curiosa para entender como a pérola intocável se rendera ao libertino mais cobiçado da temporada.
Sob a brisa que o pôr-do-sol lhe proporcionava em uma tarde de sábado, a jovem Bourbon se recolheu mais cedo em seus aposentos. Demonstrou-se indisposta a participar do jantar desculpando-se por isso. Após banhar-se e vestir sua camisola, pegou seu livro de cabeceira e começou a lê-lo, ao sentar na poltrona ao lado da janela. O único romance que se permitia viver atualmente era o de Alexandre Dumas em O Conde de Monte Cristo.
Logo ao passar uma das páginas, um envelope que estava guardado no livro escorregou e caiu ao chão. se inclinou de leve para pegá-lo e de imediato lembrou-se do que se tratava, a carta que recebera do duque na época em que machucou o tornozelo. Foi involuntário o pulsar mais forte de vosso coração ao retirar o papel e lê-lo novamente, com o mesmo sentimento da primeira vez.
“Senhorita Bourbon,
Venho por este dizer que senti-me aliviado por tê-la visto melhor na noite anterior. Segui estes dias preocupado com vossa condição física devido ao acidente passado.
Para ser honesto, nem mesmo sei o motivo de estar lhe escrevendo esta carta, nem se fará alguma importância para a senhorita.
Espero que continue bem e saudável.
Tenebrae
duque de Whosis.”
Em instantes, a lembrança do beijo de surgiu em sua mente, fazendo seu corpo se arrepiar instantaneamente. A mesma sensação daquele momento, sendo reproduzida de forma involuntária, acelerando seu coração. Pensar nos lábios dele tocando os seus era a última coisa que precisava naquele momento. Entretanto, era mais forte do que ela controlar o desejo que vosso corpo tinha que mais uma vez receber o toque de vossa graça.
— Porque fazes isso consigo mesma ?! — sussurrou ela, ao finalmente voltar a realidade — Não podes desejá-lo, não estando prometida a outro.
Ela respirou fundo, erguendo de leve o papel para rasgá-lo, contudo, não teve a coragem necessária para seguir até o final, guardando-o novamente no envelope e colocando em outra parte do livro.
— Senhorita Bourbon? — disse Franchy, ao dar duas batidas na porta — Está acordada?
— Sim. — ela colocou o livro sobre a cabeceira novamente e caminhou até a porta para abri-la — Aconteceu algo Franchy?
— Senhorita, a uma visita inesperada lhe aguardando na biblioteca. — anunciou Franchy, com o olhar inexpressivo e ao mesmo tempo intrigado.
— Quem? — perguntou , confusa pelo fato.
— O cavalheiro diz ser vosso noivo. — respondeu a criada — Senhorita, ficará surpresa em vê-lo.
O coração de ficou levemente apertado, pois não sabia como reagir a tal visita. Ao mesmo tempo em que se encontrava surpresa, a aflição também estava presente ali.
--
Dias antes…
Se nos campos da Escócia, não faltavam fofocas para a tia Poppy não fornecer, imagina em nossa querida Londres em meio a temporada de casamentos. E esta autora não deixou de acompanhar os acontecimentos, enquanto a doce rubi se instalava na casa de sua tia. E o fator de minha maior atenção, fora a inesperada visita do vossa graça, lord Tenebrae ao clube de cavalheiros. Algo que me deixou intrigada e levemente curiosa.
— Whosis!? — a voz de vossa alteza soou surpresa ao vê-lo ali — O que fazes aqui? Não é de vosso feitio frequentar o clube.
O príncipe olhou para o homem que estava sentado na poltrona ao lado, acompanhando o vosso amigo.
— Ainda mais diante de certas companhias. — continuou , se referindo ao cavalheiro.
— Vossa alteza, sei que não deve gostar de mim, por questões de parentesco. — argumentou o marquês de Hamilton, ao se pronunciar em defesa própria — Mas não és o único amigo que Whosis possui.
— Defina as questões de parentesco, marquês. — indagou o príncipe.
— Simples, lord Bridgerton roubo-me uma noiva e vossa alteza se casará com a irmã dele, em breve estarão em família. — explicou o homem, ainda amargurado pelo passado — Por sorte, ainda tenho outro dote para compensar o que me foi roubado.
— Ah sim, então vossos ressentimentos do passado são apenas pelas 200 mil libras oferecidas. — constatou — Estou feliz pela agora lady Bridgerton ter se livrado de tal cavalheiro como o senhor, e compadecido pela irmã que está prometida a vós.
— Se for para ambos continuarem tal discussão, irei me retirar e viver minha amargura reclusos de vossas companhias. — , levou o copo de whisky a boca, para mais um gole.
Algo que causasse espanto em vossa alteza e particularmente a esta autora também. Em todos os anos de pura amizade, aquela era a segunda vez que vira o duque desolado e inconsolável, a primeira fora na morte de sua amada esposa.
— Whosis, o que aconteceu? — perguntou , puxando uma das cadeiras acolchoadas e sentando-se próximo ao amigo — O que o fez ficar assim?
— O amor… O desejo proibido… — lord Magnus começou a rir pela situação do amigo e levemente por sua inveja, afinal nunca sentira algo tão profundo por uma dama — Nosso amigo em comum está finalmente apaixonado por aquilo que não pode ter.
O marquês tomou o último gole do líquido em seu corpo e se afastou de ambos, seguindo para os braços de uma das acompanhantes que se encontrava no recinto. O restante de sua noite seria de diversão e totalmente despreocupado com o dia de amanhã.
— Do que o marquês se referia? — perguntou , com o olhar confuso por tudo.
— Porque dói tanto. — sussurrou , ao tomar o último gole do copo e pegar outro — Sinto como se meu coração tivesse sido arrancado de mim pela segunda vez.
— Vejo em seus olhos que definitivamente não estás bem. — concluiu , se preocupando — Diga-me, a causa de seu infortúnio? Quem sabe não posso te ajudar, sou príncipe.
— Não meu amigo, não podes… Somente Deus podes me ajudar. — soltou um suspiro cansado, sentindo o álcool iniciar seus efeitos colaterais em seu corpo — E honestamente, acho que Ele não esteja inclinado a isso.
O duque levantou-se da poltrona e caminhou até o vitral, mais um gole para segurar as emoções internas e inibir um grito preso na garganta.
— Whosis, ainda não o entendo. — vossa alteza manteve a atenção nos movimentos do amigo, seguindo-o — O que aflige vosso coração?
— Este sentimento que me parte em dois mais uma vez. — manteve o olhar na vidraça, relutante em encarar o amigo — Em algum momento da vossa vida, desejaste algo que jamais será teu?
— Acaso estou a entender que meu amigo apaixonou-se finalmente? — o príncipe sorriu feliz pelo fato, animando-se pelo amigo — Whosis, finalmente a vida estás a sorrir para vós novamente.
— Sorrir? — o olhou, era notório as lágrimas formadas no canto de vossos olhos — Ela partiu, apenas para em breve casar-se com alguém que não será eu.
— Partiu?! — parou para refletir por um momento, entender a quem o amigo referia-se — Estás apaixonado pela senhorita Bourbon? Como de fato, suspeitei desde o início.
Vossa alteza tentou segurar o riso em respeito ao amigo. Não conseguia mensurar se estava feliz por finalmente o duque demonstrar fraqueza diante de um sentimento que o encorajara obter novamente tantas vezes, ou se lastimava pela realidade do momento.
— A ama de fato. — completou , vendo nos olhos do amigo — Whosis, és ainda mais corajoso e obstinado que eu, se a ama, não permita que esta união aconteça.
— Não me aconselhe a desonrá-la... — a primeira lágrima rolou em seu rosto — Não pela segunda vez
— O que fizeste, ?! — pousou a mão no ombro do amigo, olhando-o com seriedade — Whosis?
— Eu a beijei. — mais uma lágrima rolou em vosso rosto — Eu juro, que o que mais desejo é reparar as consequências dos meus impulsos.
— Pare de colocar a razão em foco, para mascarar vossos sentimentos. — o repreendeu — Não é pelas consequências de tal beijo, o que de fato me deixa surpreso neste momento, mas pelo que sentes pela senhorita Bourbon.
— Eu não tenho permissão para sentir nada, e provavelmente tenha causado um mal entendido a ela. — voltou o olhar para vidraça — Não há mais nada que eu possa fazer.
— Sempre há algo que possas fazer. — vossa alteza insistiu — O beijo, ela retribuiu?
— Do que isso vos importa? — ele o olhou novamente intrigado.
— Importa, pois se for positivo, devo abrir vossos olhos e dizer que se desistir desta donzela, a sentenciará a casar-se com um homem que jamais a fará feliz por completo. — concluiu — Não desista do amor meu amigo, lady Margareth certamente desejaria isso a vós.
A menção da falecida duquesa foi o gatilho para a decisão de vossa graça. O duque tomou o último gole do líquido no copo e se retirou da presença do amigo. Vossa direção fora sem dúvidas a residência da família Bourbon. Ao ser recebido pela governanta, senhora Loran, parte do escasso quadro de funcionários que restaram na casa.
— Vossa graça?! Peguei-me surpreso pelo anúncio de vossa presença em minha casa. — disse lord Bourbon, ao adentrar a sala de estar e colocar-se frente a visita inesperada — O que o traz aqui?
— Diga-me quem é aquele que ousa querer desposar a vossa filha. — pediu o duque, com um tom rígido e amargo, deixando a raiva transparecer em vosso olhar.
Lady Lewis
As pessoas se apaixonam de maneiras misteriosas
Talvez apenas com o toque de uma mão
Eu, me apaixono por você a cada dia
Eu só quero te dizer que eu estou apaixonado.
- Thinking Out Loud / Ed Sheeran
XIX. O conde que me amava
Dizem que filhos são como pássaros, que quando crescem e criam forças em suas asas, já sentem a plena necessidade de partirem e voar ao longe. Mas lá estava retornando ao seu ninho de origem para matar a saudade de suas irmãs e pedir conselhos a sua mãe. A surpresa do olhar de Daisy assim que sua irmã fora anunciada, deu lugar a curiosidade estampada no rosto das gêmeas. Até mesmo Rose estava intrigada pela visita inesperada da nova condessa Bridgerton.
Se ambas as irmãs Sollary estão assim, quanto mais esta autora que já estava a sonhar com uma lua-de-mel em Paris repleta de romance e amor. Ah como meu coração sofre por esta história.
— ! — Jasmine que estava a brincar com a sua preceptora, levantou-se do chão e correu ao encontro de sua irmã.
— Olá princesinha! — abaixou-se e a abraçou forte — Que saudade de vós.
— Também sentimos vossa falta. — reclamou Lily, ao ver que todo o carinho era apenas para a pequena.
— Ah, minhas gêmeas favoritas. — se aproximou dela e as abraçou também, sorrindo de forma gentil — Como estão a mamãe e o papai?
— Continuam os mesmos. — respondeu Daisy, voltando a atenção para o jornal em mãos.
— E a senhorita continua lendo os comentários de Lady Lewis. — disse ao se aproximar dela e sentar ao seu lado — Qual a notícia do dia?
— A cidade está em pleno alvoroço pelo pedido do príncipe a vossa cunhada. — contou Daisy, enquanto lia outros relatos.
— Desde quando esta menina se interessa pelas fofocas na nobreza? — olhou para as outras irmãs.
— Pois saiba que Lady Lewis não é somente uma autora de fofocas, ela também relata as verdades sobre nossa sociedade patriarcal repleta de homens corruptos. — argumentou Daisy em defesa.
— Nossa irmãzinha está tentando ser uma revolucionária e esqueceu-se que não é um cavalheiro para isso. — comentou Rose, em seu tom de implicância.
— Pois saiba que até as mulheres na américa possuem a liberdade para se expressarem, e ainda permanecemos vivendo em tempos antigos. — a jovem cruzou os braços emburrada — Certamente será uma realização o dia em que as universidades da Inglaterra aceitarem uma donzela como aluna.
— Acho que nossa sociedade não está preparada para tal evento. — disse , entendendo a ansiedade de vossa irmã por conhecimento.
— Eu nem teria vestido para tal ocasião. — brincou Camellia, rindo dela.
Daisy fez careta para a irmã e voltou sua atenção para a primogênita.
— E vós ? Não deverias estar em vossa lua-de-mel? — perguntou ela, intrigada.
— Ah… — voltou o olhar para a porta, avistando o pai adentrar.
— Meu diamante. — o senhor Sollary, que raramente comparece durante o dia em sua casa, surpreendeu-se ao vê-la ali.
— Bom dia, meu pai. — sorriu de leve e então voltou a ficar séria ao ver que estava acompanhado.
— Minhas filhas, o marquês de Hamilton. — anunciou o senhor Sollary.
Rose prontamente ajeitou-se no sofá, sentindo o coração acelerar por estar na presença do vosso futuro noivo. Já as gêmeas não se importaram tanto, porém mantiveram-se próximas à janela segurando o riso e os comentários inoportunos que lhes vinham à cabeça. continuou olhando-o sem saber como reagir, era a primeira vez que se viam após o ocorrido no Vauxhall.
— Lord Magnus. — disse ela, mantendo um tom baixo.
— Lady Bridgerton. — o marquês Robert, sentiu mais uma vez o gosto amargo da derrota em sua boca.
Por mais que tivesse aceitado a proposta de desposar Rose, para remissão de vossa honra, era mais do que notório a diferença entre a beleza das irmãs. possuía um olhar marcante harmonizado ao seu sorriso sutil, que deixava todos os olhares atraídos para ela. Por mais que a segunda Sollary fosse bela, não tinha assim os atributos que fazem de uma donzela o diamante precioso de vossa majestade.
— Senhorita Sollary. — o marquês manteve discreto o vosso olhar para a donzela casada, e voltou-se para a futura noiva — Trago-lhe este singelo presente.
— Agradeço milorde. — Rose levantou-se e recebeu a caixa de chocolates em mão, suavizando o olhar e sorrindo com gentileza — Aceitas um chá com biscoitos? Acabaram de sair do forno.
— Se não for incomodo. — Robert olhou para o dono da casa que assentiu com a cabeça.
— Vossa presença jamais será um incômodo, milorde. — o senhor Sollary estendeu a mão para que o homem sentasse em uma das poltronas.
, sentiu-se inquieta pela situação. Então, silenciosamente caminhou pela lateral da sala, seguindo até a porta. Logo, o senhor Sollary percebeu e aproveitando-se a distração do marquês em uma conversa sobre algumas obras de Mozart, aproximou-se da filha.
— Venha comigo , precisamos conversar. — disse ele, ao passar por ela e seguir em direção ao escritório.
A primogênita apenas assentiu em silêncio e seguiu o pai, tentando não pensar nos possíveis assuntos. Assim que ela entrou após ele, Frederick fechou a porta e deu alguns passos até sua filha, pegando em sua mão e a sentando sobre o sofá. Seu olhar estava totalmente diferente da última vez que tiveram uma conversa séria. lembrava-se muito bem do olhar desapontado do pai, após o acidente que levou ao seu casamento.
— Está tudo bem, minha querida? — perguntou ele, com o olhar preocupado — Deverias estar em outro lugar.
— Sim, estou bem, meu pai. — manteve o olhar abaixado.
— És minha menininha. — o senhor Sollary, tocou de leve o rosto da filha, fazendo-a levantar o olhar — Vosso olhar deveria estar alegre e não triste, diga-me não estás feliz com o casamento?
— Eu não sei dizer, ainda sinto-me envergonhada por falar sobre isso com o senhor, quase desonrei o nome de nossa família. — explicou ela, sentindo um aperto no coração.
— O que importa é que rio encontrou seu curso, não o previsto mas estás bem casada e lord Bridgerton aparenta ter afeto por vós, minha filha. — o pai sorriu gentilmente para ela, que logo se aninhou em seus braços — Pelo menos é um cavalheiro, honrado e de boa família.
— Vim em busca de um consolo nos braços de minha mãe e acabei tendo do senhor. — confessou a primogênita, sentindo suas emoções formarem lágrimas no canto dos olhos — Em momentos assim, sinto saudades do tempo de criança, sem as preocupações que nossas escolhas nos causam.
— O que sentes por vosso marido, minha querida? — indagou o burguês, ao acariciar os cabelos da filha.
— Sinto meu coração acelerar todas as vezes que ele está por perto. — confessou ela e afastou-se de leve, erguendo o corpo e o olhando — Mamãe sempre diz que isso acontece com ela, quando estão próximos.
— Isso chama-se amor, minha querida. — o senhor Sollary, manteve o olhar carinhoso para ela — Quando eu conheci a vossa mãe, tive certeza que nunca havia visto alguém tão maravilhosa, especial, delicada e gentil como ela, e principalmente bela, sinto-me afortunado em cada dia de minha vida por ter sido escolhido por ela… E por mais que ela esteja doente, ainda assim, ela segue sendo meu porto seguro.
— Admiro o amor de ambos, desde de pequena, sempre sonhei em encontrar um amor assim, ter a atenção do meu marido para mim, como a mamãe tem a vossa. — confessou ela, sentindo uma lágrima escorrer — Como faço para ter um casamento como o vosso?
— O amor e a cumplicidade, minha filha, não nascem do dia para noite, há um caminho árduo a ser percorrido por ambos… Não conhecemos uma pessoa por completo em sete anos, menos ainda em sete dias, dê uma chance ao vosso casamento, sua mãe sempre me disse que o amor começa pela amizade, e que ela aceitou meu pedido por causa disso.
— Por que se tornaram amigos. — concluiu .
— Sim. — assentiu ele.
— Posso vê-la? — perguntou a filha.
— Claro, minha querida. — ele levantou-se do sofá — Eu voltarei para sala e a senhora lady Bridgerton, após ver a vossa mãe, retorne para a casa em segurança.
— Sim, senhor. — sorriu com graça para ele e saiu primeiro do escritório seguindo diretamente para o quarto da mãe.
O diamante Bridgerton ficou por alguns minutos parada, observando a vossa mãe adormecida. Ela se lembrara de muitas das vezes que sentiu o coração em agonia com as muitas noites em que a mãe passou mal a ponto de quase partir deste mundo. A primogênita precisou ser forte e responsável, para ajudar o pai na criação de suas irmãs e do pequeno Bowlmer.
— Não vais entrar, querida? — disse a mãe, com a voz baixa.
Marie Sollary estava se recuperando de um inesperado resfriado, causado por sua exposição à brisa que refrescou o dia do casamento da filha. Sua saúde continuava frágil, o que não era novidade, entretanto os cuidados com ela haviam sido dobrados para que não piorasse. adentrou o quarto lentamente, deixando a porta entreaberta.
— Como estás, mamãe? — perguntou ao sentar na beirada da cama.
— Já tive dias melhores. — brincou ela, ao voltar o rosto para ela — Que olhar é este?
— Olhar? — se mostrou confusa.
— Sim, está triste. — explicou a mãe.
— Impressão vossa, está tudo bem. — ela sorriu delicadamente, pousando as mãos sobre o colo.
— Eu vos conheço desde o dia em que nasceu. — Marie ergueu o corpo com cuidado e pegou a mão da filha — Não precisas mentir para vossa mãe.
— Não estou mentindo… — ela respirou fundo, sentindo as mãos aquecidas da mãe — Está mesmo tudo bem.
— Então, o que faz aqui? Vosso pai me disse sobre a lua-de-mel em Paris. — comentou ela, deixando transparecer a preocupação.
— Precisou ser adiada por tempo indeterminado. — explicou a filha — Preciso ir agora, não quero deixá-la cansada com meus infortúnios.
— Não me cansas nenhum pouco, pelo contrário, alegra-me poder ajudar minhas filhas, principalmente quando se trata de assuntos do coração. — disse a mãe, com o olhar reconfortante para ela — Saibas que pode contar comigo.
— Agradeço o carinho mamãe, mas devo ir agora. — se inclinou com suavidade e deu um beijo na testa dela — Eu te amo.
— Também te amo, querida. — Marie manteve o olhar sereno para ela, observando-a se afastar.
ao descer as escadas, ouviu algumas risadas vindas da sala de estar. De certa forma, lá no fundo ela sentia-se aliviada por não ter casado com o lord Robert Magnus, afinal, a vossa irmã Rose demonstrou interesse imediato no marquês de Hamilton, desde o momento em que ambas o conheceram.
— Senhor Lee, leve-me para casa, por favor. — pediu , assim que o cocheiro a ajudou a entrar na carruagem de lord Bridgerton.
— Sim, milady. — assentiu o empregado, fechando a porta em seguida.
Ao chegar na mansão Bridgerton, fora recebida por sua criada que a aguardava ansiosa. O diamante ficou surpresa já que a criada sabia onde estava.
— Aconteceste algo, Moore? — perguntou ela.
— Não senhora, só pensei que a senhora não fosse retornar tão cedo. — explicou a criada, voltando o olhar para a janela — O dia está tão lindo, certamente haveria muitos assuntos entre a senhora e as vossas irmãs.
— Ah, sim, haveria muitos assuntos. — assentiu , rindo baixo — Porém, meu pai retornou para casa com outra visita inesperada e achei prudente voltar mais cedo.
— Outra visita? — Moore se pegou curiosa e confusa.
— O marquês de Hamilton, esteve para visitar minha irmã Rose. — ao pronunciar, voltou seu olhar para trás e percebeu o marido descendo as escadas.
— Milady. — disse ele, num tom seco ao passar por ela.
— Milorde. — ela o cumprimentou, mantendo o olhar afastado.
Ainda não o tinha visto naquele dia, e certamente imaginara que não estivesse em casa.
— e . — tia Violet adentrou o hall da casa acompanhada da sobrinha — Não sabia que estavam em casa.
— De fato, como foi a visita a casa do vosso pai, ? — perguntou , ao se aproximar da amiga.
— Foi bem, saciei a saudade que seguia de minhas irmãs e conversamos um pouco. — contou ela, notando o olhar afastado do marido.
— Sairei para resolver alguns assuntos, voltarei antes do jantar. — anunciou , ao passar pelas damas e seguir até a porta.
— , minha querida, vá se aprontar que em breve a mademoiselle Tatou estará aqui para conversarmos sobre o vestido do vosso casamento. — pediu lady Violet, com outras intenções de ficar a sós com a condessa.
— Tens razão minha tia, irei me aprontar. — ela sorriu graciosamente para a amiga e seguiu para a escadaria — Judith, queira me ajudar por favor.
— Claro senhorita Bridgerton. — disse a criada, seguindo-a pelos degraus.
— Senhorita Moore, poderia preparar um chá para nós e levar ao jardim? — contou Violet, em suas ordenanças.
— Claro milady, com sua licença.
Assim que a criada se retirou, lady Violet segurou a mão de e a guiou até o jardim. Inicialmente contando sobre quando conheceu o falecido marido e de como eram felizes no tempo em que o mesmo estava vivo. Os altos de baixos que seu casamento teve, principalmente nas preocupações das muitas gravidezes que tivera.
— Tenho certeza que entendes, já que possui muitos irmãos. — disse Violet em risos — Tenho por mim, que se Edmund não tivesse partido tão cedo, teríamos tido bem mais que apenas oito filhos.
Ela riram de leve.
— Acho que posso dizer o mesmo de meus pais, felizmente minha mãe ainda vive, mas por vossa saúde frágil, não podes mais ter filhos. — explicou , ao assentar-se em um banco ao lado da viscondessa.
— No entanto, eles tiveram seis belas filhas e um menino muito inteligente, pelo que soube no dia do vosso casamento. — comentou a tia, olhando-a com carinho.
— Sim, sete é um número especial para minha família, assim com o oito é para vossa. — concordou o diamante com um olhar sereno para o canteiro de rosas — A senhora sempre soube que estava apaixonada pelo visconde Bridgerton?
— Ah, sim, desde o primeiro momento em que meus olhos encontrou os dele, tive a certeza que meu coração seria dele para sempre. — confessou Violet, sentindo-se emocionar um pouco — Eu não sei o que ocorre entre vós e meu sobrinho, mas sei o quão conturbado foste o inicio de ambos, contudo, mais do que apenas um olhar que nos aquece por dentro, são os dias compartilhados que alimentam os sentimentos que temos por nossos maridos.
— Senhora… — sussurrou.
— Edmund sempre disse que minha maior virtude era observar nossos filhos quando planejavam fazer algo errado. — ela riu graciosamente, lembrando-se do passado — Mas também de aconselhá-los da melhor forma possível… Deixe-me fazer o mesmo por vós?
assentiu com o olhar.
— Podes não estar apaixonada por meu sobrinho, não da forma que eu percebo que ele esteja por vós, mas o amor é uma decisão, e podes escolher entre amá-lo ou não. — continuou Violet, construindo seu conselho — Não achas que a vida é curta demais para escolher não amar? Um dia, ele está ao vosso lado e no dia seguinte, podes não tê-lo mais… E sentirá falta é da mais singela risada.
Era nítido que a viscondessa estava se referindo a saudade que tinha do marido. E compreendia tal referência.
— Minha mãe sempre disse que o amor nasce de uma amizade. — comentou o diamante Bridgerton, recordando a conversa com os pais.
— E ela está certa, eu e Edmund sempre fomos amigos, desde o início. — Violet segurou a outra mão dela, transmitindo um olhar esperançoso.
--
Há muitas coisas que se pode fazer entre o nascer e o pôr-do-sol. Lord Bridgerton tinha suas responsabilidades como o conde de Whatnot, que lhe tomavam algumas horas do dia. Agora após o casamento, sentia ainda mais a pressão de não errar com sua família que estava em construção. Por isso, constantemente passava boa parte de seus dias no escritório concentrado nas produtividades das terras das quais possuía.
— Milorde. — a suavidade na voz de , despertou a atenção do vosso marido.
O que o fez olhá-la de imediato. Contava-se uma semana de casados e ambos estavam dormindo em quartos separados, conforme as tradições da nobreza. Entretanto para esta autora, a maior lástima está no fato de que este casal apenas trocava algumas poucas palavras nos momentos das refeições em família e nada mais. E como vimos, lady Violet também havia notado a frieza com a qual ambos se tratavam.
O que muito entristece o coração desta nobre autora.
— Algum problema? — perguntou ele, sério e inexpressivo.
estava em um dilema interno. Vossa teimosia devido ao assunto do vestido, sendo combatida pelas palavras de conselho do pai e da viscondessa. O diamante Bridgerton sentia o coração acelerar apenas com o olhar do marido, mesmo que atualmente estivesse distante e gélido. E ela sabia bem que nem só de um olhar se construía um relacionamento. A única coisa que esta autora pode dizer é que ainda guarda as esperanças nesse casal, contando que em breve teremos herdeiros. Afinal, todos sabemos que os Bridgertons são conhecidos por seguir à risca, a ordem do Senhor de crescer e multiplicar.
O silêncio da esposa o perturbou de forma a fazê-lo levantar-se e se aproximar. A condessa permaneceu quase imóvel, a não ser por vosso corpo agora trêmulo ao sentir o aroma amadeirado do perfume do marido.
— Eu… — ela iniciou a frase, sem saber como dar continuidade.
— Vós?! — ele manteve a atenção voltada para ela, por alguns instantes, até que desviou em um respiro profundo, então abaixou um pouco mais a voz — O que desejas de mim?
— O que uma esposa deve desejar do marido? — perguntou ela, levantando o olhar controlando suas indagações internas.
— Se estás aqui para pedir mais uma vez que eu assuma algo que não o fiz… — iniciou ele, tentando manter a paciência sobre o assunto.
— Não estou aqui para pedir nada. — ela o interrompeu — Ou melhor, estou mas… Não relacionado a tal assunto.
— Não?! — o vosso olhar voltou-se para ela, confuso.
— Entendo que não mudará vossa palavra, assim como eu não mudarei a minha. — continuou ela.
— Então não temos mais nada a dizer. — ele se moveu para retirar-se do escritório.
— Espere. — o tocar de em vosso braço, o fez sentir o corpo arrepiar.
— Mais uma vez perguntarei. — ele manteve seu olhar subjetivo para ela, porém internamente sendo atormentado por seus impulsos regados a malícia — O que desejas de vosso marido?
— Vossa amizade. — sua voz manteve-se baixa, porém firme — Se não posso ter nenhum outro sentimento positivo, não desejo que nosso casamento siga como se fôssemos dois estranhos.
— Amizade?! — moveu-se em dois passos para que seu corpo ficasse mais próximo do dela — Achas que é apenas isso que devo possuir por vós?
— E acaso o senhor não me desposou apenas para manter minha honra? — questionou ela, lembrando-se do fato de seu dote ter sido recusado pelo marido — Ou devo acreditar que podes ter algum afeto por vossa esposa?
— Não só afeto, milady… — conteve-se o máximo que conseguira, entretanto sua mão direita pousou involuntariamente sobre a cintura de sua esposa, aproximando-a ainda mais — Podes não acreditar, mas não há um só segundo do meu dia em que meus pensamentos não estão em vós…
— Milorde… — encostou de leve suas mãos nos braços do homem, sentindo-se desnorteada pela proximidade de ambos.
— Se de fato conhecesse-me, saberia o quanto a desejo, lady Bridgerton. — concluiu ele, em sussurro inclinando-se um pouco mais controlando seus lábios que estavam próximos do dela — E o tormento que tenho passado sempre que a vejo e sou impedido de tocá-la.
— Permita-me conhecê-lo de fato, milorde. — pediu ela, num tom mais baixo ainda com o coração acelerado — .
O sutil beijo do conde de Whatnot em sua esposa iniciou espontâneo e doce, sendo intensificado de forma gradativa, fazendo-a esquecer de onde estavam. Se o dia havia iniciado refrescante pela brisa do final da primavera, uma pontual variação na temperatura daquele pequeno espaço explicaria o calor que o casal passou a sentir. Inexplicável para , pois parecia que até mesmo o tempo havia congelado, para que finalmente pudesse entender de uma vez por todas os reais sentimentos do vosso marido.
Um sussurro em seu ouvido, para cada beijo que recebia…
Uma troca de olhares intensa, para cada palavra declarada…
O diamante Bridgerton havia feito a vossa escolha:
amar e ser amada.
Lady Lewis.
Eu perdi minha cabeça,
Desde o momento em que te vi.
Só de estar ao seu lado, meu mundo fica em câmera lenta,
Por favor, diga se isso é amor?
- What Is Love / EXO
XX. A Pérola Real
Para toda a sociedade que esperou ansiosa pela estação mais apaixonante do ano, é certo que a última semana da primavera era sempre marcada pelos casamentos mais esperados da temporada. E claro que um deles está ligado a monumental família real. E no Palácio de Buckingham o clima de empolgação e alvoroço já estava estabelecido, graças ao muito falado pedido de casamento executado ao ar livre no Hyde Park. Muitas donzelas de sentiram invejosas pela lady Bridgerton, principalmente uma acompanhante de nome Genevieve Le'Chant, que por muitas noites aqueceu os lençóis de vossa alteza, e agora se sentia traída e abandonada pelo mesmo.
Movimentos a parte entre os criados reais, a preparada Lady Danbury logo se ofereceu a auxiliar vossa majestade no preparo do casamento real. Já na casa Bridgerton, a viscondessa mais casamenteira de toda Londres adentrava o quarto da sobrinha, para lhe despertar no segundo dia mais importante de vossa vida. Claro que Violet, permaneceu alguns minutos olhando-a com carinho ao lembrar-se da temporada de sua filha, a duquesa de Hastings, assim como de suas outras filhas nos quais lhe trouxera as mesmas preocupações e inquietações. Naquele momento ela relutava se deveria ou não ter a tal conversa que toda mãe deveria com a filha diante de um dia tão importante. E na falta de sua cunhada, era a matriarca Bridgerton quem deveria fazer aquele papel.
— , minha querida, acorde! — disse a tia, ao se aproximar da cama de sua sobrinha e lhe tocar o ombro.
— Hum… — um resmungo soou debaixo das cobertas, seguido de um movimento curto da jovem.
— Está na hora de se levantar. — continuou a tia, dando sinal com a mão direita para que a criada da sobrinha abrisse as cortinas — Hoje é um grando dia, em que levamos semanas nos preparando.
— Oh, sim… — logo os braços de surgiram das cobertas, seu rosto foi sendo descoberto, ainda sonolenta, porém atenta aos argumentos da tia e lembrando-se que dia era aquele.
— Então, o que ainda espera deitada? — perguntou a tia, reforçando o olhar para ela.
finalmente conseguiu voltar seus pensamentos ao eixo e ergueu o corpo em um longo espreguiço. Puxando o ar para seus pulmões, para lhe dar mais coragem ainda, não seria apenas um casamento, seria uma grande mudança em vossa vida a começar pelo status de vossa alteza que seria acrescentado ao pacote. Alteza fosse a parte que mais lhe assusta, afinal, ser da família real era uma grande responsabilidade e honra para alguém de família tão nobre e estimada.
— Bom dia, tia Violet. — ela abriu um largo sorriso, atraindo para si todas as energias boas que o frescor da manhã transmitia.
— Bom dia, minha querida. — Violet retribuiu o sorriso, mantendo o olhar atento a ela — Tenho boas notícias, todos os seus primos confirmaram os convites para a cerimônia, finalmente teremos toda a família Bridgerton reunida para o grande casamento da temporada.
— Confesso que tenho me sentindo um tanto pressionada, nos últimos dias. — disse a jovem, num tom baixo — Não consigo evitar minha ansiedade alinhada ao nervosismo.
— Eu te entendo minha querida, também fiquei assim no dia do meu casamento. — Violet riu baixo ao lembrar-se do evento — Mas uma parte de mim estava confiante, pois Edmund era tão cavalheiro e me transmitia tanta segurança, que me forcei a ser forte e ousada.
— Tia Violet… — voltou o olhar para a janela.
Metade de si, mantinha-se envergonhada por suas curiosidades sobre casamentos e a primeira noite.
— Sim, querida?! — Violet continuou atenta a ela, esperando prosseguir.
— Dentro de mim existem algumas inquietações, e que tem deixado-me um pouco insegura. — confessou ela, abaixando o olhar.
— E quais inquietações seriam essas? — indagou a tia.
— O que acontece após o sim do altar? Sei que existe um momento em que todo casal fica sozinho, algo relacionado a consumação do casamento. — iniciou ela, suas reflexões — Acho que é isso que me inquieta, não saber exatamente o que acontece.
— Minha querida, esta parte do casamento é algo muito… — a viscondessa tentava em sua mente encontrar as palavras mais suaves para explicar a sobrinha — Particular.
Se para as filhas já havia sido complicado a orientação, imagine a sobrinha. E confesso que não queria estar na pele de nossa matriarca, entretanto, adoraria ser desposada por vossa alteza no lugar de nossa pérola. E não contem para ela, que esta autora disse tais palavras.
— Particular? — indagou a jovem.
— Sim, íntimo, existem assuntos que não se deve mencionar e este é um deles, apenas permita seu marilho lhe conduzir nesta primeira noite, tenho certeza que para a fama de vossa alteza ele deve ser bem experiente. — continuou a tia, a desviar-se das explicações.
— E eu não deveria ser experiente também? — perguntou a pérola de forma ingênua.
— Oh não, por favor, nem mencione tal coisa. — Violet assustou-se com as palavras dela.
— Não precisa reagir assim, tia, parece até algo ruim minhas palavras sugestivas. — tentou retratar-se, porém confusa por sua tia.
— Sim, é algo constrangedor e muito delicado. — Violet respirou fundo — Como disse, estas coisas são para serem descobertas em vossa primeira noite, o que sela o amor de um casal.
— Tudo bem, então. — a jovem descobriu-se e levantou da cama, voltando sua atenção no vestido de noiva que estava diante dela, próximo a penteadeira — Guardarei minhas inquietações para meu futuro marido responder.
— É o melhor a ser feito. — Violet soltou um suspiro aliviado, e manteve o sorriso no rosto.
O dia da nossa Pérola intocável finalmente iniciou com um longo e relaxante banho de leite com rosas vermelhas. Afinal, uma noiva perfumada se assemelhava aos campos de flores da primavera, e encantava a todos por onde passava. Massagem, maquiagem, cabelo, vestido, joias e uma pausa para recuperar o fôlego e se encorajar para a decisão mais importante de sua vida.
A cada minuto que se aproximava do sim definitivo, se forçava ainda mais a manter vossos pensamentos controlados e focar em ser a noiva da temporada.
--
— Onde estão os amigos quando se precisa deles?! — sussurrou , olhando para seu reflexo no espelho, enquanto perdia sua luta silenciosa contra a gravata em seu pescoço.
— Posso não ser um amigo como o duque de Whosis, mas sou o vosso futuro cunhado. — a voz de soou da porta do quarto do príncipe, que estava entreaberta — Vossa alteza precisa de ajuda com a gravata?!
riu baixo e logo sentiu um frio na barriga pela palavra cunhado. Ainda não acreditava em si mesmo por tamanha ousadia em pedir uma dama a céu aberto e sem um planejamento. Mas assim como a noiva, sentia-se inquieto por dentro, não pelas curiosidades da primeira noite do casal, mas se realmente ao longo do casamento ele se mostraria um homem honrado e digno de desposar alguém como .
— Agradeço, nunca tive sorte com isso. — ele apontou para a gravata — Mas jurei a mim mesmo que me aprontaria sozinho, pelo menos neste dia de hoje.
— Tirando a primeira noite, que de fato é um dever vosso, as outras coisas não precisa fazer sozinho. — se aproximou dele e erguendo as mãos o ajudou — Este deveria ser o momento em que eu o enforcaria de leve e lhe ameaçaria, caso pense em fazer minha irmã sofrer após este dia.
— E não me fará juras de morte? — brincou , mantendo o ar sério.
— Não. — respondeu o conde com serenidade — Se minha irmã com todos os vossos princípios de nunca se inclinar a casamentos reais lhe disse sim, é porque ela acredita em vossa honestidade, então lhe darei o benefício da dúvida.
— Agradeço vossa sinceridade, lord Bridgerton. — assim que terminou de falar, sentiu uma fincada no pescoço, causada pelo alfinete da gravata.
— Desculpe-me por minha falta de jeito. — retrucou , com o olhar de quem fez de propósito — Mas é claro vossa majestade que sempre estarei de olho, minha irmã é preciosa para mim, e desejo o melhor casamento e a melhor vida para ela.
— Tens a minha palavra de um integrante da família real que darei a minha vida e gastarei todas as minhas energias se for necessário, para fazer vossa irmã feliz todos os dias de nossas vidas. — assegurou ele, com o olhar confiante.
— Eu também agradeço a vossa sinceridade. — sorriu de canto e afastou-se, observando-o olhar novamente para o reflexo no espelho.
esforçava-se o bastante para manter a calma, e estava se saindo aparentemente bem, contudo, nem tudo é o que parece ser.
— Estou curioso. — comentou , ao encostar na parede e colocar as mãos nos bolsos da calça.
— Sobre?! — o olhou, confuso.
— O duque de Whosis — revelou ele — Vossa graça está desaparecido de Londres há vários dias, e nem mesmo aparece no casamento mais aguardado do ano. Não achas estranho?
— De fato seria, se eu não soubesse onde meu amigo está. — riu de leve — Saiba que para ele, o meu casamento jamais seria o mais aguardado do ano.
— O que quer dizer? Vossa graça conseguiu uma noiva nesta temporada? — reforçou a surpresa no olhar.
— E como não conseguiria? Esta é a nossa temporada meu caro, cada um de nós tens os motivos certos para desposar uma bela dama. — explicou ele, de forma enigmática — Ou estou errado?
— Bem, para que eu possa opinar, revele-me qual seria estes motivos? A pressão da aristocracia? — supôs o Bridgerton.
— Não, está bem longe disso. — voltou o olhar para o espelho — O motivo é o mais oculto que poderia ser… O desejo de ter em seus braços alguém que teoricamente não poderia ter, mas que morreria para ter ao menos um segundo de prazer ao tocá-la.
não sabia ao certo que estava referindo-se a ele mesmo, ou ao duque e sabe Deus quem seria a tal donzela que o despertara. Contudo, aquelas palavras o representava muito bem, principalmente no início da temporada quando se aproximar de parecia algo impossível e inalcançável.
De fato, é certo afirmar que cada um dos três cavalheiros enfrentou a si mesmos e ao destino para que pudessem ter a chance de tocar a pedra preciosa que lhes despertaram os mais profundos sentimentos. Seja o diamante, o rubi ou a pérola, uma coisa é certa: o amor chegou para ambos os cavalheiros, conde, duque e príncipe.
As horas se passaram e pontualmente, como pedido pela noite com a aceitação de vossa majestade, ao pôr-do-sol e bem ao centro do jardim de Buckingham, o casamento real deu início com a marcha nupcial sendo tocada ao som de violinos para a entrada da noiva. , como o irmão atencioso, recebera a honra de levar a irmã até o altar, com o olhar orgulhoso de tia Violet e a presença dos oito primos com suas respectivas famílias. Aquele era o dia em que a família Bridgerton definitivamente entraria para a coroa através de .
— Sinto que está nervosa. — sussurrou o irmão, para a noiva, enquanto caminhavam a passos lentos ao altar.
— Este é um dia muito importante para mim, como não estaria nervosa. — retrucou ela, em confissão — Minhas mãos ficaram geladas após o brunch e tenho me forçado a respirar cuidadosamente.
— Se continuar assim irmã, deixará o vosso marido viúvo antes da hora. — brincou , fazendo ficar mais nervosa ainda.
— Não diga isso. — ela parou de andar e o bateu de leve, esquecendo-se dos convidados atentos a ela e até mesmo do olhar real para sua direção — És meu irmão ou meu inimigo?
— Claro que sou vosso irmão. — ele segurou o riso — E estás a me bater diante de todos?
— Hoje é o meu casamento, a noiva é quem mada. — sussurrou ela.
— Daqui a pouco dirá que até vossa majestade deves lhe esperar. — ele acabou rindo.
— E como não deveria? Serei a melhor nora que ela terá. — sorriu para o irmão e voltou o olhar para frente, fixando-o em seu noivo — Esta é a primeira vez que o vejo após o pedido no parque.
— Está arrependida? Ainda dá tempo de fugir. — perguntou ele, dando as ideias erradas — Basta apenas fingir um desmaio.
— Não foi isso que aconteceu com a pequena Sharma, anos atrás? — perguntou ela, tendo uma resposta positiva dele — Não posso repetir tal estratégia.
Brincou ela.
— Corremos o risco de vossa majestade nos expulsar de Londres agora. — ela riu — Afinal é o filho dela.
— Não seria má ideia. — ele riu baixo.
— Pare de tais ideias, irmão. — ela respirou fundo e continuou seus poucos passos até que parou em frente ao príncipe.
— Lhe entrego a joia rara de minha família. — disse , segurando as emoções.
— Tens a minha promessa que a protegerei e a amarei com todo o meu ser. — garantiu , com a sinceridade que possuía no olhar.
Um arrepio passou por seu corpo, com o olhar do noivo para ela. Era o início de uma nova realidade em sua vida. Novos desafios e definitivamente muitas descobertas que a Bridgerton estava em total entusiasmo para viver.
Como era de se esperar, foi a mais delicada e emocionante cerimônia, nos proporcionando até mesmo algumas lágrimas orgulhosas de vossa majestade, diante da união matrimonial de seu mais problemático filho. Após o tão ansiado sim do altar, os noivos receberam os cumprimentos dos convidados. alegrou-se ainda mais com os abraços e felicitações de suas primas, principalmente Eloise, com quem mais trocava cartas ao longo dos anos.
Vossa alteza, mesmo rodeado de súditos que lhe parabenizavam pela bela noiva ao lado, seu olhar e atenção mantinha fixos em . Contando os minutos para estar a sós com a amada e colocar em prática a noite romântica que planejara em sua mente. A começar pelo deslocamento de carruagem até o Castelo de Windsor na região de Berkshire, alguns quilômetros da capital. Ao chegarem, fez questão de conduzir sua agora esposa até a entrada do castelo segurando em sua mão, então em um movimento rápido e inesperado, a pegou no colo enfrentando toda a dificuldade que o vestido lhe causava.
— O que estás a fazer vossa alteza? — perguntou ela, sentindo o coração acelerar pelo susto que sentira com a ação do marido.
— Soube que os noivos fazem isso em Paris, para celebrar a primeira noite do casal. — explicou ele, segurando o riso e levando-a para dentro em seu colo, ignorou os olhares surpresos dos criados que os recepcionava.
— Não achas que meu vestido lhe impõem dificuldades? Tenho medo que me deixe cair, deixei-me andar. — pediu ela, um pouco aflita pelas loucuras iniciais dele.
— Não, acaso não confia em vosso marido? — ele parou e a olhou com seriedade.
— Ainda tenho minhas incertezas, contudo, deverias me transmitir mais segurança. — respondeu ela — Pois neste momento, não estou inclinada a empolgação com esta situação.
— Dei-me o benefício da dúvida então, prometo que nossa noite será a melhor e muitas. — ele piscou de leve e manteve-a em seu colo, dirigindo para o quarto real.
Ela segurou o riso, com as pernas trêmulas pela teimosia dele. Algo que ambos tinham em comum.
— Enfim, sós. — sussurrou ele, assim que adentraram o quarto e ele finalmente a colocou no chão novamente.
— Agradeço por manter-me inteira e sem ferimentos. — disse ela, se afastando um pouco e observando os detalhes arquitetônicos do quarto.
Um ambiente monumental e totalmente clássico, transbordando o luxo e o requinte que os aposentos de qualquer realeza demandava. Uma nova realidade para a Pérola Real da Inglaterra.
— Estas são vossas palavras? — retrucou ele, bufando discretamente — Realmente não acreditas no potencial de vosso marido?
— Ainda não tenho minhas conclusões formadas vossa alteza, então pergunte-me novamente amanhã pela manhã. — ela voltou a olhá-lo com firmeza.
— Tomarei isso como um desafio, minha esposa. — ele fixou o olhar sugestivo nela, em passos lentos para se aproximar.
— Sabes que terá um grande desafio pela frente. — disse ela, segurando suas inquietações internas.
Aos poucos percebia uma certa intensidade emanando do príncipe, algo que não sabia distinguir o que era, mas que a deixava em alerta.
— Eu adoro desafios… — admitiu ele, ao tocá-la pela primeira vez, da forma que realmente desejava.
Sem regras de etiqueta, sem as formalidades da sociedade, sem seu lado cavalheiro o lembrando a todo momento que era seu desejo mais inalcançável de todos. A pérola intocável agora estava diante dele, e a partir daquele dia nada poderia lhe impedir de viver todos os mais provocativos momentos que se imaginou viver com ela.
— Ainda vai me desejar amanhã pela manhã? — perguntou ela, ao senti-lo deslizar a mão por sua cintura e começar a desabotoar o vestido em suas costas.
— A desejarei todos os dias da minha vida. — sussurrou ele em seu ouvido, fazendo arrepiar.
lembrava-se muito bem de uma frase que o pai sempre lhe dira quando mais novo:
Um verdadeiro cavalheiro não é aquele que conquista várias mulheres, mas sim aquele que conquista várias vezes uma única mulher.
Ele nunca havia acreditado em tal afirmativa ao longo dos anos e após conhecer muitas damas que se jogavam em seus encantos. Entretanto, bastou um único olhar de nossa delicada Bridgerton para que a frase do rei lhe fizesse algum sentido. E sim, vossa alteza agora estava decidido e inclinado a conquistar vossa esposa todos os dias de uma forma diferente e divertida. No fundo, já se preparava para viver aquela aventura diária.
Assim que o vestido dela caiu ao chão. Ele afastou um pouco seguindo até a mesa de apoio. o acompanhou com o olhar, atenta aos seus movimentos e curiosa pelo que viria a seguir.
— O que vai fazer? — perguntou ela.
— Lhe entregarei isso. — respondeu ele, ao se virar para ela, com uma rosa na mão.
— Uma rosa? — perguntou ela, confusa.
— Não… — ele retornou para ela, com um sorriso escondido em seus lábios, continuando conforme o planejado em sua mente libertina — Meu coração.
Frente a ela, mostrou mais abertamente seu sorriso, vendo a curiosidade no olhar da esposa, então erguendo com suavidade a rosa, tocou-a com leveza no pescoço dela e em seguida deu um pequeno beijo no mesmo. Fora nítido o arrepiar no corpo de , que o fez perceber.
— Vossa alteza… — perguntou ela, tentando entender o que estava sentindo internamente.
— Me chame de , pelos menos quando estivermos sozinhos. — pediu ele, em sussurro.
Ela assentiu com o olhar, o percebendo tocar a rosa em seu ombro, para beijá-lo em seguida também.
— O que pretender com essa rosa? — sussurrou ela, sentindo o coração acelerado.
— Conhecer cada parte de vosso corpo. — respondeu ele.
Um frio passou pelo corpo de , seguido de um arrepio. Finalmente ela teria respostas para suas inquietações internas, senão todas pelo menos uma parte. Com suavidade e criatividade de vossa alteza, o conhecimento não seria apenas por parte dele e a pérola real nem sequer imaginou viver momentos como os que se permitia viver. E cada toque da rosa uma nova descoberta que a deixava em êxtase e alguns momentos desnorteada.
Contudo, o que mais importava para vossa alteza era mostrar da forma mais sutil com seu natural toque de malícia, todos os sentimentos que reprimia a semanas. Seus desejos mais ocultos relacionados a sua agora esposa. Para um cavalheiro da realeza que nunca se imaginou desposando uma donzela, havia entregado seu coração a mais obstinada de todas que já conhecera.
Algo que a cada instante lhe deixava mais rendido a ela.
— Hum… — sussurrou de leve, ao se remexer na cama e olhar para a rosa ao seu lado.
— O que foi? — perguntou , erguendo de leve o corpo para olhá-la com mais precisão.
— Nada… — ela tentou disfarçar, mas parecia um tanto reflexiva.
— Diga, minha esposa. — insistiu ele.
— Estou desapontada. — disse ela.
— O que? — ele pegou-se confuso e estático.
— Sim. — confirmou ela, ao pegar a rosa — Você disse que conheceria cada parte do meu corpo, mas esta rosa não chegou nem a metade.
Ele ficou surpreso de imediato, porém depois começou a rir. Não imaginou que a mesma reagiria assim.
— Do que está rindo? — perguntou ela.
— Quem disse que terminei minha busca? — ele pegou a rosa da mão dela — Estamos apenas no início…
— Hum… — ela tentou disfarçar, mas era visível o sorriso escondido nos seus lábios — Então…
— Então… — ele tocou a rosa na barriga dela e a olhou de forma sugestiva — Temos toda uma vida pela frente.
não se conteve em abrir um largo sorriso, assim que sentiu o beijo dele no mesmo local que a rosa tocou.
Se estar casada era viver aquele momento todas as noites, com entusiasmo ela estava feliz por ter escolhido amar alguém como . E agora estava mais do que curiosa para saber como o vosso marido faria para completar os desafios de lhe conquistar diariamente. Viver aquele casamento seria realmente a melhor de todas as aventuras que sempre imaginou-se viver amorosamente.
E como esta autora está?
Não há palavras para definir e descrever o restante da eterna noite de núpcias do casal mais intenso e malicioso desta história. E que a vossa mente seja tão criativa ao ponto de imaginar tudo o que o nosso ex-libertino proporcionou à vossa esposa. Pois quanto a esta autora, só me vem curiosidades de como será o próximo casamento da temporada.
Lady Lewis
Eu perdi minha cabeça,
Desde o momento em que te vi.
Só de estar ao seu lado, meu mundo fica em câmera lenta,
Por favor, diga se isso é amor?
- What Is Love / EXO
XXI. Intenso Verão
A todos os apaixonados da temporada…
Quem nunca se imaginou viver os maliciosos sonhos de uma noite de verão?
Finalmente a estação mais calorosa do ano adentrava em nossa sutil Londres. Como de costume, a perfumada primavera havia deixado muitos assuntos inacabados e promessas de casamentos que futuramente descobriremos o desfecho. Pois esta autora está ávida por novidades de nosso terceiro casal. E para os desposados, nada melhor do que ser acordado pelos raios do sol abraçado à mulher da sua vida, sentindo o calor de sua pele.
— … — sussurrou , ao se remexer de leve ao senti-lo lhe aninhar com os braços — Está acordado?
— Agora estou. — sussurrou ele, de volta — Dormiu bem?
— Depois que finalmente deu-me a liberdade para dormir. — ela riu baixo, ao abrir os olhos e se virar para ele.
Não se conteve em lembrar de como haviam sido intensas suas primeiras setenta e duas horas de casados. Menos ainda imaginava que seu marido tinha um lado oculto um tanto quanto insaciável e incansável. Mas estava feliz pela quarta manhã consecutiva acordar aninhada aos seus braços, ansiosa por mais descobertas que vossa alteza lhe prometera na noite anterior.
— Depois que você me obrigou a dormir. — resmungou ele, demonstrando a leve frustração incubada.
— Não somos máquinas, vossa alteza. — seu olhar mantinha a leveza no rosto, que o deixava fascinado, ainda que houvesse a ausência da singela maquiagem que utilizava.
— Isto é algo de extrema lástima para mim… — ele suspirou fraco e se virou ficando de frente para o teto — Estava a planejar um nascer do sol formidável naquele orquidário.
— Senhor meu marido… — ela ergueu seu corpo e manteve-se voltada para ele, olhando-o com seriedade, porém mantendo sua face suave — Não que eu não esteja inclinada às vossas propostas, entretanto, algumas delas me assustam e outras fazem-me sentir constrangida.
— Minha devoção a vossa senhoria lhe transmite tais impressões de um libertino pervertido? — ele ergueu seu corpo também, permanecendo sentado e olhando-a com atenção.
Sério e inicialmente inexpressivo, controlando a ardência em sua garganta, no qual o recordava de seu passado de luxúrias e travessuras inimagináveis para a nova princesa.
— Um libertino não mais, e pervertido… Devo afirmar que está no vosso olhar para mim… — brincou ela, arrancando outro olhar chateado dele.
— Te assustas o fato de vosso marido lhe desejar ao extremo? — indagou ele, atenta a forma em que ela reagia a seu olhar intenso — Tanto quanto o ar que respira?
— Não. — respondeu ela, de forma segura e sincera, o causando arrepio por tamanha ousadia nas palavras — Sinto-me afortunada por cada olhar, todos os desejo que tens por mim e por tudo que nos aconteceu desde o vosso pedido no Hyde Park.
— Então, qual o problema? — o pouco que a conhecia, conseguia notar que havia algo acontecendo — A senti na defensiva noite passada, ao pôr-do-sol.
— Eu não estava na defensiva. — vasculhou em sua mente, tentando entender em qual momento poderia ter tido alguma ação que lhe provocasse tal entendimento.
— Se não achas... — ele deu impulso no corpo para se levantar — Talvez seja melhor voltarmos às tradições da aristocracia e minha esposa ter o vosso próprio quarto.
— Não interpretes assim… — ela respirou fundo para tentar manter-se serena, então segurou em sua mão para impedi-lo de levantar-se — .
De imediato ele paralisou, sentindo o coração acelerado pela voz dela. Como da primeira vez, o príncipe sempre se via rendição total e ainda mais atraído por sua esposa a cada vez que a escutava chamando-o pelo nome.
— Sim. — ele conteve sua frustração, deixando seu olhar afastado dela.
Por mais que não conseguisse entender as ações do marido, vossa alteza sim percebeu o sutil afastamento de sua esposa, principalmente nos longos momentos de carícias dos quais lhe propôs na biblioteca no findar da última tarde. Deixando-o confuso e pensativo, talvez não devesse ser tão intenso ou tão aberto quanto aos anseios que possuía com a mesma.
— Não me olhes assim, não após todas as declarações que já me fizeste. — pediu ela, respirando fundo, tentando encontrar as melhores palavras para lhe dizer — Não quero que sintas afastamento algum de minha parte, só preciso que tenhas paciência com vossa desejada esposa...
— ... — ele se impulsionou para pronunciar, porém ela erguendo mais o corpo tocou seus lábios com o dedo indicador, o silenciando.
— Acredite, eu o quero na mesma proporção e minha entrega será de igual modo, apenas preciso de tempo para me acostumar com as mudanças e... — ela mordiscou os lábios inferiores com o olhar bobo e apaixonado — Com o profundo amor que me proporciona a todo momento.
— Prometo conter-me para não assustá-la mais, alteza. — disse ele, mantendo seu tom firme, porém mais baixo ao tocá-la com sutileza em sua cintura, o calor de suas mãos fez o corpo de sua esposa arrepiar.
— Não se contenha. — pediu ela em sussurro, ao envolver seus braços no pescoço dele.
O pedido de foi atendido no mesmo instante.
E por mais que tentasse se segurar, após iniciar, de forma espontânea seguia intensificando seus beijos e carícias em sua esposa, pedindo permissão para amá-la ainda mais. A pérola por sua vez, ainda que com alguns receios, sentia seu corpo em arrepios estremecer e render-se com total facilidade aos anseios de vossa alteza. Claro que só estava iniciando seu quarto dia de casados, com o coração acelerado em meio aos lençóis de seda da cama real intensificando ainda mais o calor que a atual estação lhe proporciona.
E quem liga para o desjejum quando se tem a mulher de sua vida em seus braços? Estas foram as únicas palavras que lhe passaram pela mente no nosso ex libertino, durante longas horas em que estiveram contemplados pelos raios de sol que adentravam a janela. Próximo ao final da tarde, o mordomo real pediu permissão para se aproximar da princesa, se encontrava no jardim de inverno privado no lado sudoeste do castelo. Aproveitando o momento de profundo sono de seu marido para contemplar o secreto jardim real, do qual tanto lhe prometeu apresentar.
— Vossa alteza?! — disse o homem, com uma bandeja nas mãos contendo uma carta.
— Sim?! — ela se virou para ele, surpresa pela aproximação.
— Chegou uma carta para vossa alteza, esta manhã. — ele esticou levemente a bandeja.
— Agradeço. — disse, mantendo a suavidade na voz, pegando a carta e a abrindo com o auxílio de uma pequena faca que tinha na bandeja.
Assim que o mordomo real afastou-se, voltou seu olhar para o envelope em sua mão e logo ao abrir, sentiu um suave aroma de lavanda. Reconhecendo o selo da família Bourbon nas costas do envelope, um sorriso surgiu no canto de seu rosto e a ansiedade em saber sobre os dias de sua amiga Amélia em meio ao perfume das flores do campo.
Retirando a carta, abriu-a para iniciar a leitura.
— Que novidades me escreveste? — sussurrou ela, desdobrando o papel para lê-lo.
A letra de parecia trêmula, certamente por estar confusa e insegura com o futuro que seu destino lhe traçava. Vossa ida ao campo destinada apenas a abafar os rumores de um noivado falido, não obteve tanto sucesso em aplacar as preocupações do pai. Apenas conseguiu aumentar a curiosidade das amigas e de toda Londres. Será que há algum envolvimento com uma certa ausência de vossa graça de nossa sublime sociedade?
Voltemos à carta.
“Querida , ou melhor, estimada vossa alteza.
Certamente será demorado me acostumar com os tratamentos reais a vós, mas estou em extrema felicidade por finalmente ter encontrado vosso destino. É um sonho amar e ser amada, um privilégio que poucas de nós que anseia pelo amor tem o prazer de vivê-lo. E tenho as minhas melhores amigas, as quais julgo serem as irmãs que nunca pude ter, desfrutando de tal momento, se há algum motivo para alegrar-me nestes últimos dias, é somente pela felicidade que ambas desfrutam ao serem desposadas.
Queria ter tido a honra de ver o tão noticiado casamento real. Devo reportar-lhe que fizeste mais fama nos comentários aqui no campo que a própria majestade. Espero pelo dia em que poderei retornar a Londres e abraçá-las, contando as boas novidades, entretanto, meus dias no campo seguem incertos e cinzas, como o nublado do céu em dias chuvosos, além de gélidos como o chão coberto de neve no inverno. Não saberia lhe dizer se o pouco sorriso que me resta chegará espontâneo até o outono, mas seguirei acreditando que o destino certamente poderá me reservar surpresas das quais não me atrevo a imaginar.
Mas não falaremos de mim e sim de vós, a nova princesa da Inglaterra. Enviei uma carta a pedindo por mais detalhes de vossa lua de mel, porém como resposta descobri que não houve nenhuma até o momento. Ela não revelou os detalhes e não me conformo de Paris não tê-la conhecido até o momento, contudo, desejo a ela tanta felicidade quanto desejo a vós. E não se esqueça de escrever-me sobre vossa lua de mel no oriente, espero por presentes direto do Japão!
Tenho saudades, minha amiga e novamente lhe desejo longos e extensos dias de alegrias e realizações.
De vossa amiga, e creio que posso estender-me a irmã,
Bourbon.”
sentiu-se tão emocionada pelas palavras de vossa amiga, que seus olhos logo marejaram. Um sorriso bobo surgiu em sua face ao lembrar-se do dia em que conheceu a silenciosa e tímida Bourbon, com seus cabelos ruivos parcialmente soltos tendo um dos olhos amêndoa escondidos por uma mecha solta. Seu coração vibrou a alegria de vossa amiga por sua felicidade, entretanto, tal sentimento deu espaço a preocupação por não entender o que se passava com a mesma.
— Minha pérola?! — a voz de soou atrás dela.
— Alteza. — ela dobrou a carta, ao se voltar para ele, disfarçando suas emoções afloradas.
— Por que está assim? — ele ergueu suavemente sua mão, então acariciou a face dela com carinho — Aconteceu algo que a deixou sensibilizada?
— Recebi uma carta de . — respondeu ela, respirando fundo, voltando ao eixo sentimental — Deixou-me emocionada.
— A senhorita Bourbon? — indagou, puxando em sua mente para associar o nome com o sobrenome.
— A própria, fiquei chateada quando vosso pai a mandou para o campo, e agora preocupo-me por não ter notícias mais sólidas a vosso respeito. — explicou a princesa, retornando com o papel dobrado ao envelope.
— E qual notícia desejaria ter? — insistiu ele, se esforçando para entendê-la.
— Que está casada e feliz, não há notícia melhor para se compartilhar com as amigas, levando em consideração o fato dos rumores de seu noivado ser falso e não existir de fato um noivo. — tentou manter-se tranquila, contudo sentia o coração apertado pelas especulações.
— Olhe para mim. — pediu ele, ao segurar sua mão direita.
O olhar abaixado de se elevou encontrando os dele, que permanecia sereno e compreensível as inquietações dela. sorriu de canto e puxando-a para si, deu-lhe um abraço apertado e reconfortante.
— Não se sinta aflita por vossa amiga, todos temos nosso destino que de alguma forma se concretiza em nossas vidas. — sua voz mantinha a entonação de certeza — Tenho por mim que vossa amiga em breve será desposada e desfrutará da felicidade que possuímos neste momento.
— Acaso sabes de algo que não sei?! — ela se afastou um pouco, com olhar curioso.
Ele sorriu de canto.
Não que soubesse realmente o que se acontecia no campo, entretanto, possuía um vislumbre em vossos pensamentos que se relacionavam à partida do amigo de Londres. E torcia para que vossa graça fosse forte o bastante para deixar os fantasmas do passado e abrir-se verdadeiramente para um novo amor.
— Não meu amor, mas torço para que tudo ocorra bem para vossa amiga. — continuou ele — Há um ditado que diz que as felicidades que desejamos para os outros, volta em dobro para nós.
— Não conheço tal ditado. — comentou ela, com o olhar desconfiado.
— Bem, agora conheces. — ele riu baixo, acariciando os cabelos castanhos claro de sua esposa — Vamos nos atentar a outra coisa, que tal um passeio à cavalo?
— Hum… Devo esperar alguma surpresa escondida em tal convite? — indagou ela, surpreendendo-se.
— Sempre deves esperar alguma surpresa de minha parte, minha bela pérola. — o sorriso de canto malicioso estava ali, estremecendo o corpo da princesa.
Devo confessar-lhes que não somente nossa doce , segue rendida e entregue a tal cavalheiro, como também essa autora que vos escreve. De fato, nunca imaginei que vossa alteza teria tanto charme a ponto de balançar este gélido coração, petrificado pelo último inverno.
— Não deves criar expectativa no coração de vossa esposa, pois terá o dobro do trabalho para alcançá-las. — argumentou ela, com o olhar provocativo.
— Acredite, não está em mim, deixar de lhe atender qualquer expectativa. — ele deu um passo para mais perto, pousando suas mãos na cintura dela, puxando-a para mais perto.
— Alteza. — sentiu-se constrangida a primeiro momento, com o coração acelerando gradativamente — Os criados…
— Não me importo com eles. — o tom seguro de , demonstrou a ela mais uma vez seu lado desprendido e indiferente às regras da sociedade, que o tornava ocultamente ainda interessante para ela — Que fechem os olhos, tenho por mim que jamais conseguirei conter-me ao vosso lado.
— Acho que devemos logo desfrutar deste passeio, pois quem não se conterá daqui alguns instantes será eu. — brincou ela, suavizando mais o momento e afastando-se dele.
— Alteza… — reclamou ele, vendo-a seguir na frente rindo.
Mesmo o verão sendo a estação mais calorosa que temos, uma brisa refrescante se estabeleceu durante o curto passeio do casal. , pegando as rédeas do cavalo de sua esposa, os guiou até o jardim leste da propriedade, que continha um lago artificial projetado a pedido do falecido rei, em seu primeiro ano de reinado. De imediato a pérola real encantou-se com o espaço preparado por vosso marido, principalmente a considerar os detalhes das almofadas sobre deslumbrante tapete felpudo branco em frente ao lago, sendo contemplados pela beleza do jardim secreto do rei George.
— Aqui é lindo, é como se a natureza jamais houvesse recebido o toque do ser humano. — descreveu ela, em seu encanto.
— Ainda assim não estou certo de que conseguirei contemplá-lo por motivos óbvios. — comentou ele, mantendo de pé, apenas observando-a.
— O que reservaste para mim? — ela voltou o olhar para ele, curiosa.
— Vossa alteza, vejo que tens se tornado ainda mais insaciável que vosso marido. — brincou ele, rindo baixo — Permita-me admirar o pôr-do-sol em vossa companhia, e deixe que o restante do dia siga seu curso de descobertas.
Propôs ele, esticando a mão para que ela. Num suspiro profundo, assentiu ao segurar-lhe a mão, com um sorriso disfarçado no rosto e o coração em ansiedades. Assim que sentaram sobre o tapete, a princesa Bridgerton apenas seguiu com o proposto, aninhada aos braços dele mantendo a cabeça apoiada em seu ombro. Aos poucos, o som dos pássaros tornou-se a trilha sonora do momento, mais harmônica que Mozart e mais romântica que os apaixonados poemas de Shakespeare. Ela apenas fechou os olhos em um dado instante e permitiu-se eternizar o momento em sua lista de memórias inesquecíveis, agradecida a Deus por vivê-las.
— Não acredito que vais dormir. — reclamou ele, num tom baixo.
— Não estou dormindo, apenas gravando este dia em minha memória. — explicou ela.
— Abra os olhos. — pediu ele.
Assim que o fez conforme pedido, ela acompanhou o sol de pondo ao mesmo tempo em que pequenas luzes em luminárias de garrafas foram sendo acesas. O que ocasionou o perceptível brilho nos seus olhos, deixando o cavalheiro ao seu lado com o coração aquecido por lhe proporcionar mais uma de suas ideias.
— Como consegues pensar em tantas surpresas por dia? — ela voltou-se para ele curiosa — , estamos no quarto dia e ainda há uma vida para vivermos.
— Sabes que gosto de desafios e não desistirei, a conquistarei todos os dias de nossas vidas. — assegurou ele, reafirmando suas palavras.
— Mereço mesmo tal esforço? — ela se constrangeu pela profundidade do seu olhar.
— Certamente merece bem mais do que eu poderei lhe proporcionar, mas seguirei arduamente amando com todo o meu ser, demonstrando de todas as formas que estiver ao meu alcance. — respondeu prontamente.
— Desde que vossos lábios estejam ao alcance dos meus… Acordarei todos os dias ansiando por vossas demonstrações de amor. — ela sorriu, deixando transparecer uma pitada de malícia que o deixou impressionado.
Se aquilo havia sido um sinal para que vosso momento de desejo iniciasse com intensidade e ousado, por certo que não sabia, contudo, não conteve-se em impulsionar seu corpo para ela, para o primeiro beijo de muitos outros dos quais lhes arrepiariam o corpo.
- Lady Lewis
Você é tão perfeita,
E eu busco um futuro ao seu lado.
Não esconda o amor, agarre a felicidade,
E seja honesta consigo mesma.
- What Is Love / EXO
XXII. Almoço em Família
Para todos os que pensam que casamentos arranjados estão fadados à falência já no primeiro ano, por não iniciar com amor, há exceções a regras que motivam essa autora a continuar apostando suas fichas em breves anúncios de herdeiros à caminho. E sim, estou a falar do nosso casal Bridgerton, que finalmente entenderam os sentimentos de um pelo outro. E analisando com profundidade como tudo começou, pode-se sim presumir que havia um amor escondido neste caso.
Bridgerton House agora se encontrava mais vazia que o normal, pelo menos era o que a matriarca Violet sentia. Com o casamento da irmã, não via mais nenhum motivo para permanecer na capital londrina, pois também já havia desposado uma donzela. Então, o que seria mais óbvio a se fazer em meio a nova estação? Sim, meus caros leitores, voltar a sua casa em Derbyshire e comandar as propriedades da família como o conde de Whatnot.
O anúncio aos familiares já havia sido feito, por meio de cartas, em contrapartida um convite para o almoço em família no domingo na residência Sollary, foi encaminhado sem direito a recusas. Como todos sabem, família reunida é sinônimo de fofocas e alguns desentendimentos à parte, o que é muito apreciado por esta autora em questão. E que família não tem segredos escondidos debaixo do tapete? Eles soam pelas paredes em momentos como esses. Um dos muitos mistérios que os ronda é sobre a inesperada entrada do senhor Frederick na elite londrina, de como havia conquistado tal fortuna em uma época tão dominada pela nobreza. Há quem diga que foram seus anos como marinheiro mercante, outros que ele herdara de um parente distante terras improdutivas que hoje pertencem às estradas ferroviárias, porém eu lhes digo, um dia descobrirei.
Voltado ao nosso domingo, logo no meio da madrugada nossa afortunada diamante Bridgerton despertou de seu sono, um longo espreguiço de imediato notou a outra parte de vossa cama vazia. Nesta altura do momento de reconciliação, nosso conde havia aderido às tradições dos burgueses de dormirem no mesmo quarto, algo que assustou até sua experiente tia. Não que tal decisão causasse estranheza em , pelo contrário, ela muito se agradou do fato de dividir a cama todas as noites com o marido. Ainda mais diante dos muitos conselhos de vossa mãe, que sempre lhe afirmava: Um casamento já está fadado ao fracasso assim que o casal inicia dormindo em camas separadas.
— Hum… — se remexeu novamente e abriu os olhos lentamente, o quarto estava parcialmente escuro e um pouco frio.
Ela ergueu seu corpo ainda sonolenta, tentando entender porque acordara antes do amanhecer. Ao se levantar da cama, aproximou-se da poltrona e pegou um xale de tecido de algodão para se cobrir um pouco melhor, saindo do quarto caminhou silenciosamente pelo corredor até chegar às escadas. Seus olhos voltaram-se por um momento para o quadro na parede, fixando-os os rostos da grande família da viscondessa em seus muitos filhos e no quão era visível a felicidade estampada no olhar do marido. O que a fez lembrar-se dos muitos quadros de autorretratos que continham na casa do pai. Será que um dia terei uma família tão bonita, grande e feliz assim? Pensou ela, consigo. Por certo, uma família bonita eu vos asseguro que terá e no que depender do lord Bridgerton, grande também, porém o feliz dependerá apenas de vós, minha cara diamante.
Ela soltou um suspiro fraco e voltou a descer os degraus. Ao chegar finalmente à cozinha, pegou um pouco de água para beber, notando assim a vista que as janelas próximas às escadas do porão proporcionavam ao jardim lateral. Em seu retorno ao quarto, notou algumas luzes acesas adiante vindas do escritório da casa, certamente a parte faltante de sua cama encontrava-se ali.
— Milorde. — disse ela, mantendo o tom baixo ao abrir com suavidade a porta e vê-lo sentado em frente à mesa.
A atenção dele logo fora despertada, voltando seu olhar para ela, curioso por estar ali.
— Condessa. — olhando-a fixamente — O que fazes acordada?
— Estava a lhe perguntar o mesmo, senhor meu marido. — ela deu um passo adentro, então fechou a porta, permanecendo encostada nela — Algo lhe perturbou o sono?
— Não exatamente. — ele fechou o caderno de anotações que estava em suas mãos e colocou na mesa em sua frente — E vós?
— Bem… Eu senti frio e percebi que estava sozinha em nosso quarto. — explicou ela, o observando se levantar da cadeira.
— Frio? Em pleno verão? — ele segurou o riso, estranhando aquilo seguindo até ela.
— Estou vendo esta expressão aí, não ria de mim, eu realmente senti frio. — disse ela, num tom sério e firme.
— Não fiques brava com vosso marido. — ele sorriu de canto, parando em sua frente, pousando as mãos em sua cintura, sendo-a arrepiar o corpo — Deixe-me aquecê-la.
— Milorde… — sussurrou ela, sentindo-o se aproximar ainda mais, beijando-lhe o pescoço.
— … Diga meu nome. — sussurrou ele, de volta.
— . — ela pousou sua mão no tórax dele, deixando seus corpos pouco afastados — O que fazias aqui?
— Nada demais. — ele pegou em sua mão direita entrelaçando os dedos.
— Nunca é nada demais. — insistiu ela, em sua curiosidade — Acaso não confia em vossa esposa para compartilhar vossas preocupações?
sempre mantinha em si seu jeito obstinado, que a fazia confrontar o marido a todo custo. Em qualquer que fosse as conversas e discussões do casal, ela sempre tentava a todo custo ter a razão no final das contas.
— Claro que confio em vós, confiaria a minha vida. — assegurou ele, beijando com suavidade as costas da mão dela.
— Então?! — insistiu ela, mantendo o olhar sério.
— Sorria para mim. — pediu ele, com serenidade na face.
— William Bridgerton. — seu tom ficou mais sério.
— Milady… — sussurrou ele, com um olhar abandonado — Apenas um sorriso.
— Vejo que não… — ela foi interrompida por um beijo doce e intenso do cavalheiro em sua frente.
Em um curto espaço de tempo em que se impulsionou para recusar, deu-se por vencida ao sentir o deslizar das mãos do esposo em seu ombro, retirando-lhe o xale. Ela que estava mesmo sentindo frio, aninhada em seus braços aos poucos após beijos e carícias, foi sentindo o calor de seu marido lhe aquecer interna e externamente.
Não fora surpresa para ela, passar o restante da madrugada no escritório com ele, já conhecia muito bem a textura do estofado da chaise, assim como conhecia o significado dos sussurros maliciosos do marido. Mas claro que nossa condessa não seria dobrada tão facilmente, seu desejo em descobrir todos os segredos do Bridgerton sempre eram saciados pelo mesmo que lhe revelava abertamente, sem reservas.
— Porque fazes isso a vossa esposa?! — reclamou ela, aninhando-se um pouco mais em seus braços.
Ambos finalmente haviam encontrado uma forma confortável de aconchegarem-se à chaise de tecido camurça azul marinho. Como dois corpos ocupariam o mesmo espaço? Se o senhor Newton não descobriu, não serei eu a lhes revelar tal possibilidade.
— Fazer o que? — ele remexeu-se um pouco para olhá-la.
— Se mostra misterioso, cheio de segredos extraindo curiosidades de mim, para no final deixar-me rendida em vossos braços. — reclamou ela — Não entendo porque ainda dou liberdade para vossos encantos.
— Porque me amas. — disse ele, com um sorriso de canto malicioso — Sabes que tudo o que há em meus pensamentos se direcionam a vós, nem precisas perguntar.
— Sim… Mas vossa esposa sente a necessidade de ouvir vossas palavras. — retrucou ela, voltando o olhar para sua mão esquerda olhando a aliança — Não quero que sejamos um casal ligados apenas a atração física… Um casamento sem amizade não é um casamento saudável.
— A cada dia me fazes apaixonar ainda mais por ti. — confessou ele, mantendo o olhar fixo nela, então tocando em sua mão, entrelaçou seus dedos — O que mais desejas de mim?
— Que sempre me conte tudo o que pensas, mesmo que seja sobre mim. — retrucou ela, rindo baixo.
— Não podes me pedir isso, e se acaso eu quiser lhe fazer surpresas? — indagou ele, em relutância — Hum… Acaso me conta sobre vossos pensamentos?
— Não perguntas. — ela riu novamente, agora do olhar confuso dele.
— Perguntarei então… Pensas em mim? — disse ele, curioso.
— A todo instante. — respondeu ela, com segurança — Desde o momento em que derrubou o fatídico suco em meu vestido.
— Não falemos desde vestido, vos peço. — voltou o olhar para a janela, encostando a cabeça no apoio da chaise.
— Agora é vós quem se mostra emburrado. — ela ergueu o corpo e o olhou seriamente.
— Por que sempre buscas um assunto para brigarmos? — ele bufou fechando os olhos.
— Por que se mantém tão relutante neste assunto? — questionou ela, um tanto irritada com o jeito silencioso e fechado do marido — Não bastava apenas revelar-me que o presente fora uma travessura de vossa irmã?!
— Como sabes? — ele abriu os olhos de imediato e a encarou.
Ela devolveu o olhar com seriedade. O silêncio pairou sob o ambiente, tanto que até o sopro do vento do lado de fora era possível ser ouvido. Em um respiro profundo, ela se impulsionou para levantar, sendo impedida pelos braços dele que a envolveu ainda mais.
— Não vais fugir de mim. — declarou ele, girando-a no estofado, prendendo seu corpo embaixo do dele.
— O que estás a fazer? — perguntou ela, tentando relutar sem sucesso.
— Não é somente vosso marido que guarda segredos, não é? — ele a encarou novamente.
— Em minha defesa, é vosso senhorio que ainda me escondes coisas. — retrucou ela, firmemente — Não consigo compreendê-lo.
— O que desejas compreender de mim? — manteve o olhar fixo nela.
— Desejo que sejas mais aberto a conversas. — ela alterou um pouco o tom de voz, forçando-se a manter o controle, aquela singular parte de que a deixava em estado de irritação — Não custava-lhe nem dez libras dizer o que realmente aconteceu, que havia enviado o vestido em vosso lugar.
— Não me disseste como descobriu. — indagou novamente.
— E este fato lhe importa agora? — retrucou ela, um tanto indignada.
— Não, claro que não, entretanto saber sobre isso antes mudaria algo? — ele parou por uns instantes em seu pensamento, então afastou seu corpo, levantando-se — Claro que mudaria, e agora talvez estivesse dormindo…
— Nem ouse terminar esta suposição, conde de Whatnot. — levantou-se atrás dele, mantendo sua voz firme e segura.
— Como quer que eu termine? — ele a olhou, com certa amargura.
— Como começamos… — ela se impulsionou para beijá-lo de surpresa.
Sem saber ao certo se funcionaria ou não. O que para nossa felicidade ocorreu conforme o rápido planejado de vossa mente, da mesma forma envolvente como o esperado.
— Louise Sollary Bridgerton… — sussurrou ele, mantendo seus rostos próximos — O que fazes comigo… Por que me deixas assim?
— Não importa qual caminho nos levou ao nosso destino juntos. — disse ela, suavizando sua voz, sentindo o calor do corpo dele — O marquês jamais conseguiu atrair meus pensamentos para ele, pois já estavam em vós.
sentiu seu coração pulsar mais forte e até mesmo acelerar. Nunca em sua vida imaginara receber uma declaração tão aberta de , mas ali estava, a sinceridade no olhar dela que o deixava ainda mais rendido e atraído pela vossa ousada e determinada esposa.
— Eu vos amo… — sussurrou , sentindo os braços do marido lhe envolver novamente.
É claro que mais uma vez ambos iriam desfrutar do amor que possuíam um pelo outro sendo agraciados pelo frescor do nascer do sol. E posso lhes assegurar que, se há um cômodo daquela casa que conhece bem este casal, é o reservado escritório dos Bridgertons.
--
As manhãs de domingo sempre foram motivos de encontros informais para o brunch nas confeitarias pela cidade, passeios no Hyde Park e pequenas cavalgadas ao campo. Para os Sollary, era sinônimo de família reunida e muito barulho ao longo do dia, com direito a almoço no jardim. Os barulhos eufóricos dos caçulas já foram ouvidos assim que o sol adentrou as janelas da casa, a senhorita Candace obteve muito trabalho para apaziguar sua euforia e finalmente encaminhar o pequeno Bowlmer e a sapeca Jasmine até o piquenique que preparara para ambos próximo aos arbustos de camélias.
— Senhorita Jasmine e pequeno Bowlmer, voltem, por favor. — disse Candace, novamente ao perdê-los mais uma vez para os carros que passavam pela rua.
— Eu disse que não seria uma boa ideia fazer o piquenique no jardim frontal. — disse Constance, a governanta, assim que passou por ela, vendo-a assentada sobre a grama sem forças para lutar contra a empolgação dos pequenos.
— Senhora, eu achei que seria uma boa ideia, todos os domingo passeamos pelo parque pela manhã, porém o senhor Sollary ordenou que fiquemos em casa neste dia. — explicou ela, os pequenos precisam gastar as energias.
— Então pare de gritá-los sem sucesso e deixem que corram pelo jardim, pelo menos assim não importunam a senhora Sollary. — comentou ela, dando de ombros e voltando a atenção para a mesa que coordenava a preparação do almoço.
— Teremos mais convidados para o almoço dos senhores? — perguntou Candace.
— Sim, o senhor Sollary convidou lord Bridgerton e nossa doce . — contou ela.
— E será prudente, já que o marquês também virá? — a preceptora se mostrou preocupada — Foram tantas emoções envolvendo ambos.
— Se é prudente eu não sei, contudo, logo o marquês será parte da família também, então ocasiões assim acontecerão com mais frequências. — explicou Constance com naturalidade — Falarei a vós o mesmo que impûs aos outros criados, não quero nenhum comentário aleatório do assunto, menos ainda olhares curiosos, mantenha sua discrição e profissionalismo a todo custo. Nossa senhora teve uma semana cansativa e não a quero ainda mais preocupada diante de cochichos desnecessários.
— Sim senhora, não se preocupe, serei o mais discreta possível. — assegurou Cadance.
— Assim espero. — Constante respirou fundo e voltou-se para frente, avistando o mordomo vir ao teu encontro — Senhor Rillian, algum problema?
— Irei acompanhar meu senhorio para uma caçada nesta manhã na região leste da propriedade do marquês, só queria me certificar de que tudo esteja alinhado. — disse ele, no seu habitual tom sério e frio.
— Não se preocupe senhor, está tudo conforme o desejado pelo senhor Sollary. — assegurou Constance, tentando segurar sua curiosidade.
— Pergunte. — instigou ele, conhecendo-a — Antes que eu desista de lhe contar.
— Apenas o senhor Sollary irá nesta caçada? — indagou ela.
— Não. Lord Bridgerton também estará presente. — confirmou.
— Devo preocupar-me?
— Senhora, a única coisa que deve-se preocupar é em apresentar pontualmente o almoço com o cardápio solicitado. — disse ele, transmitindo confiança a ela.
Constance assentiu com a face e se retirou, voltando à cozinha. Candace que ouvira tudo, apenas se permitiu permanecer em silêncio, tentando não imaginar no que poderia acontecer nesta tal caçada. Distante dali, com as carruagens parando em frente à exuberante propriedade do marquês de Hamilton, há alguns quilômetros de distância da cidade e cercada por uma privilegiada floresta ao leste.
— Bem que disseste ser bem próximo da capital. — comentou o senhor Sollary, assim que desceu da carruagem com a ajuda do amigo — Como é bonita a vossa propriedade.
— Agradeço vossa apreciação, está na minha família há cinco gerações, é tão bela quanto as vossas filhas. — disse ele no plural, de forma instigativa para que o conde ouvisse.
— É de fato uma bela propriedade. — a voz de soou com gentileza, sendo amparada pelo marido ao descer da carruagem — Faz-me ansiar por saber como é a nossa em Derbyshire.
— Não chega a vossa beleza, milady. — disse , sorrindo de canto disfarçadamente.
No fundo, havia notado uma certa indireta do marquês para vosso marido, claro que no fundo para Magnus não estava tão bem resolvido assim, e talvez aquele convite de paz fosse apenas para manter as aparências. já desconfiava disso e ficou mais do que encantado com a postura de vossa senhora.
— Estou admirado de vossa presença, condessa. — Robert engoliu seco, controlando seu olhar para ela, sem sucesso — Não sabia que apreciava caçadas.
— Para ser honesta, é minha segunda vez, quando participei da primeira, quase matei um amigo de meu pai, então fui proibida de continuar o esporte. — contou ela, com naturalidade — Entretanto, não resisti à curiosidade de conhecer a vossa casa e ver meu marido em ação, então estou eu aqui.
Sua explicação o deixou sem reações.
— Confesso que tentei persuadi-la ao contrário, contudo em todas as nossas discussões, ela sempre sai vitoriosa no final. — contou , com o gostinho de satisfação em demonstrar partes da intimidade do casal — Se é que me entende, marquês.
O senhor Frederick Sollary soltou uma gargalhada boba. Quebrando o clima de tensão e dando leveza à conversa.
— puxou o gênio forte da mãe, eu mesmo não consigo dizer não a minha esposa, então lhe compreendo muito bem meu caro. — afirmou o senhor Sollary — E vós minha querida, cuidado para não acertar vosso marido, não quero uma filha viúva em tão recente matrimônio.
— Não se preocupe papai, serei muito bem treinada por lord Bridgerton. — ela voltou o olhar para o marido, depositando todo o seu sucesso na caçada, nele.
— Às vossas ordens, milady. — brincou ele, batendo continência.
— Vamos a caçada então? — propôs o marquês, ao respirar fundo para manter a boa aparência.
Eles assentiram e caminharam até o estábulo. Após selecionarem os melhores cavalos para o percurso que fariam, seguiram para a trilha demarcada.
— O que há de divertido em caçar animais? — perguntou , ao sentir-se um pouco enjoada pelo balançar do cavalo.
Não que ela não fosse acostumada, pelo contrário, já havia tido outras oportunidades de cavalgar às escondidas do pai, em seus tempos de amizade com sir. Ulrich Wood, um militar que fora seu amigo de infância.
— O que há de divertido em ler os jornais de Lady Lewis?! — retrucou , mantendo vosso cavalo pareado ao dela.
— O senhor também os lê. — retrucou ela, rindo baixo — E não é algo que tire a vida de um ser vivo.
— Nós comemos o que caçamos. — argumentou ele — E a diversão vem no pacote.
— Não bastaria apenas comprar no açougue? E quem disse que como carne de veado. — ela deu de ombros, mantendo a atenção para frente, observando o pai e o marquês logo adiante.
— Caçaremos um javali. — corrigiu ele — Acaso está simpatizando pelo animal? Não sabia que minha esposa era vegetariana.
— Não sou, eu gosto de carne, só não sinto que teria coragem de comer se o visse morrer em minha frente. — comentou ela.
— Tens certeza que já fez isso antes mesmo? — ele parou o cavalo e a olhou.
— Claro que sim. — ela também parou seu animal, mantendo o olhar nele — Só não segui até o final, por acidentalmente atirar na perna de um cavalheiro.
— Hum… — ele desceu e estendeu a mão para ela — Venha comigo.
— Não iremos com eles? — perguntou ela, sendo auxiliada a descer do cavalo — Podemos nos perder.
— Desde que estejamos pontualmente na casa do vosso pai para o almoço. — ele a colocou em sua frente — Que mal há se nos perdermos aqui?
— Lord Bridgerton. — sua entonação pareceu de repreensão — Não estamos em nossa casa.
— Acredite, o marquês ficará melhor com nossa ausência. — ele sorriu de canto e lhe roubou um selinho.
— Ah! — ela colocou a mão na boca, envergonhada por aquilo, olhando para os lados — Milorde, estamos ao ar livre, sei que a nobreza acha rude demonstrações de afeto em público.
— Está vendo alguém aqui? — indagou ele, tendo o silêncio como resposta — Acredito que os pássaros saibam guardar segredos.
Ele foi se aproximando com suavidade até que me beijou desta vez com mais intensidade, deixando-a com o coração acelerado ao sentir seu toque. Não que o conde de Whatnot, houvesse planejado profanar as terras da propriedade do marquês. Contudo, fora oportuno terem encontrado em meios aos arbustos diversas folhas caídas que lhes proporcionaram um conforto mediano, e nem mesmo o frio do solo que tocou sua pele, tirou a atenção de às investidas maliciosas de seu esposo.
--
— Finalmente! Achei que tivessem se perdido. — comentou o senhor Sollary, assim que o casal Bridgerton adentrou o hall de entrada de sua casa.
— Perdoem-nos pelo distanciamento. — disse , tentando encontrar as palavras certas para formular vossa explicação.
— A culpa foi minha, senti-me um pouco enjoada pelo balançar do cavalo e paramos um pouco para respirar ar puro. — se adiantou, e sorriu de leve.
— Mas está tudo bem? — perguntou o marquês, disfarçando a preocupação.
— Sim, agora estou melhor. — assegurou ela.
— Vamos ao jardim, já estão à nossa espera e vossa mãe está ansiosa para vê-la. — Frederick tomou a frente os conduzindo até a porta para o jardim dos fundos.
disfarçou o riso ao longo do caminho.
— Esta é a primeira e última vez que me coloco como culpada por sua causa. — sussurrou ao marido.
— Vais me dizer que não foi proveitoso aprender a atirar com vosso marido?! — ele se fez o inocente.
— Quando finalmente deixou-me fazê-lo… — argumentou ela, voltando-se para ele com o olhar sério — Sabes muito bem neste sorriso malicioso o que aconteceu naquele lugar.
— O amor aconteceu, pelo menos a grama não estava úmida. — disse num tom inocente.
— Grama? Não tinha grama, e as folhas das árvores não contiveram o gélido do solo. — reclamou ela.
— E fez diferença? Meu corpo sempre estará aqui para lhe aquecer. — ele sorriu de canto, deixando-a estática sem argumentos — Vamos, não podemos nos perder na casa dos vossos pais.
Brincou ele, recebendo um tapa no ombro como resposta dela.
— E ainda brinca com tais coisas. — ela seguiu na frente, mostrando-se indignada.
Ele se viu impressionado com os modos de vossa esposa. A cada detalhe que descobria da bela dama obstinada que desposara, mais apaixonado ficava. No jardim, seguiu diretamente para sua mãe, dando-lhe um abraço apertado e recheado de saudades antecipadas. No último domingo em família antes da partida para Derbyshire, seu coração apresentava um misto de medo e curiosidade pelo que poderia acontecer em sua vida longe da mãe.
Acredite minha cara diamante, todos nós estamos com esta curiosidade, ainda mais após o fracasso que fora os ensinamentos da caçada.
Bem, isto depende do ponto de vista de quem o vê.
— Como estás, minha querida? — perguntou Marie, com o olhar carinhoso para a filha.
— Bem, eu acho. — tentou demonstrar confiança à mãe, falhando miseravelmente — Mas acredito que melhor do que da última vez que a visitei.
— Eu vos conheço muito bem para saber que está preocupada. — afirmou ela, ao ajeitar a manta que cobria parte do corpo.
— Não acho que seja uma preocupação em si… — ela suspirou fraco, voltando o olhar para o marido, que conversara com o pai — Acho que é…
— Um misto de insegurança e ansiedade. — completou a mãe.
— Sim, acho que podemos resumir assim. — assentiu, voltando a olhá-la.
— Partindo finalmente terá a vossa casa e família para cuidar, não será o mesmo que enfrentar suas irmãs barulhentas, uma mãe doente e o pai explosivo. — continuou a matriarca.
— Não era um fardo cuidar de nossa família. — assegurou ela.
— Eu sei minha querida, ainda me pesa o coração por tantas coisas ter sido acarretadas a alguém tão jovem. — confessou a mãe — Mas saiba que nossa família manteve-se firme graças a sua doçura e cuidado, tenho certeza que será uma boa mãe e esposa para o lord Bridgerton… Bem, esposa já percebe-se que sim, pelo olhar dele para minha diamante.
— Mamãe… — ela se encolheu um pouco — Assim deixa-me envergonhada.
— Não preciso dizer, é visível minha querida, infelizmente não só o olhar do vosso marido. — disse ela, referindo-se ao marquês.
permaneceu em silêncio, quanto ao comentário.
— Lastimo por vossa irmã gostar de um cavalheiro do qual não terá cem por cento do olhar. — continuou — Não será um casamento feliz.
— Talvez seja, pensemos positivamente, Rose está muito apaixonada, desde o dia em que o conhecemos, ficou até mais empolgada com ele do que eu… — voltou seu olhar para frente — É melhor assim.
— Vosso coração voltou-se para o lord Bridgerton desde o início, não foi? — perguntou a mãe.
— Sim, eu só tinha medo de admitir para mim mesma. — assentiu ela.
Logo, o pequeno Bowlmer correu em direção a ambas.
— Mamãe! — disse em empolgação, ao pular no colo dela.
— Ah, meu querido, quanta energia. — sua voz ficou um pouco mais baixa, demonstrando cansaço.
— Mamãe, podemos brincar juntos hoje? — perguntou ele.
— Pequeno Bowlmer… Não podes fazer isso. — Cadance olhou para ele com seriedade — Perdoe-me senhora, hoje ele está mais agitado que de costume.
— Não tem problema Cadance, passamos tanto tempo longe um do outro… — ela acariciou o filho com carinho — Não podemos brincar, mas podes ficar aqui comigo, que tal?
Ele assentiu com a cabeça.
— Podes comportar-se? — perguntou ela.
Tendo o balançar da cabeça dele positivo.
— Fique tranquila, Cadance, cuide da Jasmine. — ordenou Marie.
— Sim, senhora, estarei bem próximo. — ela retirou-se rapidamente para localizar a outra criança.
sorriu para o irmão e o pegou no colo.
— Venha, eu vou brincar com você. — anunciou ela, começando a fazer cócegas nele, que deu gargalhadas bobas se divertindo.
Um domingo ao ar livre em família, era tudo o que nossa doce diamante precisava para acalmar-lhe o coração e lhe dar mais confiança para a nova vida que o marido a propunha. Seu dia encheu-se de alegrias ao estar com a mãe e seus bons conselhos, acompanhar as travessuras das irmãs e a animação dos pequenos, além de certificar-se que o pai conseguiria seguir sem a primogênita para lhe acalmar nas horas de turbulências.
É como eu sempre digo, a maior riqueza da vida tem um nome: família.
- Lady Lewis
Eu encontrei um amor para mim
Querida, entre de cabeça e me siga
Bem, eu encontrei uma garota, linda e doce
Ah, eu nunca soube que você era a pessoa que estava esperando por mim.
- Perfect / Ed Sheeran
Continua Aqui >> Capítulo 22 em diante
E lá vou eu com mais uma fic de época porque não resisti e surtei com a série Bridgerton na Netflix. Demorou para sair a att, mas aqui está finalmente... Espero que gostem.
Bjinhos...
By: Pâms!!!!
Outras Fanfics:
SAGA 4 Estações do Amor
| Manhã de Primavera | Noite de Verão | Madrugada de Outono | Tarde de Inverno |
SAGA BatB
| Beauty and the Beast | Beauty and the Beast II | 12. Brown Eyes | Londres | Cingapura
De Época
| 04. Swimming Fool | 06. El Dorado | Lady Lewis | Mixtape: A Whole New World | Nightwish | Time After Time |
SAGA Continuum
| Bellorum | Cold Night | Continuum | Darko | Dominos | Fallin | Sollary Hospital | Sollarium |
Fundadores - Década de 30
| The Sollarium - Aurora | The Sollarium - Branca de Neve | The Sollarium - Cinderela | The Sollarium - Jasmine | The Sollarium - Mulan | The Sollarium - Rapunzel | The Sollarium - Tiana | The Sollarium - Tinker Bell |
Desafio CLICHÊ
| Starbucks | The Library Boy | The Queen's Gambit | The Queen's Gambit: Defesa Siciliana | The Queen's Gambit: Xadrez Rápido |
PRINCIPAIS
| Amor é você | Coffee House | Crazy Angel | Destiny's | Finally Th | First Sensibility | Genie | Gotham | Hillsong Girl | I Need You... Girl | Invisible Touch | Love Shot | Midnight Blue | Moonlight | My Little Thief | Noona Is So Pretty (Replay) | Photobook | Princess of GOD | School 2018 | School 2019 | School 2020 | School 2021 | Smooth Criminal |
*as outras fics vocês encontram na minha página da autora!!
O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Para deixar seu comentário, é só clicar AQUI. A autora agradece!